Lisbon Story

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Escola Universitรกria Vasco da Gama | Licenciatura e mestrado integrado em Arquitectura

Lisbon (short) Story

Atelier VII | Regente: Pedro Machado Costa | Aluno: Daniel dos Santos


Escola Universitária Vasco da Gama | Licenciatura e mestrado integrado em Arquitectura

Índice

Introdução

Capítulo I – Ready, set, go (Metodologia)

Capítulo II - WARM-UP EXPERIMENTADESIGN LISBOA 2009 (Peter Zumthor – edifícios e projectos 19862007)

Capítulo III – Vagueado por Lisboa

Fundação Calouste Gulbenkian

Igreja do Sagrado Coração de Jesus

Casa do Alentejo

Igreja de S. Domingos

Escola Secundária de Benfica

Hotel Ritz

Pastelaria Mexicana

Capítulo IV - Lisbon Story at Night

Conclusão

Bibliografia

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Introdução Um Caderno de Viagem é um registo no papel. Nele exprimimos, sensibilidades, impressões, experiências… um olhar pessoal sobre um roteiro ou lugares. O Caderno de Viagem é um diário que para além de suportar o nosso registo escrito, ilustra com imagens e até desenhos ou colagens o que vimos e o que sentimos. Registar sobre o papel:

Roteiros Lugares

Impressões

Experiências xperiências

Sensibilidades

Olhar pessoal Foi-nos proposto elaborar um Caderno de Viagem que revelará as sensações absorvidas na deambulação pela exposição de Peter Zumthor assim como outros lugares sobre os quais, mais à frente, faremos uma abordagem crítica. Além da reflexão a cerca da exposição, o objectivo deste tour é dotarnos de ferramentas de análise dos espaços, dotar-nos de capacidades que nos permitam, para além de olhar, ver o que está escondido para lá da massa da arquitectónica. Esses espaços, de contextos históricos diferentes, iram causar, certamente, diferentes sensações.

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Capítulo I – Ready, Set, Go (Metodologia) Para fazer um Caderno de Viagem é necessária preparação. Ler e interpretar os fenómenos urbanos e/ou arquitectónicos num contexto físico específico, para lá do que se vê em obra. Requer um estudo prévio para concluirmos qual o caminho adequado a seguir para a realização do trabalho. Como tal, estudei a fundo algumas das obras mais conhecidas de Peter Zumthor: o Museu Kolumba, o abrigo para as ruínas Romanas de Chur, as Termas de Vals, a Escola de Churwalden, a Capela de Bruder Klaus e o Pavilhão Suíço da Expo 2000. Para facilitar também a investigação li o livro Atmosferas de Peter Zumthor. Estas foram pistas úteis para a análise da qualidade arquitectónica de uma obra, olhando para os pormenores escondidos, descobrindo a emoção que se sente ao percorrer esses lugares. Uma parte da viagem já estaria devidamente sustentada agora faltava definir um percurso. Com as ferramentas da informação, pesquisei no Google Earth a localização da Lx Factory, onde estaria localizada a exposição, assim como todos os outros lugares que nos foram propostos. Sabendo já como fazer e onde fazer rumei à descoberta das sensações que arquitectura nos dá.

Imagem 1 - Localização dos locais a visitar em Lisboa, fonte: Google Earth

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Capítulo II - WARM-UP UP EXPERIMENTADESIGN LISBOA 2009 (Peter Zumthor – edifícios e projectos 1986-2007) Peter Zumthor é um arquitecto de referência. Todo o seu trabalho evidência é uma alternativa à arquitectura internacional contemporânea corrente. A sua vinda a Portugal foi uma rara oportunidade de ouvir e ver, pela própria pessoa, o seu processo criativo. Pessoalmente, não conhecia de todo a dimensão que este arquitecto tem à escala global. Uma maneira de o conhecer mais aprofundadamente foi mesmo visitar a WARM-UP UP EXPERIMENTADESIGN LISBOA 2009. A Exposição de Peter Zumthor na Lx Factory em Lisboa, iria abrir os nossos horizontes, assim como dar-nos a conhecer melhor o trabalho deste arquitecto. Na Lx Factory, em Alcântara, foi montada uma exposição

com uma

amostra de edifícios e projectos de 1986 a 2007, sob a forma de maquetas e desenhos.

A

escolha

do

local

da

exposição não deve ter sido ao acaso. A Lx

Factory

situa-se se

num

armazém

esquecido uecido de Lisboa, onde dá para se

Imagem 2 - Lx Factory

tactear a materialidade dos espaços. Assim como nos projectos de Zumthor, a exposição está liberta da arrogância dissimulada dissimul e da grandiosidade da arquitectura representacional contemporânea. Em toda a amostra apresentada na exposição revemos a simplicidade marcante da obra de Zumthor. A mesma divide-se se em 3 momentos: um espaço para maquetas de grande escala, um espaço de instalações de vídeo (ambas rés-do-chão) e um espaço para ra esquiços, plantas e maquetas (no ( terceiro piso).

Imagem 3 - Layout da exposição, fonte: panfleto da Lx Factory

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No primeiro espaço vemos as maquetas de grande escala de cinco trabalhos: a Topografia do Terror, a Swiss Sound Box, o Kunsthaus Bregenz, o museu Kolumba e Paisagem Poética. As três últimas maquetas merecem algum destaque: o Kunsthaus Bregenz, o museu Kolumba e Paisagem Poética. A maqueta do Kunsthaus Bregenz mostra o detalhe construtivo até ao ínfimo pormenor. Ao representar um pormenor construtivo, identifica com exactidão o funcionamento do vidro fosco disposto na fachada. Este refracta a luz horizontalmente que embate no tecto de vidro.

Imagem 4 - Maqueta representativa do Kunsthaus Bregenz

A maqueta do museu Kolumba também me chamou atenção, quer pela sua dimensão, quer pelo modo como foi elaborada. Esta maqueta foi um estudo do efeito da luz no espaço. A maqueta foi feita para se entrar por baixo, para podermos ver o efeito da luz no seu interior. Como já conhecia o projecto, o efeito da luz vivido na maqueta é exactamente o mesmo que no museu. O próprio material utilizado corresponde ao da obra física. Embora nos sintamos enclausurados dentro dela, podemos ter a perfeita noção da escala humana. Mais uma vez, é visível o aprumo de Zumthor, a complexidade arquitectónica está presente no seu todo e é perfeitamente visível o impacto da antiga igreja Kolumba no espaço do museu. Atelier VII | Regente: Pedro Machado Costa | Aluno: Daniel dos Santos


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Imagem 5 - Maqueta do Museu Kolumba

A maqueta da Paisagem Poética pareceu-me interessante porque relaciona com o conceito de conforto e brutalidade. Relacionei-a logo com o Workshop de Jacinto Rodrigues, onde um dos exercícios foi criar uma peça que tanto transmitisse conforto e brutalidade. Basicamente esta peça aglutina os dois conceitos, a sua forma invaginada revela conforto – abrigo – e a sobreposição de cubos de madeira em vermelho extravia brutalidade. Até mesmo os cubos me fizeram lembrar, por momentos, a minha maqueta de estudo do Cadavre Exquis.

Imagem 6 - Maqueta da Paisagem Poética

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Num segundo momento, somos deslumbrados, no final de um escuro corredor, por duas salas de projecção de vídeo com seis telas, seis projectores, seis câmaras, mostram doze edifícios a cada 40 minutos. As câmaras estáticas, direccionadas para seis pontos de um edifício, registam em simultâneo o fluxo das vivências, revelando a estrutura numa interactividade vivida nos planos projectores. A disposição da instalação está a escala com os edifícios, ou seja, respeita o espaçamento e a disposição da filmagem a uma escala 1:1. Deste modo, senti a presença dos edifícios, quer por meio das projecções, quer por meio da acústica. Mesmo não estando estes fisicamente presentes, tinha a sensação de lá estar, como que vivendo a envolvente que se desenrolava neles. Havendo duas salas de projecção, em cada uma delas, estavam apresentados dois edifícios em simultâneo dando-nos, à vez, a possibilidade de visionamento das seguintes obras: o abrigo para as ruínas Romanas de Chur, o Atelier de Zumthor, a Capela Sogn Benedetg, as Habitações para idosos em Chur, a Casa Truog, o Conjunto Residencial Spittelhof, as Termas de Vals, o Kunsthaus Bregenz, a Casa Luzi, a Casa Zumthor, a Capela Bruder Klaus e o museu Kolumba.

Imagem 7 - Capela Bruder Klaus, instalações de vídeo

O terceiro e último momento, corresponde a amostra de esquiços, plantas e maquetas. Os trabalhos estavam expostos perpendicularmente em relação à longitude da sala em 3 grandes bancadas. Nesta sala podíamos ver por esta ordem os seguintes projectos: o Atelier Zumthor, o abrigo das ruínas Romanas de Chur, a Capela Sogn Benedetg, as Habitações para Idosos de Chur, a Casa Truog, o Conjunto Residencial Spittelhof, as Termas de Vals, a Igreja do Coração de Jesus, o Kunsthaus Bregenz, a Paisagem Poética, a Swiss Sound Box, a Casa Luzi, o Hotel Tschlin, a Topografia do Terror, a Galeria de Arte Hinter dem Giesshaus, o Conjunto Habitacional Harjunkulma, a Adega Pingus, a Casa Zumthor, a Capela Bruder Klaus, o Museu Kolumba, a Pensão Briol, o Hotel das Termas de Vals, a I Ching Gallery, a Casa Annalisa Zumthor, o Empreendimento Habitacional de Gϋterareal, a Revitalização de De Meelfabriek, o Restaurante de Verão na Ilha de Ufnau, o Museu da Mina de Zinco em Almannajuvet, e o Memorial da Queima das Bruxas em Finnmark. Nesta área percebe-se o método de trabalho de Zumthor. Os seus estudos baseiam-se em desenhos, maquetas e até pelo levantamento de materiais e de formas. Assim como nos seus projectos, os seus estudos, feitos por meio de maquetas, reflectem a materialização que se procura. O uso dos Atelier VII | Regente: Pedro Machado Costa | Aluno: Daniel dos Santos


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próprios materiais de obra, nas maquetas, dá uma riqueza da textura no objecto. Essa riqueza é inigualável, destronaa as maquetas mais comerciais, comerciais que estamos acostumados de ver. É bastante visível o cuidado da materialização na maqueta das Termas de Vals. Quer o elemento físico da obra quer o elemento físico da maqueta estão sempre em consonância. Os esquiços das Termas de Vals também reflectem, de modo imediato, o ambiente que se pretende criar.

Imagem 8 - Maqueta e esquiços das Termas de Vals

Neste piso é importante referenciar o projecto de um restaurante de Verão para a Ilha de Ufnau. O que achei particular neste projecto foi o facto de se ter feito uma pesquisa da forma e do material para cobertura por meio de objectos reais. É esse contacto com os objectos que tornam as obras de Zumthor tão “palpáveis”, ou seja, sensitivas.

Imagem 9 - Levantamento de possíveis materiais e maqueta do Restaurante de Verão

Como já não poderia deixar de ser, só quero referir mais um projecto, a Capela de Bruder Klaus. É claro que os outros projectos também têm a sua importância e até podem ser muito mais interessantes mesmo assim, a minha escolha é feita devido ao método de trabalho utilizado pelo Atelier VII | Regente: Pedro Machado Costa | Aluno: Daniel dos Santos


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arquitecto suíço. Todos nós já sabemos como foi o método construtivo de Zumthor aquando da construção desta Capela, mas poucos viram os estudos em maqueta da mesma. As próprias maquetas sofreram o incêndio dos barrotes de madeira que dão a forma interior à capela. É notável o sentido prático deste arquitecto que não tem medo da inovação e nem de sujar as mãos. O estudo, demonstrado nesta exposição, revela a dificuldade e complexidade que tal projecto implica. Os vários estudos da disposição dos barrotes mostra que nem sempre os desenhos podem ser suficientes, sendo mesmo necessário recorrer a maquetas de estudo. E Peter Zumthor assim o fez, levando mesmo as suas maquetas ao “extremo”, queimando-as. Mas o queimar da madeira não foi apenas para se dar conta que a cofragem iria desaparecer mas sim para estudar a textura e o brilho que a madeira queimada poderia deixar nas paredes de betão. Para estudar esse efeito, estudou vários tipos de madeira assim como várias queimadas com intervalos de tempo diferentes.

Imagem 10 - Maquetas de estudo para a Capela de Bruder Klaus

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Capítulo III - Vagueado por Lisboa Foi também proposta a deambulação por edifícios e/ou lugares da Cidade de Lisboa. Após entender o percurso criativo do autor suíço, procurei reflectir sobre o conteúdo e valores dos mesmos. Este exercício de investigação e de reflexão teórica desertou a minha massa cinzenta para determinados pontos de vista, nomeadamente os defendidos por Zumthor. Pela leitura de Atmosferas, em nove capítulos percebi o processo de auto-observação de Peter Zumthor. Neste processo de observação, quer de lugares quer de edifícios, tenta-se descrever a atmosfera a partir de certos pontos ou temas. Os pontos que permitem essa observação são: a magia do real, o corpo da arquitectura, a consonância dos materiais, o som do espaço, a temperatura do espaço, as coisas que nos rodeiam, entre a serenidade e a sedução, a tensão entre interior e exterior, os degraus da intimidade, a luz sobre as coisas, a arquitectura como espaço envolvente, a harmonia e a forma bonita. De acordo com os princípios defendidos, Zumthor compõem os projectos com uma sensação de presença, bem-estar, harmonia e beleza próprias, manipulando as proporções e as texturas dos materiais, criando novos efeitos de luz. É tendo como base esta poética da arquitectura que vou descrever os lugares propostos a serem visitados. Fundação Calouste Gulbenkian A Fundação Calouste Gulbenkian desenhada em 1959, por Alberto Pessoa, Pedro Cid e Ruy Jervis d'Athoughia fez-me lembrar a Casa da Cascata de Frank Lloyd Wright. À imagem da Casa da Cascata, todo o complexo da Fundação se ancora no espaço envolvente. A arquitectura e a natureza complementam-se de tal modo que nem o jardim, nem o edifício seriam tão magníficos se estivessem separados um do outro. O espaço emana uma mágica tão forte que conforme desviamos um pouco mais o nosso olhar vemos uma paisagem completamente diferente. Toda a sua envolvente tem um carácter cenográfico muito forte e até os grandes vãos emolduram a paisagem.

Imagem 11 - vista interior da Fundação Calouste Gulbenkian

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O espaço interior escava-se por debaixo da terra criando ramificações que ancoram o edifício ao jardim. Apenas dentro do edifício é que temos a noção da sustentabilidade do projecto, uma vez que nos conseguimos aperceber de que as coberturas dos pisos inferiores à cota do terreno são ajardinadas. Essas coberturas mostram uma continuidade de diálogo com o espaço envolvente, dessa forma quase que é impossível avistar os limites da obra arquitectónica, não sabendo, desta perspectiva, onde acaba o edifício e onde começa o jardim. O seu interior de madeira e com o betão armado à vista, com a marcação das cofragens em madeira, unificam-se num só, ambos têm a mesma linguagem linear. Embora o betão seja um material mais bruto e por isso mais frio, o uso da madeira traz um acabamento que torna o espaço mais confortável, mais quente. O espaço é utilizado com biblioteca, centro de exposições e de conferências como tal, é um local de grande silêncio, o único som que podemos ouvir é o nosso ruído a caminhar pelo pavimento de madeira. O som da cidade não é, de todo, perceptível. O jardim, em volta de toda a zona edificada, serve como tampão dos barulhos ensurdecedores da cidade e mesmo no interior dele só se ouve a natureza, graças à sua densidade arbórea. Quando estamos na grande escadaria da Fundação Calouste Gulbenkian podemos admirar uma manifestação artística que reflecte a quebra entre o interior e o exterior.

Imagem 12 - Manifestação artística que reflecte a quebra entre o interior e o exterior

Todo o edificado, juntamente com o jardim, torna-se intemporal e são os dois, em conjunto, que podem reflectir serenidade e sedução. Ambos têm características atractivas diferentes e como tal complementam-se. Aqui a intimidade no interior do espaço não existe, a arquitectura de espaços amplos não deixa criar esse tipo de ambiente. Por sua vez, o jardim já cria esses ambientes, uma vez mais remata o edificado. Aqui a luz não tem um papel importante, sendo uma biblioteca, um centro de exposições e um centro de conferências, a Fundação utiliza abundantemente a luz artificial. Mesmo Atelier VII | Regente: Pedro Machado Costa | Aluno: Daniel dos Santos


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assim, pelo que pude notar, a luz que atravessa os grandes vãos compartimenta os espaços esp em ambientes mais claros e mais escuros, criando novas atmosferas. Todo o espaço é harmonioso, mostrando um cuidado espacial.

Imagem 13 - envolvente exterior, jardim

Embora haja a arquitectura e jardim, o facto de os 2 terem erem uma relação simbiótica torna a Fundação um espaço para além de apelativo, um lugar belo. Embora seja um lugar de exposições e concertos não tive o prazer de o usufruir dessa maneira, guardo essa oportunidade para uma outra visita. Igreja do Sagrado Coração de Jesus Na Igreja do Sagrado Coração de Jesus (1962-1970), 1970), de Nuno Teotónio Pereira, Nuno Portas, Vasco Lobo, Vítor Figueiredo, senti o mesmo que sinto quando uando entro numa igreja gótica. Ambas apresentam o mesmo cuidado em relação à altura. altura A igreja do Sagrado Coração de Jesus, Jesus com o seu pé direito alto, torna qualquer pessoa ssoa ainda mais pequena. A sua imponência só desaparece com massa humana nas celebrações. O efeito da luz nas paredes robustas de betão e tijolo completamente despidas de decoração faz lembrar a brutalidade da pedra vivida na escala das grandes catedrais góticas. Embora não se queira associar a iluminação com uma metáfora ao paraíso, as aberturas aberturas de luz são feitas por meio de vitrais apenas em pontos estratégicos, identificando pontos de importância programática, como por exemplo a entrada e o altar. No piso inferior em relação à nave da igreja vive-se se um ambiente religioso muito particular. Nessa zona a luz é escassa, todo o corredor modestos

é

interrompido altares.

Estes

por

pequenos

apres apresentam

e

uma

iluminação artificial, a qual apresenta uma tonalidade quente, que é propícia ao culto. O Imagem 14 - vista exterior da igreja do Sagrado Coração de Jesus

ambiente de paz vivido neste piso inferior, inferior com uma escala scala bastante reduzida, proporciona um

lugar confortável que apela à devoção. devoção Em contraste ao andar de cima, no piso inferior, inferior existe Atelier VII | Regente: Pedro Machado Costa | Aluno: Daniel dos Santos


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intimidade, o exterior nem se sente, desse modo as pessoas não são afectadas pelo barulho da rua. Todo o ambiente é bastante silencioso. A ligação entre interior e exterior nem sequer existe. Não há intenção nenhuma na comunicação da igreja para o exterior.

Imagem 15 - altares do piso inferior

Esta separação é também visível quer seja pela materialização quer pela forma irreverente que não se identifica com nada da envolvente. A estrutura da igreja pareceu ter uma forma demasiado rebuscada, pelo que se torna pouco familiar e estranha. Por esse facto, a igreja não apresenta uma harmonia, não tem uma linguagem propriamente fluida, apenas se impõe. Posso dizer que foi o local que menos gostei e que a ideia que tinha mudou completamente. Apenas apreciei o efeito dado à luz quer no altar da nave, quer nos altares do piso inferior.

Imagem 16 - interior da igreja do Sagrado Coração de Jesus

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Casa do Alentejo A Casa do Alentejo foi um dos espaços que mais me surpreendeu. A sua decoração interior é mágica, remete-nos para diferentes ambientes, numa panóplia de cores e texturas que correspondem a diversos materiais. Essa magia deve-se ao facto de em tempos ter sido o 1º casino da capital – O Magestic Club. Pode-se dizer que a Casa do Alentejo foi um corpo arquitectónico em constante mudança, já foi palácio, já foi casino e agora é uma associação. É essa uma das razões pela qual o alçado adjacente à rua, integrado perfeitamente na envolvente, não se identificar com nada do que podemos deslumbrar no interior. Após ter subido umas escadas, que quase me enclausuravam com a falta de pé direito, entrei um átrio com uma decoração que lembra Marrocos. Esse átrio, antigamente seria possivelmente aberto, está agora fechado por uma estrutura que funciona como clarabóia, iluminando todas as salas a volta do átrio.

Imagem 17 - átrio da Casa do Alentejo

Subi mais um piso e descobri a sala dos espelhos, a sala dos descobrimentos e a sala que corresponde ao restaurante típico do Alentejo. Nesse trajecto nunca deixei de ver azulejos nas paredes, embora fossem tratados de maneiras diferentes, mudando consoante a temática da sala. Só mesmo a sala dos espelhos e que estava liberta da cor dos azulejos. A temperatura do espaço, emanava calor. Era um espaço tão vivido que era impossível estar num lugar silencioso. Embora fosse um lugar com pés direitos razoáveis, ou seja, com um ambiente acolhedor, tratava-se de um lugar público pelo que era Atelier VII | Regente: Pedro Machado Costa | Aluno: Daniel dos Santos


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difícil atingir algum grau de intimidade. A única intimidade que se pode falar é em relação ao exterior. O edifício envolve-se tanto em torno de si próprio que nem sequer tem o cuidado de comunicar mais com o exterior. A sedução é tanta no interior que não há razões para a comunicação, a decoração efusiva capta-nos desde o inicio e não deixa desviar atenção. Pontualmente, a luz tem um papel decorativo e funcional, repare-se no átrio e no vitral das escadas.

Imagem 18 - escadaria da entrada (à esquerda) e escadaria de acesso ao piso superior (à direita)

Nos dois casos, a luz tanto funciona para iluminar como apoio à decoração. Sendo esta contrastante não transmite nem serenidade nem harmonia, no entanto, o conjunto ou a individualização dos espaços da Casa do Alentejo não deixam de ter a sua beleza. Igreja de S. Domingos A igreja de S. Domingos foi um dos espaços mais belos que visitei. Destaca-se bastante da volumetria que envolve o largo de S. Domingos. O corpo arquitectónico tem identidade própria assim como marca um período histórico que data de 1241. No entanto, devido ao azar do tempo, sofreu contra-tempos, tendo sido reconstruída pelo menos 2 vezes, mesmo assim mantém a sua identidade. Sofreu com o grande terramoto de 1755 e também com o incêndio de 1959, neste último, a sua cobertura em madeira foi queimada. Após a reconstrução, as características típicas de um edifício que sofre um incêndio ainda estão muito presentes nos nossos dias. A sua cobertura de cor rosa-velho lembra uma das diferentes tonalidades do pôr-do-sol. A sua cor quente contrasta com o negro queimado das paredes da igreja. Esse contraste entre parte nova e antiga resulta sem dúvida graças à cor. O negro, o sujo, o mundo na terra representado pelas paredes queimadas contrasta com o céu, o paraíso, o mundo divino representado pela cobertura. A luz também tem um papel importante nesse contraste. O facto de a igreja estar encostada a outras construções, não tem vãos na zona mais perto do chão, apenas a zona mais perto da cobertura é que se mantém aberta ainda que, só de um dos lados. Deste modo, criase uma faixa de luz muito tímida que reforça o contraste e está em consonância com os materiais, Atelier VII | Regente: Pedro Machado Costa | Aluno: Daniel dos Santos


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contribui em muito para a diferença de temperaturas do espaço. Esta igreja tem um pé direito muito mais alto que a igreja do Sagrado Coração de Jesus. Essa altura, para mim, para além de criar um espaço amplo e monumental dá intimidade a quem a procura. Como se o facto de a altura ser tão exagerada que qualquer pessoa se sente pequena e isolada. A acção do Homem àquela escala não é perceptível.

Imagem 19 - exterior e interior da igreja de S. Domingos

O espaço tem uma ausência de som, própria dos locais de culto. Toda esta atmosfera seduz pelo seu contraste e causa uma certa ambiguidade. É essa ambiguidade que a torna tão atraente e tão bela para mim. O facto de ser pouco ou nada cuidada em relação às suas paredes queimadas e ruídas, faz com que se destaque mais o brilho da folha de ouro dos altares e da estatuária. É sem dúvida uma igreja de contrastes complexos e é isso que a torna tão bonita. Escola Secundária de Benfica A Escola Secundária de Benfica, construída em 1978, foi o primeiro sítio que visitei e graças à prontidão da minha visita ainda pude entrar no recinto e apreciar todas as volumetrias dessa escola desenhada por Hestnes Ferreira. É um exemplo de construção modular feita a partir de elementos préfabricados de betão. À imagem de todas as escolas públicas existe um orçamento reduzido para a construção deste exemplar. Por essa razão acho que o espaço interior não é tão interessante como exterior, excepto as ligações verticais feitas pelas escadas em caracol. A sua implantação cria um labirinto rico em espaços pontualmente diferentes. Até mesmo o corredor coberto exterior que une todos os volumes dá uma sensação de continuidade. Embora a escola tenha 5 volumes estes mantém a mesma linguagem, funcionam como um todo. Os volumes são separados por corredores em escada que acompanham a subida do terreno. Essa separação não é muito visível, contribuindo para a sensação que todos os volumes são importantes, que nenhum funciona sozinho. Como já visitei a escola perto das 7 da tarde, não consegui ouvir o som que seria de esperar. No entanto, era fácil de imaginar a partir do tipo de vivencias que são comuns a qualquer outra escola. Então imagino que o som desta escola seria Atelier VII | Regente: Pedro Machado Costa | Aluno: Daniel dos Santos


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muito inconstante, uma vez que há horas de silêncio e horas de barulho, tempo de estudo e tempo de lazer. O espaço sendo quente o suficiente e com as ligações ao exterior controladas mantém um sentimento de disciplina, isto é, não propicia a momentos de distracção, nomeadamente nas aulas.

Imagem 20 - (da esquerda para a direita) escadaria exterior que separa os cinco volumes, peça pré-fabricada de betão, corredor coberto posterior aos volumes

A arquitectura impõem-se em relação à envolvente e cria uma certa tensão entre interior e exterior. Trata-se de um equipamento destinado à comunidade, por isso não é propenso a espaços intimistas, no entanto, já no exterior, podemos encontrar muitos recantos. Estes recantos seduzem pela sua sensação de conforto. Aqui também a luz tem um papel essencialmente funcional, serve apenas como iluminação. Pelo que já conhecia da escola, gostava de vivenciar o impacto das clarabóias na iluminação das escadarias, mas foi-me impedido pela falta de autorização. Embora seja um volume que se impõe na envolvente e tenha um ar um pouco frio causado pela monumentalidade exacerbada, a Escola Secundária de Benfica, no panorama nacional, é uma das mais bonitas. Tem uma harmonia linguística que une imperturbavelmente todo o programa funcional. Perto desta escola deslumbra-se a Escola Superior de Comunicação Social de Carrilho da Graça. Vencedora do prémio Secil em 1994, destaco uma característica particular após a ter visitado a propósito do VII ESCSITO (festival da escola). Essa característica é a escadaria exterior que dá para lado nenhum. Para além de me ter perguntado para que serviria a escadaria perguntei aos alunos da escola que me responderam sem hesitar: é a escadaria do suicídio. Não sei se foi um acto arquitectónico irónico de Carrilho da Graça, no entanto a explicação faz sentido. Quem se sentir desgostoso por causa das notas pode sempre acabar com o seu sofrimento… Mais tarde vim-me a aperceber que afinal era o tecto do bar. Hotel Ritz O Hotel Ritz, desenhado por Pardal Monteiro em 1952, apresenta um volume paralelepipédico imponente. É visível em alçado a modelação dos quartos. É um edifício claramente moderno e apresenta um programa complexo para a altura em que foi construído. Apresenta alguns relevos interessantes na fachada que me remeteram imediatamente para os relevos usados nas construções das unidades habitacionais de Le Corbusier, embora sejam completamente diferentes. Estes relevos parecem-se mais com os relevos clássicos dos revivalismos arquitectónicos. Mas até a própria Atelier VII | Regente: Pedro Machado Costa | Aluno: Daniel dos Santos


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volumetria lembra uma vez mais essas unidades de habitação. A decoração dos espaços públicos merece referência por demonstrar uma luxúria sóbria. Em relação a este local não me posso alongar muito mais uma vez que não tive a oportunidade de entrar, pois tratou-se do último local que visitei. Pela pesquisa feita no Arquivo da Câmara Municipal de Lisboa pude aceder a fotografia da época. A

Imagem 21 - a imponência do Hotel Ritz na envolvente no século passado, fonte: Arquivo Municipal de Lisboa

partir dessas imagens vi que o hotel se destacava da rotunda do Marquês de Pombal, embora hoje já se tenha perdido esse efeito. A sua atmosfera é a típica de um hotel. O seu interior revela um confortável requinte, típico da cadeia de hotéis da Four Seasons Hotel. Mesmo tendo sido uma aquisição posterior, a sua decoração sempre revelou um apuro principesco devido à escolha de materiais direccionados para a decoração. É esse cuidado que torna tão atractivo (e dispendioso) uma estadia neste hotel. Aqui não existe a relação com o exterior, o hotel tem tudo, tem uma oferta tão vasta que nem é preciso abandoná-lo. Os degraus de intimidade estão bem assegurados como em qualquer hotel comum e a importância da luz só se faz sentir nos candeeiros que apoiam a atmosfera dos ambientes. A característica que melhor mostra a sua separação entre o interior e o exterior e a privacidade é o ginásio. Situado no topo no hotel, o utilizador deste pode praticar o seu jogging matinal sem sair de “casa”, aproveitando na mesma o melhor que a paisagem lisboeta tem para oferecer. O hotel garante o conforto e a privacidade a todos os que procuram um local para passar a noite (ou porque não? O dia). Pastelaria Mexicana A pastelaria Mexicana, desenhada em 1962 por de Jorge Chaves, não promove continuidade da linguagem de espaço. Talvez por ter sofrido sucessivas remodelações em prol da modernização. Mesmo assim, a zona mais interessante e que merece ser destacada é a sala mais afastada do local de entrada. Os painéis em azulejo remetem-me para uma realidade surrealista e a parede oposta, feita por sobreposição de tijolos de madeira cor de cerejeira lembra-me a maqueta de grande escala da paisagem poética. A única fonte de luz da sala é a pseudo-gaiola para pássaros, supostamente aberta ao exterior, sendo a única ligação para além da entrada. Como o interior não é uno, muito menos o corpo arquitectural. A materialidade não é unívoca, no entanto, este espaço não deixa de ser confortável e com confecções de grande qualidade, se não o fosse nem sequer tinha clientes. A sala mais recôndita é

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a mais interessante. No entanto, pelo seu posicionamento, nem sequer pode funcionar com um pólo de atracção. Sinceramente a sedução é feita só pela oferta dos produtos de pastelaria.

Imagem 22 – pormenor dos tijolos desencontrados e do painel em azulejo da parede da sala posterior com a pseudo-gaiola

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Capítulo IV - Lisbon Story at Night Na minha ida a Lisboa consegui visitar quase todos os lugares da lista: a Lx Factory, a Igreja de S. Domingos, a Casa do Alentejo, a Fundação Calouste Gulbenkian, a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, a Escola Secundária de Benfica, o Hotel Ritz e a Pastelaria Mexicana. Para além destes espaços houve outros que captaram a minha atenção enquanto me perdia (e me encontrava) por Lisboa, como o Instituto Superior Técnico, a Escola Superior de Comunicação Social, o Hotel Avenida Palace, a Estação do Rossio, o Hard Rock Café de Lisboa, o elevador de Santa Justa, a Igreja São João de Deus, a rua da Betesga, as ruínas do Convento do Carmo, o Hotel Internacional, o Banco Totta e Açores, o Teatro Politeama, a Associação Comercial de Lisboa, a Sociedade de Geografia de Lisboa e o Teatro D. Maria II. Embora tenha sido uma viagem a correr e gostasse de falar também nos outros, não há tempo nem espaço. Mesmo assim quero-vos falar de dois espaços em particular. Numa fase mais de descontracção, à noite, passei pelo Bairro Alto. Aí, chamou-me a atenção todo o ambiente festeiro, à volta da praça Luís de Camões assim como em todas as ruelas do bairro. Quando já se caminhava para a madrugada passei pelo Cais do Sodré onde encontrei o bar/discoteca Jamaica. Trata-se de uma minúscula discoteca que espezinhava qualquer tentativa de locomoção. Partilha a rua Nova do Carvalho com bares de alterne com nomes de cidades costeiras. Essa atmosfera decadente, de pouca luz, interrompida pelos clarões dos néones, enquadrada com o viaduto que passa por cima da rua, fez-me lembrar daqueles momentos dos filmes de terror em que sabemos que a personagem não devia estar ali pois o mal parece eminente. Esse ambiente obscuro tanto me causa repulsa como me apaixona. Há aqui um certo je ne sais quoi, algo diferente, algo inexplicável que me dá vontade de lá voltar. Rodeado por edifícios centenários num ambiente sombrio, noto uma ambiguidade, uma contradição. Este ambiente “pouco recomendável” como é que atrai tanta gente? Será pela obscuridade, pelo ambiente de submundo? É claro que todas as pessoas cuja entrada é negada em locais onde predomina a sociedade de elite vêm aqui parar. Este ambiente não repulsa nem exclui ninguém, está aberto ao mundo e não critica o mesmo, isto é, é um ambiente que nos deixa ser quem nós somos, onde não se ouvem risinhos nem comentários desagradáveis. É claro que o Bairro faz a mesma coisa mas não de forma tão contrastante. Mais tarde ainda, fui ao Lux, uma discoteca à beira rio plantada, famosa no panorama nacional. Sendo a minha primeira vez, nunca pensei que este ambiente me fosse aborrecer tanto. Agora vejo com certa ironia o contraste entre o Jamaica e o Lux. No Lux senti um ambiente pomposo, feito para as aparências. A decoração tentava ser diferente e magnífica, no entanto não me surpreendeu. À entrada disseram-me para tirar fotografias apenas às pessoas que conhecia, pelo que não tenho nenhum registo fotográfico do que vi (ainda bem, não?). Senti um ambiente kitsch, onde o propósito da decoração falha redondamente, talvez por ter sido feita por alguém que não entende o glamuor da noite, nem sabe o que é ser-se artístico. A grande desilusão talvez se deva ao meu conhecimento de decorações anteriores do Lux baseadas em temas fortes que achei fantásticas. É da mesma maneira pessimista que vejo os Atelier VII | Regente: Pedro Machado Costa | Aluno: Daniel dos Santos


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frequentadores do Lux. Embora sejam da elite de Lisboa, copiam tudo o que há de mau (e de bom…). Apresentam a mesma atitude, a mesma maneira de agir, até parecem iguais, sem identidade própria. Vestem-se de tal modo parecido do que parecem clones pontualmente diferentes, e quando alguém se tenta destacar, falha redondamente, tal e qual como a decoração Kitsch.. Até a própria música mú não faz jus ao que se pretende, não serve como música ambiente, nem como música de discoteca, talvez tenha apanhado um mau dia. Visto o ter-me ter desiludido tanto virei-me me para a arquitectura, e o que de bom encontrei foi o esquema programático da Lux. A meu ver, a discoteca funciona bem por ter os espaços bem controlados e bem identificados. entificados. Ao passear-me passear pelos espaços notei que estes estão tão interligados erligados como separados, o que é bom. bom As diferenças vão-se tornado perceptíveis gradualmente, o que faz deste lugar um todo com marcações visuais pontuais.

Imagem 24 - Rua do Jamaica (de dia)

Imagem 23 - entrada do Lux

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Conclusão Em jeito de despedida, assim concluo a minha viajem por Lisboa. Muita coisa foi vista, talvez um pouco a correr, e no entanto ainda há mais para ver. Embora o Caderno de Viagens pudesse ter desenhos ou colagens completares da mensagem que se quer transmitir, baseei-me mais na escrita uma vez que através desta me é mais fácil exprimir as minhas ideias. Sei que já sei alguma coisa sobre arquitectura e, no entanto, sei que nada sei, já Sócrates assim o dizia em relação ao Saber. A investigação prévia baseada nas fontes possíveis foi a preparação que me bastou para identificar os locais e para estabelecer uma ideia prévia dos mesmos. Não sei se essa ideia prévia foi boa ou má, no entanto, deu para ir à busca de pormenores mais específicos. Espero que seja de fácil leitura que se entenda a minha crítica aos locais propostos. Há sempre locais dos quais gostamos ou que com os quais nos identificamos mais, havendo sempre alguns que se “atravessam no nosso caminho”. Não posso dizer que a viagem tenha sido um sucesso mas estou longe de dizer que ela foi um fiasco. O facto de não ser de Lisboa dificultou um pouco satisfizer a lista de locais a visitar.

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Bibliografia

Livros consultados: •

Raúl Hestnes Ferreira – Projectos (1959-2002), colecção Arquitectura – Monografias I, coordenação editorial de José Manuel das Neves, ASA Editores II;

Zumthor, P. & Binet, Helen, Peter Zumthor Works - Buildings and Projects 1979-1997, Princeton Architectural Press, 1998;

Zumthor, P., Three Concepts: Thermal Bath Vals, Art Museum Bregenz, "Topography of Terror" Berlin, Chronicle Books, 1998;

Schneider, Eckhard, (ed.), Peter Zumthor - Kunsthaus Bregenz, Hatje Cantz Pub., 2008,

Zumthor, P., Thinking Architecture, Birkhauser, 2006 (2ª edição);

Zumthor, P., Atmospheres: Architecural Environments - Surrounding Objects, Birkhauser, 2006

Zumthor, P., Atmosferas: Entornos arquitectónicos – As coisas que me rodeiam, Editorial Gustavo Gil, 2006.

Sítios consultados: •

http://www.gulbenkian.pt/

http://www.casadoalentejo.pt/flash.html

http://www.golisbon.com/sight-seeing/sao-domingos.html

http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/

http://www.fourseasons.com/lisbon/

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