Walker Travels Magazine | 07 | Cazaquistão

Page 1

CAZAQUISTÃO

CIDADES, MONTANHAS, DESERTOS, AMIZADES, HOSPITALIDADE, POLÍCIA E CARONAS IMPROVÁVEIS.

RE V IS TA DE V IAGENS PRODUZIDA POR EDSON WALKER


Assine tambĂŠm a revista e ganhe mensalmente um postal exclusivo feito por mim. Apenas R$ 30,00 mensais. edson.walker@gmail.com


“Kazakstan is nice! I like in here!” Se você já ouviu essa frase, provavelmente acredita que sabe alguma coisa sobre esse país. Mas esse filme do Sacha Cohen, como você talvez tenha ficado sabendo depois, não tem nada a ver com o Cazaquistão. É um filme sobre a nossa ignorância diante de um mundo cada vez mais interconectado. Caminhar é, a cada dia que passa, mais preciso!

edição, diagramação fotos e textos edson walker revisão ortográfica tânia ottoni agosto 2013

Nas veias do país correm generosamente gás natural e petróleo. Apesar de grande parte do território ser semidesértica, ele possui vários oásis onde florescem cidades arborizadas e modernas. Do passado de cultura nômade não sobrou muita coisa, principalmente depois do período soviético, que os obrigava a morar em cidades. Esta edição possui fotos principalmente de duas cidades: Astana e Almata. Há também fotos da belíssima cadeia de montanhas celestiais Tian Shan, histórias de hospitalidade, caronas em limusines e ainda de como fui parar novamente na cadeia. Desta vez acabei até diante de um juiz. Quer saber o motivo?


arriscar-se ĂŠ preciso


astana cazaquist達o


O Cazaquistão é mais um daqueles países que guardam muitas surpresas para seus viajantes. Tudo pode ser novidade em um local que desconhecemos completamente. E, se você espera encontrar um país isolado do resto do mundo pelo seu gigantesco deserto, há muito com o que se surpreender em Almata, a maior cidade do país, perto da fronteira com o Quirguistão. Cheguei aqui no sábado à noite, depois de uma viagem de mais de 26 horas em um ônibus leito que partiu da cidade chinesa de Urumqui. O ônibus era leito de verdade, com beliches adaptadas onde o passageiro pode realmente esticar as pernas e dormir confortavelmente. A travessia das fronteiras é extremamente demorada e dá tempo para tirar fotos com alguns funcionários do lado chinês e sentir-se famoso pelo simples fato de possuir pele branca e olhos verdes. De volta ao ônibus, um policial confere os passaportes de todo mundo e diz “welcome” quando entrega o meu. “Mas estou indo embora”, pensei. Bom, não importa, acho que entendi o que ele queria dizer.

cazaquistão its nice!! Depois de tanta espera, é impossível não fazer amizade com alguns dos outros passageiros, tanto do seu ônibus quanto dos outros quatro que estão fazendo a mesma viagem. Fico conhecendo cinco estudantes que estão voltando de férias para casa depois de quase um ano estudando na China. Eles falam inglês fluentemente e aproveito para aprender um pouco mais de russo que é, assim como a língua cazaque, idioma oficial, amplamente falado também


no Cazaquistão. Pergunto para eles o nome do atual presidente do Cazaquistão e eles começam a rir. “Como assim? É o mesmo de sempre: Nazarbayev. Desde 1990!”, me respondem numa mistura de conformismo e crítica. Na parada para o almoço no restaurante à beira da estrada, encontro novamente dois deles que, antes, haviam oferecido ajuda se eu precisasse de qualquer coisa. Estavam comendo espetinhos de carne (chamados aqui de “shaslik”), pão, cebola e havia também em cima da mesa umas oito garrafas de cerveja. Quando me viram, foram logo arrumando mais uma cadeira no disputado restaurante e, mesmo que eu quisesse, seria impossível não dividir a refeição e as cervejas com eles. O “churrasco” cazaque tinha carne de pato e de carneiro. A cerveja estava quente, mas a sensação de estar almoçando com pessoas tão amigáveis em um país tão desconhecido fazia tudo aquilo ser delicioso. E... a viagem continuou mais agradável. A famosa hospitalidade dos cazaques não iria me desapontar naquele dia. Ao chegar

almata cazaquistão à rodoviária de Almata, cidade com dois milhões de habitantes, Anna e sua mãe, que a esperava já ansiosa na porta do ônibus, me ajudaram a encontrar o albergue no qual iria ficar naquela noite. Não havia mais ônibus para ir para lá e a minha nova amiga não hesitou em parar um táxi e ter a certeza de que o motorista havia entendido onde ficava o endereço. Quando pergun

>>

continua


tei quanto iria custar, ela simplesmente foi abrindo a porta fazendo sinal para eu entrar, enquanto dizia: “Já está pago. Não se preocupe.” O motorista, que não falava inglês, me cumprimentou dizendo: “Salam Aleikum, brat” (A paz esteja contigo, irmão), e não falou mais nada durante todo o caminho. Cheguei ao albergue tarde da noite e encontrei lá vários viajantes, inclusive Ana, outra brasileira perdida nessa imensidão da Ásia Central. Fiquei conversando também por muito tempo com um jovem suíço que viajou pelo Brasil por quatro meses. Era tão legal sentir o carinho que ele nutria pelo nosso país. Temos ainda coisas muito valiosas em casa que fazem valer a pena continuar lutando. Sem ufanismos: o suíço Manuel me deixou muito orgulhoso de ser brasileiro. Na tarde do domingo fui para a casa do meu anfitrião cazaque, que faz parte também do site Couchsurfing, no qual você pode encontrar pessoas dispostas a hospedá-lo de graça por alguns dias. Alan Ibrahim me recebeu com muita amizade e depois me convidou para almoçar com seus amigos

mi casa es su casa num restaurante ao lado do maior parque da cidade. Deixei com que ele escolhesse o cardápio e depois seu amigo perguntou se eu gostava de carne de cavalo. “Não sei, pois nunca comi”, respondi. “Então você vai provar hoje, porque foi esse o prato que o Alan pediu”. Realmente detesto dizer isso, pois adoro cavalos, mas adorei a novidade, que é bastante consumida por aqui. Minha agenda estava lotada já nos primeiros dias em Almata, cidade que amei desde


o início. É generosamente arborizada, com vários jardins e parques, cosmopolita, com muitas mulheres elegantes nas ruas. No final da tarde, fui até o supermercado comprar vinho (georgiano), salgadinhos e suco para o concerto de música no apartamento da artista plástica Kystagy. Ela havia me convidado apenas algumas horas antes e eu fui para lá cheio de curiosidade, encantado com a ideia de assistir a um concerto na casa de alguém. Cheguei um pouco atrasado, pois é meio difícil encontrar os endereços nesses prédios de arquitetura russa, onde a entrada é quase sempre pelos fundos. O apartamento já tinha uma energia muito boa e Dmitry Usanov, ou Oozbeck como gosta de ser chamado artisticamente, já tocava seu violão afinadíssimo e fazia do russo um belíssimo e melodioso idioma para ser cantado. Cerca de doze convidados já estavam espalhados confortavelmente pela sala e todos me receberam com um sorriso. O show durou mais de uma hora e a anfitriã provou também que, além de artista plástica, é uma excelente cantora. Adorei a ideia. É muito simples e uma ótima desculpa

almata cazaquistão para conhecer pessoas novas. Você disponibiliza sua casa como uma casa de shows, cobra uma pequena entrada para ajudar os músicos e no final compartilha as bebidas, frutas, doces e salgados com todos os convidados. Com apenas um pouco de criatividade e dinheiro, você pode fazer suas tardes de domingo serem muito mais interessantes do que assistir aos péssimos músicos que costumam aparecer na tela da sua televisão nesse horário.


mĂşsico oozbeck e kystagy soltando a voz


almata cazaquist達o


show de mĂşsica em sua casa


almata cazaquist達o


show de mĂşsica em sua casa


almata cazaquist達o


a arte da ira


almata cazaquist達o


a arte do acaso


almata cazaquist達o


“Alma”, na língua cazaque, significa maçã. Parece que aqui havia tanta que foi óbvio chamar a cidade de “Almata”. Hoje em dia ainda é possível encontrar várias macieiras entre o verde que domina a cidade, mas não pensem que essa é uma importante fonte de renda. O dinheiro que circula pelo país vem de recursos muito mais rentáveis como o gás natural, petróleo e minérios. E todo esse dinheiro é fácil ver circulando pelas lojas de roupas de marcas, bares e restaurantes da cidade. Não é nada daquilo que você viu no filme do Borat. Já estou em Almata há 10 dias e ainda não consigo explicar como alguns lugares ou cidades podem fazer o viajante sentir-se tão bem e os planos para partir acabarem sempre sendo adiados. Viajar é muito mais do que riscar nomes em uma lista de lugares ou atrações turísticas. O mais importante para mim é experimentar continuamente aquela sensação da descoberta de algo novo. Enquanto sinto isso e a rotina não me alcança, é possível continuar viajando pela mesma cidade. Aqui no Cazaquistão, se você entra no país através de suas fronteiras, é preciso registrar-se na polícia de imigração em até

histórias de corrupção e burocratzia cinco dias. É apenas mais uma burocracia, herança dos tempos soviéticos, mas, se não for feita, paga-se multa ao sair do país ou torna-se mais um motivo para extorsão pelos policiais corruptos que voam como abutres procurando a próxima oportunidade para atacar. Ainda não tive essa experiência por aqui, mas já ouvi muitas histórias de


corrupção que deixam até brasileiro assustado. Muitos cazaques instalaram em seus carros câmeras, as quais ligam quando são parados no trânsito por policiais. Os cidadãos se defendem do jeito que dá, mas há muitas outras ocasiões, quando você precisa do governo, que não tem como fugir da propina para poder começar ou continuar a trabalhar. É mais ou menos assim que me explica Chris, um americano que mora aqui há mais de dois anos dando aulas de inglês e prestando consultoria para cafés da cidade. O registro na polícia parecia ser apenas mais uma longa espera em filas e preenchimento de formulários, mas na verdade foi lá que fiz dois grandes amigos, enquanto esperava receber de volta meu passaporte com o devido carimbo no formulário anexo. Conheci lá Ayak, um marinheiro francês que está viajando há cinco anos sem voltar para casa, e Andrea, um italiano que veio prestar consultoria para uma indústria de móveis da Itália. Combinamos de nos encontrar à noite para conversar e, claro, tomar algumas cervejas. Era apenas terça-feira, mas como não existe dia específico para fazer amizades, terminamos a noite lá pelas 3 da madrugada, pois o sentimento de amizade fluía naturalmente.

almata cazaquistão Como estava procurando lugar para ficar nos próximos dias, Andrea logo se dispôs a me hospedar em seu apartamento. Como todo bom italiano, adora cozinhar, e provavelmente vou recuperar alguns quilos perdidos nesses quatro meses e meio de viagem. Também estou aprendendo mais

>>

continua


italiano e, juntos, estamos estudando russo. É muito interessante notar como essas relações de confiança se desenvolvem. Há uma espécie de sexto sentido que se refina na quantidade de experiências a que você é exposto durante suas viagens. Na maioria dos casos, elas acontecem no primeiro minuto. Há provavelmente alguma coisa no olhar que seu subconsciente percebe, que liga naturalmente uma das três cores: verde, amarelo ou vermelho. É algo que se aprende apenas com a experiência, e sua maestria evita um monte de problemas em lugares desconhecidos. Porém, confiar em estranhos é essencial em qualquer viagem. Conhecer pessoas é a parte mais enriquecedora e divertida quando estamos fora de casa. Não dá para obedecer sempre a sua mãe e nunca conversar com estranhos, afinal, todos são estranhos a princípio. No Cazaquistão, assim como na Geórgia e na Rússia, qualquer carro pode ser um táxi. É só parar na beira da rua na direção para onde você quer ir, fazer sinal, e negociar o preço com quem estiver indo para lá disposto a dividir os custos do combustível. É mais barato do que táxi e mais prático e confortável do que ônibus. No Brasil parece uma ideia estranha, pois desconfiamos até

andrea brincando com a luz da nossa sombra, mas é sim uma ideia que poderia funcionar nesses tempos de smartphones. Um amigo meu já trabalhou num projeto no qual usuários de smartphones com sistemas de geo-posicionamento global (GPS) instalados podiam se cadastrar e serem encontrados nas ruas pelos outros usuários. Por exemplo, alguém passando de


carro por uma rua poderia encontrar a posição de pessoas procurando carona para o mesmo destino. Esse sistema traria segurança para seus usuários, pois todos teriam que se cadastrar e ser verificados e aprovados pelos próprios membros desse sistema. É uma ideia que funciona muito bem com o Couchsurfing, sistema no qual você pode encontrar lugares para passar alguns dias na casa de alguém desconhecido, mas aprovado pelos hóspedes anteriores. Se você cometer algum erro, seu nome ficará marcado e ninguém mais confiará em você. Ontem vi uma criatura que me hipnotizou por alguns minutos. Não, não foi uma dessas belas mulheres que circulam por todos os lados da cidade. Foi algo que levei um tempo até reconhecer. Parecia obviamente um beija-flor, mas era tão pequeno que me aproximei mais das flores para ver melhor. Nem sequer tentei tirar minha câmera da mochila, pois esses momentos são sempre tão efêmeros que a única alternativa é gravá-los na memória. Era uma criatura colorida como um beija-flor. A cauda era curta e coberta por uma plumagem delicada. Batia as asas como um beija-flor normal. Na cabeça, duas antenas e um bico tão fino e flexível que parecia mais uma língua de

almata cazaquistão borboleta. Era difícil classificá-lo, mas felizmente não era tão tímido quanto os beijaflores e ficou lá provando com seu bico delgado todas as flores daquela planta. Nunca havia visto nada parecido. Uma criaturinha gordinha de apenas uns cinco cm de comprimento. Uma mariposa-beija-flor.


linhas de energia


almata cazaquist達o


plantas nas montanhas de tian shan


almata cazaquist達o


antigas pastagens de ver茫o dos n么mades cazaq


ques

almata cazaquist達o


montanhas de tian shan


almata cazaquist達o


piquenique nas montanhas


almata cazaquist達o


montanhistas solitรกrios


almata cazaquist達o


tian shan nas alturas


almata cazaquist達o


geleira das montanhas celestiais de tian shan


almata cazaquist達o


tian shan nas alturas


almata cazaquist達o


tian shan nas alturas


almata cazaquist達o


andando nas nuvens


almata cazaquist達o


montanhas de tian shan


almata cazaquist達o


Depois de 22 horas viajando de trem desde a antiga capital Almata até a nova capital Astana, nem mesmo o cansaço é capaz de tirar a surpresa e admiração do viajante ao encontrar uma cidade tão moderna no meio dessa imensidão de estepes da Ásia Central. Olhe no mapa, procure pelo Cazaquistão, encontre sua capital e surpreenda-se com o que eu tenho para contar. Mas, para deixar meu leitor com um pouco de expectativa, vou antes contar sobre meus últimos dias na cidade de Almata, capital do país até o ano de 1997. Talvez você até pense que sou o único brasileiro perdido por essas terras antes habitadas apenas por nômades, mas é só procurar um pouco que se acaba sempre encontrando mais algum. É só perguntar para alguém. Foi assim que conheci Leandro, carioca de Niterói, que já mora há dois anos e meio em Almata. Foi para lá meio que por curiosidade e acabou ficando. Hoje ele dá aulas de português e inglês. Conhecendo primeiro essa cidade fica mais fácil de entendê-lo, pois você já não tem apenas aquele pensamento: “Mas afinal o que tem lá no Cazaquistão?” Sim, tem gente no Cazaquistão querendo aprender português também. Por quê? Alguns apenas porque já viajaram ao Brasil e gostaram tanto a ponto de querer

leandro, kumar e andrea aprender mais sobre essa língua chamada de “portugalski” por estas terras. Outra de suas alunas namora um paulista pela internet e está indo para o Brasil para finalmente conhecê-lo. Sim, essas coisas ainda existem. Leandro me convidou para fazer uma trilha nas montanhas que fazem parte do


cenário de todos os dias dos “almatianos”. Várias delas ainda tem neve nos picos. Mas, para alcançá-los, teríamos que chegar até os quatro mil metros de altitude. Saímos na manhã de domingo às 8h30 da manhã. Eu e meu amigo italiano Andrea (que por curiosidade é nome de homem na Itália) encontramos Leandro e sua namorada cazaque na parada do ônibus e já dava para ver que várias outras pessoas tiveram a mesma ideia que a gente. Descemos na parada mais próxima da trilha e começamos a subida com quase todos os outros passageiros do ônibus, que estava lotado. Alguns estavam carregados com todos os apetrechos para o churrasco de domingo e foram ficando pelo caminho. Uma das meninas de um grupo carregava também um mp3 player que ficava tocando toda a música pop russa que eu imaginava ter deixado na cidade. Algumas pessoas não conseguem mais se desligar. Seguimos pela trilha cercada por diversas cores das flores de verão. Deu até para provar algumas “almas” (maçã, na língua cazaque) diretamente das árvores, e também framboesas, com um pouco de determinação entre os espinhos dos arbustos. Deu para colher o suficiente para que todos pudessem provar pelo menos algumas. Na metade da trilha,

almata cazaquistão encontramos uma pequena cachoeira de águas vindas direto das geleiras do topo da montanha. Meus amigos entraram na água, mas eu, despreparado para a ocasião, de cueca branca, fiquei apenas tirando fotos.

>>

continua


Chegamos com certo esforço, devo admitir, até onde podíamos, com o tempo que nos restava para voltar antes que anoitecesse. Entre as várias paradas para recuperar o fôlego, Leandro ia nos ensinando russo e falando mais sobre o país que escolheu para morar. A vista fez valer toda a caminhada, mas dava ainda vontade de continuar, pois havia muito mais para alcançar. Encontramos lá um grupo de amigos, um rapaz e mais quatro meninas, fazendo piquenique, que nos convidaram para sentar com eles. O lugar era um dos mais perfeitos e ficamos lá por um tempo torcendo para que a chuva não nos alcançasse. De volta à cidade, Leandro nos levou a um restaurante que é provavelmente o mais próximo de uma churrascaria que se pode encontrar por aqui. Servem lá “shaslik”, espetinhos de carne que, apesar de serem maiores do que os nossos, não chegam a rivalizar com os churrascos brasileiros. Cansados, queimados pelo sol, pensando apenas em tomar um banho e ir dormir, comemos carne de pato e frango. Foi uma inesquecível tarde de domingo desta minha viagem. Estar entre amigos é realmente o que mais sinto falta quando estou fora do Brasil.

shopping center khan shatyr Poderia ficar todo o mês em Almata, mas aquele vírus que me torna um andarilho começava a incomodar novamente, e resolvi visitar a famosa capital Astana que, em cazaque, significa simplesmente “Capital”. Eu já havia escutado um pouco sobre essa cidade, mesmo antes de vir para cá, e tinha muita curiosidade em conhe-


cer essa nova e moderna cidade construída no meio das estepes entre os anos de 1995 e 1997. Na verdade, pela quantidade de gruas e canteiros de obras que vi por aqui, ela nunca parou de crescer. Em 1999 tinha cerca de 300 mil habitantes e hoje possui mais de 700 mil. Provavelmente não vai parar de crescer tão cedo. Sem dúvida é uma cidade impressionante, rica e moderna. É incrível ver o poder que tem o petróleo no mundo. Há aqui provavelmente de tudo que o dinheiro pode comprar em qualquer lugar do mundo. Lojas de marcas de luxo e restaurantes, nos quais você nem sequer pensa em entrar, de tão luxuosos que parecem pelo lado de fora. Num estacionamento encontrei nove limusines paradas esperando pelos clientes dessa cultura da imagem que se assemelha em todos os países. O clima aqui é extremo. Astana é a segunda capital mais fria do mundo. Seu recorde foi de -51ºC e seu verão pode chegar facilmente a +40ºC. Por que pessoas decidem morar aqui? Eu ainda não sei responder bem a essa pergunta, mas suspeito que, como sempre, onde tem dinheiro e poder há sempre alguns sacrifícios que os humanos decidem fazer. Como todas as cidades planejadas que cresceram muito

astana cazaquistão rápido, ela precisa de tempo para desenvolver sua alma. Ela não se cria apenas com prédios e parques impressionantes. Ela se constrói com pessoas. Com a relação que elas tem com a cidade. Sem alma, para o viajante, é apenas como um parque de diversões que depois de dois dias perde o interesse.


shopping center khan shatyr


astana cazaquist達o


shopping center khan shatyr


astana cazaquist達o


esculturas de astana


astana cazaquist達o


antigos ladas ainda resistem ao progresso


astana cazaquist達o


cidade em obras


astana cazaquist達o


muรงulmanos, mas nem tanto


astana cazaquist達o


mesquita


astana cazaquist達o


mesquita


astana cazaquist達o


parece dubai mas nĂŁo ĂŠ


astana cazaquist達o


o melhor lugar da cidade numa tarde de verĂŁo


o

astana cazaquist達o


siesta cazaque


astana cazaquist達o


este brinquedo dรก vontade de voltar a ser crian


nรงa

astana cazaquistรฃo


construindo com amor


astana cazaquist達o


a sombra que atrapalha, Ă s vezes, ajuda


astana cazaquist達o


os Ăşltimos raios de sol do dia


astana cazaquist達o


os Ăşltimos raios de sol do dia


astana cazaquist達o


13 segundos de luz


astana cazaquist達o


Os segundos que passam tão precisos em nossos relógios parecem não deixar dúvidas. É uma verdade irrefutável. Algumas vezes, até mesmo cruel. Quanto mais tentamos controlá-los, mais eles parecem acelerar-se. Distraímo-nos ocupados com tantas coisas, importantes ou não, que nos esquecemos de controlar o tempo e acordamos numa quarta-feira escrevendo o quarto e último artigo (pelo menos esse era o plano) sobre o Cazaquistão. Depois de cinco meses de viagem e, segundo meus cálculos, mais de 32.000 km em aviões, trens, carros e ônibus, cheguei meio cansado aqui no Cazaquistão. Precisava recarregar as energias para a segunda etapa da viagem, que promete ser tão intensa quanto a primeira. À minha frente estão ainda um monte de “istãos”: Quirguistão, Tadjiquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Azerbaidjão e “Iranistão”. O primeiro visto dessa série já está estampado no meu passaporte e o artigo da próxima semana será escrito em Bishkek, capital de um país vizinho que também fazia parte da antiga União Soviética. Eu, quando criança, olhava sempre com grande curiosidade o mapa dessa região. “O que será que tem ali?”, perguntava-me. Caravanas de camelos? Arqueiros monta-

garagens cazaques dos em cavalos? Nômades? Montanhas? Desertos? Hoje em dia, em tempos de tão acelerada globalização, é preciso um pouco de imaginação para viajar, se o que você busca é o novo. O mundo parece estar perdendo a fascinação que sempre tivemos, em toda a história da humanidade, diante das diferenças culturais. O pouco que


sobrou fica em regiões distantes de grandes cidades, preservados em museus, ou oferecidos ao viajante como atrações turísticas. No Cazaquistão, suas duas principais cidades, Almata e Astana, não guardam mais muitas surpresas culturais. São duas cidades belíssimas. Modernas e globalizadas. Os anseios das pessoas daqui não são muito diferentes dos nossos. Estampada nos rostos nas ruas vê-se a mesma preocupação de todos nós. O mundo inteiro está mudando muito rápido e ficando cada vez mais parecido. É longa a distância que separa Astana de Almata. Mais de 1.300 km e 20 horas de intermináveis estepes com vegetação rasteira, seca já nesta época do ano. Algumas pequenas cadeias de montanhas e pequenas cidades de aparência empobrecida estampada nas fachadas dos antigos edifícios, construídos pelos russos, quebram a monotonia da planície. O pôr do sol, porém, é fascinante. Vermelho vivo queimando o chão. As horas passam devagar no trem. As paradas de 20 ou 30 minutos nas diversas estações parecem intermináveis. Na cama ao lado, um senhor começa a conversar comigo em russo. Peço para dar uma olhada em seu enorme livro de capa vermelha. “Filoso-

almata cazaquistão fia”, ele me diz e explica que é uma compilação de diferentes filósofos de várias partes do mundo. Folheio o livro com interesse e sinto aquela desagradável frustração de um analfabeto diante do indecifrável. Até consigo ler em russo, mas os sons formados pelas palavras não me dizem nada.

>>

continua


O senhor também é designer, mas não conseguimos nos comunicar direito. Perdemos com isso a oportunidade de conhecer um pouco mais do complexo universo dentro de cada um dos passageiros que vivem ao nosso redor. Mais tarde, um jovem passa pelo corredor e pergunta meu nome e nacionalidade. Ele me oferece um café, mas eu apenas agradeço, pois não estou com vontade. Minutos mais tarde ele volta e coloca na pequena mesa à minha frente uma xícara de chá, biscoitos, maçãs, pão, fatias de salame e um miojo recém-preparado. “Priatna apetit” (bom apetite), ele diz e volta para seu lugar mais adiante no vagão. Esses atos de generosidade, tão frequentes aqui na Ásia, ainda me causam certa sensação de estranheza, mas é sempre muito bom sentir esse carinho que demonstram com pessoas viajando, distantes do conforto de suas casas. Tanto na Rússia como nas outras ex-repúblicas socialistas soviéticas que já visitei, é comum encontrar essas estranhas garagens como na foto ao lado. As cidades planejadas pelo ideal socialista do coletivismo investiam mais no transporte público do que no individualismo capitalista do carro próprio. Os antigos edifícios residenciais

cadeados do amor não possuem espaço para estacionamento como a maioria dos nossos possuem no subsolo. Assim, os proprietários de carros tiveram que improvisar abrigos e cada um começou a construir o seu próprio ao redor dos prédios onde moram. E construíam de qualquer jeito, utilizando metal e cimento, usando os espaços ainda disponíveis ao


redor dos edifícios. O resultado você pode ver na foto. Um desastre arquitetônico. Outra coisa que me chamou a atenção nesta viagem foram esses cadeados presos em pontes com nomes de casais escritos neles. Alguns são grandes, outros pequenos, coloridos ou em formato de coração. A chave provavelmente jogada no rio junto com os mais profundos desejos de amor eterno. Quantos será que já voltaram lá com uma serra de metal para retirar suas antigas promessas e jogar seus cadeados partidos também no fundo do rio? Sempre quis saber a origem dessa tradição. Quem teria colocado o primeiro cadeado na ponte de sua cidade? “Eu sei”, disse meu amigo Andrea, enquanto eu o olhava um tanto incrédulo já esperando mais uma de suas histórias engraçadas. “Essa tradição virou uma febre praticamente no mundo todo depois do filme do diretor italiano Federico Moccia. O filme chama-se ‘Tre Metri Sopra il Cielo’ (Três Metros Acima do Céu).” Mais um filme para minha lista.

astana cazaquistão


teatros russos


almata cazaquist達o


o encantamento da luz


almata cazaquist達o


cidades e natureza


almata cazaquist達o


Toda história ruim começa sempre bem. A minha começa numa manhã de segundafeira de sol na cidade de Almata. Era para ser a minha última no Cazaquistão, mas... acabou não sendo. Todo mundo indo para o trabalho e eu me encontrando com um amigo polonês na frente de uma agência dos correios para enviar os meus postais para os assinantes da Walker Travels. Pegamos um táxi até a saída da cidade e começamos a pedir carona até a fronteira com o Quirguistão. Pasha, meu amigo, é um apaixonado por viajar de carona e foi assim que veio parar no Cazaquistão e é assim que pretende chegar à Índia. Sem muito esforço, contando histórias de viagens um para o outro, conseguimos uma carona até o próximo cruzamento. Alguns minutos depois já estávamos em outro carro que nos deixou apenas alguns quilômetros adiante. A próxima carona seria já mais emocionante. Dois jovens e uma guria nos levaram por mais uns 80 km e pararam para que provássemos uma bebida local feita com iogurte de leite de cabra e sementes de trigo no fundo. A porção era grande e o iogurte meio azedo. Foi difícil segurar o sorriso quando perguntaram se eu tinha gostado.

caronas improváveis Continuando a viagem, eles começam a preparar um baseado dentro do carro. Olho apenas para o Sacha e ele já está dando risada da situação. Realmente tudo pode acontecer quando se viaja de carona. O que mais poderia acontecer naquele dia? Era cedo ainda quando nos deixaram no próximo cru-


zamento. E muita coisa ainda iria acontecer. Pasha realmente era uma ótima e divertida companhia para viajar. Saímos do carro rindo e logo vimos uma limusine parada à frente de uma pequena loja na beira da estrada. Olhamos um para o outro e imediatamente começamos a correr, pois ela estava partindo. O motorista parou e Sacha, que fala fluentemente russo, conversou com o motorista e seu ajudante. Eles começaram a rir e fizeram sinal para que entrássemos na porta de trás. Mal podíamos acreditar quando entramos e começamos a comemorar como duas crianças. Carona em limusine! O motorista lá dentro da cabine ria também quando nos viu comemorando nos imensos bancos da parte de trás. Até ligou umas luzes bregas que ficavam piscando lá dentro. Depois de ter passado um pouco da nossa euforia, eu e Sacha combinamos que nunca mais iríamos pedir carona sem levar junto uma garrafa de whiskey, a única coisa que faltou para fecharmos com chave de ouro a experiência. Já na fronteira com o Quirguistão começa a outra parte da história. A sorte havia acabado para mim. O oficial com aquela cara de corrupto mal encarado começou a folhear meu passaporte e ver os formulários de registro

almata-korday cazaquistão no Cazaquistão. “O seu visto está vencido”, ele diz. Respiro fundo já esperando ser apenas mais uma das famosas extorsões dos policiais do país. Olho meu passaporte e... mal posso acreditar! Era como uma mágica feita pelo policial

>>

continua


ali na minha frente. Meu visto estava realmente vencido e deveria ter deixado o país um dia antes. Não me perguntem como que isso aconteceu, pois nem eu mesmo sei direito como que acabei sendo tão distraído. Na minha mente, apenas uma palavra se repetia: “Cagada, Walker! Cagada!” Assim acabei parando na salinha da polícia de imigração da fronteira. Não era o único com problemas e fiquei lá esperando junto com os outros. Pasha apareceu logo depois para me ajudar e ficamos lá, esperando e rindo com uma oficial muito simpática que falava bem inglês. Começaram a preencher um formulário no computador e eu ainda cheio de esperanças de que não seria nada de mais. Apenas uma multa e boa viagem, andarilho. Mas, aos poucos comecei a ver que não seria mais tão fácil sair do Cazaquistão. A oficial, Beibitova Umit, foi me explicando que eu seria transferido para a polícia de imigração da cidade, que eles abririam um processo contra mim e eu teria que ir para a corte. Teria que pagar um advogado, um tradutor e provavelmente pagaria uma multa de U$ 400,00 para ser liberado. O processo todo poderia demorar até uma semana! Sim, o andarilho estava novamente em uma grande enrascada. Mas, como já tenho

amizades inesperadas experiência nessas situações, procurei ficar o mais calmo possível. Liguei para meus amigos em Almata e os informei sobre a minha situação. Se ela perdesse o controle, eles ligariam para a embaixada brasileira, mas ainda era cedo para o desespero. Fui levado para a delegacia e lá, um simpático


oficial chamado Madi, que não falava uma palavra em inglês, foi preenchendo mais um monte de documentos no computador. Lá pelas 21h00 me levou para um hotel e, como eu não tinha dinheiro para pagar, ele acabou acertando algo com a proprietária e acabei dormindo lá naquela noite. Na manhã seguinte, vieram me buscar e passei a manhã inteira na delegacia vendo -os preencher uma papelada interminável com o meu caso. Levaram-me para sacar dinheiro nos caixas eletrônicos da cidade, mas meu cartão de crédito não funcionava. Tinha que pagar o advogado e a tradutora, que chegou mais tarde, e as coisas ficaram mais claras, mas não menos desesperadoras. Um oficial acabou pagando por mim e à tarde já seria minha audiência com o juiz. Entrei na sala de audiências do tribunal esperando pelo melhor possível, pois não havia mais nada que pudesse fazer. Na sala havia apenas o juiz, duas testemunhas, a tradutora e o oficial. Tive que ficar em pé diante do juiz, que fez algumas perguntas e no final perguntou se eu tinha como pagar a fiança. Como não tinha dinheiro e meu cartão não funcionava naquela cidade, ele acabou me liberando, mas teria que ficar detido até as 20h30, como pena pelos meus crimes. Eram 4h00 da tarde e minha história ainda não

taraz cazaquistão havia terminado. Fora do tribunal, a tradutora me explicou que não poderia ainda cruzar a fronteira sem ter um novo visto no meu passaporte, o que não poderia ser feito ali, mas sim numa cidade a 300 km de distância.

>>

continua


Usando meu cartão adicional pré-pago consegui sacar os últimos reais do saldo, que usei para pagar o hotel e o transporte no dia seguinte para Taraz, onde teria que ir à policia de imigração para pegar o visto de trânsito. Saí cedo do hotel e fui a pé até a saída da cidade, de onde partiam os táxis coletivos. No caminho ouço alguém gritando o meu nome. Olho para o lado e vejo o mesmo Madi, que havia tomado conta do meu processo, fazendo sinal para entrar no carro. Ele havia passado no hotel para me levar até o táxi. Esses policiais cazaques me confundem sempre. Alguns tão corruptos e outros tão legais. Você nunca sabe o que esperar deles. Chegando a Taraz, consegui felizmente sacar mais dinheiro, e fui tentar a minha sorte na policia de imigração. Ninguém falava inglês e me pediram para voltar mais tarde. Voltei e esperei. Mandaram-me pagar uma taxa na agência dos correios. Voltei e esperei. Enquanto esperava, uma mulher começou a falar comigo em francês. Ela também esperava. Todo mundo esperava. Lá pelas 6 da tarde o oficial me passa um celular e alguém em inglês me diz que teria que esperar até às 9 da noite, quando ele viria para ajudar na tradução. A coisa não cheirava bem, mas eu tinha que esperar. As 7h30 chega meu salvador, Beka, tradutor em uma empresa de petróleo. Alguém que havia estado na sala

pra lá de marrakesh no cazaquistão de espera havia ligado para ele dizendo que havia lá um estrangeiro em apuros. Ele veio para salvar meu dia. O oficial queria dinheiro para fazer o meu visto. Deixei claro que já havia pago a taxa, mas ele, com a maior cara de pau, falou que aquele era dinheiro para o governo. Queria o dele também.


“Mother fucker!”, eu pensava. E agora? Depois de viajar por uns 42 países e me orgulhar por nunca ter pago propina, seria realmente o Cazaquistão que me dobraria? Tentei contornar a história olhando no olho e dizendo que eu era jornalista e que, depois de ter passado por ótimas experiências no país, eu não queria ter que escrever sobre aquilo no meu próximo artigo. A ameaça surtiu efeito e ele pediu para voltarmos no dia seguinte para encaminhar o visto. Beka foi logo me convidando para passar a noite na casa da sua família. Lá fora esperava o taxista amigo dele que mal acreditava que tinha um estrangeiro em seu táxi. Paramos para comprar pão recém-saído do forno e fomos para sua casa, que ficava num bairro distante do centro. Casa linda com jardim interno e quartos e salas espalhados ao redor. A família logo me fez sentir totalmente à vontade. E quem ainda tem medo de muçulmanos? Jantamos “plof” que é o arroz de carreteiro daqui. Uma delícia acompanhada pelo pão fresco e frutas secas. Até paçoca de milho provei e, de olhos fechados, me lembrei da minha mãe e da minha infância. Depois, saímos para beber cerveja, afinal nem todo muçulmano é de ferro. Beka ainda queria jogar Counter Strike comigo, mas ninguém mais tinha energia tão tarde da noite.

taraz cazaquistão Voltamos na manhã seguinte para mais um bom tempo de espera na polícia. O oficial não estava feliz com o cliente pão duro e não parecia ter pressa. Depois de preen

>>

continua


cher os formulários, ele pediu para voltarmos à tarde. Beka e sua esposa me levaram para almoçar e visitar alguns pontos turísticos da cidade. Não havia como convencê-lo de que eu também queria ajudar a pagar a conta. Ele apenas dizia: “Isso é hospitalidade cazaque. Não se preocupe. Apenas fique à vontade.” Até um chapéu cazaque ele comprou para mim, como souvenir. Ligamos para ver se o visto já estava pronto, mas o oficial começou a nos enrolar com a desculpa de que seu chefe não estava lá para assinar. As 6h30 da tarde, enquanto bebíamos cerveja e começávamos a comer shaslik, ele nos ligou pedindo para irmos buscar o passaporte. Fomos correndo para lá e Beka começou a conversar com o oficial. Mal podia acreditar quando o vi puxando sua carteira e tirando cerca de U$20,00 e passando para o oficial, que com a outra mão entregou o passaporte com o devido visto. “Não faça isso!” disse a ele. “Não se preocupe. Vamos voltar para terminar nosso jantar. Aqui as coisas infelizmente são assim”, me respondeu constrangido.

comemorando o final da história


Com muito esforço consegui convencê-lo de que eu até entendia que ele pagasse as contas nos bares e restaurantes, mas pagar a minha propina, já era demais. Terminamos o dia dançando com sua esposa e amigos “Ai se eu te pego” do Michel Teló, que o Beka pediu para o DJ tocar em minha homenagem. Graças a esse problema com o visto tive uma experiência toda nova no Cazaquistão. Conheci seu lado burocrático e corrupto, mas também descobri mais ainda o quanto esses cazaques são incríveis. No dia seguinte atravessei a fronteira sem problemas, com uma sensação esquisita de que nada mais parecia fazer sentido.

taraz cazaquistão


pai do meu amigo beka


taraz cazaquist達o


detalhe do mausolĂŠu de aisha bibi


taraz cazaquist達o


detalhe do mausolĂŠu de aisha bibi


taraz cazaquist達o



Redirect é uma agência de web que apoia novas ideias. Juntos vamos reinterpretar o mundo, redescobrí-lo e criar novas alternativas para fazê-lo ser cada vez melhor. Faça como eles e Redirect suas Ideias!



Pyhrett agradecimento aos assinantes > Gordo Claudia Elisa Machado

essa revista é patrocinada por pessoas maravilhosas! obrigado pelo carinho e apoio de todos vocês!

parceiros

obrigado à Cequinel Seguros de Curitiba pelo carinho e apoio com o seguro de viagens ao Rodrigo Turra da Redirect por mais uma vez acreditar nos meus projetos à Tânia Ottoni pela correção ortográfica ao Jornal Expressão pela publicação das minhas colunas semanais

contato edson.walker@gmail.com www.facebook.com/walkertravels www.walkertravels.com.br

Everton Takahama Neto Temporão Paula Haas Mila Loenert Café Babette Mariana Bittencourt Alexandre Godoi Carolina Moreno Nadir Da Costa Jardim Neuza Walker Clair Walker Evandina Oechsler Marli Everling Antônio Gomes Julieta Pinheiro Neta Fabiano e Ana Paula Beta e Alessandro Cyla e Perini Tânia Ottoni Felipe Ramos Camile Cassou Vanessa Ottoni Alexandre Kavinski Letícia Capriotti Beatriz Kavinski Daniela Andres Priscila Escuissato Célia Ottoni Vânia Andrade Heli Meurer Isadora Dickie Lucas Camargo Dal Fabbro Luziane Einsfeld Maura, Tonho e André Márcia Ribeiro Jucimar Rabaiolli Lisandra Ilha Marshal Lauzer Caetano Vendrami Neto Everton Luís Poelking Suzana Rodrigues Ruschel Sany Poelking Adriana Stringari Elisabetta Farroni Vera Lucia Ramos Fabrício Abrão Costa Tici Andrade Juliana, Miguel e Sofia Carlos Alberto Asfora Alexander Krestini Lúcia Matos Charles Khun Ednélia Barbosa Menezes Maurício e Neli Aline Ritter Curti Pierre e Xênia Bruno Imbrizi Adriana Fernandes Halloran Fernanda Hoffmann Lobato

Assine você também e ganhe todo mês 1 postal feito por mim.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.