Efeitos sedativos e cardiorrespiratórios da dexmedetomidina no acuponto yin tang em cães

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FACULDADE DE JAGUARIÚNA

NATHALIA CELEITA RODRÍGUEZ

EFEITOS SEDATIVOS E CARDIORRESPIRATÓRIOS DA DEXMEDETOMIDINA ADMINISTRADA NO ACUPONTO YIN TANG EM CÃES Estudo experimental

Jaguariúna 2017


NATHALIA CELEITA RODRÍGUEZ

EFEITOS SEDATIVOS E CARDIORRESPIRATÓRIOS DA DEXMEDETOMIDINA ADMINISTRADA NO ACUPONTO YIN TANG EM CÃES Estudo experimental

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Acupuntura Veterinária da Faculdade de Jaguariúna.

Orientadora: Miriely Steim Diniz

Jaguariúna 2017


NATHALIA CELEITA RODRÍGUEZ

EFEITOS SEDATIVOS E CARDIORESPIRATÓRIOS DA DEXMEDETOMIDINA ADMINISTRADA NO ACUPONTO YIN TANG EM CÃES Estudo experimental

Este

exemplar

corresponde

à

redação

final

da

Monografia de graduação defendida por Nathalia Celeita Rodríguez e aprovada pela Comissão julgadora em 15 / 01 / 2017.

Miriely Steim Diniz Orientadora MARIA DO CARMO FERNANDEZ VAILATI Banca examinadora STELIO PACCA LOUREIRO LUNA Banca examinadora

Jaguariúna 2017


Dedico este trabalho aos meus pais e irmĂŁs. Saudade de vocĂŞs sempre !!!


AGRADECIMENTOS Ao Instituto Bioethicus e coordenadores pela oportunidade de participar do curso em qualidade de monitora. Adorei ser parte de tudo isso! As queridas secretárias e funcionários do Instituto Bioethicus, sempre prestes a ajudar! As minhas colegas e companheiras monitoras pela parceria. Ao Brayan, meu companheiro de vida, sempre presente! A Miriely Steim Diniz, colega e amiga da vida que ganhei durante a pós-graduação. Obrigada por ser a minha orientadora e ter me apresentado o mundo da acupuntura veterinária. A equipe de pesquisa que participou deste projeto: Nadia Crosignani Outeda, William de Oliveira Castro, Bianca Shiromoto, Francisco Teixeira-Neto, Stelio Pacca Loureiro Luna e Miriely Steim Diniz. Agradeço e desejo muito sucesso a todos os meus colegas da turma AP10. Pessoas divertidas e sempre muito animadas.


RESUMO CELEITA-RODRÍGUEZ, Nathalia. EFEITOS SEDATIVOS E CARDIORESPIRATÓRIOS DA DEXMEDETOMIDINA ADMINISTRADA NO ACUPONTO YIN TANG EM CÃES. 2017. 27f. Trabalho de conclusão de curso em Acupuntura Veterinária, Faculdade de Jaguariúna, Jaguariúna, 2017. Objetivo– Comparar os efeitos sedativos da farmacopuntura, com uma dose reduzida de dexmedetonidina (2µ kg-1) no acuponto yin tang, com os efeitos produzidos pela mesma dose administrada pela via subcutânea (SC) fora dos meridianos de acupuntura. Delineamento– Prospectivo, cruzado e aleatório. Animais– Seis cães adultos da raça pointer inglês com idade entre 36 e 48 meses e peso entre 18-33 kg. Métodos– Os animais foram submetidos a três tratamentos com intervalo mínimo de duas semanas entre cada: dexmedetomidina 2µ kg-1 administrado no acuponto yin tang (DEXyin

tang

); dexmedetomidina 2µ kg-1 administrada pela SC (DEXsc)

e solução salina

fisiológica 0,9% (placebo) pela via SC fora dos meridianos de acupuntura (Controle). Dois pesquisadores encobertos dos tratamentos avaliaram intensidade de sedação por médio da escala modificada de Kuusela el al. (2001), também foram mensuradas: frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR) e pressão arterial sistólica (PAS) no momento basal, 15, 30 e 60 minutos após o tratamento. Os escores de sedação foram comparados através do teste de Kruskal-Wallis, enquanto as variáveis paramétricas foram analisadas pela ANOVA de 2 vias (P < 0,05). Resultados– Os escores de sedação da DEXsc não diferiram do controle, enquanto a DEXyin tang produziu intensa sedação significativamente maior (P< 0,05) que no tratamento controle após 15 e 30 minutos da administração do fármaco. Os tratamentos DEXsc e DEXyin tang produziram redução significativa da FC em relação ao controle dos 15 aos 60 minutos. DEXyin tang reduziu significativamente a FR aos 30 minutos em relação ao controle, enquanto não houve diferencia significativa no tratamento DEXsc quando comparado ao controle. Não houve alteração significativa da PAS em relação ao controle. Conclusões e relevância clínica– O acuponto yin tang pode ser empregado quando se deseja utilizar doses reduzidas de dexmedetomidina, pois possibilita a potencialização dos efeitos sedativos deste fármaco. Palavras chave: farmacopuntura, sedação, agonistas alfa 2 adrenérgicos, acupuntura veterinária.


CELEITA-RODRÍGUEZ, Nathalia. EFECTOS SEDATIVOS Y CARDIORESPIRATORIOS DE LA DEXMEDETOMIDINA ADMINISTRADA EN EL ACUPONTO YIN TANG EN CANINOS. 27p. Trabajo de conclusión de curso em Acupuntura Veterinaria, Faculdade de Jaguariúna, Jaguariúna, 2017. RESUMEN Objetivo– Comparar los efectos sedativos de la farmacopuntura, utilizando dosis bajas de dexmedetomidina (2µ kg-1) administrados en el acupunto yingtang y en aplicación subcutánea fuera de los meridianos de acupuntura. Delineamiento– Prospectivo, cruzado y aleatorio. Animales– Seis caninos de raza pointer inglés de 42±6 meses de edad y peso promedio de 25.5±7.5 Kg. Metodología– Los animales fueron sometidos a tres tratamientos con intervalo mínimo de dos semanas, correspondientes a la administración de dexmedetomidina 2µ kg-1 en el acupunto yin tang (DEXyin

tang

); administración subcutánea fuera de los meridianos de acupuntura de

dexmedetomidina (DEXsc) y la administración subcutánea fuera de los meridianos de acupuntura de solución salina fisiológica 0.9% como control. Dos individuos encubiertos evaluaron el grado de sedación alcanzado con base en la escala modificada de Kuusela et al. (2001), variaciones en los valores de frecuencia cardiaca (FC), frecuencia respiratoria (FR) e presión arterial sistólica (PAS) en los momentos basal, 15, 30 e 60 minutos después de administrados los tratamientos. El análisis de las medidas no paramétricas fue realizado mediante el test estadístico Kruskal-Wallis, mientras que para la comparación de las variables paramétricas fueron analizadas con el test ANOVA de doble vías (P < 0,05). Resultados– La puntuación de la escala de sedación del tratamiento DEXsc no demostró diferencia con respecto al control, por otro lado, el tratamiento DEXyin tang causó una sedación profunda, significativamente mayor (P< 0,05) cuando comparada al tratamiento control después de 15 y 30 minutos de la administración del fármaco. Los tratamientos DEXsc y DEXyin

tang

causaron reducción significativa de la FC con respecto al control durante los

momentos de evaluación. DEXyin tang disminuyó significativamente la FR a los 30 minutos posadministración con relación al controle, mientras que, cuando comparado el tratamiento DEXsc con el control no se encontraron diferencia. En el caso específico de la PAS, no se encontraron diferencias significativas entre los valores cuando comparados con el tratamiento control.


Conclusiones y relevancia clínica– La farmacopuntura utilizando dosis bajas de dexmedetomidina en el acupunto yin-tang, demuestra ser una alternativa terapéutica con potentes efectos sedativos. Palabras clave: farmacopuntura, sedación, agonistas alfa 2 adrenérgicos, acupuntura veterinaria.


LISTA DE FIGURAS Figura 1. Yin tang ou também chamado Long Hui -Encontro do Dragão- localizado no ponto médio de uma linha que conecta os cantos laterais dos olhos (Shoen 2006). 15 Figura 2. Linha do tempo descrevendo as etapas do estudo.

16

Figura 3. Diagramas de dispersão (boxplot) dos escores de sedação de seis cães tratados com placebo pela via subcutânea (NaCl 0,9%) – Controle e dexmedetomidina (2µ kg-1) no acuponto yin tang (DEXyin tang) ou pela via subcutânea (DEXsc) em um delineamento aleatório cruzado. 18 Figura 4. Frequência cardíaca (FC bat/min) observada em seis cães tratados com placebo pela via subcutânea (NaCl 0,9%) – Controle e dexmedetomidina (2µ kg-1) no acuponto yin tang (DEXyin tang) ou pela via subcutânea (DEXsc) em um delineamento aleatório cruzado. Os dados foram registrados no momento basal, 15, 30 e 60 minutos após o tratamento. 19 Figura 5. Pressão arterial sistólica (PAS mmHg), frequência respiratória (FR mov/min) observada em seis cães tratados com placebo pela via subcutânea (NaCl 0,9%) – Controle e dexmedetomidina (2µ kg-1) no acuponto yin tang (DEXyin tang) ou pela via subcutânea (DEXsc) em um delineamento aleatório cruzado. Os dados foram registrados no momento basal, 15, 30 e 60 minutos após o tratamento. 20


LISTA DE QUADROS Quadro 1. Critério para avaliação do grau de sedação através do emprego de escore quantitativo (Kussela et al. 2001a, Kussela et al. 2001b). O escore máximo possível (22) indica grau de sedação e hipnose profunda, enquanto o escore mínimo (0) indica grau normal de consciência. 18


LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS DEXsc

Dexmedetomidina administrada pela via subcutânea

DEXyin tang

Dexmedetomidina administrada no acuponto yin tang

FC

Frequência cardíaca

FR

Frequência respiratória

PAS

Pressão arterial sistólica

SC

Subcutâneo


SUMARIO 1.

INTRODUÇÃO

13

2.

MATERIAIS E MÉTODOS

15

2.1.

Animais

15

2.2.

Protocolo experimental

15

2.3.

Escore de sedação

17

2.4.

Análise estatística

18

3.

RESULTADOS

19

4.

DISCUSSÃO

22

5.

CONCLUSÕES E RELEVANCIA CLÍNICA

24

REFERÊNCIAS

25

APÊNDICES

27


13

1. INTRODUÇÃO

Tanto nos pacientes humanos como nos veterinários o uso de sedativos e tranquilizantes têm se transformado numa prática rotineira. Estes fármacos são empregados como alternativas terapêuticas em diferentes situações incluindo: a redução da excitação/agitação dos indivíduos, nas etapas pré, trans e pós-cirúrgicos, e durante procedimentos ambulatoriais como a realização de exames diagnósticos, onde além de proporcionar alivio e conforto para o individuo durante a realização dos procedimentos, facilita e diminui consideravelmente o tempo de realização do mesmo. No entanto, nenhum dos agentes sedativos utilizados está salvo de riscos e de efeitos adversos.

Dentre os efeitos indesejados que estão associados à administração dos agentes sedativos se destacam: sedação inadequada, alterações na função hemodinâmica que levam a quadros importantes de hipotensão, e depressão respiratória com redução da capacidade de saturação de oxigênio (< 90%) (Malvija et al. 1997; Hertzog JH et al. 1999). Diante dos riscos inerentes a utilização de agente sedativos empregados na prática clínica, é importante buscar alternativas que reduzam estes efeitos. Neste contexto a farmacopuntura, a qual se descreve como a utilização de subdose de fármacos e/ou estratos medicinais aplicados em pontos específicos de acupuntura (Orlandini et al. 2016), se apresenta como uma opção terapêutica, altamente promissora na intenção de diminuir a aparição dos efeitos adversos dos fármacos sedativos (Pons et al. 2016).

A utilização da farmacupuntura possibilita a tranquilização com o emprego de doses reduzidas de agentes sedativos. Quando estas doses reduzida são administradas em pontos de acupuntura, que causam sedação quando estimulados. O acuponto yin tang é comumente utilizado para tranquilizar o paciente, é considerado um ponto extrameridiano também


14

chamado Long Hui – Encontro do dragão - está localizado no ponto médio de uma linha que conecta os cantos laterais dos olhos (Shoen 2006), e quando estimulado promove efeitos sedativos e de tranquilização. Cassu e colaboradores (2014) descreveram em cães, efeitos sedativos importante da farmacopuntura neste acuponto, com a utilização de doses baixas de xilazina (0.1mg Kg-1).

Neste estudo optou-se por utilizar subdose de dexmedetomidina, como agente sedativo. A dexmedetomidina pertencente ao grupo dos fármacos agonistas de receptores alfa 2 adrenérgicos, capaz de induz amnésia, hipnose, imobilização e analgesia, sem causar depressão respiratória (Li et al. 2016). Durante o transoperatório, produz um efeito sedativo que reduz os requerimentos de coadjuvantes como opioides e benzodiazepínicos (Tran et al. 2016). No entanto, é bastante comum que após administração, o indivíduo apresente quadros de hipotensão, hipertensão e bradicardia (Gerlach e Dasta, 2007), embora seja capaz de causar ótima sedação não está isenta de efeitos indesejados.

Com base nos efeitos sedativos da dexmedetomidina e o efeito potencializador da farmacopuntura quando empregada no acuponto ying tang, testou-se a hipótese de que subdoses de dexmedetomidina aplicadas no acuponto ying tang, poderiam produzir efeitos sedativos importantes sem apresentar os efeitos adversos. Este estudo teve como objetivo comparar os efeitos sedativos em cães, produzido por dose reduzida de dexmedetomidina (2µ kg-1), aplicadas no acuponto yin tang e no subcutâneo (SC) fora dos meridianos de acupuntura.

2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1.

Animais


15

O estudo foi aprovado pelo comitê de ética no uso de animais da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP, Campus de Botucatu (Protocolo número 128/2014 CEUA). Foram utilizados seis cães da raça pointer inglês com idade entre 36 e 48 meses e peso entre 18 e 33 kg. Os animais foram considerados saudáveis após a realização de avaliação clinica e exame laboratorial.

2.2.

Protocolo experimental

Após jejum alimentar de 12 horas e livre acesso de água os animais foram submetidos a três tratamentos em um delineamento cruzado aleatório: [DEXyintang] – dexmedetomidina (Precedex, Hospira-Estados Unidos)

dose de 2µ kg-1 administrada no acuponto yintang

(Figura 1), [DEXsc] – dexmedetomidina dose de 2µ kg-1 administrada pela via subcutânea (SC) fora dos meridianos de acupuntura, na porção lateral do pescoço (entre atlas e axis) e tratamento controle administrado o placebo de solução salina fisiológica (NaCl 0,9%) administrada pela via SC fora dos meridianos de acupuntura (volume equivalente ao administrado nos tratamentos com dexmedetomidina). A administração da dexmedetomidina no acuponto yin tang foi feita por seringas de 1mL e agulha 13 x 4,5. Cada tratamento foi administrado com intervalo mínimo de duas semanas, determinada por sorteio prévio. Yintang

Figura 1. Yin tang ou também chamado Long Hui -Encontro do Dragão- localizado no ponto médio de uma linha que conecta os cantos laterais dos olhos (Shoen 2006).


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O estudo foi desenvolvido em uma sala calma e tranquila, durante o desenvolvimento do estudo todos os pesquisadores permaneciam em silêncio, estes cuidados foram tomados a fim de evitar estímulos que pudessem causar alterações no comportamento dos animais. Antes de receber o tratamento, cada animal passava por um período prévio de 30 minutos para se adaptar ao ambiente. Na sequência era realizado o momento basal, no qual foram mensuradas a frequência cardíaca, pressão arterial sistólica, frequência respiratória e escore de sedação. Após este período o animal recebia o tratamento (sempre aplicado pelo mesmo pesquisador) previamente determinado por sorteio. As mensurações das variáveis seguiam após 15, 30 e 60 minutos do tratamento (Figura 2). Escore de sedação Avaliadores encobertos

Basal

15 min

30 min

60 min

30 min.

Aclimatação Tratamento

Frequência cardíaca Frequência respiratória Pressão arterial sistólica

Figura 2. Linha do tempo descrevendo as etapas do estudo.

A frequência cardíaca e traçado elétrico do coração foram mensurados através do eletrocardiograma na derivação II de Einthoven com a utilização de eletrodos adesivos posicionados no aspecto lateral do membro torácico e pélvico na altura do úmero e fêmur respectivamente e acoplados ao monitor multiparamétrico (Datex AS/3 Datex Ëngstrom, Helsinki, Finland).

A frequência respiratória foi mensurada através da observação dos

movimentos do tórax. Um transdutor de cristal piezoelétrico de 8,2 MHz foi posicionado na artéria metacarpiana e adaptado ao Doppler vascular (Modelo 811-B, Parks Medical, OR, Estados unidos) e imediatamente acima da região do carpo foi posicionado o manguito sobre o terço distal da região radioulnar do membro torácico (Flexport Welch Allyn, NY, Estados unidos) da largura correspondente a 40% da circunferência do membro, selecionados e


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acoplados ao manômetro aneroide para mensuração da pressão arterial sistólica (PAS), posicionados e retirados ao fim de cada mensuração para permitir a livre movimentação dos animais. 2.3.

Escore de sedação

Dois avaliadores encobertos ao tratamento realizaram a avaliação do escore de sedação, por meio da escala modificada utilizada em estudos prévios (Kuusela 2001) quando avaliado o uso de agonistas alfa 2 adrenérgicos em cães. De acordo com esta avaliação o grau máximo de consciência corresponde ao escore 0 enquanto o escore máximo de 22 indica grau máximo de sedação/hipnose (Quadro 1). 0: Posição quadrupedal, propriocepção normal (animal deambula normalmente). 1: Sustenta posição quadrupedal, mas permanece maior parte do tempo em decúbito esternal ou lateral. 2: Permanece em decúbito esternal de forma espontânea. Sustenta a cabeça. 3: Decúbito lateral, eventualmente se mexe ou levanta a cabeça. 4: Decúbito lateral espontâneo, quando não estimulado não se mexe e não sustenta a cabeça. 0: Reflexos palpebral lateral e medial forte 1: Reflexo palpebral lateral e medial presentes (diminuídos) 2: Reflexo palpebral medial presente e lateral ausente 3: Ausência de reflexo palpebral (medial e lateral)

Postura (0 a 4):

Reflexo Palpebral (0 a 3)

Posição do globo ocular (0-2) Relaxamento de mandíbula (0-4)

língua

e

Resposta a estímulo sonoro (apito) (0-2)

Resistência posicionado lateral (0-3)

em

quando decúbito

0: Globo central 1: Globo semi-rotacionado 2: Globo rotacionado 0: Tônus de mandíbula e língua normais 1: Tônus de mandíbula e língua reduzidos permite a abertura da mandíbula com certo grau de dificuldade, retrai a língua prontamente quando se tenta expô-la. 2: Tônus de mandíbula reduzido, a língua pode ser exposta, mas logo o animal reage retraindo-a. 3: Tônus de mandíbula significativamente reduzido, a língua pode ser exposta sem dificuldade, porém há certo tônus e o animal movimenta a língua ou a retrai. 4: Ausência de tônus de mandíbula e língua. 0: Animal alerta, prontamente reage a um apito posicionado a 1 metro de distância. 1: Animal apresenta reação reduzida ao apito (movimenta a orelha, se mexe, porém aparenta sedado). 2: Ausência de reação ao apito 0: Animal resiste. Prontamente retorna à posição quadrupedal e/ou decúbito esternal quando posicionado em decúbito lateral 1: Oferece pouca ou nenhuma resistência, porém retorna prontamente à posição quadrupedal e/ou esternal caso se permita. 2: Não oferece resistência, porém de mexe ou levanta a cabeça, retornado a decúbito esternal caso se permita.


18 3: Não resiste à contenção em decúbito lateral 0: Grau de consciência normal /alerta 1: Animal aparenta estar superficialmente sedado, reage prontamente a estímulos ambientais e ou se movimenta. 2: Animal aparenta grau moderado de supressão da consciência, se movimenta espontaneamente ou reage a estímulos ambientais. 3: Animal aparenta estar em sono profundo, porém eventualmente se movimenta em resposta estímulos ambientais. 4: Animal aparenta estar em sono profundo, decúbito lateral espontâneo. Quadro 1. Critério para avaliação do grau de sedação através do emprego de escore quantitativo (Kussela et al. 2001a, Kussela et al. 2001b). O escore máximo possível (22) indica grau de sedação e hipnose profunda, enquanto o escore mínimo (0) indica grau normal de consciência.

Aparência geral (0-4)

2.4.

Análise estatística

Os resultados foram analisados por um programa estatístico (Prism 6.02; GraphPad, San Diego, CA, USA). A normalidade das variáveis estudadas foram determinadas pelo teste de ShapyroWilk.

As alterações na FC, FR e PAS foram comparadas com a análise de variância

(ANOVA de 2 vias P< 0,05) e em seguida submetidas ao teste de Dunnet. Os escores de sedação foram comparados pelo teste de Kruskal-Wallis e em seguida submetidos ao test de Dunnet. O teste de Tukey foi usado para comparações entre os grupos (basal, 15min, 30min e 60min). O nível de significância considerado foi de 5% (P< 0,05).

3. RESULTADOS Os escores de sedação da DEXsc não diferiram do controle, enquanto a DEXyin

tang

produziu sedação intensa, o escore foi significativamente maior (P < 0,05) que no tratamento controle após 15 e 30 minutos da administração do fármaco (Figura 3).


Escore de Sedação

19 18

DEXyintang

16

Controle

DEXSC

a a

14 12 10 8

ab

6

ab

4

b

b

2 0

BASAL

15

30

60

Tempo (min)

Figura 3. Diagramas de dispersão (boxplot) dos escores de sedação de seis cães tratados com placebo pela via subcutânea (NaCl 0,9%) – Controle e dexmedetomidina (2µ kg-1) no acuponto yin tang (DEXyin tang) ou pela via subcutânea (DEXsc) em um delineamento aleatório cruzado. a,b,c Valores seguidos por letras diferentes são significativamente entre si (P < 0,05).

Após 60 minutos da administração de DEXyin tang um dos animais do estudo apresenta evidência clínica de sedação e uma diferença > 20% quando comparado aos valores do momento basal, pelo qual a avaliação foi continuada até 75 minutos após o tratamento (retornando aos valores basais). Os tratamentos DEXsc e DEXyin tang causou redução significativa da FC em relação ao controle dos 15 aos 60 minutos (Figura 4). O efeito inotrópico negativo da dexmedetomidina não diferiu entre as vias de administração do fármaco. Nenhum dos animais apresentou alteração no traçado eletrocardiográfico decorrente do tratamento com dexmedetomidina. Controle DEXyintang

160

DEXSC

140

FC (bat/min)

120

a

a

100

a

80

b

60 40

b

* *

b b* b

*

b*

20 0

BASAL

15

Tempo (min)

30

*

60


20 Figura 4. Frequência cardíaca (FC bat/min) observada em seis cães tratados com placebo pela via subcutânea (NaCl 0,9%) – Controle e dexmedetomidina (2µ kg-1) no acuponto yin tang (DEXyin tang) ou pela via subcutânea (DEXsc) em um delineamento aleatório cruzado. Os dados foram registrados no momento basal, 15, 30 e 60 minutos após o tratamento. a,b,c Valores seguidos por letras diferentes são significativamente diferente um dos outros de acordo, variáveis paramétricas analisadas pela ANOVA de 2 vias (P < 0,05).

Os animais tratados com DEXyin tang apresentaram diminuição nos valores de frequência respiratória em relação ao controle aos 30 minutos, enquanto não houve redução significativa quando comparado DEXsc ao controle. Após o tratamento DEXsc houve redução significativa dos valores de frequência respiratória dos 15 aos 60 minutos quando comparados com o momento basal. Não houve alteração significativa da PAS entre os grupos e momentos de avaliação (Figura 5).

300

35

DEXyintang

250

30

DEXSC

FR (mov/min)

PAS (mmHg)

Controle

200 150 100

20

a

15

*

10

ab b

50 0

25

5 BASAL

15

Tempo (min)

30

60

0

BASAL

15

30

*

*

* 60

Tempo (min)

Figura 5. Pressão arterial sistólica (PAS mmHg), frequência respiratória (FR mov/min) observada em seis cães tratados com placebo pela via subcutânea (NaCl 0,9%) – Controle e dexmedetomidina (2µ kg-1) no acuponto yin tang (DEXyin tang) ou pela via subcutânea (DEXsc) em um delineamento aleatório cruzado. Os dados foram registrados no momento basal, 15, 30 e 60 minutos após o tratamento. a,b,c Valores seguidos por letras diferentes são significativamente diferente um dos outros de acordo, variáveis paramétricas analisadas pela ANOVA de 2 vias (P < 0,05).


21

4. DISCUSSÃO

A administração da dexmedetomidina no acuponto yin tang produziu maior intensidade de sedação em relação à mesma dose do fármaco administrada pela via subcutânea. A redução na frequência cardíaca foi semelhante em ambos os tratamentos (DEXsc e DEXyin tang) e ambos em relação ao controle. A frequência respiratória apresentou resultado semelhante à frequência cardíaca, porém aos 30 minutos os animais tratados com DEXyin

tang

apresentaram uma redução significativa em comparação com os tratados com

DEXsc, esta depressão no sistema respiratório pode estar correlacionada a intensidade de sedação (Malvija et al. 1997). O efeito sedativo da DEXyin tang comprovou que o acuponto promoveu potencialização do efeito sedativo da dexmedetomidina, portanto o resultado observado corroborou com o relatado por Cassu e colaboradores (2014), que após 30 minutos da administração de 0,1mg kg-1 de xilazina no acuponto yin tang observou efeitos sedativos clinicamente relevantes em cães. A administração de fenotiazínicos, 0,01 mg kg-1 de acepromazina no mesmo acuponto também foi capaz de produzir tranquilização em cães (Farias et al. 2014), e em suínos com a utilização de 0,03 mg kg-1 (Quessada et al, 2011). Há evidência de que a utilização de subdoses de fármacos (fenotiazínicos e alfa 2 agonistas) administrados no acuponto yin tang, são efetivos em produzir tranquilização em diferente intensidade e duração. Logo os efeitos causados pela administração no yin tang se apresentam tão satisfatórios quanto o emprego de doses maiores pela via SC e/ou IM (Pons et al, 2016; Cassu et al, 2014; Quessada et al, 2011). A bradicardia observada após a administração de dexmedetomidina não diferiu entre os tratamentos, este fato pode ser explicado pelo efeito cronotrópico negativo, o mecanismo ainda não é completamente elucidado, porém sugere se que esta redução na FC seja uma


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resposta compensatória ao aumento da pós-carga por ação direta em receptores alfa-1 presente na musculatura lisa e também por depressão do miocárdio (Murrell e Hellebrekers, 2005). A dose empregada neste estudo de 2 µ kg-1 não foi capaz de evitar a bradicardia, como esperado quando utilizadas dose baixas de agonistas alfa 2 adrenérgicos (Murrell e Hellebrekers, 2005).

Embora tenha ocorrido redução significativa da FR no tratamento DEXyin tang quando comparado com o controle.. Resultado semelhante, redução dos valores médios da frequência respiratória, também foram registrados em administração de subdose de xilazina no yin tang, em cães (CASSU et al. 2014).

Os resultados do estudo se limitam à aplicação da técnica de farmacopuntura em animais que estejam em ambientes calmos. Como todo procedimento de sedação e importante que o animal não seja estimulado de forma imediata à administração do agente sedativo permitindo um estado de sedação mais efetiva. Os resultados obtidos na escala de sedação e efeitos cardiovasculares da utilização de dexmedeotmidina na dose de 2 µ kg-1 não foram comparadas com uma dose maior (5 µ kg-1) pela via SC e consequentemente impossibilitou a comparação dos efeitos com duas doses terapêuticas.

5. CONCLUSÕES E RELEVÂNCIA CLÍNICA


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Os nossos resultados sugerem que a administração de 2 µ kg-1 de dexmedetomidina no acuponto yin tang foi capaz de produzir sedação mais intensa em cães, quando comparada à mesma dose pela via SC. Logo é possível indicar esta dose associada a este acuponto para a utilização de sedação e tranquilizacão em cães.

São necessárias novas investigações

associadas a diferentes situações clinicas que necessitam de sedação. Outro fator importante e determinar o efeito cardiorrespiratórios desta dose empregada (2 µ kg-1) em comparação com a dose preconizada de 5 µ kg-1 pela via intramuscular.

REFERÊNCIAS


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