Alimentação #7
29/05/14
Uma onda de greves no Brasil
Junho de 2013: as grandes manifestações de rua mostraram a vontade de milhões de dizer basta a tantas injustiças cometidas contra o povo brasileiro. A maioria dos trabalhadores apoiou a luta encabeçada pela juventude e por isso os governos tiveram que recuar, temporariamente, com os aumentos das passagens de ônibus. Maio de 2014: um mês antes da copa os tralhadores começam a tomar a dianteira nas mobilizações, com
uma onda de greves que há muito não se via. O exemplo dos Garis do RJ, que enfrentaram a prefeitura e o seu próprio sindicato que se colocou contra a greve e terminaram conquistando quase 40% de aumento salarial está sendo seguindo em todo o país. Os motoristas e cobradores de São Paulo merecem todo nosso respeito e apoio. Se enfrentaram com um dos sindicatos mais mafiosos do país, “sindicato da morte”, como dizem. E mostraram a força dos trabalhado-
res, parando por dois dias uma das maiores cidades do mundo. Se não foram vitoriosos como os garis cariocas, foi por que faltou organização para enfrentar tantos inimigos. Não só os patrões das empresas de ônibus, mas a justiça do trabalho, a prefeitura, o sindicato, a polícia e a grande mídia estavam contra eles. Mas ao seu lado estava a maioria dos trabalhadores da grande São Paulo e eles poderiam ter vencido.
Motoristas e cobradores páram principais corredores de ônibus de São Paulo.
A JBS não está de fora No Mato Grosso três unidades da JBS estão em greve. Nas cidades de Juara, Juína e Diamantino. O maior frigorifico do mundo e uma das empresas que mais lucra no Brasil, ofereceu a seus trabalhadores que ganham oitocentos reais no piso a miséria de 5,39% de aumento. Enquanto isso, Ticiane, jornalista da Band e esposa de um dos irmãos batista, se gaba da vida luxuosa que leva (assista: http:// www.youtube.com/watch?v=BVQ-kwacGZ0).
Os trabalhadores pedem apenas 8%, 200 reais de vale alimentação, aumento no piso para novecentos reais e melhores condições de trabalho. Seria o momento ideal para a unidade nacional entre todos os trabalhadores da JBS para derrubar do cavalo os irmãos batista e os sindicalistas vendidos, e conquistar condições dignas de salário e trabalho para os trabalhadores da JBS.
Diretores do Sintusp (sindicato dos trabalhadores da USP) vão à garagem do Santa Brígida, na vila Jag uara, apoiar a luta dos rodoviários.
desfazer dad envia polícia para
Prefeitura de Ha o piquete de greve.
Estudantes do grupo Juventuda às Ruas e mulheres do grupo Pão e Rosas também levam sua solidariedade aos motoristas e cobradores do Santa Brígida.
A força está na nossa união! O que essas greves estão mostrando é a força que temos os trabalhadores quando nos unimos para lutar. Sem o apoio dos trabalhadores os sindicatos não são nada. O que acontece é que uma mafia que chamamos de burocracia sindical, usa nossa força enquanto trabalhadores para obter benefícios pessoais vendendo nossos direitos aos patrões. Os garis do Rio de Janeiro e os rodoviários de São Paulo mostraram que podemos nos organizar e enfrentar os patrões. E que se podemos fazer isso, podemos também derrubar as mafias que estão no controle dos sindicatos. Mas para isso devemos nos organizar. Por isso no mês de abril nós do
boletim classista participamos da fundação do Movimento Nossa Classe, que conta com a participação de garis cariocas, de rodoviários gaúchos, além de trabalhadores da USP, metroviários, professores, bancários, metalúrgicos, carteiros, terceirizados de várias empresas entre outras categorias. Convidamos a todos a conhecerem e participarem do Movimento Nossa Classe, entrando em contato conosco pelo blog, e-mail, facebook etc. Lutamos pela transformação completa da sociedade! Como parte dessa luta estamos chamando as centrais sindicais a construírem um dia de paralisação nacional neste mês!
Na Espanha, trabalhadores da fábrica Panrico estão há mais de 7 meses em uma histórica greve contra as demissões e redução salarial. Panrico é uma fábrica de gênero alimentício produtora de pães de forma, biscoitos e outros produtos de panificação. Com a crise econômica que atravessa a Europa, a patronal impôs uma serie de medidas para que os trabalhadores arcassem com o ônus da crise. Panrico não foi exceção. No ano passado, para garantir seus lucros, a patronal reduziu os salários em 25% e, como se não bastasse esse corte salarial tão alto, abocanhando mais de ¼ da renda desses trabalhadores, logo em seguida, quiseram impor uma redução de mais 18% no salário, além da demissão de 745 operárias(os), ou seja, os operários que ficassem na fábrica passariam a trabalhar mais e a receber 43% a menos do que no semestre anterior. Mas, para desespero dos patrões, os heroicos operários de Panrico não se intimidaram com esses ataques. Mostraram que com a unidade e a força da classe trabalhadora é possível ir
Operárias da Panrico enviam mensagem de apoio aos Garis do Rio: “Solidariedade de Panrico - Estado espanhol - aos Garis do Rio de Janeiro”.
além! Não aceitaram as misérias que ofertavam os sindicatos pelegos em negociação com os patrões. Entraram em greve contra as demissões e a redução salarial: “Nenhuma demissão e nenhum corte!” essa é a palavra de ordem que ecoa entre todos os trabalhadores de Panrico. Para que conseguissem se manter firme em mais de 7 meses de greve, os operários se organizaram em comissões para arrecadar um fundo de greve que garantisse o pagamento dos salários, assim como a solidariedade entre estudantes universitários, associações de moradores, empresas que estão passando pela mesma situação que Panrico, além de apoio internacional de inúmeras categorias mundo a fora. Atualmente estão enfrentando as manobras do sindicato que junto a patronal fazem de tudo para enfraquecer a luta. Mas, os operários de Panrico lutam e resistem!
Como operários da indústria da alimentação, os trabalhadores da JBS, que sofrem os mesmos desmandos dos patrões, podem também prestar solidariedade a essa greve histórica. Nossa luta é uma só! Mandem fotos com cartazes em apoio para a página do facebook do Boletim Classista (por mensagem). Não é necessário mostrar o rosto, garantiremos o seu anonimato..
Viva a greve de Panrico!
Toda solidariedade aos operários! Que a crise seja paga pelos capitalistas!!