Odonto Magazine #16

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comunicação integrada

ISSN 2179-8796

Ano 2 - N° 16 - Maio de 2012

www.odontomagazine.com.br

Reportagem

Odontologia do Esporte

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Editorial

Atualizando, aprendendo e compartilhando

A

tualmente a busca de conhecimento e a troca de informações se mostram como um importante diferencial dos profissionais de saúde bucal que conseguem garantir esse hábito em sua rotina. Estar atualizado cientificamente e em dia com as melhores práticas para se chegar a uma atuação mais segura e correta é mais que uma opção, é uma obrigação que deve ter seu espaço reservado no cotidiano. Com o advento da Odontologia moderna cercada de planos de saúde, clínicas populares e toda a pressão para em cada dia se fazer mais em menos tempo, o profissional pode acabar utilizando um precioso espaço que deveria se dedicar ao estudo e a atualização de seu conhecimento para cumprir com essas exigências do mercado ou do seu posto de trabalho. Não é todo mundo que tem habilidade e até mesmo vontade de fazer pesquisa, escrever um artigo científico e publicá-lo para dividir e democratizar o conhecimento. Mas se você se identifica com a produção científica, não desanime e contribua com o crescimento da saúde bucal. Diante deste cenário, vale a pena relembrar que existe um arsenal de opções que podem ajudar a garantir o ganho e a reciclagem de informações. O dentista, o técnico ou auxiliar podem dedicar um tempo para acessar sites especializados em saúde bucal e participar de fóruns de discussão, onde, com certeza, conseguirão trocar ideias que poderão levá-los a rever suas práticas, e assim, melhorar algum procedimento ou processo. O hábito da leitura de publicações científica é outra opção muito valiosa, pois ajuda a melhorar o raciocínio clínico, atualiza o leitor com o que há de novo e até mesmo relembra tópicos importantes, que às vezes ficam esquecidos na correria diária. Fazer uma atualização, uma pós-graduação e até mesmo um curso rápido também tem a característica e o poder de tirar o aluno da zona de conforto, levando-o a refletir e agir melhor e de forma consciente. Estudar não ocupa espaço e nos renova, garante a aquisição de maior conhecimento e segurança durante a atuação. A participação em feiras, seminários e congressos também são uma ótima opção que aliam estudo, atualização e a oportunidade de trocar experiências com colegas de profissão. Vale ressaltar que durante esses eventos é essencial priorizar a aquisição de saberes durante as exposições de pôsteres, palestras, mesas de debates e tudo mais que possa agregar valores. Tudo que leva o profissional a ter a oportunidade de crescer cientificamente e ter acesso a novas práticas se refletirá no seu dia-a-dia seja na captação de novos pacientes, na fidelização de sua clientela e em uma equipe mais coesa, segura e preparada para os desafios da Odontologia. Então, caro amigo, vamos começar a colocar tudo isso em prática! A leitura desta revista é um ótimo começo. Que ela seja o ponta-pé inicial para motivá-lo na procura de novos conhecimentos. Boa leitura!

Edição: Ano 2 • N° 16• Maio de 2012 Presidência & CEO Victor Hugo Piiroja e. victor.piiroja@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7501 Gerência Geral Marcela Petty e. marcela.petty@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7502 Marketing Ironete Soares e. ironete.soares@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7500 Financeiro Rodrigo Oliveira e. rodrigo.oliveira@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7761 Aline Aquino e. aline.aquino@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7765 Designer Gráfica Débora Becker e. debora.becker@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7509 Web Designer Robson Moulin e. robson.moulin@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7509 Sistemas Wander Martins e. wander.martins@vpgroup.com.br t. +55 (11) 4197.7762 Editora e Jornalista Responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506 Publicidade - Gerente de Contas Vivian Ceribelli Pacca e. vivian.pacca@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7507 Conselho Científico Alice Granthon de Souza, Augusto Roque Neto, Danielle Costa Palacio, Débora Ferrarini, Diego Michelini, Éber Feltrim, Fernanda Nahás Pires Corrêa, Francisco Simões, Henrique da Cruz Pereira, Helenice Biancalana, Jayro Guimarães Junior, José Reynaldo Figueiredo, José Luiz Lage Marques, Júlio Cesar Bassi, Lusiane Borges, Maria Salete Nahás Pires Corrêa, Marina Montenegro Rojas, Pablo Ozorio Garcia Batista, Regina Brizolara, Reginaldo Migliorança, Rodolfo Candia Alba Jr., Sandra Duarte, Sandra Kallil Bussadori, Shirlei Devesa, Tatiana Pegoretti Pintarelli, Vanessa Camilo, Wanderley de Almeida Cesar Jr. e William Torre . A Revista A Odonto Magazine apresenta ao profissional de saúde bucal informações atualizadas, casos clínicos de qualidade, novas tecnologias em produtos e serviços, reportagens sobre os temas em destaque na classe odontológica, coberturas jornalísticas das mais importantes feiras comerciais e eventos do setor, além de orientações para gestores de clínicas. É uma publicação da VP Group voltada para profissionais de odontologia das mais diversificadas especialidades. Conta com a distribuição gratuita e dirigida em todo território nacional, em clínicas, consultórios, universidades, associações e demais instituições do setor. Odonto Magazine Online s. www.odontomagazine.com.br Tiragem: 37.000 exemplares Impressão: HR Gráfica

Danielle Palacio Membro do Conselho Científico 4

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Alameda Amazonas, 686, G1 - Alphaville Industrial 06454-070 - Barueri – SP • + 55 (11) 4197 - 7500 www.vpgroup.com.br

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Sumário

Maio de 2012 • Edição: 16

pág.

20

Reportagem

24

Entrevista

28

Espaço equipe

4

Editorial

8

Programe-se

10

Notícias

14

Odontologia Segura

16

Produtos e Serviços

20

Odontologia do Esporte: projeto incentiva o apoio ao atleta brasileiro

pág.

As nuances da boca seca Mulheres conquistam a Odontologia

40

Marina Montenegro

30

Relacionamento

32

Ponto de vista

36 38

Casos Clínicos

AInter-relação periodontia-prótese na reabilitação oral Gustavo Diniz Greco e Marília Martins Blanc

Dentes para todos: Programa Implante seu Sorriso

46

Odontologia em Ambiente Hospitalar

Recuperação da dimensão vertical de um paciente com amelogênese imperfeita Danielle Monsores Vieira

Teresa Márcia N. de Morais e Edela Puricelli 34

32

50

Colunistas

Normas para publicação

Odontologia do Sono Fausto Ito

Pacientes Especiais José Reynaldo Figueiredo

Gestão

Plínio Augusto Rehse Tomaz

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Os artigos e as entrevistas são de inteira responsabilidade do autor e/ou entrevistado, e não refletem, obrigatoriamente, a opinião do periódico.

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Programe-se

Maio

Junho

VII CROPI – Ciclo de Conferências e Reabilitação Oral, Periodontia e Implantodontia

X Encontro Internacional da Academia Brasileira de Osseointegração ABROSS 2012

09 a 11 de maio de 2012

14 a 16 de junho de 2012

O evento tem como propósito reunir profissionais de destaques nacionais e internacionais nas áreas de Estética, Reabilitação, Periodontia e Implantologia Oral, oferecendo aos dentistas iniciantes, experientes e/ou especialistas uma visão contemporânea da Odontologia, direcionando os profissionais ao caminho da ciência, por meio de trabalhos científicos e evidências clínicas.

Ribeirão Preto – SP www.cropi.com.br

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25º Congresso Odontológico de Bauru

Em junho de 2012, os especialistas em reabilitação oral com implantes terão acesso a um evento Premium, um encontro para implantodontistas que fazem questão de estar um passo a frente nesse campo. A décima edição do encontro oferecerá seis módulos temáticos, apresentados por sete pesquisadores internacionais especialmente convidados, além de 30 especialistas brasileiros de reconhecida competência.

São Paulo - SP

www.encontrosabross.com.br

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16 a 19 de maio de 2012

O evento reunirá personalidades da Odontologia nacional e internacional. O tema deste ano será “Tecnologia, Inovação e Sustentabilidade Socioambiental”. Estão programadas mais de 30 atividades distribuídas em palestras, workshops e cursos de todas as áreas da Odontologia.

Bauru – SP

www.cobusp.com.br

XIX Reunião de Pesquisa e XVI Seminário de Iniciação Científica da FOUSP de 2012 22 a 24 de maio de 2012

Os eventos enfocarão a Inovação Tecnológica sendo que a temática vai girar em torno da “Inovação: da ideia ao mercado?”

São Paulo - SP www.fo.usp.br

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8º Simpósio Internacional de Ortopedia Funcional dos Maxilares e Ortodontia 23 a 26 de maio de 2012

A oitava edição apresentará a oportunidade de agrupar, mais uma vez, a Ortopedia Funcional dos Maxilares e a Ortodontia, evidenciando que novas capacidades estão surgindo. Os organizadores esperam por cada um dos colegas, que igualmente, propõem-se em atualizar e aprimorar seus conhecimentos, além de compartilhar momentos de confraternização.

Gramado – RS

www.simposiosobracom.com.br

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Sessão Geral e Exposição da Associação Internacional sobre Pesquisa Dentária - IADR 2012 20 a 23 de junho de 2012

Julho 19° Congresso Odontológico Riograndense 11 a 15 de julho de 2012

O evento é um dos maiores encontros científicos e educacionais da Odontologia na América Latina. Seu público tem uma média de 7.000 profissionais do segmento odontológico, especialistas ou não, com interesse em trocar experiências, discutir o mercado de trabalho, tendências e se atualizar com as novas técnicas e produtos odontológicos.

Porto Alegre - RS

www.abors.org.br

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IADR – Associação Internacional de Pesquisa Odontológica 20 a 23 de julho de 2012

O evento espera mais de 5.500 pessoas para participar da reunião, com mais de 3.500 trabalhos científicos apresentados. Esta é uma reunião que você não vai querer perder!

A IADR faz sua exposição em 2012 com as mais recentes pesquisas dentárias. Debatendo sua história, mercado do setor, problemas do cotidiano do profissional entre outros assuntos que serão reunidos para debater com o público nacional e internacional.

Rio de Janeiro – RJ

Rio de Janeiro - RJ

12º Congresso de Odontologia do Rio Grande do Norte

dentalresearch.org

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www.iadr.org

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Agosto 23 a 26 de agosto de 2012

27 a 30 de junho de 2012

Os profissionais de saúde bucal ficarão por dentro das novas técnicas e conceitos da Odontologia.

Com o tema “Impacto da Tecnologia na Prática Odontológica” rompem-se as fronteiras entre campos científicos, buscando necessidades de reorientação da atenção à saúde, através da ampliação da promoção e prevenção, articulando-as com as ações curativas e reabilitadoras.

Manaus - AM

Natal – RN

Congresso Internacional de Odontologia da Amazônia

abo_am@vivax.com.br

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13° Congresso de Odontologia do Espírito Santo

www.aborn.org.br

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FDI Annual World Dental Congress 29 de agosto a 01 de setembro de 2012

O evento reunirá renomados profissionais da Odontologia que apresentarão as técnicas mais recentes.

A programação aborda os principais temas e preocupações dos cirurgiõesdentistas. Alguns dos mais renomados profissionais de saúde bucal do mundo estarão reunidos durante o congresso.

Vitória – ES

Hong Kong – China

28 a 30 de junho de 2012

www.aboes.org.br

www.fdicongress.org

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06, 07 e 08 de Setembro

2012 O sucesso vai continuar! II olimpíadas científicas • Premiação dos melhores trabalhos clínicos e científicos • Inovações e tecnologia • Indexação das apresentações na revista ImplantNews • Grade científica nacional e internacional • Grand Hyatt Hotel - O melhor de São Paulo • Mega show científico

Homenagem Mestres dos Mestres

Wilson Sallum

Dalva Laganá

Henrique Duque F.

Dennis Tarnow no Brasil! Curso Internacional - 4h

Atualmente é Professor Clínico de Periodontia e Diretor de Implantes na Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Columbia, certificado em Periodontia e Prótese e membro do Conselho Americano de Periodontia, recebeu prêmio de Mestre Clínico da Academia Americana de Periodontia e prêmio Professor do Ano da Universidade de Nova York, tem uma clínica particular na cidade de Nova York e foi homenageado com uma ala com seu nome na Faculdade de Odontologia da Universidade de Nova York, publicou mais de cem artigos sobre perio-prótese e implantes dentais e co-autoria de três livros, incluindo um em 2008, intitulado Odontologia Estética Restauradora. Dr. Tarnow tem palestrado extensivamente nos Estados Unidos e internacionalmente em mais de trinta países.

Inscrições Antecipadas Congressistas 10/mai

10/jun

10/jul

10/ago

05/set

5x 165,00

4x 237,00

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R$ 1.400,00

Informações e inscrições: +55 11 4652.7266 www.encontromestres.com.br

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Notícias Serviços de saúde bucal Recentemente, o presidente do CFO, Dr. Ailton Diogo Morilhas Rodrigues e o conselheiro Dr. Rubens Côrte Real de Carvalho estiveram na Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde, para formalizar a isenção da anuidade aos profissionais técnicos e auxiliares indígenas da área odontológica que trabalham para ampliar o acesso da população indígena ao atendimento odontológico nas aldeias e estruturas. Além de qualificar os serviços de saúde bucal nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas do Brasil (DSEIs), por meio do Brasil Sorridente Indígena. Na íntegra, a assinatura do convênio autoriza os Conselhos Regionais de Odontologia, em caráter excepcional, a conceder inscrição, após registro no CFO, como técnicos e auxiliares em saúde bucal aos indígenas que recebem treinamento e capacitação no âmbito dos DSEIs. Para validar o benefício, basta o profissional interessado apresentar um certificado de capacitação realizado pelo DSEI; a declaração emitida por cirurgião-dentista do DSEI, comprovando a aptidão para o exercício das atividades de auxiliar em saúde bucal (ASB); e apresentar, anualmente, no CRO, a declaração do cirurgião-dentista, afirmando o exercício profissional, exclusivamente no âmbito do DSEI. Na ocasião, o Presidente do CFO sugeriu que, para a próxima edição do Prêmio Brasil Sorridente, um profissional da área odontológica indígena também seja homenageado por seu destaque no exercício do trabalho com a população indígena. Entre os presentes, a reunião foi composta pelo membro do Conselho Nacional de Saúde, Graciara Matos de Azevedo; Secretaria Executiva do Conselho Nacional de Saúde, Dra. Rosângela Fernandes Camapum; e o representante do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde – CONASEMS, Dr. Eri Medeiros. Fonte: CFO

Mais equipes de atenção domiciliar O programa Melhor em Casa já conta com 268 equipes habilitadas para prestar atendimento domiciliar pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Já foram habilitadas 25 Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e 12 Equipes Multiprofissionais de Apoio (EMAP) – perfazendo um total de 37 equipes habilitadas. O programa está presente em 14 estados, beneficiando a população de 43 municípios. Ao todo, são 189 EMADs e 79 EMAPs habilitadas para prestar atendimento domiciliar custeado pelo Ministério da Saúde. “O programa veio qualificar o atendimento domiciliar que já existia em alguns locais, além de expandir para localidades que contavam com equipes de atenção domiciliar e se tornou uma das prioridades do governo federal”, destaca o coordenador do Programa Melhor em Casa, Aristides Oliveira. O Ministério da Saúde custeia as equipes principais com o valor de R$ 34,56 mil mensais e R$ 6 mil por equipe de apoio. Até 2014, o investimento total é de R$ 1 bilhão, para implantação de mil equipes de Atenção Domiciliar e outras 400 equipes de apoio. Pessoas com necessidade de reabilitação motora, idosos, pacientes crônicos sem agravamento ou em situação pós-cirúrgica e com possibilidade de desospitalização, por exemplo, são atendidas por equipes multidisciplinares durante toda a semana (de segunda a sexta-feira), 12 horas por dia e, podendo ser em regime de plantão, nos finais de semana e feriados. As equipes são formadas prioritariamente por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e fisioterapeuta ou assistente

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social. Outros profissionais, como fonoaudiólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional, odontólogo, psicólogo e farmacêutico, além de fisioterapeuta e assistente social poderão compor as equipes de apoio. Cada equipe poderá atender, em média, 60 pacientes, simultaneamente. O programa também ajuda a reduzir as filas nos hospitais de emergência, já que a assistência, quando há indicação médica, passa a ser feita na própria residência do paciente, desde que haja o consentimento do paciente e da família. Até 2014, serão implantadas em todas as regiões do país. Fonte: Agência Saúde

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Notícias

Cárie e a saúde do bebê Estudos comprovam que a mãe é a principal fonte de transmissão de bactérias bucais para os bebês, aumentando as chances de desenvolverem cárie e outros problemas bucais. O atendimento odontológico de zero a três anos de idade, quando realizado com frequência de quatro vezes ao ano, mostra declínio de cárie de 69%. Este e outros temas estarão no maior Congresso Internacional de Pesquisa em Cariologia, Orca 2012, que acontece em Cabo Frio (RJ) em junho. É a primeira vez que o evento ocorre na América Latina. Mesmo coberta de carinho e boas intenções, a mãe pode transmitir ao seu bebê bactérias bucais que causam cárie, aumentando as chances dele desenvolvê-la na infância e na vida adulta, entre outros problemas decorrentes da doença. Dados do Ministério da Saúde mostram que, no Brasil, crianças de 18 a 36 meses já têm em média um dente cariado, sendo que no Sudeste, a ocorrência de cárie nesta faixa etária é de 31% a 39% e no Nordeste pode atingir 97%, reforçando a importância da prevenção já nesta idade. A cirurgiã-dentista e pesquisadora Sonia Groisman afirma que hoje já existem diversas medidas odontológicas que previnem efetivamente a transmissão destas bactérias. O tratamento do bebê deve começar pelos cuidados com a saúde bucal da mãe, já na gestação, e continuar após o parto para os dois, garantindo benefícios em saúde e qualidade de vida que serão levados para toda a vida. Sonia preside o 59º Congresso da European Organisation for Caries Research (Orca), que acontece de 27 a 30 de junho, em Cabo Frio (RJ). Além dos cuidados já conhecidos em higiene bucal, o controle de consumo de açúcares, profilaxia dental e aplicação tópica de flúor, Sonia recomenda ações adicionais no consultório para diminuir o nível salivar de bactérias da cárie na mãe, o que reduz as chances de transmissão. É indicada a aplicação de gel de clorexedina, entre outros tratamentos que inibem a progressão das cavidades no esmalte dental, além de técnicas infiltrativas em lesões iniciais de cárie. Já para o bebê, o ideal é que as visitas ao dentista sejam combinadas com as visitas ao pediatra, mesmo antes do surgimento

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dos primeiros dentes de leite. De qualquer forma, após a erupção dos dentes, a criança pode receber, de acordo com o seu risco, aplicações de verniz de flúor e/ou de clorexedina e outros tratamentos que estimulam a mineralização do esmalte. “O atendimento odontológico de zero a três anos de idade, quando realizado com frequência de quatro vezes ao ano, mostra declínio de cárie de 69%. Além disso, a correta orientação da mãe pelo cirurgião-dentista é fundamental, inclusive para motivá-la a cuidar de sua própria saúde bucal”, diz a pesquisadora. Orca 2012 O 59º Congresso da European Organisation for Caries Research (Orca) é o mais importante evento do mundo em pesquisa em Cariologia, e acontece pela primeira vez no Brasil e na América Latina, entre os dias 27 e 30 de junho, em Cabo Frio (RJ). O evento é presidido pela cirurgiã-dentista e pesquisadora brasileira Sonia Groisman, pós-graduada em Cariologia e Periodontia pela Universidade de Lund (Suécia) e professora associada da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FO/UFRJ). O objetivo é apresentar o conhecimento das pesquisas clínicas científicas sobre as causas, diagnóstico, tratamento e prevenção da cárie dental, para que o cirurgião-dentista possa utilizar na sua atuação diária em consultório, assim como subsidiar novas pesquisas. Um dos destaques da programação é a palestra “Gap Between Knowledge and Research Implementation in Dental Caries”, por Samuel Moysés, doutor em Epidemiologia e Saúde Pública pela University College of London, além das apresentações de painéis de pesquisa. No dia 25 de junho, acontece no Rio de Janeiro, o curso pré-evento “Contemporary Management of Caries for General Practitioners”, que abordará o diagnóstico precoce de forma bem prática para o cirurgião-dentista aplicar no seu dia a dia profissional. O congresso tem o apoio do Conselho Regional de Odontologia do Rio de Janeiro (CRO-RJ), da FO/UFRJ e das prefeituras de Cabo Frio e de Arraial do Cabo. www.orca-caries-research.org

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Odontologia Segura

Acidente ocupacional na Odontologia

Lusiane Borges Cirurgiã-Dentista pela UMESP. Formada em Biomedicina pela UNISA/UNIFESP. Especialização em Microbiologia pela Faculdade Oswaldo Cruz, São Paulo. Especialista Doutoranda em Controle de Infecção em Saúde pela UNIFESP. Coordenadora de Cursos para ASB/TSB (APCD, ABO e ALAPOS). Autora-Coordenadora do livro “AST e TSB – Formação e Prática da Equipe Auxiliar”,Editora Santos, 2012. Diretora-Presidente da Biológica Consultoria em Saúde. Diretora Científica da ALAPOS. Membro da OSAP (Organization for Safety and Asepsis Procedures). Consultora Científica da Oral-B, Sercon/Steris e Fórmula e Ação. lusianeborges@uol.com.br

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iossegurança em ambientes clínicos é hoje uma preocupação mundial. É preciso estar ciente do alto risco de contaminação que profissionais da área odontológica estão expostos. Não podemos fechar os olhos para as hepatites viróticas, especialmente as hepatites B e C. Todo profissional que trabalha em contato direto ou indireto com pacientes está em constante risco de acidente envolvendo material biológico, como sangue e secreções orgânicas potencialmente contaminadas com HIV, hepatites B e C, tuberculose e outros. Estes acidentes podem ocorrer com exposição de pele e mucosas íntegras ou com materiais perfurocortantes contaminados. O potencial de risco para acidentes biológicos com material perfurocortante está associado aos inúmeros fatores combinados ou não. Entre esses fatores, destacam-se a falta de atenção no planejamento e na execução das atividades; a não observância das normas de biossegurança, quer seja pela ausência ou pelo uso inadequado dos EPIs; além da sobrecarga de atividades do dia-a-dia. O risco médio de acidente com perfuração de pele é de três casos para 1.000 no caso de HIV e, respectivamente, 30 em 1.000 e 300 em 1.000 para Hepatite C e B. No caso de exposição somente de pele íntegra ou mucosa (sem cortes), estes riscos diminuem.

Como evitar este risco? Faz-se necessário o conhecimento de fatores determinantes das situações de risco para implementar efetivas medidas preventivas e outras intervenções de biossegurança. Algumas medidas essenciais: » Utilizar sempre os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual): luvas, máscara, gorro, óculos de proteção e avental,

independentemente do procedimento e inclusive para lavar instrumentais. » Deve-se ter sempre o máximo de cuidado na manipulação de agulhas e instrumentos perfurocortantes, com o intuito de evitar a contaminação da Equipe Odontológica (CD, ASB, TSB e pessoal da limpeza). » Ter a máxima atenção ao descarte do material contaminado com sangue e secreções do paciente. O descarte deve ser feito (com cuidado) em saco plástico branco (identificado), específico para material contaminado. No caso de perfurocortantes, estes devem ser descartados nos coletores especiais (amarelo), conforme norma da ANVISA. » Tomar as três doses da vacina contra Hepatite B e a vacina contra tétano, gratuitamente oferecidas para profissionais de saúde na rede pública (SUS). » É importante realizar o Anti-HBS, exame que ratifica os níveis de sensibilização à hepatite B no período pós-vacinal. O que fazer em caso de acidente? » Lavar a pele no local do acidente com água e sabonete líquido antisséptico ou solução antisséptica a base de clorexidina. » Em caso de acometimento de mucosas, lavar abundantemente com água limpa ou soro fisiológico. » Nunca utilizar hipoclorito ou espremer o ferimento. » Realizar a notificação do acidente aos órgãos competentes (UBS-SUS/Hospitais de referências, como Emílio Ribas – São Paulo). A notificação deve ser feita nas primeiras horas após o acidente. A eficácia das imunoglobulinas e drogas retrovirais (Hepatite B e HIV), administradas em caso de acidente com material biológico, depende do tempo decorrido após o mesmo. A notificação deve ser feita até 72 horas.

Fonte de pesquisa: ANVISA e www.selobiologica.com.br

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Produtos e Serviços

Eficiência no atendimento odontológico O Foto Wireless DB 686 é um equipamento leve, moderno e ergonômico, que permite mobilidade ao profissional de saúde bucal. O produto da D700, que contribui para a eficácia do trabalho do cirurgião-dentista, dispõe de LED de última geração, que minimiza o aquecimento na resina e no dente. O Foto possui ponteira de fibra óptica autoclavável, maior precisão na difusão de luz e três modos de potência pré-programados. www.d700.com.br

Preenchimento de dentes posteriores A Dentsply Brasil apresenta sua maior inovação e tecnologia no segmento de compósitos: o SDR (Substituto Dentinário Inteligente). O produto é indicado como base para preenchimento de dentes posteriores classes I e II. O SDR - que já é sucesso de vendas nos Estados Unidos e Europa - chegou ao Brasil. O pré-lançamento será comercializado em duas versões: Kit introdutório, com uma pistola e 25 compules de cor universal com 0,25g cada e refil com 15 compules de cor universal com 0,25g cada. O SDR é um produto único no mercado, com fórmula a base de uretano dimetracrilato patenteado e incorporação de 44% de carga por volume, permitindo, desta forma, que a resina fluída tenha alta resistência mecânica. A forma de aplicação do produto também é única, através de ponta aplicadora do tipo “compule” acoplada à pistola de aplicação. Mais informações por meio do telefone 0800 721 1200. www.dentsply.com.br

Pontas descartáveis A atividade do cirurgião-dentista expõe pacientes, equipe, familiares e o próprio profissional a um ambiente microbiano altamente agressivo. Uma das grandes preocupações dos dentistas é garantir que seu consultório esteja protegido contra agentes causadores de doenças infecciosas, garantindo a segurança de todos os envolvidos no tratamento odontológico. Neste cenário, a Angelus oferece ao mercado as Triple Tips: pontas descartáveis para seringa tríplice desenvolvidas em material polímérico, indicadas para substituir a ponta metálica, garantindo a cadeia da biossegurança nas atividades odontológicas. As Triple Tips serão comercializadas em embalagens com 40 unidades e apresentam os seguintes diferenciais: » São descartáveis, ou seja, existe a diminuição do risco de infecção cruzada. » Fácil adaptação em equipamentos Gnatus, Dabi e Olsen. www.angelus.ind.br

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Produtos e Serviços

Odontologia integrada na infância A obra, de fácil entendimento e caráter inovador, aborda a Odontologia na infância, centrando-se nos pilares da Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Bucal Coletiva. As autoras Lucianne Cople Maia e Laura Guimarães Primo, especialistas e professoras da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, apresentam a epidemiologia dos problemas bucais e discutem os paradigmas do atendimento da mãe e das crianças no contexto da saúde pública. Com este livro, o leitor terá a chance de aumentar seus conhecimentos sobre a doença cárie, uso de fluoretos e técnicas minimamente invasivas, em dentística e no traumatismo dental. www.grupogen.com.br

Condor repagina escova dental Trip Uma das principais escovas dentais da Condor, a Condor Trip, ganhou design arrojado e atributos inovadores. Um deles é o sistema de encaixe mais preciso e seguro - o gancho garante o encaixe perfeito e proporciona segurança da montagem durante a escovação. É a primeira escova dental portátil a oferecer angulação no cabo, característica que facilita a escovação, pois permite alcance maior dos dentes posteriores e traz melhor ergonomia. Outra novidade é o limpador de língua no dorso da escova, que manteve o desenho da cabeça e também a distribuição e corte das cerdas. Além disso, a capa do estojo que se transforma no cabo está maior, o que proporciona uma pega mais ergonômica e confortável. www.condor.ind.br

Radiologia: qualidade em imagens As Clínicas de Radiologia Odontológica de todo o país já podem contar com uma ótima solução para a impressão de imagens de exames. Trata-se da Drypix Prima da Fujifilm, impressora laser a seco que oferece alta resolução e alto contraste, auxiliando na precisão dos diagnósticos. Graças à tecnologia de ponta Fujifilm, a Drypix Prima utiliza raios lasers extremamente finos, que reduzem borrões e alcançam alto CTF, ou seja, permitem a impressão de imagens mais nítidas. Outra característica importante do equipamento é que pode ser operado “day light”, o que significa que a clínica não precisa de uma sala escura, além disso, o sistema de impressão a seco dispensa produtos químicos. A impressora é compacta, podendo ser instalada em mesa ou bancada. Trabalha com até cinco tamanhos de filme, alternando as bandejas. A capacidade de impressão é de até 70 filmes por hora. www.fujifilm.com.br

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Odontologia do Esporte: projeto incentiva o apoio ao atleta brasileiro A marca Oral-B apresentou a Clínica Móvel Oral-B durante o Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo, que aconteceu no início deste ano, no Expo Center Norte, em São Paulo. Por: Célia Gennari

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Oral-B, o Instituto de Pesquisa em Saúde – INPES e o Ministério do Esporte fizeram uma parceria de sucesso para avaliar a condição bucal e realizar tratamento odontológico nos atletas pelo Brasil. O Ministério do Esporte, preocupado em melhorar a saúde bucal dos atletas nacionais, acionou o INPES - Instituto de Pesquisa em Saúde “Aluísio Calil Mathias” para executar um projeto que visa, primeiramente, a avaliação da saúde bucal e fisiológica dos atletas para a detecção de alterações que possam prejudicar o desempenho esportivo dos mesmos. Para viabilizar a continuidade do projeto, o INPES fechou uma parceria com a Oral-B, que demonstrou interesse em patrocinar o tratamento odontológico dos atletas. Para enriquecer ainda mais a iniciativa, a Oral B patrocinou a construção da Clínica Móvel Oral-B, possibilitando o tratamento dos atletas em diversas localidades do país. A Clínica Móvel Oral-B foi elaborada na estrutura de uma carreta, na qual há dois consultórios odontológicos com infraestrutura completa, uma sala de prótese, um aparelho de raio-x e um lounge para a recepção dos pacientes e realização de eventos. Externamente a Clínica Móvel conta com palco e telão. Segundo Dra. Renata Tucci, coordenadora científica do INPES, inicialmente o atendimento está sendo feito em atletas que recebem o benefício Bolsa Atleta do Governo Federal. O Ministério do Esporte preparou uma listagem com o nome dos atletas e o trabalho do INPES se iniciou com os seguintes passos: » Identificação da região de moradia dos atletas. » Encaminhamento de uma carta convite, explicando todas as informações pertinentes ao projeto. » Agendamento nas unidades fixa e móvel (unidade desenvolvida em parceria com o Ministério do Esporte). Após esta avaliação inicial, os atletas que necessitam de tratamento odontológico são encaminhados para o projeto Oral-B/ INPES. A parceria do INPES com a empresa Oral-B, cujo objetivo é realizar tratamento odontológico dos atletas brasileiros, seguirá até as Olimpíadas de 2016. Na avaliação realizada na unidade fixa e na unidade móvel CETAO/INPES será feito: avaliação odontológica completa – anamnese (questionário de saúde geral e odontológica), moldagens de arco superior e inferior e realização de radiografia panorâmica; coleta de amostra salivar não invasiva; avaliação fisiológica – tomada de dados de peso, altura, dobras cutâneas, pressão arterial, oximetria, podoscopia (pressão plantar dos pés) e cardioergoespirometria – teste realizado em esteira. A equipe do INPES faz um planejamento sobre a condição bucal e fisiológica de cada atleta individualmente. Atletas que necessitem de trata-

A Clínica Móvel, montada na estrutura de um caminhão, conta com dois consultórios odontológicos

mento odontológico e/ou confecção de protetor bucal individualizado poderão iniciar o tratamento imediatamente. A Clínica Móvel Oral-B começou a circular no mês de fevereiro deste ano. A agenda e rota são direcionadas pela quantidade e concentração de atletas pelo Brasil. O projeto prevê o atendimento de até 1.300 atletas por ano, iniciando pela região Sudeste – na qual há a maior concentração de atletas – seguido pela região Sul. “O INPES e a Oral-B possuem a missão de melhorar as condições de saúde bucal do Brasil. Nesse projeto, as duas instituições têm a oportunidade de promoção dessa missão, oferecendo profissionais qualificados para realizar o tratamento odontológico completo de nossos atletas, minimizando problemas que possam influenciar diretamente no rendimento esportivo dos mesmos até as Olimpíadas de 2016, que será realizada em nosso país. Em breve teremos a apresentação de dados estatísticos referente à saúde bucal dos atletas brasileiros, para fazermos inferências estatísticas e trabalhos científicos do projeto”, explicou a Dra. Renata Tucci. A equipe padrão é constituída por oito profissionais, especialistas nas mais diversas áreas da Odontologia, tais como: Dentística, Periodontia, Endodontia, Ortodontia, Prótese, Cirurgia, Implantodontia, além das duas auxiliares de Saúde Bucal, que vão se revezar de acordo com as necessidades das viagens. A equipe do INPES será responsavel por todos os atendimentos e possui profissionais competentes em todas as áreas da Odontologia. Além disso, 150 dentistas foram capacitados para atender em outros estados, caso seja necessário. O atleta precisa estar com uma ótima saúde bucal para que

* Dra. Renata Tucci é cirurgiã-dentista formada pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP. Mestre e Doutora em Patologia Bucal pela FOUSP. Professora Titular de Patologia da UNIP. Coordenadora Científica do INPES.

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Reportagem possa buscar a melhor performance dentro de sua categoria de competição. Problemas dentários, por exemplo, podem interferir diretamente no desempenho dos mesmos, prejudicando seus resultados. “Por isso, a Oral-B decidiu investir na saúde bucal e na Odontologia do esporte desses atletas que, muitas vezes, não contam com o patrocínio apropriado para se dedicarem inteiramente às atividades esportivas”, acrescentou Dr. Renata Tucci.

Odontologia do Esporte A Odontologia do Esporte é a área da Odontologia responsável pelo diagnóstico, prevenção e tratamento de alterações bucomaxilofaciais que podem comprometer e influenciar o desempenho do atleta. Os problemas mais frequentes são: focos infecciosos; desordens da articulação temporomandibular; alterações ortodônticas e ortopédicas; respiração bucal; traumas e fraturas; e perdas ósseas dentais. Com a chegada de megaeventos, como as Olimpíadas e a Copa do Mundo, uma atenção especial tem sido dada ao Esporte no Brasil e, consequentemente, a Odontologia do Esporte torna-se um tema de maior relevância. No entanto, a realidade atual é que a especialidade não é reconhecida pelo Conselho Federal de Odontologia. Mas a Dra. Renata Tucci, do INPES, garantiu que esforços têm sido feitos e que em breve o reconhecimento virá. Como exemplo de competência e profissionalismo, citou os Doutores Hilton Sadayuki Tiba e Alexandre Jun Zerbini Ueda, coordenadores da equipe de Odontologia do Esporte do INPES, que possuem experiência de mais de 10 anos na área de Odontologia Esportiva, incluindo estudos no Japão.

Alexandre Jun Zerbini Ueda e Hilton Sadayuki Tiba, coordenadores do Projeto de Odontologia Esportiva do INPES e da equipe da Oral B, com atleta brasileira atendida pelo Programa Bolsa Atleta

Alguns casos recentes, também divulgados na mídia, mostram a importância da Odontologia do Esporte em atletas de alto rendimento. Problemas odontológicos impedem atletas de treinar, jogar e prejudicam, inclusive, em momentos de contratações. Em casos mais sérios, podem até levar à morte, como aconteceu em 2011, com o jogador de basquete Laurence Scott Young, de 30 anos, do Internacional/Santos, time da primeira divisão do

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O INPES O Instituto de Pesquisa em Saúde “Aluísio Calil Mathias” – INPES surgiu em 2006. Foi ideia de alguns profissionais da área da saúde, especificamente da Odontologia, com uma experiência prévia de sucesso no comando de uma Instituição de Ensino Superior, o CETAO (Instituição de Ensino Superior – Pós-Graduação e Extensão em Odontologia). O INPES é uma entidade sem fins lucrativos e tem por finalidade o desenvolvimento de tecnologias novas ou inovadoras, realizar estudos, pesquisas científicas e tecnológicas, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos, e a organização e realização de eventos técnicos, científicos e tecnológicos na área de saúde e do esporte. Desenvolve as suas atividades por meio de ações diretas de projetos, mediação de programas ou planos de ações, prestação de serviços intermediários de apoio a outras organizações dos setores público e privado que atuem em áreas afins, por meio de recursos físicos, humanos e financeiros obtidos por parceria. A estrutura do INPES conta com 47 consultórios, dois laboratórios multidisciplinares, três salas de radiografia, dois laboratórios de prótese, duas salas de espera para 70 pacientes, quatro almoxarifados, duas centrais de esterilização, uma central de materiais, uma clínica de radiologia (radiografias, documentação e tomografia) e cinco auditórios com audiovisuais.

Campeonato Paulista de Basquete. O jogador teve um problema dentário que se agravou e o levou à morte. O argentino Lionel Messi, jogador de futebol do Barcelona, teve problema odontológico (foco infeccioso dental) durante o campeonato espanhol de 2010. No mesmo ano, o espanhol Rafael Nadal, jogador profissional de tênis, teve inflamação gengival no dente do siso durante o Masters 1000 de Miami. O brasileiro Alexandre Pato, jogador de futebol profissional do AC Milan teve lesões musculares associadas à presença de infecções dentais com duração de sete anos, em 2010. O Dr. Hilton Tiba, do INPES, evidenciou alguns casos de atletas que tiveram problemas odontológicos e precisaram de sua intervenção: o paulista Cassius Duran, medalha de Prata nos Saltos Ornamentais no Pan-Americano de Santo Domingo de 2003, apresentou problemas de articulação temporomandibular (ATM) e distúrbios oclusais; Fábio Vanini, atleta de handebol, apresentou focos infecciosos dentários relacionados às lesões musculares e articulares; e Carlos Honorato, atleta do Judô, medalhista de prata nas Olimpíadas de Sydney em 2000, fez tratamento odontológico de rotina para manutenção de sua saúde bucal.

“A Clínica Móvel da Oral-B circulará pelo País, oferecendo tratamento odontológico gratuito para atletas brasileiros de alto rendimento”

Dra. Renata Tucci, do INPES

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As nuances da boca seca A entrevista com o mestre em diagnóstico bucal, Dr. Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes, esclarece que a função da saliva não é apenas manter a boca úmida, e que a xerostomia pode comprometer a qualidade de vida. Por: Vanessa Navarro

Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes Cirurgião-dentista. Mestre em Diagnóstico Bucal pela Universidade Paulista. Consultor científico da ABO e do blog Adoro Sorrir.

Odonto Magazine - Quais são os fatores mais comuns que propiciam a xerostomia, também conhecida como boca seca? Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes - Primeiro é importante conceituar as coisas para a devida compreensão. A assialia é a perda total do aporte salivar à boca; a hipossialia é a redução do fluxo salivar ou diminuição desse aporte à boca; e a xerostomia é a sensação de secura bucal. Todas essas definições estão associadas a inúmeras situações. Algumas ocorrências transitórias, embora frequentes, caso da secura bucal matinal, da decorrente do consumo de alimentos desidratantes (como os repletos de sal) e da ingesta ou utilização bucal de produtos à base de álcool – podem ter significado para o surgimento da secura da boca. A repercussão dessas formas de secura para a integridade dos tecidos da boca será potencialmente maior na medida em que as repetições dessas práticas se tornarem mais frequentes, duradouras, intensas e/ou associadas à higiene diária insatisfatória. Da mesma forma, existem mais de 1.000 medicações, das mais variadas utilidades e prescrições, que favorecem a secura bucal. Distúbios hormonais, stress, rinites alérgicas, respiração bucal e a fisiológica redução do volume salivar pela idade também representam “causa em potencial” para esse dano de repercussão à boca. Os pacientes que se submetem a radio e/ou quimioterapia também são mais propensos a esses distúrbios, que favorecem o surgimento de desconfortos ou sequelas bucais indesejadas. Além disso, algumas doenças infectocontagiosas (como a Hepatite C); autoimunes, como a Síndrome de Sjogren; e metabólicas, caso do Diabetes, estão associadas com a ocorrência da redução no fluxo salivar. Odonto Magazine – Como é realizado o diagnóstico da boca seca? Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes - A literatura científica

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mundial é repleta de metodologias para a avaliação do volume, do fluxo e da qualidade da saliva. As diferentes formas descritas para a sialometria são componentes dessa gama de exames possíveis e representam importantes ferramentas dessa avaliação salivar – ao alcance do dentista. Recomendo a leitura do link assinalado que comenta sobre as técnicas mais simples para o exercício da sialometria (http://www.actaorl.com.br/ detalhe_artigo.asp?id=42). A sialometria é um exame usado para mensuração da disponibilidade salivar. Há diferentes métodos empregados na prática otorrinolaringológica e odontológica, que podem dosar a produção total de saliva ou a produzida individualmente por cada glândula salivar. A anamnese, a história médica e bucal do paciente e o exame clínico odontológico também integram o conjunto de recursos para o diagnóstico da secura da boca. Além de permitir qualificar a ocorrência da secura bucal, a saliva vem se tornando um marcador de risco à saúde da boca (exames do seu efeito ou capacidade tampão – relativo ao risco para cáries),

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dispõe de marcadores imunoinflamatórios associados ao maior risco para problemas periodontais e permite avaliar algumas situações da saúde geral, crescendo em potencial na concorrência com alguns exames sorológicos clássicos. Odonto Magazine – Quais são os tratamentos indicados? Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes - Sob o ponto de vista odontológico, as abordagens devem se integrar ao rol de recomendações multidisciplinares. Lembre-se que, em geral, esses pacientes submetem-se ou necessitam de outras avaliações da saúde – através de psiquiatras, oncologistas, infectologistas, otorrinolaringologistas, nutricionistas, oftalmologistas, reumatologistas, endocrinologistas, médicos esportivos, nutrólogos, etc. O fato é que não estamos isolados neste contexto. Dessa forma nossas abordagens devem ser integradas ao plano de saúde multidisciplinar, uma vez que esses sintomas podem estar integrados a outros. É o caso da Síndrome de Sjögren, em que a

boca seca geralmente coexiste com o olho seco e eventuais problemas reumatológicos e/ou psicológicos. Quanto à prática clínica, tudo passa pela busca da maior precisão de diagnóstico e pelo conhecimento das características daquele paciente. Uma vez respeitadas às orientações acima, dividimos a atuação do dentista em dois caminhos: 1. Educacional: orientar o paciente sobre a necessidade de interagir com outros membros da equipe de saúde multidisciplinar, orientar quanto à prática diferenciada de higiene bucal, orientar quanto ao consumo de água e alimentos de baixa agressividade às mucosas (preferencialmente não alcóolicos ou condimentados), indicar opções para a hidratação das mucosas e tecidos da boca através de hidratantes, como a saliva artificial, de bochechos ou pastas com substâncias enzimáticas (de composição similar a saliva e pouco ou nenhum saponáceo) e, eventualmente, recomendar o uso de dessensibilizantes dentários (em pasta ou bochechos), gomas de mascar ou estimulantes do aumento para

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Entrevista a reposição natural de saliva a boca. 2. Intervencionista: praticar tratamentos e manutenções periódicas da saúde dentária e gengival para evitar que eventuais lesões bucais, especialmente por trauma ou infecção, desenvolvam-se de forma indesejada. Moderar ou evitar tratamentos de natureza química – como clareamentos dentários. Discutir a conveniência de substituição de determinada droga prevista e que possa se associar com o sintoma de xerostomia. Avaliar a conveniência em prescrever sialogogos de uso sistêmico, como a pilocarpina (estimulante da produção e liberação de saliva e outros fluídos corporais). Odonto Magazine - Quais são os pontos cruciais que devem ser tratados pelo dentista em relação à higene bucal do paciente com boca seca? Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes - A higiene bucal de alguém desprovido do filme salivar para a proteção dos tecidos da boca deve ser observada e orientada com bastante atenção, considerando a intensidade e duração desse problema. Dentre as informações mais relevantes, lembro: » Evitar escovas de cerdas duras, médias e, se possível, macias, optando pelas escovas com cerdas extramacias ou ultramacias. » Evitar cremes, líquidos ou pastas dentais mais abrasivas ou ricas em saponáceos clássicos na composição. » Prescrever o uso regular de hidratantes bucais de efeito bactericida (caso das soluções para bochecho com substâncias enzimáticas). » Umidificar regularmente a boca com a saliva artificial – que pode ser obtida no mercado ou em farmácias de manipulação. Inclusive provida de Xylitol e/ou doses adequadas de clorexidina em associação. » Prescrever o uso de gomas de mascar, livres do açucar, mas embotadas de Xylitol na composição. Isso pode estimular certo crescimento da liberação de saliva das glândulas e auxiliar a prevenção de cáries. » Prescrever o uso de escovas interdentais de cerdas extramacias e/ou fios dentais mais suaves (ex. modelos descritos como soft floss). Odonto Magazine - Quais doenças sistêmicas podem estar relacionadas com a boca seca? Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes - A Hepatite C é uma doença infectocontagiosa grave e que pode, entre outras coisas, estimular redução no fluxo salivar. Ela é conhecida, na literatura científica, como “like Sjögren”, por se assemelhar em termos de repercussão sistêmica a outra doença autoimune (a Síndrome de Sjögren) ou síndrome seca. Outras doenças que podem se relacionar a esse quadro bucal desfavorável, são o Diabetes Mellitus e os tumores de glândulas salivares – apenas para citar as mais conhecidas. Odonto Magazine - O portador de boca seca pode apresentar quadros de halitose e de hipersensiblidade dentinária. Como o dentista pode amenizar esses problemas? Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes - Sendo preciso no diagnóstico e na planificação da abordagem terapêutica necessária. Além disso, dispondo e propondo ao paciente medidas para o controle regular desses sintomas, que passam pelo uso das linhas de higiene bucal mais suaves e qualificadas – conforme descrito antes – e na redução dos intervalos de visitas ao profissional da odontologia. A recomendação de uma abordagem associada com nutricionistas, médicos nutrólogos e psicólogos pode ajudar o dentista a amenizar esses sintomas. Não pode-

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mos esquecer da recomendação indispensável para a constante hidratação bucal com água ou líquidos hidratantes. A função primordial de qualquer profissional de saúde é diagnosticar, educar e criar uma sistemática de trabalho menos intervencionista e mais preventiva. Para o portador de boca seca, respeitar essa regra é indispensável. Odonto Magazine - A hipossalivação é muito comum entre pacientes idosos. Existe alguma restrição e/ou diferença de tratamento nesses casos? Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes - Quando se observa o casamento entre a correta avaliação da situação bucal e o quadro sistêmico, tudo passa a envolver um diagnóstico e planejamento condizentes com as possibilidades dos pacientes. Isso não difere em um paciente jovem ou idoso. Odonto Magazine - Quais são os aspectos comportamentais que podem causar a boca seca? Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes - Essa é uma questão complicada, uma vez que o estresse e outros distúrbios comportamentais podem trazer esse sintoma de secura bucal, como consequente repercussão. A dificuldade é dosar a quantidade de estresse a que estão expostos esses pacientes, descartar interferências de outras questões relacionadas ao maior risco para a secura bucal e, uma vez constatada a influência do estresse e/ou outros aspectos comportamentais, com a redução do fluxo de saliva, recomendar apoio profissional a esse intento e somá-lo ao conjunto de intervenções odontológicas planejadas para o caso. Odonto Magazine - O própolis tem ganhado espaço no âmbito odontológico. Docentes e discentes da Faculdade de Odontologia da UFMG apontam a substância como um ótimo lubrificante em casos de boca seca. Qual é a opinião do senhor em relação a este tema? Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes - Em 2006 integrei o grupo de profissionais de Odontologia do país que se responsabilizou pela redação do Glossário Brasileiro deTermos e Definições em Periodontia e pelos textos de posicionamento científico da SOBRAPE. Essa reunião de conhecimentos gerou uma publicação histórica para a entidade e a Odontologia do brasil. Na redação do encarte, o Prof. Dr. Roberto Lotufo e seu grupo de coautores de determinado trecho do posicionamento científico cita os efeitos antimicrobianos e toda a gama de repercussões do própolis – considerado como uma das substâncias naturais mais promissoras a Odontologia. Particularmente simpatizo com essa linha, embora recomende mais continuidade e investimentos nas pesquisas sobre o tema. Odonto Magazine - Como a xerostomia pode afetar na qualidade de vida dos pacientes? Rodrigo Guerreiro Bueno de Moraes - Assim como qualquer condição limitante da natureza humana, a xerostomia pode comprometer, significamente, a qualidade de vida. Além do incremento no risco para morbidades bucais, existe a piora no desempenho de funções básicas ao cotidiano – caso das dificuldades na fala, no desconforto ao se alimentar, no risco maior de infecções do trato orofaríngeo, no aumento dos surtos de ardência bucal e na convivência com um hálito de qualidade inferior – socialmente restritivo. A boa notícia é que já existem meios de lidarmos melhor com esses problemas, auxiliando esses pacientes na busca por um dia a dia mais harmônico.

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Mulheres conquistam a Odontologia Marina Montenegro Rojas Cirurgiã-dentista. Membro da Diretoria da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD Pinheiros) e da Coordenação do Projeto Odontocomunidade – CIOSP. CirurgiãDentista do Programa Saúde da Família da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein. Docente da Equipe Biológica nos Cursos para Auxiliares - APCD e ABO. Consultora em Odontopediatria do site “multiplos.com.br”. marinamr2006@gmail.com

Q

uantas datas comemorativas: em março, dia internacional da mulher; em abril, Tiradentes, patrono da Odontologia; em maio, dia das mães. E por que não mesclarmos essas datas para conhecermos um pouco sobre as conquistas femininas dessas mães, profissionais e, acima de tudo, mulheres da Odontologia? Comemorado em 8 de março, o Dia Internacional da Mulher foi instituído em 1977 pela Organização das Nações Unidas (ONU) para lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas femininas, além de alertar, combater as discriminações e violências sofridas pelas mulheres em todo o mundo. E não é só na política, no meio artístico, esportes e negócios que a presença feminina vem crescendo significativamente: na área da saúde também. Atualmente, mais de 70% dos formandos em Odontologia e mais de 50% de todos inscritos no CFO são mulheres: uma “revolução silenciosa” como muitos denominam, apesar de ainda limitada a representação política e corporativa. O interesse feminino aumentou muito pelo caráter liberal da profissão, por permitir jornada de trabalho flexível e um relativo prestígio social. Isso é mais evidente na área médica e odontológica, profissões até então exercidas quase que exclusivamente por homens, diferentemente da enfermagem, por exemplo, com a predominância feminina. Emeline Roberts Jones foi, provavelmente, a primeira mulher a praticar a Odontologia nos Estados Unidos, tornou-se assistente de seu marido em 1855. Em 1912, foi premiada como membro honorário da Sociedade de Odontologia de Connecticut. Em 1899, a primeira mulher brasileira recebia o título de cirurgiã-dentista, Isabella Von Sydow. Antes dela, outra brasileira, Antonia d’Avila, recebeu o título, mas era da Universidade da Pensilvânia, Estados Unidos. As pioneiras na Odontologia são dignas de reconhecimento e admiração, pois quebraram barreiras tradicionais e definiram normas e padrões para outras gerações da “medicina dentária”. Assim como a medicina tem Elizabeth Blackwell, a enfermagem tem Florence Nightingale, a Odontologia tem Lucy Taylor Hobbs e Henriette Hirschfeld. Nascida em New York, 1833, Lucy Hobbs Taylor foi considera-

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da a primeira mulher a concluir o ensino odontológico com licenciatura em medicina dentária e posteriormente o doutorado. As mulheres praticavam a Odontologia sem graduação, sob a supervisão de um dentista, e a maioria se limitava a mãe, professora ou enfermeira. Gradualmente, a Odontologia tornou-se mais popular, principalmente entre as europeias que, impedidas de cursar em seus próprios países, vinham para a América. Entre 1930 e 1940 algumas fizeram pós-graduação de Ortodontia, Odontopediatria; outras escreveram artigos científicos. Assumiam com responsabilidade e credibilidade suas funções, conquistando, inclusive, menções honrosas pelas pesquisas realizadas. A maioria de Universidades dos EUA. Muitas dentistas passaram a atuar em hospitais e faculdades de Medicina Dentária em 1945. Considerada uma profissão tipicamente masculina, a Odontologia foi cada vez mais difundida entre os brasileiros, e no período de 1965 a 1975 houve um “boom” do sexo feminino nas faculdades. Ainda no final dos anos 1990, a maioria dos cirurgiões-dentistas era masculina. A forte presença feminina no mercado de trabalho é consequência da inserção no ensino superior. Cada vez mais ocupavam outras áreas da saúde antes exclusivamente masculinas, chegando em alguns casos à inversão de papéis: temos hoje o “dono de casa” em que a provedora do lar é uma mulher, com diversos espaços na sociedade, muitas vezes sem abrir mão da maternidade e cuidados com o lar. Até 2001, segundo o Conselho Federal de Odontologia (CFO), dos 163.630 cirurgiões-dentistas inscritos nos Conselhos Regionais de Odontologia, 51,68% eram mulheres e nas faculdades representavam 64,2% dos graduandos. Desde o início da incorporação da mão-de-obra feminina em massa durante o século XIX, o papel da mulher na sociedade passou por diversas mudanças, inclusive no contexto econômico-cultural e sua busca pela igualdade de direitos sociais. Atualmente representam cerca de 41% da força de trabalho no Brasil; nos Estados Unidos, elas são mais da metade. Instituída em 01/10/2001, através da Portaria nº 54 /2001, a Comissão Especial da Mulher Cirurgiã-Dentista tem por objetivo promover debates, cursos e outros estudos, visando

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a atuação feminina na Odontologia e a atuação da profissão em prol da sociedade. De acordo com a Associação Brasileira de Odontologia (ABO), as mulheres são maioria na profissão, cerca de 52%, em 25 dos 27 Estados do Brasil, exceto em Santa Catarina e no Acre. O maior percentual de cirurgiãs-dentistas está na Paraíba, Sergipe e Alagoas, com cerca de 65% cada. Os dados são da pesquisa “Perfil Atual e Tendências do Cirurgião-dentista Brasileiro”, da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo, em parceria com o Ministério da Saúde e a Organização Pan­ americana de Saúde, além do apoio da ABO. A Odontologia confirma uma tendência mundial: conforme dados do CFO, elas representam quase 64% dos profissionais inscritos no país, os homens prevalecem ainda somente nas faixas acima dos 56 anos. Brasil conta com 19% dos cirurgiões-dentistas do mundo. São quase 220 mil profissionais ao todo; cerca de 57% concentram-se em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, centros onde também prevalecem as mulheres. As melhores rendas estão no Amazonas, Acre, Tocantins, entre outros. Mulheres também são a maioria nas especializações, principalmente na Odontopediatria, com cerca de 85%, além de Saúde Coletiva, Dentística, Odontologia Preventiva, Odontologia do Trabalho, Ortopedia e Ortodontia. Cerca de 140 mil dentistas, ou seja, 2/3 da categoria trabalham como autônomos. Outros 59 mil, dos quais 58% são mulheres, trabalham no SUS, nas equipes do Programa Saúde da Família

e nos Centros de Especialidades Odontológicas. Mulheres gerenciam e cuidam de seus lares e muitas vezes, dos próprios familiares; estudam e se atualizam na profissão. Além disso, são agentes de saúde, com dupla responsabilidade: a de ter uma vida saudável e a de promover a saúde aos pacientes e amigos, familiares. Essa rotina representa uma ameaça à saúde. Há comprovações científicas que revelam o quanto a mulher moderna passa por processos de estresses severos decorrentes de suas duplas ou triplas jornadas de trabalho, chegando a distúrbios psicológicos, transtornos físicos e até consumo exagerado de álcool, daí a importância do autocuidado e da prevenção. Como já foi comentado em outras edições, a Odontologia cresce a cada dia, principalmente em relação à equipe auxiliar, e sabemos que a maioria são mulheres, sejam auxiliares ou técnicas de saúde bucal. A oportunidade de crescimento pessoal e profissional é clara quando se percebe que muitas ingressam nas faculdades, principalmente nos cursos noturnos, conciliando trabalho e estudo. São mulheres batalhadoras que seguem a carreira realmente por amor ao que fazem, gerenciam consultórios próprios ou não, organizam atividades educativas, são pesquisadoras, autoras, professoras, especialistas, atuam em empregos públicos ou privados. Parabéns para todas, que além de dentistas, técnicas ou auxiliares de saúde bucal, são mães, donas de casa, namoradas, companheiras, cuidadoras, provedoras da família, enfim, mulheres!

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Dentes para todos O Programa Implante seu Sorriso visa oferecer aos pacientes menos favorecidos economicamente a chance de resgatarem a autoestima. A entrevista com o criador do programa, Dr. Ronaldo Silva, apresenta um pouco mais do projeto, que tem por objetivo diminuir o número de desdentados no país. Por: Vanessa Navarro

Ronaldo Silva Cirurgião-dentista. Especialista e Mestre em Reabilitação Oral. Membro da International Team for Implantology (ITI) e da Academia Americana de Osseointegração. Idealizador e presidente do CROPI (Ciclo de Conferências em Reabilitação Oral, Periodontia e Implantologia). Fundador do Instituto Ronaldo Silva Odontologia. Coordenador científico do Instituto Ciência em Implantologia e Reabilitação Oral. Criador do Projeto Social “Implante seu Sorriso”.

Odonto Magazine - Quando e como surgiu o Programa Implante seu Sorriso? Ronaldo Silva - O Implante seu Sorriso foi criado por mim, doutor em Reabilitação Oral e diretor clínico do Instituto de Ciência em Implantologia e Reabilitação Oral, em 1996, com o objetivo de colaborar com pacientes que não podem custear o valor total de um tratamento de implantes orais. Nosso programa social garante subsídios importantes nos tratamentos, já que somente os custos dos materiais são cobrados. O subsídio pode chegar a até 50% de desconto. Odonto Magazine - Qual é a missão principal do programa? Ronaldo Silva - Nossa missão é promover benefícios a pacientes que sofrem com a falta de um ou até todos os dentes, através de diversas técnicas cirúrgicas realizadas por profissionais que fazem intercâmbio científico na área de Implantodontia, sendo orientados e supervisionados por mim. Odonto Magazine - Quem são os pacientes atendidos pelo Implante seu Sorriso? Como são definidas as prioridades de atendimento? Ronaldo Silva - O paciente se inscreve no programa, passa por uma triagem e é chamado conforme o diagnóstico de seu caso para o específico curso de pós-graduação de capacitação de aperfeiçoamento. Para se inscrever no programa, basta entrar em contato com o Instituto de Ciência em Implantologia e Reabilitação Oral pelos fones: (16) 3797.8080 ou acessar o site: www.implantologiaoral.com.br. Odonto Magazine - Existem dados estatísticos que comprovam a melhoria de qualidade de vida dos pacientes atendidos pelo programa? Ronaldo Silva - Sim. O Instituto de Ciência, dentro do Programa “Implante seu Sorriso”, já atendeu mais de 1.000 pessoas, desde sua criação, através de diversas técnicas cirúrgicas. Um dos trabalhos mais marcantes é a instalação de dois implantes na arcada inferior (região do mento), com o intuito de transformar a prótese total inferior do paciente em uma Overdenture.

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Cirurgia virtual guiada

As estatísticas evidenciaram, após 15 meses de tratamento, a diminuição da atividade eletromiográfica dos músculos masseter e temporal nas condições de repouso, lateralidade (direita e esquerda) e protrusão, o aumento da força de mordida molar e incisiva máxima, aumento nos valores ISQ, através da utilização do Osstell, aparelho que mensura a estabilidade primária dos implantes. É percebido o aumento no grau de satisfação dos pacientes com o tratamento proposto. Odonto Magazine - Quantos e quais profissionais estão envolvidos no Implante seu Sorriso? Ronaldo Silva - São profissionais da Odontologia que buscam cursos de pós-graduação de capacitação e aperfeiçoamento, através de intercâmbio científico e imersões de técnicas cirúrgicas, com vagas limitadas, personalizados conforme a necessidade do aluno, descontos progressivos nas mensalidades de acordo com a frequência, ou seja, o aluno tem uma carga horária mínima estipulada a cumprir, conforme vai aumentando sua frequência, terá progressivamente desconto na mensalidade, chegando até em 50%. O aluno conta ainda com uma estrutura tecnológica vol-

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tada para o aprendizado na teoria e na prática, com transmissão ao vivo de cirurgias, biblioteca virtual e embasamentos, desde o planejamento até a manutenção pós-cirúrgica. Odonto Magazine - Quais são as estratégias utilizadas para oferecer o perfeito atendimento aos pacientes? Ronaldo Silva - O Instituto de Ciência em Implantologia Reabilitação Oral é coligado ao Instituto Ronaldo Silva Odontologia, um dos mais respeitados do interior de São Paulo e o primeiro na cidade de Ribeirão Preto, a receber a certificação ISO9001: 2008. Em ambas as clínicas, os pacientes, sejam eles do programa ou do atendimento particular, contam com o que há de mais moderno em tecnologia na área odontológica, como equipamentos hospitalares, critérios de biossegurança, esterilização de ar, sedação consciente com óxido nitroso e implantes de última geração. Odonto Magazine - O Programa também é responsável por devolver a autoestima de um volumoso número de pacientes. Como essa ação é vista pelos profissionais de saúde envolvidos? Ronaldo Silva - Um sorriso bonito é o desejo de qualquer pessoa. Porém, mais do que estética, dentes saudáveis podem evitar disfunções no resto do corpo. Além de cuidar da saúde, a Odontologia tem como função elevar o bem-estar e a qualidade de vida dos pacientes e, para nós, é uma grande honra

também poder proporcionar esses benefícios para as pessoas que possuem poucos recursos financeiros. No final, o resultado do programa acaba sendo positivo para todos os envolvidos. O paciente ganha uma nova alegria em viver, e os profissionais do intercâmbio científico conquistam aprimoramento profissional. Odonto Magazine - O Brasil é apontado como o país dos desdentados. Como o programa se empenha para reverter esse quadro da saúde bucal brasileira? Ronaldo Silva - Existe cerca de 25 milhões de indivíduos desdentados no Brasil, por essa razão, em 2009, o tema de minha defesa de tese de Doutorado na FORP-USP, foi “Viabilidade clínica de implantes retentores de overdenture mandibular submetidos à carga imediata: avaliação eletromiográfica e análise de frequência de ressonância”. Foram 36 meses de estudo, com 16 pacientes selecionados de baixa renda, operados e com próteses instaladas (overdenture). Todos pacientes relataram melhora significativa em todos os aspectos funcionais e estéticos do sistema estomatognático. Este estudo teve apoio do Projeto Nacional “Brasil Sorridente” e hoje estamos trabalhando para que as prefeituras municipais adiram a ele. Tenho o profundo sentimento de que vale a pena sonhar e que os desafios e dificuldades encontrados fortaleceram a minha confiança e autoestima, podendo colaborar com mais este capítulo da história social das comunidades menos privilegiadas.

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Odontologia em Ambiente Hospitalar

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Teresa Márcia N. de Morais

Edela Puricelli

Presidente do Departamento de Odontologia da AMIB – Associação de Medicina Intensiva Brasileira. Responsável pelo Serviço de Odontologia da Santa Casa de Barretos.

Diretora do Departamento de Odontologia da SOTIRGS – Sociedade de Terapia Intensiva do Rio Grande do Sul. Chefe da Unidade de Cirurgia Trauma Bucomaxilofaciais do Hospital de Clínicas de Porto Alegre - HCPA. Professora Titular de CTBMF, Departamento Cirurgia e Ortopedia, FO - UFRGS.

aprovação no Congresso do Projeto de Lei 2776/08, que torna obrigatória a assistência odontológica a todos os pacientes em regime de internação hospitalar, aos atendidos em casa na modalidade “home care” e aos doentes crônicos, mesmo que não estejam internados, é uma grande vitória para a classe. Foi além do projeto original, que garantia o serviço apenas em unidades de terapia intensiva (UTIs) e em hospitais públicos e privados com pacientes internados. Depois de anos de luta, torna-se necessário subsidiar os órgãos de governo e de representação da classe da Odontologia para a implementação da atenção odontológica, clínica e cirúrgica no ambiente hospitalar. Em primeiro lugar, não se deve achar que, a partir de agora, foi criada uma nova especialidade: a Odontologia Hospitalar. É necessário, sim, que as 19 especialidades da Odontologia estejam disponíveis nos hospitais. Para tanto, é preciso capacitar o cirurgião-dentista para atuar no ambiente hospitalar e cuidar de pacientes graves. Nesse intuito, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) pretende dar início a um curso de formação ainda este ano. É preciso também que sejam definidos os critérios para remuneração desses profissionais. Para atendermos as demandas da sociedade em saúde bucal devemos ter o prévio conhecimento da estrutura e organização dos sistemas de saúde no Brasil. Precisamos considerar sua gestão clínica e administrativa, seus princípios e fundamentos, diretrizes, políticas, programas e normatizações, além do conhecimento dos instrumentos e mecanismos orçamentários e de financiamento dos serviços, de modo a não engessar as soluções que cada microrregião adotará para prestar atenção bucal de complexidade no ambiente hospitalar. A diversidade cultural e social de nosso país, bem como o perfil epidemiológico e a organização da rede de saúde, são os maiores desafios a enfrentar ao tentarmos construir um modelo assistencial em saúde bucal que possa servir de referência para as mais de 6.800 unidades hospitalares do país. Esta atividade compreende os serviços de internação de curta ou longa duração prestados aos pacientes em hospitais gerais

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e especializados, hospitais universitários, maternidades, hospitais psiquiátricos, centros de medicina preventiva e outras instituições de saúde com internação, incluindo os hospitais militares e os hospitais de centros penitenciários. O sucesso desta ação de governo depende da capacitação dos Gestores Hospitalares (diretorias médicas, administrativas, gerências, coordenadores, etc.) para a construção de modelos com base nos dados epidemiológicos e na capacidade instalada de seus hospitais. É a partir daí que será dimensionada a estrutura, estabelecido o perfil e a composição das equipes de Odontologia para a eficiência na redução da morbidade dos tratamentos, dos índices de permanência leito, dos óbitos nas UTIs e, especialmente, para prevenir sequelas ou complicações. É recomendável que os responsáveis por implementar tais serviços ou equipes em suas instituições conheçam a abrangência dos tratamentos, o perfil profissional recomendável e a dinâmica assistencial da odontologia no ambiente hospitalar. E que a Odontologia seja capacitada para integrar um ambiente onde o conhecimento científico e tecnológico será exigido num modelo especializado e curativo de complexidade. Com o apoio do Departamento de Odontologia da AMIB, das oficinas do Departamento de Odontologia da SOTIRGS em Porto Alegre, durante o Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva (CBMI), e as ações de inúmeros colegas de outros estados brasileiros na realização de intensos debates, cursos e reuniões apoiadas por entidades representativas, foi realizado em novembro de 2011 o Fórum de Odontologia Hospitalar do GHC. Dele, resultou uma carta propositiva entregue ao Dr. Gilberto Pucca, Secretário do Sistema Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Considerando os três grandes sistemas de saúde (o público, o suplementar e o complementar), é prudente considerar as diferenças sistêmicas que os distinguem, individualizar seus regramentos e órgãos de regulação, afinando sua essência e resguardando suas individualidades. Os sistemas público e complementar projetam uma rede de referência e contrarreferência intermunicipais para tratamentos especializados e

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de complexidade, sob a coordenação de um gestor público. Na rede suplementar, a ANS (Agência Nacional de Saúde) é a principal reguladora, tendo como atores principais os hospitais, as operadoras de saúde, os prestadores de serviços em saúde (individuais ou como pessoas jurídicas) e os clientes. A inclusão da profissão odontológica traz uma série de mudanças na dinâmica interprofissional e intersetorial, que devem se apoderar de uma normatização e de uma dinâmica ético-jurídica inovadora em todos os sentidos. Uma vez que os setores institucionais passam a ter uma cultura da atenção odontológica, os indicadores da Odontologia Hospitalar reconheçam a TUSS de procedimentos odontológicos, as documentações previstas pelo CFO como obrigatórias no registro de atendimentos, o armazenamento de dados como número de atendimentos e tratamentos realizados, favorecendo estudos clínicos, estatísticos e epidemiológicos que poderão impactar nas diretrizes e políticas do Ministério da Saúde. Sugerimos aos governos e instituições de representação que estabeleçam diretrizes específicas para a inclusão da assistência odontológica no ambiente hospitalar, visto que as soluções para promover esta atenção bucal podem ter diferentes formas de se viabilizarem. No sistema público, geralmente por concursos; no sistema particular há várias formas, como a aprovação como autônomo no Corpo Clínico ou a contratação como funcionário (a), além da possibilidade de terceirizar, contratando uma pessoa jurídica como prestador de serviços ou ainda conveniar com cooperativas, etc.

É urgente a inclusão de vivência prática nos projetos pedagógicos dos cursos de Odontologia, em equipes interprofissionais hospitalares. Frente ao debate instalado nos diversos fóruns quanto ao perfil do cirurgião-dentista para atuar em hospitais, somos favoráveis que o CFO e demais entidades de representação reflitam sobre a extrema dificuldade de se conveniar hospitais para instalação de cursos de especialização. A realização de procedimentos clínicos odontológicos não ganhará relevância para que um curso de Especialização se sobreponha em garantias destes espaços. Além disso, não há consultórios e equipamentos odontológicos suficientes para tal empreitada e nem profissionais prontos para se tornarem capacitores. Os níveis de Especialização, Residência, Mestrado e Doutorado, sem dúvida, estarão cada vez mais voltados a incluir em seus programas pedagógicos ou como linhas de pesquisa os temas envolvendo o paciente internado em hospital. Os cursos de pós-graduação que cumprem as exigências do CFO de carga horária prática e disciplinas específicas poderão realizar uma prova, no final do curso, para conceder o registro como “Especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais”. Como a Medicina já exige a certificação do profissional, o CFO deve prever, desde o início, uma certificação promovida junto a AMIB dos capacitados em Odontologia Intensiva, a cada três anos, lembrando que qualquer outro especialista poderá exercer as atividades e tratamentos nos hospitais, exceto nas UTIs, visto que a AMIB deverá exigir a certificação de todos que atuarão na terapia intensiva.

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Coluna - Odontologia do Sono

Odontologia do sono e os aparelhos de avanço mandibular Fausto Ito Dentista Especialista em Anatomia Aplicada da Cabeça pelo Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Membro da Associação Brasileira do Sono. Diretor da ITO Clínica – Ronco & Apneia do Sono (RJ e SP). www.itoclinica.com.br

A

diminuição do tempo de sono já é considerada uma condição endêmica na sociedade moderna. O nosso ritmo de vida está cada vez mais acelerado, ligado ao trabalho e a internet, o que acarreta enormes dificuldades para a manutenção da saúde e recuperação da nossa capacidade física e mental. Estresse, descuido com a alimentação e o sedentarismo são fatores que prejudicam de forma incisiva na qualidade do sono e de vida. O resultado é o aumento alarmante de doenças crônico-degenerativas, como obesidade, cardiopatias, diabetes tipo 2, depressão, impotência sexual, além de risco aumentado para acidentes de trânsito e de trabalho1,2. Poucas horas dormidas e a qualidade de sono ruim são responsáveis por graus variados de dificuldade de concentração, de aprendizado e lapsos de memória que ocorrem devido à má oxigenação do cérebro durante a noite. Em média, a perda de uma hora e meia de sono por noite pode reduzir a capacidade intelectual e o rendimento profissional em até 30%. O adulto com distúrbios do sono, fatalmente, é mais lento, menos produtivo, mal humorado e apresenta sensação persistente de cansaço e indisposição2.

Anatomia e fisiologia relacionada ao sono O sono desempenha um papel insubstituível na recuperação e preparo do corpo e da mente para garantir o estado de alerta e a produtividade no dia seguinte. Durante o sono experimentamos a redução do controle ventilatório e a diminuição da modulação dos músculos dilatadores da faringe. Soma-se o decúbito dorsal, a ação da gravidade e outros fatores, como retrognatia, hipoplasia de maxila, obesidade e bebidas alcoólicas, todos em conjunto favorecem a pitose do músculo genioglosso em direção à parede posterior da faringe, que limita a passagem do ar e aumenta a resistência das vias aéreas superiores (SRVAS), levando a microdespertares, fragmentação do sono e sonolência excessiva durante o dia (SED)2,3. Em indivíduos com predisposição para a síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS), a pressão intraluminal negativa produzida pela contração diafragmática, devido ao esforço inspiratório, agrava o estreitamento do conduto faríngeo e interrompe totalmente a respiração. Em decorrência do quadro apneico se desenvolve hipoxemia e hipercapnia. Essas condições estimulam o sistema nervoso central, que acorda o indivíduo e aciona os músculos abdutores da faringe desobstruindo-a e permitindo o retorno da ventilação. Quando a pessoa volta a dormir, os músculos relaxam e todo o processo se

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reinicia, repetindo-se por várias vezes ao longo da noite1,3. Hoje sabemos que as principais estruturas ósseas do complexo craniofacial que influenciam na patência das vias aéreas superiores são: a mandíbula e o osso hióide. Quando a mandíbula é anteriorizada ocorre o aumento da atividade dos músculos genioglosso e pterigóideos laterais, os quais transmitem tensões à musculatura supra e infra-hióidea, que, por consequência, irá proporcionar um posicionamento ântero-superior do osso hióide em relação à coluna cervical, resultando no aumento da luz do conduto faríngeo. Essa nova situação anatômica evita a vibração dos tecidos moles, por afastá-los da parede posterior da orofaringe3.

Odontologia do sono A Odontologia do Sono é a área que permite ao profissional atuar no tratamento dos Distúrbios Respiratórios do Sono como a roncopatia primária, síndrome da resistência das vias aéreas superiores (SRVAS), síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS), e ainda no Bruxismo do Sono, que de acordo com a Classificação Internacional dos Distúrbios do Sono (CIDS) é considerado parassonia4. O principal fundamento que deu origem a Odontologia do Sono e norteou as pesquisas no mundo, especialmente, a partir da década de 1970, é a mudança no posicionamento da mandíbula. Esse recurso é um dos mais utilizados pela Odontologia tradicional desde o início do século XX, quando Kingsley, Robin e Andresen iniciaram seus estudos. O Monobloco desenvolvido por Pierre Robin, em 1934, é reconhecido como o precursor dos aparelhos de avanço mandibular (AAM)5.

Aparelhos de avanço mandibular (AAM) O principal objetivo dos AAM é ampliar a passagem de ar nas vias aéreas superiores para permitir a ventilação adequada durante o sono. Os pré-requisitos necessários para iniciar o tratamento com o AAM envolvem a avaliação médica e polissonográfica para estabelecer a condição basal do paciente, como a gravidade da SAHOS, dessaturações de oxiemoglobina, índice de microdespertares e comorbidades associadas. Após a indicação médica, o paciente é encaminhado para o dentista com conhecimento em Distúrbios do Sono para iniciar e acompanhar o tratamento6,7. As indicações dos AAM são: ronco primário, SRVAS, SAHOS leve e moderada, casos de apneia grave quando o paciente não se adapta ao CPAP ou como coadjuvante em procedimentos

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Coluna - Odontologia do Sono

cirúrgicos. As contraindicações ficam por conta de distúrbios temporomadibulares (DTM), doença periodontal ativa, edentulismo total, quantidade inferior a cinco elementos por arco ou quadros predominantes de apneia central6,7. Os AAM mais utilizados atualmente são os que atuam em concordância com a fisiologia neuromuscular do sistema estomatognático, ou seja, permitem que a mandíbula realize todos os movimentos fisiológicos e suas combinações, quando em posição, durante o sono, por exemplo, engolir, movimentos de lateralidades ou abrir e fechar a boca. Essas características se tornam importantes para pacientes que sofrem com os distúrbios respiratórios associado ao Bruxismo do Sono. Os AAM compostos de placas separadas, pouco volumosos e que permitem liberdade mandibular são os mais aceitos e procurados. Quando o avanço mandibular é realizado sem restringir os movimentos mandibulares, os efeitos colaterais podem ser facilmente controlados pelo profissional, e a sensação de conforto do paciente tende a aumentar, favorecendo a adesão ao tratamento, principalmente, em longo prazo8. Por outro lado, devido ao princípio de ação dos AAM, os pacientes podem ficar expostos a sensibilidade nos dentes e gengiva, dor nas arcadas, alterações oclusais, disfunções temporomandibulares entre outros. A posição mandibular final mais adequada é aquela que é eficaz contra o ronco e a SAHOS e ao mesmo tempo capaz de evitar danos a integridade do paciente. É importante ressaltar que: » Quanto maior for o avanço mandibular maiores serão as chances de ocorrer efeitos colaterais indesejados em longo prazo. » O paciente deve estar ciente de que não há cura definitiva para os distúrbios respiratórios do sono e que o tratamento com AAM é por tempo indefinido. » Exames polissonográficos de controle poderão ser solicitados sempre que houver necessidade.

Referências 1. Ribeiro TC, Ito FA. Distúrbios do Sono – De olhos bem abertos. Revista Psique. 2010; 51:22-27. 2. Calçada A, Ito FA. Dormir para quê? Revista Psique. 2011; 68: 56-62. 3. Ito FA, Ito RT, Moraes NM, Sakima T, Bezerra MLS, Meirelles RC. Condutas terapêuticas para tratamento da síndrome da resistência das vias aéreas superiores (SRVAS) e da síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS) com enfoque no Aparelho Anti-Ronco (AAR-ITO®). Dental Press Ortodon Ortop Facial. 2005; 10:143-156. 4. American Academy of Sleep Medicine (AASM). The international classification of sleep disorders, 2nd Edition: Diagnostic and Coding Manual. 2005; Westchester, Il. 5. Ito FA, Ito RT, Moraes NM, Sakima T, Bezerra MLS. Mecanismo de ação dinâmico do Aparelho Anti-Ronco®(AAR): relato de um caso clínico. R Clin Ortodon Dental Press. 2004; 3:41-50. 6. Kushida CA, Rittner MR, Morgenthaler T et al. Practice parameters for the indications for polysomnography and related procedures: An update for 2005. Sleep. 2005; 28:499-521. 7. Ferguson KA, Cartwrigth R, Rogers R, Schmidt-Nowara W. Oral appliances for snoring and obstructive sleep apnea: a review. Sleep. 2006; 29:244-62. 8. Ito FA, Ito RT, Bezerra MLS, Kamiji MM. Efeito do aparelho bucal de avanço mandibular (Aparelho Ito - Sistema Dinâmico de Ação) na síndrome da apneia e hipopneia obstrutiva do sono: resultado de 36 pacientes. In: XXIV Congresso Brasileiro de Neurologia. 2010.

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Coluna - Pacientes Especiais

Quando uma crianรงa nasce, ela nos trรกs a mensagem de que Deus nรฃo perdeu a esperanรงa nos homens Rabindranath Tagore

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Coluna - Pacientes Especiais

Mães especiais José Reynaldo Figueiredo Cirurgião-dentista. Doutor em Odontologia Social. Mestre em Odontologia Legal e Deontologia. Especialista em Odontopediatria e em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais. Vice-presidente da Associação Brasileira de Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais (ABOPE). Cirurgião-dentista da Associação de Assistência à Criança Deficiente - AACD. Membro do Conselho Científico da Revista Odonto Magazine.

C

onsiderado o mês das noivas, maio também traz outras denominações: o mês de Maria, o mês das flores e o mês das mães, e mães são especiais. Segundo uma pesquisa realizada pelo British Council (Conselho Britânico), entidade do Reino Unido que tem por atividade o ensino e expansão do inglês no mundo, a palavra mother é a palavra mais bonita da língua inglesa, entre as pessoas que não falam inglês como língua materna. Foram mais de 40 mil pessoas entrevistadas em 102 países, e entre as cinco primeiras estavam mother (mãe), passion (paixão), smile (sorriso), love (amor) e eternity (eternidade). Father não aparece sequer na lista de 70 palavras, triste sina dos homens de concorrer e perder, quase sempre, para aquelas que foram escolhidas por Deus. Mas nesses “tempos modernos” a maternidade ou paternidade, que cria e educa bebês e crianças, tem mudado de maneira significante nas três últimas décadas. Esses cuidadores, às vezes são solteiros, geralmente mulheres, mas podem ser irmãos, tios, avós, funcionários de creches ou de uma instituição pública, porém, neste espaço doravante ficam denominado “mães”. Seja qual for o grau de afinidade familiar, independente de sua condição socioeconômica ou cultural, elas têm em comum, na maioria absoluta dos casos, uma natureza que as tornam muito semelhantes: a devoção incondicional a seu protegido, doravante denominado “filhos”. Com raras exceções, essas mães têm para si um conceito simples: “Deus no céu e seu filho na terra”. Esse axioma pode também ser traduzida como: amor eterno. Essa situação é bastante clara quando temos filhos lindos e saudáveis, mas tem uma conotação diferente quando esse filho é uma pessoa com necessidade especial. O nascimento de um filho é aguardado com alegria, e a expectativa é sempre de que o bebê nasça com “saúde perfeita”, mas, em alguns casos, isso não acontece. Nesse último minuto que você leu esse início do texto, nasceram mais de 250 crianças no mundo, muitas delas com alguma limitação ou dano permanente que as acompanharão pelo resto de suas vidas. E poucas mães estão preparadas para a vinda de um “bebê especial”. O choque imediato é acompanhado pelo desapontamento e

a compreensão de que o filho nunca viverá independente, e o “futuro não mais será como era antigamente”. No princípio, essa situação afeta o dinamismo interno da família, que frente a uma “nova pessoa” volta-se para uma “nova função”, surgindo uma “nova família”, uma “família especial”. Nesse momento, das profundezas do âmago, emerge um ente que, buscando forças que não se sabe de onde, faz a vida retornar seu curso: a “mãe especial”. Qualquer que seja o quadro que se apresente, a relação profissional - mãe tem que ser levada em consideração. As diretrizes técnicas devem ser aplicadas e adaptadas à estrutura de cada família. A chave dessa boa relação está na compreen­são do papel que cada um deve executar, cabendo ao profissional entender à complexidade familiar (superproteção, descuido, desinteresse, desinformação e superestimação) e direcionar a atenção ao paciente, contando com o apoio e colaboração dessa família especial. Algumas dicas para construção desse bom relacionamento: » Comunicação competente: falar abertamente sobre o paciente, suas necessidades e limitações e onde o profissional poderá chegar. » Compreender as limitações técnicas: todos querem filhos com dentes saudáveis e perfeitos, em alguns pacientes com necessidades especiais isso é inatingível. » Considerar os sinais positivos: colaboração do paciente e da família. » Engajamento em busca de soluções: ‘bater em retirada’, quando a situação é complicada, não nos tornará melhor. » A conquista do possível: trabalho com afinco traz ao profissional um senso de realização que nos leva ao Olimpo. » Reconhecimento: “mães especiais” sabem quando cuidamos bem dos seus filhos. Costumo dizer em minhas palestras em congressos ou cursos, que estou ali não apenas para lhes falar sobre Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais, estou ali para defender uma causa. Claro, os pacientes são o foco principal, mas estou também para lembrá-los dessas “mães especiais”. Elas, que sem serem convidadas para a festa, veem­-se no meio do salão, sem maquiagem, sem ao menos um cabelo arrumadinho e partem para aquela que será a valsa do seu dia a dia, conduzir seus filhos pelos “bailes da vida”.

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Coluna - Gestão

Falando sobre franquias

Plínio Augusto Rehse Tomaz Cirurgião-dentista. Master em Empreendedorismo e Inovação (B.I International). Pós-graduação em Marketing (ESPM), com especialização em Saúde Pública (Unaerp) e Administração Hospitalar (IPH). Conferencista internacional. Articulista de jornais e revistas voltados aos profissionais de saúde. Professor de diversas instituições de ensino. Diretor da Tomaz Gestão e Marketing. plinio@tomazmkt.com.br

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enho recebido muitos e-mails e contatos por redes sociais de pessoas me perguntando o que penso sobre franquias na área da saúde, ou então pedindo conselhos quanto a se devem ou não investir neste tipo de negócio. Por isso, resolvi escrever sobre este assunto, ao menos para apresentar alguns critérios a serem considerados pelos interessados antes de tomar qualquer decisão sobre ser ou não franqueado. Para que alguém resolva optar por investir em uma franquia ao invés de um empreendimento próprio, entendo que deve haver algumas vantagens no modelo de franquia. Caso contrário, não valerá à pena. Foi assim que desenvolvi uma espécie de “prova quádrupla”, ou seja, quatro perguntas que devemos fazer cujas respostas nos orientam a entrar ou não neste negócio.

As quatro perguntas são: » Sobre a força da marca: As pessoas de minha região conhecem esta marca (da franquia) a ponto de preferirem comprar dela em detrimento a uma marca própria? Se você, por exemplo, for abrir uma casa de esfihas, terá maior probabilidade de demanda montando um “Habib’s” do que abrindo uma “Esfiha do Zezinho”? As pessoas conhecem a clínica “Dentinho Feliz” (nome fictício) que você pensa em abrir? Se a marca em questão ainda for desconhecida na região, o franqueado terá que

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fazer o mesmo investimento em comunicação que faria com a sua própria marca, mas o maior beneficiário deste investimento será o dono da franquia, que terá sua marca conhecida e valorizada por meio do seu investimento. Existe, de fato, algum diferencial significativo que justifique e singularize a marca pretendida? » Sobre a força do coletivo: Terei acesso, como franqueado, a reais benefícios e vantagens comerciais através das negociações coletivas feitas pelo franqueador? Outra vantagem das franquias é ser beneficiado pelas negociações coletivas. Comprar uma caixa de luvas tem um preço, mas comprar um container de luvas tem outro bem menor (por caixa). Se o franqueador fizer muitas negociações coletivas e isso favorecer as unidades franqueadas de modo significativo, então há uma vantagem nisso. Obs.: não se esqueça de calcular se o benefício e economia ganhos nessas negociações não se neutralizam com os royalties, que serão pagos mensalmente por você. » Sobre a ajuda efetiva na gestão: A equipe da franquia vai mesmo me ajudar a ser bem sucedido? Serei assessorado de modo efetivo? Em teoria, todo franqueador deveria transferir know how para os franqueados, e ajudar em todo o método de controle e ges-

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Coluna - Gestão

Implantes Implantes Implantes Implantes PecLab PecLab PecLab PecLab

tão. Ensinar a fazer, aperfeiçoar os processos internos, treinar, etc. Tudo aquilo que o investidor (franqueado) não sabe fazer, o franqueador deveria ensinar e ajudar para que o sucesso seja alcançado. No entanto, a grande maioria das franquias que conheço ajuda muito pouco (bem menos do que o franqueado gostaria que ajudasse), e é muito comum ficar um pouco frustrado com isso. » Sobre o perfil empreendedor: Ainda que eu tenha dinheiro e interesse na franquia, tenho realmente um perfil empreendedor, com suficiente ousadia e coragem para correr os riscos que todo negócio tem? Pode falar o que quiser, mas sem perfil empreendedor, sua nova empresa (franquia) vai “dar água”. É verdade que a franquia deverá ajudá-lo, mas no dia a dia é você quem liderará sua equipe e é você quem implementará as ações por ela sugeridas. No final das contas, é você quem tomará as decisões. Está preparado para isso ou está esperando milagres? Se, ao fazer a prova quádrupla, você tiver a resposta “não” para pelo menos uma destas perguntas, já deveria reconsiderar sua intenção de ser franqueado. Se responder pelo menos duas, fuja como o diabo foge da cruz. Por outro lado, se respondeu “sim” a todas elas, você provavelmente estará diante de um ótimo negócio e pode dar o próximo passo e analisar as diferentes propostas que o mercado oferece. E, para que ninguém me entenda mal e depois venham com churumelas a respeito deste assunto, esclareço: não sou contra franquias e até já assessorei algumas. Muitas vezes até já recomendei a alguns profissionais que fizessem tal opção, mas também, outras vezes fui contra, pelos motivos acima explicados. Questão de coerência e ética. Reflita sobre isso quando estiver diante de uma nova oportunidade! Bons negócios!

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Caso Clínico

Inter-relação periodontia-prótese na reabilitação oral

Gustavo Diniz Greco Doutor em Odontologia. Mestre e Especialista em Prótese Dentária. Professor de Prótese Dentária e Dentística Restauradora da Faculdade de Odontologia da FEAD-Minas. Coordenador do Curso de Especialização em Prótese Dentária – ABO-MG – Sete Lagoas.

Marília Martins Blanc Graduanda em Odontologia, Faculdade de Odontologia da FEAD-Minas.

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tualmente, a busca por padrões estéticos adequados vem crescendo dia após dia, com isso o desenvolvimento de novos materiais e técnicas odontológicas também avançou. Nesse período de transição, novos valores também se firmaram, como a forma de avaliar e fechar um plano de tratamento, que passou de um olhar focado em um só ponto para uma visão multidisciplinar, envolvendo não só dente, mas a cavidade oral, o paciente como um todo e os parâmetros estéticos desejados. Para a obtenção de êxito na reabilitação oral protética, são necessárias condições periodontais favoráveis, sendo essencial uma correta e criteriosa avaliação da mesma. Todos os tratamentos protéticos restauradores devem ser realizados sob condições de saúde gengival. os aspectos de maior relevância para que isso aconteça, incluem ambiente livre de inflamação, suporte ósseo adequado, gengiva ceratinizada, ausência de sangramento, exudato e bolsa periodontal. Uma condição clínica favorável e a prudência do profissional e procedimentos executados dentro da técnica fazem com que haja previsibilidade e excelência de tratamento1. O tratamento odontológico nos dias de hoje, faz-se cada vez mais qualificado e valorizado, com o englobamento de diferentes especialidades em um só planejamento de trabalho. A relação entre Periodontia e Prótese é estreita e primordial para que o cirurgião-dentista possa alcançar o equilíbrio entre tecido gengival, arranjo dos dentes e sorriso2. Alguns fatores são determinantes para que existam beleza e harmonia em um sorriso, dentre eles: a estética facial, onde observa-se a forma, a linha média, interpupilar e intercomissural do rosto. Além disso, o tipo labial, sorriso e relação de incisivo central com lábio inferior devem ser analisados, principalmente quando o paciente não possui bordas inci-

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sais 3. Para tal, esse trabalho apresenta um relato de caso clínico em que o paciente foi submetido a um tratamento de reabilitação anterior na maxila, com envolvimento dos incisivos centrais e laterais. E tem como objetivo o reestabelecimento da estética, função, fonética e conforto do paciente com cirurgia periodontal, confecção de núcleos metálicos fundidos e coroas totais em cerâmica pura.

Caso clínico Paciente sexo masculino, 38 anos, feoderma, apresentou-se à Clínica Odontológica da Fead, queixando-se de condições precárias de saúde bucal, envolvendo principalmente a região anterior superior. A anamnese constatou que o paciente não era portador de alterações sistêmicas importantes e se apresentava apto a seguir com o tratamento odontológico (figuras 1 e 2). Durante os procedimentos de exame clínico, observou-se a presença de núcleos metálicos fundidos fraturados, coroas totais mal adaptadas, áreas com invasão de espaço biológico, alteração do contorno gengival e sangramento à percussão. Foram realizados exames imaginológicos periapicais, periodontograma, moldagem, modelo de estudo, montagem destes modelos no articulador semiajustável (ASA), em relação cêntrica, enceramento diagnóstico e confecção das próteses provisórias. Foi planejada, nos modelos de estudo, a cirurgia periodontal de aumento de coroa clínica, baseada nas informações dos exames de imagem e de sondagem clínica, com a finalidade de confecção das coroas provisórias em resina acrílica já com a anatomia do resultado pós-operatório (figuras 3 e 4). Os procedimentos cirúrgicos periodontais foram realizados

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Caso Clínico baseados nas referências do modelo de estudo (figura 5). As próteses provisórias foram confeccionadas a partir da prensagem do enceramento diagnóstico. Os preparos cavitários foram confeccionados em boca, respeitando as técnicas para receber próteses estéticas livre de metal. As coroas provisórias foram reembasadas em boca e cimentadas com cimento à base de hidróxido de cálcio (figuras 6 e 7). Passada essa fase do tratamento, o paciente foi monitorado durante o período pós-operatório, onde foram verificados semanalmente o padrão de oclusão e desoclusão, saúde periodontal, estética e fonética com a reabilitação provisória. Neste período, os núcleos metálicos fundidos dos dentes 12 e 11 foram substituídos, visando uma melhor condição de distribuição de cargas intrarradicular e melhor condição de retenção e estabilidade das coroas finais (figura 8). Optou-se por utilizar moldagens com a técnica de casquetes individuais e poliéter, em busca de um melhor afastamento

gengival e, consequentemente, melhor vedamento marginal do trabalho final. Os casquetes foram capturados com moldagem total em silicone de condensação, utilizando-se a técnica de dupla moldagem (figuras de 9 a 15). A partir desta moldagem de transferência, foi confeccionado o modelo de trabalho, que foi montado em ASA, em relação cêntrica (figuras 16 e 17). Os modelos de trabalho articulados foram enviados ao laboratório, juntamente com as orientações referentes à seleção de cores e caracterização anatômica e estética, para confecção de próteses individuais em cerâmica pura, prensada, Vita® VM9 (figuras de 18 a 20). A reabilitação protética foi cimentada em boca com cimento resinoso dual após a conferência dos ajustes oclusais e dos pontos de contato proximais (figuras de 21 a 28). O resultado final proporcionou uma grande satisfação ao paciente, que relatou uma melhora considerável na autoestima e na qualidade de vida.

Figura 4 Planejamento cirúrgico e preparos cavitários para confecção das coroas provisórias.

Figura 1 Fotografia inicial - extraoral.

Figura 2 Fotografia inicial - intraoral.

Figura 5 Cirurgia de aumento de coroa clínica.

Figura 3 Modelos de estudo articulados em ASA.

Figura 6 Próteses provisórias.

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Caso Clínico

Figura 8 Adaptação dos núcleos metálicos fundidos.

Figura 7 Próteses provisórias instaladas. Pós-operatório de 21 dias.

Figura 10 Figura 9

Prova dos casquetes em boca.

Casquetes individuais de moldagem.

Figura 11 Aplicação do adesivo para poliéter.

Figura 12 Moldagem com poliéter.

Figura 13 União dos casquetes para moldagem de transferência com silicone de condensação.

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Figura 14 Moldagem de transferência.

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Caso Clínico

Figura 15

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Verificação da moldagem do limite cervical dos preparos e afastamento subgengival.

Modelos de trabalho articulados.

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Figura 18

Vista anterior dos preparos cavitários no modelo de trabalho.

Coroas em cerâmica prensada adaptadas no modelo de trabalho.

Figura 19

Figura 20

Coroas em cerâmica pura prensadas - vista anterior.

Coroas em cerâmica pura prensadas - vista cervical.

Figura 21

Figura 22

Tratamento de superfície com ácido fluorídrico.

Tratamento de superfície com aplicação de silano.

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Caso Clínico

A relação entre Periodontia e Prótese é estreita e primordial para que o cirurgião-dentista possa alcançar o equilíbrio do tratamento

Figura 23 Próteses adaptadas em boca - vista intraoral.

Figura 24 Resultado final - vista extraoral.

Figuras 27 e 28 Caso clínico inicial e final - extraoral.

Discussão

Figuras 25 e 26 Caso clínico inicial e final - intraoral.

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A opção por associar os procedimentos protéticos com periodontais teve fundamental importância neste caso clínico, por possibilitar o desenvolvimento do trabalho reabilitador em um ambiente saudável e livre de fatores de irritação gengival, como os que o paciente apresentava durante a anamnese. Para determinarmos este limite com maior precisão, devemos eliminar qualquer inflamação presente na região do dente pilar, visto que a inflamação altera o contorno, a forma, o volume e a consistência da gengiva marginal livre e da papila interdental4. Embora margens gengivais possam se manter clinicamente livres de placas, áreas com menos de 2 mm de gengiva inserida mostram sinais clínicos de inflamação, o que determina que uma faixa de 1 mm a 2 mm pode ser aceitável para dentes que sustentam trabalhos restauradores, mas é indicada uma faixa mínima de 3 mm a 4 mm para dentes tratados proteticamente 5.

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Caso Clínico

Durante os exames clínico e radiográfico de pacientes protéticos periodontais, devemos observar a extensão do limite cervical do preparo, que deve sempre respeitar o limite do fundo do sulco gengival, para que não ocorra violação do epitélio juncional6-8. Neste caso, como o planejamento do limite cervical dos preparos cavitários, foi realizado juntamente com o planejamento da cirurgia periodontal de aumento de coroa clínica, nos modelos de estudo articulados. O tempo de cicatrização de no mínimo 45 dias teve que ser respeitado para se avaliar o novo relacionamento do espaço biológico com o limite dos preparos. Para que este limite seja respeitado, preconiza-se uma distância mínima de 2 mm entre o término cervical do preparo e a crista óssea alveolar 9. Idealmente, o nível do limite cervical dos preparos deve ser localizado na região supragengival, o mais distante possível da gengiva marginal livre. No entanto, isto nem sempre é possível. A determinação do término cervical depende de uma série de fatores, o que demonstra claramente que a exigência estética e as considerações periodontais contrapõem-se durante a avaliação clínica10-12. Por se tratar da arcada superior anterior, região que envolve grande necessidade estética, os limites cervicais dos preparos cavitários foram determinados subgengivalmente, respeitando a área de epitélio sulcular, com profundidade máxima de 05 mm. É inquestionável que a saúde do periodonto deve ser restabelecida antes de qualquer procedimento restaurador12, o estabelecimento da saúde periodontal facilita os procedimentos restauradores e fornece mais previsibilidade na Odontologia restauradora, relatando que a existência do espaço biológico é condição fundamental para a existência das distâncias biológicas, e estas distâncias apresentam uma média de 2,04 mm9. Hoje é possível trabalhar de forma tranquila na utilização de restaurações cerâmicas livres de metal em quase todas as situações clínicas referentes a reconstruções dentárias fixas nos diversos segmentos do arco dentário13. Neste trabalho, por se tratar de uma área com muito envolvimento estético, a opção foi utilizar coroas totais em cerâmica pura, prensadas, do sistema Vita VM9®. Esta seleção foi realizada em busca de um melhor resultado estético, com melhores características de reflexão de luz e brilho. A introdução de sistemas cerâmicos livres de metal, sem dúvida, favorece em muito a confecção de próteses mais estéticas, com resoluções ópticas muito semelhantes às das estruturas dentais, principalmente no quesito translucidez/ luminosidade13.

Conclusões Respeitando-se as limitações deste trabalho, foi possível concluir que: » A interação entre prótese e periodontia é fundamental para um plano de tratamento que proporcione um resultado estético e funcional ótimos, com prognóstico favorável. » Para a realização de trabalhos restauradores é necessário

uma condição clínica ideal, com ausência de inflamação, presença de mucosa ceratinizada e ausência de bolsa periodontal. O estabelecimento da saúde periodontal facilita os procedimentos clínicos, como preparos dentários, moldagens, provas de estruturas e etc. » A opção por utilizar coroas estéticas em cerâmica pura proporcionou um resultado estético muito satisfatório. » O planejamento integrado e a execução prévia dos procedimentos protéticos e periodontais nos modelos de estudo foram fundamentais para o sucesso do trabalho final.

Referências 1. Greco GD. et al. A Importância do Planejamento Integrado no Tratamento da Reabilitação Oral. Revista Implantenews. v. 9, n. 1, p. 57-64, 2009. 2. Zanetti GR. et al. Integração Orto-perio-prótese para Correção de Assimetria Gengival- Relato de Caso. R Dental Press Estét. Maringá. v. 4, n. 4, p. 50-60, Out/Nov/dez 2007. 3. Carrilho E; virgínia P; paula A. Reabilitacões Estéticas Complexas Baseadas na Proporçao Aúrea. Revista Portuguesa de Estomatologia, Medicina Dentária e Cirurgia Maxilofacial. 2007; 8(1): 43-56. 4. Mainieri ET et al. Considerações morfológicas sobre a preparação de dentes pilares em prótese fixa. 2003. www.sobracursos.com.br. 5. Lang NP & löe H. The relationship between the width of keratinized gingiva and gingival health. J Periodontal. 1972;l(43):.623-9. 6. Stein RS, glickman I. Prosthetic considerations essential for gingival health. Dental Clinic North Am 1960;4:177-88. 7. Löe H. Reactions of marginal periodontal tissues to restorative procedures. Int Dent Journal 1968;18(4):759-78. 8. Baratieri LN. Odontologia restauradora – Fundamentos e possibilidades. São Paulo: Editora Santos; 2001. p.200. 9. Gargiulio A, wentz F, orban B. Dimension and relations of the dento gingival junctions in humans. J Periodontal 1961;32:261-7. 10. Lanza MD. Ref. Apud Henriques SEF. Reabilitação oral – Filosofia, planejamento e oclusão. Editora Santos; 2003. p.233-62. 11. Krajicek DD. Periodontal considerations for prostetic patients. J Prosthet Dent 1973; 30(1): 15-8. 12. Sachs RI. Restorative dentistry and the periodontium. Dent Clin North Am 1985;29(2):261-78. 13. Kina S. Cerâmicas dentárias. R Dental Press Estét. 2005; 2(2): 112-28.

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Recuperação da dimensão vertical de um paciente com amelogênese imperfeita Danielle Monsores Vieira Cirurgiã-Dentista. Especialista em Dentística. Especialista em Estética Dental. Especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais. Mestre em Ciências da Saúde.

A

imensão vertical de oclusão (DVO) é a distância entre os maxilares superior e inferior quando os dentes se encontram em oclusão. A DVO pode ser determinada utilizando-se métodos fonéticos e mensuração fotográfica e facial, tal como o uso de um compasso de pontas secas, onde a base do nariz até o mento deve ter a mesma medida da comissura labial até o canto externo do olho. Pacientes com hábitos parafuncionais, como o bruxismo, tendem a apresentar desgaste dentário e perda da DVO. A perda da dimensão pode provocar aparência prognata; diminuição do ângulo lábio-horizontal; adelgaçamento dos lábios; aprofundamento do sulco nasolabial; aumento em profundidade das linhas verticais, associadas ao aumento do ângulo infranasal; ptose dos músculos faciais; adelgaçamento da mucosa bucal, tornando-se sensível à abrasão; perda do osso basal; parestesia por deiscência do canal; aumento do volume da língua; aumento das atividades da língua durante a mastigação; diminuição do controle neuromuscular com o avanço da idade; e efeitos na aparência estética e facial por perda óssea. Assim, o paciente com perda da DVO apresenta necessidades estética e funcional a serem satisfeitas através de um tratamento de reabilitação oral.

De acordo com os estágios de desenvolvimento do esmalte dental, nos quais a amelogênese imperfeita ocorre, dividem­s e em: Hipoplásico: ocorre no estágio de histodiferenciação, ou seja, ocorre a formação deficiente da matriz: dentes pequenos, com pontos de contato abertos e esmalte muito fino ou inexistente. Hipomineralizado: ocorre no estágio de mineralização da formação do esmalte, ou seja, ocorre mineralização deficiente na matriz orgânica formada: o esmalte se apresenta mole, frágil, opaco e com coloração variável, podendo ocorrer fraturas nas incisais expondo dentina. Hipomaturado: ocorre na fase de aposição da matriz do esmalte, ou seja, a espessura do esmalte é normal, porém, apresenta baixo valor de radiodensidade e conteúdo mineral, ocorrendo a presença de superfície porosa que, consequentemente, torna-se pigmentada. Pacientes portadores de amelogênese imperfeita apresentam acúmulo de placa, predisposição à cárie, dentes susceptíveis à atrição ocasionando diminuição da DVO e extrema sensibilidade ao contato e estímulos térmicos. Por este motivo, pacientes com amelogênese imperfeita necessitam de uma reabilitação oral estética e funcional para melhorar sua aparência e autoestima.

Amelogênese imperfeita

Reabilitação estética e funcional

Amelogênese imperfeita é definida como uma alteração do esmalte dental, que atinge tanto a dentição decídua como a permanente, com inúmeras variações clínicas quanto ao grau de severidade. É uma alteração de caráter hereditário, exclusivamente ectodérmica, pois os componentes mesodérmicos do esmalte estão intactos. A amelogênese imperfeita, em sua forma mais moderada, causa descoloração; enquanto na apresentação mais severa o esmalte é hipomineralizado, o que causa o desgaste dos dentes logo após a erupção.

O tratamento da DVO consiste no uso de uma placa interoclusal com a intenção de restaurar a DVO do paciente, podendo atingir um nível ótimo de atividade e função muscular. As placas interoclusais podem ser confeccionadas com resinas acrílicas, materiais resilientes ou com a combinação de ambos. Por este motivo foi criada a Placa Adesiva Estética de Vieira, que é uma placa confeccionada com resina acrílica, é estética e devolve imediatamente a DVO do paciente. Esta é cimentada nos dentes do paciente com resina flow. O cirurgião-dentista

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irá realizar cortes na placa somente sobre os dentes a serem preparados naquela sessão. Os pacientes recebem trabalhos provisórios e, posteriormente, confeccionam-se coroas metal free e facetas de porcelana para a devolução definitiva da dimensão vertical. Em pacientes com amelogênese imperfeita, o esmalte não responde de forma adequada ao condicionamento ácido, a adesividade fica prejudicada, ainda assim, é melhor do que executar uma técnica sem adesividade. Por isso, a reabilitação oral destes pacientes com materiais adesivos pode ser realizada com desgastes mínimos da estrutura dentária.

Pacientes com hábitos parafuncionais, como o bruxismo, tendem a apresentar desgaste dentário e perda da DVO

Caso clínico A paciente R.S.S., 18 anos de idade, sexo feminino, portadora de deficiência física (hemiplegia) e amelogênese imperfeita hipermineralizada, procurou atendimento na clínica de Odontologia da Universidade Cruzeiro do Sul. Sua queixa principal era a estética de seus dentes (figura 1). Durante a anamnese, observou-se que a paciente apresentava dores de cabeça e estalidos na região da articulação. No exame clínico constatou-se a perda dos elementos 21, 36 e 46; raiz residual do elemento 11; uma prótese provisória dos elementos 21 e 11 (figuras 2 e 3); cavidades cariadas nos dentes 22, 23, 25 e 26; além de gengivite e perda da DVO, devido a desgaste acentuado em todos os dentes. A avaliação radiográfica foi realizada com radiografias panorâmicas e periapicais dos elementos. Para um correto plano de tratamento foram realizados modelos de estudo que foram montados em articulador. O tratamento proposto foi, inicialmente, a remoção da raiz residual do elemento 11, a conscientização da paciente em relação à higienização dentária e as restaurações das cáries. A DVO da paciente foi medida, após a adequação bucal, chegando ao resultado de uma perda de 4 mm. Por este motivo, idealizou-se a placa adesiva estética de Vieira (figuras 4 e 5), onde se recuperava a perda da DVO, em 2 mm no superior e 2 mm no inferior, além dos elementos perdidos. Após a profilaxia, condicionamento ácido (figura 6), aplicação de adesivo e fotopolimerização em todos os dentes, a placa adesiva estética de Vieira foi cimentada com resina flow (figuras 7 e 8) e, de imediato, veio satisfazer a expectativa estética da paciente, melhorando a disfunção da ATM e relaxando toda a sua musculatura (figuras de 9 a 15). Posteriormente serão realizadas, em todos os dentes, coroas de metal free e facetas em porcelana. O desgaste será de apenas 0,5 mm e se utilizará a técnica adesiva.

Figura 1 Estado inicial da paciente R.S.S. com 18 anos de idade.

Figura 2 Prótese parcial removível provisória da paciente.

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Figura 3

Figura 4

Sorriso da paciente sem a prótese parcial removível.

Placa adesiva estética de Vieira superior.

Figura 5

Figura 6

Placa adesiva estética de Vieira inferior.

Condicionamento ácido superior.

Figura 7

Figura 8

Cimentação da placa adesiva estética de Vieira superior.

Cimentação da placa adesiva estética de Vieira inferior.

Figura 9

Figura 10

Vista frontal das placas adesivas estéticas de Vieira cimentadas.

Vistas laterais das placas adesivas estéticas de Vieira cimentadas.

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Figura 11

Figura 12

Sorriso da paciente após a cimentação.

Paciente no final da sessão.

Figura 13

Figura 14

Vista frontal após a finalização estética na sessão seguinte.

Sorriso da paciente após a segunda sessão.

Figura 15

Figura 16

Paciente com a estética temporária, pronta para iniciar as reabilitações.

Paciente no final da segunda sessão.

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Caso Clínico NORMAS PARA PUBLICAÇÂO A seção CASO CLÍNICO da ODONTO MAGAZINE tem como objetivo a divulgação de trabalhos técnico-científicos produzidos por clínicogerais e/ou especialistas de diferentes áreas odontológicas. Gostaríamos de poder contar com trabalhos originais brasileiros, produzidos por cirurgiões-dentistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e médicos, para divulgar esse material em nível nacional por meio da revista impressa e pelo site: www. odontomagazine.com.br Os trabalhos devem atender as seguintes normas:

Conclusão A paciente portadora de necessidades especiais merece e tem o direito, como qualquer outro paciente, de receber trabalhos estéticos, e o cirurgião-dentista tem a obrigação de executá-los e ajudá-la a se integrar à nossa sociedade. O tratamento estético em pacientes portadores de necessidades especiais pode ser realizado, desde que se respeitem suas limitações e necessidades. A DVO pode ser “perdida” ao longo do tempo, principalmente em pacientes que apresentam amelogênese imperfeita e bruxismo. Nos pacientes que apresentam perda da DVO, pode-se realizar próteses para a recuperação e estabilização da força mastigatória, além da melhora do aspecto fonético e estético facial do paciente. A placa adesiva estética de Vieira proporciona a recuperação imediata da DVO, devolvendo a estética e o conforto ao paciente. A paciente se mostrou satisfeita e voltou a sorrir.

Referências 1. Bassanta, A.D.; Consenza, R.F.; Guerra, F.L. Recuperação da dimensão vertical com o uso de placas de mordida e posterior reabilitação em partes: relato de caso clínico. JADA – Brasil 2003, 1:60-64. 2. Bouvier, D.; Duprez, J.P.; Bois, D. Rehabilitation of Young patients with amelogenesis imperfecta: A report of two cases. Journal of Dentistry for Children, 1996, 63 (6): 443-7. 3. Fávero, C.A.S; Vieira, D. Recuperação da dimensão vertical de oclusão através da placa adesiva estética de Vieira e reabilitação oral. Só Técnicas Estéticas. 2006; 2(4): 126-32. 4. McDonald, R.E. Alterações no Desenvolvimento dos Dentes e Maxilares. In: odontopediatria. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1977. cap. 4, p. 40-63. 5. Molina, O.F. Fisiopatologia craniomandibular. São Paulo: Pancast, 1995. cap. 9, p. 426-9.

1) Ser enviados acompanhados obrigatoriamente de uma autorização para publicação na ODONTO MAGAZINE, assinada por todos os autores do artigo. No caso de trabalho em grupo, pelo menos um dos autores deverá ser cirurgião-dentista. Essa autorização deve também dar permissão ao editor da ODONTO MAGAZINE para adaptar o artigo às exigências gráficas da revista ou às normas jornalísticas em vigor. 2) O texto e a devida autorização devem ser enviados para o e-mail: vanessa.navarro@vpgroup.com.br. As imagens precisam ser encaminhadas separadas do texto, em formato jpg e em altaresolução. Solicitamos, se possível, que o artigo comporte no mínimo três imagens e no máximo 30. As legendas das imagens devem estar indicadas no final do texto em word. É necessário o envio da foto do autor principal do trabalho. 3) O texto deve seguir a seguinte formatação: espaço entre linhas simples; fonte arial ou times news roman, tamanho 12. As possíveis tabelas e/ou gráficos devem apresentar título e citação no texto. As referências bibliográficas, quando existente, devem estar no estilo Vancouver. 4) Se for necessário o uso de siglas e abreviaturas, as mesmas devem estar precedidas, na primeira vez, do nome próprio. 5) No trabalho deve constar: o nome(s), endereço(s), telefone(s) e funções que exerce(m), instituição a que pertence(m), títulos e formação profissional do autor ou autores. Se o trabalho se refere a uma apresentação pública, deve ser mencionado o nome, data e local do evento. 6) É de exclusiva competência do Conselho Científico a aprovação para publicação ou edição do texto na revista ou no site. 7) Os trabalhos enviados e não publicados serão devolvidos aos autores, com justificativa do Conselho Científico. 8) O conteúdo dos artigos é de exclusiva responsabilidade do(s) autor (res). Os trabalhos publicados terão os seus direitos autorais guardados e só poderão ser reproduzidos com autorização da VP GROUP/Odonto Magazine. 9) Cada autor do artigo receberá exemplar da revista em que seu trabalho foi publicado.

6. Pinkham, J.C.; Casamassimo, P.S.; Fields, H.; McTigue, D.; Nowak, A. Anomalias de Desenvolvimento da Dentição. In: Odontologia da Infância à Adolescência. 2 ed. São Paulo: Artes Médicas, 1996. cap. 4, p. 63-76.

10) Os trabalhos, bem como qualquer correspondência devem ser enviados para: Vanessa Navarro ou Vivian Pacca – ODONTO MAGAZINE Alameda Amazonas, 686 – sala G1 Alphaville Industrial – Barueri-SP CEP 06454-070

7. Pithan, J.C.A.; Malmann, A.; Pitan, S.A.; Costa, C.C. Amelogênese Imperfeita: revisão de literatura e relato de caso clínico. Rev. ABO Nac. 2002; 10(2): 88-92.

11) Ao final do artigo, acrescentar os contatos de todos os autores: nome completo, endereço, bairro, cidade, estado, CEP, telefones e e-mail.

8. Vieira, D. Análise do Sorriso. Coleção Só Técnicas Estéticas. São Paulo: Santos. 2004, cap II, p. 11-4. 9. Vieira, D. Facetas Laminadas. Coleção Só Técnicas Estéticas. São Paulo: Santos. 2005, cap. 11, p. 39-40. 10. Wright, J.T.; Deaton T.G., Hall K.I.; Yamauchi M. The mineral and protein content of enamel in amelogenesis imperfecta. Connect Tissue Res. 1995, 32(1-4): 247-52.

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12) Informações: Editora e Jornalista Responsável Vanessa Navarro (MTb: 53385) e. vanessa.navarro@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7506 Publicidade - Gerente de Contas Vivian Ceribelli Pacca e. vivian.pacca@vpgroup.com.br t. + 55 (11) 4197.7507

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