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Associação dos Docentes da UFF

ADUFF SSind Seção Sindical do ANDES-SN Filiado à CSP/CONLUTAS

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Docentes de Campos dão aula em contêineres e sofrem sem estrutura adequada


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Editorial

Carta da gestão “ADUFF em movimento: de Luta e Pela Base” Documento lido por ocasião da posse no dia 23 de maio

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stamos diante de novas realidades sociais e políticas em nosso país. A multiplicidade de análises que pululam sobre essas novas realidades nos indica o quanto ainda nos resta caminhar para apreendê-las de maneira mais global e sistemática. Isto implica também na inexistência de repostas fáceis ou simples a essas conjunturas, mas, não há dúvida, que o descontentamento social, que foi expresso de maneira mais evidente nas jornadas de 2013, permanece ainda, mesmo que de forma um pouco mais latente. Também não há dúvida de que o papel dos movimentos sociais e das mobilizações como fonte de resistência e de defesa de direitos e demandas populares é e sempre foi fundamental. No centro dessas lutas sempre estiveram as organizações sindicais e, mesmo que muitas das organizações, em um passado recente, tenham aberto mão da sua combatividade e, conseqüentemente, se distanciado das suas bases, mantém-se o desafio de aprofundar as lutas em defesa dos trabalhadores. Neste cenário onde as desigualdades se assomam e se agudizam, onde a representatividade é questionada, tanto pelos bem, quanto, e principalmente, pelos mal intencionados, onde a precarização do trabalho é concretizada cotidianamente, particularmente no trabalho docente, pois formador da força de trabalho, as

tarefas e os desafios do sindicato não são das menores. O ensino público brasileiro vem enfrentando nas últimas décadas uma série de mudanças que, sob a capa de democratização, visam adequá-lo às necessidades e demandas formativas do mercado, se corporificando em um projeto para a educação

tanto internas quanto externas, a perda de autonomia das Instituições de ensino, a privatização de amplos setores das universidades, longe de serem efeitos colaterais da expansão, atendem à agenda deste projeto educacional que vem sendo implementado no Brasil. Por isso, a insistência na

a insistência na unidade da luta da classe trabalhadora é fundamental para que se possa postular fazer frente ao projeto liberal burguês

brasileira atrelado aos interesses do capital. Neste sentido a precarização, da qual alguns sintomas são: a expansão desordenada e irregular da oferta de vagas, a ausência de condições materiais de arcar com essa expansão, a desvalorização da carreira docente, a perda de autonomia das representações docentes,

unidade da luta da classe trabalhadora é fundamental para que se possa postular fazer frente ao projeto liberal burguês, não somente de educação, mas de sociedade (da qual a educação jamais pode estar dissociada). Em nossa universidade, a UFF, a precarização é percebida em Niterói, mas ainda de forma mais contundente nas unidades

fora da sede. Por isso mesmo, cientes de que estamos diante de uma realidade multicampi, e mesmo atentos à dimensão nacional, também estamos atentos aos reflexos locais do problema. Atitude que reforça nosso compromisso com um trabalho de contato permanente com as bases da categoria e com a gestão democrática da Seção Sindical, mantendo os esforços que já vinham sendo feitos pela gestão anterior. A gestão que ora se inicia, ciente dos múltiplos desafios que se colocam no horizonte, quer reafirmar seus compromissos em manter a ADUFF no sindicalismo combativo, de luta, pautado no diálogo e nas decisões pela base, que a fez referência nacional na luta docente. Compromisso também com a autonomia sindical, que tantos ataques vem sofrendo, e com o fortalecimento de nosso sindicato nacional como instrumento legítimo de representação da categoria docente. Reafirmamos nossa defesa de uma universidade pública, gratuita e de qualidade, só possível com a efetiva democratização, não somente em seu acesso, mas em todos os processos internos e na garantia da autonomia universitária. Esperamos poder atender aos desafios colocados, com o pacto de disposição e coragem para a luta e para o enfrentamento destes desafios de modo ativo.

Agenda da diretoria Maio 05 - Reunião do GTPE 07 -Reunião com os professores de Campos dos Goytacazes 08 - Reunião com os professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo • Reunião do GTPCEGDS 13 - Reunião com os professores do Campus Gragoatá 16 a 18 - Reunião do GTSS/A 19 - Assembleia Geral

Presidente: Renata Vereza – História/Niterói • 1º Vice-Presidente: Gustavo França Gomes­– Serviço Social/Niterói • 2º Vice-Presidente: Juarez Torres Duayer – Arquitetura • Secretário-Geral: Elizabeth Carla Vasconcelos Barbosa – PURO • 1º Secretário: Isabella Vitoria Castilho Pimentel Pedroso – COLUNI • 1º Tesoureiro: Wanderson Fabio de Melo – PURO • 2º Tesoureiro: Edson Teixeira da Silva Junior – PURO • Diretoria de Comunicação (Tit): Paulo Cruz Terra – História/Campos • Diretoria de Comunicação (Supl): Marcelo Badaró Mattos – História/Niterói • Diretoria Política Sindical (Tit): Sonia Lucio Rodrigues de Lima – Serviço Social/Niterói • Diretoria Política Sindical (Supl): Wladimir Tadeu Baptista Soares – Faculdade de Medicina • Diretoria Cultural (Tit): Ceila Maria Ferreira Batista – Instituto de Letras • Diretoria Cultural (Supl): Leonardo Soares dos Santos – História/Campos • Diretoria Acadêmica (Tit.): Ronaldo Rosas Reis – Faculdade de Educação • Diretoria Acadêmica (Supl): Ana Livia Adriano – Serviço Social/Niterói

Biênio 2014/2016

Gestão ADUFF em Movimento: de Luta e pela Base

Editora Lara Abib

Estagiária de jornalismo Catherine Lira

Imprensa imprensa@aduff.org.br

Sítio eletrônico www.aduff.org.br

Twitter twitter.com/aduff_ssind

Jornalista Tatiana Lima

Projeto Gráfico e Diagramação Luiz Fernando Nabuco

Secretaria aduff@aduff.org.br

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Impressão Gráfica Lance (3500 exemplares)

Rua Professor Lara Vilela, 110 - São Domingos - Niterói - RJ - CEP 24.210-590 Telefone: (21) 3617.8200


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Nova direção da ADUFF toma posse Luiz Fernando Nabuco

Em assembleia de posse, presidente da ADUFF, Renata Vereza lê carta elaborada por nova gestão Lara Abib

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a noite do dia 23 de maio, a nova direção e o Conselho de Representantes da ADUFF-SSind tomaram posse em cerimônia que aconteceu na sede da entidade sindical. A assembleia contou com a presença de representantes do ANDES-SN, do Sintuff, dos vereadores de Niterói Paulo Eduardo e Henrique Vieira – ambos do PSOL -, do Grupo Tortura Nunca Mais e da ADCEFET. Todos saudaram a gestão que se inicia e destacaram a importância da ADUFF na construção da luta dos trabalhadores, não apenas no âmbito dos docentes de ensino superior, mas na luta geral e mais ampla por uma sociedade livre de injustiças e desigualdades sociais. A nova presidente da seção sindical, Renata Vereza, agradeceu a presença e o apoio de todos que contribuíram com esse novo caminho da chapa, agora gestão. “É fundamental o registro de que não falo por mim, simplesmente, mas sim pela gestão. Apesar do modelo presidencialista, creio que somente de forma colegiada e coletiva é possível construir a coesão necessária aos enfrentamentos que se aproximam. Esperamos ser capazes, mesmo diante das dissonâncias de manter nossa coerência e a unidade que nos trouxe aqui”, ressaltou. Na posse, a gestão “ADUFF em movimento – de Luta e pela Base” reafirmou a defesa de uma universidade pública, gratuita e de qualidade e reiterou

o compromisso em manter a ADUFF no sindicalismo combativo, pautado no diálogo e nas decisões pela base e com autonomia sindical perante governos, partidos e reitoria, fortalecendo o ANDES-SN como instrumento legítimo de representação da categoria docente. “Esperamos poder atender aos desafios colocados, com o pacto de disposição e coragem para a luta e para o enfrentamento destes desafios de modo ativo”, finalizou Renata.

Eleição A eleição foi realizada entre os dias 13, 14 e 15 de maio. A então chapa “ADUFF em movimento: de luta e pela base” foi eleita para a nova gestão da ADUFF, biênio 2014-2016, com 423 votos válidos. Houve, ainda, 14 votos em branco, e 20 votos nulos. No total, 457 docentes foram às urnas.

Conselho de Representantes também foi empossado Foram eleitos, ainda, representantes docentes para o Conselho de Representantes nos seguintes departamentos: ICHF; Escola de Serviços Social/Niterói; Faculdade de Economia; Faculdade de Educação; Instituto de Educação Física; Instituto de Química; Faculdade de Turismo e Hotelaria; Instituto de Biomédico; S. Comunidade; Faculdade de Direito I; Faculdade de Direito II; COLUNI; Instituto Educação Superior (Pádua);

Ins. Cien. S. e Des. Reg. (Campos); Volta Redonda – Aterrado; Volta Redonda – Aterrado – ICEX; Rio das Ostras e Instituto de Ciências e Sociedade (Macaé).

Gestão ADUFF em movimento: De luta e pela base: biênio 2014-2016 Presidente: Renata Vereza: História Niterói 1º Vice-Presidente: Gustavo França Gomes - Serviço Social - Niterói

2º Vice-Presidente: Juarez Torres Duayer Arquitetura - Niterói Secretário-Geral: Elizabeth Carla Vasconcelos Barbosa - Serviço Social – Rio das Ostras 1º Secretário: Isabella Vitoria Castilho Pimentel Pedroso - Colégio Universitário -Niterói

1º Tesoureiro: Wanderson Fabio de Melo Serviço Social – Rio das Ostras 2º Tesoureiro: Edson Teixeira da Silva Junior - Serviço Social – Rio das Ostras Diretoria de Comunicação (Tit): Paulo Cruz Terra - História - Campos

Diretoria de Comunicação (Supl): Marcelo Badaró Mattos - História - Niterói Diretoria Política Sindical (Tit): Sonia Lucio Rodrigues de Lima - Serviço Social - Niterói Diretoria Política Sindical (Supl):

Wladimir Tadeu Baptista Soares Faculdade de Medicina

Diretoria Cultural (Tit): Ceila Maria Ferreira Batista - Instituto de Letras

Diretoria Cultural (Supl): Leonardo Soares dos Santos - História - Campos

Diretoria Acadêmica (Tit.): Ronaldo Rosas Reis - Faculdade de educação-Niteroi Diretoria Acadêmica (Supl): Ana Livia Adriano - Serviço Social - Niterói

Nova diretoria do ANDES-SN é eleita com 91,62% dos votos A posse da nova diretoria do ANDES-SN acontecerá em 21 de agosto, durante a Plenária de Abertura do 59º Conad, que será realizado em Aracaju, no Sergipe. O resultado final das eleições para a diretoria do ANDES-SN, biênio 2014/2016, foi divulgado no dia 19 de maio. Ao todo, foram contabilizados 9.157 votos, sendo 516 em branco e 251 nulos. A chapa vencedora recebeu 8.390 votos. A Chapa 1 “ANDES-SN de luta e pela base” foi eleita com mais de 91,62% dos votos. As eleições foram realizadas, por todo o Brasil, nos dias 13 e 14 de maio.


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Em Campos, obras com atraso de dois anos e falta de estrutura comprometem tripé da Universidade

Fotos: Tatiana Lima

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Tatiana Lima

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Intervenções urbanas nas paredes da UFF de Campos de Goytacazes denunciam demora nas obras

rometida para 2011, as instalações próprias da UFF em Campos de Goytacazes, na estrada Beira Rio, seguem sendo um sonho de professores, técnicos e alunos. Até hoje, a realidade do corpo docente e discente são aulas em contêineres, problemas de infraestrutura, falta de espaço, entre outros. Na parede de uma sala ocupada por estudantes, localizada em frente ao principal prédio do campus, há um protesto grafitado que atesta a morosidade nas obras de construção das instalações. Somente em março de 2012 as obras foram licitadas e apenas recentemente, em janeiro deste ano, as obras começaram. Enquanto isso, os 107 docentes e mais de 2 mil alunos se apertam. A UFF de Campos tem somente dois prédios para aulas e apenas um é patrimônio da universidade. O “Fandangão”, como é conhecido por professores e estudantes o prédio amarelo localizado no terreno ao lado do principal do campus, foi alugado pela UFF. O espaço que já é pequeno, como os contêineres, também não conta com isolamento acústico. “O uso de um filme ou música, por exemplo, em aula, acaba atrapalhando o trabalho do colega ao lado, é complicado”, problematiza o professor de sociologia, Paulo Gajanigo. Docentes, técnicos e estudantes em Campos também sofrem sem um restaurante universitário. A única opção de alimentação dentro no campus é uma pe-

quena lanchonete. A falta de infraestrutura e péssimas condições de trabalho foi constatada pelos dirigentes da ADUFF, quando o sindicato esteve em Campos, em 7 de maio, para realizar uma reunião descentralizada com a categoria para mobilização docente e a atualização da pauta interna na UFF, conforme deliberação de assembleia geral. A reunião com os professores aconteceu no auditório do campus, às 15h, com a presença de professores, do Conselho de Representante, do DCE e alguns estudantes. Na reunião, docentes relataram que na infraestrutura atual eles sequer possuem uma sala de convivência para preparem as aulas. Faltam computadores, armários, mesas e cadeiras suficientes. Por exemplo, a única sala disponível para os professores de Ciências Sociais, a sala 201 F - que funciona em um contêiner -, é utilizada para reuniões de departamento, orientações de alunos, grupos de estudos, muitas vezes até aulas, além de local de inscrição de disciplinas dos alunos no semestre, que são feitas pelos próprios professores. De acordo com os docentes é comum eles realizarem serviços administrativos como matrículas, devido à falta de funcionários. Porém, é a falta de computadores, de serviço de internet e insumos a maior queixa dos docentes. “Aqui falta uma estrutura básica. Você não consegue ter o mínimo para trabalhar. Não é bobagem reclamarmos da falta de computadores. Toda vez que precisamos


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Único espaço disponível para docentes de Ciências Sociais, a sala 201F, em um dos contêiners, não tem nem computador

ver um edital ou ter acesso a qualquer informação no site da UFF, por exemplo, não conseguimos. Precisamos chegar em casa ou pagar pelo uso de internet em lan houses. Isso é um absurdo. Um aluno pergunta sobre um texto ou um edital e não temos como ver isso. Sem contar o atraso que existe para qualquer informação chegar aqui. Também não há um espaço de estudos para os alunos, de convivência para professores”, contou o professor Márcio Malta.

Número insuficiente de docentes A falta de professores nos departamentos é outro componente que prejudica as condições de trabalho dos docentes e a qualidade de ensino. Um exemplo é o departamento de História que funciona, atualmente, com 13 professores, sendo que o projeto de abertura do curso previa 18. “Tivemos que parar de dar aulas para outros departamentos porque não estávamos conseguindo atender a demanda do nosso próprio curso”, contou o professor de história Paulo Terra. Em visita ao campus, a diretora da ADUFF, Sonia Lúcio, destacou que a falta de professores nos departamentos gera uma sobrecarga de trabalho, causa redução de oferta de disciplinas e é uma das principais causas do adoecimento de professores, principalmente, no interior do estado. O quadro de precarização de ensino e condições de trabalho nos campi do interior é o resultado de uma expansão universitária feita sem planejamento. “A expansão foi feita porque existe uma demanda, mas essa demanda foi atendida no improviso, foi feita de qualquer maneira. O Estado optou por alugar contêineres, prédios e terrenos e, como já se gasta um alto valor nesses aluguéis, não se investe em uma estrutura física própria. O improviso vira o permanente.

Em reunião com docentes da UFF em Campos, direção da ADUFF ouviu as demandas e atualizou pauta interna específica da categoria

Essa precariedade agrava a situação e cria muitas universidades dentro da mesma universidade”, avalia Andrea Vale, professora de Serviço Social na sede e integrante da Comissão de Mobilização da ADUFF, que esteve presente na reunião.

Alunos reivindicam moradia estudantil Outra forte carência na UFF de Campos é alojamento estudantil para os mais de 2 mil estudantes dos seis cursos oferecidos pela UFF (Ciências Econômicas, Geografia, História, Psicologia e Serviço Social) oriundos, em grande parte, de outras cidades. Para a integrante do DCE, Maria Clara Oliveira, estudante do 3º período de Ciências Sociais, a falta de espaço de

estudos, alojamento, bandejão e até professores e salas de aulas não só prejudica os estudantes como causa evasão de alunos em diversos cursos. “Muitos moram longe, vêm de outras cidades. Uma infraestrutura física adequada não é uma bobagem. Para muitos, no decorrer do curso, essa carência é o principal motivo para não conseguirem se manterem na universidade”, destaca.

Direitos Mas não são apenas os estudantes que precisam de ajuda para se manterem em Campos. Uma reclamação frequente dos docentes é quanto ao não pagamento pela UFF do valor total gastado pelos professores para custear o transporte para ir trabalhar em Campos.

“Há um déficit que não é baixo. Hoje a UFF paga somente o valor de R$50,50 para cada passagem do percurso Rio x Campos. O valor é menor do que o cobrado pela empresa de ônibus na passagem mais barata. Logo, não temos o valor total gasto com transporte restituído pela UFF que, segundo a lei, deveria pagar 100% desse custo”, esclarece o professor Leonardo Soares. Atualmente, a passagem mais barata do percurso Rio de Janeiro a Campus custa R$ 70,22. O déficit do valor mínimo de cada passagem é em torno de R$ 19,72. Segundo os professores, o reitor, no ano passado, prometeu um aumento do valor de passagem restituído. Entretanto, o aumento dado foi de apenas 50 centavos.


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Caravana da Educação Federal reúne cerca de 2 mil pessoas em Brasília Renata Mafezolli/ANDES-SN

Manifestantes exigiam que governo negociasse as pautas do setor da educação federal Tatiana Lima com ANDES-SN

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NDES-SN, Fasubra e Sinasefe, em articulação com a Oposição de Esquerda da UNE e com a Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (Anel), realizaram no dia 6 de maio a Caravana da Educação Federal, em Brasília. Cerca de dois mil trabalhadores do setor da educação federal e estudantes se reuniram em frente ao Ministério da Educação (MEC) para protestar por melhorias na educação pública e para exigir do ministério a negociação sobre pautas das categorias. Dirigentes nacionais pressionavam para serem recebidos no MEC, mas o ministro José Henrique

Paim avisou que não se reuniria com os manifestantes, o que gerou uma enorme vaia dos presentes. Marinalva Oliveira, presidente do ANDES-SN, afirmou a importância da unidade entre as três categorias, e também com os estudantes. Lembrou que o governo quer destruir a educação pública, e que a luta por qualidade, por melhores condições de trabalho e por assistência estudantil é a resposta dos movimentos organizados. “O governo só responde pressionado. Somos nós quem construímos diariamente a educação pública nesse país, e temos que continuar nos mobilizando. Só com luta vamos arrancar algo concreto deste governo”,

concluiu a presidente do ANDES-SN.

ADUFF Muitos professores, organizados em seções sindicais do ANDES-SN, foram a Brasília para a atividade. A ADUFF participou da atividade com cinco professores de base e a dirigente sindical Eblin Farage, à época, presidente do sindicato. Para Eblin, a marcha dos SPF e da Educação em Brasília compõe o processo de mobilização da categoria. “Infelizmente, mas uma vez o governo não nos recebeu, demonstrando sua intransigência e falta de disposição em negociar”, ressalta. Isabella Vitoria Pedroso, professo-

ra do Colégio Universitário (Coluni) e, atualmente, 1ª secretária da nova gestão da ADUFF, biênio 2014-2016, participou da Caravana e da Marcha dos SPF, em Brasília, pela primeira vez. Para ela, a presença da ADUFF na atividade foi essencial para somar forças à luta. “Foi fundamental não só por conta da ida de cinco professores de base, como também para dar apoio à greve da Fasubra, prestar legitimidade e solidariedade aos técnicos que estão em greve há dois meses. Fiquei impressionada com a representatividade da ADUFF e orgulhosa do papel desempenhado no campo nacional pelo sindicato”, destaca Isabella.

Encontro Estadual de Educação do Rio é transferido para julho Etapa nacional mantém calendário Lara Abib com ANDES-SN

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m função da agenda de mobilizações no Rio de Janeiro (congressos e greves), as entidades que compõe a organização do Encontro Estadual de Educação – como Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (SEPE-RJ), o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (SINASEFE) e a Seção Sindical do Andes-SN (Andes-RJ) – decidiram transferir a etapa do Rio de Janeiro para a provável data dos dias 25 e 26 de julho. A princípio, o encontro estadual estava marcado para os dias 7 e 8 de junho. O objetivo do adiamento é preservar a participação de todas as entidades essen-

ciais na luta pela Educação pública, bem como ampliar ao máximo o alcance entre estudantes, docentes e demais profissionais de educação do Estado do Rio de Janeiro. As inscrições para o encontro seguem abertas e podem ser enviadas pelo link: http://migre.me/jwiNC. Da mesma forma, as contribuições para o caderno de textos do encontro ainda podem ser remetidas pelo email: ene.rj.2014@gmail.com. A data do Encontro Nacional está mantida para os dias 8 a 10 de agosto, no Rio de Janeiro.

Encontro Nacional de Educação O Encontro Nacional de Educação tem caráter de independência das esferas oficiais e neste aspecto faz um contraponto à Conferência Nacional de Educação

(Conae), inicialmente prevista para o início deste ano, mas adiada pelo governo. Idealizado pelo Comitê Nacional da Campanha “10% do PIB para a Educação Pública, Já!”, a organização do encontro reúne entidades da educação e movimento sociais. Dentre os eixos centrais do Encontro estão a defesa pelo financiamento da Educação Pública, democratização da educação, acesso à permanência, passe livre e transporte público; contra a privatização e mercantilização da Educação: das creches à pós-graduação, contra a precarização das atividades dos trabalhadores da Educação e contra a avaliação “meritocrática”, na acepção que a expressão ganha pelas secretarias de educação.


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Trabalhadores sem Teto denunciam consequências da realização do mundial no Brasil Mídia Ninja

Mobilização do MTST arranca vitória: governo federal atende as pautas do movimento

Catherine Lira

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Articulação Nacional de Comitês Populares da Copa e das Olimpíadas anunciou em maio de 2013 que aproximadamente 250 mil famílias poderiam perder suas casas por conta das obras para a realização da Copa do Mundo. Desde que as obras foram iniciadas, além do escandaloso investimento de recursos públicos, existem denúncias de despejos forçados e remoções com aviso prévio de apenas 48 horas, onde milhares de famílias sofrem com a burocracia dos órgãos responsáveis e a repressão policial, sem receberam qualquer tipo de indenização perspectiva de serem reassentadas. Além do já existente déficit habitacional, a recepção do mundial, que não foi discutida previamente com a população, trouxe consequências perversas com a intensificação da especulação imobiliária que aumentou os preços dos aluguéis e terrenos pelo país. O Comitê Popular da Copa alerta ainda para as inúmeras mortes de trabalha-

dores nas construções dos estádios, além da retirada de pessoas em condição de rua das regiões centrais, num processo chamado pelo comitê de limpeza social. Por isso, os meses de maio e junho foram marcados pela a mobilização do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). No dia 8, em São Paulo, o MTST, junto a outros movimentos sociais, realizaram protestos nas sedes das construtoras OAS, Odebrecht e Andrade Gutierrez. Os manifestantes ocuparam ruas em caminhada até as empresas. A forte mobilização arrancou uma reunião de 20 minutos com a presidente Dilma Rousself. Os sem teto realizaram também quatro grandes atos intitulados “Copa sem Povo, Tô na rua de novo!” em conjunto com os metroviários da capital paulista, que estavam em greve. O último, realizado no dia 4 deste mês, reuniu mais de 20 mil pessoas. Atualmente, a capital paulista abriga cerca de 90 ocupações, 12 delas estão sob a coordenação do MTST, que reúnem aproximadamente 15 mil famílias. As prin-

cipais pautas do movimento são: o controle público do reajuste de aluguéis urbanos estabelecendo o índice inflacionário como teto dos reajustes; a instituição de uma política federal de prevenção de despejos forçados, com a formação de uma Comissão de Acompanhamento que seja ligada a Secretaria Especial de Direitos Humanos e mudanças no Programa Minha Casa Minha Vida, fortalecendo a modalidade Entidades e com regras que estimulem melhor localização e maior qualidade das obras.

Reivindicações nacionais atendidas Como resultado das intensas mobilizações promovidas pelo MTST, no dia 11 de junho o movimento teve suas pautas nacionais atendidas pelo governo federal. O governo se comprometeu a fazer um projeto para a construção de cerca de 2 mil moradias no terreno ocupado para atender a demanda do movimento. O empreendimento contará com recursos federais do ‘Minha Casa Minha Vida’

(que sofrerá mudanças para fortalecer a gestão direta dos empreendimentos, a qualidade e a melhor localização das moradias), com complemento de subsídio do Governo Estadual e Prefeitura de São Paulo. A concretização deste ponto ainda depende da aprovação do Plano Diretor do município. Além disso, será criada pelo governo Dilma uma Comissão interministerial para a prevenção de despejos forçados no país, visando evitar conflitos e violência policial. Em nota, a coordenação nacional do MTST afirma que “esta grande vitória foi resultado da mobilização forte e intensa do Movimento nos últimos meses, de nossa aposta no Poder Popular. As conquistas alcançadas não trarão benefício somente para as milhares de famílias organizadas pelo MTST, mas também para as milhões que sofrem com o problema da moradia no Brasil. Um passo na luta por uma Reforma Urbana Popular. O MTST permanecerá mobilizado e ativo, como esteve nos 17 anos de sua existência”


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Docentes pressionam e reitoria se compromete com realização de audiência para debater progressão na carreira Luiz Fernando Nabuco

Lara Abib

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o dia 16 de junho, a ADUFF-SSind, à convite do Conselho de Ensino e Pesquisa, participou da reunião de câmeras conjuntas do CEP, que tinha como pauta os critérios para a progressão na Carreira, de Associado IV para Titular. Na ocasião, a presidente da ADUFF, Renata Vereza, apresentou as demandas dos professores sobre o assunto e solicitou que todos os departamentos e unidades sejam consultados oficialmente sobre a proposta de progressão. Em resposta, a reitoria se comprometeu a marcar uma audiência pública para abordar a questão, com indicativo de data para o dia 21 de julho. O CEP informou ainda que propostas podem ser enviadas para o e-mail minutaufftitular@vm.uff.br. O prazo de envio foi prorrogado até o final de julho.

A realização de uma reunião com o sindicato e de uma audiência pública na Universidade é uma reivindicação dos docentes da UFF aprovada em assembleia geral da categoria. Os professores contestam os critérios propostos pelo Conselho de Ensino e Pesquisa (CEP) para a progressão de professor associado IV para professor titular (que antes era acessado por concurso e desde 2012 está incorporada à carreira do magistério superior). No dia 4 de junho, logo após a posse da nova gestão da ADUFF, a direção do sindicato, cumprindo a deliberação de assembleia geral realizada no dia 19 de maio, formalizou um pedido de reunião com a reitoria para tratar do assunto. Na assembleia, os docentes da UFF avaliaram que os critérios propostos pelo CEP dificultam o acesso de todos os docentes ao topo da carreira, não respeitam o princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, estimulam a competição entre colegas e, em suma, não atendem o movimento docente da UFF. Os professores insistem que a reitoria amplie o diálogo com a comunidade universitária de modo que se construa um debate coletivo antes que os critérios sejam regulamentados.

Histórico Na UFF, o Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (CEP) começou o debate sobre a progressão na Carreira

Em assembleia da categoria, docentes se mostraram preocupados com falta de diálogo da Administração da UFF em relação à progressão da Carreira

sem nenhum tipo de interface com a comunidade acadêmica. Nomeou uma comissão sem anúncio prévio, numa reunião cujo tema sequer constava na pauta de convocação do encontro. No dia 9 de abril, distribuíram a “minuta” de critérios para a promoção afirmando que esses deveriam ser debatidos nos departamentos. Mas, estranhamente, os critérios não foram enviados para os departamentos. Os professores só puderam ter acesso ao teor do documento porque a ADUFF-SSind publicizou a minutam durante assembleia geral da categoria e no site da entidade. Vale ressaltar que desde o segundo semestre de 2013, o sindicato pressiona o CEP e a reitoria para que o debate sobre os critérios para a progressão na Carreira seja realizado de forma democrática, com participação dos professores.

Mobilizações em 2014 Na assembleia do dia 11 de junho, a direção da ADUFF informou aos docentes o resultado da votação sobre indicativo de greve em junho deste ano, realizada na última reunião das Instituições Federais de Ensino (IFE), em Brasília, no dia 7 de junho. Na ocasião, 26 seções sindicais votaram contra o indicativo de greve (incluindo a ADUFF, conforme deliberação da assembleia geral), 9 votaram a favor do indicativo de greve e 3 seções sindicais se abstiveram. A avaliação nacional é de que ainda não estão consolidadas condições para greve, mas que é imprescindível que o movimento docente continue a construir as condições de mobilização para

enfrentar desafios como o PNE, o Funpresp, a Ebserh e outras medidas do governo que precarizam a Universidade, como as condições de trabalho e a carreira do trabalhador em educação superior. Diante dessa conjuntura, o sindicato realiza no próximo semestre três seminários sobre interiorização e expansão da universidade, com o intuito de debater o tema junto com os campi de Pádua e Campos; Rio das Ostras, Macaé e Friburgo; e Volta Redonda e Angra dos Reis. A ideia é discutir a pauta local e os problemas relativos às condições de trabalho. A data, horário e local específicos dos eventos serão divulgados em breve nos meios de comunicação do sindicato.


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