Facom News 2012.1 - Edição I

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capa

ENTREVISTA

Graciela Natahnson fala sobre gênero, feminismo e tecnologia

OBRAS

Ampliação e reforma incluem anexo com laboratórios, duchas e área de convivência

CA

Após quatro assembleias, antiga gestão decide calendario eleitoral


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#editorial O Facom News está de volta. Renovado, repaginado e reeditado. A nova equipe é determinada e está disposta a mudar conceitos pré-estabelecidos, inovar métodos e continuar a transmitir informação de qualidade para os faconianos. Tudo começou como um projeto da disciplina Oficina de Comunicação Escrita, coordenado pela professora Lia Seixas para os calouros de jornalismo do 1º semestre de 2012. O objetivo era claro: aplicar todo o conhecimento adquirido durante as aulas em um boletim de notícias, nos aproximando ao máximo da linguagem jornalística. Após dois meses de leituras um tanto maçantes – desculpem-nos Umberto Eco, Mangueneau, Wolfgang Iser – chegou, enfim, a hora da diversão: investigar, apurar, fotografar, entrevistar e correr atrás de pessoas que preferem nos ver em uma fogueira. Rapidamente o projeto tomou maiores proporções. Não só temos uma redação completa – editores, pauteiros, repórteres, diagramadores -, mas também nos dedicamos de corpo e alma na produção deste boletim. Mudamos o formato sem perder a essência, colocamos em pauta fatos relevantes, apurando-os, investigando-os. Aproveitamos o Twitter, reformulamos o antigo Blog, criamos uma Fan Page no Facebook e uma conta no Instagram. Inovamos trazendo para o Blog a série “Fagundes, o repórter investigativo” e um divertido making of. Eis que esta edição do Boletim Facom News entra em cena em quatro editorias - Acadêmico, Infra, Facom-faz e Facom En Scène -, colocando em pauta para a comunidade faconiana assuntos relevantes como a greve dos professores da Ufba, a mudança de tutor do PET, a construção do anexo, a polêmica (falta de) gestão do Centro Acadêmico Vladimir Herzog, a apatia cultural da Facom, além de um descontraído perfil e uma entrevista reveladora.

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Expediente Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia Produto da disciplina de Oficina de Comunicação Escrita do 1o semestre de Jornalismo 2012.1 Reitor da UFBA: Prof. Dora Leal Rosa Diretor da Facom: Prof. Giovandro Ferreira Professora responsável: Lia Seixas Editores-Chefe: Alexandre Galvão e Carol Lemos Chefes de Reportagem: Virgínia Andrade, Vitor Gabriel, Victória Libório, Luire Campelo Editores: Sofia Greve (Facom-en-Scène), Rebeca Menezes (Infra), Guilherme Reis (Acadêmico), Maria Dominguez (Facom-Faz). Repórteres: Alan Tiago, Alexandre Galvão, Aymée Francine, Bruna Andrade, Bruno Pedra, Carlos Eduardo Brandão, Carol Lemos, Carolina Filgueiras, Cássio Santana, Daniel Oliveira, Diego Yu, Estela Marques, Guilherme Reis, Heitor Montes, Larissa Iten, Lorene Ramos, Luire Campelo, Matheus Pimentel, Maria Dominguez, Miguel Trindade, Naiana Ribeiro, Raul Castro, Sofia Greve, Thaís de Jesus, Túlio Bouzas, Victória Libório, Virgínia Andrade, Vitor Gabriel. Repórteres Fotográficos: Aymée Francine, Estela Marques, Maria Dominguez, Naiana Ribeiro, Sofia Greve, Victória Libório Diagramadores: Diego Yu, Maria Dominguez, Thaís de Jesus Coordenadores Blog Facom News: Diego Yu e Estela Marques Coordenadores de Mídias Sociais: Carlos Eduardo e Naiana Ribeiro Agradecimentos: Wesley Miranda (Petcom) e Rodrigo Wanderley (Labfoto)


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#acadêmico

(não) Procura-se um CA

Centro Acadêmico apresenta irregularidades e a comunidade estudantil não demonstra interesse por Victória Libório

Com apenas seis alunos e quatro assembleias sem sucesso neste semestre, na última quinta-feira, 31, o Centro Acadêmico Wladimir Herzog determinou as datas do processo eleitoral e formou a comissão que organizará as eleições para 2012. Assim como nesta assembleia, a média de participação nas outras foi de 6,6 alunos, o que representa menos de 3,5% da quantidade necessária.

1/3 dos alunos regularmente matriculados, cerca de 600 dentre graduação e pós-graduação. O estatuto, além de determinar os sete dias de antecedência para informar sobre a assembleia - o que foi cumprido -, estabelece que seja divulgada por edital contendo a respectiva pauta, panfletos e faixas na frente do prédio da FACOM.

adesão, determinou o adiamento de um concílio referente ao encerramento da gestão e à convocação para a formação da comissão eleitoral, as quais seriam realizadas no início de 2012, à espera de uma maior adesão com a entrada dos calouros. Estando em gestão interina, o C.A. não tem representatividade estabelecida pelo estatuto, nem tem autonomia para cumprir com os deveres de uma chapa eleita.

Segundo Tâmara Terso, antiga Segundo estatuto do C.A., administrativa, uma segunda assembleia tem coordenadora foi realizada uma assembleia no DESARTICULAÇÃO “A importância poder deliberativo se a primeira não apresentar o quórum de final de 2011, que, por falta de do C.A. é a representatividade


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estudantil, pois muitos passos das reuniões têm votação para melhorias, ampliação das salas, compra de equipamento. E o aluno, neste momento, tem direito a voto e tem a possibilidade de mudar a estrutura da faculdade, seja até para a contratação de professores. Quem é que vai sugerir qual é a demanda, qual é a deficiência do curso?”, afirma João Paulo, estudante de produção cultural que entrou no primeiro semestre de 2006. Ele conta que já participou de uma gestão do Centro Acadêmico, mas ainda não havia divisão de cargos.

sua validação. Foram, portanto, convocadas outras assembleias. A do dia 10 de maio foi cancelada, pois o auditório já estava reservado. A terceira, 11 dias depois, foi cancelada porque não contou com presença de membro algum da antiga chapa do Centro Acadêmico, Nova Expressão, e somente o aluno Matheus Sampaio, estudante de jornalismo, compareceu.

gastos dessa verba. Os mil reais designados para este semestre estão bloqueados por causa da atual falta de gestão.

O registro das atas mostra mais irregularidades. Os documentos entregues à reportagem não apresentam descrição de todas as reuniões, nem das assembleias realizadas. Os registros começam no dia 1º de junho e se encerram em 28 de setembro de 2011 Na ata de eleição do C.A. de do mesmo ano, mas ainda com 2010.2, constam 64 votos, dos muitas falhas de atas dentro do quais 62 são a favor da chapa Nova período de gestão. Expressão. Porém, para que essa eleição tivesse validade, deveria Porém, esse é um fator observado ter comparecido à votação um como tradicional, já que atas de mínimo de 200 alunos, antigas gestões, desde a fundação Em gestão interina, o número já que o estatuto determina do Centro Acadêmico, encontramCA não tem repre- participação de nopelo menos 1/3 se incompletas ou inexistentes. Às sentatividade estabel- da quantidade total de estudantes vezes, constam somente a capa ecida pelo estatuto, matriculados. Há, também, a das atas, como o que ocorreu com de que, caso esse a gestão “Os Alquimistas” de 2008. nem autonomia para determinação quórum não seja alcançado, cumprir com os de- uma nova eleição deverá ser “O C.A. foi reativado em 2008, veres de uma chapa convocada. O que não ocorreu. antes disso ele estava fechado. Teve a primeira gestão, que foi eleita # GASTOS Nas atas tem-se a o pessoal da roda viva, e teve a descrição de gastos, porém gente. Passou um tempo sem “O aluno da FACOM é desarticulado. existem incongruências entre o gestão, mas fomos fazendo as Não diria despolitizado, de forma descrito na assembleia do dia coisas do C.A. e tentando mobilizar alguma, mas não se organizam nos 24 de abril e o que consta nos a gestão e até a nossa eleição. O grupos de interesse específicos. documentos (ver quadros). A C.A. vem de duas gestões e antes No máximo dentro da instância descrição de entrada e saída da disso não tinha nada. Não tinha que participa”, analisa Matheus verba não está feita como se nem representação,” esclarece Pirajá, estudante de Produção deve quando se trata de dinheiro Tâmara. Cultural do sexto semestre. público; os resultados não batem e faltam informações. Por exemplo, Nas atas da última gestão A primeira assembleia deste ano, no primeiro semestre de 2011, registram-se os nove membros realizada no dia 24 de abril (após segundo estatuto, entrou em caixa originais. Comissão Administrativa: o cancelamento da que ocorreria mais 1000 reais advindos da PROAE Tâmara Terso, Elton de Jesus; no dia 17, devido ao trote dos (Pró-Reitoria de Ações Afirmativas Comissão de Finanças: Rodrigo calouros), não teve o quórum pré- e Assistência Estudantil). Não há Chamusca; Comissão Cultural: determinado em estatuto para registro do recebimento nem dos Jordana Feitosa, Camila Brito,


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Luca Scartezini; Comissão de Comunicação: Mab Santos, Rodolfo e Sara Mercês. Porém, esses membros foram saindo da gestão, restando, oficialmente, apenas Tâmara Terso, Rodrigo Chamusca, Sara Prado e Luca Scartezini. “Os membros foram cedendo às próprias demandas”, diz Rodrigo Chamusca.

Como projetos concluídos da gestão passada, apresentamse a Semana do Calouro, o VIBRACOM, o Forró da Agência experimental, os debates “Cultura pra que?”, “13 de maio” e sobre a reforma curricular dos cursos de jornalismo e produção cultural, além das bolsas do curso de inglês ASSUFBA, entre outros.

FUTURO As inscrições das chapas concorrentes deverão ser realizadas entre os dias 31 de maio e 6 de junho. A previsão é de que o debate será no dia 11 de junho e as eleições, nos dias 12 e 13. Até então, a comissão é formada por Virgínia Andrade, Matheus Sampaio, Mab Santos, Yuri Rosat, João Paulo e Raulino Júnior.

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Balanço de gastos de 2011 Valores apresentados em assembleia não convergem com registros das atas


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De futuro, mas sem tempo

Ex-participantes do Jornalismo de Futuro lutam para conciliar estágio e estudo por Guilherme Reis

Luana Ribeiro: “O programa foi uma grande oportunidade porque sempre sonhei trabalhar em impresso”

de jornal, 6 dos 10 aprovados driblam o tempo na quase insana tentativa de conciliar a faculdade com o trabalho na Rede Bahia. No entanto, apesar da falta de tempo, eles se dizem privilegiados, e amar cada momento dessa frenética rotina.

e a vida acadêmica. “Na escola, por exemplo, eu era uma boa aluna; nunca fui para a recuperação. Aqui, é diferente, não consigo ler os textos”, conta.

Todos eles concordam que não há muita diferenciação entre o trabalho do estagiário e do repórter Alexandro Mota, aluno do 6º formado. Editor-executivo do semestre de jornalismo, entra jornal, Oscar Valporto pensa da na redação do CORREIO, onde mesma forma, mas destaca que é estagiário, por volta das 13h, existe uma diferença básica: mas revela que, na prática, “Como têm menos experiência, não há horário exato para são mais acompanhados por suas sair. “Já aconteceu de eu sair umas 23h25”, conta, como Ruan Melo e Carol Gomes, estagiários n se o que dissesse fosse algo extraordinário. Mas, apesar da carga horária, Alexandro afirma que o jornal não é inflexível, compensando os estagiários com folgas. Ele, inclusive, acaba de sair de um período de 15 dias de férias, que aproveitou para ler os textos que estavam atrasados. “Apesar de tudo, dá, sim, para conciliar trabalho e estudo”, conclui. Estagiária no iBahia, Carol Andrade, também aluna do 6º, discorda. Embora, costumeiramente, saia da redação por volta das 19h, ela prontamente declara que é impossível harmonizar o estágio

foto: Lorena Vinturini

foto: Victória Libório

“Escolhe um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida.” A frase do filósofo e pensador chinês Confúcio é uma verdade para muitas pessoas, inclusive para os ex-participantes da 1ª edição do Programa Jornalismo de Futuro, parceria entre o jornal CORREIO e a Facom. Depois de enfrentarem um rígido processo seletivo e vivenciarem uma experiência de quase três meses em uma redação


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chefias, um cuidado maior para escrever e apurar.” OPORTUNIDADE Mesmo assim, todos compartilham uma mesma opinião: o estágio tem sido uma experiência única e essencial. Colega de turma de Alexandro e Carol, Luana Ribeiro, estagiária da editoria de cidades, vislumbrou o programa como a oportunidade de sua vida, pois sempre sonhou trabalhar em impresso. Além disso, ela acredita que o tipo de trabalho que estão tendo é de fundamental importância para se aprender as engrenagens da profissão. “[O Jornalismo de Futuro] foi responsável por nos colocar na redação de uma forma segura”, comenta, explicando também que foi uma vantagem o fato de ter sido preparada aos poucos, antes de começar o estágio.

na Rede Bahia

Se, para alguns, tais experiências foram a realização de um sonho de infância, para outros, constituíram uma verdadeira reviravolta em seus planos de vida. Lorena Vinturini que o diga. “Eu estava numa fase meio que sem muita expectativa, pensando em mudar de curso e aí surgiu essa oportunidade. Eu nunca imaginei que trabalharia em jornal impresso. Aliás, entrei na faculdade de jornalismo dizendo isso”, pontua a faconiana, que se revelou uma exímia fotógrafa e atualmente é estagiária de fotografia do impresso. “Sabia que queria fotografia, mas nunca me imaginei trabalhando com fotojornalismo. E no meio do programa eu me descobri amando o que estava fazendo”, acrescenta. PERSPECTIVA Todavia, não somente desilusões foram dissolvidas nesses últimos meses de novas experiências. Acima de tudo, os jovens estudantes de jornalismo viram novos horizontes e expectativas delinearem-se diante deles. Alexandro Mota, por exemplo, espera que o mercado de impresso cresça na Bahia, oferecendo melhores salários e condições de trabalho, pois ele “gosta tanto de Salvador” que pretende continuar trabalhando por aqui mesmo. Já Carol Andrade deseja exatamente o contrário. “Quero sair de Salvador e trabalhar em revistas de variedades”, conta ela, sonhadora, mostrandose frustrada pela carência do estado com relação a esse tipo de produto.

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Alexandro Mota: “Apesar da desmedida carga horária, dá, sim, para conciliar trabalho e estudo”

Confira a legislação do estágio O estágio para o curso de jornalismo não é regulamentado. De acordo com o estatuto interno da Facom somente é permitido que o aluno estagie a partir do 3º semestre. Foi proíbido pelo decreto federal 83.284/79 que regulamenta a profissão de jornalista. O artigo 19 confirma: “Constitui fraude a prestação de serviços profissionais gratuitos, ou com pagamentos simbólicos, sob pretexto de estágio, bolsa de estudo, bolsa de complementação, convênio ou qualquer outra modalidade, em desrespeito à legislação trabalhista e a este regulamento”.


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Currículo de Produção Cultural em pauta Colegiado retoma discussão sobre mudança, mas nova grade só valerá para os que ingressarem no curso após sua implementação por Alan Tiago Alves Sem representação estudantil, os alunos não acompanham o andamento do processo e alguns nem sabem da sua existência. Apesar da retomada das discussões, o processo ainda está em fase inicial e as possíveis alterações no quadro disciplinar ainda não foram estabelecidas. Atualmente, o Colegiado vem analisando alguns itens da pauta, como a revisão das ementas, o esboço do perfil do egresso (dos indivíduos que saíram da universidade para o mercado de trabalho) do curso e a definição das normas das atividades complementares. Uma reunião do Colegiado está marcada para o próximo mês de junho para discutir o assunto.

foto: Tayse Argôlo

O Colegiado de Graduação da Facom voltou a discutir a proposta de reajuste do projeto pedagógico “Currículo do curso de Produção em Comunicação e Cultura”. Iniciado em 2007, com a antiga gestão, o projeto foi arquivado e um novo foi aberto esse ano. A última mudança na grade do curso ocorreu há 12 anos.

Professor José Roberto Severino reconhece a necessidade de reforma curricular

Em 16 anos de existência, apenas duas mudanças ocorreram no currículo do curso de Produção Cultural: uma em 1996 – ano de criação do curso – e a outra em 2000. “Toda grade quando sai precisa de ajustes. É um curso que já está chegando na idade adulta sem passar por uma profunda reformulação. Com o

tempo, professores e alunos, tomando como base os produtos finais, os TCCs, a forma como esse aluno vai para o mercado, percebem que há necessidade de uma reforma”, pontua o professor e Chefe de Departamento José Roberto Severino.

O processo ainda está em fase inicial e as possíveis alterações no quadro disciplinar ainda não foram estabelecidas. #

A responsabilidade pela mudança do projeto pedagógico e, consequentemente, pela alteração na grade curricular, é do colegiado de graduação. A proposta, aberta em 2007 não foi concluída, por conta da prioridade do Colegiado com as questões administrativas. Segundo o coordenador da instância, professor Fábio Sadao, a discussão chegou a ser retomada em 2011, mas não seguiu adiante. “Encerramos o processo porque era algo que precisava ser revisto em uma série de pontos e, por conta disso, mandamos arquivar e começamos um novo esse ano”, afirma.


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grade é voltada para a gestão de cultura e deveria ter mais disciplinas voltadas para a prática da execução da produção – o pré, pós e a produção executiva”, avalia.

foto: arquivo pessoal

O último grande debate para discutir a proposta aconteceu em 2010. A reunião contou com a presença dos alunos de Produção Cultural, do vice-diretor Maurício Tavares e dos professores Sérgio Sobreira e José Roberto Severino, no auditório da Facom. “Os alunos criticavam a falta de aproximação das linguagens entre as escolas que a gente tem aqui. Eles sentiam pouca proximidade com a escola de teatro, com a escola de belas artes, com a música e com dança”, relembra Severino.

O aluno do 2º semestre Jeanderson Oliveira sente falta de mais disciplinas optativas voltadas à prática, mas ele A estudante Talita Santos acredita que o curso Dois anos se passaram desde a também propõe deveria ter mais disciplinas práticas. última grande discussão sobre outra sugestão: o tema e as críticas por parte “As disciplinas de alguns alunos em relação à específicas são poucas e deveria um representante dos alunos, grade persistem. “O curso deveria ter um foco a mais para o curso de contudo ela está vazia já que, hoje, ter um enfoque prático maior produção. Quando a gente pega não existe essa representação. para a produção de eventos aula com os alunos de jornalismo, Segundo o professor Severino, e, além disso, deveria ter uma a gente se sente esquecido na sala essa falta de “tensão” também parceria com empresas de fora de aula, porque o foco é mais para influencia para a demora no andamento dos procedimentos. para diminuir a distância entre eles”, comenta. a gente e o mercado”, comenta Por se tratar não apenas da a estudante do7º semestre do mudança de grade, mas de todo curso de produção cultural Marília Moura. A aluna confessa que Apesar de todas as o projeto pedagógico, Sadao diz que o processo não será concluído não sabia sobre a proposta de rapidamente e que não há críticas, os alunos mudança na grade, mas concorda previsão de quando as com as alterações. não acompanham os nenhuma modificações serão concretizadas. debates. A nova grade, porém, só vale Outra reclamação por parte dos para os alunos que ingressarem alunos, segundo o professor # no curso após a implementação Severino, relaciona-se à forma como as disciplinas estão dispostas Apesar de todas as críticas, do novo projeto pedagógico. na grade. “É como se o aluno os alunos não acompanham Portanto, caso as mudanças tivesse dois cursos diferentes. O os debates e o andamento entrassem em vigor agora, os veteranos teriam que concluir o arranjo das disciplinas na grade do processo que definirá as curso com a grade antiga. Mas o do curso produz esse efeito. modificações. Atualmente, professor Severino não acredita Talvez uma mudança pudesse o colegiado de graduação é que as mudanças sejam feitas em resolver esse dilema”, comenta. composto pelos professores menos de um ano. “O processo A estudante do 2º semestre Talita Fábio Sadao (coordenador), requer tempo, mas o colegiado Santos diz que já ouviu alguns Suzana Barbosa, Leonardo Costa, está tentando agilizá-lo. Estamos comentários sobre a proposta Maurício Tavares, Sérgio Sobreira imprimindo uma dinâmica para pelos corredores e é favorável às e Regina Gomes. Nas reuniões, essa reforma, o que dá celeridade modificações no currículo. “Nossa outra cadeira é destinada a ao processo”, pontua.

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#facom-en-scène Olhos da Rua

Intervenção artística dialoga com o mundo urbano por Virgínia Andrade

foto por Carlos Lopes

nador do Labfoto, também expôs a produção dos seus alunos do Módulo de Fotografia da Oficina de Comunicação Audiovisual. EDUCAÇÃO DO OLHAR De acordo com José Mamede, o “Olhos da Rua” nasceu com o propósito de reunir pessoas para mostrar e para ver boas fotografias. “A gente queria que essas imagens fossem projetadas na rua para que todo mundo visse, não só nós, fotógrafos, e os nossos colegas”, revela.

O projeto, que se propõe a utilizar o cenário urbano como ambiente para mostras fotográficas, desde a sua primeira edição, em fevereiro O público de Salvador pôde assis- 2011, cada exibição fotográfica de 2011, ocorre tradicionalmente tir na última terça, 29, a 14ª edi- expôs em média 170 fotos e conna última terça-feira de cada mês, ção da projeção fotográfica “Olhos tou com aproximadamente 150 sempre a partir das 19h. O evenda Rua”. O projeto, que desde a pessoas, dentre convidados, foto instalou-se inicialmente no Bar sua concepção, existe como um tógrafos, moradores e interessaUlisses, localizado na rua direita lugar de partilha de belas imagens dos. Nesta segunda edição no bar do Santo Antônio, e troca de experiências, depois da e restaurante Platô, o tema foi centro histórico de última mostra, deve ganhar novos “Espiritualidade”. Na próxima ediSalvador e permacontornos e responder a novas di- ção, o tema será “Livre”, mas deve neceu lá por 11 edinâmicas. Segundo Rodrigo Rosso- constituir uma série fotográfica. ções. Segundo Rosni, vice-coordenador do Labfoto, soni, a ideia inicial quando o “Olhos da Rua” surgiu, FAVELA DA MARÉ Em sua 14ª edi“era rodar na cidaera novidade e produto de uma ção, o “Olhos da Rua” abriu espade, ser itinerante”. demanda reprimida. Agora a re- ço, antes do tema da noite, para Esse movimento, novação do formato é necessária. o trabalho fotográfico da Escola entretanto, só code Fotógrafos Populares da Favela meçou a se tornar Em contraste com as edições an- da Maré no Rio de Janeiro. “A profrequente este teriores, a média de público e de dução de outros trabalhos junto ano. A mudança fotografias selecionadas reduziu, ao ‘Olhos da Rua’ aparece como para o Bar Platô é embora tenha agradado quem uma vontade de tornar o caráter a que marca a conestava presente. A menor divul- do projeto mais dinâmico”, afirma tinuação do ciclo. gação associada ao maior rigor Rossoni. No segundo semestre de da curadoria na seleção resultou 2011, o professor José Mamede, “Olhos da Rua” é em 63 imagens projetadas. Em idealizador do projeto e coordefoto por Ricardo P Em sua 13ª edição, o “Olhos da Rua” foi realizada pela primeira vez no bar Platô


Prado

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uma cria do Labfoto que tem crescido e se transformado dentro dessas novas dinâmicas e perspectivas. “Esse ano no lugar de convidarmos fotógrafos para se apresentarem entre os outros trabalhos que eram submetidos, nós passamos a criar um espaço só para os convidados, que é o espaço anterior à projeção geral. É uma reformatação”, explica Mamede.

pessoais”, acentua Mamede.

O evento foi idealizado e produzido por José Mamede, coordenador do Labfoto, em parceria com Marcelo Reis, diretor do Instituto Casa da Photografia, os fotógrafos locais, Elcio Carriço e Alex de Oliveira, além da TAZ (Tuesday Autonomous Zone), responsável por pensar a ambientação As dinâmicas do projeto associa- sonora dos espaços de acordas à forma de participação e aos do com a sequência fotográ- foto por Raimundo Brito espaços de veiculação escolhidos fica da noite. Para Mamede, para cada exibição facilitam o en- o acompanhamento sonoro é O “Olhos da Rua” também exibiu trosamento entre fotógrafos e pú- indispensável para uma boa apre- trabalhos de Walter Firmo, priblico apreciador, além de fortalecer ciação visual. “As imagens sempre meiro fotógrafo brasileiro a expor a ideia de democratização da foto- conviveram muito bem com as no MAM/RJ e vencedor, por oito grafia e educação do olhar. “É um sonoridades”, afirma. Para além vezes, do Prêmio Internacional de da ambientação sonora, a Tuesprojeto que se insere dentro dessa day Autonomous Zone, através de Fotografia Nikon, Fernanda Cheperspectiva de selecionar imagens Marcos Rodrigues, também se en- male, Ratão Diniz, Leonardo Costa que a gente considera boas para carregou de toda a direção de arte Braga (um dos vencedores do prêque as pessoas tenham acesso do projeto, definindo sua iden- mio nacional de fotografia Piera essas imagens e não fiquem só tidade visual, inclusive a marca. re Verger) e Meredith Andrews, com aquelas referências do dia a artista sueca que tem o trabalho dia de revistas, jornais ou das suas voltado para a fotografia contempróprias fotografias familiares e O projeto, aberto à participação de fotógrafos amadores e profis- porânea. O projeto contou ainsionais, já contou com da com a participação do “I Hate a participação de fo- Flash”, coletivo nacional que protógrafos brasileiros de duz fotografias noturnas com flash expressão nacional e in- eletrônico de maneira inovadora. ternacional, além dos es- As quarta e quinta edições do trangeiros. Entre os no- “Olhos da Rua”, com as temátimes mais citados estão cas “Salvador” e “Fé”, respectivaos dos brasileiros Hans mente, homenagearam dois imGeorg, organizador do portantes fotógrafos brasileiros. “Foto Escambo” um dos São eles o fotógrafo e diretor de principais projetos de cinema, Thomaz Farkas e o fotojornalista baiano e professor da troca de imagens fotoFACOM, Oldemar Vitor. As hográficas do Brasil, e Vitor menagens foram feitas a partir Schietti, que apresenta da exibição de registros fotográum trabalho fotográfico ficos cuidadosamente selecionacom qualidade fine art. das do acervo de cada um deles.

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FACOM SOFRE ESCASSEZ CULTURAL

Burocracia e falta de interesse dificultam produção na Facom

por Carlos Brandão e Sofia Greve A Faculdade de Comunicação sempre foi tida como um celeiro de jovens artistas, de onde nasciam manifestações culturais de diversas naturezas. Por meio de entrevistas com funcionários, alunos e professores envolvidos com a realização de eventos culturais, percebe-se que sua frequência diminuiu. Os eventos desenvolvidos atualmente sofrem de apoio isolado de professores, embargos, comodismo dos alunos e barreiras burocráticas a transpor.

e professores. No período de dois anos, os vizinhos de um edifício próximo abriram processos administrativos contra a faculdade por conta do barulho, que podia durar até a manhã seguinte. A prefeitura de campus, então, em 2007, implantou a Portaria de número 280/2007 que proíbe qualquer tipo de expressão sonora no campus de Ondina.

empecilho para a falta de eventos ocorrendo no campus e na faculdade. O Vibracom, que já recebeu atrações de grande, foi cancelado em sua ultima edição no semestre passado, por determinação da portaria. Os alunos responsáveis tentaram reverter, o que chamaram de “ação arbitrária imposta pela UFBA”. Em nota, o C.A. declara que “houve um ofício despachado diretamente pelo gabinete da Reitoria, o qual ordenou aos seguranças que proibissem o acesso de pedestres e motoristas ao campus de Ondina”. I

Foto: Sofia Greve

BUROCRACIA Luca Scartezini, aluno do quarto semestre de Produção Cultural é Coordenador FALTA DE INTERESSE Tia Del, responsável pela realização do dona da cantina da Facom desde Vibracom desde a sua primeira 1998, concorda que os eventos edição, em 2010. O estudante INTERAÇÃO Jonas Nogueira, culturais não ocorrem mais com acredita que os processos aluno do segundo semestre, tanta freqüência. A secretária burocráticos são o principal membro da Produtora Júnior há um ano e gerente do Núcleo de de departamento, Vera Lúcia, também funcionária de longa O estudante Jonas Nogueira con- Produção Cultural da empresa, data, testemunhou que os eventos corda que a Portaria é um empe- também concorda que hoje o culturais nos anos 90 eram bem cilho para a realização de eventos maior problema para a realização de eventos é a existência da mais fortes e rotineiros do que na UFBA. Portaria. O FacomSom, projeto atualmente. Ambas acreditam que cultural “carro-chefe” da empresa as manifestações enfraqueceram júnior, foi também embargado devido ao perfil dos alunos atuais. ano passado. Segundo ele, uma das estratégias que já está sendo No caso de Tia Del, seu marco colocada em prática é a tentativa pessoal para a mudança de hábito da mediação entre cursos e a foi o ano de 2005. Este ano, ela reformulação da grade curricular. deixou de estabelecer uma relação Dessa forma, os alunos de de parceria com os alunos que Comunicação poderiam cursar organizavam as festas. Segundo matérias em outras faculdades e ela, os eventos tinham freqüência sair do ambiente da Facom - onde, semanal e neles, vendia bebida hoje, todas as disciplinas são dadas. e comida. Caracterizou-os como sendo recheados de harmonia O professor de Produção entre os estudantes, funcionários Cultural, Leonardo Costa, há


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manifestações culturais, com a realização de oficinas de canto, criação gráfica, customização, origami, teatro, graffiti, mangá, arte eletrônica e tantas outras.

Leonardo acredita que o campus de Ondina já foi palco de manifestações mais complexas. O FacomSom, evento pelo qual o Artecom foi substituído, se configura apenas de uma noite em que se apresentam artistas do cenário alternativo de Mariana Guedes e Fernanda Salvador, enquanto a semana de Souza, membros da Agência arte tinha o propósito de fazer os Experimental, contam que alunos entrar em contato com as áreas artísticas dentro da UFBA. sofrem com a falta de apoio da O professor argumenta que a universidade. Para a captação própria Recepção Calourosa já foi de recursos, é preciso que os mais elaborada, tendo recebido projetos sejam inscritos em Tom Zé, Gilberto Gil e Nação editais ou então que haja uma Zumbi para fazer parte da festa. mobilização para aquisição de bolsas. Pontuam que se não fosse Apesar dos obstáculos pelo tutor, professor Severino, burocráticos e a falta de apoio, a seria mais difícil consolidar Agência Experimental tem alguns parcerias ou ter conseguido as projetos em vigor. Um deles é o bolsas do Programa Permanecer. circuito de palestras sobre Cultura e Pensamento Alemão no Brasil Da mesma forma, Luca disse que que acontece no ICBA. Todas não há possibilidade de exportar as quartas-feiras nos meses de o Vibracom para outros espaços. abril, maio e junho serão dadas “É mais “cômodo e barato” fazer o palestras sobre arte, filosofia, evento no campus por que a maior ciência política, sociologia, parte do público é estudante da psicologia e comunicação alemã própria universidade.” Concluiu e sua influencia no Brasil. Há, que os eventos planejados igualmente, uma parceria com para acontecer no campus o Centro Cultural Plataforma só poderão ser consolidados em que a Agência atua como de forma independente, sem produtora do evento Caldeirão conhecimento da universidade. Cultural. Este se caracteriza pela Leonardo Costa, um dos celebração da reabertura do fundadores da Produtora Junior, centro com a presença de grupos foi incubido da organização artísticos de periferias de Salvador. do Artecom (Semana de Arte e Comunicação). Ao longo de INCENTIVO A disciplina ministrada oito edições, os participantes pelo professor Leonardo “Oficina envolveram-se em diferentes de Produção Cultural” para

Foto: Aymée Francine

12 anos na Facom, afirma que até 2004, nenhuma festa ou manifestação artística sofreu problemas burocráticos. A direção da faculdade a prefeitura de campus sabiam e apoiavam as festas que ocorriam até esta data. Hoje, os eventos ocorrem de forma não-oficial, ficando por conta dos alunos a busca por segurança e material logístico, o que antes era fornecido pela universidade ou pela faculdade.

A bolsista Mariana Guedes acentua a falta de apoio da Universidade no desenvolvimento dos projetos da Agência. alunos do terceiro semestre tem também a criação de produtos culturais. Todo semestre, desde 2004, se executa um evento nessa disciplina. A turma desse semestre está realizando o “Centenário de Nelson Rodrigues” no Cine Cena Unijorge. O evento constitui-se de filmes e debates sobre o autor. Além desse projeto, em anos passados as turmas desenvolveram outros projetos como: “Ufba Em Cena” ,“Mostra Mulher”, “Eco Moda”, “Setcértera”, “Música. Doc/Bahia” e tantos outros. O Vibracom e o Facomsom não vão deixar de acontecer. Jonas afirma que atualmente o evento da Empresa Junior está num estágio de captação de recursos. Ele promete que esse ano será maior do que o do ano passado e talvez seja implementado fora do espaço da universidade.

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literatura made in facom

Professores, alunos e ex alunos produzem literatura ficcional por Heitor Montes e Naiana Ribeiro ceição, “Διασπορά” (lê-se “Diasporá”). O livro, que foi lançado no último dia 14 com um evento no Teatro Vila Velha, é o primeiro romance de Fernando, que já tinha escrito um livro de poesias, chamado “Amar faz bem mas dói” (Lys Editora, 1997) além de outras obras. O professor justificou o caráter ficcional da sua obra pela necessidade de trazer uma nova FONTE DE INSPIRAÇÃO A Faculda- visão para os fatos que compõem de é citada pelos ex-alunos Davi a história de Salvador e para a disBoaventura e Breno Fernandes puta de poder político travada no como um lugar de grande processo de reconstrução da deinfluência para sua arte, mocracia após a Ditadura Militar. bem como para sua vida pessoal. Porém, também Marcos Palácios, também profeshá quem garanta que a sor da Facom, produziu contos literatura que produzem que já foram publicados em coleestá mais associada às tâneas, complementos literários suas experiências de vida e sites. O autor tem duas fontes fora da faculdade do que principais de inspiração: “Uma com a academia, como o fonte é a nossa própria memóprofessor Marcos Palá- ria, as vivências que nós tivemos cios. De qualquer modo, ao longo da vida que sempre são talentos na literatura já um material que serve para elaforam e estão sendo reve- boração literária; e a outra fonte lados na Facom. E outras evidente de inspiração é o próprio ainda serão, precisando dia a dia, o que a gente vive a cada somente de inspiração e dia, o que a gente ouve a cada dia, incentivo. o que a gente lê a cada dia e são coisas muito fortuitas”. Uma publicação recente é Marcos Palácios produziu contos que já o romance do professor e INOVAÇÃO O professor André Leforam publicados em coletâneas e sites jornalista Fernando Con- mos, no período de junho de 2009

foto: Maria Dominguez

Muito além de jornalistas e produtores, a Facom é lar também de romancistas, poetas e literatas. Alunos, ex-alunos e professores da Facom ultrapassaram a sua formação acadêmica e produziram literatura ficcional. Existem livro para todos os gostos: As publicações dos “faconianos” vão desde o livro de poesia produzido pelo estudante Lucas Albuquerque, até as obras de literatura infanto-juvenil do ex-aluno Breno Fernandes, passando pelos contos do profes-

sor Marcos Palácios e o romance com temática política escrito por Fernando Conceição. Na Facom há espaço para inovações como o romance escrito através do Twitter feito pelo professor André Lemos, mas também há uma literatura mais “convencional”, como a que é feita pelo ex-aluno Davi Boaventura.


foto: Divulgação

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mos em seu site. Segundo o autor a obra é sobre um personagem que tem seus dados pessoais roubados e questiona a sua existência.

Além dos professores, alguns ex-alunos da Facom Davi Boaventura lançou seu primeiro romance “Talvez também esnão tenha criança no céu” no último dia 21 tão publicando suas obras. a junho de 2010, teve uma expeUm deles é riência com a chamada “Twitte- Davi Boaventura, 26 anos, formarature”, literatura feita através do do em jornalismo pela Facom em Twitter. Ele publicou o romance 2009. Ele lançou o seu primeiro “Reviravoltas” em vários posts, romance “Talvez não tenha criancom no máximo 140 caracteres, ça no céu”, no último dia 21, na através dos perfis @re_vira_volta Livraria Cultura. O livro, editado e @re_viravolta. O primeiro perfil pela Virgiliae, é descrito pelo aué onde se desenvolve o eixo prin- tor como “um relato bastante hocipal da história, já o segundo, é nesto sobre um universo jovem como se fosse um alter-ego do nar- próximo da realidade urbana de rador, em que aparecem imagens, classe média soteropolitana”. A sons, fotos e links. É a primeira ex- distribuição é nacional, e o romanperiência de literatura sequencial, ce se encontra em várias livrarias como uma novela, via Twitter no do país, fisicamente ou online. Brasil. Em 2010, a experiência foi publicada em formato de e-book, Outro ex-faconiano, formado em pela editora Simplissimo. “A nar- jornalismo, que vem se aventurativa cruza referências e citações da literatura (Paul Auster, T.S. Eliot, S. Mallarmé, P. Verlaine, S. Beckett, J. L. Borges, C. Baudelaire) e da música (R.E.M, P. J. Harvey, Lou Reed, Pink Floyd)” afirma André Le-

rando pela literatura é Breno Fernandes, 26 anos. O autor que tem 3 livros infanto-juvenis publicados vive dos direitos autorais da suas obras. Com apenas 14 anos, Breno escreveu seu primeiro livro “O mistério da casa da colina”, lançado em 2002 pela FTD. Em 2006 lançou “Mil - a primeira missão” pela mesma editora e em seguida “Show de bola e cidadania” pela editora Corrupio em 2010. Seus primeiros dois livros são romances, enquanto o terceiro usa a temática da Copa do Mundo na África do Sul para falar sobre a cultura africana. O recém-formado tem mais um projeto voltado para o público infanto-juvenil, chamado “Os fanzineiros”, um romance que pretende ensinar as crianças a fazer fanzines. Ainda estudando na Facom, Lucas Albuquerque também se rendeu ao fazer literário. O estudante do 7º semestre publicou em 2009 seu primeiro livro de poesias, chamado “Revolução Poética”, da editora CBJE. O autor afirmou gostar de apenas alguns poemas desse livro. “Me considero um poeta menor”, disse o autor, que tem Vinicius de Moraes como influência principal. Seu novo projeto se chama “Elas”, um livro de poesias que está em produção.

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#capa

Facom D

Diante da crise política na APUB, profes

por Alan Tiago Alves, Heito indeterminado. Na assembleia realizada pelo CLG, no último dia 29, dos 172 professores presentes, 119 votaram a favor da greve. A expectativa dos professores da Facom é de que, amanhã (06), o resultado do referendo, decida contra a paralisação.

Professor Giovandro Ferreira deve aderir ao movimento No primeiro dia do referendo do Sindicato dos Professores das Instituições Federais de Ensino Superior da Bahia (APUB) e de uma assembleia do Comando de Greve, os professores da Faculdade de Comunicação têm opiniões divergentes. Alguns são a favor da paralisação, enquanto outros defendem o diálogo com o governo.

No artigo 16, o estatuto indica que, além de uma decisão em assembleia, deverá ser realizado um referendo para validação no caso de deflagração de greve por mais de dois dias. Mas o CLG, em nota distribuída no último dia 31, afirma que a medida é ilegal, já que fere o direito de greve garantido pela Lei 7783/89 e deslegitima a Assembleia Geral como instância deliberativa mais importante.

DIVERGÊNCIAS A crise política dentro da categoria repercute também entre os professores da Facom. O professor Giovandro Ferreira, diretor da Facom, não se declarou a favor da greve, mas por se tratar de uma deliberação da categoria, a qual faz parte, deve aderir ao movimento. Segundo ele, as reinvindicações são válidas e merecem sua adesão. “É uma greve que atinge várias outras Enquanto o sindicato defende instituições federais. Todos estão a realização do referendo para aguardando o resultado do decidir definitivamente se plesbiscito. Há muitos cartazes ocorrerá greve ou não, a APUB Luta pelos campi e discussões pela e o CLG (Comando Local de Greve) internet sobre o movimento”, defendem paralisação por tempo pontua.

Afiliado a APUB, o professor Wilson Gomes afirma ser contra a greve e irá continuar normalmente as aulas. Na semana passada, Wilson criticou, no Twitter, o baixo quorum da assembleia que votou pela greve: “Atenção jornalistas que já colocaram em manchetes a greve de professores da UFBA (aprovada por 160 dos 3 mil docentes): devagar com o andor”. Já o professor José Mamede avalia que a declaração de greve foi equivocada do ponto de vista de uma assembleia como um todo. “Foi um golpe de uma minoria que sempre está a favor da greve, tomou a assembleia e uma decisão com poucas pessoas”, analisa Mamede. “Inicialmente não estava em pauta o assunto greve. Se assim o fosse, haveria uma adesão muito maior”, declara. Ele não vê perspectiva de greve na

Wilson Gomes é contra a greve e irá con normalmente as aulas


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Dividida

ssores da Facom divergem sobre greve

or Montes e Victória Libório

Ainda não filiada a APUB, a vicediretora do Colegiado da Facom, professora Regina Gomes, acredita que tudo dependerá da decisão do referendo. Mas, segundo ela, a paralisação não é a melhor solução. “Sou favorável ao diálogo e não acredito em greve como solução dos problemas”, comenta. O professor André Lemos, através de seu blog, afirmou que também só tomará uma posição após o resultado do plebiscito e que considera a greve inoportuna. Segundo ele, ainda há possibilidade de negociação.

foto: Victória Libório

Facom: “Se tiver uma greve, este decisão sobre as disciplinas que não é o momento”. ministra.

Quem já se decidiu foi a professora Itania Gomes que, através de e-mail enviado aos alunos, afirmou que não vai aderir a greve e seguirá o calendário como previsto. O professor André Lemos também vai aguardar o resultado do referendo. No blog Para a estudante Tâmara Terde sua disciplina “Cartografia de so, o plebiscito é um “golpe” Controvérsias” explica: “Ainda há espaço de negociação com o MEC e por isso não considero a greve preocupação dos alunos com a paralisação já é evidente. oportuna agora”.

foto: Compós 2011

CALENDÁRIO Faltando pouco mais de um mês para o término do semestre e menos de um dia para A professora Graciela Natansohn, completar os 75% do calendário associada ao sindicato, admitiu que permitem o encerramento que vai aderir à paralisação caso do mesmo, o professor Giovandro seja aprovada pelo plebiscito, afirma que o mais provável é que as mas de uma forma diferente. aulas sejam paralisadas durante a “Pretendo parar as greve. “Quando tudo ficar decidido aulas, mas estimular e os professores retomarem as a produção de meus alunos. Será como atividades, vamos pensar em uma suplementação como cumprir o restante desse especial em que os calendário”, comenta. alunos cobririam essa greve, as Mesmo se a greve for decretada assembleias e os oficialmente no plebiscito, o fatos relacionados”, Programa de Pós-Graduação (Pósexplica. Quanto ao Com) funcionará normalmente e andamento das aulas também não haverá alterações na Facom, Graciela de calendário, defesa e pesquisa, informou que vai conforme informações do setor. esperar o resultado Ao contrário do Programa de do plebiscito para Educação Tutorial (PET) e da ntinuar tomar qualquer Produtora Júnior (PJr), onde a

Para a petiana Paula Morais, o problema será a elaboração da revista Fraude. “Os componentes se reúnem todas as semanas para discutir o periódico. Se a Facom fechar, não teremos esses encontros e haverá atraso de atividades”, afirma. Já na PJr, a dificuldade, caso a paralisação seja oficializada, será no recrutamento de trainees para a nova gestão. As reuniões do grupo deverão ser suspensas, caso haja greve. Para Tâmara Terso, integrante da antiga gestão do C.A., a greve é válida, contudo a estudante contesta a decisão pelo plebiscito: “A Andes [...] deu um passo enorme para começar a propor uma discussão política. Mas o plebiscito deve ser repudiado, pois é um golpe. A assembleia é um debate de deliberação máxima, deveria ser respeitada como tal”.

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#infra Facom 3.0

fotos: Diego Yu

A Faculdade de Comunicação começa sua expansão por Diego Yu e Rebeca Menezes

O projeto prevê obras com o custo de R$ 2,6 milhões MELHORIAS O anexo a ser construído terá três andares e abrigará as salas das instâncias e da administração, os laboratórios de rádio e de fotografia e o Centro de Comunicação, Democracia e Cidadania (CCDC). Também haverá um refeitório para aqueles que levam comida de casa, uma sala O projeto foi apresentado em de reuniões, além de um jardim 2010 e prevê obras de ampliação interno, responsável pela ventilae reforma, com um custo de pou- ção e iluminação dos corredores. co mais de R$ 2,6 milhões e conclusão até o começo de 2013. O Ele contará ainda com banheiros prazo, entretanto, deve se esten- em cada andar, sendo o do terceider para que a reforma não pre- ro andar equipado com chuveiros. judique as aulas. Após os término “Foi a reivindicação de alguns aluda obra, a faculdade contará com nos, muitos moram longe ou vão 1700 m² a mais de área, com salas direto para um estágio, então é ine espaços mais amplos e arejados. teressante ter a oportunidade de É bastante claro, está lá para todos verem: a placa anuncia a obra de reforma e ampliação da Faculdade de Comunicação. Que a Facom está passando por diversas mudanças na sua infraestrutura, ninguém tem dúvidas. Mas poucos parecem saber quais são elas.

tomar banho. Mas a gente pensa no professor também: tem professores que vêm pra cá e se organizam pra passar o dia todo aqui e isso daria um acolhimento maior ao professor”, afirma Giovandro Ferreira, diretor da faculdade. MUDANÇAS NA ESTRUTURA No que diz respeito à reforma, também haverão mudanças significativas. A entrada mudará de lado, para que a escada frontal, atualmente pouco movimentada, seja mais utilizada. Giovandro explica que a escada usada é um pouco menor. Para ele, a outra é mais apresentável, tem mais ventilação e por isso será feita a mudança. A administração deixará o sa-


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guão, que se tornará um espaço mais amplo, contendo apenas um balcão de informações e a fotocopiadora, que será instalada onde atualmente fica a portaria. No local onde hoje atuam as instâncias, será construído um “aquário” de vidro, com computadores, e no andar seguinte uma sala de reuniões será montada.

tação deu 300 dias para entregar a obra, mas fazendo ao mesmo tempo a reforma e a ampliação. Obviamente eu não poderia assumir isso sem levar à Congregação. A Congregação tem representação de todos, estudantes, funcionários e professores, e foi unanimidade que primeiro se faça a ampliação e depois a reforma. Porque, como no caso dessa obra aqui ao lado (a As mudanças vieram a partir do construção do Instituto de Ciência Programa de Apoio a Planos de da Informação, vizinho da faculReestruturação e Expansão das dade), a companhia faliu. Imagina Universidades Federais (Reu- se tivesse sido na Facom, de estar ni). A Facom aderiu ao progra- tudo quebrado aqui dentro e não ma, criou o curso de Cinema, terminado aqui fora e a obra parar, ligado aos Bacharelados Interdis- seria um pandemônio. Nós vamos ciplinares, e, em contrapartida, pagar o preço de talvez ter um recebeu a verba que precisava. atraso na obra. (...) Mas ao mesmo tempo, a obra está acontecendo e nós estamos tocando normalO projeto prevê mente as atividades do dia-a-dia.”

obras de ampliação e reforma, com um custo de pouco mais de R$ 2,6 milhões e conclusão até o começo de 2013.

FUTURO Já está em fase de planejamento uma nova ampliação, nos fundos do prédio, cobrindo a área da cantina. Segundo o diretor, já foram captados R$ 1,3 milhão, “mas os cálculos que chegaram foram de quase 3 milhões, então # nós vamos ter que correr atrás.” O primeiro andar seria ocupado pelo ATRASO É PREVISTO NA REFOR- Centro de Estudos Avançados em MA Carlos Damasceno, engenhei- Democracia Digital e Governo Elero responsável pela obra, afirma trônico (CEADD), coordenado pelo que a construção do anexo, ainda professor Wilson Gomes, de quem na fase de fundação das estrutu- partiu a iniciativa. A ideia é ter um ras, está dentro do prazo mesmo segundo pavimento como um lacom as chuvas recentes. As reforboratório de cinema e um terceiro mas internas, entretanto, que decomo uma grande redação inteveriam ocorrer de maneira concograda, que faria convergir para o mitante, ainda não se iniciaram: mesmo local pessoas de rádio, te“Foi uma decisão da faculdade”, levisão, impresso e mídias digitais, explica. Giovandro justifica tal oponde todos os meios pudessem ção: “A empresa que ganhou a liciproduzir em um único espaço.

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Facom: Um histórico de lutas

A Facom percorreu um longo caminho até chegar no estágio em que hoje se encontra. O professor Marcos Palácios, participante efetivo do processo de conquista de espaços desde 1986, conta que quando o primeiro computador da faculdade foi comprado, no fim da década de 80, teve que ser colocado no vão sob uma escada, único espaço livre restante na faculdade, então sediada no bairro do Canela. O prédio atual é um antigo restaurante universitário, invadido e ocupado no final da década de 90. Um projeto começou a tomar forma e ser gradualmente realizado. Salas foram criadas onde antes havia apenas espaços vazios, primeiro com divisórias, depois com paredes com isolamento acústico. O auditório, que não estava inicialmente planejado, foi construído. Segundo Palácios, houve a preocupação de não deixar que o provisório se tornasse definitivo.


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acessibilidade é favorecida pela reforma Obras já foram iniciadas e prometem melhorias no acesso à Facom A lei 10.098 de 19/12/2000 torna obrigatória a acessibilidade nos prédios públicos, e não é cumprida atualmente pela faculdade. Mas as obras devem resolver esse problema. Haverá novos banheiros adaptados para portadores de necessidades especiais, o auditório sofrerá uma nova reforma e permitirá o acesso de cadeirantes também como palestrantes e elevadores serão instalados. O diretor reconhece essa necessidade. “Há 3 ou 4 anos nós tinhamos um aluno cadeirante. Toda vez que tinha que ir de um andar

para o outro os colegas tinham que carregar a cadeira. Isso - as condições de acessibilidade - é algo necessário.” O professor admitiu, no entanto, que não tem certeza quanto à presença de piso tátil no projeto. Os elevadores ainda não estão funcionando por incompatibilidades da estrutura do fosso com o sistema dos elevadores. “Os elevadores são anteriores, são outra licitação”. “Isso aqui era um restaurante. Nós já tínhamos o fosso. Os antigos elevadores eram mais

foto: Aymée Francine

Rampa na entrada é a única forma de acessibilidade à Faculdade

largos do que os que foram comprados.” Ele explica que uma nova licitação teve de ser feita para as reformas na estrutura interna do fosso, e que por isso os materiais ainda estão nos corredores, mas que esse é um projeto da administração central e, não da alçada da diretoria. A obra, segundo o próprio diretor, em entrevista ao Jornal da Facom, estaria pronta até novembro do ano passado, ainda não foi concluída. Entretanto, não consta como parte do projeto.

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Materiais no corredor Burocracia impede seu uso Enormes peças metálicas e caixas de papelão intrigam a maioria dos faconianos que passam por elas todos os dias. Por questões burocráticas - como licitações e entrega do material antes do momento previsto - peças de futuros elevadores, oito ar condicionados e cadeiras de escritório estão nos corredores da Facom.

por Aymée Francine Existe ainda outro grupo de contratação da empresa que irá instalar os elevadores. Após esse processo, houve um sorteio e, a partir dele, a Facom está na fila para instalação dos equipamentos.

O professor Giovandro Ferreira, diretor da Faculdade de Comunicação, afirmou que o problema vai muito além dessa questão da espera. Segundo ele, quando a compra dos elevadores e plataforma foi feita pela administração central da Ufba, não l e v a r a m em conta a necessidade de uma r e f o r m a Peças dos elevadores esperam a instalação. interna, pois o fosso existe LONGA ESPERA Há dois anos, desde a época em que o edifício era um Restaurante Universitário os elevadores e plataforma e é mais largo que os elevadores para deficientes físicos estão atuais. espalhados pelo segundo andar do prédio. Segundo o Chefe Ainda segundo o Chefe de Apoio os de Apoio, Cleison Aquino dos refrigeradores do tipo Split foram Santos Neves, cada peça tem adquiridos via pregão, que é uma um porquê de estar onde está. modalidade de realizar contratros Os materiais para os elevadores administrativos para realização de da Facom foram comprados via serviços e compras com dinheiro licitação feita pela Ufba para oito público. Funciona online e é um de suas faculdades, bem como a leilão ao contrário, onde ganha o

foto por Aymée Francine

fornecedor que oferecer o menor preço pela mercadoria ou serviço. Esses ar-condicionados têm destino certo: o auditório e as salas dos departamentos do primeiro andar que serão transferidas para o prédio anexo. caixas nos corredores do térreo: 103 cadeiras de escritório. Elas estão ali por questão burocrática da empresa que as vendeu à universidade e têm como destino as novas salas e laboratórios que, por sua vez, estão na fase inicial de construção do lado direito da Facom. Todos os móveis do anexo já foram comprados, porem esses assentos tiveram de ser trazidos assim que adquiridos porque já haviam sido produzidos em último estoque e não poderiam ficar armazenadas na fábrica da empresa fornecedora, diferentemente das outras peças que ainda estão em seus depositos. DECLARAÇÕES O aluno de Jornalismo Giltemberg Brito, formado em Produção Cultural e que está na Facom desde 2004, acredita que o acúmulo de materiais começou a partir de 2009, mas que os alunos não dão grande importância ao fato, visto que houve uma melhoria considerável nas instalações faconianas e que esses objetos nos corredores não atrapalham, diretamente, o dia-a-dia da faculdade. Jonas Nogueira, aluno do segundo semestre de Produção Cultural, pensa diferente. “Sinceramente, me incomoda muito. A faculdade fica suja, empoeirada por mais que limpem e dá um aspecto de bagunça.”

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Novo e promissor

Agenda Ciência, Cultura e Arte da UFBA tem projeto modelo por Vitor Gabriel Com a instalação de uma linha telefônica há duas semanas, uma previsão de chegada de cinco notebooks e três netbooks novos para este mês, além de um projeto de reestruturação do espaço, Agenda Ciência, Cultura e Arte se organiza para se tornar uma verdadeira redação. DIFICULDADES Atualmente, os bolsistas dispõem de cinco notebooks, três computadores modelo iMac e dois celulares utilizados para gravações de áudio. Eles ainda não possuem câmeras fotográficas no laboratório e algumas vezes utilizam as próprias máquinas. Quando precisam fazer a cobertura de um grande evento, contam com a parceria do Labfoto. O espaço onde o laboratório funciona desde o mês de março não foi projetado para a atividade. Durante cerca de sete anos serviu para abrigar um acervo de filmes, documentos e arquivos fotográficos do setor de cinema da faculdade, que teve suas atividades encerradas no local no segundo semestre de 2011.

à política científica e tecnológica e divulgação de pesquisas desenvolvidas no estado da Bahia; do outro, a equipe responsável pelo Agenda Arte e Cultura, site que contém uma agenda artística, cultural e científica digital para divulgar ao público interno e externo da Ufba a produção acadêmico-cultural que deriva das suas unidades de ensino. Os dois produtos estão integrados. O projeto tem apoio da Pró-Reitoria de Extensão Universitária da UFBA (PROEXT) que financia a compra dos equipamentos e o custeio da bolsa dos estudantes, permitindo ao aluno uma formação profissional com responsabilidade social e a integração entre a universidade e a sociedade na troca de experiências.

PROJETO JOVEM O projeto, que completa um ano no próximo mês de julho, tem uma equipe composta por 12 estudantes divididos entre bolsistas de graduação - quatro de jornalismo que trabalham na produção de matérias jornalísticas sobre temas de Ciência e Tecnologia realizadas A sala é dividida em duas. De pelos pesquisadores da UFBA e seis um lado estão os estudantes de Produção Cultural que fazem o que cuidam do Ciência e Cultura, levantamento de conteúdo para portal que contém notícias, a Agenda Cultural, envolvendo entrevistas, banco de fontes, produção audiovisual para o site, artigos opinativos e reportagens além de dois bolsistas do Pósespeciais sobre assuntos relativos Com/UFBA que atuam como de

editores do site e acompanham os bolsistas de graduação na produção de notícias nas unidades da UFBA. “A idéia é que o aluno tenha uma relação entre o mundo da informação e da formação, tendo contato com a Escola de Teatro, Dança e Belas Artes fora da faculdade”, diz José Roberto Severino, um dos coordenadores do site Agenda Arte e Cultura UFBA. CIÊNCIA E CULTURA Com pouco mais de um ano no ar (sete de maio/2012), a página de Agência de Noticias Ciência e Cultura foi curtida 521 vezes no facebook. Porém a maior parte dos estudantes tem pouca informação sobre o projeto. O conhecimento, na maioria das vezes, é sobre o site do Ciência e Cultura. Agenda Arte e Cultura é pouco citado pelos alunos. As estudantes Fabrina Macedo e Ana Carolina sabem da existência do projeto. Fabrina diz que o site do Ciência e Cultura é interessante e tem bastante conteúdo. “Só acho que tudo que ocorre na Facom deveria ser mais divulgado”, avalia a aluna do 3° semestre de jornalismo. Ana Carolina cursa o 5° semestre de Produção Cultural sabe que um dos produtos da Agência de Noticias é sobre


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divulgação cientifica e já curtiu Ciência e Cultura no facebook. “Deveria ter um espaço, um mural informativo para que os alunos soubessem um pouco mais do programa. Fico pouco tempo na Faculdade e não tenho nenhum conhecimento”, opina Isabela Garrido, 4° semestre de Jornalismo. As placas para a identificação da sala estão em processo de licitação. A plotagem da porta e a colagem de cartazes pela Facom Sites da Agência de Notícias em Ciência e Cultura (http://www.cienciaocorrerão até o final do mês. O ecultura.ufba.br/agenciadenoticias/) e da Agenda Arte e Cultura (http:// projeto é divulgado pela internet, www.agendartecultura.ufba.br/) através das redes sociais.

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Consolidado novo produto da Facom A Agência de Notícias nasce com proposta inovadora e promete a formação de novos cientistas

TEXTOS ESPECIALIZADOS Os por Bruno Pedra envolvidos apontam alguns desafios encontrados, como a Uma agência de notícias dentro da com a popularização da Ciência. dificuldade de lidar com artigos universidade feita para produzir Entendê-la como algo que deve e releases muito especializados. matérias jornalísticas que sirvam ser difundido para a sociedade, Gilberto Rios, estudante de na difusão da produção científica que não deve se fechar na jornalismo e bolsista do projeto, relata que costuma receber baiana. Esse é o objetivo da Universidade”. material de pesquisadores externos Agência de Notícias em Ciência e Cultura, instância que existe há O material é publicado no site que muitas vezes apresentam uma mais de um ano e começa agora a do projeto e em um boletim linguagem específica, dificultando se estruturar e ser ampliada. semanal enviado via email. Além a compreensão e a produção de disso são produzidas e veiculadas matérias. Simone Bortoliero, coordenadora também reportagens em vídeo e do projeto, explica que o foco é transmissões ao vivo através da Para participar do projeto, além criar conteúdo para jornalistas Internet, disponíveis na sessão de se inscrever na seleção, o e fazer com que a produção “Web Tv” do site. De acordo com aluno de graduação pode se ciêntífica baiana ganhe destaque Clarissa, há a expectativa para a matricular na disciplina “Agência no noticiário nacional. Selecionada produção de material impresso de Notícias” (COM362), ou pode em março para integrar a agência, a ser distribuído, mas ainda não ainda enviar seu texto para o email a editora-chefe Clarissa Viana há uma previsão para que seja cienciaecultura.ufba@gmail.com. As bolsas têm duração de um ano. completa: “Nos preocupamos implementado.

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#facom-faz Nova tutoria para o Pet

Professor Sadao planeja palestras que serão ministradas por professores da Unb e da PUC-SP por Alexandre Galvão e Estela Marques Uma das instâncias mais atrativas ao público faconiano, o Programa de Educação Tutorial (PET) da Facom, tem novo tutor há cerca de dois meses. O professor Fábio

Sadao, doutor em Comunicação e Semiótica, deve seguir a linhada gestão anterior, mas traz novas propostas em torno do tema “A Cidade como Mídia”.

pretende realizar uma Oficina de Edição de Áudio para produção de audiovisuais dos lugares estudados na cidade de Salvador. Há, ainda, a possibilidade de uma

O professor planeja uma série de palestras para a entrar em uma discussão mais aprofundada sobre o assunto: uma Oficina de Linguagem da Internet e Produção de Sites, que será ministrada pela professora de Design da UnB, Fátima Aparecida dos Santos, e outra Oficina de Paisagem Sonora, com a provável instrução da professora Carmem Lúcia José, da PUC-SP.

A tutoria da professora Graciela transformou o PET em um programa admirado pelos estudantes.

Fábio Sadao deve seguir a linha da gestão anterior, mas traz novas propostas.

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palestra sobre a cidade como mídia, com Lucrécia Ferrara, da PUC-SP e USP, grande autoridade no estudo do espaço e da cidade.

“Não existe uma grande mudança, nunca existe”, afirma Sadao. O professor assume o cargo substituindo a professora doutora Graciela Nathanson, que deixa A ideia é pensar o posto para fazer seu pósquais são as formas doutorado na Argentina após seis de representação anos de trabalho no programa. O construídas na cidade, interesse em ser tutor do PET estabelecendo um surgiu a partir da vontade de diálogo com outras desenvolver com os alunos algo esferas da atuação que transpusesse a esfera da sala humana. A partir de aula. daí, diversas oficinas poderão se desdobrar. BOAS EXPECTATIVAS Com o passar Sadao também dos anos, a tutoria da professora


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foto: Aymée Francine Graciela transformou o PET em um programa admirado pelos estudantes. Boa parte dessa atratividade deu-se pelas oficinas e workshops ministrados pelos bolsistas, como a oficina de diagramação que foi dado aos calouros de 2012.1 no começo do semestre. O ex-bolsista Rodrigo Lessa, que ficou dois anos no programa (2007/2009), afirma: A bolsista Paula Morais tem boas expectativas para a entrada do novo tutor. “O PETCOM era bem procurado pelos alunos da Facom organizar mais e a se envolver Intercom Nordeste, e todos foram na época de inscrições. Em um mais com pesquisa, além de se aprovados. Já é um grande começo. período anterior ao meu, havia tornar uma instância mais ativa Espero que seja satisfatório para noção de que ele era muito dentro da faculdade”, finalizou. ele, como vem sendo para nós fechado e que ninguém sabia o bolsistas”, confessou. E comenta que fazia ou pra que servia. Mas sobre as propostas do professor no período em que eu entrei, e para o grupo: “Estamos no nos dois anos em que eu fiquei “Graciela era muito começo ainda, mas já pensamos atuando em algumas atividades para o lá, foi perceptível como as coisas importante mudaram”, disse. no reconhecimento grupo. Algumas são voltadas para do PET dentro da editoração, outra para paisagem Outro bolsista do programa, sonora e tem também sobre Daniel Silveira, avalia a estadia da Facom e na hora de webdesigner. Ainda estamos professora no projeto: “Graciela interceder por algu- ajeitando tudo, mas parece que as foi muito importante para o PET, mas necessidades do expectativas são boas”, concluiu. principalmente por conta dela grupo ante a diretrabalhar com jornalismo de Distribuído por todo território revista, e a gente desenvolver ção.” (Daniel Silveira) nacional, o programa conta com # uma. Além disso, ela era 75 instituições cadastradas e 428 muito importante atuando no grupos de pesquisa, segundo reconhecimento do PET dentro Paula Morais, também integrante dados do portal do MEC. Em da Facom e na hora de interceder do PET, disse estar contente âmbito regional, o PETCOM é por algumas necessidades do com a entrada do novo tutor e o único grupo de comunicação grupo ante a direção” e opinou ressaltou a primeira ajuda dada do Nordeste, tendo outros três sobre o novo tutor: “Com Sadao, por ele: “Sadao nos ajudou na dividos igualmente entre as acredito que o PET tende a se realização dos papers para o regiões Norte, Sul e Sudeste.

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Portal da Facom enfrenta problemas As atualizações não são constantes e páginas essenciais, como a relativa aos grupos de pesquisa, permanecem em construção por Luire Campelo e Maria Dominguez A agenda de junho do site da Facom está em branco. Não há sequer um evento marcado de maio até o final de 2012. A aba referente aos grupos de pesquisa está em construção. A página relacionada à produção científica da faculdade deveria computar TCCs e artigos produzidos pelos estudantes, mas não é o que acontece. As monografias disponíveis na página são apenas de estudantes da graduação formados entre 2008.1 e 2010.1.

Brasil como responsável. Segundo ele, o laboratório enfrenta diversas dificuldades. “O site ainda não está concluído e não me satisfaz. Ele poderia ser muito melhor do que se apresenta. No momento, ele está pouco informativo, pois eu não recebo informações”, ressalta.

Alunos e professores, em sua maioria, não acessam ou não conhecem o site. “A página atual é resultado de uma recente reforma. Acredite: ela já foi pior, mais feia e mais pobre. O Laboratório de Multimídia Acho a atualização de conteúdo um é a instância responsável pela tanto sem relevância. O site acaba manutenção e atualização do portal não tendo nenhuma função para e tem o professor José Umbelino divulgação de atividades, já que a atualização não é feita com muita Página dos grupos de pesquisa em construção e frequência”, disse agenda em branco Eduardo Assunção, estudante de Jornalismo do 6º semestre. Um bom exemplo da desatualização é o erro na titulação do diretor presidente da Produtora Júnior. Na subseção “Estrutura”, o atual diretor presidente é Felipe Menezes, que na verdade foi diretor de comunicação em 2010. “O site de uma faculdade de comunicação

deveria ter uma atualização constante e a presença de informação sobre tudo que acontece naquele espaço”, avalia a professora Malu Fontes, que se diz conectada 24 horas por dia na internet e nas redes sociais. Malu ainda acrescenta que não utiliza o site para obter informações: “Tudo o que me interessa, eu fico sabendo antes. Não tenho necessidade de buscar informação no site”. A subseção “Estrutura” lista nove laboratórios, inclusive o Centro Acadêmico (C.A.Facom), que, segundo o próprio site, é uma entidade representativa dos estudantes e não um espaço de pesquisa e experimentação, como por exemplo, o Labfoto. A página dedicada aos estudantes se resume a apresentação do Petcom, Produtora Júnior, Agência Experimental e C.A.Facom. As informações disponibilizadas não ajudam o leitor a distinguir para quem as instâncias, atividades de extensão, etc são destinadas: são para todos estudantes ou há restrição? Apenas integrantes da Facom podem participar? Quais são os produtos e eventos realizados por cada um? Segundo o professor Umbelino, os interessados em publicar notícias devem enviar pequenos releases ao Labmedia e, a partir do momento em que houver demanda suficiente, o site será atualizado. Nas palavras do professor: “Estamos abertos para modificações e para que ele (o site) se torne mais dinâmico, mas essa não é uma tarefa apenas do Lab”.

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Bolsas do Permanecer aumentam 55% na facom Apesar do aumento relativo a 2011, quantidade de bolsas ofertadas é três vezes menor que em 2007 por Thaís de Jesus Após ingresso na universidade, alguns estudantes passam por dificuldades relacionadas com a permanência na instituição, como transporte, moradia, material didático e alimentação. Pensando nesses discentes, a UFBA disponibiliza programas de auxílio, como o Permanecer. Em 2012, a Faculdade de Comunicação obteve um aumento de 55% das bolsas no programa. Foram 9 projetos aprovados, rendendo 14 bolsas. Houve um decréscimo de 69% com relação ao seu início (2007), no qual a faculdade contou com um total de 46 bolsistas contemplados. A Facom tem marcado sua presença no programa mesmo com o descréscimo das bolsas concedidas. A importância do programa provém do fato de configurar-se tanto como

uma assistência estudantil quanto formação acadêmica. Em entrevista, o professor José Severino comentou sobre o decréscimo histórico de 69% nas bolsas concedidas pela Facom. Para ele, o fato de não haver, hoje, tantas bolsas Permanecer quanto havia no começo, significa que ainda há uma necessidade de ampliação. “Por outro lado, a correção vem acontecendo também pelo próprio mérito do aluno que busca outras modalidades de financiamento”, disse ele. Segundo Severino, alguns dos fatores relacionados com esse decréscimo podem estar relacionados à primeira fase do programa. Nela, havia um cenário estimulante de busca por uma outra modalidade de financiamento de pesquisas com bolsistas de um projeto

Representação do número de bolsas e projetos da Facom

específico. “O aluno da FACOM tem outras modalidades de bolsas que o impede de acumulá-las. Então, a bolsa Permanecer acaba sendo uma espécie de segunda possibilidade.”, destacou. Em 2012 o Observatório Universitário da Cultura Popular, de autoria do Professor Severino, concedeu 3 bolsas, o projeto é integrado ao Permanecer e tem como objetivo compreenderm, através do mapeamento e de um diagnóstico, a produção cultural comunitária em Salvador. AUXÍLIO E APRENDIZADO A essência do programa é a permanência do aluno na universidade. “Se me perguntarem se supre todas as minhas necessidades? Não, é a minha resposta. Mas, repito, é o que tem me ajudado a continuar no curso”, comentou Marisa Sales, aluna do Bacharelado Interdisciplinar em Artes e bolsista do projeto Preservação da Memória Audiovisual do Setor de Cinema da UFBA, de autoria de Guido Araújo. O Programa disponibiliza ao aluno uma bolsa no valor de R$ 360 mensais por um ano. Ele propõe ao bolsista uma dedicação de 16 horas semanais às atividades do projeto para que o estudante obtenha desenvolvimento acadêmico.

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#entrevista

“Se você me ama, me passa sua senha”

por Alexandre Galvão e Maria Dominguez

Para Leonor Graciela Natansohn, professora e coordenadora do GIG@ (Grupo de Pesquisa em Gêneros, Tecnologias e Cultura), essa expressão resume a relação entre homens, mulheres e internet. Em entrevista para o Boletim Facom News, Graciela disse que a militância na causa feminina a fez entender a estruturação do mundo a partir das categorias identitárias sexuais. Ressaltou ainda a superexploração da figura feminina no meio cibernético, a falta de incentivo para a inserção das mulheres no meio tecnológico e nos grandes centros de tecnologia, e a diferença entre essa relação no Brasil e na Europa. Entrou ainda na discussão polêmica entre gênero, sexo, identidade e a redefinição das categorias clássicas dessas segmentações sociais. Para ela, no âmbito nacional, e no que diz respeito à representatividade, as mulheres já deram um grande salto, mas reconhece que ainda falta muito a conquistar.


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graciela Em artigo escrito para a Folha de S. Paulo, você disse: “a relação entre as mulheres e a internet é diferente da relação entre mulheres e mídias tradicionais. A imagem delas é superexplorada na pornografia e na maioria das vezes com um viés preconceituoso”. De que forma a relação entre mulher e internet difere da relação entre mulher e meios de comunicação de massa? Há uma diferença que nunca antes tinha percebido. No meio de comunicação de massa falamos mais das representações das mulheres. Na internet, falamos de práticas da comunicação entre sujeitos, pessoas que se comunicam. Então as mulheres também produzem conteúdo. Elas também se comunicam. Pensamos na internet não como espaço de representação das mulheres, mas como espaço de interação e existem aí brutais diferenças. Por exemplo: numa pesquisa recente sobre violência contra a mulher, o que se percebe é que uma das formas mais frequentes de violência consiste no controle que se faz das mulheres através da internet. A relação nos dias de hoje entre homens, mulheres e internet poderia ser resumida com a seguinte expressão: “Se você me ama, me passa sua

“Mulheres morrem assassinadas e violentadas por serem apenas mulheres.” #

natansohn

senha.” Querem controlar com quem se fala e isso é muito frequente. Em resumo: na mídia massiva tradicional, a violência contra a mulher está na forma que ela é representada. Nas mídias digitais existe outra violência, a do controle dessas mulheres.

morrem só por serem gays. Isso já confere certa importância a essa categoria. E isso não significa que, para mim, mulher seja aquela que nasce com um par de peitos. Claro que não. Eu não sustento o fato de que mulheres e homens sejam categorias únicas.

Em entrevista à Agência de Notícias Ciência e Cultura, você disse que o seu trabalho não é apenas direcionado para as mulheres biológicas. Nos moldes atuais, o que é ser homem e o que é ser mulher? É possível distinguir entre gênero, sexo e papel social?

“O interessante é entender o mundo a partir das categorias identitárias e sexuais.”

Hoje, assistimos uma redefinição das categorias clássicas de identidades. Hoje não podemos mais falar em apenas mulheres e homens. Falamos de gays, lésbicas, transexuais, bissexuais dentre outras milhares de palavras. Isso significa que há sim uma complexidade na construção identitária. Isso é um fato. Por outro lado, existe outro fato: mesmo com essa diversidade, e por conta dela, existe ainda uma forte discriminação das mulheres por elas serem apenas mulheres. Mulheres morrem assassinadas e violentadas por serem apenas mulheres. Ninguém pergunta a elas se são mulheres ou se são transexuais, por exemplo. Então a categoria mulher ainda é muito importante, assim como gays

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Você disse que é feminista, mas esse é um conceito muito abrangente. O que é ser feminista para você? Que difícil! O feminismo não é apenas entender as diferenças


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entre homens e mulheres. Como o mundo, o conhecimento, a ciência, a vida doméstica, a vida política e a sociedade se estruturam a partir das identidades sexuais. É impressionante e é isso que me fascina no feminismo. Para mim, essa é a grande porta do feminismo: entender a vida política e até cultural a partir dessas identidades. Não é apenas analisar a exclusão das mulheres, isso é apenas um detalhe. O interessante é entender o mundo a partir das categorias identitárias e sexuais. As mulheres já estão no comando do poder. No Brasil, por exemplo, elas já estão no comando político do país e recentemente uma mulher assumiu o cargo de presidente da Petrobras. E agora, lutar mais pelo quê? Daí para baixo? Tudo! O Brasil começou por cima, com uma presidenta. Mas daí para baixo temos pouquíssimas mulheres na política. Perceba no Senado, nas Câmaras Estaduais, no Congresso Nacional, quase que não há mulheres. Um estudo baiano diz que existem poucas mulheres e, na maioria das vezes, elas são esposas dos políticos. Existem ministros e senadores que lançam suas mulheres na política. Agora, mulheres autônomas são muito poucas. Então, eu digo que já demos um salto enorme, mas ainda falta muito. No seu último artigo sobre mulheres e internet, de 2011, você fala sobre a falta de mulheres em centros de tecnologia mundiais. Como esse fenômeno se dá e como esse quadro poderia ser modificado?

Na Europa, existem muitas políticas de incentivo para as mulheres e a tecnologia. Aqui, no Brasil, se fala muito pouco sobre isso. Lá, já falam sobre o assunto há tempos. Pesquiso muito e sei que eles têm programas de estímulos às mulheres e uma série de coisas. Aqui, o problema é tão complicado e não é apenas no âmbito da

“se homem ficasse grávido, as coisas seriam diferentes para nós.” #

educação. Não se educam meninas para fazerem carreira tecnológica. Na grande maioria das vezes, os professores de centros tecnológicos são sempre homens e eles não estimulam as meninas a serem monitoras ou professoras. Mesmo que uma sala de aula tenha 20 meninas e 10 meninos. É impressionante como os professores sempre escolhem outros meninos para serem seus monitores. Ou seja, dentro dos centros educativos há uma forma muito sutil de discriminar mulheres. Dentro de cursos, como engenharia da computação, é nítido o fato de que mulheres e homens desempenham atividades bem diferentes. No curso de computação, as mulheres sempre estão entre as atividades mais soft, mais light, como programação. E isso acontece, pois os professores não estimulam as meninas a tomarem certo cargos do jeito que estimulam os meninos. Já no trabalho, acontece que mulheres talentosas e bem sucedidas às vezes chegam no topo das empresas e lá para os 35

anos, nada mais normal do que quererem ter filhos. Mas você acha que é gratuito ter um filho para uma executiva? Ela sempre perde o “trem” da empresa. É terrível. Então, se não é a educação, é a vida doméstica ou empresarial. E os empresários não dizem de forma explícita que não querem contratar alguém porque essa pessoa é uma mulher. É tudo muito sutil. Se uma mulher fica grávida dentro de uma empresa... Ah, se homem ficasse grávido, as coisas seriam diferentes para nós. Eu brinco dizendo que se homem ficasse grávido, o aborto seria uma prática legal. Dentro da Universidade, você desenvolveu o LabDebug. Quais são as suas principais atividades e o que é o LabDebug? Esse Lab está destinado a mulheres, mas também é realizada por meninos para estimular a cultura digital. Fazemos vídeos, filmes, obras de arte interativas, fazemos um pouco de tudo. Falamos sobre arte digital e mulheres. Na oficina básica, também fazemos blogs. A iniciativa é livre. É muito mais interessante assim, para abrirmos as caixas pretas dos computadores. Qual a sua pesquisa atualmente? Busco compreender a apropriação da tecnologia por parte das mulheres. Em detalhes, em várias faixas etárias e entre todos os tipos de mulheres, entre diversas profissões. Quero entender quais as brechas digitais. Não em teoria, mas fazer um estudo para a existência e os problemas que as mulheres enfrentam na hora de aprender tecnologia.

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fotojornalismo é destaque em san francisco

Repórter do FacomNews aproveita viagem a San Francisco para comparar currículos acadêmicos por Larissa Iten

foto: Larissa Iten

SFSU são dedicados a matérias obrigatórias a todos os cursos da faculdade, independentemente da área, como matemática, por exemplo. Além disso, os alunos podem pegar algumas matérias “opJornais e revistas são produzidos em laboratório independente tativas” de jornalismo e alguDurante uma viagem aos Estados mas outras poucas matérias Unidos, aproveitei para fazer uma obrigatórias dentro do curso. pesquisa relacionada à Facom: visitei, em San Francisco, na Cali- Depois dos dois anos, o aluno fórnia, a universidade pública San que optar pelo curso de jornaFrancisco State University (SFSU), lismo ainda tem a possiblidaque tem um departamento de de de seguir por dois caminhos: jornalismo, a fim de comparar os o de jornalismo on-line e imcurrículos e os produtos laborato- presso ou o de fotojornalismo. riais das duas faculdades. Dentre as abordagens da minha conver- “Nenhum curso de graduação é sa com Kevin M. Cox, o staff do pensado se não tem uma viabilicurso, o que mais chamou aten- dade. No caso dos Estados Unidos, ção no currículo foi a divisão em que talvez têm uma demanda mais duas habilitações: fotojornalismo interessante, agências, jornais e jornalismo online e impresso. mais amplos, isso possa ser interessante. Não sei se no Brasil isso Na SFSU, o aluno precisa de cin- funcionaria, ter uma graduação só co semestres para completar seu em fotojornalismo, por conta da curso de jornalismo. Diferente realidade dos jornais brasileiros. da Facom, os dois primeiros anos Os fotógrafos não têm formação, da graduação em jornalismo na eles fazem cursos fora. Mas eu

acho muito interessante, por ser da minha área”, avalia o professor de fotografia e vice coordenador do Labfoto, Rodrigo Rossoni. A graduação voltada para jornalismo on-line e impresso seria o mais próximo do curso oferecido pela Facom. No entanto, mesmo o enfoque sendo, em tese, o mesmo, ainda existem diferenças sensíveis quanto ao currículo das duas faculdades. REESTRUTURAÇÃO Segundo Fábio Sadao, professor diretor do colegiado da Facom, a faculdade está no começo de um processo de reestruturação da proposta pedagógica dos seus cursos, o que incluiria a grade curricular. De acordo com a professora Suzana Barbosa, também integrante do Colegiado, professora de jornalismo responsável pela pesquisa curricular juntamente com a professora Regina Gomes, essa é uma discussão que está começando. O colegiado fez consultas a algumas estruturas curriculares de outras universidades nacionais, principalmente as federais e as PUCs. É provável que, mais à frente, eles também considerem pesquisar como estão essas habilitações em cursos de comunicação em faculdades internacionais.


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#perfil

Além da Portaria por Carol Lemos

Ele tem aquele plus, um quê a mais que permite que ele conheça como ninguém a rotina dos professores. Lembra-se de alunos que já saíram da faculdade e de algumas histórias que figuraram. É, definitivamente, um exímio contador de histórias e muito detalhista. Esse é José Bispo. Não esperamos por José Valter Jesus Bispo, fomos ao seu encontro. Para nós, não havia lugar melhor para nossa conversa do que seu local de trabalho: a portaria da Faculdade de Comunicação de UFBA. Trajava seu usual uniforme azul e estava particularmente feliz naquela quinta-feira, (17). Seu time havia sido campeão baiano de futebol no domingo anterior. Sim, Valter, como é conhecido

pelos que circulam na Facom, é torcedor do Bahia e é apaixonado por futebol. “No final de semana, se tiver algum jogo passando eu gosto de assistir.” Com entusiasmo diz que isso e “tomar uma cervejinha pra relaxar” são as coisas que mais gosta de fazer nos finais de semana.

a sua presença. Seu bom humor e o tom de voz amistoso trouxeram, imediatamente, à conversa um clima de descontração já esperado por nós. Tinham razão aqueles que o conhecem há mais tempo: Valter é um homem acessível, inteligente e extremamente perspicaz. Devo adiantar, foi ótimo conhecê-lo.

Nossa primeira impressão é de que O porteiro gosta do seu trabalho estamos totalmente à vontade com e o realiza com esmero. “É o que


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josé valter bispo eu faço, então tenho que fazer com carinho, com amor”, diz. E o faz sempre com um sorriso contagiante no rosto.. O melhor de trabalhar na Facom, segundo ele, é que há sempre novidades que lhe despertam o interesse de aprender diariamente. Adora reparar nas pessoas e conhecêlas melhor. Com os alunos mais “dados” (termo usado por ele), sente-se à vontade em criar laços de afeto que permanecerão por muito tempo. É demais torcer para que ele se lembre de nós daqui a alguns anos? Sempre muito empenhado, Valter salienta que o fato de trabalhar em um lugar onde a comunicação é o carro-chefe, faz com que ele se sinta no dever de saber o que acontece no mundo. De onde vem tanto interesse? “Trabalho na faculdade de comunicação, então, tenho que estar sempre ligado.”, responde bem-humorado. Discute com clareza e autoridade os temas que são pauta no país e fatos que ocorrem na faculdade. Em tom de brincadeira, comentou a recente declaração controversa do deputado Jean Willys sobre o fato do jornalista Uziel Bueno (ambos estudaram na Facom

“Fui fuzileiro naval, trabalhei na Mesbla, na C&A. Sempre me adapto bem às situações que a vida me apresenta”

respondo que isso eu não posso dizer, não”. E continua: “Hoje vocês são alunos,né? Amanhã estarão na televisão fazendo guerra e dizendo: ‘Quem me contou as fofocas da faculdade foi aquele porteiro da Facom’. Não posso me comprometer”.

naval, trabalhei na Mesbla, na C&A. Vim trabalhar aqui quando estava desempregado e fazendo segurança como autônomo. Sempre me adapto bem às situações que a vida me apresenta”. Aqui, o porteiro é responsável por controlar a entrada e saída de equipamentos Muito atento e observador, ele e pessoas, e também as chaves se sobressai entre os demais das salas. E lá se vão seis anos.. funcionários. Ele tem aquele plus, seis anos encantando as pessoas um quê a mais que permite que e cuidando da faculdade como se ele conheça como ninguém a fosse sua casa. rotina dos professores. Lembrase de alunos que já saíram da E agora nos encantamos por ele faculdade e de algumas histórias também. Nossa conversa foi rápida, que figuraram. É, definitivamente, mas ainda há muitos anos pela um exímio contador de histórias frente para que nos aproximemos e muito detalhista. “ Há mais ou mais dele e possamos conhecê-lo menos quatro anos atrás chegou melhor. Esse homem inteligente e uma senhora procurando a filha astuto nos surpreendeu da melhor dela. Eu falei ‘Olha senhora, maneira. Nos deixou à vontade e infelizmente eu não tenho como com vontade de que a conversa saber o nome de todos os alunos. se extendesse por muito tempo. Vá ao colegiado e dê o nome dela que eles podem te ajudar.’”, Esperamos ter outros momentos contou Valter. E continuou: como esse. Todos nós. “Demorou de 15 a 20 minutos e voltou do colegiado dizendo: ‘Não é possível! A minha filha disse que estava estudando aqui, trancou a matrícula e não me avisou. E eu continuei mandando dinheiro pra ela... Nem um dia ela veio. Sou eu e ela hoje!’, parecia história de novela.”, ri o porteiro.

Divertido e sensível, nos mostra seu lado mais vulnerável ao falar dos filhos, a mais velha estuda Pedagogia, aqui mesmo, na UFBA e o mais novo está no segundo ano do ensino médio. Quando comenta de sua vida, nos conta # que, desde muito cedo, começou a trabalhar e teve diversos ofícios. na mesma época) ter fumado A alegria e a tranquilidade sempre maconha na faculdade. “As vezes o acompanharam; não há em seu chegam pessoas me perguntando: tom de voz angústia ou frustração ‘E aí, Valter, quem é que vai pelas batalhas que enfrentou, pra varandinha?’. E eu sempre há serenidade. “Fui fuzileiro


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#especial

cabelos

por Maria Dominguez e Larissa Iten

Marisa Sales diz que sempre usou chapinha Catarina Sampaio mas seu cabelo era muito “certinho”. Aderiu ao Gêneros, personalidades, estilos, tribos. natural e se sente melhor Como queiram chamar, tudo isso cabe no universo da Facom. Pensando nessa multiplicidade de gostos e vontades, trazemos um especial fotográfico nesta edição do FacomNews. Cabelos. Sejam eles lisos, crespos, black power ou curtinhos. Além de inspirar e incentivar as mudanças das madeixas, desejamos mostrar como elas são cruciais na definição da identidade pessoal. Apresentamos, então, algumas das milhares de possibilidades e definições dos cabelos. Val Benvindo

Flávia Santana

Bruna Rocha

fotos: Maria Dominguez

Maicon Schmalz e Alana Barbo são amigos e cortam seus cabelos com o seu colega João Matos

João Paulo Carvalho

“Meu cabelo faz parte da minha identidade. É o que faz eu me sentir eu mesma” disse Sofia Greve


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