Revisão do uso laserpuntura

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FACULDADE DE JAGUARIÚNA

REVISÃO DO USO LASERPUNTURA

DALILA NUNES DO NASCIMENTO BASTO

Jaguariúna 2017


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FACULDADE DE JAGUARIÚNA

REVISÃO DO USO LASERPUNTURA

DALILA NUNES DO NASCIMENTO BASTO

Trabalho de conclusão de Curso de Pós Graduação Latu Senso em Acupuntura Veterinária da Faculdade de Jaguariúna.

Área de Acupuntura Veterinária

Orientador: Prof. Dr. Jean Guilherme Fernandes Joaquim

Jaguariúna 2017


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Basto, Dalila Nunes do Nascimento REVISÃO DO USO LASERPUNTURA / Dalila Nunes do Nascimento Basto– 2017 Trabalho de Conclusão, Botucatu, 2017 Orientador: Jean Guilherme Fernandes Joaquim 1. LASER. 2. Acupuntura. 3. Laserpuntura. CDD Palavras-chave: LASER, Acupuntura, Laserpuntura, Acunpunture, Laserpuncture, Veterinária, Veterinary.


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BASTO, DALILA NUNES DO NASCIMENTO. REVISÃO DO USO LASERPUNTURA .Botucatu, 2017. Trabalho de conclusão do Curso em Acupuntura Veterinária – Botucatu, SP.

RESUMO

A Acupuntura é uma técnica milenar e umas das terapias oriundas da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Existem várias técnicas para estimulação de pontos de acupuntura, dentre elas existe a Laserpuntura, que consiste na estimulação dos pontos de acupuntura com a luz de baixa potência do laser. É uma alternativa para estimulação dos pontos, de forma indolor, segura e rápida, sendo essa sua grande vantagem em relação a outros métodos. O objetivo deste trabalho é discorrer sobre o laser e seu uso, bem como as técnicas de aplicação na medicina veterinária. Mais estudos devem ser realizados para maior padronização desta técnica, que tem se mostrado efetiva. Palavras chave: LASER, Acupuntura, Laserpuntura


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BASTO, DALILA NUNES DO NASCIMENTO. Laserpuncture .Botucatu, 2017. Trabalho de conclusão do Curso em Acupuntura Veterinária – Botucatu, SP.

ABSTRACT Acupuncture is a milenar technique and one of the therapies that are part of the Traditional Chinese Medicine (TCM). Several techniques can stimulate the acupoints, and laseracupuncture, which consists in using a low level laser light to stimulate acupoints, is one of them. Considering it is a dorless, safe and quick alternative to stimulate points, it is more advantageous when comparing to other methods of point stimulation. The aim of this study is to examine lasertherapy, its uses and the application techniques in Veterinary Medicine. More studies should be carried out to the standardization of this effective technique.

Keywords: LASER, Acupuncture, Laserpuncture.


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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pelo Dom de cuidar dos animais, em especial meus pais pelo estímulo e apoio constante no caminho da Medicina Veterinária, ao meu esposo e a minha filha Malu pelo olhar de esperança todos os dias. Em especial àqueles que um dia tive o privilégio de conviver e ajudar, meus companheiros de sacrifício pela origem da palavra “Ofício sagrado” da Medicina Veterinária.


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SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO 2- REVISÃO DE LITERATURA LASER 2-1- HISTÓRICO E DEFINIÇÃO 2-2- PROPRIEDADES DO LASER

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2-3- TÉCNICAS DE LASER

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2-4- CONTRA INDICAÇÕES DO LASER E CUIDADOS

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3- LASERPUNTURA 4- CONCLUSÕES 5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1 - Espectro de luz de acordo com o comprimento de ondas.

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FIGURA 2 - Frequência de cores visíveis do espectro.

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1-INTRODUÇÃO

A luz é considerada umas das formas mais antigas de terapia. Já na pré história acreditavase que a luz era capaz de afastar os maus espíritos que causavam doenças, sendo que desde o século XIX já existiam investigações científicas para se entender os efeitos dessa forma de radiação (MIKAIL & PEDRO, 2009). Diversos estudos têm avaliado a influência da terapia com laser de baixa potência em tecidos biológicos. O laser, operando em baixa potência, tem sido empregado na Medicina Veterinária visando a ação terapêutica sobre os diferentes tecidos orgânicos, com ênfase no tratamento da dor e da inflamação, na regeneração e na circulação, com possíveis reabilitações sensoriais, locomotoras e reprodutivas (MASSUQUETO et al,2007). A acupuntura com laser tem sido clinicamente aplicada em diversas enfermidades desde a década de 1970, e a partir disso as pesquisas se intensificaram nesta área, possibilitando a utilização de outras substâncias radioativas e a fabricação de novos equipamentos de laser. Apesar da longa história e tradição, a acupuntura não é uma técnica estática, ocorrendo constantemente a descoberta de novos pontos e métodos de estimulação dos meridianos como o uso de eletroestimuladores, e com o desenvolvimento tecnológico a estimulação com o laser, a qual foi denominada laserpuntura, que consiste no uso de irradiação de laser não térmica de baixa intensidade (WHITTAKER, 2004).


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2- REVISÃO DE LITERATURA LASER

2-1- HISTÓRICO E DEFINIÇÃO

Em 1955, o primeiro aparelho foi produzido por Gordon et al, na Columbia University, sendo chamado de MASER (microwave amplification by stimulated emission of radiation). Este aparelho não emitia radiação na faixa visível do espectro eletromagnético. No anos de 1960 o Dr. Theodore Maiman, do Huges Laboratories na Califórnia (EUA), utilizou um aparelho a base de cristal Ruby, que emitia radiação na faixa visível do espectro com um comprimento de onda de 694 nm (cor vermelha) e a partir deste fato os aparelhos receberam a denominação de LASER, uma acronímia de Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation (CHARMAN,1990; MIKAIL & PEDRO, 2009).

2-2- PROPRIEDADES DO LASER

A luz do laser apresenta características especiais que a diferem da luz comum e de outros aparelhos de fototerapia, principalmente no que se refere ao processo de formação da luz do laser (MIKAIL & PEDRO, 2009). Conforme o comprimento dessas ondas de luz, há uma coloração específica, sendo que a luz visível se encontra apenas numa parte do espectro eletromagnético, entre 400 nm (violeta) e 700 nm (vermelho). Ainda dentro do espectro óptico e com comprimento de onda menor se encontra a luz ultravioleta, e com comprimento de onda maior a infravermelha, que apesar de não serem visíveis fazem parte do espectro óptico (MIKAIL & PEDRO, 2009), conforme a figura 1.


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Figura 1. Espectro de luz de acordo com o comprimento de ondas. Fonte: FORNAZIERI, 2011. A característica de comprimento de onda é extremamente importante porque definirá a seletividade do Laser. Os comprimentos de onda apresentam diferentes coeficientes de absorção para diversos tecidos, esta característica definirá a profundidade e penetração nos tecidos (FORNAZIERI, 2011). Devido à seletividade já evidenciada, em trabalhos que demonstram que a célula capta energia luminosa do laser de forma específica, a luz visível induz reações fotoquímicas com uma direta ativação da indução de síntese de enzimas, através da ativação de lisossomas e mitocôndrias; as organelas não absorvem luz infravermelha, somente as membranas apresentam resposta a esse tipo de estímulo. É devido a essas alterações no potencial da membrana, causadas pela energia dos fótons no infravermelho, que há a introdução dos efeitos fotofísicos e fotoelétricos, ocasionando choque entre células, o qual se traduz intracelularmente em incremento na síntese de trifosfato de adenosina (ATP). A energia dos fótons de uma radiação de laser, que será absorvidas por uma célula, será convertida em energia bioquímica e utilizada em sua cadeia respiratória (FORNAZIERI, 2011; PETERMANN, 2007). A radiação do laser é formada através de ondas eletromagnéticas visíveis ou não de acordo com seu comprimento de onda (LEVINE et al 2008). A energia que se propaga no vácuo a velocidade de 300.00 km/segundo denomina-se radiação eletromagnética (FORNAZIERI, 2011). O espectro eletromagnético é a distribuição da intensidade da radiação eletromagnética com relação ao seu comprimento de onda ou sua frequência, e também é definido como sendo o intervalo completo das radiações eletromagnéticas de vários tipos de ondas tais como: microondas, ondas de rádio, ondas curtas, infravermelho, raios ultravioletas, raios x dentre outras. As ondas eletromagnéticas são constituídas de campos magnéticos e elétricos originando assim o termo espectro eletromagnético


11 (AGNE, 2013). O espectro eletromagnético é medido em nanômetros, sendo que cada um nanômetro é uma subunidade do metro 1x10−9 metros tendo como símbolo nm, esta unidade é usada para medição de comprimento de ondas de luz visível (400 nm a 700 nm), radiação ultravioleta, radiação infravermelha (acima de 700 nm), radiação X e gama (AGNE, 2013).

Figura 2- Frequência de cores visíveis do espectro. Fonte: FORNAZIERI, 2011. A profundidade de penetração do laser depende do seu comprimento de onda, em média penetra cerca de 3 a 6 cm, sendo que os fótons são absorvidos nos primeiros milímetros e os tecidos mais superficiais absorvem mais dos fótons, entretanto esses fótons entram no corpo e produzem efeitos fisiológicos induzindo a mudanças metabólicas locais com a criação de segundos mensageiros que retransmitem os sinais recebidos pelo receptor da célula-alvo, causando assim grandes mudanças nas atividades bioquímicas. O efeito dos fótons diminui com a profundidade mas, através desses mensageiros, os efeitos fisiológicos rapidamente se multiplicam, criando um efeito sistêmico (FORNAZIERI, 2011). Para que ocorra a emissão da radiação, o aparelho de laser precisa conter uma substância radioativa porém não ionizante. Esse emissor deverá ser capaz de absorver energia de uma fonte externa, mudar sua configuração subatômica e emitir fótons, que são os responsáveis pela ação terapêutica do laser (MIKAIL & PEDRO, 2009; FORNAZIERI, 2011). Quando se liga o aparelho, gera-se uma descarga elétrica por meio da qual os elétrons da substância radioativa, com acúmulo de energia, mudam para uma outra camada orbital e, como tendem a voltar ao seu estado normal, no retorno emitem os fótons (MIKAIL & PEDRO, 2009).


12 O meio ativo que gera a emissão do laser é composto de um conjunto de átomos ou moléculas que apresentam diversos níveis de energia, esse meio ativo é que determina a produção e a denominação do tipo de emissão do laser (AGNE,2013). Essas substâncias que compõem o meio ativo podem estar na forma de cristais, gases e semicondutores: ●

Cristais

sólidos:

(ruby

sintético

e

o

neodymium:

yttrium

aluminium

garnet(ND:YAG); ●

Gases: (helium neon (Hene) e o dióxido de carbono (CO2);

Semicondutores: (gallium arsenede (GaAs) e gallium aliminium arsenide (GaALAs) (MIKAIL & PEDRO, 2009); FORNAZIERI, 2011; AGNE, 2013).

A substância radioativa, o comprimento de onda emitido, as características da luz, a potência e as propriedades terapêuticas do equipamento que irão definir as especificações técnicas do mesmo (MIKAIL & PEDRO, 2009). Os lasers podem ser classificados de acordo com sua potência em 3 tipos: alta, média e baixa potências (MIKAIL & PEDRO, 2009; PETERMANN, 2007). ●

Alta potência poderá chegar até temperaturas acima de 100°C, classificados como ablativos, e empregados na área estética, curativa e cirúrgica (AGNE, 2013).

Média potência gera efeito térmico concentrado em pequenas áreas, gerando uma temperatura tecidual de aproximadamente 60°C, é indicado para tratamento de tecidos epidérmicos, fotodepilação, remoção de manchas dentre outras aplicações.

Baixa potência não produz efeito térmico considerável e sim reações de fotobioestimulação.

Os lasers são ainda classificados em classes I, II, IIIa, IIIB, IV, de acordo com sua categoria considerando sua potência e perigo (PETERMANN, 2007; FORNAZIERI, 2011; AGNE, 2013). ●

I e II potência muito baixa, com emissão de luz no espectro vermelho visível, não aquecem e não produzem efeitos na pele, podem produzir lesões oculares se incidirem diretamente sobre os olhos e por tempo prolongado, esses tipos de lasers são utilizados em códigos de barras, leitores de cd, impressoras a laser e ponteiras como recurso didático, não possuem aplicações terapêuticas (AGNES,2013), ainda os lasers classe I possuem menos de 1 mW de potência e não apresentam perigo aos olhos e pele (FORNAZIERI,2011) já os lasers classe II vão até 1 mw e são considerados seguros para momentânea visualização (FORNAZIERI, 2011).

IIIA e IIIB, de potência baixa e média inferior a 50 mW, no espectro vermelho visível e infravermelho não visível. Também conhecidos como laser de baixa intensidade. Nesta classificação o feixe não tem efeito térmico apreciável sendo incapaz de produzir lesões cutâneas. Deve-se considerar ainda o risco de lesão aos olhos quando aplicados diretamente,


13 esse fator torna obrigatório o uso de óculos protetores especiais tanto para os pacientes como para o profissional durante todo o tempo de exposição à terapia (AGNE,2013). O laser classe IIIA tem mais de 5 mW de energia e não é totalmente colimado, já o classe IIIB tem mais de 5 mW podendo chegar até 500 mW, e são colimados (FORNAZIERI, 2011). ●

IV laser de potência elevada, são utilizados em cirurgia para coagulação ou corte, possuem um efeito térmico da radiação a laser com emissão contínua ou grandes taxas de impulsos e definição do comprimento de onda que permita a máxima precisão e consequentemente absorção (AGNE, 2013).

Segundo Petermann (2017), o tipo de laser varia segundo a produção de onda: contínua ou pulsada. O LASER de onda pulsada tem capacidade de fazer com que o tecido absorva mais energia. Também devem ser consideradas as características de potência (mW), comprimento de onda (nm) e ressonância ou frequência (Hz) pois serão responsáveis pela profundidade de penetração e também a produção de energia. Para o estímulo de fotobiomodulação deverá ser utilizado o laser de baixa potência, pois esses não elevam a temperatura tissular e terão os efeitos fotobioquímicos. Outro efeito a se considerar na utilização do laser é a absorção e transmissão, fatores estes que dependem do comprimento de onda e da natureza absorvente (AGNE,2013). De acordo com seu processo de formação o laser possui propriedade distintas da luz comum: coerência, monocromaticidade e colimação. A coerência refere-se à organização espacial perfeita, isto é, todas as ondas estão na mesma fase, e oscilam uniformemente, o que contribui para manter a potência luminosa e não haver interferência dos raios entre si (AGNE, 2013). Os fótons são emitidos no mesmo comprimento de onda, suas fases são sincrônicas no tempo e no espaço (MIKAIL & PEDRO, 2009). Na monocromaticidade a luz possui apenas um comprimento de onda (MIKAIL & PEDRO, 2009) e a cor da radiação é única (MIKAIL & PEDRO, 2009; AGNE,2013). O monocromatismo destaca um único tipo de onda definida no espectro eletromagnético e consequentemente com uma única cor (AGNE,2013). A colimação é devido aos raios serem extremamente paralelos entre si. Todos os fótons caminham na mesma direção, mantendo portanto o diâmetro do foco de luz saindo do aparelho até chegar no alvo (MIKAIL & PEDRO, 2009). Segundo Agne (2013), a elevada colimação permite seu direcionamento para um ponto com mínima dispersão, possibilitando o foco em diâmetros pequenos não havendo perda da intensidade. Existem 5 cinco fenômenos ópticos que ocorrem com a interação da luz com diferentes tecidos biológicos, a serem considerados de acordo com o autor Agne (2013), que se referem à capacidade de


14 penetração dessa energia: ●

Reflexão, pois ao incidir um feixe de luz em uma superfície se produz reflexão que varia segundo o ângulo de incidência. Essa reflexão aumenta com a utilização de produtos como pomadas, cremes, etc. Quanto menor o ângulo maior será a reflexão, sendo mínima quando o ângulo chegar em 90ºC.

Transmissão, é a passagem direta da luz através dos tecidos para áreas adjacentes ao local desejado.

A dispersão, do feixe de luz, se refere ao espelhamento da luz nos estratos mais internos dos tecidos.

Absorção, a monocromaticidade do laser que determinará a absorção seletiva por parte dos cromóforos. A energia liberada pelo aparelho, e que será absorvida pelo tecido, criará uma série de efeitos

biológicos. Como alguns processos serão estimulados e outros inibidos, o laser é considerado uma ferramenta de bioestimulação (MIKAIL & PEDRO, 2009). A absorção se faz por meio de receptores primários e secundários. Os primários seriam os cromóforos naturais: pigmentos heme da hemoglobina, mioglobina e bilirrubina; o pigmento citocromo da cadeia respiratória na mitocôndria; pigmento melanina e outras substâncias que fazem fotorreações, presentes em diversos tecidos. Os receptores secundários são estruturas que absorvem energia entregue ao tecidos através de campos eletromagnéticos, alterando cargas específicas nas membranas e nas proteínas de superfície, funcionando também como uma fonte de sinal eletromagnético (MIKAIL & PEDRO, 2009). Os principais efeitos biológicos no local de aplicação são: o aumento do metabolismo celular, aumento da circulação sanguínea, aumento da síntese de DNA e RNA, aumento dos níveis de endorfina, liberação de histamina e serotonina, aumento da quantidade de fibroblastos, aumento da síntese de ATP (MIKAIL & PEDRO, 2009; AGNE,2013, VALENTE et al,2015). Laserterapia de baixa intensidade (LILT, Low Intensity Laser Therapy) é uma forma de fototerapia que tem sido empregada como tratamento para uma variedade de condições, incluindo lesões musculoesqueléticas e de tecidos moles e ulceração crônica (BAXTER ,1994; PETERMANN, 2007). A laserterapia de baixa potência, utilizada na medicina tradicional chinesa (MTC), assume que a emissão de laser é suficientemente baixa, de modo que o tecido tratado tem sua temperatura minimamente alterada, desse modo não tendo efeito significativo de aquecimento como o que ocorre em laser de alta potência (FORNAZIERI, 2011). Este tipo de laser também tem sido recomendado como uma alternativa efetiva a agulhas de metal para estimulação de acupuntura; esta forma de terapia é comumente chamada de “Laser


15 acupuntura”, para distingui-la das outras formas de aplicações terapêuticas deste tipo de aparelho a laser. A laser acupuntura é divulgada como sendo inerentemente mais segura do que as agulhas de acupuntura, por serem uma forma não invasiva de tratamento, e como um método que é mais apropriado para a estimulação de pontos difíceis como os pontos de acupuntura auricular ou pontos próximos a genitais, em humanos, e em protuberâncias ósseas (BAXTER et al,2008). O uso de agulhas em crianças e animais pode causar um certo desconforto, o que seria minimizado com uso de técnicas de estimulação não invasivas, como o LASER (WHITTAKER, 2004). Neste contexto, gatos representam uma população adequada para o uso deste modo de acupuntura, pela rápida mudança de temperamento e maior vulnerabilidade ao estresse e irritabilidade, que podem ser desencadeados pelo agulhamento dos pontos de acupuntura (SCOTT, 2001).

2-3- TÉCNICAS DE LASER

Dentre os parâmetros importantes do laser, o tempo é expresso em segundos (s), e é ele que determina a dosagem total. A energia é expressa em miliwatts (mW) ou watts(W). Já a dosagem total é expressa em joules (J), que é igual à potência multiplicada pelo tempo, watts x segundos (FORNAZIERI, 2011). O comprimento de onda é expresso em nanômetros (nm), a frequência é expressa em hertz (Hz) ou ciclos por segundo, já a intensidade de potência é expressa em W/cm². E a densidade de energia e em J/cm² (FORNAZIERI, 2011). No que se refere à dose, há muitas divergências nos estudos. A dose é definida como a quantidade de radiação oferecida ao tecido. A dose ideal é estimada de acordo com o tecido a ser irradiado e deverá ser ajustada conforme a energia absorvida para cada tecido, tempo de irradiação e área afetada (BJORDAL, 2003). O laser deve ser sempre colocado diretamente sobre a pele, na área do ponto de acupuntura, para se evitar perda de energia, e é obrigatório o uso de óculos de proteção (PETERMANN, 2017).

2-4- CONTRA INDICAÇÕES DO LASER E CUIDADOS

Deve-se evitar áreas neoplásicas devido ao efeitos bioestimuladores do laser, uso nos olhos ou proximidades, proximidade das gônadas (VEÇOSO 1993, FORNAZIERI, 2011). Segundo Veçoso (1993), não deve-se irradiar sobre infecção bacteriana que não esteja sendo tratada com antibióticos.


16 Segundo Agne (2013), independente da potência do laser é obrigatório o uso de óculos protetor, preparados para filtrar os espectros pequenos.


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3- LASERPUNTURA

A laserpuntura é a união de duas técnicas: a acupuntura, utilizada a milênios, e a laserterapia, que surgiu na década de 70. Em 1975 inicia-se na china o desenvolvimento do método de laserpuntura, seguindo as regras do princípio da medicina tradicional chinesa. Utilizando da emissão estimulada de fótons sobre os pontos de acupuntura com o objetivo de alcançar a biomodulação, bioestimulação ou bioinibição em nível celular, a fim de restabelecer o equilíbrio que deve existir em yin e yang e entre o QI e XUE. Além de desobstruir canais e possibilitar a livre circulação de qi e xue por todo o organismo, e se obter uma resposta terapêutica (FORNAZIERI, 2011). A laserpuntura é classificada dentro da MTC, como um procedimento não invasivo de terapêutica externa, e considerado uma modalidade avançada dentro da MTC, ainda utilizada para irradiar tanto nos pontos corporais quanto nos demais microssistemas (FORNAZIERI, 2011). A técnica denominada laserpuntura se refere à estimulação dos pontos de acupuntura através do laser de baixa intensidade (SCHAWLOW, 1995; FORNAZIERI, 2011). Para a medicina tradicional chinesa, a enfermidade é causada por um desequilíbrio energético, sendo assim a irradiação de laser nos pontos de acupuntura teria um efeito regulatório sobre esses pontos, além da própria ação do laser, que poderá restabelecer o equilíbrio do organismo (GONZALES et al., 2003). O laser de baixa intensidade estimula um processo denominado bioestimulação, onde pode-se tanto estimular como inibir a atividade celular, utilizando-se da radiação do laser de baixa intensidade e a ausência do seu efeito térmico (BAXTER,1994; BASFORD, 1993). Os Lasers de baixa potência promovem a degranulação de mastócitos e favorece alterações circulatórias como a vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, tendo efeitos terapêuticos


18 em lesões superficiais (VEÇOSO, 1993), e ainda efeitos de aumento de metabolismo, estimulação, quimiotaxia e vascularização (BRUGNERA,1998). A utilização da laserpuntura possibilita a padronização da profundidade de estímulo, em função do comprimento de onda e da estrutura de tecido estimulado, permitindo a indução do aumento de fluxo sanguíneo, muscular e da pele de forma mais regular do que utilizando as agulhas. Sendo que a acupuntura dependerá de fatores como: nível de gordura, especificidade muscular e pontos ósseos que poderão interferir na profundidade da inserção da agulha (CUNHA, 2007). Com relação aos pontos de acupuntura, sabe-se que cada ponto apresenta uma maior quantidade de tecido nervoso do qual é facilmente estimulado pela ação do laser (FORNAZIERI, 2011). As técnicas de acupuntura são capazes de favorecer a liberação de neuromoduladores controladores sobre neurônios da via sensorial nociceptiva, podendo levar à diminuição da experiência dolorosa nos aspectos sensorial, emocional, neurovegetativo e neuromotor. Dos neuromoduladores destacam-se as endorfinas, noradrenalina e ácido gama-aminobutírico (GABA) e o Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), sendo os dois primeiros primariamente relacionados com a técnica de acupuntura (EPELBAUM, 2007). Para tratamento de laserpuntura, os equipamentos de laser devem ter as seguintes caraterísticas: ●

Equipamentos com comprimento de onda que se encontram entre 620 nm e 760 nm (vermelhos) são utilizados para tratamento dos padrões de desequilíbrio por frio;

Equipamentos com comprimento de onda entre 760 e 1050 nm (infravermelhos) são indicados para o tratamento dos padrões por calor;

Equipamentos em regime de onda contínua são empregados com eficácia para um efeito dispersante, e os equipamentos com frequência de 585 Hz também possuem efeito dispersante.

Equipamentos com regime de trabalho pulsante são muitos eficazes na regra Bu-Xie, onde efeito Bu significa tonificação para dosimetrias abaixo de 7 J/cm² e frequência menores que 584 Hz e efeito Xie, que significa sedação, com dosimetria maiores que 10 J/cm² em frequências acima de 585 Hz (FORNAZIERI, 2011).

Atualmente existem diferenças nos critérios de dosimetria ideal entre os especialistas de diversas escolas, segundo o cientista Karú (1993), as doses recomendadas são: ●

Efeito analgésico 3-6 J/cm².

Efeito anti-inflamatório 4-8 J/cm².

Efeito regenerador 6-7 J/cm².

Acupuntura 5 J/cm².


19 Dentre as inúmeras vantagens da laserpuntura se destacam: o menor tempo de tratamento, não ser invasivo, diminui o risco de infecções, sendo ideal para pacientes que não toleram o agulhamento. O uso do Laser elimina o risco de quebra de agulhas (SHOEN, 2001). Um estudo de meta-análises com a utilização de laserpuntura nos pontos estomago 36 (E36) e triplo aquecedor 5 (TA5), após a indução de dor inflamatória, visceral e neuropática em ratos, obteve, após a aplicação do laser de baixa potência, alteração nos ambientes químico e físico, por agir nos pontos de acupuntura, demonstrando que a mesma estimulação laser é efetiva em modelos experimentais de dor aguda quando usados em pontos de acupuntura, mas inefetiva quando usada no tecido ao redor, portanto confirmando que a mesma transferência de energia produz efeitos biológicos completamente diferentes em pontos de acupuntura e tecido não específico. Controversamente, a Laser acupuntura é inefetiva em dor visceral devido à cistite, uma possível explicação é o severo dano tecidual observado neste modelo (LORENZINI et al., 2010). Segundo Marques et.al 2015, no estudo onde foi avaliada a aplicação de Laserpuntura, nos pontos de E 36 3 BP6, com o uso de um laser infravermelho de comprimento de onda entre 650 nm e 1000 nm teve uma penetração de 2 a 3 mm e foi capaz de produzir a sensação de DeQi, que representa um fator determinante para uma efetiva estimulação dos pontos de acupuntura. Ainda segundo os autores promoveu um aumento da circulação sanguínea e energia e um efeito anti-inflamatório e analgésico, em gatos submetidos a ovário-histerectomia. Segundo Baxter et.al, 2008, em uma revisão de ensaios clínicos, a laser acupuntura pode ser recomendada como um tratamento efetivo (nível moderado de evidência) para a redução da dor miofascial, pelo menos quando a irradiação aplicada tem potência de ao menos 10mW e uma dosagem de pelo menos 0,5 J por ponto. Para o tratamento de náusea e vômitos pós-operatórios, há uma evidência moderada que sustenta o uso do Laseracupuntura, aplicada no ponto de acupuntura P6 com uma intensidade de pelo menos 10 mW e uma dosagem de pelo menos 0,3 J por ponto. Há evidência limitada (um ensaio clínico positivo) para a efetividade clínica da laser acupuntura no tratamento de dor de cabeça por tensão crônica. Achados em outras áreas são menos conclusivos (evidências insuficientes), devido ao limitado número de artigos disponíveis e (particularmente no caso de epicondilite lateral) a aplicação de parâmetros de tratamento laser inapropriados. Além disso, a grande heterogeneidade dos parâmetros laser empregados nestes estudos revisados indicam uma grande necessidade de definição de recomendações para estes parâmetros. No entanto, estes resultados evidenciam uma importância crítica dos limites de intensidade e dosagem para a efetividade clínica do laser, usado como uma alternativa para as agulhas no tratamento de acupuntura. Segundo Petermann, 2017, a Laseracupuntura é uma modalidade terapêutica extremamente eficaz em diversas patologias. Em pequenos animais e equinos tem efeito anti-inflamatório, antibacteriano e cicatrizante.


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4- CONCLUSÕES

Já existem várias evidências de sucesso terapêutico com o uso da Laserpuntura em diversas enfermidades. Se faz necessária a seleção de pontos de acupuntura adequados com cada patologia bem como a aplicação do laser de baixa potência nesses pontos de acupuntura. Mais estudos são necessários para padronização de parâmetros de tratamento, incluindo comprimento de onda, dose e intensidade do laser. Ainda se faz necessário a padronização de técnicas e o uso da laserpuntura. E avaliação do uso do laser a longo prazo, com novos estudos mais padronizados.


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5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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