Alterações no hemograma de cães que receberam hemopuntura

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Faculdade de Jaguariúna

ARIANI MOLINA VIEIRA

ALTERAÇÕES NO HEMOGRAMA DE CÃES QUE RECEBERAM HEMOPUNTURA – RELATO DE CASO

Jaguariúna 2017


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ARIANI MOLINA VIEIRA

ALTERAÇÕES NO HEMOGRAMA DE CÃES QUE RECEBERAM HEMOPUNTURA – RELATO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada

ao

Curso

de

Pós

-

Graduação Lato Sensu em Acupuntura Veterinária da Faculdade de Jaguariúna.

Orientador: Prof. Dr. Hugo Salvador Oliveira

Jaguariúna 2017


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RESUMO

Na Medicina Veterinária os trabalhos são escassos relacionados sobre os efeitos da utilização da hemopuntura. Por isso este trabalho visou avaliar sobre as possíveis alterações decorrentes do uso da hemopuntura em animais sem alterações clinicas. Foram escolhidos cinco cães de maneira aleatória do canil do hospital veterinário de Indaiatuba, cães sem raça definida, de idades diferentes e ambos os sexos. Na primeira semana foram coletados exames para a realização de hemograma e os resultados destes foram considerados do grupo controle. As sessões de acupuntura foram realizadas uma vez por semana, em um período de cinco semanas, na qual foram coletadas amostras para realizar hemograma, antes dos animais receberem a hemopuntura. Com este trabalho pode-se concluir que o uso da hemoterapia ajuda no aumento total de plaquetas e hemácias em cães saudáveis.

Palavras-chave: cães, hemopuntura, hemograma, medicina tradicional chinesa.


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ABSTRACT

There are not many works in veterinary medicine focused on the effects of hemopuncture use. Therefore, this work deals with the alterations that the use of hemopuncture can cause in animals without clinical alterations. Five dogs were randomly selected from the kennel of the Indaiatuba veterinary hospital, dogs of unknown age, of different ages and both sexes. In the first week blood sampling was performed to perform a hemogram and this was considered the baseline, and after that a session, the sessions were performed once a week, over a period of five weeks, and before each session was done the collection of blood for the examination of the animal's blood count. With this work it can be concluded that the use of hemotherapy helps in the total increase of platelets and red blood cells in healthy dogs.

Keywords: Dogs, hemopuncture, hemogram, traditional Chinese medicine.


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SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ....................................................................................................................... 7 LISTA DE TABELAS ....................................................................................................................... 8 1.

INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 9 1.1 A Anemia inserida na MTC ................................................................................................. 9

2. JUSTIFICATIVA ........................................................................................................................ 11 3. OBJETIVO.................................................................................................................................. 12 4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................................... 13 Pontos escolhidos: localização e função ............................................................................... 13 5. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................... 14 5.1 O sangue segundo a medicina tradicional chinesa ....................................................... 14 5.2 A produção do Xue ............................................................................................................. 14 5.3 Esquema da formação do Xue ......................................................................................... 15 6. RESULTADOS .......................................................................................................................... 16 7. DISCUSSÃO .............................................................................................................................. 20 8. CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 21 9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................... 22


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LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. Representação Gráfica hemácias.........................................................8 FIGURA 2. Representação Gráfica leucócitos.........................................................9 FIGURA 3. Representação Gráfica plaquetas.......................................................10


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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Valores de hemรกcias, leucรณcitos e plaquetas dos cinco animais da autohemoterapia durante as seis semanas....................................................................7


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1. INTRODUÇÃO

O termo acupuntura, utilizado no século XVII por jesuítas, deriva dos radicais latinos acus e pungere, que significam agulha e puncionar (SCHOEN, 2006; MACIOCIA, 2007; XIE, 2007). A técnica de hemopuntura consiste em retirada de uma quantidade de sangue venoso que é logo após aplicada em pontos específicos da acupuntura.

No campo da hematologia, alguns trabalhos indicam o uso da AP em pacientes que receberam quimioterapia, estão com alguma doença por hemoparasitose e etc, a hemopuntura estimula o aumento dos macrófagos no sangue por meio do aumento da produção de células na medula óssea, que eliminam células neoplásicas, bactérias e vírus. Durante 5 dias em media é o tempo que conseguimos aumentar essa produção, do 5º ao 7º dia, começa a declinar, porque o sangue está terminando no ponto de acupuntura, por isso a razão da técnica determinar que deva ser repetida, de 7 em 7 dias.

O sangue, componente do sistema hematológico, é essencial à vida. Esse circula por todo o corpo, oxigena, nutre e transporta diversas substâncias de diversos órgãos e tecidos, mantendo assim a homeostasia do organismo. Nos mamíferos adultos, a produção de sangue é realizada na medula óssea dos ossos longos (LOPES, 2007). As características morfológicas das hemácias maduras da maior parte dos mamíferos geralmente são muito parecidas, pois não possuem núcleos, apresentam uma coloração avermelhada e são células discoides bicôncavas. As principais diferenças encontradas são em relação ao tamanho e ao grau de palidez central (JERICÓ, 2015).

1.1 A Anemia inserida na MTC


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Segundo Maciocia (2007), a inter-relação entre alguns dos órgãos Yin são, resumidamente: Coração e Pulmão: o coração governa o sangue (Xue) e o pulmão governa o QI. O QI faz o sangue se mover, se ele parar o sangue também para. Coração e Fígado: o coração governa e o fígado armazena (o grande celeiro) o sangue e regula seu volume. Fígado e Baço: o baço fabrica e o fígado armazena o sangue. Fígado e Rim: o sangue do fígado fornece os nutrientes e abastece a essência do Rim, e este colabora para a produção do sangue. Baço e Rim: o baço é a raiz do QI pós-celestial e o rim é a raiz do QI pré-celestial. Baço e Coração: o baço produz e o coração controla o sangue.


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2. JUSTIFICATIVA Avaliar os efeitos da hemopuntura em cães em animais sadios, a fim de se verificar os efeitos hematológicos da técnica, tendo em vista seu uso frequente no tratamento com uso de Medicina Tradicional Chinesa. Avaliação dos parâmetros hematológicos das series brancas, vermelhas e plaquetas de cães saúdaveis submetidos a hemopuntura.


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3. OBJETIVO Este trabalho tem como objetivo avaliar os resultados dos achados laboratoriais no hemograma de cães em que foram realizadas sessões de hemopuntura em cinco semanas consecutivas. Caracterizar o gênero dos pacientes; avaliar as hemácias dos cães que fizeram hemopuntura; avaliar a contagem geral de leucócitos; avaliar a contagem de plaquetas.


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4. MATERIAIS E MÉTODOS Pontos escolhidos: localização e função

Vg20: Tônico geral do Qi e da imunidade (ESMANIOTTO,2010). Pode ser denominado

como

“ponto

das

mil

doenças”.

Localiza-se

partindo

perpendicularmente à pele para cima da base posterior da concha acústica para a linha central da abóbada do crânio (DRAEHMPAEHL & ZOHMANN, 1997). Bai-hui: mantém e regula o Yang Qi do organismo, dispersa o vento e o vento umidade, relaxa os tendões e músculos, muito utilizado para paresia ou paralisia de membros pélvicos, dor lombossacral. Localiza-se na linha média dorsal entre os processos espinhosos das vértebras L7 e S1, no espaço lombo sacral (MACCIOCIA, 2007). BP10: Revigora o sangue, para menstruações irregulares, metrorragia, leucorréia, urticária devido ao vento ou à umidade prurido anemia distensão abdominal. Localiza-se com o joelho fletido na face medial da coxa. Reentrância muscular no meio do músculo vasto medial, 2 cun proximais à base da patela. Quando a palma da mão é colocada sobre a patela, a extremidade do polegar cai sobre o ponto (Xie, 2011). VB39: Ponto de influência da medula. Muito utilizado para desordens hematopoiéticas, colecistite, desordens anais e perianais. Situado na superfície lateral do membro pélvico, distal ao joelho, 3 cun proximal ao maléolo lateral (Xie, 2011). E36: Também fortalece a função do Baço/Pâncreas e do Estômago, além da formação e a circulação do Qi e do sangue (Xue), localizado a 3 cun abaixo do ponto E35, 0,5 cun lateral ao aspecto cranial da crista da tíbia (Xie, 2011).


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5. REVISÃO DE LITERATURA

5.1 O sangue segundo a medicina tradicional chinesa Na medicina tradicional chinesa, o Xue, que é o sangue, é por si só uma forma de QI, denso e material, sendo uma das substâncias fundamentais, com o Jin Ye (fluidos corpóreos), Jing (essência), Shen (mente) e o QI (energia). Além disso, o sangue é inseparável do QI, uma vez que o QI proporciona vida ao sangue. Sem o QI que é a energia que corre pelos canais, o sangue seria um fluido inerte (XIE, 2009). 5.2 A produção do Xue Na medicina tradicional chinesa o sangue (Xue) tem a maior parte de sua produção em tórax, pela energia (Qi) do pulmão (Fei) e do baço (Pi), sendo produzido também na medula óssea. O Gu Qi é definido como a essencia dos alimentos, derivada das comidas e das bebidas, é enviada para o Fei pelo Qi do baço, após esse processo por meio da ação do Qi desse órgão é enviada ao coração (Xin). Após chegar ao Xin é que se transforma em Xue no tórax, pela ação do mesmo junto com o Fei (MACIOCIA, 2007; ROSS, 1994). Para a produção do sangue acontecer corretamente duas etapas são importantes. A primeira é a transformação do Qi do alimento em Xue a qual é auxiliada pelo Qi original. E a segunda se baseia no fato de que o aspecto Yin da essência (Qi pré natal), armazenado nos rins (Shen), produz a medula óssea, contribuindo assim para a formação do Xue. O QI gera o sangue de maneira que o QI dos alimentos seja a base do sangue, portanto é necessário tonificar o QI para nutrir o Xue, o QI movimenta o sangue quando o QI se move, o sangue se move, o sangue nutre o QI “Sangue é a mãe de QI” (MACCIOCIA, 2007). Ainda, o aspecto Yang da essência intensifica as transformações exercida pelo Xin e pelo Fei no aquecedor superior e pelo Pi e estômago (Wei) no aquecedor médio. O Xin também é responsável pelo movimento do sangue, e o Pi em


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mantê-lo dentro dos vasos e o fígado (Gan) por estocar e distribuir (MACIOCIA, 2007; ROSS, 1994).

5.3 Esquema da formação do Xue

Fonte: www.sohamterapias.blogspot.com.br. Acesso em 28/02/2017.


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Hemácias

Foguinho 6,17 6,27 5,34 5,83 6,08 6,27

Nestor 5,61 6,26 5,59 6,07 5,81 6,36

Ruth 6,07 6,07 5,4 5,55 6,32 6,17

Tobi 5,25 5,22 5,05 4,58 5,21 5,46

1ª Semana 2ª Semana 3ª Semana 4ª Semana 5ª Semana 6ª Semana

Branquinha 26.900 29.600 21.800 18.800 21.300 22.500

Foguinho 11.000 10.700 10.500 13.000 10.000 10.600

Nestor 12.400 15.700 12.500 15.500 15.500 22.900

Ruth 13.100 11.800 13.500 16.600 18.300 15.700

Tobi 14.100 16.000 17.300 18.400 19.100 17.700

1ª Semana 2ª Semana 3ª Semana 4ª Semana 5ª Semana

Branquinha 298.000 305.000 388.000 335.000 357.000

Foguinho 204.000 245.000 100.000 114.000 200.000

Nestor 249.000 240.000 156.000 137.000 135.000

Ruth 200.000 200.000 205.000 265.000 295.000

Tobi 129.000 125.000 136.000 131.000 125.000

6ª Semana

363.000

207.000

150.000

288.000

168.000

Plaquetas

1ª Semana 2ª Semana 3ª Semana 4ª Semana 5ª Semana 6ª Semana

Branquinha 5,83 5,5 5,19 5,06 4,88 5,03

Leucócitos

6. RESULTADOS

Tabela 1. Valores de hemácias, leucócitos e plaquetas dos cinco animais da autohemoterapia durante as seis semanas.


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Figura 1. Representação gráfica dos valores das hemácias durante as seis semanas da auto-hemoterapia. Valores da primeira semana são do controle, a partir da segunda semana são valores após aplicação.


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Figura 2. Representação gráfica dos valores dos leucócitos durante as seis semanas da auto-hemoterapia. Valores da primeira semana são do controle, a partir da segunda semana são valores após aplicação.


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Figura 3. Representação gráfica dos valores das plaquetas durante as seis semanas da auto-hemoterapia. Valores da primeira semana são do controle, a partir da segunda semana são valores após aplicação.


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7. DISCUSSÃO

Hemácias Notou-se que os animais Nestor, Toby, Foguinho e Ruth tiveram um aumento na contagem total de hemácias, com exceção de Branquinha que teve diminuição das hemácias. Leucócitos Notou-se que os animais Nestor, Ruth e Toby tiveram aumento nos leucócitos e que Branquinha e Foguinho tiveram uma diminuição. Plaquetas Notou-se que os animais Toby, Branquinha, Foguinho e Ruth tiveram um aumento no numero de plaquetas e que o animal Nestor apresentou queda de plaquetas. Nota- se que existem algumas variações nos resultados dos hemogramas, mas que em geral, em 80% dos casos houve aumento na produção de células. Onde se percebe que a maior resposta foi para a contagem de plaquetas. Com este trabalho pode-se concluir que o uso da hemoterapia ajuda no aumento total de plaquetas e hemácias. E que podemos concluir que, animais em fase de convalescência que apresentam baixo numero de hemácias e de plaquetas o uso da auto-hemoterapia pode ser usado para que o tratamento do animal seja mais efetivo ainda.


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8. CONCLUSÃO Com este trabalho pode-se concluir que o uso da hemoterapia ajuda no aumento total de plaquetas e hemácias em cães saudáveis.


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9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DRAEHMPAEHL, D.; ZOHMANN, A. Acupuntura no cão e no gato:princípios básicos e prática científica. São Paulo: Roca, 1997. 245p. ESMANIOTTO, D. J. Trabalho de Conclusão de Curso Universidade Tuiuti Do Paraná, Curitiba, 2010. 29 p. JERICÓ, M. M. et. al. Tratado de Medicina Interna. Volume 2. Alteração eritrocitária. Rio de Janeiro, 2015. 1810p. MACIOCIA, G. A Pratica da Medicina Chinesa: Tratamento de Doenças com Acupuntura e Ervas Chinesas. São Paulo Roca 1996. 932p. MACIOCIA, G; Os fundamentos da medicina chinesa: um texto abrangente para acupunturistas e fitoterapeutas. 2ed. São Paulo: Roca, 2007. 967 p. ROSS, J. Zang Fu: sistemas de órgãos e vísceras da medicina tradicional chinesa: funções, inter-relações e padrões de desarmonia na teoria e na prática. São Paulo, Roca, 1994. SCHOEN, A. Acupuntura Veterinária: da arte antiga à medicina moderna. 2. ed. São Paulo: Roca, 2006. 91-108p. XIE,

H;

PREAST,

MedVet,2011.363p.

V.

Acupuntura

Veterinária.

1.

ed.

São

Paulo:


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