Revista Expoagro 2020

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Destaque

Afubra 65 anos de comprometimento

Novidade

Prêmio Afubra/ Nimeq abre mais uma categoria

Feira

Expoagro Afubra chega à 20ª edição


CERTIFICADO DE AUTORIZAÇÃO SECAP Nº 06.005153/2019

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PALAVRA DO COORDENADOR

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Uma Expoagro Afubra para valorizar a família do campo Quatro dias para comemorar os 20 anos da Feira e os 65 anos da Afubra Foto: Junio Nunes

Chegamos à vigésima edição da Expoagro Afubra. A novidade para esta edição comemorativa é a ampliação do período de realização da feira, que passa para quatro dias. Para oportunizar um maior número de visitantes, tivemos de ampliar a estrutura do local, em cujas obras ainda estamos trabalhando. Ampliamos o estacionamento e queremos organizá-lo de forma a facilitar o acesso de entrada e saída de veículos. O pavilhão das agroindústrias também foi ampliado para receber até 200 expositores. Sua estrutura inclui sala de reuniões, salas destinadas a uso de instituições, sala da administração e banheiros. Também reforçamos a estrutura de fornecimento de energia e de água em todo o parque, calçamos ruas e realizamos melhorias nos pontos de alimentação. Esses investimentos, realizados a cada edição, buscam facilitar o trabalho dos expositores e a circulação dos visitantes. O tema da feira, “valorização do agricultor, do campo à cidade”, foi definido a partir da trajetória das 19 edições anteriores, que, buscando alternativas de diversificação para os produtores rurais, mostram sua realidade, mas projetam um olhar futuro, reiterando o compromisso fundamental do setor produtivo rural com a sociedade e o país. Na programação de 2020, destacamos: Espaço cultural: desenvolvimento de atividades interativas entre jovens do Projeto Verde é Vida, do Programa Crescer

Marco Antonio Dornelles – coordenador geral

Legal e das Cooperativas Escolares, através da realização do Fórum de Educação Rural; Arena da Inovação: exposição de “startups para o meio rural”, que são empresas associadas a tecnologias que impulsionam a produção agropecuária. Essa área vai inovar e dinamizar a forma de exposição aos visitantes; 7ª edição do Prêmio Afubra/Nimeq de Inovação Tecnológica em Máquinas para Agricultura Familiar: inclusão de nova categoria de pesquisa e desenvolvimento para alunos de escolas agrícolas e universidades; Agroindústria Familiar: ampliação do espaço de exposição para favorecer maior número de agroindústrias expositoras;

Fórum de Diversificação, com coordenação do COREDE Vale do Rio Pardo: organização e discussão sobre o desenvolvimento de nossa região, com base na agropecuária; Seminário de Turismo Rural, coordenado pela ATURVARP - valorização e empreendedorismo do turismo do meio rural, com exemplos de atividades realizadas em nossa região; Exposição e leilão de animais; Realização do Dia do Arroz, com o IRGA; Tecnologias para a agricultura familiar: estandes da Emater e da Embrapa têm programações variadas; Atos comemorativos, programados para o quarto dia de realização da feira, dia 21/03/2020: os 20 anos da Expoagro Afubra e os 65 anos da Afubra. Por ser sábado, é a oportunidade de os visitantes da cidade participarem, conhecerem a realidade e a importância do produtor rural e reconhecerem a atividade agropecuária como geradora de trabalho no meio rural e a grande propulsora de nossa economia. Por fim, gostaria de deixar registrado meus agradecimentos aos patrocinadores, aos expositores, às empresas e instituições de segurança, saúde e à imprensa. A todos, uma boa e comemorativa feira. Aos agricultores e à comunidade em geral, um convite especial para participarem da 20ª edição da Expoagro Afubra, de 18 a 21 de março de 2020. Estaremos de abraços abertos para bem recebê-los.

SERVIÇO/20ª EXPOAGRO AFUBRA Quando: 18, 19, 20 e 21 de março de 2020 Onde: Parque da Expoagro Afubra – BR 471, km 161, Rincão del Rey, Rio Pardo/RS Horário: 8 às 18 horas, com entrada franca Ônibus grátis: de hora em hora, a partir das 8h, fazendo o trajeto de ida e volta, da matriz da Afubra (Rua Júlio de Castilhos, Santa Cruz do Sul) até o Parque da Expoagro Afubra. De Rio Pardo, um horário na parte da manhã, com saída em frente ao escritório da Emater. Expositores: mais de 400, entre empresas, instituições e entidades.

Alimentação: dois restaurantes com buffet, uma alaminuta e quatro lancherias Estacionamento interno: 10 mil veículos Informações: Site: www.afubra.com.br E-mail: expoagro@afubra.com.br Atrações: Exposição de máquinas e equipamentos, lavouras demonstrativas, Dinâmica de Máquinas, Dia do Arroz, Piscicultura, Animais (ovinos, gado de corte e de leite, aves), Seminário de Turismo Rural, Fórum de Diversificação, palestras técnicas, avicultura colonial, Usina de Biodiesel, Quintais Orgânicos, Agroindústrias Familiares, Espaço Cultural, Hortaliças, Área Florestal, entre outras.


PALAVRA DO PRESIDENTE

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Muito a comemorar! Trajetória da Afubra está alicerçada nas bandeiras definidas pelos fundadores Foto: Arquivo/Afubra

Em 2020, a Afubra terá muito a comemorar: em 17/01, o Coral da Afubra completará 25 anos; em 21/03, a entidade fará 65 anos de fundação; em março, sem data fixa (as edições acontecem anualmente, mas em diferentes datas), a Expoagro Afubra fechará 20 anos de atuação; e, em agosto, o Coro Masculino completará 10 anos. Outras atividades, como o Projeto Verde é Vida, por exemplo, são desenvolvidas há bastante tempo e, embora não mencionadas, têm suas datas comemorativas em destaque e são valorizadas por sua atuação. Desde a fundação da Afubra, a preocupação com o meio ambiente é uma das bandeiras de atuação da entidade, assim como a diversificação de culturas. Embora o principal ramo de atuação seja na área do tabaco, a entidade sempre promoveu a diversificação, pois entende que a monocultura não contribui para a sustentabilidade da propriedade rural e para a melhoria de vida do fumicultor. Tanto é verdade que, logo depois de sua fundação, a entidade criou o departamento de fomento agropecuário, com o propósito de comercializar tão-somente produtos voltados à diversificação de culturas. Já constava à época, no estatuto social, ser objetivo da entidade “manter, com entidades congêneres, relações de cooperação e cordialidade“. Esses propósitos foram o alicerce para consolidar a construção de reciprocidade, de respeito e de apoio mútuo mantidos com inúmeras instituições públicas e privadas. A Expoagro Afubra é a evolução das atividades realizadas na área de promoção da diversificação. Começou, timidamente, com a realização de dias de campo, que continuam a ocorrer, mas cresceram para um empreendimento maior. Na primeira edição, realizada em 2001, tivemos 64 expositores e dois mil visitantes. Realizada, ininterruptamente, desde então, a feira conquista, a cada ano, mais expositores e visitantes. Ainda assim, pelo espaço e estrutura do evento, não temos como expandir. Surgiu, então, a ideia de ampliar o número de dias de realização da feira, passando de três para quatro dias. Na edição de 2019, tivemos 432 expositores e 112.000 visitantes. Para atender esse público crescente,

Benício Albano Werner - Presidente

grandes investimentos foram necessários ao longo dos anos. Diversas estruturas fixas foram construídas para oferecer um local que abrigasse a todos, fornecendo-lhes condições de desenvolver suas atividades com conforto e bem-estar. Na edição passada, inauguramos parte do pavilhão destinado a abrigar as agroindústrias. Com a destinação de recursos governamentais, arregimentados por emenda parlamentar do deputado Heitor Schuch, e com a contribuição do governo do Estado, através de suas secretarias específicas de incentivo à diversificação, conseguimos proporcionar um local para as agroindústrias oferecerem seus produtos aos visitantes. Outros investimentos continuam a ser feitos, de acordo às necessidades que se apresentam. Mas nada seria possível fazer sozinho. Ao chegarmos à vigésima edição desse evento, não temos como não lembrar o apoio recebido. a) Lavouras Demonstrativas: Algumas instituições já começam a trabalhar meses antes do evento, como a Emater, a Embrapa, o Irga, como também alguns expositores, que precisam preparar as lavouras demonstrativas, semeando e/ou plantando, de forma a que as culturas estejam em bom desenvolvimento e em condições para apreciação dos produtores. b) Apoio Institucional: A Fetag, a Farsul, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a Universidade de Santa Cruz

do Sul (UNISC), a Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Prefeitura de Rio Pardo auxiliam no desenvolvimento de projetos diversos. c) Aporte Financeiro: Para cobrir as despesas de realização do evento, temos a colaboração de patrocinadores, categorias ouro, prata e bronze, cujo apoio financeiro é essencial. Sem ele, já não poderíamos realizar um evento dessa magnitude. Os expositores também são muito importantes, pois pagam pelo estande que ocupam. O governo do Estado do Rio Grande do Sul continua apoiando financeiramente a presença das agroindústrias, com considerável valor. As empresas do ramo de tabaco também apoiam a parte logística, ofertando transporte gratuito das mais diversas regiões dos três Estados do Sul. d) Segurança e Saúde: Temos instituições públicas que nos apoiam com segurança, como a Polícia Rodoviária Federal, na orientação do trânsito na BR 471, a Brigada Militar, na segurança interna no parque, o Corpo de Bombeiros, que também está presente durante a feira, a Unimed, presente no local com médico, enfermeiros e ambulância. e) Divulgação da Imprensa: Os órgãos de imprensa são imprescindíveis. Sem eles, como teríamos condições de tornar público nosso evento? São os repórteres e os jornalistas os nossos porta-vozes, que fazem chegar as notícias da feira aos produtores e visitantes. f) Organização: Os colaboradores da Afubra, matriz e filiais, são responsáveis pela organização e realização do evento, em especial, a equipe que desenvolve os trabalhos de manutenção e infraestrutura do parque. Os colegas da diretoria, entre eles, o coordenador-geral da feira, e os conselheiros orientam e procuram as melhores opções para uma programação diversificada e de interesse para o produtor. Os municípios, através das Secretarias, Sindicatos e Emater organizam as caravanas de produtores. Por tudo isso, não podemos nos eximir de compartilhar o sucesso da Expoagro Afubra com todos os relacionados, restando-nos apenas dizer, Muito obrigado!


VALORIZAÇÃO

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Agricultor familiar precisa de mais valorização Meio urbano deve reconhecer o trabalho do produtor rural na produção de alimentos

Além de abastecer as cidades com a produção de alimentos, a agricultura familiar ainda gera empregos e renda.

processos burocráticos, de alto custo e muito demorados, dificultando para as famílias. Para os agricultores, é necessária uma legislação especifica para agroindústrias de pequeno porte ou familiares. Juntamente com a burocracia, são alguns dos principais entraves enfrentados durante o processo de legalização. A formalização pode beneficiar os agricultores, já que já que abrem possibilidades de comercializarem fora de seus municípios e participarem de outras feiras.

Marco Antonio Dornelles

Coordenador geral da Expoagro Afubra

as pequenas propriedades e destinadas também a fomentar a criação de agroindústrias, valorizando os produtores rurais”. DIFICULDADES – Na questão das agroindústrias familiares, os pequenos produtores reclamam da dificuldade na formalização do negócio, pois a obtenção dos registros exigidos são

Foto: Shutterstock.com

A agricultura familiar é a principal característica das pequenas propriedades do Sul do Brasil, com uma produção de alimentos importante para cada região. Além disso, a criação de agroindústrias familiares possibilita ao pequeno produtor agregar valor à produção primária, gerando recursos e mantendo as famílias no meio rural. A consolidação destas agroindústrias locais representa um importante papel na economia das cidades, tanto na produção de alimentos, quanto na geração de emprego e renda. Em 2020, o tema central da 20ª Expoagro Afubra é Valorização do agricultor: do campo à cidade. O objetivo é enaltecer o trabalho do produtor rural, desde a produção até a comercialização de seus produtos. O coordenador geral da Expoagro Afubra, engenheiro agrônomo Marco Antonio Dornelles, destaca que a feira pretende mostrar a importância das comunidades rurais e a sua relação com o meio urbano. “Pretendemos mostrar o caminho que a produção faz a partir do momento em que é produzida nas propriedades rurais até chegar às casas dos consumidores finais”, explica Dornelles. De acordo com o coordenador, o reconhecimento do trabalho da agricultura familiar é primordial para o desenvolvimento local e regional. “Além de abastecer as cidades com a produção de alimentos, a agricultura familiar ainda gera empregos e renda”, argumenta. Dornelles salienta que os governantes precisam olhar para a agricultura familiar com mais atenção. “São necessários projetos voltados para


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Exigências para agroindústrias preocupam produtores Fotos: Sandro Viana

No interior de Santa Cruz do Sul/RS, a Agroindústria de Embutidos Família Goetze não foi criada apenas com o objetivo de gerar uma renda extra para a propriedade localizada em Linha Áustria. Para Norberto Luís Goetze, 46 anos, e a esposa Bernadete Goetze, 42, a ideia era criar um empreendimento para que o filho Daniel Luiz, 23, tivesse um incentivo para se manter no meio rural. Com a consolidação da agroindústria familiar na propriedade, a filha Gabrieli, hoje com 15 anos, também teria, no futuro, uma oportunidade de ficar junto à família. Porém, as exigências dos órgãos responsáveis por fiscalizar as agroindústrias são muito complexas, de acordo com a família. “Para produzir os nossos embutidos, temos que cumprir basicamente os mesmos requisitos dos grandes frigoríficos, não que a fiscalização não deveria existir, mas tinha que ser menos frequente e com custos menores”, argumenta Norberto. Segundo ele, as condições dos pequenos e a produção inferior deveriam ser levadas em consideração na hora de investir, diferentemente dos grandes empreendedores. A agroindústria dos Goetze produz linguiça suína frescal, linguiça defumada suína e mista. A família ainda pretendia diversificar a produção com torresmo e banha de porco, mas as exigências aumentariam e a ideia, por enquanto, ficou em segundo plano. A produção dos embutidos é comercializada nas feiras rurais e em eventos da região como a Expoagro Afubra, a Oktoberfest de Santa Cruz do Sul e a Festa das Flores. A esposa de Daniel, Letícia de Moraes, 21 anos, também auxilia no trabalho na agroindústria, além de atender na feira rural.

Família Goetze produz hortigranjeiros e embutidos

TRADIÇÃO - A família é produtora de hortigranjeiros e comercializa seus produtos nas feiras rurais da cidade e em dois mercados. A tradição de cultivar hortigranjeiros é familiar. Os pais de Norberto, Normindo e Íris Goetze, são fundadores da feira rural no município. Antes deles, o avô de Norberto já vendia verduras de porta em porta. Portanto, Daniel já faz parte da quarta geração da família Goetze que produz e comercializa hortigranjeiros.

Embutidos produzidos pela agroindústria Família Goetze

Daniel e Letícia comercializam os produtos da família na feira rural


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Criador de suínos quer mais agilidade nos processos Fotos: Sandro Viana

Na Granja Balduíno, na localidade de São Gabriel, em Cruzeiro do Sul/RS, as adversidades também passam pela burocracia e falta de agilidade dos órgãos fiscalizadores. Suinocultor independente, Ilânio Pedro Johner, reclama das dificuldades de competir com as grandes empresas. Hoje a granja conta com 70 matrizes das raças Pietrain, Duroc (rústica), Landrace e Large White. Por ano, a produção de suínos chega a 1.500 animais, que são vendidos para abastecer agroindústrias e particulares. A Granja Balduíno foi fundada em 1965 por Jacó Balduíno Johner. Duas décadas depois, os filhos de Jacó, Ilânio, Romeu Aluísio e Dario, assumiram a administração e remodelaram a estrutura. Em 2008, Ilânio recebeu o convite da Embrapa para ser multiplicador do suíno MS 115, uma linhagem de reprodutores machos concebida para atender a demanda por animais mais pesados ao abate com alto potencial de deposição de carne. “Aqui temos raças puras e somente a nossa granja produz o MS 115 no Rio Grande do Sul para comercialização”, ressalta Ilânio. O produtor explica que os suínos produzidos na granja são vendidos para várias regiões do Estado, mas também são comercializados machos para municípios do Nordeste. Já houve também a exportação para a Argentina, Uruguai, Guiné Equatorial e África do Sul. “Mas existe muita burocracia para a exportação”, comenta. Ilânio também reclama da falta de agilidade dos órgãos fiscalizadores, o que dificulta, muitas vezes, a comercialização dos animais. O produtor ainda

Granja só produz raças puras

lamenta que eventos como a Expointer não tenham mais a exposição de suínos. “Estivemos presentes de 1985 a 2010 e nunca tivemos problemas com doenças, é uma pena que hoje não é mais permitido”. Apesar das dificuldades, Ilânio confia numa melhora dos preços, já que a China está com problemas com a saúde dos seus animais. “Acredito que teremos um bom preço nos próximos três a cinco anos”. A propriedade da Granja Balduino tem 26 hectares. Além da produção de suínos, ainda são cultivados o milho para o consumo dos animais, soja e trigo. Também há a criação de 20 vacas. Ajudam na administração da propriedade a esposa de Ilânio, Laura Beatriz Johner, e o filho Caetano Eduardo.

Aqui temos raças puras e somente a nossa granja produz o MS 115 no Rio Grande do Sul para comercialização Ilânio Pedro Johner e os suínos da Granja Balduíno


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Ovos de qualidade garantem a comercialização A produção de ovos da Granja Ferrari vem ganhando a preferência dos consumidores do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul. A qualidade do produto garante a comercialização diária de dois mil ovos em feiras realizadas em oito municípios da região. Localizada em Picada Taquari, município de Pouso Novo, a granja iniciou as atividades em 2010, contando com 500 galinhas em um sistema semiextensivo de produção. A demanda levou a proprietária Floraide Inês Ferrari e o marido José Carlos Ferarri, a investirem em um novo aviário para mil galinhas. Em seguida, houve o aumento do aviário antigo, que tinha capacidade para 500 aves e passou a abrigar mil animais. Ao mesmo tempo, a granja adequou sua infraestrutura de acordo com o Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf), possibilitando assim a venda para outros municípios. Hoje, os ovos da granja têm o selo ‘Sabor Gaúcho’ e ‘Susaf-RS’, que atestam a qualidade dos produtos. Floraide e José Carlos contam ainda com o auxílio de Giovani da Silva, namorado da filha Karla. Giovani explica que a ajuda da Emater foi muito importante, não só nas recomendações da produção, como também na burocracia do negócio. “A Embrapa também foi

decisiva com orientações sobre o manejo com as galinhas”. De acordo com Giovane, que está cursando a faculdade de Logística na Univates de Lajeado, os projetos futuros são de expansão. A granja já adquiriu mais uma área de um hectare para a construção de um novo aviário com capacidade para duas mil aves, que deve estar concluído ainda em 2020. Também está previsto um novo silo. Outro projeto é o de produzir a própria ração para as aves. Os ovos chegam aos consumidores através das feiras rurais. “Também comercializamos com as prefeituras, para a merenda escolar”. Nas feiras rurais, Giovani aplica a logística reversa com as embalagens dos ovos. “Os clientes trazem de volta a bandeja e nós lavamos e reutilizamos, assim não há a produção de resíduos”, destaca. Quando não é possível reutilizar, as embalagens são devolvidas para a fábrica.

A Embrapa também foi decisiva com orientações sobre o manejo com as galinhas Foto: Sandro Viana

Ovos comercializados por Giovane da Silva contam com o selo Sabor Gaúcho que atesta a qualidade


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Cultivo de morangos leva casal para o meio rural A vida no campo sempre foi o desejo do casal Geferson Lima Valim, 35 anos, e Mariane Reis, 31, mas a ideia era que o sonho se realizasse mais tarde, quando os dois estivessem com mais idade. O desejo ainda contava com uma produção de morangos para ocupar o tempo do casal. Porém, uma reviravolta levou Geferson e Mariane a realizar o sonho muito antes e os dois passaram a viver da produção da fruta. Hoje, produzem 10 mil quilos de morangos por ano e estão investindo para aumentar a produção. Há cinco anos, Geferson era vendedor e Mariane trabalhava com contabilidade na cidade turística de Canela, na Serra Gaúcha. Ao ver o anúncio de uma propriedade de três hectares à venda na cidade vizinha, com uma estrutura para a produção de morangos, o casal se interessou e foi em busca de informações. Acabou trocando a casa no centro da cidade de Canela pela área de terras na Linha Araripe, em Nova Petrópolis. “Ainda fiquei trabalhando dois anos como

vendedor, mas já começamos a estudar a produção de morangos”, explica Geferson. Como não tinha muitas informações sobre o cultivo de morangos, o casal procurou a Emater e, com a ajuda do técnico Luciano Ilha, começou a colocar em prática as recomendações. O empenho do casal, aliado a uma boa gestão da propriedade, acabou aumentando a produção. A venda, feita direto ao consumidor por telefone e a pequenos estabelecimentos, também foi crescendo. “Se hoje tivéssemos mais a oferecer, certamente teríamos mercado”, salienta Mariane. Por isso, para o futuro, o casal já pensa em montar uma nova estufa, além de uma expedição e casa de bombas. TECNOLOGIA – A dedicação e a força de vontade é tanta que Geferson está buscando se especializar na agricultura. Para tanto, está estudando na Escola Técnica Bom Pastor, de Nova Petrópolis. E para aumentar a produtividade, está investindo na climatização das estufas. Com a microaspersão, conseguiu uma produtividade de 30% a mais. “No calor extremo, quando temos temperatura alta e umidade baixa, utilizo a microaspersão por alguns minutos e isso tem sido muito favorável para a produção”, explica Geferson. Ele ainda afirma que é preciso critério no manejo para evitar pragas e doenças. Fotos: Sandro Viana

Microaspersão tem gerado um aumento de 30% na produtividade

Geferson e Mariane na colheita dos morangos na estufa


VALORIZAÇÃO

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Agronegócio é responsável por 21,1% do PIB do Brasil Número comprova a contribuição do setor para o desenvolvimento econômico do país Foto: Adriana Rodrigues

“Pouco mais de 1/5 de tudo que é gerado no Brasil, vem da agricultura.” A afirmação é do produtor rural e atual secretário Nacional da Agricultura Familiar e Cooperativismo, Fernando Schwanke, comprovando a importância do setor para o desenvolvimento econômico do Brasil, sendo o agronegócio responsável por 21,1% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. De acordo com o Secretário, outros números endossam essa estatística: desses 21,1%, cerca de 25% são provenientes da agricultura familiar, ou seja, dos pequenos produtores rurais. “Este é um pilar importantíssimo na economia do Brasil. Significa dizer que pouco mais de 5% do PIB brasileiro é gerado na pequena propriedade”, explica Schwanke. Quando o assunto é agricultura familiar, dois aspectos merecem destaque. Um deles envolve os produtos de exportação, como o tabaco produzido na região do Vale do Rio Pardo, que envolve aproximadamente 150 mil famílias. “Podemos incluir também grande parte das famílias da suinocultura, da avicultura e da fruticultura do Nordeste. Tudo é produzido por pequenos proprietários que estão inseridos em uma cadeia produtiva, ou ainda são vinculados a cooperativas e indústrias integradoras, responsáveis por colocar esse produto em várias partes do mundo”, explica. De outro lado, estão os pequenos agricultores que trabalham nas chamadas cadeias curtas. “Um exemplo são as 150 famílias de Santa Cruz do Sul que produzem hortifrutigranjeiros para abastecer as feiras rurais, a Ceasa regional e os mercados. Aqui temos a produção de alimentos em cadeias curtas, de forma in natura ou mesmo nas agroindústrias, grandes expoentes do nosso Estado”, reforça. Juntos, esses dois grupos formam os 4,1 milhões de pequenos produtores do Brasil. “De forma simplificada, podemos dizer que cerca de 84% de todas as propriedades rurais do país são formadas por pequenos agricultores”, enfatiza o secretário. Todos esses números revelam a dimensão e a importância do setor para o

Schwanke: cerca de 84% de todas as propriedades rurais do país são formadas por pequenos agricultores

Este é um pilar importantíssimo na economia do Brasil. Brasil, que tem sido visto como uma grande potência agroambiental. “Eu, como produtor rural, enxergo esse setor como uma área que se profissionaliza e está em constante atualização. Não é à toa que o Brasil, utilizando praticamente a mesma área de terra, duplicou sua produção de grãos, triplicou a produção de carne e continua avançando nessas fronteiras agrícolas com muita tecnologia”, reitera Schwanke. Seguindo este pensamento, o secretário destaca que é fundamental que o produtor siga fazendo a sua parte, o que inclui um forte trabalho de gestão dentro da propriedade rural. “É necessário manejar os custos com muito cuidado. E esse é um trabalho que também precisa ser profissionalizado”, pontua. RECONHECIMENTO AO PEQUENO PRODUTOR - Na visão de Schwanke, por tudo aquilo que representa para o país e para o mundo, o agricultor merece reconhecimento três vezes ao dia. “No café da manhã, no almoço e na janta. É preciso pensar muito bem, em todos

estes momentos, nos agricultores. Se as pessoas têm em casa leite, pão, queijo, schimier e manteiga, por exemplo, é porque alguém produziu. Isso não vem de uma máquina, é fruto da produção primária. Existe, em determinados momentos, uma certa injustiça com o agricultor, quando se diz que ele desmata áreas ou envenena a comida. Uma pesquisa recente revelou que 97% de todos os alimentos produzidos não têm nenhum tipo de contaminação. Isso comprova a importância que o agricultor tem na preservação das florestas, na preservação da água, na produção de alimentos e, inclusive, na preservação cultural. Todos nós temos um pé na terra e precisamos resgatar isso, especialmente pela importância que a agricultura tem ao alimentar os 210 milhões de brasileiros”, reforça Fernando Schwanke, enfatizando que o Brasil tem, hoje, as luzes do mundo voltadas para si e que é preciso seguir construindo uma agricultura com mais sustentabilidade ambiental, social e econômica.




VALORIZAÇÃO

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Setor rural destina 25,6% do território para a preservação Somente no RS, as áreas destinadas à preservação ultrapassam quatro milhões de hectares competitivos, mas também garantir a preservação ambiental por meio da destinação de áreas para a preservação da vegetação nativa dentro de seus imóveis rurais”, sublinha. Na visão de Castro, o grande desafio é fazer desta legislação um instrumento de valorização para os produtos agropecuários. “Somente no Rio Grande do Sul são R$ 133 bilhões em patrimônio fundiário imobilizado em prol do meio ambiente. Este é o valor das terras que os agricultores do Estado destinam à preservação ambiental. Isso precisa ser valorizado. O consumidor, principalmente o estrangeiro, que importa nossos alimentos, fibras e energias, precisa saber que o produto que ele adquiriu possui uma pegada ambiental. Precisamos promover no mundo que, cada grão de soja, grama de carne ou folha de tabaco produzida no Brasil, carrega junto dela a preservação de parte do meio ambiente nativo onde ela foi produzida. Dessa forma podemos monetizar o produtor rural pelo esforço em produzir e preservar com sustentabilidade”, sintetiza o especialista. ENTENDA OS NÚMEROS - Este trabalho inédito de pesquisa foi realizado pela equipe da Embrapa Territorial com

Foto: Divulgação

Mais do que terras férteis, as áreas cultivadas pelo agronegócio brasileiro são, sobretudo, um reduto de preservação. A afirmação se comprova a partir de um estudo recente da Embrapa Territorial, realizado em 2018 e posteriormente confirmado pela Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA), dos Estados Unidos, que mostrou que o Brasil cultiva cerca de 7,8% de seu território. As florestas plantadas ocupam outros 1,2%, enquanto pastagens, nativas e plantadas ocupam 21,2%. Somados, o agronegócio brasileiro explora 30,2% do seu território para fins agropecuários. Por outro lado, conforme destaca Gustavo Spadotti Amaral Castro, doutor e supervisor do Grupo de Gestão Territorial Estratégica (GGTE) da Embrapa Territorial, o mesmo mundo rural destina 25,6% do território nacional para a preservação da vegetação nativa, número que merece ser comemorado. “Nenhuma outra categoria destina mais tempo, recursos e dinheiro para a preservação ambiental que nosso produtor rural”, enfatiza. O mesmo estudo revelou que somente no Rio Grande do Sul, os agricultores destinam mais de quatro milhões de hectares de suas terras para a preservação ambiental. Isso significa que, em média, um imóvel rural do Estado utiliza 79,5% de suas terras e destina 20,5% para o meio ambiente. “Ou seja, 15,1% do estado do Rio Grande do Sul é preservado pelos agricultores”, completa Castro. Mais detalhadamente na região de Santa Cruz do Sul, a média do percentual de preservação da vegetação nativa pelos imóveis rurais é de 30%, acima da média estadual e da exigência do Código Florestal. Esses números indicam que tanto na média nacional como nos subterritórios (estados, microrregiões e municípios), os agricultores têm cumprido com as exigências do Código Florestal. “Isso evidencia o comprometimento do agro brasileiro em respeitar esta que é uma das legislações ambientais mais restritivas do mundo. Dessa forma, o agronegócio brasileiro consegue não só alimentar, vestir e mover parte da humanidade com comida, fibras e energias a preços

Castro é supervisor do Grupo de Gestão Territorial Estratégica (GGTE) da Embrapa Territorial

base nos dados numéricos e cartográficos de quase cinco milhões de imóveis, inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR) do Sistema Florestal Brasileiro. O estudo atendeu a demandas dos dirigentes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e de atores da agropecuária e dos setores florestal e extrativista do Brasil. Os dados podem ser consultados no site www.embrapa.br/car.

Estudo revela uso e ocupação de terras no país


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Assistência e extensão rural fortalecem o empreendedor no campo Emater/RS está ao lado do produtor para facilitar a vida e valorizar a produção rural projetos de lei retirando exigências que não levam aos objetivos propostos. Sim, o empreendedor rural sofre e deixa de avançar por ‘amarras’ que atendem interesses diversos, menos os que deveriam”, pontua. Ele também reforça que a entidade é parceira dos trabalhadores rurais e pode auxiliar em diversas questões importantes. “Ratifico a necessidade de, com menos burocracia, promover a sanidade e a segurança alimentar tão valorizadas pelos consumidores. A Emater/RS é parceira, estando ao lado das famílias para facilitar a vida dos nossos agricultores”, pondera Sandri. O presidente da Emater ainda destaca que o setor e, sobretudo, o produtor rural, merecem reconhecimento por todo o esforço empreendido diariamente, essencialmente com políticas que beneficiem e facilitem o seu trabalho. “A valorização dos produtores rurais se dá com mais investimento em assistência técnica e extensão rural, com leis que trabalhem a mitigação de

Foto: Divulgação

Em tempos onde a burocracia e as exigências recaem fortemente sobre os produtores rurais quando estes decidem empreender, torna-se cada vez mais necessário encontrar alternativas para mitigar os efeitos e encontrar soluções que facilitem o trabalho no campo. Este é o pensamento do presidente da Emater/Ascar-RS, Geraldo Sandri. De acordo com Sandri, a questão sanitária é um dos grandes focos do Ministério da Agricultura para 2020. “Essa burocracia é de conhecimento público e precisa de solução. A questão sanitária é necessária para que os produtos brasileiros sejam mais bem aceitos pelos consumidores internos e pelos demais países”, afirma Sandri. Considerando estas realidades, Sandri ressalta que mudanças são essenciais, especialmente com garantias de segurança alimentar. “Para facilitar o processo optamos pelo investimento em assistência técnica e extensão rural, bem como atuação dos governos, apresentando

Geraldo Sandri, presidente da Emater/Ascar-RS

risco do campo, com barateamento do crédito e com ações concretas para desburocratizar a vida daqueles que desejam empreender”, finaliza.


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VALORIZAÇÃO

Planejamento estratégico é o caminho para valorizar o produtor Trabalhador rural sofre com desgastes e merece mais atenção do poder público Foto: Divulgação

Foto: Divulgação

Quem trabalha no campo ou mesmo acompanha este setor sabe que a rotina do produtor rural é cercada por desafios. O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag-RS), Carlos do Joel da Silva, cita alguns destes gargalos. Da porteira para dentro, especialmente na produção de tabaco, altos custos de produção, que estão diretamente ligados a fatores de mercado, influenciam na rentabilidade final da safra ao produtor e sua família. “Ainda vinculado a este fato, a falta de mão de obra Gedeão Silveira Pereira, presidente da Farsul exponenciada com o êxodo da juven- Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS tude rural é alarmante, pois temos apenas 2% de jovens até 25 anos no campo em nosso Estado. produção. E eles englobam tudo. Do preço dos insumos, que Elementos como a dificuldade com energia elétrica, sinal de são altamente sensíveis a variação cambial, ao escoamento de telefonia e internet agravam o cenário do setor”, enfatiza. nossa produção, que depende de uma logística deficiente, Os altos custos de produção também são evidenciados tornando-a extremamente cara, o que nos tira competitividade. pelo presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande do Mesmo assim caminhamos para ser o maior produtor de Sul (Farsul), Gedeão Silveira Pereira. “Sem dúvida, o grande alimentos do mundo”, ressalta. desafio enfrentado pelo produtor rural está nos custos de Já da porteira para fora, o presidente da Fetag destaca o pilar da infraestrutura, como estradas municipais, estaduais e federais com difícil acesso para escoar a produção e para receber insumos para o plantio. “Ainda temos municípios sem acesso asfáltico, o que dificulta ainda mais a produção. O que mais causa desgastes na cadeia produtiva é a instabilidade de preço pago ao produto, pois o agricultor produz o ano todo sem saber se irá colher devido às intempéries. E, quando colhe, em muitos casos, acaba zerando a lucratividade, pois o valor recebido é equivalente ao valor investido na lavoura”, explica Silva. Com tantas incertezas, Carlos do Joel da Silva afirma que a saída está no planejamento estratégico. “A maneira de valorizar o agricultor é mudar o sistema atual, em vez de ter um pacote agrícola anual é necessária a construção de uma política púbica duradoura, em nível federal e estadual, com o planejamento estratégico para a cadeia produtiva a longo prazo. Este deve apresentar regras definidas com recursos necessários e juros compatíveis, além de elaborar um seguro agrícola que garanta a produção e não só o financiamento, bem como programas que oportunizem preços justos ao produtor”, opina. Para o presidente da Farsul, é essencial reconhecer a contribuição do agronegócio para a preservação dos recursos naturais, bem como seu protagonismo no cenário econômico do país. “Primeiro é preciso acabar com as ideologias no campo, sejam elas políticas ou ambientais. Ninguém preserva mais o meio ambiente do que o produtor. Além das maiores áreas de preservação ambiental estarem nas propriedades rurais, dependemos do meio ambiente para a manutenção do nosso negócio. Também é preciso reconhecer nosso papel protagonista no cenário nacional, sustentando a economia do Brasil nos últimos anos e exportando para mais de duzentos países, sendo que o PIB do agronegócio é o maior dentro PIB geral. E isso se dá por consequência do trabalho desenvolvido nas micro, pequenas, médias e grandes propriedades rurais”, garante Gedeão Silveira Pereira.



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TECNOLOGIA

Expoagro Afubra 2020 terá espaço voltado à inovação Ideia é valorizar e reconhecer iniciativas do setor do agronegócio Inspiradas nas diversas possibilidades que a inovação, seja ela tecnológica ou não, proporciona ao dia a dia do agricultor, diversas entidades uniram forças para trazer uma novidade na edição de 2020 da Expoagro Afubra. A ideia é estruturar na Expoagro Afubra uma Arena de Inovação com uma programação que aproxime os públicos que se envolvem com o agricultor com as novidades tecnológicas e inovadoras da área. A intenção é que neste espaço aconteça uma exposição de Startups convidadas a expor seus trabalhos durante a Feira. Outra proposta é o Desafio Agro, específico para estudantes de escolas técnicas e universidades da região, focado no mapeamento dos principais problemas do agricultor familiar e a construção de soluções, passando por uma metodologia de validação de modelo de negócio e viabilidade da proposta. A ideia é mobilizar jovens agricultores e demais estudantes interessados para que encontrem oportunidades e possibilidades de inovar no campo. A construção das propostas conta com a participação de entidades como Sicredi VRP, Afubra, Sebrae, Senar, Sindicatos, Emater, Doka Lab CX e a Comunidade SCS.

OUTRAS ATIVIDADES O que? Painel de Inovação Como vai funcionar? Case de sucesso (inovação da propriedade) com um mediador; cada dia um tema: cadeia do leite, cadeia de horticultura e tabaco e diversificação. Somente na parte da manhã, com apresentação de três cases por turno. Quem pode participar? Técnicos e estudantes entre outros. Local? Arena de Inovação O que? Intercâmbio de Inovação no Agro Como vai funcionar? Convite a universidade que exploraram a inovação nas propriedades rurais, independente do setor trabalhado. Cada universidade escolhe os trabalhos a serem apresentados. Serão apresentados 6 trabalhos por tarde, com 30 minutos de duração cada um, incluindo perguntas e debates. Em formato de pôster. Quem pode participar? Universidades, órgão de pesquisa, escolas técnicas, entre outros. Local? Arena da Inovação



AGRO-COMERCIAL AFUBRA

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Confiança e parceria unem a Afubra e os produtores rurais Vínculo entre agricultores e a entidade completa 65 anos em 2020 Ricardo Senger Michel. Presente nos três Estados do Sul do Brasil com 27 lojas (duas serão inauguradas em 2020),1 posto de vendas e 2 centros de distribuição, a Afubra mantém um forte relacionamento com o meio rural com a oferta de produtos e serviços de qualidade, o que proporciona uma credibilidade muito grande junto aos agricultores. “Nossos técnicos e consultores de vendas externas prestam uma assistência permanente para os produtores, dando recomen- dações, tirando dúvidas nas lavouras e levando o que se tem de melhor em tecnologia e produtividade”. As lojas colocam à disposição insumos e mercadorias para as residências das famílias. “E nos últimos anos estamos estimulando nossos clientes a adquirirem sistemas de energia fotovoltaica, garantindo economia nas propriedades, com a mesma qualidade dos produtos e serviços oferecidos a décadas”. A Afubra também proporciona momentos de aprendizado como os dias de campo, onde os produtores podem ter contato direto com as novas tecnologias trazidas pelos fornecedores. Durante o ano, são dezenas de eventos, como a Estação Tecnológica da Afubra, que reuniu 600 produtores em Arroio do Tigre/RS. “E cada evento desses é realizado de acordo com as condições locais de cada região”, comenta Michel. O gerente

Foto: Luciana Jost Radtke

Há 65 anos, fumicultores do Vale do Rio Pardo foram os responsáveis pela fundação da Associação dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande do Sul, uma entidade de classe que tinha como objetivo ganhar força e defender interesses comuns. Anos depois, já com abrangência nos três estados do sul do Brasil, passou a ser chamada de Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Com o passar dos anos a Afubra se solidificou se transformando em uma associação respeitada no Brasil e no Mundo. Ainda no final da década de 1950 a associação criou o departamento de fomento agropecuário, de lá para cá, milhares de associados e agricultores passaram a ter na Afubra uma parceira da segurança nas lavouras de tabaco, e também, no acesso a insumos agrícolas de qualidade para a utilização em lavouras paralelas ao tabaco. Em 1994 este departamento deixou de existir, sendo criada então, a Agro-Comercial Afubra Ltda., empresa focada no agronegócio, em produtos para o lar, e até mesmo na geração da sua própria energia. “Além de estimular a produção agrícola e a diversificação de culturas, a Afubra está ao lado dos agricultores, colocando à disposição novas tecnologias e oportunizando a realização de bons negócios”, destaca o gerente comercial da Agro-Comercial Afubra,

Michel: "valorizar a agricultura e o produtor como realmente merecem"

ainda ressalta que na maior feira da entidade, a Expoagro Afubra, são apresentadas as novidades no seu potencial máximo, com a exposição do que há de melhor para os agricultores. Para os próximos anos, Michel garante que muitas novidades serão colocadas à disposição dos produtores rurais. “Temos vários projetos futuros, que queremos compartilhar com nossos parceiros, os agricultores”. Ele salienta que várias unidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná estão recebendo melhorias físicas, filiais estão sendo inauguradas e reformulações estão em andamento. “Desta forma queremos estreitar nosso relacionamento para levar melhor qualidade de atendimento, bem como novas tecnologias ao meio rural, valorizando a agricultura e o produtor como realmente mere-

Produtor de Camaquã é associado há mais de 20 anos Foto: Sandro Viana

A credibilidade foi um dos fatores que levou o produtor Enio Vonahn Strelau a firmar uma parceria que ultrapassa duas décadas com a Afubra. Aliás, a ligação com a entidade vem do seu pai, Verno Strelau, que já era associado muitos anos antes. Enio lembra que o pai ia a Santa Cruz do Sul/RS entregar o tabaco contratado e aproveitava para visitar a matriz da Afubra para comprar insumos e outras mercadorias. Há 30 anos, os camaquenses não precisam mais se deslocar os cerca de 270 quilômetros para visitar a matriz. Hoje, duas lojas, sendo uma no centro da cidade e outra, loja

Família de Enio Vonahn Strelau tem relação estreita com a Afubra


21 Foto: Sandro Viana

agrícola, com um amplo depósito na BR 116 faz parte do dia a dia da região. Aos 43 anos, Enio também adquire os insumos e ferramentas para a propriedade na filial da Afubra. Aproveita também para comprar eletrodomésticos e outros utensílios na loja. Há pouco mais de um ano, Enio adquiriu um sistema de energia fotovoltaica. São 24 placas solares que produzem uma média 860 quilowatts, suficientes para suprir a necessidade da residência e das estufas elétricas. O produtor tinha propostas de outras empresas, mas optou pela credibilidade e assistência técnica. “Eu sei que a Afubra vai estar ao nosso lado por muitos anos mais. Se compro de outro e dá algum problema lá na frente, vou reclamar pra quem?”, questiona. A confiança na Afubra vem da oferta de produtos de qualidade, além das recomendações dadas pela equipe técnica, importantes para o bom desenvolvimento das lavouras. Enio sempre está presente aos eventos realizados pela Afubra, como o Encontro de Negócios, que

Enio tem confiança nos produtos e orientações recebidos

reúne agricultores e fornecedores. “Ali são apresentadas novas tecnologias e repassadas informações importantes para os produtores rurais”, argumenta o vendedor da Afubra, Oberti Martins, que atende a família Strelau. “E sempre que preciso, o Oberti ou algum técnico está à disposição para tirar minhas dúvidas”, acrescenta Enio. Na propriedade de 26 hectares da família Strelau são produzidos 100 mil pés de tabaco, além de seis hectares de milho

para o consumo. Além disso, são cultivados todos os produtos para a subsistência da família. Enio é casado com Eni Bierhls Strelau, 42 anos, com quem tem dois filhos, Claiton Daniel, 22, e Lucas Gabriel, 15 anos. Enquanto o filho mais jovem somente estuda, Claiton é quem auxilia o pai na propriedade. Casado com Priscila da Silva Boneli, 25 anos, Claiton está determinado a continuar o legado da família na agricultura.



VIVEIRO AGROFLORESTAL

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Tecnologia em cultivares para os produtores Desde a primeira Expoagro Afubra visitantes têm contato com as novidades

Viveiro Agroflorestal está presente na Expoagro Afubra desde a primeira edição da feira

Foto: Arquivo/Afubra

O Viveiro Agroflorestal está presente na Expoagro Afubra desde a primeira edição da feira, há exatos 20 anos. No início, o Viveiro tinha a proposta de reforçar a necessidade do produtor rural de ter autossuficiência energética através do reflorestamento com eucalipto. “Nossa ideia era facilitar o acesso do agricultor às mudas florestais”, lembra o engenheiro florestal da Afubra, Juarez Iensen Pedroso Filho. A partir do interesse e da interação dos produtores, o Viveiro passou a apresentar várias novidades em cultivares florestais e agrícolas. Ao mesmo tempo, o interesse por plantas nativas para restauração de áreas degradadas, para atender as exigências de órgãos ambientais, apicultura, frutíferas, formação de agro florestas e para ornamentação foi tornando o Viveiro cada vez mais importante dentro da feira. A tecnologia apresentada também foi conquistando os agricultores, que estão sempre em busca de novidades. “A partir das demandas dos produtores na feira, de vários públicos diferentes, fomos buscando especialização, qualificação e diversificação, procurando viabilizar o que estava sendo solicitado”. O fortalecimento das parcerias público/privadas, como as realizadas com a Embrapa e a Emater, por exemplo, trouxe o acesso às tecnologias em sementes com qualidade genética e novas cultivares com o máximo potencial de produção. “E através do Viveiro essas tecnologias chegam até os produtores. Hoje, 50% dos municípios gaúchos recebem alguma muda nossa”, acrescenta. Aliás, qualquer muda produzida no Viveiro Agroflorestal, localizado em Rincão Del Rey, em Rio Pardo (RS), pode ser retirada nas filiais da Afubra no três Estados do Sul do Brasil. “É a Afubra presente nos municípios, dando o retorno aos seus associados”.

Através do Viveiro novas tecnologias e cultivares chegam até os produtores

Além disso, o agricultor encontra um corpo técnico qualificado, com engenheiro florestal e técnicos agrícolas que orientam e analisam as demandas do produtor. “Procuramos dar assistência, ouvindo e recomendando as cultivares mais apropriadas a cada caso”. De acordo com o engenheiro florestal, existe ainda um alinhamento com as políticas públicas, com interação entre agricultura, floresta e pastagem. “E aí acaba havendo um aspecto social envolvido, pois auxiliamos muitos agricultores, orientando, valorizando e qualificando o setor”, argumenta. CULTIVARES – Pedroso revela que todos os anos acontecem lançamentos de cultivares dentro da Expoagro, O Viveiro oferece nove espécies de eucalipto, por exemplo, com destaque para o Clone GPC 23, que gera árvores grandes e é ideal para pequenas áreas. “A parceria com a Embrapa possibilita o acesso às novas tecnologias, que qualificam e se diferenciam no mercado”, explica o engenheiro florestal. Ele cita espécies que antes faltavam no mercado e

que são ideais para a produção de madeira sólida, com uniformidade de floresta, produtividade e resistência a pragas e doenças. Dar escala às novidades também é papel do Viveiro nestes 20 anos de Expoagro Afubra. No caso da cana-de-açúcar, que também conta com nove cultivares, o crescimento devido à procura dos agricultores é visível. Em 2018, foram cinco mil mudas, número que subiu para 20 mil no ano seguinte. Neste 2020, a previsão é de 30 mil mudas. “Isso mostra o quanto a feira é de prospecção e desenvolvimento de negócios”, destaca Pedroso. Entre as mudas agrícolas, a batata-doce se destaca, também com a tecnologia da Embrapa. “Existe uma boa procura dos produtores para a subsistência da família”. As forrageiras são muito procuradas pelos agricultores e o Viveiro conta com boas opções como o capim Kurumi, pastagem rústica com grande produtividade e que os animais têm preferência. Já o capim Capiaçu, ideal para a silagem, também com boa produtividade.




EDUCAÇÃO

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Exposição de painéis busca valorizar o trabalho do agricultor Histórias que valorizam os profissionais do campo ficarão expostas no Espaço Cultural Estrutura consolidada na Expoagro Afubra, o Espaço Cultural celebra, em 2020, 10 anos de atividades e, com o intuito de inovar, contará com atividades diversas na 20ª edição da feira. Um dos destaques estará na Exposição de Painéis, que neste ano terá como tema Valorização do Agricultor, de ontem e de hoje. A proposta é apresentar histórias de agricultores de 20 anos (idade da Expoagro Afubra) e de 65 anos (idade da Afubra), que se destacam como fumicultores, promovendo a diversificação da propriedade e a sucessão rural. Outra atração, conforme explica o organizador do Espaço Cultural, professor José Leon Macedo Fernandes, é o Fórum Verde é Vida, com debates sobre Educação Rural. “A ideia é apresentar, especialmente nos três primeiros dias do evento, cases sobre o tema, envolvendo escolas atuantes no Projeto Verde é Vida e entidades parceiras da Afubra, culminando em um painel de debates”, adianta. Dentre as novidades reservadas para a edição de 2020 do Espaço Cultural, está a Jornada Cultural que trará atrações artísticas durante os quatro dias da Feira. As atividades ocorrerão próximo ao horário do meio-dia e

contarão com apresentações de dança e teatro. “A proposta da Jornada Cultural é fazer um passeio pelas primeiras etnias que formaram o Rio Grande do Sul e, principalmente, valorizar o meio rural, mostrando sua contribuição para o crescimento do estado”, destaca o professor. Irão compor a Jornada apresentações das etnias indígena, portuguesa, africana, alemã, italiana, polonesa, pomerana e gaúcha. Assim como nos anos anteriores, o Espaço Cultural trará ainda a exposição de departamentos ligados aos Assuntos Corporativos da Afubra, Departamento de Mutualidade e entidades parcerias do Projeto Verde é Vida. “Nos últimos anos a Afubra, por meio da Expoagro, abriu espaço para mostrar aos visitantes atividades sociais, culturais, educacionais, históricas e científicas, com o objetivo de valorizar o meio rural, a agricultura familiar e a permanência das pessoas no campo”, avalia o organizador. “Seguindo esta premissa, a Afubra, juntamente com o Projeto Verde é Vida e seus parceiros, conseguiu levar ao público, em cada uma destas 10 edições, muita informação, conhecimento, diversão e, principalmente, uma reflexão sobre o papel da agricultura no desenvolvimento local,

regional, estadual e nacional”, completa. Mostra Científica - Uma das atividades mais aguardadas da Expoagro Afubra, sobretudo pelos estudantes dos três estados do Sul do país, é a Mostra Científica Verde é Vida - Etapa Sul-Brasileira. Em 2020, a Mostra reunirá 13 trabalhos de pesquisa realizados por alunos das regiões de atuação do Projeto Verde é Vida, nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Os trabalhos apresentados são resultado de estudos realizados por 190 escolas, de 61 municípios parceiros do Verde é Vida no Programa de Ação Socioambiental (PASA). De acordo com o professor José Leon Macedo Fernandes, os finalistas foram selecionados ao longo do ano de 2019 nas etapas escolares e regionais. Ao todo, foram mais de 1,1 mil trabalhos realizados pelas escolas parceiras. “A proposta do projeto é dar liberdade ao educando para desenvolver trabalhos de pesquisa ligados ao meio rural, em temáticas de interesse do aluno, de sua família e de sua comunidade. Esta proposta abre um grande leque que passa por temas sociais, culturais, ambientais, políticos, econômicos, científicos e de saúde”, ressalta Fernandes. Foto: Arquivo/Afubra

Espaço para mostrar aos visitantes atividades sociais, culturais, educacionais, históricas e científicas


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Conheça os trabalhos selecionados para a final da Mostra Científica Foto: Arquivo/Afubra

RA Araranguá Pesquisa: Caça ilegal, da Escola Arizona, de Jacinto Machado/SC. Alunos: Rodrigo Espanhol Padilha e Heloah Serafim Silveira, orientados pela professora Denise Martignago Guelere.

RA Camaquã Pesquisa: A importância da juventude no meio rural, da Escola Alfredo Jacobsen, de Camaquã/RS. Alunas: Rafaela Bachaus Centeno e Maria Luiza Martins Dettmann, e professora Cleni dos Santos Ribeiro.

RA Cachoeira do Sul e Candelária Pesquisa: Composteira: a solução para o lixo orgânico, da Escola Carlos Altermann, de Paraíso do Sul/RS. Alunas: Taís Alice Schmidt e Lara Milbradt, orientadas pela professora Loiva Callonti Huff.

RA Herval d’Oeste Pesquisa: Semeando a importância da coleta seletiva, da Escola Frei Silvano, de Água Doce/SC. Alunas: Carolina Setti de Oliveira e Monalisa de Castro Hultmann, orientadas pela professora Janice Aparecida Gonçalves dos Santos.

RA Imbituva e Irati Pesquisa: Sistema Faxinais, da Escola do Campo de Tijuco Preto, de Prudentópolis/PR. Alunas: Clara Luize Novossad e Camila Noga, orientadas pela professora Maria Irene Vollanin.

RA Rio Negro e Mafra Pesquisa: Salve as abelhas, da Escola do Campo Santa Isabel, de Piên/PR. Alunas: Maiara Naiane Seidel Pires e Kemilly Eduarda Camargo de Lima e Sabrina Leonardo Mendes, orientadas pela professora Suzane Seidel Pinheiro.

Projeto Verde é Vida é responsável pelo Espaço Cultural

RA Rio do Sul e Ituporanga Pesquisa: Os borrachudos, da Escola Curt Hamm, de Ituporanga/SC. Alunas: Luana Hang e Eloisa Helena Schmoeller, orientadas pela professora Josiane Petry da Silva.

RA Santa Cruz do Sul Pesquisa: Abelhas Jataí: as guardiãs da saúde e da mata nativa, da Escola Nossa Senhora da Glória, de Sinimbu/RS. Alunos: Amanda Evelyne Sins e Rafael Struecker Carvalho, orientados pela professora Rosalia Henn.

RA São Lourenço do Sul e Canguçu Pesquisa: Lixo: problema de todos, da Escola Heitor Soares Ribeiro, de Canguçu/RS Alunos: Raquel Braun Silveira e Arthur Cardoso Lessa Geyer e professora Gabriela da Silva Campos da Rosa de Moraes.

RA São Miguel d’Oeste Pesquisa: Umidificador caseiro, da Escola Renascer, de Princesa/SC. Alunas: Isabel Luiza Hübner e Naiaira Ribeiro Alves, e professora Maira Cristina Klein Gheller.

RA Sobradinho e Arroio do Tigre Pesquisa: Armadilhas caseiras para o combate de pragas, da Escola Balduíno Thomaz Brixner, de Arroio do Tigre/RS. Alunos: Érick Leonardo Jahn e Kauane da Silva Barbieri, orientados pela professora Magda de Almeida.

RA Tubarão e Braço do Norte Pesquisa: Mosquitos: uma ameaça invisível, da Escola São Martinho, de Tubarão/SC. Alunas: Jennifer Martins da Silva e Sabrina Leonardo Mendes, orientadas pela professora Aline Goulart Correa.

RA Venâncio Aires Pesquisa: Lixo eletrônico, da Escola Dom Pedro II, de Venâncio Aires/RS. Alunas: Amanda Vogt de Medeiros e Larissa Weber, orientadas pela professora Simone Kirst Hoffmann.



PAVILHÃO DOS ANIMAIS

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Exposição vai evidenciar 460 animais de diferentes raças Adestramento de cães para pastoreio em rebanho de ovinos e leilão estarão entre as atividades Foto: Arquivo/Afubra

Os quatro dias da 20ª Expoagro Afubra terão atrativos para diversos públicos. Para quem busca conferir de perto diferentes raças de aves, bovinos, ovinos e coelhos, o Pavilhão dos Animais é o local ideal. Em 2020, cerca de 460 animais estarão em exposição no espaço, entre eles gado leiteiro das raças Jersey, Holandês e Gir leiteiro, gado de corte, aves, ovinos e coelhos. O assessor de eventos agropecuários da Afubra, Márcio Fernando de Almeida, destaca que os animais também estarão à venda durante o período da Feira. “A negociação é direta entre as partes, ou seja, entre o expositor (criador) e comprador”, explica. Outra atração do espaço será o 2º Leilão de Ovinos da raça Texel e derivados de Texel, realizado pela Cabanha Texel Amoras. No ano passado, o remate

Animais expostos também estarão à venda direto com os criadores

chamou a atenção do público comercializando 133 animais, com um faturamento total em pista de R$ 57 mil. Dentre as atividades oferecidas no Pavilhão dos Animais estará ainda o

adestramento de cães para pastoreio em rebanho de ovinos. A 20ª Expoagro Afubra acontece entre os dias 18 e 21 de março de 2020, em Rincão Del Rey, Rio Pardo/RS.


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PRÊMIO

Prêmio Afubra/Nimeq traz novidades em sua 7ª edição Categoria voltada para instituições de pesquisa e de ensino superior, tecnológico e médio Fotos: Arquivo/Afubra

A Afubra, em parceria com o Núcleo de Inovação em Máquinas e Equipamentos Agrícolas da Universidade Federal de Pelotas (NIMEq/UFPel), lança o 7º Prêmio Afubra/Nimeq e apresenta novidades para a edição de 2020. A competição, que tem como objetivo contribuir para a melhoria da produção e produtividade agrícola, qualidade de vida das populações rurais e preservação do meio ambiente, por meio de inventos acessíveis que facilitem a vida dos produtores rurais, contará com uma nova categoria: Pesquisa e Desenvolvimento, que premiará inovações tecnológicas em máquinas, equipamentos e/ou componentes agrícolas voltados à agricultura familiar, desenvolvidas por Instituições de Pesquisa e Instituições de Ensino Superior, Tecnológico e Médio. Conforme explica o professor do Núcleo de Inovação em Máquinas e Equipamentos Agrícolas da UFPel e coordenador do prêmio, Roberto Lilles Machado, a criação dessa categoria tem como objetivo incentivar, junto as instituições de pesquisa e de ensino, o desenvolvimento de novas tecnologias na área de máquinas agrícolas voltadas para a agricultura familiar. “Essa também é uma forma de apresentar aos agricultores e visitantes do evento as inovações que são desenvolvidas nessas instituições para beneficiar os agricultores, aproximando esses públicos, além, é claro, de incentivar e prestigiar a formação do raciocínio inventivo e pesquisador dos alunos do Ensino Médio”, ressalta. Assim como nos anos anteriores, o prêmio contará com outras duas categorias, já tradicionais na competição: Empresa, que incentiva, junto à indústria de máquinas e equipamentos agrícolas do Brasil, a qualificação, o aprimoramento e o desenvolvimento de novas tecnologias e produtos voltados à agricultura familiar, e Inventor, voltada a agricultores, inventores e pequenas oficinas que não se caracterizam como fábricas ou empresas, incentivando a criatividade para o desenvolvimento de novas tecnologias na área de máquinas agrícolas voltadas para a agricultura familiar. De acordo com o coordenador do prêmio, o principal destaque nestes sete anos de competição está na criatividade das invenções apresentadas. “Através de soluções simples ou mais elaboradas, para as mais diversas necessidades dos agricultores e das empresas participantes, percebemos um trabalho de muita qualidade, que envolve eficiência e segurança. Além, é claro, da grande receptividade ao prêmio por parte do público e dos concorrentes”, enfatiza Lilles. O professor destaca ainda que o prêmio já está consolidado na programação. Uma prova disso é a grande procura dos visitantes pelos inventos classificados no Prêmio e expostos na Feira. "Tanto na categoria Empresa como na categoria Inventor, houve uma maior qualificação dos equipamentos inscritos nas últimas edições, o que nos leva a ter uma expectativa de que a edição de 2020 terá a participação de máquinas e equipamentos de alto nível de qualidade e inovação, proporcionando uma disputa mais intensa entre os participantes e trazendo aos visitantes inovações mais surpreendentes", vislumbra Roberto Lilles Machado. INSCRIÇÕES E PREMIAÇÃO - As inscrições, em qualquer uma das categorias, serão gratuitas e deverão ser feitas por meio de formulário eletrônico disponível no site www.afubra.com.br/expoagro ou diretamente na Administração da Expoagro Afubra (Rua Júlio de Castilhos, nº 1031, Santa Cruz do Sul/RS - CEP

1º lugar categoria Empresa 2019: Pulverizador e dosador costal a bateria Jacto DJB-20S, da Máquinas Agrícolas Jacto

2º lugar categoria Empresa 2019: Trator 2025 de 25 CV, da Mahindra

3º lugar categoria Empresa 2019: Mini-serraria móvel SMM1 Compacta, da Maquinafort Máquinas e Equipamentos

96810-156 - Fone: (51) 3713-7715/7727 - e-mail: expoagro@afubra.com.br). Para as categorias Pesquisa e Desenvolvimento e Inventor, o prazo das inscrições se encerra no dia 21 de fevereiro de 2020. Já para a categoria Empresa o prazo se estende até 06 de março de 2020. Na 7ª edição do Prêmio Afubra/Nimeq os ganhadores das categorias Empresa e Pesquisa e Desenvolvimento receberão troféus e/ou certificados alusivos ao evento. Já os vencedores da categoria Inventor recebem, além de troféus e/ou certificados, vales-compra nas lojas da Agro-Comercial Afubra, com os seguintes valores: vale-compra no valor de R$ 1.250,00 (um mil duzentos e cinquenta reais) para o 1º Lugar; vale-compra no valor de R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais) para o 2º Lugar; e vale-compra no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) para o 3º Lugar.


31 DINÂMICA DE MÁQUINAS

1º lugar Categoria Inventor 2019: Transplantadeira de mudas, de Leonardo Streher Matté e Silvio Luiz Albani, de Aratiba/RS

2º lugar Categoria Inventor 2019: Limpador de grãos, de Cleiton Drost, de Herveiras/RS

3º lugar Categoria Inventor 2019: Debulhador e separador de feijão, de Leovanis Gonçalves, Daniela Colle e Ana Carolina Razera, de Vanini/RS

Criado com o intuito de demonstrar o funcionamento do maquinário agrícola aos visitantes, o espaço Dinâmica de Máquinas apresentou um novo formato na Expoagro Afubra 2018. O novo funcionamento se repetiu em 2019 e teve ótima aceitação do público e das empresas expositoras. Por isso, as atividades irão seguir os mesmos moldes em 2020. É o que afirma o professor da Unisc, Maurício Henrique Lenz. “Não haverá horário definido. As empresas demonstram o maquinário durante todo o dia, fazendo uma parada no horário do meio-dia”, afirma. O espaço será dividido em lotes, onde cada empresa poderá colocar suas máquinas agrícolas e operadores, fazendo demonstrações durante os quatro dias da Expoagro Afubra. “Desta forma os agricultores e visitantes podem observar e manusear o maquinário sempre que as empresas disponibilizarem”, frisa Lenz. Porém, a intenção dos organizadores para 2020 é ampliar o espaço e o número de empresas participantes. ‘Pelo 16° ano o curso de Engenharia Agrícola da Unisc, em parceria com a Afubra, será o responsável pelo espaço da Dinâmica de Máquinas, fazendo com que os alunos possam vivenciar no dia a dia da feira as inovações e as tecnologias empregadas nas máquinas agrícolas, além de fazer contato e atender os visitantes”, conclui o professor.



AGROINDÚSTRIAS

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Agroindústrias contarão com espaço ampliado Nova estrutura, viabilizada com recursos próprios, terá 1.980 metros quadrados Foto: Arquivo/Afubra

Espaço é uma das atrações da Feira

estrutura proporcionará mais comodidade, abrigando em 2020, 217 expositores (divididos em 199 estandes) e uma ampla infraestrutura com banheiros, sala de apoio, sala de manipulação de alimentos, sala de coordenação e outras atividades. “É um espaço que trará benefícios para essa e também para as futuras edições da Expoagro Afubra”, reforça Marcílio Drescher.

Foto: Luciana Jost Radtke/Afubra

A maior Feira do Brasil voltada à agricultura familiar chega a sua 20ª edição repleta de novidades. Uma delas será a ampliação do espaço destinado aos empreendimentos familiares. O Pavilhão das Agroindústrias, que em 2019 contou com a inauguração de uma estrutura de alvenaria de 1.500 metros quadrados, viabilizada por uma emenda parlamentar, ganha em 2020 outra ampliação. Trata-se de um pavilhão de 1.980 metros quadrados, construído com investimento próprio da Afubra no valor de R$ 1,5 milhão. O espaço das agroindústrias tem ganhado visibilidade ao longo dos anos, tornando-se um dos locais mais frequentados da Feira. Por isso, a intenção da organização é proporcionar cada vez mais conforto e bem-estar ao público e às agroindústrias. “Nossa expectativa é contemplar todos os expositores e visitantes nesta edição comemorativa da Feira”, garante o tesoureiro da Afubra, Marcílio Drescher. O espaço, já consolidado na Expoagro Afubra, apresenta os sabores das delícias caseiras como cucas, pães, queijos, sucos, linguiças, geleias, conservas, rapaduras, biscoitos, compotas, embutidos e demais produtos da agricultura familiar, incluindo expositores de artesanato, plantas e flores. Drescher destaca que a nova

Drescher: “É um espaço que trará benefícios para essa e também para as futuras edições da Expoagro Afubra”

Foto: Márcio Almeida/Afubra

Nova estrutura terá 1.980 metros quadrados




TABACO

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COP 9 ainda é uma incógnita para os produtores de tabaco Próxima edição acontece em outubro de 2020, em Amsterdam, na Holanda Foto: Junio Nunes

Os representantes dos produtores ainda não sabem quais artigos serão tratados na nona edição da Conferência das Partes (COP 9) da Convenção Quadro para Controle do Tabaco. No momento, nem os dias das reuniões foram definidos. O que se sabe é que a COP 9 acontece no mês de outubro de 2020, em Amsterdam, na Holanda. O presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Tabaco e secretário da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Romeu Schneider, comenta que, até agora, nenhuma informação foi passada. “Desta forma, os que defendem os produtores não sabem o que está sendo preparado e, assim, não têm a oportunidade de se articular”, argumenta. Schneider destaca que, no Brasil, mesmo que algumas instituições do Governo Federal tenham sido extintas, como a Conicq, as pessoas ligadas a estes órgãos seguem criticando a produção de tabaco. Para determinar a posição do país na COP 9, que historicamente tem sido contrária ao cultivo, o Ministério da Saúde leva sugestões a uma comissão, que decide a pauta. Porém, essa comissão sofre influência de ONG’s mantidas por entidades de fora do país. “Como o Brasil exporta para mais de 100 países, há o interesse de prejudicar a produção aqui, abrindo espaços para outros países que não ratificaram a Convenção Quadro”, salienta. O presidente também revela que existe a intenção de que drogas ilícitas, como a maconha, sejam liberadas. De acordo com ele, os países que legalizaram essas drogas tiveram consequências desastrosas. “Ganharam mais problemas do que soluções”. Mesmo com todas as adversidades, Schneider afirma que há uma expectativa positiva sobre a posição oficial do Brasil para 2020, segundo informações vindas do Governo Federal. “O que deve ser levado em consideração é a relevância econômica e social da produção de tabaco para o país”, ressalta. CONTRABANDO – Outra preocupação do setor é quanto ao contrabando de cigarros no Brasil. Em pesquisa realizada pelo Ibope, o produto ilegal já chega a 57% do cigarro consumido no país. Mas o

Romeu Schneider: "deve ser levada em consideração a relevância econômica e social da produção de tabaco para o país"

presidente alerta que, por se tratar do submundo do crime, não é possível ter uma posição oficial sobre o assunto. Portanto, esse número pode ser ainda maior. “Em função das restrições ao cigarro e o alto preço praticado devido aos tributos, aos poucos vai havendo um deslocamento do consumo legal para o ilegal”, resume Schneider. O contrabando é pauta do Protoco-

lo para Eliminar o Comércio Ilícito de Produtos de Tabaco (MOP), que deverá ter uma segunda edição em 2020. O Governo Federal ratificou a sua posição contra o mercado ilegal na participação da MOP 1, realizada em outubro de 2018, logo após a COP 8. Na opinião de Schneider, a Polícia Federal realiza um trabalho importante no combate ao contrabando, mas falta recursos e estrutura para fiscalizar os cerca de 16 mil quilômetros de fronteiras do Brasil com os países vizinhos. “Temos que encontrar outros meios para que o consumo ilegal reverta para o legal”. O combate ao contrabando não é só importante para o setor, mas também para outras áreas. “Se existem questões relacionadas à saúde no consumo de cigarros, não há como compensar esse custo com a arrecadação de impostos, já que o mercado ilegal nada reverte para os cofres públicos, muito pelo contrário”, relata. Schneider lembra que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, sugeriu a redução dos impostos sobre os cigarros com o intuito de diminuir o preço do produto, tornando mais acessível ao consumidor, competindo assim com o mercado ilegal. Porém outros setores do Governo foram contra, achando que o consumo iria aumentar. “A intenção é que o consumidor deixe o cigarro contrabandeado”.

MERCADO ILEGAL Aos poucos os cigarros eletrônicos vão ganhando espaço entre os consumidores de todo o mundo. Mas no Brasil chegam ao mercado através do contrabando, já que a Anvisa não autorizou a venda no país. “A nova geração está aderindo a esses considerados cigarros modernos, mas como eles são proibidos aqui, são trazidos pelos contrabandistas”, explica Schneider. No seu entendimento, assim como os cigarros atuais substituíram o palheiro, os produtos modernos poderão ser os preferidos daqui a alguns anos. Além disso, o cigarro eletrônico elimina a alegada situação do fumante passivo por que não produz resíduos.

Mas o presidente da Câmara Setorial explica que, nos países onde esses produtos são liberados, o consumo estagnou em 20% dos consumidores. “Entendemos que a decisão de fumar é pessoal. A própria Constituição prega a liberdade individual do ser humano e o Governo quer tirar essa liberdade do brasileiro”. Schneider ainda ressalta que a necessidade do pequeno agricultor de permanecer na atividade não pode ser omitida, assim como os recursos obtidos pela cultura. “Além disso, o menor êxodo rural do Brasil está exatamente na fumicultura, assim como a maior renda vem da cultura do tabaco”.



TABACO

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Arroio do Tigre sedia abertura da colheita do tabaco no RS Solenidade marcou o início da colheita do produto cultivado por 75 mil produtores gaúchos Localizado na região Centro-Serra do Rio Grande do Sul, Arroio do Tigre ocupa a 15ª posição entre os municípios brasileiros produtores de tabaco e a 9ª colocação no Rio Grande do Sul, destacando-se no cultivo da variedade Burley. Tendo o tabaco como principal cultura agrícola, o município tem 2.509 produtores que produziram 9.511 toneladas de tabaco na safra 2018/2019, cultivando 4.504 hectares. Dentre estes produtores estão Jeferson Stertz (39 anos) e Simone Catieli Chaves Stertz (33) – pais de Erick, de 11 anos, e Isadora, de 4 anos -, que cultivam tabaco Burley há 15 safras. Eles foram os anfitriões da III Abertura Oficial da Colheita do Tabaco, que ocorreu no dia 13 de dezembro, na propriedade da família, em Linha Paleta, e reuniu cerca de 300 pessoas entre produtores, imprensa e autoridades locais, estaduais e nacionais. O evento é uma promoção do governo do Estado, por meio da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR) e tem apoio da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco). Na safra 2019/2020, Jeferson e Simone plantaram 70 mil pés de tabaco Burley com seis galpões de cura. A expectativa dos produtores é de que a safra tenha um rendimento em torno de 9 toneladas (600 arrobas). “Plantamos há 15 anos. Começamos na época com 30 mil

pés e já chegamos a plantar 120 mil. Hoje diminuímos por uma questão de mão de obra, mas é uma produção que está sempre presente, que permite a rotação de cultura e faz muita diferença para nós”, enfatizou Simone. Nas lavouras da propriedade de 60 hectares também há cultivo de aveia e trigo no inverno e de milho (após a colheita do tabaco) e soja no verão. Jeferson explicou que a família aposta no tabaco por conta da rentabilidade e da assistência técnica dos orientadores. “Viemos sempre num crescente, evoluindo, trocando máquinas, arrumando a propriedade e buscando sempre melhores resultados. E tudo isso só foi possível graças ao tabaco. Ele não é o nosso carro-chefe, mas ajuda muito e proporciona uma boa renda por hectare, considerando que plantamos em uma área pequena da nossa propriedade”, reforçou. A família, que é um exemplo de sucessão – os pais do casal também vieram do campo – aposta no futuro dos filhos para seguir a tradição. “Não sabemos como será daqui para frente, mas nossa expectativa é de que nossos filhos sigam o legado, dando sequência a esse trabalho tão importante”, disse Stertz. A solenidade que marcou o início da colheita do produto, cultivado por 75 mil produtores em 227 municípios gaúchos, contou com a participação de autoridades e lideranças, dentre elas o presidente do

SindiTabaco, Iro Schünke, que destacou a importância social e econômica do tabaco para milhares de produtores e para a economia da Região Sul. “O Brasil, há 26 anos, é o maior exportador mundial de tabaco. Já o Rio Grande do Sul é responsável por grande parte dos embarques e o tabaco representa quase 10% do total exportado no Estado. Manter essa economia ativa é nossa prioridade”, garantiu. Quem também valorizou a união de forças em prol da cultura do tabaco foi o presidente da Afubra, Benício Albano Werner, que parabenizou o esforço de produtores e entidades parceiras. “Essa união de todas as partes, especialmente de entidades e políticos, é importantíssima e fortalece cada vez nosso setor”, disse Werner, lembrando também das dificuldades dessa safra em virtude das intempéries. “Sabemos que os produtores vêm sofrendo com o clima e, durante as negociações, esperamos maior sensibilização por parte das empresas. É preciso olhar os dois lados”, frisou. O vice-presidente da Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (AmproTabaco) e prefeito de São Lourenço do Sul, Rudinei Harter, endossou o discurso de defesa do setor, especialmente pelos importantes retornos econômicos. “Precisamos defender a produção do tabaco, principalmente por tudo que ela Fotos: Junio Nunes

Abertura Oficial da Colheita do Tabaco ocorreu em Arroio do Tigre/RS


39 Fotos: Junio Nunes

representa para a economia dos nossos municípios e para o sustento das famílias no campo. Um grande exemplo é São Lourenço do Sul, onde 60% da renda do município provém do tabaco”, sintetizou Harter. Em seu discurso, o prefeito de Arroio do Tigre, Marciano Ravanello, frisou que uma das saídas para o país sair da crise e prosperar, é apostar no agronegócio. “É debaixo do sol ardente que os agricultores estão produzindo nossas riquezas, gerando emprego e renda.” Presente na cerimônia, o senador Luiz Carlos Heinze reforçou a simbologia do evento, dizendo que “é importante para divulgar a cultura do tabaco, bem como reforçar sua importância social e econômica”. O senador também citou o presidente Bolsonaro, lembrando que este, quando parlamentar, sempre votou a favor da cadeia e, agora, como dirigente do país, deixou claro que não pode ir contra a geração de empregos. Somente na safra 2018/2019 foram produzidas 312 mil toneladas em 142 mil hectares do Rio Grande do Sul, gerando R$ 2,9 bilhões de receita aos produtores do Estado. Representando o secretário Covatti Filho, o diretor de Políticas Agrícolas e de Desenvolvimento Rural da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Estado (SEAPDR), Ivan Bonetti, disse que, com a criação da Câmara Temática do Mercosul e Comércio Exterior, a Afubra e o SindiTabaco têm espaço para tratar das exportações de tabaco, “produto de fundamental importância para o Estado”. A cerimônia de abertura foi encerrada com a colheita simbólica do tabaco, na presença dos proprietários, autoridades e imprensa. APOIO PARLAMENTAR - O evento também foi marcado pela presença de deputados estaduais e federais, atuantes na defesa do tabaco. Dentre eles o deputado federal Heitor Schuch, que lembrou dos esforços empreendidos em Brasília em prol da cadeia, fazendo um chamado especial às empresas durante a negociação de preço. “Sabemos que a safra será mais magra por conta do clima, portanto, que as empresas paguem um preço justo e façam um bom acordo”, disse. Em seu discurso, o deputado estadual Adolfo Britto argumentou que a defesa da cadeia do tabaco não é tarefa fácil, mas é extremamente importante. “Iremos continuar brigando pelo fumicultor e

Solenidade reuniu produtores, autoridades e imprensa na propriedade da família Stertz, em Linha Paleta

A família Stertz, anfitriã da solenidade

divulgando a importância do setor”, salientou Britto, ao pedir que haja bom senso para que o produtor possa ter um rendimento justo pelo seu produto. O deputado federal Marcelo Moraes, que falou também em nome da deputada estadual Kelly Moraes, disse que “o tabaco representa a segunda maior exportação do Rio Grande do Sul e, portanto, merece reconhecimento.” Ele pediu ainda que o fumicultor seja valorizado durante a comercialização da safra, tanto no preço como na classificação. SOBRE O EVENTO - Esta é a terceira edição do evento. Em 2017, a abertura da colheita foi realizada em Venâncio Aires, na região central do RS. Já em 2018 a cidade de Canguçu, no Sul do Estado, sediou o evento que agora teve como local a região Centro-Serra. Venâncio Aires e Canguçu têm grande tradição no cultivo de tabaco do tipo Virgínia. Arroio do Tigre, por sua vez, destaca-se no cultivo da variedade Burley. NÚMEROS - A safra 2018/2019 registrou 159.320 famílias produtoras de tabaco. Destas, 149.060 no Sul do Brasil. A área média da propriedade é de 14,2

hectares, com uma média de 2,72 hectares cultivados com tabaco. A produção brasileira chegou a 868.210 toneladas, sendo 664.355 toneladas produzidas no Sul do Brasil. A receita dos produtores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná chegou a R$ 5.863.792.410,00. São 557 municípios com produção de tabaco no Sul do Brasil: 227 no Rio Grande do Sul, 202 em Santa Catarina e 128 no Paraná. No município de Arroio do Tigre, na safra 2018/2019, foram 2.509 famílias que produziram, em 4.504 hectares, 9.511 toneladas de tabaco das variedades Virgínia, Burley e Comum, recebendo, em média, R$ 8,85 por quilo de tabaco comercializado, totalizando um faturamento de R$ 84.175.000,00. PLANTE MILHO E FEIJÃO - Aproveitando a Abertura da Colheita do Tabaco, entidades como SindiTabaco, Afubra, Fetag, Farsul e Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural realizaram a assinatura do convênio do Programa Milho, Feijão e Pastagens após a colheita do tabaco. O programa incentiva a diversificação e a otimização no aproveitamento dos recursos das propriedades rurais.


INFORME ESPECIAL - ATURVARP

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Turismo Rural: o empreendedorismo em evidência Três empreendimentos rurais serão apresentados durante o 13º Seminário Regional to da Emater/RS-Ascar e presidente da Associação de Turismo da Região do Vale do Rio Pardo (Aturvarp), Carlos Corrêa da Rosa, nessa edição os organizadores buscaram aproximar o tema do seminário com o da Expoagro Afubra. “Em função da importância do turismo para o desenvolvimento da agricultura familiar, dos municípios e da região dada à importância econômica da atividade”, destaca. O 13º Seminário de Turismo Rural é promovido pela Emater/RS-Ascar, Aturvarp e Afubra.

Foto: Divulgação Par ada Toigo

Com o tema "Valorização e empreendedorismo do turismo no meio rural: do campo à cidade" acontece na quinta-feira (19/03/2020), a partir das 8h45, no Auditório do Parque da Expoagro Afubra, o Seminário Regional de Turismo Rural. Em sua 13ª edição, o evento apresentará três empreendimentos de Turismo Rural que nasceram a partir do empreendedorismo e que buscam aproximar o público urbano para consumir os produtos da agricultura familiar, a geração de renda, a inclusão social e a permanência das famílias no meio rural. Segundo o gerente regional adjun-

Carina Venzo Cavalheiro Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional de Soledade

CONHEÇA OS EMPREENDIMENTOS Sítio Buraco Fundo Localizado no município de Vale Verde/RS, o visitante encontra no local muita natureza, piscina, SPA com hidromassagem aquecida, comida caseira e orgânica. O empreendimento surgiu há quatro anos e representa 100% da renda da família. A empreendedora Paula Kist relata que a ideia de investir no Turismo Rural surgiu da observação do crescimento e da ampla procura por locais para fugir da vida na cidade grande. “Isso nos levou a investir no Turismo Rural, além do sonho de receber pessoas que buscam vivências e imersão na natureza”, conta. Parada Toigo Fundada em dezembro de 2011, o empreendimento localizado em Anta Gorda/RS é resultado da visão dos agricultores Sidinei e Sirlei que viram no constante movimento dos turistas da Gruta Nossa Senhora de Lourdes. “Eu sempre tive esse sonho e estamos muito próximo da Gruta que é uma das maiores da América Latina em

basalto. Ela foi doada à comunidade pelos meus antepassados. E eu via o movimento e senti a necessidade de ter algum negócio relacionado ao turismo. Como funcionário público, vi que tinha potencial e comecei a investir. No início era uma lojinha, pequena. Agora temos um restaurante que atende bastante pessoas”, lembra Sidinei. No local o visitante pode desfrutar do contato com os animais da propriedade (ovelha, galinha, peru, pavão), da culinária italiana, a natureza e a gruta que fica próxima ao local. “Muitas pessoas dizem que é a comida da Nona. Isso nos deixa felizes. As pessoas conseguem sair da rotina aqui. Nos orgulhamos de atender duas pessoas, 20 ou 100 pessoas. Foi um sonho alcançado e por isso sempre atendemos as pessoas da melhor forma possível”, relata. A Parada Toigo representa 75% da renda da família que é formada pelas filhas Ana Luiza, Manuela e os pais de Sidinei Moacir e Leila. RV Morangos Fundada há cinco anos, a Agroin-

Na Parada Toigo, o visitante po da culinária italia de desfrutar na

dústria RV Morangos é um dos empreendimentos que integra o Roteiro de Turismo Rural Caminhos Precisos, do município de Soledade/RS. A propriedade recebe visitantes individuais ou no Roteiro. No local os visitantes podem colher morangos, degustar e comprar geleias, suco e caipirinha de morango, cascata de morango com chocolate e passear pelo jardim. Nos dias de excursões os visitantes são recepcionados com música. “Investimos no Turismo Rural para aumentar a renda da família e agregar valor na produção dos morangos. É uma alegria e satisfação receber as pessoas. Os visitantes sempre elogiam, valorizam o que temos aqui e isso nos emociona e nos motiva a continuar”, relata Ritiele Rodrigues Hoffmann. Atualmente, 80% da renda da família é oriunda do Turismo Rural. Os morangos são produzidos em sistema semi-hidropônico, sem uso de agrotóxicos.

Foto: Carina Venzo Cavalheiro

Foto: Divulgação Sítio Buraco Fundo

Sítio Buraco Fundo conta com comida caseira e orgânica

RV Morangos integra o Roteiro de Turismo Rural Caminhos Precisos



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INFORME COMERCIAL - BASF

Contra doenças da soja, informação e ciência Ter à disposição uma ampla bateria de defesas pode fazer toda a diferença Fotos: Banco de Imagens

A safra brasileira de soja no período 2019/20 deve chegar bem perto de 120,4 milhões de toneladas, segundo estimativa publicada pela Conab em outubro último. Esse volume significa aumento de 4,7% sobre o resultado da temporada passada e representa todos os avanços tecnológicos que mantêm o Brasil na linha de frente da produção agrícola mundial. Da seleção genética ao monitoramento de lavouras por satélite, há um universo de pesquisas científicas e trabalho de campo para garantir o melhor desempenho em cada hectare e proteger as plantas dos inúmeros desafios que as cercam. A exemplo das diversas doenças fúngicas que atacam a soja em seus diversos estágios de desenvolvimento, derrubam a produtividade e a qualidade dos grãos e prejudicam toda a cadeia, começando pelo agricultor. Os mesmos cuidados que se teve com a escolha de cultivares mais resistentes a esses e outros problemas e o uso de sementes já protegidas contra os fungos devem ser expandidos para além do momento do plantio, abrangendo cada etapa de evolução das lavouras. Seguindo a lógica de que conhecer bem o inimigo é uma boa estratégia de combate, é melhor saber quais são as doenças mais relevantes, suas causas, seus sintomas e pontos fracos e, principalmente, como evitá-las. Uma das maiores ameaças para as lavouras de soja continua a ser a ferrugem asiática, que é causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi e se espalha com muita facilidade pelo vento. A doença marca as folhas das plantas com pontos escuros que vão crescendo até provocar a desfolha. Em condições favoráveis à sua propagação, pode causar prejuízos de até 70% da produtividade em lavouras não tratadas com fungicidas. A antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum truncatum, é outro problema sério, pois pode tanto matar plântulas como causar manchas negras nas nervuras de folhas, hastes e vagens. O mofo branco, que tem origem no fungo Sclerotinia sclerotiorum, também deixa manchas, mas nesse caso são mais aquosas e logo evoluem para um micélio branco e denso. É entre a floração e a formação das vagens que as plantas ficam mais suscetíveis à doença, o que coloca em risco a produtividade. Há ainda uma série de outras doenças, chamadas de manchas ou

podridões, que impactam diretamente no desenvolvimento das plantas, ou seja, em muitos casos nem chegam à fase de produção propriamente dita. Com tantos e tão diversos desafios, ter à disposição uma ampla bateria de defesas pode fazer toda a diferença. É o que a BASF oferece aos agricultores. Os pesados investimentos da empresa em pesquisa e desenvolvimento geram soluções em fungicidas que podem ser aplicadas de forma integrada e protegem as lavouras desde a fase vegetativa V6 até a reprodutiva R5. Nessa lista de produtos estão Status®, Orkestra® SC, Spot® SC, Ativum® e Versatilis®. A combinação adequada desses fungicidas, com diferentes princípios ativos, garante maior proteção contra uma grande gama de doenças, inclusive por mais tempo, e evita o surgimento de resistência. Com a orientação do engenheiro-agrônomo e a assistência dos profissionais da BASF, o agricultor terá uma excelente estratégia de combate e prevenção. Uso exclusivamente agrícola. Aplique somente as doses recomendadas. Descarte corretamente as embalagens e os restos de produtos. Incluir outros métodos de controle do programa do Manejo Integrado de Pragas (MIP) quando disponíveis e apropriados. Registro MAPA: Status® nº 6210, Orkestra® SC nº 08813, Spot® SC nº 0516, Ativum® nº 11216 e Versatilis® nº 01188593.



INFORME ESPECIAL - EMATER

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Pastagem garante rentabilidade para família de Vale do Sol Produção de leite a base de pasto sempre foi o objetivo da família Kretzmann Foto: Carina Venzo Cavalheiro

A produção de leite com base na sustentabilidade e no potencial produtivo da pastagem sempre foi o objetivo da família Kretzmann. Residentes em Linha Alto Quilombo, em Vale do Sol/RS, o agricultor Rosmar e a filha Ana Karolina, há sete anos, tem na produção de leite uma importante fonte de renda. A família, que também cultiva tabaco, possui, atualmente, um rebanho de 26 animais das raças Holandesa e Jersey, sendo 15 em lactação. A pastagem representa cerca de 90% da alimentação das vacas. “Desde o início tivemos o propósito de investir na pastagem. Sempre pensamos no bem-estar dos animais e em não explorar as vacas, mas o potencial produtivo da pastagem”, conta Rosmar. Na propriedade foram organizados 65 piquetes, em sete hectares, onde são cultivados tifton, aruana, quicuio e pastagens anuais, com aveia, azevém e trevo em sobressemeadura. A adubação química e orgânica é realizada de forma regular na pastagem para manter a qualidade e a produtividade. “Toda vez que as vacas saem do piquete faço a adubação. No final de 2019 comecei a utilizar o esterco líquido. A ideia é usar somente adubo orgânico”, relata o produtor. Além da pastagem, a alimentação do rebanho recebe um complemento com ração, silagem e sal mineral. O extensionista rural e médico veterinário da Emater/RS-Ascar, André Macke Franck, explica que o pasto é o alimento mais barato. Com ele é possível manter uma boa produção. Contudo, a silagem e a ração são um complemento importante. “Com eles é possível manter os bons índices produtivos e o equilíbrio nutricional dos animais. Pois, vacas de boa genética precisam ser bem alimentadas para garantir sua saúde e uma boa produção de leite”, explica. A família adotou a prática dos sistemas Voisin e Silvipastoril para ao manejo das pastagens e dos animais. “O sistema Voisin é um dos sistemas mais eficientes, sustentável, rentável e moderno. Ele (o sistema) é capaz de proporcionar renda líquida por hectare superior a R$

Rosmar e Ana Karolina fazem o manejo dos animais e das pastagens para obter os bons índices produtivos

5 mil por ano, além de respeitar os cuidados com o solo, com o bem-estar animal e humano e com baixo requerimento de mão-de-obra”, destaca Franck. O extensionista ainda frisa que a existência de árvores em uma pastagem apresenta vantagens tanto para os animais quanto para as forrageiras e o solo. “Os animais encontram nas árvores a proteção contra o excesso de insolação, a chuva e o vento, proporcionando um maior conforto que irá refletir na melhoria da produção”, explica. Para o solo, o plantio de árvores contribui na melhora da estrutura e sua conservação, maior resistência às adversidades climáticas como chuvas excessivas, altas e baixas temperaturas e ventos, melhor equilíbrio ecológico e biodiversidade, o que favorece o controle biológico das pragas do pasto e do gado. “Além disso, as árvores constituem uma reserva de capital, passível de utilização quando necessário”, ressalta Franck. Outro aspécto a ser observado para o bem-estar dos animais é a oferta de água. Nos piquetes da propriedade da família Kretzmann os animais encontram recipientes com água de boa qualidade, ação que, segundo o produtor, registrou um aumento na produção de 10% a 15%. Na propriedade, a média de produção é de 270 litros de leite por dia. Uma média de 18 litros por vaca ao dia. Por ano, a família registra uma produção de 96 mil litros de leite, o que representa uma produtividade de 13.700 litros por

hectare de pastagem ao ano. “A meta é chegar a 20 vacas em lactação, com média de produção de 20 litros por animal. Para isso, além da qualidade da pastagem, também é importante a genética dos animais”, projeta Rosmar. Quanto à qualidade do leite, a propriedade atende as exigências das Instruções Normativas 76 e 77 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Outro fator importante para a produção é controle das atividades desenvolvidas. Ana Karolina e Rosmar são integrantes do Programa Gestão Sustentável da Agricultura Familiar, da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr). “Com o Programa consegui organizar melhor. Ter mais controle da propriedade. A Ana faz o controle do rebanho, leva tudo anotado, e eu a gestão”, explica o produtor. Aos 17 anos, Ana Karolina planeja o futuro na Agricultura Familiar. “Gosto das atividades da propriedade, de cuidar dos animais. É aqui que sou feliz. Quero fazer cursos, me aprimorar, mas sem sair da propriedade”, planeja. A jovem produtora também vê outras oportunidades. “Quero seguir na produção de leite e aprimorar a apicultura. Atualmente são dez colmeias na propriedade, mas a meta é ter 40”, projeta. Carina Venzo Cavalheiro Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional de Soledade



INFORME ESPECIAL - EMATER

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Silo secador: a decisão na mão do produtor Armazenar a produção na propriedade possibilita maior autonomia aos produtores rurais Foto: Carina Venzo Cavalheiro

Reduzir os custos de produção e a penosidade do trabalho, com autonomia na gestão e na comercialização, sem perder a qualidade dos grãos, são alguns dos benefícios do silo secador. Existem vários tipos de silos secadores, no entanto, o modelo de alvenaria com aeração natural forçada tem sido uma das melhores opções para a propriedade rural. Com custo médio de construção de R$ 26,00 por saco armazenado, este tipo de silo é uma excelente alternativa de baixo investimento e que agrega valor à produção. “A secagem com ar natural mantém a qualidade dos grãos armazenados, bem como um menor gasto energético no processamento, com um menor custo por saco armazenado. Também reduz o custo com frete e as perdas qualitativas e quantitativas de grãos”, explica o engenheiro agrônomo e extensionista Rural Agropecuário da Emater/RS-Ascar, Vagner João Moro. O extensionista explica que o projeto

Com a construção do silo secador de alvenaria os agricultores Leandro e Márcia aumentaram a produção de milho

deve ser acompanhado de uma boa conversa com a família. É preciso analisar a quantidade de grãos a armazenar, as condições do

local onde será instalado o silo e de carga e descarga do produto. Além de planejar o futuro aumento na produção de grãos. “A


47 Emater vem trabalhado na adaptação de tecnologias sustentáveis e de menor custo para a armazenagem nas propriedades rurais e maior autonomia no gerenciamento dos grãos colhidos. Assessoramos desde o local onde será construído o silo secador, na elaboração dos projetos técnico e de crédito rural, quando for o caso, e todo o manejo da secagem e armazenagem dos grãos”, frisa Moro. Os agricultores Leandro e Márcia Gelsdorf já observam os resultados da construção do silo secador de alvenaria. Na propriedade da família, localizada na Linha Brasil, município de Candelária/RS, a área de produção de milho passou de cinco hectares para dez hectares após a construção da estrutura. “O silo ajudou muito. Antes carregava o milho nas costas para guardar e precisava vender logo. Agora, além de facilitar o trabalho, ainda posso analisar o melhor momento para vender”, avalia Leandro. Na propriedade foi construído um silo secador com ar natural, com capacidade de armazenagem de 60 toneladas, sendo investido R$ 26.000,00. Com o local adequado para armazenar, a produção de

milho passou de 400 sacas na safra 2016/2017 para 722 sacas na safra 2018/2019 e com perspectiva de aumento na produção. O custo de produção passou de 53% do valor obtido na comercialização para 42%. “O ar natural proporciona uma secagem homogênea e gradativa com temperaturas adequadas. Por isso, não há problema com o superaquecimento da massa de grão que pode diminuir a qualidade do produto. E isso interfere também no melhor desempenho das criações pelo maior aproveitamento dos grãos e, quando da moagem para produção de farinha, apresenta um produto de melhor qualidade e menores perdas aumentando a competitividade em nível de mercado”, frisa Moro. Outra prática realizada na propriedade foi a adaptação da estrutura para aproveitar o calor da fornalha da estufa de tabaco, localizada próximo ao silo. “Adaptamos para secar o grão do milho pós tabaco devido a alta umidade do grão colhido no período. A Emater nos ajudou muito no planejamento da construção para encontrar a estrutura que melhor se adaptava para a nossa propriedade”, conta Leandro.

A família é integrante do Programa Gestão Sustentável da Agricultura Familiar, da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural. Ao construir um silo secador o produtor deve observar alguns cuidados. A estrutura não deve estar localizada em áreas de alta umidade, próxima a corpos de água como açudes, lagos e riachos, em locais que normalmente apresentem intensa cerração por longos períodos e em proximidade a matas espessas. Para garantir a qualidade do grão os cuidados iniciam já na colheita. A colhedora deve ser ajustada de forma a evitar grãos quebrados e danificados. Outra prática importante é fazer a pré-limpeza antes de secar e armazenar o produto. Para a armazenagem a umidade do grão deve ser de 13%. Até 2018, no Rio Grande do Sul 2.668 produtores construíram silos com assistência técnica da Emater/RS-Ascar, com capacidade de armazenagem de 175.367 toneladas. Carina Venzo Cavalheiro Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar - Regional de Soledade


INFORME ESPECIAL - EMBRAPA

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Milho para panificação e soja mais resistente Atrações da pesquisa da Embrapa para diversificação Foto: Paulo Lanzetta

Uma das atrações aos visitantes às lavouras da Feira, neste ano, é a demonstração do desempenho da cultivar de milho branco recentemente desenvolvida pela Embrapa, a BRS 015FB, que apresenta características para produção de farinha. Este milho farináceo branco é destinado a consumidores com restrição a glúten, uma vez que grãos de milho não contêm essa substância. A variedade surgiu a partir de um melhoramento de pesquisa e está sendo trabalhada como alternativa para panificação. Segundo o pesquisador Eberson Eicholz, que conduz o trabalho, a farinha produzida a partir desta cultivar de milho, é mais apropriada para misturar em pães e em bolos. “O pão não fica tão farelento que nem o pão de milho tradicional, ele fica numa consistência mais firme”, fala Eicholz. Características da farinha – Por sua composição, a variedade apresenta farinha de menor granulometria – ou seja, mais fina – do que as obtidas a partir de variedades tradicionais de milho. O melhor desempenho na moagem em

BRS 015FB: a farinha produzida a partir desta cultivar de milho é mais apropriada para misturar em pães e em bolos

comparação a essas variedades também pode resultar em rendimento de extração de amido 40% maior. Esse teor compensa a ausência do glúten, responsável por dar estrutura e deixar as massas mais macias. Outro destaque é a cor do grão que, mesmo integral, gera uma farinha branca. Isso, somado à baixa granulometria, resulta em pães e biscoitos similares aos obtidos a partir do trigo.

“Possibilita pro agricultor familiar produzir e ter um mercado para a indústria com um valor agregado na farinha, pela sua granulometria, para atender alguns nichos de mercado”, diz Eicholz. Além de ser livre de glúten, a farinha do milho branco é enriquecida com minerais e apresenta 9% de proteínas.

BRS 5804RR: Sanidade e produtividade na nova soja Foto: Luiz Magnante

Um lançamento em soja, a cultivar BRS 5804RR, é uma das atrações da Feira. Ela apresenta resistência a podridão radicular de fitóftora, com potencial de rendimento acima de 100 sacas por hectare. De acordo com o pesquisador Paulo Bertagnolli, um dos diferenciais da cultivar BRS 5804RR é a amplitude de semeadura, adaptada a plantios tanto no início quanto no final da época recomendada, quando demonstrou diferencial significativo em produtividade comparada a outros materiais de mesmo ciclo. Os melhores resultados ocorreram nas semeaduras entre 21 de outubro e 30 de novembro, quando os rendimentos ultrapassaram os 6 mil kg/ha. “A cultivar foi testada em 22 locais durante três anos e mostrou-se realmente superior às testemunhas”, conta o pesquisador, lembrando que a ampla janela de semeadura permite o escalonamento de plantio ou mesmo o replantio em situações de adversidade climática. Um dos principais problemas nos cultivos de soja na Região Sul é a podridão radicular de fitóftora, que implica na morte de plantas na fase inicial da lavoura. A cultivar BRS 5804RR é resistente à fitóftora,

Soja BRS 5804RR: amplitude de semeadura, adaptada a plantios tanto no início quanto no final da época recomendada

problema recorrente em solos com excesso de umidade e áreas sem rotação de culturas. Além da sanidade de raíz, a alta produtividade da BRS 5804RR também resulta do elevado peso de mil grãos (PMG 210 g), em plantas de porte médio que apresentam vagens com quatro grãos. Os visitantes também poderão avaliar os resultados da cultivar BRS 6203RR, adaptada aos diferentes ambien-

tes de produção de soja no RS, com rendimentos superiores à outras variedades em cultivo na metade sul. A Embrapa está prestando atendimento aos visitantes, que quiserem conhecer as tecnologias destaques, durante a Feira, com a participação das equipes de pesquisa de Bagé, Bento Gonçalves, Passo Fundo e Pelotas. Cristiane Betemps - Jornalista – Embrapa



INFORME ESPECIAL - EMBRAPA

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Pastagens, leite e frutas valorizam a produção familiar Alternativas para a diversificação das propriedades Foto: Paulo Lanzetta

A pesquisa agropecuária apresenta na área experimental da Expoagro Afubra alternativas para alimentação animal, através da instalação de parcelas para atender os vazios forrageiros, com as opções de cultivares e forrageiras, além de culturas de grãos como trigos, milhetos e sorgos. PASTAGENS - Vitrine de forrageiras: mostra o desempenho do trevo branco BRS URS Entrevero, leguminosa para ressemeadura em campos naturais e consórcios com gramíneas forrageiras de inverno em áreas mais baixas, planas e com bom teor de umidade; do cornichão BRS Posteiro para sobressemeadura em campos naturais e consórcios com gramíneas forrageiras de inverno em áreas mais altas e bem drenadas de toda a região Sul do Brasil e o capim-sudão BRS Estribo, forrageira de

Opções de diversificação da propriedade rural são apresentadas pela Embrapa


51 verão para os pecuaristas da região Sul. A planta pode ser utilizada sob pastejo rotacionado e pastejo contínuo. Todas as cultivares fazem parte do convênio entre Embrapa, UFRGS e Sulpasto. Alternativas para Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF): através da mostra das cultivares de trigo duplo propósito: BRS Pastoreio, um trigo desenvolvido sem aristas (filamentos na espiga do trigo) que indica a cultivar para silagem de planta inteira, sem riscos de ferir a mucosa da boca do animal durante a ingestão do alimento. A produtividade na silagem (massa verde) chega a 28.059 kg/ha e o rendimento de grãos (após dois cortes) é de 3.037 kg/ha; e BRS Tarumã, trigo com ciclo tardio (162 dias) que permite a semeadura antecipada, alta capacidade de perfilhamento, resistência ao pisoteio e bom rebrote. O rendimento de grãos é de 3 mil kg/ha, com produção de forragem 30% superior à produção de matéria seca da aveia preta. LEITE - Alguns exemplares da

raça Jersey estão em exposição na área de produção leiteira da Feira, aonde são identificados os resultados de produção animal e produtividade leiteira, obtidos através do sistema de cria e recria de bovinos leiteiros. O Laboratório Federal de Defesa Agropecuária-LFDA, ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, está com seu laboratório móvel, realizando demonstrações sobre a importância do controle de qualidade dos alimentos, em especial, o leite. FRUTAS - Já os produtores que tiverem gosto pela fruticultura, a Empresa traz como boa opção os cultivos de uvas, assim como o projeto Quintais Orgânicos de Frutas. Programa de Melhoramento Genético ‘Uvas do Brasil’desenvolvidas às condições brasileiras, e também de novas tecnologias, o parreiral demonstrativo, traz, sob cultivo protegido, uvas para processamento (suco, vinho e geleia) e mesa (consumo in natura), com as recomendações de manejo das cultivares ‘BRS Vitória’, ‘BRS

Isis’, ‘BRS Núbia’, ‘BRS Magna’, ‘BRS Violeta’, ‘BRS Carmem’, Isabel Precoce e Niágara Rosada. Todas elas podem ser cultivadas comercialmente ou em parreirais domésticos com o uso da cobertura plástica, diminuindo doenças, aplicação de fungicidas e garantindo a segurança da fruta e do produtor. QUINTAIS ORGÂNICOS DE FRUTAS - Oferece aos produtores 19 variedades de frutas, 14 tipos de hortaliças, as batatas-doce biofortificadas, a pastagem BRS Kurumi, e neste ano, inclui no pacote tecnológico, mudas do milho farináceo Branco BRS 015FB e também dos feijões BRS Expedito (biofortificado) e BRS Intrépido. Outras possibilidades são indicadas como as 12 cultivares de canas-de-açúcar (para o sul do país), as batatas-doce biofortificadas BRS Amelia e Beuaregard, além das de múltipla finalidade - BRS Gaita e BRS Viola - como também os resultados de uso da avicultura colonial. Cristiane Betemps-MTb7418/RS


INFORME COMERCIAL - PHYTOAGRI

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Uma vida inteira dedicada ao tabaco Ernani Weiss já viajou o mundo solucionando problemas da cultura do tabaco inovando e criando algo para ajudar a cultura e seus produtores. Depois de mais de quatro décadas de experiência, Weiss resolveu juntar seus conhecimentos adquiridos em diversos países e inovar mais uma vez. Juntamente com mais dois sócios, ele criou a Phytoagri, uma empresa de fertilizantes, sediada em Santa Cruz do Sul/RS. Fundada com o objetivo de auxiliar os agricultores e empreendedores rurais a alcançar maior eficiência em sua produção, a empresa preenche uma lacuna existente no sistema de nutrição e sanidade das plantas. Na Phytoagri, Weiss e seus sócios foram os mentores do Grypho: um produto para o tabaco oriundo de uma combinação de fertilizantes orgânicos e minerais, que tem ajudado os produtores a garantirem as safras. “O Grypho é resultado da soma de conhecimento, pesquisas e experiências em diversos solos do mundo. Pensei neste produto com a intenção de contribuir para que os produtores de tabaco pudessem ter mais qualidade e quantidade em suas safras”. Comercializado há apenas três anos, o Grypho, que já é um sucesso de vendas no tabaco, agora está sendo lançado para auxiliar em outras culturas, como a de hortifrúti, incrementando a

Foto: Divulgação

Dizem que, quando um homem é apaixonado pelo que faz, não trabalha nem um dia sequer na vida. Essa máxima é válida, ainda mais para quem tem cerca de 45 anos de experiência profissional e, ainda assim, diariamente, tem a satisfação de trabalhar com algo pelo qual acredita e, justamente por isso, dedica-se há vida toda. O que seria o sonho para muita gente, é a realidade de Ernani Weiss, pesquisador especialista em tabaco. Com um currículo profissional extenso e de dar inveja a muitos, a vida de Weiss poderia ser resumida, facilmente, pela sua dedicação ao tabaco. Ao longo da sua trajetória, ele já viajou o mundo solucionando problemas relacionados à cultura. Introduziu diversas técnicas, procedimentos, equipamentos e produtos e criou os primeiros híbridos de tabaco no mundo. Era responsável pela pesquisa na Tabacos Brasileiros e atuou como gerente técnico na Universal Leaf, sendo ainda Co-fundador da empresa Profigen do Brasil, não bastasse tudo isso, Weiss é ainda especialista em Fisiologia do Tabaco (EUA). No alto dos seus 70 anos de idade, o pesquisador não descansa e, sequer, pensa em parar. Muito pelo contrário, ele sempre está

produção de alimentos mais saudáveis, contribuindo para o crescimento sustentável do agronegócio. “Já percebemos que o Grypho pode auxiliar produtores de outras áreas, como a do arroz, por exemplo, que tem mostrado resultados expressivos em ganho de produção”. Sobre o que ele ainda almeja na carreira profissional, o pesquisador responde de forma bem objetiva. “Continuar trabalhando em prol do tabaco e dos produtores do agronegócio. É para isso que dedico a minha vida.” E aí, alguém tem alguma dúvida de que Ernani Weiss, por fazer o que ama, não trabalha sequer um dia de sua vida? Marluci Drum - Jornalista MTB 17163/RS



INFORME ESPECIAL - IRGA

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Irga enfoca seus 80 anos de pesquisa Incentivar, coordenar e superintender a defesa da cadeia do arroz produzido no Estado Foto: Arquivo/Irga

No dia 20 de junho de 2020, o Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) completa 80 anos desde que foi declarado como entidade pública, por meio do Decreto-Lei nº 20, tendo como finalidade principal incentivar, coordenar e superintender a defesa da produção, da indústria e do comércio de arroz produzido no Estado. Em alusão a essa comemoração, o tema central abordado na 20ª edição da Expoagro Afubra será o aniversário de 80 anos da Instituição. Em relação às edições anteriores, a feira terá um dia a mais na sua programação e ocorrerá nos dias 18, 19, 20 e 21 de março de 2020, no Rincão del Rey, em Rio Pardo, Rio Grande do Sul. Nesta próxima edição, o Instituto contará com uma área demonstrativa de campo com 3.500 metros quadrados para arroz e soja. Também montará um estande com 10mx20m, onde serão realizadas oficinas de beneficiamento dos grãos que abordarão a parte industrial, mostrando aos participantes

Espaço do Irga é tradicional na Expoagro Afubra

como ocorre o processo do arroz até chegar à mesa do consumidor e ressaltando a qualidade do cereal gaúcho, em consonância com o tema central da feira que é: valorização do agricultor, do campo à cidade. Ainda serão

promovidas atividades do Programa de Valorização do Arroz (Provarroz), demonstrando os benefícios do arroz e seus coprodutos. Tradicionalmente, no segundo dia da feira ocorre o “Dia do Arroz”, em que ex-


55 cursões de arrozeiros de todo o Estado participam do roteiro preparado tanto nas estações de campo quanto no estande com as oficinas de beneficiamento e do Provarroz. O Irga entende que é seu dever promover a sustentabilidade da cadeia produtiva de arroz, como também auxiliar na promoção de hábitos alimentares mais saudáveis, incentivando e disseminando os benefícios do consumo do arroz. Com o slogan de “Arroz, um alimento cheio de sabor e saúde”, o Provarroz foi criado pelo Irga em 2015 com o objetivo principal de aumentar o consumo de arroz por meio da conscientização da população sobre os benefícios do cereal para a saúde. Para as atividades no campo, o instituto está preparando a apresentação de três vitrines tecnológicas, com a apresentação de extensionistas e pesquisadores do Irga. A primeira estação vai mostrar a história da autarquia, como a evolução do melhoramento genético ao longo dos anos, que realizou atividades na área de pesquisa para o desenvolvimento de cultivares de arroz irrigado convencionais e híbridas, adaptadas ao cultivo do Rio Grande do Sul. A vitrine aparesentará desde cultivares mais

antigas, como o IRGA 409, até as mais recentes, como o último lançamento IRGA 431 CL e como isso impactou positivamente na lavoura arrozeira do Estado. Manejos inovadores para a cultura na parte de irrigação com objetivo de uma alta produtividade e rentabilidade foram organizados para a segunda estação. A proposta é apresentar os manejos preconizados pelo Projeto 10+ com o objetivo de melhorar a eficiência dos processos produtivos, bem como a renda do produtor. Importante lembrar que o Projeto 10+ é um conjunto de ações que envolve dez passos a serem seguidos pelo produtor. O 10+ foi criado em 2018 como objetivo de elevar a produtividade média de arroz no RS nos próximos anos. Além disso, esta estação terá no campo as duas cultivares do Irga de maior expressão no Estado, IRGA 424 RI e IRGA 431 CL, a fim de demonstrar as características de cada uma e os seus manejos específicos. Já a terceira estação foi reservada para o manejo de soja em terras baixas. Serão apresentados os últimos resultados de pesquisa neste sentido, como cultivares mais adaptadas, manejo físico do solo, fertilidade,

época de semeadura, população e desenvolvimento inicial, irrigação, drenagem, avaliação da aptidão das áreas, dentre outros. A última edição da feira recebeu 112 mil visitantes, sendo que 85,24% eram agricultores. Já na edição de 2020, com o acréscimo de mais um dia no cronograma, são esperados em torno de 135 mil. No estande do Irga não há estimativa de visitantes, mas no roteiro de campo são esperados em torno de 3 mil pessoas, entre produtores, agrônomos, técnicos e estudantes. O engenheiro agrônomo e responsável pela Coordenadoria Regional da Depressão Central do Irga, Pedro Trevisan Hamann, comenta sobre a importância da feira e a participação da autarquia. “A Expoagro Afubra vem crescendo a cada ano e se tornando referência nacional em organização e inovação no setor. Enxergamos nossa participação como uma grande oportunidade de demonstrar os conhecimentos adquiridos aos produtores orizícolas, bem como apresentar o Irga como instituição à sociedade. Esperamos novamente um grande público e o sucesso do evento”, acrescenta Hamann. Texto: Kesia Ramires


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INFORME ESPECIAL - SISTEMA FARSUL

Assistência Técnica e Gerencial: um modelo transformador Mais um formato de atendimento em suas propriedades O Agronegócio no Brasil, há alguns anos, ocupa uma posição de destaque na economia. No entanto, mesmo apresentando números expressivos, o setor apresenta gargalos que comprometem avanços ainda maiores. Classe Um desses fatores é a falta de assistência técnica às propriedades rurais. AeB Segundo o Censo Agropecuário de 2017 (IBGE), cerca de 80% das propriedades rurais não receberam assistência técnica de maneira regular. 301 mil Após a dissolução da Embrater, o processo de trabalho da assistência técnica e extensão rural começou a sofrer descontinuidade e falta de padronização, fragmentando e pulverizando a sua Classe C atuação em nível nacional, sofrendo com a ausência de políticas 796 mil públicas integradoras e gestoras de seus processos, criando uma lacuna na prestação de serviços. O Censo Agropecuário de 2017 (IBGE), demonstrou que 4,7 milhões de propriedades rurais produzem sem o mínimo de apoio para o aumento da produtividade e que apenas 9,32% delas Classe D/E* recebeu algum tipo de assistência técnica e extensão = 1,46 milhão rural. O Senar, acreditando que pode contribuir ainda mais com a multiplicação do conhecimento, a partir do ano de 2013, cria-se a Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial, chamando para si a responsabilidade de atender aos produtores da Classe D/E Classe C e promover a ascensão dos produ2,61 milhões tores das Classes D e E superior, conforme esquema a seguir:

Fonte: *Estrato da classe D/E passível de mobilidade para a classe C. Fonte: IBGE/FGV

Assitência Técnica e Gerencial

Extensão Rural


57 Ao reconhecer o valor e o poder de transformação do conhecimento, o Senar, atuando há mais de vinte anos com Formação Profissional Rural (FPR) e Promoção Social (PS), inicia uma nova ação denominada Assistência Técnica e Gerencial. Dessa forma, em virtude de sua capilaridade e objetivos estratégicos, será capaz de promover ao produtor rural brasileiro um modelo de transferência de tecnologia associada à consultoria gerencial, que priorize a gestão da atividade de forma eficiente e, com isso, permita alcançar mudanças efetivas no ambiente das empresas rurais. O principal objetivo da Metodologia de Assistência Técnica e Gerencial do Senar é atender a produtores rurais de todas as regiões brasileiras, possibilitando o acesso a um modelo de Assistência Técnica associado à consultoria gerencial, em consonância com as ações de Formação Profissional rural, já amplamente consolidadas no âmbito do Senar / Administração Central e das suas administrações regionais. O grande diferencial da Assistência Técnica e Gerencial do Senar é a utilização de um modelo de gestão e operação gerencial continuados, que englobe todos os proces-

sos da cadeia produtiva da propriedade – possibilitando a realização de ações efetivas, nas áreas econômica, social e ambiental, e os processos de gestão do negócio, visando proporcionar a sua evolução socioeconômica, da família e da comunidade. As ações de Assistência Técnica e Gerencial do Senar Rio Grande do Sul iniciaram-se em 2017, com o Projeto Mapa Leite, através de chamamento público N° 002/2014, onde foi celebrada a contratação do Senar pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, visando implantar a metodologia de Assistência Técnica e Gerencial, que possibilitou o acesso ao modelo de assistência técnica associado à consultoria gerencial. A partir do término deste projeto, neste ano o Senar-RS implantou o modelo de ATeG como ação prioritária na instituição. Os produtores rurais do Rio Grande do Sul já estão contando com mais um formato de atendimento em suas propriedades, dentro das seguintes cadeias produtivas: agricultura, bovinocultura de corte, bovinocultura de leite e ovinocultura de corte e, num segundo momento produtores de outras cadeias serão contemplados com a iniciativa. Inicialmente

serão atendidas cerca de 5.000 propriedades rurais, selecionadas pelos 165 Sindicatos Rurais do estado. As primeiras visitas técnicas iniciaram em fevereiro deste ano. As propriedades receberão visitas durante um período de 24 meses, e contará com uma equipe de, aproximadamente, 120 técnicos de campo, supervisores técnicos, supervisores do Senar-RS e coordenação regional. Como ferramenta de trabalho e forma de coleta e controle de dados o Senar desenvolveu um software de gestão, o SISATeG, onde toda equipe técnica terá acesso. Nesse software o técnico de campo tem a oportunidade de apresentar relatórios mensais para os produtores durante a visita, evidenciando os gastos, despesas, custos fixos e variáveis da atividade, lucro líquido, custo operacional efetivo (COE), custo total (CT), dentre outros indicadores. A ideia, é que no término dos 24 meses de visitas, os produtores possam dar continuidade no conhecimento que foi transferido e orientado pelos técnicos no decorrer das visitas, como de gerir tecnologias, registrar as receitas e despesas de sua atividade proporcionando um modelo de gestão eficiente dentro das propriedades gaúchas.


INFORME ESPECIAL - SEAPDR

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Políticas públicas em várias frentes Secretário de Agricultura do RS faz reflexão sobre o setor Foto: Emerson Foguinho/Seapdr

Nesta Expoagro Afubra 2020, a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) mais uma vez apoia a diversidade da produção das pequenas propriedades. O pavilhão da agricultura familiar tem se tornado referência em todas as feiras que têm suporte do Governo do Estado, graças à mobilização e à dedicação dos empreendedores rurais e dos servidores públicos, que têm superado adversidades para cumprir sua missão. A feira ocorre em um momento em que a Seapdr se prepara para lançar mais uma edição do programa Bolsa Juventude Rural, uma política pública cada vez mais importante e procurada por jovens estudantes de todo o Estado. Com essa iniciativa, o Estado incentiva o jovem rural a permanecer no Ensino Médio e a implantar projetos produtivos

Covatti Filho: “Estado tem buscado fomentar o empreendedorismo no campo”


59 sustentáveis nas propriedades familiares. O mais recente Censo Agropecuário do IBGE mostra que o campo está envelhecendo, e cabe ao Estado criar condições para que a juventude tenha estímulos para ser protagonista dentro da propriedade rural familiar e se mantenha na atividade de produzir alimentos. A Bolsa Juventude Rural e o apoio para a montagem de feiras são estratégias que se mostram acertadas. Em 2019, a Secretaria da Agricultura investiu mais de R$ 1,1 milhão em recursos para viabilizar a participação de agroindústrias familiares, indígenas e quilombolas em cerca de 50 feiras agropecuárias em todas as regiões, com aproximadamente 790 espaços de comercialização disponibilizados às agroindústrias familiares. Além destas frentes, o Estado tem trabalhado forte para ampliar a adesão de municípios ao novo modelo do Sistema Unificado Estadual de Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf). Isso está promovendo mudanças significativas nas economias

familiares e locais. Ao permitir que as agroindústrias e equivalentes (mão de obra familiar e área de 250 metros quadrados de processamento) inscritas no Serviço de Inspeção Municipal (SIM) comercializem seus produtos para todo o Estado, há uma ampliação de mercado, sonhada por muitos. Como consequência, a abertura de mercado gera um efeito cascata, trazendo mais renda para os produtores, abertura de novos postos de trabalho, mais impostos para o município e recursos para o Estado. A qualidade da produção das agroindústrias gaúchas é atestada pelo Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf), que habilita os empreendimentos a solicitar a autorização de uso do selo Sabor Gaúcho em seus produtos. O selo é sinônimo de produção oriunda da agricultura familiar. Por meio do Peaf, o Estado oferece uma série de serviços para as agroindústrias familiares, como qualificação técnica, incentivos financeiros para melhoria e legalização e assistência nas questões sanitárias, ambientais e

tributárias. Além do apoio às agroindústrias, o Peaf dá aos consumidores a segurança de adquirir um produto rigorosamente em conformidade com as leis sanitárias e ambientais. A Secretaria da Agricultura também está envolvida na orientação às agroindústrias produtoras de queijo artesanal serrano sobre os procedimentos para a obtenção do Selo Arte, regulamentado por decreto federal, que permite a venda interestadual de produtos artesanais. Neste breve apanhado de nossas políticas públicas, demonstramos que o Estado tem buscado fomentar o empreendedorismo no campo, que promove a sustentabilidade dos negócios nas propriedades rurais familiares. São várias frentes de atuação, com diálogo aberto e transparente, buscando um horizonte de desenvolvimento e mais renda para nossos agricultores familiares. COVATTI FILHO Secretário de Estado da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural


INFORME COMERCIAL - LONZA

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Como otimizar eficiência de herbicidas e fungicidas Novos adjuvantes lançados no mercado potencializam a ação dos defensivos Ter êxito no controle das doenças e plantas daninhas que acometem as lavouras é um dos principais desafios da agricultura. O mercado oferece uma ampla variedade de defensivos agrícolas, porém nem sempre os resultados são satisfatórios, seja por manejo incorreto, falha de dosagem, erro de diagnóstico da área, falta de calibração do pulverizador, problemas climáticos e outros. O fato é que, muitas vezes, os defensivos não chegam no alvo na dose certa e na medida correta. Para que possam ter o máximo de atuação, o uso de adjuvantes é uma ferramenta estratégica, visto que eles são produtos químicos que potencializam a penetração dos fungicidas e herbicidas na planta. Nesse cenário, chegam ao mercado duas novas soluções em adjuvantes da linha Celenco, desenvolvidas pela multinacional suíça Lonza, com uma tecnologia de formulação própria que possibilita resultados únicos na lavoura. Trata-se dos produtos Celenco Agile FX, adjuvante funcional que facilita a penetração dos ingredientes ativos na folha, melhorando o espalhamento e penetração dos fungicidas; e

Celenco Action HX, adjuvante multifuncional para herbicidas, que acelera a penetração dos ingredientes ativos nas plantas daninhas, promovendo um controle mais rápido e superior. Ambos contam com o “Efeito Celenco”, cuja formulação exclusiva permite que os fungicidas e herbicidas atuem de forma precisa, no local correto e na proporção necessária, sem desperdício do ingrediente ativo. “O ‘Efeito Celenco’ resolve dois dos quatro fatores que garantem a efetividade do princípio ativo: a qualidade do veículo empregado para aplicação e a interação com outras substâncias”, explica o engenheiro agrônomo Leandro Scaranello, responsável pela área de Desenvolvimento Técnico de Mercado da empresa. Pesquisas realizadas a campo demonstraram que a linha Celenco tem eficiência superior no controle de diversas doenças e plantas daninhas quando os defensivos são utilizados com o adjuvante, o que resulta em pulverizações mais eficientes. O MELHOR PARCEIRO DOS FUNGICIDAS O novo Celenco Agile FX é um adjuvante

funcional para mistura com fungicidas, que contém agentes emulsificantes, umectantes e adesivos. Foi desenvolvido para melhorar a estabilidade e a performance das pulverizações nas principais culturas. O produto, que tem como base óleo vegetal, reduz a deriva, não é fitotóxico e é compatível com diversos fungicidas. O PARCEIRO IDEAL DOS HERBICIDAS - O novo Celenco Action HX é um adjuvante funcional para mistura com herbicidas, desenvolvido para aumentar o desempenho geral das aplicações e acelerar a penetração dos ingredientes ativos nas plantas daninhas. O produto atua sob condições adversas, oferecendo controle inicial mais rápido e uma performance superior em comparação às pulverizações convencionais. Utilizar o Celenco Action HX em conjunto com herbicidas é uma excelente estratégia no combate das plantas daninhas de difícil controle, pois tem um efeito mais rápido e eficiente. É compatível com as principais formulações de glifosato, altamente miscível em água e de fácil limpeza do tanque.


INFORME COMERCIAL - ADAMA

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As peculiaridades da ferrugem asiática na safra da soja País é o segundo produtor mundial, atrás apenas dos EUA Em termos climáticos, a falta de chuva já comprometeu o início da safra 2019/2020, que teve seu início tardio em alguns estados do Sul do Brasil e em um de nossos vizinhos latinos, o Paraguai. Desta forma, a atenção direcionada para a soja deve ser redobrada uma vez que o patógeno se desloca pelo ar e, principalmente, nessa época é muito comum que se espalhe rapidamente por conta dos ventos. Já no início de dezembro, os três estados do Sul do país (RS, SC e PR) confirmaram registro dos primeiros focos de ferrugem asiática. A doença, no entanto, ocorrerá em praticamente todas as regiões produtoras de soja do país. É valido ressaltar que o plantio da safra deste ano reflete uma situação atípica. Da mesma forma, obter cultivares resistentes à ferrugem asiática é um processo bastante complexo, devido à

alta variabilidade do fungo. Assim, como qualquer tipo de cultivo, a soja requer inúmeros cuidados para que seja viável obter resultados positivos. Considerando todo o cenário, é essencial que o produtor tenha bastante atenção na aplicação dos fungicidas. É muito importante atentar-se ao início das aplicações, porque se houver alta incidência de umidade, a ferrugem pode se intensificar e causar grandes danos à produtividade. Com o equilíbrio na equação de clima favorável, sementes de alta performance e proteção adequada às culturas, seguiremos unindo esforços para que as previsões e expectativas de novos recordes sejam cumpridas ao final dessa safra. Marcelo Madalosso – Eng° Agr° Dr.

COMUNICAÇÃO ADAMA

Estes produtos são perigosos à saúde humana. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções contidas no rótulo, na bula e na receita. Utilize sempre equipamentos de proteção individual. Nunca permita a utilização do produto por menores de idade. Consulte sempre um Engenheiro Agrônomo. Venda sob receituário agronômico.

A cultura da soja no Brasil segue considerada como a principal em extensão de área e volume de produção. O país é o segundo produtor mundial, atrás apenas dos EUA e segundo dados recentes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a produção brasileira na safra 2019/2020 deverá ficar em 121,09 milhões de toneladas. Se a projeção se confirmar, haverá um aumento de 5,3% quando comparado à safra anterior (2018/2019). Diagnosticada pela primeira vez no Brasil em 2001, a ferrugem asiática – causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi – segue como uma das principais preocupações do produtor de soja. Seu principal dano é a desfolha precoce, o que impede a completa formação dos grãos e, consequentemente, causa a redução da produtividade.

apresenta o melhor controle da doença, proporcionando alta produtividade da soja, segundo o Consórcio Antiferrugem da Embrapa.

É tempo de Cronnos. É tempo de ir além.


INFORME ESPECIAL – FETAG-RS

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Agricultura familiar é vital para a sociedade No Brasil, 77% das propriedades rurais foram considerados de agricultura familiar Foto: Divulgação

Dados de importantes entidades mundiais apontam que, nos próximos anos, a população mundial aumentará muito. Até 2030, seremos 8,3 bilhões de habitantes no planeta. Consequentemente, crescerá a necessidade de produção de alimentos, afinal, não há vida sem alimento. Mais do que isso: será preciso produzir com ainda mais e mantendo qualidade. É fato que a tecnologia chegou até o campo, proporcionando mais eficiência e aumentando a produção. Um hectare, hoje, produz muito mais do que anos atrás. Porém, ainda é preciso que a mão da família esteja à frente de suas propriedades. Mais do que nunca, precisamos falar de vários temas ligados ao meio rural, sendo a sucessão familiar, um deles.

Carlos Joel da Silva, presidente da Fetag-RS


63 O último Censo Agropecuário, realizado em 2017 e divulgado em 2019, trouxe dados alarmantes sobre o envelhecimento da população do campo. Os jovens estão indo embora para a cidade em busca de outras oportunidades. Não deixa de ser compreensível esse comportamento, levando em consideração de que não existem estímulos ou políticas públicas que o façam querer dar continuidade às atividades de seus pais. Em um mundo globalizado, estar conectado é muito importante. Mas, como o jovem do campo estará conectado se não há internet em sua propriedade? Mais de 27 mil propriedades no Estado, sequer têm energia elétrica. Recentemente, a ONU declarou os próximos 10 anos como sendo a “Década da Agricultura Familiar”, o que é muito bom e muito bonito. A entidade tenta valorizar uma categoria reconhecida mundialmente como grande produtora de alimentos. E somos mesmo. Aqui no Brasil, por

exemplo, 77% dos estabelecimentos agropecuários foram considerados como sendo de agricultura familiar, totalizando quase quatro milhões de pessoas que administram mais de 80 milhões de hectares. Na contramão disso, o estado brasileiro pouco faz para valorizar a categoria. Então, o que o agricultor faz? Ele continua produzindo alimentos com qualidade, sempre com o apoio das entidades, como a FETAG-RS e os sindicatos dos trabalhadores rurais dos municípios, que lutam pelos direitos da agricultura familiar. Feiras como a Expoagro Afubra, demonstram isso. A população da cidade comparece em grande número para visitar os estandes que a categoria ocupa. Lá, levamos para as mesas o que de melhor produzimos. Desde alimentos e bebidas, das mais variadas formas, até flores, plantas e artesanato. Agora, ainda temos quem pro-

duza tudo isso. Mas, e amanhã? Estamos produzindo mais e melhor, mas, devido aos altos custos de produção, a renda não é a mesma de anos atrás. Ela diminuiu. Em alguns casos, e o leite é um deles, o produtor não consegue nem pagar a sua produção. Some tudo isso: renda baixa, custos altos, falta de infraestrutura (energia elétrica, por exemplo) e todas as demais dificuldades enfrentadas diariamente por quem vive no campo, e se pergunte: você ficaria lá? É urgente que os governos comecem a pensar nessa pergunta e comecem a agir. Manter o jovem no campo, dando continuidade a atividade de seus pais é fundamental. Já passou da hora de implantar políticas públicas que os estimulem a ficar. De levar infraestrutura adequada para o interior. De pensar que valorizar a agricultura familiar é valorizar a vida. Eduardo Malta de Oliveira Assessor de Imprensa da FETAG-RS


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INFORME COMERCIAL – OUROFINO

Ourofino destaca formulação para manejo de doenças Com foco na cultura de soja, empresa orienta sobre ação do produto no campo e suas facilidades Desenvolver formulações com base nas necessidades e características da agricultura tropical está entre os pilares da Ourofino Agrociência para oferecer ao produtor soluções inovadoras e condizentes com a realidade do país. A empresa aposta nos produtos reimaginados, que são adequados ao clima, à temperatura e à umidade do Brasil, e para disseminar as boas práticas e suas tecnologias em defensivos agrícolas, a Ourofino investe em participações em eventos de reconhecimento nacional, que atraem a atenção dos agricultores, como é o caso da Expoagro Afubra. Nesta edição, a Ourofino Agrociência levará ao encontro sua expertise em manejo de resistência de doenças fúngicas. Por isso, o fungicida protetor Nillus será o carro-chefe do estande da companhia, que estará localizado na posição 294-A. Com o ingrediente ativo Clorotalonil, o Nillus

tem diferentes modos de ação e uma formulação exclusiva. A solução é composta por micropartículas que possibilitam melhor fixação, recobrimento das plantas e maior período de controle de doenças fúngicas da soja. Segundo a Embrapa, o Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja, atrás apenas do Estados Unidos (EUA). É a principal cultura do agronegócio brasileiro, sendo produzida, em sua maioria, nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. “A Expagro Afubra, além do foco em fumicultores, tem grande força com produtores de soja, então focaremos nossa abordagem nessa cultura. Afinal, o Nillus soma aos seus diferenciais uma fácil aplicação e adesão a outras formulações no manejo integrado”, explica João Esberci, gerente comercial da Ourofino Agrociência responsável pela participação no evento.

Para o desenvolvimento de soluções inovadoras, a companhia mantém investimentos constantes em todas as suas áreas, como na estrutura de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Hoje, a empresa tem uma das mais modernas fábricas de defensivos agrícolas do mundo, reúne profissionais experientes e tem forte presença no campo. Em pouco mais de oito anos de história, a Ourofino Agrociência coleciona conquistas e aprendizados, somando ações que reafirmam o propósito de contribuir com o crescimento do agronegócio e do produtor rural e incentivam o potencial das plantações com eficiência e práticas sustentáveis. “A participação em eventos relevantes como a Expoagro Afubra faz parte do posicionamento da empresa, reforçando o contato direto com os produtores e a disseminação do conhecimento técnico”, afirma Esberci.



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20 ANOS EXPOAGRO AFUBRA

Expoagro: há 20 anos, promovendo a diversificação rural A cada edição, feira recebe incrementos nas novidades para o setor agropecuário Fotos: Arquivo Afubra

A Expoagro Afubra, realizada em Rio Pardo/RS, já faz história como a feira que promove a diversificação do produtor rural. Desde a primeira edição, em 2001, o evento apresenta as inovações para setor agropecuário, visando buscar o fortalecimento dos agricultores, pela diversificação das atividades agrícolas. Conforme o coordenador geral da Expoagro Afubra desde a primeira edição e atual vice-presidente da Associação dos Fumicultores do Brasil, engenheiro agrônomo Marco Antonio Dornelles, a Afubra em sua origem, fundada por agricultores familiares que produziam tabaco como principal fonte de renda, mas que nunca deixaram de produzir seus alimentos, o que fazem até hoje. “Nossa Diretoria, desde os fundadores, tinham a certeza de desenvolver ações que facilitassem aos associados a continuar a produzir as necessidades da família, sendo então o comércio de insumos e ferramentas necessário aos produtores. A Agrocomercial Afubra, com o crescimento de suas lojas tiveram a contratação de Agrônomos, Engenheiro Florestal e técnicos agrícolas para qualificar este atendimento, realizando reuniões, palestras, treinamentos e dias de campo com os agricultores em diversas culturas como milho, feijão, soja, pastagem, hortaliças e frutas como forma de incentivo e acesso a informações. A necessidade de produzir a lenha para a cura do tabaco tem um forte trabalho da Afubra fazendo cursos e treinamentos para viveiristas e o viveiro próprio da Afubra que, hoje, incrementa a produção com mudas de nativas, forrageiras, batata doces e frutíferas. Foram realizadas diversas pesquisas com Universidades, Fepagro e Embrapa. Destacar o nosso CORAL DA AFUBRA que através da música participa de eventos culturais. O cuidado com o meio ambiente passou também a fazer parte de diversas ações da Afubra, culminando com o Projeto Verde é Vida que vem a trabalhar a conscientização dos jovens, filhos de associados à preservação ambiental, em parceira com Secretarias Municipais de educação. Impor-

Parque da Expoagro Afubra, nas primeiras edições, não contava com as ruas calçadas

Estandes mais simples nas primeiras edições

Agro-Comercial Afubra está presente desde a primeira edição


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Calçamento das ruas foi uma das prioridades

Fotos: Arquivo Afubra

tante destacar que todos estes eventos realizados com os agricultores já tinham a parceria com municípios, Emater e dos Sindicatos Rural e Trabalhadores Rural e outros”, destaca Dornelles. Este era o trabalho desenvolvido com muitos parceiros, tendo maior infraestrutura física e técnica, foi o ambiente que proporcionou e facilitou experimentar em 2001 a primeira edição da Expoagro Afubra, mesmo pequena, mas com objetivo sólido e comum aos parceiros, cresce ao longo destes 19 anos, recebendo a adesão de um grande número de expositores e se consolida como o lugar que concentra o que existe em novidades técnicas, serviços, máquinas, insumos e informações para setor agropecuário regional, apresentado através de exposições, lavouras ,demonstrações, reuniões ,palestras, fóruns, seminários e painéis, integrando também a representação política necessária para a região. Desde então, a feira recebe incrementos contínuos tanto na programação como em infraestrutura. No início foram os banheiros, calçamentos, luz, água, estacionamentos e restaurantes, recentemente o pavilhão da Agroindústria Familiar e ampliação, espaço cultural e estacionamento. É importante dizer que o trabalho deve ser facilitado aos expositores desde o plantio de seus estandes, até os dias da feira; facilitar o trabalho dos expositores para que os visitantes, produtores rurais, sejam atendidos da melhor forma durante toda feira.

Público aumentou conforme a feira cresceu

Número de expositores tanbém aumentou

Infraestrutura recebe incrementos a cada edição da Expoagro Afubra


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Momentos da Expoagro Afubra Fotos: Arquivo Afubra

AGROINDÚSTRIAS Em 2007, as agroindústrias passaram a ter espaço próprio na Expoagro Afubra. A partir de então, um novo perfil de visitantes passou a circular no evento. Além dos produtores rurais atraídos pelas máquinas, novidades, tecnologias e inovações, pessoas das cidades passaram a procurar a feira por causa das delícias dos produtos coloniais disponíveis. Conforme Marco Antonio Dornelles, a presença das agroindústrias começou com um estande em torno de 30 empreendimentos, e atualmente, abriga em torno de 150 expositores no Pavilhão da Agricultura Familiar, um prédio de 1,5 mil metros quadrados, inaugurado em 2019. “Para 2020 está sendo construída uma nova estrutura junto ao Pavilhão, com 1.980 metros quadrados. Com isso, o Pavilhão passará a contar com 3.480 metros

quadrados para mais de 200 agroindústrias. O objetivo é proporcionar o mesmo conforto para todos os empreendimentos familiares que participam da feira”, explica Marco Dornelles.

SETOR DE ANIMAIS A presença de animais na Expoagro Afubra foi crescente, com ampliações dos espaços do setor. Um momento importante ocorreu em 2011, quando iniciou a parceria com as Associações de Gado Leiteiros e os visitantes puderam acompanhar leilões, julgamentos e torneios leiteiros. E, na edição de 2012, houve incremento com julgamento de ovinos. Na edição de 2014, aves exóticas e ornamentais foram atração.

DINÂMICA DE MÁQUINAS A Dinâmica de Máquinas, atividade que é destaque desde as primeiras edições da Expoagro Afubra, é sempre uma das grandes atrações. O público pode ver de perto o funcionamento das máquinas em operação, a partir de 2018, as empresas expositoras passaram a ter espaços individuais para demonstração das suas máquinas. Atualmente, está sob a coordenação do curso de Engenharia Agrícola da Unisc.

EMATER A Emater contribui efetivamente com a programação da Expoagro Afubra por apresentar o trabalho desenvolvido nos municípios durante o ano. Desde então, a cada edição, o Espaço da Emater apresenta o que há de mais recente em sugestões de diversificação para as pequenas e médias propriedades rurais. Em 2007, foi construída a casa da Emater, um recanto confortável que abriga, além de demonstrações, também palestras e reuniões.

ÁREA DO ARROZ Desde a edição de 2004, as lavouras de arroz são presença certa na Expoagro Afubra. A cada edição, com estações demonstrativas, os produtores podem conferir o que há de mais avançado na área da orizicultura. Mais recentemente, foi implantado o Dia do Arroz, com um dia inteiro de programação voltado à cultura.


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EMBRAPA A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), presente na feira desde a primeira edição, passou a trazer produtos desenvolvidos com base nas demandas levantadas pela extensão rural da Emater, trazendo tecnologias estrategicamente necessárias aos agricultores. Exemplos de produtos apresentados pela Embrapa são: Quintais orgânicos, Avicultura colonial, cvs videiras, cvs de feijão, milho, cana de açúcar, tomates, aipim e batatas-doces, diversas forrageiras e muitas outras tecnologias.

ESPAÇO CULTURAL Em 2011 houve a criação do Espaço Cultural Verde é Vida, com apresentações artísticas e de trabalhos de pesquisa das edições anuais da Mostra Científica Sul-Brasileira Verde é Vida, reunindo escolas do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Hoje este espaço reúne também jovens rurais do programa Crescer Legal e das Cooperativas Escolares.

Olhos voltados para o futuro

Na última edição da Expointer participei de um painel que falava do futuro das feiras onde foi questionado até quando as feiras vão durar? Foi um debate onde tivemos a certeza de que vivemos em constantes mudanças, nos hábitos como consumidores, mudanças na forma de produzir, mudanças na eficiência do uso dos recursos naturais, mudanças climáticas, mudanças na eficiência gerencial produtiva, em fim para atender as constantes mudanças humanas, entendemos que as

feiras vão continuar por muito tempo cumprindo o papel de facilitar e reunir tudo o que pode contribuir para melhoria dos processos produtivos da Agropecuária, trazendo novas tecnologias e inovando na dinâmica de exposição e apresentação. No que depender dos Expositores temos a certeza de muita disposição presente na feira, pois, diariamente o mercado precisa suprir a demanda por alimentos. A Afubra vai continuar investindo e facilitando o trabalho dos expositores para que os produ-

tores rurais visitantes tenham suas necessidades atendidas. DEBATES – A promoção dos debates acerca das políticas, dos gargalos e legislações que atingem o setor agropecuário continuará fazendo parte da programação das próximas feiras. Fóruns, reuniões, plenárias e painéis reunirão representantes de entidades, especialistas, pesquisadores e personalidades da política para discutir com os produtores sobre os rumos do setor primário.

EVOLUÇÃO EM NÚMEROS Edição 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Data 7 e 8 de março 5 a 7 de março 25 a 27 de fevereiro 2 a 4 de março 23 a 25 de fevereiro 21 a 23 de fevereiro 27 e 28 de fevereiro e 1° de março 27 a 29 de fevereiro 4 a 6 de março 3 a 5 de março 1° a 3 de março 21 a 23 de março 20 a 22 de março 25 a 27 de março 24 a 26 de março 21 a 23 de março 21 a 23 de março 20 a 22 de março 26 a 28 de março

Expositores 64 107 145 200 230 240 246 250 285 290 302 347 370 402 400 400 400 428 432

Visitantes 2.000 26.000 50.000 38.000 40.000 45.500 45.000 49.000 51.000 55.000 56.000 61.000 69.000 80.000 84.000 80.000 92.000 98.000 112.000

Volume de negócios R$ 200 mil R$ 900 mil R$ 4,5 milhões R$ 5,7 milhões R$ 8 milhões R$ 5,1 milhões R$ 15 milhões R$ 32 milhões R$ 28,9 milhões R$ 22 milhões R$ 29,4 milhões R$ 44 milhões R$ 67 milhões R$ 48 milhões R$ 39 milhões R$ 53,8 milhões R$ 60,9 milhões R$ 70,6 milhões


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Bons negócios na Expoagro Afubra Marizete e Volmir de Vargas são expositores do Pavilhão da Agricultura Familiar Fotos: Cristina Severgnini

Desde que a Expoagro Afubra existe, o produtor Volmir de Vargas, conhecido no município de Barros Cassal/RS por Mirinho, tem na feira uma referência para conhecer as novidades em técnicas e tecnologias para a atividade rural. Além disso, para a família, a feira também significa bons negócios, pois desde 2015, eles são expositores no Pavilhão da Agricultura Familiar, onde vendem os queijos produzidos na agroindústria da família. Volmir conheceu a Expoagro Afubra há cerca de 17 anos, a convite do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barros Cassal e da cooperativa agroindustrial local. Nas primeiras edições, o que chamava a atenção do produtor, eram as novidades e sugestões para inovar nos negócios rurais, especialmente a variedade em sementes, insumos, máquinas e implementos. “Mesmo que não se possa comprar no momento, sempre se vê alguma coisa diferente, para planejar para o futuro”, comenta. “É preciso ir para eventos para acompanhar as mudanças do setor rural”, acrescenta.

Volmir e Marizete Vargas: venda de queijos especiais na Expoagro Afubra

Nas últimas duas décadas, Volmir e a esposa Marizete Finatto Ferrari Vargas evoluíram bastante em

seus negócios. Quando casaram-se, 30 anos atrás, arrendavam terras para produzir e, atualmente, possuem 110

Família Vargas: sistema de energia solar foi inovação conhecida na Expoagro Afubra


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hectares, onde cultivam soja, milho para silagem e pastagem para as 30 vacas leiteiras. Máquinas de ponta e infraestrutura moderna são as marcas da propriedade, que fica em Linha Cachoeirinha, interior de Barros Cassal. Na atividade leiteira, além de vender leite pasteurizado, eles também possuem a agroindústria de queijos da marca “Todo Dia”, que, desde 2015 é presença no Pavilhão da Agricultura Familiar da Expoagro. São queijos especiais, desde os tradicionais até os com temperos diversos como ervas finas, chimichurri, pimenta, orégano, salame, tomate seco e queijo curado no vinho. Conforme Marizete, professora que largou o magistério para se dedicar às atividades da propriedade, em 2014 eles começaram a produzir queijos para venda exclusiva em feiras e, desde então, a agenda inclui boa parte dos eventos e festas do Rio Grande do Sul onde há espaços para comercialização de produtos coloniais. Na Expoagro Afubra, as vendas foram crescendo a cada edição. “Na primeira participação, em 2015, vendemos 300 quilos de queijo e em 2019 foram 900 quilos”, conta Volmir. “Nosso produto está cada vez mais conhecido, as pessoas voltam e nos procuram nas feiras”, lembra. Para a produção dos queijos, a família preza pela qualidade. A começar pela excelência dos ingredientes, que são, em sua maioria, produzidos na propriedade. A nutrição e sanidade das vacas leiteiras está sob responsabilidade do filho mais velho, Felipe de Vargas, 25 anos, que é zootecnista e com pós-graduação em Nutrição de Bovinos de Leite, especialização feita para qualificar ainda mais a produção familiar. A esposa de Felipe, Larissa Silveira dos Santos, 20 anos, também trabalha na atividade leiteira. Além disso, o filho Tobias de Vargas, 21 anos, terminará a graduação em Agronomia em 2020 e, nos finais de semana e férias, ele e a namorada Maria Carolina Silva já ajudam nas lidas da propriedade. “Os dois (filhos)

Felipe e Larissa: nova geração é sucessão na propriedade

Na primeira participação, em 2015, vendemos 300 quilos de queijo e em 2019 foram 900 quilos

saíram para estudar, mas sempre com a intenção de voltar para trabalhar conosco”, diz Marizete. ENERGIA SOLAR – Na chegada à propriedade da família Vargas, chama a atenção as 100 placas solares sobre o estábulo. Contentes com a redução no custo com energia elétrica, Volmir e Marizete contam que conheceram os benefícios da energia solar na Expoagro Afubra de 2018, no estande da Agro-Comercial Afubra. Os gastos com energia eram altos, pois a agroindústria de laticínios exige, por exemplo, câmara fria sempre ligada. “Hoje, a capacidade de produção é de 3,5 mil quilowatts-hora (kWh) e supre as nossas

necessidades até com folga”, conta Volmir. HISTÓRIA - Casados há 30 anos, o técnico em Agropecuária Volmir e a professora Marizete começaram a plantar tabaco, milho e soja e foram os primeiros a instalarem estufa elétrica na região. Inicialmente arrendavam terras e Volmir chegou a trabalhar como orientador agrícola de uma indústria de tabaco. Depois herdaram 12 hectares e foram adquirindo mais áreas até chegar a 110 hectares. Quando o filho mais velho nasceu, há 25 anos, começaram a produzir leite. Depois que Marizete passou a se dedicar integralmente às atividades da propriedade, a produção de laticínios recebeu incremento e, atualmente, ainda há venda de leite, mas em menor quantidade, pois a maior parte do leite produzido é destinado à produção dos queijos. ORGANIZAÇÃO DA FEIRA – Ao elogiar a organização da Expoagro Afubra, o casal lembra das ações em benefício dos expositores da agricultura familiar. “A participação é livre, sem cobrança por estacionamento e temos um espaço para camping”, conta Vargas. “A estrutura é muito boa, tanto recepção como estacionamentos. Comparando com outras feiras, é bem superior”, compara.


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Diversidade de informações e produtos Casal de Agronômica/SC, conheceu novidades para a lavoura de tabaco Fotos: Cristina Severgnini

O produtor rural catarinense Abelardo de Souza, da localidade de Valada Mosquitinho, município de Agronômica, conheceu a Expoagro Afubra na edição de 2013, a convite da equipe da Afubra de Rio do Sul. Impressionado pela diversidade de produtos, novidades e informações, ele decidiu que a viagem de cerca de 1.100 quilômetros (ida e volta) valia a pena e repetiu no ano seguinte. Depois disso, a esposa Angelita passou a acompanhá-lo nas viagens, que passaram a ser feitas com veículo próprio e se repetiram em 2017 e 2018. Conforme Abelardo, na primeira vez que ele esteve na Expoagro Afubra, sete anos atrás, ficou admirado com o tamanho da feira e uma das coisas que mais lhe chamaram a atenção foram as lavouras demonstrativas, especialmente de tabaco, e as demonstrações de produtos aplicados. “Acho bem interessantes as mini palestras nos estandes”, comenta. Além de novas variedades de tabaco no estande da empresa Profigen, ele também conheceu novos produtos apresentados pelas marcas que ele já conhecia e usava nas suas lavouras, como a LBE e FMC. “Na LBE, vi os lançamentos em produtos biotecnológicos e me informei sobre as formas de usar na propriedade”, conta. “E na FMC, conheci o Boral, um herbicida pré-emergente que passei a usar na propriedade”, explica. Souza também aproveita a feira para se beneficiar das promoções e preços reduzidos de alguns produtos para as lavouras. E Angelita conta que ficou encantada com o artesanato e as flores no espaço das agroindústrias familiares. Inclusive, ela levou mudas de orquídeas para plantar no seu pátio. Também comprou poção para picada de inseto na exposição dos indígenas, que disse dar excelentes resultados. Outros setores da Expoagro Afubra preferidos pelo casal são o Espaço da Emater, o pavilhão dos animais e as exposições de máquinas.

Angelita e Abelardo de Souza estarão presentes na 20ª edição da Expoagro Afubra

Vi os lançamentos em produtos biotecnológicos e me informei sobre as formas de usar na propriedade TABACO – Os Souza produzem tabaco há 27 anos, e, atualmente, cultivam 27 mil pés, com rendimento aproximado de 500 arrobas (7,5 mil quilos) por safra. Também produzem feijão, batatas, mandioca, verduras e frutas para consumo da família. Na propriedade vivem também duas filhas (que trabalham fora) e um neto. Além disso, eles têm mais uma filha, genro e neto que moram nas proximidades.

Souza, de Agronômica, Santa Catarina, esteve em quatro edições da feira


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Mais de 650 quilômetros para chegar na Feira Morangos, carneiros e estufa de secagem contínua chamaram a atenção de casal de Rio Negro visitou as exposições da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Emater-Ascar sobre a produção de morangos em estufas e com uso de substrato. “Estamos avaliando a possibilidade de cultivar morangos na propriedade”, comentou Mariane. Eles também viram a criação de carneiros, pois planejam criar os animais para diversificação. “Já temos todas as máquinas necessárias para a lavoura, mas também demos uma olhada nos tratores e implementos para ver as novidades”, completou Osnei. A PROPRIEDADE – Osnei e Mariane cultivam tabaco desde que se casaram, há sete anos, mas já conheciam a cultura, pois ambos são filhos de produtores de tabaco. Na safra atual, são 45 mil pés de tabaco, com expectativa de colheita de 10 mil quilos. Eles também plantam 8 hectares de milho e frutas e verduras para subsistência.

Foto: Cristina Severgnini

Em março de 2019, Osnei Telmann (32 anos) e a esposa Mariane (26) saíram da propriedade, na localidade de Campina dos Martins, em Rio Negro, no Paraná, com destino à Expoagro Afubra. O jovem casal de produtores rurais percorreu, de carro, o trajeto de 650 quilômetros que, sem paradas, já ultrapassa 8 horas. Conforme Osnei, a impressão da feira foi muito boa e viram diversas sugestões para diversificação. “Fui para ver o alimentador de estufa de tabaco com cavacos de madeira, pois sabia que havia sido exposto em edições anteriores, mas nessa edição não achei”, relata divertindo-se. Porém, o casal conheceu a estufa de secagem contínua, tecnologia com oito salas enchidas uma a cada dia e a fornalha funcionando com fogo ininterrupto do início ao fim da colheita. O casal também viu variedades de tabaco mais resistentes a pragas e

Osnei e Mariane Telmann, com a pequena Geovanna

Fui para ver o alimentador de estufa de tabaco


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Instituto Federal Catarinense presente em todas as edições Alunos, professores e pesquisadores buscam informações que agreguem conhecimento Foto: Cristina Severgnini

Os alunos dos cursos técnicos em Agropecuária e em Agroecologia do Instituto Federal Catarinense (IFC), em Rio do Sul, Santa Catarina, conhecem bem a Expoagro Afubra, realizada em Rio Pardo, Rio Grande do Sul, quase 700 quilômetros de distância. O que aproxima a instituição de ensino e pesquisa da feira é a grande diversidade de informações disponíveis e a presença de especialistas nos estandes e espaços dos parceiros. Conforme o professor e ex-diretor do IFC, Oscar Emílio Ludtke Harthmann, a Expoagro Afubra é importante por causa da sua diversidade, do foco na pequena propriedade e das alternativas de diversificação. Por isso, a cada evento, saem de um a dois ônibus de estudantes do IFC para a feira, somando 40 a 80 alunos. “Em alguns anos, tivemos problemas com os veículos e acabamos indo somente professores, diretores e representantes técnicos, mas estivemos em todas as edições”, conta. Um dos resultados dos contatos

Professor Oscar Harthmann: cultivares de cana-de-açúcar obtidos na Expoagro Afubra estão no espaço de pesquisa do IFC

de Harthmann na Expoagro Afubra é a implantação de um quintal orgânico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “Vi o quintal na Feira e conseguimos a implantação

também aqui no Instituto”, diz. Além disso, conforme o professor, através dos contatos com os especialistas da Embrapa presentes na feira, o Instituto recebeu gratuitamente mudas de variedades de cana-de-açúcar, que foram implantadas em um dos espaços de pesquisa da instituição. “A cana é um cultivo importante no Vale do Itajaí por ter diversos usos na agricultura familiar e aqui, na região, há pouca pesquisa com

Foto: Edemir José de Oliveira

Harthmann: variedade de capim elefante de alta produtividade desenvolvido pela Embrapa


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O estudante do curso superior em Agronomia do IFC, José Carlos Kusma, 20 anos, esteve na Expoagro Afubra em 2016, quando era aluno do pós-médio em Agropecuária. Segundo ele, a exposição é interessante por sua diversidade e o que mais o agradou foi a exposição de máquinas e as lavouras de arroz e soja. “Na ocasião, aproveitei para conhecer novas cultivares de arroz e de soja que estavam sendo lançadas”, conta. José Carlos, que é de Campo do Tenente, no Paraná, e concluirá a graduação em 2021, diz que gosta bastante de mecanização e também de melhoramentos, temas presentes na feira.

Danieli Malczewski: produtos para o tabaco

IDEIAS DE INOVAÇÃO A jovem Danieli Malczewski, 22 anos, de Itaiópolis/SC, estudante do curso subsequente técnico em Agropecuária, participou da Expoagro Afubra 2019, em excursão organizada pelo IFC. “Vi adubo orgânico para tabaco e, também, o lançamento de um produto antibrotante ainda em processo de desenvolvimento, que são produtos com possibilidade de implantar na nossa propriedade produtora de tabaco”, conta. Outras coisas que chamaram a atenção de Danieli foram os implementos tecnológicos que auxiliam e facilitam o desenvolvimento da produção agrícola. “A feira é bem abrangente e tem muitas coisas que se pode aprender”, acrescenta.

Foto: Edemir José de Oliveira

MÁQUINAS E NOVAS CULTIVARES

Foto: Edemir José de Oliveira

Foto: Edemir José de Oliveira

José Carlos Kusma: novas cultivares

propriedades”, comenta. Porém, conforme o professor, além dos cursos técnicos em Agropecuária e em Agroecologia, é possível que a Expoagro Afubra passe a fazer parte da agenda de viagens de estudo do curso superior em Agronomia. ORGANZAÇÃO – A receptividade aos visitantes e a organização, desde os estacionamentos até a casa de recepção e os pontos de alimentações, conforme Harthmann, são pontos fortes do evento. “Outro setor que chama a atenção é a parte das agroindústrias, de agregação de valores”, acrescenta.

cipais temas e tecnologias que estão sendo estudados no momento e é dado um período livre para que vejam o que é do interesse de cada um”, explica. “Os alunos gostam muito e, como são muitas empresas e instituições presentes, eles fazem contato visando estágios”. Na visão de Harthmann, como o objetivo do IFC é formar técnicos para voltarem para as atividades rurais de suas famílias, é importante levar os alunos dos cursos técnicos para a Expoagro Afubra. “Queremos que, pelo menos parte deles, sejam gestores das

cultivares”, explica. “O que chama a atenção é que o atendimento é feito por pessoal altamente qualificado, por pesquisadores, e não apenas difusores de tecnologias”, ressalta. Harthmann lembra ainda que a diversidade encontrada na Expoagro Afubra é importante para os alunos porque eles encontram muitas informações em um só lugar. “Encontramos projetos para diversos sistemas de produção e culturas e, na parte do arroz, sistemas irrigados e sequeiro”, diz. “Na visitação dos estudantes, os professores orientam para que deem atenção aos prin-

Camila Kieuczewski: agroindústrias e gado

PRODUTOS COLONIAIS Camila Kieuczewski, 22 anos, aluna do curso subsequente em Agropecuária, também esteve na Expoagro Afubra na edição de 2019 e voltou com ideias sobre agroindustrialização e produção de produtos coloniais, pensando em aplicar na propriedade da família, em Itaiópolis/SC. Além do espaço das agroindústrias, Camila conta que achou muito interessante o adubo orgânico em grãos, as hortas orgânicas e as máquinas agrícolas. “Adorei a genética dos animais, pois sou apaixonada por gado”, disse.


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DEPOIMENTOS

Geraldo Sandri

Roberto Pedroso de Oliveira

“A Expoagro Afubra é uma vitrine para a agricultura, em especial para a agricultura familiar. Ela valoriza o trabalho desenvolvido pelos agricultores, dá visibilidade, apresenta novas técnicas e equipamentos para colaborar com o desenvolvimento do setor e, em especial, das famílias que têm na terra, não só uma fonte de renda, mas também uma forma de vida. Os agricultores são pessoas que possuem uma leitura diferenciada do tempo, que sabem que é preciso tempo para a semente brotar e se desenvolver. A Expoagro Afubra une o conhecimento dos agricultores, sua busca por informação e oportuniza o seu crescimento ao dar espaço para a comercialização de seus produtos por meio do Pavilhão de Agricultura Familiar, que a cada ano tem possibilitado que um maior número de empreendimentos apresente o que o rural tem de melhor. É um privilégio para a Emater/RS-Ascar fazer parte destes 20 anos de Expoagro Afubra.”

Chefe Geral da Embrapa Clima Temperado - Pelotas/RS

Foto: Paulo Lanzetta

Foto: Rogério Fernandes

Presidente da Emater/RS-Ascar

“A Expoagro Afubra representa ideias para investimentos e oportunidades de negócios para o setor agropecuário, alavancando o desenvolvimento regional. Nessa feira, que completa 20 anos de existência e de serviços prestados à sociedade, são divulgadas tecnologias para os produtores rurais fazerem a diferença nos sistemas de produção agropecuários. Em função disso, consagrou-se como a maior feira do Brasil voltada à agricultura familiar. O tema desse ano, "Valorização do agricultor: do campo à cidade", foi muito bem escolhido, pois busca integrar as comunidades rurais com a população urbana, na medida em que os agropecuaristas sempre buscam produzir alimentos saudáveis e de forma sustentável econômica e ambientalmente, alimentos esses que garantem a vida de todos. A feira é puro movimento, seja pelos cerca de 500 expositores apresentando as novidades do mercado rural, seja pelo público do campo e da cidade buscando conhecimentos.”

Gedeão Silveira Pereira

Foto: Divulgação Afubra

Presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Fetag)

Rafael Reis Barros “Duas décadas integrando o homem do campo à cidade e alavancando a economia da agricultura familiar. A Expoagro Afubra é exemplo ao Brasil e motivo de orgulho a todos que integram a família Afubra.”

Foto: Divulgação

Prefeito de Rio Pardo/RS

“Sabemos da importância do agronegócio brasileiro para a economia do país e da diversificação da produção nacional. O estado do Rio Grande do Sul não foge a esta regra, sendo, possivelmente, o mais diversificado e berço desta agricultura. Nos estratificamos em pequenos, médio e grande produtores, todos igualmente importantes neste cenário. E para a Farsul, produtor rural não tem tamanho. Um exemplo está no tabaco. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de tabaco do país, respondendo por 45% da produção nacional, conforme dados do IBGE. Somente o município de Venâncio Aires, por exemplo, foi responsável pela exportação de 100,4 mil toneladas de tabaco entre janeiro e agosto de 2019, praticamente 1/3 do comercializado pelo Brasil. No Rio Grande do Sul, o produto é responsável por mais de 9% das exportações do estado, distribuída para mais de 100 países. Portanto, os pequenos e médios produtores são fundamentais para a economia nacional, sim! E essa é a importância da Expoagro/Afubra. A feira tem um duplo papel, mostrar as novidades do setor aos produtores, mas, também, celebrar e homenagear essa nossa gente do campo que trabalha dia após dia para o crescimento do nosso país.”

Edivilson Brum

Prefeito de Rio Pardo no ano do lançamento da Expoagro Afubra (gestão 2001-2005)

Foto: Divulgação Afubra

“A agricultura familiar está em destaque no mundo todo. Recentemente, a FAO, Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, definiu os próximos 10 anos como a Década da Agricultura Familiar. Tal ato, de tão estimada entidade, expõe para o mundo a importância que as famílias têm para a produção de alimentos do planeta. O Censo Agropecuário de 2017 traz dados que comprovam a dimensão que a Agricultura Familiar atingiu, sendo responsável por 77% dos estabelecimentos rurais do Brasil. Somente aqui no Rio Grande do Sul, mais de 700 mil pessoas foram consideradas como agricultores familiares e administram quase 22 milhões de hectares. Porém, produzir, apenas, não basta. É preciso fazer com que tudo o que é produzido no campo, chegue até os lares. Dessa forma, eventos como a Expoagro Afubra ganham relevância, pois são o local ideal para que a população, urbana e rural, conheça o trabalho das nossas famílias, que enfrentam as mais diversas adversidades, desde climáticas até o quase abandono dos governos, que deixaram de investir no setor. Devido ao belo trabalho realizado pela organização do evento e pelas entidades parceiras, a Expoagro Afubra se transformou na maior vitrine da agricultura familiar do país. Nela, o agricultor e a agricultura familiar se sentem em casa e têm a oportunidade de conhecer as mais novas tecnologias em máquinas e implementos agrícolas, além de poder trocar experiências com pessoas de outras regiões. Acredito que a Expoagro Afubra tem cumprido o seu papel de apresentar ao grande público a realidade de quem vive no campo, que enfrenta sol, chuva, calor e frio, e, assim mesmo, produz com eficiência e com qualidade.”

Foto: Divulgação Afubra

Presidente da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul)

Carlos Joel da Silva

“Aquela primeira Expoagro Afubra, em 2001, foi precursora de uma das mais importantes feiras para pequenos e médios produtores do Brasil. Ninguém sai igual após uma visita à feira, pois as lavouras experimentais, a tecnologia a serviço da qualidade e produtividade, as amostras, a rotação das lavouras, a diversificação, enfim tudo o que lá se vê, faz com que se saia ‘enriquecido’ com todo conhecimento que nos é ofertado. Talvez o senhor Hainsi Gralow, a diretoria e associados da Afubra, nem nós da prefeitura na época, tínhamos noção do que a feira representaria 20 anos mais tarde. Enquanto prefeito daquela época, tenho muito orgulho desta grande parceria que socializa informação, aprendizado e conhecimento a uma classe tão importante e significativa sob o ponto de vista econômico, social e produtivo. Parabéns a todos os comprometidos com este importante projeto! Hoje, o Brasil e a América do Sul têm olhos empreendedores para Rio Pardo, com seus 210 anos. E nada é mais importante em nosso contexto social-político-econômico do que essa vitrine.”


Palavra

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Uma história de produtores e valores Trajetória construída com princípios, em que surgiu entidade com um imenso patrimônio social e material Fotos: Luciana Jost Radtke/Afubra

Ainda criança, com menos de oito anos, Benício Albano Werner, o filho mais velho de Harry Antônio Werner, já tinha consciência dos movimentos que aconteciam em torno da criação da associação dos produtores de tabaco, onde seu pai era o grande líder, e que se tornaria realidade em 21 de março de 1955, durante grande assembleia realizada na Sociedade Aliança em Santa Cruz do Sul/RS, recebendo o nome inicial de “Associação de Plantadores de Fumo em Folha no Rio Grande do Sul”. Hoje, sendo seu presidente há 13 anos e funcionário já por 45 anos, pode avaliar bem a trajetória construída ao longo de 65 anos, como tudo começou, por onde se avançou e por que, partindo do zero, chegou-se a uma construção sólida e forte na base da produção do setor. A entidade, historia Werner, surgiu para fazer frente, de modo especial, a duas questões que se apresentavam então. Uma delas era a necessidade de maior união dos produtores com vistas aos interesses na comercialização do tabaco, com instabilidade que se vivia em função de crise com estoques elevados de produto não aceito pelo mercado, o que levava ao pagamento de valores baixos e até negativa de compra. Neste aspecto, a partir da existência da entidade, passou a haver negociação de preços e pagamento à vista, além de contribuir para aperfeiçoar sistema integrado, pesquisa e ter variedades que atendiam ao consumidor. A outra questão, básica, era relacionada aos prejuízos sofridos pelos produtores com granizo e falta de cobertura. A ideia inicial, conforme Benício, era conseguir um benefício público para esse fim, mas isto não foi possível obter, e nem o interesse de seguradoras privadas para fornecer seguro. Diante dessa realidade, passou-se a idealizar um plano próprio, em forma de mutualismo dos produtores, o que acabou acontecendo, com instituição do sistema mutualista em cinco de novembro de 1956, que, com o tempo, acabou se constituindo em uma das maiores organizações do gênero no mundo.

Benício Albano Werner, presidente da Afubra desde 2007, junto ao quadro que retrata o estabelecimento comercial que foi de sua família, em Linha Formosa

Benício lembra que no início a entidade não tinha nem local para fazer as primeiras reuniões. “Utilizava-se espaço cedido pelo primeiro secretário eleito, Avelino Breidenbach, e às vezes também o escritório do advogado Patrick Francis Fairon, que desde a fundação presta assessoria jurídica, inicialmente inclusive de forma gratuita, assim como acontecia com os próprios dirigentes, por uma questão bem simples: não havia condições de remunerar ninguém na época”, recorda. Mas, logo após a constituição do sistema mútuo, em 1957, começou a alugar prédio no centro (Rua Marechal Floriano, em frente ao Clube União), onde, além do escritório da mutualidade, iniciou também a comercialização de insumos agrícolas, principalmente sementes e fertilizantes, e farmácia veterinária. No começo do sistema mutualista, comenta o atual presidente, a diretoria teve apoio de técnicos da Secretaria da Agricultura do Estado para proceder o cálculo atuarial. Cita também que o governo do Estado chegava a oferecer subsídio quando se fazia necessário, o que era bem comum, pois tendo a área de atuação restrita então basicamente só ao Vale do Rio Pardo e pequena região de Santo Ângelo, normalmente havia prejuízos a serem cobertos com o

apoio estadual. Isto ocorreu até 1963, quando a associação se estendeu aos três estados do Sul, como o nome de Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e assim, com abrangência maior, os custos totais vieram a ser absorvidos pelos próprios produtores. Mesmo assim, relata o dirigente, a associação precisou em uma ocasião fazer pagamento proporcional à reserva e arrecadação disponíveis, pois essas não alcançavam o total dos prejuízos dos produtores associados, ficando o valor restante para ressarcimento posterior. Porém, isto representou uma lição na época, de que a entidade precisava trabalhar com maior fundo de reserva, de modo a poder satisfazer valores em indenizações maiores que as receitas. “Assim, trabalhamos com esse fundo para trazer a devida tranquilidade ao nosso associado e garantir que se tenha condições de pagar os benefícios a que tem direito, mesmo que a receita do ano fique bem aquém do prejuízo causado, a não ser em caso de catástrofe, pois aí não há fundo que sustente”, assinala. Analisando a trajetória da Afubra, o atual presidente enfatiza que “é uma instituição fundada por produtores e dirigida sempre por membros que vêm da agricultura. É importante salientar que surgiu do nada, sem nenhum pa-


79 trimônio e ao longo do tempo construiu um grande patrimônio social, que são seus associados, e também material, que são seus bens móveis e imóveis”. A associação tem hoje em torno de 90 mil associados, enquanto lavouras inscritas no sistema mútuo passam de 100 mil. Werner ainda exalta princípios estabelecidos na entidade (associativismo, parceria, ética, integridade, eficácia, simplicidade, religiosidade, qualidade, respeito ao meio ambiente, responsabilidade social), a maioria presente desde a fundação, e que foram determinantes, segundo ele, para o crescimento da organização, e identificam tanto a entidade, quanto o quadro social, que assim firma nela a sua confiança. VIVÊNCIA PESSOAL - Benício Albano Werner ingressou na Afubra em 1º de novembro de 1975 (há mais de 44 anos), mas lembra que sua ligação mais próxima já começou bem antes, quando, pela liberdade que o presidente fundador e pai tinha de o convidar (“convocar”) para auxiliar nos trabalhos fora

de hora, ele o fazia. Assim, adquiria mais aprendizado profissional e até facilitou quando veio a ingressar no quadro funcional da entidade, após atuar, com formação na Faculdade de Ciências Contábeis, em períodos no Escritório Contábil Koehler e como contador na Viação União Santa Cruz. Na Afubra, Benício iniciou como auditor interno, em especial nas áreas fiscal e previdenciária. Em 1983, passou a integrar a diretoria, como tesoureiro, função em que permaneceu durante 24 anos, quando veio a ser guindado para o cargo que ocupa até hoje, o de presidente da entidade. Essa mudança do campo contábil-financeiro ao administrativo não lhe representou dificuldades, pois observa que o profissional do setor tem também visão administrativa, mas a parte institucional, de representação nos mais diversos momentos e níveis, passou a lhe exigir mais atenção. O atual presidente ressalta que, na função, procurou implantar uma forma mais participativa de adminis-

ALGUNS FATOS DA HISTÓRIA

21/03/1955

1986

Fundação da Associação dos Plantadores de Fumo em Folha no Rio Grande do Sul

Implantado Viveiro Florestal Afubra em Rincão del Rey, Rio Pardo, início de campanhas de educação ambiental, seguidas em 1991 da criação do Projeto Verde é Vida, em 2009, do Programa de Coleta de Óleo Saturado, e em 2018, do Afubra Energia Solar (Agro-Comercial)

05/11/1956 Criado sistema mutualista para cobrir danos de granizo (1980, também tufão), hoje Auxílio para Danos em Lavoura (ADL)

1960 Criado Departamento de Fomento, transformado em Agro-Comercial Afubra em 1994, integrando Associação de Fumicultores (Afubra) e Associação Esportiva e Recreativa Afubra (Área)

1962 Instituído auxílio para reconstrução de estufa danificada por incêndio (em 2001, estendido para tufão) e em 1967, auxílio funeral para associados e cônjuge (Em 87, também para filho de cônjuge).

1963 Extensão da base territorial para Santa Catarina e Paraná, com nome de Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), seguindo depois a instalação de filiais nos três Estados do Sul

1992 Adoção do critério de equivalência produção (BO1) nos valores do sistema mutualista, seguido em 1999 do Programa de Bônus ao Associado e 2008, Unidade Referencial Mutual (URM)

1995 Fundado Coral da Afubra (E em 2010, Coral Masculino)

2001 Primeira Expoagro Afubra, maior feira da agricultura familiar no Brasil, em Rincão del Rey, Rio Pardo/RS

2013 Criação do Dia do Produtor do Tabaco no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, para maior valorização da sua atividade.

tração, onde a direção se reúne seguidamente para tomar decisões e definir estratégias mesmo que o assunto seja mais direcionado a apenas uma pasta e respectivo diretor. “Assim, com deliberações em conjunto, a probabilidade de acerto é bem maior do que se individualizadas”, pontua. Outra iniciativa, aprovada na última assembleia, em julho 2019, aumentou o Conselho Deliberativo, de sete para onze membros titulares, mantendo três suplentes. Deste modo, explica Benício, “conseguimos ter em nível de Diretoria, Conselhos Deliberativo e Fiscal, integrantes de todas as regiões produtoras de tabaco dos três Estados, o que facilita e qualifica as deliberações. Junto com a conectividade atual, é possível disponibilizar informações atuais a qualquer momento de todos os acontecimentos relevantes de interesse da entidade”, diz. Enfim, considera que este extenso período na instituição, e agora à sua frente, lhe oportunizou muitas experiências, que se traduzem em preocupação constante de fazer o melhor pelos associados e pelo setor, e em orgulho de poder continuar vivenciando um crescimento firme e de futuro, baseado nos melhores valores vividos desde o início.

PRESIDENTES DA AFUBRA

1955/1967

Harry Antônio Werner

1967/1969

Alvino João Schmidt

1969/1973

José Avelino dos Santos

1973/1975

James Jamieson

1975/1983

Harry Antônio Werner

1983/2006 Hainsi Gralow

2006/2007

Marcílio Laurindo Drescher*

2007/2023

Benício Albano Werner * Interino (março 2006 a julho 2007)


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Um sistema que encontrou equilíbrio Área financeira da Afubra evidencia a situação equilibrada construída em forma de mutualidade Foto: Luciana Jost Radtke/Afubra

Solidez, equilíbrio e confiabilidade são marcas que foram construídas ao longo da história de 65 anos da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) e identificam o seguro mútuo oferecido pela entidade, atesta o atual tesoureiro da entidade, Marcílio Laurindo Drescher. Ele está há 12 anos na função, mas já é conselheiro há mais de 20 anos, quando ainda ocupava a direção do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Cunha Porã, no Oeste de Santa Catarina, onde atuou por 29 anos. Em 2003, havia sido escolhido vice-presidente da Afubra e chegou a assumir a presidência por mais de um ano, com o falecimento do então presidente Hainsi Gralow, em março de 2006, e, em 2007, passou a ser o titular da tesouraria da Associação, enquanto Benício Werner assumiu a presidência. Ao se aprofundar no conhecimento da história da organização dos produtores e dos aspectos econômicos, Drescher lembra que, no início, foram enfrentadas maiores dificuldades, em especial quando ainda se restringia ao estado gaúcho, época em que inclusive precisou recorrer a apoio do governo estadual. Em outro momento, menciona, também precisou se valer do próprio estoque do setor de fomento para fornecer materiais e insumos no pagamento dos auxílios, mas ressalta que nunca se deixou de honrar os compromissos na entidade. Com a ampliação do auxílio e do seu Sistema Mutualista para os estados vizinhos, segundo o atual tesoureiro, já foi possível melhorar as condições de sustentabilidade e equilíbrio das contas. Enquanto abrangia uma área menor e mais concentrada, a indenização de prejuízos e a sustentação do setor ficavam mais limitados, ao contrário de uma extensão maior, que permite diluir mais as contribuições e benefícios, de modo a equilibrar mais a funcionalidade do sistema, comenta Marcílio. O funcionamento foi sendo aperfeiçoado e adequado a novas necessidades e situações que surgiam. De conformidade com o princípio da Mutuali-

Marcílio Drescher, tesoureiro da Afubra há 12 anos, com as primeiras fichas de associados da entidade

dade e a previsão legal da decisão soberana das assembleias, enfatiza o dirigente, a entidade procurou sempre se adequar ao momento, diminuindo a contribuição quando havia maior sobra e aumentando quando caíam as receitas e cresciam as despesas. O que auxiliou também na melhoria do equilíbrio, segundo ele, foi a adoção do parâmetro de quilo de tabaco (da classe BO1), tanto para a definição da contribuição (prêmio) quanto para o benefício, independente dos índices inflacionários, “equalização que foi muito importante nos períodos de alta inflação no País”. Na última década, em função da utilização de tabelas de preço por empresa, registra Drescher, surgiram novos entraves. Foi então implantada a chamada Unidade Referencial Mutual (URM), que passou a ser a moeda de referência da Associação nas movimentações financeiras do Sistema Mutualista. Com isso, assinala o tesoureiro, foi possi-

bilitado manter mais uma vez o equilíbrio nos orçamentos, em termos de maior segurança e previsibilidade, embora a indeterminação que se apresenta nas ocorrências climáticas que são objeto de cobertura do seguro da entidade. UM FUNDO DE GARANTIA - De forma geral, Marcílio Drescher coloca em destaque o fundo de reserva constituído já há um bom tempo na Afubra, a partir de anos em que houve superávit, o que dá uma segurança ainda maior para o pagamento dos auxílios previstos para o produtor, em incidência de granizo, queima de estufa e falecimento de associado, nos períodos de maiores ocorrências e desembolsos. “A reserva dá a garantia para o produtor inscrito, tendo a certeza de que vai receber quando precisar e de forma pontual”, sublinha o tesoureiro, acentuando que “isso fortaleceu ainda mais a entidade e tornou o seguro ainda mais referencial na atividade agrícola no País”.


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Uma grande rede de apoio ao produtor Do Departamento de Fomento Agropecuário à Agro-Comercial Afubra, estrutura estimula a diversificação Foto: Luciana Jost Radtke/Afubra

O apoio à diversificação das atividades na pequena propriedade dos produtores de tabaco está presente desde a origem da Afubra, em 1955, então ainda Associação dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande do Sul, e, depois, se expandindo para os estados de Santa Catarina e Paraná, denominada de Associação dos Fumicultores do Brasil. No início, esta ação estava concentrada no Departamento de Fomento Agropecuário e depois, em 1994, passou a ser coordenada pela Agro-Comercial Afubra Ltda., proporcionando uma ampla rede de assistência e segurança ao produtor no fornecimento de produtos e orientação na produção diversificada. Tendo ingressado em 1º de fevereiro de 1975 na entidade, quando assumiu a gerência da primeira filial em Rio Negro, Paraná, e transferindo-se a Santa Cruz do Sul em agosto de 1983, ao ser eleito diretor-secretário da Associação e indicado superintendente do Departamento Agropecuário, Romeu Schneider permanece hoje à frente da secretaria da entidade e, desde a sua criação em primeiro de janeiro de 1994, integra a direção da Agro-Comercial Afubra, ocupando a sua presidência desde 2007. Ele acompanha a evolução desse segmento na organização dos produtores e avalia a importância que assumiu no decorrer dos anos. O Departamento implantado a partir do final dos anos 1950, discorre Schneider, foi constituído em paralelo ao ingresso de produtos químicos e sementes certificadas que foram a base da modernização da agricultura brasileira que então principiava. Na área do tabaco, isto se dava com mais ênfase, porquanto as empresas do setor levavam tecnologia avançada para a lavoura de tabaco e o Departamento da associação procurava oferecer tecnologia semelhante e produtos para as demais culturas que serviam de subsistência e complementação de renda nas pequenas propriedades. Isto tudo iniciou no primeiro espaço que a entidade ocupou na rua principal em Santa Cruz do Sul (Marechal Floriano, defronte ao Clube União, em prédio alugado), e, depois, se transferiu para a Júlio de Castilhos, 1021/31, onde hoje está instalada a matriz da Associação e da empresa Agro-Comercial. Mas, a primeira aquisição aconteceu mesmo em Rio Negro, no Paraná, na rua Carlos Schneider, 3475, onde a filial foi inaugurada em 1966 e Romeu Schneider viria a ser o gerente em 1975. Lá também ele iniciou a venda externa de produtos, com o que passou a ocorrer a contratação de agrônomos e técnicos para profissionalizar o trabalho de orientação aos produtores, visando a melhoria da produtividade e resultados na lavoura. EXPANSÃO SEGURA - Desde o início, salienta Schneider, a preocupação sempre foi o fornecimento de insumos e acesso à tecnologia com segurança aos produtores, exercendo desde logo grande influência nesse aspecto e ampliando a disponibilidade de técnicos devidamente preparados, que, hoje, já somam mais de 100. A partir da constituição da Agro-Comercial Afubra, para atender a questões de legislação, colocando-a como organização comercial na mesma linha das que atuam nesta área, acelerou-se a expansão no Sul do Brasil, com mais filiais e lojas, que, atualmente, já somam 27 (12 no Rio Grande do Sul, oito em Santa Catarina e quatro no Paraná), duas lojas agrícolas, uma virtual em Dom Feliciano/RS, e ainda dois centros de distribuição, um em Santa Cruz do Sul/RS e outro em Mafra/SC, integrando no total 880 empregados. Esta expansão, destaca o diretor-presidente, é feita de forma bem planejada, organizada e estruturada, com segurança muito grande em termos de autossustentação, e, sempre, em áreas de grande concentração de produtores, buscando a sua proximidade. Ali, observa que oferecem uma contribuição sensível para o desen-

Romeu Schneider, diretor-presidente da Agro-Comercial Afubra

volvimento geral das comunidades e, de modo particular, dos produtores de tabaco, auxiliando na melhoria das atividades e da qualidade de vida nas pequenas propriedades rurais dos fumicultores, assim como na sua permanência no meio. Inclusive, segundo ele, as regiões de tabaco são as que têm os menores índices de êxodo rural. A ação comercial e de orientação, por sua vez, auxilia na garantia de sustentabilidade de todo sistema associativo de amparo ao produtor (a partir do seguro mútuo), oferecendo segurança maior em caso de desastres naturais de grande monta que possam comprometer o ressarcimento dos prejuízos ocorridos, quando oferece socorro, como já aconteceu. No todo, enfim, acentua Schneider, a ação é muito importante para que os fumicultores possam fortalecer e diversificar as atividades de subsistência e de renda complementar, servindo inclusive de base no âmbito da busca de diversificação da Convenção Quadro para Controle do Tabaco, tanto que o setor, por suas ações, já mostra participação maior de outras fontes na renda total do produtor, onde, porém, aquele se mantém como garantia de maior rentabilidade. FILIAIS AGRO-COMERCIAL AFUBRA Rio Negro/PR – 1966 Rio do Sul/SC – 1974 Tubarão/SC – 1975 Venâncio Aires/SC – 1983 Araranguá/SC – 1985 Herval d’Oeste/SC – 1986 Camaquã/RS – 1990 Imbituva/PR – 1991 São Miguel d’Oeste/SC – 1995 São Lourenço do Sul/RS – 1996 Irati/PR – 1996 Ituporanga/SC – 1997 Mafra/SC – 1997 Braço do Norte/SC – 1998 Central de Distribuição Santa Cruz do Sul/RS - 2003

Cachoeira do Sul/RS – 2004 Sobradinho/RS – 2007 Arroio do Tigre/RS – 2007 Dom Feliciano/RS (Posto de Vendas) – 2009 Francisco Beltrão/PR – 2009 Canguçu/RS – 2010 Candelária/RS – 2012 Central de Distribuição de Mafra/SC – 2013 Santa Cruz do Sul/RS (Bairro Ana Nery) – 2014 Cachoeira do Sul/RS (Loja Agrícola) – 2018 Camaquã/RS (Loja Agrícola) – 2018 Agudo/RS – 2019 Jaguari/RS – inauguração em 2020 Arvorezinha/RS – inauguração em 2020


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Helena Werner viu tudo nascer Ela testemunhou o início e a motivação para criar a entidade nos idos de 1955 Fotos: Arquivo da Família

Além dos 10 filhos que trouxe à luz (nove ainda vivos), fruto de sua união com Harry Antônio Werner, grande líder da fundação da Associação dos Fumicultores do Brasil, em 1955, Helena Werner (Bernardy de casa) viu nascer uma das entidades mais expressivas do meio rural brasileiro. Ela testemunhou o que foi determinante para o surgimento da associação, há 65 anos, e os primeiros passos dados para a sua concretização e seu grande desenvolvimento posterior. Aos 94 anos, ainda bem de saúde e lúcida, lembra com saudade do marido, já falecido em 1989, aos 65 anos, e de um fato em particular que se tornou decisivo no início da organização dos produtores naquela época. Ela se recorda de um certo dia, em meados da década de 1950, quando um violento granizo caiu na localidade onde morava com o marido e os primeiros filhos, na casa comercial que Harry recebera em sucessão de seu pai Albano, na localidade de Formosa, então pertencente a Santa Cruz do Sul/RS e hoje integrante do novo município de Vale do Sol. Até janelas da casa quebraram com a ocorrência. Logo após um vizinho chegou aos prantos para relatar o que havia acontecido com a sua lavoura de tabaco, que estava pronta para ser colhida e garantiria o sustento de sua família naquele ano. Ela havia sido toda dizimada pelo fenômeno climático e eles estavam sem nada para garantir a sua renda. Logo em seguida, mais vizinhos chegaram e a casa comercial ficou lotada por produtores atingidos pelo granizo. Seu Harry, ouvindo o lamento, disse então em alto e bom som, que “isso não podia mais continuar assim. Tinha que ser feita alguma coisa para trazer maior segurança para o produtor”, rememora Helena. Foi então que seu marido buscou o apoio de amigos e outros líderes rurais para iniciar o movimento de organização que pudesse

Helena Werner, aos 94 anos, lembra a ação do marido na fundação da Afubra

trazer uma solução para este tipo de problema, entre outras questões. Helena recorda de reunião inicial que Harry teve com o padre Emílio Backes, pároco de Trombudo, e o professor Albino Pedro Sehnem e, logo depois, com Balduíno e Luitpold Müller. Daí em diante, sucederam-se outros encontros e tratativas que resultaram na fundação da então Associação dos Plantadores de Fumo em Folha do Rio Grande do Sul, em 21 de março de 1955, e que viria a ter, entre uma das suas principais medidas, a constituição de um seguro mútuo contra intempéries. Os anos iniciais ainda exigiram muitos deslocamentos e esforços de Harry e sua equipe, com todas as dificuldades existentes (ele mesmo não tinha carro no início, conseguindo depois um jipe, além dos problemas de comunicação) e nada o impedia de buscar alcançar seus objetivos, nem mesmo a amputação de uma perna por problemas havidos em operação. Os seus ideais falavam mais alto, construídos nas bases familiares e de seu forte espírito comunitário e religioso (ele foi seminarista e também muito dedi-

Helena e Harry Werner marcando presença em uma das atividades da Associação nos primeiros tempos

cado à igreja na localidade natal e depois, na cidade, atuando, inclusive, como regente e organista de coral, onde a esposa também era cantora e solista). A esposa tomava cada vez mais a responsabilidade pela casa, negócios, até plantio de tabaco, e filhos, com apoio de ajudantes, enquanto o marido, que então também era vereador, ampliava o envolvimento na Associação. Quando as atividades aumentaram e exigiam cada vez mais a atenção de Harry na Associação, em maio de 1965, a família transferiu-se de Formosa para a cidade (então bairro Três Barulhos, depois Verena e hoje Santo Inácio, nome dado devido à igreja onde ele foi também um dos fundadores e dirigentes). Harry atuou como presidente da entidade dos produtores desde os anos iniciais de 1955 até 1967, e, depois, voltou à presidência entre 1976 a 1983, função que passou a ser ocupada por seu filho duas décadas depois até os dias atuais. Benício Albano Werner, primeiro dos dez filhos de Harry e Helena, que já atuava na área financeira da organização, assumiu como presidente em 2007. Hoje, Helena reside com sua filha Maria e genro José Geller na mesma casa que, por muitos anos, já serviu de moradia a ela, o esposo e outros filhos, no mesmo bairro Santo Inácio, e relembra com orgulho e alegria a bela história construída a partir da “iniciativa, inteligência, dedicação e determinação do companheiro por 44 anos, e demais fundadores”, e de que “este trabalho possa ser continuado tão bem por seu filho Benício e sua equipe”. Olha feliz para o passado e para o presente, ao ver que a organização sonhada se tornou realidade e conquistou tanto desenvolvimento e respeito no meio em que atua, e, exibindo um sorriso tranquilo e cativante de quem nem de longe parece ter a sua idade nonagenária, revela a confiança no melhor futuro.

O presidente Harry defendendo interesses da Afubra com o então presidente Ernesto Geisel


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Uma “ideia do Harry” que prosperou Patrick Francis Fairon louva a visão e a paixão do fundador para tornar o sonho realidade Foto: Arquivo/Afubra

Entre os amigos do fundador e primeiro presidente, Harry Antônio Werner, que ajudaram a tornar realidade a hoje Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), há 65 anos, está uma figura serena, tranquila e sábia do mundo do Direito: o advogado Patrick Francis Fairon. Ele presta assessoria jurídica desde os primeiros tempos, como advogado formado então já há alguns anos pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), e continua ainda hoje a prestar seus conselhos à entidade e seus dirigentes, auxiliando-os assim a seguir sempre pelos melhores caminhos na defesa de suas causas. Ao falar dos precedentes que levaram à criação da hoje grandiosa associação dos produtores, Patrick lembra das conversas que manteve com seu amigo, em 1954, quando o advogado ocupava o cargo de presidente da Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul. O então comerciante de Formosa, interior do município, Harry Werner, o procurou para tratar do assunto sobre o qual vinha pensando com entusiasmo. Na verdade, segundo Fairon, tudo o que aconteceu na época partiu de “uma ideia do Harry” e de sua paixão por ela, que cativou os seus amigos e os produtores, tornando assim possível a realização do acalentado sonho. Patrick está certo de que, observando o tamanho amor e dedicação que Harry tinha pela causa, deixando inclusive o seu comércio de lado, “a Afubra era como um filho para ele”. Para isso, cita, sempre contou com o apoio da mulher, Helena, enquanto arregimentava mais entusiastas pela associação em gestação. “Hoje, quando olho para trás, vejo Harry como um grande visionário, um sujeito que sonhou e que soube transmitir e cativar pelo entusiasmo, conseguindo assim adeptos para a busca de um objetivo: a luta pelos diretos dos produtores de tabaco”, sublinha. Nos trâmites iniciais da entidade, Patrick Fairon menciona em especial ainda a participação do contabilista Bruno Guilherme Müller, em particular no que se refere à elaboração do primeiro estatuto. Assim, com outros apoiadores ao lado do idealista Harry, foi possível chegar ao momento da criação oficial da entidade,

Patrick Francis Fairon: “ideal construído com credibilidade, lisura e transparência”

em assembleia geral realizada na Aliança Católica no dia 21 de março de 1955, e dar os primeiros passos da organização, que, segundo ele, foram muito difíceis e exigiram grandes sacrifícios e ações voluntárias. Mas, salienta que os pioneiros mostraram desde logo o espírito associativo, de “um por todos e todos por um, e todos fazendo de tudo”, e assim, junto com o amor à causa, venciam a falta de recursos e outras dificuldades, conseguindo prosperar. Sobre a fase inicial, o advogado ressalta ainda a declaração de utilidade pública obtida pela entidade, no governo gaúcho de Ildo Meneghetti, por meio do Decreto nº 8.304, de 6 de dezembro de 1957, que, segundo ele, foi fundamental para dar suporte aos pagamentos dos primeiros auxílios para cobrir danos de granizo. Na etapa seguinte, na década de 1960, quando a associação estendeu sua atuação aos estados vizinhos de Santa Catarina e Paraná, Patrick Fairon recorda que foi ele, acompanhado de Francisco José Frantz, diretor do jornal Gazeta do Sul, que levou a proposta oficial ao governador catarinense Celso Ramos. A ideia foi bem acolhida, assim como ocorreu na sequência junto aos paranaenses, formando assim a forte base territorial da associação em todo Sul do País. Um outro momento muito presente na memória do assessor jurídico da

Afubra foi o da defesa feita junto ao Banco Central, em Brasília, em situação ocorrida nos anos de 1970, quando eram feitos questionamentos sobre o regular funcionamento do seu Departamento de Mutualidade. “Defendi então a entidade com toda tranquilidade, sentimento que carrego até hoje, pois transparência é algo que se cultiva desde o primeiro estatuto”, afiança Fairon, recordando que foi demonstrado o pleno reconhecimento da total regularidade dos atos administrativos da entidade, que continuou a gozar da maior atenção e credibilidade juntos aos órgãos governamentais, assim como do público em geral. Além da assessoria jurídica, Patrick Francis Fairon também passou a integrar a Afubra como sócio remido em 1966, guardando ainda os recibos das anuidades saldadas para este fim, e como conselheiro deliberativo em 1983. Evidencia que, assim como o marcante líder Harry Werner, tem sua vida vinculada e marcada com a Afubra, pois acompanha ativa e atentamente toda existência da entidade, criando um carinho especial pela organização que ajudou a criar e desenvolver. Nos seus 65 anos de fundação, sente-se feliz em ter contribuído para consolidar um ideal, que tantos benefícios traz para o setor produtivo e, o que considera muito importante, “construído sob os firmes alicerces da credibilidade, lisura e transparência”.


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O reino de Werno e Verena Produtor rural de Vale do Sol é associado há seis décadas

Ele com 81 anos e ela com 80, ainda administram uma plantação de 82 mil pés de tabaco, de cujas despesas arcam “por conta”

Fotos: Romar Beling

Quando o agricultor Werno Dummer, 81 anos, e sua esposa Verena Wolfenbüttel Dummer, 80, olham o seu entorno na propriedade da família, em Linha 15 de Novembro – Um, no interior de Vale do Sol/RS, é impossível que não sintam um misto de orgulho e de satisfação por tudo o que construíram juntos ao longo de quase seis décadas de vida em comum. Afinal, quando ele aponta e descreve, numa foto aérea ampliada, na parede, as benfeitorias da sede do núcleo familiar, o que compreende a casa do casal e as dos três filhos com suas respectivas famílias, distribuídas pelas imediações, faz um gesto largo. “Temos 42 construções aqui”, enfatiza. Nada mal para o menino que ficou órfão de mãe muito cedo, e poucos anos depois também perdeu o pai, e que por quase duas décadas, na juventude, teve de trabalhar “na mão dura”, como descreve, na propriedade de outras famílias para sobreviver. E toda a caminhada de construção de seu próprio patrimônio de certo modo confunde-se com a história da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), da qual é um dos primeiros associados. Casados há quase 60 anos, e desde o primeiro momento logo associados da Afubra, vivenciaram, portanto, todas as fases de fortalecimento da entidade e, em igual medida, crescendo junto, passo a passo, com o trabalho associativo na sua região, da qual inclusive são oriundas muitas das lideranças dos primeiros tempos. Se o número de benfeitorias, entre casas, estufas para cura do tabaco, galpões, estrebarias e espaços para guarda de máquinas e implementos e para a criação de animais, já impressiona,

Seu Werno e dona Verena são associados da Afubra desde o momento em que se casaram, há quase 60 anos

não é diferente em termos de áreas de terra. Ao longo dos anos, seu Werno e dona Verena foram adquirindo uma área aqui, outra ali, mais próximo ou até um pouco afastado de sua casa, até o ponto de terem, hoje, 92,9 hectares, como frisa, distribuídos em nada menos do que 22 escrituras. E isso numa região do Vale do Rio Pardo em que, pelo solo, que garante qualidade e produtividade, as terras são muito valorizadas. “Por aqui, um hectare hoje não sai por menos de R$ 35 mil, R$ 37 mil, R$ 39 mil”, adverte. E, na verdade, quando seu Werno menciona cifras ou números, em seu tom não transparece qualquer ostentação. Ele é simples, direto, realista, objetivo, e em igual medida ponderado


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Fotos: Romar Beling

e determinado. Muito determinado. Deixa claro que o patrimônio familiar formou-se todo a partir do tabaco, sempre a principal cultura da propriedade, por mais que houvessem a cada safra apostado na diversificação, envolvendo arroz, milho, soja, gado de corte e durante um bom período também pecuária leiteira. Até o momento em que concluiu que o leite já não era bom negócio. UM LUGAR AO SOL - Toda a história da família Dummer começa a partir do momento em que ele e dona Verena decidiram se casar, em 1961. Depois de casados moraram por três anos na casa do sogro, Evaldo Wolfenbüttel. Em 1964 finalmente se instalaram em pequeno terreno de dois hectares no local em que hoje fica a propriedade. “Começamos tudo do zero aqui”, diz, lembrando que por um tempo inclusive atuou no ramo de construção em toda a região. Ele nasceu em Vale do Sol, na atual sede da cidade, e quando estava com dois anos e seis meses perdeu a mãe. Quando ainda era jovem também faleceu seu pai. Por essa época, passou a trabalhar para parentes, até o período em que conheceu dona Verena e decidiram casar-se. Hoje, têm três filhos (Arnildo, Armênia e Elânia), todos casados, que já lhes deram seis netos e uma bisneta. Cada família cultiva sua própria área de tabaco, mas todos auxiliam a todos na colheita e nas tarefas. E seu Werno e dona Verena ainda plantam 82 mil pés, de forma independente, custeando as despesas por conta própria. “E sempre como associados da Afubra”, enfatiza. Seu Werno recorda que ao longo das quase seis décadas em que produzem tabaco, nunca deixaram de fazer o seguro contra granizo nas lavouras e contra sinistro em estufas. Houve ao menos uma vez em que tal decisão foi fundamental, pois praticamente perderam todas a plantações em temporal. “Deu nada menos do que 2 milhões e 753 mil folhas contadas pela equipe da Afubra”, informa seu Werno, no que só reafirma a sua memória rara, capaz de referir detalhes, mesmo aos 81 anos – faz 82 em 25 de fevereiro. “Em dinheiro, na época, deu R$ 35,4 mil, e foi isso que nos permitiu pagar as contas e viver ao longo do ano. Do contrário, teríamos ido à bancarrota”, diz. Ele lembra inclusive o dia em que fez o primeiro registro de lavoura de tabaco na Afubra: 7 de maio de 1961. “Nem bloco de produtor existia naquela época. Se fazia um protocolo, um papel quadrado. Bloco veio bem depois”, observa. Mantém todos os documentos e comprovantes guardados em armário. “Já é uma pilha desta altura”, mostra com a mão erguida a um metro do chão. Sua memória é tão privilegiada que recorda inclusive das primeiras variedades de tabaco Virgínia que cultivaram: Pinheirinho, “que tinha umas 60 folhas e ficava com três metros de altura”; Seis-marias e Herval de Baixo. Refere que em determinado momento João Hoff, pai do atual prefeito de Vera Cruz/RS, Guido Hoff, veio ao lado do filho para buscar sementes de tabaco. Algumas plantas eram escolhidas a dedo na lavoura e deixadas para produzirem sementes. Werno lembra que seu João, acompanhado do pequeno Guido, veio “bater” os cachos de sementes sobre táboas. “Deu 172 quilos de semente”, menciona, e ela seria usada para semear os canteiros de mudas nas safras seguintes. Revelando espiritualidade e religiosidade, seu Werno também evidencia a preocupação em sempre agradecer a Deus pelo bom andamento da safra e das culturas. Demonstra uma

Seu Werno Dummer mostra a foto aérea na parede de casa, na qual aparecem as 42 construções da família

saúde plena, que lhe permite circular de caminhonete, trabalhar palmo a palmo com os mais jovens e fazer planos para o futuro. Além dos 82 mil pés que ele e a esposa plantam, com o que cada um dos filhos cultiva o total familiar aproxima-se de quase 400 mil pés. Para colher o tabaco hoje a estrutura é toda mecanizada, o que permite potencializar ao máximo a mão de obra: utilizam três tratores, acoplando a eles carretas com comando, de maneira que reúnem as folhas para encher uma fornada, em torno de 20 mil pés, em cerca de 3h45 de serviço na lavoura, além de outras 3h30 para colocar as folhas na estufa. Ao todo, vale mencionar, são 10 estufas, distribuídas pelas várias áreas que possuem. É assim que seu Werno e dona Verena miram, com evidente e justificado orgulho, o reino que juntos construíram, na terra hoje justamente chamada de Vale do Sol.

Seu Werno e dona Verena miram, com evidente e justificado orgulho, o reino que juntos construíram


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Terra de tabaco de alta qualidade Família gaúcha testemunhou o período de constituição da Afubra É no coração de um dos melhores polos mundiais de produção de tabacos claros de qualidade e conceito internacional que o produtor rural Irineu Rech, 67 anos, tem sua propriedade rural. Ao lado da esposa Calixta Maria Rauber Rech, também com 67 anos, administra atividades em área de 18 hectares em Entrada Ferraz, a cerca de 14 quilômetros da sede de Vera Cruz/RS, além de outra área na localidade vizinha de Formosa. Nas cercanias, em dezenas ou centenas de pequenas propriedades, as lavouras de tabaco ostentam um dos melhores aspectos em termos de desenvolvimento das folhas que se pode encontrar em todo o planeta. E foi assim também, até 2018, na propriedade de Irineu. Quando alcançaram a aposentadoria, ele e a esposa optaram por reduzir o ritmo das tarefas e dedicar-se mais a atividades diversificadas, que poderiam ser conduzidas com a mão de obra disponível. As filhas Graciele e Jozélia seguiram para ocupações urbanas; a primeira inclusive reside em Natal, no Rio Grande do Norte, para onde seu marido foi transferido; e a segunda mora na cidade de Vera Cruz. Junto na residência mora com eles a mãe de Calixta, Inilda Rauber, viúva, que completou 94 anos em dezembro de 2019. “Ela já mora conosco há 34 anos, desde quando completou seus 60 anos” conta a filha. E a família Rech na verdade é uma das que testemunhou a trajetória de mais de seis décadas da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), pois os pais de Irineu, Lothar e Ilária, estiveram entre os primeiros associados – Irineu tem uma irmã, Amélia Rech Werlang, que reside em Saudades/SC. E sempre valorizaram ao máximo o engajamento no esforço associativo, em parte, inclusive, pela proximidade com as primeiras lideranças da entidade. O fundador e primeiro presidente Harry Antônio Werner, por exemplo, era de Formosa, a poucos quilômetros da terra dos Rech, e Irineu e o filho de seu Harry,

Benício Albano Werner, atual presidente da Afubra, cresceram e estudaram juntos. “O Benício sempre foi um amigo, e é muito bom ver como ele está conduzindo hoje essa tão importante entidade”, frisa. Quando ficou viúva, a mãe de Irineu, dona Ilária permaneceu ano após ano mantendo-se associada da entidade, e o tabaco seguia como a grande fonte de renda, ainda que a família buscasse investir na diversificação. Dona Ilária faleceu em 2018, aos 91 anos, e na sequência Irineu e Calixta optaram por deixar de plantar tabaco e voltar-se mais à criação de gado de corte, mantendo entre 40 e 50 cabeças, o que passou a constituir a fonte de renda, além de arrendarem algumas áreas. O casal ainda cultiva os mais diversos produtos de subsistência, para consumo próprio e para eventual venda do excedente. Mas as três unidades de cura do tabaco seguem ali, na paisagem da propriedade, no bem-cuidado quintal. “Eu não veria qualquer problema em voltar a produzir tabaco. Gosto muito dessa cultura, e hoje ela já não dá mais nem de perto o tanto de trabalho como em outros tempos, graças às novas técnicas de produção adotadas”, define Calixta. Em geral, eles costumavam cultivar por safra em torno de 40 mil pés, o que fizeram por cerca de 45 anos, desde quando se casaram. Irineu lembra que durante todo esse período precisaram recorrer “umas três ou quatro vezes” a seguro por incidência de granizo nas lavouras de tabaco, e em outra ocasião perderam uma estufa, que pegou fogo. Hoje, depois das décadas de dedicação ao trabalho, buscam descansar mais e curtir a vida, desfrutando a tranquilidade de quem cumpriu sua jornada de realização pessoal, profissional e familiar.

Com a aposentadoria, os Rech optaram pela criação de gado de corte e por outras culturas na diversificada propriedade no interior de Vera Cruz

Irineu e Calixta Rech e Inilda Rauber sempre foram associados da Afubra


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Um milagre para os colonos “Quem inventou isso teve uma ideia de Deus”, diz fumicultor catarinense sobre o seguro Fotos: Márcio Guimarães/Afubra

“Foi um milagre que inventaram para os colonos” - é a saudação que faz Adelino Ponticelli, 71 anos, produtor de tabaco em Ribeirão do Cedro, Pouso Redondo, Santa Catarina, ao fazer referência ao seguro mútuo, que foi o grande mote de fundação da Associação dos Fumicultores do Brasil, em 1955. “Quem inventou isso teve uma ideia de Deus”, fala entusiasmado o produtor, que aos seis anos viu o seu pai José (conhecido também como Bepinho) e o irmão mais velho iniciarem o plantio de tabaco na propriedade em que ele ainda mora, onde depois seguiu na atividade e desde os anos 1980 é procurador da Afubra para a região. Seu pai, que atuava na época com mandioca e transporte, foi um dos primeiros a introduzir o tabaco naquela região, apresentando-se para eles como forma de “obter dinheiro mais rápido e melhor”, e passando a ser a grande opção desde então. No início, tiveram algumas perdas na lavoura e estufa e, quando veio o seguro da Afubra, trouxe-lhes a segurança que estava faltando e estimulou de vez a vontade de continuar plantando. Ao lembrar disso, Adelino fez questão de salientar a forma como funciona o Sistema de Mutualidade da Afubra, “onde aquele que não tem prejuízo ajuda a pagar o outro que tem”. Segundo ele, “é uma ideia extraordinária que continua funcionando muito bem. Não sei como o governo ainda não pegou esta fórmula”, questiona. Cita ainda outro exemplo da funcionalidade do Sistema: “quando o caixa enfraquece, aumenta-se um pouco a contribuição; quando melhora, diminui. E assim dá acerto”, assegura. Como procurador, atende os produtores nas questões relacionadas à Associação e explica a importância do seguro, apontando o que seu pai sempre dizia: “melhor pagar e não acontecer nada, e assim contribuir com aqueles que tem problemas, e, se precisar, tem o apoio necessário”. Adelino lembra que, quando foram atingidos e receberam a primeira indenização, fizeram as contas e viram como era benéfico. Assim também com o tabaco em si, que lhes permitiu “conseguir alguma coisa a mais. Sempre sobrava um dinheiro e assim o pai conseguia ajudar os filhos a se estabelecer”, conta. A trajetória seguiu com ele e seus filhos, tendo ao seu lado sempre

Último investimento dos Ponticelli com dinheiro do tabaco: galpão com registros históricos da família

o tabaco, a empresa e a Afubra, mantendo a atividade pela segurança que oferece, desde o seguro até a renda, ressalta. Casado com Vera Bini Ponticelli, 67 anos, têm três filhos (Jarbas Cleofas, Jeisel Helder, casados, e Grazieli Francioise, solteira) e quatro netos (três meninas, Heloísa, Maria Helena e Amanda, e um menino, Guilherme). Juntos, eles plantam 75 a 80 mil pés de tabaco, e dispõem de três estufas em duas propriedades (uma com 21 hectares e outra, de 40 hectares), além de terem entre suas atividades o milho, leite, gado, suínos, galinhas, verduras e vários tipos de mantimentos. Mas, como enfatiza Adelino, “o tabaco sempre deu dinheiro para nós e permitiu comprar terra, investir em construções, tratores (hoje dois) e implementos (14 para uso nos tratores)”. Ainda destaca que sempre procuraram adotar novas tecnologias indicadas, como plantio direto, seguindo orientações da empresa e da Afubra, alé m de instituições públicas. Assim, com muito trabalho, a bênção de Deus e esse apoio humano até com brilho divino, puderam avançar para uma boa situação de vida e de confiança no futuro.

Tabaco colhido pela família é trazido para casa em “zorras”

Foto: Arquivo de Família

Os produtores catarinenses Adelino e Vera Ponticelli, filhos Grazieli e Jeisel, nora Jucineia e neta Maria Helena (da direita para esquerda)


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A salvação e a defesa dos produtores Procurador de Santa Catarina enaltece o seguro e o trabalho sério da entidade

Família Sardo (José, Teresinha, Luiz, Marizete e Gabriel), em frente à sua casa em Pouso Redondo, Santa Catarina

coisa que tem que segurar, pois ela garante o sustento da família. Havendo incidência de granizo, pelo menos sai da safra sem dívida e tem certeza que vai receber, justamente pela seriedade com que a Afubra trabalha desde a fundação, há 65 anos”. Ainda sobre o auxílio funeral, Luiz procura mostrar a vantagem que a Afubra oferece em relação a outros planos, pois se paga três quilos do produto por pessoa/ano (menos de R$ 60,00), enquanto nos outros, esse valor chega a R$ 40,00/mês. “É muito mais em conta”, calcula. E ainda em relação à Associação e ao período em que participa mais diretamente de suas atividades, ficou muito marcada para ele “a firmeza com que a direção defendeu o setor em um evento público, diante das ameaças de combater o produto, que tem sido colocado como vilão, quando na verdade precisa ser olhada a situação das famílias que dele vivem. A convocação feita para bater de frente com os detratores da atividade impressionou”, afirma. VIÁVEL AOS PEQUENOS - Tanto Luiz, como o pai José enfatizam que o tabaco se mostrou durante todos estes anos como “fator principal de viabilidade da pequena propriedade”. Eles vivem bem com apenas 10 hectares, onde também diversificam, com milho, batata, aipim, hortaliças, porco, vaca, galinha, peixes, para subsistência e eventual venda de sobras, mas o comércio principal sempre foi o de tabaco, com sucesso, onde, além da assistência da Afubra, lembram ainda a orientação técnica da empresa compradora/integradora, incluindo capacitações no uso do solo e de produtos na lavoura, tudo redundando em história realizadora e feliz de pequenos produtores rurais no Sul do Brasil. Arquivo de Família

Poupando as palavras, José Sardo Filho, 78 anos, conhecido como “Zé Barulho” (apelido que recebeu como leiloeiro de quermesses), deixa, na verdade que fale o filho Luiz, ex-seminarista e ministro da igreja durante vários anos, – e ele fala muito e bem - sobre a história e a importância da Afubra em seu meio, no município de Pouso Redondo, próximo a Rio do Sul, em Santa Catarina. Seu José é associado da Afubra desde 1970, quando a entidade veio para a região fazer seguro (quatro anos depois foi aberta a filial), e passou a ser procurador da associação em 1984, até 2010. Já Luiz, que mora com ele, na Estrada Geral Rio das Pombas, saída da cidade, passou a ser procurador em 2002 e continua na função. José, filho de José Emídio, com quem começou a plantar tabaco em 1957 (no início, Amarelinho, depois Virgínia), ao ser oferecido o seguro da Afubra, logo o fez, tanto para lavoura quanto estufa, bem como auxílio funeral, e incentivou outros a fazer. Todas as opções se mostraram muito válidas e úteis, segundo ele, todos os familiares e a maioria dos produtores da região está associada à entidade. Casado há 54 anos com Teresinha Sardo, tem sete filhos. Luiz, com 48 anos, casado há 26 anos com Marizete de Andrade Sardo e dois filhos (José Luiz, 23 e Gabriel,17), diz que o seguro oferecido pela Associação do setor foi “a salvação de muitos produtores várias vezes”. Com lavouras arrasadas por pedras, “se não fosse a Afubra, os produtores teriam ficado de arrasto”, assinala e acrescenta: “Foi a defesa deles”. Assim testemunhou situações no auxílio funeral, inclusive com um familiar, ao qual, após muitos gastos com doença, o apoio da entidade garantiu um funeral digno quando veio a falecer. Por tudo isso e de modo especial “por se tratar de uma entidade séria, que é exemplo para o Brasil”, desempenha com muito gosto a representação dos produtores como procurador na sua região, reiterando sempre a eles que não devem plantar sem fazer seguro. “A lavoura é a primeira

Fotos: Márcio Guimarães/Afubra


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Símbolo de segurança para o produtor Uma das primeiras produtoras de tabaco no Paraná, professora destaca o papel da Afubra

Foto: Márcio Guimarães

Uma das primeiras quatro estufas instaladas no Estado do Paraná, em 1953

Alda Grosskopf, 83 anos, iniciou plantio de tabaco em Piên, PR, e logo se associou à Afubra quando chegou à região nos anos 1960 Fotos: Cristina Severgnini

Alda Terezinha Grosskopf, 83 anos, moradora de Lajeado dos Martins, em Piên, Paraná, foi uma das que iniciou o plantio de tabaco no Estado, em 1953, junto com seu irmão Zeno Tschoek, que implantou uma das primeiras quatro estufas na região. Ajudou seu irmão até 1959, quando casou com José Grosskopf Filho (falecido há 20 anos) e, em seguida, quando a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) começou a entrar na região, no início dos anos de 1960, logo se associou à entidade, que para ela e a região consolidou “uma boa imagem, como um símbolo de segurança para o produtor”. Quando precisaram de seus préstimos, menciona Alda, sempre foram “muito bem atendidos”. Foi o caso nas incidências de granizo e no momento em que o marido faleceu, quando não precisou pagar anuidade e recebeu auxílio funeral. Alda teve nove filhos com o seu José, sete dos quais continuam produtores de tabaco e associados da Afubra. Quem ficou como titular da propriedade do pai, depois do falecimento, é Valtencir Adelcio (casado e com dois filhos), enquanto ao lado reside outro filho, Wilson (casado, quatro filhos), também associado e durante mais de 38 anos instrutor de tabaco na região (de 1981 a 2019). Wilson também destaca a representatividade da Afubra no setor e no País, onde a vê como “um exemplo de seguradora, um modelo que não existe em outras culturas”. Além disso, sublinha que “os produtores sempre tiveram na Associação um ponto de apoio e um trabalho que prima pelo certo. Nunca tive problemas entre produtores assistidos e a entidade, que não gosta de enrolação: falou, tá falado, e dentro das normas estabelecidas, e assim tem que ser pra funcionar bem”. Ainda faz questão de frisar a excelente relação com a filial de Rio Negro e “seu bom time”. Na propriedade de Alda e José sempre foi plantado e criado de tudo (erva-mate, milho, feijão, trigo, batata, arroz, porco, vaca, cavalo, galinha, pato, ganso), além do tabaco, cujo plantio ficava ao redor de 30 mil pés, conforme orientação da empresa. Mas Alda ainda foi professora durante 32 anos, lecionando pela manhã e trabalhando na roça à tarde. No início, atuou na Escola de Progresso, Piên, depois na de Lajeado dos Martins, que chegou a receber o nome do marido falecido, José Grosskopf Filho, mas é conhecida como “Escolinha da Alda”, sediando hoje centro comunitário após a desativação da escola. Uma das filhas, Lucili Barbosa, assim como duas netas e uma nora, seguiram a vocação de professora. Lucili tem presença marcante em escolas e na Secretaria Municipal da Educação, integrando-se com força no Projeto Verde é Vida da Afubra, onde o município sempre teve uma participação exemplar, como ratifica Márcio Guimarães, coordenador administrativo do Projeto. A família fala com entusiasmo também dessa iniciativa da Associação dos Fumicultores, “pelo que representa na proteção à natureza e no envolvimento escolar, conscientizando e motivando, desde criança, para o cuidado com o meio onde se vive”.

Alda e o filho Wilson, que também foi instrutor de fumo, ambos admiradores do trabalho da Afubra


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Entidade que inspira confiança Associado há 56 anos, produtor do Paraná exalta a organização Fotos: Márcio Guimarães/Afubra

Antônio Seidel, 80 anos, de Gramados, município de Piên, no Paraná, ingressou na Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) com 24 anos e desde então nunca mais deixou de estar em dia com a anuidade. “Duas coisas pago toda vida e não me arrependo: a Afubra e o Sindicato”, diz, convicto, diante do presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e novo conselheiro fiscal da Afubra, Agnaldo Martins, justificando que, independente até de precisar de seus serviços, “é uma maneira dos pequenos produtores terem mais força”. Mesmo que não goste muito de reuniões, o agricultor aposentado acha necessário sempre apoiar as organizações dos produtores, pela importância que representa para eles. E isso, segundo ele, é ainda mais interessante quando “a entidade é de confiança e sempre cumpre seus compromissos, como é o caso da Afubra. Quando precisei e em todos os contatos, sempre fui bem atendido pelo pessoal de Rio Negro. É gente boa e séria, em que dá pra confiar”, assinala, satisfeito com a sua longa história e relação com a Associação dos Fumicultores. Ele estende a observação a toda organização e ao novo conselheiro, que por sua vez atesta que “a Afubra nunca deixou ninguém na mão”. Tudo isso passa a constituir uma boa imagem que Seidel diz ver confirmada por todos com quem contata na região, ao falar na associação dos produtores e no seu seguro mútuo, que “vai bem ao encontro das necessidades dos que produzem na hora da dificuldade”. Só no município de Piên, são cerca de 1.200 famílias associadas à entidade, informa Martins. Seu Seidel, casado com Elvira, 75 anos, já não planta mais tabaco há cerca de 15 anos, porque ficaram só ele e a esposa em casa (tem duas pequenas propriedades, uma de 5 hectares e outra de 10) e começaram a diminuir o cultivo até parar, mas ainda

O casal junto com o presidente do Sindicato e conselheiro da Afubra, Agnaldo Martins, e o filho Waldemar

produzem alimentos. O casal tem quatro filhos vivos, dois dos quais continuam na atividade: Clarice, casada com Abel Liebel, e Valdevino, casado com Irene, e também são associados da Afubra, prosseguindo a tradição e orientação do pai. Além deles, os filhos Lucinda e Waldemar atuam em outros ramos, mas Waldemar, que hoje reside na propriedade de 10 hectares, já trabalhou no tabaco e também foi vinculado à Afubra. Ao falar da entidade, repete os dizeres do pai: “Quando se precisava, estava sempre à disposição e o atendimento foi muito bom. É uma entidade que firmou sua presença no meio dos produtores e está sempre ao seu lado”, conclui.

Antônio e Elvira Seidel, aos 80 e 75 anos de idade, no jardim de sua casa em Gramados, Piên, Paraná




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