Tratamento de cervicalgia e lombalgia em cão com uso de moxabustão e laserpuntura

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FACULDADE DE JAGUARIÚNA

Lais Tamie Cossenzo Jomori

TRATAMENTO DE CERVICALGIA E LOMBALGIA EM CÃO COM USO DE MOXABUSTÃO E LASERPUNTURA: RELATO DE CASO

Jaguariúna 2017


FACULDADE DE JAGUARIÚNA

Lais Tamie Cossenzo Jomori

TRATAMENTO DE CERVICALGIA E LOMBALGIA EM CÃO COM USO DE MOXABUSTÃO E LASERPUNTURA RELATO DE CASO

Trabalho

de

Conclusão

do

Curso de Pós-graduação Lato Sensu em

Acupuntura

Veterinária

Faculdade de Jaguariúna.

ORIENTADORA: M.V. Dra. Carolinne Torres Silva Dias CO-ORIENTADORA: M.V. Dra. Andréa Cristina Scarpa Bosso

Jaguariúna 2017

da


TRATAMENTO DE CERVICALGIA E LOMBALGIA EM CÃO COM USO DE MOXABUSTÃO E LASERPUNTURA – RELATO CASO

RESUMO Doenças do disco intervertebral estão entre os diagnósticos mais comuns em neurologia veterinária. Este trabalho teve como objetivo demostrar o efeito da laserpuntura e moxabustão no tratamento de um cão de oito anos com cervicalgia e lombalgia de grau I. As sessões de laserpuntura e moxabustão foram feitas inicialmente uma vez por semana, com uso de laser 4J em pontos de acupuntura e moxa bustão de Artemisia vulgaris local (em região lombar e cervical). Os benefícios da acupuntura, neste paciente, foram observados a partir da quinta sessão, e, após a décima segunda sessão, remissão total dos sintomas, apresentando bom resultado, uma vez que as técnicas utilizadas possuem baixo custo, pouca invasividade e fácil aplicação.

Palavra chaves: dor, cervical, lombar, laser, moxabustão, cão.


NECK

AND

LOW

BACK

PAIN

TREATMENT

IN

DOG

WITH

MOXIBUSTION AND LASERACUPUNCTURE - CASE REPORT

ABSTRACT The intervertebral disc diseases are the most common diagnoses in orthopedic veterinary clinic. This study meant to demonstrate the effect of laser puncture and moxibustion in an eight-year dog treatment with neck pain and low back pain grade 1. The sessions were initially made once a week, using laser at 4J (on acupuncture points) and local moxabustion stick (artemisia vulgaris) at lumbar and cervical spine. The benefits of acupuncture in this patient were observed from the fifth session forward. After the twelfth session the complete remission of symptoms were observed. For this account, the present case report, presented good results, with low cost techniques and easy application. Key words: pain, neck pain, low back pain, laser, moxibustion, dog.


SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 6 2. OBJETIVOS.............................................................................................................. 7 3. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................... 8 3.1 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL .............................................................. 8 3.2 CERVICALGIA EM CÃES ................................................................................... 9 3.3 LOMBALGIA EM CÃES..................................................................................... 10 3.4 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA ... 11 3.5 MOXABUSTÃO ................................................................................................. 12 3.6 LASERPUNTURA ............................................................................................. 14 4. RELATO DE CASO ................................................................................................ 17 5. DISCUSSÃO........................................................................................................... 20 6. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 23 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 24


1. INTRODUÇÃO A coluna vertebral compõe-se de uma série de ossos ímpares, as vértebras, cuja quantidade é variável entre os mamíferos domésticos. Embora cumpram funções diferentes e apresentem características próprias, de acordo com as diferentes regiões (cervical, torácica, lombar, sacral), todas elas compartilham uma estrutura básica, constituídas de corpo, arco (por onde passa a medula espinhal) e oS processos vertebrais (KONIG & LIEBITCH, 2010). As alterações nos ligamentos, cápsulas articulares sinoviais e discos intervertebrais podem levar a um comprometimento direto da medula espinhal, sendo que, em razão disto, as afecções medulares são as causas mais frequentes de enfermidades neurológicas na clínica de pequenos animais (LECOUTEUR & CHILD, 1992; FOSSUM et al., 2005). Dentre as técnicas médicas empregadas nos tratamentos desses casos, a acupuntura tem se destacado por apresentar eficiência no tratamento de doenças do disco intervertebral tanto em cães como em humano. É utilizada para aliviar a dor, normalizar a função motora e sensorial e os distúrbios da micção (LONGWORTH & MCCARTHY, 1997; STILL, 1998; MOK & WON, 2004; HAYASHI et al. 2007). Assim como a acupuntura, a moxabustão é capaz de promover o equilíbrio do corpo. Consiste no aquecimento dos acupontos por meio da queima de uma erva sobre ou acima da pele. O termo moxa originou-se da expressão japonesa ‘moekusa’, ou seja, erva que queima (SCHOEN, 2006). Já a laserpuntura é definida como a estimulação dos acupontos, oriundos da medicina tradicional chinesa, com a irradiação de laser não térmico de baixa intensidade (WHITTAKER, 2004). Nesse contexto, esse trabalho visa relatar o uso das técnicas de moxabustão e laserpuntura no tratamento de um paciente com cervicalgia e lombalgia, intolerante ao agulhamento tradicional.


2. OBJETIVOS

Relatar o uso e benefício das técnicas de moxabustão e laserpuntura no tratamento de um paciente canino com cervicalgia e lombalgia, intolerantes ao agulhamento. Avaliar se o uso da moxa e do laser pode atingir resultados satisfatórios no tratamento de animais intolerantes ao agulhamento.


3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 ANATOMIA DA COLUNA VERTEBRAL A coluna vertebral é composta por uma série de ossos irregulares individuais denominados vértebras que se estendem a partir do crânio até a ponta da cauda. A coluna espinhal é dividida em cinco regiões; cervical, torácica, lombar, sacral e caudal. A maioria das vértebras não tem nomes individuais, mas, ao invés disso, são numeradas dentro de cada região a que pertencem (COLVILLE, 2010). A coluna vertebral dos cães é composta por sete vértebras cervicais (C1-C7), treze torácicas (T1-T13), sete lombares (L1- L7), três sacrais (S1-S3) e aproximadamente vinte vértebras coccígeas (REECE, 2008). A estrutura típica de uma vértebra é composta por um corpo, um arco (arco neural) e um grupo de processos. O corpo de uma vértebra é a porção ventral principal do osso, a porção mais forte e maciça. Os corpos das vertebras adjacentes são separados pelos discos intervertebrais, que têm a função de pequenos amortecedores na biodinâmica do organismo (COLVILLE, 2010). O disco intervertebral é dividido em núcleo pulposo e ânulo fibroso. O núcleo pulposo é uma substância gelatinosa composta principalmente por água, com o objetivo de reduzir o impacto entre os corpos vertebrais, e não há inervação e vasos sanguíneos nessa estrutura. O ânulo fibroso contém tecido fibrocartilaginoso com a função de absorver o choque entre as vértebras e dar estabilidade contra impactos (estresse, tensão ou torção). Essa estrutura possui fibras sensitivas e nociceptoras, o que explica a manifestação da dor de uma forma difusa quando há afecção de disco (VANDENDRIESSCHE & MIRÓ, 2009). Dorsalmente ao corpo de uma vértebra, se localiza o arco oco. Quando os arcos de todas as vértebras estão alinhados, é formado um túnel longo e flexível chamado canal espinhal, que protege e abriga a medula espinhal. As vértebras normalmente tem a combinação de três tipos de processos. O processo espinhoso singular, projetado dorsalmente, e os dois processos transversos, projetados lateralmente e que podem variar em tamanho entre as vértebras. Eles agem como locais de inserção de músculos para mover a coluna e o tronco. Os processos articulares estão localizados nas extremidades


cranial e caudal dos arcos vertebrais e ajudam a formar as articulações entre as vértebras adjacentes (COLVILLE, 2010)

3.2 CERVICALGIA EM CÃES A doença do disco intervertebral cervical é uma causa de dor frequente em medicina veterinária (JANSSENS, 1992). A

discopatia cervical é

responsável por 14% a 16% das doenças que afetam o disco intervertebral (DIV). Raças condrodistróficas e cães de pequeno porte são os mais comumente afetados. e essa enfermidade é mais frequentemente nos animais entre quatro e oito anos de idade (JANSSENS, 1990; GILL et al., 1996). Dor cervical, ataxia, plegia, tetraparesia, hemiparesia são os sinais clínicos que podem ser apresentados na doença do disco intervertebral cervical (BRAUND, 1993; GILLET et al., 1996). Não é rara a presença de dor cervical associada à claudicação em membro torácico e, frequentemente, a dor não responde a medicamentos, e apresenta-se como condição que faz com que os cães vocalizem ao menor movimento ou ao serem tocados (WHEELER & SHARP, 1994). A gravidade desses sinais depende de fatores como localização da hérnia, volume e velocidade do material herniado, bem como do tempo de evolução do quadro (GILL et al., 1996). O disco entre as vértebras cervicais C2/C3 é o de maior ocorrência da DDIV (doença de disco intervertebral) e essa prevalência diminui caudalmente (WHEELER & SHARP, 2005; ITOH et al. 2008). O segmento C6/C7 é raramente afetado, exceto em cães de raças de grande porte, como parte da espondilomielopatia cervical caudal (WHEELER & SHARP, 2005; JANSSENS, 1990). Muitas vezes, o material do disco é herniado em direção dorsal, porém, em alguns casos a direção da hérnia poderá ser no sentido lateral ou intraforaminal, produzindo sinais clínicos diferentes daqueles observados comumente. Nestes casos, observa-se claudicação de apoio ipsilateral à hérnia, principalmente nos casos de compressões de raízes de nervos periféricos (BAGLEY et al., 1996). O diagnóstico normalmente é realizado através de minucioso exame físico clínico e neurológico. Normalmente, observa-se espasticidade da musculatura cervical, e exacerbação da dor durante a palpação da região em


questão, porém, a confirmação é feita através de exame radiográfico simples, radiografia contrastada (mielografia), tomografia computadorizada ou ainda por ressonância magnética (WHEELWE e SHARP, 2005;TAYLOR, 2006). Dependendo do grau da lesão os tratamentos instituídos podem ir de restrição a exercícios e administração de antiinflamatórios esteroidais, terapias conservativas

como

acupuntura

até

técnicas

cirúrgicas,

incluindo

descompressão por fenda (slot) ventral, fenestração de DDIV ventral, laminectomia descompressiva por acesso lateral ou dorsal (WHEELWE e SHARP, 2005, TOOMBS & WATERS 2007), hemilaminectomia (Tanaka et al. 2005) efacectomia (Fossum 2007). As alterações neurológicas porém ser classificadas em graus, conforme citação de COSTA & PARENT (2007), sendo: grau I - somente hiperestesia cervical; grau II - ataxia ou paresia leve do membro pélvico com ou sem envolvimento do membro torácico; grau III - ataxia ou paresia moderada do membro pélvico com envolvimento do membro torácico; grau IV - ataxia e paresia marcante do membro pélvico com envolvimento do membro torácico e; grau V tetraparesia não ambulatória.

3.3 LOMBALGIA EM CÃES Os sinais clínicos mais comuns nas lesões medulares lombares são dor à palpação da coluna, déficits sensoriais e motores nos membros pélvicos, disfunções urinárias, entre outros menos frequentes. Desta forma, graus diferentes de lesões podem estar presentes, resultando em diversos métodos de tratamento, baseados principalmente no conhecimento clínico do médico veterinário e não em dados de literatura (FOSSUM, 2005). Se a lesão esta localizada no segmento T3-L3, os membros torácicos não se encontram afetados, pois a lesão se situa caudal à eles. O problema afeta as fibras descendentes do neurônio motor superior (NMS) e as fibras ascendentes proprioceptivas dirigidas, respectivamente, em direção e desde o terço

posterior,

aos

α-motoneurônios

destinados

à

musculatura

axial

(clinicamente não exploráveis) e as vias relacionadas com a micção e o reflexo de panículo. O quadro clínico de T3-L3 pode se caracterizar por déficit


proprioceptivo e

ataxia em membro pélvicos, monoparesia ou paraplegia, de

caráter espástico, conforme a extensão da lesão, postura de Schiff- Scherrington em lesões mais graves, reflexos normais em membros anteriores, reflexos normais ou aumentados em membros posteriores, frequentemente dor toracolombar espontânea (cifose), dor toracolombar provocada por palpação da coluna, déficit de micção com retenção urinária, especialmente em casos agudos, com vesícula urinária espástica (FERNÁNDEZ & BERNARDINI, 2010) Os mesmos autores descreveram que em lesões localizadas nos seguimento L4-S1 os membros torácicos também não se encontram afetados. Ao contrário, nesses casos, são afetados os α-motoneurônios destinados à musculatura dos membros pélvicos, que estão com reflexos diminuídos ou ausentes. O quadro clínico pode-se caracterizar por déficit proprioceptivo e, ataxia em membros pélvicos, monoparesia a paraplegia de caráter flácido (conforme a extensão da lesão), reflexos normais nos membros toraciscos com reflexos diminuídos ou ausentes nos membros pélvicos, frequentemente dor lombar provocada durante à palpação da coluna, déficit de micção com retenção urinária ou incontinência urinária. (FERNÁNDEZ & BERNARDINI, 2010), 3.4 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA

Na medicina tradicional chinesa, os principais padrões associados à discopatia são: deficiência de Yang, esvaziamento de Qi e Xue (sangue) do Vaso Governador (Du Mai) e síndrome Wei (atrófica), geralmente associada com sinais clínicos como atrofia muscular, paralisia ou paresia, fraqueza, letargia, diarréia, incontinência fecal e urinária.(JOAQUIM et al. 2003), Rigidez cervical, dor à palpação/manipulação da região ou leve evidência de ataxia, possivelmente em apenas um dos membros, podem estar relacionados à síndrome Bi e estagnação de Qi (XIE & PREAST, 2011). As DDIV são enquadradas nas síndromes Bi dolorosas, que são causadas pela invasão de vento, frio e umidade, interferindo no fluxo do Qi (energia vital) e do Xue (sangue), ocasionando estagnação e resultando em dor (SCHOEN, 2001).


A paresia, um dos sinais clínicos mais comuns, é vista pela medicina tradicional chinesa com um padrão de deficiência de Xue, relacionada com deficiência de Jing (energia ancestral), idade avançada, má nutrição, acúmulo de umidade, trauma local obstruindo o Qi e o Xue, entre outros (YAMAMURA,1993; MACIOCIA, 1996). Os pontos de acupuntura podem ser divididos em locais e distantes, sendo que os pontos locais têm efeito na própria região da lesão e tratam também os pontos-gatilho do segmento, os distantes estimulam fibras nervosas com entradas aferentes em centros maiores, levando à regeneração neurológica, combatendo a inflamação e a dor (SCHOEN, 2006).

3.5 MOXABUSTÃO A moxabustão é uma técnica de tratamento utilizada pela Medicina Tradicional Chinesa (MTC), e uma das formas de aplicação da acupuntura (NEVES, 1994). A técnica consiste no aquecimento dos acupontos por meio da queima de uma erva sobre ou acima da pele. O termo moxa originou-se da expressão japonesa ‘moekusa’, ou seja, erva que queima (SCHOEM, 2006). A utilização da moxabustão tem como uma de suas finalidades aquecer e mover Qi e o sangue (Xue), para tratamento das doenças provocadas pelo frio e umidade, estagnação de Qi e Xue e evitar a penetração destes quando o Qi vital enfraquece. Outra utilidade dessa técnica ocorre em situações de deficiência de energia em doenças crônicas e para pacientes com o sistema de defesa frágil (WEN, 1985; KIKUCHI,1982.) Especula-se que as origens da acupuntura e moxabustão estejam na China, nas tribos da idade da pedra. A técnica pode ter passado a ser utilizada ao mesmo tempo em que o uso do controle do fogo se desenvolveu. O homem primitivo descobriu o conforto do calor e o alívio casual de dores contínuas e localizadas depois de tocar em um bastão incandescente. Inicialmente a queima era de materiais combustíveis como galhos e folhas secas e mais tarde foi utilizado carvão vegetal, varetas e, depois apenas, foi utilizada extensamente a Artemisia vulgaris, até o período Zhou (1066-221 a.C.). Nos tempos antigos, usava-se a cauterização direta através do material em chama, colocado diretamente sobre a pele, causando


formação de bolhas e seguinte cicatrização. A moxabustão era apresentada em grandes cones, com o tamanho aproximado de uma avelã e para cada tratamento eram feitas muitas aplicações (MACIOCIA, 1996). Quanto ao modo de utilização da técnica, diz-se que a moxabustão pode ser direta, por aproximação do cone na pele ou indireta, quando se interpõem alguns produtos entre o bastão e a pele, como rodelas de alho, de gengibre ou o sal grosso (CHONGHUO, 1993, SCHOEM, 2006). A técnica direta com cicatriz consiste em queimar os cones no ponto de acupuntura, até a pele mostrar sinais de queimadura. Essa modalidade raramente é utilizada no tratamento de pequenos animais. Já à técnica de moxabustão direta sem cicatriz é semelhante a técnica anterior, entretanto, os cones são removidos com auxilio de pinça quando o paciente começa a reagir ao calor (SCHOEN, 2006). O método mais utilizado em animais é a moxabustão indireta, técnica que evita o contato direto da moxa com a pele. Pode-se queimar a moxa sobre um meio isolante, como fatias de gengibre ou alho cortadas colocadas diretamente sobre os acupontos. Também pode-se utilizar de sal, colocado em camadas sobre acupontos localizados em depressões. No entanto, a maneira mais comum de se aplicar a moxabustão indireta nos animais de companhia é a aproximação dos bastões de moxa incandescentes sobre acupontos específicos. Esses bastões ou rolos, feitos de lã ou pó grosso de Artemísia, são envolvidos firmemente em cilindros de aproximadamente 15 cm a 30 cm de comprimento e 1,25 cm de diâmetro. A extremidade do bastão é acesa e mantida a cerca de 1,0 a 2,5 cm acima da pele, sobre o acuponto ou região a ser tratada (SHOEN, 2006). O calor resultante dessa terapia propicia a diminuição da viscosidade do sangue, que gera um aumento do fluxo sanguíneo local, conduzindo ao alívio da dor, além de acarretar no aumento da extensibilidade do colágeno, facilidade de alongar os tecidos fibrosos, produzindo como resultado a analgesia. O calor também ocasiona aumento do metabolismo, que desencadeia a dilatação dos pequenos vasos sanguíneos e aceleração da circulação, com diminuição dos espasmos musculares. A moxa também atua nos receptores cutâneos do calor, que são mediados pelo hipotálamo, o sistema regulador de calor do corpo situado no cérebro, resultando em efeito


analgésico

e

sedativo

para

os

indivíduos

(ARAUJO,

2013).

O calor resultante deste processo produz estímulos que regularizam as funções fisiológicas, por intermédio dos meridianos. A erva comumente utilizada é Artemisia vulgaris, da família Asteraceae, também conhecida como crisântemo. Essa erva possui propriedades anti-inflamatórias, cicatrizantes, dispersa o frio e a umidade, regula a circulação e a energia (YAMAMURA, 2001). A artemísia é uma planta ramosa e aromática, originária da Europa temperada, Ásia e norte da África. Está presente na América do Norte, onde é uma erva invasiva, cultivada em hortas e jardins com finalidade ornamental e medicinal. Apresenta porte herbáceo, 1-2 metros de altura e um caule angular arroxeado. Possui folhas com limbo de coloração verde na parte superior e branca na parte inferior. As flores são pequenas, com coloração branca ou amarela (FILHO, R. C. S, 2015). Como reação colateral ao uso da moxabustão pode ocorrer anafilaxia e dermatite de contato. A artemísia pode potencializar os efeitos dos anticoagulantes, devendo, por isso, ser evitado o uso concomitante. É contraindicado para gestantes ou lactantes, bem como para pacientes com tendências hemorrágicas (FETROW & ÁVILA, 2000).

3.6 LASERPUNTURA É estimulação dos acupontos, oriundos da medicina tradicional chinesa, com irradiação de laser não térmico de baixa intensidade (WHITTAKER, 2004). O termo LASER é uma sigla que se refere à expressão “Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation”, ou seja, amplificação da luz por emissão de radiação estimulada. Sendo uma forma de emissão luminosa, essa técnica está englobada dentro de um espectro de emissão eletromagnética (BAXTER, 1994). Os equipamentos de laser de uso corrente na indústria ou para fins médico cirúrgicos ou hemostasia são de alta potência (10 a 100 + W) (WHITTAKER, 2004) e o laser empregado para fins terapêuticos é o de baixa potência (600 a 904 mW). O meio para produção do laser de baixa potência pode ser gasoso (hélio-neônio, ou HeNe) ou baseado em um iodo


semicondutor (arsenieto de gálio, ou AsGa). O laser de AsGa é infravermelho, de emissão pulsada e comprimento de onda de 904 nm. Devido ao maior comprimento de onda, o laser de AsGa é indicado para uso terapêutico em processos lesivos profundos, e o laser de HeNe mais indicado para lesões superficiais (VEÇOSO, 1993). A potência utilizada na acupuntura a laser pode variar entre 1 mW e mais de 30 mW, sendo mais usada na faixa de 3-10 mW, a intensidade pode variar (25 a 1000 mW/cm2) com maior utilização na faixa de 75-300 mW/cm2, a dose geralmente utilizada varia de 0,1 a mais de 3J por ponto de acupuntura (WHITTAKER, 2004). Durante a aplicação do laser vários eventos biofísicos ocorrem concomitantemente, como a reflexão, refração, transmissão, dispersão e absorção do feixe luminoso, resultando em efeitos primários bioquímicos e bioelétricos, que são a base de sustentação do uso deste tipo de irradiação (ENDO, 2002). Seus efeitos ocorrem devido à interação fotoquímica, fotofísica e fotobiológica com células e tecidos. Observou-se que esse tipo de energia tem sido utilizada em situações que objetivam efeitos biomoduladores (EPELBAUM, 2007). Ao penetrar o tecido, a energia, oferecida através de um dispositivo emitindo laser em baixa intensidade, sofre múltipla dispersão influenciando a distribuição da energia laser. A absorção produz estimulação ou inibição de atividades enzimáticas e estimulam reações fotoquímicas que determinam

processos

fisiológicos,

sem

cascatas

com

conotações

terapêuticas, desta forma, observamos uma ação mediadora do laser na inflamação e na ativação do sistema imunológico com efeitos terapêuticos gerais ou tardios (TÚNER & HODE, 1999) Para se entender o efeito biológico dessa terapia em baixa intensidade, torna-se indispensável o conhecimento do modo como a energia laser é absorvida pelos tecidos. A radiação laser, emitida na faixa do vermelho visível e infravermelho próximo, é absorvida por moléculas de água ou por macromoléculas de pigmentos e proteínas,

porém

a

identidade

dos

fotorreceptores responsáveis pelos efeitos biológicos ainda não foram totalmente elucidados. Como nem macromoléculas nem a água absorvem a radiação intensamente na faixa de 600 nm até 1200 nm, nesta faixa espectral, a radiação penetra os tecidos biológicos sem muita perda. A verdadeira


absorção representa o desaparecimento real da luz, sendo sua energia convertida em energia de excitação do meio absorvedor, o que para a emissão infravermelha corresponde a vibrações e outros movimentos interatômicos (NIEMZ,1996). A habilidade de um meio em absorver radiação eletromagnética depende de alguns fatores, como: a constituição eletrônica de seus átomos e moléculas, o comprimento de onda da radiação, a espessura da camada absorvedora, a temperatura interna do meio absorvedor ou concentração de agentes absorvedores (EPELBAUM, 2007). A porção de energia absorvida e transmitida não depende somente de parâmetros como comprimento de onda, intensidade e área de irradiação, mas também de fatores individuais como idade, espessura do tecido alvo e pigmentação da pele, o que parece influenciar o sucesso da terapia por acupuntura a laser, fazendo seu estudo algo mais complexo (WHITTAKER, 2004). Há várias indicações para esse tipo de terapia como, por exemplo, a aceleração nos processos de cicatrização e de remodelação / reparo ósseo, o restabelecimento da função neural após injúria, a normalização da função hormonal, a contenção do processo de dor e inflamação e a regulação do sistema imunológico (TÚNER & HODE,1999). Em um estudo, Siedentopf e colaboradores (2005) observaram através de ressonância magnética que a acupuntura a laser no acuponto B43 leva a ativações significativas nas áreas anatômicas do cérebro, que poderiam estar associados ao zumbido, tonturas e surdez, que são as principais indicações para este ponto de acupuntura. Além disso, há a ativação de focos neuronais dentro do mesencéfalo. Neste mesmo estudo foi possível comparar os seus resultados com um estudo mais antigo de Cho (2000) mostrou que a acupuntura a laser leva a ativações cerebrais comparáveis com a acupuntura com agulha quando relacionado ao mesmo acuponto. Dessa forma a acupuntura a laser pode apresentar algumas vantagens como: menor tempo de aplicação do estímulo quando comparada aos outros métodos, podendo ser aplicada a pontos de difícil acesso por agulhas, apresentando-se indolor e asséptica (EPELBAUM, 2007).


4. RELATO DE CASO Um cão da raça Yorkshire, macho, castrado, de oito anos foi atendido no dia 18 de agosto de 2015, com encaminhamento clínico de cervicalgia. O animal apresentava dor intensa na região cervical e andar rígido, membros torácicos espásticos, cifose, além de apresentar sensibilidade à palpação em região lombar, e claudicação de membro torácico esquerdo. O animal estava sendo medicado por colega com dipirona (25mg/kg), três vezes ao dia (a cada 8 horas). A dor foi avaliada pelo médico veterinário acupunturista dentro de uma escala de 0 a 5, sendo 0 sem dor e 5 dor intensa e excruciante. Na primeira sessão a nota para dor foi 4 em região cervical e 2 em região lombar. Ao tratamento com aplicação de agulhas secas, o animal apresentou-se extremamente agitado, demonstrando também sinais de agressividade. Por isso optou-se por iniciar o tratamento com moxabustão e laserpuntura. Utilizou-se 4J de laser nos pontos B10, B11, JIU WEI, VG14, B12 ,B18, B20, B23, B52, VG4, B26, B60, E36. Sendo a moxabustão aplicada ao longo das regiões cervical e lombar por 10 minutos. Após sete dias, na segunda sessão, o proprietário relatou pequena melhora em no omportamento, pois o animal estava mais ativo. Na avaliação do médico veterinário o paciente também apresentou pequena melhora na escala de dor, sendo as notas 3 em cervical e 1 para a região lombar. Os pontos utilizados foram mantidos, assim como a utilização da moxabustão por 10 minutos nas regiões da cervical e lombar. A medicação foi mantida. Na terceira e quarta sessões de acupuntura, o quadro do paciente estacionou, não apresentando evolução em relação a segunda sessão. Ainda apresentava dor avaliada pelo médico veterinário em 3 na região cervical e 1 na região lombar. Permaneceu com leve claudicação de membro torácico esquerdo e andar levemente rígido e membros torácicos espásticos. Novos pontos foram instituídos e utilizados na quarta sessão de laserpuntura (4J) foram: B10, B11, JIU WEI, VG14, B12, B18, B20, B23, B52, VG4, B26, B27, B28, B60, E36, F3. A moxa foi aplicada nas regiões cervical e lombar por 10 minutos. Este protocolo foi mantido durante todo o restante do tratamento. Na


terceira sessão, devido ao quadro de dor do animal, foi receitado cloridrato de tramadol (3mg/kg a cada 12horas) e gabapentina (10mg/kg a cada 12 horas). Na sessão seguinte, a quinta, paciente apresentou pequena melhora da dor e de comportamento, ficou mais ativo e houve melhora do apetite. A nota para dor foi avaliada em 2 para cervical e 0 para lombar. Na sexta sessão, após cinco semanas do início do tratamento, o animal apresentou melhora significativa da dor, em sua postura e no caminhar. O proprietário relatou mudança de comportamento, com o animal mais ativo e alerta, além de não ter apresentado claudicação do membro torácico durante toda a semana. A nota para dor foi avaliada pelo médico veterinário em 0, tanto para cervical quanto para lombar. Nesta sessão foi retirada a utilização do cloridrato de tramadol e o animal permaneceu apenas com a dipirona e gabapentina, (10mg/kg a cada 12 horas). Com mais uma semana de intervalo e em sua sétima sessão, o proprietário relatou uma semana estável para o animal, apenas com alguns episódios de claudicação (intermitente), porém muito ativo e com ótimo apetite. Na avalição do médico veterinário notou-se pequena sensibilidade em região lombar, dando 1 para dor nessa região e anulando qualquer sensibilidade em região cervical. Na oitava sessão, o paciente retornou ainda mais estável, e, segundo relato do proprietário, parecia ter voltado ao seu comportamento normal, com uma semana muito ativo, apresentando novamente interesse por brincar e correr, além de não ter apresentado episódios de claudicação durante toda a semana. Em avaliação do médico veterinário novamente a nota para dor foi 0 tanto para cervical quanto para lombar. O uso da dipirona foi suspenso e o animal permaneceu apenas com o uso da gabapentina (10mg/kg a cada 12 horas). O animal permaneceu estável nas sessões seguintes, de número nove, dez e onze, nas quais não apresentou dor ou claudicação. Durante esse intervalo o veterinário acupunturista responsável avaliou na escala de dor 0, como dor ausente, tanto em cervical quanto em lombar. A gabapentina foi reduzida para apenas uma vez por dia(10mg/kg a cada 24 horas).. Na décima segunda sessão, com a permanência do quadro estável do animal, foi suspenso o uso da gabapentina.

Nas sessões seguintes, de


número 13 e 14, o animal permaneceu estável, sem dor e sem o uso de qualquer medicação. Desta forma o tratamento foi espaçado para cada 15 dias, com o animal até a conclusão desse trabalho permanecendo em tratamento e estável.


5. DISCUSSÃO O presente estudo relata o tratamento de um cão Yorkshire com dor cervical, claudicação de membro torácico unilateral (esquerdo) e dor em região cervical e lombar,), que não respondeu inicialmente a tratamento medicamentoso alopático apenas, cuja resposta analgésica se deu através do uso concomitante da alopatia com a medicina tradicional chinesa, com as técnicas de eleição sendo a moxabustão indireta e a laserpuntura. A descrição dos efeitos ao longo do tratamento do paciente em questão é compatível com as observações de Janssens (1990) e GILL et al. (1996), que observaram que a dor cervical em raças de pequeno porte com oito anos pode ser recorrente; com WHEELER & SHARP, (1994), que citaram a presença dos sintomas de claudicação em casos de cervicalgias, e a frequente ausência de resposta satisfatória a medicamentos alopáticos em cães com dor cervical, e BAGLEY et al. (1996), que relataram claudicação ipsilateral em casos de afecção em raízes de nervos periféricos na mesma espécie. Um estudo de Janssens (2001) analisou o tratamento com acupuntura em cães com diferentes graus de discopatia do disco cervical, e verificou-se que em 80% da dor cervical (grau I) os animais recuperam-se em 3 ou 4 tratamentos num período máximo de duas semanas, o que discorda com o presente relato, que apresentou recuperação completa do paciente em 11 semanas, provavelmente por utilizar outras técnicas, o que pode sugerir que o laser e a moxa possuem efeitos mais tardios. Outro ponto que poderia ter retardado a recuperação do paciente seria a possível instituição inadequada alopática, inicial para um caso grave de dor cervical (nota 4). Por isso uma possível sugestão de protocolo para dor nesse caso seria; dipirona 25mg/kg, cloridrato de tramadol 2,5mg/kg, ambos a cada 8 horas e gabapentina 10 a 15 mg/kg a cada 12 horas, seguido do tratamento com medicina tradicional chinesa, e dessa forma a recuperação do paciente relatado poderia ter

se aproximado ao estudo realizado por Janssens (2001). A

abordagem da dor em medicina veterinária é difícil, já que se trata de uma sensação extremamente subjetiva. Animais com dor cervical frequentemente apresentam aversão a serem tocados na região da cabeça, evitam movimentos habituais para adquirir a atenção do proprietário para serem acariciados,


reagem ao toque com medo e, às vezes, com agressividade (FERNÁNDEZ & BERNARDINI, 2010). A Medida de Escala de Dor Glasgow (MEDG) é uma escala composta baseada em comportamento para avaliar a dor aguda em cães (Holton et al 2001). Ele toma a forma de um estruturado questionário preenchido por um observador na sequência de um protocolo padrão que inclui a avaliação dos comportamentos evocados, interações com o animal, e observações clínicas. O questionário é composto por sete categorias comportamentais: postura,

atividade,

vocalização,

atenção

à

ferida

ou

área dolorosa,

comportamento, mobilidade e resposta ao toque. Em cada categoria são agrupados uma série de palavras ou expressões (itens) a partir do que o observador que escolhe uma em cada categoria que melhor descreve o comportamento do cão. Uma lista de específicas definições para cada item ajuda a garantir o uso consistente entre os observadores. Na prática clínica veterinária, a utilidade de um instrumento de avaliação da dor é realçada se as pontuações puderem ser ligadas a um nível de intervenção quanto à necessidade ou não do animal para tratamento analgésico. Além disso, para facilitar a sua utilização na prática de ambiente agitado, tal instrumento deve ser curto, simples de usar e rápido para ser concluído (REID, J. et al, 2007). Dessa forma, para facilitar e simplificar a classificação da dor foi utilizada nesse estudo uma escala de dor que variava de 0 a 5, onde o médico veterinário avaliou dentro dessas notas o comportamento do animal, forma de locomoção e sensibilidade a palpação, afim de diminuir a subjetividade da dor no paciente tratado neste estudo. Na maioria das síndromes dolorosas com acometimento neurológico em pequenos animais ocorrem abusos de fármacos anti-inflamatórios e analgésicos. Esse relato demonstra a possível eficácia de uso concomitante de acupuntura e alopatia, como uma opção de tratamento eficaz, tanto para a dor como para os demais sintomas (FERNÁNDEZ & BERNARDINI, 2010). Os pontos podem ser distribuídos em locais e distantes, segundo descrição de SCHOEN (2006). Nesse estudo foram escolhidos o B10, JIU WEI, B11, VG14, B12, B26, B27, B28, cuja indicação seria principalmente a ação local. A lógica, descrita por Janssens (2001) para a utilização de pontos locais é que eles podem ter um efeito segmentar no sítio de lesão, tratando também os pontos gatilhos sendo que o ponto B11, além dessa indicação, também é


utilizado por ser o ponto de influência de ossos, muito empregado em afecções osteomusculares. O segundo grupo de pontos pode ser classificado como pontos distantes, visando tratar o padrão dentro da medicina tradicional chinesa, B20 ponto SHU – dorsal de Baço-Pâncreas, utilizado para deficiência de Xue, B23, VG4 e B52 empregados para tonificar a energia dos Rins, B60, segundo XIE (2010), indicado para doenças de disco intervertebral e cervicalgia, além de ser um ponto muito conhecido para tratar dor generalizada, assim como o F3, que retira estagnação de Qi e Xue e causa analgesia. Por fim, o E36, ponto muito utilizado, conhecido como tônico geral de Qi e Xue. (MACIOCIA, 2007; SCHOEN,2006, XIE, 2010). A utilização da moxabustão foi positiva e coincidiu com o descrito para suas finalidades de tratamento das doenças provocadas pelo frio, deficiência de Qi e Xue citadas por WEN (1985) e KIKUCHI (1982), além disso, o calor resultante dessa terapia, segundo ARAUJO ( 2013) pode conduzir ao alívio da dor, o que também foi identificado. Contudo, a moxabustão como cita SCHOEN (2006), pode ser utilizada para estimular pontos específicos na pele, dessa forma a técnica poderia ter sido utilizada não somente nas regiões afetadas, mas também ter sido aplicada para estimular pontos como E36 e o F3, potencializando o efeito de tonificação de Qi e Xue e analgesia. O laser pode ter substituído o estímulo das agulhas de forma aceitável, corroborando com o que CHO (2000) e SIEDENTOPF e colaboradores (2005) observaram através de ressonância magnética, que a laseracupuntura em pontos específicos leva a ativações cerebrais comparáveis com a acupuntura com agulha, quando relacionado ao mesmo acuponto. Dessa forma, o tratamento proposto, pela laserpuntura e moxabustão aplicadas pelas técnicas de medicina tradicional chinesa juntamente com as terapias alopáticas gerou a melhora do quadro álgico cervical e lombar do paciente.


6. CONCLUSÃO O uso da moxabustão e da laserpuntura para o tratamento de cervicalgia e lombalgia em cães, com intolerância ao agulhamento, foi satisfatório, uma vez que o animal apresentou remissão da dor, melhora da locomoção e da qualidade de vida. O uso de técnicas não invasivas de medicina tradicional chinesa e com poucos efeitos colaterais, em conjunto com o tratamento alopático de eleição para tratamento de dores moderadas a graves de discopatias cervical e lombares possuem bons e duradouros efeitos analgésicos. Outra vantagem identificada nesses casos é que além das técnicas serem de fácil aplicação e baixo custo, não colocam o paciente em risco cirúrgico e sob necessidade de recuperação pós-operatória. Mais estudos são necessários para esclarecer os processos fisiológicos das técnicas empregadas neste estudo, assim como corroborar cientificamente com o que se encontra no dia-a-dia dos atendimentos veterinários de medicina tradicional chinesa, e dessa forma, amplificar a aplicação dessas técnicas, como uma nova possibilidade de tratamento para animais intolerantes ao agulhamento.


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