Revista Vox Objetiva Edição 10

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TEMPO DO VOTO ELEIÇÃO OU PLEBISCITO?

O REI EM ALTO MAR

OBESIDADE INFANTIL QUANDO OS PAIS ERRAM

VOX OBJETIVA Nº 10

Março 2010 Edição nº 10 R$ 7,90

ANNA CAROLINA JATOBÁ Ciúme doentio da enteada de apenas seis anos

ALEXANDRE NARDONI Condenado por jogar a filha do 6º andar do prédio

MARCOS TRIGUEIRO Mais conhecido como o maníaco de Contagem

POR QUÊ? O QUE DIZEM ESPECIALISTAS SOBRE ASSASSINOS QUE ULTRAPASSAM OS LIMITES DA CRUELDADE


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Venha conhecer o maior aquário temático do Brasil. Uma viagem pelo Rio São Francisco, com seus mistérios, belezas e histórias. São 22 tanques, um milhão de litros de água e diversas espécies. Tudo isso para você conhecer, descobrir e ajudar a preservar uma das maiores riquezas do Brasil. Zoológico de Belo Horizonte Av. Otacílio Negrão de Lima, 8.000, Pampulha De terça a domingo, das 9h às 16h Informações: (31) 3277-7191 www.belohorizonte.mg.gov.br

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sumário

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Capa

A perda do sentido de valores e de limites pode ser a causa da violência e do deprezo pela vida que assola a sociedade.

08 Entrevista Eleições plebicitárias? O eleitor brasileiro se depara com um cenário político inédito em 2010.

expediente

Revista Vox Objetiva® é uma publicação conjunta entre Editora Fé Ltda., sediada à rua Tiradentes, 1640, sl 302, Industrial Contagem, MG, CEP 32230-020 e Mix Soluções em Comunicação®, sediada à rua Tupis, 204, sl 218, Centro - Belo Horizonte, MG, Cep 30190-060 “...O povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo”. (Daniel 11:32)

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Brasília mineira

Cidade Administrativa do governo de Minas atrai críticas e elogios. 18

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Roberto Carlos

Show em cruzeiro marítimo reúne fã clubes de todo o Brasil.

Quase 60 anos depois...

Idealizada por Juscelino Kubtischeck, a avenida Antônio Carlos é, finalmente, duplicada.

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Na rota da folia

Celebridades de todo o mundo escolhem o Rio de Janeiro para curtir o Carnaval. 46

“Quem tem pressa come cru”

Como é a vida nas cidades onde a pressa é, literalmente, inimiga da perfeição.

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90 milhões de imunizados

Campanha de vacinação contra a gripe H1N1 pretende diminuir os casos da doença em todo o país. 58

Obesidade infantil

Pais e profissionais da saúde falam de sua preocupação com o aumento de peso das crianças brasileiras

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Os excluídos do Brasil

Convênio facilita exames de DNA em Minas Gerais para população de baixa renda.

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EDITOR E JORNALISTA RESPONSÁVEL Carlos Viana EDITORA ADJUNTA Méltsia Mendonça DIAGRAMAÇÃO Cristopher Kennedy Kenneth Anderson Lucas Lopes Luma Mendonça Marcos Paulo Viana CAPA Marcos Paulo Viana FOTOGRAFIAS Odilon Lage REPORTAGEM Giovanna Ribeiro Wander Veroni COLABORADORES Leo Pinheiro - Rio de Janeiro Ricardo Pessoa - Turquia DIRETOR COMERCIAL Geraldo Mendonça ATENDIMENTO, ANÚNCIOS comercial@voxobjetiva.com.br (31)2514 - 0990 SUGESTÕES, CRÍTICAS E RECLAMAÇÕES contato@voxobjetiva.com.br WEBSITE Cristopher Kennedy João Paulo Brum www.voxobjetiva.com.br Tiragem: 20 mil exemplares Os textos publicados nesta edição da Vox Objetiva, em forma de reportagens, são de responsabilidade direta dos editores. Os textos publicados em forma de Colunas, produzidos por colunistas convidados, expressam o pensamento individual e são de reponsabilidade dos autores. Todos os direitos reservados. Os textos publicados na Revista Vox Objetiva só poderão ser reproduzidos com autorização dos editores.

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editorial

E

m mais uma edição, Vox Objetiva dedica boa parte de suas páginas ao problema da violência brasileira. Violência que em determinados momentos, nos leva à sensação de que nunca nos deixará viver em paz. Em São Paulo, o julgamento de Alexandre Nardoni e da mulher, Anna Carolina Jatobá, mostrou como o aparato policial deve estar preparado para enfrentar todo tipo de criminoso. Em entrevistas, o pai de Alexandre chegou a dizer que o filho “não merecia aquilo”. E a menina? Merecia? Bem estudados, de classe média alta com boa situação financeira, os Nardoni são a mostra de que muitos brasileiros se acham acima da lei. Seja pelo poder da influência política e econômica, seja pelo despreparo das forças policiais para investigar os casos, seja pela demora da Justiça em julgar os processos. Não se trata de exagero perguntar se a “rapidez” – dois anos para julgar o casal – foi motivada exclusivamente pelo desejo de nossos membros do Judiciário em se mostrarem ágeis, ou, se no fundo, eles mais uma vez foram impelidos

pela cobrança da opinião pública. Afinal, o caso virou notícia em todas as esquinas do Brasil. Do lado de fora do Fórum, após a sentença dura de 31 e 26 anos, respectivamente para marido e mulher, se ouviram aplausos e até foguetes por parte de uma população que não aguenta mais a impunidade. Mas, como agem a Justiça e as polícias brasileiras, longe da cobrança popular? Vamos a um exemplo. Em 2004, um jovem maníaco matou um taxista durante um assalto na cidade de Betim, única e exclusivamente, porque a vítima era um policial rodoviário federal aposentado. Viu a carteira, apontou e atirou. Menos de 60 dias depois, o latrocida foi solto porque o Ministério Público entendeu que o inquérito estava incompleto e foi devolvido ao distrito policial “incompetente”. Resultado: o jovem maníaco se diplomou e saiu matando descontroladamente, até ser preso este ano e confessar a morte de cinco mulheres na região metropolitana da capital. E mais uma vez, a polícia só agiu efetivamente depois de cobrada pela opinião pública, despertada para a ira do assassino depois de várias reportagens chamadas pelos delegados de “sensacionalistas”. Que explicação dar às famílias? Nossa Justiça é mal paga... Mentira! Os ganhos estão entre as melhores carreiras do Brasil. Existe acúmulo de serviço.... Na verdade, o que faltam são prioridades. Preservar a vida de inocentes, mantendo a todo custo assassinos na cadeia, deveria estar entre as primeiras. Faltam investimentos nas polícias por parte dos Governos... Essa é a única verdade. Somos um país onde as decisões em todas as instâncias acontecem quase sempre no calor das cobranças populares. Vivemos um vazio ideológico tão amplo que na seção Entrevista desta edição, a doutora e pesquisadora da UFMG, Helcimara Telles, afirma claramente que até agora a eleição majoritária mais importante do país apresenta características semelhantes a um Plebiscito. Resultado de uma oposição partidária esvaziada pela falta de propostas e igualada pelos escândalos. A saída, uma ampla reforma Política emperrada no Congresso que nos garantiria nomes mais qualificados para comandar o país. Pelo menos no Judiciário, o Conselho Nacional de Justiça tem feito um excelente trabalho, mas não sem resistência. Aplaudir promotores e juízes é fundamental. Mas precisamos lembrá-los da necessidade de serem mais ágeis porque são servidores públicos. Precisamos redescobrir no Brasil o limite entre merecimento e aquilo que é a obrigação assumida em nossas escolhas. Carlos Viana Editor Chefe

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Entre as sugestões de pauta, críticas e elogios que chegaram à nossa redação, selecionamos alguns comentários a respeito da última edição da Revista Vox Objetiva. Para participar, envie um e-mail para voxdoleitor@voxobjetiva.com.br. Leia e fique à vontade! AÉCIO O brasileiro tem duas paixões: futebol e política. Há quem discorde, apesar de estarmos caminhando a duras penas para o entendimento prático do que significa exatamente a democracia. Em suma, achei fantástica a matéria do repórter Léo Pinheiro sobre as pretensões políticas de Aécio Neves e relacioná-las ao futebol. Tacada de mestre! O texto ficou leve e muito bem articulado e, pelo menos para mim, foi um dos grandes destaques dessa última edição da revista. Reginaldo Fagundes, 43 anos, economista e professor universitário. Bairro Gutierrez, Belo Horizonte.

AUXÍLIO RECLUSÃO Sei que posso estar sendo muito radical, porém sou da opinião de que um criminoso deveria trabalhar durante todo o período que cumprir pena para indenizar a vítima ou os seus familiares. Elogio a repórter Giovanna Ribeiro por ter abordado um tema complexo de forma bastante esclarecedora, por sinal. Entretanto, só acreditarei na eficácia do nosso sistema penitenciário quando o preso não ficar o dia inteiro olhando para o teto e puder trabalhar. Trabalhar tanto, mas tanto, que no final do dia ele esteja cansado a ponto de não conseguir ficar confabulando rebeliões ou novos crimes. Vitor Pereira, 19 anos, vestibulando de Medicina. Bairro Jardim das Alterosas. Betim (MG).

VIADUTO Puxa vida! Nem acreditei que finalmente, depois de anos de reclamações dos motoristas e acidentes, teremos um novo Viaduto das Almas. Sei que posso parecer alienada, mas eu jurava que essa construção era uma obra da mineradora, e não do governo. Foi uma das melhores notícias que recebi, sem brincadeira. Minha família mora em Ouro Branco e, já há alguns anos, moro com o meu marido em BH. Sempre que podemos, viajamos para ver os parentes e, por isso, passamos pela rodovia. Emocioneime com o relato da dona Maria da Conceição, mostrado no início da matéria do repórter Wander Veroni, que viaja semanalmente à capital mineira para tratamentos médicos. Assim como esta senhora, outras tantas mil pessoas passam por essa estrada. Fico contente em saber que o dinheiro público foi usado para, realmente, ajudar a sociedade.

BRUXISMO Sou mãe de duas crianças de oito e quatro anos. Como toda mãe, quero a melhor educação para os meus filhos. Ao ler a reportagem da jornalista Luciana Hubner me identifiquei com esses pais que depositam excesso de responsabilidade nas crianças com várias tarefas durante o dia, como escola, natação, judô e inglês. Quando meu filho dorme, notei que ele serrava os dentes, mas não sabia que isso era bruxismo. Graças à reportagem, pude procurar um pediatra e, mais tarde, um dentista, que me orientou da forma adequada para tratar meu filho mais velho. Por isso, escrevo para agradecer a revista Vox por me ter me ajudado a evitar um problema maior no futuro.

Fátima Antunes Carvalho, 34 anos, auxiliar de enfermagem. Bairro Sion. Belo Horizonte.

ELOGIO Acompanho o trabalho do jornalista Carlos Viana na Rádio Itatiaia e na TV Record. Fiquei muito contente em saber que ele é o responsável por uma revista de tanta qualidade como a Vox Objetiva. Descobri a revista por acaso, no consultório médico, e gostei muito do conteúdo. Parabenizo toda a equipe pelo compromisso com a informação.

ELEIÇÕES Depois do Lula, acredito que muito dificilmente o Brasil terá um líder político tão carismático e popular. Independente da visão partidária de cada um, acho muito difícil para os tucanos emplacarem o Serra como presidente pela ausência de carisma, principalmente fora de São Paulo. Com isso, se nada for feito pelos presidenciáveis até setembro, acredito que a Dilma, como foi mostrada na matéria do jornalista Heraldo Leite, tem tudo para crescer nas pesquisas e, para alegrias de uns, tristeza de outros, ganhar essa corrida rumo ao Palácio do Planalto.

Maria Eduarda Cavalcante Sansur, 26 anos, empresária. Bairro Inconfidentes. Contagem (MG).

Michel Furtz, 38 anos, analistas de sistemas. Bairro Alvorada. Nova Lima (MG).

Ariane Cristina da Silva Santos, 22 anos, estudante de Jornalismo. Bairro Santa Amélia. Belo Horizonte.

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política

“O eleitor pode desintoxicar os políticos. Não vale tudo para chegar ao poder” Marina Silva pré-candidata à Presidência pelo PV “Pior do que o ‘já perdeu’ é o ‘já ganhou’” José Genoino – deputado federal (PT-SP)

“O prazo de Serra acabou. Estamos sendo atropelados pelos fatos” Jarbas Vasconcelos Senador (PMDB-PE)

“Dilma cresceu nas pesquisas, assustou o PSDB e encurralou Serra e Aécio” Fernando Henrique Cardoso

“Dinheiro para dar para Cuba, para inchar a máquina pública, tem” Arthur Virgílio Senador (PSDB-AM)

“Não vou falar sobre pesquisa. Eu nunca falei” José Serra

“Não cogito essa possibilidade. Não adianta empurrar. Empurrado eu não vou”. Aécio Neves “Tudo aprovado em benefício do povo é bom. Agora, digam de onde vai vir o dinheiro” Presidente Lula

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entr evista

Um país mais maduro Vai ser até estranho. Lula não será mais candidato depois de duas décadas. Mais maduro e exigente, o eleitor brasileiro será chamado a escolher entre continuar com o PT ou decidir novos rumos para o país

GIOVANNA RIBEIRO especialista alerta: Minas Gerais terá papel fundamental nas eleições de 2010. Na opinião da professora de ciências políticas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenadora do grupo de pesquisa “Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral”, Helcimara Telles, o comportamento dos eleitores mineiros ajudará a equilibrar o panorama político das eleições que chegam dia 3 de outubro. Primeiramente, é preciso salientar que o cenário deste ano é de eleições plebiscitárias. Neste tipo de votação, há um aspecto em particular que é avaliado e a população tem a possibilidade de se manifestar favorável ou não à ele. A professora dá o exemplo da eleição de 1989, a primeira direta realizada no Brasil desde 1960: 22 candidaturas à presidência foram lançadas, um marco na história do país. Nessa ocasião, os candidatos se apresentavam partidários ou não da postura ditatorial. O plebiscito serviu, então, para definir se a democracia seria instaurada novamente. Voltando para 2010, o plebiscito deste ano se refere ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Os eleitores que votarem no candidato lançado pelo presidente – que, tudo indica, é a atual ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff – estarão, indiretamente, apoiando a continuidade do presidente Lula. De acordo com Helcimara, “as eleições plebiscitárias significam sempre um julgamento entre duas possibilidades: ou sim à esse governo ou não ao governo. O que é diferente de quando você tem uma eleição com um número maior de candidatos, sendo mais competitiva” (mais detalhes sobre as eleições plebiscitárias nas páginas 09 e 10, na entrevista com a professora Mara Telles). Propriamente sobre o cenário político em Minas, a professora propõe duas possibilidades: o primeiro é que o PT (partido do presidente Lula) saia aliado com o ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, ou o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à

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Fome, Patrus Ananias. Em seguida, coloque outro candidato de partido pequeno como vice. Outra aposta é que o PT seja obrigado a abrir mão de sua candidatura própria e apoie o PMDB de Hélio Costa (ministro da Comunicação) em função de um projeto nacional de eleição da Dilma Rousseff. O que vai chamar a atenção? De acordo com a professora Telles, um assunto de destaque é a política de alianças que está sendo feita. Eventualmente, essa política de alianças pode ser feita com parceiros que, no plano nacional, são aliados. Já no plano estadual, trabalham com conflitos. O PMDB tende a apoiar nacionalmente o PT e a fazer parte da chapa para presidente, mas pode ser que em cada uma das unidades da federação o partido se comporte como aliado ou concorrente do candidato do Planalto. “Isso pode gerar uma e s qu i z of re n i a , uma desarticulação ainda maior do sistema p ar t idár io brasileiro”, explica a professora. Também de acordo com ela, os partidos ainda estão em fase de consolidação. Portanto, não é razoável que participem desse processo que os torna indiferenciados, sob risco de desarmonização política.

O papel de Minas Helcimara Telles explica a participação mineira nas eleições: “O Planalto e Dilma têm hegemonia muito grande no Nordeste; Serra tem grande hegemonia em São Paulo e no Sul do país. O que tende a desequilibrar isso é o modo como os eleitores mineiros vão votar. Minas fará uma diferença pró-Planalto ou pró-Serra. Pela primeira vez em muitos anos, a decisão do palanque passa por Minas e pelo voto dos mineiros”. Deve-se, no entanto, atentar para o risco dessa política de alianças. Os partidos podem não se diferenciar nas esferas centro, direita e esquerda. Isso é prejudicial para o eleitor, que precisa saber distinguir e localizar os partidos, reconhecer essas diferenças entre eles e votar de acordo com suas referências.

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Um olho no passado, outro no futuro

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que esperar das eleições de 2010? Esta será uma eleição plebiscitária? Caso sim, o que isso quer dizer e como afeta o cenário político? O que é o mais importante na hora de escolher o candidato para o qual você dedicará seu voto? A coordenadora do grupo de pesquisa “Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral” da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Helcimara Telles, fornece um panorama do cenário político atual e discute algumas questões que podem ajudar no momento da sua decisão neste próximo outubro. VOX: Estamos vivendo uma eleição plebiscitária? TELLES: A princípio, sim. Ainda não temos um quadro completo. O Planalto deseja uma eleição plebiscitária. Para

que ele consiga isso, é necessário que os outros partidos também queiram uma eleição e não lancem candidatos. O Planalto não pode controlar totalmente o quadro partidário. Vai depender se Ciro de fato vai sair e vai ser competitivo; se Marina realmente vai se lançar candidata. É muito cedo para dizer se a eleição vai ter esse caráter plebiscitário. Será que o Serra de fato vai se colocar como candidato antiPlanalto? Ou ele também vai assumir o discurso de que também representa o continuísmo? Não basta que o Planalto deseje. É preciso saber como os outros atores vão se comportar. E eu não acredito que o Serra vá cair nessa armadilha. Dizer que ele é contra o Planalto e contra o presidente Lula. Ele vai tentar dizer de maneira mais ou menos esquizofrênica que ele é o continuísmo da política, mas oferecendo coisas novas e com

mais competência. Ele vai falar que tem experiência administrativa e política, diferente da Dilma. VOX: Esse tipo de eleição é positiva ou negativa? TELLES: Não se trata de ser algo positivo ou negativo. É uma característica dessa eleição. Temos um candidato que é muito bem avaliado [Serra] e um governo que é muito bem avaliado, e como você tem um número bem pequeno de candidatos competitivos, é uma tendência que a eleição gire em torno de duas candidaturas. É mais fácil uma eleição plebiscitária do que uma eleição com grande número de candidatos. No caso do plebiscito, o Planalto vai tentar dizer: “avalie retrospectivamente o meu governo”. Se o parecer for positivo, as pessoas votarão no candidato sucessor. Como o governo Lula tem 76% de aprovação popular, faltando menos de um ano para

Helcimara Telles - coordenadora do grupo de pesquisa “Opnião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral”

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entr evista que o mandato termine, o Planalto está articulando para que saia um número muito pequeno de candidatos, e que as eleições sejam de fato plebiscitárias. Isso imaginando que uma eleição plebiscitária seja favorável e que as pessoas repitam essa avaliação e dêem um novo voto de confiança ao continuísmo. VOX: E ter poucas opções de candidatos é ruim? TELLES: Nem ruim nem bom. São expressões das forças políticas hoje do país. Eleições são feitas por partidos; partidos expressam interesses. A maior parte dos partidos hoje faz parte da base do Planalto. E muitos poucos partidos estão na oposição. A eleição foi estruturada dessa forma em função de elementos anteriores. O PT conseguiu fazer base com o PMDB, aliando-se a setores da direita, da esquerda e do centro. A maior parte da representação política hoje do Congresso está sob influência e em coalizão com o Planalto. Então, é muito difícil que dentro da base de apoio ao governo saiam outras candidaturas, é pouco provável que o quadro se fragmente. Sobretudo considerando que existe certo consenso em relação a esse governo. Você não tem conflitos fortes que sustentem (dentro do Planalto, dentro da base de coalizão) duas ou três candidaturas. VOX: Qual o cenário político no âmbito nacional? TELLES: Temos praticamente só dois candidatos competitivos: o candidato do PSDB, da oposição, e o candidato do

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"Como o governo Lula tem 76% de aprovação popular, faltando menos de um ano para que o mandato termine, o Planalto está articulando para que saia um número muito pequeno de candidatos" Planalto, que é a Dilma. Então você tem as duas possibilidades: “sim, eu gostei do governo, eu vou votar no candidato do Planalto”. Não, eu não gostei do governo, portanto eu voto no candidato da oposição. Quem é o único candidato da oposição? O Serra, porque a Marina e o Ciro não representam polos oposicionistas. Eles representam a proposta pós-Lula. Eles também apoiam o governo. Mas independente de apoiar as principais políticas governistas, eles colocam outras pautas para além da agenda do governo. Nesse sentido, eles não fazem parte dessa política plebiscitária. VOX: Qual o papel do presidente Lula

nas eleições deste ano? TELLES: É um papel muito importante. A Dilma Rousseff tem uma candidatura sem vida própria. É uma candidata que está afiliada ao PT há algum tempo, mas não tem experiência como representante. Ela não passou pelo crivo das urnas: não foi deputada, não foi senadora. Mas ela é uma pessoa de extrema confiança do Lula. Nesse sentido ela depende muito da aprovação popular do presidente. A questão é o quanto o Lula consegue transferir votos para a Dilma. Sabe-se que os votos dos admiradores do Lula serão transferidos pra ela. VOX: O que os eleitores devem levar em consideração ao escolherem seus candidatos? TELLES: O eleitor deve exigir que os candidatos se posicionem e digam suas propostas para diversos aspectos: “este é meu programa para a economia, para a sociedade, meu programa para a cultura”. Se o eleitorado prestar bastante atenção, vai ver que tem orientações ideológicas de cada candidato guiando esses programas. Além disso, analisar se aquele candidato que coloca uma perspectiva boa para o futuro consegue se apresentar com qualidade no passado. Verificar quais foram os programas, qual foi a experiência política desse candidato no seu passado. Checar se não existe alguma ruptura no que ele dizia que realizaria e o que ele de fato fez no passado. E verificar se o programa que ele apresenta está de acordo com as próprias aspirações individuais e coletivas do eleitor.

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Ela se parece mesmo com Brasília... e daí? WANDER VERONI

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ma construção que mistura conceitos de modernidade, preservação ambiental e arte contemporânea. Essa é a impressão que temos diante da Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves, construída às margens da MG010, no Bairro Serra Verde, Região de Venda Nova em Belo Horizonte (MG). A obra teve o custo total de R$ 1,2 bilhões e foi financiada integralmente pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) – cujos recursos possuem destinação exclusiva para investimentos em infraestrutura e desenvolvimentos estaduais. A Cidade Administrativa reúne, no mesmo local, 43 órgãos e entidades estaduais e gerou, ao todo, mais de cinco mil empregos diretos durante os dois anos e três meses de construção. Com a centralização de várias unidades do governo, será gerada uma economia de R$ 92 milhões por ano – em relação às despesas anteriores. Além disso, antes a administração estadual funcionava em 53 endereços diferentes, o que representa uma redução nos custos de aluguéis, telefonia, transporte, manutenção de prédios e agilidade para resolver questões nos órgãos estaduais. INAUGURAÇÃO Uma solenidade milimetricamente pensada para ser um marco histórico para o governo de Minas Gerais. Debaixo de chuva e com cerca de uma hora de atraso, foi inaugurada oficialmente, numa quinta-feira (04/03), ao meiodia, a Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves. Projetado pelo gênio Oscar Niemeyer, o complexo administrativo possui 804 mil metros quadrados e conta com cinco imponentes edifícios, nos quais vão trabalhar 16 mil funcionários públicos.

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A inauguração atraiu políticos e personalidades de várias partes do país, como o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes; o governador de São Paulo José Serra; o expresidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-ministro e deputado federal Ciro Gomes, além de prefeitos, vereadores, deputados federais e estaduais. A cerimônia aconteceu sob o vão livre do edifício Tiradentes – o maior prédio suspenso do mundo, e contou com a presença de cerca de cinco mil pessoas. O governador de Minas Gerais Aécio Neves e o vice-presidente da República José Alencar discursaram em homenagem ao presidente Tancredo Neves, que completaria 100 anos nesse dia. Ambas as autoridades falaram sobre o marco que a nova sede representa para o Estado, a modernização da gestão pública e a economia de R$ 92 milhões que o complexo vai trazer à Minas Gerais. O evento teve como mestre de cerimônia a atriz global Christiane Torloni e a cantora Fafá de Belém interpretou o Hino Nacional. Houve ainda a participação de Dona Jandira, que cantou a música “Peixe Vivo” sob a apresentação de um grupo de jovens do Grupo Valores de Minas que faziam uma encenação representando os operários que construíram a obra, além da presença do cantor mineiro Milton Nascimento, que cantou “Coração de Estudante”. FUNCIONALISMO Se em março aconteceu a inauguração oficial da nova sede do governo de Minas, em fevereiro, houve uma pré-inauguração para cerca de 1,8 mil servidores que começaram a trabalhar no local. Desse modo, eles estrearam a primeira parte da obra que abriu campo para um novo polo de desenvolvimento na capital mineira, a partir do Vetor Norte da

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Os políticos convidados para a inauguração não esconderam elogios. Jornalistas do “apocalipse” escreveram que se tratava de uma “Brasilinha”. O certo é que a Cidade Administrativa entra para a história como um marco na arquitetura de Minas Gerais e mais um da vida de Oscar Niemeyer

“Essa arquitetura monumental, em certos casos, se faz necessário ser monumental” Grande BH. Desde Oscar Niemeyer essa data, já começaram a funcionar três andares do Edifício Gerais, além do Centro de Convivência. Os outros 15 mil funcionários públicos serão transferidos aos poucos para a nova sede do governo de Minas, até o final de outubro. Para atender o deslocamento dos servidores e visitantes até a Cidade Administrativa, a BHTrans inaugurou três das sete linhas criadas. São elas: o ônibus 65 (Centro de Belo Horizonte/ Estação do Metrô Vilarinho) e 8650 (Estação do Metrô São Gabriel/Cidade Administrativa) que vão custar R$ 2,30. Já o ônibus 642 (estação BHBus Venda Nova / estação Vilarinho) custa R$ 1,65. NIEMEYER O projeto arquitetônico do novo centro administrativo do Governo de Minas Gerais é assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e valoriza conceitos de sustentabilidade, energia limpa, como o uso consciente de água, energia elétrica, iluminação e refrigeração. Ao todo, são cinco edificações principais – sede do Governo, dois prédios de secretarias

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de Estado, centro de convivência e auditório, além de unidades de apoio para equipamentos, estacionamentos e dois lagos que somam 804 mil metros quadrados de área total e mais de 265 mil metros quadrados de área construída. Em entrevista, o próprio Niemeyer disse o que achou do desafio de projetar a nova sede do governo mineiro. “Acho que este conjunto vai ficar tão bonito, tão imponente, que diante dele criei uma larga rua de passeio – só pedestres, onde o povo, satisfeito, possa também apreciar a beleza desta obra que, a meu ver, vai marcar o início dessa arquitetura monumental que, em certos casos, se faz necessário ser monumental”, conclui. Há uma grande expectativa por parte do governo e da própria população que já considera a obra como mais um importante cartão-postal da capital mineira, ao lado de outras obras de Niemeyer, como o Conjunto Arquitetônico da Lagoa da Pampulha, a Biblioteca Pública Estadual Professor Luiz de Bessa e o Edifício Niemeyer, sendo estes dois últimos localizados na Praça da Liberdade.

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NÚMEROS DO CENTRO ADMINISTRATIVO Orçamento inicial: R$ 948 milhões Custo total: R$ 1,2 bilhões 18 Secretarias de Estado e outros 33 órgãos da administração direta e indireta do Estado 16 mil servidores e 10 mil visitantes circularão diariamente pelo Centro Administrativo 804 mil metros quadrados de área total do terreno 265 mil metros quadrados de área construída 5 estacionamentos com capacidade para 5 mil veículos 77 elevadores SEDE DO GOVERNO 21 mil metros quadrados de área construída 9 elevadores AUDITÓRIO 4 mil metros quadrados de área construída 2 elevadores Capacidade para 490 pessoas PRÉDIOS DE SECRETARIAS (cada um) 116 mil metros quadrados de área de área construída 14 pavimentos 30 elevadores

CENTRO DE CONVIVÊNCIA 7 mil metros quadrados de área de área construída 6 elevadores 3 pavimentos

CIRCUITO CULTURAL E por falar na praça mais charmosa do centro da capital mineira, o que vai acontecer com os prédios de estilo eclético que ilustram o cenário bucólico do local? A praça, que é bastante conhecida por seus jardins, já foi cenário de importantes momentos políticos da história mineira e é um dos pontos preferidos de lazer de quem vive ou visita a cidade. Em função disso, em breve será inaugurado o Circuito Cultural Praça da Liberdade que vai representar um dos maiores complexos culturais do Brasil, incluindo o conjunto arquitetônico da região (ruas Tomé de Souza, Guajajaras, Bahia e Sergipe), além de prédios públicos da Avenida João Pinheiro. Os mineiros vão ganhar um circuito cultural aberto ao público, assim como acontece no Museu do Louvre, Museu Reina Sofia, a Tate Modern e a Pinacoteca de São Paulo. Em parceria com o a iniciativa privada vão ser inaugurados nos prédios da Praça da Liberdade o “Espaço do Conhecimento”, “Museu das Minas e do Metal”, o “Memorial de Minas Gerais”, o “Centro de Arte Popular” e o “Centro Cultural Banco do Brasil”. Ainda fazem parte o “Palácio da

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Os mineiros vão ganhar um circuito cultural aberto ao público, assim como acontece no Museu do Louvre, Museu Reina Sofia, a Tate Modern e a Pinacoteca de São Paulo Liberdade” - antiga sede administrativa que será um memorial da política mineira, o “Arquivo Público Mineiro”, o “Museu Mineiro” e a “Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa”. Vale destacar que o projeto museográfico é do designer e curador de exposições Marcello Dantas e o projeto arquitetônico é de Jô Vasconcellos, que procuraram respeitar todos os padrões e V normas de tombamento.

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Uma solenidade milimetricamente pensada para ser um marco histórico para o governo de Minas Gerais...

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...debaixo de chuva e com cerca de uma hora de atraso, foi inaugurada oficialmente, numa quinta-feira (04/03), ao meiodia, a Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves

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1 - Ao fundo, uma homenagem a história de Tancredo Neves. 2 - A cantora Fafá de Belém emocionou a todos ao interpretar o Hino Nacional. 3 - Durante o show do cantor Milton Nascimento, foi mostrado uma seqüência de fotos em homenagem ao centenário de Tancredo Neves, ícone das Diretas Já.

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4 - Aécio Neves, ao centro, está ao lado do governador de São Paulo José Serra, o vicepresidente José de Alencar e o ex-governador mineiro Itamar Franco 5 - O atual governador de Minas, Antônio Augusto Anastasia, ao lado de importantes autoridades que vieram prestigiar a nova sede do governo mineiro.

6 - Ao som da música “Peixe Vivo”, o grupo de jovens do Grupo Valores de Minas realizou uma encenação em homenagem aos operários que construíram a Cidade Administrativa 7 - Aécio Neves, ao centro, que deixou recentemente o governo de Minas para disputar o Senado, demonstrou grande satisfação com a inauguração da Cidade Administrativa.

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bastidor es

O nome

HERALDO LEITE

dela é

Luzia

Pode parecer uma deferência, uma homenagem, um agrado político em ano eleitoral. Não importa. No mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher - 8 de março -, a capital mineira ganhou sua primeira prefeita desde 1897, o ano de sua fundação. Do dia 25 ao dia 27, quem despachou do gabinete do prefeito na sede da avenida Afonso Pena, foi a presidente da Câmara Municipal, Luzia Ferreira (PPS). Diga-se de passagem, primeira mulher a ocupar a cadeira de presidente do Poder Legislativo. Luzia ocupou o posto porque os dois titulares da Prefeitura – o prefeito Marcio Lacerda (PSB) e o vice, Roberto Carvalho se ausentaram do país. Lacerda foi a Bogotá e Carvalho a Barcelona. Os dois foram conhecer experiências bem-sucedidas no transporte público.

Um dia de … O deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP) quer diminuir as críticas ao trabalho dos parlamentares. E vai dar a oportunidade a quem ganhar um concurso promovido por ele, batizado de “Um dia com o deputado em Brasília”. O ganhador passará dois dias na capital federal, como uma espécie de sombra do parlamentar. Vanderlei Macris garante que tudo sairá do bolso dele. Ficou curioso? Mais informações no blog do deputado em http://deputadomacris.wordpress. com.

Mundo, vasto mundo As voltas que a política dá. O ex-governador Newton Cardoso (PMDB), que nunca “bicou” com Itamar Franco (PPS) quando foi seu vice, poderá estar lado a lado com ele. Juntamente com o governador Aécio Neves, pedirá votos para Serra presidente. Newton não engole a candidatura de Hélio Costa ao governo de Minas e já avisou que prefere o governador de São Paulo à Dilma Rousseff. 16 Diagramação Vox Ed. 10 Final.indd 16

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Cadê? Em meio a dezenas de autoridades como governadores de Estado, senadores, deputados, os mais altos representantes do Poder Judiciário, artistas e cidadãos em geral, uma ausência quase passou despercebida durante a solenidade de inauguração da Cidade Administrativa: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Por quê? Ninguém perguntou, ninguém respondeu.

Se gritar... Da série contradições da Justiça brasileira. O deputado federal Paulo Maluf (sem partido) e seu filho Flávio Maluf estão com a cabeça a prêmio. Por decisão da Justiça norte-americana, os dois serão presos assim que desembarcarem em um dos 181 países membros da Interpol, uma espécie de polícia internacional. Mas no Brasil, Paulo Maluf pode ser visto no Congresso, em Brasília, onde ainda é deputado. Em tempo: bem ao seu estilo, Maluf avisou que vai processar o promotor. Por outro lado, o Partido Progressista (PP), legenda pelo qual o deputado se elegeu em São Paulo, o expulsou de suas fileiras. Sem partido, há menos de um ano das eleições, Maluf não poderá disputar nenhum cargo político. Vox Objetiva Diagramação Vox Ed. 10 Final.indd 17

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Omar Freire

cidades

Quase anos depois

60

A obra de uma avenida Antônio Carlos duplicada em várias pistas foi iniciada nos anos 50, pelo então prefeito Juscelino Kubitscheck. A história mostra mais uma vez que ele estava certo

WANDER VERONI

A

o que parece, Juscelino Kubitschek estava certo. Durante o seu mandato como prefeito de BH na década de 1940, ele chegou a ser apontado como megalomaníaco, pela construção de importantes obras na cidade, ao lado de Oscar Niemeyer, como a do Complexo Arquitetônico da Lagoa da Pampulha e, consequentemente, a criação de uma avenida ampla, com quatro pistas, que ligasse a região da Pampulha ao centro de Belo Horizonte. Na época, os administradores que sucederam JK consideraram a conclusão da avenida Antônio Carlos, com quatro pistas, desnecessária. Resultado: mais de 60 anos depois, percebemos que, realmente, era uma obra útil para o trânsito

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da capital mineira. Na segunda quinzena de março, o sonho de JK para a avenida Antônio Carlos saiu do papel, com a conclusão das obras de ampliação deste importante corredor viário da capital mineira. A conclusão faz parte do conjunto de obras que vão garantir uma melhor infraestrutura para a realização da Copa do Mundo de 2014, em Belo Horizonte. A avenida foi criada na década de 1940, pelo então prefeito Juscelino Kubitschek, para dar acesso à região turística da Pampulha. Ela começa no bairro da Lagoinha e se estende por cerca de oito mil metros na direção norte até a Barragem da Pampulha e atravessa bairros tradicionais de BH como Cachoeirinha, Aparecida, Bom Jesus e

São Francisco. Até bem pouco tempo atrás, o enforcamento da avenida, de quatro para duas pistas no sentido bairro-centro, era uma das principais causas de engarrafamento em horários de pico, de acordo com o relato de motoristas que passam diariamente pelo local. Com a inauguração da avenida, agora ela passa a ter quatro faixas por pista, além de uma terceira pista, com duas faixas exclusivas para o fluxo de ônibus, a chama bus way – o que promete dar mais agilidade ao trecho, segundo a BHTrans. E já tem gente torcendo para que a inauguração da nova avenida diminua o tempo gasto da viagem de quem vai da zona norte ao centro de BH. Todos os dias, a auxiliar de escritório Bárbara Pestana, de 25 anos, gasta

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INVESTIMENTOS Ao todo, foram investidos R$ 250 milhões, sendo R$ 190 milhões do Governo de Minas e R$ 60 milhões da prefeitura de Belo Horizonte para alargamento da pista, construção de sete viadutos, com alargamento de pistas, construção de viadutos e desapropriações. A primeira fase foi executada integralmente pelo governo federal. De acordo com o Secretário de Estado de Transportes e Obras Públicas Fuad Jorge Noman Filho, a entrega da nova avenida vai promover a requalificação

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Omar Freire Omar Freire

O viaduto Operários faz parte do complexo de sete novos viadutos construídos na avenida Antônio Carlos para desafogar o trânsito.

urbanística da cidade e melhorar as condições paisagísticas do local. “Pela Antônio Carlos circulam 85 mil veículos por dia e o alargamento vai beneficiar os usuários de transporte coletivo com a diminuição no tempo das viagens para as regiões Norte da Grande BH, Pampulha e Venda Nova. O projeto paisagístico prevê o plantio de 1,5 mil mudas de árvores ao longo da avenida, no trecho entre a rua Operários, no bairro Cachoeirinha, até o Complexo da Lagoinha”, explica. VIADUTOS O motorista que vai passar pela avenida Antônio Carlos ou entrar nos bairros próximos como Lagoinha, Bonfim, Aparecida e Jaraguá, precisa ficar mais

Bernardete Amado

em média uma hora e vinte minutos, para ir trabalhar. Ela vai do bairro Santa Amélia, em Venda Nova, até a área central da cidade. Por ser usuária do transporte público, ela tem que se programar devido aos horários de pico na avenida, geralmente na parte da manhã e final da tarde. “Creio que com o final das obras, vai melhorar muito o trânsito e o tempo de viagem vai ser reduzido. Todo mundo vai sair ganhando com isso, tanto quem usa ônibus, quanto quem vai de carro”. Já o advogado Carlos Eduardo Mascarenhas, de 38 anos, não é tão otimista. Ele mora no bairro Santo Agostinho e trabalha na região da Pampulha. Para o seu deslocamento, Mascarenhas vai de carro ao escritório e já chegou a ficar mais de uma hora preso no engarrafamento. “Espero, sinceramente, que a inauguração da avenida melhore o trânsito. Pelo que vejo, algumas partes já foram inauguradas, mas a dor de cabeça continua. Já cheguei a ficar mais de uma hora preso em um engarrafamento, na região do bairro Lagoinha, principalmente em horários de pico. O preço alto da passagem de ônibus acaba sendo um incentivo para que as pessoas utilizem mais os carros, do que o transporte público – o que é uma pena”, admite.

Bernardete Amado

Ao todo, foram investidos recursos da ordem de R$ 250 milhões, para alargamento da pista, construção de sete viadutos e desapropriações

O governador Aécio Neves e o prefeito de BH Marcio Lacerda visitam as obras da terceira etapa de duplicação da avenida Antônio Carlos (acima). Aécio Neves fez questão de conferir os todos os detalhes da obra que faz parte do pacote de infra-estruturas para a Copa do Mundo de 2014. Crédito da foto: Omar Freire (ao centro).

atento: a partir de agora, o trecho passa a ter quatro faixas por pista, além de uma terceira pista, com duas faixas exclusivas para o fluxo de ônibus. Além disso, foram criados mais sete viadutos para facilitar o acesso aos bairros adjacentes. Esses viadutos vão ter, no mínimo, duas faixas por sentido, contribuindo para evitar congestionamentos. Eles estão posicionados em vários pontos, como na altura da rua Rio Novo que vai complementar o Complexo da Lagoinha, atendendo as interligações do Viaduto Leste e da rua Célio de Castro com a avenida Pedro II, além das ruas Bonfim, Itapecerica e Além Paraíba. Estas ligações estão disponíveis também para o viaduto Oeste e para a avenida Cristiano Machado.

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VOX HERALDO LEITE

ECO

OMICA A HISTÓRIA ACRESCENTADA

O clássico “A História da Riqueza do Homem”, do norte-americano Leo Huberman, lançado no final da década de 30 do século passado, ganha uma reedição e atualizada. A LTC, editora do grupo GEN, lança a 22ª edição da obra que ganha dois novos capítulos. A historiadora Márcia Guerra (PUC-Rio e IFRJ) foi a responsável por narrar os episódios ocorridos depois da II Guerra Mundial. Lançado em 1936, o livro foi adotado durante anos no primeiro ano de cursos como Economia e Comunicação Social.

PETROLÂNDIA Os números são do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Se todos os trabalhadores de empresas fornecedoras da Petrobras vivessem em uma única cidade, a metrópole, batizada de “Petrolândia em reportagem de “O Globo”, seria do tamanho de Curitiba, com 1,7 milhão de habitantes. São quase 80 mil fornecedores responsáveis, anualmente, por aproximadamente US$ 25 bilhões em contratos.

TERREMOTOS Se no Haiti os cálculos indicam que a reconstrução do país após o terremoto de janeiro deve demorar décadas, no Chile, também atingido por um terremoto, a estimativa é melhor. O país deve demorar de seis meses a um ano para recuperar sua capacidade produtiva.

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VINHOS E por falar em terremoto no Chile, a indústria vinícola do Chile, que vem crescendo e ganhando em qualidade nos últimos anos, amargou grandes prejuízos com o terremoto. Os produtores chilenos de vinho calculam em US$ 250 milhões os prejuízos com os estragos. A Associação de Vinhos do Chile, entidade que reúne cerca de 90% dos produtores locais, divulgou uma estimativa de que a perda chega a 125 milhões de litros conservados em barris, já engarrafados ou armazenados.

BRASIL AGRÍCOLA

MERCEDES-BENZ

O Brasil ultrapassou o Canadá e se tornou o terceiro maior exportador de produtos agrícolas do mundo. Na última década, o País já havia deixado para trás Austrália e China. Hoje, apenas Estados Unidos e União Europeia vendem mais alimentos no planeta que os agricultores e pecuaristas brasileiros. Em 2008, as exportações brasileiras chegaram à casa dos US$ 61,4 bilhões.

A montadora alemã anunciou que vai aumentar em 15% sua capacidade de produção no Brasil. Para isso assinou contratos de financiamento no valor de R$ 1,2 bilhão, que serão aplicados na fábrica da empresa em São Bernardo do Campo, no ABC paulista até 2012. Quanto à unidade da empresa em Juiz de Fora, inaugurada com festa em 1995, nenhuma informação.

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r adar

Um radar das principais notícias que movimentam os jornais, blogs e redes sociais

WANDER VERONI JORNAL EM 3D O jornal “La Derniere Heure”, da Bélgica, resolveu surpreender seus leitores. Em uma única edição em março, a título de teste, foi vendido um jornal feito em três dimensões. O noticiário vinha com um par de óculos especial que fazia os anúncios e imagens saírem do papel, somente na primeira página. A iniciativa inédita causou repercussão mundial e mostrou que o jornalismo impresso ainda pode impressionar o público a partir de novos recursos tecnológicos. De acordo com a direção do jornal, os leitores acharam a idéia interessante, mas as imagens borradas não agradaram a maior parte do público que não assimilou muito bem a ideia. Ainda, segundo a direção, não há planos de criar uma nova edição 3D, pois os custos de produção são muito caros. OLHOS E por falar em 3D, a nova tecnologia que virou febre no cinema mundial tem preocupado o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO). De acordo com a entidade, muitos médicos oftalmologistas têm relatado que alguns pacientes começaram a ter ardência nos olhos após seções de filmes tridimensionais. Para sanar o problema, foi feito uma ação conjunta com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para fiscalizar a higienização dos óculos nos cinemas que podem ser um meio de contaminação de algumas doenças, como a conjuntivite. A Cinemark – empresa líder em número de salas de cinema no Brasil, com 412 salas, afirma que todos os óculos são higienizados após o uso e que respeita todas as regras estabelecidas para a higienização de um estabelecimento comercial. A questão também preocupa autoridades na Europa. Em fevereiro, o Ministério da Saúde da Itália recolheu mais de sete mil óculos em cinemas do país alegando problemas na limpeza nas lentes.

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TWEETS A artista plástica americana Odessa Begay criou uma forma bastante inusitada de eternizar os tweets – mensagens publicadas no Twitter, das celebridades. Begay edita um endereço virtual em que ela chama de museu online do Twitter, onde ilustra um tweet por meio de desenhos personalizados, inspirado em frases publicadas no microblog das personalidades dos Estados Unidos. Um dos posts mais recentes do “Museum of Modern Tweets” é inspirado em uma mensagem do ator Ben Stiller que diz o seguinte: “Fui acordado nesta manhã com minha filha dizendo que não tenho nenhuma chance de ganhar o Nobel da Paz”. Para conferir o museu dos tweets, acesse: http://tweetmuseum.com. Confira na página XX, a seção Vox no Twitter e veja as frases e assuntos que mais se destacaram no microblog.

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MOTOCICLETAS Os belo-horizontinos estão andando mais de moto do que de carro. A previsão é que em menos de duas décadas o número de motos emplacadas iguale – ou até mesmo ultrapasse, a frota de automóveis na capital mineira. A previsão foi feita pelo engenheiro Paulo Rogério Monteiro, da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, com base na média anual dos veículos vendidos nos últimos três anos. Segundo Monteiro, em 2027, vai haver 6,7 milhões de carros e motos na Grande BH. “Se continuarmos nesse ritmo, somente na capital, em 2034, serão 7,7 milhões de carros e motocicletas. O que demanda um maior investimento nas principais vias da cidade e na melhora do transporte público”, explica.

PESQUISA A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) inaugurou em março deste ano, o Centro de Produção Sustentável (CPS), localizado na Fazenda Modelo de Pedro Leopoldo, a 40 quilômetros de Belo Horizonte. A expectativa é que o local se transforme em referência nacional, por abrigar pesquisas em reprodução, sanidade, nutrição e genética dos búfalos. Além desse centro, o CPS vai desenvolver, inicialmente, outros 14 projetos. “Estamos construindo umaz miniusina para processar os rejeitos de minério e transformálos em tijolos e blocos para pavimentação”, diz o professor da Escola de Engenharia Edgar Vladimiro Mantilla, um dos responsáveis pelo projeto de reciclagem de rejeitos de minério do CPS. O Centro também permite a realização de cursos práticos para capacitação da mão de obra local, com possibilidades de extensão à população carcerária.

LIVROS O que você faz com aquele livro que já leu e está jogado na estante? Saiba que ele pode ajudar muita gente. É que o projeto “Sempre um Papo” está arrecadando doações de livros para bibliotecas comunitárias da capital mineira. Se você quiser doar uma obra que não está usando mais, basta se dirigir à rua Inconfidentes, 732 - Loja 01 - (Entre o Posto de Gasolina e a Pizza Hut), em horário comercial. Se for um número acima de 50 livros, a organização do projeto pode ir até o local, sem nenhum custo. Informações pelo telefone (31) 3261-1501, no email info@sempreumpapo.com.br ou no site http://www.sempreumpapo. com.br

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REPÓRTER Nervosismo ou falta de paciência? O jornalista Gordon Boyd, que trabalha como repórter da emissora americana WVLT TV, ficou irritado após errar o texto durante uma entrada ao vivo do principal telejornal do canal, que falava sobre o julgamento de um assassino no Tennessee, nos Estados Unidos. Boyd, cansado de errar as informações apuradas, teve uma ataque de raiva e jogou o bloco de anotações no chão. O mico – quer dizer, o vídeo, já é um dos mais vistos no YouTube, com cerca de 4,5 milhões de acessos.

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capa

O que está com o

MUNDO? Por Giovanna Ribeiro

D

emonstrações de violência são executadas com frieza e surpreendem pela carga de brutalidade. É o ser humano que está mudando? O que está havendo conosco? De tempos em tempos somos bombardeados com casos que chocam e chamam a atenção de toda a sociedade para um problema fundamental da humanidade: a violência entre amantes, pais, filhos, ou simples pessoas que fazem parte do nosso cotidiano, se manifesta em situações brutais e atinge níveis de crueldade contra um ser humano. Os principais casos que estarreceram toda a sociedade nos últimos tempos e que serão abordados nesta reportagem são o do casal Nardoni e o de Marcos Antunes Trigueiro, conhecido como Maníaco de Contagem. Anna Carolina Jatobá e Alexandre Nardoni são acusados da morte da menina Isabella Nardoni em 29 de março de 2008, em São Paulo. A criança de cinco anos morreu com a queda do sexto andar do prédio onde passava o final de semana com seu pai e a madrasta. Marcos Trigueiro estuprou e matou cinco mulheres entre janeiro e novembro do ano passado. Ele cometeu os

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crimes na região do bairro Industrial, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. O casal Nardoni recebeu sua condenação na madrugada do dia 27 de março, quase na data exata em que o crime ocorreu, dois anos atrás. O psicanalista e professor do curso de psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Eduardo Gontijo, vem dedicando parte da sua carreira pesquisando e estudando a violência. Ele explica que existem diversos pontos de vista nos quais o tema é manifestado: alguns deles são a perspectiva da filosofia política; da psicanálise e psicologia; até mesmo biológico e filosófico. Em cada um desses há uma particularidade própria da área de estudo. Mas o professor explica que existe uma mudança mais abrangente nas relações humanas. Na opinião de Gontijo, não adianta assumir um postura nem niilista nem erroneamente otimista, a ponto de não se tornar apático e não exercer uma análise crítica do cenário em que estamos inseridos. “O mundo não está se tornando mais violento. Mas ele é injusto e individualista. Os laços entre as pessoas são frouxos”. Uma grande transformação apontada pelo psicanalista é a perda do sentido dos valores. Uma verdadeira crise, na verdade, e que surgiu com a perda dos valores cristãos. Esse fenômeno de dessacralização da sociedade não foi seguido de reformulação desses princípios de conduta. “Quando você perde o sentido do que é bom, importante, a gente habita um mundo que se chama ‘nada’. A gente acaba se tornando habitados

deviantart - adventtr

acontecendo

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“O mundo não está se tornando mais violento. Mas ele é injusto e individualista. Os laços entre as pessoas são frouxos”

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RANKING DA TAXA DE VIOLÊNCIA EM ALGUNS ESTADOS BRASILEIROS

Estado

1997 Taxa Pos.

2007 Taxa Pos.

Alagoas Espírito Santo Pernambuco Rio de Janeiro Distrito Federal Mato Grosso Pará Mato Grosso do Sul Paraná Roraima Rondônia Amapá Sergipe Bahia Goiás Paraíba Ceará Amazonas Minas Gerais Rio Grande do Sul Rio Grande do Norte Acre Maranhão Tocantins São Paulo Piauí Santa Catarina

24,1 50,0 49,7 58,8 35,6 33,5 13,2 37,4 17,3 35,4 28,4 34,1 11,5 15,5 15,0 14,7 14,8 19,0 7,7 16,7 9,1 20,0 6,0 11,2 36,1 5,7 8,4

59,6 53,6 53,1 40,1 33,5 30,7 30,4 30,0 29,6 27,9 27,4 26,9 25,9 25,7 24,4 23,6 23,2 21,0 20,8 19,6 19,3 18,9 17,4 16,5 15,0 13,2 10,4

11º 2º 3º 1º 6º 9º 20º 4º 14º 7º 10º 8º 21º 16º 17º 19º 18º 13º 25º 15º 23º 12º 26º 22º 5º 27º 24º

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 11º 12º 13º 14º 15º 16º 17º 18º 19º 20º 21º 22º 23º 24º 25º 26º 27º

Julio Jacobo Waiselfisz Mapa da Violência 2010

pelo nada. Coisa alguma tem valor, é verdadeira, nada é bom. Tudo é relativo. É um mundo estilhaçado”, explica Gontijo. Cada “motivação” dos casos apontados (Nardoni e Trigueiro) é diferente: o psicanalista acha importante compreender, por exemplo, a relação que Alexandre tem com sua companheira, Anna Carolina (ela é acusada de estrangular Isabella antes da criança sofrer defenestração). O que leva um homem a permitir que sua parceira machuque sua filha, e que ele próprio – pelo menos, supostamente – participe do crime? No caso do Maníaco, verificaremos que ele sofre de uma doença. Sua condição surge a partir da convivência em um meio social caótico, que agravou uma prédisposição biológica. No entanto, é certo que, até mesmo fora desses casos, nossa sociedade está mudando. A forma como as pessoas se tratam e se relacionam é diferente, começando até mesmo pela estrutura familiar, que vem se tornando nuclear e reduzida ao longo dos anos. O sociólogo alemão Zygmunt Bauman cria uma expressão: o amor entre as pessoas é líquido. Tudo é efêmero e sem solidez. Será essa a resposta? Voltarmos a nos importar com o bem coletivo, ao invés do particular? Reavivar o princípio de solidariedade? As matérias a seguir exemplificam a falta de empatia e frieza as quais o ser humano pode chegar. A falta de limites chegou ao ponto do desprezo à vida humana.

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Dois anos depois, a justiça é feita

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Condenação

Nardoni e Jatobá ainda eram os principais (e únicos) suspeitos. As evidências determinantes na decisão do júri foram: a linha do tempo desenvolvida pelo promotor (provando que Alexandre estava no apartamento quando Isabella caiu); as marcas da tela de proteção na camiseta que o pai da criança usava (seria necessário que Alexandre estivesse segurando um peso de, no mínimo, 25 kg para o lado de fora da janela para que a camiseta ficasse marcada); o sangue de Isabella, encontrado pelo apartamento (sugere que ela estaria sangrando já ao entrar em casa); a esganadura (Isabella foi asfixiada e jogada no chão dentro do apartamento). O depoimento dos peritos legistas também foi determinante para a apresentação das evidências. Outros aspectos também foram considerados e decisivos. A personalidade da madrasta, Anna Jatobá, foi descrita como violenta, ciumenta e com dificuldade em se

controlar. Foi ela também a acusada de estrangular Isabella, porque o esforço de Alexandre quebraria o pescoço da criança. Outro ponto foi a forma como o quarto da criança estava arrumado; sugeria que Isabella não chegou a ser colocada na cama, como afirmou seu pai. Por último, Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, revelou que Alexandre Nardoni foi um pai ausente durante a criação de sua filha, e ressaltou que o ciúme era um traço forte da personalidade de Jatobá. Quase exatos dois anos depois da data do crime, na madrugada do dia 27 de março, o casal Nardoni foi condenado às seguintes penas: Alexandre, 31 anos, um mês e dez dias de prisão. Anna Carolina, 26 anos e oito meses de reclusão.

Amanda Regina

C

aso Isabella Nardoni chega ao fim depois que jurados determinam os culpados pelo crime ocorrido em 29 de março de 2008, pouco depois das 23h40. Os jornais noticiam a queda de uma criança de cinco anos de idade. Isabella Nardoni caíra do sexto andar do prédio onde passava os finais de semana com Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá – respectivamente, seu pai e madrasta. Durante meses, o país acompanhou o descobrimento de detalhes e reviravoltas no caso. Era preciso encontrar os culpados e apresentar uma resposta para o crime que chocou, revoltou e emocionou os brasileiros. Os principais suspeitos do crime, na época, eram os adultos com quem Isabella convivia. Negaram veemente, durante todo o período de investigação, que tivessem qualquer coisa a ver com o assassinato. Alexandre Nardoni chegou a propor que sua casa fora invadida por uma terceira pessoa, e que essa, sim, seria a responsável pela morte de sua filha. Depoimentos contraditórios (inclusive sobre a versão do invasor) marcaram o desenrolar do caso. A imagem negativa do casal foi crescendo frente à opinião popular. Mais de um mês de investigações depois, decretou-se a prisão preventiva de Alexandre e Anna Carolina. Eles se apresentaram à Justiça no dia 7 de maio, e a esposa de Nardoni foi encaminhada para a Penitenciária Feminina de Tremembé um dia depois. Inicialmente, ela se instalaria na Penitenciária Feminina de Sant'Anna, mas as presas ameaçaram se rebelar caso Jatobá se juntasse à elas. O julgamento do caso foi retomado no dia 22 de março deste ano, com a participação de júri popular. No tribunal, provas, argumentos, réplicas e tréplicas eram disparadas entre o advogado de defesa, Roberto Podval, e o promotor Francisco Cembranelli. A atuação deste último foi destaque durante o julgamento: Podval chegou a declarar no 5º dia, em pleno tribunal, que se sentia intimidado pelo promotor Cembranelli.

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Divulgação

O julgamento foi amplamente coberto pela mídia. Os cinco dias foram detalhados com fotos, detalhes de eventuais tumultos do lado de fora do Fórum de Santana, localizado na zona Norte de São Paulo e descrições do comportamento dos réus e advogados dentro do tribunal. Quando foi anunciada a condenação do casal, a multidão que aguardava na porta do Fórum soltou fogos de artifício e comemorou o fim do caso. Pelo menos, os avós maternos e Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella, podem descansar por saber que o caso teve um fim: os culpados foram apontados e cumprirão sua pena. O advogado Antônio Nardoni, pai de Alexandre, criticou o sistema de justiça brasileiro e aposta em novo julgamento. Resta uma dúvida, agora que os autores do crime foram apontados e provas abundantes contra eles apresentadas: o que motiva um pai a machucar (ou deixar que machuquem) sua própria filha? Alexandre tinha outros dois filhos com Anna Carolina Jatobá. Será que eles correriam risco também? Por que não há registro de agressões contra eles? O psicanalista Eduardo Gontijo aponta que deve ser questionada o tipo de relação que Nardoni nutria com Jatobá. Talvez não haja uma resposta definitiva; mas é certo que, em um mundo de perda de valores e cultivo de laços frágeis entre as pessoas, as relações humanas estão mudando. Por enquanto, conformamo-nos com o descanso de Isabella e a devida punição dos seus assassinos.

Raphael Falavigna

Divulgação

O final

Grizar Junior

Ultimo Segundo

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Na rota do serial killer Maníaco de Contagem, preso em fevereiro, exemplifica o lado sombrio do crime Giovanna Ribeiro e Wander Veroni

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ma mente perigosa, fria e calculista que planejava como abordar as suas vítimas. Essa é uma breve descrição do perfil do maníaco de Contagem (MG), feita pelo delegado Wagner Pinto, chefe da Divisão de Crime Contra a Vida, após a prisão do criminoso em fevereiro deste ano. O maníaco é acusado de estuprar, estrangular e matar cinco mulheres na região do bairro Industrial, em Contagem, entre janeiro e novembro de 2009. Após meses de investigação e uma cobrança incisiva feita pela sociedade e imprensa, a Polícia Civil de Minas Gerais, por meio de um exame de DNA, constatou, no dia 25 de fevereiro, que o pintor Marcus Antunes Trigueiro, de 32 anos, era mesmo o serial killer. A informação foi divulgada em primeira mão, com total exclusividade, pelo jornalismo da Rádio Itatiaia. Além disso, Trigueiro é apontado como responsável pela morte da filha de três meses de idade, em Ibirité; do tio dele, o metalúrgico Antônio Trigueiro, de 59 anos, morto no início de 2003, em Contagem; e de um taxista, em Betim, no ano de 2004. E a lista de crimes não para de aumentar. Até o fechamento desta edição, três mulheres atacadas por Marcos prestaram depoimentos à polícia apontando o envolvimento dele em mais dois outros estupros. No dia 11 de março, vítimas e testemunhas de quatro crimes que teriam sido cometidos pelo maníaco de Contagem foram ouvidos pela Polícia Civil. O irmão de um agiota assassinado em 2004 reconheceu Trigueiro como o responsável pelo homicídio. Se todos esses crimes forem realmente confirmados, ao todo serão nove o número de ataques do maníaco. De acordo com o promotor Francisco de Assis Santiago, existe a suspeita de que o maníaco tenha ficado ao lado dos policiais durante a investigação dos assassinatos em série. A hipótese surgiu a partir de imagens feitas por uma emissora

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O maníaco é um velho conhecido da polícia. A ficha dele é extensa e vai de homicídio a assalto a mão armada de televisão que, supostamente, mostra Trigueiro entre os curiosos que acompanhavam o trabalho da perícia no dia em que o corpo de uma das vítimas – a contadora Edna Cordeiro de Oliveira Freitas, de 35 anos, foi encontrado. Questionado pela reportagem da Revista Vox Objetiva como o maníaco de Contagem abordava as suas vítimas – no caso da morte das mulheres, o delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigação, disse que Trigueiro simulava um assalto com uma arma de brinquedo que ficava debaixo da blusa. O delegado acrescentou ainda que os crimes do bebê, do tio e do taxista de Betim serão investigados separadamente pelas delegacias de homicídios das cidades onde eles aconteceram. O maníaco é um velho conhecido da polícia. A ficha policial dele é extensa e vai de homicídio a assalto a mão armada. Em 2005, ele fugiu do 4º DP de Betim e, desde julho de 2008, estava em liberdade condicional.

Alex de Jesus

Perfil

Marcus Antunes Trigueiro é casado e pai de cinco filhos. Era – de acordo com os familiares e amigos, uma pessoa acima de qualquer suspeita. Tímido, ele geralmente conversava com as pessoas sem olhar nos olhos e costumava pintar frases bíblicas nos lugares por onde passava. Trigueiro é branco, estatura mediana, moreno, olhos claros e bem aparentado. Suas vítimas eram sempre mulheres

Divulgação

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Psicopata

Na opinião do psiquiatra forense e criminólogo Paulo Repsold, é possível que se possa atribuir à Marcos Antunes Trigueiro, o Maníaco de Contagem, um histórico de crimes anteriores àqueles pelos quais ficou conhecido. De acordo com ele, o pintor pode ter estuprado outras mulheres no passado, além de ter cometido outros delitos. Mas os homicídios foram, de certa forma, uma “evolução” dos crimes. Marcos é descrito como sendo alguém organizado, distante e frio, que causa tal impressão nas pessoas a ponto de ser chamado de “esquisito”. Paulo Repsold conta que esses são alguns traços característicos de um psicopata. O termo “psicopata”, na verdade, faz mais parte do universo jurídico, não tanto do médico. Essa pessoa apresenta um tipo de transtorno de personalidade – uma deformação patológica da personalidade. No caso específico de

Marcus Antunes Trigueiro é casado e pai de cinco filhos. Era, de acordo com os familiares e amigos, uma pessoa acima de qualquer suspeita

Particularidades

Repsold explica que o modus operandi, no âmbito criminal, são os passos executados para que um crime seja concluído. No caso de Trigueiro, o seu objetivo principal era o estupro das mulheres. O assassinato subsequente, como dito anteriormente, provavelmente era uma forma de garantir que ele não fosse identificado – é bom lembrar que as vítimas o conheciam. No caso do Maníaco, fazem parte do seu modus operandi a escolha de mulheres que possuíam carro e o assassinato por estrangulamento. É comum que os serial killers tenham uma assinatura dos seus crimes. No caso de Trigueiro, eram os celulares das vítimas. Ele levava os “troféus” para dentro de casa e não vendê-los representa justamente o valor que os objetos representavam para o criminoso. Assassinato do bebê de três meses: o psiquiatra afirma que os psicopatas apresentam dificuldade em lidar com situações frustrantes, e podem responder de forma mais agressiva e explosiva à impasses. Na opinião de Repsold, é o que pode ter acontecido no caso do assassinato do bebê de três meses (que seria, supostamente, filha do pintor), do qual o Maníaco de Contagem também é acusado. “O que pode ter acontecido é que ele se enfureceu e, em um momento de descontrole, ele machucou a menina e matou-a”, explica Repsold. O psiquiatra diz que talvez Marcos nem tivesse intenção de assassinar a criança; quase como um acidente. Esse tipo de “fatalidade” é também, na opinião do médico, a forma como os assassinatos se incluíram no histórico de crimes do Maníaco. É até possível que a primeira morte não tenha sido calculada. Por motivos de segurança, ou mesmo por “acidente”, Trigueiro cometeu o assassinato e sentiu alguma satisfação com isso. A partir de então, os homicídios se juntaram aos outros crimes cometidos pelo pintor. Outras características comuns dos psicopatas são o vício em violência e outros conflitos, como os de natureza sexual. O desejo de estupro – exemplo no qual Marcos se encaixa – entra nessa categoria. O padrão (estético, físico etc.) das vítimas é também uma “tara” dos psicopatas. Repsold explica que é importante identificar esses traços para que seja possível traçar um perfil das vítimas. Dessa forma, toda a população pode estar ciente do criminoso com o qual está lidando e ficar atenta, para que possam se cuidar e até mesmo prevenir dos crimes. O retorno à cena do crime é outro traço corriqueiro apontado por Paulo Repsold. A curiosidade mórbida e o desejo de ver as pessoas investigando aquela situação, sem (ainda) saber exatamente o que aconteceu, também é um tipo de atividade prazerosa para os criminosos. Marcos também ilustra esse exemplo. Há fotos das cenas do crime em que ele é identificado no meio da multidão que assiste às buscas. Nos Estados Unidos, é até comum que os oficiais de polícia, durante a investigação no local do crime, fiquem atentos às pessoas que observam a ação policial. Pode ser que um suspeito até esteja na região.

Eloe Laa

bonitas, morenas e que trabalhavam no comércio. A babá Patrícia Moisés da Silva, 44 anos, é vizinha do maníaco de Contagem. Ela morava ao lado do serial killer, no bairro Industrial e jamais suspeitou que Trigueiro poderia ser o assassino em série que aterrorizou a Grande BH. Depois de muita insistência, ela topou conversar rapidamente com a reportagem da Revista Vox Objetiva. “Apesar do comportamento meio esquisito e tímido, ninguém imaginava isso do Marcos. Foi um choque para todo mundo! Jamais vou me esquecer do dia da prisão dele. Estou cansada de falar com a imprensa sobre esse assunto. Tudo que eu quero é paz, não só eu, mas toda minha família e os moradores da rua”, desabafou. Já outro vizinho, que pediu para não ser identificado, afirmou à nossa reportagem que a esposa do serial killer está se passando de vítima para a imprensa. “Certa vez, um cobrador veio na porta da casa deles e a mulher gritou a seguinte frase: cuidado que meu marido é matador. Pelo menos para mim, fica subentendido que ela sabia dos crimes do Marcus. A vi outro dia na televisão falando que não sabia dos crimes, dos celulares, e que sentia muito pela dor dos familiares das vítimas, mas tenho as minhas dúvidas sobre isso”, revela. Procurada pela reportagem, a manicure Rose de Paula Câmara, de 28 anos, esposa do maníaco de Contagem preferiu não se pronunciar sobre o caso e, orientada pelo advogado Rodrigo Bizzotto que defende seu marido, reafirmou que não possui nenhum envolvimento com os crimes praticados por Trigueiro. Segundo o delegado Wagner Pinto, chefe da Divisão de Crimes Contra a Vida, o maníaco de Contagem pode ser condenado a um século e meio de prisão. “Como por cada crime ele pode pegar 30 anos de prisão, a estimativa chega a ser de 150 anos. Mas, infelizmente, pela nossa legislação ele deve pegar apenas 30 anos em regime fechado”, explica. A Secretaria do Estado de Defesa Social (Seds) informou que Marcus Antunes Trigueiro está sob isolamento dos outros detentos, pois há risco que ele possa ser agredido na cela por conta da repercussão do caso. No dia 12 de março, o maníaco foi transferido do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp), do bairro São Cristóvão, na região Noroeste, para a penitenciária Nelson Hungria.

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Trigueiro, o psiquiatra explica que ele sofre do chamado transtorno de personalidade antissocial (TPAS). Quem apresenta esse distúrbio é, exatamente como diz o nome, uma pessoa que vai contra a sociedade. Ela é incapaz de se comportar de acordo com as normas sociais. Isso significa que, embora ela tenha consciência de que algum ato vá contra o que é considerado correto no seu meio social, ela não se importa e dá prosseguimento àquela ação – ou seja, cometer um crime, para essas pessoas, não é um problema; Marcos se encaixa nesse perfil apático. Outro traço dos psicopatas – e que está associado ao desprezo pelas regras – é o extremo egocentrismo. Eles não possuem nenhuma empatia ou remorso pelas suas ações. São frios, distantes e têm baixo limiar de frustrações – ou seja, dificuldade em lidar com situações desagradáveis, o que torna fácil que eles percam o controle e reajam de forma violenta a um contratempo. Sobre sua infância, entre as décadas de 1970 e 1980, sabe-se que o ambiente no qual Trigueiro cresceu era inapropriado para qualquer criança. Seu pai tinha problemas com álcool e agredia a família – inclusive, a mãe de Marcos sofria ataques sexuais do marido. Vizinhos já relataram que diversas vezes ele saía de casa batendo na mulher e no filho no meio da rua, em frente aos olhos de qualquer um. Marcos e sua mãe se mudaram para Betim para tentar fugir da exposição a esse tipo de violência. No entanto, o contato e vivência que ele já havia tido nessa ambientação desestruturada, agressiva e violenta foi determinante para potencializar o transtorno de personalidade de Marcos e afetá-lo para sempre. Pessoas próximas da família descreviam-no,

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Ney Rubens

Sidney Lopes EM

capa

nessa época, como um rapaz educado, mas fechado no contato com as pessoas. Paulo Repsold explica, de forma simplificada, que a psicopatia é determinada por dois fatores: um biológico e o outro ambiental. Acontece da seguinte forma: um indivíduo pode nascer já com certa pré-disposição biológica a desenvolver algum transtorno de personalidade. Se, como no caso do Maníaco, ele passar a infância em uma ambiente desequilibrado, esse distúrbio é potencializado, assim como as características relacionadas ao mesmo. É importante frisar que nem todo transtorno de personalidade se desenvolve a ponto de virar uma psicopatia. Mas todo psicopata apresenta algum grau desse distúrbio. Na opinião do psiquiatra, “um bom ambiente familiar, sem agressão sexual, é uma forma de prevenção da criminalidade”.

Futuro

O Maníaco será submetido a exames psiquiátricos, que fazem parte do seu processo de condenação. Na opinião de Paulo Repsold, “Marcos estava ciente dos seus atos, poderia escolher não cometer os crimes e é plenamente responsável pelo que aconteceu”. Se as autoridades concordarem com o psiquiatra, Trigueiro deve ser condenado a um regime fechado, na prisão.

Serial killer

É aquele que mata no mínimo três pessoas em um intervalo de tempo de dias, semanas ou meses. Paulo Repsold explica que existem dois tipos: os serial killers típicos e atípicos. No primeiro caso, são aqueles que executam as mortes para satisfazer prazeres pessoais e particulares. Os três principais tipos de motivação citados por Repsold são: o prazer sexual; o prazer sádico (aquele que se satisfaz por causar sofrimento em alguém) e a insanidade mental (geralmente, indivíduos psicóticos). Os matadores seriais atípicos são aqueles que não matam por prazer, mas por motivos como fanatismo e – acredite se quiser – meio de vida. Os principais exemplos são os matadores de aluguel (para eles, cometer homicídios é um meio de vida) e os terroristas. Quanto à execução, o psiquiatra explica que existem os seriais organizados e desorganizados. O primeiro caso abriga os criminosos que planejam a ação de forma estruturada e pensada – categoria na qual Marcos Trigueiro se encaixa. Os desorganizados são exatamente o contrário: podem agir por impulso e não calcular a forma como o crime será executado. Esses, diferentemente dos organizados, são mais fáceis de capturar.

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Vox do povo Fomos às ruas para saber o que os belo-horizontinos pensam sobre a violência. No Centro da capital mineira, os entrevistados dão sua opinião sobre os casos noticiados pela mídia (como o Maníaco e o casal Nardoni) e o cenário local da cidade. Entrevista: Giovanna Ribeiro Fotos: Odilon Lage

João Cláudio da Costa Acho que, no geral, a violência tá demais. Acredito que Minas Gerais é a terceira cidade mais violenta do país. São Paulo e Rio de Janeiro são cidades muito violentas, também.

Antônio Paulo Silveira

Natalia Cristina Prado de Avelar A violência está aumentando, e são casos em que você não acredita. Acho que a tendência é piorar, inclusive em BH.

Eu, pessoalmente, nunca fui assaltado, nem no meu táxi. Mas as pessoas são violentas umas com as outras porque não têm mais medo da justiça. Estão muito despreocupadas.

Sandra Valéria Rodrigues Santos Existem violências de vários tipos: doméstica, física, até corrupção é um exemplo. De forma geral, todas vêm aumentando. Deixar o filho sozinho em casa, desprotegido e exposto a influências erradas, pra mim, também é um ato violento.

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Johnson Araújo Bernardo A violência em BH ainda é grande, inclusive no Centro. Mesmo com guaritas em todos os lugares, as pessoas não têm medo e os policiais fingem que não veem.

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sociedade

O DESAFIO DAS PRISÕES

A

Robson Sávio Filósofo, especialista em Segurança Pública (Crisp/ UFMG) e professor da PUC Minas

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pesar da aparente diminuição das notícias de rebeliões, fugas e mortes de presos, o sistema prisional brasileiro continua em crise. Não obstante os esforços de sucessivos governos, o enfrentamento do problema carcerário é um dilema para as políticas públicas de segurança, em todo o Brasil. Recentemente, um relatório internacional sobre violações dos direitos humanos no mundo, da organização não-governamental Human Rights Watch, informou que as prisões, no Brasil, são locais de tortura, intimidação e extorsão. Segundo o documento, os abusos policiais são justificados pelas autoridades, às vezes, como fato inevitável para combater taxas de crime muito elevadas. Ademais, as carceragens estão em condições sub-humanas, onde predomina a violência. As prisões brasileiras têm quase 500 mil presos, excedendo a capacidade do sistema em aproximadamente 200 mil presos. Nos primeiros quatro meses de 2007, por exemplo, 651 pessoas foram mortas em unidades prisionais, de acordo com uma CPI da Câmara Federal que investigou nossas prisões. Mas o problema da privação de liberdade não incomoda somente a sociedade brasileira. Um relatório do The Pew Center on the States, dos Estados Unidos, sobre as taxas de encarceramento nas prisões norte-americanas revelava que um em cada 100 adultos americanos está preso. Ratificando dados que sinalizam serem as prisões locais de grande segregação sócioeconômica, quando se trata de homens negros, na faixa etária entre 20 e 34 anos, a taxa de encarceramento é de um para cada nove homens. Em todos os estados daquele país houve um aumento na taxa de prisões no ano de 2007. Na Flórida, por exemplo, entre 1993 e 2007, a população prisional aumentou de 53 mil para 97 mil presos. Estima-se que existam 2,3 milhões de presos nos Estados Unidos, e o estudo ainda revela que as prisões e as cadeias requerem, cada vez mais, grandes equipes de funcionários altamente treinadas. Dado o crescimento exponencial da população prisional, o custo do sistema girou em torno de 49 bilhões de dólares, em 2007. Em 1987 o custo era de 12 bilhões. Para 2011, dado o crescimento acelerado do número de presos, projeta-se um acréscimo de mais 25 bilhões de dólares nas despesas com as prisões. Voltando para o Brasil, com o incremento da criminalidade violenta nas últimas duas décadas e sem equacionar os dilemas

carcerários, nossas prisões transformaramse em verdadeiras bombas-relógio. Cada vez mais superlotadas e sem oferecer qualquer condição de ressocialização dos detentos, o sistema prisional é altamente oneroso e ineficiente. O custo médio mensal de um preso no Brasil gira em torno de 1,2 mil reais. Por outro lado, as taxas de reincidência dos ex-presos variam entre 50 a 80%. Ou seja, nosso sistema prisional é caro, ineficiente e não cumpre sua finalidade social. As Apac’s - entidades da sociedade civil que mantêm, em parceria com o poder público, unidades prisionais que priorizam a dignidade humana do sentenciado -, representam uma possibilidade real da execução penal dentro do que apregoa a Lei de Execuções Penais brasileira. Porém, o método Apac, pela sua especificidade, é indicado para pequenas unidades prisionais e é complementar ao modelo tradicional de aprisionamento. Portanto, insistir no erro, ou seja, na tese de que a ampliação do número de vagas prisionais resolverá o problema do aumento da criminalidade é o mesmo que dar um tiro no pé; ou, na pior das hipóteses, é máfé daqueles que apregoam a exclusiva necessidade de tais medidas. Uma solução adotada em alguns países, como no Reino Unido, por exemplo, é restringir as prisões para somente criminosos que oferecem risco à sociedade, ampliando a utilização de penas e medidas alternativas (à prisão), com rígido acompanhamento dos condenados pelo Estado e sociedade. Há um consenso entre os estudiosos de que as possibilidades de recuperação de quem cometeu um delito considerado leve são comprovadamente muito maiores quando o condenado não cumpre sua pena em regime fechado. Além disso, as chances de a pessoa reincidir são menores - em torno de 12%. Outro fator positivo é que, embora a aplicação de penas e medidas alternativas, de acordo com a legislação vigente, não represente um esvaziamento imediato dos presídios, impede o agravamento da superpopulação carcerária. De acordo com o Ministério da Justiça, o Brasil tem atualmente um déficit de mais de 100 mil vagas prisionais. O governo gasta mais de US$ 1,5 bilhão por ano para manter a população carcerária, sendo que o custo mensal da manutenção do preso com uma pena alternativa gira em torno de 70 reais por mês.

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via gens

São muitas emoções...

Roberto Carlos cantando “Detalhes”

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Roberto Carlos, o comandante do amor

LEO PINHEIRO

Cruzeiro com Roberto Carlos se torna sonho possível entre os fãs do sessentão, que nunca perde o charme nem o talento de encantar multidões.

S

e o mar não veio a Minas, os mineiros vão ao mar! Esta paráfrase de um ditado religioso e um hábito antigo entre a classe média alta da grande Belo Horizonte, que em suas férias anuais e feriados viajam para cidades praianas – principalmente o litoral do estado do Rio de Janeiro – ganha novos contornos. Com a popularização das viagens aéreas, que atualmente podem ser mais baratas e, é claro, muito mais confortáveis que as rodoviárias, muitos mineiros vão às praias cariocas em simples finais de semana e regressam ao trabalho normalmente na segunda-feira. Alguns empresários e fazendeiros, digamos, mais abastados, decolam de suas propriedades em seus helicópteros ou jatinhos particulares em direção ao estado vizinho. Mas isso é outra história... O fato é que os mineiros estão cada vez mais antenados às novidades, quando o

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assunto é turismo. Já se foi o tempo em que era inovador passar as férias em Cabo Frio ou Búzios. Uma nova onda de 9 entre 10 turistas são os cruzeiros marítimos. Com estrutura de hotel cinco estrelas, refeições e bebidas liberadas e entretenimento o dia inteiro – os shows, festas temáticas, jogos e atividades esportivas se revezam, durante 24 horas, nos diversos ambientes das embarcações. As viagens de navio começam a ser chamadas de resorts marítimos. Neste cenário, quem vem se destacando este ano é o transatlântico italiano Costa Concordia, o maior já atracado em águas brasileiras. Além de oferecer todas as sedutoras atrações que seus concorrentes, em 2010 o navio teve o maior diferencial de todos para o público brasileiro: ofereceu shows temáticos com nomes estelares da MPB; como o Cruzeiro “É o amor”, da dupla sertaneja Zezé di Camargo & Luciano e abrigou a

sexta edição da turnê marítima do maior ídolo musical do país, ninguém menos do que Roberto Carlos em seu projeto “Emoções em Alto Mar”. A equipe da revista VOX esteve nos dois eventos e encontrou fãs de todo o Brasil e da América Latina, conversou com colegas jornalistas da Europa e África e, é claro, com o Rei Roberto, que mandou recado para os fãs de BH e adjacências. – “Ah, Minas... Tenho o maior prazer em cantar lá, onde sou sempre muito bem recebido. Todas as vezes que vou lá eu volto com saudades. Agora deu até vontade de comer pão de queijo, hummm...”, brincou o cantor e, logo em seguida, perguntou quando voltaria ao Estado ao seu empresário Dody Sirena, que estava ao lado. Ao saber que uma viagem a Belo Horizonte estava programada para novembro, Roberto comemorou: – “Eu fui lá há pouco tempo, fiz dois shows ano

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via gens RC falando dos fãs mineiros durante entrevista coletiva

passado, se não me engano. Este ano eu vou me dedicar à turnê internacional, mas não vou deixar de cantar em Minas pelo menos uma vez em 2010!”. Indagado sobre a impossibilidade de levar o projeto “Emoções em Alto Mar” para Minas, o artista reagiu com bomhumor: “Pois é, é verdade, Minas não tem mar, mas tem muitos rios. Para cantar lá eu dou um jeito, vou de canoa, de jangada, remando, um jeito eu vou dar, bicho”, divertiu-se. Esta conversa “íntima” com o Rei aconteceu na primeira das duas entrevistas coletivas anuais do cantor, perante jornalistas de diversos países e 400 fãs sorteados durante a tarde de sexta-feira no passeio do final de semana. E como havia muitos mineiros entre os ganhadores da promoção, as simpáticas respostas de Roberto à nossa reportagem arrancaram aplausos da platéia. E não para por aí a participação mineira no cruzeiro. À noite encontramos com o casal de músicos Enio Bretas e Rosangela Lamounier, que comemorava suas bodas de prata no show de Roberto Carlos.

O deck foi o ponto de encontro diurno

E a comemoração não poderia ser diferente. Além de serem fãs do cantor, o casal de belo-horizontinos trabalha no ramo musical. Ele é tecladista e ela produtora da única orquestra de baile de Belo Horizonte, a “Anos Dourados Music Show”. Rosangela acrescenta que, além do prazer da viagem, os dois estavam atentos a todos os detalhes do alto nível da produção dos shows do navio. “A gente está comemorando as bodas com um pouquinho de atraso. Na verdade, temos 26 anos de casados e a banda 23, é uma comemoração dupla”, revelou Enio que, ao lado da esposa, já tinha assistido seis shows do Rei anteriormente. “Todos os shows que assistimos foram em BH, inclusive um inesquecível no Mineirinho, mas o de hoje está sendo muito especial para a gente”. O casal estava acompanhado da prima, Silvana Lamounier e da amiga Wanda Fajardo. Da partida de Belo Horizonte até o porto de búzios, muitas histórias foram relembradas. Wanda, que assistiu a mais de 20 shows de Roberto Carlos, já Mais de 10 mil m2 de deck, com 4 piscinas, 5 jacuzzis, quadras de esporte e muita gente

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saiu de Minas para ver o show do cantor até no Carnegie Hall em Nova Iorque, mas compartilha com os amigos a certeza de que, a cada novo “encontro com o Rei”, é um sentimento diferente. “Eu sou fã dele desde a Jovem Guarda e comecei a acompanhá-lo mesmo um pouco depois. Até hoje quando posso eu vejo, já estou pensando em voltar ao cruzeiro no ano que vem”, disparou Wanda sem saber que ainda teria “tantas emoções” naquele final de semana. No cruzeiro existe outra promoção para àqueles que se aventuram a cantar em barzinhos, fazem serenatas com os amigos ou são “artistas de chuveiro”: todos os passageiros podem se inscrever no concurso de karaokê do navio. Os sorteados são contemplados a cantar sua música favorita no grande palco do Costa Concordia, acompanhados por um quarteto formado por músicos de Roberto Carlos. Wanda não só participou como foi uma das vencedoras da competição. “Participei do karaokê, ganhei em 3º lugar e o Rei foi quem me entregou a medalha e o prêmio”, contou exultante. Essa proximidade com os artistas é o maior diferencial desses cruzeiros temáticos como o “Emoções em Alto Mar” e o “Cruzeiro É o Amor”. A diretora de comunicação do projeto, Léa Penteado, destaca o karaokê como uma das atividades mais exclusivas do navio e lembra que a presença de fãs em entrevistas de artistas famosos para a imprensa é única no mundo. Durante o “É o amor” os fãs não tiveram acesso às entrevistas da dupla Zezé di Camargo e Luciano, mas como o ambiente é mais intimista, tiveram

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oportunidade de tirar fotos ao lado dos ídolos e, até, conversar com eles durante a estadia no navio. Além dos cantores, não era difícil esbarrar pelos corredores da embarcação com globais que se revezavam na tarefa de dar autógrafos e tietar os amigos sertanejos. Por lá passaram Susana Vieira e o namorado Sandro Pedroso; Thiago Gagliasso e família; o narrador esportivo Luiz Roberto; Márcio Kieling, que interpretou Zezé Di Camargo no filme “Dois Filhos de Francisco”, entre muitos outros. Após o Cruzeiro, a tripulação do Costa Concordia se despediu da costa brasileira, levando sob os pés e sobre os mares a imponência das suas 114.500 toneladas, 290 metros de cumprimento, 35,5 metros de largura e o conforto de suas 1.500 cabines. Porém, os mineiros não têm do que se queixar: nós da VOX OBJETIVA apuramos “detalhes” (não tão pequenos) do meganavio que está sendo esperado nas águas brasileiras para o próximo ano. O Costa Serena – irmão gêmeo do Concordia – foi escolhido pelo próprio Roberto Carlos para a sétima edição do projeto “Emoções em Alto Mar”, no período de 12 a 16 de fevereiro de 2011. Os turistas que quiserem participar têm a chance de se preparar desde já, pois as agências de turismo já estão negociando os pacotes, que podem ser pagos em até 12 vezes sem juros. 3.780 passageiros estão sendo esperados nas disputadíssimas cabines internas e externas. Gente disposta a pagar de 1.500 a 4.100 dólares pelos quatro dias de diversão. Segundo informações da central de vendas, muitos mineiros já estão na fila para pegar essa nova onda.

O famoso “calhambeque”, objeto de desejo e de muitas fotografias

Show no navio

Essa proximidade proximidade Essa com os os artistas artistas éé com maior diferencial diferencial oo maior desses cruzeiros cruzeiros desses temáticos como como oo temáticos “Emoções em em Alto Alto “Emoções Mar” ee oo “Cruzeiro “Cruzeiro Mar” Amor” ÉÉ oo Amor” RC show

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Fã tirando foto com Luciano

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via gens

O casal de atores Sandro Pedroso e Suzana Vieira chegando no ‘É o amor’

Fã tirando foto com Zezé de Camargo

Noite dançante em um dos bares do transatlântico

Fã clube do Nordeste. Longa viagem para ver o Rei ao vivo

Zezé cantando no Cruzeiro Fotojornalistas de vários países disputam espaço com fãs na entrevista coletiva do Rei

O casal de atores Sandro Pedroso e Suzana Vieira ‘tietando’ o amigo Luciano

Enio Bretas, Rosangela Lamounier, Silvana Lamounier e Wanda Fajardo

Zezé Di Camargo acenando para fãs durante o dia no transatlântico

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ântico

deste. o vivo

ounier, ajardo

ra fãs ântico

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turismo

CARNAVAL DE BONS NEGÓCIOS Festa carioca desceu de vez o morro e entrou para o circuito internacional das celebridades LÉO PINHEIRO

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que faz as estrelas internacionais saírem de temperaturas em torno dos dez graus negativos e muita neve para curtir férias em lindas praias tropicais no Brasil? A pergunta, evidentemente retórica, não é uma piada e nem tem a resposta tão óbvia quanto parece. É claro que estar de férias no Rio de Janeiro durante o verão, desfrutar de suas praias e montanhas, ir às melhores festas, e cair na folia do carnaval carioca não é sacrifício para ninguém de nenhum lugar do mundo. Principalmente em uma época em que Estados Unidos, Europa e Japão passam pelas piores nevascas da década. Melhor ainda seria ser pago por isto, não é? Se você, caro leitor, ficou com uma pontinha de inveja do estilo de vida de estrelas internacionais como Beyoncé e Alicia Keys, Gerard Butler, Nicole Scherzinger, Madonna e Paris Hilton; não se sinta mal por esse pequeno pecado capital; mas saiba que, na maioria das vezes, esses artistas estão por aqui a trabalho. Desde sempre o Rio foi um dos destinos mais procurados pelas pessoas do show business nesta época do ano, mas é claro que depois que a cidade foi proclamada como a sede dos Jogos Olímpicos

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de 2016 entrou definitivamente no roteiro das grandes capitais mundiais e, portanto, uma grande feira de negócios. Não faz muito tempo que os brasileiros tinham que esperar décadas para assistir aos shows de músicos internacionais, que tratavam o país como fim de linha e se apresentavam no país em fim de carreira, quando já não faziam mais sucesso em outros lugares. Na época em que o Brasil tinha a alcunha de “terceiro mundo”, com a imagem ligada à miséria e violência – ou, na melhor das hipóteses, à libertinagem – era preciso ir a outras capitais da América do Sul, como Buenos Aires ou Santiago para assistir aos grandes espetáculos internacionais. MUDANÇA DE IMAGEM Hoje, Artistas que estão no auge de suas carreiras como a cantora norteamericana Beyoncé, não dispensam o Rio de Janeiro do itinerário de suas turnês mundiais, fazendo da cidade o ponto de partida para as excursões no Continente. O Rio de Janeiro se consolidou como a porta de entrada para a indústria do entretenimento multinacional de todo Brasil e América Latina. Neste verão, Beyoncé se apresentou na HSBC Arena, no Rio de Janeiro,

e também levou a sua turnê mundial “I’m” a São Paulo e às cidades praianas Salvador e Florianópolis, faturando milhões de dólares em ingressos vendidos e publicidade. Antes, porém, ela se uniu à outra cantora americana que esteve por aqui para gravar o seu videoclipe em uma favela carioca! Alicia Keys veio dos Estados Unidos ao lado de seu namorado, o rapper Swizz Beats, direto para a favela Santa Marta, em Botafogo e depois, seguiu para o Morro da Conceição, na Zona Portuária, onde continuou gravando o clipe inédito da música “Put It in a Love Song”. Beyoncé fez uma participação no vídeo nesse mesmo dia. Os cenários antes inimagináveis pelo acesso difícil, até para a polícia carioca, atualmente são considerados pontos turísticos com trânsito livre para brasileiros e estrangeiros. As notícias sobre o Choque de Ordem e da instauração das UPPs, Unidades de Polícia Pacificadora, repercutiram bem na imprensa internacional e também na classe artística. – “Sou fã da alegria e do swing do Brasil. E esse é um bom momento de mostrar a nova fase que estão vivendo as comunidades do Rio”, disse Alicia, mostrando-se bem informada a respeito das questões sociais da cidade.

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turismo

CARNAVAL: O POINT NÚMERO UM DAS ESTRELAS No esteio dessas mudanças – para melhor! – o carnaval carioca passou a ser uma grife muito mais forte em nível mundial, atraindo multinacionais de toda a parte para fazer investimentos e ações promocionais. E aí as celebridades entram novamente no circuito, como embaixadoras dessas poderosas marcas internacionais. Não é à toa que a AmBev, empresa nascida no Rio de Janeiro e que depois de algumas fusões passou a deter o título de maior cervejaria do mundo, mantém, há duas décadas, um camarote exclusivo no sambódromo. A idéia do empresário paulistano José Vitor Oliva de glamorizar a passarela do samba, criando um espaço exclusivo e badalado no lugar mais popular do Rio, deu tão certo que virou referência em estratégia de marketing, copiada, inclusive, pela concorrência. Durante esses vinte anos, o Camarote da Brahma foi, sem dúvida, o maior aeroporto de celebridades do Brasil. Nenhum outro espaço, festa ou evento jamais viu tantas pessoas importantes do cenário artístico, político ou esportivo internacional. Por lá circularam de Arnold Schwarzenegger à ex-primeira dama dos Estados Unidos, Barbara Bush, passando por Jacqueline Bisset, Lucy Liu, Diego Maradona e até o milionário Paul Allen, sócio de Bill Gates na Microsoft. Este ano não poderia ser diferente. A empresa investiu pesado na presença ilustre de Madonna, mas não só no convite à estrela e na contratação do seu namorado, o modelo internacional Jesus Luz, como DJ do evento. A cervejaria fez a doação de um milhão de dólares para a ONG da cantora, o instituto Success for Kids. Madonna foi assistir aos desfiles das escolas de samba, na Marquês de Sapucaí, acompanhada pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, para ficar em seu camarote oficial. Mas, depois de “protocolarem” juntos, o político levou a popstar ao Camarote da Brahma para ela receber as boas-vindas oficiais do Rio de Janeiro. Para chamar a atenção da mídia para o investimento vultoso, os organizadores do camarote reuniram todos os jornalistas presentes e fotógrafos (que se amontoavam) para anunciar a chegada de Madonna. O “mestre de cerimônia” foi ninguém menos do que Rodrigo

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1 - Madonna recebe o cheque de US$ 1 milhão, doado pela Brahma para sua ONG, das mãos do presidente da AmBev, João Castro Neves e do “embaixador” e gari Renato Sorriso. 2 - Paola Oliveira e Rodrigo Santoro recepcionam os convidados internacionais Madonna e Gerard Butler. 3 - Por um bom cachê, Gerard Butler é seleção brasileira desde “criancinha”.

Santoro, que começou a apresentação proclamando que chamaria uma convidada muito ilustre. Ao anunciar a cantora, Rodrigo explicou a ela o sentimento dos brasileiros em relação ao carnaval e à sua visita. – “O Brasil é o país do amor, o carnaval é a celebração à felicidade e nós estamos muito felizes de você estar aqui. Bem vinda ao Brasil, bem vinda ao Rio”. Antes disso, Santoro já fazia o papel de anfitrião dos astros internacionais, ciceroneando o ator escocês Gerard Butler, astro do filme “300” e namorado da atriz norte-americana Jennifer Aniston. As novidades não pararam por aí. A Volkswagen do Brasil, que repete em 2010 a parceria com a Brahma no carnaval, lançou o seu novo carro, o Amarok, na Sapucaí. A atriz Paola de Oliveira, musa oficial do camarote, chegou ao evento a bordo da pick up de médio porte da VW. Paola foi a primeira passageira do veículo no Brasil. O Presidente da empresa, Luis Antonio Buozzi, declarou que a ação conjunta

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Fotos: Divulgação

faz parte da estratégia de combinar a VW com as duas coisas que o brasileiro mais gosta: “samba e futebol”. – “É uma forma de comemorarmos o patrocínio da Volkswagen do Brasil à Seleção Brasileira de Futebol”, discursou Buozzi. Pensando nisto, a maior fabricante de material esportivo do mundo promoveu, no Camarote Nº 1, o lançamento da nova camisa azul da seleção brasileira de futebol. Pela primeira vez na área VIP da Brahma o jogador Robinho, do Manchester City da Inglaterra (emprestado ao Santos), foi o “modelo” da apresentação da roupa. Evidentemente, a jogada de marketing da Nike e Brahma vale muito mais para Robinho do que a participação na festa, ou mesmo o cachê que recebeu pela promoção do evento. O atleta, que estava em baixa na Europa e regressou ao país para se aproximar do técnico Dunga e, conseqüentemente, da Copa do Mundo, sabe que estar junto dos patrocinadores da seleção é um ótimo negócio. DEVASSA BEM LOURA Enquanto a maioria das celebridades, contratadas ou simplesmente convidadas, estava no Camarote Nº 1 a, digamos, personalidade internacional Paris Hilton foi a estrela maior da campanha promocional da cervejaria concorrente. A herdeira da rede norte-americana de hotéis Hilton não é modelo profissional ou atriz, mas encarnou perfeitamente o espírito do camarote da Nova Schin na Sapucaí, rebatizado este ano de Espaço Devassa. A socialite incorporou uma Melindrosa e foi a anfitriã do camarote, que teve os cabarés como tema. Conhecida mundialmente por sua personalidade escandalosa, a “patricinha” fez a alegria dos paparazzi ao se deixar flagrar em posições para lá de provocantes ao lado do seu namorado, o astro do beisebol Doug Reinhardt. Especula-se que o casal teria recebido um milhão e meio de reais por uma semana de “performances” no Rio de Janeiro. Executivos da Nova Schin e organizadores do evento não confirmam, mas devem estar satisfeitíssimos com cada centavo pago à Paris. Já que sua interpretação – inclusive nas horas de “folga” – da personagem de uma melindrosa nada recatada tem tudo a ver com o lançamento do mais novo produto da indústria: a cerveja Devassa Bem Loura! Coincidência?

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4 - Paola Oliveira chega no novo carro da Volkswagen, Amarok. 5 - Dunga não quis omitir opinião sobre a nova camisa da seleção: “Não vi ainda”. 6 - Robinho e Paola Oliveira apresentam a nova camisa azul da seleção brasileira. 7 - A cantora das Pussycat Dolls, Nicole Scherzinger: aparições como a ex-namorada do piloto Lewis Hamilton. 8 - Jesus Luz, o namorado de Madonna, teria ganho mil reais por minuto pelo trabalho de DJ no Camarote da Brahma.

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turismo

ENQUANTO ISSO, NAS MONTANHAS DE MINAS... Há oito anos, blocos e escolas de samba deixaram o centro em direção à Via 240. Quase ninguém sabe onde é. GIOVANNA RIBEIRO

VIA 240, ONDE ACONTECE O CARNAVAL DE BH. O LOCAL É DISTANTE E POUCO CONHECIDO PELA POPULAÇÃO

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Praça da Estação

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s belorizontinos que passam o Carnaval na capital mineira chamam, carinhosamente – ou não – de “cidade fantasma” a Belo Horizonte do feriado. Poucos carros nas ruas, menos pessoas ainda passeando pela cidade. A sensação é certa: os mineiros viajam no feriado e turistas não são atraídos para BH. Essa impressão se transforma em fato concreto com algumas declarações de profissionais entendidos no assunto. O presidente da Associação Cultural SambaDez – que reúne as escolas de samba da capital –, Luiz Carlos Novais, cita principalmente a localização da principal festa de Carnaval para explicar a falta de interesse. Nos últimos sete anos, o desfile das escolas de samba de Belo Horizonte vem acontecendo na Via 240, localizada no bairro Aarão Reis, região Norte da cidade. Nos anos 80, o Carnaval de BH acompanhava o ritmo e era tão popular quanto a festa realizada no Rio de Janeiro – que hoje é considerada a maior de todo o país. Durante 10 anos o poder público deixou de dar apoio às festividades carnavalescas na capital mineira,

e os investimentos tinham que ser obtidos por esforços das próprias escolas e blocos de samba. Apenas recentemente, em 2008, os poderes público e estadual voltaram a disponibilizar verba pública para o Carnaval. Este ano, a Cemig, via Governo do Estado, disponibilizou um total de R$ 400 mil entre aporte e patrocínio para a festividade na Via 240. Na opinião de Luiz Carlos, a grande dificuldade das festas é a localização. Na Via 240 não existe investimento de indústria, então as empresas não se interessam em ter suas marcas participando do Carnaval e o local não atende mais a festa. Além disso, a região Norte enfrenta problemas financeiros, o que não incentiva os investimentos – a localização do bairro é pouco abrangente. Ele acredita ainda ser importante a classe média participar da festa oferecida em Belo Horizonte. “Enquanto não trouxermos o Carnaval para o Centro da cidade, que é quando a classe média participará do Carnaval, não teremos grande festa”, explica. O interesse em promover a popularidade da festa em Minas não é só dos foliões. “O que está em jogo não são escolas de samba, é o Carnaval de BH”, afirma Luiz Carlos.

OCUPAÇÃO EM HOTÉIS Ariadne Leite, gerente executiva da cidade durante o Carnaval. Nas festas Associação Brasileira da Indústria de desse ano, a taxa de ocupação hoteleiHotéis de Minas Gerais, explica que ra esteve em torno de 45%, um índice o movimento nos hotéis – ou a falta baixíssimo. Ainda sobre a taxa, constadele – é outro exemplo do abandono da tou-se que os hotéis funcionaram 30% aquém da sua capacidade. A gerente explica que 90% do tuBulevar Arrudas no Centro de Belo Horizonte. rismo em BH é representado pelo tuAs escolas de samba lutam para que o Carnarismo de negócios e eventos. Na verval seja realizado nesta avenida. dade, “é a vocação de BH”, ela afirma. Durante os meses de março a novembro, acontece o período mais movimentado em hospedagens nos hotéis. É nesse período que Belo Horizonte registra maior número de eventos. No Natal e Ano Novo, no entanto, os índices de ocupação de hotéis também são muito baixos. O salto entre novembro e dezembro do ano passado foi de 78,24% para 55,47 – diferença de mais de 22%. Espera-se, para o ano que vem, que a festa do Carnaval seja transferida para o Centro, passando pelo Bulevar Arrudas. Luiz, da Associação SambaDez, acredita que “o Carnaval de BH vai crescer muito. Com a festa indo para o Centro, a cidade terá uma grande festa”, garante. Até o fechamento desta edição da revista, a Belotur ainda não tinha anunciado se a festa realmente será transferida.

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inter nacional

Cidade Slow:

se essa moda pega...

RICARDO PESSOA

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ntigos provérbios populares como “quem tem pressa come cru”, “quem espera sempre alcança”, “devagar se vai ao longe” e outros, desde meados dos anos noventa vêm recebendo versões contemporâneas: “quem tem pressa come rápido (ou nem come)”, “quem espera sempre cansa”, “devagar nunca se chega”. A modernização desses ditados surge no barulho da cidade, no caos do trânsito, no agito da geração do instantâneo e do fast food. Um contexto de gente que começa e termina o dia atrasado; que vive em guerra contra o relógio e que, implacavelmente, não consegue se dar o direito de parar por nada, a não ser que o trânsito ou a necessidade de esperar em alguma fila o faça. Portanto, surge a pergunta: em pleno século 21, será que há algum lugar onde esses ditados mantêm seu significado original e onde a pressa não passa de inimiga da perfeição? Por incrível que pareça, há. Nos quatro cantos do mundo vem crescendo o Slow Movement, algo como “o movimento do devagar”. Tudo começou em 1986 com a Slow Food, corrente que mandava comer sem pressa e priorizar alimentos orgânicos e saudáveis, valorizando sempre a biodiversidade. Em 1999, incendiados pelo sucesso do movimento da organização Slow Food, os italianos criaram o Cittaslow. Paolo Saturnini, então prefeito de uma cidadela chamada Greve, em Chianti (Toscana, foi o primeiro a transformar seu distrito em uma Slow City, como o movimento passou a ser conhecido mundialmente. Hoje, já são 66 cidades na Itália e 125 no resto do mundo que abraçaram a proposta de Paolo. O Brasil não está de fora. O município de Antônio Prado (RS) recebeu a certificação Slow City em 19 de novembro de 2001, sendo o primeiro da América Latina a receber o selo Cittaslow. A seguir, foi a vez de Tiradentes (MG). Penedo (AL) está pleiteando uma vaga.

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Tudo começou em 1986 com a slow food, corrente que mandava comer sem pressa e priorizar alimentos orgânicos e saudáveis, valorizando sempre a biodiversidade. Em 1999, incendiados pelo sucesso do movimento da organização slow food, os italianos criaram o Cittaslow. Paolo Saturnini, então prefeito de uma cidadela chamada Greve, em Chianti (Toscana), foi o primeiro a transformar seu distrito em uma Slow City Vox Objetiva 6/4/2010 17:51:29


Turquia - Izmir

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inter nacional

O termo Cittaslow é uma combinação de palavras nos idiomas italiano e inglês, que significa literalmente “cidade lenta”. Citta (cidade em italiano) e Slow (lento em inglês). A frase dos antigos romanos festina lente – “apressem-se lentamente”, foi ressuscitada e expressa a “alma do negócio”. Ela, sobretudo, era uma advertência ao perigo impetuoso do desperdício de tempo. Nas palavras dos idealizadores, “em tempos modernos, quando a atividade frenética e o ‘culto à rapidez’ dominam a vida cotidiana, à medida em que a alegria despercebidamente se esvai, festina lente levará algum tempo para levar algum tempo”. Tanto para o Slow City, como para o Slow Food, bem-estar significa ter a oportunidade de desfrutar de produtos e serviços que permitam que você viva de uma maneira mais fácil, mais saudável e mais agradável, enquanto você utiliza o melhor do passado para apreciar e valorizar as possibilidades do presente e do futuro. Ambos querem resistir aos efeitos desumanizantes em grande escala (grandes indústrias, engarrafamentos quilométricos, fontes de energias antiecológicas etc.), as produções de alimentos comerciais e a indústria dos fast food´s. Eles acreditam também que a diversão não deve ser necessariamente depois de horas de atividades. De acordo com uma estatística apresentada no site www.simplicidade.net, “a vida humana dura aproximadamente 700.800 horas (considerando uma expectativa média de vida de 80 anos). Desse tempo, dedicamos algo como 70.000 horas trabalhando (considerando 40 anos de trabalho). As 630.000 horas remanescentes são utilizadas em outras atividades, tais como alimentar-se, estudo e lazer, incluindo 230.000 horas de sono. Até agora, as pessoas usualmente focam suas vidas nessas 70.000 horas dedicadas ao trabalho, devotando suas vidas aos seus empregos. No entanto, com o Slow Movement, devemos agora dedicar mais atenção às 630.000 horas em que estamos fora de nossos trabalhos, a fim de atingir verdadeira felicidade e paz interior.”

valorizadas. Essas cidades se opõem ao mundo homogeneizado tantas vezes visto nas grandes capitais. Cidades Slow têm menos tráfego, menos ruído, menos multidões. “Fundamentalmente, são usadas fontes de energia natural. Os restaurantes usam produtos naturais e orgânicos. Grandes shopping center’s e lanchonetes fast food? Nem pensar,” diz o turco Tunç Soyer, prefeito do município de Seferihisar (Izmir), a última cidade de 2009 a receber o status de Cidade Slow. “É um conceito um tanto nostálgico e histórico, que destaca a proteção dos bens culturais, a autenticidade dos produtos, as tradições artesanais, praças, teatros, lojas, lugares e paisagens caracterizadas pela espontaneidade dos ritos religiosos e a manutenção de uma forma de vida simples e silenciosa,” completa o prefeito euro-asiático.

conscientização Cidade Slow. A cidade deve ser avaliada e checada regularmente por inspetores que verificarão se o padrão de conduta Cidade Slow está sendo mantido. Todavia, há quem não encontre nenhuma novidade nos chamados “movimentos Slow”. É o que declara o website britânico slowlondon.com, que apesar do nome semelhante não passa de mera coincidência. Segundo o site “Não há nada de novo. Existem pessoas em cidades de todo o mundo que encontraram diversas formas de trazer a sensação de relaxamento para os lugares mais estressantes de se viver. No geral, todos enfrentamos os mesmos desafios.” Em contrapartida, o site slowmovement. com diz que “os princípios do Cidade Slow são aqueles que todos nós queremos ter em nossas cidades, não importa se ela é grande ou pequena.”

Enquanto que numa Cidade Slow tudo exala simplicidade, para as que desejam ter o selo do “caracol” – logotipo do Cittaslow – o caminho não é nada simples. A adesão plena ao Cidade Slow está aberta apenas para as cidades com população abaixo de 50 mil e que satisfaçam, pelo menos, 55 critérios do processo de avaliação agrupados em seis categorias; política ambiental, infraestrutura, qualidade das fábricas, incentivo da produção local, hospitalidade e

Esperançosamente, o movimento vai continuar e outras espécies de Slow Cities vão operar paralelamente onde cidades que não podem satisfazer aos rigorosos critérios do Slow City por uma e outra razão, poderão trabalhar para desenvolver um estilo de vida sustentável e o caráter do movimento Slow. Do jeito que o mundo vai, a solução é ser pró “devagar se vai ao longe,” e aproveitar melhor o que a vida nos dá enquanto a gente a tem.

O Cidade Slow (termo em português) é caracterizado por um modo de vida que encoraja as pessoas a viverem em ritmo reduzido. Tradições e formas tradicionais de fazer as coisas são extremamente

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Júnior Brasil

Jornalista, mestre em administração, comentarista esportivo e coordenador de esportes da Rádio Itatiaia

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uidar de carro é uma arte que exige dedicação. Eu tenho um colega de trabalho que sempre fala que gostaria de cuidar de carro como eu cuido. Realmente, dedico um tempo para meu carro. Nada demais, mas prefiro agir de forma preventiva, a remediar. Vale a pena este tipo de atenção. Por exemplo, carro de cor preta é um drama. Qualquer arranhado aparece mais do que em outras cores. Mas a beleza compensa. Contudo, quando um arranhado surge, recorro ao Fio, pintor que faz a mágica de sumir com o incomodo arranhão. Ter um profissional que também conserte os pequenos amassados é uma boa, o famoso martelinho de ouro. Protelar é piorar o que não está bom, abrindo brecha até para ferrugem. Um hábito que infelizmente muitos de nós não temos, é de ler o manual do carro. Já leu o do seu possante? Muitas dicas importantes são passadas e, se colocadas em prática, seu carro e você é quem saem ganhando. Lembro das recomendações dos antigos e três delas procuro seguir: checar o nível do óleo, verificar o reservatório de água e efetuar a troca do óleo nos devidos prazos. Seguindo essas recomendações você evita problemas maiores. Não é algo que demora muito. Xô preguiça. Na hora de abastecer, desça e peça para o frentista conferir a água e o óleo. E não se esqueça de por água no reservatório que lava os vidros. Outra ajuda que o frentista pode dar é calibrar os pneus. Pneu vazio aumenta o consumo e tem a durabilidade diminuída. Você não vai perder mais de cinco minutos com esta ação. E por tudo isso, estabeleça uma boa relação com os frentistas. Em alguns casos eles são verdadeiros anjos do carro. Eu conto com os meus amigos, o Anderson, Willian, Joaquim, Thiago e toda a turma do posto onde abasteço. Manutenção e prevenção fazem bem para a saúde. Limpar o ar condicionado, pelo menos uma vez por ano, é garantir um ar mais puro para você respirar quando estiver

dentro do carro. Procure um profissional. A higienização elimina fungos, bactérias e aquele cheiro desagradável de mofo, ou de cachorro molhado. Conferir a qualidade das palhetas do pára-brisa é outra medida que pode evitar apuros na época das chuvas. Os carros que ficam estacionados sem coberturas, ou seja, expostos ao sol, ressecam a borracha das palhetas e estas passam a não limpar direito o vidro. Isso é algo sério e tem haver com segurança. Fique atento. E você, confere na bomba de gasolina, quando abastece, se foi colocado o valor que pagou? Pois é, conheço casos de pessoas que foram conferir e descobriram o calote. Não custa checar e quem vai agradecer desta vez, é o seu bolso. Alinhar, balancear e promover rodízio de pneus são serviços que garantem uma direção mais tranquila, sem trepidações e proporcionam uma condução mais segura. Quando um carro está desalinhado, ele puxa para um determinado lado, gastando indevidamente o pneu e dificultando a direção. Não é um serviço caro, mas o benefício é grande. Seguir as determinações indicadas no manual para as revisões é como fazer um check-up, com direito a cirurgias e aos devidos remédios. Fique atento ao prazo e leve em uma oficina de sua confiança. Converse com os amigos para saber uma boa indicação. Revisões prolongam a durabilidade e a qualidade do carro. E pense com carinho sobre as peças que vai colocar. Será que vale a pena comprar uma peça de terceira categoria para o seu companheiro do dia a dia? Investir no que há de melhor é valorizar a segurança. Enfim, são vários cuidados que devemos ter com o automóvel, listei apenas alguns. Fique atento e saiba que investir em seu carro é ter retorno garantido depois. Afinal, quem não quer comprar um carro de procedência, ou uma máquina bem cuidada? Fico por aqui, um abraço.

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saúde WANDER VERONI

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m dos episódios mais marcantes do ano passado e que gerou risco de uma verdadeira pandemia mundial. Estamos falando da gripe suína – mais conhecida como gripe A ou gripe H1N1, que começou no México e rapidamente se espalhou por todo o Planeta. Somente em 2009, a gripe A matou cerca 1,7 milhões de brasileiros e fez com que a sociedade mudasse seus hábitos a fim de evitar a doença. No ano passado, 145 mineiros morreram, em apenas seis meses. Este ano, em Minas Gerais, já foram registradas 30 notificações da gripe A, sendo sete casos descartados e três confirmados. Destas, apenas uma foi curada. Em fevereiro, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou duas mortes pelo vírus da gripe suína em Belo Horizonte. A primeira foi uma mulher nascida na capital, que trabalhava no Pará, e teria contraído a doença na cidade de Carajás. A outra vítima, um homem de 29 anos que morava em BH, faleceu após ter sido diagnosticado portador do H1N1. Com o intuito de por um ponto final no contágio, o Ministério da Saúde começou, no dia 08 de março, uma campanha de vacinação da gripe A em todo o Brasil, cuja expectativa é imunizar mais de 90 milhões de brasileiros, divididos em quatro etapas. No total, foram adquiridos 113 milhões de doses da vacina e a meta é imunizar, pelo menos, 80% da população. Uma das apostas do governo federal para sensibilizar ainda mais as pessoas sobre a necessidade da vacina é o uso da Internet, onde será possível se cadastrar no site do Ministério da Saúde (http://www.saude.gov.br) e ser avisado por email da data de vacinação na região onde mora. O serviço também vai estar acessível em sites comerciais onde a campanha é veiculada. ETAPAS Para ampliar a vacinação, a campanha vai seguir os parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda a imunização inicial dos trabalhadores de serviços de saúde, indígenas, gestantes e pessoas com doenças crônicas ou respiratórias, como a asma. O governo federal conta com a boa fé da população para que as pessoas que não estão no grupo recomendado na fase inicial queiram se imunizar neste primeiro momento, pois não será

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Em 2009, as pessoas andavam pelas ruas com máscara cirúrgica com medo de contrair a gripe A.

BRASIL

Brasil começa vacinação da gripe suína. Vacina que combate a doença promete imunizar mais de 90 milhões de pessoas necessário comprovar, por atestado médico, que é portador de alguma doença crônica ou respiratória. Para a vacinação, pede-se apenas o cartão de vacina e a carteira de identidade. De acordo com o ministro da saúde José Gomes Temporão, a estimativa é que cerca de 1,9 milhões de trabalhadores da área da saúde e 566 mil indígenas sejam vacinados contra o vírus, na etapa inicial. “Estamos protegendo os grupos mais frágeis e aqueles que têm maior risco de adoecer e morrer”, explica. O Ministério da Saúde informa que a proteção para quem toma a dose é de 75% para não ter a gripe e 90% para que não desenvolva formas graves da doença. A intenção da vacina é que, pelo menos, caso haja contração do vírus, que seja a forma mais branda da Gripe A. De acordo com a Secretaria de Estado de

Saúde de Minas Gerais (SESMG), é esperado que cerca de 9,3 milhões de pessoas fiquem protegidas. É importante ressaltar que as vacinas vão ser aplicadas nas unidades básicas de saúde de cada município. Em Belo Horizonte, a vacinação será feita nos 147 centros de saúde e nos postos volantes, que estão localizados na área central da cidade, como na Câmara Municipal, Mercado Central, Psiu da Praça Sete, Praça da Liberdade e na rodoviária. O horário será o mesmo de funcionamento dos postos, das 8h às 17h. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, pretende-se vacinar 1,2 milhões de belo-horizontinos. Mas, atenção: os portadores de doenças crônicas, idosos e pessoas acamadas podem receber a vacina em casa, até o dia 16 de abril. Outras informações pelo telefone (31) 3277-7722.

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Foto: Creative Communs

REMÉDIO O Tamiflu - medicamento usado no tratamento da influenza A (H1N1), será incluído na lista de medicamentos do Programa Farmácia Popular do Brasil, a partir de abril. O medicamento vai estar disponível nas farmácias no período de 15 de abril de 2010 até 15 de março de 2011. Nas farmácias populares, o Tamiflu terá subsídio de até 90%, cujo preço pode variar de R$ 1,39 a R$ 3,49. Já nos estabelecimentos da rede privada credenciadas ao programa, o remédio terá, no máximo, 10% de desconto com a obrigatoriedade da apresentação e retenção de receita médica.

Foto: Creative Communs

O Tamiflu vai ser vendido nas farmácias de todo o país a partir de abril.

H1N1

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compor tamento

A mãe é certa. O pai, talvez... O Brasil tem quase cinco milhões de crianças e adolescentes sem a paternidade reconhecida. Uma multidão de excluídos que começa a receber mais atenção da Justiça e do Estado GIOVANNA RIBEIRO

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riar um filho, todos bem sabem, não é uma tarefa fácil. A responsabilidade aumenta ainda mais quando a paternidade ou maternidade é assumida sozinha, sem a participação do outro. A presença de pai e mãe, para uma criança, é essencial para garantir o apoio emocional. Mas não se pode ignorar o suporte material, que também ajuda a manter o bem estar do filho. De acordo com dados recolhidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), 4.800 milhões de alunos não têm o nome do pai registrado

[veja quadro de perguntas e respostas]. Dois objetivos são almejados com a campanha: a tentativa de responsabilização do pai e prestigiar a família. O cumprimento destes, na verdade, equivale a nada mais do que a obediência à Constituição Federal, que considera a instituição familiar a base da sociedade e, sendo assim, possui proteção especial do Estado. Segundo o advogado Reinaldo, é dever do pai prover todo tipo de apoio ao seu filho, incluindo material, emocional e afetivo. Em 1997, houve um “boom” na demanda por exames de DNA para

comprovar paternidade ou maternidade no Estado. O motivo disso foi a lei estadual N° 12.460, de 15 de Janeiro de 1997 – criada pelo então governador de Minas, Eduardo Azeredo – que garantia testes gratuitos. A lei permitia que fossem realizados 200 testes por mês. Como os pedidos para os exames eram muito superiores ao número oferecido gratuitamente pelo governo, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais contribuiu bancando a realização de mais 100 testes por mês. O juiz da 3ª Vara de Família, Reinaldo Portanova, explica que, inicialmente,

Quando os exames ficam prontos, os casais são chamados para receber o resultado. A decisão final é tomada ali, diante da Justiça

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O QUE MUDOU Atualmente, o suposto pai, mãe e criança comparecem a uma reunião perante o juiz. Caso a paternidade continue a ser negada, é determinada a realização do exame de DNA para sanar as dúvidas. No mesmo dia é agendada a coleta de material genético nos laboratórios conveniados com a UFMG. Graças ao convênio com os Correios, as amostras adquiridas são enviadas em menos de 24 horas para a universidade e, lá, é feito o exame para atestar a paternidade/maternidade. Esse processo vale tanto para casais que residem no interior como os da própria capital. É importante ressaltar que exames para atestar a maternidade também podem ser requisitados. Uma vez que os resultados estiverem prontos, o casal é convocado para leitura e discussão do exame. Nessa ocasião se define quais atitudes serão tomadas em relação àquele caso. De acordo com Reinaldo Portanova, a mudança do processo agiliza burocracias e poupa tempo de todas as partes envolvidas. De acordo com o juiz, havia algo próximo de 10.000 exames represados na época da criação da campanha. Embora existam resquícios dessa demanda até hoje, o juiz garante que todos os exames

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solicitados são atendidos. Há uma média de 20 requisições por dia. Desde que o convênio foi iniciado, foram realizados 2.896 exames – em média, pouco mais de 263 por mês. Atualmente, existem 317 laboratórios de coleta de material genético espalhados por todo o Estado. É importante ressaltar que, caso o suposto pai se recuse a fazer os exames de DNA, será caracterizada a presunção da paternidade e ele deverá arcar com custos ou auxílio que possam, por exemplo, ser requeridos pela mãe.

Primeiro, a mãe comparece diante do juiz e indica o suposto pai. Depois, um oficial de Justiça sai em busca da pessoa indicada pela mãe. A partir daí, se ele reconhecer a paternidade, o processo termina. Se não, é aberta uma ação de investigação por DNA. De acordo com o Inep, existem 4,8 milhões de alunos para os quais não existia informação sobre o nome do pai. Dentre esses, 3,8 milhões com menos de 18 anos e 992 mil com 18 ou mais. O número equivale a 9,2% do total de 52,5 milhões de estudantes do ensino básico.

ENTREVISTA COM O JUIZ REINALDO PORTANOVA: VOX - Qual é o objetivo da parceria TJ, UFMG e SES? PORTANOVA - O Projeto Pai Presente está atendendo a todas as requisições de DNA formuladas nos processos de investigação de paternidade/maternidade – quando as partes gozam da Justiça Gratuita. VOX - Por qual motivo surgiu a campanha da paternidade responsável? PORTANOVA - A campanha a ser lançada pelo CNJ contempla o chamado processo oficioso da paternidade a cargo da Vara de Registros Públicos. VOX - Quais são as principais consequências de não se ter o nome do pai registrado? PORTANOVA - O filho não pode pleitear alimentos ou bens na sucessão do pai.

VOX - Qual a necessidade e a importância dessas ações? PORTANOVA - As ações de paternidade e maternidade são necessárias para o estabelecimento da paternidade e da maternidade; inserção do nome do pai/mãe, avós paternos/maternos no registro de nascimento; direito a alimentos e à sucessão. VOX - E no caso de a mulher não saber informar quem pode ser o pai? ou tiver mais de uma possibilidade de nome? PORTANOVA - A mulher deverá indicar aquele que julga ser o pai de seu filho.

VOX - Quais são os riscos de indicar uma pessoa como pai de uma criança sem ter certeza? PORTANOVA - A genitora indica ao oficial do registro quem a juízo dela é o pai. É o denominado processo oficioso, a cargo da Vara de Registro Público.

Letícia Lima

funcionava da seguinte forma: o trio (mãe, suposto pai e criança) interessado em realizar os exames de paternidade, caso morasse no interior ou região metropolitana, tinha que se deslocar até o Fórum de BH. Depois, comparecer em audiência perante o juiz para análise da situação. Somente depois é que a coleta do material de DNA seria agendada – o que significava que o trio teria que voltar à capital apenas por esse motivo. Ou seja, mais uma viagem e mais gastos para três pessoas. Por esse processo ser muito custoso, e também porque o número de requisições para a realização do exame não parava de crescer, o Tribunal de Justiça (TJ), a Secretaria de Estado de Saúde (SES) de Minas Gerais e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) firmaram convênio e lançaram a campanha Pai Presente em abril do ano passado. A intenção era desafogar os exames represados – ou seja, não realizados – que surgiram com a lei de Azeredo e continuar atendendo aos que fossem solicitados na presente data.

Passo a passo feito a partir da Lei da paternidade. Mães e filhos também podem procurar os tribunais.

VOX - Quantos pedidos entram por mês em MG? PORTANOVA - Uma média de 20 pedidos de Investigação de Paternidade/Maternidade por dia. VOX - Quantos são atendidos? PORTANOVA - Todos os pedidos são atendidos pelo convênio TJMG/SES/UFMG desde que em processo de Investigação da Paternidade ou Maternidade em que as partes recebem o benefício da Justiça Gratuita.

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imóveis

EVITE PAGAMENTO INDEVIDO DA TAXA DE LIXO

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Kênio de Souza Presidente da Comissão de Direito Imobiliário da OAB-MG Diretor da Caixa Imobiliária - Rede Netimóveis Colunista de Direito Imobiliário da Rádio Justiça do Supremo Tribunal Federal

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Taxa de Coleta de Resíduos (TCR) tem como objetivo custear as despesas da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) decorrentes do recolhimento do lixo – ou seja, é uma contraprestação do contribuinte a um serviço de utilidade pública prestado por um órgão da administração municipal. Portanto, o valor cobrado deve corresponder somente às despesas da SLU para coletar o lixo e jamais poderá servir de meio de obtenção de lucros. Certamente, em Belo Horizonte, a maioria das taxas de lixo cobradas dos imóveis residenciais e comerciais é correta, apresentando valor justo. O problema ocorre pontualmente na cobrança dos grandes empreendimentos, a ponto de desvalorizarem o imóvel para venda e locação. Curiosamente, há casos concretos vividos em meu escritório de advocacia em que a SLU exige mais que o dobro do valor cobrado por empresas privadas que prestam o mesmo serviço, muitas vezes com qualidade de atendimento superior. Isso acontece porque essas empresas têm o cuidado de não deixar lixo espalhado pelas calçadas e ruas, uma falha decorrente da correria dos garis em jogar os sacos no caminhão em movimento. É importante lembrar que uma empresa privada paga pesados tributos e tem como principal objetivo gerar bons lucros aos seus sócios. Assim, como pode a SLU prestar um serviço de utilidade pública e de alta relevância social, exigindo na guia do IPTU o pagamento em valor bem superior ao praticado por empresas privadas? Há, ainda, casos em que a SLU se recusa ou se diz impossibilitada de recolher o lixo, sendo o dono do imóvel (supermercado, shopping etc.) obrigado a pagar uma empresa privada

para recolher o lixo. O resultado, esse custo maior, é repassado aos lojistas que pagam aluguel e condomínio e, consequentemente, ao consumidor, ao comprar sua mercadoria onerada. Ocorre que, neste caso, a SLU continua a cobrar na guia do IPTU por um serviço que não é prestado por ela, o que configura afronta ao Código Civil que veda o enriquecimento ilícito. A lei determina que a taxa deve corresponder aos custos para operar a coleta em Belo Horizonte. Taxa não é um meio de arrecadação municipal como o IPTU, ISSQN e outros impostos. Portanto, há um equívoco da SLU ao cobrar de grandes imóveis e prédios valores astronômicos pela coleta que, em alguns casos, são suficientes para comprar um automóvel zero quilômetro. Em nome da transparência que rege a administração pública, as planilhas de custos da SLU deveriam ser amplamente divulgadas, de modo a possibilitar ao cidadão o direito de analisar e questionar os valores que são praticados pela cobrança da TCR. Essa atitude idônea e obrigatória imposta pela Constituição da República evitaria situações inaceitáveis como as relatadas. O cidadão possui os meios para requerer a reavaliação do valor cobrado a título de TCR. Infelizmente, na maioria dos casos, a solução do problema pela via administrativa – ou seja, diretamente com a SLU – é quase impossível, pois não há nenhuma estrutura organizada para atender o pedido do contribuinte, que fica sem saber a quem recorrer. Desta maneira, a solução final do problema pode se dar pela via judicial, o que exigirá a presença de um advogado que seja especialista na área para obter êxito na justa pretensão em pagar o que é correto.

O problema ocorre pontualmente na cobrança dos grandes empreendimentos, a ponto de desvalorizarem o imóvel para venda e locação

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vox na blogosf er a

O “buzz” do Google Buzz No lançamento de uma nova rede social, a Google impõe a ferramenta para os usuários do Gmail

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e uns anos para cá, um novo fenômeno tomou conta da Internet: as chamadas mídias sociais. Atualmente, é por meio delas que podemos acompanhar os assuntos mais comentados entre os internautas, o chamado buzz. Mas, qual é a sua importância para a sociedade? Antes de iniciarmos, devemos entender um pouco sobre o que são, o que representam no mundo moderno e o quão vantajoso podem ser se forem bem utilizadas. A Wikipédia – que é editada de forma colaborativa entre os internautas, traz a seguinte definição: “são sistemas online projetados para permitir a interação social, a partir do compartilhamento e da criação colaborativa de informação nos mais diversos formatos”. Em outras palavras, podemos dizer que são sites criados exclusivamente para que haja interação entre os usuários, no melhor estilo crie o seu próprio conteúdo e compartilhe. Exemplos? Blogs, Orkut, Youtube, Facebook, Twitter, entre outros. Mas, em 2010, uma nova rede social causou grande repercussão ao ser lançada: o Google Buzz, criada pela gigante da Internet, a Google. Nele, há diversas possibilidades, postagens rápidas de opinião, sem a necessidade de um blog. Lá, o internauta pode postar uma foto, uma frase, vídeos, links e até mesmo interagir com diversos outros sites, entre eles o Twitter, Picasa e o Flickr (fotos), Google Reader (Agregador de RSS/Feed), para compartilhar os assuntos que você mais gostou. Como usuário avançado de Internet, senti que o Google Buzz seria um Twitter com mais recursos. A grosso

modo comparo os dois pela facilidade que temos em compartilhar coisas em ambos, apesar de serem redes distintas. Essa diferenciação se dá pelo fato de que no Google Buzz, é possível comentar publicamente uma postagem. Você pode ainda fazer comentários significativos sobre o que foi postado sem o limite dos 140 caracteres ou precisar fechar a janela e ir a o outro site. Em uma pesquisa rápida entre os usuários, é possível perceber que muitos gostaram de usar o Google Buzz por não precisarem sair do e-mail, uma vez que seu uso está diretamente ligado ao Gmail. O ponto positivo da nova ferramenta foi a sua integração com outras redes sociais – o que é excelente. O Google Buzz possui estilo de conversação (a página de comentários pode virar uma sala de bate-papo), apesar de em um primeiro momento, parecer com a idéia do Google Wave. Infelizmente, quando foi disponibilizado para todos os usuários, muitos ficaram indignados com a “abertura” da privacidade que o Google Buzz trouxe, mesmo com a opção “pública” ou “privada”. Muita gente achou ruim a exposição exagerada de suas coisas, tanto as compartilhadas para os amigos, quanto às que manteve para leitura posterior. Porém, este problema já foi sanado pela Google, após diversas reclamações dos usuários. Agora, podemos selecionar o que vamos ou não expor para todos os usuários. Apesar de ultimamente não vermos muitos comentários pelos usuários

Nele, há diversas possibilidades, postagens rápidas de opinião, sem a necessidade de um blog

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– pelo menos da mesma forma como foi no início, o Google Buzz está aí: ativo e muitos utilizam a ferramenta como mais um lugar para compartilhar suas mensagens, como se já não houvesse outras dezenas de lugares para isso, sem ironia. Mas, temo que aconteça com o Google Buzz, o mesmo que vem acontecendo com o Google Wave – outra excelente, porém contraída ferramenta do Google. Quando lançado, o Google Wave deixou a Internet toda eufórica por causa de sua distribuição de convites e sobre tudo o que o Google falou que seria possível fazer com ele, quando esses usuários tiveram a possibilidade de usar a ferramenta. A decepção foi geral. Sei disso por escrever em um blog dedicado ao Google Wave, que perdeu muitas visitas nos últimos meses. O fato é que os usuários não sabem o que fazer no Google Wave, e os que descobriram como usar, viram que sem ele é possível fazer as mesmas coisas. Assim, sua popularidade caiu, e de Wave mesmo, só vimos uma marolinha. No mais, as mídias sociais estão aí: useas bem, com moderação, sem exageros e viva novas possibilidades na Internet. Aproveite! Caio Cezar Pomaro Lausi tem 22 anos, mora em Americana/SP, é geek, blogueiro, twitteiro, webwriter, estudante do 4° ano de Direito, amante do Rock n´ Roll, baixista e jogador de Rugby. Fascinado por tecnologia, Segunda Guerra Mundial e velocidade. Começou blogando no Blog do Lausi (www.caiolausi.com.br), e além de ser autor em outros excelentes blogs, como o Guia Google Wave (http://www.guiagooglewave.com).

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saúde

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comer comer mais? POSSO

Para simplificar: é a alimentação que tem que se adaptar ao metabolismo, e não o contrário. GIOVANNA RIBEIRO

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linha que separa o exagero do aceitável muitas vezes pode ser mais do que tênue. Qual é o limite entre uma criança com a famosa “aparência saudável” e o excesso de peso? Nem sempre as gordurinhas que tantos gostam de apertar são sinal de saúde. Em casos exagerados, elas podem ser, na verdade, um presságio para uma vida de permanentes responsabilidades. A obesidade já é considerada uma epidemia mundial, e seu início, quando acontece em tenra idade, preocupa especialistas. Começa pelo seguinte: cada pessoa que recebe genes favoráveis a ganhar peso vai ter metabolismo completamente diferente de uma outra que não recebeu herança genética desse tipo. “Obeso é aquele que, na hora de queimar calorias, queima mal. Ele ingere certa quantidade calórica e não perde com a mesma eficiência metabólica”, explica o doutor Antônio José das Chagas, presidente do Comitê de Endocrinologia Pediátrica da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP). O médico vai além: “existem magros que comem mais do que um obeso. É o metabolismo de cada um que diferencia o peso deles”, afirma.

O grau de tendência para engordar é muito individual e varia de pessoa para pessoa. Há aqueles que apresentam facilidade no ganho de peso, com um aumento rápido e visível. Em outros casos, o processo engordativo é mais demorado e sutil. De qualquer forma, o que determina a obesidade do indivíduo que apresenta disposição para engordar é o ambiente no qual ele está inserido. No caso infantil, se uma criança passar o dia todo em casa, sem se movimentar, provavelmente acabará “beliscando” fora de hora. E, quando se mora em uma casa em que não há distinção de alimentos muito calóricos e pouco nutritivos, e o acesso aos mesmos é fácil, o aparecimento dos quilinhos a mais é uma questão de tempo. Mas como identificar a diferença entre uma criança “fofinha” ou em “fase de crescimento” – jargões que todo mundo já ouviu a respeito dos gordinhos – de uma que possa ser diagnosticada como obesa? O acompanhamento médico, informa Antônio Chagas, é essencial. Mas a partir de uma consulta com o pediatra e do cálculo do índice de IMC da criança, a prevenção já pode ser aconselhada.

Nem sempre as gordurinhas que tantos gostam de apertar são sinal de saúde... A obesidade já é reconhecida como uma epidemia mundial e quando acontece na infância preocupa ainda mais os especialistas Vox Objetiva Diagramação Vox Ed. 10 Final.indd 59

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saúde

O PAPEL DOS PAIS “Se os pais negarem a sua obesidade, a criança vai crescendo achando que também não está disforme e se acostuma com aquele ambiente mais gordinho”, explica o médico. A afirmação é confirmada pela psiquiatra Ana Maria Costa Lopes, presidente do Comitê de Saúde Mental da SMP. De acordo com ela, embora muitas vezes os pais também se sintam responsabilizados pelo peso do filho, a mudança de hábito alimentar da criança implica em modificar o hábito alimentar de toda a família – ou seja, admitir o excesso de peso também no pai e na mãe. Incentivar os filhos a sair de casa é uma boa dica para impedi-los de beliscar fora de hora. Quando as crianças não estão na frente das babás eletrônicas – televisão, videogames e computadores –, provavelmente estarão se movimentando e queimando calorias. O tratamento da obesidade infantil se constitui principalmente na mudança de rotina e hábitos cotidianos. Manter alimentação balanceada e prática de exercícios ainda são as melhores formas de perder peso. CUIDEM-SE, PEQUENOS O endocrinologista salienta que a obesidade “não é uma doença da qual se tem alta”. O paciente continua a se tratar pelo resto da vida, uma vez que descuidos e deslizes serão sentidos na pele, e de forma intensa. O doutor Chagas conta casos de pacientes que sofreram com o chamado “efeito sanfona”. São aqueles que perdem grande quantidade de peso – às vezes, em relativamente pouco tempo – e, depois, retomam todo o excesso novamente – ou até mais do que o peso anteriormente perdido. É importante, na opinião dos dois médicos, fazer com que os pequenos entendam que eles também são responsáveis pela sua saúde e que devem aprender a se cuidar. A doutora Ana Maria defende que “é preciso que a criança saiba cuidar do seu próprio corpo. É dessa forma que ela se fortalecerá e se tornará responsável”. Além disso, culpabilizar somente os pais é uma situação desagradável, e que não ajudará os filhos a aprenderem a se cuidar. “Será mais como uma perpetuação da situação de obesidade”, explica a psiquiatra.

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UMA HERANÇA DIFÍCIL Às vezes, é necessário um fator externo para detectar a facilidade que alguém tem para engordar. O caso de *Carlos, bancário de 51 anos, combina vários determinantes. Devido ao seu problema com o alcoolismo, teve o seu pior episódio relacionado à doença três anos atrás, quando teve cirrose alcoólica. Após o período de internação no hospital, ele passou cinco meses no centro psicoterápico. Lá, talvez para compensar a falta do álcool, eram oferecidos muitos doces aos pacientes. Nesse meio tempo, Carlos passou a consumir cerveja não alcoólica – provavelmente outro recurso de substituição – e as calorias da bebida logo começaram a fazer efeito. Resultado: o bancário, que usava roupas tamanho 50, pulou para a numeração 70. Antes do período de tratamento psicoterápico, seus 90 e poucos

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quilos estavam bem distribuídos em 1,80 de altura. Hoje em dia, seu peso alcançou três dígitos: 120 quilos. De acordo com *Marinna, a esposa de Carlos, a família de seu marido tem facilidade para engordar e, inclusive, três familiares próximos e diretos apresentam uma doença comum nos obesos: a avó, o pai e a mãe de Carlos têm diabetes. Marinna, cumprindo sua função de mãe, tenta incentivar seus filhos a não sucumbirem diante da carga genética que carregam. “Tenho medo que eles engordem”, afirma. Na sua casa, a alimentação garante abundância de verduras e legumes e exercícios físicos são praticados sempre que possível – Marinna é mãe de um rapaz com necessidades especiais e dedica todo o seu tempo no cuidado com ele, já que não tem uma babá.

Doces foram cortados do cardápio da família. Marinna conta que se tornou mais radical contra o açúcar depois do problema de peso do Carlos. A dona de casa conta que alerta seus filhos sobre os riscos não só do açúcar, mas também do álcool e do cigarro. Mas reconhece que *Luisa, sua filha de 22 anos, tem que aprender a ter consciência de como se cuidar sem a mãe por perto. “Enquanto você está por perto, é fácil controlar o que eles comem e fazem”, afirma. A médica com quem Luisa se consulta deu um alerta à mãe: ela não pode engordar porque tem ossos largos. Sendo assim, o aumento de peso é percebido com mais facilidade. * = nomes fictícios criados para proteger a privacidade da família

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vox no twitter

Confira as frases que mais se destacaram no “site do passarinho azul” e aproveite e siga a revista @vox_objetiva no Twitter! WANDER VERONI (@wanderveroni) @frankmartins: não querendo ser pessimista, mas a matemática pode ser essa amanhã: #chuva + #greve = #bh + #caos.

Jornalista especializado em mídias sociais faz previsão para o caos que se forma quando chuva e greve se misturam no mesmo dia da capital mineira.

@PinelJornalista: Numa boa, agora que deram motivo, tenho certeza que os jogos em MG, SP e RJ vão terminar praticamente juntos. A quem devemos esse milagre?

Jornalista esportivo e apresentador do programa “Meio de Campo”, da Rede Minas, se surpreende com a possibilidade dos campeonatos estudais acabarem na mesma época.

@Ramonc115: Fórmula Indy foi emocionante pena que não deu para o Tony [Kanaan], mas teve [os brasileiros] Vitor Meira em 3º e o Rafael em 4º.

Internauta fã da Fórmula Indy – realizada em São Paulo, comemora o fato de dois brasileiros estarem nos cinco primeiros lugares do pódio.

@clistenescarlos: A violência nesse país a cada dia aumenta...lamentável a morte do cartunista Glauco e do seu filho... o Brasil perdeu um grande artista

Jornalista lamenta o assassinato do cartunista Glauco Villas Boas, de 53 anos, morto na madrugada de sexta-feira (12/03) na casa dele, em Osasco, após uma tentativa de assalto. Raoni, de 25 anos, um dos filhos do cartunista, também foi morto durante uma discussão com dois homens armados que invadiram a residência em que moravam.

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@flaviosaneto: @adorocinema Adorei o triunfo de Kathyrin Bigelow! É a arte dando uma surra no meramente comercial. E justamente no 8 de março! Muito bom!

@rafafreitas: Essa #grevebh foi tipo o Google Wave. Apareceu, deu bafão, ainda não acabou, mas ninguém tá mais nem aí.

Internauta repercute o fato da primeira mulher e diretora de cinema ganhar um Oscar na véspera do dia internacional da mulher.

Internauta compara a repercussão do lançamento da rede social da Google com a greve de ônibus em BH. Ambas foram bastante comentadas, mas “morreram na praia” assim que o outro assunto apareceu.

@profcoutinho: 1000 ou 300 mortos, o terremoto no Chile foi uma tragédia. Quem se importa com a queda da popularidade de Bachelet a esta altura?

@katiuscia2000: Porque só a TV Alterosa/SBT fala sobre o maníaco de Contagem? A [TV] Globo Nacional nem deve ta sabendo da noticia...

Internauta comenta a imprecisão dos números de vítimas do terremoto no Chile e ao mesmo tempo alfineta a presidente da nação chilena preocupada com a queda da popularidade.

Telespectadora alfineta a emissora carioca por não dar a devida importância ao caso do serial killer que amedrontou a Grande BH. No dia da prisão, o Jornal Nacional, da TV Globo, se limitou a dar uma nota coberta do caso.

@twittess: A Grazi demorou 5 anos pra conseguir o papel de vilã. Eu consegui em 3 semanas. Sinergia é tudo. ;)

@realwbonner: Como não faço jornalismo no Twitter, me deram o prêmio por votos. E a colega competentíssima da MSNBC levou outro – imagino que por conteúdo.

Twiteira célebre na internet e ex-BBB10 cutuca a também ex-participante de reality show e atual atriz global sobre o fato de ter protagonizado uma vilã no horário nobre da TV Globo.

@anapaulapadrao: O time daqui é de primeira, tanto os repórteres quanto os narradores são super experientes não é a toda que tá dando audiência...

Âncora do “Jornal da Record” comemora os bons índices de audiência da emissora da Barra Funda durante a transmissão dos Jogos de Inverno, em Vancouver, no Canadá.

Âncora do “Jornal Nacional”, da TV Globo, comemora o fato de ter vencido a 2ª edição do Shorty Award – conhecido como o Oscar do Twitter, na categoria jornalismo.

@ivetesangalo: 140 caracteres é pouco para Veveta agradecer a conquista do Oscar do Twitter. Assista o vídeo dedicado aos fãs! http://bit.ly/9q89OU

Cantora baiana agradece aos fãs por também vencer a 2ª edição do Shorty Award – conhecido como o Oscar do Twitter, na categoria artistas da área musical.

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vox cultur al

WANDER VERONI

No escurinho do cinema CHICO XAVIER - O FILME. | DISTRIBUIÇÃO SONY PICTURES | GÊNERO: DRAMA DIREÇÃO: DANIEL FILHO | ESTREIA: 02 DE ABRIL DE 2010.

Baseado no livro escrito pelo jornalista Marcel Souto Maior – publicado no ano de 2003, e considerado como uma das melhores biografias do médium mineiro Chico Xavier; o filme é uma adaptação desta obra para o cinema, que homenageia o ano do centenário de vida de um dos maiores ícones da espiritualidade mundial. A trama conta a trajetória do médium, que viveu 92 anos, desenvolvendo importante atividade mediúnica e filantrópica. Ao fechar os olhos, Chico Xavier colocava no papel poemas, crônicas e mensagens que pregavam bons valores morais e o evangelho de Jesus Cristo. Seus mais de 400 livros psicografados consolaram os vivos, pregaram a paz e estimularam a caridade. Para os admiradores mais fervorosos, foi um santo. Para os descrentes, no mínimo, um personagem intrigante. No elenco, nomes como Nelson Xavier, Ângelo Antonio, Matheus Costa, Pierre Baitelli, Christiane Torloni, Tony Ramos, Cadu Favero, Paulo Goulart, Pablo Sanábio, Gláucia Rodrigues, Cássio Gabus Mendes e Guilherme Fontes. ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS (ALICE IN WONDERLAND) | DISTRIBUIDORA: DISNEY DIREÇÃO: TIM BURTON | GÊNERO: AVENTURA | DURAÇÃO: 109 MIN. | ESTREIA: 23 DE ABRIL DE 2010.

Diferente da história já conhecida, dessa vez Alice, aos 17 anos, vai a uma festa vitoriana e descobre que está prestes a ser pedida em casamento perante centenas de socialites. Ela então foge, seguindo um coelho branco, e vai parar no País das Maravilhas, um local que ela visitou há dez anos, mas não se lembrava. Lá, Alice conhece personagens como os irmãos gêmeos Tweedle-Dee e Tweedle-Dum, o Gato Risonho, a Lagarta, toma chá com a Lebre Maluca e o Chapeleiro Louco e participa de um jogo de cricket com a Rainha de Copas. Fazem parte do elenco principal nomes como Johnny Depp, Anne Hathaway, Michael Sheen, Alan Rickman, Mia Wasikowska, Helena Bonham Carter, Stephen Fry, Crispin Glover, Christopher Lee, Timothy Spall.

Palcos e aplausos PEÇA TEATRAL “A ARTE DE ESCUTAR”

A peça conta a história de uma “protagonista coadjuvante”, uma personagem dotada de um talento bastante peculiar e incomum nos dias de hoje. Por razões que a própria razão desconhece, esteja onde estiver, em qualquer lugar, hora ou situação, a “protagonista coadjuvante” atrai, involuntariamente, pessoas (conhecidas ou desconhecidas) e provoca curiosos efeitos colaterais. Todos reagem da mesma forma diante de sua presença. Eles sentem uma coisa, um troço, uma comichão na língua, uma coceira na alma - seguida, imediatamente, de uma vontade incontrolável de contar suas histórias. A peça fica em cartaz do dia nove a 11 de abril, no Teatro Alterosa, av. Assis Chateaubriand, 499, no bairro Floresta, Belo Horizonte / MG. Os horários: sexta-feira e sábado às 21h e domingo às 19h. Os ingressos custam R$ 20 e meia-entrada R$ 10. Informações pelo telefone: (31) 3237-6611. SIMPLY RED TOCA EM BH

A banda inglesa “Simply Red”, que já vendeu mais de 50 milhões de cópias em todo mundo, nos seus 26 anos de carreira, apresenta a turnê “Farewell Tour”, somente em quatro capitais brasileiras, incluindo Belo Horizonte. Liderada pelo vocalista Mick Hucknall – conhecido pela cabeleira ruiva, o grupo promete grandes sucessos, como “Stars”, “Holding Back the Years”, “If You Don´t Know Me By Now” e “For You Babies”. Em cerca de três décadas de carreira, o Simply Red lançou 11 álbuns de estúdio. A banda teve mais de 30 canções no TOP 40 do Reino Unido e teve duas canções no topo das paradas dos Estados Unidos. “Stars” (1991) foi o álbum mais vendido no Reino Unido por dois anos consecutivos. O “Simply Red” também ganhou diversos prêmios como três “BRIT Awards”, dois “Ivor Novellos Awards” e um “Mobo Special Achievement”. A banda já fez mais de mil apresentações para cerca de 10 milhões de pessoas. O show acontece no dia 21/04, às 20h, no Chevrolet Hall, na av. Nossa Senhora do Carmo, 230, no bairro Savassi - Belo Horizonte / MG. Ingressos a partir de R$ 180. Outras informações pelo telefone: (31) 3209-8989

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Aonde ir RESTAURANTE XICO DA CARNE

Em pouco mais de uma década de funcionamento, o estabelecimento conquistou a clientela belo-horizontina com sua cerveja sempre gelada e cuidado no preparo das porções. No local, a música ambiente e as porções irresistíveis fazem a alegria de quem gosta de comer o melhor do churrasco, regado a um cardápio variado. O restaurante fica na av. Contagem 1966, no bairro Santa Inês, em Belo Horizonte. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, a partir de 16h; sábados, domingos e feriados, a partir das 11h. Informações pelo telefone (31) 3485-3478 ou no site http://www.xicodacarne.com.br AQUÁRIO NO ZOOLÓGICO

No dia 05 de março, a capital mineira ganhou o maior aquário de água doce do Brasil. Graças a uma iniciativa da Prefeitura de BH, por meio da Fundação Zoo-Botânica, a cidade inaugurou o Aquário da Bacia do Rio São Francisco. O criadouro tem aproximadamente 3 mil metros quadrados e é o primeiro a retratar exclusivamente a vida na Bacia do São Francisco. A obra, que custou cerca de R$ 5,5 milhões, passa a ser mais uma grande atração da capital mineira, oferecendo estudos sobre biologia e criação e manutenção de peixes em cativeiro. O aquário fica no Jardim Zoológico, na avenida Otacílio Negrão de Lima, 8.000, em frente à Lagoa da Pampulha.

Mente aberta ARTES VISUAIS: PROJETO PÃO E POESIA

Desde 2008, o Projeto Pão e Poesia tem a missão de levar arte e cultura por meio de embalagens de pão distribuídas gratuitamente nas principais padarias da Grande BH. Idealizado pelo empresário mineiro e entusiasta por Literatura Diovvani Mendonça, o projeto está sendo viabilizado por meio do 1º Prêmio Pontos de Mídia Livre, do Programa Cultura Viva, do Ministério da Cultura, em parceria com o Instituto Aprender Profissionalizar, sediado na capital mineira. Agora, o projeto se prepara para uma nova etapa. A partir de abril, começa o “Pão e Poesia na Escola”, que foi aprovado na Lei de Incentivo à Cultura de Minas Gerais para 2010. Duas escolas do EJA de Betim já estão inseridas no programa. Entre os dias 15/04 e 15/05, na Casa Amarela do Centro Cultural de Contagem, dentro do projeto “Tudo a Ver”, vai acontecer a exposição das embalagens (ampliadas em banners) do Pão e Poesia e o lançamento da exposição itinerante que percorrerá as escolas. Para outras informações, acesse: http://paoepoesia2009.blogspot.com/ LIVRO “SE ABRINDO PARA A VIDA”. AUTORA: ZIBIA GASPARETTO. 368 PÁGINAS. EDITORA: VIDA E CONSCIÊNCIA. PREÇO: R$ 36.

O romance – um dos mais vendidos do Brasil, conta a história de Jacira, uma mulher entristecida e anulada de suas próprias vontades, que descobre no amor próprio a chave para a superação. A trama é uma história que nos leva a acreditar que quando nos abrimos para a vida, descobrimos que a felicidade é o destino de todos. Aos 83 anos, Zibia Gasparetto é autora de mais de 30 livros, na maioria romances espiritualistas ditados por Lucius, mentor espiritual que lhe acompanha há mais de 60 anos. A cada lançamento, figura rapidamente no ranking dos livros mais vendidos nos principais veículos de comunicação. A autora tornou-se um ícone da literatura espiritualista, contribuindo para a disseminação dos conceitos de espiritualidade e no fortalecimento desta categoria no mercado editorial.

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rir f az bem sor rir também DOENÇA Dois bêbados conversam: - Eu ouvi dizer que descobriram uma doença que se cura com uísque. E o outro, entusiasmado: - E você sabe como é que a gente faz para pegar essa doença?

MARIO BRITO Humorista

LOTERIA

PAPO DE BAIANO JÁ QUE TEM COPA DO MUNDO EM 2014 E OLIMPÍADAS EM 2016 , A GENTE BEM QUE PODIA ENFORCAR 2015...

O marido pergunta à esposa: - O que você faria se eu ganhasse na loteria? Ela responde: - Eu pegaria a minha metade e deixaria você, seu besta... - Excelente, responde ele. Ganhei 12 reais, pega aqui seus 6 e DESAPARECE... PRAGA HEIN? A coroa pergunta para o garotão: - De que você gosta mais em mim? Do meu rosto lindo ou do meu magnífico corpo? - Do seu senso de humor!

O sujeito procurou um pai de santo para desfazer uma praga que tinha sido rogada há 28 anos. O nego véio pergunta: - Quando foi que isso começô, zifio? - Depois de umas palavras que eu ouvi. - Pode ser, zifio! Eu preciso saber quais as palavras exatas que foram usadas na praga. - “Eu vos declaro marido e mulher”.

FUTEBOL X PORNÔ Um homem estava na sala assistindo futebol pela TV, mas mudava de canal a todo minuto - do canal de esporte para um filme pornô que mostrava um casal em plena ação. A esposa, que passava por ali a toda hora, começou a ficar invocada com aquilo e pergunta: - Por que você não fica só em um canal? Vai acabar estragando a TV! Responde ele para a esposa: - Não sei se assisto ao filme, ou se vejo o jogo. Ela exclama: - Pelo amor de Deus, assista ao filme. FUTEBOL VOCÊ JÁ SABE JOGAR...

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