Facom News 2015.2

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Facom News 2014.1 - Edição I


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#editorial Ingresso em 2015.2, entrada real em 2016.1. Os calouros desse semestre demoraram a entrar na Facom, os veteranos clamavam para a greve terminar. Depois de muita Netflix, Spotify e vários nada, o Facomnews foi um choque de realidade. No início, o pavor foi causado por teóricos como McLuhan e Bakthin. Depois, percebemos que nada é mais aterrorizante que a página do word em branco e a deadline se aproximando. Foi, de fato, um semestre atípico. O fervor da redação equivalia à instabilidade política do país. Muitas ideias, muitos eventos, mas sempre com insegurança de principiantes. A tensão foi constante e a determinação também. Nesse clima, entrevistamos o ex-deputado federal Emiliano José sobre Intervenção da Imprensa na Política Brasileira. Já Rafaela Fleur, aluna do segundo semestre, foi requisitada pelas várias amantes de moda e apresenta muito mais do que sua página no Instagram pode revelar. Nessa edição, a crise transformou alunos em ambulantes. Investigamos a feira livre de guloseimas, nem sempre atentos ao nosso índice glicêmico. As pautas surgiam a cada momento. Até mesmo nos banheiros, víamos reportagem. Os escritos de banheiro seriam vandalismo ou expressão poética? Sentados, refletíamos sobre o assunto. Nos corredores, a reforma curricular de Jornalismo virou mural de sugestões. No aniversário de Produção Cultural, fizemos um raio-x dos 20 anos de curso e de quebra comemoramos com mapa astral. Depois de longos dias e uma avalanche de informações, o boletim finalmente está pronto. Como diria Horace Greeley: “O jornalismo irá te matar, mas irá te manter vivo, enquanto o estiver exercendo”. Sobreviventes ao Facomnews sem impeachment na redação, desejamos uma leitura prazerosa a todos.

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Expediente Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia Produto da disciplina de Oficina de Comunicação Escrita do 1º semestre de Jornalismo 2015.2 Reitor da UFBA: Prof. João Carlos Salles Diretora da Facom: Profª Suzana Barbosa Professora Responsável: Lia Seixas Editores-Chefe: Vivianne Marçal e Yasmin Garrido Editores: Cícero Cotrim (Infra), Maria Almada (Facom-Faz), Marina Matos (Acadêmico) e Victor Fonseca (FacomEn-Scène) Repórteres: Alan Barbosa, Amanda Fahel, Carolina Carvalho, Cícero Cotrim, Daiane Rosário, Denise Alves, Greice Mara, Jorge Farias, Lyane Menezes, Marcelo Ricardo, Maria Almada, Maria Paula Marques, Marina Matos, Rafaela Ainsworth, Rafaela Souza, Rebeca Almeida, Tainá Galvão, Victor Fonseca, Vitória Croda, Vivianne Marçal e Yasmin Garrido Coordenador Cotrim

de

Fotografia:

Cícero

Coordenadora de Diagramação: Amanda Fahel Diagramadores: Amanda Fahel, Daiane Rosário, Denise Alves, Greice Mara, Maria Paula Marques, Rafaela Ainsworth, Rafaela Souza, Rebeca Almeida, Victor Fonseca, Vitória Croda, Vivianne Marçal, Yasmin Garrido. Coordenadores de Blog Facom News: Rafaela Souza e Rebeca Almeida Coordenadores de Mídias Digitais: Maria Paula Marques e Vitória Croda Agradecimentos: Profª. Carla Risso, Profª. Clarissa Amaral e as pessoas que contribuíram para que as reportagens fossem possíveis.

Foto: Ana Paula Bispo


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#facom-en-scène Arte ou vandalismo?

A maioria dos entrevistados considera as frases de banheiro forma de expressão por Rebeca Almeida No último dia 12 de abril, algumas pessoas se depararam com algo inusitado. Em uma das portas do banheiro feminino do andar térreo alguém declarava seu amor platônico pela professora Malu Fontes: “Preciso confessar para as migas. Malu fontes é minha crush”. O inusitado da situação e o fato da professora ser uma figura singular fez com que a notícia se espalhasse com facilidade. Logo havia outra frase em resposta à primeira. O interesse gerado pela repercussão do fato reavivou a curiosidade sobre o conteúdo das frases de banheiro. Em sondagem com 70 pessoas da comunidade faconiana, 71,4% considera a prática como forma de expressão e 27% diz ser falta de educação. Houve opção de marcar mais de uma alternativa. Enquanto 61% dos entrevistados marcou apenas

de empoderamento. A estudante Lyane Menezes, cuja fama das frases que escreve nos banheiros femininos já é conhecida por bastante gente, acha que o ato de escrever é “normal” e que “dependendo do conteúdo do que é escrito, pode sim ser uma forma de empoderamento”.

Banheiro feminino - térreo uma opção, 39% não considerou apenas uma das alternativas, demonstrando que as opiniões são variadas e por vezes ambíguas sobre o assunto. A estudante jornalismo, Paula Holanda disse considerar “forma de expressão” e “falta de educação”. Para ela, analisando a questão mais a fundo, trata-se até mesmo falta de empatia ou desrespeito com os funcionários responsáveis pela limpeza dos banheiros da faculdade. “Se é para se expressar, por que não fazer uma zine, por exemplo?”, questiona. Na apuração feita na web, 22% considera as frase como forma

Em um levantamento feito com o conteúdo de todas as frases escritas nos banheiros femininos do térreo e primeiro andares demonstra que de um total de 62 frases, 27% falavam de empoderamento de forma direta. As frases “+ poder pras minas”, “moça, a melhor marca de maquiagem vai ser sempre seu amor próprio” e “mulher, você já nasceu inteira” são alguns exemplos. Frases de resposta a uma frase reflexiva, como por exemplo, “concordo com você” ou “calma miga!”, não foram consideradas como detentoras de conteúdo próprio e não entraram no levantamento citado. Uma funcionária, que não quis se identificar, demonstrou uma certa indiferença com o conteúdo das frases. “As pessoas escrevem um monte de coisa aí, mas eu não quero falar sobre o assunto”, disse quando foi questionada sobre o que ela lembrava já ter lido. Também preferiu não opinar se considerava o ato como falta de educação. facom news 3


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BANHEIROS MASCULINOS Da avaliação dos usuários dos banheiros masculinos, 50% acredita que o ato é uma forma de expressão, 42% considera falta de educação e outras opiniões somam 8% do total. Atualmente, as frases legíveis do banheiro masculino do térreo são as frases “cadê os preto?”, “cadê a educação?” e “cadê Davi?”. A quantidade de frases presentes nos banheiros masculinos é muito menor quando comparada aos banheiros femininos. Sem motivo específico, o fato é que as discussões não são tão representativas quanto no banheiro feminino. O do térreo tem apenas 7 rabiscos, dentre os quais apenas 3 são frases compreensíveis, 2 símbolos, alguns cálculos e rabiscos. O estudante Jonatas Santos acredita que isso ocorre porque os mictórios são

mais expostos, de forma que a identidade de alguém que tenta escrever alguma coisa é mais facilmente identificada. Mas existem escritos dentro dos boxes e também já houveram polêmicas. Em 2013 o professor Mohamed Bamba, falecido recentemente, foi acometido por uma série ataques racistas. Na ocasião, o banheiro masculino da Facom foi pixado com o conteúdo racista disseminado na internet com um e-mail falso feito em nome do professor. Em resposta, o então diretor, Giovandro Ferreira, registrou uma queixa em nome da instituição.

Banheiro feminino - 2° andar

O funcionário Rodrigo da Mata, que geralmente limpa os banheiros masculinos, acredita que apesar da prática ser falta de educação, é natural que as pessoas façam isso. Ele diz que nunca se atreveu

a limpar alguma frase porque tem certeza que no dia seguinte terão outras, assim nem perde tempo. Ele não foi claro se existe ou não a obrigação dos funcionários limparem as frases.

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Fotos e gráficos: Rebeca Almeida

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O universo geek da Facom

Conciliar faculdade e aptidão é difícil para alguns, mas interessante para outros por Vitória Croda e Rafaela Ainsworth Os nerdsfaconianos jogam videogames, vão para convenções nacionais juntos, organizam eventos, produzem vlogs, blogs e clamam pela tão falada optativa “Quadrinhos”. Para eles , ser nerd é um estilo de vida. Segundo formulário aplicado na web pelo Facom News, 62% do total de 60 estudantes que responderam estão no curso de Jornalismo. Destes, quase o total (96,4%) já jogou ou joga constantemente algum tipo de game.

Já Krystal fará sobre cultura participativa e cultura do fã. “Em nenhuma outra faculdade você poderia fazer isso, acho muito legal poder ter essa oportunidade”, conta. Victor Fonseca também considera o mundo faconiano propício para os geeks: “A Facom tem um ambiente onde você pode explorar esse tipo de cultura aqui. Tem espaço para todos. Dá para montar grupos para jogar Magic, um grupo para discutir série, para se discutir sobre quadrinhos. Eu

Foto: Rafaela Rey

Os entrevistados pelo Facom News consideram a Facom um ambiente favorável para explorar o universo geek, fazer amizades e trocar informações. As alunas Clara Rellstab (5º semestre de Jornalismo) e Krystal Baqueiro

(Produção Cultural), afirmam que dá para misturar os interesses pelo mundo nerd com seus cursos. Clara irá escrever seu Trabalho de Conclusão de Curso sobre o site Omelete, portal que alia o jornalismo a essa cultura geek.

Grupo GRIM promoveu mesa sobre quadrinhos

acho que a Facom é plural nesse sentido”. CONCILIAÇÃO A união do lado geek com a comunicação é um caminho buscado pelos faconianos. Victor Karl fundou o Grupo de Cosplay da Bahia, que organiza eventos em espaços como o teatro Eva Hertz da Livraria Cultura. Victor Fonseca possui um site chamado “Cinesia Geek”, onde ele e outros amigos escrevem sobre cultura pop, novidades do mundo nerd e fazem críticas de filmes e séries. Victor não só traz a temática geek para a comunicação, como também discute a sua relação com a identidade baiana: “O propósito do site foi trazer mais eventos desse tipo para Salvador”, conta que já realizou palestras nos Teatros Eva Hertz e Solar da Boa Vista. A estudante de jornalismo, Lyane Menezes, é dona do blog Street of Lily, onde fala sobre ser Lolita, um estilo de moda oriundo da cultura japonesa. Rebeca Almeida integra o blog Dados Malditos, no qual escreve dicas sobre RPG e tirinhas sobre Star Wars. Já o estudante de Produção Cultural, Lenon Freire, é dono de dois canais no Youtube, o Action Jelly, com quase 80 mil inscritos e o Jellies, com 12 mil inscritos. facom news 5


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Além disso, Pimenta afirma que os meios de comunicação tiveram grande papel na expansão de certas marcas do mundo geek.“O cinema ajudou marcas como o Homem de Ferro a sair do ostracismo. Nunca foi um personagem do grande escalão da Marvel e hoje tem dezenas de revistas e muitos filmes”, afirma. Na Facom, existe a matéria optativa Quadrinhos. Entretanto, está há pelo menos cinco anos inativa. Em um mural interativo sobre a reforma curricular, confeccionado pelo Centro Acadêmico Vladmir Herzog, reclamações como: “Existe uma matéria de quadrinhos que sempre quis pegar, mas nunca é ofertada por falta de professor”, foram feitas por alunos sobre a ausência da optativa. Segundo o responsável pelo Departamento de Comunicação, professor Rodrigo Rossoni, desde a sua entrada como chefe de departamento, a optativa Quadrinhos não é ofertada. No entanto, ele demonstra interesse pela demanda dos alunos e ressalta que existem professores da casa capazes de assumir a matéria. facom news 6

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Foto: arquivo pessoal

Os caminhos entre a Facom e o mundo nerd também se cruzam em eventos como a palestra “Histórias em Quadrinhos – Reflexões sobre a Interatividade do Público com a Nona Arte”, que ocorreu no último dia 11, no auditório. Lucas Pimenta que, além de ser um dos palestrantes, é historiador, mestrando em educação, dono da loja geek Katapow, editor e escritor de histórias em quadrinhos. Segundo ele, com os quadrinhos, algumas informações ficam mais fáceis de serem compreendidas. Victor Karl já fez cosplay de Coringa

VERGONHA OU ACEITAÇÃO Se antes, ser nerd era visto como motivo de vergonha, hoje é sinônimo de orgulho. Em maio, dia 25, é comemorado o dia do Orgulho Nerd, baseado no “Dia da Toalha”, referente ao “Guia do Mochileiro das Galáxias”, e no dia em que foi lançado o episódio IV de “Star Wars”. Para tudo quer usou

a estudante Clara Rellstab: “Ser nerd é se aprofundar em que você gosta. Você nunca fica satisfeito só de assistir, você saber coisas do tipo: ‘a cor da calcinha que a Hermione em tal cena’”, fazendo referência à saga Harry Potter.

Há, no entanto, quem não goste dos rótulos de geek/nerd por remeter à origem desse nome, de estereotipo pejorativo. A entrevistada Rebeca Almeida, 1º semestre de jornalismo, se posiciona contra a rotulação dos geeks: “Não gosto do universo geek/nerd da forma que ele se expressa. Sou apenas consumidora”. A opinião de Rebeca acerca da rotulação é partilhada por Victor Karl, 2º semestre de Produção Cultural, mas ele ressalta: “Eu não me sinto mais excluído ou vítima de preconceito, porque hoje em dia isso está na moda. E é relativamente bom porque ajuda na aceitação das pessoas”. As mulheres estão em forte presença no mundo nerd. Segundo as sondagens realizadas, as mulheres faconianas compõem 67,3% do público consumidor da cultura nerd, como jogos, séries e quadrinhos. Mas, apesar dos números, o machismo ainda é presente, como conta a entrevistada Amanda Reis, estudante de jornalismo: “É um fato que tem muita sexualização de mulheres nos videogames e inclusive em jogos online”. As HQ’s, filmes, livros e séries consumidos pelos alunos da Facom foram as séries Demolidor, Game of Thrones e Jéssica Jones; os filmes Star Wars, Senhor dos Anéis e Vingadores; os livros Harry Potter e Guia do Mochileiro das Galáxias; HQ’s dos heróis da Marvel e da DC Comics.


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Dois é R$0,50, cinco é R$1 Estudantes apostam nas vendas como estratégia de superar a crise

por Daiane Rosário e Marcelo Ricardo

Em 2015, o contingenciamento orçamentário adotado pelo governo federal atingiu fortemente as universidades federais segundo os dados da revista Exame. A UFBA teve corte no repasse de 75%, assim o valor repassado reduziu em mais de R$ 4 milhões para R$ 1.068.95. O corte ocasiona um grande mal estar na comunidade acadêmica, sobretudo para os estudantes assistidos por programas de bolsa. Mariana Farias, estudante de Produção Cultural, recebia bolsa enquanto participava do time de handebol da UFBA, através de um programa pela Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (PROAE). Com o corte, a estudante passou a vender brigadeiro pelos corredores da Facom para complementar nos gastos oriundos da graduação. “Eu tive que achar uma alternativa

Foto: Arquivo pessoal

Transporte, alimentação, xerox e livros são as principais preocupações de estudantes que contam com salários de estágio, com valor médio de R$ 500. Diante do cenário econômico do país, alguns universitários encontraram medidas alternativas para aumentar a renda em meio aos estudos e estágios. Os lucros das venda variam de R$400 a R$650 por mês.

Henrique Messias e Ticiana Figueredo criaram a “Browneria Geek” para suprir minhas despesas”, conta. Para ela, o corte da bolsa aconteceu decorrente a crise econômica do país e ainda aponta que o pouco reconhecimento do handebol foi um dos motivos para a restrição do recurso pela PROAE. Ticiana Figueirêdo, aluna do curso de produção cultural, junto com seu irmão, Henrique Messias (BI em Saúde), encontraram nas vendas de brownie a solução para suas despesas mensais com a graduação. A dificuldade de encontrar estágios na área, para ela, também é reflexo da crise econômica. “Nem eu, nem meu irmão conseguimos estágios na área, nossa mãe também

estava apertada, devido à crise financeira, decidimos empreender na universidade para tirarmos um extra”, afirma. AMBULANTES Lucas Gama, estudante de Jornalismo, se prepara para o TCC enquanto vende bolinhos de banana. “Eu achava que as coisas que estavam na cantina eram repetidas e pesadas, então comecei a fazer o bolinho de banana que eu cozinhava para mim que era integral”, lembra. Lucas vende seus bolinhos pelo menos uma vez por semana. Cada bolinho sai a R$ 3, e cada dia ele leva de 40 para ser vendido pela facom news 7


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Edson Ribeiro, proprietário da cantina da Facom, aponta que o número crescente de estudantes vendendo lanches nos corredores passou a ser uma concorrência dentro da própria faculdade. “Venho perdendo muito dos meus lanches desde que os estudantes começaram a vender nos corredores da faculdade”, comenta.

a bolsa de estágio não consegue suprir as necessidades, o bolinho surge como uma medida. O tempo em que ele está na faculdade ele aproveita para vender. “O bolinho é uma renda, mas isso não deve ser só para pagar nossa água e nosso pão. É para se ter liberdade e autonomia, seja um livro ou uma viagem. O bolinho tem uma finalidade que é uma troca”, reconhece. PEQUENO NEGÓCIO A ideia do pequeno negócio apetece a Ticiane e o irmão que decidiram se unir. “Meu irmão sempre gostou de cozinhar e eu sou boa com marketing, na verdade unimos o útil ao agradável, minha madrinha fez o investimento nos materiais para confecção do produto, daí em diante fizemos várias fornadas para testes, queríamos um ponto ideal para atrair o gosto dos clientes”.

Foto: Natássia Guimarães

Há um ano, Lucas saiu da casa onde morava com seus familiares e atualmente divide apartamento enquanto estagia na Agência de Notícias. “o bolinho deixou de ser um extra e passou a fazer parte de minha renda”, aponta. Como

Lucas Gama fatura em torno de R$ 100 com a venda de bolinho de banana facom news 8

Foto: Daiane Rosário

Facom e PROEXT, tendo lucro de pouco menos de R$ 100. Mariana vende cada brigadeiro a R$ 0,75 e tem lucro, por dias vendidos, uma média de R$ 30 a R$ 40. Diariamente Ticiane vende 10 brownies, com lucro semanal de R$ 150,00. Mensalmente os estudantes gastam R$ 350,00 com alimentação, cópias e transporte.

No início das vendas os estudantes decidiram que iriam retornar o lucro para comprar mais materiais como forma de impulsionar o negócio. Os irmãos já criaram pontos de vendas em outras faculdades como alternativa de expansão dos negócios. O micro empreendimento tem nome de “Browneria Geek”.

Mariana Farias vende brigadeiros Ela afirma que as vendas fazem sucesso entre os amigos que encomendam fornadas inteiras, o próximo passo é trabalhar com entregas deliveri dos quitutes. “Criamos agora o “Pop Corn Brownie” que é um saquinho com vários brownies e duas opções de recheio: nutella e doce de leite”, conta. A busca de Ticiane e o irmão é sempre inovar. Ticiane conta que ainda não começou a fazer a comunicação online porque exige certa maturidade no negócio que ele e o irmão ainda estão buscando. “Eu levo uma bandeja com os brownies. Já temos clientela garantida, a bandeja sempre volta vazia”.

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#infra Localização na Facom Dificuldades em salas do novo anexo e primeiro andar por Greice Mara e Amanda Reis Foto: Cícero Cotrim

Sinalização ausente nas salas do primeiro andar Em um prédio de dois andares e pouco mais de 15 salas de aula, espera-se que o deslocamento de alunos entre salas seja uma tarefa fácil. No entanto, são encontrados problemas nas salas localizadas no anexo e no fundo do primeiro andar – as salas de imagem e som e o laboratório de rádio. A falta de sinalização dentro da Facom dificulta o trânsito de estudantes, tanto calouros, quanto veteranos. Durante a gestão da atual diretora, Suzana Barbosa, havia

um projeto de implantação de placas de sinalização na unidade, de responsabilidade de uma equipe de arquitetos da Superintendência de Meio Ambiente e Infraestrutura da UFBA (SUMAI). Entretanto, a SUMAI trocou a equipe responsável pelo projeto. Não há previsão para conclusão da sinalização. As normas da Universidade impedem que a Facom contrate diretamente uma empresa para implementar a sinalização no prédio.

Estudante da Facom há um ano e meio, Jorge Farias diz já ter perdido cerca de duas semanas de aula em uma disciplina por dificuldades de localização. “Uma vez, eu tive uma disciplina na qual metade do semestre era em uma das salas de Imagem e Som. Fiquei perdido porque eu chegava à sala e não tinha ninguém”, relata. O discente disse que nem os funcionários da faculdade sabiam lhe informar o local das aulas. A estudante Vivianne Marçal, facom news 9


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segundo semestre, avalia que um dos grandes problemas é a falta de informações sobre os locais. Ela destaca que muitos estudantes não sabem para que servem as salas que se localizam na área do anexo.

do 4° semestre de Jornalismo. Um dos organizadores da Semana do Calouro, Renato Cerqueira, afirma que a maior dificuldade dos estudantes é de se localizar na área do novo anexo, onde fica o Laboratório de Audiovisual.

Para apresentar a estrutura acadêmica da Facom e localizar os novos alunos na faculdade, um tour é realizado durante a Semana do Calouro. Isso ajuda os novatos a conhecer boa parte do ambiente que será frequentado ao longo da graduação. “Por mais que você não vá se lembrar de tudo, ao menos já dá pra ter uma noção. Guarda na memória o básico”, analisa Sérgio Loureiro,

O ex-diretor da Facom, Giovandro Ferreira, avalia que uma medida fácil de sinalização seria a colocação de um mapa da Facom no térreo do prédio. “Gostaria que se fizesse um quadro grande no térreo com todas as indicações necessárias. Com isso você até alivia quem está na portaria, porque todo mundo que chega precisa se direcionar ao porteiro ou algum outro funcionário para

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Mapa da Facom: Térreo

perguntar explica.

uma

informação”,

Por essas e outras razões, decidimos fazer um mapa de todos os andares da Facom para servir à conveniência dos alunos, visitantes, professores e funcionários. A legenda é simples, criada a partir de ícones que representam serviços, siglas e números. O mapa também mostra lugares estratégicos como localização de tomadas, bebedouros, copas e extintores de incêndio.

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FacomNews News 2014.1 - Edição Facom 2015.2 - Edição Única I Ilustração: Amanda Reis

Ilustração: Amanda Reis

Mapa da Facom: Primeiro andar

Mapa da Facom: Segundo andar facom news 11


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#acadêmico Parabéns, produção! Em meio a expectativas e desilusões, Produção Cultural completa 20 anos por Vivianne Marçal No dia 11 de março de 1996, as primeiras aulas de Produção em Comunicação e Cultura iniciavam na Facom. Durante as discussões de uma nova habilitação para a faculdade, opiniões favoráveis à Publicidade e Propaganda e Rádio e Tv duelavam, mas Produção em Comunicação e Cultura saiu vencedora. Afinal, o que melhor para representar a alma baiana que o fazer cultura? O perfil dos estudantes mescla apaixonados pela comunicação e pelas artes. Entretanto, de 80

estudantes da habilitação, mais de 60% se diz insatisfeito com o curso. Ora sonhadora, ora pé no chão, Produção Cultural divide opiniões entre os –ao mesmo tempo- amantes da área e críticos do curso. FALTA RECONHECIMENTO A satisfação do curso é de 36,8%, enquanto 78,7% dos graduandos reclamam que Jornalismo é priorizado em detrimento de Produção e 32,9% sente preconceito dentro e/

ou fora da Facom por cursar Produção. Os maiores motivos de descontentamento com o curso são a falta de matérias práticas (46,9%) e pouco reconhecimento no mercado de trabalho (30,6%). O curso de Produção Cultural é habilitação há apenas 20 anos na UFBA, que junto ao IFRJ (Instituto Federal do Rio de Janeiro) e a UFF (Universidade Federal Fluminense), faz parte das únicas instituições que oferecem o curso no Brasil. Guilherme

Cedro,

produtor-

Produtora Jr. é resposta à pouca prática Cinco anos após a primeira turma de Produção, surgiram discussões por grupos de alunos interessados em ampliar a carga prática, que não era suprida pela universidade. Anos antes, o Movimento Empresa Júnior chegara ao Brasil, na Faculdade de Administração da UFBA. Assim, surgiu a Produtora Jr., propondo uma extensão à formação acadêmica. Segundo a atual Diretora de Gestão de Pessoas, Anna Heber, “A Produtora Jr faz o estudante experimentar todos os requisitos que um produtor cultural precisa ter como o pulso forte,

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organização visão ampla e pragmática de todas as etapas do evento, gestão do tempo .” Fábio Sadao, professor-tutor do Petcom, defende que no programa “os alunos desenvolvem uma série de atividades em que põem em prática o que estão aprendendo em sala de aula e o que não estão, ligadas com a pesquisa e extensão.” Anualmente, os alunos da Produtora Jr desenvolvem um show com bandas alternativas do cenário soteropolitano, conhecido como Facomsom. Já o Petcom tem como grande produto, o lançamento e a confecção da revista Fraude.


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executivo da Maurício Pessoa Produções, afirma a importância da graduação, que requer uma formação mais abrangente fora da universidade. “A Academia vai te dar um alicerce fundamental, mas é preciso esperteza para ser um profissional diferenciado. O diploma não te mantém no mercado.” Em contrapartida professor Roberto Severino defende a importância do curso no mercado soteropolitano “O mercado de Salvador foi muito qualificado com a criação do curso tanto no mercado em si quanto nas políticas e na gestão. Não atende apenas Salvador, mas a Bahia.” Aliado ao desconhecimento, impera na faculdade um sentimento de inferiorização gerado pela distinção entre Jornalismo e Produção. “O preconceito é bem histórico na Facom. As pessoas não entendem exatamente o que um produtor cultural faz.”, reclama a egressa Ailda Souza. Os estudantes reclamam do direcionamento dado nas matérias comuns para ambas as habilitações, bem como para a existência de mais matérias optativas específicas para Jornalismo. “Quando eu estava próxima de me formar, tive que pegar umas duas optativas específicas para Jornalismo porque já tinha pegado todas as existentes para Produção”, desabafa a ex-faconiana Ticiane

Amorim. Por outro lado, Natália Cunha, do oitavo semestre, vê a amplitude de maneira positiva, de maneira que a gama de trabalho é maior. REFORMA CURRICULAR Na comemoração dos 10 anos da habilitação, uma série de discussões foi levantada pelo Centro Acadêmico Vladmir Herzog para a reformulação da grade curricular. Apesar da pequena presença dos estudantes, foi montada uma proposta de alteração da grade, aprovada pela faculdade, entretanto, não aprovada pela Câmara de Ensino de Graduação. A grade curricular aprovada em 1999 continua vigente no curso. Em pesquisa realizada, 98,6% defende a reforma curricular. Para 34,8% dos graduandos é necessário priorizar matérias práticas, enquanto 29% propõe maior distinção em relação à Jornalismo e 27,5% o aumento da quantidade de matérias ofertadas. Ugo Barbosa, egresso do curso, analisa: “Existe uma total pertinência do campo da Produção Cultural ser dentro de uma faculdade de comunicação. O produtor cultural precisa ter a dimensão de um projeto que a comunicação dá,um grande diferencial do produtor cultural formado pela Facom”. Ugo também defende a integração do curso com outras áreas do facom news 13


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Mapa astral de produção Se faconianos se entendem pela linguagem astrológica, nada mais justo que analisarmos também a habilitação Produção Cultural por essa perspectiva. Considerando a data e horário da primeira aula da habilitação, o curso é marcado pela multiplicidade de elementos, com predomínio de peixes e sagitário. Loucura, desapego, aventura e diálogo marcam a personalidade do curso. Os quatro elementos (fogo, terra, água e ar) estão equilibrados no mapa. Sagitário é o único signo de fogo presente, Peixes o único de água, Capricórnio e Touro são os signos de Terra presentes e Aquário o único de ar. Sendo portanto o curso marcado pelo senso prático e organização da Terra, bem como a criatividade e senso artístico de Peixes. A coragem e ousadia de Aquário e Sagitário são outros elementos presentes no mapa. Quer qualidades melhores para a formação de um produtor cultural? conhecimento: “Um estudante, se quiser entrar na faculdade e se formar, sem sair da Facom, pode fazê-lo.” Alessandra Carvalho, do sexto semestre, também cita o distanciamento da habilitação de outras áreas. “O curso é deficiente porque não integra o aluno nas linguagens artísticas nem econômicas, sociais e administrativas como é necessário para o produtor cultural.”, reclama. O teor excessivamente teórico é grande crítica da maioria dos estudantes. Há um despreparo quanto às matérias práticas como formulação de projetos e facom news 14

Mapa astral do curso Produção Culltural

aspectos que são enfrentados apenas no mercado de trabalho. Pablo Santana salienta: “A ordem das disciplinas está errada, com a Oficina de Análise de Públicos depois da Oficina de Produção Cultural, por exemplo. Um aluno não tem como escrever um projeto sem antes analisar o seu público”, complementa. No entanto, Gabriela Blenda, do segundo semestre, defende a importância do aspecto teórico do curso. “A técnica pode ser aprendida na marra quando você precisa cumprir o trabalho. Mas se falando em Cultura, entender as ideias que motivam e sustentam a programação cultural oferecida

é importante.” Natália Cunha, do oitavo semestre complementa “A Universidade Federal como um todo tem o propósito de ensinar pensantes e não técnicos”.

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O curso competiu com publicidade e narrativas midiáticas O contexto político brasileiro e baiano foram essenciais para a conformação de Produção Cultural como habilitação da Facom. O Brasil se encontrava em um momento de grande desenvolvimento econômico, enquanto a Bahia se destacava pelas temáticas culturais. Após discussões sobre Publicidade Propaganda e RádioTV, foi enviado um documento para a Câmara de Ensino de Gradução da UFBA, intitulado Proposta de Reforma Curricular e de Implantação da Nova Habilitação. Tal proposta apontava para a escolha por Produção Cultural, bem como presentava a importância da habilitação para a configuração da sociedade contemporânea, ampliando o conhecimento midiático e cultural. O documento propõe a habilitação inicialmente como um currículo experimental, permi-

tida pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 4.024/61). Previa-se posteriormente a constituição de duas outras habilitações: Publicidade e Propaganda” e “Narrativas Midiáticas – em suportes como cinema, vídeo/televisão, rádio, multimídia e revista em quadrinhos”. Tais habilitações seriam implantadas quando a unidade possuísse condições viáveis e junto às existentes tornariam a FACOM uma faculdade de comunicação plena. A proposta da grade curricular passou por algumas modificações, com a criação de oficinas para tornar o curso mais prático, por exemplo. No dia 21 de novembro de 1995, a Câmara de Ensino de Gradução aprovou a proposta. Por fim, em 11 de março de 1996, cinco alunos de Jornalismo que aceitaram ingressar na primeira turma de Produção Cultural, tiveram a primeira aula da habilitação.


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JORNALISMO, NOVA ROUPA E INCERTEZAS Reforma curricular ainda em discussão

Foto: Yasmin Garrido

por Marina Matos e Yasmin Garrido

Estudantes acreditam que assessoria e semiótica deveriam mudar de semestre (Mural da Facom). Muito se ouve falar e pouco se sabe sobre a proposta de alteração da grade curricular de jornalismo. Com a formação do Núcleo Docente Estruturante de Jornalismo (NDE), a reforma curricular é articulada dentro da faculdade, com discussões que dizem respeito às disciplinas que são ou não adequadas às novas diretrizes do MEC. O Núcleo Docente Estruturante, que existe há oito meses, chegou a um primeiro consenso sobre facom news 14

as alterações do currículo atual: a existência de mais de uma disciplina de texto nos primeiros semestres; obrigatoriedade de fotojornalismo e planejamento gráfico; deslocamento da disciplina de assessoria de comunicação para semestres iniciais; inclusão de história do jornalismo e técnicas de reportagem; e, por fim, retirada de comunicação jornalística e comunicação e atualidade I e II. Para Mateus Costa, membro

do Centro Acadêmico Vladimir Herzog, as maiores críticas são em relação à ordem das disciplinas de Assessoria de Imprensa e Semiótica (alocadas hoje nos 6º e 2º semestres, respectivamente). Mariana Buente, membro do CA que representa os estudantes perante o NDE, compartilha dessa visão e avalia que o ideal seria reorganizar o curso para criar o eixo básico da Comunicação, com matérias como Filosofia, História do Jornalismo e Sociologia, de maneira que a formação seria do


macro para o micro. As novas diretrizes de jornalismo foram determinadas a partir da Portaria nº 203/2009, do MEC, que dá orientações a todos os cursos de jornalismo do Brasil para reformular as grades curriculares atuais.

A portaria determina que a reforma deve estar em vigor em 2016.1, o que indica um atraso no processo da Facom. “O prazo em tese já está atrasado. Não há uma visão clara sobre se esse atraso traria consequências à faculdade, mas há a possibilidade. Se não existir um prazo para a aplicação das novas diretrizes, por que o NDE foi proposto?”, critica o docente Washington Filho. Para a professora Malu Fontes, vice-coordenadora do NDE, “Nesse momento em que o país está vivendo, os prazos não deverão e não poderão ser cumpridos como se esperava”.

Suzana Barbosa, diretora da Facom, acredita que Jornalismo deve permanecer como habilitação garantida, o MEC as avalia de acordo com as diretrizes nacionais. Fabio Sadao, vicediretor da Facom e membro da comissão do MEC e do NDE, comenta essa questão: “Como a avaliação é feita com base nas diretrizes, acaba quase que tendo poder de lei”, avalia. Uma das questões que divide mais opiniões no Núcleo é

Foto: Yasmin Garrido

Apesar das faculdades terem autonomia sobre seu currículo

Foto: Yasmin Garrido

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Mari Buente, membro do CA, defende a reorganização do curso de Jornalismo

quanto à proposta, trazida pelo MEC, da adoção de um curso de jornalismo como bacharelado e não mais como uma habilitação da Comunicação Social. Para Sadao, “O medo maior de se pensar nessas mudanças é que os cursos percam a natureza da comunicação”.

A diretora da Faculdade, Suzana Barbosa, afirma que, na Facom, é bem provável que o jornalismo permaneça como uma habilitação. “A USP e a UFRJ são instituições que optaram por não ter o jornalismo como bacharelado”. Washington Filho, professor, não vê diferença na mudança, já que o jornalismo era um curso antes do surgimento das habilitações em Comunicação Social. “Não se trata de uma questão política de se colocar contra ou a favor das diretrizes, mas de saber que há coisas interessantes nelas que a faculdade deve estar absorvendo e algumas coisas que não irão interferir na tomada de decisão da Facom quanto ao ajuste do currículo de jornalismo. (...) A formação profissional na área de jornalismo está muito bem contemplada pelas diretrizes”, declara Sadao.

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Quando o atalho é o caminho mais longo O mau uso do “copiar e colar” é crime previsto em lei, com consequências graves por Denise Araoz e Maria Almada

A descoberta de plágio, ainda nesse semestre, na disciplina de Jornalismo Digital, marca mais uma ocorrência desta infração na Facom. A cópia de textos da internet sem as devidas citações, produzido para outra disciplina ou ainda de parte do texto de autoria de outra pessoa, podem gerar plágio, um crime previsto em lei.

na disciplina e advertência do Colegiado da pós.

Na mesma disciplina, o professor Allysson Viana testemunhou um caso cometido pela estudante Ana Silva*, que copiou três textos da internet e colocou a sua assinatura. No mesmo ano, Carla*, estudante de pósgraduação, cometeu plágio na sua defesa de mestrado. O ato trouxe consequências: reprovação

O plágio classifica-se como uma infração aos Direitos Autorais, uma vez que se trata de reprodução não creditada de criações de outras pessoas. Sua ilegalidade está prevista na Lei nº 9.610, de 1998. Na UFBA, o aluno que comete o plágio e é descoberto, pode chegar a ter o caso registrado no Colegiado,

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A estudante Ana Silva*, reprovada na disciplina, desabafa: “Minha cabeça estava em outro mundo. Mal conseguia ir para a aula, mas, hoje em dia, fico ainda mais atenta nas entrevistas e documentos que apuro. Não quero nunca mais passar pela vergonha do plágio”.

responsável pela decisão de abertura de um processo de sindicância. A avaliação do caso se segue em processo administrativo, que pode resultar ao aluno a aplicação de três possíveis sanções, previstas no Artigo 140 do Regimento Geral da universidade. O problema não é exclusivo às universidades. No New York Times, uma repórter foi investigada por reproduzir trechos de artigos da Wikipédia em uma matéria. Em 2014, Naiara Sodré, repórter da Tribuna da Bahia apenas adaptou o texto de Natalia Caldan, da Folha de S. Paulo, sobre vendedores ambulantes nas praias do litoral paulista para a realidade baiana.


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De acordo com Mateus Costa, uma das lideranças do Centro Acadêmico, a instância não se deparou com casos de plágio durante maior parte de sua gestão. Porém, ele comenta: “Recentemente, tivemos conhecimento de um situação específica”, referindo-se ao caso recente levado ao Colegiado, ao qual não tivemos acesso por questões burocráticas. Enquanto estudante, Mateus relata: “Quando calouro, na disciplina de Oficina de Comunicação Escrita, tivemos alguns momentos onde o professor nos alertou e orientou sobre o plágio.” Em entrevista com o professor do Instituto de Ciências da Informação (ICI-UFBA), Rubens Gonçalves, organizador do livro “Direito Autoral, Propriedade Intelectual e Plágio”, o “copiar-e-colar” é colocado como uma escolha técnica, uma estratégia prática e útil para os trabalhos acadêmicos, sendo a maneira de usar uma decisão ética . Segundo ele, o plágio acontece por conta de fatores como educação doméstica, e que não é abordado com a devida atenção na universidade e na educação básica e média. “A universidade não está formando adolescentes, está formando profissionais, técnicos, pesquisadores, portanto tem uma responsabilidade tangencial, por ser o lugar onde tudo pode ser discutido”, enfatiza.

E acrescenta: “A função tem que ser pedagógica, não só punitiva, mas o aluno também tem que ter o interesse em não copiar”. Para Allysson Viana, a incidência de plágio na Facom é recorrente e de fácil identificação: “Quando vemos uma quebra textual muito grande, é um dos indícios de que provavelmente há plágio. O encadeamento de ideias é diferente”, afirma. Caso haja suspeita a internet é a grande aliada para confirmar. A professora Malu Fontes, que já enfrentou dois casos em dez anos na Facom, declara: “A disciplina na qual houve plágio já tinha sido encerrada. Dois anos depois, a estudante foi apontada pela pessoa que teve seu texto plagiado”. Outro caso ocorreu na pós-graduação, quando era orientadora. Malu relata: “A aluna já estava com a formatura pronta quando eu comecei a desconfiar do caso dela, pois o conceito e os autores citados no TCC não eram da área de Comunicação”.

Malu diz não fazer uso de recursos para identificação: “Eu não sou um tipo de professora que faz policiamento dos textos de meus alunos, acho que a função do professor não é essa. A gente está numa universidade pública, onde o acesso exige alguns pressupostos, alguns critérios de uma formação minimamente razoável, e eu tendo a confiar em meus alunos” De acordo com a concluinte de Jornalismo, Val Benvindo, o assunto foi abordado no começo da sua graduação: “Acho que falaram sobre o assunto, mas no começo do curso. Os professores comentaram que já encontraram alunos que fizeram plágio”. Priscila Santiago, aluna do quinto semestre de Produção Cultural, declara que teve uma aula sobre o assunto e nunca mais ouviu falar do assunto. Vivianne Marçal, caloura na faculdade, acredita que a falta de discussão sobre o assunto é consequência dos professores acharem que os alunos já chegam na universidade preparados.

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APRENDIZADO A professora Juliana declara: “Muitos desconhecem as regras da ABNT, tais como citação direta e paráfrase, por exemplo, e acabam incorrendo em plágio”.

Malu Fontes diz não fazer policiamento dos textos dos alunos


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#facom faz

Comunicação interna melhora

De 100, 54% dos estudantes avaliam como satisfatória e 46%, ruim Apesar de ainda deixar a desejar, a comunicação interna tem agradado um maior número. A constatação faz parte da sondagem feita pelo Facom News, que mediu o nível de satisfação dos estudantes. Num total de 100 entrevistados, 54% avaliam a comunicação como ‘satisfatória’ contra 46% que a consideram ‘ruim’. Todavia, ninguém a qualifica como ‘muito boa’. Site, mural do colegiado e listas de e-mail [Facom-L e Todos-L] compõem a banca de canais oficiais de comunicação. A maioria dos entrevistados sabe da existência das listas de e-mail, porém cerca de 40% até então não a conhecem. Em contrapartida, pouco mais dos 60% dos que já conheciam, consideram-na eficaz. Há seis meses, a direção propôs a criação do Núcleo de Comunicação como uma instância. Aprovado pela Congregação da unidade, o Núcleo será coordenado por professores de disciplinas distintas, que operem com unicidade, pensando em estratégias de gestão da comunicação interna e também externa da faculdade. O projeto sugere a participação dos estudantes, que utilizarão o espaço como um laboratório de aprendizado, contando com facom news 18

oferecimento de bolsas. A instância será responsável por coordenar o fluxo de informações que correm internamente na faculdade, a partir do site e das redes sociais, atendendo às demandas de informes à comunidade faconiana.

Foto: Gabrielle Guido

por Maria Paula Marques

Suzana Barbosa, diretora da faculdade, esclarece a aparente demora de o plano sair do papel: “Uma vez aprovado, tem que constar no Regimento Interno da Facom e o Regimento ainda está passando por revisão na Congregação”. Após a aprovação Mateus Costa queixa-se da omissão de informações do Regimento, o no site da Facom projeto precisa ser de que, no atual momento de encaminhado para a Comissão de crise, o cenário acaba afetando a Normas e Recursos do Conselho universidade e torna mais moroso Universitário. O conselho verifica o o procedimento.“Qualquer que está no regimento para saber direção de unidade está atenta se está tudo em conformidade. Se a tudo. O que os estudantes não não estiver, mandam de volta para compreendem muitas vezes revisar, ajustar ou modificar o que por conta do tempo necessário houver e, a partir daí, encaminhapara processamentos”, explica. se novamente para votação no Suzana pede que os estudantes Conselho Universitário. busquem esclarecimentos e A diretora também faz a observação


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tomem o máximo cuidado com aquilo que se reclama e divulga. Salienta que a porta da sala da diretoria está sempre aberta.

esforçando um pouco, ouvi dizer que o projeto é bem legal. Por muito tempo foi bastante ruim”. Ainda consoante à sondagem, 54,5% dos entrevistados acham o site de fácil acesso à informação. Hoje, o site é atualizado pelo Laboratório de Multimedia (Labmedia), coordenado interinamente por Guido Araújo e também por alunos bolsistas.

universidade”. Em concordância, Marlene Marchiori, professora da UEL, pós-doutora e referência em comunicação organizacional, dá consistência ao pensamento de produzir a comunicação de maneira horizontal. “Todos os níveis hierárquicos devem estar em participação. Ao existir congruência, a comunicação do líder com seu grupo é mais efetiva. Já o contrário acaba trazendo efeitos indesejados: mensagens importantes não chegam até às pessoas na hora certa e seus colaboradores se sentem ignorados ou menos importantes”, disse. Marlene esteve na universidade ministrando palestras no final de abril.

Os resultados da pesquisa apontam que os grupos do Facebook, opções alternativas de divulgação dos informes, saem disparadamente na frente com 97% de adesão. Mateus Costa, membro do Centro Acadêmico Vladimir Herzog e um dos administradores do ‘Faconianos’, Dentre as reclamações, os alunos explica a popularidade destes frisam que, em se tratando de grupos; são uma forma mais uma faculdade de comunicação, o rápida e dinâmica dos estudantes site é desatualizado e não há um encontrarem um grande número meio prevalecente que cumpra de informações e, desta forma, de forma clara, objetiva e rápida o acaba-se tendo mais contato papel de informar seus discentes. com a rede social do que com o Um aluno, que preferiu não se ambiente institucional. A própria identificar, diz enxergar diretoria também utiliza do uma assessoria fraca recurso para divulgar informes. no ponto de repasse de informações Atualmente, a Facom dispõe de importantes para a dois grupos, ambos criados e comunidade. “Passa moderados por alunos: o maior, uma impressão de chamado ‘Facom-UFBa’ abriga descaso da direção”, cerca de 2500 membros, alunos e comenta. O estudante ex-alunos. O outro, ‘Faconianos’, não sabia do projeto tem, aproximadamente, 1200. de reformulação da comunicação interna Mateus se queixa de que o site proposto pela direção. da Facom não traz informações de como participar ou conhecer Adriano Sampaio, grupos de pesquisa, por exemplo. professor doutor da Para ele, falta também a direção Facom e coordenador se pronunciar mais: “Em vários da Agenda Arte e casos, a direção não lançou Cultura, defende a nenhuma nota sobre o acontecido, comunicação produzida não falava nada, ficava mais pelos estudantes: quietinha”, conta. “A faculdade “Ninguém melhor Gráficos: Maria Paula tem que melhorar nesse aspecto. do que eles mesmos Reconheço até que eles estão se para falar sobre a

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#CurtiCompartilhei Faconianos com mais de 3mil curtidas nas redes sociais Rafaela Souza e Victor Fonseca No dia da votação do processo de impeachment na câmara dos deputados, a hashtag #impeachmentday não saiu do topo dos assuntos mais comentados do mundo. Vários faconianos aproveitaram esse momento para opinarem nas redes. Dentre eles, o professor da Facom, Wilson Gomes, pesquisador na área de comunicação e política, fez postagens relacionadas. Apenas em um post, teve mais de 560 curtidas e mais de 90 compartilhamentos de pessoas dos mais variados lugares do Brasil e do mundo. Assim como Wilson, hoje, os usuários que antes só recebiam informações, têm o poder também de produzirem e emitirem sua própria informação através de blogs, fóruns, comunidades e redes sociais. “A internet era difusão, agora a internet possibilita conexões. A comunicação ficou de um para um, não mais de um para milhares, descentralizando o poder de uma voz só. A partir disso, surgiram os “formadores de opinião”, destaca o mestrando em Cibercultura da Facom, Moisés Costa, sobre a nova dinâmica nas mídias digitais. O professor da Facom Wilson Gomes, que tem mais de 17 mil seguidores na sua página no facom news 20

Facebook e 12 mil seguidores no Twitter, pode ser um exemplo. O conteúdo postado por ele contempla temas políticos, seus posts atingem de 1,5 até 3,4 mil curtidas. Os seus seguidores atribuem a sua audiência ao peculiar senso de humor e ironia que demonstra nas publicações. Ao contrário dele, a também professora da Facom, Malu Fontes não usa as redes para compartilhar, necessariamente, publicações acerca de um tema específico. A maioria do que é postado são notícias e reportagem de outros sites. Mesmo com seus 25 mil seguidores no Twitter e mais de 2 mil curtidas na sua página, Malu não se considera uma formadora de opinião. “Minhas postagens são muito espontâneas, lá compartilho pensamentos o tempo todo. Não tenho muitas publicações pessoais, raramente

faço textão, tenho a característica mais de volume do que de forma. Faço uma espécie de gatekeeper, um gerenciamento de conteúdo. ” Malu analisa, ainda, que as redes democratizaram e aproximaram as pessoas da informação. A despolarização dos discursos espalhou-se também para outros assuntos, que antes eram centralizados em determinadas regiões do país, no caso da moda. Estudantes como Nathália Luna e Rafaela Fleur têm feito isso nas redes postando seus looks diários, inspirações de moda e suas parcerias com as marcas. Rafaela Fleur (2º semestre de Jornalismo) tem quase 39 mil seguidores no Instagram e a maioria das suas fotos alcançam até 2 mil follows. Nathália Luna (7º semestre de Produção Cultural) tem 400 acessos diários no seu blog Tendencialist.

Postagem feita na página do professor Wilson Gomes no facebook


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Nathália já estampou campanha da Coca-Cola e do Shopping da Bahia. Sem contar, nos convites das marcas para cobertura de eventos. Esse reconhecimento deve-se à sua influência que obteve com a divulgação e a adaptação com as outras redes sociais, como Snapchat, Instagram, Youtube e sua página

“formadora de opinião”. Mas, ainda sim, tem noção da sua importância para muitas meninas. Muitas entram em contato com ela por meio de directs, fazendo perguntas, desabafos e pedindo conselhos não só relacionados à moda, mas a algo muito importante como a autoestima. A sua visibilidade na rede foi acontecendo aos poucos, é atribuída por ela ao compromisso de sempre postar conteúdos de qualidade. Costuma dizer, que seus posts são o que gostaria de curtir nos outros perfis.

No youtube, estudante do 7º semestre de Produção Cultural, Lenon Freire mantém dois canais (Action Jelly e Jellies) ativos na rede social, junto com a sua namorada. O Action Jelly, criado no final de 2013, é um canal onde eles compartilham animações autorais e surgiu do gosto do Instagram Tendencialist da Nathália Luna Lenon por animações. “Eu comecei a fazer animação no Facebook com mais de 2 mil por que sempre foi algo que me curtidas. agradou, sempre me encantou. A blogueira declarou que já Atualmente, o Action Jelly tem impulsionou publicações até dois um pouco mais de 79 mil inscritos anos atrás. “A visibilidade é muito e tem uma média de visualizações importante, porém agora acho que oscila entre 70 mil a 100 mil, mais importante deixar minhas a depender do vídeo. visualizações mais orgânicas. Eu faço o blog com os seguidores. Graças ao canal, eles já foram Porém é um contato frio. Você chamados para realizar um quer o retorno para além dos trabalho de animação para o comentários. Percebo que tenho +1 Filmes e depois disso eles certa influência quando recebo o começaram a procurar outros feedback ou sou parada na rua”. canais interessados nos seus trabalhos. “Fizemos um trabalho Rafaela Fleur, assim como de prospecção ativa, que é Malu Fontes, não se acha uma quando você vai buscar algum

possível cliente. Conseguimos um trabalho com um outro canal chamado Coisa de Nerd, um canal de gameplays com 3 milhões de inscritos”, contou Lenon, logo depois afirmando que hoje, os clientes vêm, naturalmente, buscar os seus serviços. “O poder de influência, numa definição seria a capacidade de você causar algo no espectador. Você pode influenciá-lo emocionalmente ou você pode influenciar ações dele. Então, em algum sentido, o ato de você fazer alguém rir, já é, de certa forma, um ato de influência. O ato de você fazer alguém se emocionar ou se identificar com uma história sua é outro tipo de influência”, explicou quando questionado do desempenho desse papel nas redes. O mestrando Moisés Costa lembra que a forte adesão e influência trouxeram novas problemáticas na vida das pessoas, como o “bubble effect”, causado através do acesso limitado às informações disponíveis nas redes pelos usuários: “Podemos perceber na polarização dos discursos políticos da atualidade brasileira. As pessoas buscam privilegiar suas ideologias, apenas consumindo o conteúdo que lhes agrada e convém. Poucas buscam o controverso ou o outro lado da história, o que justamente daria mais embasamento para refutar as convicções. O efeito bolha seria o novo Mito da Caverna, de Platão na sociedade atual”, destacou Moisés.

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#entrevista

A política midiatizada “A mídia tenta ser protagonista de golpes no Brasil”. Esta é a opinião do jornalista, professor, escritor, ex-deputado federal e ex-secretário do Ministério das Comunicações, Emiliano José. Ele é autor de Imprensa e poder: ligações perigosas e do mais recente Intervenção da imprensa na política brasileira, lançado em fevereiro deste ano, além de diversos artigos publicados sobre mídia e política. CC: Como o senhor avalia o papel que a grande mídia está tendo na atual crise política que se desenvolve no Brasil? EJ: É um papel semelhante, e agravado, àqueles outros momentos em que a mídia tenta ser protagonista de golpes no Brasil. Se você analisar a intervenção da mídia em 1954, você vai observar uma posição nitidamente golpista, tentando dirigir o golpe contra Getúlio. Há o testemunho insuspeito da ex-presidente da Associação Nacional dos Jornais, que em 2010 dizia: “Como a oposição no Brasil é muito fraca, nós devemos assumir o papel que nos cabe de ser oposição no Brasil”. Estes dias eu estava olhando o Estadão, que botou um editorial com a palavra basta[como título], depois das manifestações de domingo [13/03]. Basta, chega e fora, facom news 22

Foto: Divulgação campanha 2014

por Cícero Cotrim

Emiliano defende o protagonismo da mídia na política brasileira


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CC: E essa pauta da corrupção, que a mídia tem colocado para a sociedade, é algo próximo do CC: Quando a mídia começou a que foi feito nos outros governos agendar o Impeachment como progressistas? EJ: Sem nenhuma dúvida. O bandeira? EJ: Foi agendado pela Veja, na governo do Getúlio era o mar internet, no dia da eleição da de lama, e o Getúlio nunca foi Dilma. É fácil localizar o momento um homem corrupto. Goulart em que eles começam a verbalizar era muito mais rico quando fora e naturalizar o Impeachment. do poder do que no poder. E Existe uma política claríssima de depois que ele saiu, não teve naturalização dos absurdos.Você como se apurar nada, porque naturaliza o impeachment, você não tinha nada .Agora, fazem isso naturaliza a delação premiada, com o Lula. Então, me indigna CC: O senhor avalia que o papel você naturaliza o desrespeito à muito essa cruzada contra a da mídia na política brasileira é Presidência da República, você corrupção, que termina por ser partidário ou ideológico como naturaliza a prisão como centro uma cruzada contra a política. A da atividade da justiça. Desde lá política é que dá cimento, solidez um todo? EJ: É partidário no sentido da defesa eles começaram a naturalizar o às civilizações. Quando começam de um projeto neoliberal clássico impeachment e a prisão do Lula. a surgir salvadores da pátria, para o Brasil e na defesa de seus Então, no dia quatro, eles fizeram desconfie. De Hitler a Mussolini, interesses corporativos. A mídia um teste: Lula preso! Solta daqui da Operação Mãos Limpas a brasileira, para além da fortuna a pouco, está tudo muito bem. Berlusconi. privada de seus proprietários, Mas já prendeu. Então, se prender vive uma crise grave. Não creio amanhã, está tudo naturalizado. CC: Então a mídia está tentando criar um salvador da pátria? que haja inocência de nenhuma É tudo simbólico e forte. EJ: Ela está endeusando um mídia no mundo. Mas, no caso CC: Isso tem consequências a salvador da pátria. Antes era da mídia brasileira, ela tem o [Joaquim] Barbosa, agora é longo prazo? uma vocação golpista, porque EJ: É grave o que está o Moro. Ele está em todas as integra de maneira indissolúvel ocorrendo. O que é que as páginas e telas de TV. Ele é o o corpo das classes dominantes novas gerações vão apreender popstar salvador da pátria: “Eu brasileiras e é a principal portade um país que naturalizou, vou limpar o Brasil!”. Quando voz dos ecos da Casa Grande no reforçou, sacralizou o delator? vejo isso, me dá calafrios. Brasil. A mídia brasileira perdeu O Delcídio, nesse momento, é o há muito tempo a noção de herói do Brasil. A cada delação, CC: O senhor avalia que a mídia cobertra. Ela é a portadora das a mídia faz uma celebração. deve continuar insistindo na noções de privilégios, sobretudo Me indigna profundamente ver pauta do impeachment, de um uma visão clara de classe um país assolado pela mídia golpe? entorno da qual não admite e que transforma o delator em EJ: Tenho convicção de que ela não não convive com governos de herói. E o pior: nós estamos vai abrir mão dessa perspectiva. natureza progressista, reformista. alimentando uma cultura de Conseguir, ou não, dependerá da Juscelino, que não era um Lula, corruptos serem os caçadores correlação de forças. não era nem um Getúlio, não era da corrupção. três palavras, foram manchetes do Correio da Manhã nos dias imediatamente anteriores ao golpe de primeiro de abril de 1964. São dois objetivos: derrubar a Dilma e descreditar o Lula. É claro que este martelar diário da mídia traz impactos profundos na mentalidade do nosso povo. O papel da mídia, nesta conjuntura, é de dirigir o golpe juntamente com parcelas do sistema de justiça, envolvendo judiciário e ministério público.

nunca um Goulart, sofreu ataques da imprensa.

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#perfil

Foto: Rreprodução Instagram de Rafaela Fleur

“Só no meu quarto sou eu mesma” por Maria Paula Marques Com seus cabelos ruivos acobreados afeiçoados ao seu estilo ímpar de se vestir, Rafaela Oliveira, ou Fleur, de 19 anos, apresenta como lema estar sempre minimamente “apresentável”. Dona de um Instagram com mais de 35 mil seguidores mundo afora, já ouviu quem dissesse que nunca passou pela cabeça que ela é brasileira, quiçá soteropolitana! Amante da cultura francesa e dos anos 70, Fleur tem como suas referências fashionistas Valentino, conceituado estilista italiano e ícone da moda internacional, e Anna Wintour – sua maior inspiração profissional facom news 24

–, atual editora-chefe da Revista Vogue. Contudo, assume cheia de certeza que tem imensa admiração por Malu Fontes. Estudante de jornalismo da Facom, diz-se encantada com o curso e com a possibilidade de passar os fatos adiante como principal ferramenta da profissão escolhida. “Nunca tirei uma nota vermelha na vida, nunca reprovei em nada”, declara orgulhosa ao mesmo tempo em que reclama de ser exigente demais consigo mesma. “Durante muito tempo eu vivi para orgulhar os meus pais – e ainda é uma coisa que eu faço um pouco –- mas, assim, nem sempre eu acho certo.

Espero um dia ser corajosa o suficiente para fazer tudo o que eu quero”. Apesar de todo o sucesso, não costuma pautar a sua vida no Instagram, nem passa 24h conectada. Revela que não o criou com o intuito de fazê-lo um microblog de moda – como é hoje –, tanto é que menciona que seus posts mais antigos eram simplesmente fotos de comida, plantas e animais. “O Instagram foi uma marca de tempo, sim, mas eu não mudei por conta disso. Os últimos três anos foram decisivos para mim”. Com o passar do tempo, foi amadurecendo, se descobrindo


Facom News 2015.2 - Edição Única I Facom News 2014.1 - Edição

Rafaela Fleur no Rio de Janeiro, na cidade de Nilópolis. Lidar com a distância é algo presente em sua trajetória, mas, dessa vez, é o seu namorado quem vai passar 275 dias longe. A exatidão do número se traduz nas 275 cartas de amor que escreveu para ele, uma para cada dia fora. Agora fica explícito que não foi à toa a escolha do sobrenome Fleur.

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Foto: Rreprodução Instagram de Rafaela Fleur

vê no espelho e defende com convicção a capacidade que a moda tem de mudar o seu humor para melhor. “Mesmo que o seu dia esteja horrível e você esteja mal, nunca subestime o poder de Quem vê Rafaela andando cheia uma roupa bem escolhida”. de estilo pelos corredores da Bem humorada, brinca que não faculdade, não imagina que se trata de uma garota com um “Espero um dia histórico de baixa autoestima. ser corajosa o Por conta disso, procura sempre despertar nas pessoas, que a suficiente para tem como um ícone de moda, fazer tudo o que um empoderamento de elas eu quero” serem o que desejam ser, já que costuma receber pedidos (Rafaela Fleur) de opiniões sobre vestuário. “A # partir do momento em que me torno pública, eu posso inspirar as pessoas a ser o que são de deixa de usar nada que quer por verdade. Não quero que sejam causa do clima, apesar de morar parecidas comigo, mas que se numa cidade litorânea: “Conforto sintam a vontade com o que elas vem em último. Eu tenho que estar bonita. Posso estar ‘morrendo’ querem ser”, diz. em cima do salto, mas ninguém Aliás, é característica marcante derruba meu ‘look’”. de Rafaela a sua bondade e gentileza. Considera o seu Ao ser questionada sobre a sua altruísmo como uma grande infância, Rafaela lembra com qualidade, bem como um carinho e saudade da época defeito. Disposta a ajudar como em que morou no interior: pode, exemplifica entre risos “Eu estudava à tarde e saía do com o episódio: enquanto estava colégio às 6 horas da noite. Era voltando para casa de ônibus uma cidade muito pequena. Nós percebeu um casal de turistas podíamos sair da aula e ir para estrangeiros perdidos, sem saber a praia, por exemplo. Era tudo como chegar ao bairro do Dois de muito livre”. Mas também passou Julho. Por ser a única no ônibus pelo momento difícil de separação que falava inglês, arriscou-se e dos pais. Confessa ter uma relação os levou até o destino já tarde da familiar difícil até hoje. noite, mesmo sem os conhecer. Nascida em Salvador, Rafaela Gosta de dizer que a sua conta que já morou nos afinidade pelo mundo fashion municípios baianos de Lauro se fortaleceu quando começou de Freitas, Mucuri, Itabatan, a se sentir melhor com o que Teixeira de Freitas e até mesmo aos poucos e a metamorfose foi completa e, ao se desvendar, veio a escolha do sobrenome Fleur: aquela que sabe dar e espalhar amor por onde passa.

Rafaela Fleur é estudante de Jornalismo facom news 25


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#especial

por Rebeca Almeida

Por mais que seja apenas uma estratégia para superar a crise, auxiliar nos estudos ou simplesmente conseguir uma grana extra, os estudantes-ambulantes da facom não fazem feio e buscam conquistar frequeses não só pelo paladar, mas também pela visão. Separamos algumas imagens que são de dar água na boca e podem ser compradas pertinho, em algum dos corredores da faculdade.

. . . s m a e r D t Swee #2 #1

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#5 #6 #6 #8

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#1 Brigadeiros, Mariana #2 Empadas, Priscila #3 Trufas, Artur #4 Donuts, Maria Paula #5 Bolo de banana, Lucas #6 Brownies, Ticiana #7 Palha italiana, Gabriele #7 Moranguinhos, Rafaela #8 Alfajores, Victor

Fotos: Instagram da Rafaela Oliveira

#3


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