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Unicamp é admitida na WUN A Unicamp vai integrar a Worldwide Universities Network (WUN), uma das mais prestigiosas redes de universidades do mundo. Trata-se da primeira universidade da América Latina a ser admitida como membro da entidade. O ingresso da Unicamp na rede será formalizado em maio, em Londres, durante a reunião anual da WUN. Para o reitor Fernando Costa, “essa decisão representa o reconhecimento internacional da posição da Unicamp como uma universidade de classe mundial”. Página 3

MEMBROS ATUAIS ÁFRICA DO SUL

ESTADOS UNIDOS

Universidade de Alberta

Universidade de Rochester Universidade de Washington em Seattle Universidade de Wisconsin em Madison Universidade Estadual da Pensilvânia

CHINA

HONG KONG

Universidade da Cidade do Cabo

AUSTRÁLIA

Universidade da Austrália Ocidental Universidade de Sidney

CANADÁ

Universidade Nanjing Universidade Zhejiang

NORUEGA

Universidade de Bergen

NOVA ZELÂNDIA

Universidade de Auckland

REINO UNIDO

Universidade de Bristol Universidade de Leeds Universidade de Sheffield Universidade de Southampton Universidade de York

Universidade Chinesa de Hong Kong

Jornal daUnicamp www.unicamp.br/ju

Campinas, 12 a 18 de março de 2012 - ANO XXVI - Nº 519 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Fotos: divulgação

IMPRESSO ESPECIAL 1.74.18.2252-9-DR/SPI Unicamp

CORREIOS

FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT

MUDANÇAS climáticas e os cenários para a cana até 2050 Página 2

FILMES finos para células solares de 3ª geração Página 4

Exemplares de araraúna, uma das espécies contempladas no estudo

O ‘diálogo’ das aves O biólogo Carlos Barros de Araújo (foto) investigou a comunicação sonora de 15 espécies de psitacídeos que vivem no Cerrado brasileiro. Araújo constatou que o “diálogo” entre algumas aves pode ocorrer em até 1,5 quilômetro. Página 12

GUILHON ALBUQUERQUE Foto: Everaldo Luís Silva

analisa as relações Brasil-China Páginas 6 e 7

AS CONEXÕES que põem em funcionamento o mercado de câmbio Página 5


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Campinas, 12 a 18 de março de 2012

Estudos projetam impactos do clima no setor sucroalcooleiro até 2050 Foto: Antoninho Perri

Relatório e website são primeiros resultados de pesquisas coordenadas pelo Cepagri PATRÍCIA LAURETTI

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patricia.lauretti@reitoria.unicamp.br

Unicamp integra, com três projetos, o Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais, cujo objetivo é desenvolver trabalhos relacionados a avaliações de risco e estratégias de mitigação e adaptação. Projetar cenários para o setor sucroalcooleiro até 2050, visando definições de políticas públicas é o intuito de projeto coordenado pelo Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, com suporte da Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa (Cocen). No final de 2011, com um ano de trabalho, foi enviado o primeiro relatório à Fapesp. No documento foram apresentadas 37 publicações, entre teses e artigos, além dos resultados de uma série de reuniões com os grupos envolvidos. Outro resultado foi a criação de um website que divulga as ações do projeto e funciona como um banco de dados para trocas de informações entre as áreas. Intitulado “Geração de Cenários de Produção de Álcool como Apoio para a Formulação de Políticas Públicas Aplicadas à Adaptação do Setor Sucroalcooleiro Nacional às Mudanças Climáticas” o projeto coordenado pelo Cepagri ficou conhecido pela sigla em inglês AlcScens, que também dá nome ao website. São 25 pesquisadores e 14 bolsistas envolvidos. O AlcScens tem vigência até 2014 e recursos de R$ 1 milhão, incluindo as bolsas. Os outros dois projetos da Unicamp que fazem parte do Programa estão vinculados ao Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) e Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam). “Trata-se de um desafio fazer

Plantação de cana-de-açúcar no interior de São Paulo: pesquisas podem definir políticas públicas

convergir várias unidades dentro da Unicamp e grupos de fora da Universidade” diz Cláudia Pfeiffer, pesquisadora do Laboratório de Estudos Urbanos (Labeurb). Também integram o projeto Fapesp, além do Labeurb, o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor); o Núcleo de Estudos de População (Nepo); o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (Nepa); o Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (Cbmeg); Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA); Faculdade de Ciências Médicas (FCM); Instituto de Geociências (IG); Embrapa; Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); e USP São Carlos. De acordo com Pfeiffer, o AlcScens “de um lado atende a um projeto de política cientí�ica, de fomentar relações multiinstitucionais, e por outro materializa o que o sistema de centros e núcleos já faz há três décadas, que são as pesquisas interdisciplinares”. Segundo a pesquisadora, o projeto é idealizado no sentido de pensar a produção agrícola inserida em todas as práticas sociais. É a primeira vez que a Unicamp desenvolve cenários para a cana levando em conta não só o clima e a agricultura, mas também outros

Portal reúne dados sobre o projeto

O website AlcScens (http:// www.cpa.unicamp.br/alcscens/) traz todas as informações sobre o projeto, o per�il dos pesquisadores e bolsistas, além de artigos e publicações cientí�icas, notícias, uma área multimídia para vídeos e áudios, e também a interface com redes sociais. Por exigência da Fapesp, a página foi construída em inglês. “Nosso objetivo, no entanto, é que ela também seja apresentada em breve em português

e espanhol”, a�irma Vera Regina Toledo de Camargo, pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) e integrante do projeto. O idealizador do portal, Marcos Rogério Pereira, que também é pesquisador do AlcScens, explica que o diferencial deste website é que o conteúdo foi inserido no sistema para que o portal acabe funcionando como banco de dados. “O interessante

fatores. A Universidade desenvolve metodologias de zoneamento agrícola para diversas culturas desde 1995/96. A partir de 2001, com a divulgação do primeiro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), e o dado sobre o acréscimo de pelo menos um grau na temperatura do planeta no século 21, os cientistas começaram a ser questionados sobre o que aconteceria com o zoneamento agrícola. Foi então que os pesquisadores da Embraba/ Unicamp começaram a investigar, com base em modelos de previsão já disponíveis mais detalhados e de longo prazo. Primeiro foi a cultura do café. O cenário indicou migração e risco climático alto nas áreas produtoras, além de expressiva redução no tamanho das plantações. Incorporando sempre novos modelos climáticos, a pesquisa prosseguiu com as culturas de soja, milho, feijão e arroz. No ano passado, a Embrapa e o grupo vinculado à Unicamp divulgaram o estudo “Impactos da mudança do clima na produção agrícola”, como parte de uma pesquisa realizada a pedido da Embaixada Britânica no Brasil. A

conclusão foi que, se nada for feito em termos de adaptação ou de mitigação nos próximos anos, haverá perdas na produção agrícola da ordem de R$ 7,5 bilhões em 2020, evoluindo anualmente até chegar a R$ 10,7 bilhões em 2050. As perdas econômicas para o país como um todo, nos próximos 40 anos, seriam em torno de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Destaque: das culturas presentes hoje em solo nacional, apenas a cana-de-açúcar será mais produtiva no clima aquecido. A pesquisa atual foi proposta a partir desses resultados. Jurandir Zullo Júnior, pesquisador responsável do AlcScens, informa que o projeto é “uma continuação” mais abrangente deste anterior. As projeções agora incluem variáveis, entre as quais, os impactos na segurança alimentar e nutricional, a dinâmica demográ�ica e a saúde, políticas públicas, geoprocessamento e desenvolvimento cientí�ico e tecnológico. “São cenários para até 2050 porque depois disso a incerteza em relação à previsão do clima é muito grande”, complementa. O projeto também prioriza a cultura da cana-de-açúcar em razão Foto: Antonio Scarpinetti

Da esq. para a dir. , Jurandir Zullo Júnior, Vera Regina Toledo de Camargo, Cláudia Pfeiffer e Marcos Rogério Pereira

da ampliação do uso do álcool combustível no Brasil e no mundo. “Em relação à cana-de-açúcar, se não houver uma política bem de�inida, a expansão da cultura pode ser desvantajosa”, avalia Zullo.

Relatório O primeiro relatório enviado Fapesp já apresenta um dado importante para os pesquisadores, que é a análise e comparação de 23 principais modelos climáticos indicadores de anomalias. Os modelos foram arranjados em dois grupos com dois representantes – um inglês e outro japonês. Juntamente com um terceiro modelo a ser criado, o grupo vai projetar os cenários para até 2050. Com base nos primeiros cenários projetados, constatou-se que o modelo inglês é bem mais drástico e aponta risco climático alto em São Paulo, com necessidade de irrigação até o meio do século. O grupo está trabalhando a expansão da cana-de-açúcar para a região oeste paulista e também para áreas de cerrado, principalmente o estado de Goiás. A geração de cenários para o estado de Goiás traz um diferencial que é a utilização não usual de anomalias de chuva. Os estudos de�inem o melhor mês para a expansão do plantio da cana em Goiás, que seria outubro em função das chuvas. Hoje, o Estado segue São Paulo, que geralmente inicia o cultivo em outubro, mas pode estendê-lo para outros meses chuvosos do verão, até março. Em relação à expansão do plantio da cana, a pesquisa também gera mapas que já “descontam” áreas cultivadas, com declividade acentuada, de proteção ambiental ou urbanizadas. Zullo comenta que as outras áreas relacionadas no projeto tiveram um primeiro ano de trabalho de revisões de dados e levantamentos. As reuniões do grupo completo ocorrem a cada duas semanas. “As equipes já vêm atuando de modo independente e cada vez mais de forma conjunta”, acrescenta Zullo. Segundo o pesquisador responsável, o desa�io do projeto este ano será a criação de um modelo de cenário que consiga abarcar informações de diferentes origens. “Precisamos cruzar dados levando em consideração a propriedade de cada informação”, conclui. é que você não precisa ‘sair’ da página para acessar determinados conteúdos”, comenta. Estas informações também podem servir como objeto de pesquisa no futuro. “Por exemplo, quem acessa poderá compartilhar as notícias e eventos e poderemos avaliar a divulgação cientí�ica nas redes sociais”, completa. A interface com a divulgação cientí�ica também tem o intuito de fomentar discussões sobre as mudanças climáticas na sociedade. “Queremos dar visibilidade às tensões existentes na produção canavieira, trazer a público essas re�lexões”, diz Vera Toledo.

UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas Reitor Fernando Ferreira Costa Coordenador-Geral Edgar Salvadori De Decca Pró-reitor de Desenvolvimento Universitário Paulo Eduardo Moreira Rodrigues da Silva Pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários Mohamed Ezz El Din Mostafa Habib Pró-reitor de Pesquisa Ronaldo Aloise Pilli Pró-reitor de Pós-Graduação Euclides de Mesquita Neto Pró-reitor de Graduação Marcelo Knobel Chefe de Gabinete José Ranali

Elaborado pela Assessoria de Imprensa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Periodicidade semanal. Correspondência e sugestões Cidade Universitária “Zeferino Vaz”, CEP 13081-970, Campinas-SP. Telefones (019) 3521-5108, 3521-5109, 3521-5111. Site http://www.unicamp.br/ju. E-mail leitorju@reitoria.unicamp.br. Twitter http://twitter.com/jornaldaunicamp Coordenador de imprensa Eustáquio Gomes Assessor Chefe Clayton Levy Editor Álvaro Kassab (kassab@reitoria.unicamp.br) Chefia de reportagem Raquel do Carmo Santos (kel@unicamp.br) Reportagem Carmo Gallo Neto Isabel Gardenal, Maria Alice da Cruz e Manuel Alves Filho Editor de fotografia Antoninho Perri Fotos Antoninho Perri e Antonio Scarpinetti Coordenador de Arte Luis Paulo Silva Editor de Arte Joaquim Daldin Miguel Vida Acadêmica Hélio Costa Júnior Atendimento à imprensa Ronei Thezolin, Felipe Barreto e Patrícia Lauretti Serviços técnicos Dulcinéa Bordignon Everaldo Silva Impressão Pigma Gráfica e Editora Ltda: (011) 4223-5911 Publicidade JCPR Publicidade e Propaganda: (019) 3327-0894. Assine o jornal on line: www.unicamp.br/assineju


Campinas, 12 a 18 de março de 2012

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Unicamp vai integrar rede internacional de universidades Foto: Antoninho Perri

Universidade é a 1ª da América Latina a ser admitida na Worldwide Universities Network RACHEL BUENO

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rbueno@reitoria.unicamp.br

Unicamp foi admitida como o 19º membro – e o primeiro na América Latina – da Worldwide Universities Network (WUN), uma das mais renomadas redes de universidades do mundo. A notícia foi recebida com entusiasmo pelo reitor, Fernando Costa: “Essa decisão representa o reconhecimento internacional da posição da Unicamp como uma universidade de classe mundial”, avalia. No próximo dia 20, Costa receberá o diretor-executivo da WUN, John Hearn, que também é vice-presidente para assuntos internacionais da Universidade de Sidney, na Austrália, para uma visita formal. A assinatura do memorando de entendimento sobre a entrada da Universidade na rede ocorrerá durante a reunião anual da WUN, a ser realizada em Londres no próximo mês de maio. O acordo entre as duas partes valerá inicialmente por três anos e poderá ser renovado de forma contínua após esse período. Segundo Hearn, a WUN, cujos membros estão espalhados por países da Europa, América do Norte, Oceania, Ásia e África – a maioria deles de origem anglo-saxônica –, procurava uma parceira latino-americana já havia algum tempo. “Era uma de nossas principais prioridades”, conta. A Unicamp, por sua vez, vinha estudando a possibilidade de ingressar em um grupo seleto de universidades. “Uma coisa que estava faltando no projeto de internacionalização da Unicamp era a participação em uma rede prestigiosa como essa”, afirma o coordenador de relações institucionais e internacionais da Universidade, Leandro Tessler. “Entrar na WUN é um privilégio.” As negociações entre a WUN e a Unicamp começaram em agosto de 2011, durante uma visita prospectiva de Hearn à América do Sul. Na ocasião, ele convidou Tessler, a quem conhecera anteriormente em um encontro promovido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), para uma conversa em São Paulo. Depois desse primeiro contato, a Unicamp enviou um dossiê sobre a Universidade à WUN acompanhado de um pedido formal de ingresso na rede. O pedido foi aprovado por unanimidade pelo Conselho de Parceiros da entidade. “A Unicamp é uma conhecida universidade brasileira, muito bem classificada entre as três melhores da América Latina, com uma reputação como uma universidade internacional de pesquisa”, enumera Hearn, justificando a admissão da nova integrante da WUN. Ele espera que sua vinda a Campinas lhe permita conhecer melhor os pontos fortes e prioridades da Universidade. “Estamos ansiosos para ter os pesquisadores e administradores da Unicamp envolvidos em todas as atividades da WUN”, diz. “Tentarei identificar perspectivas brasileiras particulares e características que possam enriquecer a rede e ampliar nosso sucesso mútuo.” Como membro da WUN, a Uni-

O reitor da Unicamp, professor Fernando Costa: “Decisão representa o reconhecimento internacional da posição da Unicamp como uma universidade de classe mundial” Foto: Divulgação

O professor John Hearn, diretor-executivo da WUN: “A Unicamp tem reputação como uma universidade internacional de pesquisa”

camp poderá participar dos chamados “Global Challenges”, programas que reúnem as dezenas de grupos de pesquisa interdisciplinar vinculados à rede em torno de quatro assuntos de interesse mundial: mudança climática e segurança alimentar; saúde pública e doenças não comunicáveis (câncer, diabetes e outras doenças não transmissíveis); reforma do ensino superior e da pesquisa; e compreensão de culturas. A Universidade também poderá estabelecer colaborações para o intercâmbio de pesquisadores e alunos de pós-graduação com outras integrantes da rede, além de compartilhar recursos para ensino e concorrer aos financiamentos oferecidos pela WUN. A Unicamp deverá criar um comitê interno para cuidar dos assuntos relacionados à participação na rede. Na opinião de Tessler, o envolvimento nas atividades da WUN trará uma nova perspectiva de colocação global para a Unicamp, pois permitirá uma maior integração com universidades estrangeiras de ponta. De acordo com ele, a Unicamp já mantém relacionamento próximo com duas de suas futuras parceiras na rede: a Universidade de Wisconsin em Madison, nos Estados Unidos, visitada pelo reitor em agosto de 2011, e a Universidade de Alberta, no Ca-

Foto: Antonio Scarpinetti

O professor Leandro Tessler, coordenador de relações institucionais e internacionais da Universidade: “Entrar na WUN é um privilégio”

MEMBROS ATUAIS DA WUN África do Sul Universidade da Cidade do Cabo Austrália Universidade da Austrália Ocidental Universidade de Sidney Canadá Universidade de Alberta China Universidade Nanjing Universidade Zhejiang Estados Unidos Universidade de Rochester Universidade de Washington em Seattle Universidade de Wisconsin em Madison Universidade Estadual da Pensilvânia Hong Kong Universidade Chinesa de Hong Kong Noruega Universidade de Bergen Nova Zelândia Universidade de Auckland Reino Unido Universidade de Bristol Universidade de Leeds Universidade de Sheffield Universidade de Southampton Universidade de York

nadá, que enviou dois representantes a Campinas em fevereiro deste ano. “Estamos avançando na direção de estabelecer vínculos mais importantes”, revela. Com a Universidade de Alberta, já foi acertada a realização de um workshop de pesquisa no Canadá daqui a alguns meses.

Nova era Das 18 universidades que compõem a WUN atualmente, cinco estão no Reino Unido e quatro, nos Estados Unidos. Há ainda duas na Austrália, duas na China e uma na África do Sul, no Canadá, em Hong Kong, na Noruega e na Nova Zelândia. O Brasil será o terceiro país emergente com uma representante na rede. “A WUN deseja permanecer relativamente pequena e de alta qualidade, dando tempo para os novos membros engajarem-se completamente e conquistarem os benefícios de participar dos Global Challenges”, diz o diretor-executivo da rede. Isso não significa, no entanto, que não haja espaço para a chegada de mais instituições de países em desenvolvimento. Segundo Hearn, a WUN quer ter forte representação e um número equivalente de parceiras nesses países. “Sem isso, grande parte de nosso trabalho seria impossível.” Doutor em fisiologia reprodutiva pela Universidade Nacional Austra-

liana com mais de 200 artigos científicos publicados, Hearn participou de programas de pesquisa nas áreas de saúde e biologia da conservação no Brasil durante mais de 30 anos. Ele também já veio ao país várias vezes por conta de suas atividades na administração de universidades australianas e na direção da WUN. “Visitei e observei diversas universidades brasileiras, especialmente ao longo dos últimos anos”, conta. A lista inclui a própria Unicamp e também as Universidades de São Paulo (USP), de Brasília (UnB) e Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Fazendo a ressalva de que não é um especialista no assunto, mas apenas um “fã de longa data do Brasil”, Hearn diz acreditar que o país e suas melhores universidades estejam entrando em uma “nova era”. Ele explica as razões de seu otimismo: “Observei que o Brasil superou muitos obstáculos estruturais e sociais nos últimos cinco anos ao construir sua economia, reduzir as deficiências financeiras, investir em infraestrutura e exploração, e aumentar a inovação e a competitividade internacional”, destaca. “Em São Paulo, os investimentos do governo e de instituições estaduais, especialmente em engenharia, ciência e tecnologia, cresceram ano a ano.” A sensação que Hearn tem hoje em relação ao Brasil é a mesma que teve ao visitar a China há dez anos, quando identificou no país asiático um profundo sentimento de orgulho nacional e confiança combinado com liderança e planejamento estratégico. “Lembro-me da brincadeira que dizia que ‘o Brasil é o país do futuro – e sempre será’. Talvez a hora seja agora.” Embora reconheça que ainda há muitos desafios a ser superados, o australiano acredita que as universidades brasileiras podem contribuir plenamente para o “brilhante futuro do Brasil” por meio da formulação de políticas e iniciativas fundamentadas com foco em recursos naturais e humanos específicos do país. “O professor Tessler e eu estamos envolvidos em programas da OCDE que estudam esses processos e podem ajudar na compreensão e implementação dessa transferência de conhecimento para o desenvolvimento econômico”, acrescenta Hearn. “Esse é também um dos objetivos da WUN. É uma questão intrigante saber se as nossas mesmas parcerias dentro da rede poderão nos ensinar novos princípios que beneficiarão todos nós.”

No Brasil O diretor-executivo da WUN veio ao Brasil pela primeira vez em 1976, quando visitou as cidades de Brasília, Manaus e Rio de Janeiro como parte do trabalho que desenvolvia com o professor Milton Thiago de Mello, da UnB, sobre a biologia do sagui-comum (Callithrix jacchus) do nordeste da Amazônia. Com uma colônia desses macacos em seu laboratório, Hearn estudou primeiramente a fisiologia reprodutiva e depois a biologia de células-tronco dos animais – estudos que, segundo ele, originaram as descobertas relacionadas às células-tronco humanas na segunda metade dos anos 1990. “O fato de que o macaco sagui desempenhou um papel significativo no desenvolvimento da biologia de células-tronco humanas é amplamente não reconhecido”, comenta. Posteriormente, Hearn ajudou a estabelecer laboratórios de pesquisa em saúde e biologia da conservação em Natal e Recife. Ele também trabalhou estreitamente com o professor aposentado da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp Aníbal Faúndes em comitês e programas da Organização Mundial da Saúde (OMS).


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Campinas, 12 a 18 de março de 2012

IQ testa filmes finos para células solares de 3G Fotos: Antoninho Perri

Resultados foram tema de capa da revista Photochemical & Photobiology Sciences

Fotossíntese inspirou pesquisa

MARIA ALICE DA CRUZ

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halice@unicamp. br

rtigo dedicado à aplicação da técnica Layer-by-Layer (camada por camada) para fabricação de células solares fotoeletroquímicas orgânicas, assinado pelo doutorando do Instituto de Química (IQ) da Unicamp Luiz Carlos Pimentel Almeida, foi publicado na capa da revista Photochemical & Photobiology Sciences, da Royal Society of Chemistry, em novembro de 2011. De acordo com o autor, os resultados parciais de sua pesquisa de doutorado indicam que os filmes finos de multicamadas são candidatos promissores como camadas ativas de células fotovoltaicas orgânicas, importantes na conversão de energia solar em eletricidade. Uma das vantagens dos filmes, testados no Laboratório de Nanotecnologia e Energia Solar (LNES) do IQ, é a substituição das células convencionais do mercado, produzidas a partir de silício, por material orgânico. De acordo com a orientadora da tese de Almeida, Ana Flávia Nogueira, a técnica camada por camada já é utilizada na indústria, mas é inédita na experiência de conversão de energia. Os estudos ainda estão em fase laboratorial. De acordo com Ana Flávia, as células solares orgânicas são chamadas de células solares de terceira geração ou 3G, por utilizarem uma tecnologia recente, cujo início data da década de 1990. O grande interesse está no fato de as células solares orgânicas poderem ser produzidas por métodos mais baratos, como o desenvolvido até agora por Almeida em comparação com as convencionais (no caso das de silício). “O método de preparação é mais simples, e isso facilita a produção e diminui muito o custo”, reforça Ana Flávia. Ela explica que os dispositivos fotovoltaicos baseados em silício requerem temperaturas muito altas, processos de alto vácuo e isso encarece o uso da energia solar. Por isso a energia solar ainda não é barata no mundo todo, segundo a professora. Para a professora do IQ e colaboradora da pesquisa Teresa Atvars, além de o trabalho suprir o uso da energia solar como mecanismo para produzir energia elétrica, em discussão e aperfeiçoamento no mundo inteiro, ele possibilita a utilização de água como solvente. Ela explica que, na produção de dispositivos orgânicos para energia fotovoltaica, em geral, são usados solventes orgânicos. “Eles não dissolvem na água, então não conseguimos fazer a montagem do dispositivo. O uso da água é importante, pois tem baixíssima toxicidade e é ambientalmente correto do ponto de vista do impacto ambiental”, informa Teresa. Ela acrescenta que a grande novidade do trabalho é a combinação de fatores de tecnologia de produção ainda em escala de laboratório, que é ter sistema organizado, eficiente e que trabalhe com tecnologia limpa. “A Ana Flávia encontrou um processo, e muitos outros pesquisadores importantes buscam combinar processos que tenham baixo impacto ambiental. Essa busca envolve grandes laboratórios e empresas do mundo”, reforça a professora. Outra novidade nessa tecnologia de terceira geração é a possibilidade

O doutorando Luiz Carlos Pimentel Almeida (à esq.), a professora Ana Flávia Nogueira e Fábio Fabris, aluno de iniciação científica: métodos mais baratos

A professora Teresa Atvars: busca envolve grandes laboratórios e empresas do mundo

Dispositivo com filmes finos de multicamadas: estudos em fase laboratorial

de produzir uma célula solar flexível, de acordo com Teresa, pois a de silício não é dobrável. Mas o tipo de célula que está sendo montado por Ana Flávia e seus orientandos pode ser até mesmo enrolado se for montado em substrato de plástico. Segundo Teresa, recentemente um protótipo para carregador de celular foi desenvolvido a partir de filme plástico com possibilidade de ser enrolado, com menos peso que o de um carregador normal. “A facilidade é que ao abrir na mesa, é necessário somente colocar o celular sobre a ‘fita de bateria’, debaixo de uma lâmpada ou da luz do sol. Além da facilidade, a técnica elimina a ne-

cessidade das baterias convencionais, úteis, porém com descarte mais difícil”, acrescenta Teresa. A experiência ainda não atingiu a escala comercial, assim como a pesquisa de Almeida, mas já foi testada em escala de prova de conceito, segundo a professora. Por isso são chamadas de terceira geração, conforme Teresa, pois apesar de o silício ser muito importante no momento, a ciência caminha sempre para a frente e atualmente com os olhos voltados para a proteção ambiental. “As células de terceira geração estão na fase de desenvolvimento de ciência, acoplado ao desenvolvimento tecnológico, para mais para frente che-

gar a ser produto. Mas por enquanto os resultados são obtidos em escala laboratorial”, explica. Uma próxima etapa do projeto será conduzida pelo aluno de iniciação científica Fábio Fabris, em que ele estudará a aplicação de moléculas encontradas na fotossíntese, para crescer filmes finos.

.............................................................. ■ Publicação

L. C. P. Almeida, V. Zucolotto, R. A. Domingues, T. D. Z. Atvars and A. F. Nogueira. Photoelectrochemical, photophysical and morphological studies of electrostatic layer-by-layer thin films based on poly(p-phenylenevinylene) and single-walled carbon nanotubes. Photochemichal and Photobiological Science. 2011, 10, 1766-1772

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Almeida diz ter se inspirado no mais eficiente sistema de conversão da natureza, a fotossíntese. Ele explica que na fotossíntese, cada peça-chave é colocada numa determinada posição específica, numa organização espacial, e a técnica camada por camada também permite este tipo de organização. “Se pensarmos a partir da fotossíntese, conseguimos ter maior controle sobre a camada ativa dos dispositivos fotovoltaicos”, acrescenta Almeida. No método desenvolvido no IQ, ele acomodou uma camada de polímero, outra de nanotubo de carbono, assim por diante, obedecendo à ordem de uma carga negativa, outra positiva, não de forma aleatória, mas racional. “Juntas, essas camadas são carregadas, então o Luiz deposita polímero catiônico positivo, nanotubos de carbono negativo, e vai repetindo essas deposições até se atingir um número de camadas desejável, sendo o crescimento desses filmes ditado por interações eletrostáticas”, explica Ana. Ela acrescenta que a técnica é muito minuciosa, pois além da intercalação de cargas, existe o momento de lavagem do substrato e a posição correta das camadas, até chegar ao dispositivo ideal. “Minha proposta, logo de início, era sequenciar camadas desses materiais e, ao chegar ao laboratório, começamos a traçar o trabalho que teria como resultado final a montagem de dispositivo orgânico fotovoltaico”, explica Almeida. Após estudar o crescimento e a morfologia dos filmes, a professora Ana Flavia sugeriu a realização de ensaios fotoeletroquímicos, etapa que antecede a aplicação em células solares. Ela explica que a partir de estudos fotoeletroquímicos é possível estudar a direção da corrente elétrica nos dispositivos em desenvolvimento, uma medida chamada de cronoamperometria. Essa medida, segundo a orientadora, é uma das fundamentais no trabalho desenvolvido por Almeida.

Fomento Com recursos de instituições de fomento, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Conselho Nacional de Pesquisa e Tecnologia (CNPq), e também do Instituto Nacional de Eletrônica Orgânica, ao qual Teresa e Ana Flavia pertencem, a parceria dos laboratórios coordenados pelas professoras tem apresentado bons resultados, pois combina experiências e metodologias complementares. Para 2012, a expectativa é a liberação de recursos de aproximadamente R$ 1 milhão a ser empregados no funcionamento de laboratórios que poderão vir a ser referência em montagem e caracterização de células fotovoltaicas. No futuro, as professoras esperam que o Instituto de Química da Unicamp, por meio do LNES, se torne um centro importante com uma das melhores infraestruturas para a fabricação de dispositivos fotovoltaicos 3G no Brasil. “O LNES desenvolve toda a fase de estudo para avaliação das potencialidades dos materiais até a produção do dispositivo na escala de laboratório (não de protótipo). Se dermos um passo a mais no futuro, chegaremos à prototipagem. Mas, para isso, teremos que ter auxílio financeiro de outras partes, como empresas, por exemplo”, acrescenta Teresa.


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Campinas, 12 a 18 de março de 2012 Foto: Antoninho Perri

O economista Pedro Linhares Rossi, autor do estudo: “A taxa de câmbio brasileira é formada essencialmente no mercado derivativo, que é uma dimensão virtual e ultrafinanceirizada”

As conexões do mercado de câmbio Tese investiga as relações entre agentes e instituições que atuam no Brasil MANUEL ALVES FILHO

O

manuel@reitoria.unicamp.br

governo brasileiro iniciou o mês de março adotando uma nova medida dentro da guerra cambial. Determinou, via decreto, a elevação para 6% da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para empréstimos externos com prazo de até três anos. Objetivo é tentar conter a valorização do real frente ao dólar. “Se fôssemos comparar a guerra cambial a um jogo de futebol, eu diria que o Brasil está atuando no campo defensivo. A iniciativa não resolve todos os problemas, mas está na direção correta”, analisa o economista Pedro Linhares Rossi, que acaba de se doutorar pelo Instituto de Economia (IE) da Unicamp com um trabalho sobre a formação da taxa de câmbio no país. No estudo, orientado pelo professor Ricardo Carneiro, Rossi investiga de forma pormenorizada as conexões entre os vários agentes e instituições que atuam no mercado de câmbio. E conclui: a taxa de câmbio brasileira é formada essencialmente no mercado derivativo, que é uma dimensão “virtual e ultrafinanceirizada”. A se manter a tendência do jogo, conforme Rossi, a probabilidade é de que os países centrais, que ainda enfrentam as duras consequências

da crise, partam para o ataque. Às nações periféricas, entre elas o Brasil, restará reforçar a zaga. “É o que nos cabe fazer. Se a taxa de câmbio se valorizar muito, o país correrá o risco de perder tecido industrial. Ademais, taxa de câmbio elevada é incompatível com desenvolvimento de longo prazo. Em um cenário com câmbio muito apreciado, os produtos brasileiros perdem competitividade em relação aos estrangeiros. Há setores no país, como alguns segmentos manufatureiros, que já foram dizimados por causa disso. Eles perderam espaço para os produtos chineses, como pode ser constatado no comércio das médias e grandes cidades. A manutenção da taxa de câmbio em patamares exagerados tem efeito positivo apenas para o consumo de produtos importados e para quem, por exemplo, quer viajar ao exterior”, detalha e economista. Segundo o autor, o seu trabalho de doutorado segue a tradição da chamada Escola de Campinas, tanto do ponto de vista metodológico, pela importância dada ao contexto histórico-institucional e por sua ambição de ser diretamente aplicável à elaboração de políticas econômicas, quanto do ponto de vista teórico, por ressaltar a moeda como um ativo financeiro e elemento constitutivo do capitalismo, como é notório nas abordagens de Marx e Keynes. O economista considera que a conjuntura internacional atual revela a “disfuncionalidade” do sistema monetário internacional. “Os mercados financeiros – como os de câmbio, commodities e de ações – tornam-se extremamente voláteis e sujeitos a bolhas de preços, e as economias com altas taxas de juros, como o Brasil, sofrem de sobreapreciação de suas moedas. Não por acaso, assiste-se a uma disseminação dos controles de capital e de intervenções não coordenadas nos mercados de câmbio em países como o Brasil, Coréia, África do Sul, Turquia, Indonésia, Peru, Tailândia, Suíça e Japão.”

Quando a presidente Dilma Rousseff diz que o Brasil enfrenta um tsunami financeiro, ela quer dizer, segundo Rossi, que os países centrais estão injetando muito dinheiro no sistema. “Qual o problema disso? O problema é que sobra dinheiro nos países centrais, que passa a ser aplicado nos países periféricos, principalmente aqueles com taxas de juros elevadas, como é o caso do Brasil. Assim, os investidores tomam dinheiro emprestado a 1% e aplicam aqui a 10,5%. O rendimento é fantástico! A reação do governo para conter esse tipo de especulação vem na forma da imposição de barreiras, como o caso recente da elevação do IOF. Isoladamente, a medida não resolve o problema porque o mercado é muito complexo. Ainda é preciso fechar outras portas e vigiar a atuação dos agentes. Na minha tese, dentre outras coisas, eu procuro mostrar que o que promoveu a valorização do real foi a forte presença de estrangeiros e investidores institucionais especulando no mercado derivativo”, sustenta. Para melhor compreensão do que isso representa, o autor da tese oferece uma explicação do que vem a ser esse mercado derivativo, em termos menos técnicos. Dito de modo simplificado, trata-se de um mercado de apostas. Por hipótese: um estrangeiro chega ao Brasil para vender dólar no mercado futuro. Na prática, ele não está entrando com dinheiro, mas sim com uma aposta. Tal aposta pode ou não vir a se realizar. É uma abstração. Quando ocorre a venda maciça de dólar no mercado futuro, ocorre a valorização da taxa de câmbio futura. “Quando o dólar futuro fica barato, os bancos compram. E simultaneamente, vendem a moeda à vista. A essa operação nós damos o nome de ‘arbitragem’. Atualmente, são negociados todos os dias no mercado futuro perto de US$ 15 bilhões. No mercado à vista, esse valor cai para somente US$ 3 bilhões. Ou seja, existe uma grande

assimetria de liquidez entre eles. Na prática, é o mercado mais robusto que dá o preço. No caso brasileiro, é aí que se forma a taxa de câmbio”, esmiúça Rossi. Ainda no campo da analogia, o economista cita outro caso hipotético, este de um cidadão japonês que decide apostar no real contra o dólar, utilizando para isso as possibilidades oferecidas pela internet. Na realidade, ele não tem interesse na moeda brasileira. Tampouco possui a moeda norte-americana. O que ele deseja é auferir lucros com base nessa aposta, materializados na forma de ienes. “O mercado derivativo permite essa ação um tanto estranha de a pessoa vender o que não tem, comprar o que não quer e eventualmente ganhar o que deseja. Traduzindo, esse hipotético cidadão japonês tem a possibilidade de afetar a taxa de câmbio brasileira a partir do seu quarto. Isso é extremamente perverso. A formação da taxa de câmbio brasileira deveria ficar isenta dessas distorções financeiras. Ela deveria refletir muito mais o mercado a vista do que o mercado futuro”, considera Rossi. Na opinião do economista, nada indica que os países centrais conseguirão superar os efeitos da crise no curso prazo. Assim, é provável que eles aprofundem suas posições atuais, o que vai requerer do Brasil, de modo particular, ações de controle do mercado derivativo. “Penso que o país terá que se fechar em termos financeiros. Não estou defendendo um fechamento comercial, obviamente. Não é o caso. Mas temos que manter a nossa competitividade pela administração da taxa de câmbio. Qual a outra forma de se fazer isso? Seria deflagrar uma guerra comercial, cujas consequências são muito mais nocivas. Seria sobretaxar os produtos estrangeiros. Creio que os países optarão pela saída cambial. O problema é que não existe um fórum internacional adequado para discutir esse tipo de tema. Além disso, até aqui, essas questões têm sido tratadas isoladamente pelas na-

ções, quando o mais adequado seria conduzir as eventuais negociações de forma multilateral”. Para desenvolver a tese, Rossi realizou um exaustivo trabalho de campo. Ele entrevistou profissionais do mercado de câmbio, para compreender melhor a operacionalidade do setor, e ouviu representantes do Banco Central, Ministério da Fazenda e Tesouro Nacional. Também passou um período pesquisando junto à Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), órgão da ONU instalado em Genebra, na Suíça. O objetivo da Unctad é aumentar as oportunidades de comércio, investimento e progresso dos países em desenvolvimento, ajudando-os a enfrentar os desafios derivados da globalização e a integrar-se na economia mundial em condições equitativas. “Lá, eu tive acesso a uma importante base de dados e conversei com pesquisadores que vem tratando há bom tempo do tema da especulação com moedas. Penso que isso enriqueceu bastante a tese. Outra contribuição importante foram as discussões travadas no âmbito do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (Cecon) da Unicamp”, avalia o economista, que contou com bolsa de estudos concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), agência vinculada ao Ministério da Educação, e do Centro Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, órgão que conta com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Petrobras, Caixa Econômica Federal, Eletrobras e Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

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Tese: “Taxa de câmbio no Brasil: dinâmicas da especulação e da arbitragem” Autor: Pedro Linhares Rossi Orientador: Ricardo Carneiro Unidade: Instituto de Economia (IE)

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Campinas, 12 a 18 de março de 2012

Campinas, 12 a 18 de março de 2012

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Foto: Everaldo Silva

‘Brasil precisa dar à China a mesma atenção que dá aos EUA e à Europa’

O filósofo e cientista político José Augusto Guilhon Albuquerque, fellow do Centro de Estudos Avançados da Unicamp: “Não se pode dizer que exista uma parceria estratégica propriamente dita com a China”

Guilhon Albuquerque analisa as relações do governo brasileiro com o país asiático

O

Jornal da Unicamp – Diante da importância que ganharam as relações Brasil-China, poderia traçar um panorama que de como elas eram, como estão e como deverão ficar? José Augusto Guilhon Albuquerque – Voltando no tempo: o Brasil não reconheceu a então criada República Popular da China [1949] e manteve relações diplomáticas com Taiwan, para onde se transferiu o antigo regime nacionalista chinês (Kuomintag). Houve uma tentativa de reaproximação nos anos 60, no governo de João Goulart – que, como sabemos, estava em visita à China quando da tentativa de golpe para impedi-lo de assumir a Presidência. Naquela época, estavam-se estabelecendo relações comerciais entre os dois países. Por razões puramente políticas internas, o governo militar simplesmente prendeu e expulsou os diplomatas chineses que estavam no Brasil em missão comercial, foi um grande alvoroço. As relações com a China foram reatadas nos anos 70, no governo Geisel, reatamento que dizia mais respeito à relação do Brasil com os Estados Unidos: era um pouco para criar ou manter certo distanciamento do governo americano. Nos anos 90, entretanto, essa aproximação se tornou mais positiva, quando o governo Fernando Henrique lançou a ideia de uma parceria estratégica entre Brasil e China, visto que eram dois países em desenvolvimento, dois países continentais, dois países que lutavam pelo progresso econômico e social. Acontece que a parceria estratégica permaneceu muito mais como algo simbólico do que como uma realidade. Numa ocasião, o cônsul-geral do Japão me perguntou por que o Brasil dava tão mais importância para a China, quando seu país tinha muito mais investimentos aqui: ‘Por que vocês mandam os melhores diplomatas para a China e não para o Japão?’. Não há a menor dúvida de que a ideia da parceria estratégica tomou uma dimensão maior com o governo Lula, que dela tirou proveito no momento exato em que a China estava se tornando, entre os países emergentes, aquele que emergia mais rápido; no momento em que o comércio com a China estava crescendo e que o Brasil também crescia, ambos na sequência de todas as reformas e investimentos feitos nos dois países nos últimos 25 anos. O que era simbólico apenas, passou a ser dinamizado. Hoje o nosso principal parceiro comercial é a

LUIZ SUGIMOTO sugimoto@reitoria.unicamp.br

professor José Augusto Guilhon Albuquerque, titular aposentado da USP e referência obrigatória em relações internacionais, veio reforçar o Grupo de Estudos BrasilChina do Centro de Estudos Avançados China, que também é um grande investidor no Brasil, ainda que os investidores europeus continuem tendo maior peso e que os Estados Unidos, em termos de estoque de investimentos, continuem imbatíveis. Na verdade, ‘parceria estratégica’ é um termo bonito, mas simboliza o que não existe na realidade: o Brasil não tem qualquer interesse estratégico naquilo que é o maior interesse estratégico da China, que consiste no Leste e no Sudeste Asiáticos; então, não se pode dizer que exista uma parceria estratégica propriamente dita. Mas, lendo o que Lula tem dito nas visitas que fez à China, temos várias áreas em que existe uma confluência bastante grande de interesses e, por outro lado, questões que são radicalmente diferentes. Sem dúvida, o Brasil precisa dar à China uma atenção igual à que dá aos Estados Unidos, Europa e outros parceiros importantes. JU – O senhor acredita numa aproximação maior com a China também em outros campos, além do comercial? José Augusto Guilhon Albuquerque – Esta é a política que os dois governos tentam levar adiante. Por enquanto, acho que isso não depende apenas de política de governo, as relações ainda estão completamente limitadas aos setores governamentais e empresariais. Do ponto de vista social, existe o turismo, mas é um país longínquo, fica caro viajar para lá e vice-versa. Depois, existe a barreira da cultura, não tanto da língua, mas da maneira de olhar o mundo, de comportamento, etc. Um ponto que pode ser fundamental é que as elites não empresariais e não governamentais busquem essa aproximação, sobretudo a elite acadêmica. Embora esteja muito voltada para seus estudos, a academia acaba sempre compartilhando e divulgando conhecimentos, o que provavelmente vai acontecer, pois brasileiros e chineses estão interessados nisso. Uma barreira é que os dois países são muito autocentrados, voltados para o próprio umbigo. A China, durante milênios, sempre desconsiderou o seu entorno, enquanto que no Brasil, até dez anos atrás, relações internacionais eram coisa do Itamaraty, nem sequer do governo como um todo. Hoje já existe uma página internacional significativa nos jornais e várias câmaras de comércio procuram se dirigir à população. As coisas estão andando, e isso vai devagar.

(CEAv) da Unicamp, onde é fellow desde dezembro passado. Com uma formação considerada sui generis, o filósofo e cientista político se notabilizou por pesquisas e publicações em teoria política e comportamento eleitoral, política externa brasileira, integração regional, Mercosul e relações bilaterais com os EUA. Convencido de que a área de estudos Brasil-China vai se tornar uma das mais importantes – “se não a

JU – Falando agora de política externa de forma geral, e com um ano de governo Dilma, quais mudanças o senhor percebe em comparação ao governo Lula? José Augusto Guilhon Albuquerque – Acho que há mais continuidade do que mudanças. As alterações estão no detalhe, na ênfase e envoltas em reações mais para o público interno que para o público externo. Foram apontadas como mudanças na política externa as declarações da presidente sobre a questão dos direitos humanos no Irã – em resposta às críticas surgidas no período eleitoral por causa do apoio do governo Lula ao regime de Teerã e que teve repercussões nas pesquisas de opinião. Mas até agora o Brasil não apoiou nada condenando a questão dos direitos humanos e, quando a detentora do Nobel da Paz e refugiada política do Irã [Shirin Ebadi] aqui esteve, não foi recebida pela presidente. A questão dos direitos humanos em Cuba está nos jornais, não preciso nem comentar [essa entrevista foi concedida no dia seguinte à chegada de Dilma Rousseff a Havana].

mais importante” – das relações internacionais do país, afirma que seu ingresso no CEAv elevará seus próprios estudos sobre o tema a uma dimensão que ainda não possuem. Na entrevista que segue, o fellow comenta as relações do Brasil com a China e também com o resto do mundo, agora que Dilma Rousseff já completou um ano no lugar de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência.

preta com 700 milhões de dólares para distribuir – e isso é uma atitude política. Fazer doações, empréstimos com juros subsidiados para um país que não consegue empréstimos (ainda que a juros normais), é uma atitude política. Dizer que ‘não vou tratar de questões de direitos humanos’ é uma atitude política. Surgiu uma nova diplomacia, que é a diplomacia do ‘eu fico calado, não falo nada’. Os presidentes, quando fazem visitas oficiais, têm uma agenda própria que, na maioria das vezes, inclui relações também com a oposição, é quase uma regra. E, no caso do Brasil, mais de uma vez em visitas oficiais a Cuba, o representante brasileiro recebeu dissidentes. O governo cubano ficava chateado, brigava, mas são dois trabalhos: ficar chateado e deixar de ficar, pois isso

não incomoda o Brasil; incomoda uma parte da opinião brasileira, respeitável mas muito pequena, que acha mais importante a democracia cubana do que a democracia americana, por exemplo, fazendo uma opção entre as duas, quando uma nada tem a ver com a outra. JU – E o setor empresarial brasileiro, não teria interesse em investir em Cuba? José Augusto Guilhon Albuquerque – Pelo que sei, os investimentos espanhóis chegaram antes e são muito mais importantes que os investimentos brasileiros. E, aparentemente, também são mais bem-vindos. Existem alguns projetos de investimentos do Brasil, mas a economia cubana é muito pequena. A menos que o Brasil quisesse usar seus investimentos de uma maneira ‘impe-

rialista’, mas se daria mal. O papa, que não tem nenhum investimento lá, e a Espanha, que tem investimentos, conseguiram muito mais que o Brasil em termos de direitos humanos, influindo na política interna. E por que o Brasil não influi? Porque não quer. Se quisesse, influiria, pois desde quando o regime militar reatou as relações diplomáticas, o Brasil vinha sendo a única porta aberta a Cuba no continente. E havia uma expectativa de todos os países latinoamericanos de que seria pela mão do Brasil que Cuba voltaria, digamos, ao convívio do continente. Isso não aconteceu porque o Brasil, de certa forma, nem quis tentar. JU – E quanto aos vizinhos de baixo, Dilma deve manter uma relação mais fria, por exemplo, com a

Venezuela de Chaves? José Augusto Guilhon Albuquerque – Talvez não seja questão de uma relação mais fria, mas existe no continente uma expectativa – a não ser nos países da Alba [Alternativa Bolivariana para as Américas] – de que o Brasil seja uma espécie de moderador da Venezuela, que possa conter os exageros do presidente Chaves e dar um sentido mais positivo para a política regional, desempenhando o papel de diminuir conflitos, como por exemplo, entre Colômbia e Equador. Mas não se consegue isso sem fazer alguma forma de pressão. Quando se pede a um país amigo para interceder, é justamente por ser amigo que esse país deve interceder. Acho que o Brasil tem desempenhado, com relação à Venezuela, uma política de observador neutro. Mas se quer ter Foto: Alan Marques - Folhapress

JU – Em outra entrevista, o senhor disse que o Mercosul está sofrendo de paralisia. Esse acordo tem futuro? José Augusto Guilhon Albuquerque – O Mercosul está paralisado e a paralisia continua, quando o problema precisa ser encarado de frente: admitir a paralisia, diagnosticar o porquê e tentar contorná-la. Entretanto, o que tenho visto ultimamente, é que todas as propostas que aparecem são para dinamizar o Mercosul, como se ele já estivesse numa velocidade de cruzeiro. Isso não cola. Para dar uma arrancada, é preciso ligar o motor de arranque, não adianta colocar em quinta ou sexta marcha porque o carro não sai do lugar. JU – E nas relações com os Estados Unidos, vê mudanças? José Augusto Guilhon Albuquerque – As relações em geral são boas. Nunca foram tão boas. Também nunca houve atritos tão grandes em alguns momentos, justamente porque são próximos: dois irmãos brigam mais do que quaisquer outros, brigam no dia a dia, sobretudo quando jovens – e são dois países jovens. Acho que as relações não são melhores por culpa dos dois: os Estados Unidos não sabem explorar bem a sua relação com o Brasil e vice-versa. As relações seguem a linha da menor resistência, da inércia. A inércia é grande porque o Brasil decolou nos anos 90 e pode subir mais. Já os Estados Unidos estão praticamente sem crescimento, mas o volume estagnado é tão significativo que, mesmo que continue nesse passo, vai levar mais vinte anos para o

JU – Em uma entrevista, o senhor sugere que a presidente não tem a mesma pretensão de Lula de se tornar uma liderança internacional. José Augusto Guilhon Albuquerque – Claramente, a presidente Dilma não tem a política externa como sua prioridade. Nos oito anos em que participou do governo Lula, ela nunca demonstrou maior interesse nessa questão. E, nas oportunidades que tem tido para tomar uma atitude na política externa, ela claramente optou por não tomar. Ela mantém um low profile, quer dizer, um perfil modesto. Isso fica claro num fato: embora houvesse uma pressão muito grande para que tivesse como chanceler o então assessor de Relações Internacionais Marco Aurélio Garcia, a presidente optou por ter um diplomata de carreira [Antonio de Aguiar Patriota], o que pode significar uma diplomacia mais afinada com as tradições do Itamaraty. JU – Voltando a Cuba: Dilma Rousseff lá esteve alegando interesses apenas comerciais. O Brasil pode ser um parceiro importante da ilha nesta área? José Augusto Guilhon Albuquerque – É difícil dizer que a visita tenha sido sobretudo comercial. Na verdade, a presidente levou uma espécie de mala

um papel de liderança na América do Sul, tem que tomar posições. Ninguém lidera esperando todos falarem para dar a sua palavra no final.

país declinar. E eles continuam tendo a força de decolagem e um crescimento de 1%, que seja, é muito crescimento em relação ao Brasil. Algo análogo ocorre com a China, que se passar a crescer 3% ao ano, todos acharão uma catástrofe; mas a China crescer 3% é muita coisa. Acho que a presença do Brasil no mundo é tal, que os Estados Unidos não podem mais nos ignorar. O Brasil tenta ignorar os Estados Unidos, faz um esforço terrível para isso, mas não pode, ainda. A Europa está decadente, numa sinuca de bico, mas também não podemos esquecê-la e olhar para o outro lado. Não podemos esquecer a China. Não deveríamos esquecer a África, mas vamos continuar esquecendo, a meu ver, durante mais algum tempo. A África do Sul ganhou importância do ponto de vista político, mas do ponto de vista comercial tenta um acordo de livre comércio com o Brasil há 10 ou 15 anos e a coisa não anda. Acordo que o Brasil poderia firmar, se quisesse. JU – O Brasil e os outros emergentes realmente vão ganhar mais peso nas negociações internacionais? José Augusto Guilhon Albuquerque – Veja o que antes acontecia: as últimas crises do final do século passado e início deste século foram provocadas em países em desenvolvimento e solucionadas a partir dos países desenvolvidos. A solução veio de lá. Dos Estados Unidos vieram vários planos para resolver a crise asiática, depois a mexicana, depois a russa, depois a brasileira, e eles é que ajudaram a equilibrar a conta, sendo o FMI o grande ponto de referência. Hoje o FMI não é mais a referência porque a crise começou nos países grandes. E de tal maneira que, sem a

participação dos países emergentes, essa crise não seria equacionada – ainda não está, mas muito do que se atenuou da crise precisou do apoio dos emergentes. Vamos ver o que acontece com a crise do euro. Se houver uma depressão global, tal como está se anunciando, e se os países emergentes não souberem se proteger previamente, como a China está fazendo, então pode ser que essa debacle atinja os países em desenvolvimento: a Índia está com uma inflação muito alta, na China ela está caindo e no Brasil fica nesse sobe e desce, ninguém sabe para onde vai. JU – E como o senhor acha que o Brasil vai reagir? José Augusto Guilhon Albuquerque – Só Deus sabe. O problema é que não há transparência. Quando o governo brasileiro fala sobre a crise, fala como se estivesse numa campanha eleitoral. Nunca se sabe exatamente o que está sendo feito e o que se vai fazer. O ministro da Fazenda anuncia um crescimento de 5% e temos 0,5%, é uma brincadeira. Especialistas da área de juros acompanham tudo em detalhes, como se fossem sinólogos antigos: já que ninguém entende o que está escrito, ficam interpretando cada ideograma. Uns interpretam para mais, outros para menos, mas nada é transparente, nem o que se diz é o que se faz. Sinceramente, é difícil dizer como o Brasil vai reagir, precisamos de um sinólogo da economia. JU – O senhor é um otimista em relação ao Brasil? José Augusto Guilhon Albuquerque – Acho que ninguém sobreviveria no Brasil sem ser otimista. Sou otimista em relação ao Brasil, sou pessimista em relação à política brasileira.

QUEM É

Dilma Rousseff recebe o vice-primeiro chinês, Wang Oishan, no Palácio do Planalto, no último dia 13 de fevereiro: para Guilhon Albuquerque, presidente não tem a política externa como prioridade

José Augusto Guilhon Albuquerque é bacharel em Filosofia pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (hoje UFRJ), mestre e doutor em Sociologia do desenvolvimento pela Université Catholique de Louvain, livre-docente em Ciência Política pela USP – onde fundou e dirigiu o Departamento de Ciência Política e o Núcleo de Relações Internacionais. Professor titular aposentado da USP, atualmente é também diretor da Sociedade Brasileira de Estudos das Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet).

Guilhon Albuquerque é comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, comendador da Ordem do Ipiranga, oficial da Ordem do Mérito da Defesa e detentor do Prêmio Marcus Garvey de Pesquisa da OEA. Foi professor visitante na Cátedra Jacques Leclerq (Louvain), na Georgetown University, na Cátedra Brasil da Universidade Central de Venezuela, titular da Cátedra Rio Branco e Visiting Fellow no Royal Institute of International Affairs (Chatham House – Londres).


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Campinas, 12 a 18 de março de 2012

Distúrbios do sono afetam idosos que cuidam de idosos Problema é mais frequente do que em não cuidadores, aponta estudo desenvolvido na FCM RAQUEL DO CARMO SANTOS

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kel@unicam.br

studo desenvolvido na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) apontou que pessoas idosas que cuidam de outros idosos tendem a apresentar mais problemas relacionados à insônia em relação aos idosos que não possuem este tipo de responsabilidade. Os distúrbios do sono foram um diferencial na pesquisa que analisou dados de um questionário aplicado em um universo de 676 idosos cuidadores e não cuidadores das cidades de Campinas, Ivoti (Rio Grande do Sul) e Parnaíba (Piauí). A pesquisa foi proveniente do banco de dados eletrônico do estudo Fibra, cuja sigla define Rede de Estudos sobre Fragilidade em Idosos Brasileiros, um projeto que envolveu várias universidades brasileiras com o objetivo de estudar sobre fragilidade em idosos em aspectos socioeconômicos, psicológicos e sociais. Segundo a autora do estudo, a fisioterapeuta Monica Regina Scandiuzzi Valente Tomomitsu, os resultados foram surpreendentes,

visto que se esperava encontrar níveis altos de estresse e outros fatores psicológicos que afetam a satisfação de vida do idoso cuidador. “A responsabilidade de cuidador de outro idoso é grande em se considerando que a pessoa já encontra dificuldades em várias áreas por conta do envelhecimento. Por isso, o estudo nos trouxe algumas surpresas ao saber que os idosos cuidadores não são mais vulneráveis do que os não cuidadores, exceto quanto à qualidade do sono e à capacidade de desempenhar atividades rotineiras”, destaca Monica, que teve a orientação da professora Mônica Rodrigues Perracini. A porcentagem de idosos cuidadores no país é alta e cada vez aumenta o contingente de pessoas que precisam de cuidados na velhice. Estimativas apontam para um total de quase 30% de indivíduos com mais de 60 anos que se dedicam a cuidar de outro idoso. Estes números são maiores do que em países como o Reino Unido, por exemplo, em que a taxa gira em torno de 20%. Mônica Tomomitsu, cujo trabalho é pioneiro nesta área, justifica que, no Brasil, o contexto familiar é muito diferente, pois encontramos até três gerações morando em uma mesma casa. Diferentemente de outros países em que as pessoas saem do lar ainda jovem para morarem sozinhos. “A diferença é cultural e cada vez está mais comum um idoso cuidando de outro. Por isso, a importância de se entender a dinâmica e as características deste indivíduo”, argumenta. Em outra etapa da pesquisa, foram comparados os dados referentes ao estresse. Neste quesito, observouse que aqueles idosos cuidadores com maior nível de estresse e menor satisfação com a vida tinham mais

Foto: Antonio Scarpinetti

Nas n bas ca

propensão para doenças, fadiga, insônia e também mais limitações para o desempenho de atividades da vida diária, como tomar banho, se vestir e outras. Com isso, a fisioterapeuta acredita que estas condições juntas apontam para condições de saúde desfavoráveis. “Em outras palavras, o idoso cuidador pode desenvolver um quadro de estresse e de insatisfação com a vida e isto pode afetar a sua saúde física e psicológica”, esclarece. A questão socioeconômica também aparece nas comparações, revelando que a renda familiar contribui para um desfecho negativo sobre a qualidade de sono, as condições psicológicas, e o desempenho das atividades rotineiras. O estudo mostrou ainda que a tarefa é mais frequente entre as mulheres entre 65 e 74 anos e aqueles que possuem menor renda familiar. Nos dois grupos, os dados relativos ao relacionamento social foram parecidos, mas os homens tendem a ser mais isolados. Por outro lado, as mulheres apresentam mais sintomas de doenças. Há que se considerar que o estudo foi realizado de forma transversal e não longitudinal. “Ou seja, não se pode afirmar que existe uma relação de causa e efeito. É possível estabelecer as associações entre as variáveis, mas não definir se as condições estão relacionadas ao envelhecimento ou ao cuidado”, complementa a pesquisadora.

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Pesquisas apontam que, no Brasil, quase 30% dos indivíduos com mais de 60 anos se dedicam a cuidar de outro idoso

Tese: “Relações entre condições socioeconômicas, de saúde, psicossociais e satisfação com a vida em idosos cuidadores comparativos com não cuidadores” Autor: Monica Regina Scandiuzzi Valente Tomomitsu Orientador: Monica Rodrigues Perracini Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM)

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Ambiente na web ‘ensina’ estrutura de processamento Foto: Antoninho Perri

Estudantes de graduação podem seguir passo a passo a execução de uma instrução A experiência difícil na graduação, sobretudo no que diz respeito ao aprendizado de arquitetura de computadores, fez com que a analista de sistemas Adriane Belle decidisse facilitar o ensino do conteúdo ao propor um ambiente computacional, disponibilizado via web, com representações ilustrativas do assunto. Adriane deu o nome de ModPro ao ambiente, composto por módulos ou componentes que permitem ao professor ensinar e mostrar de forma animada o funcionamento de um processador. “O conteúdo sobre estrutura de processamento só existe em livro didático. A disciplina é extremamente teórica e de difícil abordagem para o docente e, consequentemente, complexa para o aluno. São detalhes muito específicos. Há um grau enorme de dificuldade para o entendimento das minúcias do funcionamento de um processador”, explica Adriane. Neste sentido, ela desenvolveu um ambiente computacional, formado por uma biblioteca composta de módulos específicos,

Adriane Belle, autora da dissertação, com o professor José Raimundo de Oliveira, orientador: representações ilustrativas

tais como, registradores, memória e outros, que podem ser conectados através de um barramento para formar diversas estruturas de processamento. Este ambiente é voltado aos alunos de graduação que tenham na grade de disciplinas a arquitetura de computadores. Os dados do projeto constam da

dissertação de mestrado apresentada por Adriane na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC), sob orientação do professor José Raimundo de Oliveira. O ModPro foi testado pelo orientador do estudo em aulas de graduação da FEEC. “A forma como o ambiente foi configurado permite uma percep-

ção visual melhor dos componentes do processador, pois os estudantes podem acompanhar cada passo da execução de uma instrução, visualizando os componentes envolvidos, bem como o que acontece em cada um destes componentes”, esclarece a analista. Segundo Adriane, o ambiente

consiste em uma alternativa aos recursos estáticos e que necessitam de longas explicações. Ainda assim, conta, dificilmente os alunos saem com uma concepção de como exatamente funciona o sistema. Ela argumenta também que a tecnologia dos processadores tem crescido muito nos últimos anos e as opções para o aprendizado devem seguir na mesma direção. O ModPro é composto por um simulador, denominado SimPro, que exibe de forma animada, passo a passo, ou em tempo real, o fluxo de dados e de sinais dentro da estrutura de processamento estudada. O SimPro foi desenvolvido em linguagem Javascript. Também é composto por um emulador, chamado EmuPro, que contém os mesmos módulos do SimPro, mas foi desenvolvido em hardware. Com este recurso, os alunos podem, em laboratório, validar a estrutura desenvolvida em classe. A intenção dos pesquisadores é disponibilizar, em breve, o material para o público em geral. Desta forma, todos os cursos na área de Tecnologia de Informação que mantêm este tipo de conteúdo na grade curricular poderão fazer uso da ferramenta de apoio. (R.C.S.)

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Dissertação: “Um ambiente computacional para apoio ao ensino de estrutura de processamento” Autor: Adriane Belle Orientador: José Raimundo de Oliveira Unidade: Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC)

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Campinas, 12 a 18 de março de 2012

Pesquisas associam poluição em rodovias a doenças respiratórias Fotos: Divulgação

Levantamento foi realizado em sete municípios cortados pela Fernão Dias e Dom Pedro I ISABEL GARDENAL

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tráfego nas rodovias Fernão Dias (144.828 veículos por semana) e Dom Pedro I (48.867 veículos por semana) pode estar contribuindo para a deterioração da qualidade do ar nos sete municípios de abrangência da Área de Proteção Ambiental do Sistema Cantareira (APA), que são Mairiporã, Atibaia, Nazaré Paulista, Piracaia, Joanópolis, Vargem e Bragança Paulista. A conclusão é da mestre Cerise Rocha de Jesus em sua dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM). Por conta disso, provavelmente as médias de internação por doenças respiratórias foram superiores às verificadas no Estado de São Paulo (veja tabela nesta página) no período de 1998 a 2008. Os dados de tráfego coletados nas rodovias dentro da APA, nesse período de dez anos, demonstraram que essas rodovias emitem significativas quantidades de poluentes na atmosfera. O intenso tráfego nelas foi o responsável pelas emissões de poluentes que, somadas, chegaram a um volume semanal de 1.203,55 t na Fernão Dias e de 14,20 t na Dom Pedro I. Na pesquisa, foram apuradas 25.573 internações de adultos e crianças por enfermidades respiratórias no período avaliado, correspondendo a 12% do total das enfermidades registradas. Observou-se na investigação, por exemplo, em alguns anos, um comportamento anormal principalmente nos meses de março, agosto e outubro, significando que nas estações quentes pode haver um aumento expressivo das internações. De acordo com os dados obtidos, sistematizados e analisados, verificou-se uma correlação entre doenças respiratórias e os fatores climatológicos. Uma possível explicação para esse resultado seria a contribuição do fenômeno climático La Niña (oposto ao El Niño, corresponde ao resfriamento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental, formando uma piscina de águas frias). Outra explicação seria que essa região está muito próxima de mananciais, reservatórios e remanescentes de Mata Atlântica, favorecendo uma temperatura mais agradável no verão e mais gelada no inverno. As emissões foram representativas, constata a pesquisadora, principalmente quando comparadas a outros municípios, como as da Região Metropolitana de Campinas. Em 2009, no caso, essas emissões foram estimadas pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) em 295,99 t de monóxido de carbono (CO). Para a rodovia Dom Pedro I, obteve-se um valor de 1.216,1 t ao ano. “A despeito disso, a amostra do tráfego da rodovia Fernão Dias mostrou-se pequena para estimar a média de emissões de poluentes. Mas, ao se comparar o volume diário de emissões com a Dom Pedro I, percebeu-se que o tráfego da primeira emite um volume maior, exibindo os valores diários de 171,94 t, enquanto, nesta última, 2,02 t, de todos os poluentes”, informa a autora.

Entroncamento das rodovias Dom Pedro I e Fernão Dias, no município de Atibaia: cidade tem alto número de internações causadas por problemas respiratórios

Cerise Rocha de Jesus, autora da dissertação: estudo pode ser feito em qualquer rodovia

Bairro Jardim do Trevo, em Atibaia, que fica às margens das rodovias Dom Pedro I e Fernão Dias: moradores recebem carga maior de poluentes

Evolução da média do número de casos de doenças do aparelho respiratório por 100 mil habitantes Morbidade hospitalar do SUS por local de residência: nos municípios da APA Cantareira no período de 1998 a 2007 Município

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

Atibaia Bragança Paulista Joanópolis Mairiporã Nazaré Paulista Piracaia Vargem São Paulo

491 1187 1475 793 1481 1400 584 317

572 1075 1173 741 1153 1326 728 325

661 904 799 542 1077 1248 862 365

528 914 1084 442 521 1039 899 348

527 747 619 506 609 1323 686 407

433 536 593 677 789 1262 603 498

484 635 1136 809 428 1128 432 496

438 526 688 742 716 1065 396 495

386 494 643 989 765 1090 312 504

356 599 829 1081 717 1399 134 535

765

762

755

709

687

692

662

618

635

647

Estado de S.P

Fonte: Elaboração própria a partir do Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) e IBGE - Estimativas populacionais, 2010

Durante as análises de internações por doenças respiratórias, verificou-se que Atibaia em particular mostrou picos de internação durante o verão, sendo que normalmente eles ocorrem durante o inverno. “Este município é considerado saturado pela Cetesb para o poluente ozônio”, diz a pesquisadora. O ozônio é um poluente secundário que se forma a partir de outros compostos orgânicos voláteis, os óxidos de nitrogênio, na presença de luz solar. O nitrogênio é liberado na queima incompleta e evaporação de combustíveis e de solventes. O ozônio, ensina ela, pode estar contribuindo com o aumento das internações em Atibaia. Na data de medição realizada pela Cetesb, Atibaia foi classificada como área saturada severa para o ozônio (240 µg/m3). Essa classificação entra no segundo maior valor diário dos últimos três anos (2007, 2008 e 2009), sendo que, para as áreas em via de saturação, o

valor é de 144 µg/m3 e abaixo disso é considerada não saturada. O Padrão Nacional de Qualidade do Ar para o ozônio é de 160 µg/m3 (padrão de 1 hora). A poluição do ar provocada pelo setor de transportes, explica a autora do trabalho, aumenta o risco de alergias, acentua sintomas de doenças preexistentes em cardíacos e em pessoas com doenças respiratórias, principalmente nos grupos mais sensíveis – crianças e idosos. Das doenças que afetam o sistema respiratório, a pneumonia, a bronquite, a asma e as doenças das vias aéreas, devido à poeira orgânica, foram as que mais causaram internações na população da APA Cantareira, comportamento bastante semelhante ao visto na cidade de São Paulo.

Implicações A melhoria na qualidade dos combustíveis, o uso de fontes renováveis

de energias, as tecnologias incorporadas aos veículos e as políticas de prevenção da poluição atmosférica têm contribuído muito para a sua redução no mundo. Entretanto, elas ainda não têm sido suficientes para solucionar os problemas relacionados à poluição, a priori nos grandes centros urbanos, onde diversas exterioridades colaboram para o seu agravamento, como por exemplo os aspectos climáticos, a alta densidade demográfica e as concentrações de carros e de indústrias. “Não basta saber que as rodovias Fernão Dias e Dom Pedro I são responsáveis por um grande volume de emissões de poluentes e que essa poluição pode afetar a saúde humana. É preciso saber o quanto as pessoas residentes próximas a elas são afetadas. Nesse sentido, a minha pesquisa não dá uma resposta afirmativa, mas hipotética”, expõe Cerise. No Brasil, são escassas investigações que enfatizam as emissões

atmosféricas nas rodovias, porém a busca pelo aperfeiçoamento é fundamental, esclarece a pesquisadora. “A proposta é a realização de estudos de aferição dos poluentes nas rodovias e nos bairros que as margeiam, com o intuito de saber a intensidade das emissões. Somente depois disso poderá ser feita uma correlação com as doenças que afetam a saúde humana.” A dissertação, orientada pela professora e pesquisadora Sonia Regina da Cal Seixas, que atua no Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam), evidenciou a necessidade de um monitoramento nas rodovias. “Isso auxiliaria na elaboração de políticas públicas para o gerenciamento de emissões dentro dos limites estipulados pela legislação brasileira, reduzindo os impactos que eles podem causar à saúde das pessoas que residem próximas às rodovias”, acredita a mestranda. “Lamentavelmente, ainda não foi possível quantificar os impactos à saúde humana a partir da estimativa das emissões, em razão das múltiplas variáveis que envolvem a temática – ambientais, tecnológicas e humanas.”

Atualidade No Brasil, diversos estudos estão sendo feitos no momento, os quais traçam uma correlação entre emissões de poluentes e saúde. No entanto, o diferencial do trabalho de Cerise, embora traçando o mesmo tipo de correlação, esteve em avaliar a ocorrência de emissões de poluentes nas rodovias e os efeitos deletérios à saúde, algo inédito no país, salienta a professora Sonia Seixas. No trabalho, foram coletados e analisados os dados de fluxos das rodovias Dom Pedro I no período de 1998 a 2008 e Fernão Dias de 18 a 24 de fevereiro e de 26 de fevereiro a 4 de março de 1997. A mestranda ressalva que, em 1997, ainda não havia sido implantado o sistema de pedágio na rodovia Fernão Dias e, por isso, as contagens de veículos eram feitas em pontos estratégicos dessa rodovia. Ela conta que não lançou mão de um aferidor de poluentes nas rodovias para fazer essa identificação. Para fazer a estimativa, empregou uma metodologia já conhecida, o Bottomup, que permite a quantificação das emissões de poluentes separadamente. Sua principal função é dar visibilidade ao crescimento da demanda em rotas específicas. Para estimar as emissões, foi necessário saber o número de veículos por dia, o fator de emissão do poluente estudado e a quilometragem média percorrida. Os poluentes investigados foram o monóxido de carbono (CO), os hidrocarbonetos (HC), os óxidos de nitrogênio (NOx), os óxidos de enxofre (SOx) e o material particulado (MP). A mestranda realça que não existe um epicentro dos poluentes. O que nota-se, em alguns trechos das rodovias, é um maior volume de carros e uma densidade demográfica mais acentuada, caracterizando maiores impactos nessas regiões. Uma particularidade: no município de Atibaia, as duas rodovias se cruzam e nesse entroncamento está o bairro Jardim do Trevo. Os moradores das imediações recebem uma carga poluidora mais elevada, proveniente das duas estradas. “A boa notícia é que o meu estudo demonstrou que pode ser desenvolvido em qualquer rodovia, sobretudo porque o transporte brasileiro é basicamente rodoviário, tendo uma pequena participação de outros modais”, contribui a autora do estudo.

.............................................................. ■ Publicação

Dissertação: “Estimativa da emissão de poluentes pelo setor de transporte e análise das ocorrências de doenças respiratórias na área de Proteção Ambiental do Sistema Cantareira” Autora: Cerise Rocha de Jesus Orientadora: Sônia Regina da Cal Seixas Unidade: Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM)

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10 Vida Teses da semana Painel da semana Teses da semana Livro da semana Destaques do Portal da Unicamp

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Campinas, 12 a 18 de março de 2012

Painel da semana  PRG lança editais de apoio aos alunos para eventos acadêmicos e esportivos A Pró-reitoria de Graduação (PRG) lança quatro editais para que os graduandos da Unicamp organizem ou participem de eventos acadêmicos e esportivos, cada qual no valor global de R$ 25 mil, reservando o total de R$ 100 mil para apoio a essas atividades apenas no primeiro semestre. Dois editais destinam-se ao apoio de atividades de intercâmbio didático-científicocultural, dentro e fora da Universidade; e dois editais (interno e externo) para eventos esportivos de caráter acadêmico, tais como torneios entre unidades, entre cursos ou entre universidades. O período para submissão de propostas prossegue até 15 de março, visando aos eventos realizados de 1º de abril a 30 de junho. Até o início de abril serão lançados os editais para o segundo semestre, referentes às atividades que vão de 1º de julho a 31 de dezembro. Mais: http://www.unicamp.br/ unicamp/divulgacao/2012/02/14/prg-lancaeditais-de-apoio-aos-alunos-para-eventosacademicos-e-esportivos  (EA)² recebe inscrições para o programa Tope - Projeto desenvolvido pelo Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)² com o apoio das Pró-reitorias de Graduação (PRG) e de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac), o programa “Tope: Todos podem ensinar e todos podem aprender” objetiva oferecer cursos informais de curta duração, de segunda a sexta-feira, das 12 às 14 ou das 18 às 19 horas. Os cursos podem ser voltados para qualquer assunto que desperte o interesse da comunidade: aviões de papel, filmes de “stop motion”, ábacos, mágica, vídeo games, etc. A participação é voluntária e aberta para a comunidade da Unicamp. Interessados em ministrar e/ou assistir aos cursos podem se inscrever, até 30 de março, no link http://www.ea2.unicamp. br/joomla/index.php/eventos/projetos/31tope-todos-podem-ensinar  A História da alimentação sob uma perspectiva arqueológica - Palestra será proferida pelo professor Antonio Aguilera, da Universidade de Barcelona, dia 12 de março, às 16 horas, na Sala da Congregação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). A debatedora será a professora Margarida Maria de Carvalho

(Unesp-Franca). O evento é organizado pelos professores Pedro Paulo Funari (CEAv) e Aline Vieira de Carvalho. As inscrições devem ser feitas no local com até 30 minutos de antecedência.  II Workshop Inovação - O Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Unicamp realiza entre 13 e 14 de março, no Auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), o II Workshop Inovação para o Estabelecimento do Setor de Energia Solar Fotovoltaica no Brasil Inova FV. O objetivo do evento é reunir especialistas e profissionais de empresas, governo e instituições de pesquisa nacionais para acompanhar os avanços, desafios e desdobramentos após um ano da realização do primeiro Inova FV, em março de 2011. Mais informações: http:// www.nipeunicamp.org.br/inovafv/  Red Bull Paper Wings - O Campeonato Mundial de Aviões de Papel mobilizará alunos da Unicamp no dia 14 de março, às 14 horas, no Ginásio Multidisciplinar da Unicamp (GMU). Os estudantes podem se inscrever para duas categorias: tempo de voo e distância. Na primeira categoria, ganha o avião que permanecer no ar por mais tempo. Já na distância, vence quem voar mais longe. O Brasil é bicampeão da competição, que já teve outras duas edições, em 2006 e 2009. As inscrições para o Red Bull Paper Wings são gratuitas. Os interessados devem se apresentar para o check-in no local da prova, com uma (1) hora de antecedência. O melhor brasileiro de cada categoria carimba seu passaporte para a final mundial da competição, que acontece em maio, na Áustria. Mais informações: http://www.redbullpaperwings. com/pt/event/unicamp-campinas-sp  Inscrições para a Cipa - A Comissão Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho (Cipa) recebe, de 14 a 30 de março, as inscrições de novos cipeiros. Podem ser feitas, das 9 às 17 horas, no Sesmt-Funcamp. Mais informações: cipa@ funcamp.unicamp.br  Palestra com Christine Brunner - A diretora da Biblioteca Pública de Stuttgart, Christine Brunner, profere palestra no dia 15 de março, às 10h30, no Auditório II da Diretoria Geral da Administração ( DGA). Brunner é vice-diretora do Sistema de Bibliotecas Públicas de Stuttgart, especialista em construção e mobiliário para bibliotecas e em gerenciamento de bibliotecas públicas. O auditório da DGA fica na Praça das Bandeiras 45. O evento contará com tradução simultânea. A entrada é livre com vagas limitadas. Inscrições: e-mail: ednacol@unicamp.br . Outras informações: 19-3521-6502.  Desenhos Ocultos/ Desejos Velados - Exposição do artista plástico Ricardo Morelatto fica na Galeria de Arte do Instituto de Artes (IA), até 15 de março. Nos 20 trabalhos da mostra, o artista apresenta imagens que formam um verdadeiro alfabeto visual em diferentes suportes e dimensões e criadas a partir de técnicas de velar/revelar desenvolvidas pelo autor. Entrada franca.

Eventos futuros  Fórum de Arte e Cultura - Evento ocorre no dia 20 de março, às 9 horas, no Centro de Convenções da Unicamp. Tratará do tema “Perspectivas da WEB Rádio na comunicação atual”. Programação e outras informações no site http://foruns.

bc.unicamp.br/arte/foruns_arte.php  Fórum de Empreendedorismo e Inovação – Evento discutirá o tema “Gestão para a inovação na indústria eletrônica: ecossistemas organizacionais e capital intelectual”. Será realizado no dia 21 de março, às 9 horas, no Centro de Convenções da Unicamp. Programação e outras informações no link http://foruns. bc.unicamp.br/empreen/foruns_empreen. php  Doador Universitário 2012 - A primeira coleta de sangue da edição 2012 do Projeto Doador Universitário ocorre no dia 21 de março, das 8 às 12 horas, no Estacionamento do Instituto de Física “Gleb Wataghin” (IFGW). Para efetuar a doação, o voluntário deve apresentar documento de identidade com foto (RG) e endereço completo (inclusive CEP). A doação é um ato voluntário de amor, de solidariedade e de garantia de vidas. O ato de doar não acarreta qualquer risco ao doador. As doações também podem ser feitas no Hemocentro, de segunda a sábado, inclusive feriados, das 7h30 às 15 horas. Conheça o cronograma coletas de 2012 em http://www.unicamp.br/ unicamp/unicamp_hoje/sala_imprensa/ cronograma2012.php  Lançamento - Cristina Iwabe-Marchese, doutoranda pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, é a organizadora do livro “Fisioterapia Neurofuncional: aspectos clínicos e práticos” (Editora CRV). A publicação será lançada no dia 21 de março, às 19 horas, na Livraria Cultura em Campinas. O evento é aberto ao público. A livraria fica no andar térreo do Shopping Center Iguatemi-Campinas. Informações: 193751-4033.  Fórum de Ciência e Tecnologia Evento com o tema “O Engenheiro, a Universidade e o Sistema Confea-CREA” acontece no dia 22 de março, às 9 horas, no Centro de Convenções. Mais detalhes podem ser obtidos no site http://foruns. bc.unicamp.br/tecno/foruns_tecno.php  Fórum de Meio Ambiente e Sociedade - Com a temática “A Produção de alimentos, energia e serviços ambientais no espaço rural e a resiliência dos ecossistemas do planeta”, o encontro será realizado no dia 23 de março, às 9 horas, no Centro de Convenções. Mais informações na página eletrônica: http://foruns. bc.unicamp.br/energia/foruns_energia. php  Semana de Pesquisa da FCM - Até 25 de março, a Faculdade de Ciências Médicas (FCM) receberá trabalhos para serem apresentados na Semana de Pesquisa da FCM. O evento ocorre de 28 a 31 maio com a participação de todos os seus departamentos. A semana foi proposta pela Câmara de Pesquisa e visa promover a divulgação da produção científica da FCM entre os docentes, alunos de graduação, de pós-graduação e residentes. Os pôsteres serão apresentados no Espaço das Artes e haverá visita guiada e premiação de trabalhos. Mais informações no site: http://www. fcm.unicamp.br/semanapesq/index.php  Fórum da SEH - O Fórum “Processar artigos de uso único - uma polêmica de saúde” ocorre no dia 26 de março, das 8h30 às 17h30, no auditório da Diretoria Geral da Administração (DGA). A organização é da Seção de Epidemiologia Hospitalar da Unicamp (SEH). Outras informações: 19-3521-7054.

 Simpósio Lean Enterprise e Lean Healthcare – Os simpósios Lean Enterprise e Lean Healthcare serão realizados no dia 29 de março, a partir das 9 horas, no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). A primeira videoconferência contará com a participação de Earll Murman, diretor do Lean Advancement Initiative (LAI) Educational Network (EdNet) do MIT e autor do livro “Lean Enterprise Value: Insights from MIT s Lean Aerospace Initiative”. A segunda videoconferência terá a participação de Richard B. Lewis II, diretor-executivo do LAI no MIT e ex-diretor de operações da Rolls-Royce Corporation. A organização é do Laboratório Logística em Ensino, Pesquisa e Divulgação Científica (Lepedic). Inscrições online até 26 de março. Programação e valores de investimento estão disponíveis no link http://www. lepedic.com.br/eventos/simposiolean%20

Tese da semana  Computação - “Codificação de vídeo baseada em fractais e representações esparsas” (mestrado). Candidato: Vitor de Lima. Orientador: professor Hélio Pedrini. Dia 12 de março, às 14 horas, no auditório do IC.  Geociências - “O (re)conhecimento das Geociências nos Estados do Meio no ensino fundamental I: contribuição das práticas pedagógicas para a integração curricular” (mestrado). Candidata: Lívia Andreosi Salles de Oliveira. Orientadora: professora Denise de La Corte Bacci. Dia 13 de março, às 10 horas, no auditório do IG. - “Filosofia, arte e ciência na geografia de Alexander Von Humboldt” (doutorado). Candidato: Roberison Wittgenstein Dias da Silveira. Orientador: professor Antonio Carlos Vitte. Dia 13 de março, às 14 horas, no auditório do IG.  Humanas - “Virtude, direito, moralidade e justiça em Schopenhauer” (mestrado). Candidato: Felipe dos Santos Durante. Orientador: professor Oswaldo Giacoia Junior. Dia 14 de março, às 12 horas, na sala de projeções do IFCH. Linguagem - “Escritas do suporte” (mestrado). Candidata: Ligia Maria Winter. Orientador: professor Fabio Akcelrud Durão. Dia 14 de março, às 14 horas, na sala de defesa de teses do IEL.  Matemática, Estatística e Computação Científica - “Identidades polinomiais em álgebras matriciais sobre a álgebra de Grassmann” (doutorado). Candidato: Thiago Castilho de Mello. Orientador: professor Pplamen Kochloukov. Dia 16 de março, às 14 horas, na sala 253 do Imecc. - “Empacotamento em quadráticas” (doutorado). Candidato: Hector Flores Callisaya. Orientador: professor José Mario Martinez. Dia 16 de março, às 14 horas, na sala 121 do Imecc.  Química - “Aplicações da espectrometria de massas em caracterização e quantificação de matrizes biológicas” (mestrado). Candidata: Andréia de Melo Porcari. Orientador: professor Marcos Nogueira Eberlin. Dia 12 de março, às 9 horas, no miniauditório do IQ. “Fotofísica de blendas do copolímero fluoreno fenileno-vinileno (PFO-MEHPV) com o poli(vinilcarbazol)” (mestrado). Candidata: Bruna Medeci Amorim Bonon. Orientadora: professora Teresa Dib Zambon Atvars. Dia 16 de março, às 14h30, no miniauditório do IQ.

Livro

da semana

Eletrodinâmica de Ampère

Análise do significado e da evolução da força de Ampère, juntamente com a tradução comentada de sua principal obra sobre eletrodinâmica Autores: André Koch Torres Assis e João Paulo Martins de Castro Chaib ISBN: 978-85-268-0938-3 Ficha técnica: 1a edição, 2011; 600 páginas; formato: 21 x 28 cm; peso: 1,350 kg Área de interesse: Física Preço: R$ 76,00 Sinopse: André-Marie Ampère foi um dos cientistas mais importantes da história da física. Maxwell, por exemplo, fez a seguinte avaliação: “A investigação experimental por meio da qual Ampère estabeleceu as leis da ação mecânica entre correntes elétricas é um dos feitos mais brilhantes na ciência. O conjunto de teoria e experiência parece como que se tivesse pulado, crescido e armado do cérebro do ‘Newton da eletricidade’. Ele é perfeito na forma, de precisão irrefutável e está resumido em uma fórmula a partir da qual todos os fenômenos podem ser deduzidos, e tem sempre que permanecer como a fórmula cardeal da eletrodinâmica”. Este livro apresenta o caminho histórico seguido por Ampère para chegar a essa fórmula e as controvérsias em que o autor se envolveu. Apresenta ainda uma tradução completa e comentada de sua obra mais relevante, intitulada Teoria dos fenômenos eletrodinâmicos, deduzida unicamente da experiência. Ela foi publicada em 1826 e tem sido comparada por muitos autores com a obra-prima de Newton, o livro Princípios matemáticos de filosofia natural. Autores: André Koch Torres Assis é professor do Instituto de Física da Unicamp desde 1989. Publicou diversos livros em português e inglês, destacando-se as obras Mecânica relacional, A força elétrica de uma corrente e Eletrodinâmica de Weber, com o qual recebeu o Prêmio Jabuti de 1996. Já publicou traduções de obras de Arquimedes, Maxwell e Newton João Paulo Martins De Castro Chaib obteve seu doutorado pelo Instituto de Física da Unicamp, trabalhando com a eletrodinâmica de Ampère. Publicou diversos artigos sobre a história da física e suas aplicações no ensino. É professor da Universidade Católica de Brasília.

DESTAQUES do Portal da Unicamp

Graduação recebe grupo de seis professores especialistas visitantes 5/3/2012 – Uma reunião na manhã do último dia 5 marcou as boas-vindas ao novo grupo de docentes do programa “Professor Especialista Visitante em Graduação”. Seis professores das áreas de humanas, tecnológicas e biológicas foram recebidos pelo pró-reitor de Graduação, Marcelo Knobel, e pela assessora da Pró-Reitoria de Graduação (PRG) Gabriela Celani. Este é o terceiro semestre do programa, que tem como objetivo trazer para a Graduação a experiência de profissionais com atuação relevante em diferentes áreas. “Nossos critérios para a escolha dos professores levam em conta em primeiro lugar o currículo do profissional, depois procuramos avaliar quantos alunos serão beneficiados e as demandas que precisamos suprir em determinado curso”, explica Celani. Segundo a assessora, os professores visitantes especialistas oferecem complementação curricular em cursos que duram um semestre, e que envolvem conteúdos considerados importantes pelos coordenadores de cursos e docentes. “Pode ser uma demanda do mercado ou até mesmo algum assunto em pauta na mídia”, complementa. O carioca Edgard Pedreira de Cerqueira Neto, por exemplo, pretende en-

Foto: Antonio Scarpinetti

Os docentes são recebidos por Gabriela Celani (à esq.) e Marcelo Knobel (segundo, da esq. para a dir.): especialistas oferecem complementação curricular sinar os alunos dos cursos de Gestão da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), de Limeira, uma metodologia internacional de gerenciamento de projetos “com padrão de classe mundial”. Neto é aposentado da Petrobrás, trabalhou no desenvolvimento da Bacia de Campos, e atua como empresário e consultor em inteligência na Gestão de Projetos e “coaching”, que é o termo utilizado para definir o treinamento de empresários para atingir melhores resultados nos ne-

gócios. Ele tem livros publicados sobre o tema e é um profissional certificado pelo Project Management Institute (PMI), credencial reconhecida mundialmente na área de Gerenciamento de Projetos. O curso de História da Unicamp vai ganhar o reforço de Carlos Dias, diretor do Acervo Histórico da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Dias também foi o organizador do acervo que “conta” a história do poder público no Brasil desde o período colonial.

De acordo com ele, uma contribuição importante será debater com os alunos da Unicamp o que ele considera ser um processo de “transição”. “Estamos vivendo uma época de democratização da documentação pública, com a qual o profissional precisa aprender a lidar. É uma satisfação estar na Unicamp e poder contar a minha experiência” avalia. Para Leandro Nunes de Castro, professor especialista visitante na Faculdade de Tecnologia (FT), em Limeira, o

programa tem um significado especial. Docente da área de Tecnologia da Informação e da disciplina de Computação Natural, Castro está de volta à Unicamp depois de ter feito mestrado e doutorado na Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (Feec). “Trazer a minha experiência é uma forma de devolver à universidade um pouco do que ela fez por mim”. O pró-reitor Marcelo Knobel afirma que o programa atende a uma antiga demanda de aproximação da Universidade com o mercado de trabalho. “Conseguimos trazer para a Universidade novas ideias e uma diversidade de visões que têm beneficiado muito os estudantes. O programa está se consolidando”. Propostas A Pró-Reitoria de Graduação recebe até o dia 16 de março as propostas para o quarto edital do programa Professor Especialista Visitante em Graduação. As inscrições são feitas pelas unidades de Ensino e Pesquisa. As propostas são avaliadas por uma comissão na PRG. No último edital foram enviadas 12 propostas, das quais seis foram aceitas, nenhuma qualificada na área de exatas. (Patrícia Lauretti)


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Campinas, 12 a 18 de março de 2012 Foto: Daniele Theodoro Ostroschi

Criança atendida na Apae-Campinas, onde trabalha a pesquisadora: protocolo pode ser aplicado na rotina do atendimento da instituição

Uma ferramenta para crianças com alterações neuromotoras Fonoaudióloga desenvolve projeto piloto na Apae no âmbito de mestrado pro�issional ISABEL GARDENAL

O

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Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação Prof. Dr. Gabriel O. S. Porto (Cepre) da Unicamp acaba de atestar a eficácia do protocolo Pedi (Pediatric Evaluation of Disability Inventory) para a área de Fonoaudiologia (seu uso é majoritariamente nas áreas de Fisioterapia e Terapia Ocupacional). O instrumento servirá de apoio ao acompanhamento terapêutico de crianças entre seis meses e 7,6 anos com alterações neuromotoras, entre as quais paralisia cerebral e atraso do desenvolvimento psicomotor. O projeto piloto foi desenvolvido na Apae-Campinas – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais junto ao Setor de Estimulação Precoce – pela fonoaudióloga Daniele Theodoro Ostroschi, dentro do Programa de Mestrado Profissional Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação do Cepre da Faculdade de Ciências Médicas (FCM). Além do protocolo, a pesquisadora chegou à caracterização do perfil dos cuidadores do estudo, que foram, neste caso, predominantemente mães (88%), coincidindo com dados da literatura que mostram a mulher como principal cuidadora. “Outros cuidadores foram os avós (6%) e os pais (3%)”, conta. A pesquisa também indicou que tanto os pais como os profissionais têm uma visão convergente acerca do desenvolvimento dessas crianças. A fonoaudióloga observou aspectos como a interação social e a comunicação das crianças sob a ótica de familiares (ou cuidadores) e do fonoaudiólogo, por serem as pessoas que mais conhecem a criança. Foi realizado um piloto do estudo, tocado por

Daniele com o apoio de uma fisioterapeuta e de uma terapeuta ocupacional que atuam na Apae-Campinas. Segundo ela, o Pedi foi traduzido e validado pela professora de terapia ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Marisa Cota Mancini. Daniele avaliou, por meio de um questionário com 65 questões, familiares e cuidadores de 38 crianças de 12 a 36 meses com alteração neuromotora e fatores de risco para o desenvolvimento atendidas no Setor de Estimulação Precoce da Apae, onde é funcionária há cerca de três anos. A pesquisa ocorreu no período de 2009 a 2011. A mestranda comenta que o Pedi, criado nos Estados Unidos, é um manual idealizado para avaliar o desenvolvimento infantil em seu cotidiano e que pode ser aplicado de várias formas. Ao abordar a interação social, o instrumento propõe questões como se essa criança se relaciona com outras pessoas – com os membros da família e com os amigos da mesma idade –, se ela brinca com outras crianças, se a brincadeira permanece, se brinca com adultos, se os imita, etc. Na questão de comunicação, por exemplo, investiga se ela entende e executa ordens, se pede ajuda, se é capaz de compreender comando de duas etapas (pegar um objeto e levar na mesa; pegar um copo e levar em cima da pia) e se executa os conceitos de cima, baixo, dentro, fora. “Essa ferramenta foi feita para aplicar em crianças com dificuldades em algumas habilidades, porém não se trata de um fato alarmante”, tranquiliza Daniele, já que pais e profissionais trabalham em parceria. O manual exibe inclusive exemplos a serem apresentados aos entrevistados para facilitar a compreensão e evitar diferentes ideias acerca das mesmas perguntas. Esses exemplos foram os mesmos no estudo, para não se notarem discrepâncias. Quando as respostas do responsável pela criança e do profissional foram discordantes, uma possível explicação foi que, às vezes, a criança não tem o mesmo comportamento no contexto de terapia e em casa. De acordo com Daniele, é por isso que nas respostas às questões do manual a família pode dar como habilidade aquilo que o profissional desconhece, e vice-versa. “A gente vê o quanto é valiosa esta colaboração, porque a criança fica na instituição apenas uma hora duas vezes por semana.”

Pontos salientes Com relação à distribuição do

Foto: Antoninho Perri

A orientadora, professora Regina Yu Shon Chun (à esq.), e a autora da pesquisa, Daniele Theodoro Ostroschi: caracterizando o perfil dos cuidadores

diagnóstico, em geral as crianças apresentavam paralisia cerebral por várias causas, dentre elas prematuridade extrema e hipóxia neonatal. Também verificou-se que, além das mães terem sido os responsáveis que mais acompanhavam os filhos nas consultas, elas tinham ensino médio completo e idade entre 19 e 45 anos, fora da faixa de risco, que é abaixo de 18 anos ou acima de 45, esclarece a fonoaudióloga. A mestranda averiguou que os vários critérios de risco (gestantes com idade mais elevada ou questão de risco social, como grau educacional dos familiares e número de filhos) não foram identificados nas mães das crianças estudadas. Por outro lado, a amostra apontou que as crianças realmente tinham alguns atrasos na interação social e na comunicação, embora isso já fosse esperado, pelo fato de serem especiais. “Elas marcaram valores de referência abaixo dos obtidos no protocolo, concebido para crianças com um desenvolvimento normal.” Para Daniele, foi prazeroso apurar que os familiares acreditam no trabalho do fonoaudiólogo, procuram seguir as suas orientações e o quanto trazem elementos novos para as intervenções. “Mudamos o olhar, vendo que não é só o profissional que sabe o que está fazendo. Precisamos de participação.” A orientadora da dissertação, a professora da FCM Regina Yu Shon Chun, ao abordar o valor da pesquisa de Daniele, lembra que o Programa de Mestrado Profissional atingiu um de seus propósitos, que foi o de possibilitar ao profissional que está em serviço, como é o caso de sua orientanda, refletir sobre a sua própria prática. Como a Apae é referência em

Campinas e região no atendimento às crianças de risco, expõe ela, este setor tem grande demanda e por isso precisa de instrumentos para auxiliarem nesse trabalho. “A fonoaudiologia apresenta carência em protocolos padronizados para avaliação. Logo, esta iniciativa é pioneira. Preenche uma lacuna como avaliação complementar e traz a visão do sujeito que, no caso são os pais, articulada à visão do profissional”, frisa Regina Yu. “Se pensarmos no valor da atuação junto a essas crianças que, com o avanço da ciência, cada vez permite maior sobrevida, então essa dissertação tem apelo social e científico.” A extensão dessa abordagem, conta Daniele, já era do interesse da coordenação do Setor de Estimulação Precoce da Apae. O intuito era aplicar esse protocolo na rotina do atendimento e norteá-lo às necessidades da criança para chegar às próximas etapas de desenvolvimento. A propósito, os itens do manual sugerem etapas a serem vencidas até que haja a alta. É o caso da criança nomear uma palavra para depois nomear duas até montar uma frase com cinco ou mais elementos. Espera-se que, no processo terapêutico, a criança conquiste novos avanços. A escala estudada vai de zero, se a criança não tem aquela habilidade, a 1, quando tem. Em cada questão, esse escore é somado, chegando-se a um total na função investigada. “Um percentual esperado, que varia consoante à pergunta e à faixa etária, é comparado às respostas dos pais e do profissional avaliador. Sabe-se que existe um atraso ao cotejá-lo ainda com o manual”, esclarece Daniele. Esse protocolo proporciona o cruzamento de informações do pro-

fissional e dos cuidadores. Como ele fica arquivado, dá para acompanhar os avanços da criança quantitativamente e possibilitar o olhar dos diferentes profissionais para compreender se estão falando a mesma linguagem. “Se a fisioterapia vê apenas se a criança está andando; a TO, as atividades manuais; e a fonoaudiologia, como está falando, vamos ter uma criança fragmentada. A ideia é olhá-la como um todo: o que ela pode oferecer à sociedade e à sua própria qualidade de vida”, salienta a mestranda.

Fatores de risco A Apae-Campinas atende crianças com alterações neuromotoras como paralisia cerebral, síndrome de Down, síndrome de Arnold Chiari e síndrome de Cri-Du-Chat (síndrome do miado do gato), entre outras. Atualmente, a instituição assiste mais de mil crianças, que passam ali para atendimento de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, psicologia, pedagogia e outras áreas. O Setor de Estimulação Precoce está sediado dentro do Programa Ambulatório da instituição. Outros pilares são a escola, a área de diversidade e o programa de colocação profissional. Além da Apae, outro polo de atendimento a crianças com fatores de riscos para desenvolvimento localizase no Ambulatório CRDI-Fênix do Hospital Municipal Dr. Mário Gatti, em Campinas, que lida com bebês de risco prematuros de baixo peso, múltiplas síndromes e quadro de desnutrição da mãe e da criança, foco de estudo de outra dissertação defendida no Mestrado Profissional por Denise Sayuri Maruo sobre a análise das práticas de humanização do SUS. Da Maternidade Campinas, os recém-nascidos de risco são encaminhados ao Ambulatório Fênix e de lá são conduzidos à Apae-Campinas ou ao Centro de Reabilitação Souzas. “Temos hoje 108 pacientes no Setor de Estimulação Precoce. Esse número deve aumentar”, dimensiona Daniele, fato que reitera a propriedade de estudos como este.

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Tese: “Interação social e comunicação de crianças com alteração neuromotora na ótica de familiares/ cuidadores e do fonoaudiólogo” Autora: Daniele Theodoro Ostroschi Orientadora: Regina Yu Shon Chun Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM)

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12 Jornal daUnicamp Campinas, 12 a 18 de março de 2012

O que

Fotos: Divulgação

‘dizem’ OS PSITACÍDEOS

Tese investiga a comunicação sonora de aves como papagaios, periquitos e araras do Cerrado MANUEL ALVES FILHO

E

manuel@reitoria.unicamp.br

ntre os anos de 1825 e 1829, o francês Hercules Florence, um dos pioneiros da fotografia no mundo, participou da expedição do naturalista alemão Georg Heinrich von Langsdorff, que percorreu o interior do Brasil. Desenhista refinado, a missão de Florence era fazer o registro iconográfico da aventura científica. Além de reproduzir elementos da natureza e os índios, ele também registrou os cantos dos pássaros por meio de transcrições musicais. Deu o pontapé inicial, por assim dizer, para os estudos de bioacústica tanto por estas plagas quanto no mundo. Atualmente, os cientistas ocupados em investigar a comunicação sonora animal dispõem de recursos mais refinados, como gravadores digitais e softwares. “Trata-se de uma área de investigação relativamente nova. Avançamos bem em termos de conhecimento, mas ainda é preciso progredir muito mais”, afirma o biólogo Carlos Barros de Araújo, que pesquisa a comunicação sonora dos psitacídeos (araras, papagaios, periquitos, calopsitas etc), especificamente os que vivem no Cerrado brasileiro. Recentemente, Araújo concluiu tese de doutorado sobre o tema, apresentada ao Instituto de Biologia (IB) da Unicamp. Ele foi orientado pelos professores Jacques Vielliard, falecido em agosto de 2010, e Luiz Octavio Marcondes Machado, ambos da Unicamp, além do professor Gabriel Costa, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O trabalho, que aprofundou a abordagem feita por ele no mestrado, analisou o padrão da comunicação e a relação deste com a alimentação de 15 espécies de psitacídeos. O biólogo identificou, via modelo matemático e por meio de medidas realizadas do solo, que o “diálogo” entre algumas espécies pode ocorrer a distâncias de até 1,5 quilômetro. “Normalmente, os animais dormem em bandos únicos. De dia, eles se espalham, provavelmente para tornar a busca por alimentação mais eficiente. Assim, a comunicação a grande distância serve basicamente para agregá-los durante o dia e principalmente ao final da tarde, uma vez que as espécies pernoitam em grandes dormitórios comuns”, detalha. Um aspecto importante também detectado por Araújo é a interferência da perturbação ambiental (ruídos urbanos) na comunicação sonora dessas aves. Por conta do problema, adverte o especialista, essa comunicação vem sendo brutalmente reduzida. “Nossos modelos preveem uma redução de 1.500% na distância de comuni-

cação de algumas espécies!”. Quando não, os animais são forçados a mudar seu canto. “Muitas espécies passam a cantar em frequências mais agudas e com uma maior intensidade quando submetidas a ruídos de grande intensidade”, relata. No Brasil, conforme o pesquisador, não há leis específicas que protejam os psitacídeos ou outras espécies desse tipo de interferência, ao contrário do que ocorre na Europa. Lá, é comum a colocação e barreiras acústicas em rodovias ou avenidas que cortam ou passam ao lado de áreas habitadas ou onde há fauna representativa. Desse modo, o som dos veículos é refletido e retorna ao ponto da emissão, sem afetar o bioma. O pesquisador indica a necessidade de criação desse tipo de legislação por aqui, dado o potencial impacto que o ruído pode ter na biologia das espécies. Em relação ao comportamento alimentar das espécies investigadas, Araújo diz ter encontrado um gradiente. Assim, há desde aves especialistas que comem somente o fruto do buriti (um tipo de palmeira) tal como o Maracanã-do-buriti, até aquelas generalistas que ingerem uma ampla gama de itens alimentares, tal como a maritaca ou periquitos, que conseguem se adaptar com certa facilidade aos ambientes antrópicos. Ao pesquisar o padrão de alimentação dos psitacídeos, Araújo aproveitou os dados para tentar melhorar os modelos de previsão da distribuição geográfica das espécies. Ao cruzar informações alimentares com as características físicas dos ambientes, ele percebeu que o modelo se tornava mais refinado. “Entretanto, há alguns aspectos que ainda precisam ser aperfeiçoados. Estou neste momento discutindo essa questão com meu coorientador, Gabriel Costa”, observa o autor da tese. E qual a importância de se investigar a comunicação sonora e o comportamento alimentar dos psitacídeos? De acordo com Araújo, quanto mais a ciência sabe sobre eles, mais condições tem de estudar e propor ações que possam contribuir para preservá-los. O biólogo lembra que araras e papagaios estão entre as espécies mais ameaçadas de extinção no mundo. Ademais, no Brasil, estão entre os alvos preferenciais dos contrabandistas de animais, como a mídia mostra de forma recorrente. O especialista reconhece, no entanto, que

Periquito se alimenta em paineira, no Cerrado: estudos aprimoram os modelos de previsão da distribuição geográfica das espécies

os conhecimentos gerados pela bioacústica ainda têm sido pouco utilizados, sobretudo no país, para a formulação de políticas públicas ou mesmo para a definição de manejos que objetivem preservar essas ou outras espécies. “Isso pode estar relacionado, de certa forma, à dificuldade em se estudar o grupo. Até 2005, nós tínhamos muito pouca informação sobre os psitacídeos. Atualmente, temos alguns grupos dedicados ao estudo das espécies, como o da Unicamp, liderado pelo agora aposentado professor Luiz Octavio Marcondes Machado. Há também pesquisadores do Mato Grosso e do Pará que estão realizando trabalhos importantes na área. Esse esforço tem sido recompensado, pois hoje temos mais informações sobre comunicação, alimentação e reprodução das aves. Descobrimos muitas coisas, mas temos muito mais a descobrir”, analisa o autor da tese. No que toca especificamente a comunicação sonora dos psitacídeos, Araújo destaca que já foi possível identificar que cada nota emitida pelas espécies tem um con-

texto específico, como sinal de agregação ou sinalização de sentinela. “No segundo caso, um indivíduo normalmente fica na copa da árvore observando a presença de predadores e emitindo um som de intensidade baixa, possivelmente para avisar aos demais membros do bando da presença de um sentinela. Quando um predador de fato se aproxima, é o sentinela que emite uma nota de alarme, de alta intensidade, para avisar aos demais”. Os grandes desafios a serem superados dentro desse campo de investigação, no entender do biólogo, são a escassez de tempo e a falta infraestrutura, principalmente a humana. Araújo assinala que o Brasil já perdeu algumas espécies de aves por causa da degradação da natureza e de outras ações do homem. A ararinha azul de Spix, por exemplo, que ocorria na caatinga nordestina, já não pode mais ser encontrada na natureza. Atualmente, existem pouquíssimos espécimes vivendo em cativeiro. Em relação ao Cerrado, existem previsões de que em 2030 a

vegetação seria restrita a reservas, que hoje representam somente 2% da distribuição original. “Estamos correndo contra o tempo. O Brasil conta com mais de 1.800 espécies de aves. Essa diversidade demandaria o trabalho de um grande número de ornitólogos. A Inglaterra, que soma apenas 400 espécies, tem um número de profissionais muito maior do que o nosso”, compara o biólogo, que contou com bolsas de estudos concedidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), órgão vinculado ao Ministério da Educação, e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Pioneirismo Araújo é discípulo do professor Jacques Vielliard, pioneiro da bioacústica no Brasil. O docente foi convidado para trabalhar na Unicamp por Zeferino Vaz, fundador da Universidade, na década 70, quando começava a ganhar força na França o debate em torno do meio ambiente. Graduado em Ciências pela Universidade de Paris (1967), com mestrado em Ecologia pela Ecole Normale Supérieure (Paris, 1968) e doutorado em Ecologia pela mesma instituição (Paris, 1971), Vielliard criou o Laboratório de Bioacústica na Unicamp e deu início a pesquisas importantes na área. “Atualmente, quem atua com bioacústica no Brasil, com poucas exceções, ou trabalhou com o Jacques ou com algum aluno dele”, afirma o autor da tese. Para o biólogo, Vielliard era uma pessoa fantástica e tinha uma mente brilhante. “No início a gente se assustava um pouco com a personalidade dele. Era uma pessoa muito direta e fazia críticas muito objetivas, das quais não tínhamos como fugir. Depois que passava essa primeira impressão, porém, tudo ficava bem. O professor Jacques tinha uma cabeça que estava sempre à frente da de qualquer outro, e dava orientações precisas. Mesmo que o trabalho fosse de um orientando, ele sempre estava adiantado em relação ao pensamento desse aluno. A morte dele representou uma perda muito grande para a ornitologia e a bioacústica do país. Sem ele, penso que regredimos muito. Não vai ser fácil recuperar isso, mas cabe a nós tentarmos”, entende Araújo. Com isso em mente, pesquisadores ligados ao professor Vielliard conseguiram trazer para o Brasil a próxima edição do Congresso Internacional de Bioacústica (IBAC), a ser realizado em Ilhabela, em 2013. Jacques Vielliard morreu no dia 9 de agosto de 2010, em Belém, no Pará, onde foi sepultado. Graças a um convênio firmado entre a Unicamp e a Universidade Federal do Pará (UFPA), apoiado pela iniciativa privada, o docente iniciou, em 2008, a digitalização do seu acervo composto por cerca de 30 mil gravações contendo sons da natureza, de aves, sapos, insetos e mamíferos. A coleção é considerada a quinta maior do gênero no mundo, e a maior ao sul do Equador. “Quando o trabalho estiver concluído, os conteúdos das gravações poderão ser acessados pela internet de qualquer parte do planeta”, disse o cientista francês em 2008, em tom entusiasmado, ao Jornal da Unicamp. O site da coleção já se encontra parcialmente no ar, graças ao esforço dos professores Wesley Silva e Felipe Toledo (IB), em conjunto com o Laboratório de Sistemas de Informação (IC), além de colaboradores de longa data como Milena Corbo, ex-aluna do professor Jacques, a quem ele se referia como seu braço direito. “Uma pena Jacques não ter vivido para ver seu sonho tornandose realidade!”, lamenta Araújo.

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O biólogo Carlos Araújo, em trabalho de campo: ampliar o conhecimento sobre as espécies pode ajudar na proposição de ações de preservação

Tese: “Psitacídeos do Cerrado: Sua alimentação, comunicação sonora e aspectos bióticos e abióticos de sua distribuição potencial” Autor: Carlos Barros Araújo Orientador: Luiz Octavio Marcondes Machado Coorientadores: Jacques Vielliard e Gabriel Costa Unidade: Instituto de Biologia (IB)

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