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CALÇADOS

SETOR CALÇADISTA DEVERÁ CRESCER 2,6% EM 2022

Experimentando uma retomada na ati vidade neste ano, o setor calçadista prevê crescimento médio de 12,2% em 2021 e de 2,6% em 2022. O dado foi apresentado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).

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Aeconomia brasileira deverá crescer 5,04% em 2021 e 1,57% em 2022, projeções que estão sendo constantemente revisadas. No cenário internacional existem algumas dúvidas que deixam a economia brasileira em compasso de espera. As duas principais são o aumento da infl ação nos Estados Unidos, que deve fazer com que o País eleve sua taxa de juros, e o desaquecimento da economia chinesa, evidenciada nas difi culdades da “Evergrande”. O aumento da taxa de juros nos Estados Unidos irá diminuir a liquidez no mercado mundial, tendo impacto considerável no câmbio e na infl ação brasileira, que já está alta, projetando alcançar de dois dígitos até o fi nal do ano. O Brasil ainda não recuperou os empregos perdidos durante a pandemia do novo coronavírus. O fato, segundo ele, refl ete na queda da confi ança dos consumidores, que tem impacto direto no consumo domés� co, justamente onde são comercializados mais de 85% dos calçados produzidos no País. No segundo semestre deste ano, as taxas de crescimento do setor de calçados devem desacelerar diante da base mais consolidada do mesmo período do ano passado, quando a a� vidade já dava sinais de retomada. Não quer dizer que o setor não vá crescer em 2021. A projeção da Inteligência de Mercado da Abicalçados é de um crescimento médio de 12,2%, chegando a uma produção total de 857 milhões de pares, quase 100 milhões a mais do que no ano passado. Mesmo com o resultado, a en� dade prevê que o setor deve seguir abaixo do nível pré-pandemia, em 2019, em cerca de 8%. Entre janeiro e agosto, dado mais recente, o setor produziu 512 milhões de pares, 26% mais do que no mesmo período do ano passado e 15,5% menos do que no período correspondente de 2019. O crescimento do setor no Brasil está menos intenso do que o dos principais produtores de calçados do mundo. Na China, principal produtor mundial do setor, a a� vidade no primeiro semestre de 2021 está apenas 7% abaixo dos níveis pré-pandemia, em 2019. Na Índia, segundo produtor mundial, a a� vidade está 15% abaixo de 2019, no Vietnã (3º produtor) ela já está 11% acima e na Indonésia (4º produtor) 14% abaixo. Atualmente, o Brasil é o quinto produtor mundial do setor. Exportações – Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que as exportações de calçados seguem em elevação. Em outubro foram embarcados 12,85 milhões de pares, que geraram US$ 93,96 milhões, altas de 23,3% e 69,6%, respec� vamente, ante o mês correspondente de 2020. É o primeiro mês de 2021 que registra altas em volume e receita na relação com o período pré-pandemia, em 2019 (de 15,9% em volume e 7,2% em dólares). Com isso, no acumulado dos dez meses do ano, as exportações somaram 99 milhões de pares, gerando US$ 712,4 milhões,

incrementos de 32,2% em volume e de 30,7% em receita na relação com o mesmo período do ano passado. No compara� vo com o acumulado de 2019, as exportações de calçados estão 2,7% superiores em volume e 13,2% inferiores em dólares. Ainda conforme o relatório da Abicalçados, o nível pré-pandemia das exportações brasileiras de calçados já foi superado em 95 países de des� no. O presidente-execu� vo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, destaca que outubro registrou o melhor mês de 2021 para as exportações brasileiras de calçados. Outro fato relevante, segundo ele, é que o crescimento foi puxado pelos calçados de couro, com aumento de 6,5% em dólares e 15,9% em volume, frente a outubro de 2019, ganhando par� cipação na pauta de exportação. “São calçados de maior valor agregado, que quando aumentam a par� cipação nos embarques geram resultados expressivos”, comenta. No período, o principal des� no do calçado brasileiro no exterior segue sendo os Estados Unidos. Entre janeiro e outubro, foram embarcados para lá 11,75 milhões de pares por US$ 177,6 milhões, altas de 51,5% em volume e de 50,4% em receita no compara� vo com os dez primeiros meses do ano passado. O segundo des� no de 2021 é a Argen� na. No período, foram exportados para o país vizinho 10,76 milhões de pares, que geraram US$ 92,4 milhões, incrementos de 71,5% em volume e de 53,69% em receita no compara� vo com o intervalo correspondente de 2020. O terceiro des� no do calçado brasileiro no exterior, em 2021, foi a França. Nos dez meses, os franceses importaram 6,17 milhões de pares, pelos quais foram pagos US$ 50,3 milhões, incrementos de 10,3% em volume e de 9,7% em receita ante o mesmo período do ano passado. O Rio Grande do Sul segue sendo o maior exportador de calçados do País. Entre janeiro e outubro, saíram das fábricas gaúchas mais de 25,7 milhões de pares, que geraram US$ 317 milhões, incrementos de 43,4% em volume e de 29,8% em receita na relação com o mesmo período do ano passado. O segundo exportador é o Ceará. Nos dez meses, as fábricas cearenses enviaram ao exterior 30 milhões de pares, que geraram US$ 166,8 milhões, altas de 18,4% e 22,5%, respec� vamente, ante o mesmo intervalo de 2020. O terceiro exportador do período foi São Paulo, de onde par� ram 6,82 milhões de pares por US$ 75 milhões, incrementos de 28,7% em volume e de 35,4% em receita na relação com os mesmos dez meses do ano passado.

Importações da China já respon-

dem por 30% do total – Mesmo que as importações totais estejam em declínio ao longo dos dez meses do ano de 2021, em relação ao mesmo período de 2020 – caíram 5,3% em pares (para 17,56 milhões de pares) e 3,7% em dólares (para US$ 251,63 milhões) – , as altas consecu� vas das importações de calçados da China vêm preocupando o setor calçadista brasileiro. No mês de outubro, entraram no Brasil 309 mil pares de calçados chineses, pelos quais foram pagos US$ 2,8 milhões. As altas são de 62,5% em volume e de 8,6% em receita no compara� vo com o mesmo mês do ano passado. Os incrementos das importações do gigante asiá� co no úl� mo ano fi zeram com que os chineses aumentassem a representação nas importações brasileiras de calçados de 15% para 30%. No acumulado dos dez meses, foram importados mais de 6 milhões de pares de calçados made in China, pelos quais foram pagos US$ 29,23 milhões, alta de 6% em dólares e queda de 5,7% em receita no compara� vo com igual período do ano passado.

Emprego – Com a retomada gradual da demanda domés� ca, que representa 87% das suas vendas totais, o setor calçadista brasileiro segue gerando postos de trabalho. Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam que, entre janeiro e setembro deste ano, foram gerados 33,1 mil postos de trabalho nas fábricas de calçados. No mês de setembro foram geradas 9,2 mil vagas na a� vidade. Com isso, o setor soma 280,27 mil pessoas empregadas diretamente na a� vidade, 15,6% mais do que no mesmo período do ano passado e já está estável em relação à pré-pandemia, em 2019. Estado que mais emprega na a� vidade, o Rio Grande do Sul gerou 2,26 mil postos de trabalho no setor calçadista no mês de setembro. No acumulado do ano, entre janeiro e setembro, as fábricas gaúchas somam a criação de 8,24 mil vagas. Com o resultado, o setor soma um total de 83,78 mil postos diretos na a� vidade, 12,2% mais do que no mesmo período de 2020 e 7,6% menos do que no mesmo intervalo de 2019. Segundo estado que mais emprega na a� vidade, o Ceará gerou 1,8 mil vagas em setembro, somando a criação 3,72 mil postos no acumulado do ano. Com isso, as fábricas cearenses encerraram setembro empregando diretamente 62,58 mil pessoas, 11,5% mais do que no mesmo ínterim de 2020. O Ceará já está empregando 11,9% mais pessoas do que no mesmo período de 2019. Tendo superado os níveis de emprego da pré-pandemia em 19,3%, a Bahia ultrapassou São Paulo no ranking de empregadores da a� vidade calçadista. No mês de setembro, as fábricas baianas geraram 1,3 mil postos de trabalho. No acumulado de 2021, o saldo é posi� vo em 7,88 mil vagas. Com o número, o setor calçadista local encerrou setembro empregando diretamente 35 mil pessoas, 35,6% mais do que no mesmo período de 2020. Gerando 1,55 mil postos de trabalho em setembro, São Paulo é o quarto maior empregador da a� vidade. Entre janeiro e setembro, os paulistas geraram 6,88 mil vagas, somando um total de 32,38 mil postos diretos gerados. O número é 27,8% superior ao do mesmo período de 2020, mas está 12,9% abaixo dos níveis de 2019.

Expecta� vas para 2022 – Para 2022, mesmo em meio a um cenário de incertezas, especialmente no mercado domés� co, a Inteligência de Mercado da Abicalçados aponta para uma expecta� va de crescimento médio de 2,6% na produção de calçados, totalizando 879 milhões de pares, 22 milhões a mais do que a projeção para o ano corrente. Mesmo com o resultado, segundo Priscila, a a� vidade ainda fi caria abaixo dos níveis pré-pandemia, em 2019, em cerca de 6%. Em 2019, foram produzidos 936 milhões de pares de calçados. “Para alcançar os níveis pré pandemia o setor deverá crescer 9% no próximo ano, o que é muito di� cil devido à conjuntura econômica”, explica. Assim como em 2021, as exportações devem ser o motor do crescimento do setor calçadista no próximo ano. Segundo projeções da Abicalçados, em 2022 as exportações, em volume, devem crescer 5,1%, fi cando 7% acima do resultado de 2019. Em números fechados, o setor deve exportar 124 milhões de pares, 6 milhões a mais do que a projeção de 2021. Com o resultado, o coefi ciente de exportação – percentual da produção nacional exportado – deve passar de 12% para 14%.

Feiras internacionais geram milhões de dólares

Principal des� no do calçado brasileiro no exterior, os Estados Unidos importaram, entre janeiro e setembro, 10 milhões de pares verde-amarelos, que geraram US$ 153 milhões. São incrementos tanto em volume (+52,7%) quanto em receita (+41,7%) na relação com igual período do ano passado. Superando as expecta� vas, a primeira par� cipação de marcas brasileiras na feira calçadista norte-americana Dallas Apparel & Acessories Market, entre 26 e 29 de outubro, gerou US$ 760 mil, somando negócios efe� vados in loco e alinhavados no evento. A par� cipação de três marcas verde-amarelas, Carrano, Bo� ero e Schutz, foi apoiada pelo Brazilian Footwear, programa de fomento às exportações de calçados man� do pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Inves� mentos (Apex-Brasil). No relatório da Abicalçados consta que foram realizados 115 contatos qualifi cados, sendo 70 desses inéditos. Já os negócios imediatos somaram mais de US$ 120 mil, que devem ser acrescidos de mais US$ 640 mil em vendas que fi caram alinhavadas no evento. “O resultado foi bastante posi� vo, levando em consideração que foi a primeira par� cipação das marcas brasileiras. Ficou evidente que o mercado norte-americano, neste momento de retomada, vem buscando novas alterna� vas para seus consumidores e o calçado brasileiro se mostra bastante compe� � vo”, avalia a analista de Promoção Comercial da Abicalçados, Ruisa Scheff el. Segundo ela, o câmbio atual – de desvalorização do real ante o dólar – também acaba sendo favorável para o calçadista brasileiro, já que este consegue realizar preços mais compe� � vos para o mercado internacional. A Dallas Apparel & Acessories Market encerrou o Circuito de Feiras nos Estados Unidos. Ao todo, as feiras Play� me NY, MAGIC Las Vegas, Sourcing @ MAGIC, Atlanta Shoe Market, MAGIC NY e Dallas Apparel & Acessories Market somaram US$ 3 milhões entre negócios efe� vados e alinhavados nos eventos. As par� cipações foram viabilizadas pelo Brazilian Footwear.

Em agosto, quatro feiras rende-

ram US$ 1,6 milhão – O mês de agosto marcou a par� cipação de 20 marcas brasileiras em quatro feiras calçadistas nos Estados Unidos, que devem gerar, entre negócios realizados in loco e alinhavados, US$ 1,6 milhão para as marcas nacionais. Com 18 marcas calçadistas brasileiras apoiadas pelo Brazilian Footwear, a feira italiana Micam Milano deve gerar mais de US$ 5,4 milhões entre negócios realizados e que fi caram alinhavados no evento. A mostra, ocorrida entre 19 e 21 de setembro em Milão, na Itália, marcou a retomada mais consistente das exposições � sicas na Europa.

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Feira calçadista norte-americana Dallas Apparel & Acessories Market.

A analista de Promoção Comercial da Abicalçados, Paola Pon� n, destaca que as expecta� vas das marcas foram superadas. “Mesmo com uma par� cipação menor do que antes da pandemia, em função de algumas restrições que ainda persistem, o evento foi posi� vo e as marcas fi caram bastante sa� sfeitas com a possibilidade da retomada dos eventos � sicos internacionais”, avalia. Segundo relatório da Abicalçados, foram realizados 245 contatos comerciais com compradores de todo o mundo, a maior parte deles de países da Europa, Ásia e Estados Unidos. Os negócios in loco geraram mais de US$ 1 milhão, valor que deve ser elevado para US$ 5,4 milhões em função das negociações que fi caram alinhavadas durante a mostra. Paralelamente à feira � sica, a Micam Milano realizou a sua versão digital desde o dia 15 de setembro até 15 de novembro. Na plataforma es� veram presentes 21 marcas brasileiras, também apoiadas pelo programa de exportação da Abicalçados e da Apex-Brasil.

Certi cação do Origem Sustentável

Preocupadas com a sustentabilidade e indo ao encontro de uma tendência internacional de atuação baseada nos princípios de ESG (Environmental, Social and Governance), as empresas da cadeia calçadista vêm buscando a cer� fi cação do Origem Sustentável, único programa da a� vidade na área. Criado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) e pela Associação Brasileira de Empresas de Componentes de Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), o programa cer� fi ca empresas que adotam prá� cas sustentáveis nos pilares econômico, social, ambiental, cultural e de gestão da sustentabilidade. Em outubro foi a vez da Calçados Beira Rio receber sua cer� fi cação no nível máximo, o Diamante, e da Calçados Bibi ser recer� fi cada no mesmo nível. A entrega da recer� fi cação para a Calçados Bibi ocorreu na sede da empresa, em Parobé/RS, durante o evento Bom Dia Bibi, e contou com as presenças do presidente-execu� vo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, diretoria e colaboradores da empresa. Na oportunidade, a presidente da Bibi, Andrea Kohlrausch, destacou os compromissos de sustentabilidade que a empresa irá desenvolver até o ano de 2030. “Com Origem Sustentável, a Bibi é reconhecida e comunica seu desempenho e responsabilidade frente a um mundo mais sustentável. Diante disso e pensando estrategicamente no futuro, sempre visando a melhoria e o aperfeiçoamento das a� vidades e atuação no mercado, a marca mapeou os compromissos que deseja desempenhar em diferentes âmbitos até 2030”, disse. O gerente de suprimentos e Sustentabilidade da Bibi, Ismael Fischer, ressaltou que a calçadista busca promover o crescimento econômico em todas as frentes do negócio, tanto na indústria quanto no varejo, de forma sustentável economicamente, ambientalmente e socialmente. No âmbito econômico, entre os resultados que a marca espera alcançar até 2030, está expandir a rede de franquias para chegar a 250 lojas no Brasil e 100 no exterior. No campo ambiental, a Bibi espera alcançar anualmente 100% de conformidade dos produtos fabricados na Norma Reach (Regulamento Nº 1907/2006 Parlamento Europeu) referente à toxicidade. Outras questões englobam uma redução de 20% na geração de resíduos no desenvolvimento de novos produtos e operações industriais até o ano de 2025. Já no social, a marca quer promover a qualifi cação profi ssional constante de jovens das comunidades locais, por meio do programa “Fábrica de Talentos Bibi”, realizando a efe� vação de, no mínimo, 30% dos par� cipantes do programa junto à empresa. Outra meta é a� ngir anualmente uma média de 8,8 horas de treinamentos e capacitações por colaborador. Estreando no Origem Sustentável com a cer� fi cação máxima, a Beira Rio também foi cer� fi cada, com as presenças da direção da empresa, imprensa e do presidente-execu� vo da Abicalçados. Na oportunidade, o presidente do grupo, Roberto Argenta, destacou que a empresa busca ser referência no setor calçadista, atraindo também sua rede de fornecedores: “Ao englobar aspectos econômicos, sociais, ambientais e culturais, as inicia� vas desenvolvidas acompanharam o ritmo de um inédito momento de mercado, onde a valorização do ser humano e sua relação direta com o comprome� mento com o planeta se mostram indissociáveis”.

Origem Sustentável – Baseado nas melhores prá� cas internacionais de sustentabilidade, o Origem Sustentável abrange indicadores em cinco dimensões: econômica, ambiental, social, cultural e gestão da sustentabilidade. Para aderir, as empresas devem ser associadas à Abicalçados ou à Assintecal. O Programa já tem nomes como Vulcabras, Piccadilly, Bibi, Beira Rio, Boxprint e Caimi & Liaison cer� fi cadas, e outras mais de 50 em processo de implementação, caso da Schutz, Usafl ex, Ramarim, Via Marte, Redeplast, Calçados Ala e Bebecê. Com auditorias credenciadas pela SGS, Bureau Veritas, ABNT e Senai, a cer� fi cação conta com quatro níveis de evolução: Bronze (para empresas que cumpram o mínimo de 20% a 30% dos indicadores propostos), Prata (40%), Ouro (60%) e Diamante (80%). 