OPen Arena número 19

Page 1

Direção do Observatório Político

Cristina Montalvão Sarmento

Patrícia Oliveira

Suzano Costa Editorial

Cristina Montalvão Sarmento

Colaboradores

Diogo Noivo

Eduardo Pereira Correia

Helena Inácio Inês Cavazzini

José Adelino Maltez

Margarida Santana Miguel Chora Náthaly Calixto

Rui Henriques Santos Susana Garcia Tatiana Baleia Tomás Correia

Edição

Daniela Barreiros Alves

Diogo Cunha

José Nascimento

Madalena Mota Patrícia Oliveira Patrícia Tomás Capa

Mr. Dheo, Anjos na Terra (Vila Nova de Gaia, 2020) Homenagem aos profissionais de saúde

Contactos

Rua Almerindo Lessa

Pólo Universitário do Alto da Ajuda 1349-055 Lisboa PORTUGAL Telf.21 361 94 30 geral@observatoriopolitico.pt www.observatoriopolitico.pt 1

Como marca indelével do período pandémico da Covid-19 (2020-2022) e dos desafios do teletrabalho em contexto de uma associação cientifica, colaboraram ainda na concepção e produção desta XIX Newsletter do Observatório Político:

Ana Filipa Fernandes

Constança Reis

Diogo Machado

Diogo Moreira

Diogo Nascimento

Filipa Gil

Francisca Navega

João Santos

José Vicente

Margarida Malta

Margarida Rosa

Margarida Santana

Maria da Luz Riley Marta Vicente

Miguel Chora Miguel Pereira

Patrícia Raposo

Pedro Santos

Rita Dias

Susana Garcia

Tatiana Baleia

Tomás Chasqueira

Tomás Correia

2

Editorial

Quo vadis? Cristina Montalvão Sarmento 8 Pontualidades

Impactos da Pandemia COVID-19 na Ordem Internacional Rui Henrique Santos 10 Estágio à Lupa Inês Cavazzini Náthaly Calixto Helena Inácio 17 Conferências

New Authoritarian Challenges to Liberal Democracy | Universidade Católica de Lisboa

A China nas Relações Internacionais | Associação de Debates Académicos da Universidade do Minho 24

Eu, Jovem, Político Young Economics Society | ISEG (YES ISEG) Núcleo de Estudantes de Economia do ISEG 28

Livros

O Presidente da República em Democracia – Comandante Supremo das Forças Armadas (Eduardo Pereira Correia); Uma História da ETA – Nação e Violência em Espanha e Portugal (Diogo Noivo); Portugal Pós-Liberal – Um Ensaio de História do Presente (José Adelino Maltez); Manual de Ciência Política - II Volume (Tomo I. II e III José Adelino Maltez) 34 Agenda | Review

6
4

EDITORIAL

Quo vadis? A frase latina que nos interroga, aonde vais, está associada, no seu uso moderno, a um relato do evangelho apócrifo conhecido por “Atos de Pedro”, que ao fugir de uma possível crucificação em Roma, encontra Jesus ressuscitado e lhe pergunta Quo vadis? E Jesus responde: Romam vado iterum crucifigi ("Vou a Roma para ser crucificado de novo"). Depois dessa afirmação, Pedro ter-se-à arrependedio e regressado a Roma, continuando o seu ministério e acabando por dar a sua vida por Cristo. Poucos conhecerão estas origens da pergunta Aonde vais?

Mas certamente, muitos outros mais recordam esta frase, pelo êxito cinematográfico de "Quo Vadis" que foi um dos grandes sucessos da MGM, no início da década de 50 do século XX, produtora rica em grandes épicos históricos. Neste caso, trata-se da adaptação ao cinema de um romance de Henryk Sienkiewicz, um romance histórico publicado em 1894, que evoca o reinado demencial de Nero e as célebres perseguições aos cristãos em Roma que eram lançados às feras no circo, culminando com o trágico e delirante incêndio de Roma, sem dúvida a sequência mais marcante e espectacular desta magnífica produção Um filme histórico, excelentemente dirigido por Mervyn LeRoy, com Robert Taylor, Deborah Kerr e Peter Ustinov nos principais papéis, que conseguiu oito nomeações para os Óscares da Academia de Hollywood. Para onde vais? Para onde vamos? Parece ser a interrogação central dos nossos dias que a atual crise de saúde pública provocou, resultante da propagação endémica do novo coronavírus, (SARS-CoV-2, Severe Acute Respiratory Syndrome – Coronavirus 2).

A Organização Mundial da Saúde identificou a doença como a COVID-19 (Coronavirus Disease 2019) e, ainda que muitas dúvidas subsistam sobre a forma como o vírus foi introduzido na espécie humana, estima-se que a mesma tenha ocorrido a partir da espécie animal, originando uma transmissão zoonótica. A sua progressão mundial rapidamente desencadeou uma pandemia, levando a uma resposta securitária musculada por parte da generalidade dos Estados, definindo diferentes fases de resposta declarando, a maioria, estados de emergência devido à consequente evolução pandémica e à necessidade de controlo sanitário.

As drásticas medidas de paragem da atividade humana, suspenderam e fizeram colocar em segundo plano as diferentes propostas em termos de opções de crescimento, política de impostos, qualidade dos serviços públicos, funcionamento da justiça ou acerca das rendas da habitação que vinham a ser debatidas A crise levantanos interrogações: o que ambicionamos hoje e o que queremos ser dentro de 10 ou 15 anos? Que posicionamento distinto e relevante deve o nosso país assumir neste mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo? Que estratégia devemos ter em relação a África (e não apenas no que respeita aos PALOP), à América Latina (para além do Brasil) e à Ásia (e não apenas no que se refere a Timor e Macau)? No entanto, não temos ouvido uma palavra sobre qual deve ser o papel de Portugal no contexto geopolítico e económico em que vivemos, ou viveremos. Destas inquietações que os mais jovens pressentem, resultou o tema desta OpenArena, o nosso meio de, no Observatório Político, mantermos a atenção sobre a atualidade política e a reportarmos aos nossos associados. Fiquem connosco nesta OPen Arena.

Professora Doutora Cristina Montalvão Sarmento Coordenadora do Obswervatório Político (ISCSP- ULisboa)
6

PONTUALIDADES

A Pandemia que marca o ano de 2020 veio ampliar incertezas aos debates intelectuais e políticos sobre a ordem internacional Visando uma análise que reflicta sobre as continuidades e mudanças que a Pandemia pode proporcionar dividimos este artigo em três partes: a conceptualização breve da ordem; o período anterior à Pandemia e o momento actual que poderá servir de guia para um futuro de médio prazo

A Ordem Americana

A ordem internacional pós 1945 sustenta-se na conjugação de capacidades e vontade dos Estados Unidos da América (EUA) em configurar e gerir um desenho de convivência internacional, que mantivesse um entendimento satisfatório de ganhos absolutos globais e sinalizasse sanções para os eventuais prevaricadores

O poderio de Washington manifesta-se em termos culturais, económicos e institucionais que utilizam consenso e coerção de modo multidimensional, além da possibilidade global de projectar capacidades militares

A entrada no século 21 fez surgir toda uma nova literatura sobre a transição de poder entre os EUA e a China, somando factores como o overstretching da administração W. Bush, o constante crescimento económico chinês e o retraimento estratégico assumido por Obama.

O período anterior à Pandemia

Antes da eclosão da Pandemia, sublinhava-se o “evidente declínio” dos EUA e as intenções “revisionistas” de Pequim, até por força da eleição de Donald Trump em 2016 e uma crescente assertividade na retórica nacionalista de Xi Jinping. O mandato do presidente Republicano introduziu uma ruptura no consenso internacionalista bipartidário, privilegiando uma política externa baseada no unilateralismo e transacionalismo, fazendo com que aliados e parceiros duvidassem da permanência da vontade norte-americana em guiar a ordem internacional.

Mas as pulsões autoritárias e exclusivistas, a rejeição crescente da Globalização e a ausência de respostas efectivas a problemas globais, como as alterações climáticas e as assimetrias económicas entre o Norte e o Sul já coexistiam na ordem internacional pré-Covid

Depois de quatro anos de Trump na Casa Branca, de uma pandemia que ceifou mais de um milhão e seiscentas mil vidas e da eleição recente de Joe Biden, que análise é possível efectuar sobre o futuro da ordem internacional?

E depois da Pandemia?

Existe uma esperança global de que a vacinação seja a “bala mágica” que possibilite o retorno à tão desejada “normalidade”, desconsiderando constrangimentos logísticos, desigualdades no

Professor Rui Henrique Santos Assistente Convidado, Departamento de Estudos Políticos – NOVA Impactos da Pandemia COVID-19 na Ordem Internacional
8

Impactos da Pandemia Covid-19 na Ordem Internacional

acesso e uma substancial incerteza sobre o evoluir do vírus.

Da mesma forma, a eleição de Joe Biden e o assumir do retorno da América à “cabeceira da mesa” da ordem, parece actuar como um lenitivo para quatro anos de sobressaltos com Trump, omitindo contudo alguns níveis de análise

Os acontecimentos complexos que nos rodeiam obrigam a uma leitura teórica, logo parcimoniosa, sobre a realidade, mas devemos considerar que nada de substancial se alterou ou tende a alterar no essencial da estrutura internacional, que se mantém anárquica e baseada na distribuição de poder

A Pandemia acentuou assimetrias económicas e sociais domésticas e internacionais, ampliou a securitização como forma preferencial dos Estados lidarem com matérias “excepcionais”, destacou os sentimentos de desconfiança que segmentos da população já nutriam sobre o conhecimento científico e constatou tendências milenares, onde os Estados em ultima ratio assumem a auto-ajuda para garantir a sobrevivência.

Estrutural e sistemicamente, o eventual retorno da agenda da “hegemonia benigna” norte-americana tende necessariamente a incrementar a competição entre as duas Grandes Potências, com um equilíbrio de poderes episodicamente instável na região asiática e a continuação da primazia norteamericana no resto do globo.

A “coligação de democracias” proposta por Biden e a catalogação da “ameaça” chinesa em conjunto com a habitual Rússia no recente relatório NATO 2030, apontam a continuação de um clima de tensão, mas apto a consolidar as preferências norte-americanas.

Contudo, não assistiremos a uma “Guerra Fria 2.0”, pois inversamente à União Soviética, Pequim não exibe um modelo alternativo que possibilite a construção de um polo de poder antagónico aos EUA e necessita de continuar integrada na configuração da ordem que a beneficiou

Conclusão

A literatura académica sobre o declínio do poder norte-americano e eventuais transições de poder –União Soviética, Japão, União Europeia e agora a China – tem um legado de quase seis décadas.

A Pandemia Covid-19 tenderá a ser uma evidência suplementar que constatará a resiliência de uma ordem e de um hegemon

Santos Dezembro 2020 9
Rui Henrique

ESTÁGIO À LUPA

Inês Cavazzini Membro Associado do OP

O meu nome é Maria Inês Cavazzini, tenho 22 anos e encontro-me neste momento a tirar mestrado em Comunicação Social no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, sendo a minha licenciatura em Relações Internacionais na mesma instituição.

Saber que rumo queria tomar academicamente nem sempre foi claro para mim, talvez por ser indecisa, característica tão marcado pelo meu signo (balança) ou por me interessar por diversas áreas Prova disso, foi a desistência do primeiro curso em que entrei, Línguas, Literaturas e Culturas na NOVA, pois não me identifiquei com o mesmo. Contudo, e como acredito que tudo acontece por uma razão, essa desistência permitiu-me conhecer e conversar com uma pessoa que, na altura, estava a tirar Relações Internacionais Após essa conversa, que desencadeou em muita pesquisa minha, percebi que queria tirar Relações Internacionais, e, desta ez sem dúvidas nenhumas.

O curso superou em muito as minhas expectativas, e após concluído, tirar mestrado esteve sempre nos meus planos, por incrível que pareça, este foi fácil

de decidir. Porém, sentia que faltava alguma coisa, foi então que decidi que queria estagiar Encontrei os estágios do OP na plataforma de saídas profissionais do ISCSP e efectuei a minha candidatura Após a candidatura efectuada e entrevista presencial feita, recebo um email que me informava que não tinha sido seleccionada e pensei que estagiar no OP não estava no meu caminho. Mas como o que é para ser é, poucos meses mais tarde, recebo uma chamada a convidar-me para estagiar no OP. E cá estou eu.

Este estágio encheu-me, sem dúvida, as medidas! Para além de uma equipa espectacular, sempre disposta a ajudar e a ensinar, este estágio ensinoume não só como se administra e gere uma associação científica, mas também todo o comportamento e postura que se deve ter profissionalmente (bases que são intrínsecas e essenciais em qualquer trabalho) Saio daqui mais rica tanto a nível pessoal como profissional e muito mais preparada para enfrentar o mercado de trabalho.

10

Náthaly Calixto Membro Associado do OP

Olá a todas e a todos! Meu nome é Náthaly Calixto, sou brasileira e me encontro no segundo ano de mestrado em Ciências Políticas e Relações Internacionais na Universidade Nova de Lisboa. Sou licenciada em Direito, pela Universidade Federal Fluminense e pós graduada em Política Internacional pelo Instituto Clio Internacional O meu interesse por Política Internacional e Direitos Humanos se iniciou na adolescência a partir de Internacional pelo Instituto Clio Internacional O meu interesse por Política Internacional e Direitos Humanos se iniciou na adolescência a partir de uma aula de geopolítica e desde então meu fascínio por essa área foi aumentando O interesse foi tanto que me levou à alguns cursos especializados na área , um estágio como pesquisadora assistente na área de Direito ao Desenvolvimento na cidade de Colombo no Sri Lanka, e agora o mestrado e o estágio extracurricular aqui no Observatório Político.

O ato de estagiar, por si só, já é uma boa forma de por em prática os ensinamentos adquiridos, contudo estagiar no OP é adquirir experiência e conhecimento de forma completa. Em razão da natureza de associação de investigação científica, o Observatório Político permite o aprofundamento em rotinas de pesquisa académica e revisão de artigos, além de atividades que englobam secretariado e comunicação. O OP conta ainda com uma ampla plataforma que inclui a Politipédia, a Revista Portuguesa de Ciência Política, as Newsletters e outras mais Importante citar também a possibilidade de networking com investigadores conceituados com pesquisas no continente europeu e outros lugares do mundo. Em outras palavras, uma imersão completa, académica e administrativa, de funcionamento de uma Associação. Durante minha participação na 3ª Fase do VIII Programa de Estágios do Observatório pude participar de todos estes projetos. Auxiliei na

11

revisão e adequação dos artigos para a revista e para os e-working papers, o que não só me proporcionou melhor conhecimento sobre estrutura científica de publicação, como também me colocou em contato com os trabalhos de outros acadêmicos Para a Newsletter, os estagiários trabalharam em conjunto para construir ideias e propostas, buscamos imagens que fossem atuais e que ao mesmo tempo representassem o contexto político e os artigos apresentados, além de participar de feiras de emprego representando o OP o que também nos possibilitou aumentar nossa rede de contatos No momento, venho trabalhando na minha tese de mestrado sobre a participação dos small states nas Missões de Paz da ONU. Além disso, em razão do meu interesse em aprofundar-me na área de pesquisa sobre conflitos regionais e direito ao desenvolvimento, a coordenação do Observatório, em especial a Patrícia Tomaz, foi de grande importância, incentivando-me nas pesquisas e elaboração de artigos Como pensadora crítica, sempre defendi que acesso ao conhecimento é o que possibilita a efetivação dos direitos humanos,em como do direito ao desenvolvimento. E é exatamente por isso que acredito que no Observatório Político tive uma experiência enriquecedora, onde desenvolvi meu conhecimento em um ambiente acadêmico notório e que me impulsionou a seguir meus projetos e pesquisa para efetivação desses direitos

12

Inácio Membro Associado do OP

O meu nome é Helena Inácio, tenho 21 anos e cresci numa aldeia chamada Vermelha, que fica na zona oeste de Portugal A área das Relações Internacionais e, em particular, o trabalho desenvolvido pelas instituições internacionais, o Direito Internacional e os Direitos Humanos, desde cedo me fascinaram Eu sabia que queria contribuir para a construção de um mundo mais justo. Assim, decidi mudar-me para Lisboa e, neste momento, encontro-me a realizar a licenciatura em Ciência Política e Relações Internacionais, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.

No final de 2018 quis candidatar-me a um estágio curricular, não só porque queria desenvolver as minhas capacidades de trabalho num ambiente profissional relacionado com a minha área de formação, mas também porque o queria fazer no contexto de uma associação de investigação científica. Ora, sabendo que o OP se afirma como

um centro de investigação científica de excelência em Portugal e que todos os trimestres oferece a alguns jovens a oportunidade de estagiarem no seio da sua associação, decidi aproveitar a oportunidade e candidatar-me à 2ª fase do VIII programa de estágios. A minha candidatura foi aceite e, neste momento, encontro-me a terminar o estágio curricular.

A minha experiência de estágio tem sido bastante enriquecedora, já que me permite desenvolver: capacidade de trabalho em equipa, que envolve um espírito de cooperação, responsabilidade e organização; competências técnicas relacionadas com criação e estruturação de artigos, seja na construção e elaboração de ideias para a Newsletter do OP - a OpenArena - seja em textos sobre conferências e eventos nos quais participo; capacidade de pesquisa e de síntese, pois a realização deste estágio incentivou-me a elaborar um Working Paper; assim como, criatividade,

Helena
13

necessária para a realização de todas as tarefas acima mencionadas

O OP proporciona as condições necessárias para enquadrar progressivamente o estagiário num contexto profissional e científico, levando a que ele se autonomize e se responsabilize cada vez mais. A realização deste estágio proporciona o desenvolvimento de capacidades essenciais para uma mais fácil integração no mercado de trabalho e permite abrir horizontes relativamente às oportunidades e ao tipo de trabalho que existe na área da Ciência Política e das Relações Internacionais, em Portugal. Deste modo, aconselho vivamente a todos aqueles que estejam interessados em realizar um estágio, seja curricular ou académico, nesta área, que o façam no OP

14

ESTORILPOLITICALFORUM2020

A 28.ª edição do Estoril Political Forum, promovida pelo Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica Portuguesa (IEP-UCP), decorreu em versão online entre os dias 19 e 22 de outubro e incidiu sobre o tema “New Authoritarian Challenges to Liberal Democracy”. A conferência inaugural intitulada “The EU, the Atlantic Alliance and Liberal Democracy” contou como a participação de José Manuel Durão Barroso, Diretor do Centro de Estudos Europeus do IEPUCP, de Carl Gershman, Presidente e Fundador do National Endowment for Democracy, e de Wilhelm Hofmeister, Diretor para Espanha e Portugal da Konrad Adenauer Stiftung

Em jeito de nota introdutória, José Manuel Durão Barroso começa por destacar a União Europeia (UE) e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) pelo compromisso que ambas assumem com os valores democráticos Ainda que configurando dois casos de sucesso, o orador não deixa de apontar as dificuldades que atravessam A UE vê-se a braços com graves abusos dos direitos humanos dentro das suas próprias fronteiras, ao passo que a NATO defronta uma crise de confiança entre os parceiros norte-americanos e europeus. Não obstante, Durão Barroso acredita no restabelecimento dessa confiança, pois a superação de questões como alterações climáticas, pandemias, terrorismo internacional, instabilidade financeira, a ascensão da China ou a promoção da democracia liberal à escala global implica um mínimo de convergência entre os regimes democráticos.

Neste quadro, a UE deve exercer um papel ativo na denúncia de claras violações da dignidade humana, sendo melhor sucedida quanto mais estreita for a cooperação com os parceiros transatlânticos.

Em linha com o primeiro orador, Carl Gershman identifica o momento presente como um período de recessão democrática Por um lado, presenciamos o declínio das liberdades políticas e civis em todo o mundo, a deterioração da qualidade da democracia e a incerteza inerente aos regimes democráticos resultantes das “color revolutions”. Por outro lado, potências autoritárias como a China e a Rússia tornam-se cada vez mais assertivas ao mesmo tempo que populismos iliberais irrompem no seio das democracias estabelecidas. A este cenário hostil aos direitos humanos, acresce os impactos da pandemia por COVID-19 que tem servido de pretexto para líderes autocratas reforçarem os seus poderes e restringirem o Estado de Direito. Porém, na ótica de Gershman existem sinais de esperança Desde logo, congratula a UE por criar o Mecanismo de Recuperação e Resiliência, salienta a vulnerabilidade do regime de Putin, patente nas manifestações populares da Bielorrússia ou do Quirguistão, e em terceiro lugar refere a expectável retoma da política norte-americana ao internacionalismo democrático, ainda que divisões internas tendam a persistir Por último, Gershman constata que o confronto de valores e a defesa da liberdade não terminaram com o colapso do comunismo, sendo mais do que nunca indispensável a união entre democracias e a

NewAuthoritarianChallengesdoLiberalDemocracy“TheEU,TheAtlanticAllianceandLiberalDemocracy”
18

revigoração da relação transatlântica, à semelhança do que foi sustentado por Durão Barroso Na última intervenção, Wilhelm Hofmeister lembra que a democracia sempre serviu de ponto de contacto entre Europa e EUA, sublinhando o contributo decisivo da Aliança Atlântica na consolidação interna da democracia liberal, assim como na sua exportação como modelo para o mundo inteiro Na sua perspetiva, um dos mais sérios problemas do nosso tempo prende-se com a perda de credibilidade das instituições democráticas Nas últimas décadas, as democracias tradicionais têm vindo a ser atacadas por movimentos nacionalistas e populistas, ferindo gravemente a sua capacidade de projetar internacionalmente os valores e as práticas democráticas. Para reverter esta situação e concomitantemente enfrentar a ameaça representada pela Rússia e China, Hofmeister considera fundamental o Ocidente proteger a democracia nos seus próprios contextos Após as três exposições, deu-se início a uma sessão de perguntas e respostas moderada pela anfitriã Rita Seabra Brito, Diretora do Programa do Estoril Political Forum. Os oradores presentes expressam uma mesma preocupação face à polarização política que caracteriza a atualidade, concluindo que a luta pela democracia deve ser uma constante na agenda global.

Margarida Santana

Membro associado do OP

19

A China nas Relações Internacionais

Associação de Debates Académicos da Universidade do Minho e Centro de Estudos de Relações Internacionais

No passado dia 25 de novembro, o Observatório Político fez-se representar na Conferência Online "A China nas Relações Internacionais”, organizada pela Associação de Debates Académicos pela Universidade do Minho, que contou como seu moderador Bernardo Almeida em parceria com o Centro de Estudos do Curso de Relações Internacionais, e com a sua respetiva moderadora Lara Ribeiro Também, como seus convidados, a conferência contou com a presença do Professor do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Heitor Barras Romana e o professor da Universidade do Minho, Paulo Afonso Duarte.

O Professor Heitor Barras Romana debruçou-se sobre a criação da Parceria Económica Regional Abrangente (RCEP), realizada no passado mês de novembro, e que contou com a participação da China, do Japão e da Coreia do Sul, entre outros países Este salienta, e muito bem, a magnitude deste acordo que contabiliza um PIB mundial muitíssimo elevado e que permite à China projetarse como um “major player” na região da Ásia Pacífico O Professor Romana também fez questão de afirmar a nova posição da China no âmbito das Relações Internacionais, vista de momento como um ator promocional do multilateralismo, apesar do discurso “tecno nacionalista” por parte do Partido Comunista Dito isto, o Professor quis salientar a China como um país relativamente contraditório por apresentar uma política externa virada para o exterior, mas com uma cariz nacionalista na sua política interna.

Passando agora para o orador seguinte, o Professor Paulo Duarte, este debruçou-se sobre vários temas Desde a criação da RCEP, o possível impacto positivo das eleições americanas, as relações entre a China, Portugal e a União Europeia, e as alterações climáticas. O orador considera a China um ator que recorre muito ao soft power na sua agenda geopolítica, adaptando a sua estratégia mediante o país com quem pretende negociar Também salientou a importância de Portugal se assumir como um país neutro dentro das tensões entre os Estados Unidos e a China, em vez de favorecer uma posição única, como forma de tirar o melhor proveito de uma posição pragmática e não política.

Para além disso, o Professor Paulo Duarte quis dar ênfase à atrasada atuação por parte da União Europeia de responder perante os movimentos da China, como este exemplificou com o caso do 5G. Compreende também a dificuldade de criar uma relação multilateral entre a República Popular da China e todos os estados membros da UE, sendo apenas possível, de momento, a utilização de um multilateralismo seletivo, como o exemplo dos 17+1, e de relações bilaterais, como é o caso de Portugal

Por fim, este orador problematiza a possibilidade de existir um “choque de civilizações”, como descreve Samuel P. Huntington no seu mais emblemático livro lançado em 1996, graças às diferentes interpretações que a China detém no que toca aos Direitos Humanos e ao seu

20

desenvolvimento tecnológico. De qualquer das formas, as guerras físicas são um assunto do passado, e o futuro promete guerras digitais caracterizadas por furtos informáticos e que irão colocar em causa a nossa segurança, como quis enfatizar o orador.

As intervenções feitas por ambos os oradores convidados foram muito bem conseguidas e igualmente detalhadas, sendo de salientar também as questões pertinentes colocadas por ambos os moderadores que permitiram aos seus espectadores conhecer um pouco mais sobre a China e o seu papel no plano internacional.

21

Eu, Jovem, Político

Entrevista ao Presidente do Núcleo ISEG YES

Young Economics Society do Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa

Fale-nos um pouco da génese da ISEG YES. Quando foi formada, por quem e com que objetivos?

No dia 15 de Setembro de 2019, eu fundei oficialmente a ISEG Young Economics Society, com o objetivo fulcral de proporcionar aos estudantes universitários e a toda a população portuguesa informação económica de rigor, excelência e de grande confiança. A YES é uma associação cujo cerne de atuação baseia-se no estudo e análises de acontecimentos económicos importantes, no dia-a-dia, de cada um de nós Somos uma associação constituída por jovens universitários, do ISEG – Lisbon School of Economics & Management, U. Lisboa e todos nós acreditamos que podemos levar este projeto inspirador cada vez mais longe! Por isso, todos os dias a nossa equipa trabalha com muita motivação e com um empenho fenomenal para darmos os

próximos passos nesta direção do progresso associativista e económico, que tanto acreditamos.

Sente que os sucessos e insucessos de diversos Governos são cada vez mais associados ao alcance de determinadas metas económicofinanceiras? Têm estas substituído o papel da ideologia política na definição da maioria das decisões executivas?

Como todos sabemos, um governo de um determinado país serve para estabelecer princípios orientadores que permitam à população dessa nação viver em sociedade, de forma organizada. Claro que com o progresso científico, tecnológico e as alterações nos parâmetros económicos mais significativos nos últimos anos, podemos apurar que os governos têm tido um papel cada vez mais difícil na execução do seu objetivo primordial. No mundo cada vez mais Globalizado em que

24

vivemos, nenhum governo já consegue ter uma governação estável ao longo do tempo, sem se preocupar na definição e cumprimento de metas económicas e financeiras. Mas a meu ver, o problema na gestão das expectativas do cumprimento destas metas, não surge na dificuldade de as alcançar, mas sim no foco de muitos governos em satisfazer várias exigências sociais de forma imediata, de modo a poder garantir o populismo das suas governações Não podemos deixar ser governados por governos populistas porque estes podem estar predispostos a perder o foco do objetivo das suas atuações em prol da execução de muitas decisões políticas que visam assegurar a estabilidade governativa desse governo e que veem afetar o crescimento económico sustentável de uma nação

Temos que compreender que a base da governação, não pode passar primeiro pela satisfação de todas as exigências da população, mas sim pelo cumprimentos rigorosos de metas financeiras que assegurem um crescimento económico significativo de um país, para depois futuramente retribuir à população, com mais do que ela exigia inicialmente.

Tendo em conta a divisão formal clássica tripartida de poderes, Poder Legislativo, Executivo e Judicial, onde julga que se pode inserir o poder económico-financeiro? Será na sua opinião um quarto poder de caráter informal, ou um poder com capacidade para influenciar a ação de cada um dos 3 poderes clássicos?

Para uma boa aplicação prática do poder económico-financeiro não julgo que seja necessário recorrer à possibilidade de criar ficticiamente um quarto poder, com caráter mais informal. Apenas, considero seriamente que o poder económicofinanceiro apresenta uma estrutura tão rebuscada e elaborada que leva à aplicação conjunta dos três poderes clássicos. O poder Legislativo é essencial a nível económico para puder criar leis que permitam regular as trocas comerciais tanto a nível nacional, como a nível internacional. De seguida o poder Executivo apresenta um relevo de igual importância porque não interessa fazer leis, se estas não são aplicáveis, no dia-a-dia de cada um de nós e é nesta aplicação das leis que se gera alterações significativas nalguns indicadores económicos, tais como o PIB e outros Por fim, temos o poder Judicial, que na minha opinião tem ganho uma maior afirmação com o surgimento das recentes grandes polémicas de corrupção, que infelizmente continuam a minar muitas vezes a magia desta ciência social, que é a economia.

Os interesses económico-financeiros tendem a influenciar certas decisões de política nacional tomadas por decisores políticos. No entanto o escrutínio popular direciona-se fundamentalmente sobre os decisores políticos. Julga que existe um paradoxo entre o poder detido por determinados interesses económicos e o escrutínio de que estes são alvo?

Esta questão vai um pouco ao encontro ao que respondi na segunda questão. Eu julgo que não

25

enviesada por interesses pessoais, familiares, de certas classes societárias e quem governa tem que ser firme em relação a estes fatores Compreendo que muitas vezes não é fácil para o ser humano não ceder a certas tentações, mas não podemos esquecer que os seres humanos que foram eleitos para governar um país estão lá para lutar, pelo bem comum da sociedade que governam e não pelo seu interesse pessoal! Por isso é completamente compreensível que as sociedades exijam cada vez mais dos seus governos porque elas apenas querem total transparência e informação por parte de quem os governa

Nas últimas décadas a economia global foi marcada por uma enorme liberalização quer de movimentos de capitais quer de movimentos de pessoas. Podemos apontar que a liberalização de movimentos de capitais foi a grande responsável pelo alastrar da crise financeira em 2008/09. Crê que os efeitos da atual crise pandémica poderão ter como consequência a retração da circulação de pessoas a nível internacional?

É de notar que a pandemia do SARS-CoV-2 forçou a uma adaptação de toda a população mundial a uma nova forma de viver e que o fluxo de circulação de pessoas entre países sofreu uma queda abrupta muito significativa, principalmente no primeiro semestre de 2020 No entanto, creio que quando esta pandemia estiver resolvida vá

também me dá certezas que a nível empresarial, o número de viagens realizadas em trabalho vai ser inferior, após esta pandemia estar resolvida porque muitas empresas e os seus próprios colaboradores perceberam que certas deslocações de pessoas, principalmente em viagens internacionais, podem ser suprimidas em certas fases de negócio, por uma simples videochamada, a tão conhecida “call” que escutamos no dia-a-dia das empresas, de hoje!

O futuro pode ser um pouco diferente com esta pandemia. No entanto, a meu ver, não temos de ter receio dele, apenas temos de retirar aprendizagens positivas da fase que estamos a vivenciar e ter sempre em consideração que a circulação de pessoas a nível internacional, após este fenómeno epidémico deve ser moderado, nem em exagero como acontecia muitas vezes antes, nem em valores mínimos como espero que não se verifique no futuro.

26

Livros

Publicaçõesrecentesemdestaque

Nesta secção pode encontrar alguns dos últimos livros editados e publicados com o apoio do Observatório Político, assim como algumas das obras mais recentes da autoria dos membros e investigadores do Observatório Político

O Presidente da República em Democracia –Comandante Supremo das Forças Armadas, Eduardo Pereira Correia | Lisboa: Editora Almedina (2020)

Esta obra pretende desenvolver uma análise acerca do papel institucional do cargo de Presidente da República na Democracia portuguesa atentando em concreto ao seu papel enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas Com o presente objetivo em mente o Eduardo Pereira Correia destaca primeiramente qual o papel desempenhado pelo Comandante Supremo enquanto figura de destaque ao longo da História de Portugal, com um foco principal no período da História Constitucional Portuguesa. O propósito geral da obra prende-se fundamentalmente com a caracterização do papel de Comandante Supremo das Forças Armadas inerente ao cargo de Presidente da República Portuguesa durante os mandatos cumpridos em Democracia por Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva O autor conjuga para tal, uma visão histórica com uma abordagem jurídico-constitucional que cobre também o papel concreto do Presidente da República na Democracia portuguesa destacando

as suas principais competências constitucionais enquanto Comandante Supremo das Forças Armadas Nacionais Além disso o autor não exclui da sua abordagem uma análise da personalização do cargo presidencial através da ação de Ramalho Eanes, Mário Soares, Jorge Sampaio e Cavaco Silva enquanto representantes do cargo de Presidente da República Na prossecução deste estudo profundo Eduardo Pereira Correia desenvolve também uma análise comparada entre o exercício do papel de Comandante Supremo das Forças Armadas no

28

caso português e a forma como este papel é exercido noutros sistemas políticos desde as Monarquias Constitucionais de Espanha e Suécia, ao Presidencialismo estadunidense, passando pelo sistema semipresidencialista francês e terminando no caso japonês. Através da articulação de uma perspetiva histórica, jurídico-constitucional e comparativa esta obra posiciona-se como um dos principais estudos acerca do cargo de Comandante Supremo das Forças Armadas entendido, particularmente, enquanto postulado do cargo presidencial ao longo do regime democrático português

Uma História da ETA – Nação e Violência em Espanha e Portugal, Diogo Noivo | Lisboa: Editora BookBuilders (2020)

Através de uma análise focada num estudo acerca da famigerada organização terrorista basca – a ETA – Diogo Noivo evidencia nesta obra a análise histórico-política do fenómeno etarra permitindo através da mesma destacar diversos aspetos para a compreensão de um dos principais desafios do mundo atual: o terrorismo Este estudo leva o autor a denotar a história concreta do fenómeno etarra numa visão que não exclui os seus impactos, influências e ramificações em Portugal dada a proximidade geográfica e histórica entre os dois países

Diogo Noivo desenvolve, para o caso da ETA, uma análise acerca das razões que podem motivar o surgimento de uma organização de cariz terrorista que, por sua vez, impele ao desenvolvimento de uma reflexão acerca do papel político que o desenvolvimento de práticas terroristas poderá desempenhar tanto nas dinâmicas e estruturas internas à organização como nas suas interações quer com as esferas institucionais nacionais quer com a sociedade

29

civil. O autor destaca de igual modo os caminhos e estratégias seguidas para conseguir combater a ação terrorista da organização basca, abordando os fenómenos que podem ajudar a compreender a sua longevidade

O período de análise do estudo de caso espanhol e da ação da ETA permite cobrir a vigência e progressiva queda do autoritarismo franquista, o subsequente período de transição democrática em Espanha e o seu desenvolvimento até à plena consolidação da Democracia espanhola. Por este facto, não desvalorizando a complexa heterogeneidade que existe em diferentes realidades nacionais possuidoras das suas características próprias, a análise empírica do caso da ETA poderá permitir ao leitor a compreensão, não apenas das condições que favorecem a ascensão de uma organização terrorista mas também as estratégias que poderão ter mais sucesso no combate a um fenómeno que, devido à prática violenta com objetivos políticos, representa, na atualidade, um dos principais riscos para a estabilidade social e políticoinstitucional do Estado um pouco por todo o mundo.

José Adelino Maltez propõe na presente obra um esforço ensaístico baseado na preparação de uma antologia cronológica de ciência política em português Desse modo desenvolvendo uma análise desde a revolução Liberal de 1820 e cobrindo todo o período de regimes constitucionais portugueses, o autor conclui que os duzentos anos pós-liberais ainda estão por cumprir. Destaca que, apesar de ao longo dos últimos 200 anos terem existido transformações entre cada um dos egimes constitucionais portugueses a realidade de cada um deles é muito

Portugal Pós-Liberal – Um Ensaio de História do Presente, José Adelino Maltez | Lisboa: Editora Âncora (2020)
30

mais complexa do que à partida se pode prever. Como tal torna-se impossível associar de forma rígida e totalmente delimitada no tempo o alcance dos postulados a que cada regime se propôs aquando da sua formação ou da redação das suas respetivas constituições. Nesse sentido a liberdade a que o Liberalismo se propunha atingir não se realizou plenamente com a revolução de 24 Agosto de 1820. Da mesma forma a 5 de Outubro de 1910 e com a Constituição de 1911 a ideia republicana não se realizou totalmente nem se enraizou de forma clara durante o curto período de existência da I República findo a 28 Maio de 1926 Na mesma lógica o período autoritário, a partir de 1933 marcado pelo regime salazarista do Estado Novo, não promoveu a completa consagração de uma revolução nacional que era apresentada como fundamento chave no início da sua vigência O seu final a 25 de Abril de 1974 e a consequente inauguração do regime democrático português também não realizou o ideário democrático de forma plena sendo que os princípios da constituição de 1976 e a liberdade nela subentendida continuam a ser uma procura em curso tal como já o houveram sido nos postulados das constituições de 1822, 1826, 1838 e 1911.

Os conceitos de Liberdade, República, Pátria ou Democracia, são, no fundo, reflexos interrelacionados com a realidade e penetram a mesma sempre que a sociedade se reconhece nos

seus valores fundamentais, passando a partilhar um imaginário comum que se manifesta no interior da coletividade social e na visão dos cidadãos individuais que a compõem.

Manual de Ciência Política – II Volume, José Adelino Maltez | Lisboa: ISCSP - Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas

31

Após o primeiro volume do Manual de Ciência Política, o professor José Adelino Maltez apresenta a edição do segundo volume desta obra. No primeiro volume o autor privilegia uma abordagem que denota uma apresentação teórica geral acerca da análise metodológica em ciência política bem como um ensaio sobre o poder político em si e uma passagem teórica sobre os fundamentos do político, o inventário do problema do Estado e a questão da nação. Neste segundo volume do Manual de Ciência Política José Adelino Maltez foca a sua análise em aspetos mais específicos da evolução da história

política portuguesa desde o início do século XIX até 1973 A análise do “Portugal Político” é então subdividida em 3 grandes tomos. O primeiro toma - intitulado “A Liberalização: 1800-1889” - aborda o período de liberalização do regime acompanhando de seguida os diversos desenvolvimentos dentro da Monarquia Constitucional até finais do século XIX. O segundo tomo prende-se com o período final da monarquia portuguesa e a ascensão do ideário republicano, analisando seguidamente o desenvolvimento político da I República até ao seu colapso em 1926. Este segundo tomo

32

intitula-se “A Republicanização:1900-1925”. Por último o terceiro tomo intitulado “A Salazarquia:1926-1973” procura especificar o surgimento do autoritarismo português em 1926, apresentando o curto período da Ditadura Militar e, posteriormente (a partir de 1933), a longa ditadura salazarista do Estado Novo que culminaria em 1974 com a Revolução do 25 de Abril.

33

AGENDA | REVIEW

Setembro 2020

1 Abertura das candidaturas à 1ª fase do X Programa de Estágios Curriculares e Extracurriculares do Observatório Político.

10 Encerramento do Call for Papers da Revista Portuguesa de Ciência Política| Portuguese Journal of Political Science (RPCP|PJPS), referente à edição de 2020 | número 14 – A governança na era da crise COVID19 | Governance in the age of crisis COVID19.

17 Encerramento das candidaturas para a primeira fase do X Programa de Estágios Curriculares e Extracurriculares do Observatório Político.

30 Disponibilização do e-Working Paper #95 da autoria do membro associado Susana Garcia, sobre o tema “Estado de Arte da Guerra Civil Feminista”

5 O Investigador Associado do Observatório Político, Diogo Noivo, publicou o seu mais recente livro “Uma História da ETA - Nação e Violência em Espanha e Portugal”, editora BookBuilders

34

Outubro 2020

6 Início da 1ª fase do IX Programa de Estágios Curriculares e Extracurriculares do Observatório Político.

12 O Investigador Doutorado e membro do conselho científico do Observatório Político, do ISCSP-ULisboa, Professor Catedrático José Adelino Maltez, publicou o seu mais recente livro “Portugal Pós-Liberal – Um Ensaio de História do Presente”, editora ncora

24 O Investigador Associado do Observatório Político, Diogo Noivo, em entrevista à Antena 2, falou sobre o livro publicado “Uma História da ETA – Nação e Violência em Espanha e Portugal”

22 Disponibilização do e-Working Paper #96 do Investigador Doutorado Luís Sargento Freitas, sobre o tema “Foreign Policy Between Portugal and Finanld”.

27 O Investigador Doutorado do Observatório Político, Professor Doutor Eduardo Pereira Correia, publica o seu mais recente livro “O Presidente da República em Democracia - Comandante Supremo das Forças Armadas”, editora Almedina, com o apoio do Observatório Político.

35

Novembro 2020

4 Abertura do Call for e-Working Papers aos investigadores do Observatório Político

2 Está disponível o Working Paper #97 da autoria do membro associado Tomás Correia, sobre o tema "Lenin on Civil War: Class Struggle and Revolution as Instances of Civil War".

12 Lançamento da Revista Portuguesa de Ciência Política | Portuguese

Journal of Political Science, número 13

36

17 Está disponível o Working Paper #98 da autoria do membro associado Miguel Chora, sobre o tema "O Desafio do Oriente: Uma Análise Comparada Entre Os Dois Maiores Conflitos Económicos Das Últimas Décadas"

Fevereiro 2021

5 Está disponível o Working Paper #99 da autoria da Investigadora Doutorada e Vicecoordenadora do Observatório Político, Patrícia Oliveira, sobre o tema "Cultura Política e Documentário – Metodologias Improváveis"

23 A coordenadora do Observatório Político, Professora Doutora Cristina Montalvão Sarmento, participou na edição 1500 da "Notícias Magazine", de 21 de Fevereiro, nas bancas com o Diário de Notícias e Jornal de Notícias O número conta ainda com a participação do investigador doutorado e membro do conselho científico do Observatório Político, Professor Catedrático José Adelino Maltez

Março 2021

37
26th IPSA World Congress of Political Science 26º Congresso
10-15
7 | 2021 Virtual
4
Mundial de Ciência Política
|
Dezembro 2020

5 Está disponível o Working Paper #100 da autoria da coordenadora do Observatório Político, Cristina Montalvão Sarmento, sobre o tema "Encruzilhadas da Teoria Política: Uma Abordagem Contemporânea".

O Observatório Político atingiu o notável número 100 da publicação dos WP's, uma série que se iniciou em 2011, completa uma década.

15 CALL FOR PAPERS Revista Portuguesa de Ciência Política | Portuguese Journal of Political Science (RPCP|PJPS), edição de 2021 & 22

Abril 2021

28 Political Observer

Portuguese Journal of Political Science Revista Portuguesa de Ciência Política

Issue 14 | 2020

30 Está disponível o Working Paper #102 da autoria do membro associado, Margarida Santana, sobre o tema "A Direita Radical Populista em Portugal"

38

Maio 2021

Julho 2021

27 Está disponível o Working Paper #103 da autoria do membro associado, Adriano Othon, sobre o tema "Da revolução behaviorista ao contributo de David Easton: Breve ensaio epistêmico-biográfico".

Junho 2021

8 Estão abertas as candidaturas para a PósGraduação Ética na Vida Pública organizada pelo Instituto de Estudos Pós-Graduados do ISCSP-ULisboa (ISCSP-IEPG), em resultado da parceria do Observatório Político (OP) e do Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF).

6 Está disponível o Working Paper #104 da autoria do membro associado, Nathaly Calixto, sobre o tema "O Papel do Estado pós COVID-19 no contexto da América Latina".

14 O 26º Congresso Mundial de Ciência Política, organizado pela IPSA –Internacional Political Science Association, com o tema “New Nationalisms in an Open World”, encontra-se a decorrer. O Observatório Político, na pessoa da Professora Doutora Cristina Montalvão Sarmento, participou com a organização de diversos painéis.

39

22 Está disponível o Working Paper #105 da autoria do membro associado, Tatiana Baleia, sobre o tema "Os Conflitos Religiosos e Políticos na China: As dificuldades de uma superpotência em reputar os Direitos Humanos"

Setembro 2021

1 Abertura das candidaturas para a primeira fase do XI Programa de Estágios Curriculares e Extracurriculares do Observatório Político, a decorrer entre Outubro e Dezembro de 2021 (ISCSPULisboa)

Outubro 2021

29 Abertura do período de candidaturas para a Pós-Graduação Ética na Vida Pública . Estratégias e Gestão Prática

A Pós-Graduação Ética na Vida Pública é organizada pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas - ISCSP/ULisboa e é resultado da parceria entre o Observatório Político (OP) e o Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF)

12 Está disponível o Working Paper #106 da autoria do membro associado, Diogo Machado, sobre o tema "China and the Institution of Sovereignty".

40

Novembro 2021

18 Está disponível o Working Paper #107 da autoria do membro associado, Miguel Pereira, sobre o tema "Energia e sustentabilidade: desafios e oportunidades da transição energética no Médio Oriente e Norte de África"

Dezembro 2021

9 Political Observer

Portuguese Journal of Political Science Revista Portuguesa de Ciência Política

Issue 15 | 2021

20 CALL FOR PAPERS Revista Portuguesa de Ciência Política | Portuguese Journal of Political Science (RPCP|PJPS), edição de 2022.

7 Está disponível o Working Paper #108 da autoria do membro associado, Vinicius Albernaz, sobre o tema "Reflexão Teórica do Estudo sobre a Qualidade da Democracia em Portugal: A Visão dos Cidadãos"

41

Março 2022

21 Está disponível o Working Paper #109 da autoria do membro associado, Maria da Luz Riley, sobre o tema "A Influência Norte-Americana na Identidade Açoriana"

Fevereiro 2022

10 CALL FOR PAPERS Revista

Portuguesa de Ciência Política | Portuguese Journal of Political Science (RPCP|PJPS), edição de 2022.

8 CALL FOR PAPERS Revista Portuguesa de Ciência Política | Portuguese Journal of Political Science (RPCP|PJPS), edição de 2022 | número especial sobre a Ucrânia.

20 CALL FOR PAPERS Revista

Portuguesa de Ciência Política | Portuguese Journal of Political Science (RPCP|PJPS), edição de 2022.

42

14 Political Observer

Portuguese Journal of Political Science Revista Portuguesa de Ciência Política Issue 16 | 2021

15 A Investigadora Doutorada do Observatório Político, Isabel David, comentou, em entrevista à SIC Notícias, no passado dia 11 de Março, o actual conflito entre a Rússia e a Ucrânia

16 O Investigador Doutorado do Observatório Político, Samuel de Paiva Pires, publicou no passado dia 12 de Março no Observador um artigo intitulado "O regresso do fim das ideologias?", fazendo uma análise histórica ideológica, com base na obra 'O fim das ideologias', de Daniel Bell.

17 A Investigadora Doutorada do Observatório Político, Sandra Balão, em entrevista à SIC Notícias, no passado dia 13 de Março, analisou a ofensiva russa na Ucrânia.

43

18 O Investigador Doutorado do Observatório Político, Luís Sargento Freitas, no passado dia 13 de Março, em entrevista à CMTV, analisou o desenvolvimento da situação da entrada de refugiados na Polónia, no contexto da Guerra na Ucrânia

28 Está disponível o Working Paper #110 da autoria do membro associado, Margarida Rosa, sobre o tema "A ascensão da extrema-direita na Europa: Uma ameaça à Democracia".

Abril 2022

18 O Investigador Doutorado do Observatório Político, Samuel de Paiva Pires, no passado dia 14 de Março, em entrevista à SIC Notícias, analisou a Guerra na Ucrânia

12 CALL FOR PAPERS Revista Portuguesa de Ciência Política | Portuguese Journal of Political Science (RPCP|PJPS), edição de 2022 | número especial sobre a Ucrânia.

44

2 Está disponível o Working Paper #111 da autoria do membro associado, João Santos, sobre o tema "A Nova Onda Autocrática: Uma Análise Teórica"

Maio 2022

16 O Investigador Associado do Observatório Político, Adérito Vicente, no passado dia 9 de Maio, em entrevista à SIC Notícias, analisou o discurso de Putin no Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial e as consequências do mesmo para a Segurança Europeia

17 Inicia-se a 5ª Edição da Spring Research School, seminário de internacionalização do ensino, que decorrerá nos dias 17-18 & 20 de Maio, uma parceria Observatório Político e Sam Nunn School of Internacional Affairs GATECH, GeorgiaUSA.

Junho 2022

28 Está disponível o Working Paper #112 da autoria do membro associado, Constança Reis, sobre o tema "Reform of the United Nations Security Council"

45

28 A 5ª Edição da Spring Research School, Seminário de Internacionalização do Ensino, decorreu nos dias 17-18 e 20 de maio, uma parceria Observatório Político e Sam Nunn School of International Affairs GATECH, Georgia-USA.

28 Abertura do período de candidaturas para a Pós-Graduação Prevenção da Fraude e Corrupção nas Organizações Ética, Gestão de Riscos e Estratégias Práticas

A Pós-Graduação Prevenção da Fraude e Corrupção nas Organizações é organizada pelo @iscsp ulisboa e é resultado da parceria entre o Observatório Político (OP) e o Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF)

Julho 2022

28 CALL FOR PAPERS Revista Portuguesa de Ciência Política | Portuguese Journal of Political Science (RPCP|PJPS), edição de 2022 | número especial sobre a Ucrânia.

19 Encontram-se abertas as candidaturas para a primeira fase do XII Programa de Estágios Curriculares e Extracurriculares do Observatório Político, a decorrer entre Setembro e Dezembro de 2022 (ISCSP-ULisboa).

46

NÃO FAZEMOS POLÍTICA, MAS EXPLICAMOS

Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.