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Introdução

ste livro tem como finalidade o estudo sobre a estrutura e a organização de pequenos grupos, direcionados ao ministério de adolescentes em comunidades eclesiásticas, buscando a efetivação de um projeto missional direcionado à prática do louvor e da adoração, do evangelismo e do pastoreio mútuo. A descrição desta prática será apresentada em dois planos. No primeiro contemplará de um modo mais geral as temáticas associadas ao tripé dos Pequenos Grupos Multiplicadores – PGMs; e no segundo a discussão será mais específica, uma vez que o objeto da pesquisa gira em torno da fase da adolescência compreendida na faixa etária entre 14 e 17 anos.

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Ressalta-se que a eleição dos PGMs se deve ao contexto de atuação do pesquisador, ou seja, a comunidade eclesiástica, por ser o PGM, nesta comunidade, a realidade vivida como prática de desenvolvimento da visão discipular, que dinamiza todo o sentido de ser de um pequeno grupo, distanciando-se, portanto, de outras concepções e enfoques associados ao crescimento e desenvolvimento de igrejas presentes nos movimentos denominados “Igrejas em células”, “MDA” ou “G12”.1 Esses movimentos não serão objetos de análise neste livro, quer seja histórica ou comparativamente.

O tema sobre a necessidade de implantação de PGMs com adolescentes foi também escolhido, devido à inserção do pesquisador no con-

1 Apesar de citar os grupos associados a crescimento e desenvolvimento de igreja: Igreja em célula, MDA e G12, a proposta apenas elegeu os PGMs por ser ela a que se configura no contexto das Igrejas Batistas.

Adolescentes - Uma proposta voltada a pastores e líderes texto ministerial direcionado a essa faixa etária que é delimitada entre 14 e 17 anos. A inserção ministerial do pesquisador implica em não apenas desenvolver um trabalho direcionado a esse público-alvo, mas compreender melhor a fase da adolescência, quer seja na sua riqueza de conceitos, quer seja na complexidade, que diz respeito ao seu desenvolvimento, decisões e desafios.

Reconhece-se, porém, que segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, a adolescência compreende os maiores de 12 anos até os 18 anos incompletos, porém esse não foi o critério de eleição adotado, mas a divisão etária que é praticada na comunidade eclesiástica integrada pelo pesquisador para o ingresso dos menores no Ministério de Adolescentes.

O livro tem a intenção de viabilizar um projeto missional a ser implantado e implementado por meio do PGM com adolescentes e que por esse motivo já se apresenta com especificidades próprias, quer na dimensão do desenvolvimento, quer na construção de expectativas, referências, sonhos, ideias que lhe ajudam no processo de crescimento e maturidade relacionadas à prática de fé. A motivação para efetivação desta pesquisa é, ainda, um item a ser destacado, visto que se considera de suma importância a tentativa de aproximar a prática ministerial dos sujeitos adolescentes. Proposta que parte da hipótese que quanto mais se faz um trabalho ministerial significativo com os adolescentes, isso poderá contribuir com a formação de adultos saudáveis, física, espiritual, cognitiva e emocionalmente.

Proposta que parte da hipótese que quanto mais se faz um trabalho ministerial significativo com os adolescentes, isso poderá contribuir com a formação de adultos saudáveis, física, espiritual, cognitiva e emocionalmente.

É preciso esclarecer que a proposta de implantação de um projeto missional, parte da compilação de ideias que foram pensadas e arquitetadas no decorrer do exercício ministerial e que são frutos de tentativas, que visam buscar o acerto e minimizar os erros, visto que as ideias precisam ser revisitadas e ressignificadas, de acordo com os desafios e as perspectivas geradas no interior dos PGMs de adolescentes.

O objetivo maior a ser perseguido no âmbito da investigação é trazer ao universo desta faixa etária uma forma de engajamento que reflita em ações práticas de cuidado com o próximo, conduzindo-os à expressão do louvor e da adoração verdadeiros, à prática do evangelismo e do pastoreio mútuo, que são elementos essenciais para a construção da maturidade da fé, que é percebida aqui como o resultado de um processo de crescimento e desenvolvimento que se fundamenta numa prática de vida estabelecida nos princípios eternos, os quais sustentam as habilidades de ser, sentir, fazer e agir das pessoas que abraçaram uma cosmovisão2 cristã evangélica.

Considera-se, ainda, que a fase da adolescência é uma etapa de transição entre a infância e a idade adulta, tendo como base as transformações de caráter biológico, mudanças psicológicas e sociais até atingir a maturidade (PERES, ROSENBURG,1998, p. 56). Esse olhar para a fase da adolescência se estabelece a partir das definições apresentadas pelos estudiosos da área, assim como pelo que se institui na legislação brasileira e nos dados apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

O Censo de 2010, no tocante à fase da adolescência, informou que a faixa etária entre 10 (dez) e 19 (dezenove) anos tinha superado os 34 milhões, representando 18% da população do Brasil (IBGE, 2010). Essa faixa etária, é uma parcela significativa da sociedade brasileira. Portanto, a representatividade deste público em relação ao resto da população e a sua característica de transição à vida adulta, faz com ele seja de interesse deste estudo de pesquisa.

2 Cosmovisão pode ser definida como “um conjunto de crenças sobre as questões mais importantes da vida [...] é um esquema conceitual pelo qual, consciente ou inconscientemente, aplicamos ou adequamos todas as coisas em que cremos, e interpretamos e julgamos a realidade”. (NASH, Ronald H. Cosmovisões em Conflito: escolhendo o cristianismo em um mundo de ideias. Brasília, DF: Monergismo, 2012. p. 25).

Adolescentes - Uma proposta voltada a pastores e líderes

Diante dos dados apresentados pelo Censo de 2010 é preciso reconhecer que existe a necessidade de tornar este tema mais conhecido pela população em geral, mas principalmente para aqueles que trabalham diretamente com esta faixa etária quer seja família, comunidades eclesiásticas, escola, organizações não governamentais, e outros espaços que estão envolvidos no processo da formação e do desenvolvimento dos adolescentes, o que torna essa pesquisa relevante por seu caráter contributivo com dados e informações a serem compartilhados com a realidade social. Afinal, o público adolescente, ao se tornar uma parcela significativa da população brasileira, precisa ser considerada e estudada com seriedade e responsabilidade.

Neste sentido, quero apresentar as orientações práticas para o trabalho a ser desenvolvido em PGMs com adolescentes na faixa etária dos 14 aos 17 anos em forma de material pedagógico. Essas orientações são pautadas na proposta de um projeto missional que contempla as dimensões do desenvolvimento e, ainda, as ações direcionadas à prática vivencial e relacional do evangelismo, da adoração e do pastoreio.

Para tal propósito são elencados os objetivos específicos que visam descrever as dimensões do desenvolvimento do adolescente, compreendendo suas transformações; apontar a relevância do evangelismo, da adoração e do pastoreio mútuo no trabalho a ser efetivado nos PGMs com adolescentes; e, por fim, propor orientações práticas de trabalho.

A pergunta que norteia essa investigação pauta-se na seguinte questão: de que forma é possível desenvolver uma prática significativa e relevante com PGMs de adolescentes, elegendo como fundamentos principais do trabalho o evangelismo, a adoração e o pastoreio mútuo?

A ideia a ser perseguida visa oportunizar uma prática eficiente que contemple não apenas as dimensões do adolescente, mas a forma como ele se relaciona com os seus pares e ainda com as autoridades, que nesse último caso, são constituídas por pessoas que exercem a liderança pastoral.

Neste livro os três capítulos não são unidades fechadas e conclusivas das temáticas, antes intentam sinalizar sobre como essas temáticas são percebidas e constituídas na realidade social. Cabe ressaltar que os dois primeiros capítulos têm natureza conceitual acerca da temática, o que pode parecer, num primeiro momento, que estão desconectados devido à complexidade que se apresenta em sua produção. Isso, porém, é intencional pois o que se pretende é a articulação dos dois primeiros ao terceiro capítulo, o qual dará origem à proposta missional. Assim, o primeiro capítulo abordará sobre a adolescência e as etapas do desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e espiritual; o segundo tratará sobre o conceito de evangelismo, adoração e pastoreio no Pequeno Grupo Multiplicador – PGM; e o terceiro tentará tecer orientações práticas em forma de estratégias e dinâmicas a serem experimentadas no interior dos PGMs de Adolescentes, agregando os conhecimentos do primeiro e segundo capítulos.

A proposta missional a ser apresentada não é de forma alguma um modelo ideal e universal, mas uma possibilidade de trabalho a ser direcionado aos adolescentes de 14 a 17 anos. E como proposta a intenção é contributiva, não impositiva.

É preciso ainda ressaltar que a proposta missional fundamentada nos Pequenos Grupos Multiplicadores – PGMs não é perfeita, antes é possível ver que existem algumas lacunas, uma delas diz respeito ao próprio processo formativo que requer comprometimento e assiduidade dos sujeitos que estão envolvidos diretamente com a liderança dos PGMs, porém é necessário realizar o trabalho, apesar de reconhecer possíveis limitações.

Por fim, espera-se com este livro contribuir com as comunidades eclesiásticas e por extensão com a sociedade, a partir de um olhar mais aprofundado sobre PGMs com adolescentes. Essa é a intenção e a tentativa a ser perseguida.