Utilização da MVTC como tratamento complementar de parafimose em garanhão: relato de caso

Page 1

FACULDADE DE JAGUARIÚNA

SAMUEL CATUCI FRITSCH

UTILIZAÇÃO DA MVTC COMO TRATAMENTO COMPLEMENTAR DE PARAFIMOSE EM GARANHÃO: RELATO DE CASO

Jaguariúna 2017


ii

SAMUEL CATUCI FRITSCH

UTILIZAÇÃO DA MVTC COMO TRATAMENTO COMPLEMENTAR DE PARAFIMOSE EM GARANHÃO: RELATO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso de Pósgraduação lato sensu em Acupuntura Veterinária, apresentado à Faculdade de Jaguariúna, SP. Área de Acupuntura Veterinária.

Orientador: Professor Doutor Jean Guilherme Fernandes Joaquim

Jaguariúna 2017


iii

SAMUEL CATUCI FRITSCH

Este exemplar corresponde à redação final da Monografia de graduação defendida por Samuel Catuci Fritsch e aprovada pela Comissão julgadora em ____/____/____.

Professor Doutor Jean Guilherme Fernandes Joaquim Orientador

Nome do componente da banca

Nome do componente da banca

Jaguariúna 2017


iv

DEDICATĂ“RIA Dedico este trabalho aos animais, que me estimulam a aprender cada vez mais para que possa conseguir aliviar a sua dor.


v AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais, Enio Fritsch e Lucia Catuci, e aos meus dois irmãos, Tiago e David, pelo amor incondicional e por sempre me incentivarem a lutar e trabalhar em busca dos meus sonhos. Ao Prof. Jean Joaquim, pela grande oportunidade de orientação a mim concedida,

por

todos

os

ensinamentos

ao

longo

destes

anos

e

pelo

companheirismo, prontidão, confiança e amizade. A minha amada esposa Izadora Bittencourt e ao nosso primogênito Matheus Josef Bittencourt Fritsch, por todos os momentos compartilhados de sabedoria, amizade e amor; por compreender e sempre me incentivar nos meus estudos e investidas profissionais. A todos os amigos de Botucatu e principalmente do instituto Bioethicus os quais foram fundamentais para que eu atingisse meus objetivos. Obrigado pela adorável convivência neste período. Por fim, agradesso ao Instituto Bioethicus de Botucatu - SP, pela oportunidade de cursar esta magnífica especialização, por ceder suas instalações e serviços em prol da eduçação e de um mundo melhor.


vi LISTA DE ABREVIAÇÕES

B – Meridiano da bexiga; BP – Meridiano do baço/pâncreas; E – Meridiano do estômago; F – Meridiano do fígado; IG – Meridiano do intestine grosso; kg – Quilograma mg – Miligramas; mL – mililitro; MVTC – Medicina veterinária tradicional chinesa; MVTO – Medicina veterinaria tradicional occidental; R – Meridiano do rim; TA – Meridiano do triplo aquecedor; TPC – Tempo de preenchimento capilar.


vii LISTA DE FIGURA

Figura 1 – Imagem A - Garanhão com parafimose 1º dia; B - 45 dias após tratamento (acervo pessoal, 2016). ..................................................... 19


viii FRITSCH, S.C. Utilização da MVTC como tratamento complementar de parafimose em garanhão: relato de caso, p. 23. Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Acupuntura Veterinária – Instituto Bioethicus, Botucatu, SP, 2017.

RESUMO Diferentes tratamentos são preconizados por praticantes da medicina veterinária tradicional ocidental (MVTO) na cura da condição de parafimose em um equino. Porém, pouco se sabe e utiliza, e muito ainda é mistificada no ocidente a eficácia das técnicas da medicina veterinaria tradicional chinesa (MVTC) no tratamento de desordens reprodutivas, bem como a parafimose traumática em um garanhão. Objetivou-se relatar e promover a cura de um garanhão com parafimose, atendido numa propriedade rural, primeiramente com métodos e tratamentos preconizados pela MVTO, porém sem resolução total ao final do tratamento com antiinflamatório, o que levou a necessidade de integração de técnicas coadjuvantes como a moxabustão e acupuntura da MVTC, que apesar de implantadas tardiamente, se mostraram eficazes em combater a inflamação, o edema, gerar conforto e analgesia, bem como restabeler as condições fisiológicas do organismo com resolução total do edema e da parafimose.

Palavras-chave: Equino, parafimose, tratamento, acupuntura, moxabustão.


ix FRITSCH, S.C. Use of MVTC as a complementary treatment of paraphimosis in stallion: case report, p. 23. Trabalho de Conclusão do Curso de Especialização em Acupuntura Veterinária – Instituto Bioethicus, Botucatu, SP, 2017.

ABSTRACT

Different treatments are advocated by practitioners of Western Traditional Veterinary Medicine (MVTO) in curing the paraphimosis condition in an equine stallion. However, the efficacy of traditional Chinese veterinary medicine (MVTC) techniques in the treatment of reproductive disorders, as well as traumatic paraphimosis in horses is still unknown and used. The objective was to report and promote the healing of a stallion with paraphimosis, treated in a rural property, firstly with methods and treatments recommended by the MVTO, but without full resolution at the end of the anti-inflammatory treatment, which led to the need for integration of adjuvant techniques such as the moxabustion and acupuncture of MVTC, which, although implanted late, proved effective in combating inflammation, edema, generating comfort and analgesia, as well as restoring the physiological conditions of the organism with total resolution of edema and paraphimosis.

Palavras-chave: Equine, paraphimosis, treatment, acupuncture, moxabustion.


x SUMÁRIO

1

INTRODUÇÃO........................................................................................................................ 11

2

REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 13

2.1

ANATOMIA DO TRATO REPRODUTOR DO MACHO EQUINO ................................................ 13

2.2

FISIOLOGIA DO TRAUMA ............................................................................................................. 14

2.3

PARAFIMOSE ................................................................................................................................. 15

2.4

TRATAMENTO PELA MEDICINA VETERINÁRIA TRADICIONAL OCIDENTAL ....................... 15

2.5

TRATAMENTO PELA MEDICINA VETERINÁRIA TRADICIONAL ORIENTAL ......................... 16

3

RELATO DE CASO .............................................................................................................. 18

4

DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 20

5

CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 23

REFERÊNCIAS............................................................................................................................... 24


11

1 INTRODUÇÃO Por muitos praticantes, a parafimose ou prolapso peniano, dentre os traumas envolvendo o pênis e prepúcio, é a condição mais comun observada em chamados veterinários, durante a estação de monta e que está diretamente relacionadas a infertilidade em garanhões

(MACKINNON & VOSS, 1992;

GAUGHAN & HARREVELD, 2007). Os traumas na genitália externa dos garanhões devem ser tratados como emergência afim de evitar possíveis danos irreparáveis à espermatogênese, ejaculação e habilidade de realizar a cópula (PERKINS & FRAZER, 1994). Estes danos, podem interromper a vida reprodutora do garanhão e diminuir a eficiência reprodutiva do plantel, assim justificando a importância econômica do problema (PAPA & LEME, 2002). O tratamento preconizado e mais utilizado pelos especialistas dentro da medicina veterinária tradicional ocidental, baseia-se no uso de antimicrobianos, antiinflamatórios, fármacos auxiliares do processo de cicatrização e dor, fisioterapia e medidas de manejo, como o repouso sexual (RABELO & CLAUDINO, 2011). Entretanto, apesar da parafimose traumática em equinos ser um assunto relativamente descrito na literatura, são escassos os estudos quanto a utilização da Medicina Tradicional Veterinaria Chinesa (MVTC) como coadjuvante no tratamento. O presente relato de caso tem como finalidade descrever o atendimento de um garanhão equino com priapismo traumático por coice utilizando a MVTC associada ao tratamento convencional realizado pela Medicina Veterinária Tradicional Ocidental (MVTO).


12


13

REVISÃO DE LITERATURA 1.1

Anatomia do trato reprodutor do macho equino

O trato genital do garanhão é dividido em genitália interna e externa, a interna é composta pelas glândulas bulbouretrais, próstata, vesículas seminais, ampolas e anel inguinal interno. A genitália externa do garanhão é composta pelo cordão espermático, o epidídimo, saco escrotal, testículos, uretra peniana, o prepúcio e o pênis (SAMPER, 2000). O pênis é o órgão copulátorio, origina-se com dois pêndulos no arco isquiático, eles se juntam formando a raiz do pênis a qual se transforma no corpo do pênis que, em sua extremidade apresenta a glande (KONIG,2004). O pênis do macho equino é do tipo musculocavernoso e possui dois compartimentos independentes (CHENIER, 2000). Primeiro compartimento é o corpo esponjoso do pênis e as glândulas da uretra que circundam ao longo de todo o comprimento do órgão, formando o tecido cavernoso. Os espaços cavernosos juntam-se no nível das glândulas do pênis para formar o corpo esponjoso da glande. O corpo esponjoso da glande é responsável pelo crescimento acentuado das glândulas após estimulação do pênis. O segundo compartimento é o corpo cavernoso do pênis, que é maior e estende-se por todo o corpo do pênis. O preenchimento deste compartimento, com sangue arterial, é responsável pela ereção do pênis (SAMPER, 2000). A glande e o corpo do pênis são envolvidos pelo prepúcio quando em repouso. O prepúcio representa um dobramento duplo de pele que, no garanhão, contudo possui uma prega prepulcial interna, popularmente denominado de "bainha", é uma dupla invaginação da pele e cobre a porção livre do pênis quando este não estiver ereto (KONIG, 2004). Consiste de duas partes, uma externa e outra interna. A parte externa estende-se do escroto até próximo do umbigo, onde a camada externa se reflete dorsal e caudalmente, formando a espessa margem do óstio prepucial. A parte interna da dupla invaginação também chamado de prepúcio verdadeiro está situada na parte cranial do pênis. Esta cavidade tubular está fechada caudalmente pela flexão da camada interna sobre o pênis para formar a camada peniana do prepúcio. Seu óstio está circundado por uma margem espessa, o ânulo prepucial, que está ligado ventralmente à parte externa pelo frênulo do prepúcio (GETTY, 2008).


14

1.2

Fisiologia do trauma

Assim, como em outras espécies, os eqüinos machos apresentam numerosas lesões no pênis e prepúcio (EDWARDS, 2008). Estas, normalmente são decorrentes de procedimentos reprodutivos rotineiros. As causas mais comuns de lesões nesta região são descritas em animais soltos a pasto ou intensamente utilizados para fins reprodutivos. As lesões mais comuns são lacerações, abscessos, aderências, fibrose, traumas que levam a parafimose, também descritas em brigas com outros machos, em montas mal sucedidas, na coleta de semen, divisórias de baia, manequins e quedas. O prognóstico do trauma varia de acordo com local afetado e extensão da lesão, e é uma das principais causas de infertilidade em garanhões. (SCHUMACHER, 2006; ANDERSON, 2008). Sinais clínicos como congestão, inflamação e posterior necrose são resultantes da exposição peniana constante e complicados pela ação gravitacional, quanto mais crônico for o processo, reservando ou desfavorecendo o prognóstico (SMITH, 2006; EDWARDS, 2008). O aumento da temperatura como decorrência de inflamação do escroto ou prepúcio ainda podem causar degeneração testicular e diminuir a qualidade espermática (PAPA & LEME, 2002). Anomalias de pênis e prepúcio, mesmo não sendo causa direta de alterações na produção ou qualidade espermática, afetam a habilidade dos animais efetuarem cobertura por causar dor, tanto no momento da ereção quanto no ato da monta, assim gerando aumento dos custos associados a um garanhão com baixa fertilidade que surgem a partir do aumento do custo por égua (coberturas extras, transporte, exames, tratamentos, serviços veterinários, diária para a central ou haras), influenciando diretamente na receita do criatório e perspectiva do proprietário (BLANCHARD, 1997; SCHUMACHER, 2006). Um estudo anterior realizado com 5128 equinos machos, de diferentes idades, raças, castrados e não castrados, manejados extensivamente, em regime semi-extensivo e intensivamente. Obtiveram após aplicação de questionários, resultados que apontaram seqüencialmente e em ordem decrescente de ocorrência, o prepúcio, seguido pelo pênis e escroto como os principais locais de lesões adquiridas na genitália de equinos, sendo os tumores, habronemose, pitiose, hérnia inguinal, fimose e parafimose os achados de maior ocorrência (SILVA et al., 2009).


15

1.3

Parafimose

A parafimose também conhecida como prolapso peniano, se caracteriza pela incapacidade do garanhão em retrair o pênis para dentro da cavidade prepucial, podendo desenvolver-se a partir de uma variedade de causas, dentre elas a mais comum é o edema da lâmina prepucial interna resultante do trauma peniano e prepucial (SCHUMACHER, 2011). O pênis é mantido dentro da cavidade prepucial pelo músculo retrator do pênis e pelos músculos lisos dos espaços cavernosos. Injúrias na lâmina prepucial interna fazem com que ocorra a perda da conexão entre o pênis e a lâmina interna do prepúcio tornando essa região edematosa e o peso do edema produz fadiga muscular que, por sua vez, faz com que o pênis e a lâmina prepucial interna fiquem protruídos a partir do óstio prepulcial (SIMMONS, 1985). Independente da sua causa inicial, a parafimose torna-se um estado de auto-perpetuação porque o inchaço da lâmina interna do prepúcio provoca uma relativa inelástica do anel prepucial, atuando como uma banda constritora que dificulta a drenagem venosa e linfática distal, causando ou exacerbando o edema prepucial. O epitélio peniano e prepucial inchados e expostos tornam-se frágeis pelo edema e inflamação. Infecções, devido a perda de continuidade e invasão dos microorganismos e fibrose do edema local, são causas comuns que inibem permanentemente a ação telescópica normal do prepúcio (SIMMONS, 1985; SCHUMACHER, 2011). A penectomia tem indicação quando o peso do pênis e prepúcio, exacerbado pelo edema, danificam o nervo pudendo irreversivelmente, podendo eventualmente curva-se caudalmente (BOLZ, 1970; TEUSCHER, 1982). A Paralisia não tem efeito sobre a capacidade do cavalo em urinar ou ejacular (SIMMONS, 1985; BOLZ, 1970), somente compromete a função de ereção e seu retorno para o prepúcio (SCHUMACHER, 2011).

1.4

Tratamento pela medicina veterinária tradicional ocidental

Na apresentação, o pênis e o prepúcio devem ser cuidadosamente limpos e inspecionados visualmente e por palpação para ajudar a determinar a extensão da lesão. O exame ultra-sonográfico pode ser útil para determinar se o inchaço é apenas resultado de edema ou se outras acumulações como seromas, hematomas, coágulos de fibrina ou abcessos podem estar presentes, o que poderia impedir a capacidade de reduzir o prolapso peniano/prepucial. Depois que o pênis e o


16

prepúcio são limpos e inspecionados, a drenagem de fluidos é útil na redução de prolapsos de outra forma refratários (BICUDO et al., 2007, BRISKO, et al., 2007). A redução dos inchaços no pênis e prepúcio podem ser prontamente realizada usando um bandagem elástica compressiva. Depois que o pênis e o prepúcio são introduzidos na cavidade prepucial, os grampos de toalha ou uma pesada sutura com uma abertura suficientemente grande para permitir a livre micção da urina podem ser colocados perto do anel prepucial ou do orifício prepucial. Se o pênis e o prepúcio não puderem ser introduzidos na cavidade prepucial, devem ser mantidos próximos à parede ventral do corpo com uma bandagem de suporte para evitar mais inchaço (BRISKO, et al., 2007). O tratamento clínico deve ser direcionado ao combate de infecções e da inflamação; hidroterapia com água morna auxilia na debridação das feridas e acelera a cura das lesões, bem como em associação com as bandagens compressivas, pela redução da ação gravitacional deletéria, facilitam a redução do edema. Quadros com complicações irreparáveis, requerem tratamento cirúrgico por penectomia (SMITH, 2006; ANDERSON, 2008). O

tratamento

farmacológico

preconizado

baseia-se

no

uso

de

antimicrobianos sistêmicos somente se necessário, antiinflamatórios como a fenilbutazona ou a flunixina meglumina e hidroterapia (10-20 minutos, uma ou duas vezes ao dia), fármacos auxiliares do processo de cicatrização, fisioterapia e medidas de manejo, como o repouso sexual do animal, são medidas que têm se mostrado efetivas, principalmente quando efetuadas corretamente e com respaldo de um profissional experiente. A duração do tratamento varia, mas muitas vezes pode demorar de 7 a 10 dias até que o pênis possa ser mantido na cavidade prepucial sem apoio. Alguns casos podem demorar várias semanas (BRISKO, et al., 2007; RABELO & CLAUDINO, 2011).

1.5

Tratamento pela medicina veterinária tradicional oriental

A acupuntura e a moxabustão são components importantes da MVTC, e um dos maiores benefícios desta nação para a humanidade. Durante milênios de prática clínica, acumularam-se ricas experiências, de modo que a acupuntura e moxa contam, atualmente, com métodos terapêuticos e teorias relativamente completas que estão, por estes e outros motivos, sendo difundidas em muitos paises (CHONGHUO & YAMAMURA, 1993).


17

A MVTC baseia-se no conceito de que há uma energia ou QI, que possui porções yin e yang, que flui por todo o corpo através dos canais específicos ou meridianos, promovendo a saúde e homeostase do organismo com o meio ambiente. Desta forma, as doenças se manifestam devido a uma alteração no fluxo de QI por um desequilíbrio entre yin e yang (MACIOCIA, 2007). Por fim, a acupuntura atua não somente no alívio da sensação dolorosa, mas também promovendo condições para que o organismo se reestabeleça gerando a cura e a cicatrização dos tecidos atingidos (RIDGWAY, 1999). A moxabustão, como o próprio nome indica, trata a enfermidade cauterizando ou aquecendo. Esta terapia consiste em aplicar cones ou bastões acesos feitos com folhas secas e enroladas de artemisia (Artemisia vulgaris) sobre determinadas regiões da pele com o proposito de curar a enfermidade (CHONGHUO & YAMAMURA, 1993). A acupuntura trata as doenças por meio de agulhas. Pode ser definida como a estimulação de pontos pré-determinados e específicos no corpo da pessoa ou animal para alcançar determinado efeito terapêutico ou homeostático. Com registros de 2000-3000 anos antes de cristo, a acupuntura em equinos possui uma história milenar, apresentada durante as dinastias Shang e Chow na China (AKIMOTO et al., 2003; SCHOEN, 2006). Grande parte dos mecanismos de ação e efeitos da acupuntura já possuem comprovação ciêntífica. Os acupontos, utilizados na MTVC são caracterizados como regiões do corpo com maior condutividade elétrica e ao estimular essas áreas, são ativados diferentes receptors sensoriais (térmicos, mecânicos, de pressão e de dor), os quais transmitem sinais ao sistema nervoso central, atingindo o eixo hipotálamohipófise (SCHOEN, 2006). O resultado final é a liberação de diversas substâncias, como β-endorfinas e serotoninas, que promovem tanto o alívio da dor quanto a sensação de bem estar e relaxamento. Há inúmeras técnicas para estimulação de acupontos. Dentre elas, as mais comuns, utilizadas em equinos, são acupuntura por agulhamento

simples,

eletroacupuntura,

aquapuntura

e

farmacopuntura,

moxabustão, estimulação por Laser, implantes de ouro e acupressão (MANTOVANI, 2007). O número de tratamentos necessários depende da cronicidade do problema e da enfermidade que será tratada. O tempo de cada terapia pode variar de 5 a 30 minutos (SCHOEN, 2006).


18

2 RELATO DE CASO Identificação: Equino, macho, 3,5 anos, sem raça definida.

Suspeita Clínica: Parafimose traumática

Histórico e anamnese: Foi atendido um garanhão com 350kg de peso, em uma propriedade rural no município de Imbituba-SC no mês de novembro de 2016. Na anamnese, o proprietário relatou que o animal apresentava aumento de volume na região escrotal, possivelmente recebeu um coice na região do pênis, há mais de um dia, provavelmente ao tentar copular com uma fêmea equina mais velha, que estava no mesmo piquete e que apresentou sinais de cio e violência.

Exame clínico: Na propriedade foi realizado exame clínico geral com aferição da frequência respiratória e cardíaca, visualização da coloração das mucosas e TPC (tempo de preenchimento capilar), temperatura retal e auscultação intestinal, não sendo identificada, nenhuma anormalidade ao fisiológico. Na sequência o exame clínico específico, realizado através da inspeção visual e palpação das estruturas envolvidas, observou-se parafimose, traumatismo peniano, intensa reação inflamatória, edema e hematoma com pequena solução de continuidade da lâmina prepucial externa. Diagnosticado como parafimose traumática por coice durante tentativa de cobertura (Figura 1-A).

Tratamento: Foi orientado ao proprietário a realização de duas a três duchas diárias de 10 a 20 minutos e assepsia com iodo degermante1 até a resolução total do caso. Após a limpeza recomendou-se o uso de uma pasta de vaselina acrescida de iodo polvidona2, com finalidade de manter a lubrificação da mucosa afetada. Tentou-se o uso de tipóia, porém sem sucesso devido irritabilidade e desconfortodo apresentado pelo animal, também com a finalidade diminuir o edema gravitacional, recomendou-se a restrição de movimentos do garanhão, mantendo-o em sua baia. 1

®

RIODEINE Dermo Suave Tópico - Rioquímica – Av. Tarraf - São José do Rio Preto – SP/Brasil. 2 ® VIC PHARMA Iodo Polvidona Solução Aquosa – R. Geraldo Rosa, 62 – Taquaritinga – SP/Brasil.


19

Como prescrição medicamentosa, administrou-se o analgésico dipirona 3

sódica , indicado no tratamento das dores do sistema muscular, esquelético e visceral, influenciando também, o alívio das inflamações e da febre, na dose de 10 mL por via intramuscular, administrado durante 10 dias, num total de 2 frascos de 50 mL cada. A antibioticoterapia sistémica preescrita, de nome comercial Pencivet®4 Plus PPU, na dose de 15 mL, por via intra muscular, administrado com intervalo de 5 dias, totalizando um frasco de 30 mL. Por fim, com ação antiinflamatória mais potente, o Cortvet® 5 , dexametazona na dose de 2,5 mL, por via intra muscular, adminstrado diariamente, num total de um frasco de 10 mL em quarto dias. No retorno, 5 dias após o início do tratameto observou-se melhora da lesão e diminuição do desconforto pela dor, porém sem resolução do edema e da parafimose. Então, foi orientado a continuação das duchas, limpeza e lubrificação. No 10º dia, durante a visita constatou-se a presença de miíase na mucosa prepucial e devido a não resolução total do caso, optou-se pelas tecnicas de acupuntura e moxabustão, como terapias coadjuvantes no tratamento. Os acupontos escolhidos foram o VG-20 (Baihui) e os bilaterais E-40, E-45, BP-1, R-7 e F-1. A moxabustão foi aplicada perilesional e o anti-parasitário indicado, de nome comercial Dectomax®6, na dose ajustada de 0,2 mg/kg, administrado por via oral no volume de 7 mL por dose, com interval de 30 dias. No terceiro dia após o inicio das técnicas da MVTC, observou-se o fechamento superficial da lesão por miíase e grande redução do edema tanto peniano quanto prepucial. Portanto as orientações se mantiveram quanto as duchas, limpeza e restrição de movimento. A acupuntura nos mesmos acupontos, utilizados no primeiro tratamento, foram novamente escolhidos e realizados nos retornos de 15, 30 e 35 dias, após o primeiro atendimento. A resolução total da lesão, edema e parafimose, foram observadas na 8º visita a propriedade, totalizando 45 dias após a lesão inicial por coice (Figura 1-B).

3

®

D-500 Dipirona sódica 500 mg – Zoetis indústria de produtos veterinarios Ltda.- Nova Jersey/EUA. ® Pencivet Plus PPU Antibacteriano + AINE – Itervet – Av. Monsenhor Félix – RJ/Brasil. 5 ® Cortvet Antiinflamatorio esteroidal - Praça Dr. Joaquim Batista, 150, Centro – Jaboticabal/SP. 6 ® Dectomax Solução injetável – Pfizer Animal Health - NY/EUA. 4


20

Figura 1- Imagem A- Garanhão com parafimose 1º dia; B- 45 dias após tratamento (acervo pessoal, 2016).

3 DISCUSSÃO Para muitos praticantes, a parafimose é considerada uma condição difícil de tratar. Muitos garanhões com parafimose são encaminhados às instituições de referência, principalmente durante a estação de reprodução, após terapia atrasada ou ineficaz que permitiu que a condição chegasse a um ponto onde o prognóstico está piorando e as complicações estão resultando em maior deterioração. O ideal, neste caso, seria implementar técnicas coadjuvantes como acupuntura e moxabustão, desde o início do tratamento. Porém, mesmo assim, estas técnicas se mostraram eficientes em evitar complicações irreparáveis e a necessidade de encaminhamento. O diagnóstico diferencial de parafimose das demais enfermidades do aparelho reprodutor masculino, faz-se de suma importância e determinará tanto o prognóstico quanto o tratamento a ser instituído. Na MVTO e na MVTC, o diagnóstico é realizado pelo somatório das informações colhidas durante anamnese, inspeção visual, palpação e identificação das estruturas envolvidas, se possível com o uso de exames complementares como, por exemplo, a ultrassonografia diferenciando um edema de outros acúmulos, tais como seromas, hematomas, coágulos de fribrina ou abcessos (BRISKO, et al., 2007; FELICIANO et al., 2014). Para minimizar ou evitar complicações secundárias ao trauma, recomendase uma terapia primária mais agressiva, com o uso de anti-inflamatórios e hidroterapia (BRISKO, et al., 2007). Segundo a MVTC o uso crônico de corticóides


21

leva a sinais de estagnação de QI do fígado e consequente bloqueio do meridiano do triplo aquecedor (TA) prejudicando assim a transformação, transporte e excressão dos fluidos e umidade (XIE & PREAST, 2012). Entretanto, neste caso em específico, teve recomendação devido ao seu potente efeito anti-inflamatório, além de ter sido utilizado em um curto período de tratamento e por falta de fármacos anti-inflamatórios não esteróidais, a pronta entrega no mercado local. Além disso, ao final dos quatro dias de tratamento e ao final do primeiro frasco, não foi observado redução aparente do edema e resolução da parafimose. A antibioticoterapia sistêmica utilizada no relato, embora nem sempre optada por médicos veterinários, por ausência de necessidade (BRISKO, et al., 2007), neste caso em específico, indicada na prevenção de complicações secundárias como infecções microbianas, tanto provenientes da perda de continuidade do tecido, pelo coice e lesões subsequentes, quanto posteriormente indicada na prevenção da infecção por miíase. Neste contexto o tratamento com antibiótico sistêmico de amplo espectro foi eficaz em promover a prevenção e auxílio da cura. O principal objetivo no tratamento da parafimose é reduzir o inchaço e retornar o pênis prolapsado para o prepúcio o mais rápido possível, protegendo o órgão reprodutor de mais lesões e edema gravitacional (SCHUMACHER, 2011). Métodos alternativos e bem sucedidos, descritos num estudo anterior realizado por Brisko e colaboradores (2007) usaram técnicas cirúrgicas na drenagem do líquido, remoção de coágulos e fibrina. Outras técnicas que auxiliam reduzir o edema e o inchaço, são o uso de bandagens elásticas compressivas, sutura do anel prepucial acrescidas de dispositivos de suporte, como tipóias ou com tubos de plástico O uso destes métodos, neste caso, não obtiveram boa aceitação pelo animal, devido irritabilidade e desconforto doloroso na região. Comportamento este, desfavorável e que, sem dúvida, contribuiu negativamente a resolução do priapismo, pois o animal era agitado, mesmo dentro da cocheira, o que levou a machucar-se algumas vezes no local da lesão adquirindo miíase secundária. O sucesso do tratamento ocorreu em três sessões de moxabustão por aquecimento da borda da lesão de forma indireta com finalidade de aquecer e aumentar o metabolismo celular local, dispersar a umidade e o frio, regulando a circulação de sangue e da energia (CHONGHUO & YAMAMURA, 1993).


22

Os resultados satisfatórios obtidos quando optou-se por somar técnicas da MVTC ao tratamento convencional, estão embasados em literatura de livros e artigos atuais. Alguns dos meridianos escolhidos no tratamento foram anteriormente descritos por Lin e colaboradores (1999), que meridianos do rin, baço-pâncreas, fígado, bexiga, estômago, vaso da concepção, vaso governador, vaso penetrante, bem como alguns dos canais extraordinários são os principais canais energéticos indicados no tratamento do mau funcionamento de orgãos e nos distúrbios reprodutivos. Na MVTC o priapismo é classificado como uma estagnação, do livre fluxo de energia (QI), causada pelo trauma, fator patogênico externo. Possui natureza yang (calor), que explica a dilatação dos vasos pelo aumento da temperature e o edema consequentemente. Cronificando-se esta estagnação, deu início e foi tratada como síndrome de edema que se refere à retenção de fluidos em regiões do corpo, causados pelo trauma (XIE & PREAST, 2011). A estratégia de tratamento foi, portanto, desobstruir os meridianos afetados, parar com a dor, tonificar o baço e drenar a água do edema presente no pênis e prepúcio. Para o tratamento e escolha dos meridianos, realisou-se através da correlação neuroanatômica do plexo lombossacro, descrita em uma pesquisa anterior por Yamamura e colaboradores (1994), que correlacionaram os nervos femoral para o canal do estômago e os nervos safeno para os meridianos do rim, fígado e baço-pâncreas. Além desta escolha, outros acupontos participaram do protocolo como, VG-20 (Baihui), muito utilizado para desordens penianas em geral e os bilaterais E-40 e R-7, indicados no tratamento de edema. Por fim, pontos bilaterais e distais (ting) localizados na região coronária como E-45, BP-1, e F-1, indicados devido a alta capacidade analgésica da acupuntura (HAN, 1982) e antiinflamatória semelhante a dos costicóides (YU, 1993; XIE & PREAST, 2011, 2012). Há outros acupontos descritos na literatura e que poderiam ter auxiliado no tratamento. Entretanto o temperamento do animal não permitia o uso de outras técnicas sem que houvesse riscos ao veterinário e ao próprio paciente. Sendo assim, poucos e específicos acupontos foram preconizados. Autores recomendam para deficiência do QI do baço, acupontos como F-8, R-10,B-20, B-21, E-36, IG-10, BP-6, BP-9, VC-9 e para deficiência de yang do rim com edema evidente do abdomem ventral e bolsa escrotal, VG-3, VG-4, B-26, VC-4 e VC-6 (Xie & Preast,


23

2011). Outros acupontos descritos como tratamento visando recuperar a função do triplo aquecedor e regular, além disso a função energética do pulmão e da bexiga através da dispersão, são acupontos como VC-9, VC-6, B-22, E-36 e BP-6, associados com B-13, B-11 e IG-4 (CHONGHUO & YAMAMURA, 1993).

4 CONCLUSÃO

No presente caso o uso da associação mesmo que tardia de técnicas de MVTC ao tratamento convencional de parafimose, contribuiu para melhora clínica do animal e restabelecimento das funções do aparelho reprodutor, com cura do quadro clínico inicial de parafimose.


24

REFERÊNCIAS ANDERSON, D.E. Surgery of the prepuce and penis. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v. 24, p. 245-251, 2008. AKIMOTO, T.; NAKAHORI, C.; AIZAWA, K.; KIMURA, F.; FUKUBAYASHI, T.; KONO, I. Acupuncture and responses of immunologic and endocrine markers during competition. Med. Sci. Sports Exerc., v. 35, p. 1296-1302, 2003. BRISKO, S. P.; BLANCHARD, T. L.; VARNER, D. D. How to Treat Paraphimosis. Reproduction, v. 53, p. 580-582, 2007. CONSTEN D.; KEUNING E. D.; BOGERD, J.; ZANDBERGEN, M. A.; LAMBERT, J. G. D.; KOMEN, J.; GOOS, H. J. T. H. Sex steroids and their involvement in the cortisol-induced inhibition of pubertal development in male common carp, Cyprinus carpio L. Biology Reproduction, cap. 67, p. 465–472, 2002. CHONGHUO, T.; YAMAMURA, Y. Tratado de medicina chinesa. 1ª ed. São Paulo: Roca, 1993. EDWARDS, J.F. Pathologic conditions of the stallion reproductive tract. Animal Reproduction Science, v.107, p.197–207. 2008. FELICIANO, M. A. R.; OLIVEIRA, M. E. F.; VICENTE, W. R. R. Ultrassonografia na reprodução animal. 1ª ed. São Paulo: MedVet, 2014. GABALDI, S.H., WOLF, A. A importância da termorregulação testicular na qualidade do sêmen em touros. Ciências Agrárias e Saúde, v.2, p.66-70, 2002.GETTY, Robert. Anatomia dos Animais Domésticos. 5. ed. Iowa: Guanabara Koogan,p.1134,2008. GAUGHAN, E. M. ; HARREVELD, P. D. V. Trauma to the penis. In: SAMPER, J. C et al. Current therapy in equine reproduction. 1. ed. Philadelphia: Saunders Elsevier. Cap. 36. p. 227-230, 2007. HAN, J. S.; TERENIUS, L. Neurochemical basis of acupuncture analgesia. Annu Rev Pharmacol Toxicol, v. 22, p. 193-220, 1982. LIN, J. H.; CHEN, W. W.; WU, L. S. Acupuncture Treatments for Animal Reproductive Disorders. The Medical Acupuncture Web Page. Taiwan: República da China, 1999. MANTOVANI, F. B. Fisioterapia, acupuntura e quiropraxia como tratamento da dor lombar em equinos [dissertação]. Botucatu: Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”; 2007. RABELO, R. E.; VULCANI, V. A. S.; CARDOSO, L. D.; DUTRA, H. T.; HELRIGEL, P. A.; VINCENTIN, F. R. Aspectos anatômicos e sua relação com as enfermidades do prepúcio e pênis no touro. Revista científica eletrônica de medicina veterinária. Editora FAEF, n. 18, 2012.


25

RIDGWAY, K. Back problems. Acupuncture as a treatment modality for back problems. Vet Clin North Am Equine Pract, v. 15, n. 1, p. 211-222, 1999. SAMPER, J. C.. Equine Breeding Management and Artificial Insemination. Philadelphia: Saunders Elsevier, p. 306, 2000. SAMPER, J. C.. Reproductive Anatomy and Physiology of the Breeding Stallion. In: YOUNGQUIST, R. S. Current Therapy in Large Animal, Theriogenology. 2 ed. Philadelphia: Saunders Elsevier. Cap. 1, p. 3-12, 1997. SCHUMACKER, J. Penis and prepuce. In: Auer & Stick. Equine Surgery. Elsevier Saunders. 3ed., cap.66, p. 816-817, 2006. SCHUMACHER, J.; VARNER, D. D. Abnormalities of the penis and prepuce. In: MCKINNON, A. O.; SQUIRES, E. L.; VAALA, W. E.; VARNER, D. D. Equine Reproduction. 2 Ed., cap. 109, p. 1130-1133, 2011. SCHOEN, A. M. Acupuntura Veterinária: da arte antiga à Medicina Moderna. 2ª ed. São Paulo: Roca, 2006. SISSON, S. Aparelho urogenital do eqüino. Anatomia dos Animais Domésticos. Editora Guanabara, Rio de Janeiro. 5 ed., v.1, cap. 20, p. 503-505, 1986. SILVA, L. A. F.; RABELO, R. E.; GODOY, R. F.; SILVA, O. C.; FRANCO, L. G.; COELHO, C. M. M.; CARDOSO, L. L. Estudo retrospectivo de fimose traumática em equinos e tratamento utilizando a técnica de circuncisão com encurtamento de pênis (1982-2007). Siência Rural, 2009. SMITH, B.P. Medicina interna de grandes animais. 3 ed. São Paulo: Manole, p. 1728, 2006. SIMMONS, H. A.; COX, J. E.; EDWARDS, G. B.; NEAL, P. A.; URQUHART, K. A. Paraphimosis in seven debilitated horses. Vet. Rec., cap. 116, p. 126-127, 1985. XIE, H.; PREAST, V. Acupuntura Veterinária Xie. Ames, Iowa, USA:MedVet, 2011. XIE, H.; PREAST, V. Medicina Veterinária Tradicional Chinesa – princípios básicos. 1 ed. São Paulo: Med. Vet., 2012. YAMAMURA, Y., et al. Importância da Inervação macro e microscópica do joelho no tratamento das gonalgias pela acupuntura e sua relação com a teoria dos canais de energia e pontos de acupuntura da medicina chinesa. F. méd., v. 108, p.29-34, 1994. YU, S., CAO, J., YU, Z. Acupuncture treatment of chronic rhinitis in 75 cases. Journal of Tradicional Chinese Medicine, ed. 2, cap. 13, p. 103-105, 1993.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.