Adolescentes - Uma proposta voltada a pastores e líderes | André Tavares

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)

Tavares, André.

T231a Adolescentes: uma proposta voltada a pastores e líderes / André Tavares. – Curitiba, PR: A.D. Santos Editora, 2023. 16 x 23 cm

Inclui bibliografia

ISBN 978-65-89636-41-0

1. Evangelização.

CDD 248.4

Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422

1ª edição – janeiro de 2023.

Proibida a reprodução total ou parcial por quaisquer meios a não ser em citações breves, com indicação da fonte.

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2. Liderança cristã. 3. Vida cristã. I. Título.

Dedico este livro ao meu Deus. Ele é a razão de todo este projeto literário que visa o crescimento da Sua igreja. Sem Ele eu não teria capacidade para desenvolver este trabalho.

Agradecimentos

Àminha esposa Cássia; ela foi o incentivo para que eu chegasse até o fim deste projeto. Ela foi a minha grande encorajadora, não só como a minha melhor metade, mas também como psicóloga talentosa que é.

À Igreja Batista do Bacacheri, na pessoa do pastor Roberto Silvado, que me proporcionou a oportunidade de trabalhar com a juventude da igreja. Foi a partir desse ministério tão maravilhoso que o desejo de vê-los crescer gerou a necessidade de registrar e desenvolver literatura para Pequenos Grupos Multiplicadores de adolescentes.

À minha equipe de ministros, que juntamente comigo, arduamente investiram e labutaram, executando as práticas de Pequenos Grupos ao recebermos a visão do alto, de como trabalhar com excelência para o bom andamento do ministério.

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Aadolescência é uma fase de intensa mudança na busca da autoafirmação para a formação integral da pessoa, o que assegura a essa fase um olhar atento e investigativo sobre as dimensões do desenvolvimento e também de ações práticas que visem atender essas especificidades. Neste sentido, este livro se debruça sobre o estudo da adolescência, a partir das dimensões do desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e espiritual, visando, assim, embasar a prática ministerial direcionada a este público-alvo.

A ideia é que a prática ministerial esteja firmada na estrutura e organização dos Pequenos Grupos Multiplicadores de adolescentes –PGMs. Para tal intenção, o livro objetiva a construção de um projeto missional direcionado ao ministério de adolescentes na faixa etária dos 14 aos 17 anos. Isso porque compreende-se que os PGMs devem funcionar como ferramentas de incentivo e aprimoramento do desenvolvimento e das características positivas dos adolescentes, à medida que tecem e elencam estratégias de enfrentamento dos desafios que são frequentes nessa faixa etária. Para tal fim, a questão da investigação parte da seguinte pergunta: de que forma é possível desenvolver uma prática significativa e relevante com PGMs de adolescentes, elegendo como fundamentos principais do trabalho o evangelismo, o louvor e a adoração e o pastoreio mútuo? A metodologia da pesquisa adotada tem cunho bibliográfico e explicativo. O primeiro, a partir da seleção e eleição de aportes teóricos que possibilitaram a construção do arcabouço sobre a temática investigada; e o segundo, como elemento indispensável na constituição

9 Apresentaça ~ o

e compreensão do fenômeno, objeto da pesquisa. Neste livro, ainda, são projetadas possibilidades práticas de cuidado com o próximo, cuja finalidade destina-se ao exercício da adoração verdadeira, à prática do evangelismo e ao pastoreio mútuo, elementos essenciais para a construção da maturidade da fé ora abraçada. Como objetivo final desta investigação são propostas orientações práticas para o trabalho a ser desenvolvido em PGMs com adolescentes a partir de uma publicação de um material pedagógico. Essas orientações são pautadas no interior de um projeto missional, que contemple as dimensões do desenvolvimento e ainda as ações de evangelismo, adoração e pastoreio. Não se tem a pretensão de tornar o livro um modelo fixo a ser seguido, mas uma possibilidade que pode ou não ser usada como referência na implantação de PGMs destinados a adolescentes que são parte integrante e ativa de comunidades eclesiásticas.

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Prefácio

Oato de apresentar o livro do André, Mestre em Teologia e Pastor, está envolvido em dois sentimentos: gratidão e responsabilidade. Gratidão pela amizade, consideração e pelo reconhecimento atribuído, pois isso envolve confiança diante da análise efetivada sobre as ideias que foram desenvolvidas e apresentadas. E responsabilidade porque requer uma análise teórico-prática sobre o texto ora produzido.

Falar do conteúdo do livro é uma maneira de chamar atenção para um ministério que precisa ganhar espaço no contexto de comunidades eclesiásticas – o Ministério com Adolescentes. Afinal, adolescer é uma etapa primordial para solidificar as bases da fé. É na adolescência que a fé é colocada à prova, por isso requer um trabalho sólido e significativo para responder as demandas e inquietações levantadas.

O Ministério com Adolescentes não pode ser considerado apenas como uma reunião social e de um grupo, visando tratar de assuntos que estão sendo veiculados na realidade pelos diferentes canais midiáticos. Antes, a proposta formativa precisa ter objetivos claros e finalidade bem definida. Por isso não se pode pensar nesse Ministério ausente de planejamento, de pessoas e de relacionamentos.

Quando se pensa em uma proposta formativa para qualquer idade no âmbito de comunidades eclesiásticas, o que está em evidência é o futuro da Igreja, ou seja, a maneira como ela ensinará os conhecimentos

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afetos à vida cristã. É claro que quando se fala de vida cristã, não a está reduzindo ao plano religioso, mas a vida em sua plenitude.

Os conhecimentos são a base de sustentação de uma proposta formativa, seja em qualquer espaço em que ela é materializada, por isso, não se pode efetivá-la de maneira impositiva, irresponsável, descomprometida e desvinculada da vida. A vida não apenas integra a formação, mas lhe dá substância e propósito. A vida significa as relações estabelecidas, porque possibilita a troca de experiências e vivências.

A Igreja ao olhar para o adolescente em sua integralidade, expressa em sua atitude uma maneira de respeitar o seu desenvolvimento em processo de maturação, acreditando em suas capacidades, habilidades e potencialidades. É, ainda, um jeito de pensar na sua formação comprometida com os valores do Reino, os quais serão aplicados no dia a dia, tendo em vista que viver os princípios e os valores torna-se uma marca distintiva de sua identidade.

A partir deste entendimento, reconhece-se que, este livro de uma maneira direta e profunda, mas de uma escrita leve, apresenta o adolescente a partir das etapas de seu desenvolvimento. Aborda sobre mudanças que podem afetar a constituição de sua identidade e personalidade, assim como suas escolhas e decisões. Por esse motivo, se faz necessário pensar em uma proposta formativa que acolha tal desenvolvimento e que promova o engajamento e o comprometimento com o Reino.

Uma das escolhas metodológicas apresentadas direciona-se para o trabalho a ser efetivado nos pequenos grupos. A partir deles é possível promover um diálogo aberto, franco e que possibilita a mediação e a intervenção. Afinal, o pequeno grupo tem como intenção o caminhar e o aprender juntos. Caminhar e aprender juntos porque existem nestes dois processos a necessidade de desenvolver relacionamentos saudáveis e significativos.

É no espaço dos pequenos grupos que as dúvidas aparecem, assim como os pontos de vista acerca de tal temática, situação ou problema.

É nesse espaço que é preciso trazer luz sobre as inquietações geradas,

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tendo como ponto de partida os princípios contidos na verdade revelada. É claro que nem todos os temas que são observados no cenário social foram tratados pelas Escrituras, mas os princípios bíblicos que ali são apresentados, podem ser sim utilizados para esclarecer ou tornar possível o entendimento e a compreensão sobre um fato ou fenômeno.

O trabalho a ser efetivado com os pequenos grupos pode ser considerado uma estratégia de ensino e aprendizagem. Afinal, ensina-se em interação e aprende-se por meio de apropriações que foram comunicadas e significadas na vida. Ensinar e aprender são dois processos formativos que precisam ser considerados continuamente no contexto de comunidades eclesiásticas.

A relação entre ensino e aprendizagem tornam-se próximas quando elas são vivenciadas e podem ser transformadas em relatos de experiência. Se fosse pedido para atribuir um método de pesquisa a este livro, com certeza seria pelo caminho do relato de experiência. É por esse motivo que esta obra é tão singular, inovadora e significativa. Porque ela não fala apenas de teorias esvaziadas da prática. Antes, ela articula os dois momentos imprescindíveis à formação: teoria e prática.

André conjuga com maestria os campos da teoria e da prática. Na primeira parte, apresenta os fundamentos que sustentam os seus argumentos, evidenciando-os na reflexão tecida sobre o seu objeto de investigação: os adolescentes. No campo prático, ele apresenta como é possível trabalhar de maneira envolvente e planejada com os adolescentes, por meio de ações refletidas e compartilhadas por uma equipe. A equipe dá suporte à liderança ministerial. Com André aprende-se que não é possível estar à frente de um Ministério de Adolescentes sozinho. É preciso ter ajuda colaborativa de uma equipe treinada, comprometida e que nutre afeição pelos adolescentes. Essa equipe não faz pré-julgamentos, mas está ali para dar apoio integral ao líder e aos liderados. A constituição de uma equipe é um passo de excelência para atingir os objetivos propostos.

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Ao ler esta obra, você estará preparado para olhar a sua realidade e projetar ações que possam ser significativas e assertivas. Afinal, a ideia não é engessar um processo de formação e constituição de um Ministério, mas relatar o que no Ministério de Adolescentes foi aplicado e como foi aplicado.

Na obra é possível identificar que a finalidade a ser buscada se encontra alicerçada em três áreas: adoração, evangelismo e pastoreio mútuo. Isso indica que as ações projetadas são efetivadas para alcançar tal propósito formativo, por isso no espaço do ensino e aprendizagem é preciso identificar aonde se quer chegar e que instrumentos, metodologias e recursos serão utilizados neste intento.

Convido você à leitura deste livro, porém, o faça refletindo nas ações e práticas apresentadas, ao mesmo tempo em que possa dar espaço para criar, inovar e descobrir alternativas para o seu contexto ministerial. Você poderá ser surpreendido com ideias de impacto e que farão toda a diferença na vida daqueles que são alvos do seu ministério.

No mais, desejo que este livro possa produzir inquietações e desejo de mudança, reconhecendo sempre que o ato do ensino é essencial para o processo formativo, principalmente quando ele está associado à Palavra de Deus, que traz novidade de vida e transformação de mente e coração. Que Deus abençoe sua vida e seu ministério!

Dra. Gleyds Silva Domingues Pós-doutora em Educação e Religião, Professora e Escritora.

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15 Sumário Agradecimentos 7 Apresentação 9 Prefácio 11 Introdução 17 1. A ADOLESCÊNCIA E AS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO FÍSICO, EMOCIONAL, COGNITIVO E ESPIRITUAL 25 1.1 Conceito e Definições de Adolescência 28 1.2 A Influência do Desenvolvimento Físico 36 1.3 Desenvolvimento Emocional 50 1.4 Desenvolvimento Cognitivo 64 1.5 Desenvolvimento Espiritual 71 2. LOUVOR E ADORAÇÃO, EVANGELISMO E PASTOREIO NO PEQUENO GRUPO MULTIPLICADOR – PGM 79 2.1 A Estrutura do PGM 83 2.1.1 O Pastor de Rede 84 2.1.2 O Coordenador de Área 87 2.1.3 O Supervisor 91 2.1.4 O Líder 94 2.2 Tripé do PGM 99 2.2.1 Louvor e Adoração 99 2.2.2 Evangelismo 101
16 2.2.3 Pastoreio mútuo 107 2.3 Formação de Líderes 110 2.3.1 A vida do líder e o exemplo de Cristo 113 2.3.2 A importância de um líder multiplicador 115 2.3.3 Relacionamento discipulador 117 2.4 Multiplicação 118 3. ORIENTAÇÕES PRÁTICAS: ESTRATÉGIAS E DINÂMICAS PARA OS PGMs DE ADOLESCENTES 127 3.1 Perfil do Adolescente 129 3.1.1 Faixa Etária 130 3.1.2 Afinidade 131 3.1.3 Localidade 132 3.1.4 Sexo 133 3.2 Estratégias e Dinâmicas Para o PGM 134 3.2.1 O papel do Conselheiro de PGM de adolescentes 135 3.2.2 O Protagonismo dos Adolescentes no processo de liderança 139 3.2.3 Supervisor 139 3.3 Dinâmicas para PGMs de Adolescentes 141 3.3.1 Oficinas 141 3.3.2. Vestibulando 142 3.3.3 A Benção dos pais 144 3.4 Ações Voltadas ao Adolescente 148 3.4.1 Louvor e Adoração 148 3.4.2 Evangelismo 149 3.4.3 Pastoreio Mútuo 150 3.5 Projeto de Implantação de PGMs de Adolescentes 157 Considerações Finais 173 Referências 177

Introduça ~ o E

ste livro tem como finalidade o estudo sobre a estrutura e a organização de pequenos grupos, direcionados ao ministério de adolescentes em comunidades eclesiásticas, buscando a efetivação de um projeto missional direcionado à prática do louvor e da adoração, do evangelismo e do pastoreio mútuo. A descrição desta prática será apresentada em dois planos. No primeiro contemplará de um modo mais geral as temáticas associadas ao tripé dos Pequenos Grupos Multiplicadores – PGMs; e no segundo a discussão será mais específica, uma vez que o objeto da pesquisa gira em torno da fase da adolescência compreendida na faixa etária entre 14 e 17 anos.

Ressalta-se que a eleição dos PGMs se deve ao contexto de atuação do pesquisador, ou seja, a comunidade eclesiástica, por ser o PGM, nesta comunidade, a realidade vivida como prática de desenvolvimento da visão discipular, que dinamiza todo o sentido de ser de um pequeno grupo, distanciando-se, portanto, de outras concepções e enfoques associados ao crescimento e desenvolvimento de igrejas presentes nos movimentos denominados “Igrejas em células”, “MDA” ou “G12”.1 Esses movimentos não serão objetos de análise neste livro, quer seja histórica ou comparativamente.

O tema sobre a necessidade de implantação de PGMs com adolescentes foi também escolhido, devido à inserção do pesquisador no con-

1 Apesar de citar os grupos associados a crescimento e desenvolvimento de igreja: Igreja em célula, MDA e G12, a proposta apenas elegeu os PGMs por ser ela a que se configura no contexto das Igrejas Batistas.

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Adolescentes - Uma proposta voltada a pastores e líderes

texto ministerial direcionado a essa faixa etária que é delimitada entre 14 e 17 anos. A inserção ministerial do pesquisador implica em não apenas desenvolver um trabalho direcionado a esse público-alvo, mas compreender melhor a fase da adolescência, quer seja na sua riqueza de conceitos, quer seja na complexidade, que diz respeito ao seu desenvolvimento, decisões e desafios.

Reconhece-se, porém, que segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, a adolescência compreende os maiores de 12 anos até os 18 anos incompletos, porém esse não foi o critério de eleição adotado, mas a divisão etária que é praticada na comunidade eclesiástica integrada pelo pesquisador para o ingresso dos menores no Ministério de Adolescentes.

O livro tem a intenção de viabilizar um projeto missional a ser implantado e implementado por meio do PGM com adolescentes e que por esse motivo já se apresenta com especificidades próprias, quer na dimensão do desenvolvimento, quer na construção de expectativas, referências, sonhos, ideias que lhe ajudam no processo de crescimento e maturidade relacionadas à prática de fé. A motivação para efetivação desta pesquisa é, ainda, um item a ser destacado, visto que se considera de suma importância a tentativa de aproximar a prática ministerial dos sujeitos adolescentes. Proposta que parte da hipótese que quanto mais se faz um trabalho ministerial significativo com os adolescentes, isso poderá contribuir com a formação de adultos saudáveis, física, espiritual, cognitiva e emocionalmente.

Proposta que parte da hipótese que quanto mais se faz um trabalho ministerial significativo com os adolescentes, isso poderá contribuir com a formação de adultos saudáveis, física, espiritual, cognitiva e emocionalmente.

É preciso esclarecer que a proposta de implantação de um projeto missional, parte da compilação de ideias que foram pensadas e arquitetadas no decorrer do exercício ministerial e que são frutos de tentativas, que visam buscar o

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acerto e minimizar os erros, visto que as ideias precisam ser revisitadas e ressignificadas, de acordo com os desafios e as perspectivas geradas no interior dos PGMs de adolescentes.

O objetivo maior a ser perseguido no âmbito da investigação é trazer ao universo desta faixa etária uma forma de engajamento que reflita em ações práticas de cuidado com o próximo, conduzindo-os à expressão do louvor e da adoração verdadeiros, à prática do evangelismo e do pastoreio mútuo, que são elementos essenciais para a construção da maturidade da fé, que é percebida aqui como o resultado de um processo de crescimento e desenvolvimento que se fundamenta numa prática de vida estabelecida nos princípios eternos, os quais sustentam as habilidades de ser, sentir, fazer e agir das pessoas que abraçaram uma cosmovisão2 cristã evangélica.

Considera-se, ainda, que a fase da adolescência é uma etapa de transição entre a infância e a idade adulta, tendo como base as transformações de caráter biológico, mudanças psicológicas e sociais até atingir a maturidade (PERES, ROSENBURG,1998, p. 56). Esse olhar para a fase da adolescência se estabelece a partir das definições apresentadas pelos estudiosos da área, assim como pelo que se institui na legislação brasileira e nos dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

O Censo de 2010, no tocante à fase da adolescência, informou que a faixa etária entre 10 (dez) e 19 (dezenove) anos tinha superado os 34 milhões, representando 18% da população do Brasil (IBGE, 2010). Essa faixa etária, é uma parcela significativa da sociedade brasileira. Portanto, a representatividade deste público em relação ao resto da população e a sua característica de transição à vida adulta, faz com ele seja de interesse deste estudo de pesquisa.

2 Cosmovisão pode ser definida como “um conjunto de crenças sobre as questões mais importantes da vida [...] é um esquema conceitual pelo qual, consciente ou inconscientemente, aplicamos ou adequamos todas as coisas em que cremos, e interpretamos e julgamos a realidade”. (NASH, Ronald H. Cosmovisões em Conflito: escolhendo o cristianismo em um mundo de ideias. Brasília, DF: Monergismo, 2012. p. 25).

Introdução 19

Adolescentes - Uma proposta voltada a pastores e líderes

Diante dos dados apresentados pelo Censo de 2010 é preciso reconhecer que existe a necessidade de tornar este tema mais conhecido pela população em geral, mas principalmente para aqueles que trabalham diretamente com esta faixa etária quer seja família, comunidades eclesiásticas, escola, organizações não governamentais, e outros espaços que estão envolvidos no processo da formação e do desenvolvimento dos adolescentes, o que torna essa pesquisa relevante por seu caráter contributivo com dados e informações a serem compartilhados com a realidade social. Afinal, o público adolescente, ao se tornar uma parcela significativa da população brasileira, precisa ser considerada e estudada com seriedade e responsabilidade.

Neste sentido, quero apresentar as orientações práticas para o trabalho a ser desenvolvido em PGMs com adolescentes na faixa etária dos 14 aos 17 anos em forma de material pedagógico. Essas orientações são pautadas na proposta de um projeto missional que contempla as dimensões do desenvolvimento e, ainda, as ações direcionadas à prática vivencial e relacional do evangelismo, da adoração e do pastoreio.

Para tal propósito são elencados os objetivos específicos que visam descrever as dimensões do desenvolvimento do adolescente, compreendendo suas transformações; apontar a relevância do evangelismo, da adoração e do pastoreio mútuo no trabalho a ser efetivado nos PGMs com adolescentes; e, por fim, propor orientações práticas de trabalho.

A pergunta que norteia essa investigação pauta-se na seguinte questão: de que forma é possível desenvolver uma prática significativa e relevante com PGMs de adolescentes, elegendo como fundamentos principais do trabalho o evangelismo, a adoração e o pastoreio mútuo?

A ideia a ser perseguida visa oportunizar uma prática eficiente que contemple não apenas as dimensões do adolescente, mas a forma como ele se relaciona com os seus pares e ainda com as autoridades, que nesse último caso, são constituídas por pessoas que exercem a liderança pastoral.

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Neste livro os três capítulos não são unidades fechadas e conclusivas das temáticas, antes intentam sinalizar sobre como essas temáticas são percebidas e constituídas na realidade social. Cabe ressaltar que os dois primeiros capítulos têm natureza conceitual acerca da temática, o que pode parecer, num primeiro momento, que estão desconectados devido à complexidade que se apresenta em sua produção. Isso, porém, é intencional pois o que se pretende é a articulação dos dois primeiros ao terceiro capítulo, o qual dará origem à proposta missional. Assim, o primeiro capítulo abordará sobre a adolescência e as etapas do desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e espiritual; o segundo tratará sobre o conceito de evangelismo, adoração e pastoreio no Pequeno Grupo Multiplicador – PGM; e o terceiro tentará tecer orientações práticas em forma de estratégias e dinâmicas a serem experimentadas no interior dos PGMs de Adolescentes, agregando os conhecimentos do primeiro e segundo capítulos.

A proposta missional a ser apresentada não é de forma alguma um modelo ideal e universal, mas uma possibilidade de trabalho a ser direcionado aos adolescentes de 14 a 17 anos. E como proposta a intenção é contributiva, não impositiva.

É preciso ainda ressaltar que a proposta missional fundamentada nos Pequenos Grupos Multiplicadores – PGMs não é perfeita, antes é possível ver que existem algumas lacunas, uma delas diz respeito ao próprio processo formativo que requer comprometimento e assiduidade dos sujeitos que estão envolvidos diretamente com a liderança dos PGMs, porém é necessário realizar o trabalho, apesar de reconhecer possíveis limitações.

Por fim, espera-se com este livro contribuir com as comunidades eclesiásticas e por extensão com a sociedade, a partir de um olhar mais aprofundado sobre PGMs com adolescentes. Essa é a intenção e a tentativa a ser perseguida.

Introdução 21

1 A ADOLESCÊNCIA E AS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO FÍSICO, EMOCIONAL, COGNITIVO E

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ESPIRITUAL

Adefinição de adolescência não é uniforme, assim como as faixas etárias que a compreendem. Neste sentido, o critério utilizado nesta abordagem não acompanha as faixas etárias discriminadas, mas a minha experiência na liderança do ministério destinado aos adolescentes, que compreende a faixa etária dos 14 aos 17 anos.

Para que possa implantar um PGM com adolescentes de 14 a 17 anos, faz-se necessário conhecer as fases de desenvolvimento humano. Na intenção de compreender sobre o objeto de investigação eleito “adolescência”. O presente capítulo aborda sobre essa fase, a partir da perspectiva que versa sobre os aspectos gerais do desenvolvimento, isso porque não se pode pensar a adolescência apenas como uma etapa da vida de efervescentes modificações, mas uma fase de afirmações, contradições e busca pela identidade. Sobre a busca de identidade é preciso ressaltar que o adolescente, em certo sentido, é atraído pelos seguintes fatores:

[...] busca de si mesmo e da identidade; tendência grupal; necessidade de intelectualizar e fantasiar; crises religiosas, que podem ir desde o ateísmo mais intransigente até o misticismo mais fervoroso; deslocalização temporal; evolução sexual manifesta; atitude social reivindicatória com tendências anti ou associais de diversa intensidade; contradições sucessivas em todas as manifestações de conduta, dominada pela ação, que constitui a forma de expressão conceitual mais típica deste período da vida; separação progressiva dos pais; e constantes flutuações de humor e do estado de ânimo. (FREITAS, 2005, p. 29)

Diante disso, pode-se deduzir que a fase da adolescência é marcada por transformações profundas que impactam a forma como esses sujeitos se encontrarão na fase adulta. Discutir sobre a adolescência torna-se um imperativo, visto ser um período de muitas instabilidades. Essas instabilidades são descritas desta maneira:

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Adolescentes - Uma proposta voltada a pastores e líderes

[...] a adolescência é um período vulnerável para muitos, pois é uma fase do desenvolvimento em que ocorrem mudanças físicas e psicológicas; é quando o indivíduo começa a tornar-se independente dos pais e dar mais valor aos pares; é também quando o indivíduo quer explorar uma variedade de situações com as quais ele ainda não sabe bem como lidar. Assim, um adolescente pode não saber ou não conseguir dizer não a um colega que ele admira. (SAPIENZA, PEDROMÔNIMO, 2005, p. 210)

Assim, os tópicos desenvolvidos neste capítulo versam sobre a discussão do período da adolescência e da apresentação de quatro dimensões do desenvolvimento (físico, emocional, cognitivo e espiritual), a partir de uma abordagem sobre os estágios evolutivos. Pondera-se, ainda, que este período pode ser decisivo na constituição da identidade do adolescente, devido aos contatos e as influências externas que ganharão maior relevância na sua vida, o que torna essa etapa de desenvolvimento uma prioridade a ser observada e assumida com muita seriedade pelas lideranças que atuam diretamente no interior de comunidades eclesiásticas, no exercício efetivo do trabalho ministerial.

1.1 Conceito e Definições de Adolescência

Ao buscar no latim a origem da palavra adolescência, verifica-se que ela se origina de adolescere, que significa desenvolver-se. Esta fase é compreendida dos 12 aos 20 anos, sendo praticamente, impossível precisar um limite universal para sua duração. É preciso enfatizar que até mesmo a fixação da faixa etária, que compreende a fase da adolescência, não é um tema fechado, existem variações e divergências. Por exemplo, o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, reza no artigo 2º que “Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até 12 (doze) anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 e 18 anos de idade”. (ECA, 1990, p. 1)

Para fins de delimitação, neste livro é considerada fase da adolescência, a faixa etária compreendida entre catorze aos dezessete anos de idade, visto que compreende uma etapa que não se configura como

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infância e nem juventude. Antes é percebida no entremeio entre estas duas etapas da vida humana.

O Instituto de Ação Social do Paraná – IASP (2006, p. 15), que agora atingiu a categoria de Secretaria de Estado, Secretaria de Estado da Criança e da Juventude, define o adolescente como aquele que deve buscar sua autonomia e responsabilidade de seus atos. Na publicação do Caderno Socioeducativo veiculada por essa Secretaria, o adolescente é definido como um [...] protagonista da sua própria história, deve passar de problema para a solução, o que implica em percebê-lo como fonte de iniciativa, de liberdade e de compromisso diante de seus atos e, também, em contar com sua participação em todas as etapas de resolução dos problemas, desde a análise da situação até a apropriação dos resultados. (MARTINS, PEIXOTO, 2010, p. 60)

Isso sinaliza que o próprio termo pode ter diferentes acepções quanto ao conceito e quanto à faixa etária, visto que parte dos estudos sobre a adolescência afirma que esse período não pode ser considerado hegemônico, ou seja, são identificados períodos/etapas distintas, assim explicitadas:

O Instituto de Ação Social do Paraná –IASP (2006, p. 15), que agora atingiu a categoria de Secretaria de Estado, Secretaria de Estado da Criança e da Juventude, define o adolescente como aquele que deve buscar sua autonomia e responsabilidade de seus atos.

Período Inicial (10 a 13 anos): marcado pelo crescimento e pela puberdade;

Período Médio (entre 14 e 16 anos): marcado pelo desenvolvimento do intelecto e pela identificação com grupos;

Período Final (17 a 20 anos): marcado pela consolidação das ideias e da identidade e pela proximidade e ingresso no mundo adulto.

Embora as etapas estejam definidas pelas faixas etárias, na realidade, são determinadas, também, mais pela experiência do que pela idade, mais pelo comportamento do que pela aparência e mais pelo significado interior do que pela avaliação exterior. Dessa forma, pode-se afir-

A Adolescência
Etapas do Desenvolvimento Físico, Emocional, Cognitivo e Espiritual 29
e as

mar que a adolescência ocorre com jovens entre 10-20 anos de idade. Surgida na Europa há mais de cem anos, é um período de constantes transformações: no corpo, na mente e na vida social, que serão detalhadas como aspectos físicos, sociais e psicológicos da adolescência. (IASP, 2006, p. 15)

A fase da adolescência é fascinante devido à multiplicidade de transformações que ocorrem em um curto período. Essas transformações refletem no processo formativo de modo positivo ou negativo. A adolescência pode ser desenvolvida positivamente de acordo com McNeely e Blanchard (2009, p. 2-3), se estiver focada em cinco principais eixos: competência, percepção de que o adolescente possui habilidades; confiança, senso interior de alta eficácia e positiva autoestima; conexão, relacionamentos corretos com pessoas e instituições; caráter, senso de certo e errado, moralidade, integridade e respeito com pilares comportamentais corretos; e o cuidado, senso de simpatia e empatia por outros. A adolescência compreendida, enquanto fenômeno social pode ser definido, ainda, como um [...] período de transição da dependência infantil para a autossuficiência adulta. Psicologicamente falando, é uma “situação marginal” no qual novos ajustes, que diferenciam o comportamento da criança do comportamento adulto em uma determinada sociedade, têm que ser realizados; e, fisiologicamente, ocorre quando as funções reprodutivas amadurecem. (BOCK, 2004, p. 35)

Salienta-se, ainda, que além do critério cronológico, o desenvolvimento físico é considerado uma característica marcante, que se inicia com a puberdade até que o desenvolvimento físico esteja quase concluído. Para além das transformações fisiológicas, a adolescência, também, deveria ser um tempo de oportunidades e não de confusão. Normalmente, o desenvolvimento saudável é desequilibrado, mas os adolescentes podem desenvolver atributos positivos por intermédio do aprendizado e da experiência.

Para Book (2004, p. 33), a fase da adolescência definida por diversos autores, é considerada como, “uma fase natural do desenvolvimento

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humano. Ela está pensada como se fizesse parte da natureza humana e como algo que desabrocha ao final da infância e antes da vida adulta. Assim está naturalizada a adolescência”. Interessante que sobre a fase da adolescência tem-se a seguinte descrição:

Adolescência é um tempo ao qual, em geral, as crianças querem chegar, os adultos querem retornar e do qual os adolescentes querem sair. As crianças querem chegar porque imaginam que poderão se livrar da tirania dos adultos. Os adultos querem voltar porque idealizam esse como o momento da vida em que ainda nada estava decidido e, portanto, poderiam – se retornassem – refazer suas escolhas. Os adolescentes – desmentindo essa idealização – querem sair justamente para se desvencilhar dessa pesada carga, que o discurso social lhes demanda, de se prepararem para realizar tudo o que até agora ninguém conseguiu realizar. (JERUSALINSKY, 2002, p. 2)

Na fase da adolescência pode-se, também, constatar que o sistema psicológico vive um novo momento por meio de uma reordenação da personalidade, bem como das estruturas psíquicas. Interessante que com relação ao critério sociológico, o adolescente deixa de ser visto pela sociedade como criança, passando a conferir-lhe outro status que ainda não é de adulto. (PFROMM, 1976)

A adolescência, por se tratar de uma fase de intensa mudança, envolve diferentes formas de compreender o desenvolvimento, principalmente porque estas mudanças estão associadas ao convívio social que o adolescente mantém com seus pares, grupos sociais fechados, famosas “panelinhas”, como também com grupos divergentes de sua maneira de ser, pensar e agir.

Para efetuar as análises das características do adolescente, faz-se uso, aqui, do estudo da “Teoria cognitivo-desenvolvimentista”, que tem como seu maior defensor, o psicólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), que defende que a construção do pensamento cognitivo acontece por meio de níveis de estágios sequenciais, onde a estrutura cognitiva seguinte é estabelecida sobre a estrutura anterior.

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Adolescência e as Etapas do Desenvolvimento

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Piaget (2005, p. 57) mostra, ainda, que a adolescência é uma fase que passa por uma grande crise passageira, que separa a infância da vida adulta e, com isto, muitas mudanças acontecem ao mesmo tempo no e com o indivíduo. Já Bee (1997, p. 318) evidencia que a adolescência por estar diante de tantas transformações físicas e mentais, demonstra que os adolescentes vivem em um estado de “tempestade de estresse”. Segundo ele, esta expressão demonstra a turbulência que a maioria dos adolescentes vivem: é uma roda de vida de compulsões e explosões.

Nesta explicitação frente ao desenvolvimento do adolescente faz-se necessário, portanto, avaliar as características físicas, sociais e psicológicas em que ele se encontra, no sentido de compreender as mudanças e as alterações que se fazem presentes nessa fase da vida. Deve-se, portanto, ressaltar que a finalidade é apresentar a forma como a fase da adolescência é descrita, no sentido de que ela possa ser identificada e não de enquadrá-la em caixas determinantes de comportamento e desenvolvimento.

O certo é pensar que “a adolescência é um acontecimento universal e só vai diferir de cultura para cultura em alguns acontecimentos, alguns ritos de passagem que vão marcar o início e o fim da adolescência em algumas culturas, mas as transformações são universais” (ORZELLA, 2003, p. 27), embora se reconheça que não ocorrem de maneira estanque ou pré-determinada.

Ainda sobre o adolescente é preciso compreender que ele vive um estado de rompimento com o passado, questionando seus valores, verificando outros posicionamentos, para de acordo com seu entendimento se posicionar, levando em consideração sua realidade. A formação dos seus conceitos é recheada de dúvidas em relação a como agir, mas é desta vivência, mesmo que conturbada, que o adolescente amadurece e adquire suas próprias experiências. As modificações que acontecem nesta fase são globais, pois elas acontecem em todos os sentidos no indivíduo, e são geradoras de insegurança, sendo intensas e desarmônicas, influenciadas pelos fatores biopsicossociais. (NOVELLO, 1990, p. 13)

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Os adolescentes vivem uma intensidade de emoções impulsionados pelos hormônios na puberdade. Eles se exaltam com mais facilidade, por meio de algo que os façam alegres, chateados ou animados. O adolescente vive tudo com uma busca intensa por diferentes sensações; a habilidade de regular estas emoções não se consolida até a idade do jovem adulto, então existe um espaço de muitos anos entre o “acelerador” e o desenvolvimento eficaz dos “freios”. Ou como afirma Ronald Dahl (2003), é a mesma coisa que dar um carro turbinado para um motorista sem habilidade.

Conforme relata Harris (2010, p. 40-43), a primeira utilização da palavra “adolescente” de que se tem registro foi em um artigo de seleção do Reader’s Digest, em 1941. Antes do século XX, as pessoas eram classificadas apenas como crianças ou adultos. Havia poucos “adolescentes” estudando, então o que se apresentava para esta parcela da sociedade eram jovens que recebiam grandes responsabilidades, com pouca idade, mas que demonstravam surpreendente capacidade.

A título de curiosidade, nos anos de 1900 nos Estados Unidos, foi aprovada uma série de leis trabalhistas e uma reforma pedagógica, a fim de proteger as crianças das condições de trabalho duro e incentivá-las a estudar. Estas leis tiveram seu lugar, pois as crianças estavam desprotegidas. Mas a longo prazo, teve um efeito cruel, para os “adolescentes”, que adiaram sua entrada na vida adulta. Esta parcela da sociedade passou a ser uma classe mal definida, entre a infância e a idade adulta, ficando apenas como consumidores. (HARRIS, 2010)

O conceito moderno de adolescência incentiva os adolescentes a serem infantis por mais tempo do que o necessário, com muita capacidade, mas poucas aspirações e responsabilidades.

Na primeira parte do século XX nos Estados Unidos da América, fizemos uma descoberta surpreendente: havia adolescentes entre nós. Até então, só conseguíamos pensar em pessoas que se encaixassem em apenas duas categorias, crianças e adultos. E ainda que a infância pudesse proporcionar seus momentos agradáveis, o objetivo da criança era crescer tão rápido quanto possível para aproveitar a oportunidade de

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assumir as responsabilidades de um adulto. A menina se transformava em mulher e o menino, em homem. Era assim simples e significativo. [...] (contudo,) as reformas do início do século XX, impedindo o trabalho infantil e determinando por lei que as crianças permanecessem na escola até o fim do ensino médio, ampliaram a extensão dos anos que precediam a vida adulta, aos treze ou quatorze anos estava pronta para realizar o trabalho de um adulto. Agora, mesmo chegando à estatura de um adulto nesta faixa de idade, a preparação para ela assumir as responsabilidades de um adulto só começa quando completa 18 anos ou mais.

Por esta razão, os anos de adolescência se tornaram uma novidade, uma espécie de distinção [...] os adolescentes remodelaram nosso mundo. Este conceito é [...] subversivo: por que um adolescente que está aproveitando a liberdade deveria se submeter a autoridade dos adultos? Com a chegada desta nova era, o século XX se transformou desde então no século do adolescente. (BARNHART E METCALF, 1997, p. 233-234)

Para Harris (2010, p. 45; 64-67) existe muito dinheiro e atenção focados nesta parcela da população, por intermédio de cinema, música, moda. Os anos de adolescência são encarados como um longo período de férias, por isso a sociedade não tem expectativas com relação à competência, maturidade, capacidade dos adolescentes. É uma tendência a depreciação do ser adolescente. Desta forma, é importante que os adolescentes da modernidade sejam desafiados a realizar atividades que estão além da sua zona de conforto, que ultrapassem aquilo que deles se espera, atividades que são grandes para serem alcançadas sem ajuda, que não ofereçam recompensa imediata e que desafiam o padrão cultural estabelecido na sociedade.

Conforme Tiba (2010, p. 32), os adolescentes da modernidade começaram a ir para a escola, praticamente, com dois anos de idade, com mães trabalhando e pais trabalhando mais ainda. Passaram sua infância na escola, num mundo informatizado. As famílias ficaram menores e se isolaram e os adolescentes passaram a conviver mais com os amigos que com os familiares.

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De acordo com Tiba (2010), para facilitar o estudo das gerações, elas foram classificadas conforme as datas de nascimento do indivíduo para fins didáticos. A geração X tem pessoas nascidas entre 1960 e 1980, a geração Y, os nascidos entre 1980 e 1999. Entretanto, não é a idade das pessoas que determina a geração, mas as características do funcionamento psicológico e comportamental do indivíduo, adquiridas após o nascimento, conforme a educação recebida e o que a sociedade, a cultura e as condições de vida lhe oferecem. E, ainda, existem pessoas que acabam determinando a geração a que pertencem, por intermédio do seu modo de ser, pensar e se comportar.

A geração de adolescentes (geração de adolescentes na faixa etária escolhida para este livro – 14 a 17 anos) é utilizada por mim como Geração Internet, iGeração, Net Gen (generation), Geração D (Digital), Geração Agora, e Geração “M”, multitarefados, multiconectados, multiestimulados, multi-informados etc. Esse último nome foi criado pela fundação norte-americana Kaiser Family, em 2005. O seu site apresenta a geração nascida e criada com a internet como a geração do “tudo ao mesmo tempo agora”, que consegue trabalhar com várias abas e janelas abertas, ouve música no MP3 e vê televisão, tenta estudar ou trabalhar, tudo ao mesmo tempo. Os avanços tecnológicos deram asas às gerações Y e M. É como se os jovens ganhassem asas que os distinguem das demais gerações. (TIBA, 2005, p. 240; 259; 260; 261)

Conforme registra Costa (2006), cada etapa do desenvolvimento humano tem sua problemática existencial, que decorre da maturidade e das experiências de vida de cada um. A adolescência é a fase do descontentamento, em que o quadro de mau humor e um comportamento contraditório e desconfiado tem a ver com o fato do indivíduo começar a olhar para dentro de si, tomando consciência do seu eu. Este movimento desencadeia estados de ânimo, afetos, impulsos, aspirações e desejo, fazendo com que o adolescente fique perdido em meio a pensamentos conflituosos. Neste momento, ele deseja estar sozinho e faz-se necessário o apoio dos pais, que devem demonstrar amor, cuidado e proteção.

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Segundo Townsend (2011, p. 15-16), alguns comportamentos típicos dos adolescentes, se transformam em problemas e conflitos que precisam ser enfrentados pelos pais e pelos filhos, são eles: atitude desrespeitosa para com os pais; questionamento de pedidos e regras; descuido com as responsabilidades; negligência às tarefas de casa; dentre outros. Todos estes problemas têm uma base em comum: a vontade do adolescente de ter liberdade total e em contrapartida o desejo do adulto de ter controle total. Adolescência é o tempo de vida em que o maior desafio do adolescente está em desenvolver autocontrole e maturidade com responsabilidade.

Com a chegada da fase da adolescência começa a surgir, paulatinamente, pensamentos que não se limitam apenas ao que acontece dentro de casa, relacionado a seus pais e ao seu pequeno e limitado mundo.

Surgem os sonhos. O adolescente começa a redefinir seus direitos, deveres, anseios e a sede de liberdade. Passa a angustiar a sua mente, pois os padrões de comportamento aceitos antes, durante a infância, entram em choque com tudo que ele vê e sente. No entanto, ao contrário do que pode parecer, ele não deseja ser abandonado no mundo de repente.

(TOWNSEND, 2011)

Costa (2006, p. 46-47) relata que se faz necessário que os pais atentem para os comportamentos de isolamento e o oposto do isolamento, que é o excesso de liberdade excessiva. O adolescente sofre o processo de preparação para a transformação física, mental, social, emocional e moral, que provocarão bem-estar ou mal-estar.

1.2 A Influência do Desenvolvimento Físico

Adolescência é uma fase de crescimento funcional biológico, psicológico e social, portanto o crescimento acontece em todas as direções e áreas, gerando desajustamentos na vida pessoal do adolescente. Os hormônios, definidos como secreções glandulares lançadas no sangue, atuam sobre funções orgânicas como excitante ou regulador. Algumas glândulas internas que estavam inativas, começam a lançar na corrente

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sanguínea novos humores, provocando sensações internas indefinidas.

(TOWNSEND, 2011, p. 22-23)

O primeiro ponto a ser destacado sobre o desenvolvimento físico na fase da adolescência é a presença da puberdade, que terá grande relevância na vida dos adolescentes, uma vez que as características sexuais secundárias se desenvolvem gradualmente, e o físico vai sofrendo alterações até alcançarem traços definidos próprios de cada sexo.

Com a puberdade, inicia-se o amadurecimento sexual biopsicossocial. O adolescente muda aos poucos em busca de independência e autonomia. Passa geneticamente por algumas etapas do desenvolvimento psicossocial. Com o surgimento do pensamento abstrato, acontece uma confusão pubertária, onde o adolescente já entende algumas ideias abstratas, mas só consegue tratá-las concretamente. Os rapazes vivem a onipotência pubertária, têm muito hormônio, são cheios de testosterona e apresentam modificações corporais e várias outras comportamentais. O estirão se caracteriza pelo crescimento dos ossos da coxa (fêmur) e da perna (tíbia e perônio).

A menina passa a ser moça por meio da menarca e o menino passa a ser considerado moço, a partir da mudança de voz. Quando as meninas chegam na idade dos 14 – 15 anos e os rapazes dos 11 aos 18, seus impulsos e vontades estão na busca de sensações que proporcionem adrenalina alimentadas pela onipotência testosterônica. (TIBA, 2010, p. 38-47). Ainda sobre a puberdade é preciso ressaltar que ela é [...] uma das realizações psíquicas mais importantes, mas também mais dolorosas. A emancipação da autoridade dos pais; somente por ela se cria a oposição entre a nova e a antiga geração, tão importante para o progresso cultural. Essa tarefa cabe apenas à adolescência como processo psíquico que permite passar da infância para a fase adulta. (DELAROCHE, 2008, p. 6)

Deste ponto de vista, pode-se dizer que a adolescência também é uma fase de transição física, assim a iniciação das mudanças geralmente começa a ocorrer aos 12 anos, mas as diferenças climáticas, hereditá-

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rias, étnicas, influenciam para este progresso. Inicialmente mãos e pés tornam-se grandes em relação ao resto do corpo, pois crescem desproporcionalmente em relação ao resto do corpo. Meio sem jeito, o adolescente não sabe onde colocá-los, com isso, chega a perder a noção de espaço que ocupa. As feições do rosto ficam mais grosseiras, surgem as acnes e os cravos. Estas alterações estão ligadas à glândula do hormônio somatropina, que estimula os órgãos sexuais; da hipófise, que comanda a vida, e dos centros nervosos do encéfalo, responsáveis pelos hormônios.

Nas meninas aparece a menarca, primeira menstruação, e há os primeiros indícios de aparecimento de seios. Nos meninos acontece as poluções noturnas, sinal de crescimento e a mudança da voz. Ao observar as mudanças do corpo, muitas vezes pode acontecer a primeira masturbação, como forma de autoconhecimento, desta forma o adolescente vai tomando consciência do próprio corpo. (NOVELLO, 1990, p. 20-21)

De acordo com Costa (2006, p. 29), o evento do segundo nascimento acontece mais quando o psicológico e o físico rompem o equilíbrio da infância, baseado no crescimento irregular, em uma evolução intelectual, e uma vida emocional agitada. O aspecto físico traz oculto a grande inquietação sentida diante da intensa transformação do seu corpo, que atrai atenção do jovem, e tem um poder que lhe abre o mundo, fazendo com que ele se relacione com o exterior.

Conforme McNeely e Blanchard (2009), a puberdade é caracterizada para os meninos a partir das seguintes mudanças corpóreas: alargamento testicular, podendo começar aos 9 anos e meio de idade; aparição de pelos pubianos entre 10 e 15 anos; esperma encontrado na ejaculação; aumento da genitália entre 11 e 14 anos; aumento da laringe, faringe e pulmões, o que pode alterar a qualidade vocal; crescimento físico nas mãos e nos pés seguido pelos braços, pernas e posteriormente o peitoral; ganho de peso e massa muscular; aumento em duas vezes do tamanho do coração, capacidade vital dos pulmões, aumento da pressão arterial e volume de sangue; aumento do pelo no corpo e na face que não se completará até a metade dos 20 anos; mudanças dentárias, que incluem

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o crescimento da mandíbula e o desenvolvimento dos molares; desenvolvimento de odores no corpo e acne.

Para as meninas ocorrem: aparição do mamilo, seguido de desenvolvimento dos seios; crescimento dos pelos pubianos; crescimentos físicos abruptos curtos, que acrescentam centímetros para a altura e para a circunferência do quadril, início da menstruação entre 9 e 12 anos; crescimento dos ovários, útero, lábios e clitóris; espessamento do endométrio e da mucosa da vagina; aparecimento dos pelos axilares; mudança dentária que inclui o crescimento da mandíbula e o desenvolvimento dos molares; bem como desenvolvimento de odores e acnes. (MCNEELY E BLANCHARD, 2009, p.9)

À proporção que acontecem as modificações físicas e fisiológicas no indivíduo na adolescência, começa a desaparecer as características corporais de criança e gradualmente vai se definindo os traços de adulto. As mudanças na proporção do corpo, na estatura, no peso, no crescimento ósseo, as alterações fisiológicas nos órgãos internos, o crescimento em força e coordenação, provocam alterações das atitudes do adolescente em relação a si mesmo, como também a maneira pela qual os outros reagem a ele, comprometendo todos os aspectos do seu comportamento. (MCNEELY E BLANCHARD, 2009)

O desenvolvimento físico normal do adolescente constitui a base para seu êxito na adequação à escola, ao trabalho e ao progresso à maturidade emocional, social e mental. Desta forma, faz-se necessário entender as interações entre o desenvolvimento físico do adolescente e seu comportamento e as linhas básicas que seguem o desenvolvimento físico normal, bem como as variações individuais a que está sujeito e os desvios e distúrbios mais frequentes e suas causas. (MCNEELY E BLANCHARD, 2009)

Para Bee (1997, p. 351), as mudanças físicas experimentadas pelos adolescentes, o que se chama de puberdade, são vinculadas às mudanças hormonais que estes meninos e meninas vivem. De acordo com a cartilha “Eu, adolescente de bem com a Vida” (Prefeitura Municipal de

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Curitiba, 2001, p. 20), as principais transformações físicas e biológicas no período da puberdade são:

Desenvolvimento da genitália; aparecimento dos caracteres sexuais secundários; estirão de crescimento; maior oleosidade na pele, acompanhada do surgimento de espinhas no rosto; alteração na distribuição da gordura corporal. Para os meninos: início da produção de espermatozoides e ocorrência da ejaculação. Para as meninas: menarca – primeira menstruação; quando a menina passa a ser fértil.

Com todas essas mudanças e a “explosão” de hormônios no corpo, é comum que os adolescentes se sintam assustados, angustiados, não sabendo como lidar com tais transformações. Anteguini (2004, p. 125) afirma que o período da puberdade é um momento de intensas dúvidas para o adolescente, como também para os pais.

Desta maneira, é fundamental um bom estudo acerca deste tema para uma melhor compreensão dos adolescentes pelos adultos, a fim de que saibam tratar os pequenos eventos, não como grandes problemas, recriminando, inclusive, o adolescente por atos e fatos que não dependem do seu controle.

Fitzpatrick e Newheiser (2007, p. 146, 149 e 150) fazem um comparativo do coração do adolescente com um jardim. Se for deixado à vontade sem intervenção, crescerá espinhos e ervas daninhas. Desta forma, se faz necessário o processo de fixar padrões claros para o comportamento, que exigem que os pais sejam coerentes, autodisciplinados, corrigindo o adolescente com amor no intuito de fazê-lo pensar e redirecionar seus comportamentos se preciso for.

A imagem a seguir apresenta a estrutura do cérebro e mostra como cada setor da estrutura é responsável por um aspecto do desenvolvimento.

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Dentro dos estudos básicos relacionados ao crescimento físico, o mais usado chama-se longitudinal misto, onde os indivíduos são medidos pelo menos duas vezes ao longo do ano, viabilizando o conhecimento do desenvolvimento físico. Calculados em curva de distância, onde a estatura é mensurada através da altura em centímetros por anos de idade, é possível avaliar a estatura que o adolescente atinge em cada idade conforme explica Pfromm (1976, p. 48). O crescimento dos ossos também é uma forma de se mensurar o desenvolvimento físico, as medidas da cabeça e as medidas do corpo e dos membros é fundamental no desenvolvimento humano. (DINA LÉVI-STRAUSS, 1936, apud

PFROMM, 1976, p. 90-132)

A partir de pesquisa realizada por Conti, Gambardella e Fratuoso (2005), a fim de avaliar o crescimento físico (estatura, massa corporal e índice de massa corporal) de 552 jovens de 10 a 14 anos de ambos os sexos de uma instituição da Rede Particular de Ensino fundamen-

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FONTE: Borin, (2003) Revista IstoÉ, edição número 248421.07

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tal, residentes em Florianópolis, verificou-se a insatisfação da imagem corporal transformada em fase de maturação sexual. Utilizando 15 áreas corporais como padrão de referência as tabelas de crescimento da Organização Mundial da Saúde (OMS 2006) e Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN 2008), concluiu-se que para meninos, há maior insatisfação para peso corporal, cintura e estômago e para meninas maior insatisfação com peso corporal, tórax/seio e estômago.

Tabela 1. Valores médios e desvio padrão da estatura e da massa corporal

Os dados da tabela 1 revelam inicialmente que embora se trate de um estudo transversal, os valores para a estatura apresentam um aumento linear com a idade, independente do sexo. Da comparação entre os sexos verifica-se que o feminino apresenta maiores valores para estatura nas idades de 11 e 12 anos. Este resultado é compatível com a precocidade do estirão pubertário das meninas. Para análise dos valores de massa corporal observa-se efeito similar ao ocorrido com a estatura, ou seja, observou-se aumento linear com a idade para ambos os sexos. Foi possível verificar que o sexo feminino apresenta médias de massa corporal superior ao do sexo masculino em todas as idades. A linearidade crescente dos valores para estatura e massa corporal, quando analisados isoladamente sugere um crescimento físico harmonioso. Nos gráficos 1 e 2 estes resultados podem ser mais bem visualizados.

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Idade Estatura Massa Corporal Masculino Feminino Masculino Feminino 10 139,9±8,89 139,4±8,07 34,5+9,41 35,4 +8,82 11 143,2±8,37 146,4±9,26 36,92+9,25 38,7+8,76 12 148,3±5,10 151,8±8,02 41,9+8,63 42,7+8,63 13 156,9±8,87 156,2±8,06 46,7+ 11,33 47,4+10,8 14 160,2±10,23 158,6±6,83 48,0+9,93 49,5+8,26

Outro estudo foi desenvolvido em uma Instituição da Rede Particular de Ensino Fundamental (2005), localizada no Município de Santo André – SP, com adolescentes de 10 a 14 anos de idade de ambos os sexos3. Solicitou-se de cada adolescente assinalar o seu grau de satisfa-

3 Participaram do estudo 147 adolescentes, sendo 52 (35,3%) do sexo masculino e 95 (64,6%) do sexo feminino. Conforme se observa nas Tabela 2, 67,3% dos meninos encontravam-se na fase pré-púbere e 71,6% das meninas na pós-púbere.

A Adolescência e as Etapas do Desenvolvimento Físico, Emocional, Cognitivo e Espiritual 43 Gráfico 1. Médias de estatura corporal 165 160 155 150 145 140 135 130 125 10 anos 11 anos 12 anos 13 anos 14 anos Masculino Feminino Gráfico 2. Médias de massa corporal 55 45 35 25 15 5 –5 10 anos 11 anos 12 anos 13 anos 14 anos Masculino Feminino

ção em relação a cada área mencionada, variando de muito insatisfeito a muito satisfeito.

Tabela 2 – Distribuição (%) dos adolescentes, segundo fase da adolescência, insatisfação e áreas corporais.

Os dados da tabela 2 revelam que em Santo André – SP, a maior insatisfação em ambos os sexos na fase púbere e pós-púbere é o peso, seguido por tórax/seio e estômago.

Dr. Caio Jr, endocrinologista, e Dra. Caio, neuroendocrinologista e endocrinologista, explicam cientificamente o que acontece, por meio dos hormônios com o corpo do adolescente: Em resposta aos sinais que recebe da hipófise as gônadas respondem produzindo hormônios que estimulam a libido e o crescimento estatural (altura), função e transformação do cérebro, ossos, músculos, sangue, pele, cabelos, seios e órgãos sexuais. O crescimento e desenvolvimento físico, como altura e peso aceleram na primeira metade da puberdade e se completam quando o indivíduo já apresenta características adultas. Até a maturação de suas capacidades reprodutivas, os pré-púberes apresentam diferenças físicas entre meninos e meninas que são os órgãos genitais, ou seja, o pênis e a vagina. Em média, as meninas começam a puberdade em idades de 10-11 anos; e os meninos em idades de 11-12. As meninas geralmente completam a puberdade por volta dos

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15-16 anos de idade, enquanto os meninos geralmente completam a puberdade por volta de 16-17 anos de idade. O marco principal da puberdade para as mulheres é a menarca, ou seja, a 1ª menstruação, que ocorre, em média, entre as idades de 10-13 anos; enquanto para os homens é a primeira ejaculação, que ocorre em média aos 13 anos. Entretanto, o gênero promove uma diferença marcante entre os sexos. Pesquisas de longo prazo têm comprovado que alguns hormônios diferem em suas secreções tanto no gênero feminino quanto no masculino. Um exemplo significativo desta verdade é que a menina começa a secretar aproximadamente 10 ng/L de GH-hormônio de crescimento no princípio da puberdade de forma linear, o que promove um crescimento mais intenso no início, entretanto, por um período mais curto, e depois desacelera a secreção de GH-hormônio de crescimento o que faz uma grande diferença no sentido de atingir a altura de adulto mais precocemente e o do crescimento menos intenso se comparados os gêneros.” (CAIO JR., CAIO, 2016)

Fonte: https://crescimentoinfoco.wordpress.com/category/crescimento-infantil-juvenil-adolescente/ page/58/

Uma importante mudança biológica ressaltada por Townsend (2011, p. 199-200) é que dentro do aspecto biológico, o corpo do adolescente já está preparado para ter relações sexuais, os hormônios deles

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estão em plena atividade. Sexualidade faz parte de quem o ser humano é, e os indivíduos se relacionam com os outros também de forma sexual. Na cultura do século XXI, ter relações sexuais tem se tornado um comportamento normal para boa parcela dos adolescentes, e muitos de seus colegas provavelmente já tenham tido esta experiência. Os adolescentes precisam de limites baseados em motivos reais a fim de conseguirem lidar com o sexo, pois eles pensam em sexo, conversam sobre sexo e grande parte deseja ter esta experiência.

Costa (2006) registra o período de crescimento pelos quais o adolescente progride em direção à maturidade e um nível funcional mais adiantado, a cada ano de vida. Vale apresentar a descrição do autor, apesar da extensão do texto, uma vez que nele são demonstradas características que prevalecem no desenvolvimento dos indivíduos dos dez aos vinte anos de idade.

10 anos – aceita a vida com confiança, gosta de atividades familiares, reconhece a autoridade. As atividades do grupo são realizadas apenas com pessoas do mesmo sexo. É a idade de estágio de ouro da infância.

11 anos – idade em que a criança se encontra no limiar da adolescência. Demonstra impulsividade e mau humor, raiva e entusiasmo; é negativista e apresenta tendências à discussão. Manifesta rebeldia aos pais e a todos que representam autoridade, manifestação esta que caracteriza o princípio da adolescência.

12 anos – nesta idade, o indivíduo se torna mais razoável, mais tolerante e sociável. Deseja, no entanto, alguma independência dos pais, querendo ser tratado como adulto, mas sofre maior influência do grupo de companheiros. Tornou-se consciente de sua aparência e deseja usar o que os demais do grupo usam.

13 anos – a principal característica do adolescente de treze anos é a reflexão. Entra num período de introversão, retraindo-se. Grandes mudanças de estrutura física e química que aparecem na voz, na postura e nas expressões faciais, influenciam seu comportamento de diversas formas, produzindo tensões e mudanças de humor.

14 anos – a tendência geral do desenvolvimento se inverte; o adolescente passa de introvertido para extrovertido. É um período caracterizado pela energia, pela exuberância e pela expansividade. O jovem

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de quatorze anos é amável, interessado pelos outros, é fascinado pela palavra personalidade. Gosta de comparar e discutir as características da própria personalidade e dos outros.

15 anos – o indivíduo de quinze anos denota espírito de independência, que se manifesta no aumento das tensões e conflitos, com hostilidade nas relações com os pais. É perfeccionista e crítico. Encontra-se num ponto vulnerável de maturidade, onde podem aparecer problemas de comportamento, até mesmo chegar a um extremo, como a delinquência. Ele é alegre, amigo, expansivo e bem ajustado.

16 anos – esta idade situa-se na meia adolescência e como protótipo do pré-adulto. A autoconsciência, a independência e o ajustamento social e pessoal, alcançaram agora um importante grau de equilíbrio e integração. As emoções são geralmente controladas.

17 a 20 anos – o indivíduo descobre-se a si mesmo (descoberta do eu), explorando, ao mesmo tempo, o desejo pela atividade profissional, as experiências da vida escolar voltadas para o futuro e os grupos sociais. O término da adolescência depende da capacidade que tem para resolver problemas fundamentais: escolha de um lugar no grupo social, através do trabalho, formação de uma família etc., assumindo, enfim, a personalidade adulta. (COSTA, 2006, p. 51-52)

Existe uma tendência de familiares e líderes considerarem, em determinadas circunstâncias, que os adolescentes não têm personalidade por causa do desejo que possuem de ser diferentes dos adultos, a fim de se autoafirmar sem ter tanto material psicológico para isso, no momento de trocar ideias e pensamentos, gerindo a situação adversa. Com isso, é gerada uma insegurança, causando esta impressão. Normalmente, eles desejam ser diferentes dos adultos, contestam tudo e tendem a se desviar das orientações dadas, que anteriormente não eram questionadas. Na tentativa de se conhecer melhor, às vezes seu comportamento torna-se agressivo, dependendo das circunstâncias. A vida em sociedade exige muito dos adolescentes. (COSTA 2006, p. 69)

Para Ramalho, Santos, Soares, Machado, Maria, Nazário e Nobre (2011), a necessidade de realizar estudos sobre o crescimento físico e estado nutricional em crianças e adolescentes que pertencem a países subdesenvolvidos, vem sendo enfatizado pela Organização Mundial da

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Adolescentes - Uma proposta voltada a pastores e líderes

Saúde. Por meio desses é possível identificar o padrão de crescimento em resposta às condições genéticas, sociais e ambientais dessas populações. Nos gráficos a seguir pode-se identificar a descrição e comparação do perfil de crescimento físico de crianças e adolescentes nas cidades de Manaus – AM, Campo Grande – MS e Florianópolis – SC. Participaram do estudo 1798 crianças e adolescentes de 5 a 17 anos da Rede Pública de Ensino, sendo 598 da cidade de Manaus, 600 de Campo Grande e 600 de Florianópolis.

Tabela 1. Distribuição dos valores esperados e observados das crianças e adolescentes nas três capitais brasileiras em percentil da estatura/idade e peso/idade para o referencial do NCHS, 2002.

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Tabela 2. Comparação entre os valores observados e os valores esperados ajustados para as proporções de percentil das variáveis nas três capitais analisadas – Teste de Ajustamento do Qui-quadrado (x²).

Gráfico 1. Valores percentuais na distribuição dos percentis de estatura/idade das crianças e adolescentes das três capitais e a referência (NHC/CDC, 2002)

Gráfico 2. Valores percentuais na distribuição dos percentis de peso/idade dos escolares das três capitais e a referência (NCHS/CDC, 2002)

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