Revista CREFITO-8 Terapia Ocupacional - 2º Ed. 2014

Page 1

Revista de Terapia Ocupacional

2º EDIÇÃO ANO 2014 CURITIBA - PARANÁ - BRASIL

Entrevista com Secretário Municipal de Saúde Dr. Adriano Massuda

Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 8ª Região www.crefito8.org.br

Fiscalizações no Paraná passam a ser orientativas/educativas

ACTOEP - Fortalecendo o terapeuta ocupacional

A atuação do terapeuta ocupacional na

Atenção Primária


ÍNDICE 4 Destaque - ACTOEP fortalecendo o terapeuta ocupacional 5 Especial - A atuação do terapeuta ocupacional na Atenção Primária 8 Entrevista - Secretário Municipal de Saúde – Dr. Adriano Massuda 10 Formação - Abertura do Curso de Terapia Ocupacional da Uniguaçu/ Faesi 12 Fiscalização - Fiscalizações no Paraná passam a ser educativas 13 Portal do Ministério da Saúde 14 Profissão - Câmaras Técnicas de Terapia Ocupacional do CREFITO-8 atuam na defesa da profissão nas esferas política, social e educacional 15 Artigo - Atenção Primária à Saúde: Desafios para o Ensino e Assistência em Terapia Ocupacional 16 Estante do Saber

CREFITO-8 Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 8º Região Serviço Público Federal Área de jurisdição: Paraná Rua Jaime Balão, 580, Hugo Lange Curitiba-PR CEP: 80040-340 Telefone: 0800 645 2009 www.crefito8.org.br Diretoria diretoria@crefito8.org.br CONSELHO EDITORIAL: Presidente: Dr. Abdo Augusto Zeghbi Vice-Presidente: Dr. Ruy Moreira da C. Filho Diretor-Tesoureiro: Dr. Milton Carlos Mariotti Diretora-Secretária: Dra. Maria Luiza Vautier CONSELHEIROS EFETIVOS: Dra. Marlene Izidro Vieira Dra. Isabela Álvares dos Santos Dra. Naudimar Di Pietro Simões Dr. Cleverson Fragoso Dra. Deborah Toledo Martins CONSELHEIROS SUPLENTES: Dra. Sonia Maria Marques Bertolini Dra. Marcia Kozelinski Dra. Daniele Bernardi Dr. Laudelino Risso Dra. Rúbia Marcia Benatti Dr. Francisco Hamilton Sens Junior Dra. Fernanda Cândido F. Monteiro Dr. Cristiano P. de Jesus Fagundes Dra. Vera Lucia Presendo Bet EXPEDIENTE ASSESSORIA TÉCNICA: Dra. Marina Siqueira Campos PRODUÇÃO: Crefito-8 Jornalista: Marina Domingues (Assessora de Comunicação DRT6095/PR) PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO: André Luiz Pinheiro Neves (Assistente de Comunicação).


EDITORIAL

O

CREFITO-8 tem feito uma aproximação com a Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, afim de esclarecer o prejuízo realizado à população do Município pela ausência do profissional no quadro de funcionários da Prefeitura. No entanto, desde 1998, ampliando para os municípios da região metropolitana, viemos negociando timidamente com as Secretarias de Saúde, encaminhando um “portfólio” da Terapia Ocupacional com o objetivo de instrumentalizar os secretários no âmbito das contratações previstas pelas Portarias Ministeriais. Diante desse empenho – na linha do tempo – hoje temos visto uma visibilidade do terapeuta ocupacional diferenciada com a formação mais profusa desses profissionais e, consequentemente, com a chegada dos mesmos ao mercado de trabalho a população de modo geral tem se beneficiado dessa prática. Novos campos se abriram. Hoje temos mais terapeutas ocupacionais no campo de Saúde Mental, mas temos também ampliado o quadro no Campo Social, Previdenciário, nos Contextos Hospitalares e mais recentemente, e não pouco perceptível no campo da Saúde Funcional. Poderemos ver, neste exemplar, um pouco mais desta história e tomara, que o gosto por este assunto – Atenção Primária – que engloba tantos eixos fundamentais abordados pela nossa profissão, possa trazê-lo às nossas discussões, nas propostas que serão desenhadas pelas Câmaras Técnicas, afim de aprimorar conhecimentos, construir estratégias e evoluir em idéias de agregar colegas às discussões que nos são caras e necessárias.

Dra. Maria Luiza Vautier Teixeira - 786-TO Diretora Secretária

3


DESTAQUE

ACTOEP Fortalecendo o terapeuta ocupacional

4

A Associação Cultural dos Terapeutas Ocupacionais do Estado do Paraná (ACTOEP) foi criada em 1986, a partir da iniciativa dos terapeutas ocupacionais do estado do Paraná com intuito de fortalecer a profissão, sobretudo nas questões culturais e científicas. Atualmente a ACTOEP é uma das maiores associações de Terapia Ocupacional do Brasil, representando seus associados, e os demais terapeutas ocupacionais, nos espaços políticos da categoria. Além disto, possui a função de promover ações de cunho político, científico e cultural para toda a categoria profissional. A ACTOEP tem uma tradição de diretorias engajadas nas políticas profissionais, que a faz uma organização de respeito. A gestão 2012-2014 assumiu esse compromisso no V Congresso de Terapia Ocupacional em 2012. Com uma chapa predominantemente clínica, engajou-se no desafio de manter o nome da associação e aproximá-la mais dos profissionais, divulgando a Terapia Ocupacional e enriquecendo cientificamente e politicamente a categoria. Muitos destes desafios foram enfrentados nesses quase dois anos de gestão; para tanto, várias atividades foram realizadas, como por exemplo: o Curso Teórico-Prático: Prescrição de Cadeira de Rodas e Acessórios, ministrado pela terapeuta ocupacional Caren Fagundes, que contou com participantes de todo Brasil; Reuniões Clínicas de temas diversificados, contando com a participação de profissionais que trabalham nas respectivas áreas de atuação; I Fórum Paranaense de Terapia Ocupacional em Contextos Sociais, com a presença de Luziana Maranhão, vice-presidente do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO) e Márcia O. Fruet, representante da Assistência Social de Curitiba e Presidente da FAS; a Jornada Paranaense de Terapia Ocupacional com a temática Políticas Públicas; e o Curso de Avaliação Funcional ministrado pelo terapeuta ocupacional Dr. Renato Nickel e o Curso Internacional de Procedimentos de Avaliação de desempenho na direção de automóveis: Combinando evidências com as melhores práticas clínicas, ministrado pela Dra. Andrea Fedeger. Manteve-se representação nos espaços políticos,

Da esq. p/ dir. (Crislaine Andolfato, Vanessa Vargas Bober, Andressa Pereira Lima Marchi, Geandra Bertelli Pflanzer) contato: actoep@hotmail.com

destacando as conferências de saúde distritais e municipal de saúde e do fórum dos trabalhadores do SUAS, no município de Curitiba. Realizamos reuniões quinzenais da associação e assembleias periódicas, onde deliberações em prol da profissão foram realizadas e a transparência financeira foi rigorosamente exposta nas prestações de contas. Além disso, foi possível quitar uma dívida com a Receita Federal no valor de aproximadamente R$ 4500,00 (quatro mil e quinhentos reais); fortalecemos as parcerias com o CREFITO-8 e com a Universidade Federal do Paraná (UFPR); e conseguimos criar e manter o site da ACTOEP (www. actoepe.wix.com/home). Alguns objetivos da gestão 2012-2014 não foram atingidos, como: ampliar o número de associados; revisar o estatuto da ACTOEP; e fortalecer a associação no interior do Paraná. Para o fechamento da gestão será realizado, em 2014, o VI Congresso Paranaense de Terapia Ocupacional, no qual acontecerá a eleição para a nova chapa da diretoria da ACTOEP (gestão 2014-2016). Conta-se com a participação dos profissionais e acadêmicos, assim como a inscrição de novas chapas para disputa da diretoria. Assim, fica o convite para todos que tiverem afinidade política com a causa que venham participar da chapa da ACTOEP e fazer a história da nossa profissão. E a todos terapeutas ocupacionais convidamos a conhecer a ACTOEP, seja um associado e um colaborador nessa construção cultural, política e científica da Terapia Ocupacional no Estado do Paraná!■


ESPECIAL

A atuação do terapeuta ocupacional na

Atenção Primária Nos últimos anos, tem ocorrido uma ampliação no campo de atuação do terapeuta ocupacional e cada vez mais ele vem sendo inserido no contexto de agente promotor de saúde. O seu exercício profissional aborda os níveis de atenção à saúde: promoção, prevenção, tratamento e reabilitação. Dentre os diferentes níveis de atenção no Sistema Único de Saúde, especificamente no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), o terapeuta ocupacional integra o rol de profissionais sugeridos pelo Ministério da Saúde para compor as equipes do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). Na APS é realizado o primeiro contato do paciente com a rede assistencial dentro do sistema de saúde. Neste contexto, são as diretrizes que norteiam a APS que irão reger a atuação do terapeuta ocupacional (ação interdisciplinar e intersetorial; educação permanente em saúde dos profissionais e da população; desenvolvimento da noção de território; integralidade, participação social, educação popular; promoção da saúde e humanização). O terapeuta ocupacional de um NASF deve desenvolver habilidades genéricas, visto que a atuação em tais Núcleos requer uma prática que transcende a clínica tradicional - as ações do NASF derivam sempre das necessidades identificadas nas equipes da Equipe de Saúde da Família (ESF), e estas muitas vezes não estão relacionadas meramente a saberes técnicos, mas sim, à especificidades/vulnerabilidades dos diferentes territórios bem como a desafios no processo de trabalho:

dificuldades de planejamento, gestão, relacionamento e motivação. Entre os diferenciais da atuação do terapeuta ocupacional e as contribuições específicas da Terapia Ocupacional em um NASF, destacam-se: • O entendimento do potencial terapêutico das diferentes atividades que podem ser propostas na atenção às diversas condições de saúde, casos clínicos, grupos programáticos e ações de promoção à saúde e prevenção de agravos; • A compreensão de como o engajamento em diferentes atividades e ocupações apoia a saúde e estrutura a vida do ser humano; • A implementação de diferentes adaptações, que favoreçam e/ou apoiem o manejo, a funcionalidade e acessibilidade dos indivíduos »

5


ESPECIAL no seu território. O caráter generalista e holístico da formação profissional do terapeuta ocupacional se constitui um grande diferencial, que não apenas favorece, mas também facilita intervenções condizentes com a ampliação da clínica que o processo de trabalho do NASF demanda. É uma “pena” que na maioria dos municípios, a prática de terapeutas ocupacionais dentro da Rede de Atenção à Saúde (RAS) esteja essencialmente restrita aos dispositivos de atenção à saúde mental. Cabe aos terapeutas ocupacionais, buscar sensibilizar os gestores sobre a importância da sua práxis também no âmbito da APS, visto que em face da ausência de terapeutas ocupacionais atuando diretamente na comunidade, a tão almejada integralidade do cuidado à população, não tem se efetivado plenamente. Entendendo o funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS): Desde sua criação pela constituição de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) vem alcançando significativos avanços. A Estratégia Saúde da Família (ESF) é a vertente brasileira da Atenção Primária à Saúde (APS), caracterizando-se como a porta de entrada prioritária do SUS. As equipes da ESF responsabilizam-se pela saúde em um território definido, com uma população delimitada, partindo do conhecimento do perfil epidemiológico e demográfico de sua área de atuação, podendo intervir sobre os fatores de risco e agravos aos quais a comunidade está exposta, de forma a oferecer às pessoas atenção integral, permanente e de qualidade.

6

Visando apoiar a inserção da ESF na rede de serviços e ampliar a abrangência, a resolutividade, a territorialização, a regionalização, bem como incrementar as ações da APS no Brasil, o Ministério da Saúde (MS) criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) mediante a portaria GM n. 154, de 24 de janeiro de 2008. Em um NASF, profissionais de diferentes áreas do conhecimento atuam em conjunto com os profissionais das equipes da ESF, compartilhando e apoiando as práticas em saúde nos territórios sob sua responsabilidade. O terapeuta ocupacional integra o rol de profissionais sugeridos pelo MS para compor as equipes NASF desde sua

criação. Dr. Cristiano Pedro de Jesus Fagundes 9539-TO Para ilustrar as ações da vertente assistencial da Atenção Primária à Saúde no Estado, ilustramos as experiências das Dras. Aline Eleutério Giovannetti (Crefito-8 / 13103-TO) e Maria Cláudia Defendi Augusto (Crefito-8/ 11578-TO), que atuaram em municípios da região norte do Paraná; bem como do Dr. Cristiano Pedro de Jesus Fagundes (Crefito-8 / 9539-TO), que integra uma equipe NASF na região noroeste do Paraná. “Fui contratada por um consórcio intermunicipal para integrar uma equipe do NASF. Os demais membros da equipe tinham pouco conhecimento sobre a atuação do terapeuta ocupacional naquele contexto, e não havia nada definido por parte dos contratantes. Sendo assim, tive liberdade para estruturar as ações assistenciais e projetos de acordo com as diretrizes do programa. Inicialmente, realizei uma palestra para os funcionários do posto de saúde apresentando a profissão e as diversas áreas de atuação, para que eles me indicassem as principais demandas da população e estrutura local. Optei pelas intervenções em grupo e busquei a estrutura física, de serviços e de materiais que a Prefeitura disponibilizava. As ações realizadas incluíram uma Oficina da Memória com grupo de idosos num centro de convivência; palestras para professores e atendentes de creches sobre as fases do desenvolvimento infantil, estimulação e atividades adequadas para cada uma delas; atividades lúdicas, cognitivas, motoras, sensoriais e de vida diária (alimentação e higiene pessoal), com grupos de diferentes idades (0-6); palestras para gestantes; visitas domiciliares acompanhando médicos e/ou agentes comunitários, para orientação e adequação ergonômica; e atendimentos individuais em domicílio ou consultório.” (Dra. Aline Eleutério Giovannetti) “Atuei no programa de atenção primária à Saúde durante 02 anos nos postos de saúde dos municípios de Pinhalão e Jaboti. A população atendida incluía usuários de todas as faixas etárias, com distúrbios neurológicos, ortopédicos, dentre outros. Os atendimentos eram realizados individualmente com a duração variável entre 30 minutos e 1 hora, de acordo com a demanda »


ESPECIAL apresentada, podendo ocorrer em domicílio ou na clínica, sendo a orientação familiar uma das vertentes do trabalho. É muito gratificante constatar a melhora dos usuários, que se torna evidente pela reconquista da independência nas atividades funcionais do dia a dia e da sua autoestima. O programa ainda possui algumas limitações, como a falta de transporte dos profissionais para a realização de atendimentos domiciliares. No entanto, considero que o acesso aos atendimentos e a prevenção de agravos são os principais benefícios proporcionados aos usuários.” (Dra. Maria Cláudia Defendi Augusto - Foto abaixo).

“Atuo em uma equipe de NASF no município de Maringá desde a criação de tais Núcleos no município (2010). O Núcleo cuja equipe eu integro apóia 09 Equipes da ESF, distribuídas em 03 três diferentes Unidades Básicas de Saúde. Cada equipe da ESF traz demandas diferentes para o desenvolvimento das ações, assim, a atuação do terapeuta ocupacional em um NASF se torna muito dinâmica. Acerca da demanda programática, realizo Grupos, Rodas de Conversas, Atividades Coletivas e Individuais com diferentes populações dos territórios, dentre estas, se destacam: Gestantes, “Cuidadores”, Tabagistas, Hipertensos e Diabéticos. O estímulo à criação de ambientes saudáveis na comunidade também é outro diferencial do meu trabalho, onde atuo (desde a fase de Planejamento à Execução), auxiliando as Equipes da ESF a efetivarem Grupos de Convivência com enfoque em diferentes ações e Atividades, visando não apenas promover saúde bem como prevenir agravos e o isolamento social. Atuo ainda com foco na Saúde dos Trabalhadores das equipes da ESF que apóio, onde, com auxílio dos demais integrantes do NASF, planejo e empreendo ações com vistas à

humanização e melhora da qualidade de vida destes. Somam-se as ações citadas, muitas outras, voltadas às demais facetas do apoio matricial, como: atividades de apoio à gestão, parcerias intersetoriais e atendimentos individualizados à pacientes com diferentes agravos à saúde. (Dr. Cristiano Pedro de Jesus Fagundes - Foto abaixo). ■

7


ENTREVISTA O CREFITO-8 apoia a inserção dos profissionais terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas em todos os níveis de atenção à saúde, contribuindo diretamente nos indicadores de saúde e na diminuição da demanda reprimida para encaminhamentos a serviços de referência, melhorando as condições de vida e de saúde da população. Além disso, estimulamos também a mobilização destes profissionais no Controle Social e na Assistência aos usuários e, desta maneira, o CREFITO-8 possui participação ativa no Conselho Estadual e Municipal de Saúde com representação de terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas em todas as Comissões Temáticas desses Conselhos. Com o intuito de contribuir cada vez mais a este processo de inserção, entrevistamos o Secretário Municipal de Saúde de Curitiba, Dr. Adriano Massuda (foto abaixo). CREFITO-8: Considerando a epidemia do crack e outras drogas no país, quais as Políticas Públicas que o Município vem adotando na prevenção do uso do álcool, crack e outras drogas e no tratamento dos dependentes/ usuários de drogas? Dr. Adriano: O município vem desenvolvendo ações de saúde em conformidade ao plano nacional “Crack é Possível Vencer”, tanto no que diz respeito à abertura de novos serviços quanto às ações de qualificação da rede. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) tem como referência os princípios de inclusão social, reabilitação, defesa dos direitos humanos e acolhimento irrestrito. Em 2013 realizamos a abertura de quatro CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) 24 horas, com a ampliação do número de leitos em serviços comunitários para 46, que funcionam em serviços porta-aberta e com equipes multidisciplinares. As unidades básicas de saúde ganharam mais capacidade na atenção a usuários de álcool e drogas com a ampliação do horário de funcionamento, aumento dos quadros do núcleo de apoio a saúde da família. Por fim, ao final do ano foram credenciados seis leitos de atenção a usuários de álcool e drogas no Hospital Zilda Arns. Os fisioterapeutas já estão trabalhando nos Núcleos já os terapeutas ocupacionais serão incorporados em breve. A Secretaria ainda está viabilizando o plano de carreira junto ao RH e fazendo a parte burocrática para depois fazer a contratação. CREFITO-8: Como tem sido o planejamento do município, no apoio à implantação dos Centros Especializados em Reabilitação-CER, de forma a ampliar o acesso à reabilitação das pessoas com deficiência - PCD? Dr. Adriano: Ao longo de 2013, a SMS procurou os

8

Foto: César Brustolin serviços que já atendem reabilitação em alguma área para verificar interesse e viabilidade em desenvolver o serviço para adequar-se à portaria e implantar os CER’s. Isto foi possível na Associação Paranaense de Reabilitação - APR, que já atendia apenas reabilitação física, e passou a um CER-III ao incluir também a reabilitação visual e auditiva. Além disso, a Oficina de Órteses e Próteses da APR também obteve habilitação na Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência. Ainda planejamos a implantação de mais 2 CER no município ao longo desta gestão, havendo demanda particularmente por reabilitação física e intelectual/autismo. CREFITO-8: Como o Senhor avalia o papel do Crefito-8 no Controle Social na área da saúde em seu Município? Dr. Adriano: Avaliamos muito positivamente a participação do Crefito no controle social, na medida que identificamos uma franca preocupação com o fortalecimento do sistema único de saúde. CREFITO-8: Como o Município vem se organizando no»


ENTREVISTA

sentido de efetivar a implantação da Portaria 971/2006, que trata das Práticas Integrativas e Complementares do SUS ? Dr. Adriano: Já dispomos de um diagnóstico de profissionais de saúde com formação na área de Práticas Integrativas e Complementares, e um mapeamento de atividades que já são realizadas em algumas Unidades Básicas de Saúde (principalmente práticas corporais e mentais). Dentro do Comitê Municipal de Incorporação de Tecnologias, a ser implantado, projetamos um subcomitê específico para Práticas Integrativas e Complementares, incluindo particularmente fitoterapia, medicina tradicional chinesa/acupuntura e homeopatia. Quanto à acupuntura, vemos a inclusão de seu papel na Atenção Primária à Saúde particularmente para situações de controle de dor e alguns problemas dos sistemas musculoesquelético e neurológico. CREFITO-8: A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde - CIF subsidia a gestão de políticas públicas para levantamento de dados e suporte às necessidades de investimento. O MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome) e IBGE já utilizam dados com vista à funcionalidade, onde o cidadão deixa de ser visto como um figurante na vida em sociedade e passa a ser sujeito ativo das demandas de sua própria vida. O Município tem perspectivas de implantar esta ferramenta no seu sistema de informação? Dr. Adriano: Entendemos que estimular os cidadãos a serem sujeitos ativos em suas próprias vidas é essencial para aumentar a saúde da população. Para ter efeitos positivos, esta mudança de postura profissional precisa afetar muitos dos processos de trabalho de todos os trabalhadores em saúde, não só o sistema de informação, mesmo que ajustes neste sistema e nas demais ferramentas de logística possam ser muito importantes.

CREFITO-8: Quais os principais avanços e desafios da atual gestão na saúde do Estado do Paraná? Dr. Adriano: O Estado do Paraná, como diversos outros estados, tem grandes desafios na constituição de redes regionais de cuidado, coordenadas em municípios sede, mas com espaços de gestão regionais de tais redes e com o empoderamento de regulações regionais técnicas, especialmente na área de urgência e emergência. Outro desafio implica no fortalecimento, em todo o estado, da atenção primária em saúde como gestora do cuidado, expansão das estratégias de apoio à Atenção Primária `a Saúde (APS) através dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Outro desafio diz respeito ao fortalecimento das ações de cuidado a usuários de álcool e drogas, na lógica das redes de atenção. CREFITO-8: Como o Senhor avalia a importância da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional para a Saúde da População? Dr. Adriano: Ambas as profissões são fundamentais para a construção e consolidação do SUS, por diversos motivos. Em primeiro lugar, o papel de terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas na rede de saúde aumentam significativamente quando o SUS se volta ao princípio de promoção de equidade. Na medida em que isto ocorre, o sistema incorpora progressivamente mais ações voltadas a populações vulneráveis, projetos de inclusão e cuidado para populações anteriormente isoladas em serviços especializados, como era o caso dos centros de reabilitação, desconectados da rede, e os hospitais psiquiátricos. O fortalecimento da atenção primária como gestora do cuidado fortalece esta lógica; estamos incorporando terapeutas ocupacionais e mais fisioterapeutas na lógica dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, onde estes potencializarão as equipes de atenção primária, desenvolverão projetos terapêuticos para usuários vulneráveis e realizarão atendimentos na lógica de parceria com o restante da equipe. Em segundo lugar, ambas as profissões tem uma formação muito voltada para a construção de processos de trabalho em equipe multidisciplinar, o que é nosso foco em todos os serviços de saúde e que constitui outro desafio para a consolidação do SUS hoje.■

9


FORMAÇÃO

Abertura do Curso de Terapia Ocupacional da Uniguaçu/ Faesi No início de 2014 a Terapia Ocupacional ganhou mais um curso no Estado do Paraná. Aprovado pelo MEC em 2013, o Curso de Terapia Ocupacional da UNIGUAÇU (Faculdades Integradas do Vale do Iguaçu) está em andamento com uma turma de 40 alunos. A Uniguaçu está localizada em São Miguel do Iguaçu – PR. Uma escola particular, que atende às necessidades da região, fornece ao profissional da saúde seriedade, compromisso com a ciência e responsabilidade com a população. Para saber sobre essa conquista dos terapeutas ocupacionais do Paraná, o CREFITO-8 entrevistou o coordenador do curso, Tiago Ribeiro da Silva. Acompanhe: “Mudei-me para Foz do Iguaçu , vindo de São Paulo em 2012 e logo que cheguei fiquei muito surpreso ao encontrar uma realidade muito diferente daquela que vivia profissionalmente, devido ao escasso número de colegas terapeutas ocupacionais na região. Muitos ainda não conheciam a profissão e um mercado de trabalho reprimido, mas em potencial, pois locais que poderiam contemplar o profissional, não o tinham no quadro de equipe. Recebi um convite de um colega enfermeiro que havia acabado de abrir o Curso de Enfermagem pela Uniguaçu/ Faesi, para apresentar a proposta do Curso de Terapia Ocupacional e falar da profissão, pois a instituição tinha interesse em abrir cursos novos na região. O Projeto Pedagógico do Curso foi enviado ao Ministério de Educação (MEC) em fevereiro de 2013, e tivemos a autorização para funcionamento em 23 de outubro de 2013, através da Portaria nº 538. Após a autorização, iniciamos a divulgação em jornais locais e entrevistas na rádio, tendo como objetivo falar sobre a Terapia Ocupacional, campo de atuação e a abertura de mais um curso de Terapia Ocupacional no Paraná. Desde então, verificamos grande interesse, curiosidade sobre a profissão e procura das pessoas para obterem maiores informações. A 1ª turma do Curso de Terapia Ocupacional da Uniguaçu/ Faesi começou no dia 03 de fevereiro e estamos atualmente com 39 alunos, que além de São Miguel do Iguaçu (28)

10

alunos, 11 vieram de 7 cidades vizinhas. A turma é formada por alguns alunos já graduados e que resolveram fazer uma nova faculdade, como também por alunos mais novos vindos do ensino médio. Neste início, o Curso conta com a participação da terapeuta ocupacional Prof.ª Patrícia Romano, ministrando a disciplina História e Fundamentos da Terapia Ocupacional e pretendemos começar a formar uma equipe docente composta por terapeutas ocupacionais da região, que mostraram-se bastante motivados e disponíveis para contribuir com o curso. Desta maneira vejo que o Curso de Terapia Ocupacional aqui na região poderá fortalecer nossa profissão, agregando os profissionais, dando mais visibilidade à profissão e contribuindo para a expansão do mercado de trabalho”. ■

Tiago Ribeiro da Silva (Coordenador do Curso de Terapia Ocupacional Uniguaçu/Faesi.


FORMAÇÃO Depoimento dos alunos do 1ºPeríodo do Curso de Terapia Ocupacional da Uniguaçu/ Faesi

Alais da Silva: “Estou adorando o curso.. para eu poder ajudar o próximo.. acho a questão da inclusão muito importante e essas pessoas não podem ser excluídas... elas precisam de um profissional para reabilitá-las e integrálos na sociedade. Não é pela deficiência que ela precisa parar de fazer determinadas atividades. Gosto muito de criança.. e penso em trabalhar com crianças que tenham alguma deficiência, para ajudá-las a se reabilitarem, facilitando seus fazeres, como comer, brincar, criar e elaborar próteses caso tenham necessidade”. Elize Regina Raimund Guellere: “ Minhas expectativas são as melhores possíveis, por estar vinculada à saúde ... é uma área que vai estudar a prevenção de doenças e favorecer indivíduos no social, no funcional, no afetivo e enfim, ajudá-lo a viver melhor... Minha expectativa é grande com a profissão, principalmente para a região oeste, que tem uma carência deste profissional, pois os que mudam para cá não permanecem, por virem de longe e a área é ampla, abrangendo muitos campos de atuação..” Lucas Ebert Possato: “Já fiz o curso de formação docentes (antigo magistério) e lá tive contato com a educação especial que me chamou muito a atenção. Tenho interesse em poder trabalhar na área de educação especial. Minha expectativa é alta com esse curso que é novo aqui na nossa região. São poucos profissionais da Terapia Ocupacional atuando na região, o que nos dará oportunidade de atuar e trabalhar por aqui.”■

11


FISCALIZAÇÃO

Fiscalizações no Paraná passam a ser

educativas Mudança do perfil fiscalizatório significa transformação da atuação profissional Os últimos anos representam grandes mudanças nas fiscalizações no Estado do Paraná, caracterizado por uma fiscalização mais técnica e em defesa das prerrogativas dos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. Atribui-se parte dessa modificação ao trabalho desenvolvido nos últimos anos pelo Departamento de Fiscalização (DEFIS) do CREFITO-8, alterando significativamente o perfil das fiscalizações que antes tinham caráter punitivo/cartorário e passaram a ser, na sua grande maioria, técnicas/educativas. O Conselho passou a fiscalizar prerrogativas, o direito que os profissionais e a profissão têm. A fiscalização de cartorária/punitiva e técnica/educativa passa para um outro patamar, o de prerrogativa, e, o Conselho passa a fiscalizar o Direito do profissional e a conquista da profissão. Isto é, Valorização e Profissionalização ao ato fiscalizatório. Merece destaque também, ainda como pontos fundamentais desse processo, o sentimento de valorização dos profissionais percebidos e apontados pelo setor nas fiscalizações como: o cumprimento da jornada de trabalho de 30 hs pelas prefeituras, a inserção obrigatória dos terapeutas ocupacionais na UTI's (Unidades de Terapia Intensiva) por turno de 6 hs para cada 10 leitos, inserção da Terapia Ocupacional na TUSS (Terminologia Unificada de Saúde Suplementar), a inclusão obrigatória da consulta fisioterapêutica e terapêutica ocupacional paga a partir de 2014 pelas operadoras de saúde, as Resoluções de atestados, laudos e pareceres, prontuários, Parâmetros Assistenciais e Auditorias, entre outras que trouxeram

12

respaldo e segurança aos Profissionais. Essas conquista da profissão provocaram uma fiscalização direcionada às Prerrogativas, que são na verdade DIREITOS das profissões, reconhecidos pelo ESTADO, pelo Poder Público, constituindo-se em uma Vantagem, Concessão, Distinção um Direito Legal, isto é, respeito que os profissionais merecem ao exercício profissional. Fiscalização do CREFITO-8 A fiscalização é uma das principais atribuições do Conselho e tem por objetivo proteger a sociedade e fazer cumprir as normas para o exercício profissional. Atualmente o CREFITO-8 possui 6 fiscais, sendo 5 fisioterapeutas e 1 terapeuta ocupacional, distribuídos em Curitiba, Londrina, Cascavel e, a partir de 2014, também em Maringá. É importante ressaltar que nos casos onde é necessária conhecimento técnico específico, é a fiscal terapeuta ocupacional quem faz a fiscalização dos terapeutas ocupacionais. A divisão dos núcleos da Fiscalização foram alterados totalizando 25 (criação do núcleo de Telêmaco Borba). Com a contratação de novos fiscais, o Paraná passa a ter nova divisão do Mapa e uma fiscal com carro direcionada para Maringá e região. A intensificação do número de visitas do Departamento de Fiscalização do CREFITO-8 (DEFIS) abrangendo todo o Estado resultou na adequação da carga horária (30 Horas) em diversos Municípios. As ações do DEFIS nas regiões, contou com o apoio dos profissionais frente as demandas do dia a dia, promovendo a inserção profissional no mercado de trabalho. ■


PORTAL

Tenha acesso à artigos científicos que contribuem para a prática clínica

Está disponível em nosso site o acesso ao link “ Portal Saúde Baseado em Evidências”. O Portal é uma plataforma desenvolvida pelo Ministério da Saúde, em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), que disponibiliza aos profissionais, acesso gratuito a documentos científicos baseados em evidências na área de saúde. Entre os conteúdos estão documentos escritos, fotos, vídeos, além de ferramentas como calculadoras médicas e de análise estatística. O PORTAL SAÚDE BASEADA EM EVIDÊNCIAS, é acessível de forma gratuita aos profissionais da saúde. Para acessá-lo, acesse o site do CREFITO-8, ou, entre no site www.saude.gov.br, e tenha acesso a conteúdos e evidências científicas, de alto nível, do mundo todo, dando informações essenciais que apoiam a prática clínica e auxiliam a tomar decisões. Basta fazer o seguinte: 1° Passo: clique na marca do PORTAL SAÚDE BASEADA EM EVIDÊNCIAS, no canto superior

direito no home www.crefito8.org.br; 2° Passo: Escolha o Perfil “ Confirmar “; 3° Passo: Clique no menu ATENÇÃO “ Realize o Cadastro de novo usuário “ 4° Passo: Na etapa seguinte, selecione a sigla correspondente ao seu Conselho de Classe (COFFITO) no campo “ Conselho”. Informe o seu número de registro sem traço (ex 2020TO), a unidade da federação, a sua data de nascimento, clique depois em “avançar”; 5° Passo: Aparecerá o formulário “Cadastro de Usuário”; informe seu e-mail, crie uma senha de acesso; clique em “gravar” para finalizar o cadastro; 6° Passo: agora que você já possui sua senha de acesso, está na hora de iniciar a exploração dos conteúdos do portal. Em caso de dúvidas ou dificuldade de acesso, entre em contato conosco através do e-mail comunicacao@ crefito8.org.br ou pelo número 0800 645 2009 setor Comunicação. ■

13


PROFISSÃO Câmaras Técnicas de Terapia Ocupacional do CREFITO-8 atuam na defesa da profissão nas esferas política, social e educacional Em abril de 2014, o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional 8ª Região – CREFITO-8, iniciou a execução do projeto de implantação das Câmaras Técnicas de Terapia Ocupacional, que consistem em grupos de discussão de temas relacionados às especialidades da Terapia Ocupacional. A principal finalidade das Câmaras Técnicas é o fortalecimento das especialidades da Terapia Ocupacional, através do aprofundamento da discussão de assuntos pertinentes às áreas. Os componentes de cada Câmara Técnica irão delinear um diagnóstico da situação das especialidades do ponto de vista político e do mercado de trabalho em âmbito regional e nacional, e a partir disto, traçar as ações cabíveis através de um plano de ação. Considerando a atribuição do CREFITO-8 de defender a profissão de Terapia Ocupacional, através de ações desenvolvidas nas esferas política, social e educacional, visando a qualidade ética e científica da assistência profissional, as Câmaras Técnicas de Terapia Ocupacional possuem as seguintes competências: •Realizar discussões com os principais representantes da área; •Prestar consultoria e emitir parecer técnico em matérias relacionadas; •Apoiar demais entidades representativas da classe; •Incentivar a criação de Associações de especialidades regionais; •Promover fóruns de discussão com os profissionais; •Encaminhar matérias para consulta junto ao COFFITO. O cronograma de implantação das Câmaras Técnicas iniciou em abril de 2014, com a abertura da Câmara Técnica de Saúde Funcional e o planejamento é de que no prazo de um ano existam grupos relacionados a todas as áreas. As Câmaras Técnicas serão divididas de acordo com as especialidades que atualmente são reconhecidas pelo COFFITO, conforme as Resoluções COFFITO n° 366/09 e 429/13, que reconhecem as seguintes especialidades: • Saúde Funcional; • Saúde Mental;

14

• Contextos Sociais; •Saúde Coletiva; •Saúde da Família; • Contextos Hospitalares. A Coordenação geral das Câmaras Técnicas de Terapia Ocupacional será realizada pela Assessoria de Terapia Ocupacional do CREFITO-8, sendo indicado um representante de cada área para realizar a Coordenação de cada especialidade, e ainda três profissionais da área relacionada. Sendo assim, as Câmaras Técnicas terão a seguinte constituição: • Coordenação Geral - Assessoria Técnica de Terapia Ocupacional; Por especialidade: • 1 coordenador - terapeuta ocupacional regularmente inscrito, que atue na área temática da Câmara, indicado pela Diretoria do CREFITO-8; •3 profissionais - terapeutas ocupacionais regularmente inscritos, que atuem na área temática da Câmara, indicados pela Diretoria do CREFITO-8 e/ou coordenador do grupo. A Associação Cultural dos Terapeutas Ocupacionais do Paraná (ACTOEP) poderá indicar um dos três profissionais. As reuniões terão a frequência mensal ou quinzenal, de acordo com a demanda apresentada pela área. As discussões das Câmaras Técnicas deverão permear temas relacionados às Especialidades, incluindo a legislação específica, as políticas públicas, discussões de grupos de profissionais em âmbito nacional, e demais demandas relacionadas. Câmara Técnica de Terapia Ocupacional em Saúde Funcional Inaugurada em abril, a Câmara Técnica de Terapia Ocupacional em Saúde Funcional tem discutido acerca da ascensão e reconhecimento da especialidade em âmbito nacional, e ainda sobre a criação da Associação representativa da área. Sua primeira ação está sendo a organização do I Simpósio de Terapia Ocupacional em Saúde Funcional do Crefito-8, que acontecerá durante o VI Congresso Paranaense de Terapia Ocupacional, no dia 22/08/2014. ■


CIF

O desafio de classificar a Funcionalidade ou Incapacidade de uma pessoa – A CIF como ponto de partida A Terapia Ocupacional é uma profissão em amplo crescimento no Brasil e no mundo. Contudo, é importante que esta desenvolva sistemas e métodos apropriados para explorar suas especialidades e gerar conhecimento de maneira técnica e sistemática. Se nós não temos um mapa de nosso próprio território, nós estamos suscetíveis à colonização, lembra McWhinney (apud GUSSO, 2009). Este é, sem dúvida alguma, um aspecto que não pode ser esquecido na sociedade em que vivemos. Com a apresentação da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) em 2003 (OMS, 2011), todas as profissões que trabalham com a saúde têm se deparado com uma classificação internacional que nasceu multidisciplinar e que permite pensar a saúde de uma pessoa de forma ampliada. Particularmente, a Terapia Ocupacional encontra nesta classificação uma nomenclatura que lhes é peculiar, e um modelo teórico que, em parte, já era utilizado no seu raciocínio clínico do dia-a-dia. Ou seja, a convicção de que a incapacidade ou a funcionalidade não são consequência apenas da presença ou ausência de doenças, mas que a interação das características da saúde de uma pessoa com os fatores contextuais é que produz a funcionalidade ou a incapacidade (OMS, 2011). Os profissionais que trabalham com pessoas com deficiência certamente já vivenciaram situações inusitadas de funcionalidade ou incapacidade. Eu particularmente vivenciei uma situação muito marcante de funcionalidade em minha vida profissional. Em visita a uma escola pública para avaliar fatores que interferiam no desempenho ocupacional de crianças e jovens com deficiência nas atividades escolares, deparei-me com um aluno com ausência de membros superiores e inferiores. O aluno colocava o lápis na boca para escrever e como não tinha mobilidade e estabilidade corporal para escrever por toda a folha do caderno, escrevia primeiro de baixo para cima,

da direita para esquerda, as palavras ao contrário, até a metade da folha. Depois, virava o caderno e continuava escrevendo até terminar a folha. Como definir esta situação de funcionalidade: superação ou oportunidade? Incrivelmente ainda vivemos em uma sociedade onde ter uma deficiência é considerado como exceção, apesar de o censo de 2010 mostrar que no Brasil temos 23,92% da população com algum tipo de deficiência (IBGE, 2010). A sociedade trata as pessoas com deficiência de forma tão exclusiva que, quando se encontra a funcionalidade em uma condição de deficiência, ela vira notícia. Passou da hora de entendermos que ter uma deficiência é inerente à vida. O que falta é uma maior inclusão social da pessoa com deficiência. Vejo, pela minha experiência, que além da superação, que é um aspecto pessoal e que depende também de apoio, serviços e políticas, falta a oportunidade, por atitudes da sociedade, de pessoas com deficiência mostrarem que existem outras formas de as atividades serem realizadas, sem que ela pareça anormal. Esta situação mostra que definir funcionalidade e incapacidade não é apenas uma questão de linguagem, mas também uma questão de atitude da sociedade em relação à funcionalidade e incapacidade de pessoas com deficiência. Essa mudança começa a acontecer na medida em que os profissionais mais diretamente envolvidos com as pessoas com deficiência tenham uma experiência mais profunda e aberta do que seja funcionalidade e incapacidade e que se utilizem de uma linguagem comum. A CIF é por excelência uma ferramenta para isto. O que é importante e necessário é que profissionais utilizem a classificação e seus conceitos de forma correta (OMS, 2011). Importante entender é que o modelo da CIF deverá servir como base para futuras definições de referência sobre incapacidade e funcionalidade e deve »

15


CIF constituir-se como padrão para medidas que possam melhor informar a política pública, a alocação de recursos, o gerenciamento de cuidados e muitos outros aspectos de uma necessária resposta social à condição de funcionalidade ou incapacidade (NUBILA & BUCHALLA, 2008). O termo funcionalidade indica aspectos positivos entre a interação de uma pessoa (com uma determinada condição de saúde) e seus fatores contextuais (fatores ambientais e pessoais). Já o termo incapacidade, indica aspectos negativos desta interação (OMS, 2011). Entender esta interação e o que pode estar interferindo positiva ou negativamente na mesma, é questão fundamental para uma correta avaliação de incapacidade e/ou funcionalidade.

conhecimento profissional junto a outros profissionais, pessoas com deficiência, suas famílias e sociedade em geral. É urgente, dentro de nossa vida profissional e acadêmica, que a CIF seja compreendida e utilizada, para que possamos, ao dominar seus constructos, ajudar a sociedade em geral entender melhor o papel e valor social de nossas profissões, bem como ajudá-la a compreender como podemos diminuir as barreiras e tornar a vida das pessoas, com ou sem deficiência, mais funcional, com igualdade de direitos e oportunidades. Desta forma, estudar, utilizar e discutir a CIF em nosso meio profissional e de maneira multidisciplinar , é peça chave para o crescimento de nossas profissões. ■

Cabe então, ao profissional, analisar e compreender o que pode ser positivo ou negativo na interação de uma pessoa (com ou sem deficiências de funções e estruturas do corpo) em um determinado contexto. Lembrando que o termo funcionalidade e incapacidade têm a ver com uma situação de vida, ou seja, a pessoa é funcional ou incapaz para realização de atividades e/ou participação social, esta funcionalidade ou incapacidade são dependentes de fatores ambientais, que podem ser caracterizados como facilitadores ou barreiras, e fatores pessoais, que são características do indivíduo que não são parte de uma condição de saúde. A CIF nos presenteia, profissionais da Fisioterapia e Terapia Ocupacional, por meio do modelo Biopsicossocial com seus conceitos e sua classificação, dando-nos uma excelente oportunidade para o domínio, construção e apresentação de nosso

Prof. Dr. Renato Nickel - 2683-TO Professor Adjunto UFPR e Membro do Grupo de Trabalho de Saúde Funcional do CREFITO-8

Referências: GUSSO, G D FERREIRA. “Diagnóstico de demanda em Florianópolis utilizando a Classificação Internacional de Atenção Primária: 2ª edição (CIAP – 2). Tese (Doutorado em ciências), Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009. Disponível em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5159/tde-08032010-164025/pt-br.php> Acesso em 04/02/2014. DI NUBILIA, H B V; BUCHALLA, C M. “O papel das classificações da OMS – CID e CIF nas definições de deficiência e incapacidade”. Rev Bras Epidemiol, São Paulo, V. 11, n 2, p. 324-35, jun. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo. php?pid=S1415-790X2008000200014&script=sci_arttext> Acesso em 03/02/2014. IBGE – Censo demográfico 2010 – Dados preliminares. CIF – CJ: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde: versão para Crianças e Jovens/ Centro Colaborador da OMS para Família de Classificações Internacionais em Português. Edusp, São Paulo, 2011.

16


ARTIGO Atenção Primária à Saúde: Desafios para o Ensino e Assistência em Terapia Ocupacional Os terapeutas ocupacionais, dentre outros profissionais, participaram dos movimentos para criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e continuam participando ativamente para a construção e efetivação do SUS como, por exemplo, nas conferências municipais, estaduais e nacionais de saúde, em sua prática no cotidiano dos serviços de saúde (assistência e gestão) e na formação profissional (ensino-pesquisa-extensão). Neste sentido, o Curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Paraná, em seus 13 anos de existência, tem buscado formar profissionais terapeutas ocupacionais para atuarem em diversos campos, entre eles o da Saúde, em acordo com as políticas públicas brasileiras e as práticas histórica e socialmente construídas e legitimadas no campo da Terapia Ocupacional. Para que o formando em Terapia Ocupacional seja capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para os mesmos, durante a formação profissional é necessário que ele tenha a oportunidade de observar/ vivenciar/ experienciar práticas profissionais, sejam elas de promoção e proteção da saúde, prevenção e tratamento/ reabilitação de sequelas de doenças e/ou agravos à saúde, tanto em nível individual quanto coletivo. Assim, a parceria entre as Instituições de Ensino Superior e os Serviços de Saúde constitui a estratégia principal para o planejamento de ações pedagógicas/formativas e os serviços são o locus para a implementação destas ações. O desafio é assegurar que as ações realizadas em um nível de atenção, sejam efetivadas de forma integrada e contínua com a equipe do serviço parceiro e as demais instâncias do SUS. As atividades do Curso na Atenção Primária à Saúde (APS), iniciaram em 2004, com a inserção de Estágios Supervisionados de Observação e Prática em Terapia Ocupacional em Unidades Básicas de Saúde. Na época, o enfoque era no atendimento em grupo (saúde mental, adolescentes gestantes e hipertensos, diabéticos e terceira idade, crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social), atendimento domiciliar (acamados, pós-avc e transtornos mentais,

por exemplo) e atendimento à pessoas com deficiência no contexto escolar. Atualmente, além dos estágios, os professores ainda participam/desenvolvem projetos de pesquisa e extensão no âmbito da APS, como por exemplo, Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde (PET-Saúde). Estes projetos efetivam a parceria entre e as IES e Secretárias Municipais de Saúde, com propostas efetivas de intervenção para mudanças nos cenários locais de construção/produção de saúde. As mudanças no cenário atual, como por exemplo, dos processos de trabalho do SUS, podem contribuir para consolidação das práticas em Terapia Ocupacional na Atenção Primária à Saúde, favorecendo o processo formativo com maior aproximação dos serviços, das equipes de saúde (ESF e NASF) e das metodologias de trabalho inerentes a esse nível de atenção à saúde, como por exemplo, a construção de projeto terapêutico singular e o apoio matricial.

Desafios do processo formativo na UFPR: (1) A existência do profissional terapeuta ocupacional na Rede de Atenção Básica à Saúde no Município de Curitiba que, entre outros aspectos, ampliaria as práticas pedagógicas e assistenciais e ofereceria modelos/referências da prática do cotidiano do serviço para o formando; (2) Elaboração, aprovação, implementação e consolidação de políticas públicas da saúde, que por vezes contemplam as práticas construídas histórica e socialmente pelos terapeutas ocupacionais, desde a criação da Estratégia de Saúde da Família até os Núcleos de apoio à Saúde da Família, entre outras; (3) Os Programas de Residência Multiprofissional (Saúde da Família e afins) contemplarem em seus editais vagas para terapeutas ocupacionais. ■

Derivan Brito da Silva* Regina Célia T. Castanharo* Alessandro R. P. Tomasi* Ana Beatriz Zimmermann* *Professores do Departamento e do Curso de Terapia Ocupacional da UFPR.

17


ESTANTE DO SABER Espaço dedicado para livros publicados por terapeutas ocupacionais no país. “O livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive” (Padre Antonio Vieira) Autismo: Perspectivas no Dia a Dia Dia 08 de abril de 2014, foi lançado em Curitiba, o livro “Autismo: Perspectivas no Dia a Dia” tendo como organizadores as terapeutas ocupacionais paranaenses Dras. Claudia Omairi e Marcia Regina Machado Santos Valiatti e os neuropediatras Drs. Mariane Wehmuth e Sergio Antonio Antoniuk. O livro foi desenvolvido por diversos autores, dentre eles as terapeutas ocupacionais Dras. Danielli Bernert e Nydia Cristriane Cunha. A obra apresenta de que forma podemos trabalhar com crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), para que elas conquistem autonomia e sejam capazes de construir o seu conhecimento.Os autores elaboraram um livro científico que possui uma linguagem clara e simples, o que o torna uma referência aos profissionais, e ainda aos pais que desejam entender e contribuir para o desenvolvimento de seus filhos com TEA. Reabilitação em Cuidados Paliativos Lançado em julho no Brasil, o livro Reabilitação em Cuidados Paliativos foi organizado pelas terapeutas ocupacionais Dras. Ana Patrícia Costa e Marília Bense Othero. Este livro é um manual indispensável em Cuidados Paliativos que fundamenta em 31 capítulos a importância da Reabilitação nesta área de saúde. É uma obra que combina autores portugueses e brasileiros, trazendo ao leitor a possibilidade de compreender o trabalho dos terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, fisiatras, nutricionais, enfermeiros de reabilitação na assistência ao doente e família que enfrentam uma doença grave e ameaçadora da vida, incluindo textos teóricos e relatos de experiências. TERAPIA OCUPACIONAL: Contribuições e perspectivas no atendimento à pessoa amputada

Foi lançado em junho deste ano, o livro “TERAPIA OCUPACIONAL: Contribuições e perspectivas no atendimento à pessoa amputada”, das autoras terapeutas ocupacionais Dras. Marilda Coelho Barçante Pires e Simone Maria de Bastos. De acordo com a Dra. Simone, o livro nasceu do desejo de registrar sua experiência no serviço público com pacientes amputados adultos. “Espero que atenda aos questionamentos dos amputados, dos seus familiares, dos Terapeutas Ocupacionais e estudantes de Terapia Ocupacional e demais áreas”, diz.

18


TUDO O QUE O SISTEMA COFFITO/ CREFITO FAZ PELO TERAPEUTA OCUPACIONAL O que o Conselho faz pelo profissional? Reconhece especialidades (Saúde Funcional, Saúde Mental, Acuputura, etc) Delimita áreas de atuação; Normatiza metodologias e técnicas com parâmetros assistenciais e éticos; Representa a profissão e o profissional no Serviço Público (Prefeitura, Estado e União) representando a atividade profissional, visando maior inserção com cargos e concursos; Defende 30 horas de jornada; Atua na defesa do cumprimento de normativas relacionadas à prática profissional; Fiscaliza o exercício garantindo a presença do profissional em clínicas e hospitais, com técnicas, métodos e especialidades próprias; Atua na defesa da sociedade em relação a prestação de serviços éticos e de qualidade; Apoia e participa das negociações com Planos de Saúde; Cria e fiscaliza o referencial de procedimentos dos profissionais; Propõe e acompanha Projetos de Lei no Congresso que digam respeito às profissões.

O que o Conselho não pode fazer pelo profissional? Estabelecer piso salarial (compete ao Sindicato); Transformar anuidade em benefício (proibido por lei); Negociar valores. SERVIÇOS QUE O CREFITO-8 OFERECE AO PROFISSIONAL • Site – O site do CREFITO-8 é repleto de informações que mantém o profissional sempre atualizado sobre a profissão e sobre as ações do Conselho. Lá é possível encontrar: Legislação, vagas de emprego, cursos, concursos, eventos, pesquisa por profissional, emissor/verificador de DRF, banco de currículos, portal de denúncias, notícias, etc.

atualizado constantemente, trazendo informações acontecimentos que envolvem a Terapia Ocupacional.

e

• Revista – Traz textos técnicos, assuntos temáticos e entrevistas com profissionais. • Comissões – São 13 Comissões que compõe o CREFITO-8, com mais de 50 profissionais, estando entre elas a Comissão de Tomada de Contas, Comissão de Fiscalização, Comissão de Ética, Comissão Científica, dentre outras. • Fiscalização – Atualmente o o Departamento de Fiscalização (DEFIS) do CREFITO-8 possui 6 fiscais, sendo 5 fisioterapeutas e 1 terapeuta ocupacional, distribuídos em Curitiba, Londrina, Cascavel e Maringá. • Agenda Positiva – Ações para a população em parceria com as especialidades para promover a identidade profissional dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais. • Representação Jurídica – Defesa das Prerrogativas Profissionais: exercício professional junto aos planos de saúde, cumprimento da carga horária de 30 horas semanais. • PGTO – O Plano de Gestão da Terapia Ocupacional foi criado coletivamente a partir de discussões em audiências públicas regionais com base nas demandas da profissão. • Pareceres/ Laudos Técnicos – Elaboração dos pareceres e laudos técnicos sempre que solicitados pelos profissionais e órgãos públicos. • Assessoria Técnica ao Profissional– Atendimento virtual com retorno em até 24 horas e 0800 625 2009 para atender ao profissional. • Assessoria de Comunicação – Divulgação de eventos, intermédio de informações com a mídia, produção de conteúdo e marketing.

• Portal Eletrônico do Profissional – Situado no site do CREFITO-8, o profissional pode alterar informações cadastrais, emitir boletos e outros serviços.

• Participação nas Políticas Públicas – Inserção dos profissionais nas políticas públicas com representatividade nas Comissões Municipais e Estaduais de Saúde.

• Boletim Informativo – Enviado quinzenalmente por e-mail, para manter o profissional informado sobre as ações do Conselho e atualidades da profissão.

• Câmaras Técnicas de Terapia Ocupacional – Grupos de discussão de temas relacionados às Especialidades de Terapia Ocupacional, com a finalidade de atualizar os estudos relacionados ao tema e, com isso, fortalecer a profissão.

• Facebook – Portal de comunicação com o profissional,



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.