179 | Revista Viva S/A | Abril 2016

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MENTORIA

Sidnei Oliveira

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Consultor, autor e palestrante

Jovem, não dá mais para se omitir Todos devemos nos mobilizar, não nos conformando quando flagramos alguém fazendo o “mal feito”, só porque os muitos agem assim

A crise atingiu um nível de intensidade tal que não há mais um brasileiro que consiga se manter distante dela. Nas redes sociais, nos grupos de Whatsapp e na imprensa em geral só há um assunto: o impeachment da presidenta Dilma. É, seguramente, a maior mobilização social que o Brasil já viveu. Estamos em um momento histórico para nossa jovem nação, redemocratizada há menos de 30 anos. E o que o jovem de hoje tem a ver com tudo isso? Afirmo que tem tudo a ver! Se olharmos outros movimentos sociais que já ocorreram no Brasil em diferentes épocas, observaremos um padrão bem claro: sempre houve a participação intensa dos jovens em cada uma delas. Foram sempre os jovens que tomaram a iniciativa e protagonizaram as melhores propostas de mudanças. Infelizmente hoje não é a maioria dos jovens que se envolve, avalia o cenário e se posiciona. Os que assim procedem são aqueles que já alcançaram maturidade pessoal diferenciada e normalmente são os que realmente fazem diferença em suas atividades.

Agora, quero falar aos que se consideram jovens

As lutas dos jovens de outras épocas foram diferentes das de hoje. Os instrumentos e recursos mudaram, assim como o cenário. Se antes os jovens lutaram por “liberdade de expressão”, “eleições diretas”, “nova constituição” e até contra a “ crise econômica e inflação”, chegou a hora de lutar contra a “corrupção”, que destrói a vida das pessoas. É essa a luta de agora! Você precisa saber que, enquanto os que fazem o “mal feito” de hoje se dizem perseguidos, há dezenas de executivos que confessam ter realmente pago propina. 54

Revista Viva S/A

Os corruptores que fizeram as delações premiadas, tão odiadas e desacreditadas pelos envolvidos, que alegam não haver provas, realmente desviaram e roubaram dinheiro público. As provas não são apenas as acusações que fazem contra os envolvidos, mas, sim, as quantias milionárias em bancos do exterior que eles aceitaram devolver em troca das confissões. Aceitar essa situação com o argumento de que antes também roubavam, significa que o “mal feito” de agora é absolutamente aceitável e que o envolvido é só um injustiçado, pois apenas fez o que sempre foi feito. Aqueles que defendem os envolvidos de agora precisam parar de apontar os erros dos outros como forma de justificativa para os erros atuais. Jovem, você precisa parar de acreditar que não é problema seu, pois essa é uma atitude displicente com o seu próprio futuro. Se você continua optando por se omitir, sendo apenas espectador, acreditando que tudo está perdido ou que simplesmente não tem nada a ver com isso porque não tem culpa pela crise, continuará a ver a situação piorar ainda mais, e os resultados serão absolutamente negativos para todos. Saiba que, qualquer que sejam os desdobramentos da atual crise, é você, jovem, quem será afetado por muito mais tempo. Se você é um jovem, envolva-se, entre no jogo, ajude a sociedade a encontrar um caminho. Use sua capacidade de mobilização, não para lutar contra quem não partilha de suas ideias, mas para apurar a verdade. Está na hora de sua geração mostrar os talentos e se engajar na transformação do Brasil em que irão viver nos próximos anos. Se você é aquele jovem que está atento e fazendo algo além de ativismo em redes sociais, mobilize seus amigos! Abril 2016


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