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NA ESCOLA ESTADUAL RUTH PASSARINHO (BELÉM PA, 2019) Geraldo Magella de Menezes Neto

“SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA” E LITERATURA DE CORDEL: RELATO DE EXPERIÊNCIAS NO ENSINO DE HISTÓRIA NA ESCOLA ESTADUAL RUTH PASSARINHO

(BELÉM-PA, 2019)1

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Geraldo Magella de Menezes Neto

RESUMO

A lei 10639/03 estabeleceu a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e a “Semana da Consciência Negra” nas escolas. Desde então, as instituições de ensino têm promovido eventos e atividades como forma de valorização da população negra e também para combater o racismo. Nesse sentido, o presente artigo apresenta um relato de experiência sobre atividades desenvolvidas na Escola Estadual Ruth Passarinho, em Belém do Pará, para discussão da temática negra com uma turma do 7º ano, no ano de 2019. Para tal, utilizamos como recurso didático a literatura de cordel a partir do livro Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis, da cordelista e escritora cearense Jarid Arraes. Utilizando versos biográficos sobre Aqualtune, Dandara dos Palmares, Tereza de Benguela e Eva Maria de Bonsucesso, analisamos a trajetória das mulheres negras na história do Brasil, destacando suas lutas em suas épocas, como a resistência à escravidão e contra a violência contra a mulher. Dentre as atividades realizadas, estão a produção de cartazes e a realização de uma peça sobre a vida de Eva Maria de Bonsucesso. Entendemos que a literatura de cordel produzida por Jarid Arraes, que pode auxiliar nas discussões de questões como o racismo e gênero, contribuindo para valorizar a trajetória de mulheres negras na história do Brasil.

Palavras-chave: Ensino de História. História e cultura afro-brasileira. Literatura de cordel. 1. INTRODUÇÃO3

Eu só acho um absurdo Porque nunca ouvi falar Na escola ou na tevê Nunca vi ninguém contar Sobre a garra de Aqualtune E o que pode conquistar

Uma história como a dela Deveria ser contada Em todo livro escolar Deveria ser lembrada No teatro e no cinema Que ela fosse retratada. (ARRAES, 2017, pp. 31-32).

1 Uma versão preliminar deste trabalho foi apresentada no X Encontro Estadual de História da Anpuh-Bahia “Combates pela História”, realizado de forma online entre os dias 20 e 23 de outubro de 2020. 2 Doutor em História Social da Amazônia na Universidade Federal do Pará (UFPA). Professor de História da Secretaria Municipal de Educação de Belém-PA (SEMEC). Professor de História e Estudos Amazônicos da Secretaria de Estado de Educação do Pará (SEDUC). E-mail: geraldoneto53@hotmail.com3O autor agradece à vice-diretora Heloísa e às coordenadoras pedagógicas Irlana e Vânia, da Escola Ruth Passarinho, pelo apoio na realização da atividade relatada neste texto. Este trabalho é dedicado aos alunos da escola.

Os versos da literatura de cordel de Jarid Arraes4 chamam atenção para uma discussão importante: a exclusão ou a pouca abordagem da história afro-brasileira no currículo escolar. Os versos fazem parte da narrativa da vida de Aqualtune, uma princesa africana que foi escravizada no Brasil e fez parte da resistência negra contra a escravidão, além de ser avó de Zumbi dos Palmares. (ARRAES, 2017). A história da Aqualtune não aparece nos livros didáticos de História, sendo pouco conhecida, fato que é denunciado pela cordelista Jarid Arraes. Tomamos como ponto de partida estes versos para trazer neste artigo um relato de experiência no ensino de História sobre a discussão da temática negra em sala de aula. Apresento aqui atividades desenvolvidas em uma turma do 7º ano na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Ruth Passarinho5, de Belém do Pará, na “Semana da Consciência Negra”, no mês de novembro de 2019. A obra de Jarid Arraes, Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis foi utilizada como recurso didático para trabalhar com os alunos a temática afro-brasileira. O texto está dividido da seguinte forma: primeiro, discuto a importância da lei 10639/03 que estabeleceu a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira em sala de aula e faço um comentário sobre o livro didático de História adotado escola Ruth Passarinho; segundo, discorro sobre o livro Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis e a literatura de cordel enquanto fonte para uma discussão da história dos negros no Brasil; por fim, apresento as atividades desenvolvidas na escola na “Semana da Consciência Negra”.

4 Jarid Arraes é escritora, cordelista, poeta e autora dos livros Redemoinho em dia quente, Um buraco com meu

nome, As lendas de Dandara e Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis. Curadora do selo literário “Ferina”, atual-

mente vive em São Paulo (SP), onde criou o clube da escrita para mulheres e tem mais de 70 títulos publicados em literatura de cordel. Ver http://jaridarraes.com/biografia/ Acesso em: 04 out. 2020. 5 A escola Ruth Passarinho se localiza no bairro Curió-Utinga, em Belém. A escola possui 502 alunos matriculados nos três turnos – manhã, tarde e noite. A clientela atendida pela escola é basicamente formada por crianças, jovens e adultos provenientes de família de baixa renda, com baixo poder aquisitivo e que residem na área de invasão próxima ao manancial do Utinga e outras próximas ao Porto da CEASA. (EEEFM RUTH PASSARINHO, 2019, p. 5). A missão da escola, segundo o que estabelece o seu Projeto Político Pedagógico, é “assegurar um ensino de qualidade, democrático e participativo, a fim de garantir aos educandos o acesso e permanência à escola, formando cidadãos críticos e autônomos, capazes de agir na transformação da sociedade.” (EEEFM RUTH PASSARINHO, 2019, pp. 11-12). Dessa forma, pensamos numa atividade relacionada à temática negra que estimulasse uma consciência crítica em relação ao racismo existente no Brasil.

2. DESENVOLVIMENTO 2.1 – A lei 10639/03 e a história e cultura afro-brasileira

A lei 10639/03, instituída pelo governo federal no início do governo Lula, se tornou um marco importante porque estabeleceu a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas. O conteúdo programático sugerido pela lei inclui o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil. Além disso, estabeleceu o dia 20 de novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra”, data que passou a fazer parte do calendário escolar. (BRASIL, 2003)6 . A lei, resultado principalmente da demanda do movimento negro, é fundamental porque ao longo do tempo a história dos negros foi “apagada” da história do Brasil ensinada nas escolas por meio dos livros didáticos. Tal silenciamento foi um projeto das elites intelectuais e políticas brasileiras desde o século XIX, a partir da atuação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) que, ao pensarem um projeto de nação, buscaram valorizar a contribuição do branco português que era visto como um ser civilizado. Assim, almejavam que o Brasil atingisse o “grau de civilização” das nações europeias, desprezando a influência do negro africano, visando assim um “embranquecimento” da sociedade brasileira7. Tal desvalorização da história dos negros se estendeu por um longo período do século XX. Kabengele Munanga aponta que:

A história da África na historiografia colonial foi negada e quando foi contada o foi do ponto de vista do colonizador. Da mesma maneira, a história do negro no Brasil passou pela mesma estratégia de falsificação e de negação e quando foi contada o foi do ponto de vista do outro e de seus interesses. (MUNANGA, 2015, p. 31).

Os livros didáticos no Brasil, seguindo os projetos e as ideias das elites políticas e intelectuais iniciados no século XIX, também reproduziram por muito tempo o “apagamento” dos negros na história –, ora simplesmente silenciando suas contribuições, ora representando-os de forma estereotipada, apenas como escravos. Munanga observa que:

Partindo da tomada de consciência dessa realidade, sabemos que nossos instrumentos de trabalho na escola e na sala de aula, isto é, os livros e outros materiais didáticos visuais e audiovisuais carregam os mesmos conteúdos viciados, depreciativos e preconceituoso em relação aos povos e culturas não oriundos do mundo ocidental. (MUNANGA, 2005, p. 15).

6 Nesse contexto de lutas do movimento negro que culminou na promulgação da lei 10639/03, o Ministério da Educação patrocinou a publicação do livro Superando o racismo na escola, organizado por Kabengele Munanga, acolhendo sugestão do Grupo Interministerial para Valorização da População Negra. (MUNANGA, 2005). O livro era destinado aos professores da educação básica, com sugestões de atitudes práticas contra o racismo no cotidiano escolar. 7 Conforme aponta Lilia Schwarcz, em um contexto de discussão da história da nação e da identidade nacional, o IHGB fez um concurso em 1844 sobre o melhor projeto com o tema “Como escrever a história do Brasil”. O vencedor foi o naturalista alemão Karl Friedrich Phillipp Von Martius, que propunha uma maneira de entender o Brasil a partir das três raças que o compunham: o branco, o índio e o negro. Contudo, cada uma teria um papel específico nesta história: ao branco, cabia representar o papel de elemento civilizador. Ao índio, era necessário restituir sua dignidade original, ajudando-o a galgar os degraus da civilização. Ao negro, por fim, restava o espaço da detração, uma vez que era entendido como fator de impedimento ao progresso da nação. (SCHWARCZ, 1993, pp. 146-147).

Dessa forma, a lei também é um importante recurso para se combater o racismo8 , o preconceito racial9 e a discriminação racial10 , práticas infelizmente ainda presentes na sociedade brasileira, caracterizada pela desigualdade racial11 . A partir da educação, busca-se uma formação que possa conscientizar a sociedade para uma postura de respeito aos negros, sua diversidade, cultura e história. Tal postura é necessária, porque, conforme analisa Ana Célia da Silva, a ausência de uma identificação dos alunos negros com a sua cultura e a sua história na escola e nos materiais didáticos, cria um sentimento de “auto-rejeição” e “baixa auto-estima”:

Os estereótipos, a representação parcial e minimizada da realidade, conduzem o estereotipado e representado, em grande parte, à auto-rejeição, à construção de uma baixa autoestima, à rejeição ao seu assemelhado, conduzindo-o à procura dos valores representados como universais, na ilusão de tornar-se aquele outro e de libertar-se da dominação e inferiorização.

Os sinais da auto-rejeição são visíveis nos descendentes de africanos, bem como nos descendentes de indígenas aculturados na América Latina. (SILVA, 2005, p. 30).

Seguindo as orientações da lei 10639/03, na Escola Ruth Passarinho são realizadas atividades voltadas para a valorização da história e cultura afro-brasileira, culminando na “Semana da Consciência Negra”, no mês de novembro. Com o evento, a escola corrobora com o que diz Munanga, que acredita que a educação é capaz de oferecer tanto aos jovens como aos adultos “a possibilidade de questionar e desconstruir os mitos de superioridade e inferioridade entre grupos humanos que foram introjetados neles pela cultura racista na qual foram socializados.” (MUNANGA, 2005, p. 17).

8 Segundo Nilma Lino Gomes, “o racismo é, por um lado, um comportamento, uma ação resultante da aversão, por vezes, do ódio, em relação a pessoas que possuem um pertencimento racial observável por meio de sinais, tais como: cor da pele, tipo de cabelo, etc. Ele é por outro lado um conjunto de ideias e imagens referente aos grupos humanos que acreditam na existência de raças superiores e inferiores. O racismo também resulta da vontade de se impor uma verdade ou uma crença particular como única e verdadeira.” (GOMES, 2005, p. 52).9 Nilma Lino Gomes aponta que “o preconceito é um julgamento negativo e prévio dos membros de um grupo racial de pertença, de uma etnia ou de uma religião ou de pessoas que ocupam outro papel social significativo. Esse julgamento prévio apresenta como característica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestem. Trata-se do conceito ou opinião formados antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos. O preconceito inclui a relação entre pessoas e grupos humanos. Ele inclui a concepção que o indivíduo tem de si mesmo e também do outro.” (GOMES, 2005, p. 54). 10 Para Nilma Lino Gomes, “a discriminação racial pode ser considerada como a prática do racismo e a efetivação do preconceito. Enquanto o racismo e o preconceito encontram-se no âmbito das doutrinas e dos julgamentos, das concepções de mundo e das crenças, a discriminação é a adoção de práticas que os efetivam.” (GOMES, 2005, p. 55). 11 Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 56,10% da população brasileira se declara negra (O IBGE considera negros como a soma dos que se declaram pretos e pardos). Contudo, os negros são minoria nas posições de liderança no mercado de trabalho e entre os representantes políticos no Legislativo. Também são uma parte ínfima da magistratura brasileira. Entre aqueles que não têm emprego ou estão subocupados, negros são a maior parte. Também são a maior parte entre as vítimas de homicídio e compõem mais de 60% da população carcerária do país. Negros também são subrepresentados no cinema, sendo minoria entre os vencedores e os integrantes de júris de premiações. Ver AFONSO, Nathália. Dia da Consciência Negra: números expõem desigualdade racial no Brasil. 20 nov. 2019. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2019/11/20/consciencia-negra-numeros-brasil/ Acesso em: 05 out. 2020.

Embora em Belém o dia 20 de novembro não seja feriado como em outras capitais, na cidade ocorrem várias programações, organizadas pelas escolas e pelo movimento negro, a exemplo do Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará (CEDENPA)12 , que visam debater a situação da população negra na região. As coordenadoras da escola recomendaram realizar alguma atividade sobre a temática negra que envolvesse os alunos; ao final seriam atribuídos dois pontos (2,0) que valeriam para todas as disciplinas. Fiquei responsável por coordenar as atividades da turma do 7º ano. Em primeiro lugar, recorri ao material disponível que cada aluno da escola possuía: o livro didático de História. O livro adotado pela escola era o Integralis história 7º ano, cujos autores são Pedro Santiago13, Maria Aparecida Pontes14, Célia Cerqueira15, da editora IBEP, de São Paulo. (SANTIAGO; PONTES; CERQUEIRA, 2015). O livro foi aprovado pelo Programa Nacional do livro Didático (PNLD) para os anos de 2017, 2018 e 2019. Tive uma surpresa ao verificar que nos onze capítulos do livro não havia nenhum capítulo sobre a África e sobre os negros no Brasil16! Isto em plena vigência da lei 10639/03. Outros livros voltados para o 7º ano costumam abordar os reinos africanos antes de tratar das navegações europeias dos séculos XV e XVI17 . O livro Integralis história 7º ano traz em seus capítulos uma abordagem eurocêntrica, dedicando apenas um para tratar do mundo islâmico e outro sobre os povos ameríndios, como os maias, astecas e incas, além dos povos tupi-guarani no Brasil18. Mesmo o livro didático indicando em sua bibliografia de referência os livros História geral da África, coordenado por Gamal Mokhtar, e A enxada e a lança: a África antes dos portugueses, de Alberto da Costa e Silva, en-

tendemos que o uso dessas obras não foi o suficiente para o livro didático realizar uma abordagem mais profunda da história do continente africano e dos negros no Brasil.

12 Segundo informações de seu site, o Cedenpa “é uma Entidade sem fins lucrativos, sem vínculos políticospartidários, fundada em 10 de agosto de 1980 e legalizado em 27 de abril de 1982, que, a partir do Estado do Pará, vem contribuindo no processo de superação do racismo, preconceito e discriminação, que produzem a desigualdades sócio-raciais, de gênero e outras, prejudicando, sobretudo, a população negra e indígena, em todos os aspectos da sociedade brasileira. Trata-se de uma associação composta por um bocado de negras e negros, de diferentes faixas etárias, níveis de escolaridade, níveis de informação, profissões/ ocupações, orientações sexuais, níveis de renda, religiões, estaturas, volume corporal, vícios, e outros aspectos da individualidade. Junto com esse punhado de negras e negros, estão, também, um punhado de pessoas não-negras, as quais, de diferentes maneiras, apoiam esse difícil trabalho de protagonizar ações voltadas a remover obstáculos antigos e novos, impostos pelo segmento racial-racista hegemônico.” Ver CEDENPA. Quem Somos. Disponível em: http://www.cedenpa.org.br/ Quem-somos Acesso em: 06 out. 2020. 13 Pedro Santiago é graduado pela Universidade de São Paulo (USP), Mestre em História Social do Trabalho pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Professor do Ensino Básico na rede pública e Professor universitário. (SANTIAGO; PONTES; CERQUEIRA, 2015). 14 Maria Aparecida Pontes é Pedagoga, graduada pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e consultora pedagógica na área de publicações didáticas. 15 Célia Cerqueira é Bibliotecária, graduada pela Universidade de Brasília (UNB) e consultora pedagógica na área de publicações didáticas. 16 Cabe esclarecer que não participei da escolha deste livro, pois iniciei minhas atividades como professor da escola somente em setembro de 2019. 17 Afirmo isto baseado em minha experiência docente com livros didáticos do ensino fundamental em escolas públicas da Secretaria Municipal de Educação de Belém (SEMEC) e da Secretaria de Estado de Educação do Pará (SEDUC). 18 Os capítulos do livro Integralis história 7º ano são os seguintes: “O mundo bizantino”; “O mundo islâmico”; “O mundo carolíngio”; Feudalismo: sociedade e cultura”; “Sob o domínio da Igreja”; “O comércio e as cidades”; “O Renascimento”; “O poder dos reis”; “A era das Grandes Navegações”; “Os povos nativos”; “A Igreja em Reforma”.

É possível ensinar a história do Brasil sem incluir a história de todos os grupos étnicoraciais que aqui se encontraram em condições históricas diferentes e desiguais? De que maneira é ensinada ou foi ensinada a história da África e dos brasileiros de ascendência africana no sistema educativo brasileiro? A análise crítica da historiografia brasileira ainda existente mostra que essa história foi ensinada de maneira distorcida, falsificada e preconceituosa, comparativamente à história de outros continentes, principalmente do continente europeu e dos brasileiros de ascendência europeia. (MUNANGA, 2015, p. 25).

Essa narrativa construída pelo livro didático é, desse modo, resquício de décadas de silenciamento da história dos negros no Brasil na escola. Dessa maneira, tendo em vista que ainda há dificuldades de acesso a materiais adequados para a questão no ambiente escolar, o papel e a iniciativa do professor de História se torna fundamental para a promoção de uma discussão da história e cultura afro-brasileira em sala de aula.

2.2 - O livro Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis, de Jarid Arraes

Diante da lacuna do livro didático da escola em relação à história da África dos negros no Brasil, decidi abordar no mês de novembro na turma do 7º ano conteúdos referentes à presença negra no Brasil. Mesmo com as limitações encontradas, entendo que a escola e os professores possuem um papel da maior relevância e o dever de fazer uma abordagem da história e cultura afro-brasileira. Conforme indica Nilma Lino Gomes:

A escola tem um papel importante a cumprir nesse debate. Os (as) professores(as) não devem silenciar diante dos preconceitos e discriminações raciais. Antes, devem cumprir o seu papel de educadores(as), construindo práticas pedagógicas e estratégias de promoção da igualdade racial no cotidiano da sala de aula. Para tal é importante saber mais sobre a história e a cultura africana e afro-brasileira, superar opiniões preconceituosas sobre os negros, denunciar o racismo e a discriminação racial e implementar ações afirmativas voltadas para o povo negro, ou seja, é preciso superar e romper com o mito da democracia racial. (GOMES, 2005, p. 60).

Tendo essa conscientização, realizei uma pesquisa e decidi utilizar como recurso didático a literatura de cordel19, a partir do livro Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis, pois traz a biografia de mulheres negras ao longo da história do Brasil20. O livro é produzido em formato de versos da literatura de cordel, o que torna a leitura também mais acessível e atraente para os alunos21. Após ler o livro, escolhi quatro biografias de mulheres negras para trabalhar com a turma do 7º ano: Aqualtune, já citada anteriormente, Dandara dos Palmares, Eva Maria do Bonsucesso e Tereza de Benguela. A escolha de Aqualtune, Dandara dos Palmares e Tereza de Benguela se deu pelo fato de terem participado da resistência à escravidão nos quilombos dos séculos XVII e XVIII.

Dandara dos Palmares era parceira de Zumbi dos Palmares com quem teve três filhos, diz-se que ela lutava capoeira e combatia nos diversos ataques a Palmares no século XVII, participando ativamente da resistência do quilombo (ARRAES, 2017, p. 53). Jarid Arraes a apresenta como uma guerreira que tinha como principal objetivo a liberdade dos negros: Guerrear pelo seu povo Era o que lhe motivava O sonho da liberdade Para todos cultivava Sendo muito decidida Era até envaidecida Pela força que ostentava. (ARRAES, 2017, p. 49). Liderava os palmarinos Lado a lado com Zumbi Entre espadas e outras armas Escutava-se o zunir Dos seus golpes tão certeiros Que aplicava bem ligeiros Pra ferir ou confundir. (ARRAES, 2017, p. 50).

19 O cordel trata-se de uma literatura em formato de poesia rimada com regras específicas. A forma poética é a característica fundamental do cordel. Não existe cordel em forma de prosa, apenas em forma de versos rimados. Márcia Abreu afirma que para adequar-se à “estrutura oficial” da literatura de cordel, um texto deve ser escrito “em versos setessilábicos ou em décimas, com estrofes de seis, sete ou dez versos”. Deve seguir um “esquema fixo de rimas e deve apresentar um conteúdo linear e claramente organizado”. Deve, portanto, ter “rima, métrica e oração.” (ABREU, 1999, p. 119). O cordel surgiu no Nordeste do Brasil no final do século XIX, sendo o poeta paraibano Leandro Gomes de Barros (1865-1918) o primeiro a produzir de forma sistemática e viver da venda de folhetos. Os folhetos de cordel vendidos inicialmente eram impressos em papel pardo, de má qualidade, medindo de 15 a 17 x 11 cm. Nas capas se estampam o nome do autor, os títulos dos poemas, o nome da tipografia impressora e seu endereço. Algumas vezes, a data de publicação, o preço, a indicação do local de venda. (TERRA, 1983, p. 23). Em relação ao número de páginas, Joseph Luyten aponta que o folheto é feito a partir de uma folha tipo sulfite dobrada em quatro. Por isso, o número de páginas da literatura de cordel deve ser múltiplo de oito, já que cada folha sulfite dobrada em quatro dá possibilidade para oito páginas impressas. (LUYTEN, 2005, p. 45). Atualmente existem vários suportes do cordel além dos folhetos, como livros e nas redes sociais da internet e aplicativos. Em 19 de novembro de 2018 a literatura de cordel foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Ver Portal G1 PE. Literatura de cordel recebe título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. 19 set. 2019. Disponível em: https:// g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2018/09/19/literatura-de-cordel-recebe-titulo-de-patrimonio-cultural-imaterial-brasileiro.ghtml Acesso em: 03 out. 2020. 20 As quinze mulheres negras biografadas em versos de cordel por Jarid Arraes são: Antonieta de Barros, Aqualtune, Carolina Maria de Jesus, Dandara dos Palmares, Esperança Garcia, Eva Maria do Bonsucesso, Laudelina de Campos, Luísa Mahin, Maria Felipa, Maria Firmina dos Reis, Mariana Crioula, Na Agontimé, Tereza de Benguela, Tia Ciata e Zacimba Gaba. 21 Ao longo dos anos o cordel foi um dos meios de alfabetização das camadas populares do interior do Brasil. Renato Campos já observava na década de 1970 que, “levados pelo desejo de ler folhetos, muitos trabalhadores têm se alfabetizado” e que “os professores e assistentes sociais poderão encontrar na literatura de cordel, valioso auxílio para o bom êxito das suas tarefas.” (CAMPOS, 1977, p. 10).

Tereza de Benguela viveu no Mato Grosso durante o século XVIII e se tornou uma rainha quilombola, chefe do quilombo do Quariterê, comandando toda a administração, economia e política do quilombo. Os negros e indígenas sob sua liderança resistiram à escravidão por 20 anos, até 1770, quando o quilombo foi destruído. Em sua homenagem, o dia 25 de julho foi instituído “Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra”. (ARRAES, 2017, p. 143). A cordelista Jarid Arraes demonstra a importância de Tereza de Benguela nos seguintes versos: Dia vinte e cinco de julho É o dia de lembrar De Tereza de Benguela Que heroína a reinar Foi durante sua vida Sem jamais silenciar.

Que exemplo inspirador Que mulher tão imponente Foi Tereza de Benguela Uma deusa para a gente Que até hoje não desiste Dessa luta pertinente. (ARRAES, 2017, p. 41).

Essas histórias são significativas para dar visibilidade às resistências contra a escravidão no Brasil, pois, conforme Munanga:

A questão do negro tal como colocada hoje se apoia sobre uma constatação: o tráfico e a escravidão ocupam uma posição marginal na história nacional. No entanto, a história e a cultura dos escravizados são constitutivas da história coletiva como o são o tráfico e a escravidão. Ora, a história nacional não integra ou pouco integra os relatos de sofrimento, de resistência, de silêncio e de participação. (MUNANGA, 2015, p. 28).

No mesmo sentido, observando também a questão da presença do negro no livro didático, Ana Célia da Silva aponta as possibilidades para o professor em abordar as resistências negras ao longo da história do Brasil:

A presença do negro nos livros, frequentemente como escravo, sem referência ao seu passado de homem livre antes da escravidão e às lutas de libertação que desenvolveu no período da escravidão e desenvolve hoje por direitos de cidadania, pode ser corrigida se o professor contar a história de Zumbi dos Palmares, dos quilombos, das revoltas e insurreições ocorridas durante a escravidão; contar algo do que foi a organização sóciopolíticoeconômica e cultural na África pré-colonial; e também sobre a luta das organizações negras, hoje, no Brasil e nas Américas. (SILVA, 2005, p. 25).

Eva Maria do Bonsucesso foi escolhida para a atividade na “Semana da Consciência Negra” por simbolizar uma resistência à violência contra a mulher. Ela, uma negra alforriada, trabalhava como quitandeira no Rio de Janeiro no século XIX. Foi agredida por um senhor branco, José Inácio de Medeiros, e, não aceitando apanhar, revidou a agressão. O caso foi parar na justiça, que deu ganho de causa para Eva, sendo um “raríssimo exemplo de uma mulher negra que conseguiu vencer um caso contra um senhor branco, que acabou sendo preso.” (ARRAES, 2017, p. 73). A intenção de trazer à tona a história de Eva Maria do Bonsucesso era a de dialogar com um tema bastante atual, que é a violência contra a mulher no Brasil, da qual a mulher negra é a maior vítima22 , e a necessidade de conscientizar os alunos para lutar contra essa prática.

Imagine que coragem Que essa Eva possuía Por lutar pelo direito Pelo que constituía Sua fé na liberdade Sua força na verdade Que jamais ela escondia.

É por isso que eu digo Que ela teve um heroísmo Pois sem medo de lutar Enfrentou foi o racismo Por saber que estava certa Se manteve sempre alerta E peitou o vil machismo. (ARRAES, 2017, p. 72).

As biografias das quatro mulheres em versos de cordel se mostram um interessante recurso didático para trabalhar a questão da história e cultura afro-brasileira. Concordo com Kalina Silva, que aponta que o trabalho com biografias em sala de aula se justifica por duas razões principais: “o forte apelo que esse gênero exerce sobre o público leigo e o papel que a biografia pode desenvolver como representação do contexto histórico ao qual pertence o biografado.” (SILVA, 2010, p. 17). As biografias das mulheres negras produzidas por Jarid Arraes também contribuem para dar visibilidade às mulheres na história, haja vista que na maioria das vezes os livros didáticos trazem uma narrativa masculina, valorizando mais as ações dos homens ao longo do tempo. Tal recurso didático nos permite trabalhar com os alunos o conceito de “gênero”, a construção social da diferença sexual. Carla Bassanezi Pinsky destaca a importância de se falar dessa questão em sala de aula:

22 As mulheres negras são vítimas mais recorrentes de homicídios. Segundo o Atlas da Violência, a taxa de assassinatos dessas mulheres cresceu 29,9% de 2007 a 2017. No mesmo período, o índice de homicídio de mulheres não-negras cresceu 4,5%. As mulheres negras também são o principal grupo de risco nos casos de feminicídio. Os dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019 mostram que 61% das mulheres que sofreram feminicídio no Brasil eram negras. Ver AFONSO, Nathália. Dia da Consciência Negra: números expõem desigualdade racial no Brasil. 20 nov. 2019. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/ lupa/2019/11/20/consciencia-negra-numeros-brasil/ Acesso em: 05 out. 2020.

Ao observar que as ideias a respeito do que é “ser homem” e “ser mulher”, os papéis considerados femininos e os masculinos ou a condição das mulheres, por exemplo, foram se transformando ao longo da história (como e por que), os alunos passam a ter uma visão mais crítica de suas próprias concepções, bem como das regras sociais e verdades apresentadas como absolutas e definitivas no que diz respeito às relações de gênero. (PINSKY, 2010, pp. 32-33).

2.3 – A realização das atividades na “Semana da Consciência Negra”

Escolhidas as biografias das personagens, providenciei cópias dos capítulos do livro de Jarid Arraes e distribui para as equipes que foram formadas. Cada grupo ficou responsável por uma história de cada uma das mulheres negras biografadas. Para planejar as atividades, recorri a alguns estudos que trazem sugestões e experiências de como trabalhar com os folhetos de cordel em sala de aula (LIMA, 2006; MARINHO; PINHEIRO, 2012) e no ensino de História (LACERDA; MENEZES NETO, 2010; MENEZES NETO, 2016). Em primeiro lugar, realizei junto com os alunos a leitura em voz alta das histórias. Segundo Marinho e Pinheiro, esta forma de leitura do cordel é “indispensável”, assim como a repetição, já que ela “ajudará a perceber o ritmo e encontrar os diferentes andamentos que o folheto possa comportar e trabalhar as entonações de modo adequado.” Desse modo, “diferentes e repetidas leituras em voz alta é que vão tornando o folheto uma experiência para o leitor.” (MARINHO; PINHEIRO, 2012, p. 129). A leitura foi feita da seguinte forma: nas primeiras estrofes eu fazia a leitura para os alunos tomarem conhecimento do ritmo da leitura de um cordel, respeitando suas rimas. Depois, metade da sala fazia a leitura das estrofes de uma página e em seguida a outra metade lia a página seguinte. Na última página, toda a sala lia as estofes finais junto. Durante a leitura, fui explicando para os alunos o significado de algumas palavras que não entendiam e chamando a atenção para algumas estrofes que traziam informações importantes para se compreender da história narrada.

Além da leitura oral do cordel, Arievaldo Viana Lima sugere “elaborar um questionário sobre a narrativa do folheto.” (LIMA, 2006, p. 59). Nesse sentido, após a leitura, elaborei questionários para cada equipe sobre Aqualtune, Dandara dos Palmares, Eva Maria do Bonsucesso e Tereza de Benguela com o objetivo de lerem os versos com atenção para encontrarem as respostas e conhecerem mais as mulheres negras biografadas. As perguntas eram bem diretas, para intepretação de texto: quem eram as mulheres, em que período elas viveram, quais as suas lutas e qual a sua importância. A atividade seguinte foi a elaboração de cartazes sobre as mulheres negras biografadas. Cada equipe escolhia algumas estrofes mais significativas para escrever nos cartazes e também fazia desenhos representando as personagens. Tais cartazes ficaram em exposição na escola durante a “Semana da Consciência Negra”.

Outra atividade realizada foi a elaboração de uma peça teatral23 , denominada de “jogo dramático” por Marinho e Pinheiro, “uma atividade agradável e que recupera a capacidade da criança e do jovem de fantasiar, de recriar a realidade.” (MARINHO; PINHEIRO, 2012, p. 130). A peça foi construída a partir da biografia em cordel de Eva Maria do Bonsucesso. Procuramos envolver toda a turma do 7º ano na atividade, com alunos interpretando personagens como Eva, Inácio de Medeiros, o delegado, o juiz, os advogados; os alunos restantes participaram como o público que acompanhou o julgamento de Eva. Na peça, a personagem Eva, interpretada por uma aluna negra, ocupou o papel de protagonismo, justamente para evidenciar a narrativa a partir de seu ponto de vista, como mulher negra que sofreu injustiças no Brasil do início do século XIX, mas que lutou por seus direitos. Ao abordar a questão do gênero como tema para as aulas de História, Carla Bassanezi Pinsky sugere que o importante é fornecer aos estudantes “elementos para um ‘olhar de gênero’, ou seja, fazer com que eles percebam como o masculino e o feminino têm sido e ainda são representados e, a partir disso, como as sociedades se organizam com base nessas representações.” (PINSKY, 2010, p. 29). Além disso, a personagem Eva foi um meio de valorização da identidade racial negra. Como diz Munanga:

Sem construir a sua identidade “racial” ou étnica, alienada no universo racista brasileiro, o negro não poderá participar do processo de construção da democracia e da identidade nacional plural em pé de igualdade com seus compatriotas de outras ascendências. (MUNANGA, 2015, p. 25).

A peça foi assistida pelos alunos das outras turmas, professores, coordenação e direção da escola. Apesar do planejamento e ensaios, naturalmente houve dificuldades durante a execução: alguns alunos se esqueceram de suas falas, outros ficaram tímidos diante da presença de público. No entanto, entendo que a mensagem principal foi divulgada: uma manifestação contra o racismo e contra a violência sofrida pelas mulheres.

23 O cordel tem sido constante fonte de inspiração para os músicos, compositores, escritores, artistas plásticos, diretores de cinema e TV e autores de teatro. O exemplo mais marcante é o Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, que além de utilizar o personagem João Grilo, baseia-se na narrativa de três folhetos de cordel: O dinheiro (O testamento do cachorro), O cavalo que defecava dinheiro, ambos de Leandro Gomes de Barros, e O castigo da soberba, de Manoel Vieira do Paraíso. (LIMA, 2006, p. 59).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar das dificuldades, considero que as atividades realizadas foram relevantes para o ensino de História no 7º ano da Escola Ruth Passarinho. As lacunas no material didático em relação à história e cultura afro-brasileira serviram de incentivo para a busca de alternativas, encontrada na obra de Jarid Arraes com as biografias das mulheres negras em cordel. Os versos da cordelista também permitiram uma abordagem que levasse em conta a questão de gênero possibilitando uma abordagem tornando as mulheres protagonistas. Essa experiência também buscou estimular nos alunos uma conscientização acerca do racismo no Brasil, algo que ainda está presente na atualidade. Dessa forma, a História ajuda na formação de cidadãos antirracistas, sendo esta uma formação necessária para alunos de todas as origens, se quisermos construir uma sociedade mais democrática e que promova o respeito às diferenças. Segundo Munanga:

O resgate da memória coletiva e da história da comunidade negra não interessa apenas aos alunos de ascendência negra. Interessa também aos alunos de outras ascendências étnicas, principalmente branca, pois ao receber uma educação envenenada pelos preconceitos, eles também tiveram suas estruturas psíquicas afetadas. Além disso, essa memória não pertence somente aos negros. Ela pertence a todos, tendo em vista que a cultura da qual nos alimentamos quotidianamente é fruto de todos os segmentos étnicos que, apesar das condições desiguais nas quais se desenvolvem, contribuíram cada um de seu modo na formação da riqueza econômica e social e da identidade nacional. (MUNANGA, 2005, p. 16).

Assim, espero que este artigo seja uma forma de estimular e conscientizar, especialmente educadores e graduandos de licenciatura, a discussão da história e cultura afro-brasileira em sala de aula. Não como um modelo a ser seguido, mas como objeto de crítica e reflexão, para que cada vez mais possamos contribuir para a uma sociedade mais tolerante e que respeite as diferenças, algo que é urgentemente necessário principalmente nos tempos atuais.

Livro didático

PONTES, Maria Aparecida; CERQUEIRA, Célia; SANTIAGO, Pedro. Integralis história 7º ano. São Paulo: IBEP, 2015.

Sites

AFONSO, Nathália. Dia da Consciência Negra: números expõem desigualdade racial no Brasil. 20 nov. 2019. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/lupa/2019/11/20/consciencia-negranumeros-brasil/ Acesso em: 05 out. 2020. BRASIL. Lei nº 10639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasileira”, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm Acesso em: 02 out. 2020. CEDENPA. Quem Somos. Disponível em: http://www.cedenpa.org.br/Quem-somos Acesso em: 06 out. 2020. Jarid Arraes. Disponível em: http://jaridarraes.com/biografia/ Acesso em: 04 out. 2020. Portal G1 PE. Literatura de cordel recebe título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. 19 set. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2018/09/19/literatura-de-cordel -recebe-titulo-de-patrimonio-cultural-imaterial-brasileiro.ghtml Acesso em: 03 out. 2020.

Bibliografia

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