Revista de Terapia Ocupacional CREFITO-8 - ANO XV AGOSTO/DEZEMBRO

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Revista de Terapia Ocupaciona Ocupacional

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CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL DA 8ª REGIÃO

ww w.crefito8.org.br www.crefito8.org.br

Edição A AGOSTO GOSTO ll DDEZEMBRO EZ EMBRO -- CCURITIBA URITI BA --PPARANÁ ARANÁ - B RA SIL EdiçãoANO ANOXVXV - BRASIL Terapia Ocupacional em Saúde Funcional

Terapia Ocupacional em Saúde Mental

Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares

Terapia Ocupacional em Acupuntura

Terapia Ocupacional em Saúde da Família

Terapia Ocupacional em Saúde Coletiva

ESPECIALIDADES DA TERAPIA OCUPACIONAL AÇÕES DAS CÂMARAS TÉCNICAS 2015 DIREÇÃO DE AUTOMÓVEIS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ACUPUNTURA EM TERAPIA OCUPACIONAL

ARTIGO INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DO MODELO LÚDICO PARA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA FÍSICA


ÍND I CE

Especial

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Destaque

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Acupuntura

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Artigo - Modelo Lúdico

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Entrevista

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Artigo - Epilepsia

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Escala de Avaliação - GAS

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Crefito-8

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CREFITO-8 Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 8º Região - Serviço Público Federal Área de jurisdição: jurisdição: Paraná Rua Jaime Balão, 580, Hugo Lange - Curitiba-PR CEP: 80040-340 Telefone: 0800 645 2009 www.crefito8.org.br. Colegiado Gestão: 2014-2018 Diretoria Diretoria:: diretoria@crefito8.org.br. CONSELHO EDITORIAL: EDITORIAL: Presidente: Dr. Abdo Augusto Zeghbi, Vice-Presidente: Dr. Ruy Moreira da Costa Filho, Diretor-Tesoureiro: Dr. Renato Nickel, Diretora-Secretária: Dra. Maria Luiza Vautier Teixeira. CONSELHEIROS EFETIVOS: EFETIVOS: Dr. Abdo Augusto Zeghbi, Dr. Cleverson Fragoso, Dra. Isabela Álvares dos Santos, Dra. Maria Luiza Vautier Teixeira, Dra. Marlene Izidro Vieira, Dr. Milton Carlos Mariotti, Dra. Naudimar Di Pietro Simões, Dr. Renato Nickel, Dr. Ruy Moreira da Costa Filho. CONSELHEIROS SUPLENTES: SUPLENTES: Dr. Cristiano Pedro F. de Jesus, Dra. Daniele Bernardi, Dra. Deborah Toledo Martins, Dr. Francisco Hamilton Sens Junior, Dra. Márcia Maria Kulczycki, Dra. Rúbia Marcia Benatti, Dra. Sonia Margarete B. Frade Krachenski, Dra. Sonia Maria Marques Gomes Bertolini, Dr. William Nogata . EXPEDIENTE: PRODUÇÃO CREFITO-8 REDAÇÃO Jornalista Marina Domingues (DRT6095/PR) PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: DIAGRAMAÇÃO: André Luiz Pinheiro Neves ASSESSORIA TÉCNICA: Dra. Marina Siqueira Campos


EDITORIAL

A expansão do campo de prática do terapeuta ocupacional é uma realidade no Paraná, a todo momento surgem demandas no campo da saúde e social, onde a ocupação humana, enquanto identificador de qualidade de vida, tem sido cada vez mais valorizada. Contudo, a questão que não quer calar é: Estamos preparados para atuar nessas novas frentes de trabalho? Tem-se por princípio que se a demanda existe é porque algum trabalho foi feito para gerá-la. Mas, entende-se também que o fazer de um único profissional ou mesmo de um pequeno grupo de profissionais não é o suficiente para identificar o fazer de uma profissão. Por isso que o CREFITO 8, com base nos objetivos do Programa Viver com Independência, tem, por meio de suas câmaras técnicas de especialidades e comissão de pesquisa, buscado levantar, analisar e discutir a prática do terapeuta ocupacional nos seus diversos campos de atuação. No ano de 2014 foram realizados até o momento 17 eventos, como "conversando sobre Terapia Ocupacional" em Curitiba, Londrina e São Miguel do Iguaçu, e "Dia das Profissões", esse um evento onde todas as especialidades foram representadas, com objetivo de levar o conhecimento construído dentro das câmaras técnicas para apreciação e discussão com todos os profissionais e acadêmicos do Estado do Paraná. Esta edição da Revista do CREFITO 8 – Terapia Ocupacional, trará ao leitor parte do que tem sido feito pelos profissionais do Conselho e seus colaboradores em relação a essas práticas, abrindo espaço para fomentar a discussão de cada especialidade, garantindo assim a difusão deste conhecimento. Espere para a próxima edição o resultado da pesquisa sobre o perfil do profissional terapeuta ocupacional do Estado do Paraná, os dados estão sendo analisados pelos membros da comissão de pesquisa, e vão ajudar pensar, baseados na realidade atual, estratégias para o futuro do profissional. Este Conselho também busca nessas ações a exação do exercício profissional, tornando o seu fazer digno de reconhecimento e valorização, para uma identidade forte e socialmente estabelecida. Desejamos a todos os profissionais um natal familiar e um 2016 próspero, com saúde e bem estar. Um grande e fraterno abraço a todos Profissionais da Terapia Ocupacional do CREFITO-8.


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especial

AÇÕES DAS CÂMARAS TÉCNICAS DE

TERAPIA OCUPACIONAL EM 2015 Dando continuidade às ações realizadas em 2014, as Câmaras Técnicas de Terapia Ocupacional do CREFITO-8 reuniram neste ano, mais de 500 participantes. Merece destaque que, destes, menos de 15% são profissionais. Embora o CREFITO-8 estimule e valorize a participação dos estudantes, entendemos que a participação dos profissionais é fundamental para o desenvolvimento da profissão e fortalecimento das especialidades. Para o próximo ano, esperamos contar com maior envolvimento dos terapeutas ocupacionais do Estado nas ações do CREFITO-8, enriquecendo o trabalho das Câmaras Técnicas. Lembrando que é o profissional que está na prática, no mercado de trabalho e que realmente muda a realidade e a visibilidade da profissão. Em 2015, os eventos das Câmaras Técnicas de Saúde Mental, Saúde Funcional, Contextos Sociais, Contextos Hospitalares, Saúde Coletiva e Saúde da Família contaram com o envolvimento e colaboração de 12 profissionais na promoção das discussões que permeiam as especialidades no Estado do Paraná. Confira a seguir um resumo das ações realizadas pelas Câmaras e as perspectivas para 2016: CÂMARA TÉCNICA EM CONTEXTOS SOCIAIS INTEGRANTES: Deborah Toledo Martins – CREFITO-8/ 7458 - TO Flávia Maria de Amorim Borges – CREFITO-8/ 5691 - TO Durante o ano de 2015, a principal discussão foi sobre o Sistema Prisional e Socioeducativo no Paraná e Redução da Maioridade Penal. As ações realizadas sobre esse tema foram: - Evento Conversando sobre Terapia Ocupacional: realizado em abril, na UFPR, sobre a atuação do Terapia Ocupacional no Sistema Prisional e Socioeducativo, com palestras de terapeutas ocupacionais que atuam na área; - Revista: no 1º semestre foi produzido um texto sobre a Redução da Maioridade Penal;

- Campanha publicitária para o COFFITO: foi realizada filmagem e fotografado o Centro de Socioeducação São Francisco, adolescentes em atividades e atuação profissional do terapeuta ocupacional. O material foi encaminhado ao COFFITO; - Vídeo institucional: foi produzido um vídeo sobre atuação do terapeuta ocupacional no Sistema Socioeducativo, que foi transmitido no evento do Dia do Terapeuta Ocupacional; - Evento do Dia do Terapeuta Ocupacional: foi realizada uma Roda de Conversa sobre o tema Redução da Maioridade Penal. As ações resultaram na maior divulgação sobre a atuação do terapeuta ocupacional no Sistema Socioeducativo e Prisional. Além disso, o aumento significativo de acadêmicos e profissionais interessados em participar das discussões foi a maior contribuição para a especialidade, visto que este contexto é novo no Paraná. A Câmara firmou parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para articular ações acadêmicas com a assistência nos Centros Socioeducativos. Para 2016, esta câmara técnica tem como meta estender as discussões com foco no SUAS, realizando eventos com oficinas, mostrando os diferentes cenários de atuação. Pretende-se trazer profissionais de outras regiões do Estado para fortalecer a rede e ampliar as discussões sobre a especialidade. CÂMARA TÉCNICA EM CONTEXTOS HOSPITALARES INTEGRANTES: Dra. Rosibeth Del Carmen Muñoz Palm CREFITO-8/ 846TO Dra. Maria Luiza Vautier Teixeira CREFITO-8/ 786 – TO Mereceu destaque, no ano de 2015, a ação da Câmara Técnica em Contextos Hospitalares, na organização do I Fórum Sul da Especialidade de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares, que contou com 35 participantes, dentre estes, 12 eram profissionais e os demais, acadêmicos. Este evento foi realizado a partir de uma parceria dos Crefitos 8, 10 e 5. Após a contextualização da especialidade, trazida pela terapeuta ocupacional, presidente da Associação de Contextos Hospitalares e


especial Cuidados Paliativos – ATOHosP, Dra. Marysia Mara Rodrigues do Prado De Carlo, a plateia foi dividida em dois grupos de trabalho, desta forma organizados: Grupo 1 – Parâmetros Assistenciais no Contexto Hospitalar, cujos facilitadores foram Dra. Maristela Vieira, presidente das Comissões de Especialidades do CREFITO-10 e Professora Rita Aparecida Bernardi Pereira da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Foram revisados pontualmente os artigos da Resolução nº 418/2012 (sobre os Parâmetros Assistenciais Terapêuticos Ocupacionais), e no que se refere ao ANEXO I, observou-se que há necessidade de se estabelecer tempo para registro dos atendimentos realizados. Proposta: 1) Alterar a Resolução nº 418/2012, no que se refere à redistribuição do tempo da assistência terapêutica ocupacional, prevendo e fazendo compor: preparo da atividade, a interveção propriamente dita e a transcrição do atendimento em prontuário e/ou registro pessoal/ institucional. Grupo 2 – Protocolos e Procedimentos, cujos facilitadores foram Dra. Carem Mabel de Medeiros, representante do CREFITO-5 e Dra. Lenise Hetzel, diretora secretária do CREFITO-5. Propostas: 1) Reiterar o pedido realizado pela ATHosP ao COFFITO e paralelamente promover uma coordenação entre os Crefitos da Região Sul para a realização do Curso de Capacitação de métodos, técnicas, abordagens e procedimentos em Terapia Ocupacional; 2) Mapeamento da prática dos terapeutas ocupacionais (onde estão trabalhando, quais são os métodos, técnicas, abordagens e procedimentos que estão utilizando no âmbito hospitalar); 3) Criar estratégias de valorização da fundamentação dos modelos e métodos da Terapia Ocupacional (da graduação à prática profissional); 4) Conscientizar os profissionais de Terapia Ocupacional a respeito da importância de comunicar aos Conselhos Regionais a sua área de atuação e compartilhar a sua experiência nos Fóruns de área, além de publicar trabalhos científicos na área da Terapia Ocupacional;

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CÂMARA TÉCNICA EM SAÚDE FUNCIONAL INTEGRANTES: Dra. Marina Siqueira Campos – CREFITO-8/ 10464 - TO Dr. Renato Nickel - CREFITO-8/ 2683 – TO As realizações da Câmara Técnica em Saúde Funcional, no ano de 2015, concentraram-se na realização de palestras, integrando o “Conversando sobre Terapia Ocupacional", com discussões voltadas aos profissionais e estudantes, relacionados abaixo: 11/03/2015 – Bandagem Neuromuscular, ministrado pela Dra. Diane Stoffel - CREFITO-8/ 15007-TO; 12/08/2015 – Método Therasuit, ministrado pela Dra. Thais Canellossi Rosa - CREFITO-8/ 11580-TO; 16/09/2015 – Avaliações Cognitivas, ministrado pelas Dras. Lillian Dias e Taiuani Raimundo (em parceria com a Câmara Técnica de Saúde Mental); 03/10/2015 – Técnicas e Recursos Terapêuticos (Dia das Profissões), ministrado por diversos profissionais. O resultado das discussões realizadas no ano, foi a organização dos eventos sobre a especialidade e elaboração - junto com a Rede Nacional de Ensino em Terapia Ocupacional (RENETO) - da minuta de acórdão sobre Técnicas Próprias do Terapeuta Ocupacional em Saúde Funcional, encaminhada ao COFFITO. Para 2016, espera-se disciplinar a especialidade de Saúde Funcional em parceria com a ABRATO, RENETO e COFFITO. O foco das discussões nos próximos encontros estará nas abordagens realizadas pelos profissionais em sua prática e no desenvolvimento da especialidade. CÂMARA TÉCNICA EM SAÚDE MENTAL INTEGRANTES: Dr. Milton Carlos Mariotti – CREFITO-8/ 809 – TO Dra. Sônia Margarete B. Frade Krachenski – CREFITO-8/ 1979 - TO Em 2015, a Câmara Técnica da Especialidade de Terapia Ocupacional em Saúde Mental ficou responsável por realizar os eventos nas cidades do interior, além de outras importantes ações na capital. Confira a seguir: 10/04/15 – Conversando sobre Terapia Ocupacional em Saúde Mental – Londrina-PR;


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especial

Convidados: ACTOEP, terapeutas ocupacionais da região de Londrina, fiscal terapeuta ocupacional do CREFITO-8, Dra. Luciana de Cassia Ribeiro CREFITO-8/ 14330 - TO ; 22/05/15 – Conversando sobre Terapia Ocupacional em Saúde Mental – São Miguel do Iguaçu; Convidados: ACTOEP, Prof. Tiago Ribeiro da Silva CREFITO-8/ 9460- TO (UNIGUAÇU), terapeutas ocupacionais de Foz do Iguaçú, Medianeira e região; 25/06/2015 – Parâmetros Assistenciais e Fiscalizatórios de Terapia Ocupacional em Saúde Mental – Curitiba-PR; Convidados: fiscal terapeuta ocupacional do CREFITO-8, Dra. Luciana de Cassia Ribeiro CREFITO-8/ 14330 - TO e Dra. Crislaine Andolfato CREFITO-8/ 12227-TO, terapeuta ocupacional do município de Pinhais; 03 /10/15 – I Fórum Paranaense de Terapia Ocupacional em Saúde Mental – Curitiba-PR; 22/09, 20/10, 17/11 e 15/12/15 – Capacitação de terapeutas ocupacionais dos CAPS de Curitiba; CREFITO/FEAES/UFPR Foram realizadas reuniões quinzenais dos componentes da Câmara Técnica para o planejamento e execução das ações. No decorrer dos encontros foram coletados dados sobre os profissionais participantes, a respeito do perfil profissional e levantamento das dificuldades encontradas na área de atuação e sugestões de como o CREFITO-8 poderá colaborar para a resolução dos mesmos. Os principais resultados do trabalho foram: a constituição do Grupo Estadual de Terapia Ocupacional em Saúde Mental, ligado ao Grupo Nacional de Terapia Ocupacional em Saúde Mental da ABRATO em parceria com a Associação Cultural de Terapia Ocupacional do Estado do Paraná – ACTOEP; aproximação das entidades representativas da categoria e Instituições de Ensino (CREFITO, ACTOEP, SINFITO, ABRATO, UFPR e UNIGUAÇÚ) e entidades empregadoras de Profissionais Terapeutas Ocupacionais (Fundação Estatal de Assistência a Saúde Especializada – FEAES-Curitiba) e dos profissionais do Estado; divulgação dos Parâmetros Assistenciais e Fiscalizatórios da Terapia Ocupacional em Saúde Mental e o levantamento e dos dados estatísticos do perfil profissional e sociodemografico dos profissionais que atuam na área. Em 2016, a Câmara Técnica pretende manter as reuniões, os fóruns de discussões e capacitações, ampliar e aprofundar o levantamento para elaboração do diagnóstico situacional da Terapia Ocupacional

no Estado do Paraná, auxiliar e colaborar para o desenvolvimento de possibilidades de capacitação com acesso aos profissionais em todo o Estado, fortalecer a especialidade, qualificando e aproximando os profissionais e entidades com o Conselho. CÂMARA TÉCNICA DE SAÚDE COLETIVA E SAÚDE DA FAMÍLIA INTEGRANTES: Dra. Regina C. Titotto Castanharo – CREFITO-8/ 1501 - TO Dr. Derivan Brito da Silva CREFITO-8/ 5776-TO Dra. Aline Zulian CREFITO-8/ 9795 – TO Dr. Sanderson Lorenzetti Sadowski CREFITO-8/ 5705-TO A Câmara Técnica das Especialidades de Terapia Ocupacional em Saúde da Família e em Saúde Coletiva foi iniciada no primeiro semestre de 2015, com a participação de profissionais de Maringá. Devido a reestruturação do trabalho no NASF (Núcleo de Apoio a Saúde da Família) da cidade e mudança no quadro de profissionais, a Câmara Técnica passou para a responsabilidade de profissionais de Curitiba, contando com dois docentes da UFPR e dois profissionais vinculados à gestão e assistência no serviço de saúde municipal de Curitiba. Este grupo iniciou o trabalho em setembro de 2015, e como principal ação teve a oficina para elaboração da proposta de trabalho da Câmara Técnica de Terapia Ocupacional em Saúde da Família e Saúde Coletiva, que ocorreu no dia 03 de outubro do mesmo ano, como parte do evento em comemoração ao dia da profissão. Na ocasião foram definidos os seguintes encaminhamentos: estruturar o trabalho da câmara de forma participativa, envolvendo profissionais e estudantes; organização de eventos contemplando os temas “Experiências de profissionais terapeutas ocupacionais atuantes na APS/NASF”, “Família x Saúde Coletiva: definição de campos e especialidades”, e “Divulgando o papel da Terapia Ocupacional na Atenção Básica de Saúde, público alvo: Gestores em Saúde”.

Em 2016, todas as Câmaras Técnicas darão continuidade às ações desenvolvidas em prol de cada especialidade. Acompanhe no site e facebook o cronograma de eventos 2016.


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DIREÇÃO DE AUTOMÓVEIS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA MESTRANDA DA UFPR DESENVOLVE TRABALHO CIENTÍFICO COM PROTOCOLOS DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DA ATIVIDADE DE DIRIGIR PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

O atual processo brasileiro de concessão de carteira de motorista para pessoas com deficiência é incompleto, segundo a terapeuta ocupacional e mestranda Dra. Marina Marcondes Braga, que desenvolve pesquisa pela Universidade Federal do Paraná. O interesse em desbravar o tema iniciou no Programa de Iniciação Científica, sob orientação do Dr. Renato Nickel, durante a graduação em Terapia Ocupacional pela UFPR, através de um projeto piloto. A então estudante Dra. Marina recebeu o Prêmio da Fundação Brasileira em Pesquisa em Terapia Ocupacional sobre Condução de Automóveis Sherrilene Classen, como reconhecimento de mérito da pesquisa realizada. Esse estudo inicial foi apresentado na 38th Conference & Exhibits da ADED – Association for Driver Rehabilitation Specialists, em Buffalo, nos Estados Unidos, em agosto de 2014, com a doutoranda Dra. Andrea Fedeger e a terapeuta ocupacional Dra. Nathália Cardoso. Hoje esse estudo é desenvolvido pela mestranda no Programa de Pós-Graduação em Medicina Interna e Ciências da Saúde da Universidade Federal do Paraná, sob orientação do Dr. Elcio Piovesan e co-orientação do Dr. Renato Nickel. A pesquisadora também conseguiu bolsa para participar do curso de Introdução à Reabilitação na Direção de Automóveis promovido pela ADED em Hanover, Maryland, nos Estados Unidos, em maio de 2015.

O que te motivou a participar desta pesquisa e dar continuidade no mestrado? Na graduação tive o primeiro contato com o tema e

Mestranda Dra. Marina Marcondes Braga CREFITO-8/ 16774 - TO percebi que poder retornar à atividade de dirigir um automóvel após sofrer um AVC gera qualidade de vida e permite o exercício da autonomia, independência e participação social ao indivíduo. A continuidade deste estudo pode permitir discussões mais aprofundadas sobre promover esse retorno seguro à direção de automóveis e iniciar mudanças positivas no cenário atual de concessão da CNH para pessoas com deficiência no Brasil.

Como está a situação hoje e o que falta no Brasil para que o processo de concessão de CNH seja mais adequado?


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No processo de concessão da CNH a pessoas com deficiência, elas são submetidas à passagem pela Junta Médica Especial, composta por médicos peritos examinadores, que realizam as avaliações clínicas de aptidão física e mental. Cabe a esses profissionais verificar a necessidade de veículo apropriado com indicação de adaptações veiculares quando necessárias e acompanhamento na prova prática, verificando o impacto da deficiência na direção. No projeto piloto do nosso estudo, pudemos perceber certas lacunas nesse cenário, porque avaliamos condutores que retornaram à atividade, porém com déficits nas capacidades visuais e cognitivas que são essenciais para a condução segura. Em vários outros países, essas capacidades são avaliadas por terapeutas ocupacionais que reconhecem os condutores que podem voltar a dirigir. O Brasil ainda não possui um terapeuta ocupacional na equipe multidisciplinar que avalia pessoas com deficiência na concessão da CNH.

O que você pretende alcançar com este trabalho? No processo de reabilitação internacional para retorno à direção de automóveis, sujeitos que sofreram AVC e foram submetidos ao processo de avaliação global garantem que se sentem seguros para desempenhar esta atividade. Isso justifica uma investigação global acerca das capacidades desses sujeitos. Ao fim do mestrado, serão elaborados protocolos de avaliação do desempenho da atividade de dirigir automóveis para pessoas com deficiência, sendo possível gerar desfechos para o retorno seguro do indivíduo e segurança das vias públicas para a sociedade como um todo, diminuindo o número de acidentes. Assim, será possível promover acessibilidade universal e a mobilidade urbana às pessoas com deficiências. Com o trabalho, eu pretendo que sejam ampliadas as possibilidades de vinculação

entre o terapeuta ocupacional e a atual rede de avaliação de condutores no Brasil, para promover a avaliação global e multidisciplinar de sujeitos com deficiência, o incentivo à prática de reeducação do desempenho da atividade de dirigir automóveis e adaptação veicular.

Desde o começo da sua pesquisa, você ressaltou a diferença entre o processo de obtenção de CNH especial no Brasil e fora. Essa diferença ficou mais clara quando você participou dos eventos internacionais? Sem dúvidas. Para me capacitar nessa área, foi necessário buscar conhecimento fora do Brasil. Assim tive o privilégio de discutir com especialistas na área sobre a discrepância atual em diversos países sobre o processo de habilitação de pessoas com deficiência e conhecer sistemas de sucesso na área. Dessa forma, pude ter uma visão sobre estratégias e possibilidades de reformular o atual processo brasileiro com os benefícios da inclusão do terapeuta ocupacional, expandindo possibilidades de pessoas com deficiências ao adquirir autonomia e oportunidades sociais, de lazer, de trabalho e ampliação de engajamento em papeis ocupacionais.


acupuntura

ACUPUNTURA EM

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TERAPIA OCUPACIONAL A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) compreende que um distúrbio ou lesão é consequência de uma desarmonia na relação entre o indivíduo e a natureza, na busca do reequilíbrio entre o ser vivo e o ambiente em que ele vive. A Acupuntura (do latim acus- agulha e punctura- colocação) é um ramo da MTC e de acordo com a nova terminologia da Organização Mundial da Saúde (OMS), um método de tratamento complementar. Dada a importância da técnica a acupuntura foi, em 19 de novembro de 2010, declarada pela UNESCO Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade. O tratamento acupunterápico consiste no diagnóstico e na aplicação de agulhas em pontos específicos no corpo, chamados de “acupontos”, que se distribuem principalmente sobre linhas chamadas “meridianos” e “canais”, pelos quais se obtém diferentes efeitos terapêuticos, conforme cada caso. Além do uso da agulha, na acupuntura podem ser utilizadas outras técnicas que estimulem os pontos necessários como a moxabustão, auriculoterapia, eletroterapia, laser, pastilhas stiper, ryodoraku, cristais, entre outros. A técnica da Acupuntura estimula o próprio organismo a melhorar seu funcionamento e o leva à homeostase. Este equilíbrio, na visão da MTC, ocorre devido a ação da técnica sobre o sistema nervoso. A OMS reconhece que a acupuntura pode servir como tratamento principal ou complementar para as mais diversas patologias, por exem-

plo: enxaquecas, problemas gastrointestinais, alergias, algias diversas, distúrbios emocionais, problemas ortopédicos, entre outros. Qualquer indivíduo pode conseguir uma homeostase interna se tratado pela Acupuntura. A Acupuntura chegou ao Brasil em 1908, pelas mãos dos imigrantes japoneses, todavia permaneceu em âmbito familiar e local até meados da década de 80. O primeiro Conselho Profissional a reconhecer a Acupuntura como especialidade foi o COFFITO, mediante publicação da Resolução n.60 de 22 de junho de 1985, e o mais recente o de Medicina, em 1995. Apesar de a Acupuntura estar largamente difundida no Brasil, a profissão de acupunturista ainda não foi regulamentada (atualmente tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei n. 1549/2003), sendo, portanto, de livre exercício. A Resolução n. 405 de 3 de agosto de 2011 disciplina o exercício profissional do terapeuta ocupacional na Especialidade Profissional em Acupuntura. Desde o relatório final da VIII Conferência Nacional de Saúde (CNS), em 1986, busca-se a introdução de práticas alternativas de assistência à saúde no âmbito dos serviços públicos de saúde, porém apenas em 2006, por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares, os profissionais não-médicos puderam atuar como acupunturistas no SUS. A VIII CNS trouxe um conceito mais amplo de saúde, visando sua promoção, proteção e recuperação, bem como

prevenção de doenças. A Portaria 9715 do Ministério da Saúde garante a realização de Acupuntura no SUS aos diversos profissionais da saúde. A OMS salienta o baixo custo e elevada efetividade desta técnica de tratamento, assim como a alta satisfação dos pacientes que tiveram acesso a ela. A principal maneira de acelerar, com qualidade, a prestação de serviços de Acupuntura no sistema público e suplementar, é pela inserção de novos profissionais acupunturistas qualificados. O terapeuta ocupacional pode utilizar a Acupuntura enquanto recurso terapêutico para auxiliar no tratamento de alterações biológicas, psíquicas e sócio-ocupacionais, que impactam negativamente o desempenho ocupacional do indivíduo. Este recurso também pode auxiliar o terapeuta ocupacional a otimizar outros tratamentos, pois, como no exemplo de uma tendinite, auxilia na redução da inflamação e analgesia, permitindo assim, que consiga mobilizar e aumentar a amplitude de movimento em um tempo menor e sem presença de dor. Um outro exemplo são os transtornos psiquiátricos, onde a acupuntura auxilia na redução da ansiedade, melhora a memória e concentração, favorecendo a evolução no tratamento e o retorno do indivíduo as suas atividades laborativas. Dra. Janaína Palma Kotinda CREFITO-8/ 10277-TO


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artigo modelo lúdico

INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DO MODELO LÚDICO

PARA CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA FÍSICA O Modelo Lúdico é um procedimento de intervenção terapêutica da Terapia Ocupacional. Iniciado em 1994, a partir dos estudos de Francine Ferland, terapeuta ocupacional canadense, para favorecer o brincar no cotidiano de crianças que, por diversas razões estão impedidas de fazê-lo, busca e valoriza as atividades, focando o brincar como prioritário para a criança, considerado como uma atividade subjetiva, que pressupõe uma atitude lúdica com uma ação livre e espontânea a partir do encontro do prazer, da curiosidade, do senso de humor e da espontaneidade. Os instrumentos de avaliação utilizados para avaliar o comportamento lúdico da criança com deficiência física são sustentados no quadro conceitual do Modelo Lúdico e englobam a entrevista inicial com os pais e a avaliação do comportamento lúdico da criança, os quais têm como objetivo principal conhecer o comportamento lúdico da criança em casa, baseado na perspectiva dos pais ou responsável e do terapeuta ocupacional avaliador, para compreendê-la através do seu comportamento de brincar, seus interesses em geral, suas capacidades e também sua atitude lúdica. A adaptação transcultural para o português destes instrumentos e a descrição dos seus procedimentos de aplicação foi iniciada em 2005 e finalizada em 2015. Essa adaptação permitiu garantir equivalência entre as versões originais, pois sabemos que, quando o instru-

mento utilizado e desenvolvido em outra cultura, há necessidade de tratamentos metodológicos específicos. O Modelo Lúdico considera o brincar como a atividade própria da criança, com sentido para ela, através da qual consegue desenvolver suas capacidades de adaptação e de interação, conquistando assim sua autonomia; propõe utilizar o brincar na prática da terapia ocupacional, em crianças em idade pré-escolar. Os instrumentos de Avaliação do Modelo Lúdico são utilizados pelos terapeutas ocupacionais em seus procedimentos terapêuticos e científicos, proporcionando experiências para que as crianças público-alvo da Terapia Ocupacional consigam, através de brincadeiras, ter uma via privilegiada para descobrir o prazer de agir, o prazer de viver e, consequentemente, o prazer de ser. O Manual da Versão Brasileira Adaptada dos Instrumentos de Avaliação do Modelo Lúdico para a criança com deficiência (EIP-ACL) está disponível nos sites www. leptoi.fmrp.usp.br e www.abpee.net .

Dra. Maria Madalena Moraes Sant´Anna – CREFITO-8/779 - TO Terapeuta Ocupacional Coordenadora Pedagógica da Pós-Graduação Lato Sensu Terapia Ocupacional: Uma Visão Dinâmica em Neurologia


entrevista

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CREFITO-8 ENTREVISTA 1ª TERAPEUTA OCUPACIONAL A TRABALHAR COM CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL “EM CUIDADOS PALIATIVOS, OS TERAPEUTAS OCUPACIONAIS BUSCAM A VIDA ONDE SE TEM A MORTE. O SEU PAPEL PRINCIPAL É PROPORCIONAR AO PACIENTE A INDEPENDÊNCIA, AUTONOMIA E O RESGATE DO SIGNIFICADO DA VIDA”

O CREFITO-8 teve a honra de entrevistar Dra. Mônica Estuque Garcia de Queiroz, que foi a 1ª terapeuta ocupacional no Brasil a trabalhar com Cuidados Paliativos, em 1998, no Hospital Emílio Ribas (onde era realizado o tratamento de muitos pacientes vítimas da AIDS). Começou a trabalhar nessa área por orientação do pioneiro em Cuidados Paliativos no Brasil, o médico patologista Dr. Marco Tullio Assis Figueiredo. Em seguida, no ano de 2001, o grupo coordenado pela Dra. Mônica começou suas atividades em Cuidados Paliativos no hospital. Mas, como não havia formação na área no país, ela foi estudar na Inglaterra, voltando para capacitar e treinar os profissionais da Saúde que atuam em Hospitais de Infectologia. Sete anos depois, lançou o livro “O Terapeuta Ocupacional em Cuidados Paliativos”, que teve grande relevância ao contextualizar o trabalho dos terapeutas ocupacionais nesse saber específico. “O maior diferencial da atuação dos terapeutas ocupacionais em Cuidados Paliativos está na capacidade de modificação do ambiente do paciente, uma vez que trabalha com o todo, desde o cuidador até com toda a família”, explica Dra. Mônica.

DRA. MÔNICA ESTUQUE GARCIA DE QUEIROZ

Segundo ela, no ano de 2012, em Curitiba, numa reunião que onde se estudava a formação política da Associação Científica de Terapia Ocupacional em Contexto Hospitalares e Cuidados Paliativos - ATOHosP, foi pensado pela primeira vez, de maneira formal, a regulamentação dos Cuidados Paliativos. Em julho de 2013, foi reconhecida e disciplinada, pela Resolução COFFITO n° 429, a Especialidade de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitales, onde os Cuidados Paliativos entraram como uma área de atuação, que compreende o oferecimento de cuidados terapêuticos ocupacionais junto a equipes

multiprofissionais, a pacientes com condições crônico-degenerativas potencialmente fatais (oncológicas e não-oncológicas) e que estão em tratamento sem condições de modificação da doença. “Em Cuidados Paliativos, os terapeutas ocupacionais buscam a vida onde se tem a morte. O seu papel principal é proporcionar ao paciente a independência, autonomia e o resgate do significado da vida”, esclarece. Além do cuidado com o paciente, o terapeuta ocupacional abrange a família e o cuidador, sendo que após a morte do paciente, pode-se estender a sua atuação no período de luto.


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artigo epilepsia

ATIVIDADE E PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO COM EPILEPSIA

UM DESAFIO PARA TERAPEUTAS OCUPACIONAIS A epilepsia é o segundo transtorno neurológico mais comum no mundo, atrás apenas da migrânea. Pessoas com crises epiléticas sem controle estão expostas a diferentes limitações em atividades significativas na vida, e mesmo aquelas que têm controle da crise epilética enfrentam restrições no acesso a educação e emprego. Fora as possíveis dificuldades apresentadas pelo sujeito para o desempenho ocupacional/participação social, existem lacunas no conhecimento sobre a epilepsia. A falta de informação ou a disseminação de informações errôneas se apresentam como uma das principais causas da discriminação social. Como exemplo, o estigma que é comumente vivenciado por pessoas com epilepsia, é um dos mais significativos fatores que influenciam negativamente a vida dessas pessoas, podendo ser considerado mais prejudicial que a própria condição em si. Desde 2007, um pequeno grupo de terapeutas ocupacionais têm desenvolvido, no serviço de neurologia do Hospital de Clínicas da UFPR, pesquisas relativas ao desempenho ocupacional de pessoas com epilepsia. Os resultados iniciais mostram muitas limitações e restrições para o desempenho ocupacional da pessoa com epilepsia, causados principalmente pela presença de barreiras e ausência de facilitadores no ambiente. No âmbito do trabalho, por exemplo, destacam-se sobretudo barreiras atitudinais, onde o desconhecimento e a postura estigmatizante de empregadores e demais funcionários são fatores de restrição ao emprego. Isso traz como consequência uma maior taxa de desemprego nessa população, o trabalho informal e a solicitação recorrente de aposentadorias precoces. Atualmente, há um entendimento de que a pessoa com epilepsia tem sim deficiências funcionais que prejudicam o seu desempenho em tarefas, mas também há um entendimento de que a substituição de barreiras por facilitadores pode gerar grande repercussão no bem-estar dessa população. Considerando que a epilepsia é um conjunto de desordens neurológicas com consequências de ordem biopsicossocial, a intervenção deve levar em consideração diferentes aspectos da vida da dessas pessoas, e

incluir o envolvimento do paciente em diferentes áreas da vida, como família, escola, trabalho e lazer. Dentro de uma equipe multiprofissional, cabe ao terapeuta ocupacional a tarefa de avaliar e facilitar o desempenho ocupacional do sujeito com epilepsia. Para tanto, o recurso da análise da atividade de modo ampliado e que considere a multicausalidade da incapacidade é fundamental - uma vez que as características do sujeito, as atividades em questão e os fatores contextuais envolvidos são diversos. Nesse quesito, o terapeuta ocupacional pode intervir diretamente na execução das tarefas, com recursos para otimização do desempenho em atividades significativas; no ambiente físico tornando-o mais seguro para a participação nestas atividades, bem como minimizando os riscos de uma possível crise; diante do ambiente de convívio da pessoa, família e comunidade, sensibilizando todos e a própria pessoa com epilepsia quanto a sua condição; bem como em uma esfera macroestrutural onde pode intervir diante das políticas públicas que considerem a inclusão desta população em ambientes nos quais historicamente são excluídas, como na escola, trabalho, lazer e outros. É importante que o terapeuta ocupacional se empodere deste debate como profissional central na otimização do desempenho ocupacional. O objeto de estudo da Terapia Ocupacional - a ocupação humana - é o que qualifica a categoria para que possa intervir de modo efetivo para a otimização da participação das pessoas com epilepsia em diferentes áreas de vida, com uma perspectiva ampliada. Autores: Dr. Renato Nickel (CREFITO-8/ 2683-TO), Dra. Lauren Machado Pinto (CREFITO-8/ 12478-TO), Dra. Patrícia dos Santos Fernandes (CREFITO-8/ 15918-TO), Dra. Diane Priscila Stoffel (CREFITO-8/ 15007-TO)


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ESCALA PARA O ESTABELECIMENTO E AVALIAÇÃO DE METAS DE INTERVENÇÃO PARA O TERAPEUTA OCUPACIONAL Uso da Goal Attainment Scale (GAS) para o estabelecimento e avaliação de metas de intervenção pode ajudar na organização do processo de intervenção A proposta de intervenção holística do terapeuta ocupacional pode gerar situações de difícil controle no estabelecimento de metas e principalmente na avaliação dos resultados da intervenção. Entender como o ambiente, condição de saúde, funções e estruturas do corpo e fatores pessoais limitam a atividade ou restringem a participação de uma pessoa é de fato uma tarefa complexa. A prática ou a concepção teórica de prática do terapeuta ocupacional é referendada por modelos teóricos onde ideia de homem e sociedade podem não se encontrar e estarem recheadas de “pré-conceitos”, em especial para os terapeutas ocupacionais com formação Stricto Sensu no Brasil, os quais tiveram formação e “bebem” de modelos filosóficos dos mais distintos. Para parte dos estudantes e mesmo para os profissionais não vinculados a academia essa amplitude do pensar sobre o processo terapêutico pode dificultar a estruturação desse processo. Ou seja, que possibilite o profissional usar uma avaliação, pensar em uma abordagem terapêutica e decidir sobre a alta ou encaminhamento do seu cliente. Nos Estados Unidos, na década de 60, foi criado um método para avaliação de metas de intervenção chamado de Goal Attainment Scale (GAS). Este método objetivou avaliar o resultado de um programa de desinstitucionalização em saúde mental (KIRESUK, 1960). Desde então a GAS tem sido utilizada em áreas de planejamento, avaliação e concepção de programas, especialmente quando o objetivo é avaliar o resultado de uma intervenção. Dois aspectos importantes da GAS são: um acordo

entre cliente, família e profissional em relação ao que é possível ser alcançado; e, quais seriam os resultados possíveis da intervenção. O método tem por base uma Prática Centrada no Cliente e o estabelecimento das metas de intervenção acompanham o princípio SMART:

Specific – Deve-se ter uma meta específica; Mensurable – Deve ser possível mensurar a meta estabelecida; Attainable – A meta deve ser alcançável; Relevant – A meta deve ser relevante para o cliente; Time – Based – Deve-se estabelecer um tempo para alcançar a meta. Uma vez a meta estando definida os resultados possíveis da meta devem ser definidos em uma escala de 5 pontos, que varia de -2 a +2 e obedece aos seguintes critérios:


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-2 = Escore muito menor do que o esperado; -1 = Escore menor do que o esperado (geralmente o escore em que se encontra o cliente); 0 = Escore esperado (geralmente o escore que se objetiva alcançar); +1 = Escore maior do que o esperado; +2 = Escore muito maior do que o esperado. Para exemplificar, segue a descrição dos resultados possíveis da meta de “vestir uma camisa” para uma cliente com sequela de hemiparesia decorrente de um AVCi. Após avaliar como a cliente veste a camisa, ficou definido que ela apresenta dependência moderada (nível 3) na Medida de independência Funcional (MIF) e que os resultados possíveis no processo terapêuticos segundo a GAS seriam: -2 = Assistência máxima para vestir a camisa – MIF 2 (Muito menor do que o esperado); -1 = Assistência moderada para vestir a camisa – MIF 3 (Menor do que o esperado – Nível que a cliente se encontra); 0 = Assistência mínima para vestir a camisa – MIF 4 (Resultado esperado); +1 = Supervisão para vestir a camisa – MIF 5 (Maior do que o esperado); +2 = Veste a camisa sozinha, mas demora um pouco mais – MIF 6 (Muito maior do que o esperado). As metas podem também ser mensuradas levando em conta a sua "importância" e antecipando a "dificuldade" em alcançá-las, de forma que o peso das metas seria igual a importância vezes a dificuldade. O quadro abaixo descreve essa mensuração. IMPORTÂNCIA

DIFICULDADE

0 = não é importante

0 = não há dificuldade

1 = pouco importante

1 = pouca dificuldade

2 = moderadamente importante

2 = moderada dificuldade

3 = muito importante

3 = muita dificuldade

Com base nessa informação pode-se definir, em conjunto com o cliente, as metas a serem alcançadas, mas é importante lembrar dos princípios SMART.

Dados estes parâmetros poder-se-ia definir que a meta “vestir a camisa”, no exemplo citado, teria importância três e dificuldade dois, logo o peso da meta seria igual a seis (3x2=6). Uma vez alcançada a meta, conforme previamente descrita, o valor dado a dificuldade em vestir a camisa cairia de dois para um (pouca dificuldade), de forma que o peso da meta diminuiria para três (3x1=3), ou menos, conforme a importância dada a meta, já que não há mais muita dificuldade em realizá-la. Utilizando-se destas ferramentas, a própria GAS mostraria o resultado da intervenção por meio de uma escala ordinal(0, 1, 2, 3). Contudo, em nossa prática também buscamos utilizar outros parâmetros de avaliação como a Medida Canadense de Desempenho Ocupacional (COPM) ou os próprios qualificadores da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Fazer o uso da GAS para o estabelecimento e avaliação de metas de intervenção pode ajudar ao terapeuta ocupacional a organizar seu processo de intervenção de maneira objetiva, contratualizando com o cliente e sua família resultados possíveis baseados em objetivos relevantes. Este formato também vai ao encontro do aspecto “motivador” do cliente, sabidamente necessário para o comprometimento desse no processo terapêutico. Maiores Informações em: https://toneurologiaufpr. files.wordpress.com/2013/03/goal-attainment-scaling-in-rehabilitation-a-practical-guide.pdf

Dr. Renato Nickel CREFITO8/ 2683-TO


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VOCÊ CONHECE A ESTRUTURA DO CREFITO-8? Para cumprir com suas atribuições legais, definidas pela Resolução COFFITO n.º 6316/75, o CREFITO-8 conta com cerca de 100 pessoas, entre funcionários, colaboradores e conselheiros, que atuam em diferentes frentes de trabalho. Confira a seguir o funcionamento de cada unidade e departamento que o compõe: Plenário: É o órgão de deliberação superior do CREFITO-8, composto por conselheiros efetivos eleitos e empossados. Reúnem-se 1 vez ao mês. Diretoria: Composta por 4 membros (Presidente, VicePresidente, Diretora-Secretária e Diretor-Tesoureiro). Reúne-se 1 vez por semana, com o objetivo de cumprir as deliberações do Plenário e dar andamento aos procedimentos e processos adminstrativos relacionados ao funcionamento e estrutura do Conselho. Coordenação Geral: Reponsável por chefiar os serviços e atividades da secretaria geral, com a finalidade de gerenciar as ações relacionadas aos processos financeiros, administrativos e contábeis, divulgação de expedientes

a serem publicados e elaboração de relatórios. Articula e acompanha o trabalho desempenhado pelas Comissões e departamentos do Conselho. Assessorias Técnicas: Responsáveis por assessorar tecnicamente o Plenário, a Diretoria e os conselheiros em assuntos técnicos relativos às profissões e de interesse da administração. COMISSÕES - As comissões permanentes são aquelas definidas por legislação e que obrigatoriamente devem estar estruturadas e em funcionamento. São elas: - Ética: Presidida pelo Vice-Presidente, deve dar andamento aos processos éticos encaminhados pelo Presidente, submentendo os pareceres conclusivos ao julgamento do Plenário. - Fiscalização: Presidida pelo Presidente eleito, acompanha o andamento dos processos relacionados ao departamento de Ética, submetendo os pareceres à diretoria do CREFITO-8. - Tomada de Contas: É um órgão de controle interno, efetivos eleitos que não fazem parte da composição da diretoria. Tem como objetivo o controle e emissão de parecer conclusivo referente aos gastos e arrecadações do Conselho. - Licitação: Composta por 4 funcionários (Departamento Jurídico, Compras, Secretaria Geral e de Licitação). É responsável pelo andamento de todas as etapas dos processos licitatórios, de acordo com as atribuições delimitadas na Lei Federal nº 8666/93. As comissões provisórias são instituídas pelo Presidente, de acordo com as demandas técnicas e administrativas apresentadas. Como exemplo, podemos citar a Comissão de Políticas Públicas, que tem articulado a representação do CREFITO-8 nas Comissões de Saúde nas instâncias Municipais e Estadual.


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DEPARTAMENTOS - São essenciais para o funcionamento de toda a engrenagem do Conselho, pois operacionalizam todas as ações adminitrativas e burocráticas. São eles: - Fiscalização: Composto por 6 fiscais (5 com formação em Fisioterapia e 1 com formação em Terapia Ocupacional) e 1 assistente administrativo. É responsável pela visita fiscal e andamento dos processos em toda a região do Paraná. Tem o principal objetivo de orientar o exercício profissional e coibir o exercício profissional irregular, a favor da população. - Ética: É responsável pela abertura e acompanhamento dos processos éticos encaminhados pela Diretoria. Articula a instauração dos processos e a convocação dos profissionais. - Cobrança: Realiza a cobrança ativa de profisionais em débito com o Conselho, presta atendimento aos profissionais que buscam a negociação da dívida e encaminha ao jurídico os casos de execução fiscal. (conforme a Lei 12514/11 o fator gerador da anuidade é a existência de inscrição no conselho, ainda que por tempo limitado) - Jurídico: O Departamento Jurídico, composto por dois procuradores, um assessor jurídico e uma assistente administrativa, é responsável pelo aforamento e acompanhamento de todos os processos judiciais de interesse do CREFITO-8 e os relacionados à defesa das prerrogativas dos profissionais, bem como a defesa do conselho nos processos contra si ajuizados, afora a emissão de pareceres nos procedimentos licitatórios e noutros de âmbito administrativo. - Registros: Dividido em Registro Profissional e de Empresas, são os departamentos que recebem os protocolos, dando o devido encaminhamento e emitindo a documentação necessária, tais como licença tem-

porária de trabalho, carteira definitiva, transferência, cancelamento de inscrição, entre outros. - Recepção: É responsável pelo atendimento aos profissionais, protocolos e entrega de documentos. - Tele-Atendimento: Tem a função de orientar e encaminhar as demandas trazidas ao Conselho. - Comunicação: Responsável pelos serviços de informação, como site, boletins, facebook, revista, notas, divulgações e eventos. Elaboração de material gráfico, planejamento e campanhas de marketing. É composto por uma Assessora e um Assistente de Comunicação, com formação em jornalismo e em publicidade, respectivamente. - Licitação/Contrato: Responsável por dar andamento aos processos relacionados à aquisição de bens e serviços, conforme a Lei Federal 8666/93. É possível acompanhar todos os processos de licitação realizados pelo Conselho pelo site. - Financeiro: Responsável pelas contas a pagar em geral. - Compras: Responsável pelo controle do patrimônio e compras diretas (produtos de baixo custo), controle do almoxarifado e aquisição de materiais de expediente. - Tecnologia/Informática: Composto por um técnico em informática e um analista de sistemas, tem como objetivo principal o desenvolvimento dos sistemas e dos processos, visando a desburocratização e agilidade, o levantamento de dados para a tomada de decisões, o controle e a segurança das informações e a economia de recursos. - Serviços Gerais: Responsável pela manutenção da limpeza e dos serviços de copa.


TUDO O QUE O SISTEMA COFFITO/CREFITO FAZ PELO TERAPEUTA OCUPACIONAL O que o Conselho faz pelo profissional? Reconhece especialidades (Saúde Funcional, Saúde Mental, Acuputura, etc) Delimita áreas de atuação; Normatiza metodologias e técnicas com parâmetros assistenciais e éticos; Representa a profissão e o profissional no Serviço Público (Prefeitura, Estado e União) representando a atividade profissional, visando maior inserção com cargos e concursos; Defende 30 horas de jornada; Atua na defesa do cumprimento de normativas relacionadas à prática profissional; Fiscaliza o exercício garantindo a presença do profissional em clínicas e hospitais, com técnicas, métodos e especialidades próprias; Atua na defesa da sociedade em relação a prestação de serviços éticos e de qualidade; Apoia e participa das negociações com Planos de Saúde; Cria e fiscaliza o referencial de procedimentos dos profissionais; Propõe e acompanha Projetos de Lei no Congresso que digam respeito às profissões.

O que o Conselho não pode fazer pelo profissional? Estabelecer piso salarial (compete ao Sindicato); Transformar anuidade em benefício (proibido por lei); Negociar valores.

SERVIÇOS QUE O CREFITO-8 OFERECE AO PROFISSIONAL • Site – O site do CREFITO-8 é repleto de informações que mantém o profissional sempre atualizado sobre a profissão e sobre as ações do Conselho. Lá é possível encontrar: Legislação, vagas de emprego, cursos, concursos, eventos, pesquisa por profissional, emissor/verificador de DRF, banco de currículos, portal de denúncias, notícias, etc. • Portal Eletrônico do Profissional – Situado no site do CREFITO-8, o profissional pode alterar informações cadastrais, emitir boletos e outros serviços. • Boletim Informativo – Enviado quinzenalmente por e-mail, para manter o profissional informado sobre as ações do Conselho e atualidades da profissão. • Facebook – Portal de comunicação com o profissional, atualizado constantemente, trazendo informações e acontecimentos que envolvem a Terapia Ocupacional. • Revista – Traz textos técnicos, assuntos temáticos e entrevistas com profissionais. • Comissões – São 13 Comissões que compõe o CREFITO-8, com mais de 50 profissionais, estando entre elas a Comissão de Tomada

de Contas, Comissão de Fiscalização, Comissão de Ética, Comissão Científica, dentre outras. • Fiscalização – Atualmente o o Departamento de Fiscalização (DEFIS) do CREFITO-8 possui 6 fiscais, sendo 5 fisioterapeutas e 1 terapeuta ocupacional, distribuídos em Curitiba, Londrina, Cascavel e Maringá. • Agenda Positiva – Ações para a população em parceria com as especialidades para promover a identidade profissional dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais.

• Representação Jurídica – Defesa das Prerrogativas Profissionais: exercício professional junto aos planos de saúde, cumprimento da carga horária de 30 horas semanais.

• PGTO – O Plano de Gestão da Terapia Ocupacional foi criado coletivamente a partir de discussões em audiências públicas regionais com base nas demandas da profissão. • Pareceres/ Laudos Técnicos – Elaboração dos pareceres e laudos técnicos sempre que solicitados pelos profissionais e órgãos públicos. • Assessoria Técnica ao Profissional– Atendimento virtual com retorno em até 24 horas e 0800 625 2009 para atender ao profissional.

• Assessoria de Comunicação – Divulgação de eventos, inter-

médio de informações com a mídia, produção de conteúdo e marketing. • Participação nas Políticas Públicas – Inserção dos profissionais nas políticas públicas com representatividade nas Comissões Municipais e Estaduais de Saúde. • Câmaras Técnicas de Terapia Ocupacional – Grupos de discussão de temas relacionados às Especialidades de Terapia Ocupacional, com a finalidade de atualizar os estudos relacionados ao tema e, com isso, fortalecer a profissão. • App do CREFITO-8 – Desenvolvido para ampliar ainda mais a comunicação, o aplicativo do CREFITO-8 é gratuito e acessível a todos os profissionais que possuam celulares com plataforma Android, Windows Phone ou Iphone. Possui as notícias mais importantes da Terapia Ocupacional, eventos, fale conosco, telefones, e utilidades

em geral.

• Programa Viver com Independência – Programa que busca promover o aprimoramento da Terapia Ocupacional no Paraná, o estímulo à qualidade no exercício da profissão, o bom conceito dos profissionais, e a divulgação da Terapia Ocupacional para os profissionais da Saúde, gestores e população.


Entre em contato conosco!

São vários canais de comunicação à sua disposição: Crefito8Fisioterapia Crefito8TerapiaOcupacional

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comunicacao@crefito8.org.br O CREFITO-8 promove a profissão e o profissional, realizando encontros das Câmaras Técnicas Temáticas e Parâmetros de Fiscalização, para uma prestação de serviço mais ética e resolutiva à população. CURITIBA: Rua Jaime Balão, 580 - Hugo Lange - CEP 800400-340 Fone: (41) 3264-8097 Fax: (41) 3095-9400 CASCAVEL: Rua Maranhão, 790 - sl 309, 3º andar - Centro - CEP 85801-050 Fone: (45) 3038-8818 LONDRINA: Rua Senador Souza Naves, 441 - sl 13, 1º andar - Centro - CEP 86010-160 Fone/Fax: (43) 3344-6166 EM BREVE: NOVA SUBSEDE MARINGÁ: Rua José de Alencar, 477 - loja 6, zona 4


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