Boletim Classista alimentação 5

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Alimentação

26/03/2014

Para onde vai a

À esquerda um dos irmãos Batista (bilionários donos da JBS-Friboi). Ao lado, imagens dos trabalhadores produzindo sua riqueza.

Osasco? Dezenas de trabalhadores foram demitidos de nossa fábrica nos últimos meses, a Unididade II praticamente fechou e na Linha 1 do frango ficou só o primeiro turno. Com isso, os irmãos Batista, donos da JBS, buscam diminuir a produção em setores onde a sua lucratividade não está mais compensando. Ou seja, para eles, deixar moedor, mixer, fritadeira, forno, Gyro, Fabrima e várias outras máquinas paradas, assim como câmaras frias descongeladas ou subutilizadas, é mais lucrativo do que continuar produzindo. Isso é um exemplo muito claro para entendermos como a produção na nossa sociedade (até mesmo a produção de comida, que qualquer ser humano necessita!) é voltada somente para a lucratividade dos ricos, os patrões, donos das fábricas e empresários, nunca para a necessidade das pessoas. Com essa situação, devemos ver como preferem gerar desemprego (afinal, foram dezenas de demissões) e desaproveitamento de tecnologia, infraestrutura e maquinário para alimentar seu bolso e sua pança.

Não precisa ser assim! Fábricas ocupadas e controle operário existem! No Brasil e em outros países existem vários exemplos de fábricas que, prestes a fechar, foram ocupadas e colocadas para funcionamento sob controle dos trabalhadores. Essa é a única alternativa frente à uma possível situação de fechamento ou transferência da produção para outra cidade, que pode acontecer em nossa planta. Só assim poderíamos manter os empregos e continuar utilizando o maquinário e estrutura aqui instalados para a produção de alimentos, que, por sua vez, poderiam até ser vendidos a preço mais baixo para a população local. A produção de alimentos é algo de

primeira necessidade, não faz o menor sentido o desperdício de tanto potencial aqui instalado. Para isso, temos alguns exemplos a seguir, tal como a fábrica FaSinPat (“Fabrica Sin Patrón”, exCerâmica Zanon, na Argentina), que há quase 15 anos iria ser fechada, mas a partir da luta os trabalhadores eles conseguiram manter seus empregos e manter a fábrica funcionando, demitindo o patrão e produzindo sob controle operário. Ali, os trabalhadores decidem tudo em suas assembleias, organizam comissões de cargos rotativos para tomar conta da administração e dividem todo o resultado da produção proporcionalmente entre o que precisa ser investido na fábrica, manutenção e seus salários.

Acima, trabalhadores da fábrica FaSinPat (ex-Zanon): “Zanon 10 anos de luta e trabalho sob controle operário. Zanon é do povo”. À esquerda: “Zanon é do povo. Apoie os operários”.


Irmãos Batista são bilionários gananciosos que precisam ser barrados! Um cálculo muito simples, por exemplo, dividindo a média do lucro líquido declarado pela JBS por ano (cerca de R$ 1 bilhão e meio) pelos 3 porquinhos, quer dizer, pelos irmãos Batista, obtemos um salário mensal de quase R$ 42 milhões para cada! Ora, esse mesmo lucro poderia significar um aumento de 100% para o salário base dos 140 mil trabalhadores da JBS em todo

o mundo, ou uma bolada de mais de R$ 10 mil por ano para cada um! Alguns certamente devem pensar, “é, mas isso aqui é deles, então eles tem o direito de fazer o que quiserem!”, mas nós do Boletim Classista pensamos diferente. Sabemos que a proporção entre o que trabalhamos e o que recebemos não é equilibrada, ou seja, trabalha demais e ganha de menos. E a di-

ferença? A diferença entre o quanto você trabalha e o quanto você recebe é de onde o patrão tira o lucro, essa diferença está na base da exploração, é o primeiro roubo de todos, o que permite com que os ricos se tornem cada vez mais ricos. Em outras palavras, se cada um ganhasse proporcionalmente ao que trabalha, quem ficaria perdendo é o patrão (os Batista, no caso),

que não trabalha. Com isso, queremos dizer que os trabalhadores tomarem conta da fábrica e continuarem produzindo para evitarem o desperdício da estrutura e manterem seus empregos, não é roubo algum, pelo contrário, fazendo isso estão apenas recuperando o quanto foram explorados.

Na foto, operários da JBS cruzam os braços e param a produção.

Os trabalhadores unidos são mais fortes e o Boletim Classista estará junto!

Outro exemplo de luta foram os garis do Rio de Janeiro, que mostraram como, com união e determinação, os trabalhadores podem vencer (conquistaram aumento de 37% e mais benefícios, vejam no material especial), mesmo com o sindicato contra a luta! Esse Boletim Classista, que já está há quase um ano junto aos trabalhadores dessa planta, esteve lado a lado com os garis em luta, mobilizando diversas categorias para demonstrarem seu apoio a eles e temos orgulho de fazer par-

te dessa grande vitória que tiveram. Faremos o mesmo quando os operários da indústria de alimentos se levantarem, não mediremos esforços para que sejam vitoriosos, mesmo que o sindicato esteja contra, assim como no caso dos garis. Por isso iniciamos essa discussão sobre qual alternativa restará aos trabalhadores caso a JBS resolva fechar mais turnos, diminuir ou até transferir a produção para outra planta: o desemprego não é a única opção! Com a unidade

de todos os setores, organizando-se por meio de assembleia, devemos exigir manutenção de empregos e aumento de salários, mas também nos preparando para o pior (um possível fechamento da planta), discutindo o controle operário da produção como única alternativa ao desperdício de todo trabalho aqui investido, demitindo os irmãos Batista e ganhando a população local como aliada, a partir da venda de alimentos a preços mais baixos.

Participe do Encontro Nacional de Trabalhadores:

FAÇAMOS COMO OS GARIS DO RIO DE JANEIRO! Para debater essas propostas, assim como conhecer trabalhadores de diversas outras categorias que também estão se organizando para lutar é que convidamos todos a participarem do Encontro Nacional de Trabalhadores que constroem o Boletim Classista, no próximo dia 29. Os garis do RJ estarão lá e juntos poderemos aprender com eles, nos fortalecendo para enfrentar os próximos ataques da JBS.


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