Revista de Terapia Ocupacional CREFITO-8 - ANO XVI AGOSTO/DEZEMBRO

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Revista de Terapia Ocupacional

CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL DA 8ª REGIÃO

www.crefito8.org.br

Edição ANO XVI AGOSTO l DEZEMBRO - CURITIBA - PARANÁ - BRASIL

15 ANOS DE UFPR CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL COMEMORA ANIVÉRSÁRIO

INTERNET:

CUIDADO COM O QUE VOCÊ PUBLICA

ESTIMULAÇÃO COGNITIVA:

UMA ESTRATÉGIA ADOTADA PELO TERAPEUTA OCUPACIONAL NA PROMOÇÃO DA SAÚDE DOS IDOSOS


ÍNDICE Editorial

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ACTOEP

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Autonomia

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Estimulação Cognitiva

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15 anos de Ufpr

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Internet

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Artigo

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Master Class

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Saiba mais sobre o Programa Viver com Independência: crefito8.org.br - facebook.com/Crefito8-Terapia-Ocupacional 0800-645-2009

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EDITORIAL Trabalho, responsabilidade e reconhecimento profissional. Chegamos na segunda edição anual de nossa revista, com dois anos da atual gestão, vivenciando a entrada crescente de terapeutas ocupacionais no mercado de trabalho, em expansão em áreas clássicas como saúde mental e reabilitação física, e também em novas áreas como o contexto social. Estes dias, estive ministrando uma palestra em uma tradicional instituição de saúde de Curitiba e fiquei extremamente feliz em escutar, do grupo da manutenção ao da diretoria, elogios “rasgados” ao trabalho de uma jovem terapeuta ocupacional da instituição. Eles me diziam “ela resgatou a vida dos pacientes da instituição”. Conversando com as pessoas que recebem nossos serviços, verificamos que estas dão cada vez mais valor à retomada de suas ocupações, sendo um adulto retomando seu cotidiano, uma mãe observando seu filho participar de uma brincadeira na escola ou um jovem encontrando motivos para seguir em frente com sua vida. A sociedade tem identificado o terapeuta ocupacional como aquele profissional que vai ajudá-los a retomar, reestruturar, renovar seu cotidiano, suas ocupações, independente da condição de saúde ou da condição social. Esse semestre completamos 30 anos da Associação Cultural dos Terapeutas Ocupacionais do Estado do Paraná (ACTOEP), da qual um dos fundadores é professor de todos os terapeutas ocupacionais formados no Paraná, Dr. Milton Carlos Mariotti, profissional que no seu dia a dia desenvolve ações cujo principal objetivo é o reconhecimento e crescimento da profissão, merecedor de todo nosso respeito e gratidão. O reconhecimento do nosso trabalho e a identificação do nosso fazer são conquistas que nos per-

mitem pensar em outras mais, como um Conselho de Classe próprio. Sim, essa seria uma importante conquista, legislar sobre a nossa profissão. Escutar sobre o trabalho reconhecido da jovem terapeuta ocupacional, reconhecer o trabalho incansável do professor Dr. Milton Carlos Mariotti são indicadores que podemos obter estas conquistas. Mas, isso só acontece porque há uma imensa responsabilidade desses profissionais para com sua profissão, de encarar uma instituição de métodos tradicionais, fazer algo de novo e ser reconhecido por todos, de acreditar em uma associação de classe e participar ativamente dela, por perceber a necessidade de que só a união dos profissionais permitirá um bom futuro a todos. Desejamos a todos os terapeutas ocupacionais do Paraná Boas Festas, com trabalho, responsabilidade e reconhecimento. Um grande e fraterno abraço.

Dr. Renato Nickel CREFITO-8 2683-TO Diretor Tesoureiro do CREFITO-8

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ACTOEP 30 ANOS

Associação Cultural dos Terapeutas Ocupacionais do Estado do Paraná comemora 30 anos Acompanhe um pouco dessa história, contada por quem fez parte da trajetória da ACTOEP

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história da Terapia Ocupacional iniciou-se oficialmente no Paraná em 1981, com a criação do primeiro curso de graduação, na Universidade Tuiuti do Paraná, que teve sua primeira turma­formada no final de 1984. Tudo estava por ser feito pela profissão na cidade e no estado: a divulgação da profissão, a criação do mercado de trabalho, a criação do Conselho Profissional - que naquela época era ainda em São Paulo - enfim, havia muito trabalho. Foi então que alguns dos professores, acompanhados de estudantes da primeira turma, vislumbrando a importância do papel de uma associação para a profissão, começaram a se reunir com vistas à sua criação durante o ano de 1985, culminando com a organização dos estatutos, seu registro e eleição da primeira diretoria em 1986. Assim surgiu a Associação Cultural dos Terapeutas Ocupacionais do Estado do Paraná – ACTOEP. Muitas foram as ações e conquistas alcançadas pela Associação no decorrer destes trinta anos de existência. Um dos principais feitos da ACTOEP foi a possibilidade de reunir os poucos profissionais existentes na época para o desenvolvimento de ações em prol do desenvolvimento da profissão. Logo no início, a Associação envolveu-se, em parceira com a Associação dos Fisioterapeutas do Paraná, em um movimento para desmembramento do CREFITO-3 (de São Paulo), que naquela época abrangia toda a região Sul do país. Outra realização da Associação foi o Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional e o apoio para a retomada da Associação Brasileira de Terapeutas Ocupacionais, que na

época chamava-se Associação de Terapeutas Ocupacionais do Brasil. A partir de então teve início a realização dos Encontros Científicos Estaduais, que hoje é chamado de Congresso Paranaense de Terapia Ocupacional. Outra importante ação foi o incentivo ao início da participação representativa dos Terapeutas Ocupacionais no Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais do Paraná - SINFITO, que até então só tinha a participação de Fisioterapeutas. A Associação também teve um importante papel no desenvolvimento do ensino de Terapia Ocupacional no estado, por meio da iniciativa de solicitar a abertura do curso de graduação em Terapia Ocupacional na Universidade Federal do Paraná. Confira, agora, o relato de Terapeutas Ocupacionais que participaram de gestões da ACTOEP durante essas três décadas! Dr. Milton Carlos Mariotti CREFITO-8 809-TO Dr. Milton Carlos Mariotti (CREFITO-8 809-TO) “Eu participei da Associação como Presidente Fundador, de 1986 a 1990. A participação na Associação, tanto como gestor, quanto como Associado, me fez perceber a grande importância das atividades profissionais coletivas, no sentido de que quando um grupo profissional toma determinadas decisões, essas são validadas e respeitadas pelo conjunto dos profissionais. Uma associação tem muito mais força social e política do que os indivíduos isolados”.


ACTOEP 30 ANOS

Dra. Andrea Maria Fedeger (CREFITO-8 2854TO) “No ano 1991 eu participei da Gestão da ACTOEP pela primeira vez. Com a Isis Roriz, criamos a logo para a ACTOEP: mão segurando a araucária. Em 2002, participei de outra Gestão, na qual organizamos o VIII Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional e V Congresso Latino Americano de Terapia Ocupacional. Representar os interesses do coletivo é uma escolha. Requer uma decisão consciente com o compromisso assinado para assumir inúmeras tarefas e responsabilidades. Das conquistas da ACTOEP, a principal é a legitimidade de sua história nestes 30 anos, compondo o coletivo de terapeutas ocupacionais na ABRATO, na CLATO, na RENETO, na WFOT, no Sistema COFFITO/ CREFITO, no SINFITO e com o coletivo de estudantes na EXNETO. Com a ACTOEP a profissão conquistou lugares, com voz e voto. Das lembranças significativas que tenho das gestões que participei, destaco com muito afeto: as reuniões com discussões acompanhadas de quitutes e bom humor dos colegas da gestão; da disponibilidade e criatividade para vencer as crises financeiras e de opressão na legislação; dos eventos científicos, com mostra do coletivo de terapeutas ocupacionais; dos encontros com os terapeutas ocupacionais que respeitam e promovem a Terapia Ocupacional no estado do Paraná. Meu compromisso com a ACTOEP - que me representa - ocupa minha agenda profissional. Para além da anuidade (as vezes atrasada), a participação nas assembleias, eventos científicos, no conteúdo programático nas disciplinas que ministro fomento a ACTOEP como o lugar (porto seguro) do terapeuta ocupacional no estado do Paraná. Parabéns ACTOEP! Há braços de terapeutas ocupacionais que compõe a história da Associação com lutas e conquistas”. Dra.Mônica Mello de Macedo Ignácio (CREFITO-8 3569-TO) “Fui Presidente da ACTOEP nas gestões 2008-2010 e 2010-2012. Participar da gestão da ACTOEP foi uma experiência desafiadora, no sentido de agregar os terapeutas ocupacionais como categoria trabalhadora e produtora de conhecimento. Devido aos constantes ataques que sofremos relativamente às nossas

especificidades naquele período, destinamos muito tempo e energia na luta para preservar nossa prática. Nessas gestões pudemos resgatar e firmar o Congresso Paranaense de Terapia Ocupacional no cenário nacional, bem como instituir as Jornadas Temáticas, consoante às especialidades da profissão. Particularmente, penso que a ACTOEP ainda precisa ser mais fortalecida pelos seus associados terapeutas ocupacionais a fim de estar empoderada para buscar novas conquistas para a categoria”. Dra. Crislaine Andolfato (CREFITO-8 12227-TO) “Participei como tesoureira na gestão 2012/2014. Desde a graduação sou associada. Participar da ACTOEP contribuiu para melhorar o diálogo com outros profissionais e fomentar ainda mais a minha militância política. Durante essa gestão realizamos diversos eventos, como o curso de prescrição de cadeira de rodas e o VI Congresso Paranaense de Terapia Ocupacional, além de organizar as questões financeiras da ACTOEP, principalmente dívidas com Receita Federal e ABRATO. Com a participação como membro da diretoria, foi possível observar que a associação necessita de apoio e participação dos profissionais e acadêmicos para se manter e desenvolver as suas ações, mas, infelizmente, a participação política dos terapeutas ocupacionais é deficitária, pois muitos não demonstram interesse - talvez por não compreenderem a real importância da associação”. Dra. Marina Siqueira Campos (CREFITO-8 – 10464-TO) “Participei da ACTOEP em duas gestões entre 2008 e 2011 (saí na metade da gestão 2010-2012). Participar da gestão me aproximou da realidade política da profissão e me fez entender a necessidade de engajamento da classe para o crescimento científico e político da categoria. O principal acontecimento foi o IV Congresso Paranaense de Terapia Ocupacional, que envolveu vários profissionais das diferentes áreas de atuação. Também teve um seminário com o Professor Joaquim Faias, de Portugal, sobre Ciência Ocupacional, em 19/07/2011”.

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AUTONOMIA

Terapeuta ocupacional: profissional de primeiro contato Legislação assegura autonomia dos profissionais: terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas

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uestão que reiteradas vezes é posta ao CREFITO-8, tanto do ponto de vista jurídico quanto técnico, é a referente à Autonomia dos Fisioterapeutas e dos Terapeutas Ocupacionais no exercício de suas atribuições legais. Aparentemente, os próprios profissionais, passados anos da regulamentação das profissões, ainda têm receio do exercício de suas atribuições, muitas vezes sentindo-se constrangidos quando do encaminhamento de pacientes por intermédio de profissionais de outras áreas. Assim, muitas vezes é necessário reiterar que os profissionais Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais possuem logicamente as suas autonomias profissionais, carregando consigo de forma intrínseca as suas qualificações profissionais, evidentemente, desde que ajam nos limites da Lei. Em harmonia com o disposto no inciso XIII, do art. 5°, da Constituição Federal de 1988, as atribuições dos profissionais já se encontram definidas no Decreto-lei n° 938/1969, tido e havido como LEI, que diz claramente : “É atividade privativa do fisioterapeuta executar métodos e técnicas fisioterápicos com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do ciente”; “É atividade privativa do terapeuta ocupacional executar métodos e técnicas terapêuticas e recreacional com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade mental do paciente.” Lembrando-se que de acordo também com a Lei o livre exercício da profissão de Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional somente é permitido ao portador de Carteira Profissional expedida pelo CREFITO de sua região, são as leis que definem

quem é Fisioterapeuta ou Terapeuta Ocupacional e que definem as respectivas atribuições. E o Decreto-lei 938/1969, teve sua constitucionalidade questionada por entidade da medicina em ação que visava, claramente, restringir as atribuições profissionais dos Fisioterapeutas e dos Terapeutas Ocupacionais, mas o Supremo Tribunal Federal reconheceu no julgamento final da questão, na Representação n° 1.056-DF, a plena constitucionalidade da norma e, portanto, das atribuições dos profissionais. Na motivação do histórico julgamento foram feitas várias análises e fundamentações por parte dos Ministros que votaram, fazendo prevalecer a integralidade das atribuições, recomendando a necessária interpretação das regras de acordo com os fatos da vida. Assim, no campo da evolução dos fatos inerente à evolução das profissões em geral, já existe regulamentação do COFFITO indicando e confirmando na interpretação das atividades descritas no Decreto-lei 938/1969, que estas abrangem “a avaliação, reavaliação e determinação das condições de alta do cliente submetido à fisioterapia e/ou terapia ocupacional” (Resolução 08/1978). Mas a autonomia dos profissionais decorre não apenas da interpretação de seu Conselho de Classe, antes do próprio sistema educacional, com a previsão pelo Ministério da Educação e Cultura, nas Diretrizes Curriculares Nacionais, para o caso da Fisioterapia, como fixadas na Resolução CNE/CES n° 4/2002, de formar pessoa capaz de entender suas especialidades “desde a elaboração do diagnóstico físico e funcional, eleição e execução dos procedimentos fisioterapêuticos pertinentes a cada situa-


AUTONOMIA

Com isso, nas manifestações do Poder Judiciário, quando questionada, ainda que de forma indireta, a autonomia dos profissionais, também foi esta valorizada, merecendo destaque a recente decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que tem jurisdição sobre o CREFITO-8, quando o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul em conjunto com o CRM-RS, pretendia afastar normas do COFFITO. ção” (artigo 3°). Já para a Terapia Ocupacional as Diretrizes curriculares são previstas na Resolução CNE/CES n° 6/2002, em que consta como habilidade específica a ser buscada pelo futuro indivíduo : “utilizar o raciocínio ... para realizar a análise da situação na qual se propõe a intervir, o diagnóstico clínico e/ ou institucional, a intervenção propriamente dita, a escolha da abordagem terapêutica apropriada e a avaliação dos resultados alcançados” (artigo 5°). Os próprios órgãos oficiais preconizam, pois, que deverão os egressos das Faculdades estar aptos não apenas para executar métodos e técnicas, como, também, para diagnosticar, logicamente, não o diagnóstico médico, mas fisioterapêutico ou terapêutico ocupacional. Da mesma forma, na seara da saúde há proposições e orientações que indicam a autonomia, exemplificando, na Portaria do Ministério da Saúde que cria os NASF (n° 154/2008), inserindo os Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais nos Núcleos com atribuições também de identificar prioridades e elaborar projetos terapêuticos. Mais, após a intensa discussão no debate acerca do projeto que redundou na Lei Federal n° 12.842/2013, que trata do ato médico e que previa de acordo com as pressões setoriais uma exclusividade acerca do diagnóstico como privativo dos médicos, a Presidência da República vetou à época o dispositivo correspondente, deixando claro que as demais profissões de saúde também tinham tal atribuição.

No julgamento o Relator assim concluiu : “...Cada profissional da saúde, em sua área de atuação e no uso de suas competências realiza seu próprio diagnóstico. .... Assim como o diagnóstico específico de cada área não invade a competência do profissional médico, o programa de tratamento, a solicitação de laudos e exames inerentes a cada atividade, bem como a prescrição de tratamento fisioterapêutico ou terapêutico ocupacional, e a identificação, avaliação e análises biomecânicas não invadem a competência do médico, sendo os fisioterapeutas e os terapeutas ocupacionais aptos a realizarem os atos respectivos das suas atividades profissionais....” (autos n° 5027564-03.2013.404.7100/RS) Por todas essas razões, pode-se afirmar que os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais possuem autonomia para exercerem suas atividades conforme as finalidades previstas para cada profissão no decreto-lei 938/1969, com a constitucionalidade já reconhecida pelo STF, compreendendose nas atividades o diagnóstico fisioterapêutico e terapêutico ocupacional.

Dr. Ronnie Kohler Assessor Jurídico do CREFITO-8 OAB/PR 22.769

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ESTIMULAÇÃO COGNITIVA

Estimulação Cognitiva: uma estratégia adotada pelo terapeuta ocupacional na promoção da saúde dos idosos

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mundo vive hoje um dos maiores trunfos da humanidade e, consequentemente, um dos grandes desafios – senão o maior – do século XXI: o fenômeno do aumento da população de idosos, ou seja, o aumento da longevidade. O indicador da longevidade tem se elevado a níveis nunca vistos antes, chegando a alcançar médias de expectativa de vida de cerca de 85 anos de idade. No Brasil, por exemplo, o número de idosos (pessoas com idade igual ou superior a 60 anos) passou de 15,5 milhões de pessoas, em 2001, para 23,5 milhões, em 2011 e a expectativa de vida atinge hoje o patamar de 71 anos para os homens e 78,3 anos para as mulheres (TAVARES, 2015; IBGE, 2012). Apesar do ganho social, esse fenômeno é marcado também por eventos negativos, com possíveis restrições de papéis e isolamento social (DOMINGUES et al, 2012). O envelhecimento provoca modificações significativas nos aspectos biopsicossociais como, por exemplo, as alterações das funções orgânicas (modificações químicas, físicas, cognitivas e biológicas), constantes adaptações a situações novas do cotidiano (modificações psicológicas) e mudanças nas relações familiares e sociais (SCHWANKE, 2008). Com ênfase nas funções orgânicas, é esperado, ao longo da vida, um declínio das funções cognitivas sem resultar em incapacidades, mas com interferências sutis no funcionamento diário do idoso. No entanto, não se pode afirmar que esses declínios são aplicados a todos os idosos, uma vez que já foram identificados alguns que mantêm a função cognitiva tão preservada quanto na fase adulta (LEVY, 2014a). Além disso, diversos fatores podem contribuir para a manutenção/melhoria

na capacidade cognitiva: uso de medicamentos, estimulação de atividades mentais, prática regular de atividades físicas, idade, escolaridade, tipo de trabalho desempenhado na fase adulta e participação em atividades sociais e de lazer (DINIZ, 2013). Cada função cognitiva apresenta características essencialmente distintas e, por sua vez, com vulnerabilidades diferenciadas ao processo de envelhecimento, conduzindo, assim, a declínios de magnitudes diversificadas (NUNES, 2009). São as funções cognitivas (atenção, orientação, percepção, fixação, aprendizado e memória) que estabelecem os processos pelos quais os indivíduos recebem, armazenam e utilizam a informação do ambiente e de si mesmo (LEZAUN; CASTIELLO; ARRAZOLA, 2003). Há diferentes teorias que propõem explicar o envelhecimento cognitivo, sendo a redução da velocidade de processamento para executar as funções mentais uma das teorias mais utilizadas no campo da psicologia cognitiva e na literatura neurocientífica (NUNES, 2009). No modelo de processamento da informação, pressupõe-se que os estímulos recebidos são processados pela memória sensório perceptiva para chegar na memória de curto prazo e, depois de processadas nesta, entram na memória de longo prazo. Neste local, só permanecem as informações que são processadas minuciosamente. Assim, elas podem ser recuperadas para serem reativadas a qualquer momento, indicando que o sujeito obteve a aprendizagem (LEVY, 2014b). O que se sugere é que no envelhecimento cognitivo a redução da velocidade de processamento das informações possa levar a alterações no funcionamento cognitivo (NUNES, 2009), principalmente


ESTIMULAÇÃO COGNITIVA

nos aspectos relacionados à atenção, memória e funções executivas (MATTOS; PAIXÃO JÚNIOR, 2010). Acresce a isso a maior dificuldade em “manipular informações simultâneas e mudar o foco atencional” (DINIZ, 2013, p. 15). Isso não significa que haja uma incapacidade para aprender e recordar os aprendizados (LEVY, 2014b), mas o idoso precisa de um tempo maior para reter os conhecimentos e, às vezes, é necessário repetir várias vezes uma informação nova para que ele consiga apreendê-la. Ademais, é necessário focar o trabalho em uma atividade de cada vez, pela dificuldade que eles apresentam com tarefas simultâneas. No entanto, se essas diferenciações advindas do envelhecimento não são consideradas e respeitadas, e se não são empregadas estratégias de intervenção direcionadas a estimular as funções cognitivas, uma série de queixas podem aparecer entre os idosos (DINIZ, 2013). Destaca-se que a maior preocupação da população idosa está relacionada aos problemas de memória, tais como: esquecimento de nomes de pessoas conhecidas, não se lembrar de compromissos importantes, esquecer o local em que deixaram os objetos pessoais, esquecimento dos horários que precisam tomar o medicamento, esquecimento do preparo do alimento com o fogão aceso, ferro de passar roupa ligado, entre outras atividades do cotidiano (SOUZA; CHAVES, 2005). A tendência é de aumento da prevalência destes problemas com o passar dos anos e o maior receio dos idosos é que estes sintomas possam evoluir para as demências (GUERREIRO et al., 2006). Nesse cenário, os mesmos autores destacam que estas queixas são vis-

tas como barreiras para engajar-se em ocupações e participar de atividades na sociedade, levando muitos ao isolamento social e familiar, além da perda de autoestima. O terapeuta ocupacional deve ser parte integrante da equipe de cuidados à saúde do idoso e, em consonância com as políticas públicas direcionadas ao envelhecimento, pode propor e implementar ações de promoção da saúde com metas para obter uma vida longeva, ativa e saudável (KATZ; BAUM; MAEIR, 2014). Muitas intervenções propostas pela Terapia Ocupacional são voltadas para a aprendizagem, seja de uma variedade de habilidades ou de estratégias compensatórias, por exemplo. Tal aprendizagem está interligada à memória, principalmente nas etapas de codificação e recuperação das informações (FLINN; RADOMSKI, 2013). Essa função cognitiva, por sua vez, “exerce influência sobre a autonomia e independência na vida cotidiana” (ALMEIDA; BEGER; WATANABE, 2007, p.272). Os espaços destinados ao treino e à estimulação cognitiva, como é o caso das oficinas de memória de treino cognitivo, constituem um recurso para a promoção da saúde dessas pessoas, uma vez que possibilitam ensinar e treinar estratégias para a melhoria do funcionamento cognitivo (ALMEIDA; BEGER; WATANABE, 2007). Tal abordagem envolve o indivíduo em atividades que buscam a manutenção ou melhoria de funções cognitivas. As evidências científicas apontam que essa estratégia atua na indução da neuroplasticidade cerebral, promovendo mudanças no sistema nervoso e podendo reverter aspectos negativos do envelhecimento (COSENZA; MALLOY-DINIZ, 2013). Estudos apontam que seus benefícios estão associados a ganhos e melhorias substanciais nas funções estimuladas, tais como a memória, raciocínio e velocidade de processamento, com efeitos duráveis (WILLIS et al., 2006). Apesar de a memória ser um dos domínios mais trabalhados nas oficinas de treino cognitivo, os efeitos não se restringem a essa função mental específica. Nesse espaço são compartilhadas informações e conhecimentos, bem como é facilitada a

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ESTIMULAÇÃO COGNITIVA

aquisição de habilidades através do treinamento. Como é uma estratégia de promoção da saúde, o uso dessa abordagem pode ser aplicado a qualquer idoso (AOTA, 2014), e não somente àqueles que apresentam alguma deficiência cognitiva que esteja interferindo no engajamento em ocupações. O estudo de Yassuda (2002) aponta para benefícios duradouros decorrentes de intervenções que englobam técnicas de memorização, relaxamento e atividades de atenção. Outro estudo aponta efeito do treino cognitivo na melhoria de orientação temporal e espacial e na qualidade de vida de idosos com demência (SEYUN, 2015). No entanto, ainda há ressalvas sobre o tempo em que duram os efeitos do tratamento e se o aprendizado pode ser generalizado para outro contexto (CIRO, 2013). Além disso, o formato de intervenção grupal facilita a interação social, expressão de sentimentos e regulação do comportamento (ABRISQUETAGOMEZ, 2012). No Brasil, as intervenções de memória para idosos saudáveis ou com discreto déficit cognitivo têm crescido nos últimos anos, mas ainda são necessários estudos mais aprofundados e com maior rigor metodológico para estabelecer as relações entre o treino cognitivo e um melhor desempenho cognitivo (SILVA et al., 2013). Logo, a oficina de memória permite identificar a percepção dos idosos quanto às dificuldades cognitivas e suas repercussões no cotidiano (ALMEIDA; BEGER; WATANABE, 2007), bem como é o espaço em que o terapeuta ocupacional atua com estratégias para ajudá-los a melhorar, ou até mesmo remediar, as funções cognitivas (LEVY, 2014b), além de possibilitar a interação social e buscar conduzir em direção a um envelhecimento ativo e saudável. Dra. Lilian Dias Bernardo Massa Docente do Curso de Terapia Ocupacional, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro - IFRJ CREFITO-8 7286-TO

Dra. Taiuani Marquine Raymundo

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Docente do Curso de Terapia Ocupacional, Universidade Federal do Paraná – UFPR CREFITO-8 14996 – TO

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15 ANOS DE UFPR

UFPR comemora 15 anos de criação do curso de Terapia Ocupacional Reconhecido pelo MEC com nota máxima, o curso investe agora em pósgraduação e pesquisa Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Paraná comemora 15 anos de criação em 2016, e vem construindo a sua história desde então. A dedicação de professores e alunos gerou resultados como a formação de mais de 375 alunos e avanços realizados dentro do campo de pesquisa e formação profissional. O alcance de tantos resultados positivos, foi consequência de um longo processo. Desde o início da mobilização para criação do curso até a construção do prédio próprio, passaram-se 20 anos. A Associação Cultural dos Terapeutas Ocupacionais do Estado do Paraná foi quem tomou a iniciativa ao protocolar um pedido de abertura junto à Universidade, justificando a necessidade social, pois não havia nenhum curso público de Terapia Ocupacional no Estado. Segundo Dr. Milton Carlos Mariotti, um dos primeiros professores do curso, “a cada dois anos eram realizados congressos brasileiros e encontros de docentes de Terapia Ocupacional, onde eram valida-

Construção do prédio da Terapia Ocupacional na UFPR

das cartas de reforço ao pedido”. Segundo ele, somente após 10 anos de investimento - entre 1990 e 2000 - o curso foi aberto, e o primeiro vestibular ocorreu em 2001. Após o vestibular, foi aberto concurso para a contratação de dois professores substitutos para as disciplinas específicas (as disciplinas básicas seriam ministradas por professores de outros departamentos, mediante acordo realizado). Os professores substitutos contratados eram

o próprio Dr. Milton e a Dra. Solange Aparecida Gurjão. Segundo o Dr. Mariotti, após a conquista da abertura do curso, novos desafios surgiram, visto que inicialmente eram utilizadas as estruturas físicas do curso de Medicina, e na biblioteca não haviam livros específicos. “Com o passar dos anos e com muita persistência, as conquistas foram aparecendo, como a contratação de professores efetivos e a construção do prédio próprio do

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15 ANOS DE UFPR

Prédio da Terapia Ocupacional na UFPR

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curso, em parceira com a enfermagem”, relata. Com o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que tem como principal objetivo ampliar o acesso e a permanência na educação superior, foi possível promover a expansão física, acadêmica e pedagógica do Curso. Quando foi aberto, o curso oferecia 30 vagas em período integral. Hoje são 120 vagas, sendo 60 vagas diurno e 60 vagas noturno. Em 2011 o curso passou a ser realizado no câmpus Jardim Botânico em um prédio compartilhado com o curso de Enfermagem. O prédio possuiu 7.500 m², divididos em 5 andares, conta com laboratórios equipados, salas de aulas de uso exclusivo do Curso de Terapia Ocupacional, um andar dedicado aos grupos de pesquisa e pós-graduação, laboratório de informática e a Clínica-Escola. A criação do Departamento de Terapia Ocupacional também foi uma consequência dessa expansão, que viabilizou a contratação de mais professores efetivos. O Professor Milton Mariotti explica que a Universidade tem uma regulamentação interna que só permite a criação de um departamento se tiver, no mínimo, 15 professores da mesma área de conhecimento. A Professora Rita Aparecida Bernardi Pereira esclarece que “o fato de ter um departamento nos coloca em pé de igualdade nas instâncias superiores da Universidade, porque nos dá uma força política maior para trabalhar as necessidades do curso”. A criação do curso de pósgraduação, por exemplo, é uma iniciativa do de-

partamento”, explica o Dr. Milton. No momento a Universidade está estudando a proposta de abertura de um curso de pósgraduação stricto sensu de mestrado em Terapia Ocupacional, com previsão de início para 2018. “O esforço que temos aqui é realmente o de integrar e potencializar, cada vez mais, essa triangulação pesquisa-ensino-extensão. Cada um de nós vem trabalhando de um jeito bem intenso, com várias ações, buscando sempre uma aproximação com a comunidade, através de cursos, capacitações, parcerias institucionais das mais diversas ordens, participações em eventos científicos, estágio, pesquisa e extensão. Até mesmo internamente, buscando a ampliação da captação de recursos. Eu acredito que o programa de pós-graduação só vem fortalecer essa triangulação, para que possamos ampliar o impacto social das ações do curso”, relata o Dr. Luís Felipe Ferro, atual chefe do Departamento de Terapia Ocupacional. O Departamento de Terapia Ocupacional vem ampliando diversas parcerias institucionais, efeti-

“A ideia de criar o curso na UFPR nasceu da força e união dos terapeutas ocupacionais (...)” vando ações de capacitação profissional e de captação de recursos junto à Escola de Saúde Pública do Paraná, a Gestão do Município de Curitiba e do Município de Pinhais, ao Grupo Marista, ao CREFITO-8, dentre outros. Outra grande conquista para o curso foi entrar para o Programa de Residência da Universidade, conforme conta a Dra. Rita Aparecida Bernardi Pereira, vice-coordenadora da residência. “A inserção da TO na residência deu um aporte pra formação em serviço bastante importante. Hoje estamos na sétima turma. Dos seis programas de Residência ofertados pela UFPR, a Terapia Ocupacional participa de três: oncologia e hematologia, atenção à saúde do adulto e do idoso e saúde da mulher, cada um deles com duas vagas”.


15 ANOS DE UFPR

Ao longo desses 15 anos, o número de profissionais inscritos no CREFITO-8 aumentou em 125%, a partir da criação do curso da UFPR em 2005, somando hoje 698 terapeutas ocupacionais atuando no Estado. Clínica-Escola: conciliando teoria e prática profissional A Clínica-Escola da Terapia Ocupacional iniciou suas atividades em 2012, com a contratação de duas terapeutas ocupacionais, Dra. Marina Siqueira Campos e Dra. Karina Stella Aoki Ferreira, através de concurso público. Localizada no térreo do prédio, a clínica atende a população em geral, através de demanda espontânea, encaminhamentos da rede pública (apesar de não possuir convênio com o SUS) e de instituições parceiras. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, entre as 07:30 e as 22:00. A clínica oferece estágios práticos aos alunos do 6º ao 9º período, nas áreas de saúde mental, saúde do adulto e do idoso, triagem, reumatologia e neurologia. Sua estrutura conta com recepção, sala de supervisão, almoxarifado, dois consultórios para atendimentos individuais ou em grupos, brinquedoteca, sala com computadores e jogos de realidade virtual e quatro laboratórios especializados: Reabilitação Física, Atividades de Vida Diária, Atividades e Recursos Terapêuticos e Tecnologia Assistiva.

O espaço é voltado a parte dos estágios oferecidos pelo curso, e também para as aulas práticas das disciplinas específicas. Os atendimentos ocorrem com a presença de uma das supervisoras, permitindo aos alunos compreenderem o processo terapêutico, através do contato com usuários com diferentes problemáticas. “Eles participam de todo o processo administrativo presente na rotina de atendimento, como preenchimento e evolução de prontuário, agendamento, organização de materiais, planejamento das atividades desenvolvidas”, explica a Dra. Marina Siqueira Campos. O Dr. Milton Mariotti reforça a relevância da clínica e dos demais campos de estágio das redes de atenção à Saúde, de Proteção Social, etc, para o aprendizado: “essa inserção de nossos estudantes nos serviços, que nós chamamos de integração ensino-serviço, é fundamental. De nada adianta formarmos profissionais para uma realidade diferente da prática profissional, temos que formar de acordo com o que o mercado está precisando, principalmente para o SUS e para o SUAS, por ser uma universidade pública”.

Terapeutas Ocupacionais que fizeram parte dessa história, ocupando cargos administrativos: Coordenadores Dra. Solange Aparecida Gurjão – CREFITO-8 3039-TO Dra. Jeanine Maria Linzmeyer - CREFITO-3 3244-TO Dr. Milton Carlos Mariotti – CREFITO-8 809-TO Dra. Rita Aparecida Bernardi Pereira – CREFITO-8 1129-TO Dra. Claudia Omairi – CREFITO-8 2178-TO Dra. Regina Celia Titotto Castanharo – CREFITO-8 1501-TO Dra. Ana Beatriz Zimmermann – CREFITO-8 9911-TO Chefes de Departamento

Dr. Luís Felipe Ferro (CREFITO-8 8001-TO), Dra. Rita Aparecida Pereira (CREFITO-8 1129-TO), Dra. Ana Beatriz Zimmermann (CREFITO-8 9911-TO), Dr. Milton Carlos Mariotti (CREFITO-8 809-TO), Adelson Pinotti

Dr. Milton Carlos Mariotti – CREFITO-8 809-TO Dr. Derivan Brito da Silva – CREFITO-8 5776-TO Dr. Renato Nickel – CREFITO-8 2683-TO Dr. Luís Felipe Ferro – CREFITO-8 8001-TO

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INTERNET

Internet: cuidado com o que você publica Código de Ética da Terapia Ocupacional estabelece normativas de divulgação e norteia os cuidados com a imagem do profissional través dos tablets, smartphones ou computadores, a internet conecta as pessoas às redes sociais, seja por diversão ou por motivos profissionais. Todos publicam, compartilham e se expõem na rede o tempo todo. A comunicação é feita de maneira espontânea e tão rápida

que não passa por nenhum tipo de revisão. Mas, você já parou para pensar o que essa exposição pode ser prejudicial para a sua imagem profissional? O principal desafio é tentar estabelecer um limite. Se você pensar na sua página de facebook como a sua carta de apresentação, por exemplo, entenderá o

quanto é necessário prestar atenção naquilo que é postado. Por isso, cuidar da imagem e do seu texto é fundamental. O código de ética profissional do terapeuta ocupacional prevê alguns critérios a serem considerados no que diz respeito a anúncios e divulgação profissional.

PRESTE ATENÇÃO NESTAS NORMATIVAS: • É proibida a divulgação de imagens, nomes, iniciais e endereço de seus clientes/pacientes/usuários/família/grupo/comunidade, independente de prévia anuência dos mesmos, para autopromoção. Fotos de antes e depois de tratamentos realizados também são proibidas. O mesmo é válido para referências a casos clínicos ou de assistência social identificáveis, em qualquer meio de comunicação; • As exceções à regra são os eventos de cunho acadêmico e científico e o exercício da docência, da preceptoria, da pesquisa e da produção científica. Nesses casos, ao utilizar dados e imagens que possam identificar o cliente/ paciente/ usuário/ família/grupo/comunidade, é preciso obter autorização prévia por escrito (ou outra forma legal de autorização destes ou de seus representantes legais) no termo de consentimento livre e esclarecido ou no termo próprio de liberação para uso de imagem. Ao promover publicamente os seus serviços, em qualquer meio de comunicação, o terapeuta ocupacional também precisa estar atento aos preceitos do Código de Ética da Terapia Ocupacional e demais normatizações pertinentes: • O terapeuta ocupacional deverá oferecer ou divulgar seus serviços profissionais de forma compatível com a dignidade da profissão e a leal concorrência, sendo proibido divulgar terapia infalível, secreta ou descoberta cuja eficácia não seja comprovada; • Nos anúncios, placas e impressos, bem como divulgação em meio eletrônico, devem constar o nome do terapeuta ocupacional, a profissão e o número de inscrição em seu respectivo Conselho Regional; • Outras informações permitidas são os títulos das especialidades profissionais que possua, desde que reconhecidas pelo COFFITO; título de formação acadêmica strictu sensu; endereço, telefone, endereço eletrônico, horário de trabalho, convênios e credenciamentos; instalações, equipamentos e métodos de tratamento, desde que respeite a legislação vigente e resolução específica; logomarca, logotipo ou símbolos que sejam 1- determinados pelo COFFITO, 2- de instituições, programas, entidades, empresas, sociedades, associações e federações as quais o profissional seja legalmente vinculado, 3- próprios, desde que sejam condizentes com a dignidade profissional; • O terapeuta ocupacional que atuar em serviço multiprofissional poderá divulgar sua atividade profissional em anúncio coletivo, observando sempre os preceitos do código de ética, bem como a dignidade da profissão; • É expressamente proibido divulgar atestado, declaração, imagem ou carta de agradecimento emitida por cliente/paciente/usuário/ família/grupo/comunidade, em razão do serviço profissional prestado. Observando essas recomendações, não há com o que se preocupar!

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ARTIGO

Pessoas com deficiência visual: contextualização e perspectivas de intervenção da Terapia Ocupacional Magnitude da deficiência A Organização mundial da Saúde (OMS) estima que 4,25% da população mundial (aproximadamente 285 milhões de pessoas) são acometidas por algum grau de deficiência visual(1). O Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontou que a deficiência visual severa foi a que mais incidiu sobre a população brasileira, chegando a 3,5% dos que declararam apresentar nenhuma capacidade ou grande dificuldade para enxergar(2). No município de Curitiba-PR a incidência de pessoas com algum grau de deficiência visual chegou a 15,3% da população total (aproximadamente 268 mil pessoas)(3). Contudo, as pessoas que apresentam mais de um dos tipos de deficiência investigada são contadas apenas uma vez (2, 3) , o que não proporciona um retrato fiel das pessoas que apresentam deficiências associadas. A deficiência visual compreende a cegueira e a baixa visão, classificadas com base em graus de acuidade visual e campo visual, podendo ser congênita ou adquirida, em decorrência de causas orgânicas ou acidentais. O Conselho Internacional de Oftalmologia define cegueira como perda total da visão ou quando o indivíduo usa predominantemente recursos de substituição da visão. Baixa visão é caracterizada quando os níveis de perda visual são menores, no qual o indivíduo utiliza recursos para melhorar a resolução visual(4). Nos casos de baixa visão1 considera-se também que os limites são variáveis de acordo com outros fatores, tais como: fusão, visão cromática, sensibilidades a contrastes, percepção das cores, intolerância à luminosidade, etc(5). Portanto a capacidade de utilizar o resíduo visual, que varia de pessoa para pessoa, não depende somente da acuidade visual ou da patologia, sendo que seu uso pode restringir-se a algumas atividades da vida diária até ao uso nas

atividades de leitura ou escrita em tinta, podendo ser necessário o uso de recursos especializados.(6) Impacto no desempenho ocupacional Diante dos diferentes níveis de dificuldade visual o desempenho ocupacional é afetado em maior ou menor grau (7, 8), considerando que esse desempenho resulta da relação dinâmica entre a pessoa, o contexto, o ambiente e a ocupação. As informações visuais são essenciais para a realização de atividades cotidianas, assim, pessoas com deficiência visual podem apresentar dificuldades em desempenhar essas atividades (9). Pessoas com deficiência visual experimentam em seu cotidiano barreiras para sua participação e dificuldades em realizar atividades que, em princípio, dependem da visão. As demandas variam de pessoa pra pessoa, sofrendo influência do nível de dificuldade visual e dos contextos dos quais participam. Assim, as atividades que se mostram mais frequentemente impactadas pela deficiência visual nas Atividades de Vida Diária são: realizar higiene íntima (limpeza após evacuação); vestirse (escolher e pegar a roupa e os acessórios); alimentar-se (uso de garfo e faca para pegar e cortar o alimento); e higiene pessoal (aplicar e remover produtos de beleza e escovar os dentes). Nas Atividades Instrumentais de Vida Diária destacam-se: gerenciamento de comunicação (enviar e receber mensagens em celulares e uso de computadores); mobilidade na comunidade (utilização de ônibus); gerenciamento financeiro (manuseio de cédulas, moedas e cartões de crédito/débito); estabelecimento e gerenciamento do lar; fazer compras; e preparar refeições e limpeza. Na área da educação a participação na educação formal é prejudicada principalmente quando os materiais adequados e acessíveis não são disponibilizados. O mesmo

1 A baixa visão também é identificada pelo termo “subnormal”, contudo, consirerando o preconceito que o termo subnormal pode provocar os textos da área tem procurado utilizar o termo baixa visão. Amiralian

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ARTIGO

acontece em relação ao trabalho, na procura e aquisição de emprego. O interesse e busca por emprego é impactado principalmente nos casos de deficiência visual adquirida na fase adulta. A Terapia Ocupacional com pessoas com deficiência visual

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Em 2013, uma pesquisa buscou identificar a inserção do terapeuta ocupacional nas instituições que prestam serviços de habilitação e/ou reabilitação às pessoas com deficiência visual no município de Curitiba-PR. O estudo identificou que esse profissional não está inserido nesses serviços e que apenas uma instituição contava com algumas ações da terapia ocupacional por meio de parceria com projeto de pesquisa e extensão da Universidade Federal do Paraná. No entanto, identificouse também que profissionais de terapia ocupacional de outros serviços recebem encaminhamentos de instituições especializadas para o atendimento dessa população. Atualmente o Curso de Terapia Ocupacional da UFPR possui um projeto de pesquisa e extensão com ações voltadas ao atendimento de pessoas com deficiência visual em duas instituições especializadas. Por meio da metodologia pesquisa-ação são levantadas as demandas e propostas ações, que vão desde o atendimento individual e grupal, acompanhamento em atividades intersetoriais, até a promoção de eventos e cursos. Durante as intervenções são utilizadas técnicas de remediação, compensação e educação da família e do indivíduo. Dentre as técnicas de remediação destacam-se: treinamento sensorial para estimular a sensibilidade tátil; estabelecimento de rotinas; desenvolvimento de auxílios de memória e de comportamento; e treinamento do uso do resíduo visual. Algumas das técnicas de compensação utilizadas com frequência são: guardar e organizar objetos (ex: roupas) categorizando-os conforme características semelhantes e sempre da mesma forma; dispor os objetos (ex: alimentos e utensílios) mantendo-os do mesmo modo; basear-se em indícios táteis durante a execução das atividades, visando direcionar o reconhecimento dos objetos e

do ambiente; aderir à rotinas e padrões que facilitem o desempenho independente e promovam sua qualidade nas atividades; e permitir que a pessoa realize atividades com segurança. No que se refere às técnicas de educação tem-se: instruir a família a manter os objetos e móveis sempre nos mesmos lugares; fornecer pistas táteis e dicas verbais para facilitar a organização ambiental e a localização dos objetos; demonstrar estratégias de restauração ou adaptação; e fornecer material informativo sobre técnicas pertinentes (10, 11). Considerações Apesar de, notadamente, a terapia ocupacional poder promover a participação, autonomia e independência de pessoas com deficiência visual de acordo com as demandas, o trabalho desse profissional com esse segmento da população ainda se mostra incipiente, em especial no município de Curitiba-PR. É necessário atuar na formação de profissionais para intervir com essa clientela e na inserção do terapeuta ocupacional em centros de atendimento voltados às pessoas com deficiência visual. Em especial, é necessário pensar as possibilidades de atuação do TO nos diferentes contextos de desempenho (casa, escola, trabalho). Cabe considerar ainda que a deficiência visual muitas vezes está associada a outras alterações no desenvolvimento. Pessoas com múltiplas deficiências são frequentemente atendidas pela terapia ocupacional e, não conhecer o funcionamento visual dessas pessoas ou as estratégias necessárias para atender pessoas com alterações visuais, pode impactar no desempenho em todas as áreas de sua vida. Além disso, pode ser determinante para o sucesso da intervenção. Gabriela Cordeiro Corrêa do Nascimento CREFITO-8 8957-TO Referências 1. World Health Organization. Visual Impairment and Blindness 2010-Fact Sheet Global Data 2010. 2. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico: resultados preliminares de amostra. Comunicação social, 16 de Novembro de 2011. 3. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades@, (s/a). 4. HADDAD, M.A.O; SAMPAIO, M.W. Aspectos globais da de ciência visual. In: HADDAD, M.A.O; SAMPAIO, M.W; FILHO, H.C.; SIAULYS, M.O.C. Baixa visão e cegueira: os caminhos para a reabilitação, a educação e a inclusão. Rio de Janeiro: Cultura Médica/Guanabara Koogan; 2010. p.7-16. 5. BRASIL. Decreto n. 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000 e 10.098, de 19 de dezembro de 2000 e dá outras providências. Casa Civil da Presidência da República. Brasília. 2004. 6. IBC. Conceituando baixa visão. Instituto Benjamin Constant. (s/a). 7. JESUS, E. F. A Importância da Atividade de Vida Diária na Educação e na Reabilitação de Deficientes Visuais. Rev. Benjamin Constant, nº 3, mai/1996. 8. MALTA, J. et.al. Desempenho funcional de crianças com deficiência visual, atendidas no Departamento de Estimulação Visual da Fundação Altino Ventura. Arq. Bras. Oftalmol. 2006; 69(4): 571-4. 9. ARRUDA, S. M. C. P. Atividade de Vida Diária e Deficiência Visual. In: HADDAD, M. A. O.; SAMPAIO, M. W.; FILHO, H. C.; SIAULYS, M. O. C. Baixa Visão e Cegueira: Os caminhos para a reabilitação, a educação e a inclusão. Rio de Janeiro: Cultura Médica/Guanabara Koogan, 2010. p.467-478. 10. HOLM, M.D.; ROGERS, J.C.; JAMES, A.D. Tratamento das áreas de desempenho ocupacional. In: Neistad, M.E.; Crepeau, E.B. Willard & Spackman: terapia ocupacional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. p.294-363. 11. CORRÊA, G.C.; SANTANA, V.C. Avaliação do impacto de uma intervençãode terapia ocupacional com ênfase no desempenho ocupacional de crianças e adolescentes com deficiência visual. Rev Ter Ocup Univ São Paulo. 2014 jan./abr.;25(1):43-50.


MASTER CLASS

Curitiba sedia Curso Master Class, realizado em parceria com o CREFITO-8 Evento discutiu o papel da Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos

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urante os dias 15 e 16 de setembro de 2016, foi realizado o curso “Master Class - Terapia Ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos”, no Auditório Gralha Azul, no Campus Botânico da Universidade Federal do Paraná. O curso foi organizado pelo Grupo de Estudos de Terapia Ocupacional e Cuidados Paliativos – GETOCP da Universidade Federal do Paraná, em parceria com o Instituto da Criança do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Instituto de Infectologia Emílio Ribas e Hospital Total Cor, com o apoio da Associação Científica de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos - ATOHosP e da Câmara Técnica de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares do CREFITO 8. A formação dos profissionais na área da saúde para atuação em cuidados paliativos vem sendo identificada como uma necessidade emergente, assim, o evento teve como objetivos: promover a reflexão a respeito

da atuação do terapeuta ocupacional em contextos hospitalares e cuidados paliativos, discutir o processo de avaliação e intervenção do terapeuta ocupacional em enfermaria pediátrica, Unidade de Terapia Intensiva, cuidados paliativos, domicílio e ambulatório, além de discutir casos clínicos e o papel do profissional no planejamento e gestão do serviço de Terapia Ocupacional. As palestras e mesas redondas contaram com os seguintes profissionais convidados: Dra. Monica Estuque Garcia de Queiroz, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e Hospi-

tal Total Cor de São Paulo; Dra. Aidê Mitie Kudo, do Instituto da Criança; Dra. Renata Sloboda Bitencourt, do Hospital Itaci Instituto da Criança do Hospital de Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Dra. Dayane dos Santos, docente do Departamento de Terapia Ocupacional e terapeuta ocupacional do Hospital de Clínicas da UFPR; Dra. Karine Aguiar de Oliveira Pereira, do Hospital Regional do Litoral de Paranaguá; Dra. Priscila Camargo da Siqueira, do Hospital do Idoso Zilda Arns e Dra. Sônia Margarete Batista Frade

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MASTER CLASS

Krachenski, do Hospital Osvaldo Cruz, da Secretaria de Saúde do Paraná. O evento teve como proposta a divulgação da atuação do terapeuta ocupacional em contextos hospitalares (intra-hospitalar, extra-hospitalar) e cuidados paliativos. Foram abordados temas em pauta no cenário nacional como: Microcefalia; Cuidados Paliativos (domiciliar e ambulatorial); Processos Avaliativos no Contexto Hospitalar, especialmente em Enfermarias Pediátricas e Unidade de Terapia Intensiva e Cardiológica; atuação do terapeuta ocupacional em Unidade de Transplante de Células-Tronco Hematopoéticas -TCTH; saúde do idoso; pacientes com HIV/AIDS; planejamento e gestão do Serviço de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares. O curso contou com 208 participantes, entre profissionais e acadêmicos de terapia ocupacional do Paraná e de São Paulo, além de residentes de Terapia Ocupacional, Psicologia e Serviço Social. Durante o evento foi divulgado o exame de títulos da especialidade, realizado no dia 20 de novembro de 2016 nas capitais brasileiras, e o II Congresso Brasileiro de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos, que será realizado na cidade de Uberaba em Minas Gerais, no período de 30 de março a 01 de abril de 2017. O Grupo de Estudos de Terapia Ocupacional e Cuidados Paliativos, GETOCP-UFPR, em funcionamento desde 2015, sob a coordenação das professoras Dra. Rosibeth Del Carmen Muñoz Palm e Dra. Maria José Gugelmin de Camargo, tendo como objetivos: estudar e aprofundar temas que envolvam Terapia Ocupacional e Cuidados Paliativos e promover reflexão a respeito de suas práticas.

Participantes e palestrantes do evento

O GETOCP-UFPR vem realizando diversas atividades como: rodas de conversa, encontros temáticos, ciclo de palestras, leitura e discussão de textos e filmes, produção de material informativo, levantamento da produção bibliográfica e dos serviços de Cuidados Paliativos na rede de apoio existentes no Município de Curitiba- PR. Nessa perspectiva, o propósito do projeto é contribuir para a sensibilização da comunidade acadêmica e profissional acerca da importância dos cuidados paliativos e qualificação da formação do terapeuta ocupacional. A Associação Científica de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares e Cuidados Paliativos - ATOHosP foi representada pela vice-presidenteDra. Aide Mitie Kudo e secretária Dra. Monica Estuque Garcia de Queiroz e a Câmara Técnica de Terapia Ocupacional em Contextos Hospitalares do CREFITO 8 foi representada pelas terapeutas ocupacionais Dra. Maria Luiza Vautier Teixeira e Dra. Sônia Margarete Batista Frade Krachenski . O evento marcou um trabalho colaborativo de parcerias entre instituições compromissadas com a qualidade da formação graduada e pós-graduada, com o exercício profissional, a qualidade de atenção e cuidados prestados à população, assim como os avanços técnico-científicos produzidos nesse campo. Maria José Gugelmin de Camargo CREFITO-8 2937-TO Rosibeth Del Carmen Muñoz Palm CREFITO-8 846-TO Maria Luiza Vautier Teixeira CREFITO-8 786-TO

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Sonia Margarete Batista Frade Krachenski CREFITO-8 1979-TO


TUDO O QUE O SISTEMA COFFITO/CREFITO FAZ PELO TERAPEUTA OCUPACIONAL O que o Conselho faz pelo profissional? Reconhece especialidades (Saúde Funcional, Saúde Mental, Saúde da Família, Saúde Coletiva, Acupuntura, Contextos Sociais e Hospitalares)

Delimita áreas de atuação; Normatiza metodologias e técnicas com parâmetros assistenciais e éticos; Representa a profissão e o profissional no Serviço Público (Prefeitura, Estado e União) representando a atividade profissional, visando maior inserção com cargos e concursos; Defende 30 horas de jornada; Atua na defesa do cumprimento de normativas relacionadas à prática profissional; Fiscaliza o exercício garantindo a presença do profissional em clínicas e hospitais, com técnicas, métodos e especialidades próprias; Atua na defesa da sociedade em relação a prestação de serviços éticos e de qualidade; Apoia e participa das negociações com Planos de Saúde; Cria e fiscaliza o referencial de procedimentos dos profissionais; Propõe e acompanha Projetos de Lei no Congresso que digam respeito às profissões.

de Contas, Comissão de Fiscalização, Comissão de Ética, Comissão Científica, dentre outras. • Fiscalização – Atualmente o o Departamento de Fiscalização (DEFIS) do CREFITO-8 possui 6 fiscais, sendo 5 fisioterapeutas e 1 terapeuta ocupacional, distribuídos em Curitiba, Londrina, Cascavel e Maringá. • Agenda Positiva – Ações para a população em parceria com as especialidades para promover a identidade profissional dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais.

• Representação Jurídica – Defesa das Prerrogativas Profission-

ais: exercício profissional junto aos planos de saúde, cumprimento da carga horária de 30 horas semanais.

• PGTO – O Plano de Gestão da Terapia Ocupacional foi criado coletivamente a partir de discussões em audiências públicas regionais com base nas demandas da profissão e dos profissionais.

O que o Conselho não pode fazer pelo profissional?

• Pareceres/ Laudos Técnicos – Elaboração dos pareceres e laudos técnicos sempre que solicitados via ofício pelos profissionais e órgãos públicos.

Estabelecer piso salarial (compete ao Sindicato); Transformar anuidade em benefício (proibido por lei); Negociar valores de Planos de Saúde.

• Assessoria Técnica ao Profissional– Atendimento virtual com retorno em até 24 horas e 0800 625 2009 para atender as dúvidas dos profissionais.

SERVIÇOS QUE O CREFITO-8 OFERECE AO PROFISSIONAL

• Assessoria de Comunicação – Divulgação de eventos, intermédio de informações com a mídia, produção de conteúdo e marketing.

• Site – O site do CREFITO-8 é repleto de informações que mantém o profissional sempre atualizado sobre a profissão e sobre as ações do Conselho. Lá é possível encontrar: Legislação, vagas de emprego, cursos, concursos, eventos, pesquisa por profissional, emissor/verificador de DRF, banco de currículos, portal de denúncias, notícias, etc. • Portal Eletrônico do Profissional – Situado no site do CREFITO-8, o profissional pode alterar informações cadastrais, emitir boletos e outros serviços. • Boletim Informativo – Enviado quinzenalmente por e-mail, para manter o profissional informado sobre as ações do Conselho e atualidades da profissão. • Facebook – Portal de comunicação com o profissional, atualizado constantemente, trazendo informações e acontecimentos que envolvem a Terapia Ocupacional. • Revista – Traz textos técnicos, assuntos temáticos e entrevistas com profissionais. • Comissões – São 16 Comissões que compõe o CREFITO-8, com mais de 50 profissionais, estando entre elas a Comissão de Tomada

• Participação nas Políticas Públicas – Inserção dos profissionais nas políticas públicas com representatividade nas Comissões Municipais e Estaduais de Saúde. • Câmaras Técnicas de Terapia Ocupacional – Grupos de discussão de temas relacionados às Especialidades de Terapia Ocupacional, com a finalidade de atualizar os estudos relacionados ao tema e, com isso, fortalecer a profissão. • App do CREFITO-8 – Desenvolvido para ampliar ainda mais a comunicação, o aplicativo do CREFITO-8 é gratuito e acessível a todos os profissionais que possuam celulares com plataforma Android, Windows Phone ou Iphone. Possui as notícias mais importantes da Terapia Ocupacional, eventos, fale conosco, telefones, e utilidades

em geral.

• Programa Viver com Independência – Programa que busca promover o aprimoramento da Terapia Ocupacional no Paraná, o estímulo à qualidade no exercício da profissão, o bom conceito dos profissionais, e a divulgação da Terapia Ocupacional para os profissionais da Saúde, gestores e população.


Entre em contato conosco!

São vários canais de comunicação à sua disposição: Crefito8Fisioterapia Crefito8TerapiaOcupacional

App do Crefito-8

Fale com o Crefito-8 0800 645 2009

http://www.crefito8.org.br

Revista Semestral Fisioterapia e Terapia Ocupacional

Boletim Informativo Enviado quinzenalmente

Denuncie On-line ou pessoalmente no Crefito-8

Assessoria Técnica ao Profissional ATP

comunicacao@crefito8.org.br

O CREFITO-8 promove a profissão e o profissional, realizando encontros das Câmaras Técnicas Temáticas e Parâmetros de Fiscalização, para uma prestação de serviço mais ética e resolutiva à população. CURITIBA: Rua Jaime Balão, 580 - Hugo Lange - CEP 800400-340 Fone: (41) 3264-8097 Fax: (41) 3095-9400 CASCAVEL: Rua Maranhão, 790 - sl 309, 3º andar - Centro - CEP 85801-050 Fone: (45) 3038-8818 LONDRINA: Rua Senador Souza Naves, 441 - sl 13, 1º andar - Centro - CEP 86010-160 Fone/Fax: (43) 3344-6166 NOVA SUBSEDE MARINGÁ: Rua José de Alencar, 477 - loja 6, zona 4


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