Facom News 2016.1

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inf r a

acadêmico

E n -S c é n e

FAC O M fa z

2016.1

@ataques online na facom quais os segredos místicos da varandinha? entramos no portal

duas vozes: entrevistamos fernando conceição e mateus costa


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FA C O M N E W S

EDITORIAL A seleção Facom News foi convocada! Os melhores de cada posição honraram e suaram a camisa para o melhor jornal de todos. Cada jogador conseguiu passar durante o semestre uma visão própria da Facom abordando temas polêmicos e de interesse da comunidade. Nesta redação não existe 7x1, existe muito sangue, suor e canetas acabadas. Com a dedicação de um atacante na hora do gol, esperando correr “pro abraço”. Nossa técnica Lia Seixas deu à nossa equipe um esquema de jogo eficaz e coeso. A união do grupo foi importante para conseguirmos os 3 pontos do semestre. Assim esperamos. Nos acréscimos do segundo tempo eis que surge a nova e repaginada edição do Facom News, por isso nosso time estampa a contracapa desta edição. Na zaga, também conhecida como editoria Acadêmica, entramos em campo com duas matérias, falamos sobre os alunos dos BIs que transitam pela Facom. O que fazem? Do que se alimentam? Como conseguem matrícula? Desembolamos o meio de campo com cinco reportagens, a editoria En-Scène entrou de sola num assunto sempre em voga na Facom: o racismo institucional. Engrossamos o caldo da treta com uma matéria sobre ataques online, trazendo depoimentos de alunos, principalmente mulheres, que passaram por alguma situação de agressão digital. Fechamos com a matéria de capa sobre a Facom sem partido. Todo bom time que se preze tem seu monstro sagrado, por isso fizemos o perfil de uma gigante do Jornalismo Científico: a professora Mariluce Moura, que após a perseguição sofrida na época da Ditadura há 40 anos, retornou como professora na Facom. Os centroavantes do Facom Faz trouxeram três matérias de utilidade pública. Invadiram o Petcom e descobriram o que vai acontecer com a Revista Fraude. Caiu na área é pauta! Nossos atacantes da editoria de Infra foram buscar a polêmica na ponta da unha! Colocaram a faixa de capitão e tomaram os espaços (ou a falta deles) e as pichações. Para elevar o nível do jogo duro, duas entrevistas no olho do furacão: professor Fernando Conceição e o aluno Mateus Costa de Oliveira. Na reta final do campeonato de pontos corridos o time Calouro F.C. sagrou-se campeão com um golaço nos acréscimos. A edição do Facom News está saindo direto do gramado e caindo em suas mãos. E por favor, seja um bom goleiro e não a deixe cair! ◙

EXPEDIENTE Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia Produto da disciplina de Oficina de Comunicação Escrita do 1º semestre de Jornalismo 2016.1 Reitor da UFBA: Prof. João Carlos Salles Diretora da Facom: Suzana Barbosa Professora Responsável: Lia Seixas Editores-Chefe: Cristiane Schwinden e Lucas Arraz Editores: Giovanna Gonçalves (Infra), Glenda Dantas e Daniel Brito (Facom-Faz), Júlia Teixeira e Pedro Nascimento (Acadêmico) e Lara Ferreira e Levy Teles (Facom-En-Scène) Repórteres: Alana Bittencourt, Amanda Dultra, Caroline Magalhães, Claudiane Mota, Cristiane Schwinden, Daniel Aloisio, Daniel Brito, Felipe Iruatã, Felipe Leite, Giovanna Gonçalves, Glenda Dantas, Jessica Muniz, Julia Teixeira, Lara Ferreira, Levy Teles, Lucas Arraz, Mariana Gomes, Pedro Nascimento, Raquel Saraiva, Renata Leal, Tarciso Ivo, Wendel de Novais, William Tales Coordenador de Fotografia: Felipe Iruatã Diagramadores: Cristiane Schwinden, Jessica Muniz, Raquel Saraiva Coordenadores do blog e das mídias sociais: Caroline Magalhães, Cristiane Schwinden, Daniel Aloisio, Mariana Gomes Agradecimentos: Amendoim Mendorato e Gita Curta no Facebook: Facom News Acesse nosso site: facomnews.wordpress.com

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ÍNDICE

FACOM NEWS 2016.1

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4 O lado B(I) da Facom 6 a queda em alta 8 Ataques Online na FACOM »»p.32

11 sem ofensa 14 facom sem partido 16 Um universo dostoievskiano 18 fraude digital 22 livre, ciência!

»»p.11

24 os sites dos faconianos 24 de pompéia a facom 26 um leão por dia 29 duas vozes 32 nos ombros de gigantes

»»p.18

35 estudantes reclamam espaços de convivência FA C O M N E W S | 2016.1


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O LADO B ( I ) DA FAC O M Alunos dos Bacharelados Interdisciplinares falam sobre a dificuldade em conseguir se matricular em disciplinas e relatam a boa vivência na FACOM

#acadêmico

Por Caroli ne Magal hães e Jessic a M u ni z           TESTE      TEEE  PO                foto: felipe iruatã

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Daruych Rachid e Priscila Dorea, alunos do B.I. se sentem bem-vindos na faculdade

m 2012, a primeira turma de formandos do B.I. representou apenas 6% dos alunos que entraram na Facom. Quatro anos depois, há uma enorme diferença: neste semestre, 25% dos alunos foram egressos dos bacharelados FA C O M N E W S | 2016.1

interdisciplinares. Este número só se refere àqueles que “emigram” para cursos de comunicação: há também aqueles, maioria, que apenas cursam matérias específicas, em busca da “experiência faconiana”. Experiência que vem acompanhada de dificuldades,

como a matrícula ou o sentimento de exclusão. Mas também de boas vivências. Um dos maiores problemas entre alunos e professores em relação ao B.I. está na entrada. Os bacharelados interdisciplinares


2016.1 possuem uma extensa fase de matrícula separada em “rodadas” em que o estudante solicita as disciplinas ofertadas pelos colegiados e obtém a resposta da solicitação no dia seguinte, através do próprio sistema web. Este processo pode ter até 7 rodadas, fora o processo conhecido como lixão, em que os alunos podem pegar matérias de departamentos onde sobraram vagas. Há uma baixa de matérias e vagas ofertadas durante as rodadas, tornando uma alternativa comum recorrer ao lixão, que pode chegar a ocorrer três semanas ou mais após o início do semestre. Gabriel Oliveira já sofreu com esse sistema. O aluno do B.I. de Ciência e Tecnologia já foi constrangido por um professor, que não desconsiderou as faltas, apesar de Gabriel ainda não ter sido efetivamente inscrito na disciplina desde o início. Para Daniel Figliolo, aluno do B.I. de Humanidades, ‘‘Às vezes o aluno ‘cai de paraquedas na aula’ por falta de opções e pela necessidade de completar a carga horária, comumente até levado somente pelo nome da disciplina”. Diversos alunos dos bacharelados interdisciplinares já relataram também se sentirem deslocados em certas situações na Facom. Como resume Priscila, “às vezes os professores não sabem lidar com os alunos do BI”. Por não terem uma certeza de que assuntos estes já estudaram, podem acabar exigindo demais ou ignorar as necessidades dos alunos dos bacharelados. Laís Moura, por exemplo, aluna da concentração de Cinema, relata já ter ouvido de professores que estavam ali para formar jornalistas “e nada mais”. O mal-estar pode ser causado, ainda, pela atitude de colegas.

A aluna do BI de Artes, Samira Soares, postou em suas redes sociais um relato sobre uma placa que fora colocada no Centro Acadêmico da Facom relacionada ao uso dos computadores: estes seriam prioridade para trabalhos acadêmicos e alunos da Facom. Para Samira, isto revelou um preconceito com alunos que não teriam computador pessoal ou internet em casa, características que ela considera muito comuns em alunos dos bacharelados. A placa foi retirada, mas a pergunta sobre quem são considerados “alunos faconianos” permanece.

“Me senti muito acolhido aqui na Facom” Daruych Rachid Comprometidos com esta lógica, estes alunos entram na Facom com o objetivo de descobrir. Foi o caso de Daruych Rachid, do BI de Humanidades, que procura experimentar diversas matérias dentro da Facom e ainda está no processo de decisão: “na verdade eu gostaria de fazer a concentração em Cinema, mas isso é só para o B.I. de Artes. Por isso pego matérias avulsas aqui, na área de audiovisual”. Mas há aqueles que já sabem suas expectativas para sua vivência na Facom. Foi o caso de Priscila Dorea: “já entrei no B.I. pensando em migrar para comunicação, mesmo não me decidindo entre Produção e Jornalismo”.

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O interesse pelo audiovisual levou Daruych a viver a Facom além das salas - o aluno se voluntariou para o Laboratório de Vídeo. Depois disso, entrou no grupo de pesquisa Gig@, coordenado pela professora Graciela Natansohn. “Me senti muito acolhido aqui na Facom, até pela proximidade entre ela e o IHAC. Existem muitos professores que foram de uma faculdade para outra, por exemplo na concentração em Cinema.” A proximidade entre os B.I.s e o Facom não se restringe, mesmo que estes sejam maioria, àqueles que estudam Humanidades ou Artes. Maria Carolina Magalhães, por exemplo, começou sua experiência faconiana ainda enquanto aluna do B.I. de Saúde - e hoje, estudante de Enfermagem, continua relacionada à faculdade. Ela conta que sempre focou em sua área, mas que estudar na Facom a fez questionar se queria mesmo estudar saúde e não algo relacionado à fotografia. Este, apesar de gostar dos cursos disponíveis na faculdade, sempre foi seu maior interesse na Facom. Hoje é monitora do Laboratório de Fotografia, LabFoto, e mantém sua paixão pelas câmeras tanto quanto a paixão por cuidar. Os egressos do B.I. procuraram conhecer a faculdade cursando diferentes. Alguns irão para a graduação em Jornalismo ou em Produção Cultural, como Priscila, outros levarão a comunicação apenas como uma de suas paixões, como Maria Carolina. Mas, na opinião da caloura do BI de Humanidades, Nara Ricci, isso não deveria importar: “Acho que os alunos [da UFBA] deveriam se ver muito mais como uma universidade. Não devemos nos separar, somos um só grupo”. ◙ FA C O M N E W S | 2016.1


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FA C O M N E W S

A QUEDA E M A LTA Número de intercambistas faconianos cai em mais da metade num período de sete anos

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Por Gi ovanna Hemerly e Pedro Nasc i m ento           TESTE      TEEE  PO

experiência de se morar em um outro país, ter contato com outras culturas e somar aprendizados tanto a nível acadêmico quanto pessoal é algo que faz parte da história de vida dos 140 faconianos que participaram de programas de intercâmbio entre 2007 e 2016. Nos últimos 5 anos, foram apenas 28 estudantes intercambistas, em oposição aos 112 aprovados no período entre 2007 e 2011. No entanto, mesmo com a redução de programas vinculados à UFBA e o corte de bolsas, os estudantes de comunicação estão encontrando alternativas para realizar esse sonho. Em 2009, houve uma queda de 69% na oferta de bolsas para estudantes de comunicação em comparação ao ano anterior. A redução deu prosseguimento a partir de 2011, que teve apenas 12 estudantes, chegando a somente um faconiano intercambista no ano de 2013. Os principais fatores que contribuíram para essa redução foram a recessão econômica de 2009 e o impacto no programa Ciência Sem Fronteiras. “A partir de 2011, diminuiu o fluxo de intercâmbios por aqui pela assessoria em função do Ciência Sem Fronteiras e também pela dificuldade financeira”, afirma Cláudia Barreto, coordenadora de relações internacionais da AAI (Assessoria para FA C O M N E W S | 2016.1

Assuntos Internacionais/UFBA). Antes exclusivo para estudantes de exatas e biomédicas, em 2017 o programa passará a aceitar inscritos de qualquer área do conhecimento, bem como estudantes dos cursos de pós-graduação. O período de maior oferta de bolsas para a área de comunicação e também maior aprovação de inscritos foi entre 2007 e 2008. Segundo Cláudia, foi em questão da economia favorável do país logo depois do governo Lula, onde houve estabilidade da moeda. “As facilidades de parcelamento, a baixa nos preços das passagens

aéreas favoreceram, além também das discussões terem começado a despontar mais nas universidades”, declara a coordenadora de relações internacionais. Cláudia também destaca como empecilho para os interessados a grande procura do intercâmbio em países do hemisfério norte: “O estudante prefere ir para onde? Para o norte, ir para Europa. Dificilmente um estudante que sabe espanhol quer ir para o Chile ou para Bolívia”.

BUSCANDO ALTERNATIVAS Para os estudantes que não veem possibilidade de realizar foto: felipe iruatã

A estudante Luiza Leão quer passar um ano nos Estados Unidos


2016.1 um intercâmbio em outro país, a mobilidade acadêmica funciona como uma espécie de intercâmbio dentro do Brasil. Nessa alternativa, os estudantes das universidades federais podem cursar alguns componentes curriculares em outra universidade federal fora da Bahia. Para tanto, algumas exigências são feitas, como elaborar um plano de estudos, com base nas ementas das universidades participantes da seleção; possuir no máximo duas reprovações acumuladas nos dois períodos letivos que antecedem o pedido da mobilidade e ter concluído pelo menos 20% da carga horária do curso (que equivale a 590,4 horas para os cursos de jornalismo e produção cultural). Para Ana Pessoa, coordenadora do Núcleo de Mobilidade, Bolsas e Certificados da PROGRAD/UFBA (Pró-Reitoria de Ensino de Graduação da UFBA), é importante ressaltar que essa porcentagem se refere à carga horária total do curso e não à quantidade de semestres cursados, critério que visa conferir maior equidade ao processo de seleção dos estudantes. Os dias 31 de maio e 31 de outubro de cada ano são as datas limite para o encaminhamento das solicitações à PROGRAD. Porém, com as greves que habitualmente ocorrem e a consequente alteração dos calendários acadêmicos por parte das instituições federais, há a necessidade de o estudante obter informações atualizadas sobre essas datas limite tanto junto à UFBA quanto junto à universidade para onde se deseja ir. O link do edital está disponível no site da PROGRAD: www.prograd. ufba.br. A estudante Luiza Leão, do terceiro semestre, encontrou no

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programa Au Pair a possibilidade de fazer intercâmbio com um baixo custo. “Quero ir para aprender inglês e como os outros intercâmbios são muito caros, eu optei por esse. Eu não pago nem a minha passagem aérea! Vou gastar uns R$ 5 mil reais no total. Um pouco mais, talvez. Mas é muito barato se considerarmos que eu vou passar um ano fora”, explica ela sobre o programa que não tem vínculo com a UFBA, e é destinado a mulheres entre 18 e 26 anos que pretendem passar pelo menos um ano nos Estados Unidos. Durante o intercâmbio, ela terá estadia na casa de uma família e receberá remuneração semanal pelo seu trabalho como babá. Ainda no processo seletivo, ela revela que ainda há dificuldades para conseguir aprovação: “Estou preenchendo meu aplication, uma espécie de perfil que as famílias interessadas em ter uma Au Pair pedem. Mas a minha agência, a Experimento, está me pedindo para fazer uns ajustes. É um processo bem burocrático e lento, eles são muito criteriosos”.

PAGANDO O PREÇO Através de um programa vinculado à UFBA, mas com os custos da experiência de um ano na Noruega pagos por si mesma, Carla Ribeiro foi um dos faconianos a participar dos programas de intercâmbio em 2014. “Não tive nenhum custo relacionado a taxas de matrícula ou mensalidade da universidade anfitriã. Para além disso, a UFBA não auxilia muito. Todas as despesas foram pagas por mim mesma – com o apoio de familiares – e os documentos também foram conseguidos e traduzidos por mim”, ela explica.

C a rl a te m u m si te, o Intercâmbios Acadêmicos, onde compartilha informações sobre programas de intercâmbios e sua experiência na Noruega. Ela conta que gastou pouco mais de 8 mil reais nas despesas antes de viajar para o exterior: com passagens aéreas, visto, depósito para moradia estudantil e roupas de frio. Em seu primeiro mês na Noruega, revela que gastou quase 3 mil reais, e para pagar os custos da estadia no exterior a estudante trabalhava como babá, recebendo menos da metade de um salário mínimo norueguês. Ainda assim, considera uma viagem como essa vantajosa: “Mudei muito o modo como enxergo as pessoas, o diferente, minha própria vida e até minha espiritualidade. Desenvolvi meu inglês. Conheci outras culturas. Conheci 10 países diferentes. Descobri coisas a meu respeito que eu não sabia e iniciei um sonho. Tudo isso foi enriquecedor, mas muito pessoal”. ◙ FA C O M N E W S | 2016.1


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@ATAQUES ONLINE NA FACOM

Em enquete realizada com faconianos, 79% dos que afirmam ter recebido ataques são mulheres

#en-scéne

TESTE      TEEE  PO                Por l ara ferrei ra e l ucas ar r az

foto: felipe iruatã

Yasmin Nogueira, aluna de Jornalismo, sofreu ataques de professor e aluno FA C O M N E W S | 2016.1


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ma pesquisa realizada com 97 alunos de semestres e gêneros diferentes revelou que 54% dos Faconianos já sofreram com ataques nas redes sociais. Apesar de 54% dos entrevistados responderem que sofreram ataques, somente 10% confessa ter realizado. Mais da metade como resposta às agressões recebidas. Daqueles que já sofreram, 79% são alunas mulheres. Na internet, a prática de ataques online contra mulheres parece ser comum. A Comissão de Banda Larga da ONU divulgou no seu último relatório que 73% das mulheres conectadas em todo o mundo já foram expostas a algum tipo de violência online. As jovens entre 18 e 24 anos são as maiores vítimas. Nos países da União Europeia, 9 milhões de mulheres já passaram por alguma forma de violência online. Na Facom, a realidade não é diferente. Só no último semestre, pelo menos três estudantes foram alvos de ataques que vieram de alunos e professores. “A blogueirinha escrota da facom que se acha a criadora de tendência resolveu vir apresentar o seminário de jeans e bota cowgirl”, publicou um colega em sua conta no twitter. Com o nome Rafaela Fleur, Rafaela Oliveira, vítima do ataque, é blogueira de moda com 50 mil seguidores no Instagram. A estudante de jornalismo do terceiro semestre, embora saiba quem foi, não conhece pessoalmente o estudante que a atacou. A estudante sofre com ataques dirigidos a ela: “Eu fico morta com o coletivo de pessoas contra a querida”, destaca outro tweet sobre Rafaela. Além do Twitter, colegas criaram um grupo no Whatsapp para caçoar a aluna com fotos tiradas sem sua permissão. “Eu me sinto mal de verdade. Já faltei a faculdade por causa disso”, declara Rafaela. “Eu me sentia exposta e não conseguia entender porque pessoas que não me conhecem, estavam falando mal de mim na internet”. Outra estudante atacada esse semestre foi Yasmin Nogueira. Um professor resolveu expor uma briga pessoal no Facebook. A estudante de jornalismo se sentiu ofendida. “Nesse texto o professor mencionava a professora e eu caí de paraquedas na enxurrada de acusações”, contou. Chamada de “PIB Faconiano”, “Bicho de estimação de professor” e “aluna insensível”, Yasmin relata que após os ataques

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FA C O M N E W S foto: felipe iruatã

um outro aluno também passou a ofendê-la nas redes: “Ele nem me conhece e começou a colocar apelidos em mim”. Um dos apelidos era de ‘Patricete-Capricho-Facom’. Mariana Buente, estudante de Produção Cultural, foi chamada, em texto no Facebook, de vitimista e acusada de buscar autopromoção. Ela hoje dá conselhos a quem é alvo da mesma situação: “Se o que você é chega a incomodar uma pessoa, essa é a certeza de que aquilo que você está fazendo é bom”. Segundo a especialista em feminismo e tecnologia, Graciela Natansohn, os dados refletem a questão da opressão de gênero: “Ela existe fora e dentro da internet. Existe em todos os âmbitos da nossa vida e na internet não seria diferente. As maiores atacadas são as mulheres”. Para Mariana Buente, militante do movimento feminista, mulheres sofrerem mais com ataques está ligado a atitudes machistas e misóginas: “As pessoas passaram a se valer muito mais da barreira de anonimato da internet para promover seu discurso de ódio”. Um dos alunos que praticou os ataques online acredita que essa seria uma função das redes: “é pra xingar muito no twitter mesmo, ele [o twitter] está aí pra isso”. Malu Fontes, comentarista da Rádio Metrópole e colunista do Correio da Bahia, já foi alvo de diversas ofensas em seu Facebook. Ela pensa que faz parte de ter um perfil em rede

Rafaela Fleur: grupo no WhatsApp para difamá-la social: “Para quem não está preparado para receber críticas, ter perfis online não é uma estratégia recomendável. É aquela velha história: ‘quem tá na chuva é pra se molhar’ ”.◙

minorias também são alvos de ataque Além de mulheres, outras minorias são alvo dos ataques na internet na Facom. Renato Cerqueira, aluno gay da unidade, conta que

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se sentiu mal quando foi atacado na rede por um colega: “Disseram no Facebook que não deveria estar aqui. Que meu lugar era

ficar dançando Britney Spears por aí”. Renato diz que esse foi seu primeiro ataque online, respondido com um texto.


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S E M OFEN SA

90% dos faconianos não se consideram racistas, mas 62% dizem conhecer alguém racista na Facom FOTO: FELIPE IRUATÃ

#en-scène

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TESTE      TEEE  PO                Por glenda dantas e mari ana g o m es

Acontecimentos recentes ascenderam as discussões sobre racismo na Facom.

Uma placa foi colocada por outros estudantes faconianos no espaço de convivência do Centro Acadêmico, restringindo o uso dos computadores. Uma aluna do BI de Humanidades, Samira Soares, publicou no Facebook sobre a ocorrência. Samira utilizou da publicação para denunciar o racismo institucional no espaço da Faculdade de Comunicação: “Como é que pode uma universidade que

agrega uma grande diversidade de pessoas de forma explícita excluir uma parcela da juventude negra? Eu fiquei muito triste em ver que não só sou eu percebo os casos de racismo lá, inclusive eu fiz a postagem e surgiram vários comentários de alunos negros”.

A publicação de Samira motivou a aluna de Jornalismo Daiane Rosário a convocar os estudantes negros da Facom para discutirem a vivência nesse espaços e a partir desses relatos foram propostas medidas para contornar a situação: “Criar um manifesto para colocar nossos anseios e relatos, pautar uma nova semana do calouro, onde iremos conversar sobre permanência dos estudantes negros, fazer uma agenda de rodas de conversas, além de criar espaços de acolhimento”, destacou Rosário que ainda criticou a estrutura excludente da Facom: “Alunos negros não

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se sentem à vontade em estar em algumas instâncias porque eles não querem ou porque eles não têm identificação? Se eu não tenho nenhuma identificação, se eu não me sinto representada, eu não vou me sentir bem ali. Temos também o epistemicídio, que é essa falta de referências de autores negros. Não temos teóricos negros, não temos teóricos nacionais. Alguns professores falam de Stuart Hall, mas não citam que ele era negro”. Daiane contestou também a concentração da grade curricular da Facom no turno matutino: “Precisamos falar sobre a estrutura da Facom, que é excludente. Ela fala que você tem que chegar aqui às 7 horas da manhã, sendo que saio daqui e tenho que cumprir 8 horas diárias de trabalho”. De acordo com a diretora da Facom, Suzana Barbosa, foi no final dos anos 90, por reivindicação dos estudantes, que a Facom teve sua grade curricular concentrada no

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Precisamos falar sobre a estrutura da Facom, que é excludente” daiane rosário FOTO: FELIPE IRUATÃ

turno matutino pelo argumento de estágios serem majoritariamente à tarde. “Os estudantes queriam trabalhar, fazer estágio e nem sempre pela dinâmica do curso, que era manhã, tarde e noite, se permitia. Com isso a gente segue com essa

configuração até hoje”. O representante da gestão do CA, Mateus Costa, declarou: “O racismo que tá lá fora reverbera invariavelmente aqui, tanto que a maioria dos alunos e professores são brancos, é uma galera de


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classe média alta, então tem uma questão racial estabelecida e eu acho que todo mundo percebe isso. Nós da antiga gestão Baobá tínhamos como principal foco o combate às opressões e percebíamos o racismo. De certa forma a gente sempre debatia essas questões com os estudantes, mas a gente não propôs ações mais concretas ou com foco racial mais recortado”. POLÍTICA DE COTAS

O sistema de cor/raça empregado na enquete seguiu o utilizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os dados atuais revelam uma variação de 3% da sondagem realizada na edição de 2014.1 do Facom News, em que 93% dos entrevistados relataram nunca terem sido vítimas de racismo na faculdade e 7% que sim. 26,66% dos entrevistados se declararam como brancos, 30%

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pardos e 35,83% pretos, sendo que de acordo o IBGE, pretos e pardos são enquadrados como “negro”. Os dados de autodeclarados indígenas ou amarelos não chegaram a um por cento (0,83%). DISCRIMINAÇÃO RACIAL Segundo o Estatuto da Igualdade Racial, se entende como discriminação racial “Toda distinção, exclusão, restrição ou prefe-

Nesse período, a política de cotas ainda não estava em vigor no Brasil. Segundo o MEC (Ministério da Educação), em 1997, o percentual de jovens pretos, entre 18 e 24 anos, que cursavam ou haviam concluído o ensino superior era de 1,8% e o de pardos, 2,2%. Já em 2013, depois da adoção do sistema de cotas por várias instituições pelo país, tais percentuais subiram para 8,8% e 11%, respectivamente. Ainda assim, o número é pequeno para a realidade da população brasileira. FOTO: FELIPE IRUATÃ

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2014, realizada pelo IBGE, constatou que 53% dos brasileiros se declararam pardos ou pretos, diante de 45,5% que se disseram brancos. COMUNIDADE FACONIANA Um levantamento feito nos dias 19 e 20 de outubro deste ano, com 120 pessoas da comunidade faconiana (funcionários, professores e estudantes), 90% dos entrevistados alegaram nunca ter sofrido ofensa racial na faculdade. Dos 10% que dizem ter sofrido, todos são pretos.

samira soares: aluna do bi de humanidades

O racismo que tá lá fora reverbera invariavelmente aqui” mateus costa

rência baseada em raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica”. O racismo não se manifesta apenas por xingamentos, mas também pela desigualdade social, elevada pelas desigualdades raciais. Além disso: as desigualdades raciais estão no cerne do modo de gestão estatal dos territórios de samira◙soares, maioria negra e desta população.

estudante do bi de humanidades

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FACOM SEM PARTIDO (?) Da Escola Sem Partido às Ocupações em universidades, cresce a discussão sobre influência partidária na FACOM

#en-scène

Por L evy Teles e L ucas Ar r az           TESTE      TEEE  PO

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as universidades brasileiras, as discussões a respeito de como a educação deve dialogar com os debates políticos estão mais polêmicas. Em maio passado, o senador Magno Malta (PR/ES) encaminhou para a Comissão de Educação, Cultura e Esporte o “Programa Escola Sem Partido”. O projeto defende o “fim da doutrinação” nas escolas. Com 185 mil contra e 199 mil a favor no site do Senado Federal, o projeto está sendo considerado censura por professores. Diante desse cenário de tensão política constante, um evento em particular agravou a discussão dentro da Facom. Cerca de cinco estudantes queriam acessar a sala do CA, mas se sentiram incomodados com a lotação do espaço físico para uma reunião de chapa durante o período de eleições do DCE. O estudante de Produção Cultural Roberto Júnior é um dos que se pronunciam em defesa da chapa: “A chapa 01 era a única

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foto: felipe iruatã

Aqui as pessoas têm sua manifestação de pensamento e suas simpatias. Estamos em uma democracia” Suzana Barbosa, diretora da FACOM

chapa que tinha proposta para a Facom e estudantes inscritos na chapa. Eu não vejo problema nenhum em haver essa reunião”, opina. Por outro lado Laila Nery acredita que a faculdade precisa ser um espaço livre e sem envolvimento

com atividades partidárias: “Hoje eu não vejo um partido que seja o ideal. Se o aluno participar [de algum movimento], isso deve ser particular. Aqui eu tenho que obrigatoriamente concordar com o que dizem?”, pergunta. O Art. 5º do estatuto do Centro Acadêmico da Facom, Vladimir


2016.1 Herzog, veda atividades político-partidárias, mas não trata explicitamente de espaço físico: “Artigo 5º – É vedada ao Centro Acadêmico, enquanto entidade, a participação ou promoção de eventos e atividades de natureza religiosa, sectária ou político-partidária que impliquem em direcionamentos, ainda que parciais, do pensamento dos estudantes da Facom”. O acirramento político nacional parece se refletir na unidade. Na última eleição do DCE, em setembro passado, houve acusações de continuidade de mais de 10 anos de um mesmo grupo à frente do DCE. Mariana Jorge, a nova diretora de comunicação da chapa 01, eleita com diferença de quase 2mil votos da chapa 03, explica que houve crescimento da Direita em algumas unidades: “Quando a gente percebeu que a direita estava crescendo em cursos e conquistando Centros Acadêmicos, ficávamos ‘Como isso aconteceu?’ e ‘O bicho vai pegar’”. Além do uso do espaço, a discussão está relacionada também

à influência partidária. Existem pessoas que acreditam no partidarismo como autêntico. É o caso de Mariana: “A disputa de um DCE é uma disputa de projeto. Quando a gente fala de uma defesa de projeto em uma sociedade, de dar o sangue nas eleições municipais, estaduais e federais, a gente também tem que entender que temos que dar o sangue nessas eleições daqui. Isso aqui é a base da sociedade. É a base do que vai ser a revolução. Conseguir disputar opinião de estudante é conquistar o futuro. Conquistar pessoas que pensam a sociedade. A gente disputar um projeto é fundamental”, afirmou em entrevista cedida ao FacomNews (publicada no blog). Conquistando a vitória nas últimas eleições do DCE, a chapa 01 contou com forte apoio de estudantes da Facom. A aluna Mariana Jorge, nova gestora de comunicação do DCE, enxerga essa vitória como uma nova oportunidade para que a Facom saia da sua condição de “Ilha”, se articulando mais com a política estudantil: “Com a FACOM tomando o DCE, como há muito tempo não acontecia, a gente espera criar alguma conexão”.

FOTO: ACERVO PESSOAL

mariana jorge: diretora de comunicação do dce

A opinião de Wilson Gomes, especialista em política e democracia digital, é categórica: “A política estudantil é uma tristeza”. Wilson continua: “O que os partidos fazem dentro da universidade é pedofilia política”. A crítica do professor se refere à prática de mobilização partidária com estudantes: “É uma atitude dogmática, os partidos abdicam das eleições para competir por espaço na universidade”. Avalia: “Pegam esses

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A política estudantil é uma tristeza” wilson gomes, pesquisador do pós-com

FOTO: ACERVO PESSOAL

meninos aqui dentro e fazem eles repetirem os vícios partidários que acontecem lá fora”. Para a diretora da Facom, Suzana Barbosa, a universidade é um reflexo da dinâmica política da sociedade: “Aqui as pessoas têm sua manifestação de pensamento e suas simpatias. Estamos em uma democracia”. Porém, a diretora afirma desconhecer a influência partidária dentro da unidade: “Partido político dentro da FACOM? Sou eu a falar sobre isso? Porque eu desconheço”. O representante do Centro Acadêmico, Mateus Costa, acredita que a universidade tem o papel fundamental no pensar a política: “Esse discurso falacioso que existe hoje na universidade de que não se deve debater política é uma... não gosto nem de adjetivar…”. O ex-coordenador do Centro Acadêmico Vladimir Herzog pensa o espaço da FACOM como um espaço múltiplo: “Aqui vão ocorrer diversas coisas. Uma delas é pensar a política. Debater política é muito importante, mas as outras também não deixam de ser importantes”. ◙

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FA C O M N E W S fotos: felipe iruatã

UM UNIVERSO DOSTOIEVSKIANO A varadinha e seu ambiente democrático, de resistência, heterogêneo com grupos fiéis

#en-scene                                      Por FEL I PE I R U ATÃ

A redação do Facom News observou durante seis dias em turnos alternados o comportamento e o convívio das pessoas que frequentam a varandinha. A diversidade é principal característica do lugar, todas as tribos e grupos se encontram no local, a comunhão entre eles é o motivo para entender o fluxo de pessoas e as reflexões deixadas nos

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bancos e nas paredes. Mesmo que fisicamente esteja lograda na Facom, a varandinha pertence a toda UFBA. O local é frequentado por jovens e maduros, hipsters e roots, abrangendo todas as classes sociais, grupos, gêneros, ultrapassando os rótulos. Os grupos são fieis à

varandinha. Compostos pelas mesmas pessoas diariamente. Seis pessoas com exatidão. Usam roupas super transadas, camisas de banda como Joy Division e Bob Marley são fardas. Estão sempre juntos como um clã. Seja jogando ou simplesmente pensando em algo mais interessante não existente no mundo real, já que passam sempre mais


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tempo divagando sobre o motivo daquela menina não entender Schopenhauer do que em sala de aula. A trilha sonora do ambiente é da Rádio Facom. Sucessos atuais como Baiana System e outras bandas do cenário alternativo são presença garantida. Em um patamar acima do alternativo, o retrô compõe o ambiente da varandinha. Vitrola, “bolachões”, histórias de músicas e bandas enriquecem o cotidiano da galera em uma conversa comunitária. Os frequentadores do lugar, à primeira vista, são fáceis de i d e n t i f i c a r. Acompanhados de Nietzsche, Dostoievski, Platão e outros clássicos, estão sempre munidos de seus isqueiros e sedas para dar vazão à reflexão sobre política e os mais variados assuntos, ao som de Jimmy Hendrix, Clash, Smiths e tantos outros. Neste lugar acontece de tudo. De jogos de tabuleiro a compra e venda de produtos orgânicos e naturais. A cumplicidade e o

companheirismo dos navegantes são intrigantes. Pessoas chegam e, sem nunca terem se visto, produzem filosofa. Faça chuva ou faça sol, eles estão lá, degustando algo quase sempre natural com uma conversa viajada. Qualquer pessoa que sentar por cinco minutos irá aprender sobre algum tema diverso. Principalmente os mais antigos. É mítico, transcendental. No local não existe curso, semestre ou qualquer amarra. Até funcionários aparecem para

jogar um dominó na hora do almoço. É democrático. Tão democrático que no mesmo espaço se compartilha a mesma conversa e o mesmo cigarro, seja ele qual for. Também possui um papel social importante:

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a noite se transforma em estadia para alguns. Pessoas com descendência indígena e bichos-grilos deitam sob a lua pichada no muro e caem nos braços de Morfeu. O local deixa de ser templo e torna-se lar, um psicodélico lar que abraça e acolhe as pessoas perdidas em seus pensamentos, compartilhando a mítica da varandinha. A ornamentação é o picho: o grito da rua e dos excluídos. Poesias e grafites dão voz ao templo. Existe p o s i ç ã o política e a varanda toma partido aos assuntos mais polêmicos na sociedade: “Legalize o aborto”, “Legalize a ganja”, “God save the queer” transmitem a mensagem com objetividade. A varandinha é resistência. Considera-se patrimônio da UFBA. Sem imposições nem proibição. O único sentimento que emana dos frequentadores diários é a fuga da realidade. A pressão dos estudos e os problemas pessoais desmancham como fumaça pelo ar. ◙

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FRAUDE DIGITAL Após 13 anos, produto recebe mudança no seu formato e vai para o digital

#facom faz

F

Por Dani e l b r i to

olhear página por página, seja impressa ou digitalizada na internet, é algo comum para leitores assíduos de vários produtos jornalísticos. Quem lê a Revista Fraude conta com ambas as possibilidades. Em circulação desde 2003 e prestes a entrar na 14ª edição, o produto laboratorial produzido pelo Programa de Educação Tutorial em Comunicação (PETCOM) ganhará uma cara nova. A Fraude, melhor revista laboratorial do país no ano de 2012 segundo a Expocom - Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação, está deixando as páginas impressas. Passará a ser totalmente digital. Há uma previsão de mudanças estruturais, mas por enquanto o PET não deseja torná-las públicas. Um sistema próprio está sendo montado para receber as entrevistas, matérias e reportagens. O endereço se mantém: www.revistafraude.com.br. Transformar a Fraude em um produto digital já era uma ideia para o futuro desde a produção de edições anteriores. Porém, condições financeiras acabaram antecipando a troca de formato. O PET, instância responsável pela produção e financiada diretamente pelo Ministério da Educação, FA C O M N E W S | 2016.1

“A Fraude é um dos produtos mais importantes da UFBA e da Facom. Acredito que a mudança do impresso para o digital se deve ao fato dela estar buscando novas linguagens. Porém, acredito que ela perderá um pouco de leitores.


2016.1 sofreu com cortes no seu custeio. “Recebíamos► por ano em torno de R$ 8 mil. No ano passado, esse valor caiu para R$ 4 mil. Nesse ano, isso se repetiu”, explica Fábio Sadao, professor-tutor. Ele também ressalta o risco que o programa correu de não receber o valor destinado anualmente. “Alguns outros PETS não receberam o custeio anual. Nós não sabemos qual o critério de distribuição. Então precisávamos estar preparados não apenas para receber o valor pela metade, mas também para, de repente, não recebermos absolutamente nada”, acrescenta. A última edição se manteve fiel à proposta do produto: pautar temas culturais e sociais de Salvador. O maior destaque foi uma reportagem sobre o Conjunto Penal Feminino da capital, intitulada “Elas em Celas”. O material expõe as péssimas condições do local e a maneira como as mulheres aprisionadas lidam com a dura realidade da cadeia. O processo de transição fez com que novos cargos fossem criados. A revista passou a contar com um chefe de reportagem, em virtude do grande acúmulo de funções pelo editor-chefe. Também foram criados coordenador de programação - responsável por estruturar a plataforma conforme o idealizado pela equipe – além da fusão de cargos

já existentes, a fim de adaptar a rotina de produção à nova proposta. “O cargo de editor de fotografia fundiu-se com o editor de multimídia, o diretor de arte entrou na editoria de planejamento gráfico e visual. Houve um remanejamento para dar conta do que a nova linguagem pede. Os demais continuam existindo”, esclarece Sadao. Característica inerente a produtos digitais, a diversidade multimídia será uma marca da nova Fraude. A mudança de formato proporcionará espaços para conteúdo em áudio, imagem GIF [animada], vídeos, entre outros. Nas últimas edições, o multimídia já se fazia presente. Ao final de cada matéria, no rodapé da página, QR Codes foram colocados a fim de possibilitar o acesso ao material. Portanto, transpor todo o conteúdo para o espaço digital já era um caminho a ser percorrido. “Na Fraude 13, fizemos a maior integração com o conteúdo digital que a Fraude tinha visto. Todas as matérias vieram com um conteúdo especial, exclusivo para a internet. A decisão, então, veio de toda uma tendência em aderir ao formato digital que já vinha sendo pensada”, conta Vinícius Gericó, ex-petiano, editor-chefe da revista até 2015. Apesar de todas essas mudanças, a Fraude ainda manterá a sua

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reunião do pet

foto: felipe iruatã

periodicidade original. Pelo menos por enquanto. “A princípio, ainda será anual. O conteúdo e o volume de trabalho não diminuem com a plataforma digital. Eles aumentam, pois temos que incluir o multimídia desde o início”, afirma Renato Meira, coordenador de relações institucionais. Ainda assim, ele não descarta mudanças nesse aspecto para as próximas edições. “É uma decisão a ser tomada pelos próximos grupos [do PETCOM]. Talvez eles mudem ou não”, diz. Entre os leitores, a expectativa para o lançamento da nova Fraude é grande. Jonatas de Matos, estudante do 7° semestre de Produção Cultural, acredita que a mudança de formato é um desafio. “A Fraude é um dos produtos mais importantes da UFBA e da Facom. Acredito que a mudança do impresso para o digital se deve ao fato dela estar buscando novas linguagens. Porém, acredito que ela perderá um pouco de leitores. Com a revista em mãos, existe um contato contínuo com o material. Com revistas digitais, existe uma efemeridade muito grande. O consumo não é tão efetivo. Mas é um desafio que eles deverão encarar”, pontua.◙

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L I VR E, CIÊ N C I A ! Iniciativa científica made in Facom

#facom faz

Por Júli a Bernardi e RAQUEL SAR AI VA           TESTE      TEEE  PO                foto: felipe iruatã

A

produção em jornalismo científico cria novas expectativas na Facom. Com a expansão da Agência de Notícias em CT&I - Ciência e Cultura, que ganhou o prêmio de melhor Agência Jr. de Jornalismo na Expocom de 2014, a entrada da professora Mariluce Moura e o aperfeiçoamento do Academo, aplicativo que torna mais acessível informações sobre os pesquisadores da UFBA, a faculdade se configura como significante produtora na área de divulgação científica. C-LIVRE Em agosto deste ano foram selecionados sete bolsistas para o Programa Conhecimento Livre e Divulgação Científica (C-LIVRE), coordenado pela professora Simone Bortoliero e pelo professor Nelson Pretto da Faculdade de Educação. Espera-se uma modernização da Agência através dos cinco bolsistas que ficam na Agência de Ciência e Cultura. A parceria veio dos recursos de uma emenda parlamentar de Lídice da Mata,

transformados em equipamentos e bolsas para o C-Livre por um ano. Hoje a Agência de Notícias tem como planos a cobertura de eventos científicos, divulgação através de imagens, artigos, entrevistas e um banco de pesquisadores, distribuição de matérias na imprensa, publicação de um boletim eletrônico mensal e lançamentos na WebTv, seu canal no Youtube. O C-Livre não se separa dessa ideia: “O projeto é dar continuidade a isso e melhorar essa estrutura: dar mais dinâmica com postagens no Twitter, no Instagram, usar diversas plataformas para disponibilizar esses conteúdos”, explica Jéssica Muniz, bolsista que trabalha na reconstrução do site da Agência.

Simone Bortoliero coordena o C-LIVRE foto: felipe iruatã

Simone, que fundou a Agência em 2011 com a professora Graça Caldas, planeja com o recrutamento pelo C-Livre, reestruturar os conteúdos por meio de atividades com vídeo, imagens, maior engajamento nas redes sociais e dar uma nova cara para o portal Ciência e Cultura através do software

Mariluce Moura sonha em dar continuidade à revista BahiaCiência FA C O M N E W S | 2016.1


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livre: “Nelson Pretto nos doou vários equipamentos com software livre para a produção. Vamos trabalhar com essa ideia de parar de pagar para a Microsoft para poder usar material, por isso se chama [o projeto] conhecimento livre para todos”. APLICATIVO ACADEMO O banco de pesquisadores da Agência de Notícias passou a ser divulgado pelo “Academo: Busca de Fontes Direcionada”. O aplicativo, disponível para o acesso em navegadores da internet e dispositivos móveis na sua versão beta, reúne informações gerais sobre os pesquisadores da UFBA. Lançado em julho durante o Congresso UFBA 70 anos, o Academo está em fase de aperfeiçoamento. A professora Suzana Barbosa, coordenadora do projeto, explica: “Se vocês são leitores dos jornais impressos, ou assistem TV, ou estão muito atentos a jornais locais, vocês podem verificar que sempre as mesmas pessoas falam sobre alguns assuntos”. “A maioria da sociedade desconhece a UFBA, 96% dos soteropolitanos ignoram que a universidade faz pesquisas científicas”, afirma o jornalista científico Cláudio Bandeira para matéria da Agenda Arte e Cultura. Cláudio, que já foi editorialista e repórter especializado no jornal A Tarde, ressalta de sua experiência a dificuldade dos jornalistas em qualificar pautas

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sem o conhecimento dos pesquisadores. OPTATIVAS Neste semestre, a equipe de jornalismo científico da Facom ganhou reforço com a entrada da professora Mariluce Moura, mentora e diretora por 10 anos da revista Pesquisa Fapesp, publicação especializada em divulgação de ciência e tecnologia. Mariluce pretende aumentar a área de contato através da aquisição de bolsistas para os dois projetos que coordena: o Calendário das Ciências, página do Facebook criada para apresentar estudantes, técnicos e docentes que se destacaram na universidade, e o Edgard Digital, canal de notícias sobre gestão e pesquisas da UFBA. A professora deve captar recursos para dar continuidade ao fabrico da revista BahiaCiência, projeto pausado em 2014, mas submetido à chamada Universal do CNPq. A liberação de recursos tem sido o principal entrave para o retorno do BahiaCiência. A aprovação da Proposta de Emenda à Constituição do Teto, a PEC 241, prevê congelamento do orçamento para a ciência. “É uma época terrível para a ciência no país”, revela. As professoras Simone e Mariluce são responsáveis pelas optativas “Jornalismo Especializado” e “Seminários de Atualização em Comunicação”, oferecidas. ◙

site da agência Ciência e cultura

site do bahiaciência

site do academo FA C O M N E W S | 2016.1


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OS SITES DOS

De viagens ao mundo geek, conheça alguns si

#facom faz

VIAJAY O Viajay (viajay.com.br) foi lançado em março deste ano pela parceria entre Ticiana Figueiredo, estudante de produção cultural, e Fernando Sandes, estudante de Ciência da Computação na UFBA. Além de dicas sobre destinos turísticos LGBT nacionais e internacionais, o portal analisa os melhores bares, restaurantes, baladas e acomodações gay friendly.

CINESIA GEEK O Cinesia Geek (cinesiageek.com.br) surgiu como um grupo de cinema. A proposta do site é apresentar a cultura pop/geek para Bahia e o Brasil. Um dos criadores é Victor Fonseca, aluno de jornalismo (da direita para esquerda, o primeiro na foto).

Quando as redes suficientes para ex hos, os sites e blog aprofundarem nos interesse dos facon de parte desta co brimos que a litera assunto abordado de um terço dos c dos. Na segunda os de empoderame sites possuem visita acessos mensais.

Analisamos 14 sit 35% foram classifi tura, 21% deles ab LGBT, e 14% fala mento. Além de da entreter, alguns site a toda comunidade

Atualmente exis Jornalismo uma di que aborda o un a Com126 - Ofici Digital, que produz 126 (impressaodigi

Veja a lista comple

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FACONIANOS

ites mantidos por alunos da FACOM

s sociais não são xpor ideias e trabalgs surgem para se diversos temas de nianos. Em análise omunidade descoatura é o principal o, ocupando mais conteúdos observaposição aparecem ento. Em média, os ação média de 5 mil

tes de faconianos, ficados como literabrangem o mundo am de empoderaar voz aos alunos e es prestam serviço e.

ste na grade de isciplina obrigatória niverso dos sites, ina de Jornalismo o Impressão Digital ital126.com.br).

Por cri sti ane schwi nden PLUS O Plus (eusouplus.com) é mantido pela estudante de Jornalismo Naiana Ribeiro, e visa empoderar as jovens – que muita vezes não se veem nos meios hegemônicos de comunicação – e mostrar a elas que podem ser e fazer o que quiserem.

ANÁLISE COTIDIANA O Análise Cotidiana (analisecotidiana.blogspot. com.br) é um blog de produções literárias da aluna de jornalismo Analú Ribeiro. Lá ela compartilha “um olhar sobre a realidade que nos cerca”.

eta no nosso blog. ◙

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DE POMPEIA A FACOM As pichações figuram paredes urbanas desde a antiga civilização italiana e estão cada vez mais presentes na realidade Faconiana

#infra

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Por W endel Novai s e W i l l i am Tal es

ichações, a controversa Angeles nos anos 70, alcançando rebeldia artística urbana, assim paredes de todo o planeta. a epidemia que assola paredes mundo afora, Herdeiros dessa arte urbana, o alto falante das minoos faconianos jamais se permitirias. São diversas as denominarão a alcunha de bastardos. As ções desse fenômeno cultural. Mas engana-se quem lhe credita modernidade. Italianas de berço, as pichações fazem parte da convivência civil desde Pompeia, onde poesias, devassidões, declarações e até insignificâncias como “Em 19 de abril, todas as Fotos por: Felipe Iruatå / Pichação na área interna da FACOM eu fiz pão” faziam parte do cenário da cidade. paredes da Facom são murais de As pichações se popularizaram nas todo o tipo de manifestação, seja mãos de diversos autores, desde ela poética, política ou “haja o que padres atacando ideologias conhajar”. Yasmin Darian, estudante trárias na Idade Média até traficando 2° semestre de jornalismo, contes demarcando território em Los corda que as pichações são mesmo

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oriundas da necessidade de alguns em serem “ouvidos”, porém não acredita que as paredes de uma universidade sejam o local correto para isto. A primeira vez registrada que as pichações invadiram o ambiente universitário foi na Revolta Estudantil de 1968 em Paris, quando alunos passaram a ocupar faculdades em protesto ao fechamento da Universidade Pública de Nanterre (tão atual, não é mesmo?), destilando ironias e provocações em pichações como: “A humanidade só será feliz quando o último capitalista for enforcado com as tripas do último esquerdista”.


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os terceirizados vieram aqui pra pintar algumas salas, e acabaram deixando de pinta-las para apagar pichações da parede. Vê se pode?!” queixa-se um deles.

Suzana Barbosa, atual diretora da Facom, não esconde sua indignação com as pichações. A professora condena veementemente essas atitudes, trazendo à tona o desgaste que a administração passa para conseguir verba para novas limpezas realizadas por causa das pichações. “É um enorme prejuízo! Isso aqui é dinheiro público. O custo que se tem, a dificuldade que se tem para conseguir obra de reforma, recurso para isso... aí você vê, pinta e logo depois vão lá e picham... isso é um enorme prejuízo! ”, desabafa a diretora. Amparada pelo Artigo 6° da Lei N° 12.408, que prevê detenção de três meses a quem pichar patrimônio sem autorização, Suzana conta também com o apoio de funcionários: “Outro dia,

O ambiente mais polêmico de toda essa problemática é, sem dúvidas, a varandinha. Recheada de pichações, grafites e devaneios em geral, o local reúne diversos alunos diariamente, mas não apenas faconianos. A diretora Suzana faz questão de ressaltar que muitas dessas artes se derivam de uma oficina de grafite

permitida pela direção no semestre 2015.1. Reforça sua premissa de que a varandinha não é um espaço intocável ou anárquico e que há sim uma supervisão regular do ambiente. Enquanto Yasmin Darian surpreende ao dizer que não se incomoda com as pichações na varandinha, por acreditar que é um ambiente propício para tais expressões artísticas.

intrínseca de um jovem universitário e dão voz a todos que a sociedade hierarquicamente sempre cala. A tal pujança jovem é rebatida pela monopolização das paredes, onde os opositores não acreditam que teriam espaço para opinar. “Não duraria um dia!”, protesta Yasmin Darian quanto à democratização do espaço para manifestação artística. Em meio a esse eterno e, aparentemente, insolucionável debate ideológico, não há sequer um novo vulcão Vesúvio para findar de uma vez todas as intrigas faconianas e colocar na história tudo que registramos em nossas paredes, assim como ocorreu em Pompeia, sendo isso motivo de orgulho ou não. ◙

As pichações anunciam a presença dos alunos no ambiente, exibem o engajamento, a pujança

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UM L EÃO P O R D I A A comunidade faconiana por um dia com um servidor, aluno e professor

#en-scène

Por Daniel Aloísio e Levy Teles a operação. Eram muitas Michelles em uma só: construía a lista parcial de alunos homologados para participar da seleção para mestrado e doutorado na pós-graduação, enquanto também elaborava o edital para a seleção de alunos especiais no processo seletivo desse ano. Não só isso, num estalar de dedos, resolvia problemas que naquele momento já lhe apareciam: solicitava ao setor financeiro da UFBA a compra de passagem de um professor estrangeiro que vem ministrar uma palestra na Facom e atualizava o site.

foto lia seixas

MICHELLE ALMEIDA Na secretaria da PosCom, encontramos Michelle Almeida. Em meio a uma série de e-mails e telefonemas, ela solicitamente recebe o FacomNews. Permaneceu sentada durante toda a manhã de serviço, a não ser quando precisou ir ao banheiro ou se alimentar. Sua avidez naquele dia de trabalho era explicável. Era um dia atípico: a outra secretária não pôde estar presente, pois estava doente.

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Michelle não só tinha que assumir o seu trabalho normal de resolver a parte mais difícil e burocrática da PósCom, mas também atender os alunos, os professores, checar os e-mails, serviço feito normalmente pela outra secretária. Deste modo, seu trabalho parece com o de Sísifo: rolando uma pedra até o cume da montanha e eis que, quando chegava perto do topo, a pedra rolava montanha abaixo, dando reinício a toda

A funcionária não possui nenhum tipo de distração a sua frente: nada de Facebook aberto, música tocando, nem mesmo o seu celular. Toda a sua atenção é voltada ao serviço. Assim ela fica até as 14h, quando termina o seu expediente. Se você pensa que no resto do dia ela vai descansar, está enganado. Agora é o momento de estudar para concurso. Formada em publicidade, Michelle sonha em passar em concurso que lhe


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THIAGO CONCEIÇÃO Paralelamente, na sala de rádio estava Thiago Conceição. Com uma expressão séria recebia o FacomNews. Não era um momento de abrir mão da concentração naquele instante, era a hora de ajeitar o roteiro dos apresentadores da rádio, as vinhetas de chamada, músicas de intervalo e outros sutis detalhes antes de ir para o ar. Terminado o trabalho, soltava largos sorrisos nas conversas mais descontraídas. Parecia ser do jeito dele, mas seu bom-humor era pretexto para brincadeira do pessoal da rádio. O cupido acertou-lhe uma flecha certeira no peito. Thiago havia iniciado um relacionamento. Não havia tempo para muita brincadeira, afinal, estava perto de entrar no ar. Silêncio absoluto. Iniciava-se a transmissão. Thiago observava o decorrer do processo à distância, como um treinador de uma equipe, ansiando que o programa seguisse como esperado. A cada transição de bloco a tensão se aliviava, o silêncio esvaecia e o professor da turma, Maurício Tavares, visitava a sala, principalmente para alfinetar algumas das escolhas musicais de Thiago para serem tocadas no intervalo.

ligar para Ítalo, coordenador do “Encerramestre”, festa de encerramento deste semestre na UFBA. Seria feita uma entrevista para falar sobre o evento. Ao realizar a ligação, foi atendido por outra pessoa, pois o entrevistado estava apresentando em seminário. Faltavam ainda 15 minutos para chegar à parte da entrevista. Faltando 10 minutos, tentou novamente, sem sucesso. Seriedade pela tensão. Os locutores anunciam seu início de namoro. Faltando 5 minutos, persistiu. O entrevistado ainda se encontrava ainda em apresentação. Sem saída, os locutores têm de improvisar. A entrevista havia sido combinada para o fim do programa. Thiago não parecia muito nervoso mesmo com o imprevisto. Não era seu primeiro programa, tampouco era o primeiro imprevisto acontecendo ao vivo. Preencheu o tempo do programa, encerrando a última transmissão com sucesso.

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Seu professor aparece saudando o pessoal pelo bom trabalho. Terminada a manhã na rádio, seu dia dentro da Facom não havia acabado. Seguiu seu caminho para o almoço, enquanto comentava com o FacomNews sobre as reuniões do PETCOM, onde é bolsista. Na sala do PET, sentou à direita de Fábio Sadao. Iniciada a reunião, o primeiro tema não poderia ser outro senão o início de seu namoro, o que lhe arrancou sutis risadas, oriundas de um possível desconforto ou timidez. Retomando aos assuntos principais, Thiago não se estendia muito ao falar. Intervinha pontualmente em alguns dos temas discutidos, afinal, preocupava-se mais em escrever. Em suas constantes agitações da mão que empunhava a caneta sobre o papel, elaborava a ata da reunião.

thiago conceição, a direita, na aula de rádio

“Qual a senha para desbloquear seu celular?” perguntou Thiago enquanto sacava o telefone das mãos de Matheus Caldas, um dos locutores. Ao destravar a tela, tentou foto: felipe iruatã

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foto: felipe iruatã

foto: acervo pessoal

FABIO SADAO Enquanto Thiago passava a manhã na rádio, seu tutor, Fábio Sadao, ministrava as aulas de Semiótica. “Ô povo que some em seminário”, dizia Sadao, ao realizar em menos de um minuto a chamada. Antes, ele explicou aos estudantes o motivo da presença do FacomNews. Isso, porém, não foi suficiente para retirar os semblantes apreensivos que tomavam a face dos alunos. Também pudera, era o último dia de seminário. Sadao não parecia ser daqueles professores mais desatentos. Fazia anotações constantemente e interrompia quando necessário para acrescentar conhecimento. Apesar da seriedade, era respeitoso em suas ponderações, inclusive quando uma aluna que apresentava o seminário não se sentiu bem. Um momento delicado que o professor soube conduzir. A aluna não ficou mais nervosa do que já estava. Talvez isso explique seu carisma diante a muitos estudantes. Depois, com a sua voz calma e suave, deixou todos os alunos cientes de como seriam as últimas aulas nesse final de semestre, a FA C O M N E W S | 2016.1

avaliação final e possibilidade de greve. A paralisação nacional que acontecerá no próximo dia 11 ode gerar greve, a qual ele defende.

Após o almoço, o tutor Sadao entra em ação no PETCOM. Ele inicia o processo normal de reunião, apresenta informações, abre espaço para os alunos falarem, tudo em um clima mais leve e alegre do que na aula ministrada pela manhã. Nesse momento o seu dia se encontra com o de Thiago, que tem sorte, pois na figura de um orientador, se vê um Sadao diferente, mais próximo. Isso fica evidente no modo como os alunos do PET conversam informalmente. Em um certo momento, o professor começa a limpar o seu notebook com um algodão umedecido com álcool. “Não faça

isso, Sadao! Você vai lascar seu note”, disse uma aluna, repreendendo o professor. Em seguida, ensina como limpar seu computador móvel. Em outro momento, Sadao também fala da possível greve de um modo mais interessante. Enquanto na sua aula de Semiótica a impressão era de que ele escolhia mais as palavras para não falar algo que não devia, agora ele fala mais abertamente sobre a greve e chega a suscitar um debate entre seus bolsistas que o questionam sobre o tema. “ Vo c ê s p r e cisam se retirar”, nos disse Sadao. O FacomNews não estava sendo expulso, mas havia chegado o momento de conversar sobre a Fraude, o principal produto do PET. Fechavam-se as cortinas. Um segredo deles a ser revelado no lançamento. Aguardemos.◙

Sadao em reunião com os bolsistas do PET

foto: felipe iruatã


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Duas vozes Por Lara Fer r ei r a

Pela primeira vez um professor abre sindicância contra alunos na UFBA. A reportagem do Facom News buscou mostrar os dois pontos de vista com entrevistas pingue pongue. Falamos com um dos estudantes envolvidos no caso, Mateus Costa, e com o professor Fernando Conceição. FA C O M N E W S | 2016.1


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Mateus Costa Facom News: Um grupo de estudantes, no qual você está incluído, acusou o professor Fernando Conceição de assédio sexual e de verbalizar comentários machistas, o que aconteceu? Mateus Costa: Grande parte da turma do professor, no semestre passado, presenciou constantemente reprodução de opressões em sala, comentários machistas, comentários homofóbicos. Em nome do C.A. vocês publicaram uma nota de repúdio ao professor, o que a gerou? Essas atitudes chegaram ao estopim. Foi feita a nota de repúdio expondo a questão do professor. Teve muitas assinaturas dos estudantes que eram alunos dele, mas quatro C.A.’s da UFBA, a Frente Feminista da UFBA, o diretório de mulheres da UNE e da UEB, o DCE da Unijorge e seis coletivos também do Movimento Estudantil assinaram. Foi um movimento bastante amplo que não se restringiu apenas ao C.A. ou a quatro pessoas como o professor gosta de eleger. Foi um movimento bastante plural. Na verdade,

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o Centro Acadêmico se solidariza com os estudantes. Houve um episódio em que os alunos impediram o professor de dar aula, pode detalhar o acontecimento? É importante falar disso. Como eu disse, é um movimento muito amplo. Fazer um piquete para impossibilitar que o professor desse aula foi uma decisão coletiva. A nota de repúdio saiu na segunda seguinte e o professor teria aula em uma quarta. Na segunda ou na terça pela tarde, ele enviou uma mensagem na lista de e-mail da Facom expondo os estudantes que assinaram, dizendo que eles perderam na matéria, que não eram bons. Esses alunos perceberam que, se houvesse a aula na quarta, haveria a possibilidade do professor constranger e expor eles. Foi tomada a decisão de empilhar cadeiras em frente à sala. Não houve também nenhum tipo de troca verbal, só da parte dele. Além disso, houve não só participação de estudantes da Facom, mas de mulheres de outros institutos. Tinha muita gente. Existem duas sindicâncias em curso, você pode explicar? Uma sindicância foi aberta por denúncia dos estudantes contra o professor. Já o professor abriu outra sindicância contra quatro estudantes. É importante também falar que é a primeira sindicância de um professor da UFBA contra alunos. Você concorda que a universidade brasileira está perdendo a

qualidade por conta do envolvimento na política? Eu acho que não, a universidade deve sim debater política. Isso aqui não é uma bolha e a gente sofre com processos que ocorrem fora dela. Contingenciamento de gastos do governo afeta as universidades brasileiras, federais. Inclusive a PEC 241 fala do congelamento de gastos públicos. A universidade tem como projeto, ao meu ver, de formar mais do que bacharéis e licenciados, pensar onde estamos inseridos, na Bahia, no Brasil. Acho que a universidade não peca, pecaria se não debatesse política, até porque tudo dentro da universidade é um processo político. Vocês tentaram resolver todo o problema? Ele gosta de repetir que nós não aceitamos qualquer tipo de diálogo, o que não é verdade. Nas universidades a gente percebe que essa questão de opressão, principalmente de professor contra aluno, não é debatida e se é debatida em espaços restritos, não há de fato a discussão mais ampla. Em nenhum momento a gente rejeitou diálogo. Quando falo “a gente”, digo não as quatro pessoas que ele elegeu para atacar, mas a gente enquanto grupo. Pensamos que qualquer tipo de diálogo se daria nas instâncias de Colegiado, Departamento e Congregação da Facom. Achávamos importante que esses espaços mais institucionalizados debatessem isso lá dentro, porque são instâncias oficiais das quais os professores participam, abertas para que qualquer pessoa possa participar como ouvinte. A gente acredita que levando esse debate para esses espaços, a gente avança no combate às opressões. >


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Fernando Conceição Facom News: Você foi acusado de verbalizar comentários machistas em sala de aula, o que aconteceu? Fernando Conceição: São acusações que carecem de comprovação. Eu estou dando a oportunidade para as pessoas que me acusaram de provar que, de fato, eu sou aquilo de que eles me acusam. Alguns estudantes publicaram uma nota de repúdio contra você, o que gerou essa nota e como se sentiu ao lê-la? O que gerou foi a reação de um grupo pequeno de estudantes diante de conteúdo discutido da disciplina que eu ministro de Comunicação e Atualidade. Temas políticos, temas culturais, temas comportamentais. Há mais de 10 semestres eu dou essa disciplina, sempre muito bem avaliada pelos estudantes. Mas, semestre passado, um pequeno grupo de estudantes sob a guarda do Diretório Acadêmico resolveu fazer essas acusações e agora eles vão ter que provar. Houve um episódio em que alunos o impediram de entrar na

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sala para dar aula, sobre como essas questões políticopode detalhar o -partidárias têm dificultado o senso acontecimento? crítico dentro da universidade, mosComo servidor trando que a influência “lulopetista” público concursado, dessas facções ditas de esquerda tenho que ir ao meu tem prejudicado a vida acadêmica. local de trabalho. Por: No Júli a Bernardi e RAQUEL SA R AI VA dia 09 de março, fui Arrepende-se de algo que fez? dar aula e me impeArrependo-me apenas de ter sido diram de entrar na sempre muito exigente na cobrança sala. Um grupo de da qualificação do debate em sala 10 a 15 pessoas de aula. Antes esse nível de exigênna porta, com carcia resultava em aplausos por parte teiras do lado de dos alunos e até em homenagem. fora. Detalhe que Parece que, na conjuntura atual, a maioria dos que que eu atribuo como fruto da cultura estavam fazendo do “lulopetismo”, há um empobreesse ato de violência era gente que cimento na cultura do debate. Há eu não conheço, nunca vi na vida. um “eu contra eles”. Há intolerância Mas estavam lá à frente os represenpor parte de pessoas pouco qualifitantes do Centro Acadêmico. cadas para o debate. É uma pena que a universidade brasileira esteja Você processou alguns estudanse deixando levar por essa onda de tes, por quê? rebaixamento da crítica e do debate Eu não processei, eu pedi a aberpúblico. O meu posicionamento como tura de uma sindicância em relação intelectual dentro da faculdade, que aos atos do dia 09 Também ingresaté recentemente gerava admiração sei com uma queixa-crime na Polícia por parte de grande parte dos estuFederal, já que sou funcionário dantes, parece ter se tornado algo público federal. Ainda não é um proincomum e a mediocridade prevacesso público contra eles, mas a lece. Então eu penso que talvez eu Polícia Federal já começou a ouvir tenha que baixar o nível das minhas essas pessoas que me atacaram, já exigências a partir de agora. também me ouviu e deve ainda ouvir testemunhas. Se isso vai resultar em FN: Gostaria de ter a possibilidade um processo público contra eles ou de resolver todo o ocorrido? não, eu ainda não sei. FC: Os estudantes passam, ou, pelo menos, devem passar. Eu sei que Em seu blog, você postou uma alguns se tornam “estudantes proresposta à nota de repúdio publifissionais” e ficam mais do que o cada pelos estudantes, acha que tempo, esse pessoal que faz o atifoi o correto a fazer da forma como vismo político-partidário. Na verdade, foi feito? o que eu quero hoje é o diálogo com No meu blog eu não publiquei uma os colegas professores. Nós vamos resposta, isso eu fiz através de uma ficar aqui até a aposentadoria. Eu nota de resposta protocolada ao fui vítima desses ataques, como reitor e também em uma plenária do qualquer outro poderá ser. Não sei departamento. O meu blog é um blog como os meus colegas lidarão com de debates. O que você está falando isso quando não for mais Fernando deve ser algum artigo que eu escrevi Conceição o alvo. ◙

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“Não tive dúvidas, decidi fazer por minha própria conta e risco. Nas quatro edições que eu consegui fazer, devo ter afundado cerca de R$ 350 mil do meu bolso” FA C O M N E W S | 2016.1


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S O B R E O S O MB R OS DE#perfil GI GA N TE S

Por RAQUEL MOREI RA S AR AI VA

A

conversa mal começa quando o professor Carlos Brites, coordenador de PósGraduação da UFBA, entra na sala. Ele acabara de chegar de um evento promovido pela Fapesb (Fundação de Amparo à Pesquisa da Bahia). “A senhora foi muito elogiada lá”, ele cumprimenta animado. “Aliás, no mundo inteiro, onde se fala de jornalismo científico, Mariluce é exaltada!”, ressalta.

mariluce moura

De modo cortês, a professora nos pede licença para fazer uma breve entrevista com Brites. “É bom que serve de aprendizado para as calouras de jornalismo”, brinca. Rapidamente Mariluce vira repórter, mostra conhecimento técnico sobre o assunto nas perguntas elaboradas, pergunta com naturalidade os conceitos que desconhece e anota rapidamente enquanto ouve com entusiasmo as respostas sobre o assunto. Mariluce criou e dirigiu, de 1995 a 2014, a mais prestigiada revista científica brasileira, a Pesquisa Fapesp. “Se vi mais longe foi por estar de pé sobre ombros de gigantes”. A célebre declaração de Isaac Newton mostra seu reconhecimento sobre a importância de cientistas predecessores para o desenvolvimento das suas próprias descobertas.

A soteropolitana Mariluce Moura é legitimadamente uma gigante que apoia a divulgação científica brasileira. Jornalista graduada pela UFBA, recentemente reintegrada ao corpo docente da UFBA, após 40 anos, Mariluce foi presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Científico; é pesquisadora colaboradora do LabJor (Unicamp), centro de referência da América Latina para estudos e formação de profissionais em divulgação científica, trabalhou como assessora de imprensa e coordenadora de comunicação do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico); foi assessora e gerente de comunicação da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Mariluce não para de desenvolver novos trabalhos. “O que me motiva é o que me desafia, o que me apaixona!”, explica ao citar seus dois projetos mais recentes. A jornalista começou a desenvolver a revista Bahiaciência em 2012, a pedido do então secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, Paulo Câmera (PDT). Entraves políticos e burocráticos impediram a impressão às vésperas da sua publicação. O convite virou, então, um desafio pessoal.► FA C O M N E W S | 2016.1

foto: felipe iruatã


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“Não tive dúvidas, decidi fazer por minha própria conta e risco. Nas quatro edições que eu consegui fazer, devo ter afundado cerca de R$ 350 mil do meu bolso”. Esperançosa, planeja resgatar a revista no âmbito da universidade a partir da 10ª edição: “Vamos ver, o pessoal da reitoria está animado! Agora já estou pensando em como fazer a edição número 5!”, ri. O projeto Ciência na Rua, que coordena há um ano, é a cereja do bolo para Mariluce. Voltado para a divulgação científica para jovens de 14 a 25 anos, o Ciência na Rua foi pensado inicialmente como “uma espécie de Pasquim da ciência”, jornal impresso e gratuito que trataria de ciência e tecnologia com humor. A reorientação do projeto para a plataforma digital ocorreu após sugestões que viabilizariam sua publicação com orçamento reduzido. Da sua sala, localizada no prédio da reitoria da UFBA, compartilhada com outra funcionária, a própria Mariluce atualiza o blog e a página no facebook do Ciência na Rua. Em 1969 inicia o curso de Jornalismo, na UFBA. Nesse período, já lutava contra o regime militar pelo Movimento Estudantil e pela Ação Popular (AP). Em agosto de 1974, aos 24 anos, Mariluce é aprovada em concurso para professor adjunto da Faculdade de Comunicação da UFBA. Apenas três meses após assumir o cargo, em novembro, é demitida por determinação do Ministério da Educação, uma represália do governo militar à sua militância. Ela só voltaria para a UFBA no dia 14 de outubro do ano passado. Em sessão da Comissão de Anistia em homenagem ao dia do professor (15/10), Mariluce

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Saí da prisão com 23 anos, mas me senti com 100. Eu estava muito destruída” recebeu um pedido oficial de desculpas do governo brasileiro. Em período de reorganização partidária da AP, ano de 1972, Mariluce se casou com Gildo Lacerda, clandestino em Salvador. Mariluce ficara apreensiva com o atraso do futuro marido para a cerimônia. Mariluce é presa ao meio dia de 22 de outubro, em frente ao Elevador Lacerda. Com os outros presos, incluindo Gildo, é encaminhada para a Superintendência da Polícia Federal de Salvador. Em novembro, Mariluce recebe pelos militares a notícia do assassinato de Gildo. Mariluce estava grávida do marido. “Saí da prisão com 23 anos, mas me senti com 100. Eu estava muito destruída”. No momento mais difícil da sua vida, ela mergulha em umperíodo de dois anos de muita infelicidade, de desespero absoluto. Ela conta que um ano após sua prisão, ao fazer o psicoteste admissional da UFBA, a psicóloga avaliadora a chamou para responder algumas perguntas. Como já esperava um resultado ruim, Mariluce desata a falar sobre a tortura. “Contei tudo. Ela assinou o laudo sem restrições”. As consequências ainda hoje

são percebidas: um episódio de depressão em 2010 que resgata o trauma antigo, a somatização que a fazia sentir sintomas de infarto e a síndrome de pânico desenvolvida. Por um curto período subsequente, deu aulas na UFBA como professora convidada. Em seguida, saiu de Salvador. Mudou várias vezes de emprego e de residência entre Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Nem sempre fez escolhas acertadas, como quando largou o emprego no Jornal do Brasil para fundar o Sindicato dos Jornalistas Baianos, que, com mais de 90% dos membros desempregados, nascera fadado ao fracasso. Mariluce fala com orgulho das conquistas na capital paulista. Mariluce parece resignada da saudade de São Paulo, principalmente dos filhos e dos netos, aos quais se refere com muito orgulho. Além disso, se mostra muito feliz quando fala do trabalho atual na UFBA. Após quatro horas de conversa, já com a voz rouca, Mariluce abre um sorriso ao planejar suas “aventuras loucas” para os próximos 20 anos: “Pretendo tocar o Ciência na Rua e a Bahiaciência até os 85”.◙


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ESTUDANTES RECLAMAM ESPAÇOS DE CONVIVÊNCIA

Há rede wifi, mas sente-se falta de computadores

#infra                      Por Al ana bi ttenc o u r t A Facom tem cerca de 500 estudantes em circulação, mas há apenas dois ambientes de convivência: a ‘varandinha’ e a sala do CA. Os alunos reclamam da falta de ambientes para convivência, além de questionarem a ausência de um laboratório de informática para estudos e pesquisas. Helena Souza, 5° semestre de Produção Cultural, conta que até já tentou estudar no CA, mas não encontrou condições favoráveis para os estudos. “Se você realmente quiser estudar, tem que sair da Facom, procurar um lugar na biblioteca. Os dois computadores do Centro Acadêmico sempre ficam ocupados, pessoas conversando ao redor. Nao dá!” Apesar de haver internet com velocidade de 1 GB por segundo nos 12 roteadores na unidade, os faconianos ainda sentem falta de uma sala com computadores. No mural da reforma curricular há pedidos como “Volta, sala dos computadores!” e a pergunta: “Cadê o Labface?”. Segundo a diretora da Facom, foto: felipe iruatã

Suzana Barbosa, a antiga sala de informática foi fechada devido às obras de ampliação: “Nós tínhamos aqui, no primeiro andar, um laboratório de informática. A sala deixou de existir por causa das obras de ampliação da unidade. Desde que eu e o professor Fábio [Sadao] assumimos a gestão, temos a reativação como meta. Temos enfrentado dificuldades em função de outras demandas emergenciais que são prioridades, como salas de aula. Então, ficamos sem poder ter essa sala de volta. Ela está prevista e ficará no segundo andar”. As reclamações não se restringem apenas à área de estudos e de informática. Os alunos também pedem mais assentos nos primeiro e segundo andares. Atualmente, a Facom tem 12 bancos no térreo e no primeiro andar. No segundo, não há assentos fora da sala de aula. “Acho que deveria ter mais mesas, cadeiras e bancos nos andares”, sugere Yasmin Nogueira, 2° semestre de jornalismo. Já Manoel Meneses, estudante do 4° semestre, propõe um ambiente dedicado aos alunos:

“Poderíamos ter um espaço antes dos corredores das salas, algo com mesas e cadeiras, um ambiente customizado por nós alunos, sem deixar o barulho interferir nas salas de aula”. A diretora da Facom afirma que não há previsão para a ampliação da quantidade de bancos. “Antes, existiam poucos. A área da entrada é onde se encontra a maior quantidade. Em frente aos corredores não é possível, por causa das obras no 1º andar. Por enquanto, não há previsão para colocar bancos novos”, complementa. ◙

“Temos enfrentado dificuldades em função de outras demandas emergenciais que são prioridades, como salas de aula. Então, ficamos sem poder ter essa sala de volta. Ela está prevista e ficará no segundo andar” Suzana Barbosa, diretora

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Calouro F.C.

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