Revista Vox #155

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Edição 155 | Ano XXII | www.aborlccf.org.br

46° Congresso de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial O que esperar da melhor feira de equipamentos de todos os tempos

VOX News Vem aí o II Combined Meeting

Quanto custa manter um consultório na crise? Especialistas dão dicas de como manter um consultório em meio ao momento econômico adverso Gestão e carreira: Alcance seus objetivos usando as técnicas de Coaching

Conquistas: A luta da ABORL-CCF em prol da valorização dos profissionais



Mensagem do

Presidente Domingos Hiroshi Tsuji

Caro (a) associado (a), Está chegando a hora! Ao longo do último ano, trabalhamos com afinco para realizar mais uma edição do Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia. Nas últimas cinco edições, trouxemos um pouco de tudo o que você pode esperar do 46° CBO, desde os motivos para a escolha de Goiânia como a cidade-sede, passando pelos destaques da programação e o que esperar da feira de equipamentos. Agora, é fazer as malas e ajudar a ABORL-CCF a fazer história com este evento que tem tudo para ser – e será – o Melhor Congresso de Todos os Tempos. Por hora, é tempo de reflexões. Preparamos um especial ilustrado com uma prévia de todas as conquistas que os diversos Comitês da ABORL-CCF acumularam ao longo de 2016. Sim, foi um ano de muito trabalho; mas empenharemos todos os esforços para tornar a ABORL-CCF cada vez mais forte e representativa não só perante os otorrinolaringologistas brasileiros, mas também uma referência entre a classe médica brasileira. Também é tempo de somar forças. Para tanto, trazemos uma matéria sobre o Cooperativismo no Ceará, uma iniciativa que deu certo e rende frutos, ainda mais em tempos de crise. E, por falar em crise: você já sentiu o impacto das turbulências econômicas que sobressaltam o nosso país? Em nossa matéria de Capa, ouvimos especialistas em finanças e trazemos um exemplo de sucesso na gestão do consultório. Confira as dicas e repense suas estratégias. Afinal, é nos momentos de crise que surgem as melhores oportunidades. Um grande abraço para todos.

Dr. Domingos Hiroshi Tsuji Presidente ABORL-CCF

Diretoria 2016 Presidente Dr. Domingos Tsuji - São Paulo (SP)

Diretora Tesoureira Adjunta Dra. Eulalia Sakano - Campinas (SP)

Comitê de Comunicação Dr. Allex Ogawa - Londrina (PR)

Primeira Vice-Presidente Dra. Wilma Anselmo Lima - Ribeirão Preto (SP)

Diretor Executivo Carlos Roberto da Silva - São Paulo (SP)

Comitê BJORL Dra. Mariana de Carvalho Leal Gouveia - Recife (PE)

Assessor Dr. Paulo Sergio Lins Perazzo - Salvador (BA)

Comitê de Educação Médica Continuada Dra. Renata Dutra de Moricz - São Paulo (SP)

Assessor Dr. Thiago F. Pinto Bezerra - Recife (PE)

Comitê de Ética e Disciplina Dr. Ivan Dieb Miziara - São Paulo (SP)

Assessora Dra. Roberta B. Noer Pilla - São Paulo (SP)

Comitê de Residência e Treinamento Dr. Geraldo Pereira Jotz - Porto Alegre (RS)

Segundo Vice-Presidente Dr. Márcio Abrahão - São Paulo (SP) Diretor-Secretário Dr. Ronaldo Frizzarini - São Paulo (SP) Diretor Tesoureiro Dr. Fabrizio Ricci Romano - São Paulo (SP) Diretor-Secretário Adjunto Dr. Edwin Tamashiro - Ribeirão Preto (SP)

PRESIDENTES DOS COMITÊS

Comitê de Título de Especialista Dr. Fernando Veiga Angelico Jr. - São Paulo (SP)

Comitê de Eventos e Cursos Dr. Jose Antonio Patrocinio - Uberlândia (MG)

Comitê Defesa Profissional Dr. Eduardo Baptistella - Curitiba (PR)


5 Carta ao leitor 6 Páginas azuis: Design de Interiores ajuda no planejamento do consultório médico 10 Agenda de eventos 12 O melhor de todos os tempos: A melhor feira de equipamentos de todos os tempos 16 Gestão e carreira: Incorpore as técnicas de Coaching à sua vida 20 Capa: Quanto custa manter um consultório na crise?

26 Conquistas: Luta constante por uma remuneração mais justa e pela valorização da especialidade 29 VOX News 32 Especial: As ações dos nossos Comitês em 2016 34 Conduta médica: Aplicativos médicos e o limite da saúde on-demand 37 Qualidade de vida: Uma relação de amor com o mar 38 Educação continuada: Lições em 50 anos de uvulopalatofaringoplastias 41 Cooperativismo: A realidade dos otorrinos cearenses 42 HumORL


Expediente ABORL-CCF

Carta ao

leitor Um novo ano para a Otorrinolaringologia

Allex Ogawa Presidente do Comitê de Comunicações

VOX Otorrino Presidente: Domingos Tsuji

Comitê de Comunicações:

Allex Itar Ogawa Edilson Zancanella Gustavo Polacow Korn Ingrid Helena Lopes de Oliveira João Vianney Brito de Oliveira Marcelo Ribeiro de T. Piza Marco Antonio dos A. Corvo Maria Dantas C. L. Godoy Ricardo Landini Lutaif Dolci

Assistente de Comunicação da ABORL-CCF: Aline Pereira Cabral

Editora-chefe: Mariana Moreira (MTB: 35.038-RJ)

Reportagem:

Andre Klojda, Carol Herling e Paula Netto

Revisores Adriano Bastos e Leonardo de Paula

Fotos:

Arquivo pessoal, divulgação, Joni Lindner e Rafael Lucyk

Diagramação:

Danielle V. Cardoso, Douglas Almeida, Monica Mendes e Tatiana Couto

Gerente de relacionamento: Valeska Vidal

Produção:

DOC Content Fone: (21) 2425-8878

Periodicidade: Bimestral

C

hegamos à edição que antecede o nosso 46º Congresso Brasileiro, e trazemos uma retrospectiva de tudo o que foi tratado desde a edição 151 da VOX Otorrino para quem ainda não se convenceu de que este será o Melhor Congresso de Todos os Tempos! Todas as projeções traçadas estão sendo alcançadas, e a diretoria executiva (Direx) mantém todos os seus esforços para entregar este evento que marcará história na Otorrinolaringologia do Brasil. A Direx também conta com a sua presença para a Assembleia Geral, onde apresentará os números de sua gestão e colocará em votação assuntos deliberados no Conselho Administrativo e Fiscal da ABORL-CCF. Sua presença é muito importante. E se o motivo para não ir ao Congresso passa pela crise econômica que o país atravessa ou por dificuldade em conciliar o seu tempo livre, confira a matéria sobre Coaching. O termo pode até não ser familiar, mas talvez você já tenha realizado algumas medidas de forma intuitiva em seu cotidiano profissional. Na matéria de Capa, trazemos dicas financeiras para driblar este momento complicado e, ainda, um case de sucesso que retrata exemplos positivos de uma boa gestão do consultório. Não poderia faltar na Vox uma matéria sobre tecnologia. Aprofundamos os aplicativos de agendamento de consulta em domicílio mais usados no Brasil, revelando se comodidade é apenas um desejo do paciente ou também do médico, ao mesmo tempo em que mostramos as questões jurídicas que envolvem a sua utilização por parte do profissional de Saúde. Aliás, você já se cadastrou nessas plataformas? Esta pode ser uma chance para quem quer explorar novas possibilidades profissionais. Ajude-nos a fazer a VOX Otorrino. Mande-nos sua sugestão, crítica ou dúvida por e-mail, pelo site ou pelo WhatsApp. Contamos com a sua participação. Boa leitura a todos!

Tiragem:

6.500 exemplares

Espaço do leitor

Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião da ABORL-CCF.

Sugestões de pauta, críticas ou elogios? Fale conosco: voxotorrino@aborlccf.org.br

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Páginas azuis

DESIGN DE INTERIORES:

Planejando e decorando o consultório médico Em entrevista à revista VOX Otorrino, a arquiteta Simone Schneider revela como deve ser o projeto arquitetônico ideal e ressalta a importância de oferecer um ambiente confortável e funcional para o paciente Por Paula Netto | Foto: Arquivo pessoal

Montar um consultório requer planejamento não só do ponto de vista financeiro, mas também estético. Isso porque a boa organização do espaço aliada a uma decoração adequada pode ser um trunfo do médico para a construção de uma imagem positiva junto aos pacientes. Elaborar um ambiente agradável, confortável, funcional e que vise o bem-estar do cliente deve, portanto, fazer parte da concepção do projeto. A criação desse ambiente passa por um projeto arquitetônico que engloba, além da questão de espaço, elementos relacionados ao design de interiores, como o uso de cores e luzes ideais, mobiliário, objetos e acessórios, entre outros. A acessibilidade também é ponto essencial a ser pensado, permitindo que todos cheguem ao local. Para esclarecer a importância desse tipo de planejamento e trazer dicas de como organizar e decorar seu consultório, conversamos com Simone Schneider, arquiteta e urbanista atuante na área de Decoração de Interiores e com experiência em projetos para consultórios médicos. 6 | VOX Otorrino


VOX: Qual é a importância de planejar um consultório do ponto de vista arquitetônico e decorativo e como ele pode ser um aliado do otorrinolaringologista? Simone Schneider: A relevância do projeto arquitetônico e de decoração para um consultório, além da importante questão estética, também está relacionada à imagem que o otorrinolaringologista vai passar aos seus pacientes, bem como a garantia de uma melhor funcionalidade e consequente produtividade para todos os que trabalham no consultório. É importante estar atento ao layout da sala de consulta, com o posicionamento correto da cadeira de exame em relação aos instrumentos, sempre equilibrando atendimento e uso de seus equipamentos. VOX: Quais elementos da arquitetura e decoração devem ser levados em consideração na criação do consultório? SS: O conforto de todos os usuários, tanto dos profissionais que irão trabalhar nele por muitas horas, quanto dos pacientes que buscam atendimento. Isso se obtém investindo em design e funcionalidade, promovendo a boa distribuição dos espaços e usando materiais adequados a esse intuito. VOX: É possível atender às necessidades dos pacientes por meio da decoração? SS: Sim. O médico pode empregar determinadas cores (promovendo o relaxamento), usar um mobiliário ergonômico e adequado para si e para os pacientes, investir em iluminação mais amena, porém eficiente, ou ainda e principalmente, humanizar os ambientes, isto é, torná-los com a menor aparência de hospital possível.

VOX: Quais aspectos o otorrinolaringologista deve priorizar ao montar e decorar seu consultório? SS: A prioridade é um bom layout. Além dos ambientes necessários – recepção e sala de espera, banheiro para pacientes e médico e sala de consulta – é importante promover a boa circulação entre os espaços. Caso tenha necessidade, destine uma área para uma sala de audiometria (com acústica própria) e outra para exame otoneurológico.

Para se criar um consultório que funcione bem, é preciso pensar no projeto arquitetônico. Não só na distribuição dos espaços, mas também em elementos relacionados ao design de interiores, sem deixar de lado a acessibilidade

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Páginas azuis

VOX: Como é possível adequar um bom planejamento arquitetônico a um baixo orçamento? SS: Antes de ser bonito, um bom consultório deve ser funcional. Sempre que possível, o médico deve investir em um profissional da área da Arquitetura para obter espaços bem resolvidos e práticos. Após dispor os ambientes, a dica é escolher materiais eficientes e com valores mais em conta, usar mobiliário pronto e não abusar de superfícies com revestimentos caros. São soluções mais simples que, em geral, são realizáveis e não comprometem o bom resultado arquitetônico. VOX: Quais têm sido as tendências para consultórios nos últimos anos? E atualmente? SS: Duas tendências marcantes dos últimos anos foram o uso de pisos de fácil limpeza como porcelanatos retificados (que permitem juntas finas) e a preferência pelo mobiliário personalizado feito sob encomenda. Atualmente, percebo o uso de vidro e de outros revestimentos na decoração (tais como papéis de parede e mosaicos mais sofisticados) na sala de espera. Muitos médicos têm optado por projetos diferenciados de iluminação, indo além do teto de gesso e das antigas sancas, priorizando fitas e lâmpadas LED. Alguns detalhes que cativam o paciente também fazem a diferença, como a instalação de um espaço para o café, o uso de torneiras com acionamento por pedal ou fotoelétricas (que garantem a higiene) e as poltronas de design – não necessariamente de alto custo – na sala de espera. E há também quem instale o consultório em conjuntos comerciais que preveem uma varanda na planta, o que melhora a ventilação e a iluminação do ambiente. 8 | VOX Otorrino

“A arquitetura interfere primeiramente na imagem que o paciente terá do profissional. Em seguida, interfere em seu bem-estar inicial. Tudo o que possa impactar de forma positiva deve ser considerado pelo médico” Simone Schneider


VOX: Quais os impactos que um consultório bem decorado provoca nos pacientes? Em sua opinião, como a arquitetura interfere? SS: A arquitetura interfere primeiramente na imagem que o paciente terá do profissional. Em seguida, interfere em seu bem-estar inicial. Tudo o que possa impactar de forma positiva deve ser considerado pelo médico. VOX: Hoje, fala-se muito em Ecologia e na importância de se criar um “ambiente sustentável”. Quais dicas de decoração você dá para os médicos que desejam seguir essa tendência? SS: Usar materiais ecologicamente corretos, materiais recicláveis e madeira certificada (inclusive no mobiliário). Existem no mercado pisos, revestimentos e objetos que usam em sua composição material de reciclagem, como as lâmpadas fluorescentes, tintas, vasos sanitários dual flux e lâmpadas LED. VOX: O que um consultório deve oferecer a seus pacientes em termos de acessibilidade? SS: Este é um item importantíssimo a ser previsto no projeto. Todas as portas, sobretudo as de entrada, devem permitir a passagem de cadeirantes e de pessoas com mobilidade reduzida. O banheiro também deve ser acessível a esses pacientes. VOX: E como inovar quando se tem um consultório pequeno? SS: Valorize cada metro. A inovação estará presente na maneira em que o arquiteto planejar e aproveitar da melhor

forma os espaços, seja projetando o mobiliário, os acessos entre as salas e a posição da mesa da recepcionista. O segredo é aliar materiais funcionais e bonitos ao conforto e prazer de “estar” no ambiente. VOX: Quais são os erros que os médicos cometem na decoração e arquitetura do consultório? SS: O principal erro é não pensar no que chamamos de unidade visual, ou seja, decorar um espaço ou uma sala separada de outra, sem promover a ligação visual dos ambientes, além do uso de mobiliário e piso inadequados. Usar cores escuras e descuidar da ventilação são deslizes importantes, bem como esquecer que o visual do espaço está totalmente vinculado à imagem do profissional. VOX: Qual o limite entre dar um toque pessoal ao consultório e o exagero? SS: Deve-se ter cautela acima de tudo. Sempre vale a pena consultar um arquiteto antes de dar o toque pessoal. Ousar é bacana, mas é preciso dosar na cartela de cores e na mistura de materiais. Assim não se corre riscos, e segue-se a regra de ouro “Menos é mais”. VOX: Por fim, qual a dica para quem pensa em abrir ou reformular seu consultório neste momento? SS: Imagem é tudo. Agradar aos clientes faz toda a diferença, e mostrar ao paciente que há uma preocupação com o conforto ajudará a reforçar o grande propósito da Medicina, que é o cuidado com a vida e o respeito ao ser humano. Se possível, conte com um profissional para elaborar um projeto de arquitetura de interiores do consultório.

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Agenda de eventos

Agenda Novembro

Dezembro

9 a 11 de novembro de 2016

2 a 16 de dezembro de 2016

Curso Teórico-Prático de Microcirurgia de Laringe com Dissecção de Peças Coordenação: Dr. Domingos Hiroshi Tsuji e Dr. Luiz Ubira-

Pré-Santa Casa BH - Curso preparatório para residência médica Coordenação: Erlon Campelo Câmara Local: Instituto de Ensino e Pesquisa - Santa Casa BH. Rua Domingos Vieira, 590 – Santa Efigênia, Belo Horizonte (MG)

jara Sennes

Website: www.santacasabh.org.br/ver/pre-santa-casa-bh.html

Local: Hospital das Clínicas. Av. Doutor Enéas Carvalho de

E-mail: formularesidencia@santacasabh.org.br

Aguiar, 255, 6º andar, 6.172 – Cerqueira César, São Paulo (SP)

Informações: (31) 3238-8741 – procurar por Angelo Gustavo

Website: www.forl.org.br

5 a 7 de dezembro de 2016

E-mail: cursosforl@forl.org.br Informações: (11) 3068-9855 – procurar por Roberta Turri

112° Curso de Dissecção do Osso Temporal Coordenação: Dr. Ricardo Ferreira Bento Local: Faculdade de Medicina da USP. Av. Dr. Arnaldo, 455, 1º

24 e 25 de novembro de 2016

andar, 1.354 – Cerqueira César, São Paulo (SP) Website: www.forl.org.br

XV Workshop em Exames Endoscópicos Ambulatoriais em

E-mail: cursosforl@forl.org.br

Otorrinolaringologia

Informações: (11) 3068-9855 – procurar por Roberta Turri

Coordenação: Dra. Adriana Hachiya e Dra. Saramira Bohadana Local: Anfiteatro do Hospital Paulista. Rua Dr. Diogo de Faria, 780, 1ºandar – Vila Clementino, São Paulo (SP) Website: www.voicecentercursos.com.br

8 a 9 de dezembro de 2016 XIII Curso Teórico-Prático de Distúrbios da Deglutição e Refluxo Laringofaríngeo Coordenação: Dra. Patricia Paula Santoro

E-mail: cursos@voicecenter.com.br

Local: Hospital das Clínicas. Av. Doutor Enéas Carvalho de

Informações: (11) 3083-7009 – procurar por Juliana Kato

Aguiar, 255, 6º andar, 6.172 – Cerqueira César, São Paulo (SP) Website: www.forl.org.br

25 de novembro de 2016 I Curso Teórico de Eletrofisiologia da Audição e Monitora-

E-mail: cursosforl@forl.org.br Informações: (11) 3068-9855 – procurar por Roberta Turri

mento Intra-Operatório da ABORL-CCF

9 a 12 de dezembro de 2016

Coordenação: Departamento de Eletrofisiologia

3° Curso de Microanatomia e Endoscopia Laríngea

Local: Auditório da ABORL-CCF. Av. Indianópolis, 1.287 – Pla-

Coordenação: Dr. Geraldo Pereira Jotz

nalto Paulista, São Paulo (SP)

Local: Instituto de Ciências Básicas da Saúde da UFRGS. Rua

Website: www.aborlccf.org.br

Sarmento Leite, 500 – Farroupilha, Porto Alegre (RS)

E-mail: eventos1@aborlccf.org.br

Website: www.forl.org.br

Informações: (11) 5053-7502 ou (11) 5053-7503 – procurar por

E-mail: cursosforl@forl.org.br

Claudia Varandas

Informações: (11) 3068-9855 – procurar por Roberta Turri

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46º Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial 2 a 5 de novembro de 2016 Coordenação: Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF) Local: Centro de Convenções Goiânia. Rua Quatro, 1.400 – Setor Central, Goiânia (GO) Website: www.46cbo.com.br E-mail: eventos1@aborlccf.org.br Informações: (11) 5053-7502, (11) 5053-7503 ou fax: (11) 50537512 – procurar por Cláudia Varandas

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O melhor de todos os tempos

Dr. Luciano Neves

Presidente da ABLV

“A ABLV se empe nhou muito para estruturar uma exce lente grade científic a, convidando grand es expoentes da La ringologia brasileira a participar das pa lestras, mesas-redonda s e painéis”.

Dr. Antônio Carlos Cedin Presidente da ABCPF “A programação foi estruturada para oferecer aos participantes o melhor aproveitamento possível da experiência dos convidados estrangeiros, especialmente no pré-congresso, onde as aulas serão exclusivamente ministradas por eles”.

Tsuji Dr. Domingos Presidente da

ABORL-CCF

mpos’ tratodos os te e d o ss re g con m “O ‘melhor inado e co ente repag m la p m a o ação, rá conteúd na program s a v ti ia cr bastante onais e ininovações ssores naci fe ro p s o d noma além de re is”. ternaciona

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Dra. Melissa Avelino Presidente da ABOPe “Além de uma programação científica de alto bem os amigos e visitantes”.

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Expectativas para a feira de equipamentos Confira todas as novidades que você vai encontrar durante ‘O melhor de todos os tempos’

Por Andre Klojda | Foto: Divulgação

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esde a edição de número 151, a revista VOX Otorrino buscou trazer um pouco do que os participantes podem esperar do 46º Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, que promete ser “O melhor de todos os tempos”. Começamos a série apresentando a cidade-sede do evento – Goiânia, no coração do Brasil –, revelando seu lado cultural e gastronômico (com iguarias como o baru - fruto do baruzeiro-, o pequi e a guariroba). A série também abordou questões científicas e da programação. Na edição 152, trouxemos os destaques nacionais e internacionais do 46º CBO, a fim de mostrar o alto nível científico que os participantes do evento vão encontrar no “Mais internacional de todos os tempos”. A edição 153, que trouxe as belezas naturais da capital de Goiás, mostrou por que este será o congresso “Mais ecológico de todos os tempos”. Com as dicas de roteiro que apresentamos, você poderá conhecer parques como o Vaca Brava e o Bosque dos Buritis e ter contato com uma luxuriante natureza. Na edição 154 da revista VOX Otorrino, mostramos o que o Congresso lhe oferecerá, como o serviço gratuito de apoio a pediatras sobre casos de Otorrinolaringologia e as palestras com profissionais que dirigem hospitais referência na área. Para encerrar a série de matérias especiais sobre o 46º Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial, que acontece entre os dias 2 e 5 de novembro, falaremos sobre um setor bastante aguardado

do evento: a feira de equipamentos. Oportunidade de conhecer e adquirir novos aparelhos e tecnologias que ajudam na prática médica, a feira promete apresentar o que há de melhor na área aos participantes do congresso.

Novidades e atrativos Assim como em anos anteriores, a área de exposição vai ser aberta no pré-congresso (dia 2 de novembro). Trata-se de uma medida benéfica tanto aos visitantes quanto aos expositores, uma vez que a marca e os produtos ganham um dia a mais de exposição, potencializando o investimento feito. Segundo o Dr. José Antônio Patrocinio, presidente da Comissão de Eventos do 46º CBO, os tradicionais parceiros comerciais da ABORL-CCF também serão beneficiados pela qualidade do evento como um todo: “Ao meu ver, ‘O melhor congresso de todos os tempos’ significa que traremos um novo formato à nossa grade científica, com aulas mais dinâmicas e com novos e excelentes conteúdos para a especialidade. Dessa forma, o congresso se torna mais atrativo e ganha mais visibilidade, aumentando o número de inscritos e, consequentemente, o de presentes à feira, fator importantíssimo para os nossos expositores”, afirma. VOX Otorrino | 13


O MELHOR DE TO D O S O S TE M P O S

Com o intuito de atender às necessidades de cada empresa, a planta da área de exposição foi idealizada com stands de diversos tamanhos. Assim, todos os expositores estarão posicionados de modo bastante visível, o que facilita o fluxo dos participantes. “São eles, os parceiros comerciais, que permitem que o evento ocorra com esse porte e essa gama enorme de professores”, destaca o Dr. Patrocinio. Toda a disposição da feira foi pensada visando tornar a área de exposição mais interessante, prática e funcional.

Satisfação e trabalho em equipe O Dr. Patrocinio comemora seus dois anos à frente da Comissão de Eventos e define a experiência como “fantástica”, ressaltando o gosto que tem em desempenhar a função. “Conseguimos acrescentar várias modificações ao programa, tornando-o mais dinâmico, prático e atraente”, garante. Quanto à feira de equipamentos, ele credita a eficiência na empreitada à boa organização: “Graças à grande evolução administrativa que houve na ABORL-CCF, nós temos pessoal especializado para fazer as negociações e captações de empresas. Isso tem sido feito de maneira perfeita, a ponto de conseguirmos preencher todos os espaços que tínhamos à venda”, revela. A atuação em conjunto, aliás, é um ponto enfatizado pelo Dr. Patrocinio ao comentar o ótimo trabalho realizado até o momento, e que certamente se refletirá na exposição. “Apesar da participação da equipe de otorrinos, no Comitê de Eventos, isso não seria possível sem o apoio eficiente da nossa equipe administrativa, que nos dá todo o suporte necessário para que as coisas corram fluentes e perfeitas”, declara. Em suma, pode-se afirmar que o ansiosamente aguardado 46º CBO também promete satisfazer todas as expectativas daqueles que passarem pela feira de equipamentos para adquirir os produtos e participar das ações desenvolvidas pelos expositores. “Este trabalho de equipe, afinado, é o segredo do sucesso do evento”, completa o médico.

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“Traremos um novo formato à nossa grade científica, com aulas mais dinâmicas e com novos e excelentes conteúdos para a especialidade. Isso fará com que o Congresso seja mais atrativo e ganhe visibilidade, fator importantíssimo para os nossos expositores” Dr. José Antônio Patrocinio


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GestĂŁo e Carreira

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Como treinar a mente para focar os

objetivos Técnicas de Coaching podem ser usadas pelo médico para determinar e alcançar metas, melhorar a relação com os pacientes e agregar mais qualidade de vida ao dia a dia

Por Carol Herling | Fotos: Divulgação e Joni Lindner

O

crescente interesse em técnicas de Coaching está ligado à sua eficácia em dar respostas às necessidades do mercado. Em outras palavras, quem precisa ter alta performance na carreira, aumentar os ganhos financeiros, diferenciar-se no mercado ou mesmo ajudar outras pessoas a conquistarem seus objetivos e agregar mais qualidade à vida, pode encontrar no Coaching as respostas que procura. A técnica comprovadamente oferece a possibilidade de melhorar os esforços de um indivíduo e de acelerar o cumprimento de suas metas; contudo, não pode ser confundida com um simples treinamento de habilidades, consultoria, mentoria ou mesmo terapia. Apesar de o tema estar em evidência – e, por isso, tido por muitas pessoas como uma moda passageira-, dados de uma pesquisa realizada pela revista Forbes mostram que o Coaching veio para ficar. Segundo a PricewaterhouseCoopers (uma das maiores prestadoras de serviços profissionais do mundo nas áreas de auditoria e consultoria), o retorno do investimento (ROI) em Coaching é estimado em sete vezes, e mais de 70% dos gerentes americanos de nível médio usam os serviços de um coach. Na Inglaterra, 80% das empresas investem em Coaching. E como a técnica pode ajudar a um médico? “O médico pode aprender a fazer um planejamento do futuro, estabelecendo metas profissionais e pessoais, e conquistar equilíbrio emocional, dadas as circunstâncias que o país vive, sobretudo na área da Saúde. A classe médica brasileira enfrenta muita pressão, falta apoio, incentivo e sobretudo perspectivas de futuro a esses profissionais”, esclarece o coach João Ricardo Zimmermann. Experiente, João explica que os benefícios da técnica podem ser aproveitados por qualquer médico, desde que haja um comprometimento com o processo: “É preciso se envolver 100%, pois só o coachee pode mudar as coisas. Da minha parte, sei que contribuo para o bem-estar dos meus clientes e os ajudo a trilhar um caminho diferente”.

Entendendo o significado das expressões: Coach: palavra em inglês que significa instrutores, treinadores (quando a usamos como verbo, a palavra significa treinar ou ensinar). É este profissional que aplica o Coaching. Coaching: ferramenta para o desenvolvimento pessoal e profissional. Coachee: quem participa do processo.

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Gestão e Carreira

O perfil de quem busca ajuda

“O Coaching é um

Já existem no Brasil processos de Coaching específicos para a área médica. Um deles é exclusivo para os médicos que estão para prestar a prova de título de especialista e precisam se organizar para lidar com a rotina de estudos (que muitas vezes é exaustiva), os desafios no ambiente de trabalho e as demandas da vida pessoal. “O cliente adota uma nova rotina de vida, trabalhando comportamentos que aumentam seus níveis de energia e de disposição para enfrentar os desafios. Trabalho diminuindo a procrastinação, a sonolência e a irritabilidade, incentivando a adoção de hábitos saudáveis”, explica Marcio Sumay, master coach e especialista em performance profissional. Estruturado para os médicos em fase de R1 e R3, o processo é dividido em duas etapas. Na primeira etapa, é trabalhada a organização da carreira em longo prazo; depois, em curto e médio prazo; e, por fim, é estruturado o momento atual, determinando o tempo de trabalho, os momentos de lazer e a hora para os estudos. Na segunda etapa, é feito um planejamento em relação aos estudos, sobretudo a quantidade, para aumentar o desempenho e a dedicação para se obter bons resultados. “A partir daí, desenvolvemos foco, iniciativa, disciplina, automotivação, autoestima e autoconfiança, combinando técnicas de concentração e fortalecimento psicoemocional que irão aumentar a capacidade cognitiva do médico, para que ele estude, aprenda mais e se sinta mais confiante e preparado”, descreve. No caso dos médicos que já estão estabelecidos, Marcio Sumay os ajuda a lidar com os desafios do dia a dia e trabalha com eles a organização pessoal, determinando o tempo para o trabalho, para a família e para um hobby. “Buscamos um equilíbrio na vida, focando para aumentar a satisfação com a carreira e as recompensas financeiras, focando com equilíbrio onde dá resultado. Trabalhamos com as habilidades e desenvolvemos hábitos que vão aumentar a performance no trabalho. É o que chamamos de Life Coaching”, resume. Para José Roberto Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC) e um dos pioneiros da área no Brasil, o Coaching ajuda o médico a complementar sua atuação, oferecendo ferramentas e técnicas que possam contribuir para uma gestão assertiva, tanto em questões médicas (como atendimento

treinamento comportamental, que tem como objetivo aumentar a performance do indivíduo, e ajuda o médico a complementar sua atuação, combinando ferramentas e técnicas que contribuem para a gestão assertiva de questões médicas e administrativas”

Dr. José Roberto Marques, presidente do IBC ao paciente e tomada de decisões) quanto em estratégias administrativas. “A profissão de médico requer, além de muita responsabilidade, várias habilidades como controle e inteligência emocional, tomada de decisão rápida, bons relacionamentos e boa comunicação. São profissionais que vivem sob pressão e que precisam ter competência em gestão estratégica, até porque muitos atuam como autônomos e possuem suas próprias clínicas e hospitais”, afirma. Segundo Marques, os profissionais da área médica que buscam o IBC desejam agregar mais conhecimento a sua atuação. “O Coaching é um treinamento comportamental, que tem como objetivo aumentar a performance de uma pessoa. Contudo, vale ressaltar que é um processo que visa o atingimento de metas, então cada profissional terá seu objetivo a ser alcançado”, afirma. O IBC também oferece cursos para os médicos que desejam se tornar coachees. A formação básica dura oito dias, mais conteúdo ministrado à distância e atividades complementares, que somam 180 horas. “O médico estará agregando conhecimento, técnicas e ferramentas do Coaching ao seu ofício. São oferecidos subsídios para trabalhar aspectos comportamentais que auxiliam na melhoria da performance do médico, direcionando-o para o alcance de seus objetivos”, explica.

“O cliente adota uma nova rotina de vida, trabalhando comportamentos que aumentam seus níveis de energia e de disposição para enfrentar os desafios, e diminui a procrastinação, a sonolência e a irritabilidade” Marcio Sumay 18 | VOX Otorrino


Como funciona o processo A diferença entre a terapia e o Coaching é simples de compreender. Na terapia, o objetivo é tentar compreender as situações da vida focadas em comportamentos e sentimentos, atentando-se em acontecimentos passados, para enfim alcançar um novo futuro. No processo de Coaching, o coachee olha para frente, desenvolvendo habilidades no presente para garantir um futuro melhor. “A pessoa conhece seus talentos e seu perfil comportamental. Se o cliente não evolui no plano de ação por causa de questões emocionais, é direcionado a um profissional da Saúde para que o programa flua dentro do planejado”, esclarece. O processo geralmente dura de três meses a um ano, e é baseado em um PDCA (plain-do-check-acting). “Focamos em planejamento, ações e resultados. Fazemos o que

tem que ser feito, avaliamos o que o cliente fez e agimos nas mudanças que tem que ser feitas, sempre voltando ciclicamente. Realizamos no mínimo dez encontros, mas se houver necessidade podem ser 12, 24 ou 36. As reuniões são semanais, para que o coachee tenha tempo de fazer as ações propostas”, defende. É preciso ter atenção antes de contratar. O Coaching é um serviço que está crescendo no Brasil nos últimos dez anos, e ainda é considerado imaturo do ponto mercadológico – isso pouca gente sabe como de fato funciona. “Existe muita confusão. Há quem ache que é um curso, mas o foco do curso é formar um coach. Quem quer direcionamento precisa fazer um Coaching”, defende. E como saber se é hora de buscar o treinamento? Para Marcio Sumay, basta se avaliar: “Se alguém tem algum incômodo ou está estagnado, seja na vida ou na carreira, e sente insatisfações, esse é o momento”.

Medicina sob um novo olhar Sou médica há 38 anos. Após a morte do meu pai, quis abandonar tudo e ficar cuidando da minha mãe, que tem Alzheimer. Como sou muito inquieta, gosto de estudar e buscar coisas novas, segui a dica de uma amiga psicóloga, que comentou sobre o Coaching. Ao cursar o Professional Self Coaching (PSC) no IBC, percebi que este poderia ser um novo rumo, um novo olhar para se exercer a Medicina. No início eu realmente tinha a intenção de abandonar a Psiquiatria e buscar uma nova profissão. Mas, após terminar o curso, vi no Coaching uma nova forma de exercer meu trabalho, e hoje desenvolvo um projeto com cuidadores de pacientes portadores da doença de Alzheimer. Os familiares são carentes de informações e têm dificuldade de entender o que está acontecendo com seus entes queridos e não sabem lidar com as alterações de comportamento e, principalmente, com a evolução da doença.

Dra. Sueli Mozeika, psiquiatra

Minha esposa, que é terapeuta, fez uma formação há uns oito anos e aplica os princípios do Coaching em alguns procedimentos e pacientes. Fui observando, tomando consciência dos benefícios. O Coaching me ajuda a ver a natureza dos problemas, alcançar soluções para erradicá-los e incrementar a relação médico-paciente, humanizando o atendimento médico. Sou professor na Unifesp e ensino meus residentes a tratar o doente de uma forma diferente, pois eu mesmo aprendi a conversar de igual para igual com os meus pacientes. Hoje trocamos ideias, respeito suas dúvidas e tento, tecnicamente, passar as informações para eles. Atender bem depende de uma tomada de consciência, e o Coaching dá uma formação sólida. O paciente não é só um nome ou um número, ele é uma pessoa.

Dr. Gilberto Ohara, ortopedista

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Quanto custa manter um consultório na crise? Especialistas dão dicas de como manter um consultório em meio ao momento econômico adverso Por Carol Herling e Paula Netto | Foto: Divulgação

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m tempos de crise econômica, é comum que se estabeleça um clima de pessimismo entre as pessoas. A apreensão toma conta principalmente de médicos que, ao longo da carreira, batalharam para montar e manter um consultório ou clínica, e agora se veem preocupados com as possíveis consequências do momento. Junto com as notícias nada animadoras sobre a economia, multiplicam-se as preocupações. Perderei minha clientela? Terei que demitir meus funcionários? Meu consultório irá falir? É inevitável não pensar em circunstâncias catastróficas diante de um contexto tão complicado. De acordo com Eduardo Regonha, diretor-executivo da XHL Consultoria e especialista em Administração Hospitalar pela FGV-SP, a crise é real e muitos já sentem seus impactos, inclusive a área da Saúde. “Notamos a saída de quase dois milhões de pessoas dos planos de saúde desde o final de 2014. Isso tem impactado alguns prestadores de serviço, que de certa forma percebem que a demanda reduziu um pouco”, explica. O especialista afirma que, mediante esse cenário, passou a ser procurado por instituições preocupadas com a perda de receita nos últimos tempos – com um aumento maior para o número de clínicas – e observou algumas falhas, como a falta de controle do fluxo de caixa. Segundo Regonha, esse é um fator essencial para dar ao gestor noções de quais itens – tanto de custos que aumentam, quanto de receitas que diminuem – existem e se a empresa tem, de fato, dinheiro ou não. “Eu diria que esse trabalho de conhecer o financeiro e o giro de caixa da empresa é o fundamental e o principal de todos. Não é necessário ter uma previsão de um ou cinco anos. Dois ou três meses já bastam”, conta. Quando o fluxo de caixa é conhecido pelas instituições, o que falta é a apuração dos custos. Para Eduardo Regonha, os hospitais estão melhorando nesse sentido, reconhecendo que é fundamental informar-se bem sobre o lado econômico da empresa, cuja demonstração de resultados mostrará se o negócio tem rentabilidade. Basicamente, tudo gira em torno de um controle bem feito das finanças. Isso vale, inclusive, para os médicos que trabalham com operadoras de saúde em seus consultórios. Regonha explica que, nesse caso, é interessante saber quais são os serviços, as operadoras e até mesmo os profissionais médicos que dão maior retorno e rentabilidade, a fim de estreitar o relacionamento e garantir esses ganhos. “É preciso conhecer o custo de uma consulta, de exames, e automaticamente o quanto a operadora paga ao médico, para, dessa forma, estimular os procedimentos mais rentáveis e, na medida do possível, desestimular os que não são atrativos – lembrando que isso deve ser feito sempre com ética e correção”, afirma. Outro fator que requer atenção é a mudança no valor do ticket médio por atendimento, que vem diminuindo. “Atualmente, trabalha-se mais para ganhar menos unitariamente. Antes, um paciente entrava na clínica, e cada um gerava R$100. Hoje, geram R$90 ou R$95. Consequentemente, é obrigatório aumentar a produção”, ressalta.

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Como agir? Frente a uma crise econômica, pode parecer, em um primeiro momento, que a solução mais fácil seja demitir os funcionários. Porém, isso pode ser um tiro no próprio pé, acarretando queda na qualidade do serviço e consequentemente a perda de mais clientes. Segundo Regonha, a medida só vale se o quadro funcional estiver inchado. O especialista esclarece que, de modo geral, o foco deve estar voltado sempre para a qualidade. “É necessário verificar também a capacidade de trabalho e a ociosidade da clínica – como consultórios fechados em determinados períodos, médicos que não aparecem para usar o espaço de trabalho, entre outras questões – para, a partir disso, tentar aumentar a produção (trazendo mais médicos) ou reduzir a clínica”, pontua. Para sobreviver à crise não há fórmula mágica, mas algumas atitudes podem fazer toda a diferença. Por isso, é importante transformar o momento em algo favorável para o seu negócio. A regra de ouro, de acordo com Regonha, é agregar serviços e inovar. “A crise proporciona atitudes para diversificar. O médico passa a ter ideias que ele não teria se não estivesse passando por essa situação. A saída da zona de conforto pode ser uma alavanca para o crescimento”, diz. O surgimento e crescimento das clínicas populares são citados pelo especialista como o maior exemplo de inovação no período de crise. Os aplicativos médicos também são apontados como alternativas criativas e uma forma de ocupar o tempo ocioso.

de gerir melhor o dinheiro que ganhava. “Eu sabia ganhar, mas não cuidar. A partir daí comecei a me dedicar ao assunto, usando esse episódio desagradável como estímulo”, diz. Por meio de um forte e organizado controle financeiro e investimentos, o médico deu a volta por cima e, como conhecedor de causa, fala com propriedade sobre o assunto cuja consequência já sentiu na pele. Veja como o Dr. Francinaldo fez para sair do sufoco:

Finanças pessoais Encontre a forma mais barata de levar a vida Existem muitas formas simples de fazer tudo o que se faz gastando menos. Assim, é possível fazer o dinheiro sobrar. O médico pode se programar para fazer uma viagem, fazer suas compras à vista ou reservar antecipadamente a ida ao restaurante para ter descontos.

Construa

uma reserva de segurança para situações de

emergência

Se você tem uma reserva de segurança que pague suas contas por seis meses a um ano, você não passará por situações desagradáveis. Se não há a reserva, é preciso ser muito arrojado para mudar. Outra questão é que das crises surgem as oportunidades, pois quando está tudo bem, ninguém busca nada novo. Se você está preso às dívidas, fica difícil mudar.

Proteja o patrimônio Fique atento aos sinais de que algo não vai bem com o seu negócio Redução do fluxo de pacientes Diminuição gradativa da rentabilidade da empresa ou entrada na zona de prejuízo O caixa começa a apresentar espaços deficitários

Para encarar a crise, cuide bem do seu dinheiro Historicamente, crises ocorrem por diversos motivos externos, como o momento político e econômico do país, mas a falta de controle sobre o dinheiro, seja na vida pessoal ou profissional, também é fator de peso. Foi o caso do neurocirurgião e mestre em Neurociências, Dr. Francinaldo Lobato Gomes. No ano de 2003, ele era residente em Neurocirurgia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp). Nesse período, passou por uma grave situação financeira, o que o fez perceber a importância 22 | VOX Otorrino

Os seguros de vida resgatáveis servem para isso, pois oferecem a você comodidade de, numa eventual situação desfavorável, dispor de recursos para pagar as contas em caso de incapacidade temporária ou mesmo em casos de invalidez ou morte. A carteira de investimentos deve ser moldada de acordo com a idade da pessoa. Quanto mais jovem, mais propenso ao risco. Basta seguir a regra dos 100. Se a pessoa tem 40 anos, fica 100 – 40 = 60, sendo que 60 é a porcentagem do patrimônio que deve ser investido em renda variável, e o restante em renda fixa.

Tenha um planejamento tributário de pessoa física Todo profissional autônomo – como o médico – paga impostos, e muitos são desnecessários. Ele pode ter um plano PGBL, em que ele consegue abater até 12% da renda bruta anual da base de cálculo do IR. Outra alternativa é o livro-caixa: toda as despesas que ele tem com a clínica são abatidas do ganho que ele tiver, e só se paga a diferença (inclusive anuidade de sociedade, idas a congressos etc.). Muita gente não faz isso por


desconhecimento, ou por medo de cair na malha fina. Com o planejamento tributário é possível, de forma lícita, reduzir a carga tributária e sair do sufoco.

Construa

e multiplique um patrimônio gerador de renda

crescente

Com um planejamento, uma reserva de segurança, proteção do patrimônio e pagando menos impostos, chega a hora de construir a estrutura que lhe sustentará quando você parar de trabalhar. A renda deve ser crescente, pois conforme você envelhece, os gastos aumentam, como o valor do plano de saúde. Aí vêm os investimentos: ações, imóveis, consultório (para quem pretende viver disso), mas esse patrimônio deve ser construído enquanto se é jovem.

Finanças de consultório Não misture as finanças pessoais com as finanças do consultório Não se pode misturar as duas coisas. Se isso acontece, você não sabe se tem lucro ou prejuízo, e pode não conseguir corrigir as falhas que ocorrem. Esse é o erro mais comum dos médicos.

O consultório é uma empresa e deve ser gerido como tal Hoje não basta apenas ser bom tecnicamente para ter garantia de sucesso. É preciso ter conhecimento de finanças e gestão para otimizar o desempenho financeiro do consultório. O que muitos médicos fazem é delegar a função a terceiros, sendo esse o segundo maior erro, pois dá margem à má gestão e à desonestidade. Com esse conhecimento, é possível até notar eventuais falhas que são comuns (como pagar mais imposto, por exemplo), além de orientá-los da melhor forma.

Controle os gastos do consultório O gasto é o grande vilão do desempenho financeiro do consultório. Mais importante do que quanto se recebe por uma consulta ou por um procedimento é saber quanto se gasta para prestar o serviço. Para os iniciantes, vale a pena montar um consultório em conjunto com outros colegas para reduzir gastos. Isso é válido também na crise. Não é vergonha unir forças. O médico, muitas vezes, foca mais no que recebe e não sabe o quanto gasta. Não raro, até recebe um valor bom, mas o que gasta torna tudo inviável.

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Escolha o regime tributário mais adequado ao consultório Muitos consultórios pagam impostos em excesso por estarem enquadrados no regime tributário errado. Uma vez que existem vários regimes disponíveis, deve-se, juntamente com o contador, escolher qual é o mais vantajoso ao consultório para que não se pague impostos demais. Este enquadramento deve ser revisto anualmente.

Diversifique a oferta de serviços Cada vez mais as pessoas estão procurando fazer suas atividades no menor tempo possível. Dessa forma, se no mesmo local forem oferecidos vários serviços diferentes (consultas, exames, procedimentos, consultas com outros profissionais, por exemplo), o serviço será mais valorizado e haverá aumento na lucratividade. É a questão do valor agregado do que se oferece. Se você tem horários

ou salas vagas, alugue-as para colegas. Some forças com outros profissionais. Assim, o paciente terá mais opções em um mesmo local e, com isso, o médico aumentará o valor dos seus serviços.

Sucesso de pai para filhos Com um extenso curriculum profissional e acadêmico, o Dr. José Eduardo Lutaif Dolci é considerado uma das maiores autoridades da Otorrinolaringologia no país. Com mestrado e doutorado na área, o Dr. Dolci tem parte de sua trajetória ligada à Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP), da qual é professor titular, diretor de curso e coordenador geral de pós-graduação. Em paralelo, mantém há mais de duas décadas uma próspera clínica, cuja equipe também é integrada por seus dois filhos, os Drs. Ricardo e Eduardo Dolci. Veja como as boas práticas de gestão empresarial impulsionaram a trajetória da família Dolci e inspire-se nesta história de sucesso.

Dr. Ricardo Dolci “Tudo o que nosso pai nos falou teve um peso em nossas decisões. É impressionante como ele acertou em tudo. Creio que o seu grande segredo seja a entrega à especialidade, além de ser uma pessoa com a capacidade de motivar os que estão ao seu redor. Ele passa como ninguém toda a sabedoria que possui, investindo no trabalho em conjunto. Aprendemos importantes lições, como a de atender a todos, sem distinção, com respeito e atenção. Ele formou um time e todos jogam juntos. É assim na Santa Casa e é assim em nossa clínica. O mais importante, para nós, é o atendimento ao paciente, a atenção que dispensamos a todos eles. Inovar também é uma forma de investir nesse relacionamento e, ao mesmo tempo, sobressair-se em tempos de crise. Hoje, os sábados são os melhores dias na clínica, com muito movimento, rentabilidade e produtividade. Nossos consultórios sempre estão ocupados, são sempre dois médicos atendendo – mais uma fonoaudióloga em período integral para exames e diagnósticos. Nosso movimento deve girar em torno de 400 a 500 pacientes por mês.”

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Dr. José Eduardo Lutaif Dolci “A decisão dos meus filhos em cursar a faculdade de Medicina foi algo muito pessoal deles: foi o meu exemplo, aliado a uma vocação natural que eles já possuíam, que os levou a serem médicos. Já a opção pela Otorrinolaringologia foi algo além da vontade deles. Conversando, expliquei que caso eles seguissem a especialidade, eu poderia ajudá-los durante a formação, na residência e até mesmo orientando uma tese de doutorado. Também ponderei que eles teriam à disposição a estrutura de um consultório com 35 anos de atividades. Hoje eles me agradecem pela decisão acertada, pois têm amigos que são médicos, mas que passam um pouco de dificuldades por não contarem com um respaldo tão sólido. Meus filhos trabalham comigo, agregando mais credibilidade à nossa clínica. Tenho certeza que foi uma decisão boa para todos nós. Tudo o que conquistei é fruto de decisões acertadas de gestão e, é claro, muito trabalho. Sou muito grato a todos os que me ajudaram, como o Dr. Mauro Candido Souza Dias, com quem trabalhei após concluir a residência. Consegui formar minha clientela graças ao seu apoio. Como venci? Atendendo bem a todos, sem selecionar “A” ou “B”. Essa lição eu já transmiti aos meus filhos. A estratégia do médico recém-formado que precisa formar clientela é uma só: atender pacientes dos planos de saúde, o maior número de planos que conseguir – assim, ele será referência. Ou, então, ingressar em uma clínica popular, que cresce e se populariza nas regiões mais carentes. Também não pode haver desperdício: coloque no papel as despesas de manutenção do consultório, e descubra o que é possível otimizar. Assim, atender pelo convênio valerá a pena. Outro ponto importantíssimo é a capacitação da secretária. Treine-a para exercer a tolerância e a delicadeza, pois se ela tratar mal seus pacientes, eles não vão voltar, por mais que você seja bom! Abrir horários alternativos aos sábados também é interessante: os clientes que trabalham agradecem e vão à consulta tranquilos, sem medo de perder o emprego, ao mesmo tempo em que otimiza a sala de atendimento, que jamais pode ficar vazia. Quem paga contas não pode ter períodos de ociosidade.”

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Conquistas

Luta constante por uma

remuneração mais justa e valorização da especialidade ABORL-CCF tem atuação decisiva na busca pela valorização dos profissionais

Por Andre Klojda | Fotos: Divulgação

P

rofissionais de todas as áreas, para bem desempenharem suas funções, precisam ter uma remuneração justa, que lhes permita viver dignamente. Para que isso seja uma realidade também para os otorrinos brasileiros, a ABORL-CCF se esforça ativamente em prol dos cerca de 5.000 médicos que atuam na especialidade. Em tempos de crise no país, essas reivindicações se tornam ainda mais necessárias, e vários 26 | VOX Otorrino

setores da Associação trabalham em consonância para esse propósito. Dentre eles, podemos destacar o Comitê de Defesa Profissional, a Comissão de Honorários Médicos e o Departamento Jurídico. Reivindicações: o porquê da luta Ao apontar as principais reivindicações em pauta quanto à remuneração dos otorrinolaringologistas, o


Dr. Eduardo Baptistella, presidente do Comitê de Defesa Profissional da ABORL-CCF, menciona os baixos honorários em relação a cirurgias e procedimentos complexos, porém pouco valorizados pelos órgãos pagadores, e contratos antigos e defasados, com cláusulas leoninas que impelem ao otorrino condições degradantes para exercer a Medicina adequadamente. Em busca de reverter essas situações, a atuação em várias frentes é necessária. “O Comitê tem atuado junto às instituições superiores como o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e o Congresso Nacional, e sempre que existe a necessidade de discussão sobre alguma pendência que recaia sobre a Otorrinolaringologia”, afirma. O cenário descrito acima também é corroborado pelo Dr. Casimiro Junqueira, diretor da Defesa Profissional da Sociedade de Otorrinolaringologia do Estado do Rio de Janeiro (SORL-RJ) e da Comissão de Honorários Médicos da ABORL-CCF. “A nossa luta pela remuneração dos otorrinos vem desde 1999, quando participamos ativamente da confecção da Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM) junto à AMB. Infelizmente, a CBHPM lançada na época veio com várias distorções para a nossa especialidade, das quais temos solicitado as correções desde então”, resume. Nessa empreitada, Vania Rosa Moraes, do Departamento Jurídico da ABORL-CCF, também tem participação efetiva: “O Departamento Jurídico, em consonância com a Defesa Profissional, oferece consultoria, assessoria jurídica e subsídios para luta e defesa da ABORL-CCF – dentro dos limites legais para busca de melhor remuneração”, destaca a advogada.

“O Comitê tem atuado

Frutos do trabalho

de Procedimentos Médicos (CBHPM)

Conquistas recentes mostram que o esforço da ABORL-CCF em busca de condições mais justas para seus associados tem dado ótimos frutos. O Dr. Baptistella, o Dr. Junqueira e Vania celebram a atualização dos portes de 82 procedimentos médicos da CBHPM junto à Câmara Técnica de Honorários Médicos da AMB, conseguido no último mês de junho. Entre essas mudanças, o destaque é em relação aos procedimentos de adenoidectomia e amigdalectomia. Segundo o Dr. Junqueira, a partir da

junto à AMB. Infelizmente, a CBHPM

junto às instituições superiores como o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e o Congresso Nacional, e sempre que existe a necessidade de discussão sobre alguma pendência que recaia sobre a Otorrinolaringologia”

Dr. Eduardo Baptistella

“A nossa luta pela remuneração dos otorrinos vem desde 1999, quando participamos ativamente da confecção da Classificação Brasileira Hierarquizada

lançada na época veio com várias distorções para a nossa especialidade, das quais temos solicitado as correções desde então”

Dr. Casimiro Junqueira

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Conquistas

CBHPM 2016 haverá a correção do porte de amigdalectomia – de 5B para 9A, ou seja, de R$340 para R$853 – e de adenoidectomia – de 5B para 8A (de R$340 para R$722). “Isso representa um ganho percentual de 112% e 151%, sendo, em valores, de R$340 para R$853,00 em amigdalectomia, e R$722 em adenoidectomia”, explica. Apesar de considerar a questão da amigdalectomia e da adenoidectomia como a maior conquista, que vai refletir no ganho direto do associado nos próximos anos, o Dr. Bapstistella também comemora outros feitos dignos de nota. “Podemos citar a valorização do Título de Especialista junto à AMB e o apoio e revisão dos contratos junto às operadoras de saúde”, ressalta o presidente do Comitê de Defesa Profissional. Futuro e missão Apesar dos avanços, os representantes da ABORL-CCF estão cientes da necessidade de continuar a luta por remunerações cada vez mais justas em todos os âmbitos da atuação profissional dos associados. Vania Rosa Moraes enfatiza que, mesmo no momento de crise econômica no qual o Brasil se encontra, a Associação tem a missão de seguir defendendo seus membros: “Vamos continuar lutando constantemente pela defesa dos profissionais médicos – seja por melhores honorários e condições justas de trabalho, seja pela proteção do ato médico e da Medicina com qualidade”. Além disso, a ABORL-CCF também tem se preocupado em orientar

seus associados a fim de contornar o cenário atual, em que muitas pessoas têm sido obrigadas a abandonar seus planos de saúde. De acordo com o Dr. Junqueira, existem trabalhos de orientação para melhoria nas prestações de serviços, na forma de faturamento, para se evitar glosas e, principalmente, quanto à relação médico-paciente. “Isso faz parte de um conjunto de ações efetivas, como a criação do Banco de Pareceres, confeccionado a partir das dúvidas e questões levantadas pelos nossos associados, que podem ser pesquisadas por eles”, exemplifica. O Banco de Pareceres pode ser acessado – pelos associados adimplentes – no site da ABORL-CCF. Ainda há a possibilidade do envio de dúvidas e questionamentos ao Comitê de Defesa Profissional, à Comissão de Honorários Médicos ou ao Departamento Jurídico, pelo e-mail <juridico@aborlccf.org.br>. Para o Dr. Baptistella, a crise atual é reflexo de uma política “autoritária e descabida” à qual todos – inclusive os médicos – foram submetidos, principalmente nos últimos 13 anos. “Nós, médicos, e aí se encaixam todos os especialistas, como nós otorrinolaringologistas, fomos afrontados com uma série de medidas imparciais, que afetaram tanto o Sistema Público de Saúde quanto o particular”, lamenta. Diante disso, ele reforça o papel da Associação: “Precisamos realmente de uma ABORL-CCF forte, com a união dos associados, e de um Comitê de Defesa Profissional atuante, pois, de outra maneira, seremos ‘engolidos’ pelo mercado que aí está”.

“Vamos continuar lutando constantemente pela defesa dos profissionais médicos – seja por melhores honorários e condições justas de trabalho, seja pela proteção do ato médico e da Medicina com qualidade” Vania Rosa Moraes

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Vox news

Por Andre Klojda | Fotos: Divulgação

ABORL-CCF lança o personagem Dr. Otorrino Inspirado no Dr. Luc Weckx, personagem tem como missão informar a população de forma didática

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om o intuito de potencializar sua atuação junto à sociedade, a ABORL-CCF lança mais uma novidade. Trata-se do Dr. Otorrino, uma animação que foi criada a fim de tornar as explicações de temas acerca da Otorrinolaringologia mais atraentes ao público leigo. O Dr. Otorrino será usado em vídeos e em outras ações da Associação, sempre apostando na forma didática de apresentação do conteúdo. Segundo o Dr. Domingos Tsuji, presidente da ABORL-CCF, uma associação de grande porte e abrangência nacional como a ABORL-CCF tem como papel não só a representação da classe dos otorrinolaringologistas, mas também a atuação social. “Neste projeto em particular, o objetivo é alertar e informar a população brasileira em relação às doenças da nossa área, além de orientá-la quanto a vários temas de nossa especialidade. Foi por isso que pensamos em criar o personagem”, explica. O Dr. Tsuji destaca que o Dr. Otorrino foca em doenças como amigdalites, rinites, sinusites, otites, surdez, laringites etc., além de apresentar explicações acerca de temas como próteses auriculares, implantes, tipos de exames e medidas preventivas. “Enfim, tudo que tenha interesse informativo para a população leiga a respeito de temas relacionados à nossa especialidade”, resume. O Dr. Otorrino está disponível a toda a população e pode ser acessado por meio do site da ABORL-CCF. As redes sociais da Associação também são responsáveis pela divulgação da nova empreitada, a fim de alcançar, efetivamente, o público. Os associados, por sua vez, podem usar os vídeos e campanhas como forma de passar informações variadas e objetivas a seus pacientes.

Uma homenagem ao Dr. Luc Weckx A aparência do Dr. Otorrino não foi concebida ao acaso, e, sim, é uma homenagem prestada ao Dr. Luc Louis Maurice Weckx, falecido em 2012. Professor titular e livre-docente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ele presidiu a ABORL-CCF (1999-2002), além de ter sido o fundador e primeiro presidente da Academia Brasileira de ORL Pediátrica (ABOPe). Ao comentar a homenagem, o Dr. Tsuji enfatiza a trajetória correta, competente e didática do Dr. Weckx. “Tanto como professor quanto como presidente da ABORL-CCF, ele inspirou muitos profissionais. Por isso, quando pensamos em personificar um otorrino, nada melhor do que ter como modelo um ex-presidente de respeito e admiração como o Dr. Luc”, afirma. Ele ainda aponta que a decisão foi apoiada unanimemente, o que exemplifica a estima conquistada pelo Dr. Weckx. “É uma singela homenagem póstuma, e a ideia foi aplaudida por todos da diretoria”, conclui o presidente da ABORL-CCF. VOX Otorrino | 29


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Projeto Graduação: aproximando a ABORL-CCF das universidades Programa visa levar conhecimento de Otorrinolaringologia a alunos de graduação

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estinado a estudantes de Medicina, o Projeto Graduação foi oficialmente lançado em setembro deste ano. Capitaneado pela Dra.

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Renata Dutra, presidente do Comitê de Educação Médica Continuada da ABORL-CCF, e pelo Dr. Sady Selaimen, o projeto tem como objetivo levar aos acadêmicos uma série de fundamentos teóricos da Otorrinolaringologia que, muitas vezes, não são devidamente abordados durante a formação universitária. O Projeto Graduação envolve um curso completo de Otorrinolaringologia com 15 aulas primorosamente elaboradas e que, no conjunto, contempla (quase) tudo aquilo que,

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a juízo da ABORL-CCF , um aluno de graduação deveria saber sobre a especialidade. Para o Dr. Selaimen, quanto maior e mais qualificado for o contato com a Otorrinolaringologia durante o curso de graduação, melhor. “Primeiro, ao divulgarmos conhecimentos de qualidade, certamente estaremos despertando a atenção e o interesse dos jovens estudantes para a nossa ciência. Segundo, é importante que os acadêmicos entendam a dimensão da Otorrinolaringologia moderna assim como as suas inúmeras interfaces. Por fim, o aprofundamento teórico no manejo de doenças da nossa especialidade é muito importante para o médico generalista, dada a sua enorme prevalência na prática médica ambulatorial”, destaca. Ele ainda salienta que o conteúdo programático foi criteriosamente selecionado e que as aulas “foram ministradas por brilhantes jovens colegas recrutados pelo Comitê”. Quanto aos próximos passos, o Dr. Selaimen

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entende que a qualidade e impacto do projeto devem ser constantemente aferidos através de ferramentas específicas a fim de detectar imperfeições e proceder os necessários ajustes de rotas. “As análises devem ser periódicas e as atualizações constantes. Afinal, a Otorrinolaringologia, assim como a Medicina como um todo, é uma ciência dinâmica e em constante expansão”, diz. 1) Ana Paula Naffah Perez | 2) Dr. Bruno Rossini | 3) Dra. Marcia Wirth | 4) Dr. Francinaldo Gomes | 5) Dr. Jamal Azzam | 6) Vania Rosa Moraes e Dr. Bruno Rossini

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Expectativas para o II Combined Meeting ABORL-CCF Congresso está no calendário de eventos do próximo ano

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ABORL-CCF vai realizar, de 2 a 4 de junho de 2017, no Centro Fecomércio de Eventos, em São Paulo (SP), o II Combined Meeting ABORL-CCF. Nesta edição do evento serão contempladas as seguintes áreas: Laringologia, Otorrino Pediatria, Medicina do Sono e Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Para que o congresso leve o melhor de cada departamento aos participantes, os coordenadores já estão preparando atrações que prometem corresponder às expectativas dos presentes. Coordenador da área de Laringologia e Voz, o Dr. Luciano Rodrigues Neves comemora a oportunidade. “Nós, da diretoria da Academia Brasileira de Laringologia e Voz (ABLV), ficamos muito lisonjeados com o convite feito pela ABORL-CCF à ABLV. Ao mesmo tempo em que é uma honra, também é uma grande res- Dr. Sady Selaimen, Dr. Mário Greeters, Dr. Domingos Tsuji, Dr. José Ricardo Testa e Dra. Mariana Favero (coordenadora do Departamento de ponsabilidade montar uma programação de alto nível. Desde o Foniatria), na primeira edição do Combined Meeting momento do convite, estamos trabalhando nisso”. O Dr. Neves ressalta que, além da alta qualidade científica, o intuito é montar uma grade que contemple a parte prática: “A nossa intenção é levar palestrantes de alto gabarito, que colocarão à disposição a sua experiência prática. Ou seja, queremos montar um congresso no qual sejam passados os traquejos, os truques da profissão, tanto para os otorrinos iniciantes quanto para aqueles que já têm um alto nível”, resume. A Dra. Melissa Avelino, responsável pela área de Otorrino Pediatria do evento, também elogia a inciativa do congresso. “A experiência dos Combined Meetings da ABORL-CCF é inovadora, e acho que vem para acrescentar muito aos associados. Na Otorrino Pediatria, nós pretendemos ir a fundo tanto nos temas do dia a dia quanto naqueles que costumam ser menos abordados em congressos gerais”, declara. Assim como o Dr. Neves, ela enfatiza o cunho prático, além de celebrar a oportunidade de difundir conhecimentos da sua área: “Nós pretendemos trazer temas de abordagem bem prática acerca da especialidade. Além disso, é uma oportunidade dos profissionais das demais áreas também poderem conhecer mais sobre a Otorrino Pediatria. Nossa intenção é trazer conhecimentos mais específicos para otorrinos que atuam com o público em geral, mas que, no seu dia a dia, também atendem crianças”. A oportunidade de apresentar conhecimentos de uma área a um público mais amplo é, de fato, um dos atrativos do II Combined Meeting ABORL-CCF. O Dr. Edilson Zancanella, coordenador do Departamento de Medicina do Sono no congresso, também segue essa linha. “É uma excelente oportunidade para mais uma vez abrirmos espaço para falar de Medicina do Sono entre os otorrinos”, destaca, além de pontuar suas “ótimas expectativas” para o encontro. Para o Dr. Zancanella, dispor desse espaço nobre, como o Combined Meeting, para tratar da Medicina do Sono, é contemplar uma área que vem ganhando espaço, uma vez que há cada vez mais otorrinos interessados nesses temas. “O evento certamente vai nos dar a chance de trazer tópicos já consagrados para discussão, bem como atualizações”, declara. O primeiro Combined Meeting da ABORL-CCF, ocorrido no último mês de junho, também é uma das inspirações para o evento de 2017. O Dr. Carlos Takahiro Chone, responsável pelo Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, espera que o congresso do ano que vem repita o sucesso do antecessor, com palestras e mesas de alto nível científico, e atualizações de forma bastante prática, com interação com o público. “Traremos para discussão as novidades e os resultados com evidência científica no tratamento das patologias da cabeça e pescoço. Novas tecnologias serão apresentadas, com resultados concretos – sempre a favor do paciente, em termos de sobrevida e qualidade de vida”, informa. VOX Otorrino | 31


Especial

Algumas ações da aborl-ccf em

2016

Por meio da Diretoria Executiva, Conselho Administrativo e Fiscal, Comitês, Comissões e Departamentos, que somam mais de 200 colaboradores que doam parte do seu tempo para contribuir voluntariamente para a valorização da especialidade, buscamos com afinco remunerações justas, melhores condições de trabalho, atualização do conhecimento e a defesa da especialidade

Você sabia? BJORL O periódico tem mais de 50% dos seus artigos internacionais e este ano aumentou seu fator de impacto de 0,653 para 0,730 elevando sua procura como fonte de pesquisa e de citações.

Ano 2012 2013 2014 2015

Fator de impacto 0.428 0.623 0.653 0.730

0.730 0.653

COMUNICAÇÃO Nosso site possui mais de 15.000 acessos mensais e estamos presentes nas principais redes sociais, contribuindo e informando tanto nossos associados quanto o público leigo. Nos próximos dias, disponibilizaremos nas redes sociais e também para os associados que solicitarem o nosso mais novo colaborador, “Dr. Otorrino”.

DEFESA PROFISSIONAL Mais de 300 acessos mensais ao banco de pareceres, além de demandas específicas. Mais de 100 atendimentos jurídicos do consultivo ao contencioso, sem custo para os associados. Aumento de 82 portes de procedimentos CBHPM. 6 cursos itinerantes de apoio ao cooperativismo.

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TÍTULO DE ESPECIALISTA São mais de 30 membros e colaboradores empenhados em preparar uma das mais conceituadas provas de Títulos de Especialidade Médica. Trabalhamos em um ambiente totalmente informatizado, com total segurança e isonomia. Também desenvolvemos provas e testes para os residentes do primeiro e do segundo ano, totalmente informatizados.

RESIDÊNCIA E TREINAMENTO Avaliamos mais de 40 serviços de residência médica em 2015 e 25 em 2016. As vistorias são feitas com as despesas totalmente subsidiadas pela ABORL-CCF, garantindo um padrão aos serviços credenciados. Avaliações em plataforma informatizada com critérios rigorosos dos avaliadores.

EDUCAÇÃO MÉDICA CONTINUADA Disponibilizamos gratuitamente aos nossos associados mais de 20 cursos na internet, além de mais de 12 cursos itinerantes e diversos cursos participativos através da Plataforma Ology. As novidades não param: Projeto Graduação, aulas Congresso Brasileiro, aulas de Foniatria, Otoneurologia, Cirurgia Plástica da Face, Otologia e muito mais.

EVENTOS E CURSO A Organização do 46° Congresso Brasileiro, que será realizado em Goiânia, está a todo vapor. Já são quase 2.000 inscritos e 700 trabalhos recebidos, são mais de 20 cursos promovidos e mais de 50 cursos apoiados, sucesso de público no I Combined e no Congresso Internacional da Plástica.

ÉTICA E DISCIPLINA Agimos na orientação e prevenção de danos aos associados em conjunto com a Defesa Profissional e Departamento Jurídico, garantindo sempre total sigilo, responsabilidade e disciplina. Trabalhamos no background, responsável por investigar infrações éticas no exercício da especialidade, indicando e sugerindo medidas cabíveis.

Uma pequena prévia do que estamos fazendo por nossos associados! Nossa luta continua! Em breve, disponibilizaremos o relatório completo das ações através do nosso site e também na revista VOX Otorrino.

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Conduta médica

Os limites da saúde

on-demand

Aplicativos que permitem ao usuário agendar consultas médicas chegam com tudo ao mercado brasileiro. No entanto, assim como qualquer situação que preveja a relação entre médicos e pacientes, os apps também estão sujeitos ao crivo do CFM Por Carol Herling | Fotos: Divulgação e Rafael Lucyk

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m tempos de comodidade na ponta dos dedos, tornou-se cada vez mais comum a oferta de produtos e de serviços via aplicativos para smartphone. Se a instalação do app no celular for gratuita, então, aí é que ele “pega” de vez, caindo no gosto dos consumidores e se popularizando na rede. Hoje é possível encontrar de tudo nos aplicativos, inclusive atendimento médico na casa ou no trabalho do paciente. Os apps de consulta médica chegam ao mercado para, entre outras finalidades, preencher um importante vazio deixado pelos planos de saúde. Mesmo com as regras cada vez mais rígidas da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a Saúde

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suplementar ainda não consegue dar conta da demanda dos pacientes que precisam marcar uma consulta com agilidade e não podem (ou não querem) esperar vagar um horário na agenda do médico. De olho nesse novo nicho, empreendedores atentos criaram produtos que caíram no gosto não só dos pacientes – já que, além da agilidade, o preço da consulta muitas vezes também é um atrativo –, mas também dos médicos que buscam uma solução para incrementar a renda ou mesmo mudar um pouco a rotina de trabalho. “O profissional que adere ao aplicativo ajuda a dar valor à Saúde móvel e a transformar a relação médico-paciente. Um número cada vez maior de médicos dá boas-vindas ao processo compartilhado


“O surgimento dos apps é algo positivo. Se bem elaborados, podem melhorar os cuidados de saúde da população”

Dr. Abel Magalhães

com seus pacientes de tomada de decisão, observando essa relação como uma parceria. Nesse sentido, o surgimento dos aplicativos é extremamente positivo, e se bem elaborados, eles podem melhorar muito os cuidados de saúde da população como um todo”, afirma o Dr. Abel Magalhães, médico cardiologista e diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS). Especialista em Informática Médica, o Dr. Abel destaca a possibilidade de levar educação ao paciente em domicílio. “Só para citar uma especialidade, um número significativo de cardiologistas realiza um esforço conjunto para envolver seus pacientes na Saúde digital, encorajando-os ao exame em conjunto de seus prontuários eletrônicos. Contudo, muitos usuários reclamam que esses mesmos prontuários eletrônicos criam um obstáculo junto aos médicos, que passam muito tempo olhando para a tela do computador. Por isso, é importante desenvolver uma relação de confiança com quem chega pelo app, para que o paciente acredite que você visa o melhor para ele quando dá conselhos sobre sites que não são confiáveis, por exemplo”, argumenta. Também é preciso pensar nos problemas que um aplicativo pode gerar ao médico. Quem ainda torce o nariz para a novidade geralmente questiona quais os limites que devem ser observados por quem se cadastra nesses aplicativos – e, também, ao estabelecer a relação com os seus pacientes. “O assunto é recente, e por isso ainda não existem regras específicas de conduta para quem ingressa nos apps. Contudo, devemos aplicar o princípio ético basilar preconizado pelo Código de Ética Médica que protege a relação médico-paciente, a fim de preservar a privacidade do paciente e a manutenção do sigilo médico”, elucida Vania Rosa Moraes, do Departamento Jurídico da ABORL-CCF. Para garantir a segurança (inclusive jurídica) do atendimento, o médico deve evitar ao máximo prestar atendimento via aplicativos ou qualquer outro meio de comunicação, salvo exceções de urgência e emergência, sob pena de responder pelos atos praticados perante o Conselho Federal de Medicina (CFM). “Em hipótese alguma a comunicação via

aplicativo, por exemplo, pode substituir a consulta presencial. Quando utilizados com cautela, os meios de comunicação ajudam na educação do paciente, preservando o decoro profissional”, salienta. Nunca é demais lembrar as sanções que o médico pode sofrer caso desrespeite as regras do CFM no que concerne ao uso das redes sociais. “Em caso de denúncia por infração aos preceitos éticos, o órgão pode instaurar um processo ético profissional, que pode ser arquivado caso não se constate uma infração ética. Se instaurado o processo ético profissional e constatada a infração, o médico pode sofrer uma advertência confidencial, censura confidencial, censura pública, suspensão do exercício profissional ou mesmo a cassação de seu registro profissional”, lista Vania Rosa Moraes. Resgate da Medicina humanizada e empoderamento médico Antigamente, as pessoas eram habituadas a receber o médico em casa, o que permitia um estreitamento na relação. A figura do “doutor da família”, que acompanhava gerações, possibilitava um contato constante – e, consequentemente, mais adesão ao tratamento por parte dos pacientes e maior poder de observação ao profissional. Resgatar a Medicina humanizada é um dos objetivos comuns aos três maiores aplicativos do gênero no Brasil: Docway (<http://docway.co/>), Beep Saúde (<www. beepsaude.com.br>) e Dokter (<www.dokter.com.br>). Os três também têm em comum a busca pela segurança do paciente, com critérios rigorosos para a admissão de médicos em suas plataformas. A remuneração nas duas primeiras funciona da mesma forma – 85% ficam para o profissional, 15% para o app. O Beep Saúde também reembolsa o médico em seus deslocamentos via Uber. Já a Dokter cobra do médico uma taxa de conveniência de R$40 por consulta realizada. Nenhum dos aplicativos cobra adesão ou mensalidade dos médicos participantes, e o download gratuito é disponibilizado para os pacientes na Apple Store e na Google Play. VOX Otorrino | 35


Conduta médica

Egresso da indústria farmacêutica, o empresário paranaense Fábio Tiepolo é o criador do Docway, líder do setor no país. Com início em Curitiba em setembro de 2015, o app hoje está presente em mais de 120 cidades em todo o Brasil e conta com 1.700 médicos cadastrados, de quase todas as especialidades. “Só otorrinos são cerca de cem. A demanda é grande, principalmente com as doenças de inverno”, destaca. Além das consultas, o Docway também possibilita a contratação de exames e vacinas. Os médicos que integram a plataforma são orientados de acordo com as regras do CFM. “As pessoas acabam confundindo o que a gente faz. O que acontece com o Docway é que o médico vai até o paciente, mas não faz diagnóstico por meios eletrônicos”, explica. Presente nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro (onde iniciou em abril deste ano) e São Paulo (onde estreou em junho), o Beep Saúde possui cerca de 1.300 médicos cadastrados em 20 especialidades (sendo 50 otorrinos com residência em serviços reconhecidos pela ABORL-CCF). Destes, 750 estão ativos na prestação de serviços. “Possuímos o maior número de médicos nas especialidades com maior ênfase ambulatorial como Clínica Médica, Pediatria, Geriatria, Otorrinolaringologia e Cardiologia, e lançamos recentemente o serviço de vacinação em domicílio”, afirma o Dr. Aluan Ungierowicz, otorrinolaringologista e um dos responsáveis pela plataforma. Segundo ele, o aplicativo surgiu como uma resposta à tendência mundial de consumo on-demand, e sem concorrer com a Saúde suplementar: “Trabalhamos em harmonia com as seguradoras, fornecendo nota fiscal e possibilitando reembolso do valor da consulta perante os seguros de saúde”, defende. Segundo o Dr. Ungierowicz, o aplicativo em breve oferecerá exames complementares (como eletrocardiograma, raio-X, endoscopia nasal e laríngea e hemograma). As inovações, acredita, farão sucesso com os pacientes, que já aprovaram a qualidade do serviço. “Até hoje recebemos cinco estrelas em todas as consultas efetuadas”, orgulha-se. Com atuação em Brasília, São Paulo e Goiânia, o Dokter concentra mais de 400 médicos cadastrados em diversas especialidades e iniciou suas atividades em fevereiro deste ano. A grande inspiração para o seu surgimento foi a demora em um hospital particular. “Levei mais de cinco horas para ser atendido”, relata Dr. Marco Antonio Venturini de Barros, criador do aplicativo. Assim como o Beep Saúde, o app só oferece consultas por enquanto, mas está “em conversas avançadas para disponibilizar exames, vacinas e outros profissionais da saúde”, segundo seu criador. Para aprovar o aplicativo junto ao CFM, os criadores de aplicativos observam as mudanças propostas pelo órgão. De acordo com Fábio Tiepolo, no caso do Docway, por exemplo, foi a possibilidade de continuidade do atendimento. “Dessa forma, o médico consegue fidelizar seu paciente. Também instituímos o prontuário eletrônico, para que o médico o consulte e o paciente receba por e-mail”, cita. Os aplicativos também mantêm um canal aberto junto ao CFM para a regulamentação do serviço. Segundo o Dr. Venturini de Barros, o app não fere nenhum dos artigos do Código de Ética Médica. “Pelo contrário, seguimos à risca os preceitos éticos e morais da profissão”, atesta. 36 | VOX Otorrino

“Temos mais de 400 médicos de diversas especialidades cadastrados. Tive a ideia quando levei mais de cinco horas para ser atendido em um hospital particular” Marco Antonio Barros

“O aplicativo é uma resposta à tendência mundial de consumo on-demand, e não concorre com a Saúde suplementar. Trabalhamos em harmonia com as seguradoras” Alan Ungierowicz


Q ualidade de vida

Uma relação de

amor com o mar Adepto do surfe desde a infância, o Dr. Marco Antonio Turzino Signorini mostra que é possível conciliar Medicina, família e a paixão pelas ondas perfeitas Por Carol Herling | Foto: Arquivo pessoal

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udo começou aos sete anos. Foi com essa idade que o otorrinolaringologista Marco Antonio Tuzino Signorini, hoje com 35 anos, entrou no mar pela primeira vez acompanhado de uma prancha. Desde então, nunca mais largou o esporte. Iniciado no surfe nas praias de Peruíbe, o Dr. Marco Antonio logo mudou-se para Santos onde era “local” e morou pertinho da praia até os 16 anos. Nessa época, ele acredita ter surfado “todos os dias”, chegando a treinar com um técnico, competir e até a pensar em se profissionalizar. Mas, o chamado da Medicina falou mais alto, e após a mudança para Presidente Prudente (onde se graduou pela Unoeste), nunca mais morou de frente para o mar. Focado em construir uma carreira dedicada à Otorrinolaringologia, as ondas acabaram em segundo plano – não por muito tempo. “Não consigo ficar muito tempo sem surfar, minha relação com o mar é muito forte”, explica. Enquanto não está às voltas com seus pacientes ou se dedicando à família, o Dr. Marco Antonio sai em busca de ondas perfeitas. Os “picos” que mais frequenta atualmente são Maresias e Guarujá. Contudo, quando tem um tempo ou mesmo quer fugir do crowd, faz as malas e se manda para alguma praia brasileira mais distante (como Fernando de Noronha) ou mesmo para o outro lado do mundo. Como muitos surfistas, ele argumenta que “quem surfa lá fora dificilmente surfa de novo no Brasil”, e seguindo essa lógica, já foi para a Indonésia, em uma viagem que pode levar 34 horas. “Fico pelo menos duas semanas, hospedado em um barco, e viajo com uma turma grande, de 8 a 10 pessoas, com direito a cinegrafista”, descreve. O gosto pelas viagens começou aos 15 anos, quando fez um intercâmbio nos Estados Unidos. “Fui estudar em Santa Barbara, um local bem legal para o surfe, com ondas fantásticas. Aproveitei para surfar toda a costa da Califórnia. Na verdade, sempre tenho uma desculpa para surfar”, comenta. A “desculpa” pode ser até mesmo um congresso ou evento médico: já carimbou o passaporte na Espanha (quando foi para Maiorca dar um curso de Rinoplastia) e aproveitou as ondas da Flórida (quando foi a um congresso

Dr. Marco Antonio Tuzino Signorini em seu consultório

nos Estados Unidos). Se tem companhia, então, a diversão é garantida. “Procuro aproveitar os congressos próximos das praias. Tenho dois colegas médicos que são parceiros, até já levei os residentes para surfar”, conta. A próxima viagem já está planejada: será para as Ilhas Maldivas, e acontecerá quando os filhos estiverem um pouco maiores. “Ficarei num resort que só recebe oito surfistas por vez, com uma praia particular repleta de ondas alucinantes. Pretendo levar minha família em uma outra oportunidade, pois minha filha de 3 anos já surfa”, orgulha-se. Enquanto não chega a hora de fazer as malas, ele aproveita para recomendar a prática – inclusive para os pacientes. “Tenho várias fotos das “trips” em meu consultório, os pacientes adoram. Para quem não pode ir à praia, recomendo a natação, pois eu mesmo sou praticante. Costumo nadar duas vezes por semana para manter o preparo físico e cair com tudo no mar. Só de sentir a água salgada na cabeça dá uma sensação de bem-estar muito grande, que repercute em meu dia a dia profissional”, garante. Quando questionado se trocaria a Medicina pela prática exclusiva do surfe, o Dr. Marco Antonio é categórico: “Definitivamente, não. Sou cirurgião, e operar me dá muito prazer. Na verdade, é um pouco difícil separar as coisas, pois a Medicina e o surfe são viciantes, é difícil ficar sem depois que se começa”. VOX Otorrino | 37


Educa ção Continuada

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Lições em 50 anos de uvulopalatofaringoplastias

Dr. José Antonio Pinto Diretor do Núcleo de Otorrinolaringologia, Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Medicina do Sono de São Paulo

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entro da evolução das técnicas cirúrgicas no tratamento da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) nos últimos anos, a uvulopalatofaringoplastia (UPFP) continua sendo o procedimento mais comum. Desde que Ikematsu, no Japão, há 50 anos, desenvolveu um procedimento cirúrgico para tratar o ronco, reduzindo o contorno do palato mole e da úvula, com 80% de melhora1, muitas técnicas foram desenvolvidas. Quesada e Perelló (1977), na Espanha, introduziram a Ressecção Parcial de Palato (RPP), técnica mais agressiva, que é considerada o primeiro método sistematizado de UPFP. Contudo, publicada em língua latina, teve pouca difusão2. Fujita, em 1981, nos Estados Unidos, publicou em inglês a técnica da UPFP, modificando o procedimento original de Ikematsu, gerando grande entusiasmo entre os otorrinolaringologistas3. Muitos procedimentos cirúrgicos surgiram tentando maximizar os resultados com grandes variações de taxas de sucesso. Fujita(1984), já demonstrava que metade dos pacientes submetidos a UPFP não apresentavam bons resultados devido a diferentes níveis anatômicos de obstrução4. Rilley et al (1993), descreveram o conceito cirúrgico de níveis múltiplos em 239 pacientes apresentando 93,3% (223) com obstruções em vários níveis, tipo 2 (oro e hipofaringe) e somente 16 pacientes (6,7%) tinham obstrução em um único nível5.

Sher et al (1996), em uma meta-análise de casos não selecionados tratados com UPFP de 1996 a 1993, demonstraram que somente 40,79% tiveram sucesso cirúrgico definido como 50% de redução do IAH6. Senior et al (2000), consideraram que muitos pacientes pioravam após a UPFP7. Comparando os resultados clínicos de sucesso ou falha da UPFP, Friedman (2002) estabeleceu um sistema clínico de estadiamento para a seleção de pacientes que se beneficiariam com a UPFP como procedimento único e aqueles que necessitariam de tratamento adicional, usualmente envolvendo hipofaringe e base de língua. O sistema é baseado em três achados clínicos: posição do palato, tamanho das amígdalas e índice de massa corporal (IMC)8. De acordo com essa seleção, no estádio I os pacientes se beneficiariam com a UPFP isolada, enquanto que nos estádios II e III necessitariam de tratamento adicional para a hipofaringe. Múltiplas técnicas foram desenvolvidas para avaliar a obstrução de VAS e atualmente a sonoendoscopia (DISE: drug-induced sleep endoscopy) é considerado o melhor método para identificar áreas específicas de colapso e, assim, planejar um tratamento efetivo (Croft & Pringle, 1991, Abdullah et al , 2003)9,10. Com essa nova visão, a cirurgia isolada da UPFP tornou-se menos frequente e procedimentos combinados adjuntivos em múltiplos níveis têm sido mais utilizados. Lin et al (2008) reviram 49 artigos sobre cirurgias em múltiplos níveis (1.978 pacientes) com taxa de sucesso de 66,4%11.

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Educa ção Continuada

Diferentes técnicas de UPFP têm sido descritas nos últimos anos, mudando o conceito de ressecções palatais agressivas para cirurgias palatais reconstrutivas, melhorando a função por alteração da forma. Mais do que essas técnicas tradicionais, que simplesmente removiam tecidos, esses novos procedimentos envolvem reconstrução dos tecidos faríngeos de VAS, modificando as anomalias estruturais e melhorando a forma e a função. Desde as modificações de Fairbanks (1987), maximizando a lateralização dos pilares faríngeos posteriores, aumentando as dimensões laterais da via aérea orofaríngea, um grande número de técnicas de UPFP têm sido criadas com os mesmos princípios12. Os mais recentes procedimentos incluem: faringoplastia com avançamento palatal (1993), “flaps”uvulopalatais (1996), faringoplastia lateral (2003), zetafaringoplastia (2004), faringoplastia expansiva (2007), faringoplastia por recolocação (2009) e muitos outros13-18.

Referências 1. Ikematsu T. Study of snoring, fourth report. Therapy Japan. J. Oto-Rhino-Laryngol 1964;64:434-5. 2. Quesada P, Pedro-Botet J, Fuentes E, Perelló E. Resección parcial del paladar blando como tratamiento del síndrome de hipersomnia y respiración periódica de lós obesos. ORL Dips. 1977;5:81-8. 3. Fujita S, Conway W, Zorick F, Roth T. Surgical correction of anatomic abnormalities in obstructive sleep apnea syndrome: uvulopalatopharyngoplasty. Otolaryngol. Head Neck Surg. 1981;89:923-34. 4. Sher AE, Schechtman KB, Piccirrillo JF. The efficacy of surgical modifications of the upper airway in adults with obstruction sleep apnea syndrome. Sleep. 1996;19:156-77. 5. Riley RW, Powell NB, Guilleminault C. Obstructive sleep apnea syndrome: a review of 306 consecutively treated surgical patients. Otolaryngol. Head Neck Surg. 1993;108:117-125. 6. Fujita S. UPPP for sleep apnea and snoring. Ear Nose Throat J. 1984;63:227-35. 7. Senior BA, Rosenthal L, Lumley A et al. Efficacy of uvulopalatoplasty in unselected patients with mild obstructive sleep apnea. Otolaryngol. Head Neck Surg. 2000;123(3):179-182. 8. Friedman M, Ibrahim H, Bass I. Clinical staging for sleep-disordered breathing. Otolaryngol. Head Neck Surg. 2002;127:13-27.

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Essas novas técnicas oferecem melhores resultados sobre os métodos tradicionais de UPFP, em pacientes selecionados Friedman II e III com colapso da parede lateral da faringe. O estadiamento de Friedman identifica a língua e o tamanho das amígdalas palatinas, mas não as variadas formas da velofaringe que devem ser tratadas de acordo com sua configuração anatômica. O lúmen da orofaringe dos pacientes com SAOS são mais elípticos e achatados e mais facilmente colapsáveis. Tais técnicas cirúrgicas inovadoras remodelam a faringe estreitada, avançando o palato mole e incisando as paredes laterais faríngeas, alargando seu lúmen e diminuindo o colapso. Baseado nesses novos conceitos cirúrgicos, a UPFP isolada deve ser realizada com menor frequência, fazendo parte na maioria das vezes de uma abordagem multinível, de acordo com as necessidades do paciente.

9. Croft CB, Pringle M. Sleep nasendoscopy: a technique of assessment in snoring and obstructive sleep apnea. Clin. Otolaryngol. 1991;16:377-82. 10. Abdullah VJ, Wing YK, Van Hasselt CA. Video sleep nasendoscopy: the Hong Kong experience. Otolaryngol. Clin. North. Am. 2003;23:461-71. 11. Lin HC, Friedman M, Chang HW et al: Efficacy of multilevel surgery of the upper airway in adults with obstructive sleep apnea/ hypopnea syndrome. Laryngoscope 2008;118:902-908. 12. Fairbanks DNF. Method of Fairbanks. In: Snoring and obstructive sleep apnea. New York: Raven Press; 1987:160-167. 13. Woodson BT, Toohill RJ Transpalatal advancement pharyngoplasty for obstructive sleep apnea. Laryngoscope. 1993;103(3):269-276. 14. Powell N, Riley R, Guilleminault C, Troell R. A reversible uvulopalatal flap for snoring and sleep apnea syndrome. Sleep.1996;19(7):593-599. 15. Cahali MB. Lateral pharyngoplasty: a new treatment for obstructive sleep apnea hypopnea syndrome. Laryngoscope 2003; 13:1961-1968. 16. Friedman M, Ibrahim HZ, Vidyasagar R, Pomeranz J. Z-palatoplasty (ZPP): a technique for patients without tonsils. Otolaryngol. Head Neck Surg. 2004;131:89-100. 17. Pang KP, Woodson BT. Espansion sphincter pharyngoplasty: a new technique for the treatment of obstructive sleep apnea. Otolaryngol. Head Neck Surg. 2007;137:110-114. 18. Li HY, Lee LA. Relocation pharyngoplasty for obstructive sleep apnea. Laryngoscope. 2009;119: 2472-2477.


C ooperativismo

Otorrinos do Ceará unem forças no cooperativismo

Força perante os convênios e tratamento igualitário são algumas vantagens apontadas por quem já aderiu à ideia Por Carol Herling | Foto: Divulgação

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que os otorrinos jovens estejam atentos a essa tendência. “O Ceará conta com 30 cooperativas de saúde, que cooperativismo veio para ficar, não só para os médicos mais reúnem mais de 24 mil associados e geram mais de 3 mil empregos diretos. Os otorriexperientes, como também para os mais jovens. O nolaringologistas cearenses contam com duas Dr. Jorge Evandro tem apenas 33 anos e entende que é importante pensar no futuro”. cooperativas: a Coorlece (Cooperativa de Otorrinolaringologia do Ceará), que congrega os especialistas, e a CooperatiABORL-CCF participa do Conva de Endoscopia do Ceará (Coopend), gresso Norte-Nordeste que reúne os médicos especializados em A ABORL-CCF esteve presente, no Endoscopia Digestiva e Respiratória. dia 2 de setembro, no Congresso NorteSegundo o Dr. Jorge Evandro Cor-Nordeste, sendo representada pelo seu reia Filho, antes das cooperativas, os otorpresidente, Dr. Domingos Tsuji, e pelo rinolaringologistas do Ceará estavam suDr. Marcio Fortini, ex-presidente e atual jeitos aos convênios. “Éramos submetidos aos membro do Comitê de Defesa Profissional. Eles Dr. Jorge Evandro valores que eles queriam nos pagar, e eram eles participaram de uma mesa redonda que discutiu o Correia Filho que determinavam qual médico poderia entrar no cooperativismo regional. A reunião também contou plano”, relata. Em sua opinião, o cooperativismo fez com com as presenças do Dr. Gustavo Sá (membro do Comitê de que os otorrinos cearenses unissem forças e conquistassem Ética Medica e Defesa Profissional da Sociedade Otorrinolaposição de igualdade. “O cooperativismo só aumentou a ringológica Norte-Riograndense), do Dr. Marcelo Cascudo força do otorrino perante os convênios, pois agora temos o (ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardíaca e poder de cobrar o valor justo pelos procedimentos”. atual presidente da COOPMED-RN), do Dr. Áureo Borges Na percepção do Dr. Jorge Evandro, os hospitais das loca(membro do Comitê de Ética Médica e Defesa Profissional lidades que não contam com cooperativas têm pouco interesse da Sociedade de Otorrinolaringologia Norte-Riograndense e nas cirurgias otorrinolaringológicas. “Nossa experiência mostra ex-membro da Comissão Gestora do Núcleo de Otorrinolaque, nesses locais, quem vai operar tem que levar todo o materingologia da COOPMED-RN), do Dr. Marco Lima (presirial. Agora, quem é cooperado sente que a cooperativa tem um dente do CRM/RN), do Dr. Fernando Pinto (ex-presidente poder sobre o hospital. Como cooperados, temos acesso a dida Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e exversas vantagens de negociação e de defesa jurídica, sem contar -presidente da COOPMED-RN) e do Dr. Rogério Brandão os dois treinamentos por ano que os funcionários dos consul(fundador da cooperativa de otorrinolaringologistas de Campina tórios têm direito”, afirma. Ele também cita como vantagens a Grande). A troca de experiência entre líderes de diferentes espetransparência – “São realizadas reuniões periódicas, onde todos cialidades e cooperativas foi muito rica, e todos os participantes, podem acompanhar o que é feito” – e o auxílio em questões incluindo o Dr. Domingos Tsuji, foram unânimes em afirmar burocráticas, como as glosas. que o cooperativismo regional é a forma mais eficaz e correta de O especialista acredita que o cooperativismo é o futuro da lutar por melhores condições de trabalho. “Fiquei muito conclasse médica brasileira. “Se todos estiverem no mesmo barco, tente em perceber que muitos colegas de diferentes regiões do será muito melhor. Para mim, o ponto mais positivo que eu país estão cada vez mais entusiasmados e engajados em constituir vejo no cooperativismo é que não há discriminação entre os cooperativas locais. Agora tenho certeza de que este é o caminho médicos, todos são tratados de forma igual”, diz. Para o Dr. a seguir e que a ABORL-CCF estava certa quando se propôs a Domingos Tsuji, presidente da ABORL-CCF, é importante estimular o cooperativismo regional” afirma VOX Otorrino | 41


HumORL

Churrasco no sítio E

stávamos formados já há uma boa quantidade de tempo quando fizemos uma festa em Porto Alegre. Fazia parte de uma tradição iniciada no ano seguinte à nossa formatura. Todos os anos alguém organizava e de cinco em cinco era obrigatoriamente em Santa Maria. Se não me falha a memória, houve um jantar num restaurante da capital e, no dia seguinte, um churrasco no sítio do Paulinho, lá pelas bandas de Viamão. O trajeto era meio complicado e o Paulo, desconfiando que não éramos assim experts em trânsito rural, teve a ideia de fazer um mapinha, para o pessoal não se perder naquelas paragens (entenda-se que ainda não existia o GPS). À noite, durante o jantar, ele distribuiu o documento e deu mais algumas informações para que ninguém se perdesse. Quando entregou para o Queruz, aquele olhou bem, voltou a olhar, fez-se um silêncio na sala esperando uma reação mais forte, até que o colega, por fim, fez um pequeno comentário: - Eu já estive num lugar assim. Me parece que era a casa do Tarzan.

Por José Seligman 42 | VOX Otorrino




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