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opinião

De Narely Nicolau é head de Energy da Austral Seguradora

Indústria de petróleo está mais atenta à proteção do seu negócio

U

m mar de oportunidades. A analogia poderia soar lugar comum, mas o mercado brasileiro de petróleo tem mesmo um importante horizonte com as centenas de pontos de extração de óleo e gás e navios que cruzam a nossa costa. O setor de Energia no Brasil ainda enxerga potencial de crescimento, em meio às turbulências da economia, com novos poços de exploração e projetos de descomissionamento, que dão um impulso para que todos os mercados correlacionados se movimentem. Até 2025, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a expectativa é de que as retiradas de plataformas de petróleo (descomissionamento) da Petrobras envolvam R$ 28 bilhões. Mas e os riscos? Diante de tantos projetos em curso, a indústria brasileira vem se precavendo também. As petroleiras têm dado ainda mais atenção à continuidade das operações, planejando sua segurança em eventuais perdas de produção, assim como na preservação de linhas e equipamentos subsea. A preocupação se justifica nos desafios que a nossa indústria enfrenta. Nossas principais reservas estão localizadas em águas profundas, atreladas a complexos sistemas submarinos e de escoamento da produção. Falamos de um setor que se supera em produção mês a mês. No início de julho de 2021, o preço do barril atingiu o maior valor em sete anos. Alcançou, aproximadamente USD 76,86 (WTI) e USD 77,84 (Brent), cerca de 200% a mais do registrado em alguns meses do ano anterior. Esse cenário destrava diversos projetos que estavam aguardando na fila pelo momento de decolar. É o caso da retomada das construções de unidades offshore como os navios plataformas do tipo FPSO´s (floating, production, storage and offloading), demandados pela indústria em função das características dos campos localizados em águas profundas brasileiras. São milhões de barris por dia. Muito além dos números, os gestores deste mercado querem alinhar os interesses socioeconômicos à questão ambiental; priorizar a redução dos riscos e diminuir, com isso, as incertezas que circundam a atividade. Até o fim da década, o setor quer amadurecer e se superar. Nesta agenda, os dados não nos deixam mentir: o que se paga pela proteção no mercado de seguros de Riscos de Petróleo saltou de R$ 648.689.594 milhões de prêmio emitido em 2019 para o patamar de R$ 1.176.428.980 em 2020, apresentando um crescimento superior a 80%. 54

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Analisando apenas os cinco primeiros meses de 2021, a variação nas contratações de seguros foi de 42% com relação ao mesmo período do ano anterior para o ramo, segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep). É justamente o apetite para crescer que impõe ao mercado a necessidade de proteção, uma prioridade que passou a fazer parte das discussões das companhias, sobretudo nos últimos anos. Grandes acidentes ficam marcados por valiosos aprendizados e sugerem uma revisão na avaliação de riscos. Como exemplo, o ocorrido no Golfo do México, que gerou um “olho de fogo” durante horas no mar decorrente de uma fuga de gás de uma linha subsea que deu origem a chamas que se assemelhavam a lava de um vulcão em pleno oceano. Casos como este trazem a atenção para a necessidade de proteção das linhas e equipamentos subsea. Novas plataformas estão sendo continuamente instaladas em diferentes locais e operam em águas cada vez mais profundas e distantes da costa. A interconexão segura e eficiente das plataformas e embarcações aos poços e equipamentos no fundo do mar é necessária para garantir operações confiáveis de extração de óleo. Os Umbilicais Submarinos, Risers e Flowlines (SURF) formam este vínculo entre os locais de operação. Eles devem ser capazes de suportar altas tensões mecânicas e químicas, elevadas temperaturas e pressões, a fim de garantir o fornecimento contínuo e confiável das operações subsea. Em um projeto do pré-sal brasileiro, por exemplo, o custo mais expressivo do CAPEX para a parte subsea é com Risers e Flowlines, de maneira correlativa, o mercado de seguros, por sua vez, registra nos últimos anos expressivo índice de acidentes envolvendo a instalação destes dutos. Por estas razões, a busca pela continuidade dessas operações de maneira protegida vem se tornando uma prática chancelada de maneira mais atenta com a pandemia, como uma garantia de viabilidade aos negócios. Se para tudo há um lado bom e se o seguro morreu de velho, chegamos a um ponto comum de interesse para desenvolvimento do mercado com exequibilidade das operações projetadas na direção de um avanço sustentável para o setor.


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