Desenho Urbano

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UBI | Arquitectura | 4º ano | Desenho Urbano

O desenho urbano ou a "arte de desenhar as cidades”

Daniel dos Santos | nº25189


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“O plano a curto prazo, que adequadamente combina o velho e o novo, deve acompanhar o plano a longo prazo. A arquitectura é evolucionária, tanto quanto revolucionária. Como arte, reconhecerá o que é e o que deve ser, o imediato e o especulativo.” (VENTURI, 2004) Daniel dos Santos | nº25189


UBI | Arquitectura | 4º ano | Desenho Urbano Introdução

Introdução

•Desenho Urbano ou a Arte de Desenhar as Cidades são conceitos relacionáveis •Implicam um lado artístico, o desenho. •Pretende-se, com este trabalho, compreender o conceito de Desenho Urbano e a sua importância nas cidades dos nossos dias. •Uso de pensamentos de alguns arquitectos que reflectiram sobre a problemática de como Desenhar uma Cidade.

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Desenho Urbano •Desenho é o acto de desenhar ou representar coisas, seres ou , é a linguagem da memória, a forma de comunicar consigo e com os outros, a construção (SIZA, 2009). •Urbano diz respeito à urbe, a algo próprio da cidade ou citadino. •Desenho Urbano é o desenhar dum espaço citadino. •O Desenho Urbano é assim uma disciplina que decide as regras de disposição, aparência e funcionalidade de um meio urbano, define a forma e a utilização do espaço público. •É fundamental ao exercício do planeamento urbano, arquitectura e arquitectura paisagística. •Compete ao arquitecto atender a tudo o que revela a natureza humana: procura de estabilidade, mas também desejo, exigência, revolta, identificação (SIZA, 2009). •É o Desenho Urbano que responde, ou tenta responder, às necessidades humanas de viver numa sociedade ordenada e, aparentemente, livre, modificando a Cidade. Daniel dos Santos | nº25189


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Cidade

•É o local de estabelecimento aparelhado, diferenciado e ao mesmo tempo privilegiado, sede da autoridade. • Ela se forma (…) quando as industrias e os serviços já não são executados pelas pessoas que cultivam a terra, mas por outras que não têm esta obrigação, e que são mantidas pelas primeiras com o excedente do produto total (BENEVELO, 2007). •É uma grande área bastante urbanizada. •É associada uma dada entidade político-administrativa. •É um habitat humano na qual as pessoas estabelecem relações sociais umas com as outras com diferentes níveis de intimidade, enquanto permanecem inteiramente anónimos.

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Cidade

•Consiste num agrupamento de várias áreas de funções diferentes ou serviços que são inter-ligados e suportados por meio de infra-estruturas e vias de comunicação. •A cidade é uma serpente em terreno difícil ou ondulado (SIZA, 2009). •(…) É a um tempo protegido e aberto, lugar de intercâmbio e de preservação das mais fundas raízes, onde se associam estabilidade e mudança, acesso à cultura e violência (SIZA, 2009).

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Cidade natural vs cidade artificial

•A arquitectura da cidade é maioritariamente uma arquitectura de repetição e de continuidade, sujeita a um ritmo quase sempre lento (SIZA, 2009). •Existem dois tipos de cidade: a cidade natural e a cidade artificial. •A cidade natural é a que surge e se desenvolve mais ou menos de forma espontânea ao longo dos anos (ALEXANDER, 2006). É ricas em estruturas abertas que se ligam a outras, indefinidamente. Estas estruturas abertas são estruturas de conjuntos que formam um sistema vasto e complexo, são chamadas por semi-tramas (ALEXANDER, 2006). •A cidade artificial é a que foi criada, deliberadamente, por projectistas e planeadores (ALEXANDER, 2006). É simples e rígida onde as suas estruturas formam sistemas nos quais surgem conjuntos balizados e com conexões bem definidas, são sistemas apelidados de árvores (ALEXANDER, 2006).

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Cidade natural vs cidade artificial

•Um conjunto é a reunião de elementos que possuam entre si algo em comum e consequentemente estão ligados. •A fraca aproximação da análise urbana faz com que os projectistas apenas se preocupem com os maiores conjuntos, que formam. •Estes centros são as peças de um esqueleto físico constituído, na sua maioria por elementos materiais, que nem sempre conseguem induzir um crescimento natural da cidade, existe portanto uma pré-definição, a cidade não é espontânea – natural.

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Cidade natural vs cidade artificial

•O sistema é a reunião de conjuntos que cooperam, funcionam e comunicam entre si (ALEXANDER, 2006). •São estas sucessivas ligações entre os elementos, conjuntos e sistemas que tornam uma cidade dinâmica e interactiva. •Existem ainda as unidades que são subconjuntos fisicamente imutáveis, compõem a parte fixa dos sistemas (ALEXANDER, 2006). •Embora fixos não deixam de ser dinâmicos uma vez que funcionam como receptáculos de sistemas móveis. •As unidades mantêm uma coesão na sua identidade e coerência, não se transformam, ou contrario dos sistemas móveis que detêm uma liberdade de transformação.

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Cidade natural vs cidade artificial

•Christopher Alexander defende que são estes subconjuntos os responsáveis pela imagem e identidade de uma cidade. •Estas parcelas físicas não são as únicas que definem uma cidade, a cultura e as relações socioeconómicas também definem uma cidade, definem uma identidade. •A conjugação destes subconjuntos num todo estrutural pode classificar uma cidade: em natural, se existirem semi-tramas, ou em artificial, se existirem árvores. •A estrutura que possua um termo em comum que sobrepõe, corta e intercepta conjuntos formam uma semi-trama, relaciona e funciona em conjunto num sem número de possibilidades. •A estrutura simples e definida prevê apenas um número restrito de possibilidades, não existe a sobreposição de conjuntos e como tal funciona como uma árvore.

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Cidade natural vs cidade artificial

•Nas cidades artificiais, o sistema em árvore fixa a vida urbana, é controladora e restritiva. •Estes planos em árvore fracassam na medida que estes estão desprovidos de receptáculos (unidades) que suporte os sistemas móveis e as realidades sociais. •O sistema em semi-trama detém conjuntos abertos e dinâmicos. •A realidade da estrutura social contemporânea está repleta de sobreposições, intersecções ou cruzamentos: os sistemas de relacionamento e familiaridade formam uma semi-trama, não uma árvore (ALEXANDER, 2006). •O sistema em semi-trama apresenta um caos aparente pela enormidade de relações que conjuga. No entanto, este sistema chega ser muito mais organizado e realista que o em árvore.

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Cidade natural vs cidade artificial

•O sistema em semi-trama apresenta um caos aparente pela enormidade de relações que conjuga. •Chega ser muito mais organizado e realista que o em árvore. • O sistema em semi-trama, ao englobar todas as relações possíveis, apresenta uma densidade, robustez e complexidade maiores. •Estas características não são facilmente observáveis, este sistema em semi-trama consegue subtilmente “esconder” as relações existentes, como se fosse algo implícito.

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A Cidade que temos

•A cidade dos nossos dias apresenta-se desconstruída, ou melhor dizendo, está numa decadência de valores. •Nada a identifica com as cidades antigas que lhe deram origem nem estão de acordo com a sociedade contemporânea. •Estamos constantemente a destruir as nossas raízes em prol de uma cidade que se diz moderna mas que não nos diz nada. •Na Cidade que temos, de forma insensível (…) o ambiente com o qual nos identificamos é destruído, como se fosse essa a condição de o transformar (SIZA, 2009). •Antigamente, referia-se a um centro único que reagrupava a autoridade política, o sítio do comércio, os símbolos da religião e que oferecia um espaço (geralmente o fórum) para a reunião da população, e para os debates dos casos da cidade (PANERAI PHILIPPE, 1999). Daniel dos Santos | nº25189


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A Cidade que temos

•A cidade tradicional teve a sua ordem e forma especifica conforme as necessidades da sociedade. Existia a Alta e Baixa que, embora fossem como dois centros urbanos, comunicavam entre si e impulsionavam o aparecimento das relações que todos nós necessitamos. •Actualmente, esses antigos centros tendem a desaparecer ou já não existem. •Surgiram novos centros na cidade. •A centralidade só existe na parte comerciante e dos negócios, quando essa é deslocada espacialmente da parte histórica da cidade (PANERAI PHILIPPE, 1999). •Com a distorção do conjunto de tecido urbano, desenvolveram-se novas periferias que parecem ter centros próprios.

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A Cidade que temos

•Esse centro pode ser múltiplo, ou seja, pode ser formado por a soma dos centros que correspondem aos diversos grupos sociais ou aos diferentes usos existentes na cidade (PANERAI PHILIPPE, 1999). •Não é necessário destruir para transformar. Para a transformar, é necessário e indispensável não destruir a cidade (SIZA, 2009). •Devemos sujeitar as transformações apenas ao que é indispensável.

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Importância do Desenho Urbano na Cidade que temos •Os ambientes estão cada vez mais técnicos e ler a cidade no contexto mecânico é uma realidade. •As cidades crescem e crescem pelas oportunidades reais ou ilusórias que oferecem, pela esperança de algum modo confirmada, numa existência mais justa e universalmente prometedora (SIZA, 2009). •Temos de ter consciência, ao nível do Desenho Urbano, quais as necessidades prioritárias, sem comprometer nas decisões tomadas as relações pré-existentes. •Todos os aspectos da vida humana são afectados e vive-se o momento, já não há espaços para planos a longo prazo.

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Importância do Desenho Urbano na Cidade que temos •Ao olhar as grandes cidades chama a nossa atenção as diferentes combinações de informação e signos que caracterizam o pensamento político, sociológico e cultural. • Esse pensamento pode ou não estar correcto o que conduz a um discurso de insegurança, a uma ideia de crise profunda (decadência). •A insegurança cada vez mais faz parte das cidades, pois resume todos os medos de uma civilização urbana, cujas linhas que definem o seu futuro cada vez mais incerto. •Por estes motivos, os responsáveis políticos e técnicos têm de tomar decisões no sentido de resolver os problemas de hoje assim como perspectivar os problemas de amanhã.

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Importância do Desenho Urbano na Cidade que temos •Pela regularização da situação presente e pela formulação de hipóteses, o Desenho Urbano tem de responder favoravelmente aos princípios de uma cidade organizada, ordenada mas também aos princípios de convivência humana. •Deve sim, criar cidades sustentáveis, saudáveis, com qualidade de vida para nós e para os de amanhã.

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“Não é necessário destruir para transformar. Para a transformar, é necessário e indispensável não destruir a cidade.” (SIZA, 2009)

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Bibliografia

Usada:

ALEEXANDER, Christopher, (2006), Teses – Uma Cidade não é uma árvore (parte 1), tradução de Mauro Almada. ALEEXANDER, Christopher, (2006), Teses – Uma Cidade não é uma árvore (parte 2), tradução de Mauro Almada. AMADO, Manuel Pires, (2005), Planeamento Urbano Sustentável, Casal de Cambra, Caleidoscópio. BENEVELO, Leonardo, (2004), História da Arquitectura Moderna, São Paulo, Presença. BENEVELO, Leonardo, (2007), História da Cidade, São Paulo, Presença. FADIGAS, Leonel, (2007), Fundamentos Ambientais do Ordenamento do Território e da Paisagem, Lisboa, Edições Sílabo. FRAMPTON, Kenneth, (2003), História da Arquitectura Moderna, São Paulo, Martins Fontes. GOITIA, Fernando Chueca, (2006), Breve História do Urbanismo, Lisboa, Editorial Presença. KOOLHAAS, Rem, (2008), Nova York Delirante, Barcelona, Editorial Gustavo Gili. PANERAI PHILIPPE, DEPAULE JEAN-CHARLES, DEMORGON MARCELLE, (1999), Analyse urbaine, Editions Parenthèses. PELLETIER JEAN, DELFANTE CHARLES, (1969), Villes et urbanisme dans le monde, Paris, Armand Colin. PRINZ, Dieter, (1980), Urbanismo I – Configuração Urbana, Lisboa, Editorial Presença. PRINZ, Dieter, (1980), Urbanismo II – Configuração Urbana, Lisboa, Editorial Presença. SITTE, Camilo, (1918), L´Art de Battir les Villes, Paris, Renouard. SIZA, Álvaro, (2009), 01 textos, Porto, Civilização Editora. Teoria da Arquitectura – do Renascimento aos nossos dias, (2006), Taschen. VENTURI, Robert, (2000), Aprendiendo de Las Vegas – El simbolismo esquecido de la forma arquitectónica, Barcelona, Editorial Gustavo Gili, SA GG REPRINTS. VENTURI, Robert (2004), Complexidade e Contradição em Arquitectura, São Paulo, Martins Fontes.

Sítios da internet:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenho_urbano http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade http://www.workpedia.com

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