Walker Travels Magazine | 03 | Geórgia

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Revista de Viagens Produzida por Edson Walker

GEÓRGIA DESIGN MADE IN GEÓRGIA HUSKIS SIBERIANOS NO CÁUCASO ASTRÓLOGO DE PLANTAS O CAVALEIRO NA PELE DE PANTERA O REI DOS VIAJANTES PRIMAVERA, DANÇA E MUITA HOSPITALIDADE


edição, diagramação fotos e textos edson walker revisão ortográfica tânia ottoni abril 2013 publicação:


Eis que surge a terceira edição da Walker Travels Magazine. A primeira feita totalmente on the road. Esta é uma revista independente de viagens, patrocinada por diversos assinantes que também acreditam em um mundo ainda cheio de maravilhas a serem descobertas. Primeiro mês de um projeto de viagens de 12 meses pela Ásia, este foi um período de adaptação passado aqui na Geórgia. É um grande desafio selecionar fotos e histórias que possam representar fielmente tudo o que aprendemos diariamente imersos em uma cultura tão rica e antiga. Editar pessoalmente todo esse material é um risco de cometer vários erros de interpretação. Peço antecipadamente desculpas por esses erros e também pela superficialidade no relato de histórias que poderiam ser muito mais completas. Que as informações contidas nesta edição sirvam como um despertar de sua curiosidade. Este é um país onde o tempo passa mais depressa. Onde sua rede de amigos aumenta diariamente e sua hospitalidade nunca deixa de surpreendê-lo. Tenho um grande carinho por este país. Espero poder passar um pouco desse espírito nas fotos e histórias contidas nas páginas seguintes. Boa viagem. Assine também a revista e ganhe mensalmente um postal exclusivo feito por mim. Apenas R$ 30,00 mensais.


natureza pronta para a primavera



natureza pronta para a primavera



natureza pronta para a primavera



natureza pronta para a primavera



natureza pronta para a primavera



natureza pronta para a primavera



natureza pronta para a primavera



natureza pronta para a primavera



natureza pronta para a primavera



um husky chamado hachik么 Hachik么 lambendo o vidro do carro.


Impossível resistir ao olhar de um husky. Eles sabem bem como seduzir humanos. Hachikô, então, ainda um filhote, faz todo mundo parar na rua. Ele é o novo “filho” de meu amigo e anfitrião Goika. Dá tanto trabalho quanto um filho, precisa de atenção o tempo todo. Um pequeno descuido e, voilá, lá se foi o seu sapato. Fica roendo tudo ao seu redor, inclusive seu braço. É apenas de brincadeira, uma forma de se relacionar com os seres com quem convive. Quando ele começa a ficar agitado, tentando mordêlo sem parar, it’s pipi time! E lá vai o Goika novamente para mais um passeio pela vizinhança.

O cão já é famoso e tem vários amigos. Inclusive um menino de nove anos que até parece ficar esperando na janela para poder brincar com seu amigo. É uma amizade tão bonita, tão sincera. Goika já tem planos para ele no futuro: vai fazer um trenó e convencer outros donos de huskies a fazerem passeios sobre a neve nas montanhas ao redor. São cães realmente muito rápidos e resistentes. Acho que também vão gostar da ideia de levar crianças para passear.


a verdade estarรก mesmo no fundo do copo?


Está escrito lá no tal Evangelho de São Thomé, o dito incrédulo. O versículo 77 diz mais ou menos assim: Disse JC: Eu sou a luz, que está acima de todos. Eu sou o Todo. O Todo saiu de mim, e o Todo voltou a mim. Rachai a madeira, lá estou eu. Erguei a pedra, lá me achareis. Esta suposta afirmação de Jesus me parece muito reveladora. É para mim semelhante à afirmação de um iluminado budista, taoista ou hindu. Deus é a matéria. É a energia que constroi todas as coisas visíveis e invisíveis. Possui formas apenas temporárias.

Tirei essa foto durante uma caminhada por uma trilha na montanha próxima à capital da Geórgia, Tbilisi. Estava morrendo de sede quando encontrei uma pequena fonte chamada “Fonte do Jacó”. Alguém havia deixado lá um copo de vidro para os andarilhos da trilha. Tomei a água fresca vinda diretamente da montanha e depois fiquei testando minha nova lente. Quando cheguei em casa, percebi que uma imagem havia se formado no fundo do copo. Juro que não é photoshop.


Durmishkhan Kipiani é um desses caras que faz nos bem conhecer. Daqueles que, ao nos despedirmos, sentimos que o dia valeu a pena. Experimentamos novamente aquela sensação de renovação que nos faz querer continuar. Seu rosto de Anthony Hopkins possui marcas claras de sua sabedoria e tranquilidade. Incrível perceber que o nosso pensamento, o nosso interior, deixa sempre marcas físicas em nossos semblantes. Meu amigo Goika havia me mostrado na semana passada uma espécie de calendário lunar que ele compra todos os anos. “É uma espécie de horóscopo para plantas”, me disse brincando. “Aqui, vejo sempre os dias mais propícios para fazer qualquer coisa no meu jardim, pomar ou horta. Sei quando é o melhor dia para podar, semear ou replantar qualquer tipo de planta.” Logo me lembrei da minha mãe, que sempre sabe de todas essas coisas, mas nunca precisou de um livro para isso. Mas, achei interessante haver um livro, uma espécie de guia astrológico, o qual você possa consultar sempre que tiver dúvidas. Talvez esse tipo de guia exista também no Brasil.

astrólogo das plantas “Vamos tentar conhecê-lo?”— perguntei ao meu amigo. “Claro! Também sempre quis conhecê-lo e agora que tenho aqui em casa um ‘jornalista’ brasileiro, essa será a minha melhor desculpa.” Ligamos e ele logo se mostrou disposto. Assim, marcamos um jantar no domingo, aqui no apartamento de Goika. Antes de desligar o telefone, ele perguntou ao meu amigo: “Você prefere vinho tinto ou branco?” Goika, brincando, lhe deu uma resposta tipicamente georgiana: “Essa é uma pergunta ridícula. Bebo qualquer um”.


Ele chegou sem o vinho, mas, em compensação, trouxe uma caixa de bombons russos que acabou sendo muito apreciada depois do vinho que compramos por via das dúvidas. No jantar, comemos pão, salada, feijão (servido frio aqui na Geórgia) e uma salada de frango desfiado com creme de nozes e sementes de romã. Tudo sempre bem temperado com coentro, presente sempre na maioria dos pratos daqui. Ele me perguntou sobre o que eu estava interessado em saber. Eu nem sabia bem o que perguntar e tinha mais vontade de deixá-lo falar à vontade sobre o seu trabalho. Infelizmente, a conversa teve que ser traduzida e muita coisa deve ter se perdido no caminho, mas mesmo assim acho que nos entendemos. Ele tem 65 anos e estudou engenharia civil e depois botânica. Seu interesse pela influência astrológica nas coisas da Terra, especialmente hoje nas plantas, começou de uma maneira curiosa: criando abelhas. Segundo ele, observando o seu comportamento podemos prever mudanças climáticas e até mesmo saber como vai ser o próximo inverno

ou verão. “Meu trabalho não tem nada de novo. É apenas uma coletânea de sabedoria popular e investigação astrológica. Foi conversando com agricultores que aprendi a maioria das informações contidas nesse livro, que publico há 19 anos”.

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astrólogo das plantas A conversa mudou várias vezes de assunto. Kipiani é um desses caras capazes de falar sobre tudo. “Religião acabou”, claro, sendo um dos temas principais. Ele demonstrou ser uma pessoa bastante religiosa, mas não fiquei surpreso ao saber que não frequenta nenhuma igreja. Não gosta das interpretações dadas pelos seus líderes e nem da ideia de que você precisa apenas ter fé e aceitar os poucos trechos da bíblia escolhidos por eles, sem poder questioná-los. É um livro muito amplo, cheio de sabedoria milenar, capaz de ajudá-lo a compreender melhor a maior parte dos questionamentos humanos. Motivado por essa conversa, no dia seguinte li o Evangelho de Tomé, e fiquei admirado em

encontrar lá um Jesus Cristo muito diferente daquele da igreja católica. Suas frases assemelham-se muito às de filósofos orientais, mas, claro, muitas vezes usando metáforas diferentes. Recomendo muito a leitura desse evangelho. É incrível notar a quantidade de referências astrológicas contidas na Bíblia. Muitas datas coincidem com diferentes alinhamentos ou fenômenos observados nos astros. O natal coincide com o solstício de inverno (hemisfério norte) no qual o nascimento de Jesus foi associado ao período onde o sol volta a iluminar por mais tempo a terra. Essa hibridização de novas ideias com as anteriores faz


parte da história de praticamente todas as religiões. Aproveitei a oportunidade e perguntei a ele o porquê do natal da igreja ortodoxa ser comemorado no dia 7 de janeiro e não no dia 25 de dezembro, como fazem os católicos. “Para a igreja ortodoxa também, Jesus nasceu fisicamente no dia 25, mas o Cristo, o espírito divino, surgiu na criança apenas dias depois”, me explicou Kipiani. Essa data, dia 6, na verdade é marcada para nós como a visita dos 3 reis magos (ou 3 sábios) que presenteiam Jesus Cristo com ouro (símbolo de sabedoria), incenso (amor) e mirra (eternidade). Símbolos que, segundo Kipiani, marcam a importância desses novos valores para o período depois do nascimento de Jesus.

Kipiani nunca foi casado e, quando perguntado por que, respondeu que os seres humanos são formados pelo equilíbrio do masculino e o feminino. “Igual ao ying yang?” — perguntei. “Exato” — respondeu com um sorriso. Terminamos a noite fazendo um brinde. Estávamos todos felizes com o encontro e Kipiani brindou dizendo: “Um brinde a nossa amizade, a esse sentimento de união e verdade entre nós que é símbolo de ressurreição”.


condenados pela beleza



condenados pela beleza (bom, nem sempre)



condenados pela beleza



condenados pela beleza



condenados pela beleza



O cara é foda! Ótimo designer, fotógrafo e artista. É uma espécie de Avtandil, herói do clássico dos clássicos georgianos “O Cavaleiro na Pele de Pantera”. Um cara devotado aos amigos, sincero, honesto e um grande anfitrião. Pai de 2 filhas e 1 filho, cada um de uma mulher diferente, do tipo que não pode viver sem estar apaixonado. Agora inventou de ser pai também de um filhote de husky siberiano. A fera anda comendo aos poucos a sua casa. É o meu grande amigo aqui na Geórgia e estou hospedado em sua casa. Tem muita história para contar e nem precisa de uma garrafa de vinho para começar.. Trabalha com madeira, metal, pedras e cerâmica. Especializado hoje em design de interiores e exteriores, também é mestre em design de móveis e cerâmica. George, ou Goika, como é conhecido, tem um grande diferencial: o cara desenha e faz. Bota a mão na massa mesmo, solda, corta, escolhe e compra o material para seus projetos. Para projetos maiores, claro, necessita da ajuda de outros artesãos, mas está sempre lá fazendo e acompanhando o processo. Nem preciso falar que o acabamento é sempre impecável. Cada projeto é único, uma obra de arte.

george mouchiashvili mas pode chamar de goika O design é mais admirado ao ser visto do que explicado, então, confira alguns dos seus trabalhos nas páginas seguintes.


Graduação: Nikoladze Art School, Tbilisi, Geórgia (1977-1981). Academia de Belas Artes , Tbilisi, Geórgia (1981-1986). Exibições: Tbilisi 1986-1991 (coletivas) – Geórgia Tbilisi 1997 (individual) – Geórgia Moscou 1987 – Rússia Berlim 1989 – Alemanha Bristol e Londres 1997 – Reino Unido Die 1998 – França Belgrado 1989 – Sérvia Gyumri 2008 – Armênia

Veja alguns dos seus trabalhos >>


leveza e simplicidade


Poltrona Ferro, madeira e tecido. Tbilisi, Ge贸rgia, 2007.


Madeira, vidro e cer芒mica. Tbilisi, Ge贸rgia, 2003.

leveza e simplicidade


Ferro e madeira. Tbilisi, Ge贸rgia, 2009.

Ferro, madeira, pedras e cer芒mica. Tbilisi, Ge贸rgia, 1999.


leveza e simplicidade


Porta Revistas. Metal. Tbilisi, Ge贸rgia, 1999.


leveza e simplicidade Mesa de centro e cadeiras. Madeira e tecido. Tbilisi, Ge贸rgia, 2006.



Estante. Ferro e vidro. Tbilisi, Ge贸rgia, 1997.

leveza e simplicidade


Porta revistas. Ferro. Tbilisi, Ge贸rgia, 1996.

Escada. Ferro e madeira. Tbilisi, Ge贸rgia, 2006.


leveza e simplicidade


Fachada Christian Dior. Cer芒mica. Tbilisi, Ge贸rgia, 1992.


cer창mica


Vasos em cer창mica. Cer창mica. Tbilisi, Ge처rgia, 1998.


sweet georgia - churchkhela


Uma entre as várias opções de doces da Geórgia, a churchkhela (duvido você conseguir pronunciar isso) é sem dúvida a mais curiosa. Ela é feita com nozes (walnuts) amarradas num fio e cobertas com uma calda de uvas misturadas a amido de milho para dar a consistência necessária.

Veja aqui como fazer em casa: http://globaltableadventure.com/2011/ 04/21/ natural-grape-walnut-candy-churchkellafrom-the-caucasus/


sweet georgia



Se você nunca ouviu falar em Jumber Lezhava, você provavelmente vai ficar surpreso após cada parágrafo. Esse georgiano de 74 anos vai fazer você duvidar das barreiras entre o possível e o impossível. Vai fazer você acreditar no poder das ideias, no quanto é difícil parar uma mente determinada. Tive a grande sorte de poder entrevistá-lo informalmente durante um jantar oferecido pela família de seu ex-colega de faculdade. Não sabia muita coisa sobre ele e resolvi ouvilo primeiro sem qualquer prejulgamento. Sabia apenas que o cara havia pedalado por praticamente todos os países do mundo durante mais de 9 anos sem voltar para casa. Apenas 6 países, segundo ele, não o deixaram entrar: Arábia Saudita, Iraque, Afeganistão, Brunei, Coreia do Norte e Líbia. Que perguntas fazer diante de alguém cuja história é mais impressionante até do que a de Marco Polo?

jumber, “o rei dos viajantes” Depois de uma rápida apresentação, ele começa logo a despejar uma enorme quantidade de números em seu inglês um tanto imperfeito: “230 países eu viajei. 500 mil km. 264 mil em velocipeti. Sobrevivi a mais de 132 situações de risco de vida. Mais de 70.000 fotos eu tirei. Vários recordes no Guinness Book em flexões: 5011 flexões em 1 hora, 16274 em 5 horas, 19376 em 6 horas, 34955 em 12 horas, 44141 em 24 horas. 100 dias de maratona de flexões, 17300 por dia, 1 milhão e 730 mil no total.” E não parou por aí. Esse engenheiro elétrico, aparentemente viciado em números, anotou tudo em seus mais de 2000 diários. Você ainda duvida que um homem assim tenha sido capaz de pedalar pelo mundo todo? Começando aos 54 anos de idade?


Após ter passado por algumas tragédias pessoais como a morte da esposa e uma grave doença que o fez perder mais de 3 metros de intestino, ele nunca conseguiu parar. Queria quebrar mais uma vez o seu próprio recorde de 24 horas de flexões para 36 horas ininterruptas. Sugeriu o desafio aos organizadores do Guinness, mas eles não se interessaram dizendo que isso seria humanamente impossível. “O que poderia fazer para impressionar o mundo?” Diz o texto sobre sua vida em seu website pessoal chamado www. healthylife.org.ge. O filho de um de seus amigos um dia lhe perguntou: “Tio Jumber, se você é tão forte, por que não viaja pelo mundo de bicicleta?” Pronto! Estava lançada a semente. E nunca mais ele parou. “Much times fighting, much times situation, accidents” — ele me diz, em seu inglês engraçado — “much water problem”. Perguntei-lhe como fazia para se defender dos lobos durante suas viagens pela Sibéria, por

exemplo. “Não apenas lobos” — ele sorri — “tigres!” Pelo que entendi, ele usava uma lanterna potente e também fogueiras ao redor de sua barraca. Na Sibéria, me conta, por vezes você viaja mais de 500 km sem encontrar uma vila sequer. “E viajei durante o inverno. Temperaturas de -30°C.” Nessa hora você começa a duvidar do cara, mas, tudo parece possível para Lezhava.

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Esteve no Brasil lá pelos anos 90. Entrou por Foz do Iguaçu e foi em direção ao Rio de Janeiro, onde fez amizades e jogou futebol. E fez 5 gols durante a partida, contando, claro, o gol contra que fez. Do Rio foi para Brasília e de lá - incrível! - pegou a Transamazônica e chegou a Belém. Durante esse trajeto, chegou a dormir em árvores com medo dos animais, alimentando-se de frutas, carne seca e, curiosamente, alho. Perguntei se o alho era para espantar as cobras, mas acho que ele nunca havia ouvido uma pergunta dessas e respondeu apenas fazendo um gesto com ambas as mãos sobre o corpo em sinal de proteção. O cara comeu cada coisa durante todos esses anos! Na África, chegou até a comer comida industrializada de cães. Estranho mas compreensível, afinal, é um alimento não perecível e também rico em proteínas. Sem dúvida ele pagou várias vezes um preço alto pela sua determinação. Na Escandinávia, durante o rigoroso inverno, um médico queria amputar sua perna por causa da gangrena que havia começado, mas ele não permitiu. Mesmo que a amputação de uma perna provavelmente não fizesse Jumber parar, foi uma decisão sensata, pois hoje ele ainda possui as duas pernas e uma saúde invejável.

jumber, “o rei dos viajantes”


“Bom,” — você deve estar pensando — “muito legal. O cara deve estar tranquilo agora vivendo uma vida pacata na Geórgia sentindo-se realizado, dando entrevistas e vendo os netos crescerem”. Você realmente não conhece o Jumber! Em maio ele vai voltar à estrada. Sozinho novamente vai pedalar por mais uns 2 anos pela Ásia Central e, pelo que entendi, depois disso vai pedalar até Portugal, pegar um voo até o Rio de Janeiro para ver as olimpíadas em 2016. Será a sexta olimpíada à qual assistirá. Fora isso, tem ainda o projeto, para o qual está buscando patrocínio, de pedalar até o Polo Sul, na Antártica. Para isso, está construindo uma bicicleta especial para o gelo, uma espécie de quadriciclo, chamada carinhosamente de “Pinguim 666”.


VocĂŞ jĂĄ fez algo bonito para ser compartilhado com os que passam pela sua janela?

a beleza ĂŠ para ser compartilhada









do tempo das cavernas



do tempo das cavernas



do tempo das cavernas



do tempo das cavernas



orgulho nacional



orgulho nacional



orgulho nacional



orgulho nacional



orgulho nacional



shota rustaveli: o cavaleiro na pele de pantera


Durante a Idade Média, no século XII, a Geórgia atingiu um grande avanço artístico liderado pelo governo da rainha Tamar que mandou o pai para o exílio e empreendeu sucessivas campanhas militares bem-sucedidas. Esse foi o auge cultural que a Geórgia já viveu, uma espécie de iluminismo que a Europa iria experimentar apenas séculos mais tarde. Sua posição geográfica permitia um contato maior com diferentes culturas como a persa, hindu, bizantina e grega favorecendo também um avanço na filosofia. Durante esse período de aparente calmaria, raro na história desse país pois estava sempre no caminho dos principais impérios que avançavam tanto ao leste quanto ao oeste, a Geórgia conseguiu se firmar como um poderoso reinado. A escrita georgiana atingiu seu esplendor nesse período com o surgimento de Shota Rustaveli. Shota Rustaveli (1172-1216?) foi um poeta georgiano e um dos mais importantes escritores da Idade Média. É o autor de “O Cavaleiro na Pele de Pantera”, poema épico nacional georgiano inspirado nos feitos da Rainha Tamar, que governou o país de 1178 até 1212: “Tão radiante quanto o sol nascente, nascida para iluminar o mundo à sua volta. Embora seja mulher, Deus a criou para ser soberana. Podemos dizer sem adulação que ela sabe governar”.

Se você quiser agradar a um georgiano, é só dizer que você está lendo Rustaveli. É um poema que fala sobre ideais humanísticos medievais: cavalheirismo, bravura, amor (também em relação a amigos), coragem, amizade e honra. Os heróis são bravos, filantrópicos e generosos. Não se resumem apenas a heróis georgianos mas também persas, chineses e indianos. O poema mostra influência persa e possui aproximadamente 6500 versos, cada um composto por 16 sílabas. Na internet você encontra um texto do Umberto Eco falando sobre “Na era da globalização, o que deveríamos ler?”. Ele faz o seguinte comentário em relação ao livro: “Será que realmente podemos adaptar o sistema educacional a um mundo globalizado quando a vasta maioria dos ocidentais cultos ignora totalmente que, para os georgianos, um dos maiores poemas na história literária é O Cavaleiro na Pele de Pantera de Shota Rustaveli? Quando acadêmicos não conseguem nem concordar se, na versão georgiana original, o cavaleiro do poema está na verdade usando uma pele de pantera e não de tigre ou de leopardo? Chegaremos sequer a esse ponto, ou continuaremos simplesmente a perguntar: Shota o quê?”



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