VIVA! março 2015

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W W W.V I VA - P O R T O . P T

Revista gratuita trimestral, março 2015

PAULO MORAIS

A voz contra a corrupção

VILA REAL

“Capital do Automobilismo”

PAREDES

“Art on Chairs” brilha internacionalmente


descubra o Mundo para ter mais no fim do mês 1| Leia o QR Code 2| Coloque o seu smartphone 3| Descubra o Mundo 1|2|3

No Santander Totta queremos melhorar o seu mundo. Por isso, construímos o Mundo 1|2|3. Mais simples, mais adequado às suas necessidades e criado a pensar em si. Sabemos como é importante para si poupar nas despesas do dia-a-dia, para ter mais no fim do mês. Assim, com o Mundo 1|2|3, pode: 1 | Poupar nas suas compras 2 | Poupar nas contas da sua casa 3 | Poupar no abastecimento de combustível Entre no Mundo 1|2|3. Para ter mais no fim do mês. Faça as contas e decida. O Mundo 1|2|3 é uma solução multiproduto com admissão sujeita à aprovação do Banco. Informe-se já nos nossos Balcões ou em www.santandertotta.pt. Não dispensa a consulta da brochura informativa. É tão fácil como contar até 3!


E D I T O R I A L

Porto soma e segue… Frank Barrett, prestigiado jornalista de viagens do jornal londrino “The Mail on Sunday”, num artigo de opinião publicado em fevereiro, descreve a cidade do Porto como o “lugar mais perfeito para uma curta pausa”. Sob o título “Algarve is great, but Porto’s perfect”, Frank Barrett defende que Portugal é um dos lugares turísticos mais subestimados da Europa. Admite que gostou das viagens que fez a Lisboa e também à região do Minho, mas frisa que o Porto superou tudo o resto, incluindo as praias douradas do Algarve. Descreve a cidade como “um tesouro de ruas estreitas e empedradas” onde a principal estação ferroviária da cidade é “uma jóia arquitetónica”. No coração da cidade velha, o jornalista diz que encontrou “bares e lojas que vendem de tudo, desde acessórios para casa de banho a colchas”. Fala também da Livraria Lello, descrevendo-a como “provavelmente a mais bela livraria do mundo”. Refere que os preços são acessíveis e que facilmente uma escapadinha de fim de semana se pode transformar numas férias de quinzena. Termina dizendo que “o verdadeiro charme do Porto é que é surpreendentemente compacto”, o que significa que se “pode desfrutar de tudo a pé”. Também a maior editora de guias de viagens do mundo, Lonely Planet, na sua publicação deste mês destaca a cidade do Porto e as maravilhas da região norte de Portugal. As ruas da cidade são descritas como polvilhantes de vida, com uma amálgama de edifícios “extraordinários”, onde se passa de uma igreja gótica para “uma moderna sala de concertos inspirada num meteoro”, a Casa da Música. A publicação britânica aconselha também uma visita às praias do litoral norte, excelentes para a prática de surf, às terras altas do Parque Natural Peneda-Gerês e às aldeias tradicionais de Montesinho, terminando a viagem na região demarcada do Douro. O Aeroporto Francisco Sá Carneiro foi considerado pelo ACI-Airports Council International como o terceiro melhor aeroporto europeu de 2014. Classificado em primeiro lugar em 2007, esta é a oitava distinção daquela infraestrutura em oito anos. Moscovo, Zurique e Porto foram os três aeroportos premiados pelo ACI na Europa – onde esta instituição representa 450 aeroportos de 44 países, responsáveis por mais de 90% do tráfego aéreo no Continente e pela movimentação de mais de 1500 milhões de passageiros anualmente.

José Alberto Magalhães Diretor de Informação

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S U M Á R I O

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PERFIL PAULO MORAIS

M ÁQ U I N A D O T E M P O IGREJA DOS CLÉRIGOS

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D E S TA Q U E FORMAÇÃO VS PROFISSÃO

PRIMEIRO PLANO DIANA MONTEIRO

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L E N DA S O DRAGÃO DO PORTO

NOITE CONVIVER NA BAIXA PORTUENSE

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CCDR-N CIRCUITO AUTOMÓVEL DE VILA REAL

T U R I S TA S QUEM VEM E ATRAVESSA O RIO...


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ÍNDICE 003 EDITORIAL 034 PHILIPS 044 I TA L R E M 046 CC B O M BA R DA 050 EDP GÁS 060 HIPERJANELAS 062 FCPORTO 076 PORTO CANAL 080 MÚSICA 082 À MESA COM... 084 M E T R O P O L I S - M AT O S I N H O S

Revista gratuita trimestral, março 2015

FICHA TÉCNICA Propriedade de: ADVICE - Comunicação e Imagem Unipessoal, Lda. Sede de redação: Rua do Almada, 152 - 2.º - 4050-031 Porto NIPC: 504245732 Tel: 22 339 47 50 - Fax: 22 339 47 54 advice@viva-porto.pt adviceredacao@viva-porto.pt www.viva-porto.pt Diretor Eduardo Pinto Diretor de Informação José Alberto Magalhães Redação Mariana Albuquerque Fotografia Rui Oliveira Marketing e Publicidade Eduardo João Pinto advicecomercial@viva-porto.pt Célia Teixeira Produção Gráfica Diogo Oliveira

088 M E T R O P O L I S - PA R E D E S

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P E R F I L

voz corrupção A

contra a

AFASTOU-SE DA VIDA AUTÁRQUICA EM 2005 (ALTURA EM QUE OCUPAVA O CARGO DE VICE-PRESIDENTE DA CÂMARA DO PORTO), MAS ESTÁ A PREPARAR O REGRESSO À CENA POLÍTICA. PARA O MATEMÁTICO PAULO MORAIS, HÁ TRÊS BATALHAS A TRAVAR: CONTRA A CORRUPÇÃO, CONTRA O MEDO E PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Rui Oliveira

Atravessa parte do Jardim Botâ- (TIAC) demonstra a força do cornico do Porto – espaço que, aliás, dão umbilical que ainda o liga a bem conhece dos seus tempos Viana do Castelo, sua terra natal. de estudante – entra numa das “Camilo Castelo Branco dizia que estufas, senta-se e aguarda, se- o Minho era o verde sobre o grarenamente, o início da conversa. nito. E é essa imagem que tento Não se inibe de sorrir, de puxar transmitir ao longo da minha da ironia, de gesticular e de ex- vida. Ser uma pessoa verde, no plicar, com calma, o seu ponto de sentido de ser bem-disposta, mas vista, ou não fosse a “autenticida- com valores graníticos”, frisou, de” o “valor máximo” que o do- lamentando que, na política porcente universitário Paulo Morais tuguesa, a boa disposição ainda atribui às relações humanas. E é seja associada a uma certa falta neste cenário maioritariamente de competência. “Existem políverde, de plantas exóticas, que ticos sisudos, austeros, magros, o matemático e vice-presidente de fatos cinzentos, mal dispostos da direção da Transparência e e que, por isso mesmo, passam Integridade Associação Cívica a ser competentes. E depois há

aqueles que se riem e que, como são bem-dispostos, são incompetentes”, ilustrou, defendendo que “ser sério não é ser sisudo, mas sim honesto”. “Temos, hoje, um exemplar máximo desse paradigma – o atual Presidente da República – que põe um ar sisudo e circunspecto, tentando transmitir a ideia de que é sério, quando, de facto, não tem sido intelectualmente honesto no exercício da sua função”, sustentou. Conhecido dos portuenses não só por ser considerado uma voz ativa contra a corrupção, mas também por ter sido vice-presidente da autarquia local entre



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2002 e 2005 (responsável pelo Porto) com o trabalho, voluntápelouro do Urbanismo), Paulo rio, desenvolvido no âmbito da Morais é frequentemente abor- TIAC, entidade que representa, dado pelos cidadãos nas ruas da em Portugal, a rede global anticidade, onde tem vindo a detetar -corrupção “Transparency Interum sentimento geral de medo national”. “O que nós fazemos é face às dificuldades económi- estudar e combater a corrupção, cas enfrentadas no presente e à na perspetiva de que, quanto incerteza do futuro. “Dizem-me melhor conhecermos o fenómeque tenho muita coragem e isso no, mais capazes estamos de o é uma forma de, envergonhada- combater”, resumiu. mente, dizerem que estão com medo”, apontou, reconhecendo, “Estamos a caminhar assim, que assumiu um combate a grande velocidade para diário em três frentes. “No fun- o subdesenvolvimento” do, eu tenho três lutas: contra a Apesar de reconhecer que a corcorrupção, contra o medo – esta rupção em Portugal “não é um é a mais importante – e pela liber- fenómeno novo”, pois já era “uma dade de expressão”, garantiu. É das preocupações centrais dos por isso que o vianense concilia Capitães de Abril”, responsáveis os cargos de professor auxiliar pelo golpe militar que derrubou na Universidade Portucalense e o Estado Novo, Paulo Morais conde investigador sénior do INESC sidera que, “ao fim de 41 anos Porto (Instituto de Engenharia de Democracia, o regime não de Sistemas e Computadores do só não combateu a corrupção,

como se estruturou de forma a favorecê-la”. O país ocupa, neste momento, o 33.º lugar do CPI (Corruption Perceptions Index), um indicador de reputação que avalia os países em termos de transparência. “A nível europeu, estamos a par da Espanha, que tem escândalos de corrupção permanentes, da Itália, que tem, ainda hoje, uma forte influência da Máfia sobre a administração, e da Grécia, que é a anarquia que todos conhecemos. Mas se é grave a nossa posição, tanto mais grave é se analisarmos que, entre 2000 e 2010, Portugal foi o país que mais se degradou em termos de transparência no mundo”, frisou, realçando que, como a transparência e o desenvolvimento “andam sempre a par”, Portugal está “a caminhar a grande velocidade para o subdesenvolvimento”. “Se ainda


PAU LO M O RA I S

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“É IMORAL DEMOLIR O ALEIXO E FAZER LÁ UM CONDOMÍNIO PARA GENTE RICA” Apesar de não colocar em causa “a decisão democrática” – com a qual não concorda – de demolir o Bairro do Aleixo, Paulo Morais considera que o processo não foi bem conduzido. “Na zona em que o Aleixo está, sobranceiro ao rio, os apetites imobiliários são gigantescos. E, para mim, é imoral demolir as torres, tirar os moradores e fazer lá um condomínio para gente rica”, defendeu, realçando que, mesmo que a autarquia quisesse vender o terreno para futura exploração imobiliária, “teria de tê-lo feito através de uma hasta pública municipal”. Para o investigador, a ser demolido, o bairro deveria dar lugar a um parque ou jardim para as pessoas fruírem.

ocupássemos o 23.º lugar [de 2000], os nossos parceiros seriam a Irlanda e a Áustria; o nosso desemprego poderia ser de 6 ou 7% e o IVA de 19%”, concluiu. Para o matemático, a corrupção foi um dos agentes ativos na crise nacional, atirando os portugueses para “uma ditadura fiscal”. “Há dois fatores que podem identificar a crise: a dívida pública e a privada”, começou por explicar, referindo que a dívida pública “resulta, em mais de 30%, de fenómenos sucessivos de corrupção que saíram caros: na Expo 98, no Euro 2004, no BPN, nos submarinos, nas Parcerias Público-Privadas (PPP), no BES...”. “Só no caso do BPN, os portugueses pagaram (e estão a pagar) cerca de 7 mil milhões de euros, massa financeira que dá quase para pagar a toda a Função Pública durante um ano”, notou.

Por outro lado, acrescentou, no início da crise, em 2008, “68% da dívida privada portuguesa era dívida imobiliária, decorrente de fenómenos de especulação imobiliária, alicerçados em corrupção nas câmaras municipais”. E prossegue com a análise do fenómeno: “os promotores imobiliários compram terrenos baratos, em reserva agrícola, e depois, de uma forma criminosa, conseguem, com a influência que têm nas autarquias locais, transformá-los em terrenos urbanizáveis através da obtenção de uma licença de construção ou de um alvará de loteamento. Com esse alvará, transformam um terreno que vale quatro milhões de euros em 20 milhões”. Aliás, segundo confirmou, foi exatamente essa luta contra a corrupção no urbanismo que o levou a retirar-se da política, em

2005. “Saí da Câmara do Porto porque, entre o presidente da autarquia de então, Rui Rio, eu próprio e o partido [PSD] – que, entretanto, abandonei – não havia o mesmo entendimento da forma de combater os interesses imobiliários que estavam instalados na cidade até à nossa entrada”, contou, acrescentando ser apologista de “uma atitude claríssima, contundente e marcante face aos interesses imobiliários”. “Havia, como é evidente, uma grande pressão dos imobiliários junto da estrutura do poder para que eu saísse, mas, na altura, fui claro: se era para ficar alguém que cedesse a esses interesses que arranjassem outro porque não faltava quem quisesse ser vice-presidente da câmara”, contou. Entretanto, a batalha do docente continuou. Foi testemunha em processos REVISTAVIVA, MARÇO 2015


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disciplinares, mantendo uma posição “não muito confortável” que já lhe trouxe “alguns dissabores”. “É natural que aqueles que combatem a corrupção num país em cuja política o fenómeno está tão instalado tenham inimigos. Eu vejo isso como medalhas”, garantiu, revelando, por exemplo, que já tentaram depositar-lhe 150 mil euros numa conta a fim de o descredibilizarem. Além disso, “aqui e ali aparecem processos por difamação”: só três deles chegaram ao fim, dando a vitória ao investigador. “Isto é importante para as pessoas perceberem que não vale a pena ter medo de denunciar estas situações”, defendeu, salvaguardando que quando fala de um caso concreto

de corrupção é porque se encontra devidamente documentado. Voltar à política para uma nova batalha Dez anos depois de ter deixado a vice-presidência da autarquia portuense, Paulo Morais admite voltar à política, não desvendando, contudo, em que moldes será feito esse regresso. “Tenciono voltar porque, a partir do momento em que denuncio a corrupção como o maior problema da política nacional, acho que posso fazer a expressão dessa luta na atividade política”, justificou, assumindo ser um “republicano convicto”, que faz questão de participar sempre nas comemorações do 31 de Janeiro

e do 5 de Outubro, no Porto ou noutra cidade qualquer. “Entendo que a República é a forma ideal de sistema, onde as pessoas nascem sem privilégios e com direitos”, notou, mencionando que, nas suas reflexões, gosta de recordar o discurso de tomada de posse do primeiro Presidente da República eleito em Portugal, Manuel de Arriaga, que prometeu “combater os privilégios malditos que existiam na sociedade portuguesa e que ainda hoje se mantêm”. “As privatizações a que temos assistido de equipamentos verdadeiramente estratégicos para o país – a água, a eletricidade, o saneamento, a recolha de lixo, a TAP – permitirão que um conjunto de grupos económicos tenham receitas gigantescas e permanentes à custa da população”, lamentou. Desta forma, o matemático não tem dúvidas de que “em termos políticos, não existe, no país, uma estratégia de combate à corrupção”. Para Paulo Morais, Portugal enfrenta, hoje, “uma perversão no funcionamento do regime constitucional”: o poder legislativo, “que devia estar centrado no Parlamento, está nas grandes sociedades de advogados”; o poder executivo, “que devia submeter-se ao legislativo”, facilita os “negócios aos grandes grupos económicos” e o poder judicial “não tem meios” porque “depende, em termos orçamentais, do Governo”. “Neste cálculo em que o poder legislativo não legisla, o executivo não executa e o judicial não tem meios, é natural que se crie corrupção”, afirmou, defendendo que, na área



SABER “RECEBER COMO EM NENHUM LUGAR DO MUNDO” Apesar de passar muitos fins de semana em Viana do Castelo, o dia a dia de Paulo Morais é vivido no Porto, onde reside, nas Antas. Não prescinde dos passeios pela baixa da cidade, visitando frequentemente a Livraria Lello, o Majestic e a zona do rio, e reconhece aos portuenses uma empatia e uma capacidade de receber “como em nenhum lugar do mundo”. No entanto, para o vianense, Portugal tem uma mão cheia de características privilegiadas – a situação geográfica e o clima, por exemplo – que não são potenciadas. “Na Serra da Estrela faz-se ski, mas quando neva não se consegue lá chegar. Como é possível? O coração de D. Pedro IV está no Porto, mas não há qualquer exploração turístico-cultural”, enumerou, frisando que, tal como acontece na indústria, “quando a matéria-prima é boa e o resultado é mau, a culpa não é nem da matéria-prima nem dos operários”. “É da falta de estratégia e de um mau modelo de gestão. Isso, no país, tem um nome: chama-se política”, concluiu o matemático.

da justiça, “há dois aspetos que poderosos face à justiça está a devem ser acautelados”: a exis- perder terreno”, alteração que tência de meios próprios para atribui à ação da equipa da nova uma atuação permanente e de procuradora-geral da República, tribunais especializados na área Joana Marques Vidal. “Nos últida corrupção. “Não é possível mos tempos assistimos a algo que, um procurador, num tribunal há um ano, não era expectável: a de província, num gabinete exí- prisão de um ex-primeiro-minisguo, sem ar condicionado, sem tro e quatro diretores gerais de aquecimento e sem impressora a topo do Governo que tiveram de funcionar, litigar com uma gran- sair, envolvidos no processo dos de sociedade de advogados de ‘Vistos Gold’”, referiu. Segundo Lisboa”, destacou, acrescentando frisou o docente, independenque a justiça deve ainda começar temente da detenção de José a “recuperar os ativos tirados pela Sócrates ter sido bem ou mal feita, via da corrupção”. “Em Portugal, há um aspeto do qual não duvida: curiosamente, a PJ tem um gabi- a sua governação “foi das mais nete de recuperação de ativos e danosas que Portugal teve desde há uma legislação nesse sentido. o tempo de D. Afonso Henriques”. No papel está tudo bem, ativos “Entre outras coisas, nacionalizou recuperados é que não existem. o BPN e mandou pagar a tranche No caso BES é incompreensível final da compra dos submarinos que, ao fim de todo este tempo, – um negócio que estava sob susnão tenham sido confiscados os peita há muito tempo – sem que bens da família”, apontou. o Governo tenha pedido esclareAinda assim, reconhece que “a cimentos adicionais”, justificou, ideia da total impunidade dos acrescentando que as PPP da

era Sócrates “agravaram ainda mais os danos que já vinham de trás”. “Nas PPP rodoviárias em particular, permitiu que, quando há redução da sinistralidade, os prémios sejam 100 vezes superiores às multas quando há aumento da sinistralidade. Isto é ilegal”, garantiu, salvaguardando, contudo, que o fenómeno das PPP começou com Cavaco Silva, na construção da Ponte Vasco da Gama. “Na altura, foi vendido à opinião pública como tendo sido um investimento privado porque o estado não teria dinheiro para fazer a ponte. Ora, os privados entraram com apenas um quarto dos cerca de 900 milhões do investimento”, recordou o docente, referindo que o restante foi garantido pelo E,stado através do Fundo de Coesão da União Europeia e da cedência da receita das portagens da Ponte 25 de Abril e por um empréstimo do Banco Europeu de Investimentos.


Banco de Confiança.

BPI é de novo Marca de Confiança na Banca em 2015.

39%

Pelo 2º ano consecutivo, o BPI foi reconhecido como a marca bancária de maior confiança em Portugal, de acordo com o estudo Marcas de Confiança que

29%

2º Banco

as Selecções do Reader´s Digest organizam há 15 anos em 10 países. O BPI agradece mais este voto de confiança e tudo fará para continuar a merecê-lo. 3º Banco

Este prémio é da exclusiva responsabilidade da entidade que o atribuiu.

11%


D E S T A Q U E

As reviravoltas do mundo profissional CHEGAM ÀS SALAS DE AULA DAS FACULDADES COM UM PERCURSO PROFISSIONAL IDEALIZADO, MAS A VERDADE É QUE, ANO APÓS ANO, SE APERCEBEM DE QUE O FUTURO TALVEZ POSSA PASSAR POR SOLUÇÕES QUE NUNCA IMAGINARAM. NUM MOMENTO EM QUE O DESEMPREGO EM PORTUGAL SE SITUA NOS 13,5%, CRIATIVIDADE E, ACIMA DE TUDO, RESILIÊNCIA SÃO AS PRINCIPAIS ARMAS UTILIZADAS POR QUEM PROCURA CONQUISTAR UM ESPAÇO NO MERCADO DE TRABALHO. OS QUE PARTEM EM BUSCA DE NOVAS OPORTUNIDADES LEVAM NA BAGAGEM O SABOR AMARGO DAS DESPEDIDAS. OS QUE FICAM, ESSES, SABEM O QUE TÊM A FAZER: ARREGAÇAR AS MANGAS, ESQUECER, MUITAS VEZES, OS DIPLOMAS GUARDADOS NA GAVETA E LUTAR PELA CONSTRUÇÃO DE UMA CARREIRA QUE POSSA, FINALMENTE, COMPENSAR TODO O ESFORÇO FEITO AO LONGO DOS ANOS. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Rui Oliveira

Do Desporto ao “sossego” do ar livre Simão Rocha desloca-se pela quinta da família, na localidade de Tagilde (freguesia do concelho de Vizela), com a destreza de quem já conhece bem o trabalho na terra. Formado em Educação Física e Desporto, pelo Instituto Superior da Maia (ISMAI), o jovem, de 32 anos, só conseguia imaginar-se a fazer “uma coisa na vida”: ser professor e desfrutar, a cada dia, do contacto com os mais novos. Hoje é vinicultor, experiência que começou há apenas alguns meses, mas que lhe tem vindo a dar “muito mais confiança no futuro”. “E visto que estou afastado do Desporto há

mais de cinco anos, duvido que volte a essa área”, confessou. Ciente de que está, agora, no caminho certo para começar uma nova vida, recorda, com saudade e boa disposição, os tempos vividos na faculdade. “Entrei no ISMAI, perdi dois ou três anos – aqueles em que nos distraímos um pouco e a vida é difícil – e depois encontrei o meu rumo e acabei o curso, em 2010”, conta, entre gargalhadas. Entretanto, já com a crise instalada no país, concorreu algumas vezes, mas nunca ficou numa posição que lhe desse garantias de colocação. Além disso, perturbava-o o exemplo do filho de uma amiga da mãe que, com a mesma

formação, andava há seis anos “de escola em escola, com duas ou três horas de trabalho por semana”. E eis que se seguiu, então, o momento que todos os jovens temem: aquele em que se veem obrigados a considerar novos horizontes. “Comecei à procura de outras coisas para fazer e desliguei-me um pouco do Desporto”, referiu. Trabalhou três anos na DHL, com funções administrativas, e, depois, na NOS, de onde saiu logo que teve oportunidade (ainda que tenha chegado a gestor). Numa altura em que o pai de Simão começava a mostrar sinais de cansaço em relação aos afazeres da quinta vinícola


FORMAÇÃO VS PROFISSÃO

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– com dois hectares – o jovem decidiu fazer uma proposta à noiva. “Falei com a Joana sobre a possibilidade de nos mudarmos para Vizela para eu tentar fazer disto um negócio lucrativo. E acho que vou conseguir”, frisou, acrescentando que estão, neste momento, a apostar na renovação da quinta para uma melhor relação qualidade/preço e que o maior investimento incide nas castas Loureiro, Fernando Pires e Alvarinho. Segundo confessou, estes primeiros meses de trabalho têm sido surpreendentes. “Nunca fui avesso ao esforço físico e, quando cheguei aqui, a primeira coisa que fiz foi pegar numa sachola e cavar o terreno. Apesar da sensação de tranquilidade, ao final do dia – aqui não há stress – é um REVISTAVIVA, MARÇO 2015


D E S T A Q U E

Pequenos recados transformados em negócio Depois de dedicar 25 anos da sua vida à rádio, onde sempre trabalhou como locutor, Filipe Gomes também se viu obrigado a explorar novas ideias, dando asas à imaginação e a uma certa apetência para resolver problemas. Com formação – ligada à área da Comunicação Social – feita em França e Inglaterra, o vila-condense estreou-se nas rádios piratas e locais, sendo que, em 1993, alinhou na “primeira grande experiência profissional”: na Rádio Nova,

onde permaneceu até 2005. Entretanto, nesse mesmo ano, mudou-se para o Rádio Clube Português, que acabaria por fechar a sua delegação do Porto. Apesar de ter sido “inevitavelmente apanhado no jogo dos números”, Filipe recusou ficar parado e foi fazendo serviços ocasionais, tanto de locução como da área de vídeo, não esquecendo os já habituais

Fotos: Ricardo Garrido

trabalho que acaba por moer a nível muscular e ganhei um respeito diferente pelo meu pai”, sublinhou, reconhecendo que todos os dias aprende algo de novo. Poder trabalhar ao ar livre é outro dos aspetos que realça nesta nova aventura. “O meu pai tem a quinta há 16 anos e nunca gostei disto até vir para cá. É uma paz, um sossego”, destacou, adiantando que já tem em mente o próximo investimento: um sistema de irrigação gota a gota, “que melhora a produtividade em quase 40%”. Nos planos do jovem vinicultor está também a aposta na comercialização de vinho engarrafado, “que pode ser vendido a um preço mais vantajoso para o produtor, sendo muito mais apresentável para o cliente”. De resto, para que a equação do futuro possa começar a dar certo, Simão recorda a importância de investir, sem medos, em duas variáveis: na adaptabilidade e na vontade de trabalhar.


FORMAÇÃO VS PROFISSÃO

favores aos amigos. Foi então que, numa simples conversa de esplanada, o incentivaram a apostar no lançamento da empresa “Deixa que eu vou”, centrada na oferta de um serviço personalizado a quem não tem tempo ou paciência para realizar determinadas tarefas. Já fez de tudo: levantou exames médicos, tratou dos animais na ausência dos donos, foi à Sex Shop buscar a encomenda de uma senhora mais tímida, recebeu o eletricista em casa, enfim, uma mão cheia de afazeres que, com a rotina de trabalho, acabam, muitas vezes, por não caber na agenda diária dos cidadãos. De um modo geral, os serviços custam dez euros, mas o preço dependerá sempre do tipo de ação a desempenhar e do tempo necessário à sua realização. “É um negócio pequeno porque, apesar de o Porto ser uma cidade média-grande, ainda é muito uma aldeia em termos daquilo que o vizinho faz por nós”, constatou, notando também que a empresa surgiu “no momento em que a classe média deixou de ter disponibilidade financeira”. “Se antes dávamos cinco euros a alguém para ir por nós às Finanças, hoje, se calhar, pensamos duas vezes”, realçou. Há um ano e meio, quando a empresa teve o seu ‘boom’ mediático, o que mais surpreendeu Filipe Gomes foi a quantidade de pedidos de emprego endereçados por pessoas das mais diversas áreas, “desde médicos, advogados, enfermeiros a cabeleireiros e tratadores de cães”. “Foram mais do que os pedidos de serviço”,

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Descobrir um talento “que nada tem a ver” com a formação Licenciada em Engenharia Química (Ramo de Tecnologias de Proteção Ambiental) pelo ISEP (Instituto Superior de Engenharia do Porto) e a desempenhar funções de secretária de direção numa empresa de comunicação, Isabel Pereira, de 35 anos, nota que a emigração é, hoje, encarada como um cenário “cada vez mais normal” por quem não abre mão de trabalhar na área de formação. Apesar de reconhecer que “o panorama está muito mau” em todos os setores, Isabel espera manter o seu atual emprego – progredindo “sempre que possível” – e não ter de partir em busca de novas oportunidades, como tem acontecido com muitos jovens. Por vezes, a realização profissional passa, segundo frisou, “por ‘dar uma volta de 180º’”, descobrindo “um talento ou vocação que nada tem a ver com a área de formação, mas na qual é possível trabalhar e ter sucesso”.

reconheceu, informando que, atualmente, as avenças com empresas – às quais se desloca para transportar o material que houver para os correios – são o que realmente alimenta o negócio. E apesar de admitir que não perde a esperança de “voltar a fazer rádio”, Filipe já está a analisar a próxima ideia a desenvolver, desta vez ligada à saúde no turismo. “Temos de pensar sempre noutras coisas porque nada é garantido”, defendeu o especialista na arte do desenrasque.

A “comunhão perfeita” entre os bolos e a arte No número 73 da Rua de Ceuta, Virgínia Gonçalves procura combinar, nos seus bolos, a paixão pela cozinha – que sempre a acompanhou – e o gosto pela estética, adquirido ao longo dos vários anos dedicados ao estilismo. Aberta desde dezembro de 2010, no coração da cidade do Porto, “Virgínia” é uma loja de bolos por encomenda, na qual se privilegia o contacto direto com o cliente e a descoberta REVISTAVIVA, MARÇO 2015


D E S T A Q U E

de novos sabores. “Gosto de trabalhar por encomenda, não gosto de fazer bolos só para colocar na montra. Isso não me dá alento nenhum”, reconheceu a artista, que chegou a encarar a confeção de sobremesas apenas como uma “terapia”. Depois de, aos 18 anos, ter começado a trabalhar numa empresa têxtil, num contacto “quase acidental” com a moda, Virgínia decidiu voltar a estudar, ingressando no curso de Design de Moda do CITEX - Centro de Formação Profissional do Têxtil e do Vestuário. Concorreu “um pouco na desportiva”, mas acabou por se deixar conquistar pela diversidade de cadeiras do plano de estudos. “No final, comecei a procurar emprego, como qualquer pessoa e, durante 15 anos, trabalhei na têxtil. Só que fiquei sempre com o bichinho de criar o meu próprio negócio”, confessou, reconhecendo,

contudo, que viver do estilismo, por conta própria, é uma tarefa complicada, dada a elevada concorrência. Entretanto, a convite de uma amiga que abriu um restaurante e que já era fã dos seus doces, a estilista começou a fazer as sobremesas do espaço, dedicando um pouco mais de tempo à já antiga paixão pela cozinha. De um hobby, os bolos passaram a part-time, até que a designer decidiu deixar a sua profissão para se dedicar a 100% a adoçar a vida das pessoas. “Achei que estava na hora de crescer”, frisou, referindo

que, na altura, teve algum receio do passo que estava a dar, mas que abrir um negócio não é difícil, “o complicado é mantê-lo”. Ainda assim, não se arrepende da decisão tomada e não pensa voltar ao estilismo. “Se pudesse ia aprender a fazer bolos”, gracejou, bem disposta, esclarecendo que procura aplicar os conhecimentos a d q u i r i d o s ‘à b o l e i a ’ d a moda neste novo momento profissional, igualmente ligado à sensibilidade mas centrado numa matéria-prima diferente: mais doce e, para muitos, irresistível.



O DRAGÃO

DO

P O RTO

O GUARDIÃO DA CIDADE É UMA FIGURA MITOLÓGICA ASSOCIADA À PRINCIPAL INSTITUIÇÃO DESPORTIVA DA CIDADE – O FC PORTO – PELA SUA IMAGEM DE CORAGEM E DE INVENCIBILIDADE, MAS, NA VERDADE, A FORÇA QUE A UNE AO TERRITÓRIO PORTUENSE VEM DE OUTROS TEMPOS. SABIA QUE, MUITO ANTES DE SURGIR COMO SÍMBOLO DO CLUBE E, AO LONGO DE MAIS DE UM SÉCULO, O DRAGÃO FEZ PARTE DO BRASÃO DO PORTO? Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Sérgio Jacques (“Lendas do Porto II”)

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alvez ainda não se tenha apercebido, mas os dragões, co m o s e u t ã o característico hálito de fogo, estão por aí, espalhados pela cidade. Tal como alerta o historiador Joel Cleto – na obra “Lendas do Porto” – numa visita atenta ao burgo é possível ver estes “prodigiosos animais” em vários monumentos. Duvida? Então alinhe nesta aventura e descubra-os, por exemplo, na estátua equestre de D. Pedro IV (na Praça da Liberdade), na fachada dos Paços do Concelho

(na Avenida dos Aliados), no Palácio da Justiça (na Cordoaria), em antigas fontes da cidade (como a que se encontrava no Largo de S. Domingos e está, atualmente, nos jardins do Barão de Nova Sintra), no Palácio da Bolsa e na estátua ao infante D. Henrique. O que estará na origem desta “dragonização” da cidade?

O momento em que “o portugal velho acaba e o novo começa” “Para responder a esta questão temos que recuar a 1832-33 e ao histórico e crucial Cerco do Porto”, explica Joel Cleto. Com efeito, ao longo de um ano, as tropas liberais de D. Pedro IV resistiram, “de um


LE N DA S

modo heróico”, ao cerco que lhes foi imposto pelas forças absolutistas de D. Miguel. “Duas conceções antagónicas do que deveria ser a sociedade e o poder digladiavam-se de um modo atroz”, descreve o arqueólogo. Os miguelistas procuravam manter o Antigo Regime, centrado na figura de um rei

absoluto escolhido por ação divina. No interior da cidade, os liberais lutavam por “uma nova conceção política”, inspirada nos ideais da Revolução Francesa, baseada numa Constituição. Além do clima de guerra que se fazia sentir – com a cidade continuamente atacada e incendiada – os portuenses

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viram-se a braços com a fome e a peste, que aumentaram ainda mais o número de mortos desde o início do conflito. Ainda assim, referiu o investigador, este ano de “enormes sacrifícios” ficou igualmente marcado pela “solidariedade, resistência e vitória” da causa liberal. “Um momento crucial na História do REVISTAVIVA, MARÇO 2015


O DRAGÃO

DO

P O RTO

Portugal Contemporâneo. Um momento que Almeida Garrett [que combateu, no Cerco do Porto, do lado dos liberais, assim como Alexandre Herculano] descreveu como sendo aquele em ‘que o Portugal velho acaba e o novo começa’”, frisou. Em jeito de agradecimento à cidade – pela bravura na defesa da liberdade – D. Pedro IV doou-lhe o seu coração, atribuiu-lhe a mais alta condecoração do país (a Ordem de Torre e Espada), passou a designá-la de “Cidade Invicta” e criou o título de duque do Porto. Apesar de ter falecido pouco tempo depois do Cerco do Porto – e da vitória definitiva do liberalismo – os desejos de D. Pedro foram cumpridos


LE N DA S

pela rainha D. Maria II, sua filha, que, em 1837, promulgou as novas armas da cidade do Porto – as mesmas que o FC Porto ostenta atualmente. “ U m b ra s ã o o n d e e s t ã o devidamente representados os ‘agradecimentos’ de D. Pedro. Nele, com efeito, aparece a ‘insignia e collar da gran-cruz da antiga e muito nobre ordem da Torre e Espada’, e sobre ele uma coroa ducal, lembrando que ‘o segundo filho dos senhores d’estes reinos tomará sempre o título de duque ou duqueza do Porto’. E, porque não se trata de um simples duque, mas sim de um destacado membro da família real, dessa coroa sobressai ‘um dragão negro das antigas

armas dos senhores reis d’estes reinos’, cujo pescoço apresenta uma fita com a palavra ‘Invicta’”, refere Joel Cleto. “Um dragão que recorda a coragem, a lealdade e a invencibilidade da cidade”, acrescenta. A reforma heráldica de 1940 O emblema do conjunto azul e branco – escolhido, em 1922, por sugestão do jogador Augusto Baptista Ferreira – reproduz, assim, o brasão que representou o Porto até 1940, altura em que, na sequência de uma reforma heráldica, lhe subtraíram o dragão e a coroa ducal. Mas a alteração das armas da cidade não foi realizada apenas no Porto,

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fazendo parte de uma estratégia do regime ditatorial de Salazar. Num contexto de afirmação nacionalista, exigiu-se uma revisão às armas e brasões de todos os concelhos e freguesias do país, procedendo-se à retirada de todos os “símbolos resquícios liberais e monárquicos”. O brasão portuense perdeu, então, a coroa que o encimava, da qual emerge o dragão. No entanto, a desafiar as indicações da Ditadura, algumas instituições fizeram questão de, “teimosamente”, fazê-lo chegar aos nossos dias. É o caso do Futebol Clube do Porto, que recusou abrir mão deste símbolo de força, presente na mitologia dos mais diversos povos e civilizações. REVISTAVIVA, MARÇO 2015


“CAPITAL DO AUTOMOBILISMO” à conquista do mundo

ENTRE OS DIAS 10 E 12 DE JULHO, O CIRCUITO DE VILA REAL VAI ACOLHER UMA DAS ETAPAS DO CAMPEONATO DO MUNDO DE CARROS DE TURISMO (WTCC), NUM EVENTO QUE DEVERÁ ATRAIR CERCA DE 220 MIL PESSOAS À REGIÃO. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Câmara de Vila Real

Depois de, em 2014, os vila-realenses terem aplaudido o regresso do “carismático” Circuito Automóvel de Vila Real, este ano, o célebre evento transmontano promete continuar a fazer história. De 10 a 12 de julho, a 45.ª edição deste verdadeiro espetáculo da velocidade sobre rodas vai receber uma das rondas do Campeonato do Mundo de Carros de Turismo (WTCC), cumprindo-se, assim, o desejo dos cidadãos e da própria autarquia. A internacionalização do circuito já se encontrava nos planos da Câmara Municipal e da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), mas a verdade


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é que a possibilidade de acolher a prova da FIA (Federação Internacional do Automóvel) – algo inédito em Vila Real – acabou por chegar mais cedo do que se esperava. E como as “grandes oportunidades” têm de ser agarradas ‘com unhas e dentes’, as entidades envolvidas na organização do evento desportivo lançaram mãos à obra, empenhadas em colocar o nome de Trás-os-Montes e Alto Douro na ribalta internacional. Um dos primeiros passos foi, então, o de verificar se a cidade conseguiria reunir as condições financeiras, técnicas e de segurança necessárias à receção do WTCC.

A p ó s “ l o n g a s e d i f í ce i s negociações” entre o município de Vila Real, o Eurosport Events, o WTCC e a FPAK, chegou-se à conclusão de que, com o apoio de diversos parceiros regionais, públicos e privados, o sonho iria mesmo realizar-se, não só este ano, mas em 2016 e 2017. A assumida aposta do atual executivo autárquico – liderado por Rui Santos – na recuperação do circuito automóvel acabou inclusivamente por conquistar os mais céticos, reativando-lhes a chama da paixão automobilística. “ O s ‘ Ve l h o s d o Re ste l o ’ desconfiaram. Depois, quando se aperceberam de que o circuito

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não só iria regressar como também acolher o Campeonato do Mundo de Carros de Turismo, a desconfiança deu lugar ao entusiasmo. E, hoje, todos os vila-realenses, mesmo aqueles que não apreciam automobilismo, estão entusiasmadíssimos com a possibilidade de testemunharem um evento desta natureza”, garantiu o autarca. A última vez que Portugal acolheu uma etapa do WTCC foi em 2013, no Circuito da Boavista, no Porto. Desde que chegou a território luso, a prova internacional já passou também pelo Autódromo Internacional do Algarve, em Faro, e pelo Circuito do Estoril. REVISTAVIVA, MARÇO 2015


SOB O OLHAR INTERNACIONAL Até novembro, o Campeonato do Mundo de Carros de Turismo será disputado em 12 países: Argentina, Portugal, França, Alemanha, Eslováquia, Hungria, Rússia, Japão, China, Tailândia, Qatar e Marrocos. O WTCC é visto por mais de 550 milhões de pessoas, sendo acompanhado por mais de 111 canais.

“2014 foi um aperitivo do que vai acontecer este ano” Com uma história escrita entre avanços e recuos, fases de interregno e períodos ‘de ouro’ do automobilismo, o Circuito Automóvel de Vila Real atraiu, durante várias décadas, milhares de pessoas à região, transformando-se, de acordo com Rui Santos, num dos maiores “símbolos” transmontanos. Em 1991, depois de uma sucessão de acidentes graves, o famoso ranger dos motores deu lugar a um silêncio que viria a durar 16 anos. O anterior executivo municipal

retomou o circuito em 2007, mas o evento realizou-se apenas até 2010. Assim, depois de uma paragem de quatro anos, foi em verdadeiro espírito de festa que os vila-realenses assistiram, no fim de semana de 21 e 22 de junho de 2014, a um reencontro emocional com o passado. Integrado nas festas da cidade, o espetáculo automóvel voltou a aquecer a pista da região com a presença de cerca de 200 pilotos espalhados por oito provas: Campeonato Nacional de Velocidade, Campeonato Nacional de Clássicos, Classic

Super Stock, Super Seven by Kia, Troféu 500 Abarth, Challenge Desafio Único, Single Seater Series e Historic Endurance. E em apenas dois dias, a população de Vila Real duplicou, esgotando hotéis também em Sabrosa, Peso da Régua ou Lamego. “Foram corridas de grande qualidade e, em termos económico-financeiros, também foram um sucesso”, referiu o presidente, avançando que o evento resultou num retorno de mais de dois milhões de euros para Vila Real. O regresso do circuito foi uma das bandeiras da campanha eleitoral de Rui Santos, eleito pelo PS nas últimas autárquicas. Segundo frisou, mais do que uma promessa cumprida, trata-se de “um sonho realizado” para a maioria dos cidadãos. “Antes da campanha eleitoral, fiz uma sondagem junto de cerca de mil vila-realenses, de forma a conhecer a sua opinião, e 80% defendiam o regresso das corridas. Além disso, mais de 90% afirmou


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ALGUMAS ALTERAÇÕES NO TERRENO Situada junto ao Teatro de Vila Real, a Alameda de Grasse vai ser uma zona profundamente alterada. O relvado central, que terá uma superfície compacta, vai ser usado como recinto polivalente para a cidade e aproveitado para o circuito. Na rua contígua – a Avenida João Paulo II – ficará o paddock das competições nacionais. O Teatro, que já era utilizado como edifício de apoio ao evento, será otimizado. Os seus dois auditórios continuarão a acolher os briefings e a sala de imprensa passará para dentro do equipamento. No palco exterior do edifício vai ser feito o pódio. Na Rua Ator Rui de Carvalho serão instaladas as novas boxes e no parque de estacionamento do teatro ficará colocada a zona técnica do WTCC, com os camiões das equipas.

identificar Vila Real como a Capital do Automobilismo em Portugal. É um evento com muito significado para todos. Foi realizado em anos anteriores, sobretudo nas décadas de 30 e 40, com grande sacrífico, mas com um enorme empenho e, por isso, já faz parte do ADN dos cidadãos”, constatou, em declarações à Viva. A receção do WTCC será, assim, ‘a cereja no topo do bolo’, razão pela qual o autarca garante que

a edição de 2014 do circuito “foi um aperitivo” do que vai acontecer em julho deste ano. Intervenção de 600 mil euros para aprimorar condições do evento Mesmo antes de se analisar a possibilidade de acolhimento do Campeonato do Mundo de Carros de Turismo no evento deste ano, a Câmara de Vila Real já havia apresentado uma candidatura a fundos

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comunitários , através do ON.2, para aperfeiçoar as condições té c n i c a s e d e s e g u ra n ç a do Circuito Automóvel. “Tínhamos consciência de que era importante melhorar alguns pontos no evento, nomeadamente em termos de boxes e paddock”, explicou, referindo que a candidatura foi aprovada e que as obras, orçadas em mais de 600 mil euros, arrancaram no início de março. Na zona das boxes – que, durante o evento, se espalham pela rua Ator Rui de Carvalho e Alameda de Grasse – serão criadas condições para albergar os mecânicos e técnicos que acompanham as equipas de competição. Além disso, haverá também um investimento nas condições de segurança do próprio circuito, nomeadamente com uma alteração na Rotunda de Mateus e o aumento da área de raides. Numa edição em que o espetáculo vai ser realizado ao longo de três dias, não faltará REVISTAVIVA, MARÇO 2015


O “Ponto de Interrogação”, bem visível no Ford A de Eduardo Ferreirinha, 2º colocado em 1931.

A consagração final dos dois Ford Capri vencedores da corrida de Turismo: à direita o 2300 GT (Grupo 2) de Jorge de Bagration, vencedor absoluto, e à esquerda o 3000 GT de Grupo 1 de Ernesto Neves.

também animação musical nas noites de sexta-feira e sábado. Segundo referiu Rui Santos, a autarquia estima que a adrenalina das corridas atraia mais de 220 mil pessoas à região. De resto, a cidade transmontana estará no centro das atenções mundiais. “O WTCC é visto por mais de 550 milhões de pessoas em todo o mundo. É uma prova acompanhada em 22 países, por mais de 111 canais, e com um retorno económico extraordinário, que poderá chegar a aproximadamente 80 milhões de euros na região norte”, adiantou, acrescentando não ter dúvidas de que este Circuito Automóvel será, assim, “o maior de todos os acontecimentos desportivos

organizados em Portugal em 2015”. A concretização da prova representará um investimento de um milhão de euros, que deverá ser compensado com a receita prevista, no mesmo valor. “Direi, por isso, que a realização do evento é autossustentável”, salientou Rui Santos. Tiago Monteiro, ao serviço da Honda, é o único piloto luso a marcar presença no emblemático campeonato da FIA, tendo reconhecido, na apresentação oficial do WTCC, que “não há nada melhor” do que correr no próprio país. A passagem por Vila Real terá, assim, um sabor especial, já que foi naquela pista que o piloto assistiu, pela primeira vez, às corridas de automóveis.

História de “sacrifício” e “orgulho” As “míticas” corridas – as primeiras realizadas no país – arrancaram em 1931, por ação de Aureliano Barrigas que, em conjunto com um grupo de amigos, escolheu um traçado de 7150 metros desde o centro de Vila Real até ao Palácio de Mateus. Gaspar Sameiro, irmão do conhecido piloto Vasco Sameiro, foi o primeiro vencedor. E tal como referiu o presidente da autarquia, há uma mão cheia de “histórias engraçadas” associadas ao evento. Uma delas reside no facto de, a partir de 1930, ter sido lançado na cidade um imposto sobre cada quilo de carne, de modo a dar resposta aos custos que a organização das provas


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implicava. Nessa primeira edição, a partida seria feita à moda de “Brooklands”, com os pilotos alinhados de um lado da zona da meta e a terem de correr para os carros, estacionados a trabalhar do outro lado, para, então, poderem partir. No ano seguinte, em 1932, foram oito os participantes, sendo que, em 1936, chegou a internacionalização, com a presença de pilotos estrangeiros e com a pavimentação de todo o traçado em alcatrão. Nesse mesmo ano, o cineasta Manuel de Oliveira também se aventurou na adrenalina da pista de Vila Real, ao volante de um BMW315. É nessa altura que brilham, por exemplo, os Bugatti 35 C/ 51, os Alfa Romeo 6C e 8C e os Ford V8. Com a Segunda Guerra Mundial, as provas foram interrompidas e só regressaram à capital transmontana em 1949. Entretanto, no final da década de 50, o circuito recebeu grandes nomes do automobilismo internacional, como Nicha Cabral, David Piper, Sir Stirling Moss e Maria Teresa de Filippis, deixando o público ao rubro com as suas máquinas e performances. Mas o período áureo das corridas deu-se no final dos anos 60 e início da década de 70, com a chegada dos Fórmula 3 e dos Sport-Protótipos, que colocaram Vila Real no mapa-mundi dos motores. De salientar que, em 1969, foi realizada uma corrida de resistência para a classe de Sport que reuniu 28 inscritos: as “Seis horas de Vila Real”, em que o Lola T70 de Mike De’ Udy, o Porsche 908 de David Piper e o Ford GT 40 de Carlos Gaspar fizeram uma das

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mais apreciadas linhas da frente de sempre. Disputada em 1973, a 20.ª edição do circuito foi a última com projeção internacional. Mais tarde, depois de um grave acidente, o evento viria a terminar, reaparecendo em 2007 com uma nova versão, já adaptada às exigentes normas de segurança. Uma longa história “de sacrifício” e de “orgulho” que o atual executivo autárquico pretende continuar a dignificar, acrescentando novas páginas escritas com a paixão automóvel que corre no sangue de cada vila-realense. REVISTAVIVA, MARÇO 2015


DIVERSÃO SEM LIMITES O PENA AVENTURA PARK É, ATUALMENTE, UM DOS PRINCIPAIS PONTOS DE ATRAÇÃO DO NORTE DO PAÍS NA ÁREA DO TURISMO ATIVO, RECEBENDO QUASE CEM MIL VISITANTES POR ANO. Fotos: Pena Aventura Park

São 30 hectares de terreno nos quais se lançam desafios que, inevitavelmente, farão subir os níveis de adrenalina dos mais ousados. No Pena Aventura Park, situado em Ribeira de Pena (distrito de Vila Real), não há limites para a diversão. O espaço de atividades lúdicas e de desportos aventura integra propostas para todas as idades, seja por terra, céu ou água. Sentir na pele a emoção de conduzir um veículo todo-o-terreno, aprender

a manobrar um caiaque, explorar diferentes cenários de paintball ou testar os limites da concentração no tiro ao alvo são alguns dos convites endereçados aos cidadãos. De portas abertas desde 2007, é, hoje, um dos principais pontos de atração do norte do país para o turismo ativo, recebendo cerca de cem mil visitantes por ano. Em 2014, na sequência de um investimento de cerca de cinco milhões de euros

(comparticipados em mais de 3,5 milhões por fundos comunitários, através do ON.2), o espaço adquiriu novos equipamentos de aventura, apostou num edifício multiusos e num parque específico para crianças e desenvolveu as suas soluções tecnológicas, proporcionando, por exemplo, a experiência da “realidade aumentada”, na qual o real surge em interação com o virtual. 700 metros de adrenalina pelas curvas do Alpine Coaster Uma das recentes atrações – inaugurada no âmbito deste último investimento – é o Alpine Coaster, uma montanha russa


P E N A AV E N T U RA PA R K

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que permite desfrutar de belas paisagens da montanha de Lamelas e de Ribeira de Pena ao longo de 700 metros de curvas, contracurvas e loopings horizontais. Tal como explicou Marco Pereira, um dos responsáveis do equipamento, o percurso é efetuado “dentro de um carrinho em cima de um carril, com acesso apenas a um travão”, numa aventura capaz de arrancar sonoras gargalhadas. Outro protagonista da diversão é o Fantasticable, um cabo com 1538 metros de cumprimento que liga, a uma altura de 150 metros, os lugares de Lamelas e Bustelo, permitindo que os visitantes ‘voem’ a uma velocidade máxima de 130 km/h. E a pensar nos mais novos, a estrutura idealizou “um lugar onde a aventura, a fantasia e o sonho nunca têm fim”. Dedicado a crianças dos 3 aos 12 anos, o Pena Aventura Kids é um local onde os miúdos “podem encontrar todas as atividades do parque à sua medida”: o Mini Fantasticable, o Trampolim, o Percurso Aventura, a Escalada, o Splatmaster (semelhante ao paintball) e ainda o Bosque Encantado, no qual é possível desvendar segredos, com a ajuda da Fada dos Bosques e da Raposa Max. Numa simbiose entre natureza e tecnologia, o parque acrescentou novos conteúdos ao seu contexto real, investindo na experiência da “realidade aumentada”, através da qual é possível, neste momento, descer o Fantasticable mergulhando num verdadeiro cenário da pré-história. Com a construção do multiusos, foi possível alargar o leque de atividades disponibilizadas no inverno, num espaço apto à realização de demonstrações desportivas, concertos, mostras de produtos e ações de “team building”. Em breve, o Pena Aventura Park espera também avançar com a criação de um túnel de acesso a zonas da floresta e de um rio artificial, aumentando, assim, o leque de hipóteses oferecidas aos que não prescindem de uma boa dose de emoção. REVISTAVIVA, MARÇO 2015


P H I L I P S

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P H I L I P S

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M Á Q U I N A

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T E M P O

NO TEMPLO DA MEMÓRIA RECENTEMENTE RECUPERADA, A IGREJA DOS CLÉRIGOS FAZ PARTE DE UM CONJUNTO ARQUITETÓNICO QUE MARCA IRREMEDIAVELMENTE O CORAÇÃO DA CIDADE E QUE CONTINUA A ALIMENTAR A ÂNSIA DAQUELES QUE NÃO RESISTEM A UM BOM MISTÉRIO HISTÓRICO. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Rui Oliveira


I GREJA DOS CLÉRIG OS

É o mais importante conjunto arquitetónico erguido na cidade em meados do século XVIII, sendo, hoje, considerado a expressão clara da devoção e da vontade das gentes do Porto. A Igreja dos Clérigos, obra conhecida pela sua famosa torre, foi projetada pelo arquiteto italiano Nicolau Nasoni, que, aliás, continua a ser protagonista de um dos grandes mistérios ligados ao ADN portuense. E basta lá entrar para ter a certeza de que o templo, testemunha da passagem dos

séculos, esconde uma mão cheia de histórias para contar, marcando profundamente a imagem de um centro histórico reconhecido pela Unesco, desde 1996, como Património Mundial. Depois de um período de obras de reabilitação – que encerrou o edifício ao público durante vários meses – as portas da Igreja dos Clérigos voltaram, em dezembro de 2014, a abrir-se à cidade e ao mundo. E ainda que os quase 500 mil visitantes de 2013 (ano da celebração dos 250 anos da conclusão da torre sineira) sejam “difíceis de alcançar”, a verdade é que, tal como reconheceu o presidente da Irmandade dos Clérigos, Américo Aguiar, a curiosidade “dos que jogam em casa” face à igreja tem vindo a aumentar. Portuense ou não, o que é que realmente sabe sobre este conjunto monumental que demorou três décadas a ser construído?

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O terreno onde eram sepultados os enforcados A Irmandade dos Clérigos foi a grande impulsionadora da obra, tendo resultado da fusão de três confrarias que desenvolviam, na Santa Casa da Misericórdia do Porto, uma ação em favor do clero pobre: a Congregação de S. Filipe Neri, a Irmandade de S. Pedro ad Vincula e a Confraria de Nossa Senhora da Misericórdia. “É interessante reparar que, se não se tivessem fundido, em 1707, se calhar, hoje, não existia nenhuma”, constatou Américo Aguiar, adiantando que, a 31 de maio de 1731, foi aprovada a construção da sede da Irmandade. Socorrer clérigos pobres, estivessem estes sãos ou enfermos, fossem irmãos ou não, era o grande objetivo da confraria. E é nesta altura que o percurso de Nicolau Nasoni se cruza, REVISTAVIVA, MARÇO 2015


M Á Q U I N A

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em definitivo, com os destinos da cidade. A convite do Deão do Cabido da Sé do Porto, D. Jerónimo de Távora Noronha Leme e Cernache, o pintor (que se encontrava na ilha de Malta) foi chamado ao Porto, em 1725, para ajudar na renovação estética da Sé. Seis anos depois, o italiano estava precisamente a finalizar os trabalhos de pintura mural nesta catedral, encontrando-se, assim, disponível para abraçar

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um novo (e grandioso) projeto – o da Igreja dos Clérigos. Para a construção do novo templo, a Irmandade aceitaria a doação de um terreno baldio situado no cimo de uma calçada que ia da Fonte de Arca até ao Adro dos Enforcados, onde eram sepultados os criminosos sentenciados na forca e os que morriam fora da religião. “Era o Campo das Malvas”, tal como recordou o cronista

Germano Silva, associando o nome à conhecida expressão ‘mandar às malvas’. Mediante as características do espaço destinado à obra, a tarefa de Nicolau Nasoni não foi fácil. “O terreno apresentava dificuldades porque era inclinado e estreito”, notou o jornalista, acrescentando até que o projeto inicial previa a construção de duas torres, como era habitual nas igrejas, intenção que o arquiteto terá abandonado para adequar o trabalho ao local. “De acordo com os biógrafos de Nasoni, o artista inspirou-se nas torres de Toscana, em Itália, sendo uma forma de exprimir as saudades da sua terra”, sublinhou. O resultado final é aquele que hoje conhecemos. “Há uma tese de Giovanni Tedesco que refere que Nasoni teve também a sorte de encontrar no Porto excelentes profissionais, que transformaram os seus desenhos belíssimos em edifício”, frisou Américo Aguiar. A primeira pedra da igreja foi lançada em 1732 e, em 1748, ainda com o edifício por concluir, dá-se a primeira missa. A imponente torre – com 75 metros de altura e 240 degraus, em espiral estreita – começou a ser construída em 1753, ficando terminada dez anos depois. O conjunto arquitetónico, que integra ainda um hospital erguido para recolher e curar os irmãos doentes e pobres, foi inaugurado e benzido pelo Bispo do Porto da altura no dia 12 de dezembro de 1779.



M Á Q U I N A

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T E M P O

“PARA A MINHA ALMA EU QUERIA UMA TORRE COMO ESTA” Decorada com esculturas de santos, fogaréus, cornijas bem acentuadas e balaustradas, a Torre dos Clérigos teve diversas funções ao longo dos séculos. Para além de servir de baliza aos navios e de sinalizar a chegada dos barcos que traziam encomendas e correspondência de Inglaterra – alertando os comerciantes através do hastear de duas bandeiras – funcionava também como relógio da cidade. Os lojistas tinham um acordo com a Irmandade e instalaram no local uma espécie de pistola com um gatilho, que era acionado ao meio-dia, quando o sol atingia a sua posição vertical, queimando o fio que lhe estava amarrado. E tal como recordou Germano Silva, a torre sineira também inspirou campanhas publicitárias, “a

mais célebre él b em 1917”, ” quando d o proprietário de uma fábrica de bolachas, situada na Rua de José Falcão, pediu a Raul de Caldevilla, “o publicitário mais avançado da altura”, para o ajudar a promovê-las, com vista ao aumento das vendas. Na data escolhida – e depois de vários anúncios no jornal a chamar a atenção das pessoas para ‘o grande dia’ – dois saltimbancos galegos escalaram a torre, sentaram-se no globo e deliciaram-se com as bolachas, enquanto


I GREJA DOS CLÉRIG OS

O mistério (ainda não resolvido) da sepultura de Nasoni Dez anos depois da conclusão da torre sineira, o arquiteto italiano – cuja assinatura se estendeu a outros monumentos, como as igrejas da Santa Casa da Misericórdia do Porto, do Terço e de Nossa Senhora da Esperança; o palacete de S. João Novo; o Palácio do Freixo e as casas da Prelada, do Chantre, de Ramalde e do Viso – faleceu e foi sepultado na Igreja dos Clérigos. O local exato do seu enterramento continua, porém, ‘no segredo dos deuses’. Durante as últimas obras realizadas no templo, foi f i n a l m e n te e n co n t ra d a a cripta do altar-mor da igreja, cuja existência não constituía qualquer novidade, sendo que apenas a sua localização

permanecia desconhecida. “Nós sabíamos que existia uma cripta e tínhamos procurado, sem sucesso, naquele local. Quando levantámos o soalho, os técnicos concluíram que era maciço e que, portanto, não poderia haver lá uma cripta”, contou o presidente da Irmandade. Ainda assim, quase acidentalmente, nesta última empreitada, um trabalhador levantou parte do piso em madeira para colocar um fio elétrico e vislumbrou “algo estranho”, que viria a confirmar-se ser a referida cripta, com oito a dez ossadas. Se alguma delas é de Nicolau Nasoni? Ainda não se sabe. Segundo adiantou Américo Aguiar, a Irmandade dos Clérigos, a Direção Geral do Património Cultural e a Universidade de Coimbra, através do departamento forense, estão a definir uma metodologia para que se possa averiguar se alguma das

Caldevilla registava o momento, sob o olhar atento da multidão. “Foi o primeiro filme publicitário feito em Portugal”, frisou o jornalista, revelando que a campanha foi de tal forma bem sucedida que as bolachas esgotaram. Também a literatura se deixou conquistar pela Torre dos Clérigos em diversos momentos, um deles da autoria de Jorge de Sena, que escreveu, em “Metamorfoses”: “Para a minha alma eu queria uma torre como esta,/ assim alta,/assim de névoa acompanhando o rio.”

MONUMENTO ACESSÍVEL A PESSOAS COM MOBILIDADE REDUZIDA Para além das obras de restauro, destinadas a restituir aos Clérigos “o brilho do século XVIII”, uma das grandes mudanças operadas na última

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sepulturas pertence, efetivamente, ao pintor e arquiteto. Germano Silva recordou, ainda assim, que, à luz dos estatutos da Irmandade, os irmãos leigos (como era o caso de Nasoni) eram sepultados na igreja mas do púlpito para trás, para a porta principal. Desta forma, se não tiver sido atribuído ao pintor um caráter excecional – pelo seu trabalho voluntário em prol da irmandade – a probabilidade de ter sido enterrado na cripta situada debaixo do altar-mor diminui. No entanto, Américo Aguiar confessa estar curioso em relação ao estudo das ossadas. “A nossa dúvida é saber o que passava pela cabeça das pessoas naquela altura. O que terão pensado? Será que não escreveram [o local exato onde foi sepultado o artista] de propósito? Não sabemos”, confessou, expectante.

intervenção foi o aproveitamento do edifício situado entre a torre e a igreja – o antigo hospital, enfermaria e residência do clero – agora convertido em espaços museológicos. Está inclusivamente a ser preparada uma exposição de crucifixos, que deverá avançar brevemente. Mas há outro aspeto que, segundo Américo Aguiar, é fundamental referir. “A nova entrada do lado da Rua da Assunção e o elevador que foi colocado no edifício permitem a visita de pessoas com limitações de mobilidade”, referiu, satisfeito com a abertura do ex-libris da cidade a todos, sem exceção. A visita à torre, essa, continua a exigir a subida da totalidade dos degraus, dada a impossibilidade de instalação de um elevador naquela estrutura. Ainda lhe faltam razões para ir conhecer esta “jóia do barroco” portuense? REVISTAVIVA, MARÇO 2015


P U B L I R E P O R T A G E M

“A CONSTRUÇÃO/REMODELAÇÃO TEM DE SER UMA ATIVIDADE ARTESANAL” COM MAIS DE DUAS DÉCADAS DE EXPERIÊNCIA NA ÁREA DA REMODELAÇÃO, ALEXANDRE ROCCHI, CRIADOR DA ITALREM, ACOMPANHA SISTEMATICAMENTE AS OBRAS DESENVOLVIDAS PELA EMPRESA DE CONSTRUÇÃO, ORGULHANDO-SE DE CUMPRIR O PRAZO INICIALMENTE FIXADO EM CERCA DE 80% DOS PROJETOS.

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undada em maio de 2007, por Alexandre Rocchi, a Italrem é uma empresa de construção civil que realiza, sobretudo, a remodelação integral ou parcial de apartamentos, moradias, condomínios e lojas, ainda que também se dedique à criação de obras de raiz. Numa altura em que, face ao declínio da grande construção, se assistiu a uma multiplicação do número de empresas de remodelação, o fundador da Italrem encontra na experiência profissional a sua maior arma. Com 30 anos de atividade laboral e mais de duas décadas de experiência no setor da remodelação, o engenheiro civil – licenciado pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) em 1984 – decidiu, há oito anos, apostar no lançamento de um negócio próprio, assumidamente marcado pelos ideais da dedicação e do rigor. Esses são, aliás, os grandes princípios orientadores do seu dia a dia de trabalho, uma vez que encara a construção/remodelação como “uma atividade artesanal”. “Não é possível tratar este tipo de

obras de outra forma, caso contrário, não se consegue chegar à perfeição de acabamentos”, defendeu, realçando que assume todo o tipo de tarefas, desde a direção de obra à realização de orçamentos, compras e trabalho administrativo. “Sou capaz de perder uma tarde inteira para ir à Rua do Almada procurar um parafuso específico”, ilustrou, constatando que “o prazer de ver o produto acabado” compensa os longos meses de entrega total a um determinado projeto. Ainda que a principal área de intervenção da Italrem seja a região do Grande Porto, a empresa já realizou obras no Algarve e, recentemente, uma grande construção no Alentejo, desenvolvida ao longo de 14 meses, “com tudo aquilo que há de requinte”. “Foi uma grande experiência para nós. Estiveram envolvidas 80 empresas e passaram pela obra, direta ou indiretamente, 350 pessoas, todas debaixo da minha coordenação”, contou Alexandre Rocchi, que assume a importância de trabalhar com colaboradores de longa data.


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Construção de Herdade no Alentejo - Arqº Lourenço Rocchi

“A familiaridade entre os elementos da equipa é fundamental” Segundo defende o engenheiro civil, na atividade de remodelação, a pirâmide hierárquica “tem de ser extraordinariamente pequena”, de forma a facilitar o contacto entre o diretor de obra e os operários com vista ao sucesso das tarefas. E a dinâmica estabelecida entre o dono da obra, o seu diretor, o chefe de equipa de cada arte e os operários é algo que o fundador da empresa já domina como ninguém. Por outro lado, já que encara a construção civil (à escala da pequena e média obra) como “uma relação entre pessoas” e não “um contrato” entre cidadãos, faz questão de acompanhar sistematicamente o desenvolvimentos dos projetos. “A minha permanência nas obras é diária porque acredito na presença do ‘general’ na frente de trabalho e não atrás das linhas”, frisou, acrescentando conhecer alguns dos seus colaboradores “há mais de 20 anos”. A familiaridade dos elementos da equipa

é, assim, uma condição fundamental para que seja possível encarar a construção civil como “uma ciência exata” e ultrapassar todos os problemas que surgem ao longo da obra. De resto, o cumprimento rigoroso dos prazos fixados é outra prioridade de Alexandre Rocchi, pelo que, neste momento, cerca de 80% das suas obras estão a terminar dentro da data estabelecida, com os outros 20% a acabarem “poucos dias depois”. Desta forma, para o engenheiro, não há dúvidas de que “o futuro está nas mãos de quem se atira ao trabalho”, razão pela qual gosta de recordar uma expressão que teve oportunidade de ler há muitos anos. “Acredito muito na sorte. Quanto mais trabalho, mais sorte pareço ter”, citou.

Alexandre Rocchi – Engº civil 91 985 4915 | 22 617 9368 arocchi@italrem.pt www.italrem.pt

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C O N H E C E R

CC BOMBARDA

Quando o comercial e o cultural andam de mãos dadas SITUADO EM PLENO “QUARTEIRÃO DAS ARTES”, O CENTRO COMERCIAL BOMBARDA ESCAPA À HABITUAL ESTANDARDIZAÇÃO DAS ÁREAS COMERCIAIS, ACOLHENDO LOJAS TEMÁTICAS E DE DESIGN, GALERIAS DE ARTE E DE JOALHARIA, MODA E ACESSÓRIOS, PRODUTOS DE AUTOR E VINTAGE. UMA MÃO CHEIA DE SURPRESAS À DISPOSIÇÃO DAQUELES QUE NÃO TÊM MEDO DE EXPLORAR OS SENTIDOS. Fotos: Rui Oliveira

É como se o coração de filigrana – graffiti de Costah e Hazul, pintado a poucos metros da entrada principal do Centro Comercial (CC) Bombarda – desvendasse os batimentos cardíacos intensos e acelerados de uma área profundamente ligada ao orgulho criativo e histórico do Porto. Se, para alguns, o “Quarteirão das Artes” ainda é um mistério, para outros já se transformou num importante ninho de propostas

de vanguarda da cidade. À diversidade cultural das galerias de arte junta-se a componente histórica de m u i to s e d i f í c i o s d a q u e l a zona, que encontraram na recuperação e reabilitação os seus valores de sucesso. É o caso do Solar de Santo António, cujas fachadas, do século XIX, foram inteiramente mantidas, integrando, hoje, não só uma área de oferta residencial como todo o espaço do CC Bombarda,

“concept gallery”, com parque de estacionamento, que foge ao tradicional conceito de shopping. Espaços que prometem conquistar e… surpreender À entrada, a Sirgaria Castro parece transportar o visitante para um ambiente de requinte, com a disponibilização de peças que ajudam a realçar a d e c o ra ç ã o n ã o s ó d e habitações particulares mas também de hotéis, palácios e locais bem conhecidos dos portuenses, nomeadamente o Palácio da Bolsa e o Teatro Nacional São João. Na montra da Loja do Museu do Estuque sobressaem os mais diversos exemplares de uma arte com quase mil anos, que continua a afirmar-se especialmente devido à ação da Crere,


CCBOMBARDA

empresa a quem foi entregue um vasto espólio público e que se dedica à preservação do património cultural e à sua reinterpretação. A Organii, por sua vez, surge a explorar a cosmética biológica, desafiando os visitantes a tratarem do corpo enquanto cuidam do planeta. Na Mui Gourmet, para além dos artefactos do Vietname e do Japão, é possível descobrir o toque exótico e biológico das tisanas, dos chãs e das compotas.

Mesmo ao lado, na Zareca’s Story, há roupa e acessórios Vintage, numa loja que parece ter sido retirada de um filme dos anos 50, com candeeiros, cadeiras e tapetes reveladores dos vários estilos do último século. E seguindo pelo corredor da galeria, onde a luz natural entra a cada passo, rapidamente se encontra a Adorna Corações, um espaço com propostas únicas de joalharia e fotografia contemporânea,

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fundado em 2001 e dirigido por Estefânia de Almeida. Outro espaço único nesta cosmopolita zona portuense é a loja Águas Furtadas, dedicada exclusivamente ao que de melhor se faz a nível de reinterpretação do artesanato português. No CC Bombarda também é possível conhecer as propostas exclusivas da estilista Eugénia Cunha, bem como as últimas tendências de penteados, no salão de cabeleireiro Hair Identity. Entre o poder da sétima arte e o aroma a chocolate Para os cinéfilos e apaixonados por literatura, a Vertigo Store pode ser um ponto de paragem obrigatória. Entretanto, o mais provável é começar a sentir-se o doce aroma libertado pelo restaurante e café Pimenta Rosa, que disponibiliza REVISTAVIVA, MARÇO 2015


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um dos melhores bolos de chocolate nacionais, em fatias bastante generosas. Esta e outras iguarias podem ser degustadas na esplanada, onde existe, desde 2014, uma Horta Urbana Sustentável, fruto de um projeto da associação Sustenta, que pretende ensinar a produzir dentro da cidade, realizando formações com base em conceitos como a hidroponia. Primavera traz novidades de degustação Com a chegada da primavera, os visitantes serão desafiados a alinhar numa aventura de degustação pelos sabores mais especiais da Casa Diogo, mercearia fina que combina famosos biscoitos com apetecíveis iguarias transmontanas. No espaço é possível relaxar e desfrutar de uma tábua de queijos, de um copo de vinho ou de outro produto à escolha. Entre as grandes ‘estrelas’ estão as Bolachas Francesas, cuja história, lendária ou não, é transmitida de geração em geração. O nome do

biscoito terá sido escolhido na época das Invasões Francesas, quando solicitaram ao tetra-avô do atual responsável da loja que fizesse as bolachas mais finas para que fosse possível alimentar um maior número de soldados. M a s a “co n ce p t g a l l e r y ” desafia também os visitantes a embarcarem numa aventura pela cozinha regional dos Açores, no restaurante “Sabores & Açores”, por Tia Lhu, ao lado do qual se encontram as propostas de roupa e adereços da Flirt, num verdadeiro ‘flirt’ entre várias marcas. E a pensar nos

CC Bombarda - Rua Miguel Bombarda, n.º 285 Estacionamento – Parque do Carregal

mais novos, a Index Livraria reúne mil e uma sugestões de brinquedos para animar o dia a dia das crianças, contribuindo para o seu crescimento saudável. De realçar também a ação da galeria Gingko, focada na arte contemporânea europeia e asiática, que iniciou a sua atividade expositiva com a homenagem a um dos génios da cultura portuguesa do século XX: Siza Vieira, num espaço original desenvolvido pelo filho do conhecido arquiteto, Álvaro Leite Siza.



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EDP GÁS UMA EMPRESA PRÓXIMA DA COMUNIDADE A SOLIDARIEDADE E A RESPONSABILIDADE SOCIAL FAZEM PARTE DO ADN DA EDP GÁS. AÇÕES DE VOLUNTARIADO, APOIOS, PATROCÍNIOS E PROJETOS ESCOLARES SÃO EXEMPLOS DE INICIATIVAS EM PROL DA COMUNIDADE PROMOVIDAS PELA EMPRESA. FOI O QUE ACONTECEU, UMA VEZ MAIS, EM 2014, E O BALANÇO FINAL É MUITO POSITIVO.


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Sociedade em geral A EDP Gás tem desenvolvido, desde sempre, uma relação próxima da comunidade. Para além do Porto, onde se encontra a sede da empresa, as ações são promovidas um pouco por toda a área de concessão da EDP Gás Distribuição, a distribuidora de gás natural nos distritos do Porto, de Braga e Viana do Castelo. Em 2014, continuou a apoiar as principais provas desportivas realizadas no Norte: Meia Maratona e Mini Maratona de Famalicão, Corrida do Dia do Pai, Corrida da Mulher, Corrida do S. João de Braga, Corrida do Parque à Noite e Encontro Luso-Galaico de BTT. A empresa realizou, ainda, as caminhadas solidárias “Todos a andar”, no âmbito de algumas corridas: Meia Maratona Manuela Machado

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(Viana do Castelo), Corrida do Carnaval (Lousada), Corrida do S. João (Porto) e Grande Prémio S. Pedro (Póvoa de Varzim). Mais de 43 mil pessoas participaram nestas iniciativas, a maior parte delas com uma vertente de responsabilidade social, tendo sido entregues 54.197 euros a várias instituições. Na lista de entidades apoiadas em 2014 estão a Cruz Vermelha de Viana do Castelo, os Bombeiros

Voluntários de Lousada, a APPACDM (Associação de Pais e Amigos do Cidadão Deficiente Mental), Ajudaris, IPO (Instituto Português de Oncologia) do Porto, Cruz Vermelha de Braga,

Ala Pediátrica do Hospital de Braga, Centro Social Padre David, Associação de Solidariedade e Ação Social de Ramalde (ASAS) e a Associação do Porto de Paralisia Cerebral.


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Comunidade escolar O p ro j e to “ E n e rg i a co m vida” da EDP Gás nasceu em 2010 e desafia, desde então, os alunos das escolas básicas e secundárias da área de concessão da EDP Gás Distribuição a criarem projetos de apoio ao desenvolvimento humano na comunidade. Esta iniciativa de apelo à cidadania ativa envolveu, na edição de 2013-2014, 122 escolas, 5.519 alunos e 360 professores em ações que beneficiaram quase 15 mil pessoas.

Desde o início do “Energia com Vida”, os alunos participantes desenvolveram e implementaram 373 projetos de intervenção social, contribuindo de forma ativa e empenhada para melhorar problemas e responder a necessidades identificadas nas suas comunidades (pobreza/ fome, conviver com a diferença, população sénior, desemprego, sustentabilidade ambiental, entre outros). A 5ª edição já está nas escolas e, desta vez, em todo o território nacional, com o apoio da Fundação EDP.

De referir que, em 2013, a EDP Gás lançou, no Porto, o projeto “Valorizar os Valores”. Com o objetivo de promover o espírito desportivo através do rugby, a iniciativa difunde os valores intrínsecos à modalidade, nomeadamente o fair play, a verdade desportiva e o respeito pelo outro. Na edição de 2014 estiveram envolvidos 4.840 alunos do Grande Porto. Este ano, após o sucesso no Porto, a EDP Gás leva o projeto “Valorizar os Valores” também aos distritos de Braga e Viana do Castelo.

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Colaboradores A dedicação dos colaboradores é outro exemplo forte do espírito de solidariedade da EDP Gás. Os colaboradores participam em diversas ações de voluntariado ao longo do ano. Em 2014, remodelaram

espaços, distribuíram alimentos e presentes e provocaram sorrisos a crianças, idosos e sem abrigo, nomeadamente nas seguintes instituições: Ala Pediátrica do Hospital de São João, Centro de Dia da Junta de Freguesia do Bonfim, Casa do Pinheiro

da Associação Novo Futuro, AMI – Centro Porta Amiga do Porto, Instituto Profissional do Terço, Cruz Vermelha (Delegação das Marinhas), Centro António Cândido, Colégio do Rosário, Casa do Gaiato de Penafiel e Espaço T.



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“TENHO SEDE DE REPRESENTAR” GOSTA DE TER OS PÉS BEM ASSENTES NO CHÃO – PARA PERCEBER, COM CLAREZA, O QUE DEVE MELHORAR, A CADA DIA – MAS DESISTIR DE LUTAR PELOS SEUS OBJETIVOS NÃO É, SEQUER, UMA POSSIBILIDADE. DIANA MONTEIRO, ATUAL APRESENTADORA DO PROGRAMA SOCIAL “GUESTLIST” (EMITIDO ÀS QUARTAS-FEIRAS NA TVI), INICIOU A AVENTURA PELO MUNDO DA REPRESENTAÇÃO NA SÉRIE “MORANGOS COM AÇÚCAR” – ERA UM DOS ELEMENTOS DAS “JUST GIRLS” – E ‘SALTOU’ PARA O GRANDE ECRÃ NO FINAL DO ANO PASSADO, NA COMÉDIA “VIRADOS DO AVESSO” (DE EDGAR PÊRA), AO LADO DE DIOGO MORGADO E JORGE CORRULA. A VIVER, ATUALMENTE, EM LISBOA, POR RAZÕES PROFISSIONAIS, ESTÁ BEM CIENTE DOS SEUS OBJETIVOS: CONTINUAR A REPRESENTAR E A DESENVOLVER OS LAÇOS QUE, GENUINAMENTE, A LIGAM À ‘FIEL AMIGA’ E MUITAS VEZES CONSELHEIRA… MÚSICA. Texto: Mariana Albuquerque

Como descreve o processo de transição entre o anonimato e o reconhecimento no meio artístico? Sinto que foi algo que aconteceu de forma muito gradual. Na minha realidade, a fama era algo que não existia, esse não era o sonho. O sonho era cantar, representar, e isso é que acabou por me tornar conhecida, não de forma imediata, mas com os anos. A minha relação com a fama não existe porque não penso nela, não é um foco, vivo o meu dia a dia, trabalho muito

para conseguir fazer o que amo da melhor forma e, quando me conhecem na rua, fico feliz porque, afinal, são as pessoas que alimentam o que fazemos. Sem público a arte morre! O que é que mais a surpreendeu no universo da televisão? A televisão é a caixinha mágica. Quando lá cheguei era muito nova, tudo era novidade e tive de aprender a lidar com o ritmo alucinante que se vive atrás das câmaras. As oportunidades têm de ser agarradas, mas bem es-


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“Sabermos para onde queremos ir é a nossa maior arma. Nenhum maratonista corre sem uma meta, é isso que o move.”

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capaz de voltar atrás... Que era o início de uma batalha que eu não ia conseguir largar. E isso foi assustador! Perceber que tinha um sonho que iria perseguir o resto da vida, ainda que me fosse negado.

colhidas porque não podemos querer estar em todas. A televisão tem esse efeito, ficamos a depender dela. Em determinadas alturas em que não fiz televisão achei que, se estivesse sem aparecer, não ia conseguir chegar às pessoas com o meu trabalho, mas depois percebi que não era assim e tive a coragem de me render a outros desafios. Consegui sempre manter o equilíbrio e sinto que só assim é que consegui manter-me sã. Foi viver para Lisboa em 2006. O que é que mais a marcou na mudança para uma nova cidade? Foi tudo muito marcante. Saí do Porto e larguei tudo o que tinha – namorado, amigos, família – para correr atrás de algo que não sabia se iria resultar. O que mais me marcou talvez tenha sido precisamente o facto de perceber que nunca mais seria

Como avalia a sua participação na série juvenil “Morangos com Açúcar?” Com muito carinho e nostalgia. Foi onde tudo começou, onde aprendi muita coisa. Percebi que, ali, ainda não somos nada, mas podemos vir a ser, se ouvirmos, observarmos e sugarmos tudo o que pudermos para levar connosco. Gravei durante dois anos e quando terminou chorei imenso. Ainda tenho fotos de cenas, os guiões… Foi maravilhoso e penso que todos os que conseguiram fazer parte da série me entendem. Marcou uma geração de miúdos e fico feliz por ter passado por lá. A aposta numa carreira musical a solo continua nos seus planos? A música nunca deixará de estar nos meus planos. Não sei quando [vou dar um novo passo], mas não tenciono deixá-la, não conseguiria. Apenas acho que tenho de fazê-lo quando realmente sentir [que é o momento]. Tem sido complicado encontrar o meu caminho na música; não a encaro como um negócio, não consigo vê-la dessa forma. Preciso de amar, de sentir o que canto e a música chega sempre para me salvar quando preciso dela. Continuo a escrever imenso, aliás, tenho até escrito em português, algo que, antes, não fazia, por isso, sei que voltarei [ao


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universo musical] quando sentir que estou preparada. O futuro (profissional) é algo que a assusta? Assusta, claro. Penso que, neste momento, todos em Portugal se sentem assustados com o futuro profissional, seja na minha área ou noutra qualquer. Não posso é parar para pensar nisso, senão perco a força e isso não pode acontecer. Sou muito realista, mas também acredito que temos a capacidade de conseguir o que queremos se nos focarmos nisso, com muita força, e sairmos de casa todos os dias com um objetivo. Sabermos para onde queremos ir é a nossa maior arma. Nenhum maratonista corre sem uma meta, é isso que o move.

Quais os desafios superados com a participação no programa “A tua cara não me é estranha”? Acima de tudo superei-me ao tentar imitar outros cantores, que é algo no qual sempre fui péssima! Não sei imitar pessoas, sei cantar com a minha voz – que é muito específica – e isso levou-me a puxar muito por mim, a experimentar coisas diferentes na área do entretenimento, que é algo que me fascina. Entrar n’ “A tua cara não me é estranha” foi muito divertido nesse sentido, superei-me em alguns aspetos e aprendi a colocar a voz de forma a poder transformá-la. O CC [Carlos Coincas] é um excelente professor. Foi uma experiência que não vou esquecer.

Quais as maiores lições adquiridas nos últimos anos? Aprendi que vou falhar muitas vezes, acertar outras tantas e se, pelo meio, for aprendendo e tirando notas, sou capaz de me safar! (risos)

Quais os melhores momentos vividos no âmbito do filme “Virados do Avesso”? Todos. Não posso citar um, rodar este filme foi intenso. Tínhamos pouco tempo para filmar, mas poder fazer cinema e protago-

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nizar este filme ao lado do Diogo Morgado e do Jorge Corrula foi uma oportunidade maravilhosa. O elenco era fantástico e tivemos momentos hilariantes durante as filmagens. Quero muito investir nesta área e fazer mais, tenho sede de representar. Quem são as suas maiores inspirações a nível artístico? Algumas pessoas gostavam de ter nascido nos anos 60, outras nos anos 80… Eu sinto que nasci na era certa e isso é maravilhoso porque os meus ídolos estão todos vivos! (risos). Na representação, Angelina Jolie é a minha eterna diva; na música adoro soul e R&B. Emile Sandé e John Legend têm a sonoridade que eu gostaria de explorar na minha música. São duas grandes fontes de inspiração para mim. Ao olhar para trás, do que é que mais se orgulha? Orgulho-me de ter sido sempre fiel a mim mesma e de nunca ter abdicado do que me fazia feliz. REVISTAVIVA, MARÇO 2015


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Continuar a fazer história COM ATIVIDADES E PROPOSTAS IDEALIZADAS A PENSAR EM PÚBLICOS DE TODAS AS IDADES, O MUSEU DO FC PORTO BY BMG ESTÁ A REFORÇAR A SUA AFIRMAÇÃO NOS ROTEIROS TURÍSTICOS DA CIDADE, APOSTANDO NA TECNOLOGIA, INTERATIVIDADE E, ACIMA DE TUDO, NA EMOÇÃO, DESDE SEMPRE LIGADA AO UNIVERSO AZUL E BRANCO.

Fotos: FC Porto/adoptarfama

De portas abertas à cidade e ao mundo há apenas um ano e meio, o Museu do FC Porto by BMG ocupa já um lugar de destaque nas agendas culturais portuenses, assumindo-se cada vez mais como um espaço privilegiado onde portugueses e estrangeiros desfrutam da Invicta no universo “mágico” da memória azul e branca. E se a imponente “Valquíria Dragão” (peça assinada pela artista plástica Joana Vasconcelos) suscita olhares de admiração logo à entrada do museu, a verdade é que, um pouco mais à frente, as estátuas de André Villas-Boas, José Mourinho, Bobby Robson, Emídio Pinto e Dale Dover, entre outras, funcionam como um verdadeiro convite à entrada na máquina do tempo, onde nem é preciso apertar o cinto de segurança para viajar pelos 120 anos de história do clube. Mais do que um baú de recordações – com objetos míticos do espólio

de uma longa jornada de feitos desportivos – o equipamento disponibiliza um conjunto de valências (auditório, sala de serviço educativo e Museu Caffé, por exemplo) que o transformam numa zona cultural multifunções. Não será, assim, de estranhar que, ao longo do primeiro ano de vida, o Museu do FC Porto by BMG tenha superado a meta (inicialmente estabelecida) das 120 mil visitas pagas, chegando às 123 mil. Número que, aliás, não integra as cinco mil pessoas que participaram nas mais de duas centenas de atividades (de música e dança, oficinas, mini campos de férias, visitas temáticas) dinamizadas pelo espaço. A caminho do segundo aniversário (que será celebrado a 28 de setembro), o clube já assegurou que pretende continuar a atrair os mais diversos públicos ao museu, que está no “Top 10” das atrações turísticas da cidade apresentado pelo site de viagens TripAdvisor.


MUSEU

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Um espaço “vivo”... um projeto “em aberto” Constituído por uma área de quatro mil metros quadrados de exposição permanente – e outros três mil de zona pedagógica e de lazer – o museu é, de acordo com o clube, “um projeto em aberto”, que vai acrescentando objetos ao seu espólio (sabia que o Dragão de Ouro entregue a Pinto da Costa no dia da abertura do espaço e da comemoração dos 120 anos do FC Porto foi o primeiro objeto doado à estrutura?). De resto, há mini exposições e momentos de tributo ativados com frequência, despertando o lado emocional dos visitantes, independentemente das cores da camisola que defendem. Para muitos, o equipamento, que propõe uma viagem sensitiva pela história desportiva, com cerca de 300 vídeos a funcionar em permanência (80% dos quais interativos), suplanta até os museus de outros grandes cubes, como o Real Madrid e o Barcelona. No momento do primeiro aniversário, foi acionada uma homenagem a Fernando Moreira de Sá, vencedor da Volta a Portugal em bicicleta de 1952, com a camisola do FC Porto, único clube que representou. A bicicleta e outros objetos do falecido atleta, doados pela família, podem, assim, ser vistos pelos visitantes do museu. Mais recentemente, já no início deste ano, foi recordado o legado do ex-jogador e técnico do FC Porto José Maria Pedroto. Durante os dias de homenagem, além dos registos documentais, REVISTAVIVA, MARÇO 2015


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alguns dos melhores momentos da sua carreira. “Olho para este Museu e fico com um sentimento de dever cumprido. É um orgulho indescritível estar eternizado na história de um clube com a grandeza do FC Porto, num espaço maravilhoso como este. É o reconhecimento de todo um trabalho que culminou em grandes conquistas”, referiu o “Ninja” que, com a camisola azul e branca, venceu dois Campeonatos, uma Taça de Portugal, duas Supertaças, uma Taça UEFA, uma UEFA Champions League e uma Taça Intercontinental.

vídeos e imagens a fazer lembrar nel com mais de 30 mil troféus o “mestre”, os orientadores do do clube. espaço (que acompanham as Os vários recantos da memóvisitas do público) usaram, sim- ria portista já foram visitados bolicamente, a boina à “Zé do por diversas figuras de relevo, Boné”, tal como ele era conhe- nomeadamente Messi, Madjer e cido nas lides do futebol. E por Derlei. Recordado pelo golo de falar em exposições temporárias, calcanhar que assinou na final no segundo trimestre deste ano, da Liga dos Campeões de 1987, o equipamento espera ver con- em que os “dragões” venceram cluída uma sala especificamente ao Bayern, em Viena, na Áustria destinada a este tipo de tributos, – momento que, aliás, está eterbaseados numa figura de relevo, nizado no museu – Madjer teve num troféu, numa efeméride ou oportunidade de mergulhar nos num simples objeto. Além disso, 120 anos de história, que o próo emblema recorda que a ‘má- prio ajudou a escrever. Terminado quina do tempo’ azul e branca, o percurso pelo espaço, o antigo tal como se encontra atualmente, craque azul e branco fez questão constitui apenas uma parte do de deixar uma mensagem no livro grande projeto do Museu do FC de visitas: “Um grande amor e Porto by BMG, ou não perma- respeito pelo clube. Obrigado necesse nos sonhos de Pinto da por tudo. Um abraço, Madjer”. Costa a criação de uma sala 4D Derlei também se aventurou num e da “Gruta do Dragão”, um tú- regresso ao passado, revivendo

Apostar na programação para adultos Se, até agora, o serviço educativo – que abrange, além de crianças, estudantes universitários das mais diversas áreas e alunos das universidades seniores – marcou profundamente a agenda cultural do Museu do FC Porto by BMG, a partir de abril, o equipamento pretende apostar numa mão cheia de atividades para adultos. As novas propostas estarão associadas à música e à área da palavra e do conhecimento (tertúlias e conferências), englobando visitas temáticas de ligação do museu à cidade. Entretanto, as principais efemérides celebradas pelos cidadãos vão continuar a gerar surpresas nos diferentes palcos da viagem emocional proposta pelo clube, tal como aconteceu, recentemente, no Dia dos Namorados. Em parceria com o Museu Caffé, foi lançado um almoço especial, numa proposta que brindou os mais românticos com entradas no espaço, ao som de música adequada à data. Também no


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Dia da Rádio, comemorado a 13 de fevereiro, ecoaram no hall de entrada do espaço os relatos dos melhores golos portistas, pela voz dos mais emblemáticos locutores. E numa altura em que se aproxima a Páscoa, os mais pequenos serão desafiados a passar “Um Dia na Terra do Dragão”, iniciativa que decorrerá entre 23 e 27 de março, com atividades que envolvem todo o universo azul e branco, desde o Estádio do Dragão ao Museu, Dragão Caixa, Academia de Bilhar e Porto Canal. Mais tarde, em abril, a Revolução dos Cravos também vai ser recordada, com a sugestão de um percurso pela história do clube e do país ao longo do século XX, desde os dias cinzentos da ditadura à explosão de cor e triunfos que se seguiram à revolução de 25 de Abril de 1974. Tal como é habitual, o equipamento não deixará igualmente de recordar, em dezembro, a conquista das Taças Intercontinentais de 1987 e 2004, levantadas no Japão. Em 2014, foi criado um pacote especial que, sob o lema “Até os comemos”, oferecia uma refeição de sushi no Museu Caffé e a viagem pelas lembranças dos dois momentos da história portista. Uma mão cheia de desafios que a estrutura vai continuar a lançar aos cidadãos, havendo já a garantia de que o clube manterá a aposta na integração do Museu nos roteiros turísticos – fruto de diversas parcerias estabelecidas com empresas como a Douro Azul e da participação em eventos como a Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) 2015, na qual o equipamento se estreou recentemente com um stand. REVISTAVIVA, MARÇO 2015


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CONVIVER NA BAIXA PORTUENSE SÃO ESPAÇOS SITUADOS BEM NO CORAÇÃO DO PORTO QUE PROMETEM SURPREENDER OS VISITANTES COM BEBIDAS IRREVERENTES, PETISCOS CAPAZES DE FAZER CRESCER ÁGUA NA BOCA E CUPCAKES COLORIDOS. JÁ CONHECE O “THE GIN HOUSE”, O “SINDICATO” E O “MOUSTACHE”? Fotos: Rui Oliveira

SUGESTÕES DE GIN... PARA TODOS OS GOSTOS Situado no número 70 da Rua Cândido dos Reis, o “The Gin House” apresenta-se à cidade do Porto como um espaço especialmente dedicado aos apreciadores de gin, bem como a todos aqueles que decidam partir à descoberta desta bebida. Para além de uma esplanada, voltada para uma das artérias mais movimentadas da noite portuense, o bar disponibiliza duas salas, uma delas usada como pista de dança, ao som do pop/rock dos anos 80 e 90. E basta reparar nas prateleiras iluminadas, atrás do balcão, e nas próprias vitrines do bar para ter a certeza de que, entre as mais de 160 variedades de gin, há sugestões para todos os gostos. O espaço abre as suas portas às 19h00 para que também os fins de tarde possam ser aproveitados entre os mais comuns gins secos e os mais irreverentes gins aromáticos, frescos, doces ou frutados.


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“COMER, BEBER E SOCIALIZAR” NO SINDICATO Mais do que um bar, é um espaço pensado para o convívio entre amigos, sob o lema “Eat, Drink, Socialize” [Comer, beber, socializar]. No número 141 da Rua Conde Vizela, o Sindicato abre-se à cidade como um local democrático, com uma decoração onde sobressaem fotografias de Che Guevara, Mandela, John F. Kennedy ou Martin Luther King. Também aberto à hora do almoço, disponibiliza uma mão cheia de petiscos, consoante apetites e desejos: desde a famosa francesinha a tábuas de queijos e enchidos, pregos, hambúrgueres e outras iguarias.


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MOUSTACHE: O ELOGIO AO BOM CAFÉ Moderno e cosmopolita, o Moustache é um espaço que promete fazer as delícias de quem não resiste ao sabor intenso do grão de café italiano. O edifício, debruçado sobre a Praça Carlos Alberto, foi recuperado de forma a criar um ambiente exterior propício às conversas na esplanada e uma zona interior mais intimista, na qual é possível trabalhar, comodamente, enquanto se aprecia um cremoso cappuccino ou um macchiato latté. E ao provar estas bebidas, que nascem do casamento perfeito entre leite e café, o mais

provável é que fique mesmo com um “bigode” de espuma no rosto, tendo sido exatamente essa a inspiração para o nome da cafetaria, palco de tertúlias e discussões de ideias. O espaço, que também conquista fãs entre os apreciadores de cupcakes coloridos e bolos dos mais diversos sabores, abre às 11h00 (excetuando ao domingo, no qual apenas abre da parte da tarde), encerrando às 2h00, de quinta a sábado. De segunda a quarta e aos domingos fecha às 20h00.


Fotos: Moustache

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“Quem vem e atravessa o rio...” CHEGAM DE DIFERENTES CANTOS DO MUNDO E TODOS ACABAM POR PARAR, NEM QUE SEJA POR BREVES INSTANTES, A ADMIRAR A BELEZA DO RIO DOURO. QUER SABER O QUE REALMENTE SURPREENDE OS TURISTAS QUE VISITAM O PORTO?

Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Rui Oliveira

É uma cidade que junta, no currículo, a eleição como Melhor Destino Europeu (em 2012 e 2014), o primeiro lugar, atribuído pela editora Lonely Planet, da lista dos 10 destinos de férias de eleição na Europa (em 2013) e o segundo lugar dos prémios “Travelers Choice”, concedidos, no mesmo ano, pelo site de viagens TripAdvisor, entre outras distinções, mas que encontra no rio Douro e na simplicidade dos cidadãos os seus maiores trunfos. Na verdade, quando chegam ao Porto – provenientes dos mais diversos países – os turistas parecem não resistir a três ingredientes: à beleza da zona ribeirinha – com as suas casinhas em cascata – aos episódios históricos escondidos em cada recanto e à autenticidade dos portuenses, sempre prontos a ajudar nem que seja por gestos. Estes são, pelo menos, os aspetos que os estrangeiros mais referem, nos breves minutos de interrupção das suas deambulações pelo

centro histórico da cidade, zona classificada pela UNESCO como Património Mundial. Conquistados pela beleza da arquitetura Os caminhos de Mariana, Camila, Marina e Luíque, jovens brasileiros com formação na área da arquitetura, só se cruzaram em Lille, no norte de França, para onde decidiram ir estudar Artes ao abrigo de um programa de intercâmbio. “No Brasil não nos conhecíamos, mas escolhemos a mesma escola francesa e tivemos a sorte de ficar na mesma turma”, contou Luíque. Numa interrupção letiva de alguns dias, quiseram abandonar “o frio terrível” do inverno francês e partir à descoberta de algumas cidades. E foi então que o Porto lhes surgiu como hipótese. “O voo para cá era mais barato e alguns amigos tinham-nos dito que era um local muito agradável. Além disso, como Portugal e Brasil têm uma enorme ligação histórica, pensei ‘vamos lá!’”,


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co n to u Mariana. A chegada à Invicta, especialmente ao centro histórico, foi acompanhada de longas expressões de admiração. “Quando chegámos, vimos pormenores da arquitetura de Itália, da arquitetura colonial do Brasil... enfim, foi uma enorme surpresa. Achei a cidade linda!”, reconheceu a jovem, natural de Fortaleza. Dos quatro, Marina era a única que já havia estado em Portugal. “Passei um mês em Cascais porque tinha uma tia a morar lá. Mas, na altura, não tive oportunidade de vir conhecer o Porto, ainda que me tivessem falado muito da cidade. Hoje confesso que estou encantada”, sublinhou. Luíque partiu à descoberta da Invicta completamente ‘às escuras’. “Não conhecia absolutamente nada. Tudo o que estou a ver agora é surpresa, mas sempre me disseram que Portugal tinha uma arquitetura muito diferente e já consegui reparar nisso. Em termos arquitetónicos, o Porto tem muitas peculiaridades”, constatou, adiantando que, durante a manhã, tiveram oportunidade de percorrer a Avenida dos Aliados, subir em direção aos Clérigos e entrar na

Livraria Lello. “Aquela escadaria vermelha é lindíssima e faz mesmo lembrar o Harry Potter!”, frisou Luíque, entusiasmado, referindo-se ao facto de ser conhecida por ter inspirado as escadas de Hogwarts nos livros de J.K. Rowling, que morou no Porto, sendo uma cliente habitual da livraria. D e p o i s d i s s o, o s q u a t ro aventureiros foram à Torre dos Clérigos, voltaram a descer até à Estação de São Bento, espreitaram a Sé e, como não poderia deixar de ser, foram ao tabuleiro superior da ponte Luís I, onde passa o metro, para desfrutar da paisagem sobre o Douro. “Como estudamos arquitetura estivemos a ver as pontes e até um pouco da história

de Gustave Eiffel [engenheiro francês responsável pela construção da Ponte Maria Pia]”, realçou Mariana, adiantando que sempre se questionou sobre o que estaria por trás do Porto. Camila chegou à cidade sem grandes expectativas, mas, agora, não tem dúvidas de que pretende voltar, com mais tempo e, se possível, durante o verão. A zona da Ribeira, onde foram a seguir, foi um dos locais de que mais gostou. “Adorei as casinhas tão próximas, as ruas estreitas. É uma zona repleta de história”, concluiu. E o vinho verde? “Buenisimo!” Perdidos junto à Estação de São Bento, é com um sorriso no rosto que Brenda


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e António, provenientes da cidade espanhola de Ronda (na província de Málaga), pedem indicações para a Praça D. João I. Caminham apressados, em busca de um restaurante que lhes foi recomendado, mas não hesitam em parar uns minutos para falar sobre a cidade que os acolhe no momento. “É absolutamente monumental, os edifícios são belíssimos”, reconheceu Brenda, admitindo que, das cidades portuguesas que conhece – Lisboa, Batalha, Coimbra e Alcobaça – o Porto é, “sem dúvida”, a sua preferida. “Quero conhecer todo o país, mas a nossa filha é apaixonada pelo Porto e aconselhou-nos muito esta visita”, contou. E, de facto, em poucos minutos, a zona ribeirinha conquistou o casal. “A Ribeira do Porto é linda, a comida, no geral, é ótima e as pessoas são muito, muito amáveis!”, referiu António, reconhecendo, bem disposto, que a língua portuguesa, essa, é complicadíssima. “E o vinho verde? Maravilhoso!”, afirmou,

entre gargalhadas, momentos antes de encontrar o percurso correto rumo à praça do Rivoli Teatro Municipal. “É o primeiro sítio onde vou voltar quando regressar a Portugal” De binóculos ao peito e com outros objetos espalhados pela cintura, Brooke está prestes a regressar aos Estados Unidos da América, mas já planeia voltar à Invicta. “Adorei a cidade, aliás, é o primeiro sítio onde vou voltar quando regressar a Portugal”, assegurou a norte-americana,

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que decidiu ‘queimar os últimos cartuchos’ da visita com um passeio pelo centro histórico, antes de ir ao encontro do companheiro de viagem, retido no hotel devido a uma indisposição. “As pessoas são muito prestáveis e, como adoro água, a vista sobre o rio encantou-me”, confessou. Para além da zona ribeirinha, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves também foi um local muito apreciado pela americana, que chegou ao Porto “sem expectativas” e acabou por se sentir tão bem como se estivesse “em casa”. REVISTAVIVA, MARÇO 2015


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EM DESTAQUE TRANSMITIDO ÀS SEXTAS-FEIRAS À NOITE (E COM REPETIÇÃO AOS DOMINGOS), O “SEXO À MODA DO PORTO” É UMA DAS RECENTES APOSTAS DO PORTO CANAL, QUE PRETENDE CONTINUAR A INVESTIR NA DIVERSIFICAÇÃO DE CONTEÚDOS. Fotos: Rui Oliveira

Falar de sexo mas… “à moda do Porto” É um programa de Informação que aborda a temática do sexo “não de uma forma leviana, mas esclarecedora, pedagógica e científica”. Às sextas-feiras, pelas 23h30, Ana Guedes Rodrigues e Quintino Aires têm encontro marcado com os telespectadores do Porto Canal para uma conversa sobre sexualidade e afeto, numa lógica de dar resposta a muitas questões que persistem no dia a dia dos portuenses. O novo programa – “Sexo à moda do Porto” – lançado em janeiro deste ano, pretende, assim, suscitar a discussão de um tema que, segundo reconheceu

a diretora de Informação da estação televisiva, ainda é de difícil abordagem em Portugal. “Não se fala de sexo como se fala de futebol, geriatria ou puericultura. Há muitos preconceitos e dúvidas que podem levar-nos a cometer erros graves, gerando doenças e infelicidade”, afirmou Ana Guedes Rodrigues. E porquê “Sexo à moda do Porto”? O psicológo Quintino Aires justifica. “A relação humana à moda do Porto é transparente e afetiva e a proposta deste programa passa por um modo de falar igualmente transparente e afetivo, logo… à moda do Porto”, resumiu. Para o especialista, o diálogo sobre a temática ainda é

limitado, quer nas famílias, quer entre amigos, devido a uma generalizada falta de informação. “Como não temos conteúdo suficiente para conversar, fugimos rapidamente para a brincadeira, que é uma espécie de refúgio”, apontou, realçando que, apesar de haver legislação voltada para a Educação Sexual, “continua a não ser possível falar de sexo nas escolas”. “Refugiam-se na Biologia: falam da reprodução, da forma como o espermatozóide encontra o óvulo ou então abordam a parte da patologia (como surge uma infeção se não tivermos cuidado). Mas isso nada tem a ver com sexo, são apenas os seus satélites. Sexo é outra coisa: são


afetos, é brincadeira, fantasia, é experimentar, sentirmos o nosso corpo e o da outra pessoa, é envolvermo-nos, construirmos uma coisa absolutamente bela”, explicou. O “Sexo à moda do Porto” surge, assim, acrescentou o psicólogo, para cumprir a orientação – publicada no Diário da República – de que “as escolas, os centros de saúde e os órgãos de comunicação social devem promover a educação sexual no país”. “E, portanto, o Porto Canal não faz mais do que cumprir a lei, de uma forma simpática, agradável e descontraída”, concluiu. O episódio piloto do programa foi gravado em dezembro do ano

passado – nas ruas da cidade – mas a ideia do projeto, essa, é bastante mais antiga. Quando chegou ao canal, há cerca de um ano e meio, Ana Guedes Rodrigues propôs ao então diretor de Informação, Domingos Andrade, o lançamento de um programa, de serviço público, sobre sexo. “Entretanto, as coisas não avançaram, por circunstâncias diversas, e não cheguei a falar com o professor Quintino Aires. Agora, enquanto diretora de Informação, voltei a tocar no assunto e o Júlio Magalhães concordou em tirarmos esta ideia da gaveta”, contou a jornalista. O feedback do público está a ser “bastante bom”. “Disponibilizámos o nosso

email [sexoamodadoporto@ portocanal.pt] e as pessoas enviam-nos muitas questões, o que revela que querem, efetivamente, ouvir falar s o b r e s exo ” , c o n s t a t o u , desafiando os telespectadores a aventurarem-se nesta viagem pelo universo da sexualidade e dos afetos. Os novos rostos da Informação Entretanto, ao fim de semana, a área informativa conta com dois novos rostos na apresentação de noticiários. As jornalistas Eduarda Pires e Alexandra Costa Martins continuam “no terreno” durante a semana, mas foram desafiadas a assumir a REVISTAVIVA, MARÇO 2015


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Eduarda Pires e Alexandra Costa Martins

condução do Jornal Diário ao sábado e ao domingo, tarefa que desempenham intercaladamente. Nenhuma delas ambicionava vestir a pele de pivô, mas a verdade é que agarraram a oportunidade ‘com unhas e dentes’, numa aposta que, para Ana Guedes Rodrigues, está a ser “completamente ganha”. “São duas pessoas extremamente competentes e que têm muita empatia com a câmara”, reconheceu a diretora de Informação do Porto Canal, destacando todo o trabalho de coordenação e preparação necessário para colocar um jornal no ar. “É preciso decidir o que é notícia, o que vamos cobrir tendo em conta os meios que temos nesse dia e de que forma é que as notícias se vão organizar no alinhamento, pensar nas conversas com os convidados, que vão analisar os temas mais quentes da semana, e esse, sim, é o trabalho mais

difícil”, referiu, assegurando que as duas jornalistas “estão à altura do desafio”. Eduarda Pires e Alexandra Costa Martins – que chegaram ao canal em 2008 – iniciaram funções na área da produção de programas, mas acabaram por conquistar a direção com as suas vozes, passando a trabalhar como repórteres. “Foi muito bom ter começado pela produção porque tudo aquilo que as pessoas veem começa lá. A produção é quase o coração desta máquina”, descreveu Alexandra, que junta, no currículo, a experiência em programas como o “Porto Alive”, “Consultório”, “Concelhos e Negócios” e “Territórios”. No momento em que começou a dar os primeiros passos na apresentação, sentiu que talvez estivesse ‘na sua praia’. A diversidade de temas com que lidam, diariamente, no terreno, é uma das mais-valias apontadas por Eduarda Pires no trabalho

efetuado na estação televisiva. “Acabamos por fazer um pouco de tudo. Não nos aprofundamos demasiado em nenhuma área porque não estamos sempre a acompanhar os mesmos casos. Mas, por outro lado, o nosso dia a dia é sempre diferente. Aliás, nem conseguiria dizer qual é a minha área preferida porque gosto de desporto, de política e sociedade, gosto de uma boa história e também me dá gozo ir fazer uma notícia de última hora. É enriquecedor”, garantiu a jovem, que se estreou na apresentação a bordo do “Culture Club”, um programa dedicado aos destaques culturais do Porto e da região Norte. Tal como a colega com a qual partilha, agora, a cadeira de pivô, também Eduarda Pires chegou a ser o rosto do “Porto Alive”, do “Consultório” e do “Territórios”, ainda antes de imaginar o desafio que lhe viriam a colocar em mãos. “Foi uma surpresa quando o Júlio Magalhães falou comigo [para começar a apresentar o Jornal Diário]. A primeira coisa que lhe perguntei foi se ia continuar a ser repórter de exterior”, confessou, admitindo que, embora a coordenação de equipas seja “muito difícil”, sente que ainda precisa “de ir ao terreno”. Aliás, ambas reconhecem que o trabalho efetuado ao longo dos últimos anos foi fundamental para esta nova etapa das suas carreiras. “A melhor bagagem que tenho para, hoje, ser pivô do jornal, ao fim de semana, foi ter sido – e continuar a ser – repórter de exterior. São tarefas complementares. A experiência de estar lá fora é muito usada


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aqui e se eu não tivesse andado a cobrir greves, acidentes e a acompanhar a visita de ministros, não conseguiria dar as notícias da mesma forma”, justificou Alexandra Costa Martins. As duas jornalistas estão ainda de acordo quanto à necessidade de apostar em conteúdos diferenciados, ideia que, aliás, tem vindo a ser reforçada pela nova diretora de Informação. “Não temos de ter um produto igual aos outros, temos de ser uma alternativa e apostar naquilo que é diferente”, defendeu Eduarda Pires. De resto, tal como admitiu Ana Guedes Rodrigues, a estação televisiva continua empenhada em estreitar os laços com o norte, dando voz a “muitos atores políticos e económicos da região” e destacando notícias “vincadamente positivas” dos seus cidadãos e empresas. REVISTAVIVA, MARÇO 2015


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Concertos, lanсamentos, curiosidades CATI FREITAS LEVA HISTÓRIA DE “DENTRO” AO TEATRO ALMEIDA GARRETT No próximo dia 20 de março, Cati Freitas tem encontro marcado com os poveiros, num concerto integrado na tour nacional que iniciou recentemente. Permeável às influências da Música Popular Brasileira (MPB), mas também às cores da cena musical contemporânea de Cabo Verde e à intemporalidade do jazz e de vozes como as de Elis Regina e Paulo de Carvalho, a cantora estreou-se com o álbum “Dentro”, produzido por Tiago Costa. O disco, gravado, em São Paulo, em dois momentos – janeiro de 2011 e maio de 2012 – conta com temas assinados por Vinicius de Moraes, Edu Lobo, Chico Buarque, Dani Black, Rodrigo Amarante, Pedro Altério e Marcelo Camelo. O alinhamento do trabalho integra ainda três canções originais da artista: “Maldizer”, “Alma Nua” e “Menina Vida é Flor”. A bracarense, de 28 anos, já colaborou com diversos projetos e artistas, nomeadamente Rui Veloso e Sara Tavares.

NOVO ESPETÁCULO DE RITA GUERRA DESVENDADO NA INVICTA No final de março, a 27, Rita Guerra vai subir ao palco do Coliseu para estrear o espetáculo “Volta”, no qual destacará o seu novo álbum, com o mesmo nome. A digressão da cantora começará, assim, numa cidade e numa sala que lhe dão “sorte”. “Todos os locais são únicos, mas o Porto recebe-me de uma forma muito especial”, adiantou. Durante o concerto, serão também revisitados alguns dos maiores clássicos da carreira da intérprete. “Volta” é o primeiro disco de originais de Rita Guerra em quatro anos e conta com a produção de Mikkel Solnado. Os bilhetes para o concerto custam entre 12,50 e 25 euros.


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EXPENSIVE SOUL ESTREIAM-SE NO COLISEU DO PORTO Após 15 anos de carreira, durante os quais cimentaram um percurso traduzido em quatro discos, um DVD e milhares de concertos, os Expensive Soul vão atuar pela primeira vez no Coliseu do Porto a 2 de maio. O duo de Leça da Palmeira – que considerou ter chegado o momento de pisar o palco da sala rainha portuense – decidiu rodear-se de vários músicos para apresentar os temas do mais recente álbum, “Sonhador”, lançado em 2014, e revisitar alguns dos maiores êxitos. Os bilhetes custam entre 20 e 27,50 euros.

PATTI SMITH VIAJA NO TEMPO AO SABOR DO PRIMAVERA SOUND A cantora, compositora e ativista Patti Smith, de 67 anos, vai atuar, a 4 de junho, no palco do festival Nos Primavera Sound. O concerto, realizado no Parque da Cidade, deverá incidir no álbum de estreia “Horses”, publicado em 1975 e considerado um dos discos de rock mais importantes da história. Produzido por John Cale, o trabalho da nova-iorquina antecipou movimentos como o punk, estando, no entanto, marcado pela desafiante fusão do rock simplista com a força do free jazz e do experimentalismo. De acordo com a organização, a norte-americana protagonizará também uma segunda atuação em formato acústico e “spoken word”.

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DOCE TENTAÇÃO A POUCO TEMPO DA PÁSCOA, A VIVA DESAFIOU O ÚNICO CHEFE COM ESTRELA MICHELIN DO PORTO, PEDRO LEMOS, A APRESENTAR UM PRATO OU UMA SOBREMESA ADEQUADA À CELEBRAÇÃO. O RESULTADO, ESSE, FOI BASTANTE DOCE. CURIOSO? Fotos: Rui Oliveira


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h a m a - s e “ C h o co l a te Negro São Tomé | Citrinos | Grué de Cacau | Gelado Clementina” e é bem capaz de fazer as delícias dos verdadeiros apreciadores de chocolate em poucos segundos. A sugestão, avançada por Pedro Lemos, chefe que venceu, recentemente, uma Estrela Michelin, combina as potencialidades do chocolate com a doçura/acidez dos citrinos, num casamento perfeito... de tão explosivo. “Quando penso na Páscoa, lembro-me logo das guloseimas: das amêndoas e, acima de tudo, do chocolate. É uma altura na qual olhamos para as montras das pastelarias e vemos tudo c u i d a d o s a m e n te d e co ra d o, muito refinado. Por isso, achei mais interessante optar por uma sobremesa do que propriamente por um prato”, explicou, dias depois de reabrir o seu restaurante – situado na Rua Padre Luís Cabral, na zona da Foz – fechado durante algumas semanas para remodelação. Assim, com um biscoito de chocolate na base, a delícia do chefe vai crescendo, ganhando forma, à medida que Pedro Lemos lhe adiciona um creme feito com citrinos, “algo doce e ácido ao mesmo tempo”, uma cobertura de chocolate negro de São Tomé, uma espécie de mousse de chocolate de leite, “que remete para a infância”, crumble de chocolate negro, gelado de clementina, um pouco de gel de citrinos e uma goma, “a fazer lembrar as guloseimas antigas”. Uma doce tentação para os que estão sempre prontos a viajar pelo universo dos sabores. REVISTAVIVA, MARÇO 2015


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Responder às necessidades dos cidadãos A CÂMARA DE MATOSINHOS ENCERRA ESTE ANO DIFERENTES CICLOS DE INVESTIMENTO QUE TÊM VINDO A DOTAR O MUNICÍPIO NÃO SÓ DE EQUIPAMENTOS ESCOLARES MAS TAMBÉM DE APOIO A IDOSOS E A CIDADÃOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS. NO TERRENO ESTÁ TAMBÉM UMA PROFUNDA RENOVAÇÃO DOS CONJUNTOS HABITACIONAIS DO CONCELHO, QUE, ALIÁS, DESFRUTARÁ, EM BREVE, DE “UMA NOVA IMAGEM”, MAIS “MODERNA E DINÂMICA”. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Francisco Teixeira (CMM)


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Três novas escolas a funcionar em setembro Este ano, o município de Matosinhos vai encerrar o capítulo da renovação do parque escolar, tendo já em curso intervenções nos três últimos estabelecimentos de ensino abrangidos pelo plano de requalificação. Em setembro, mais de 650 alunos beneficiarão, assim, de novas condições de aprendizagem, com a entrada em funcionamento das EB1/JI Passos Manuel (em Guifões), EB1/ JI Igreja Velha (em S. Mamede de Infesta) e EB1/Estádio do Mar (na Senhora da Hora). As empreitadas, orçadas em 5,4 milhões de euros – e que deverão estar concluídas no final de maio – foram financiadas em 85% por fundos comunitários, no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), e em cerca de dois milhões de euros pela autarquia local. “A partir de setembro, fechamos o ciclo de renovação do parque

escolar do ensino básico, fruto de um grande esforço feito nos últimos anos”, afirmou o presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, reconhecendo, em declarações à Viva, que já é possível dizer que o concelho está à altura de dar resposta às necessidades dos cidadãos em matéria escolar. Com a construção da EB Passos Manuel será encerrada a EB Monte Ramalhão, sendo que a nova escola terá 12 salas de aula autónomas, sala para Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC), biblioteca, polivalente, refeitório com cozinha de receção e recreio, beneficiando cerca de duas centenas de alunos. Também a EB1/JI Igreja Velha passará a ter capacidade para acolher 200 alunos, com duas salas de atividades para a educação pré-escolar e oito salas de aulas para o 1º Ciclo do Ensino Básico, para além dos restantes equipamentos, desde biblioteca e refeitório a

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parque infantil. Com estas novas instalações, será desativada e encerrada a EB da Asprela. Por sua vez, a EB 1/JI Estádio do Mar ficará equipada com oito salas do 1.º ciclo, quatro de jardim de infância, uma de AEC, biblioteca, polivalente, balneários masculinos e femininos, sala de professores e de pais, gabinete de atendimento e de apoio educativo e refeitório com cozinha de confeção. Na sequência desta obra serão desativadas as atuais instalações da EB da Cruz de Pau, que acolhe 264 alunos. De sublinhar que, com a conclusão das empreitadas, o concelho de Matosinhos encerra um ciclo, iniciado há nove anos, de requalificação do parque escolar, que envolveu 26 estabelecimentos de ensino e 7500 alunos, num investimento municipal superior a 50 milhões de euros. Terminada esta etapa, Guilherme Pinto informou estar já a preparar um acordo com REVISTAVIVA, MARÇO 2015


M E T R O P O L I S

o Ministério da Educação para que a situação das escolas secundárias – algumas com obras (da responsabilidade da Parque Escolar) paradas há três anos – possa ser resolvida. Mais de dez milhões investidos no apoio a idosos e deficientes A Câmara de Matosinhos encerrou também no início deste ano um ciclo de investimento no setor da assistência social a idosos e deficientes, na sequência do qual foram construídos ou adaptados – desde 2006 – nove lares, num custo total de 10,5 milhões de euros. Os equipamentos, que têm vindo a abrir portas desde 2011, foram executados ao abrigo do POPH (Programa Operacional Potencial Humano) e PARES (Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais), criando condições para prestar assistência a 655 utentes, entre crianças, idosos e deficientes. “Este conjunto de investimentos permitirá, em princípio, dar cobertura às necessidades do município nas próximas décadas”, referiu Guilherme Pinto, notando tratar-se de “um bom sintoma” no que diz respeito às necessidades futuras dos cidadãos. De acordo com o presidente da autarquia, a última obra, já inaugurada, foi a do lar do Centro Social e Paroquial Padre Ângelo Ferreira Pinto, em Perafita, resultante de uma candidatura apoiada pelo município aos fundos do POPH. O novo equipamento, com capacidade para 60 idosos, representou um investimento de 2,3 milhões de euros,

cofinanciado em 1,4 milhões por fundos comunitários e em 482 mil euros pela Câmara de Matosinhos. De referir que a Instituição Particular de Solidariedade Social disponibiliza aos seus 193 utentes os serviços de Centro de Dia, de Convívio, de Atividades de Tempos Livres, Jardim de Infância e Creche, dispondo ainda de cantina. Habitação social “em completa renovação” Entretanto, a autarquia local está também a promover um conjunto de intervenções de reabilitação em conjuntos habitacionais do concelho, estando previsto um investimento total de 6,2 milhões de euros até ao final de 2016. “Depois do IHRU [Instituto da Habitação e

da Reabilitação Urbana] ter suspendido o financiamento q u e e ra n e ce ss á r i o p a ra requalificar os nossos complexos habitacionais, recorremos a empréstimos e estamos, hoje, a renovar o parque habitacional por completo porque não podemos ter cidadãos alojados por conta da câmara em más condições”, realçou Guilherme Pinto. Segundo detalhou a autarquia, as obras, essas, destinam-se essencialmente “a aumentar o conforto, a salubridade e as condições de habitabilidade dos fogos, melhorando a ventilação, os espaços interiores, as condições térmicas e, em alguns casos, as infraestruturas de eletricidade, água e saneamento”. As empreitadas em curso (ou


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prestes a arrancar) incidem em 16 conjuntos habitacionais, sendo que o grosso das intervenções se concentra em seis deles: Sendim, Biquinha, da Guarda, do Esquinheiro, de Custió, de Teixeira Lopes e da Fundação Salazar. Até ao fim de 2014, foram concluídas obras no valor de um milhão de euros. Em curso estão, neste momento, empreitadas no valor de 1,3 milhões, estando em fase de concurso intervenções nos bairros da Guarda, da Fundação Salazar e de Sendim. No Conjunto Habitacional (CH) da Guarda, o projeto inclui, por exemplo, a pintura de paredes e tetos das caixas de escadas, colocação de nova cobertura em chapa com isolamento térmico incorporado, instalação de redes interiores de abastecimento de água e revisão das redes interiores de drenagem e águas residuais. No CH do Esquinheiro está prevista a beneficiação de 296 habitações, num investimento de 1,6 milhões. Depois, no CH da Fundação Salazar, a intervenção em curso ultrapassa

os 600 mil euros, integrando remodelações exteriores e interiores, nomeadamente a impermeabilização das fachadas e a substituição das portas de entrada das habitações, com vista ao aumento das condições de habitabilidade das casas. Novos espaços verdes e uma “imagem mais moderna” da cidade E para além do investimento de cerca de três milhões de euros na concretização de quatro novos espaços verdes no concelho, ao longo dos últimos anos – jardim e parque infantil da Agudela, Parque Ambiental da Ribeira de Picoutos, das Austrálias e de S. Brás – o município decidiu “renovar por

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completo o tecido urbano”, apostando num conjunto de empreitadas para requalificação dos arruamentos e introdução de ciclovias. “Matosinhos vai ganhar uma ‘nova cara’ e queremos associar a isso uma alteração da imagem do concelho. É uma surpresa que vamos fazer brevemente aos cidadãos, apresentando uma imagem mais moderna, dinâmica, ligada às cidades que atraem turismo, inovação e inteligência”, adiantou o autarca local, sublinhando que a afirmação do município “no panorama cultural, na área do Design e da Arquitetura”, continua a ocupar um lugar de destaque nas prioridades do executivo autárquico. REVISTAVIVA, MARÇO 2015


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“SENTE-SE QUE É NOSSO” DEPOIS DE UMA PRIMEIRA EDIÇÃO QUE LHE VALEU A CONQUISTA DA CATEGORIA “CRESCIMENTO INTELIGENTE” DOS PRÉMIOS EUROPEUS REGIOSTARS 2014, O “ART ON CHAIRS” 2014-15 ESTÁ NO TERRENO EM TODA A SUA FORÇA, REFLETINDO “A TRADIÇÃO E A EXPERIÊNCIA MILENAR DE PAREDES NA PRODUÇÃO DE MOBILIÁRIO”. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Rui Oliveira

Com uma componente internacional reforçada (mas mantendo o foco no design nacional), a segunda edição do projeto “Art on Chairs” (AoC) foi inaugurada em setembro do ano passado, em Pequim, na Beijing Design Week, sendo considerada uma das sete exposições de visualização obrigatória. Em

território nacional, as mostras que lhe dão forma – e que se encontram repartidas entre Paredes e Lisboa – abriram-se ao público no final de janeiro e podem ser apreciadas até fins de maio. Idealizado em Paredes, concelho profundamente marcado pela força da indústria do mobiliário,

o projeto encontra na cadeira o seu “símbolo mais icónico” e materializa-se num conjunto de ações de natureza artística e cultural, envolvendo não só empresários e designers como todo a comunidade, num convite endereçado à população: “sente-se que é nosso”. Segundo frisou o presidente da autarquia de Paredes, Celso Ferreira, “a promoção internacional do mobiliário do município vai traduzir-se, a médio prazo, em novos mercados, ganhos de faturação e aumento da riqueza do concelho”, objetivos esses que estão na origem da criação “de uma nova marca de design de mobiliário contemporâneo”,


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comissariada por José Bártolo, da Escola Superior de Artes e Design (ESAD), pode ser vista na Casa da Cultura de Paredes, apresentando sete cadeiras, “contemporâneas e desafiantes”, que nascem de um processo de trabalho que envolve um designer convidado, um usuário exclusivo e uma empresa e seus recursos. Nesta edição, o destaque vai para peças produzidas especificamente a pensar em Durão Barroso, Lula da Silva, Diego Maradona, Jenson Button, Chico Buarque, Shao Fan e Paulo Coelho. A exposição estende-se a uma segunda sala na qual é revelado o processo de criação de cada uma das cadeiras. Tal como lembrou Ana Vieira, da Setepés, entidade que coordena o AoC, a mostra mantém a índole humanitária, através de um leilão das peças, agendado para o mês de maio, em Pequim, cujas verbas reverterão a favor do envolvendo cerca de 20 empresas locais. Por via dessa nova marca – que integrará objetos de vários designers nacionais e internacionais produzidos em Paredes – até junho, o AoC estará presente em várias feiras mundiais, nomeadamente em Singapura, Milão e Miami. “O Art on Chairs é, assim, um dos veículos privilegiados para Paredes aceitar os desafios do Século XXI, na senda de cada vez mais prosperidade e bem-estar para a comunidade. Está a marcar um ponto de viragem num território que era já conhecido pela qualidade dos seus produtos e pela competência das suas empresas, mas que hoje se

quer um centro de excelência internacional no design de mobiliário”, reconheceu Celso Ferreira. A mais mediática exposição do projeto, intitulada “Duets” e

Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Na edição passada da iniciativa, foram angariados 111.500,00 euros, aplicados em projetos educativos e missões REVISTAVIVA, MARÇO 2015


M E T R O P O L I S

humanitárias no continente africano. Do envolvimento escolar ao expoente máximo do saber-fazer local O segundo piso da Casa da Cultura revela ao público outra exposição desta segunda edição do AoC: a Cadeira Parade. Inspirada na célebre “Cow Parade”, a mostra, que parte de um projeto desenvolvido pela

Escola EB 2/3 de Cristelo desde 2006, adota a cadeira como principal suporte, com o intuito de começar a despertar nos mais novos a sensibilidade para a arte e o design. As 86 peças expostas resultam, assim, de um processo de reinterpretação plástica da obra de artistas nacionais efetuado por quase mil alunos de dez agrupamentos escolares, apoiados por 50 docentes. Na Aldeia Agrícola (Incubadora

para o Design de Mobiliário de Paredes), os visitantes podem testemunhar “A experiência de ser”, exposição de peças integralmente produzidas em Paredes que “refletem sobre o luxo”, associando-o à produção de mobiliário de qualidade. A mostra reúne projetos resultantes de um concurso internacional de design (lançado a nível mundial) e das residências de design lá instaladas no âmbito do AoC, durante três meses e meio. A coleção de móveis de luxo, “de inegável beleza, qualidade e requinte, com uma orientação de mercado”, representou um enorme desafio para a indústria local, funcionando, assim, como “o cartão de visita máximo do saber-fazer de Paredes”. Igualmente instalada na Aldeia Agrícola está a “Experiência de Viver”, materializada nas linhas de mobiliário criadas nos cinco apartamentos dos jovens designers portugueses envolvidos na residência da “Experiência de Ser”. Terminada a exposição, os apartamentos ficarão disponíveis para futuras residências de designers, no âmbito do trabalho desenvolvido pela incubadora. Entre a história do design português e a inovação do mobiliário urbano Comissariada por Bárbara Coutinho, diretora do Museu de Design (Mude) de Lisboa, a exposição “Como se pronuncia


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design em português?”, que se divide entre a Aldeia Agrícola e o referido museu, integra mais de 150 peças feitas por 76 autores nacionais nos últimos 60 anos, entre eles Alda Tomás, Siza Vieira e Souto Moura. As propostas incidem sobretudo na madeira, mas também noutros materiais, como a cortiça, a cerâmica e o cartão. Interessa referir que, a partir de junho, a mostra percorrerá várias cidades lusas. Em parceria com a autarquia l i s b o e t a , Pa re d e s l a n ço u ainda o concurso de design “Desfrutar o Tejo”, num desafio à apresentação de soluções inovadoras de mobiliário urbano. As propostas vencedoras foram produzidas e estão expostas no Cais do Sodré. Cada uma delas tinha de apresentar dois bancos (para estadias curtas e prolongadas), sendo que os grandes vencedores foram os projetos de Isabel Barbas e João Matos Alves, Miguel Palmeiro Designer e Daniel Caramelo e Bárbara Fachada. A excelência do mobiliário produzido em Paredes já pode, assim, ser testemunhada por quem quiser desfrutar da beleza do Tejo. Num futuro próximo, praças e parques de outras cidades poderão também abrir-se ao material urbano produzido nas fábricas que fazem de Paredes um verdadeiro símbolo da indústria do mobiliário. REVISTAVIVA, MARÇO 2015


M E T R O P O L I S

CELEBRAR A PÁSCOA RECRIAÇÕES HISTÓRICAS PROTAGONIZADAS POR ATORES PROFISSIONAIS, DEMONSTRAÇÕES DE TÉCNICAS DE COMBATE E ANIMAÇÕES DE RUA SÃO ALGUNS DOS INGREDIENTES CONFIRMADOS NA EDIÇÃO DESTE ANO DO MERCADO NAZARENO, QUE PROMETE SURPREENDER TIRSENSES E VISITANTES. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Câmara de Santo Tirso

A Praça 25 de Abril, situada em frente ao edifício da Câmara de Santo Tirso, está prestes a transformar-se, uma vez mais, num verdadeiro mercado nazareno. Entre os dias 3 e 6 de abril, os tirsenses vão ser desafiados a viajar por alguns dos momentos bíblicos mais marcantes da quadra pascal. Um grupo de atores – vestidos a rigor – vai recriar diversos episódios, entre os quais se destacam, por exemplo, os milagres de Cristo, a chegada

a Jerusalém, a crucificação de Cristo e a ressurreição. A acompanhar o rigor histórico das recriações, o mercado estará decorado de acordo com a época, contando com artesãos, mercadores e gastrónomos, com tendas próprias. O recinto da iniciativa terá igualmente uma zona de diversão infantil, na qual os mais novos poderão aventurarse em jogos de destreza e equilíbrio; uma “aldeia” temática, com dramatizações de peripécias da Bíblia, exposição de animais

vivos e demonstração de velhos ofícios; um acampamento romano e um calvário. Durante os quatro dias do Mercado Nazareno, o público terá oportunidade de assistir não só a animações de rua e combates entre soldados romanos, mas também a mostras de armamento e utensílios da época, jogos infantis e dramatizações de narrativas históricas, que prometem despertar o interesse de miúdos e graúdos. Uma viagem pelos episódios bíblicos No arranque do certame, a 3 de abril, será recriado, às 11h00, o batismo de Jesus por João Batista. Uma hora depois, os visitantes terão a oportunidade de assistir a outro momento bíblico, no qual Jesus transformará água em vinho (que havia acabado, durante o casamento de uma prima). À tarde, pelas 16h30, os atores vão encenar a “Chegada a Belém”, desvendando o momento em que o filho de Maria, recebido pelo povo com folhas de palmeira, é capturado e levado para ser interrogado por Pilatos. Quando o relógio assinalar as 21h00, será tempo da “Via Sacra”,


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17h00, Pedro chorará, inconsolável, confessando que negou Jesus três vezes, não podendo, agora, pedir-lhe perdão. A dramatização dos momentos mais marcantes da quadra prossegue no domingo, 5 de abril, às 15h30, com a “Ressurreição”, terminando às 21h30, com a última mensagem deixada por Jesus ao povo. No dia do encerramento da iniciativa (segunda-feira), os apóstolos assumirão a missão de espalhar a palavra de Deus. durante a qual Jesus carregará a cruz até ao calvário, antes de ser crucificado (22h00), juntamente com dois ladrões. No dia seguinte, sábado, locais e visitantes poderão assistir à “Recolha de enterro” (11h00), episódio durante o qual os romanos retiram o corpo morto de Cristo da cruz, deixando-o ao cuidado das mulheres que o embrulham em panos brancos. Pelas

REVISTAVIVA, MARÇO 2015


M E T R O P O L I S

Descentralizar a Cultura e o Lazer ATRAIR UM NÚMERO CRESCENTE DE PESSOAS À SUA ÁREA GEOGRÁFICA E AUMENTAR O LEQUE DE PROPOSTAS CULTURAIS OFERECIDAS AOS CIDADÃOS SÃO DUAS DAS METAS ASSUMIDAS PELA UNIÃO DAS FREGUESIAS DE ALDOAR, FOZ DO DOURO E NEVOGILDE, QUE PROMETE QUEBRAR A ROTINA DOS PORTUENSES COM UMA MÃO CHEIA DE SURPRESAS. Foto: Rui Oliveira

Nos próximos meses, a União das Freguesias (UF) de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde vai brindar os cidadãos com um intenso programa de atividades culturais e de lazer que não deixará ninguém indiferente. Reforçar a importância desta zona da cidade no mapa turístico da Invicta e na própria agenda dos portuenses é o grande objetivo de um processo de dinamização que surge, segundo reconheceu Nuno Ortigão, presidente da UF, na sequência de uma lacuna cultural (e mesmo de alguns serviços) sentida ao longo dos anos. Apesar de acolher importantes equipamentos privados como a Universidade Católica, o CLIP -Colégio Luso Internacional do Porto, o Hospital CUF, um futuro pólo da Universidade Lusíada, que será instalado em Aldoar, “com cerca de dois mil alunos e 300 funcionários” e uma

dinâmica Fundação (Cupertino Miranda), a UF não tem sido alvo de grande investimento público, em termos de requalificação de espaços já existentes e da criação de novas infraestruturas, nomeadamente culturais e de lazer. “Não temos locais para grandes exposições, o Teatro da Vilarinha é bastante limitado e, na zona da Foz Velha, coexistem realidades bastante diferentes em termos de reabilitação”, explicou, assegurando que não pretende “deixar abrandar o ritmo de uma área, ribeirinha e marítima, de enorme vitalidade”. Ao longo dos próximos meses, haverá, assim, uma forte aposta na programação cultural associada às diferentes festividades marcadas no calendário, nomeadamente o São João, “com uma tradição fortíssima, sobretudo na Foz”, o São Bartolomeu (que será o mote para uma varidada programação

de Verão), e o São Martinho de Aldoar. “Desta forma, a União das Freguesias terá eventos quase todas as semanas, seja na área da cultura, do conhecimento ou do lazer”, realçou Nuno Ortigão. Entretanto, quando estiverem concluídas as obras de requalificação do Jardim do Passeio Alegre – numa intervenção camarária, orçada em mais de 354 mil euros, que beneficiará “um dos jardins mais bonitos da cidade, esquecido há vários anos” – arrancará o projeto “Coreto Alegre”, com variadas propostas musicais a animarem


UF ALDOAR , FOZ DO DOURO E NEVOGILDE

os fins de semana dos cidadãos naquele espaço. Além disso, a UF de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde está igualmente empenhada em recuperar o São Miguel de Nevogilde (setembro) e reanimar o histórico cinema Estúdio 400, “que ainda faz parte da memória de muita gente”. No caso de se reunirem as autorizações necessárias, o espaço poderá vir a acolher ciclos de cinema, teatro, música, dança e de homenagem a importantes personalidades da área e da cidade, como é o caso do cineasta Manoel de Oliveira.

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UF ATENTA AOS EFEITOS DAS ALTERAÇÕES DE TRÂNSITO NA FOZ Depois de, no final de fevereiro, terem sido implementadas fortes mudanças na circulação de trânsito na zona da Foz – sob o mote, “diminuir a sinistralidade, sobretudo a pedonal, criar mais estacionamento e disciplinar o espaço público” – a UF “enaltece o esforço enorme levado a efeito pela CMP, através do Pelouro da Mobilidade, bem como a colaboração das forças de segurança” e afirma permanecer “atenta a qualquer medida que venha a revelar-se menos eficaz e a todas as sugestões construtivas, em benefício do coletivo”. “Temos consciência que esta mudança provocou alterações profundas em certas rotinas. Se realmente entendermos que há situações pontuais que devem ser corrigidas, obviamente que o faremos”, assegurou Nuno Ortigão. De referir que as alterações de trânsito geraram igualmente mudanças nas linhas da STCP 202, 203 e 204. A primeira delas deixou de ir até ao Castelo do Queijo, terminando a sua marcha no Passeio Alegre. A UF considera as alterações na Linha 202 “muito importantes para a população”. “Precisamos de ter consciência que o espaço público não é só ocupado por automóveis. A STCP tem um papel muito relevante na mobilidade dos cidadãos, pelo que a procura de melhores soluções não se deve esgotar nestas alterações”, concluiu. REVISTAVIVA, MARÇO 2015


M E T R O P O L I S

DE PORTAS ABERTAS À INOVAÇÃO SOCIAL ATUALMENTE COM 62 MEMBROS, A UNIDADE EMPRESARIAL DE PARANHOS É UMA ESTRUTURA “ALTERNATIVA E IMPULSIONADORA” QUE OS CIDADÃOS PODEM UTILIZAR, A CUSTOS REDUZIDOS, PARA SE AUTONOMIZAREM PROFISSIONALMENTE, ENCONTRANDO UM LUGAR NA ESFERA ECONCÓMICO-SOCIAL.

Texto: Mariana Albuquerque Fotos: JFParanhos

A funcionar, a todo o gás, na rua do Tâmega, o UP! – Unidade Empresarial de Paranhos é um espaço de apoio ao empreendedorismo que testemunhou, nos últimos cinco anos, o nascimento de 40 empresas. Aberto “a toda a população que pretende retirar os seus projetos da gaveta” ou que precisa, simplesmente, de um local para trabalhar, o equipamento, inaugurado em 2009 – na altura como Hub Porto – foi o primeiro na Península Ibérica a apostar no conceito de coworking. Hoje, já com uma

vertente de apoio à inovação perfeitamente enraizada, conta com uma comunidade de 62 pessoas, 43 das quais com a sua empresa domiciliada na unidade. O projeto, esse, nasceu da própria conjuntura socioeconómica verificada na cidade. Face ao aumento do desemprego, a Junta de Freguesia de Paranhos decidiu “criar condições alternativas às soluções convencionais para ajudar pessoas empreendedoras, com capacidade de criar e pensar de forma diferente”. Equipado com sete escritórios individuais, uma sala de coworking, salas para eventos e ações de formação, o UP! pode ser arrendado – de forma diária, mensal ou por

apenas algumas horas – a custos reduzidos, disponibilizando aos utilizadores todos os meios existentes num escritório convencional: água, luz e Internet. Assim, para além de funcionar como sede de várias empresas e associações – aglutinando massa crítica, valor e talento – serve de rampa de lançamento profissional a cidadãos em início de carreira. “Profissionais liberais, jovens e menos jovens, que não tenham capacidade financeira para abrir o seu próprio espaço, onde é que recebem os seus clientes? Este espaço vem, também neste segmento, dar a oportunidade de exercerem as suas atividades profissionais


PA RA N H OS

num equipamento com todas as condições necessárias”, explicou o presidente da Junta de Freguesia, Alberto Machado, acrescentando que, se uma empresa quiser, por exemplo, alugar uma sala de reuniões, durante uma hora, o custo não excederá os cinco euros. Local de conhecimento, de experiências e de inclusão Para além de ser um espaço onde os cidadãos se podem

encontrar para trabalhar, o UP! funciona também como centro de inclusão, capacitação e coesão social, prestando, assim, apoio a diversos projetos de cariz social, nomeadamente através da cedência gratuita de áreas de trabalho. No âmbito de uma parceria estabelecida com o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), por exemplo, a Unidade Empresarial de Paranhos abre as portas a ações de formação (em áreas como a

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geriatria, empreendedorismo e idiomas) para desempregados, potenciando inclusivamente o nascimento de ideias de negócio que possam vir a ser implementadas na freguesia. E segundo frisou Alberto Machado, há outros projetos “que já fizeram a diferença em Paranhos”, nomeadamente os que foram dinamizados no âmbito da utilização do UP! pela Fundação EDP. “A instituição esteve no centro empresarial de 2010 a 2014, com um conjunto de iniciativas de inovação social”, frisou, referindo-se, por exemplo, ao “Para ti se não faltares”, da Fundação Benfica e à Escola de Judo Nuno Delgado ou ao Semear.te. De resto, diversidade é a palavra chave das iniciativas que ‘vivem’, atualmente, no UP!. “ Temos o Projeto Caovida, vencedor da 1ª ediçao do Hurry UP, que visa combater a obesidade infantil, um projeto de turismo solidário, assente na oferta de programas diferentes aos que visitam a cidade do Porto, o Gula 4 Good, um projeto que alia a inovação social e a gastronomia com o objetivo de criar um mundo melhor, osTransformers, um programa de voluntariado que pretende mobilizar mentores de todos os desportos, formas de arte e actividades para orientar outros jovens a encontrarem nesse desporto, arte ou atividade uma forma de se exprimirem e intervirem positivamente na comunidade,” enumerou o presidente da Junta de Paranhos, reconhecendo que a Unidade Empresarial conseguiu, efetivamente, “transformar a forma de trabalhar na freguesia”. REVISTAVIVA, MARÇO 2015


H U M O R

Marido: - Se for para mim, diz que eu não estou em casa. Mulher atende e diz: - Ele está em casa. Marido: - Mas o que foi que eu acabei de te dizer? Mulher: - Era para mim. O pai e o filho estão no bar a conversar, quando a meio da conversa, o filho diz: - Pai, vou divorciar-me da minha mulher. Há seis meses que ela não fala comigo. O pai fica em silêncio durante uns momentos, bebe mais um bocado de cerveja e diz: - Vê bem o que vais fazer, mulheres assim são difíceis de arranjar.. Filho: - Hoje não quero ir à escola e dou-te três razões: Os meninos não brincam comigo, ando muito cansado e as professoras gozam comigo. Pai: - Já faltaste 5 vezes este ano, tens 43 anos de idade e és o diretor da escola. Na prisão de máxima segurança em Évora, um prisioneiro perde um dedo, depois uma orelha e um dente. Então, um polícia diz ao colega: - Vigia bem esse gajo, está a fugir aos poucos! A mulher despede-se do marido que vai trabalhar para outro país: - Quero notícias tuas todos os meses! prometes? - Por carta ou por e-mail? - Por cheque. Diz o comprador: - O cão que me vendeste não ladra nada! E disseste que era um cão-polícia! Responde o vendedor, na maior calma: - É da polícia secreta. No julgamento... Juíz: Como conseguiu entrar numa casa gradeada e tirar todos os bens? Ladrão: Vim para ser julgado pelos crimes que cometi, não para ensinar a minha profissão. Um senhor chega à caixa do supermercado só com uma caixa de preservativos. Pergunta a senhora da caixa: Vai desejar saco? Não obrigado, ela não é assim tão feia.




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