Revista VIVA! Porto junho 2017

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Revista gratuita trimestral, junho 2017

Joana Marques

MISERICÓRDIA DO PORTO Entre a tradição e a modernidade

MODA Sempre na vanguarda

HÁ PREÇOS BAIXOS. E HÁ

PINGO DOCE.

“Falo Português, Inglês e Humor”


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E D I T O R I A L

Uma festa única O São João, que a cidade do Porto, a sua área metropolitana e a própria região Norte celebram com tanto entusiasmo, é uma festa única em Portugal, de longe a mais popular, e uma das mais concorridas em todo o mundo. Centenas de milhares de pessoas aproveitam esse momento de intenso convívio popular para, fazendo jus às suas tradições pagãs, lavar a alma e satisfazer o corpo… Apesar de oficialmente se tratar de uma festividade católica, em que se celebra o nascimento de São João Batista, a festa do São João do Porto tem origem no solstício de verão e inicialmente tratava-se de uma festa pagã. As pessoas festejavam a fertilidade, associada à alegria das colheitas e da abundância. Trata-se de uma festa cheia de tradições, das quais se destacam os alhos-porros, usados para bater nas cabeças das pessoas que passam e os ramos de cidreira usados pelas mulheres para pôr na cara dos homens com que se cruzam. Tradicionalmente, o alho-porro era um símbolo fálico da fertilidade masculina e a erva-cidreira dos pelos púbicos femininos. A partir dos anos 70, foram introduzidos os martelos de plástico que desempenham o mesmo papel do alho-porro, tendo, curiosamente, também contornos fálicos. Nos anos 70, nas Fontainhas, vendia-se ainda, na noite de São João, pão com a forma de um falo com dois testículos, atestando muito claramente as conotações da festa com as antigas festas da fertilidade. Existem, ainda, os tradicionais saltos sobre as fogueiras espalhadas pela cidade, normalmente nos bairros mais tradicionais numa imagem de raízes pagãs de regeneração pelo fogo. A festa dura até às quatro ou cinco horas da madrugada, quando a maior parte das pessoas regressa a casa. Os mais resistentes, normalmente os mais jovens, percorrem toda a marginal desde a Ribeira até à Foz do Douro onde terminam a noite na praia, aguardando pelo nascer do sol. Não se conhece com rigor quando teve início a festa do São João do Porto. Sabe-se, pelos registos do século XIV, já que Fernão Lopes por essa altura se terá deslocado ao Porto para preparar uma visita do Rei, pois era um dia em que se fazia no Porto uma grande festa. É no entanto possível que essa festa fosse mais antiga, pois existia uma cantiga da época que dizia até os moiros da moirama festejam o São João. Pode começar já a limpar o pó aos martelinhos pois está quase a chegar o dia (melhor, a noite…) em que dar uma martelada a alguém é socialmente bem visto. Mas se é um tradicionalista compre um alho-porro ou uma erva-cidreira e vá para o meio da multidão, o mais possível à aventura, liberto das amarras dos costumes. Se está livre (ou se assim se sente…) não há limites para as malandrices que, ao longo dos séculos, sempre ocorreram sob o sorriso cúmplice do santo… Quantos namoros não se iniciaram nessa noite maravilhosa que, nesse tempo, e por força da moral de então, terminaram forçosamente em casamentos nem sempre bem sucedidos. Era (e ainda é…) a noite da liberdade, da quebra de tabus, de uma alegria única e libertadora. E, isto, só podia acontecer na cidade e na região que fazem do trabalho um lema e da liberdade e da autodeterminação uma marca de carácter. José Alberto Magalhães Diretor de Informação



Sabe sempre bem aproveitar um preço baixo. Certo? Claro, quem não gosta. Mas há preços baixos que têm outro sabor. Para os descobrir, é preciso pô-los à prova. Então, percebemos que o preço baixo do Pingo Doce é mais... saboroso. Porque é sempre baixo e o que está a comprar é realmente bom. Contas feitas, o preço baixo do Pingo Doce vale mais. E isso faz da mesa um lugar melhor.


S U M Á R I O

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PERFIL JOANA MARQUES

NOITE KASA DA PRAIA

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FÁ B R I C A D E C E R V E J A S PORTUENSE

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R EQ UA L I F I CAÇÃO CASA DO CONDE FERREIRA

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V I A G E M M E D I E VA L E M S TA M A R I A D A F E I R A

U.PORTO GALER IA DA BIODIVERSIDADE

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DESCOBRIR AS CARQUEJEIRAS

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A T R AV É S D O S T E M P O S ALIADOS


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ÍNDICE Revista gratuita trimestral, junho 2017

FICHA TÉCNICA 003 EDITORIAL 016 M O DA 040 MISERICÓRDIA DO PORTO 048 I N F LOY 052 F C P O RTO 066 COMES & BEBES 076 PORTO CANAL 080 S U G E S T Õ E S C U LT U R A I S 084 PORTOFOLIO

Propriedade de: ADVICE - Comunicação e Imagem Unipessoal, Lda. Sede de redação: Rua do Almada, 152 - 2.º - 4050-031 Porto NIPC: 504245732 Tel: 22 339 47 50 - Fax: 22 339 47 54 advice@viva-porto.pt adviceredacao@viva-porto.pt www.viva-porto.pt Diretor Eduardo Pinto Diretor de Informação José Alberto Magalhães Redação Irene Mónica Leite Fotografia Carolina Barbot Sérgio Magalhães Marketing e Publicidade Eduardo João Pinto advicecomercial@viva-porto.pt Célia Teixeira Produção Gráfica Diogo Oliveira

086 M E T R O P O L I S - M AT O S I N H O S

Impressão, Acabamentos e Embalagem Multiponto, S.A. R.D. João IV, 691-700 4000-299 Porto

092 METROPOLIS-MAIA

Distribuição Mediapost

094 METROPOLIS -SANTO TIRSO

Tiragem Global 120.000 exemplares

096 M E T R O P O L I S - PA R A N H O S 098 HUMOR

Registado no ICS com o nº 124969 Depósito Legal nº 250158/06 Direitos reservados Estatuto editorial disponível em www.viva-porto.pt Lei 78/2015

REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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“Falo português, inglês e humor” Joana Marques, guionista das Produções Ficticias, uma das vozes da Antena 3 e uma das caras do emblemático programa “Altos & Baixos”, do Canal Q, confessa à VIVA! que no seu dia a dia o humor tem um papel preponderante. Sendo quase mais um idioma. “Falo português, inglês e humor”, diz, sempre divertida. Texto: Irene Mónica Leite

Nos últimos tempos, contudo, a especialidade da humorista Joana Marques é outra. Passou a ser “lavar biberões e fazer sopa”, porque foi mamã. Joana, portista, vive e trabalha com um benfiquista. A VIVA! não resistiu e perguntou: Como é dormir com o inimigo? “É pacífico. Admito que o Daniel é menos fanático do que eu, o que facilita as coisas. Raramente o vi fora de si por causa de futebol (tirando o famoso momento do Kelvin, mas não o posso condenar)... Tentamos não falar muito de futebol, para não descambar em discussão, mas muitas vezes o tema é incontornável. Afinal de contas, há cerca de 273 programas televisivos diários sobre o assunto”, justifica a humorista. Em termos de planos futuros, Joana avança que gostaria de vir a desenvolver uma enorme fortuna e património pessoal. “Como não jogo no

euromilhões não será fácil, por isso contento-me em continuar a fazer o que tenho feito até aqui. Para já, o projeto que está na manga é levar o ‘Altos & Baixos’ ao vivo a outras cidades do país (já temos algumas datas marcadas) e, no início de 2018, regressar com um novo espetáculo a Lisboa e, claro, ao Porto”. Qual o seu sonho de criança que não concretizou? Quando era pequena, e suponho que brincava com bonecas, o que desejava ser? E porque optou pela carreira de humorista? É uma situação profissional financeiramente compensadora? A maioria dos meus sonhos de criança, felizmente, concretizou-se. Depois de trabalhar com Herman José, Ana Bola ou Maria Rueff, cujos sketches imitava quando tinha seis ou sete anos, não posso queixar-me. Ainda assim, alguns sonhos


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mais parvos ficaram pelo caminho. A certa altura sonhava ser pintora e claramente percebi, anos depois, que a minha arte só chegava para desenhar o Dartacão e pouco mais. Ainda bem que deixei esse sonho pelo caminho, porque é uma profissão que suja imenso. Fica bem dizer coisas como “não escolhi a profissão, foi a profissão que me escolheu a mim”. E realmente é fácil crer que a comédia me escolheu a mim, caso contrário não teria apenas 1,53m, que é logo uma característica propícia a piadas. Não me lembro do momento em que resolvi que me ia dedicar ao humor. Lembro-me, sim, de gostar muito de escrever, e de ver muita televisão também. Acho que da junção dos dois resultou o passo óbvio de me tornar guionista. “Situação profissional financeiramente compensadora” acho

que é ser futebolista num dos três grandes ou banqueiro num banco que nem tem de ser assim tão grande. No meu caso, acho que na maioria das vezes recebo o que é justo, pelo trabalho que faço, e ainda me sobra tempo para fazer as coisas de que gosto, portanto acho que o saldo é mais que positivo. É argumentista, apresentadora de tv e animadora de rádio. Em qual das áreas se sente mais à vontade? Ser guionista é a base de todas as outras atividades e é aquilo que farei sempre. Simplesmente antes escrevia sempre para os outros e a partir de certa altura passei a escrever para mim. Entre rádio e televisão, prefiro a rádio. Quanto mais não seja porque podemos ir trabalhar de pijama. Como surgiu a oportunidade

de colaborar com as Produções Fictícias? Que balanço estabelece desta icónica produtora nacional? Surgiu por acaso, no final de um curso de guionismo, que fiz ao longo de um ano, fui convidada pela então diretora criativa das Produções Fictícias para lá estagiar. Tinha 21 anos, ainda estava a terminar a faculdade, mas aprendi muito mais nas PF do que na universidade. Nada como pôr as mãos na massa para perceber como as coisas se fazem. Foi, na altura, um orgulho muito grande integrar uma equipa que tinha gente tão talentosa e, é hoje, uma recordação especial. Considera-se fanática pela cidade do Porto apesar de viver em Lisboa. O que tem a invicta, a seu ver, de único? As pessoas. Ter um amigo do Porto é completamente dife-


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rente de ter um amigo lisboeta (não desfazendo). No Porto, ao fim de pouco tempo, já estás convidado para jantar lá em casa. Há uma frontalidade e uma genuinidade diferentes. Para o bem e para o mal! Depois, podia estar aqui a falar dos monumentos, do rio, da paisagem... mas a verdade é que a comida no Porto é incrível. Não sou fã da iguaria principal, a francesinha, mas levo sempre, a cada visita, uma lista de restaurantes que quero visitar. E essa lista é infindável. Já para não falar das pastelarias (confeitarias, como dizem no Porto): não percebo este fenómeno mas não há, no resto do país, croissants como os portuenses. Como se tornou uma fã tão apaixonada do FC Porto? Não sei dizer. Desde que me lembro que sou do FC Porto, apesar de na altura ser uma raridade, entre os miúdos da minha idade, em Lisboa. O meu

pai também é portista. Poderia dizer que foi influência dele, mas eu era sempre do contra por isso até é estranho não ter sido do Sporting, ou assim. A verdade é que há uma recordação familiar incrível que é o meu pai, louco, a festejar um golo do Jardel ao Milão. Acho que ver uma pessoa, habitualmente circunspecta, a correr pela sala a celebrar, me fez querer vibrar da mesma maneira com golos do Porto. Como é para uma portista viver lado a lado, em Lisboa, com benfiquistas... e sportinguistas? Quando o Porto ganha, é maravilhoso, quando perde, é muito enervante. Mas até agora tive mais anos bons do que maus, tem sido bom tê-los aqui à mão de semear. Eu gosto muito da picardia com os rivais, acho que isso é que dá graça ao futebol. É também por isso que não vibro muito com a seleção nacional. Porque mesmo quando

Se pudesse escolher três locais portuenses, quais seriam? Porquê? - Jardins do Palácio de Cristal: porque têm uma vista incrível sobre o Douro e quando vou ao Porto gosto sempre de tirar aquela fotografia que deixará os meus amigos invejosos. - Livraria Lello: a livraria mais incrível onde já entrei. Infelizmente lojas como a Lello tendem a desaparecer, é bom saber que esta se mantém e que tem entrada paga, para se conservar assim por muitos anos. - Estádio do Dragão: por razões óbvias. Entrar naquele estádio e ver milhares de portistas faz-me lembrar a música dos Resistência: “não sou o único”. É como visitar a família.

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ganhamos a França, não tenho franceses com quem gozar no dia seguinte. Ser humorista interfere no seu dia a dia familiar? Faz piadas em casa com o seu marido, por hábito ou para praticar? Não faço piadas para praticar, porque não vejo isso como trabalho. Faço sempre que me ocorrem, tal como já acontecia antes de fazer disso profissão. Podemos chamar-lhe, portanto, um hábito. E acho que não é um mau hábito. Jogamos uma espécie de ping pong, a ver quem consegue ter mais graça. Mas não é sempre, se não era uma canseira. Conseguimos ser pessoas normais no resto do tempo. Como surgiu a ideia e o convite para o programa “Altos & Baixos”? Já trabalhava no Canal Q, como guionista de outros programas, e estava prevista a estreia de um novo programa do Nuno Markl. Esse programa acabou por se atrasar, e pediram-me, a mim e ao Daniel, que fizessemos um, durante quatro semanas, para “encher” a grelha enquanto não estreava o do Markl. Acabou por durar um bocadinho mais do que quatro semanas. Uns três anos... Foi um feliz acaso. Co n t ava c o m t o d o e s t e feedback do público e sucesso imediato do programa? Não, não contava com nada. Contava simplesmente que ao fim de quatro semanas o programa terminasse e eu deixasse REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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de ter aquela “chatice” de gravar à noite, a meio da semana. Não diria que o sucesso foi imediato. A verdade é que as audiências foram boas, o que levou o Canal a continuar a apostar no programa, e depois sim, esse feedback foi crescendo, e as pessoas começaram a interagir muito connosco, enviando sugestões, pedindo para assistir à gravação, etc, culminando nos espetáculos que fizemos e que esgotaram rapidamente, para nossa grande alegria. Aliás, vocês já sairam do estúdio. E já passaram por cá também. Como foi a experiência? Foi fantástica. Adorámos a noite em que atuámos no Sá da

Bandeira e esperamos voltar em breve com um novo espetáculo. No “Altos & Baixos” houve certamente histórias (e personagens) caricatas: alguma especial que destaca? Porquê? Destaco o Xerife Penas, talvez. Uma figura do norte do país, curiosamente, que começou por enviar-nos um mail muito desagradado, por lhe termos chamado “Hernani de Carvalho de trazer por casa” (percebo, também me ofenderia), mas depois nós respondemos, explicando o intuito do programa, e ele reagiu muito bem, pedindo até, no seu Facebook, que as pessoas não nos insultassem! Anos mais tarde, convidámo-lo

a participar no espetáculo e ele acedeu. Considera que há espaço para o “Altos & Baixos” numa tv generalista? É difícil, porque é um programa que levanta dois tipos de problema: por um lado, a utilização de imagens de outros canais e, por outro, a sensibilidade dos visados. Se já no Canal Q tivemos alguns problemas com gente que se sentiu ofendida, num canal com maior exposição isso iria acontecer a toda a hora. E o percurso na Antena 3. Como o resume? +/- 2 minutos, manhãs, as Donas da Casa fazem parte da sua telefonia... Há algum programa especial?


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O percurso na Antena 3 surgiu, tal como tudo o resto, sem eu estar à espera. Fiz um workshop de rádio com o Diogo Beja que, pouco tempo depois, me convidou para fazer parte do programa da manhã. Foram anos muito divertidos, apesar da dor de acordar às seis da manhã. Hoje em dia tenho um horário bem mais simpático (das 13h às 16h) e uma colega que me tem ensinado muita coisa, a Ana Galvão. Que caracteristicas é que um bom humorista deve ter, a seu ver? Não se levar muito a sério. Diria que este é o principal requisito. Estranhamente (ou não) muitas vezes são os humoristas quem tem menos sentido de humor e poder de encaixe. Depois, acho que ter uma espécie de lupa para observar o que nos rodeia é muito útil, porque aumenta as coisas, expondo o ridículo que há em cada uma delas. O humor também apresenta dissabores. Há temas mais delicados de abordar? Há temas aos quais não acho graça e que por isso não abordo. Cada um tem a sua sensibilidade e impõe o seu próprio limite. Pessoas em situações muito dramáticas, para mim, não são apetecíveis enquanto alvos de piada. Quais as suas mais traumatizantes experiências da sua profissão e quais as mais positivas? Experiência traumatizante acho que não tive, felizmente, nenhuma. Talvez o aborrecimento de

“Quando o Porto ganha, é maravilhoso, quando perde, é muito enervante” ter de ir a tribunal ou ficar com termo de identidade e residência (!!) por causa de um programa de televisão, mas nada de grave. É só mais uma história para contar. A experiência mais positiva é sempre que se faz uma piada que cumpre o seu objetivo: provocar riso. O que recorda com mais prazer e o que deseja esquecer? Desejo lembrar-me de tudo, até dos trabalhos que correram mal, para não repetir os mesmos erros. A experiência que recordo com mais prazer é mesmo o “Altos & Baixos” ao vivo, as duas noites que fizemos, porque é diferente ter reação imediata ao que dizemos, coisa que não acontece na rádio ou televisão. Uma humorista chora? Quando está grávida chora com tudo. Até com o hino nacional (história verdadeira). No resto do tempo, choro mais a rir. Mas não estou sempre contente,

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nada disso. Tenho exatamente as mesmas variações de humor que as outras pessoas (ou, talvez, pior!). Os reality shows são um bom “partner” para o humor? Assume-se, aliás, como viciada em reality shows. Qual para si tem mais “pérolas”? Na verdade já me cansei – e acho que toda a gente – dos reality shows que temos. Mas tiveram uma época de ouro, sem dúvida, no que toca à riqueza de personagens: do Zé Maria à Fanny, passando pelo Marco, Cátia Palhinha, etc, há assim umas quantas que entrararam diretamente para o panteão dos cromos. Como avalia o atual panorama da tv portuguesa? Nas generalistas não dá para fugir muito do mesmo. Não tenho paciência nenhuma para talent shows, nunca gostei e não percebo como é que um país tão pequeno tem tantas edições desses programas. Parece que continuamos a escavar à procura de petróleo. Para novelas também não tenho paciência. Durante o dia, temos os famosos programas de day time e, nesse capítulo, sou uma confessa fã do Manuel Luís Goucha. Antigamente as pessoas achavam que eu dizia isto a gozar mas acho que hoje já percebem que é a sério, e se assistirem com atenção durante alguns minutos, percebem que não temos em Portugal quem faça televisão melhor que ele. Nos quatro canais, o programa que mais me tem prendiREVISTAVIVA, JUNHO 2017


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possamos chamar-lhe stand up. De resto, tenho aquela espécie de stand up a dois com o Daniel, que é mais confortável que o stand up porque há alguém com quem contracenar, e gosto muito. É mais divertido do que estar num estúdio a falar para uma câmara e a imaginar pessoas do lado de lá.

do a atenção é o “Pesadelo na Cozinha”, um caso em que a adaptação de um formato estrangeiro supera largamente o original. De resto, vejo de tudo um pouco. Sempre tive um critério pouco apertado, vejo imensa televisão. Acha Portugal um país triste? Se sim, porquê? Não. Acho Portugal um país um bocadinho nostálgico e saudosista mas não triste. Enchemo-nos de contentamento com as nossas vitórias, por exemplo. Seja no Euro ou no festival da canção. Acho Portugal um país orgulhoso. Qual o papel do humor no dia a dia das pessoas? E no ânimo do país? No meu dia a dia, o humor tem papel preponderante. É quase mais um idioma. Falo

português, inglês e humor. E arranho francês (na verdade não arranho nada, sei dizer “je m’appelle” e pouco mais). E acredito que para os restantes portugueses essa linguagem também seja importante, porque é muito usada, tanto pelo senhor que nos atende no café como pelo político que vai à televisão e tenta fazer uma gracinha. Vemos, aliás, nas redes sociais, que hoje temos quase 10 milhões de humoristas, e isso é bom. Atua mais em programas de tv do que em stand up. De qual gosta mais? Na verdade não faço stand up. A única exceção que abri – porque era impossível dizer que não – foi para a gala dos Dragões de Ouro na qual, de facto, estive de pé, num palco, a dizer coisas parvas, pelo que talvez

Como descreve o seu dia a dia, atualmente? Cansativo! Antigamente tinha dois trabalhos, o da rádio e o da televisão, às vezes três, com espetáculos ou eventos para empresas, agora tenho quatro, porque tenho um filho de cinco meses que não me concede folgas. Diria que a minha especialidade, nos últimos tempos, deixou de ser escrever piadas, e passou a ser lavar biberões e fazer sopa. Estamos sempre a aprender. É reconhecida na rua? Como reage? Acontece com alguma regularidade. Sobretudo se estiver com o Daniel, que dá mais nas vistas. As pessoas ficam muito surpreendidas de nos ver juntos, porque normalmente os apresentadores não andam por aí aos pares (e não casam uns com os outros, nem têm filhos). As pessoas são sempre muito simpáticas, quem quer ser antipático só consegue fazê-lo na internet.



MO D A

Sempre na vanguarda A moda é fácilmente mutável, sendo marcada por tendências. Umas mais retro, outras mais vanguardistas, sempre com toque personalizado. Estamos, de facto, constantemente a mudar o vestuário, penteados ou até mesmo o nosso estilo. Torna-se, por isso, importante estar sempre ao corrente das mais recentes opções dos estilistas. Neste sentido, a VIVA! fez um périplo por importantes nomes da moda no Norte e foi perceber, precisamente, esses “rumos”. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Sérgio Magalhães


TENDÊNCIAS

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É

inegável que vivemos num mundo em que a moda está presente em todo o nosso dia a dia: no que vestimos, a mobília da casa, os lugares a frequentar, entre outros aspetos do nosso quotidiano. A moda é um fenómeno sociocultural que expressa hábitos, usos, costumes da sociedade, num determinado momento. As tendências da moda surgem, assim, associadas a uma passagem das estações. Em Portugal (e no Porto, diga-se) há uma movida muito interessante. São inegáveis as lojas de designers, repletas de materiais e de tecidos mais ou menos vulgares, de traços e de desenhos diferentes, de cortes e de costuras de autor. Resumindo: roupa, sapatos, acessórios, tudo pensado em português. Do Porto com orgulho. Comecemos então o nosso périplo, repleto de nomes tão icónicos e fulcrais na moda nacional e não só…

LUÍS BUCHINHO Atrás da sua loja, na Rua José Falcão, tem o seu ateliê, uma área de 200 metros quadrados. As malhas continuam ser os seus best sellers. Mas também os casacos e os vestidos, com padrões geométricos onde dominam os pretos e os azuis, combinados com cores primárias. Além das peças dos desfiles, o criador faz habitualmente “uma coleção para revenda”, subordinada ao mesmo tema e às mesmas cores. Buchinho está cada vez mais empenhado em desenhar coleções para mulheres práticas, que viajam muito. Para este outono/inverno, Buchinho apresenta “This is The Sea”. Inspirada no litoral português, a coleção capta o ambiente marítimo da costa portuguesa. As falésias, as rochas, a areia, os pescadores e todos os aspetos envolvidos no ambiente e na paisagem, são retratados em vários momentos, numa linha marcadamente urbana, com peças “intemporais”, resistentes à passagem do tempo. Portanto, silhuetas longas, em look total construído com camadas, sugerindo saias e calças sobrepostas, retratam a fusão do masculino vs feminino. O esquema de cores, neutro e sóbrio, vai de preto, argila, azul-marinho e antracite, para um flash de vermelho e branco.

DIOGO MIRANDA Este ano, Diogo Miranda celebra dez anos de carreira. Tem loja no centro de Felgueiras, onde nasceu e tem as suas raízes. Para este outono/inverno 2017-18, Diogo Miranda quis uma estação com um clímax de exuberância, sofisticação e proporções exageradas. Maioritariamente o designer trabalhou com o tafetá de seda para criar mangas exageradas, folhos e laços volumosos e decotes que deixam os ombros expostos. Misturou padrões de flores exageradas em cores pastéis, para criar uma “silhueta erótica” em contraste com o azul céu e preto austero. Assim, tudo se materializa numa mulher sexy, confiante, feminist e poderosa. REVISTAVIVA, JUNHO 2017


MO D A

KATTY XIOMARA É num prédio do século XIX, na Boavista, que Katty Xiomara tem loja (e ateliê). Na loja, decorada com duas cadeiras estofadas e um provador coquete de cor creme, será recebida a nova coleção, de caráter muito especial, diga-se. A noite e o dia, a lua e o sol, o touro e a lua… Amores impossíveis, mas desassociáveis. Esta temática invadiu a inspiração da designer muito por causa de uma música de memórias antigas, que nas suas estrofes entoa num espanhol cigano. La Luna se está peinando En los espejos del rio Y el toro la está mirando Entre la jara “escondio” (…)

A coleção recolhe inspiração em todo este universo misterioso da floresta e das suas criaturas, em todo o dramatismo da noite e na interminável esperança do dia. Uma poesia selvagem traduzida em vestuário.

ANABELA BALDAQUE Terá sido a primeira loja de uma designer de moda no Porto, já lá vão 17 anos. Para este outono/inverno, Baldaque apresenta-nos o “Império dos Sentidos”. Todo o imaginário está entre o Nepal e a Índia. São condessas boho, de mãos dadas com um forte registo pop. Todos os 45 looks são um desafio à personalidade de cada um. Tratam-se de roupas assumidamente complexas e intensas, desenhadas e principalmente conjugadas para fazer pensar. Quanto à paleta cromática, varia entre azuis escuros embrulhados em cinzas e pretos. Jogos gráficos de pretos e brancos. Amarelo ocre e beges. Verde oliva e verde água. Pratas e ainda rosas misturados com castanho cobre.

INÊS TORCATO Inês Torcato apresenta-nos uma exploração e desconstrução formal dos clássicos numa “constante busca pela perfeição estética”. Esta coleção explora mais uma vez o autorretrato e a partilha da individualidade com o outro, até estes se cruzarem. Com lãs finas, fazendas e malhas, muitos tons de cinza, brancos marinho e vermelho. Há todo um jogo de opacidades e texturas, luz e sombra.


TENDÊNCIAS

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BEATRIZ BETTENCOURT Para a estação outono/inverno 2017, Beatriz Bettencourt apresenta uma coleção feminina que retrata um paralelismo entre o sonho e a realidade. “Awakeness” serve-se assim da consciência humana e da sua dualidade. A coleção combina um cenário “mais livre e idílico” (sonho) com a vertente mais sóbria e estruturada (realidade). Uma curiosidade: certas peças, como saias e vestidos, contêm excertos dos poemas de Fernando Pessoa bordados de forma livre, onde a linha cai solta e fluida. A paleta de cores, retirada das pinturas de Uttaporn, alia uma gama de tons nude com uma gama de azuis, associando a neutralidade do preto, branco e cinza. O ato de dormir é tomado na sua literalidade nos acessórios da coleção, com máscaras de dormir, sapatos sob a forma de meias, bem como malas e mochilas com o formato de almofadas. “Awakeness” cria, assim, uma nova perspetiva segundo uma atitude positiva de introspeção/deliberação entre dois mundos distintos.

MIGUEL VIEIRA Miguel Vieira apresenta-nos “Reflexos Refletidos”. ”Vestimo-nos influenciados por emoções e transmitimos perceções visuais, como num jogo de espelhos em que se define o que é visto e como é visto”, refere. As cores oscilam entre o cinza escuro, cinza claro, preto, azul-marinho, vermelho e branco marshmellow. Para homem, vigoram fatos slim estruturados e tailored made, sobretudos casual, e calças de corte vincado. Para mulher, silhuetas slim, volumes contrastantes, maxi e mini sizes, peças estruturadas e algumas delas oversized. REVISTAVIVA, JUNHO 2017


MO D A

NUNO BALTAZAR A mais recente criação do designer apresenta-se sob o mote “See Now Buy Now” e surpreendeu pela positiva, como sempre. O designer de moda português vai passar a apresentar as suas coleções na altura em que estas chegam às lojas, à semelhança de algumas marcas internacionais, deixando de o fazer meses antes. Assim, o verão será dos vestidos em seda, dos folhos, das cores ricas e dos detalhes sporty. A coleção que agora vigora e que terá ponto de encontro na sua loja na Avenida da Boavista vai buscar à pintora mexicana Frida Kahlo a inspiração para uma atitude de “don’t give a shit” (citação direta da artista), traduzida em silhuetas cool e despojadas, mas com a elegância e sofisticação de um ADN Nuno Baltazar sempre manifesto. A paleta de cores vem também do seu universo e ambientes fantasiosos, materializandose em diferentes tonalidades de verde, rosa e cobalto. Num jogo de volumes e comprimentos, tão abrangentes quanto a personalidade e humor, por vezes corrosivo, de Frida. O resultado é uma coleção que não engana no que à assinatura do criador diz respeito, mas que traz uma frescura que só acresce a uma marca já bem estabelecida no panorama nacional. Estas novidades a VIVA! conheceu no âmbito do Portugal Fashion, realizado na Invicta em locais emblemáticos como a Alfândega do Porto, entre os dias 23 e 25 de março.



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A cerveja com

“Alma Portuense” Parece que foi há pouco tempo mas já passaram quase cinco anos desde que Tiago Talone e Pedro Mota tomaram a iniciativa de se dedicarem ao estudo de viabilização do lançamento de uma nova fábrica de cervejas em Portugal. Um projeto ao qual deram o nome de Fábrica de Cervejas Portuense e que já é um sucesso. A VIVA! falou com os promotores.

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mbos com experiência e ativos no setor cervejeiro (o Tiago nas áreas de marketing e vendas e o Pedro na área de produção), concluíram que em Portugal a hegemonia de duas empresas que em conjunto têm uma quota superior a 90% de mercado, é uma situação que há muito deixou de fazer sentido existir. Na sua ótica, tal justifica-se pela evolução do setor nos últimos 10 anos e, também, pela maior aproximação dos consumidores a outros mercados com cultura cervejeira mais acentuada. Quando Tiago Talone e Pedro Mota iniciaram o estudo de viabilidade deste projeto, existiam na altura cerca de cinco marcas de cerveja artesanal. “É verdade que hoje existem mais de 250 marcas no mercado, o que é de saudar”, constatam. Segundo Tiago Talone, “o consumidor português precisava de ter à sua disposição outras

soluções para além das apresentadas pelos players industriais. E, finalmente, em Portugal estão reunidas as condições para o aparecimento de novas marcas. Tal facto justifica-se pela degradação do setor (fruto da competição entre as empresas industriais) mas, também, por um maior contacto do consumidor com outras realidades internacionais”.

As fases do projeto Em quase cinco anos o projeto passou por diversas fases. A primeira, a de preparação de todo o business plan, foi “a fase mais divertida. Afinal de contas, sonhar não custa...” Seguiu-se depois a fase de planeamento e preparação. Foi preciso definir um target de investidor e encontrar um modelo que definisse as obrigações e os benefícios de parte a parte (promotores e investidores). A terceira fase iniciou-se quando foi obtido o


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compromisso dos investidores. Tal compromisso dependia ainda da garantia da viabilidade do projeto que, por sua vez, dependia da procura e negociação de um edifício no centro do Porto com “especificidades muito detalhadas”; e dependia da aprovação de um pedido de informação prévia por parte da Câmara Municipal do Porto. Aqui a Fábrica de Cervejas Portuense terá encontrado o seu maior desafio. Saber que tudo estaria assim tão próximo, mas ainda preso por detalhes. E por fim deu-se a fase do arranque. Foi necessário um ano de obras e a articulação entre mais de 20 fornecedores de equipamentos para garantir a melhor Fábrica de Cervejas em Portugal. No dia 7 de abril foi lançada a marca de Cerveja Nortada. O nome é uma expressão, um símbolo, um ícone que de uma forma sucinta deve resumir a personalidade/identidade de uma pessoa ou, neste caso, de uma marca.

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Tiago Talone

Porquê Nortada? O nome Nortada é inspirado na frescura dos ventos do Norte. “É isso que pretendemos ao beber uma boa cerveja: que seja suave e fresca até à última gota. É, também, um símbolo do Norte, este vento que predomina em toda a costa nacional. E remete-nos para a praia, o verão, o calor, a festa, ou seja, momentos preferenciais para o consumo de cerveja”, explicam. Por outro lado, foneticamente a palavra Nortada tem a par-

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ticularidade de ser fácil de compreensão e, de certa forma, ser verdadeiramente internacional. Na proposta de valor da marca Nortada “procuramos entregar a cada consumidor uma cerveja com melhor qualidade, que respeita as tradicionais receitas cervejeiras, feita a partir de uma base 100% malte de cevada e por mestres cervejeiros experientes. Mas procuramos, também, entregar um produto distinto e a um preço competitivo”. No lançamento da marca, a 7 de abril, a marca de Cerveja Nortada chegou a mais de 100 pontos de venda no grande Porto. “Para isso foi feito um excelente trabalho de toda a equipa da Fábrica de Cervejas Portuense e em particular da equipa comercial que, de uma forma discreta e informal, foi apresentando em primeira mão a marca aos clientes”. “Naturalmente que vamos querer continuar a ganhar distribuição numérica. Temos em Sá da Bandeira a capacidade para produzir 2.000.000 de litros. Queremos estar próximos dos consumidores. E, para isso, é preciso que cada Nortada esteja sempre à distância de um pedido”.

O futuro Falando um pouco mais sobre o que existirá em Sá da Bandeira. “Atualmente temos na cave a instalação de uma unidade fabril para a produção de cerveja. Mas o edifício, que conta com 1.500m2 divididos por quatro pisos, oferecerá muito mais. Estar no centro do Porto significa estar próximo das pessoas. No edifício existirão, brevemente, um conjunto de atratividades que permitirão aos consumidores a visita à Fábrica e a permanência pela mesma”. “Quem nos vier visitar, entrará por uma loja onde poderá comprar as nossas cervejas, bem como material de merchandising da marca e outras novidades. Depois passará por uma zona de bar onde poderá degustar todas as nossas cervejas”, explicam, orgulhosos.


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Os cinco estilos de cerveja e o que os caracteriza A Porto Lager (Nortada) é “feita à nossa imagem, genuína e com carácter. É uma lager como tem que ser: 100% malte. A pureza e qualidade da nossa receita reflete-se num dourado perfeito, numa espuma densa e consistente e em agradáveis notas de fim de boca”. É o equilíbrio perfeito entre complexo e simples que demonstra toda a elegância e qualidade das matérias-primas utilizadas. Sempre refrescante, É ideal para qualquer momento de consumo. De cor “vibrante”, a Vienna Lager (Nortada Bonfim) é “tão bonita quanto saborosa”. O malte Vienna confere a esta cerveja uma tonalidade cobre e um aroma e sabor distinto, com notas subtis de malte tostado. De corpo médio e amargor ligeiro, é a perfeita combinação de cor e sabor. A Brown Porter (Nortada Miragaia) é “cremosa e aveludada e seduz ao primeiro encontro. De uma profunda cor castanha e espuma densa de cor bege, é uma cerveja de aroma e amargor suave, com notas subtis de caramelo. Extremamente equilibrada, é a medida certa de corpo e sabor”. A India Pale Ale (Nortada Massarelos) é uma cerveja “ousada que desafia os sentidos com toda a riqueza e complexidade dos lúpulos. Com uma quente cor dourada e uma espuma densa, é extremamente aromática com notas de frutos tropicais”. Bastante lupulada, destaca-se pelo seu sabor intenso e amargor acentuado. “Forte e majestosa, a Imperial Stout (Nortada Campanhã) é a rainha das stouts. A sua impenetrável cor escura é coroada por uma cremosa espuma de cor bege. Uma cerveja encorpada, com um intenso aroma e sabor a malte torrado, de onde se destacam elegantes notas de café e chocolate preto”. Mas as novidades não terminam por aqui. “Como empresa que se propõe dedicar à promoção da cultura cervejeira, naturalmente que teremos que lançar regularmente outros estilos de cerveja. Nesse aspeto, na nossa Fábrica, o restaurante e loja que nela se inclui funcionarão como um laboratório de experiências, onde os consumidores poderão encontrar outras cervejas lançadas em registos sazonais e/ou pontuais”.

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Grande parte do espaço aberto ao público é o espaço do restaurante onde os equipamentos cervejeiros se misturam entre as pessoas. Esse espaço divide-se pelo piso 0 e 1. No restaurante a estrela é a Cerveja Nortada. “Ao contrário de outros restaurantes onde a bebida acompanha o prato, aqui é o prato que acompanha a bebida. Para tal, estamos a preparar uma carta de petiscos que estarão em perfeita harmonia com o perfil de cada cerveja”. “Das 10h às 02h teremos sempre uma dinâmica constante. Este será um espaço dedicado ao mundo da Cerveja. Um lugar onde cada um, na companhia da família e/ou amigos, poderá desfrutar cada momento ao sabor de uma Cerveja Nortada”, rematam.



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E Q U A L I F I C A Ç Ã O

A vida e o legado do

Conde de Ferreira

Reza a história que há 234 anos, mais precisamente no dia 4 de outubro de 1872, nascia no lugar de Vila Meã, em Campanhã, um indivíduo do sexo masculino, ao qual deram o nome de Joaquim Ferreira dos Santos, que viria a ser Barão, Visconde e Conde de Ferreira. Um bem sucedido brasileiro de torna-viagem. Brasileiro, barão, benemérito, fazem parte da trajetória de ascensão social com repercussão popular, em que o mito radica, aqui e ali, no anti-herói. Joaquim Ferreira dos Santos é o quinto filho de um casal de lavradores de Campanhã. Ao filho mais velho, Manuel, destinou-se a herança e gestão do património agrícola da família, devendo os restantes optar por soluções que passaram pela saída da casa paterna.

De origem modesta, filho de lavradores pouco abastados, foi destinado, assim, à vida eclesiástica, para o que estudou humanidades. Reconhecendo a sua pouca vocação para o estado clerical, dedicou-se à vida comercial, no Brasil, com assinalado êxito, alcançando grande fortuna. O Conde de Ferreira está interligado a Campanhã, terra que o viu nascer. Ainda hoje, nas palavras do presidente da Junta de Freguesia de Campanhã, Ernesto Santos, “são bem visíveis


CASA D O CON D E D E F E R R E I RA

traços do seu tempo, como por exemplo, uma escola que faz parte de um grupo de cerca de 120 estabelecimentos de ensino mandados construir pelo Conde de Ferreira e que têm em comum uma particularidade: foram todos construídos a partir do mesmo projeto. Esta escola situa-se na rua Ferreira dos Santos, mantendo ainda hoje a sua traça exterior, transformada num bonito auditório”. “Existe ainda em Campanhã uma casa que fazia parte da então Quinta de Vila Meã (hoje chamada Quinta do Mitra) que se supõe ter sido a casa onde nasceu o Conde Ferreira”, acrescentou o autarca. Esta casa, disse, ”esteve, até há bem pouco tempo, em risco iminente de ruína, estando agora a ser reconstruída pela Junta de Campanhã, tentando manter a sua traça exterior, assim como a Capela então existente”. De referir que naquela que é considerada a casa onde nasceu o Conde de Ferreira foi também pensada a construção da Casa da Cultura. No entanto, como relembra Ernesto Santos, “há dois anos estava em ruína o empreendimento”. A Junta de Campanhã decidiu, assim, reforçar a intervenção, acabando por investir “centenas de milhares de euros”. Hoje, através de uma parceria entre a Junta de Freguesia de Campanhã e o Centro de Emprego, as paredes já estão solidificadas e o telhado também. Depois houve outra boa nova, “a requalificação da casa ficou integrada no interface de Campanhã, o que significa que em 2021 estará totalmente recuperada”. Uma forma, disse, de se eternizar o “espírito altruísta e instruído do Conde de Ferreira”.

PERSPETIVAS SOBRE O VISISONÁRIO Porque “ter memória é lembrar para o futuro”, diz António Tavares. Para o Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, o “Conde de Ferreira tem, na vida de Portugal, um papel assaz curioso. Fez fortuna no Brasil à custa de ser negreiro e acabou a sua vida a ajudar na saúde e na educação”. De referir que “ajudou no apoio aos que vagueavam na rua e às crianças que procuravam saber as primeiras letras. Acabou a ser útil depois de

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uma vida de contradições”. Segundo Francisco Ribeiro da Silva, mesário do culto e da cultura da Misericórdia do Porto, “as preocupações sociais do Conde de Ferreira dirigiam-se também para os jovens delinquentes e enclausurados, para os meninos e meninas desamparados e entregues a instituições de acolhimento, para os órfãos. E não se esqueceu dos pobres que residiam na cidade do Rio de Janeiro”. Consta que as “misericórdias das duas cidades ficariam com meios para poderem vestir, de alto a baixo, ano a ano, algumas dezenas deles. REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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Os doentes pobres teriam uma enfermaria para cuidar deles em permanência, pelo recurso a métodos e remédios homeopáticos, em que Joaquim Ferreira dos Santos tanto parecia acreditar”. De acrescentar que “não ficaram de fora os velhos e as velhas, os entrevados e as entrevadas, os mendigos recolhidos em asilo, os desempregados chefes de família. A sua preocupação com os doentes mentais ficou evidenciada na construção e manutenção do Hospital que leva o seu nome”.

O INTERESSE NA EDUCAÇÃO Após falecer na sua residência do Bonfim, deu início a uma nova etapa de ascensão social, a consagração como benemérito nacional. O testamento que deixou surpreendeu a Nação. “Convencido de que a instrução pública é um elemento essencial para o bem da sociedade, quero que os meus testamenteiros mandem construir e mobilar cento e vinte casas para escolas primárias de ambos os sexos nas terras que forem cabeças de concelho”. Trata-se da decisão de maior impacto do testamento de Joaquim Ferreira dos Santos, Conde de Ferreira, lavrado no dia 15 de março de 1866. O


CASA D O CON D E D E F E R R E I RA

Conde morreria nove dias depois e a data de 24 de março de 1866 foi esculpida na frontaria dos cento e vinte edifícios escolares. De assinalar que já vinha de longe o interesse do Conde de Ferreira pela educação, não foi de repente que nasceu, como se pode provar pelo devotado apoio que dedicou à criação do pioneirismo ensino industrial pela Associação Industrial Portuense, a cujos quadros muitos anos pertenceu. Várias foram as medidas legislativas do constitucionalismo que se propuseram dar forma ao Ensino Primário, com particular destaque para as promulgadas por Rodrigo da Fonseca (1835), Passos Manuel (1836), D. António da Costa, titular do primeiro Ministério da Instrução Pública (1870) em Portugal. É importante registar que a “semente” lançada nunca encontrou lugar próprio a não ser quando o Conde de Ferreira proporcionou meios e especificou projetos que permitiriam que a Instrução Primária viesse a ter casa própria, em moldes considerados dos mais avançados na Europa de então. Num país sem parque escolar, o Conde de Ferreira

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polvilhou-o de escolas, legando verbas para 120 estabelecimentos de ensino a criar em terras que fossem cabeça de concelho, dando origem a um tipo arquitetónico específico, em que a casa anexa do professor estava incluída, numa previsão das dificuldades de alojamento dos agentes de ensino deslocados. Deixou legados a numerosos asilos, hospitais, confrarias e misericórdias, especialmente às do Porto e Rio de Janeiro. De assinalar que mandou construir e dotar o Hospital dos Alienados, conhecido como Hospital Conde de Ferreira, a que foi dado o seu nome, instituição que constituiu uma verdadeira escola de psiquiatria. O Centro Hospitalar Conde de Ferreira é uma unidade assistencial de referência nacional e internacional na área da Saúde Mental. Foi o primeiro hospital construído de raiz para a Psiquiatria em Portugal (1883), assumindo-se, desde logo, como um estabelecimento inovador. O primeiro Diretor Clínico, António Maria de Sena, criou um modelo de organização hospitalar arrojada para o seu tempo. António Maria de Sena foi, ainda, o responsável pela criação da primeira lei psiquiátrica em Portugal, a chamada Lei Sena. Neste hospital fizeram carreira alguns dos mais conceituados psiquiatras portugueses, como Júlio de Matos, Magalhães Lemos, Bahía-Júnior e Alberto Brochado. Vocacionado para a assistência, formação e investigação na área da Psiquiatria e Saúde Mental, o Centro Hospitalar Conde de Ferreira continua a “assegurar um apoio técnico e humanizado, através de cuidados prestados em regime de internamento e de ambulatório, a doentes psiquiátricos ou com perturbações aditivas”. O estabelecimento inclui, ainda, o Parque José Avides Moreira, com três hectares de espaço natural destinado ao desenvolvimento de um projeto de hortas terapêuticas, aberto à comunidade. Joaquim Ferreira dos Santos, o Conde de Ferreira, faleceu na cidade do Porto em 24 de março de 1866, com 84 anos de idade, data que aparece inscrita sobre a porta das escolas financiadas pelo seu legado. Está sepultado num mausoléu no Cemitério de Agramonte, concluído em 1876, dez anos após o seu falecimento, obra do escultor António Soares dos Reis. REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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D.Afonso IV o Bravo que transformou o reino

O maior evento de recriação histórica medieval do país volta a dar vida de outros tempos à cidade de Santa Maria da Feira. Portal do tempo para uma viagem única pelas vivências da Idade Média, a Viagem Medieval proporciona uma completa aula de história viva, onde os visitantes também podem ser atores nos grandes momentos de animação e recriação. De 2 a 13 de agosto de 2017, Santa Maria da Feira e o seu castelo medieval recuam até século XIV, século da Fome, da Peste e da Guerra, e ao reinado de D. Afonso IV, vivendo a 21ª edição da Viagem Medieval em Terra de Santa Maria.


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ruzando história, património, animação e gastronomia, a Viagem Medieval oferece produtos turísticos inovadores, como os Bilhetes Experiência, que proporcionam ao visitante experiências exclusivas, de forma mais intensa e sensorial. Realizado em pleno verão, o maior evento de recriação medieval da Europa estende-se por 12 dias consecutivos, no centro histórico de Santa Maria da Feira. A Viagem Medieval realiza-se anualmente desde 1996, apenas com um ano de interregno, em 1998. Em 2017, o evento celebra 21 edições. ENQUADRAMENTO HISTÓRICO No ano de 1325, subiu ao trono um rei de nome Afonso, que governou longos anos, muito duros e difíceis, subjugados por tempos de muitas fomes, grandes pestes e guerras. As mudanças climatéricas e as catástrofes naturais levaram a maus anos agrícolas e à escassez de produtos, o que provocou o aumento de preços e gerou muita fome e doenças, atingindo o auge em 1348, com a célebre Peste Negra. Também as guerras com Castela, a ameaça islâmica e a guerra civil com seu filho Pedro, no final do reinado, ajudaram a fomentar esta trilogia dos horrores, que tanto assolou as gentes desta época. D. Afonso, o infante rebelde, de temperamento obstinado, sobe ao trono com o título de Afonso, REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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o quarto, pela graça de Deus, rei de Portugal e do Algarve. Dirige a sua tenacidade e perspicácia para a governação do reino, reforçando o poder real através de uma intensa ação legislativa e uma série de reformas inovadoras na área da justiça e da administração. Com algum prenúncio, D. Afonso IV vira-se para o mar e, a certa altura, Portugal passa a ser um conciliador de rotas marítimas entre o Atlântico e o Mediterrâneo. Apesar de todas as vicissitudes, o Bravo conseguiu transformar o reino num só território, sob uma mesma autoridade, num só povo constituído por vários estratos sociais, numa só língua, numa só tradição. Em resumo, numa só identidade: no reino de Portugal. D. Afonso IV morre em 1357, após 32 anos de governação, subindo ao trono, de imediato, seu filho D. Pedro I.


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Com o mar a seus pés, a Kasa da Praia, hoje uma reputada discoteca, tem na sua história raízes profundas. Inicialmente uma das maiores subestações de abastecimento de energia dos elétricos da cidade da Porto, o enorme edifício foi, depois, o Colégio Luso-Internacional do Porto. Localizada mesmo ao fundo da Avenida da Boavista, a maior do país, desfruta de um enquadramento único. Inaugurada em maio de 2015, apresenta um ar industrial – tendo sido implantada uma “mezzanine” que percorre todos os cantos e constitui uma varanda privilegiada para o espaço, ou seja, para a pista de dança que, como não podia deixar de ser, ocupa o centro de tudo. A tutelar a pista de dança está uma parede de LED, uma cascata de luzes que na verdade esconde um bar no rés do chão e logo por cima a cabine de som, uma verdadeira varanda encaixada abaixo da “mezzanine”. Som, luz e vídeo trabalhados pelo DJ e também por LJ e VJ em permanência que criam em conjunto uma linha estética para cada noite. Todos criam ilusões.


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KASA DA PRAIA

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AJUDAR O PRÓXIMO Entre a tradição e a modernidade. Duas palavras-chave para a definição do trabalho da Santa Casa da Misericórdia do Porto. “Poderemos resumi-la dessa maneira, ainda que tenhamos de dar uma amplitude às palavras”, sustenta o Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, António Tavares. Património, Saúde e Ação Social são as grandes apostas da histórica instituição cuja missão é “ajudar o próximo”. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Carolina Barbot

“Na palavra tradição temos que encontrar toda a história, todo o passado da Misericórdia e o cumprimento, obediência. A modernidade é um esforço constante para acompanhar a realidade, sempre com os olhos postos no futuro. A título de exemplo, percebemos rapidamente que olhar para o fenómeno dos sem-abrigo no século XVI tinha um enquadramento que, obviamente, não tem no século XXI”, explica o Provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP). “Estamos permanentemente atentos aos novos desafios e sinais que a sociedade nos dá, mas ao mesmo tempo temos consciência de que as políticas públicas têm de acompanhar essa evolução. Hoje fala-se muito em empreendedorismo social e inovação social… Mas não podem ser chavões. Os problemas e as dificuldades reais são muitos”, salienta António Tavares. “Há toda uma sociedade que não é conhecida, clandestina à qual nós temos que responder através de respostas efetivas e de afeto. É esse o compromisso, no fundo, entre a tradição e a modernidade. Dar afeto às pessoas, equilíbrio, coesão social, coesão económica. Numa expressão: dar dignidade”. Por outro lado, a instituição tem vindo a abrir as portas à cidade e aos portuenses, através dos projetos que desenvolve nas mais variadas áreas de atuação, nomeadamente na área da cultura, com todo o dinamismo que o Museu envolve. A Procissão das Endoenças, realizada em abril, que juntou centenas de portuenses, foi um bom exemplo

de união da comunidade. A partir do ritual das Vias Sacras, a procissão penitencial “Ecce Homo: Eu vos trago a misericórdia para que a tomeis em vosso coração” foi, assim, renovada sob a forma artística, sendo também os moradores das ruas do percurso convidados a participar adornando as janelas e varandas com velas, panejamentos ou flores. “Temos exatamente essa preocupação da tradição. Quando a trazemos para a modernidade não é para replicar os rituais que eram feitos no século XVI. Mas é, acima de tudo, também dizer às pessoas que há valores que não podemos esquecer. Os valores da solidariedade e da ajuda ao próximo”, explica António Tavares. A reabilitação é, sem dúvida, uma das pedras basilares da ação da Misericórdia do Porto. António Tavares anunciou recentemente, inclusive, que a instituição vai investir “dez milhões de euros na reabilitação urbana”, área que já conquistou um prémio nacional pela intervenção no Palacete Araújo Porto, hoje sede da instituição. O objetivo do investimento é construir “casas a preços acessíveis” que contribuam para “a fixação de habitantes” na cidade do Porto. O Palacete Araújo Porto, edifício que acolhe o Centro Corporativo da Misericórdia do Porto, venceu a edição deste ano do ‘Prémio Nacional de Reabilitação Urbana’ na categoria ‘Melhor Intervenção de Uso Comercial & Serviços’. “É um reconhecimento pelo trabalho desenvolvido pela Misericórdia do Porto nesta área, mas também é um estímulo para continuar a apostar na reabilitação urbana”, comentou António Tavares.


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A quinta edição do Prémio Nacional de Reabilitação Urbana recebeu 83 projetos candidatos. “Muitas pessoas deixaram o seu património para a Misericórdia preservar. Deixaram-nos rendas, por exemplo, que nos permitem sermos cada vez mais independentes perante o poder político. Ao reabilitar estamos a modernizar os espaços. E ao reabilitar estamos a trazer as casas do século XIX para o século XXI”, resume. A autonomia financeira da histórica instituição é cada vez mais trabalhada através, por exemplo, das receitas do Museu (MMIPO) e das rendas. “Na Santa Casa da Misericórdia temos o ciclo do investimento, onde vamos retirar a receita. A autonomia financeira resulta em grande parte da nossa atividade. O nosso património, nesse âmbito, é um bom contributo. Seja património cultural, artístico, museológico, juntamente com o nosso património imobiliário”. “Não nos preocupamos em ter lucros, mas obviamente em ter resultados positivos que nos ajudem a cumprir as nossas tarefas e a ajudar o próximo. Seja com uma refeição, outras vezes com uma casa, ou uma bolsa para estudar. Há imensas maneiras de ajudar”, frisa. A saúde também tem um papel preponderante na ação da Misericórdia do Porto. “Dentro da tradição e modernidade construímos hospitais desde o século XVI. No século XVIII fizemos o Hospital Santo António. No século XX, o Hospital da Prelada”, salienta. “É um hospital que, desde os finais da década de 80, tem servido o Serviço Nacional de Saúde com evidentes vantagens para ambas as partes. E, acima de tudo, para os cidadãos, que são simultaneamente utentes do SNS, mas também contribuintes.” “Acima de tudo queremos fazer aquilo que os outros não estão a desenvolver. Ainda muito recentemente assinamos um protocolo com a BlueClinical, na área de ensaios clínicos, porque entendemos que o futuro dos hospitais passa por ter um papel ativo, sendo pioneiro na procura das soluções para os problemas”. Com este novo projeto, que prevê a disponibilização de 120 camas e ocupará mais de 3.000 m2, a futura unidade de fase I será a maior e mais moderna infraestrutura de ensaios clínicos da Europa. A investigação nesta área é um dos motores da inovação em saúde. Por ano, realizam-se 1.400 ensaios clínicos de fase I ao nível europeu, dos REVISTAVIVA, JUNHO 2017


quais mais de mil envolvem voluntários saudáveis. Estes ensaios representam uma etapa obrigatória no desenvolvimento de medicamentos inovadores e de genéricos. Com a expansão das instalações, a nova unidade de ensaios clínicos instalada no Hospital da Prelada, terá capacidade para realizar 100 ensaios por ano. O combate à exclusão é outra das “frentes” da Santa Casa da Misericórdia. A tradução tátil do quadro Fons Vitae (Fonte da Vida) é um exemplo prático dessas ações em prol de uma sociedade mais inclusiva. “É ir buscar os cidadãos que têm uma dificuldade que os torna em relação a nós diferentes e procurarmos captá-los através de uma mensagem cultural”. Com autoria atribuída a Colijn de Coter, o Fons Vitae é um quadro emblemático e simbólico. O tema da Fons Pietatis, central na pintura, teve grande difusão na época medieval no norte e centro europeu, ligando-se ao “Juízo Final”. Está associado ainda ao culto do “Santo Sangue” e, a partir deste, a muitas outras variantes que colheram grande recetividade devocional, como o culto do “Santo Lenho e da Vera Cruz”. O apoio aos sem-abrigo, da Misericórdia do Porto, já vem de longe. “Ainda recentemente o Presidente da República esteve aqui no Porto, mais

concretamente no nosso projeto destinado aos sem-abrigo. E não foi inocentemente. Foi porque Marcelo Rebelo de Sousa sabe que a Misericórdia do Porto tem respostas. As pessoas sabem que nós temos contributos muito importantes. Nós não somos daqueles que andam a fazer estudos, anúncios, etc”, resume António Tavares. De visita à Casa da Rua - D. Lopo de Almeida, no Porto, Marcelo Rebelo de Sousa entrou na cozinha e ajudou as cozinheiras a servir as cerca de 70 refeições que naquela noite, como todas as outras noites, foram ali preparadas. Segundo explicou o Provedor da SCMP, a Casa da Rua apoia quem não tem onde dormir, quem precisa de uma refeição, uma morada ou um lugar onde deixar os seus pertences. Segundo António Tavares, a instituição “apoia 20 pessoas a pernoitar, mais de 80 a alimentar e outras tantas noutro tipo de apoio”. Para quem a frequenta, não é uma solução, mas é uma ajuda, acrescentou. Após servir cerca de 70 refeições, Marcelo foi ainda para a rua acompanhar consultas médicas de sem-abrigo e distribuição de refeições. “O problema dos sem-abrigo, como o Presidente da República também disse, está relacionado com a necessidade da criação de emprego. As pessoas


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precisam de uma ocupação para terem alimento”, reforça. “É importante criar oportunidades para as pessoas poderem exercer uma profissão de acordo com as suas competências técnicas, e receberem um salário por isso. Existem hoje muitas atividades que podem ser executadas com utilidade para a sociedade. Por exemplo, a limpeza de jardins e outros espaços públicos, o acompanhamento de idosos, etc. No caso das pessoas que se encontram incapacitadas para trabalhar, então o Estado tem obrigação de lhe atribuir uma pensão e contribuir para a sua reforma”, explica o Provedor da SCMP. Ações de apoio aos idosos também não são esquecidas. “Depois de termos lançado o programa ‘Chave dos Afectos’, estamos convictos de que é possível evoluir no serviço de apoio domiciliário. Temos que recusar a institucionalização dos nossos idosos. Hoje, os seniores são mais cultos, têm maior preparação intelectual, são mais saudáveis, ativos e adaptam-se facilmente às novas tecnologias. Por isso, não estão disponíveis para serem colocados em equipamentos como os lares ou outras instituições, abdicando do seu espaço e da sua qualidade de vida. A Misericórdia do Porto está a trabalhar nestas respostas. Tratamos da higiene pessoal, alimentação, bem como apoio na saúde”, resume António Tavares. Cuidar do próximo, sem deixar esquecer também os seus colaboradores, é outra das preocupações da Misericórdia. O direito à “desconexão” no período pós-laboral revela essa situação. “Faz parte do ADN da instituição. Se não se preocupar com os seus, não se consegue preocupar com os outros”, salienta. “Também demos o contributo para que as nossas colaboradoras possam ter tempo para serem mães e ter o seu papel nesse domínio sem qualquer tipo de contrapartida. Permitimos às jovens mães que fiquem com os filhos até um ano de idade, só trabalhando a meio tempo. É um avanço muito grande em Portugal”, acrescenta o Provedor da SCMP. É importante relembrar que o direito dos trabalhadores a um descanso efetivo entre as jornadas de trabalho tem sido alvo de debate internacional. Em França, por exemplo, a nova lei do trabalho já impõe o direito à desconexão. “Não vale a pena que as pessoas levem para casa os seus problemas do dia a dia. Queremos profis-

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sionais que estejam connosco de corpo e alma, com condições de trabalho e que possam desempenhar a sua missão com agrado”. António Tavares sonhou com projetos importantes como o Museu e a reabilitação de edifícios importantes da Misericórdia do Porto. Tudo foi acontecendo, efetivamente. O MMIPO é uma realidade e reconhecido pela sua elevada qualidade, assim como o Palacete Araújo Porto, que traduz a indelével capacidade da instituição continuar a fazer história. “Como Fernando Pessoa uma vez escreveu: ‘Deus quer, o homem sonha, a obra nasce’. Acima de tudo, aquilo que prometi, consegui cumprir! A Misericórdia do Porto apresenta-se no século XXI como uma instituição moderna e aberta à cidade. Os cidadãos passam e não podem ficar indiferentes a ela”, reitera. Entre os projetos mais recentes, destaca-se o recém-criado Centro de Medicina Desportiva do Hospital da Prelada. Este novo centro tem uma equipa qualificada nas diferentes vertentes da Medicina Desportiva moderna: Fisiatria, Ortopedia, Cardiologia e Nutrição. Atletas individuais, clubes e federações de desporto amador têm ainda acesso a serviços complementares de Imagiologia e Análises Clínicas. A aposta neste novo centro vai ao encontro das atuais necessidades dos praticantes de exercício físico, que procuram aumentar a performance, alcançar resultados e prevenir lesões desportivas. No Hospital da Prelada há respostas para os vários perfis de atletas, de acordo com a idade e a exigência de cada modalidade. São cuidados únicos e diferenciados, garantidos por uma equipa qualificada e serviços complementares de qualidade reconhecida. Assim, num evidente trabalho repleto de sucessos, António Tavares aponta de imediato novas direções. “O parque da Prelada é um projeto para o futuro próximo. Limpar a fachada do Hospital Santo António é outro. São ações que exigem também muita maturação. Depois de estar tudo preparado, é que avançamos”. “Daqui até ao fim do mandato há muitas hipóteses de fazer coisas. Não perdendo a capacidade de sonhar, mas com os pés bem assentes na Terra”, remata António Tavares. REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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A HISTÓRIA DA VIDA PARA TODAS AS IDADES Na Galeria da Biodiversidade nada é estático. E o mais curioso é que assistimos a um belo cruzamento entre ciência e arte. A história da vida narrada e sintetizada de forma simples e interativa. Quem diria que os sonhos de menina de Sophia de Mello Breyner se realizariam? Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Carolina Barbot

A metáfora em geral é da Sophia de Mello Breyner. É a baleia que a ainda menina terá visto e mencionado posteriormente em “Histórias da Terra e do Mar”. Assim, o palacete do Jardim Botânico do Porto onde brincaram Sophia de Mello Breyner Andersen e Ruben A. foi restaurado e está pronto para receber a Galeria da Biodiversidade, mais um grande e ambicioso projeto com o carimbo da Universidade do Porto (U.Porto). Instalada na casa Andresen, a Galeria da Biodiversidade – Centro Ciência Viva surge como produto da primeira fase do ambicioso plano de reabilitação do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto (MHNC-UP) que está neste momento em curso, em colaboração próxima com a Agência Ciência Viva. Situada num “pulmão” bem emblemático do Porto (o Jardim Botânico), que também integra o primeiro pólo a ser inaugurado do MNHC-UP, a Galeria da Biodiversidade constituir-se-á, a partir da sua abertura, agendada para finais de junho, inícios de julho, como o primeiro Centro Ciência Viva dedicado especificamente à biodiversidade. Uma curiosidade: a Galeria da Biodiversidade é o

primeiro espaço museológico do mundo criado de raiz segundo a filosofia da museologia total. É, acima de tudo, um espaço onde a arte se cruza com a biologia e a história natural, estimulando toda uma panóplia de experiências sensoriais, propositada e audaciosamente concebidas para celebrar a diversidade da vida. “O que vamos fazer será diferente do tradicional Museu de História Natural, mas manteremos elementos ‘clássicos’ como o esqueleto de dinossauro ou de baleia suspenso à entrada”, explica Nuno Ferrand, professor universitário. Na verdade, depois de um período de decadência nos anos 50, estes museus começaram a renovar-se nos anos 80, adotando novas fórmulas para passar a sua mensagem. A Galeria, assim, “combinará elementos de uma forma inovadora”, pretendendo “relacionar a biodiversidade com todas as áreas do conhecimento”, desde a saúde às artes, passando pela alimentação, genética, economia, consumo e crescimento populacional. “Queremos reconstruir as histórias destas relações através da genética e da investigação com base em coleções”, nomeadamente as do espólio do Museu de História Natural e da Ciência.


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A INSPIRAÇÃO: ENTRE A FICÇÃO E A REALIDADE?

MAS O QUE PODEMOS VER E, ACIMA DE TUDO, EXPERIENCIAR NA GALERIA DA BIODIVERSIDADE? Entramos na vistosa casa e deparamo-nos com quatro vitrinas que representam quatro argumentos fundamentais para a preservação da biodiversidade: beleza, ética, economia e ciência. Na primeira vitrina, encontramos centenas de ovos que vieram do MNHC-UP, dispostos de uma maneira regular – representam a beleza e são uma metáfora da origem da vida. Nota-se, de imediato, que a ciência aqui é mais acessível, através de ferramentas de comunicação, tecnologia e arte. As pessoas ficam em primeiro lugar “capturadas” pelo interesse estético e visual da respetiva peça. E, quando ficam apaixonadas pelo que estão a ver, é natural que se facilite a explicação dos fenómenos da biodiversidade. Caminhando uns metros mais à frente, deparamo-nos com a representação de todas as raças de cães. A única espécie pintada de negro é a do lobo. E porquê? Porque todos os cães vieram do lobo. Sabia que, se o lobo se tivesse extinguido, não havia cães? O direito à vida é inerente ao ser vivo (argumento ético).

Quem leu o livro “Histórias da Terra e do Mar”, de Sophia de Mello Breyner Andersen, guardará certamente na memória o conto “Saga”, no qual é narrada a viagem do jovem Hans que, atraído pelo mar, embarca numa grande aventura num veleiro contra a vontade do pai. Depois de grandes passagens, Hans desembarca numa cidade de “respiração rouca”. Sophia, habilmente misteriosa, nunca diz o nome, mas pela descrição sabemos que é o Porto. Hans viria a tornar-se num importante homem de negócios e comprará “uma quinta que, do alto de uma pequena colina, descia até ao cais de saída da barra”, escreve Sophia. Mas não ficamos por aqui. Temos também, noutra vitrina, representadas todo o tipo de sementes das mais diversas plantas, em homenagem a todos os homens que trabalharam ao longo dos séculos, assegurando a sua sobrevivência. Argumento económico, claro. Por fim, surge o argumento científico, a partir da representação de todos os comprimidos que podemos encontrar nas farmácias. É inegável que, ao longo dos séculos, a natureza foi ponto de partida para a produção de medicamentos. Assim, nesta sala e em particular nesta última vitrina, encontramos a (bio)diversidade em todo o seu esplendor. Sabia, por exemplo, que há animais que se camuflam no meio para poderem sobreviver? Os camaleões, por exemplo, mudam de cor. Darwin também não é esquecido (como não poderia deixar de ser), com uma sala dedicada ao REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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fenómeno da especiação, ou seja, o surgimento de novas espécies. Continuando o nosso percurso pela Galeria da Biodiversidade, outros pormenores e analogias muito criativas se afiguram. Como é possível ter 3000 caracóis, todos da mesma espécie, mas todos diferentes? Assim é a individualidade. Porque é que cada indivíduo é um acontecimento irrepetível? Está dado o mote para a reflexão. A representação do milho, outro elemento fundamental, também é muito curiosa. Desde a forma mais ancestral à transgénica. “A ideia é oferecer às pessoas uma espiga de milho com manteiga, proporcionando uma comparação entre sabores”, diz Nuno Ferrand. Acima de tudo, comparar e pensar sobre o assunto. Porque na Galeria da Biodiversidade a palavra “acrítico” não entra. “Vamos, com efeito, propor diferentes graus de informação, estruturados consoante o público: desde os mais pequenos aos mais velhos”. Trata-se de uma verdadeira experiência museológica 2.0. O conceito é claramente inovador. “Partimos do zero”, revela Nuno Ferrand. A equipa responsável pelo projeto procurou inspiração e ideias em outros espaços europeus. “Queremos chegar às pessoas através de módulos interativos, exposições permanentes e temporárias, ateliês, workshops e várias iniciativas”, conta Nuno Ferrand. Entre elas estará o Observatório da Biodiversidade, onde as pessoas poderão participar na construção de uma base de dados sobre as espécies do país e do estrangeiro.

“O facto da Galeria se situar no Jardim Botânico é uma fusão estética. A programação vai ser sempre articulada com este icónico ‘pulmão’ da cidade do Porto, onde se respira a natureza em todo o seu esplendor”. A Galeria da Biodiversidade, efetivamente, cruza arte e ciência através de uma abordagem sintética e aliando-a a diversificadas experiências sensoriais. A título de exemplo, o mote para uma das salas é “como vemos o mundo?”. O mundo é diferente para todas as espécies. Assim, aqui, nesta deliciosa galeria que celebra a vida, vamos “olhar para o mundo como se fossemos um lobo, uma aranha, uma cobra…” Porque cada espécie tem uma maneira diferente de apreciar o mundo e vivê-lo. Através da visão, um poderoso órgão sensorial, vivemos uma estimulante experiência. Nada é estático. Porque é que as folhas têm tamanhos ou formas diferentes? Na Galeria da Biodiversidade entende-


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remos estas questões e muito mais. Sempre com interação sensorial: do tato à visão, passando pela estimulação do olfato. Na cafetaria, explica Nuno Ferrand, também serão desenvolvidas experiências nesse sentido. O MHNC-UP Sabia que é no Pólo Central do MHNC-UP, localizado no coração da Baixa portuense, que estão concentradas as suas coleções históricas, as quais surgem com a criação das primeiras aulas públicas de ensino de Náutica (1762) e Debuxo e Desenho (1779), que constituem os antecedentes da U.Porto? Ao longo do tempo, coleções de geologia, paleontologia, zoologia, arqueologia e etnografia, botânica e de outras ciências multiplicaram-se na sua tipologia e diversidade, constituindo-se como o resultado de dois séculos e meio de aquisições para os núcleos museológicos de faculdades e departamentos, recolhas para o desenvolvimento de atividades pedagógicas, colheitas para investigação, e incorporação de doações/legados cedidos por colecionadores ou pelas respetivas famílias.

O Pólo Central do MHNC-UP está atualmente a ser sujeito a uma profunda intervenção de reabilitação, não só ao nível da requalificação infraestrutural, mas também no que diz respeito ao tratamento e reacondicionamento das suas coleções e à redefinição do seu discurso museográfico, encontrando-se, por isso, encerrado ao público de momento. O futuro passa pela articulação entre a Galeria da Biodiversidade com o pólo situado nos ‘Leões’, com a porta principal virada para a Cordoaria. Quando tudo estiver em funcionamento, a programação será sempre articulada, criando um dinamismo incrível. Uma mais-valia para o conhecimento da biodiversidade. A história da vida continuará a ser explorada. Para acompanhar. REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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As duas equipas: Europa (azul claro) e Resto do Mundo (cinzento)

Infloy, da sachola aos campos de golfe Em meados do século passado, nas quintas do Minho, era normal o feitor namoriscar a criada da casa, o que muitas vezes acabava em casamento. Quando tal acontecia, preparava-se a boda, confecionada à custa do boi, da vaca, do galo, do porco, enfim, só escapava o cão e o gato porque eram os mais atentos. O dono da casa era invariavelmente convidado para padrinho; o casamento ocorria sem-

pre ao domingo sendo que, na segunda-feira seguinte, a maior parte dos convidados estava no seu trabalho habitual da quinta. Ao passear-se e ao reencontrar o feitor, o senhor e dono da propriedade, depois de o felicitar pela magnífica boda, fez-lhe a sacramental pergunta: - E a noite de núpcias? O ex-noivo, com um levar da mão à cabeça, respondeu:

- Oh Senhor Doutor… Perante a angústia do feitor, e depois de o pôr à vontade pois já se conheciam há muitos anos, o senhor lá conseguiu que o homem desabafasse. Então o feitor levando a mão ao pescoço lá contou: - A minha mulher tem uma pelugem por aqui… O senhor acalmou-o dizendo-lhe que isso não tinha nenhum problema, o importante era serem muito felizes e te-


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Mentores do Infloy

A totalidade dos membros do Infloy Golf Club no famoso buraco 19

rem muitos filhos. Mas o feitor retorquiu: - Não tem problema mas infloi! Deste episódio resultou, anos mais tarde, que um grupo de amigos, que habitualmente jogam golf juntos, passassem a usar este termo com regularidade: - Não toques na bola porque infloi… - Não mexas no arbusto porque infloi… Até que um deles se lembrou de criar um clube com este termo tão sui generis. Como de golfe se tratava, toca a trocar o “i” por um “y”, para dar um toque inglesado, fazer os estatutos, criar os corpos sociais, desenhar um emblema em que o timbre é um ferro de golf e uma sachola, em homenagem ao feitor e às cavadelas que todos os membros dão por esses fair way fora, e pomposamente nasceu o Infloy Golf Club.

Jantar da assembleia geral

Clube caucasiano, vedado às senhoras e onde o rigor da bola preta não permite a entrada de novos membros. Organizam várias provas por ano, sendo uma das mais emblemáticas a “White Cup”, que se joga sempre na altura dos Reis, seguida de um jantar em casa do presidente, onde todos os membros, vestidos a rigor, fazem a sua assembleia geral. A outra é a “Infloy Cup”, uma espécie de Ryder Cup, onde os membros do Infloy Golf Club são distribuídos por duas equipas. Uma, a “Europa”, constituída pelos elementos que vivem ou passam férias a norte do rio

Douro. A outra, o “Resto do Mundo”, composta pelos que têm as mesmas situações a sul de tão bonito rio. Estes dois “novos continentes” defrontam-se durante dois dias, alternadamente num “continente”, no ano seguinte no outro. Sendo esta a única prova em que é permitida a presença das caras-metades. A vida tem destas coisas: “da pelugem” da criada, nasce uma exclamação do feitor que origina um clube de golfe, onde todos os membros criaram uma amizade tão grande que os levam a gritar: Infloy Forever! “Tasquinha” REVISTAVIVA, JUNHO 2017




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Dragões brilham na Premier League International Cup

O FC Porto B venceu com justiça, no Stadium of Light, em Sunderland, na Inglaterra, a final da Premier League International, com uma vitória concludente sobre a equipa anfitriã (5-0). Na sua terceira participação na prova, o FC Porto B alcançou a glória numa competição muito valorizada no Reino Unido. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Carolina Barbot


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A Premier League International Cup é uma competição destinada a jogadores com menos de 23 anos. É uma prova de âmbito europeu, criada pela Premier League com o objetivo de proporcionar experiência competitiva aos jogadores das academias de formação britânicas. As duas primeiras edições foram Sub-21, mas a partir da terceira edição tornou-se Sub-23. A International Cup foi criada em 2014/15, pela Premier League. Os jogos realizam-se sempre em solo britânico. Esta terceira edição teve 24 equipas, 12 inglesas e 12 estrangeiras. O FC Porto goleou, na final, o Sunderland por 5-0. Galeno (5’ e 37’), André Pereira (45’), Kayembe (51’) e Chidozie (54) apontaram os golos que carimbaram a vitória azul e branca na prova. Depois de na época 2014/15 ter perdido na final, diante do Manchester City, a equipa azul e branca assegurou agora a primeira Premier League International Cup da sua história, sucedendo assim ao Villarreal. Um percurso de sucesso.

O Sunderland era uma equipa também muito forte. “Nós estudamos bem o adversário e conseguimos controlar os pontos fortes da equipa”, explica Francisco Ramos, capitão da equipa B dos dragões. O técnico, António Folha, vai mais longe e fala em “adversário de muito respeito”. “O Sunderland eliminou grandes equipas pelo caminho. Uma equipa muito perigosa”, revela. “Mas nós estivemos excelentes na final. Fomos, com efeito, impecáveis e não demos qualquer hipótese”, acrescenta Folha. “A equipa esteve ao seu mais alto nível neste jogo. Não teve falhas e foi muito consistente. Todos estes jogadores tiveram uma performance muito elevada”, refere.

“Foi o final perfeito” António Folha destacou ainda o “jogo rigoroso” dos Dragões que valeu a conquista da competição. Após a goleada frente à formação de Sub-23 do Sunderland (5-0), na final da Premier League International Cup, as primeiras palavras de António Folha, ainda no relvado do Stadium of Light, foram na direção dos seus jogadores, que poucos metros ao lado passeavam o primeiro troféu internacional conseguido por uma equipa B portuguesa. “Foi o final perfeito de uma competição com muito valor, repleta de grandes equipas”. “Fantásticos” foi o adjetivo que o técnico do FC Porto B utilizou para definir a prestação dos azuis e brancos na final, que terminou com uma goleada frente a uma equipa muito difícil. Segundo o treinador, o rigor, a atacar e a defender, foi a chave REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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para o triunfo frente a uma equipa muito difícil. “Os jogadores foram fantásticos. Estão de parabéns porque fizeram uma exibição magnífica. Não tiveram falhas, foram muito rigorosos a atacar e a defender. Sabíamos que tínhamos de ser competentes a este nível porque íamos ter pela frente uma grande equipa. Pelo resultado parece que eles são uma equipa fraca, mas não o são, têm jogadores muito fortes. Agora há que desfrutar do momento porque todos mereceram. Os jogadores acabam a época com um troféu a nível internacional. Vão ficar sempre ligados à história, porque são os primeiros, mas há que continuar a trabalhar para sermos sempre melhores.” “Os jogadores queriam muito vencer esta competição até porque já tinham perdido uma final contra o Manchester City. Agora tinha de ser diferente. Fizemos história e os miúdos ficaram ligados a isso. Como estão no início das carreiras, é ótimo”, remata António Folha. Já para Francisco Ramos, o capitão da equipa, a prestação na final da Premier League International Cup foi muito boa. ”Lutamos muito, cientes das dificuldades que tínhamos pela frente. Esta competição foi o culminar de uma boa época”, acrescenta. O atleta fala de “uma equipa à FC Porto, com muita qualidade do início ao fim. Mostrámos a todos o que é este clube e o que isso significa para nós. Lutámos muito para chegar até aqui e temos agora o segundo título em dois anos. É bom que as pessoas vejam, porque nada disto é sorte. A sorte dá muito trabalho e nós temos tido muito, esta é mais uma prova. Na equipa B há muita qualidade. O FC Porto está feliz, nós estamos felizes.” Para tamanho sucesso fica a questão: qual o segredo? “Acima de tudo união, solidariedade e qualidade”, resume o capitão da equipa B azul e branca. “Já estou no Porto há muitos anos. Gostava de voltar à equipa A. Mas, se assim não for possível, seja para onde for dentro do FCP, estou preparado para o que der e vier”, remata o capitão da equipa B dos dragões. E o futuro? Nas palavras de António Folha, “trabalhando todos os dias com a maior intensidade e qualidade. E claro, mais ambição para sermos cada vez melhores”. De salientar que, num troféu organizado essencialmente para clubes ingleses, têm sido as equipas

António Folha

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Francisco Ramos


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FC Porto B: Sempre a Somar

Em três edições da Premier League International Cup, o FC Porto B é a equipa com mais pontos. Três participações: duas finais alcançadas, uma meia-final e 29 pontos somados fazem do FC Porto B a melhor equipa da ainda curta história da Premier League International Cup. O Villareal, vencedor da edição de 2016, é outro emblema que já vai na terceira presença na competição, mas soma apenas 22 pontos. Nesta edição, o FC Porto B só não conseguiu vencer o Liverpool, cedendo um empate logo na primeira jornada da fase de grupos. Depois foi sempre a somar.

estrangeiras que mais se têm destacado, marcando presença até em todas as finais. Na edição de 2016, PSV Eindhoven e Villareal foram os finalistas.

Galeno, a jovem promessa para os dragões Aos 14 anos, Galeno viajou mais de 1500 quilómetros para tentar a sorte em Brasília, onde dois dos quatro irmãos moravam, mas a primeira experiência acabou por não correr da melhor maneira. A luta, contudo, prosseguiu. No Trindade, clube da cidade de Goiânia, fez a formação, tendo seguido com 18 anos daí para o Grémio Anápolis, clube pelo qual estava até há bem pouco tempo cedido ao FC Porto. Em Portugal, Galeno encontrou o conforto e a estabilidade e é aqui que está apostado em ficar. Para já, pode-se dizer que não faltam motivos para acreditar no talento deste jovem brasileiro. Os resultados somam e seguem. Assim, a época exemplar de Galeno no FC Porto B valeu-lhe um contrato de cinco anos com os dragões, no qual está incluída uma cláusula de rescisão de 40 milhões de euros. “Foi um passo muito importante para a minha vida”, confessa o avançado brasileiro, de apenas 19 anos, à VIVA!. “Resta agora trabalhar com ainda mais dedicação”. Conquistar um título na equipa A é a próxima

ambição de Galeno. “Acho que a minha história no FC Porto começou agora”, remata. Chegado à equipa B no verão passado, Galeno revelou-se versátil, podendo ser utilizado em qualquer um dos flancos, embora alinhe preferencialmente no lado esquerdo, tendo feito 36 jogos na presente edição da Liga Pro, com 10 golos marcados. De referir também que Galeno foi decisivo na Premier League International Cup ao assinar o tento decisivo no jogo que apurou o FC Porto B para a final da competição. Já para não mencionar o basilar contributo no jogo da final. Foi uma competição “muito importante para cada um”. Foi um grande trabalho de grupo. Todos estamos muito felizes pelo título. O balanço é, por isso, “mais que positivo”. ”Agora é trabalhar para a equipa A”, diz.

Kayembe também conquista a equipa A Tal como acontecerá com Galeno, o extremo Kayembe fará a próxima pré-época no plantel principal dos dragões. O belga de 22 anos leva, esta época, sete golos em 32 partidas com a camisola azul e branca. A evolução na equipa B durante a temporada que agora está a terminar agradou aos responsáveis portistas, pelo que o esquerdino terá oportunidade de mostrar serviço. “Tanto Galeno como o Kayembe são jogadores com qualidade visível para toda a gente. Têm qualidade acima da média. E fazem a diferença”, diz o capitão da equipa azul e branca. Os dois jogadores atingiram uma “performance muito boa”, considera o técnico da equipa B, António Folha.

André Pereira: o sonho cumpriu-se Entre os milhares de sócios do FC Porto está André Pereira, filiado desde que nasceu, por vontade do pai, há 22 anos. Nessa altura, André estava longe de imaginar que um dia iria jogar pelo clube do seu coração. Natural de Matosinhos, os oito golos marcados em 18 jogos pela Sanjoanense convenceram a SAD portista a contratar o goleador para a equipa B. E não desanimou tendo também brilhado na final da Premier League International Cup. REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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PORTUENSES homenageiam carquejeiras

No início e até meados do século XX as carquejeiras tiveram uma marca tão fundamental quanto penosa na sociedade portuguesa. Transportavam sofregamente a carqueja para os fornos que coziam o pão da cidade e que aquecia as casas burguesas. Preservar a memória destas verdadeiras “heroínas”, erguendo uma estátua, prevista para 2018 no Dia da Mulher, é o grande objetivo desta homenagem que a cidade do Porto lhes pretende fazer. A VIVA! foi conhecer melhor esta iniciativa junto da sua grande dinamizadora, Maria Arminda Santos, e o resultado é surpreendente. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Maria Arminda Santos

“Só calcorreando a cidade é que nos apercebemos dos seus mistérios, glórias e fantasmas assim como as controversas atribulações sociais”, começa por explicar o site da Associação que presta homenagem às carquejeiras do Porto. Este projeto está na mente de Maria Arminda Santos “desde há muitos anos”. “Mas com a minha profissão não foi possível colocá-lo em campo. Agora que estou reformada, chegou a altura. O primeiro passo deste projeto foi dado há pouco mais de dois anos com a sua apresentação na Junta de Freguesia do Bonfim. Tem o apoio desta autarquia,

de Manuel Pizarro e do professor Hélder Pacheco. Apresentamos a maquete da ‘carquejeira’, estátua que pretendemos erguer”, avança, orgulhosa, Maria Arminda Santos, a grande mentora deste projeto. As carquejeiras carregam penosamente consigo um pedaço muito importante da história do Porto. A carquejeira foi figura errante e sofrida. Transportava a carqueja que vinha em barcos Douro abaixo, para os fornos que coziam o pão da cidade, e aqueciam as casas burguesas, e contribuiu para o desenvolvimento da indústria de biscoitos e panificação de Valongo. No entanto, há muito sofrimento “escondido” nesta história. No final de 1930, o lisboeta “O Século” enviou ao


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Ó carquejeira Que triste sorte a tua Ias de rua em rua Pisando Tristes trilhos Oh Carquejeira Figura Nobre gente Carregavas contente O pão p’ra dar aos filhos. Manuel Pinto in “Cantar Campanhã Sonhar uma Vida”

Porto o repórter Adelino Mendes para ver e contar a vida nas ilhas e bairros pobres da cidade. Como seria de esperar, o jornalista não ficou indiferente ao drama das carquejeiras. “Surgem diante de mim vultos indistintos, cujos contornos, a certa distância, mal se definem. Dir-se-ia que vem ao meu encontro uma fila de ouriços, arrastando-se lenta e dolorosamente pela rampa que conduz ao rio. - São as mulheres da carqueja! Vão assim, sob estas cargas, até às Antas, até Paranhos, a quase duas léguas de distância, às vezes! (…) Paramos. As desgraçadas passam, com os enormes feixes às costas, arfando e resfolegando, pela ladeira acima. Assisto à escalada torturante dum calvário que não tem fim. Sobre os muros da rampa, os ouriços humanos depõem, de vinte em vinte metros, os carretos.” Segundo Patrícia Carvalho (Público), ”há muitos anos, que não são assim há tantos, havia no Porto uma raça dura de mulheres a que se chamavam ‘as carquejeiras’. Estas mulheres, pobres, todas elas, passavam os dias curvadas sob molhos de carqueja, que transportavam, calcorreando a cidade, de um velho cais na curva do rio Douro até às padarias e casas senhoriais, que se serviam da carqueja para alimentar os fornos e lareiras”.

A viagem, explica, “começava não muito longe da Ponte Luiz I e podia levá-las tão longe quanto a Foz ou Paranhos, mas o caminho mais duro, mais impensável e criminoso que tinham de percorrer começava mesmo ali, aos pés do cais, e era a Calçada da Corticeira”. “São só cerca de 220 metros, mas são uns 220 metros dignos de uma descida aos infernos. Ou melhor, de uma subida, porque a calçada é assim, indecentemente íngreme, desnivelada, de pedras irregulares, armadilhadas para tropeções. A via é tão íngreme que fazer um carro puxado por animais seguir por ali acima era tarefa quase impossível, pelo que se recorria às mulheres. Elas, sim, curvadas, muitas vezes com os filhos pequenos agarrados às saias, carregavam até 50 quilos de carqueja. Uma vez e outra e outra”. “Uma destas mulheres talvez fosse Palmira de Sousa. A última carquejeira do Porto [já falecida] contou a sua história ao projeto Memórias do Trabalho, da Universidade Popular do Porto. Está lá descrito como seguiu as pisadas da mãe, também ela carquejeira, começando a carregar os pesados fardos, calçada acima, a partir dos dez anos. Nascida em 1912, Palmira levava já oito anos de experiência como carquejeira quando o repórter de ‘O Século’ foi ver os pobres ao Porto”, sublinha. “Foi realmente um drama silencioso, em que as mulheres sofriam silenciosamente”, começa por explicar Maria Arminda Santos. “Elas vinham desde junto do rio, subiam a calçada e infiltravam-se ainda pela cidade. Iam para as Antas, Carvalhido, mal alimentadas. À noite os maridos davam-lhes REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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maus-tratos, para além de estas mulheres terem a responsabilidade e a preocupação dos filhos. Eram muitas vezes o pão que se punha na mesa”, adianta. “Era também uma fase de grande alcoolismo nos homens. Numa época em que não havia creche nem apoios sociais. As próprias crianças eram vítimas da situação das mães. Porque o pai raramente estava presente. Neste estrato social as mulheres eram de facto as heroínas”, completa Maximina Ribeiro, também membro deste projeto. Maria Arminda Santos alerta, contudo, para uma oposição entre estratos sociais, pois “havia uma outra fação na cidade. Havia a alta burguesia em que as senhoras viviam de rendas, de leques. Havia os teatros. Um contexto social muito in”, remata. Um assunto de “mulheres para mulheres” Os apoios somaram-se a este projeto. “Não só a figura da Câmara [do Porto] e do Dr. Manuel Pizarro, [na altura vereador da Habitação e Ação Social] como também o professor Hélder Pacheco, o arqueólogo Joel Cleto e o jornalista Germano Silva. Todos eles têm sido ótimos. Têm-nos acarinhado muito e recebido muito bem. E as pessoas que vão trabalhando connosco também. De realçar que pretendemos que este seja um movimento de cidadãos, que parta do interesse que vamos conseguindo na sociedade. Temos feito, nesse sentido, sessões de divulgação pela associação das antigas alunas do liceu Santa Isabel. A minha amiga Maximina é vice-presidente”, reitera Arminda Santos. “Um assunto de mulheres para mulheres”, resume Maximina Ribeiro. As inúmeras atividades “Chegamos a fazer, entre outras atividades, a subida da rampa da carquejeira e a descida. Estavam 38 graus. As pessoas subiram. Foi fantástico, uma emoção enorme. Estivemos no sítio onde tantas mulheres sofreram. É que muitas mulheres, na altura, nem aguentavam. Tinham doenças profissionais. Morriam tuberculosas, pois eram muito frágeis e débeis. A alimentação da época também não ajudava num contexto de pobreza extrema”, constata Arminda Santos. “Não é todos os dias que um grupo de pessoas sai da sua zona de conforto habitual para lutar por uma causa como esta. Poderíamos lutar por

muitas outras causas igualmente nobres como, com certeza, muitos de nós já o fizeram, muitas vezes ao longo da vida mas, nós, Associação de Homenagem às Carquejeiras do Porto, abraçámos esta causa porque queremos resgatar do passado a memória sofrida de quem, anonimamente, tanto contribuiu para que a vida rolasse, no quotidiano desta cidade”, explica Maximina Ribeiro. “Evocámos e homenageámos uma vez mais as Carquejeiras do Porto num almoço que se realizou, no dia 1 de julho de 2016, no Salão Nobre da Junta da Freguesia do Bonfim. Este visou angariar fundos para que seja possível colocar uma estátua em memória a essas sofridas figuras que, na Rampa das Carquejeiras, desempenharam um difícil e árduo trabalho - acarretar 50 kg de carqueja, ao longo da íngreme e agreste rampa”, relembrou Maria Arminda Santos. Este ano, a 18 de abril, no Dia dos Monumentos e Sítios, subiu-se a rampa da carquejeira num ato simbólico em respeito a estas verdadeiras heroínas. “A voz que apanhava a surdez de todos” Houve uma entidade que, no tempo, reclamou esta situação desumana, a Liga da Profilaxia Social, mas sem sucesso. “Era uma voz que apanhava a surdez de todos”, resume Maximina Ribeiro. Os grandes pilares desta associação de homenagem às carquejeiras do Porto passam por “precisamente dar a conhecer a vida destas mulheres e concretizar o nosso sonho que é erguer uma estátua em homenagem à atividade penosa mas histórica destas mulheres. Estamos a trabalhar afincadamente para que a estátua seja inaugurada em 2018 no Dia da Mulher.


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“Uma Noite de S. João” Desço a Corticeira e sinto as varizes e os verdugões das carquejeiras de pesados molhos à cabeça. «Sobe que sobe...», alguma Luísa levou a carqueja, descalça, pela calçada, à padaria. Comemos o pão quente das cinzas que ela cozeu e o diabo amassou. Às quatro da manhã a manteiga nele derreteu; seu suor, seu cansaço. Tudo que sabe bem tem um pedaço do sofrimento de alguém que precisa de comer. Gozai a Noite e guardai-a. Se a Lua é crescente, olhai o céu. Vê-la-eis ligada a Vénus por um fio imaginário, como se pescasse à bóia no Rio, na corrente que a trouxe da outra margem. Cesário Costa

Dar a conhecer ao cidadão o que se passou naquela calçada. Hoje em dia passeia-se de bicicleta, sobe-se e desce-se a calçada, brinca-se e nem se imagina o que lá se passou”, alerta Maria Arminda Santos. O sítio da Corticeira, também conhecido como o “Calvário das Carquejeiras” “Há referências ao sítio da Corticeira, pelo menos, desde o século XVIII”, aponta Germano Silva. No entanto, “a referência mais emblemática deste sítio é uma pequena capela, agora em ruínas, situada sensivelmente a meio da íngreme ladeira, outrora a ‘via dolorosa’ das carquejeiras que penosamente a subiam ajoujadas ao peso dos enormes molhos de carqueja que iam vender às padarias da cidade. Por isso, o povo também dizia, referindo-se à ladeira, ‘calçada das Carquejeiras’”. Quem eram as carquejeiras? Para Hélder Pacheco, “já poucos sabem o que

era ser carquejeira. É difícil entender profissões conciliando martírio, sacrifício, esforço, humilhação. Talvez escravidão, para ganhar o pão amassado com o pior dos suores, subindo a Corticeira com arrobas de carqueja às costas”. “Destas servidões esquecidas na pressa de apagar o passado sob o manto diáfano de um presente multi-culturalmente cosmopolita, a condição das carquejeiras não era única. Pelos meados do século XX, em plena modernidade da construção dos estados sociais, mantinha-se o exercício de profissões onde a brutalidade do quotidiano se manifestava”, alerta. “A maioria exercida por mulheres cuja pobreza e analfabetismo empurravam para serem carregadoras de areia (na praia das Felgueiras), cascalheiras ou britadeiras (nas pedreiras da Areosa), apanhadeiras das escórias (no Castelo do Queijo), descarregadoras de sal ou de carvão e carregadoras de paralelepípedos (nos cais do Douro)”, conclui.

O reconhecimento Segundo Hélder Pacheco, nenhum monumento evoca as sofridas carquejeiras. “Nenhum memorial as consagra. Em volta do Porto (Gaia, Matosinhos, Maia), havendo menos príncipes, homenagearam os vultos anónimos que ajudaram a manter o país de pé: camponeses, padeiras, varinas, pescadores... No Burgo há um pedreiro. É pouco. Oxalá a minha amiga Arminda - que não costuma desistir daquilo em que se mete - consiga levar avante o seu projeto de construção de um monumento escultórico dedicado à figura da carquejeira. Há por aí quem queira apoiar a iniciativa?” REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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processo demorado mas muito desejado


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A Avenida dos Aliados é centenária, icónica e repleta de curiosidades sobre o seu projeto de construção, iniciado em 1916. Desde o primeiro esboço até aos contínuos desenvolvimentos levados a cabo por Barry Parker e vários arquitetos portuenses, como Marques da Silva ou Teixeira Lopes. Um percurso delicioso pela história da “sala de visitas” da cidade do Porto. Texto: Irene Mónica Leite \ Fotos: Crolina Barbot

A demolição da primeira pedra com vista à construção da hoje icónica e célebre avenida dos Aliados, no Porto, aconteceu há 100 anos. A cerimónia do lançamento da obra, a 1 de fevereiro de 1916, contou com a presença do então Presidente da República, Bernardino Machado, e consistiu na desmontagem da “primeira pedra” do palacete barroco da praça da Liberdade, onde, desde 1816 e até então, esteve instalada a Câmara do Porto. Reza a história que foi precisamente nesse dia que foi aprovado em reunião camarária o projeto de construção do atual edifício dos Paços do Concelho na praça General Humberto Delgado, logo acima dos Aliados, como parte do plano de expansão do centro cívico da cidade elaborado pelo arquiteto inglês Barry Parker. Antes de 1916, este espaço estava preenchido pelos arruamentos e dezenas de prédios que constituíam o antigo Bairro do Laranjal. Sabe-se, contudo, que o processo de construção da avenida dos Aliados foi demorado. “A avenida dos Aliados é consequência de uma mudança significativa na estrutura da cidade, nomeadamente a estrutura social. Porque o que predominava até ao final do século XIX era a baixa da rua Nova dos Ingleses, o comércio portuário, o vinho do Porto. Todo esse movimento”, explica o arqui-

teto Domingos Tavares à VIVA!. Alguns equipamentos importantes, como a Câmara Municipal do Porto, começaram a subir para a parte alta da cidade. Entretanto, todo o comércio instalado na parte alta da cidade começou a “movimentar-se”. Houve mesmo uma entidade, o Centro Comercial do Porto. “Ao comércio juntaram-se os bancos”, adianta. É que para além dos serviços do Estado – Paços do Concelho, Banco de Portugal, Caixa Geral de Depósitos, Correios (bastante mais tarde) –, na nova avenida e no seu entorno instalaram-se as sedes dos principais jornais, de bancos privados, de companhias de seguros e de diversas empresas. Consultórios médicos, escritórios de advogados e engenheiros, ateliês de arquitetos, cafés, confeitarias e outros estabelecimentos comerciais de prestígio – todos buscaram instalar-se por aí. Como explica o historiador Manuel de Sousa, na segunda metade do século XIX, a praça [hoje, da Liberdade] tornou-se o “ponto de encontro da fina-flor da cidade”. No seu centro foi colocada a estátua equestre de D. Pedro, fundida com o metal derretido das peças de artilharia do Cerco do Porto. Em seu redor foram colocados bancos de jardim, erguidos candeeiros de iluminação e plantadas árvores. Em 1882, a Câmara REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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do Porto decidiu calcetar a praça recorrendo a pequenas pedras de calcário e basalto, justapostas em faixas de cor alternadas – a conhecida “calçada portuguesa”. A praça tornara-se “num dos locais mais aprazíveis do Porto”. A abertura do tabuleiro superior da ponte Luís I, em 1886, e a chegada do comboio à estação de São Bento, em 1896, vieram reforçar a importância da praça e a sua “influência” sobre a envolvente regional. No final do século XIX começaram-se a abrir ruas e a densificar aquelas zonas. Tudo muito compartimentado. Por esta altura desenhou-se um plano de avenidas. Uma das ideias foi ligar a praça à Trindade. Essa sugestão surgiu por volta de 1880. O engenheiro Carlos Pezerat, que estava a trabalhar no Porto, fez o projeto de ligação da praça D. Pedro ao largo da Trindade, uma espécie de alameda, passeio público. “Fez um desenho muito colorido. No papel era bonito. E ofereceu o projeto à câmara. O objetivo era construir o novo edifício da câmara, o museu, a biblioteca. Deu logo a ideia de construir uma nova avenida e um edifício municipal. Este é o antecedente que gera a construção de um plano para construir a avenida”, explica Domingos Tavares.

A noção de “sala de visitas da cidade” “A ideia de construir a avenida dura muitos anos. Depois, entretanto, veio a República”, contextualiza o arquiteto portuense. No final do século XIX, princípios do século XX, eram os republicanos que estavam no poder. Por-

que toda a comunidade da parte alta da cidade era essencialmente ligada ao partido republicano. ”Era a continuação dos liberais”, explica. Aqui surge manifestamente a vontade de criar um espaço aberto para a cidade, os primeiros desenhos e a noção de “sala de visitas da cidade”. É evidente que a estação de São Bento foi determinante nisto tudo. A partir do momento em que chega o comboio, há toda uma dinâmica que vai recuperar e valorizar a rua Mouzinho da Silveira, que se tinha aberto poucos anos antes. A estação de São Bento fica entre Mouzinho da Silveira e a praça que vai “lá para cima”. Tudo isso constituiu-se como fatores importantes para dar solidez à ideia de construção de uma avenida. Está mais que evidente a intenção de criar um espaço, uma “sala de visitas” para valorizar o comércio. Mas massivamente começaram a instalar-se os bancos. E os bancos bloqueiam o comércio por mais estranho que pareça. Não dão a expressão de montra, espaço aberto, transparência, que era a intenção inicial.

A construção da “sala de visitas” “Temos uma estrutura muito dinâmica. Uma progressiva transformação da cidade que foi produzida pelo projeto da ‘avenida’, o ‘agente motor’”. Quando a avenida começou a ser desenhada, projetou-se um espaço verde, criando, assim, o “espírito de que a avenida era para os momentos de lazer. Nos domingos, feriados, etc, conviver ali, acima de tudo. A tal ideia do ‘passeio público’”.


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O arquiteto que fez o edifício da câmara, Correia da Silva, era um republicano. Depois de ter estudado em Paris, regressou ao Porto em 1904. Sabemos que em 5 de Outubro de 1910 foi implantada a República. Os republicanos tomaram conta da câmara. E em janeiro, quando a comissão administrativa tomou posse, Correia da Silva foi convidado como arquiteto municipal. Fez, então, os seus trabalhos em função dos programas da República. Os bairros dos operários, as escolas primárias, o novo edifício da câmara, o matadouro municipal. Enquanto arquiteto da câmara, em colaboração com os engenheiros da parte técnica, teve um papel “determinante”. O plano da avenida dos Aliados resultou de um trabalho efetuado na repartição do urbanismo. Fizeram o plano de ligação da praça à Trindade. Algo semelhante ao que Carlos Pezerat tinha oferecido uns anos antes. Fizeram todo o plano de propriedades e expropriações. No entanto, tornou-se necessária uma “comissão técnica da avenida, que acompanhou todo este processo”. E aí apareceram os arquitetos mais importantes do Porto: Marques da Silva e Teixeira Lopes.


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De Inglaterra à escola de Paris De acrescentar que a câmara, de forma a dar mais força a esta comissão, decidiu convidar um arquiteto estrangeiro, o inglês Barry Parker, pelo cônsul de Inglaterra no Porto. Barry Parker propôs uma avenida como um espaço comercial e de passeio. Teria uma ampla placa central ocupada por vegetação e pérgulas. O edificado seria composto por prédios baixos que, ao nível do piso térreo, teriam uma arcada que daria acesso a estabelecimentos comerciais. Depois aconteceu algo “caricato”. Barry Parker não era de “muita conversa”. Tinha as suas opiniões, é certo. Enquanto os outros falavam, ele começava a desenhar e a pensar. Na outra reunião, Parker apareceu com um esquiço da avenida em disposição distinta. Tudo para alargar o espaço verde e lhe conceder um certo “conforto”. No entanto, neste importante estudo destacaram-se duas personagens: Teixeira Lopes, que não concordou com aquela hipótese. Marques da Silva também entendeu que não se podia fazer um projeto assim. Houve a necessidade de se concretizar um projeto que abarcasse toda a envolvente da cidade. E, no âmbito desta discussão, Teixeira Lopes mandou um

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“palpite”: “Então vamos fazer a câmara lá em cima, e dar solidez ao jogo da avenida”, explica Domingos Tavares, entusiasticamente. E, no dia seguinte, Parker com novo esquema. Tudo isto “demonstra que os trabalhos são coletivos. Isto é o primeiro passo”, resume Domingos Tavares à VIVA!. Depois há outra questão importante, que é o “facto do projeto ter sido realizado em três meses com Correia da Silva a acompanhar, e que na comissão terá tido um ‘papel importante’. Cada arquiteto neste projeto marca ‘o ritmo da avenida’. Cada um por si”. No entanto, o edifício da Câmara Municipal que hoje temos nada tem a ver com o idealizado por Barry Parker. O arquiteto da cidade-jardim propunha um edifício de apenas dois pisos de estilo neoclássico que permitisse, a quem subisse a avenida, ver a torre da igreja da Trindade por detrás, criando a ilusão de pertencer ao próprio edifício da câmara. Para além dos paços do concelho, o projeto de Barry Parker foi também “totalmente desvirtuado no que diz respeito à arquitetura dos edifícios que ladeiam a avenida”. “Na fase final já é um ‘filho’ do plano de Parker que está lá. Porque é sucessivamente ajustado. A avenida foi, assim, consolidada a partir das intervenções destes arquitetos, que resumem um pequeno ‘choque’ entre escolas: parisiense e inglesa”, resume Domingos Tavares. Segundo Manuel de Sousa, em 2004, mercê da construção da linha D do Metro do Porto – que previa a abertura de uma estação em plena avenida dos Aliados –, é encomendado aos arquitetos Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura a requalificação de todo o eixo urbano. Recusando a sequência praça-avenida-praça tão “caras” a Barry Parker e a Marques da Silva, Siza Vieira contrapôs um espaço único, uma “grande praça da cidade”. Para tal, entre outras medidas, propõe a utilização de um só material de revestimento de pavimento, procurando introduzir um “fator de união visual de todo o espaço”. Siza propunha ainda a deslocação da estátua equestre de D. Pedro IV e sua rotação de 180 graus, o que acabou por não acontecer. O projeto foi muito contestado, mas acabou por ser concretizado quase na íntegra. Apesar de já ter passado uma dúzia de anos, muitos portuenses continuam hoje a lamentar o desaparecimento da calçada portuguesa e dos espaços ajardinados da placa central que foi pavimentada com placas de granito. REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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Comes & Bebes Um percurso gastronómico pela baixa portuense Textos: Irene Mónica Leite Fotos: Carolina Barbot

Café Santiago Um café “literalmente caseiro” Rua de Passos Manuel, 226 Telefone: 222055797 Trata-se de um café emblemático da cidade do Porto e que “carrega” consigo uma parte considerável da história da cidade. “Nós temos registos que nos levam a crer que o Café Santiago já existia nos anos 30. Existiria, não como café, mas como casa de pasto e botequim”, começa por explicar Rui Pereira, atual responsável pelo estabelecimento. No entanto,”adotamos o ano de 1959, porque é a data de um magnífico painel de ladrilhos, elaborado por Marta Cohen de Cunha Teles, na altura estudante de Belas Artes aqui no Porto. Ficou assim, assinalada a efeméride”, explica Rui Pereira. Quanto ao menu, houve uma “adaptação ao que nos era pedido. As francesinhas tinham (e têm) mais saída”. Para além deste prato típico do Porto, existem outros também emblemáticos e, “marcadamente caseiros e regionais. Tudo é feito como em nossas casas. As nossas cozinheiras não são chefes de cozinha. São pessoas que aprenderam a cozinhar com as suas avós e pais. E continua, assim, a fazer-se a sardinha frita com arroz de feijão, a feijoada à transmontana. Religiosamente, às terças-feiras, as tripas à moda do Porto”. “Somos genuínos e é isso que nos tem mantido como somos. Tentamos ser um espaço educado e receber bem as pessoas”, remata. Aberto de segunda a sábado, das 11h às 23h. Aos domingos está fechado.

A cidade do Porto é nacional e internacionalmente conhecida pelos seus excelentes predicados gastronómicos. No Porto come-se bem! A VIVA! continuará a sugerir aos seus leitores os melhores locais onde poderão degustar a variada oferta gastronómica que a cidade lhes proporciona. E todos eles, com a qualidade dos produtos Recheio, a marcar inúmeras ofertas irresistíveis. Seja bem vindo!


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Kardoso Intimismo e surpresa

Rua do Bonjardim, 662 Telefone 222084948 | 919991121 Na casa Kardoso todos os pratos são preparados com todo o rigor e prazer. Qualidade é a palavra de ordem num estabelecimento acolhedor, íntimo e familiar. O senhor Cardoso, que simpaticamente nos recebeu, contou-nos que após ter deixado o “Paparico” acabou por não resistir à sua grande paixão e voltar com os pratos saborosos num estabelecimento com nome próprio. Mais uma curiosidade: a mulher, japonesa, que cozinha muito bem, diga-se, é a responsável pelos característicos pratos. “É evidente que já tinha um peso considerável em termos de clientes. Não vim às cegas, caso contrário o estabelecimento seria efémero”, revela o responsável. A decoração é outro dos pontos atrativos do “Kardoso”. “Sou um bocadinho conservador, e sempre gostei do rústico. Até porque não perdi as minhas raízes. Sou de Resende. Portanto, a aldeia diz-me muito”, confessa. “O estabelecimento é íntimo, mais para namorar” (risos). Há tapas, presunto serrano, presunto ibérico, ou salpicão. Nas carnes todos poderão deliciar-se com naco de vitela arouquesa, bife inocente, “costelinhas à moda da minha mulher”, prego em pão, francesinha, entre outras preciosidades. Às terças-feiras está aberto das 20h às 23h. De quarta a sábado, aberto das 12h às 14h30 e das 20h às 23h30. Aos domingos e segundas está fechado.

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Decomur

O segredo está no “molho” Rua de Clemente Meneres, 2 Telefone 222003928 | 918420690 Quem diria que das “cinzas” de um projeto de decoração nasceria uma bem sucedida casa que abraça os cachorros ou pregos no prato? Decomur ficou assim, como o último rasto do antigo estabelecimento. Em 1999 nasceria com nova roupagem, entregue à restauração. “Os nossos pratos são muito saborosos”, começa por adiantar Mário Silva. “No entanto, a fase inicial era marcadamente experimental, até chegar ao hoje conhecido ponto diferenciador em todos os pratos servidos: o ‘molho’. Claro que também tem de ter bons ingredientes. Um bom bife, boa linguiça, salsicha fresca… Mas o molho é que faz a diferença”, reitera o responsável. A relação preço-qualidade é das “melhores da cidade do Porto”, na ótica do responsável. Para além disso, “estabelecemos uma relação familiar com o cliente”, conclui. Aberto de segunda a sábado das 07h às 24h. Aos domingos está fechado.


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Lado B O outro lado da música Rua de Passos Manuel, 190 Telefone 222014269 Entrar no Lado B é sentir a fusão sempre agradável entre música e gastronomia. Já não é preciso pensar muito no porquê do nome do estabelecimento já que a música para Artur Teixeira é assumidamente uma paixão. Por outro lado, “já faço francesinhas desde 1981. Como eu tinha a loja de discos e estes estavam em queda, acabei por decidir alargar o negócio. Como já percebia desta área, porque não complementar a loja?”. Depois, já sem a loja de discos, mudou de Cedo-

feita para perto do Coliseu do Porto, coincidindo com o boom turístico da cidade. “Trabalhando sempre, nunca pelo preço, mas sim pela qualidade”, o estabelecimento tem conquistando inúmeros clientes. O balanço é muito bom. “Estamos a iniciar este ano um franchising. Vamos partir para fora, inclusive. O destino é Braga e há um contacto em Miami”. Há variedade nas francesinhas. Em termos de novidades, há a “francesinha vegetariana, com salsicha de soja, fatias de beringela. Também lançamos recentemente a francesinha no forno”, frisa. “Não estou a dizer que vamos já para a América. Mas se tiver que ser, porque não?“. Aberto de segunda a quinta das 11h às 23h. Sexta e sábado, das 11h à 01h30. Aos domingos está fechado.

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Café Aviz Qualidade, minúcia e entrega Rua de Aviz, 27 Telefone 222004575 | 222022388 O Café Aviz, histórico quanto baste, com o seu salão de chá, café e bilhares, foi adaptando-se aos tempos. De pratos emblemáticos tem as tripas à moda do Porto, cachorro especial, rojões à moda da casa, vitela assada no forno, panadinhos de frango com arroz de feijão, pataniscas de bacalhau com arroz de feijão. Tudo marcado pela qualidade, minúcia e entrega. “Tentamos ser o mais acolhedores possível”, explica Marcos Almeida. O local é sem sombra de dúvidas simples e pitoresco. Para degustar. Aberto de segunda a quinta das 07h às 24h. Sexta e sábado das 07h às 2h00. Aos domingos está fechado.



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Miss Pavlova “Todos os dias tenho que me reinventar”

Rua do Almada, 13 Telefone 915979517 Entrar no mundo de Miss Pavlova é percorrer o admirável mundo novo da pastelaria. Mas uma pastelaria muito especial. “São doces muito leves, diferentes. Ao nível do paladar tentamos sempre criar diferentes texturas, sabores, sensações. Não são demasiado doces. São menos calóricos que o habitual. Para além disso, uso produtos de grande qualidade, desde o chocolate, às natas, à fruta, à manteiga”, começa por explicar à VIVA! Ana Maio, responsável pelo estabelecimento. “Acabei, assim, por criar um doce um bocadinho à minha semelhança. Porque eu não gosto de coisas muito doces. Gosto de coisas mais leves”. As circunstâncias da criação deste projeto são curiosas: “fiquei desempregada em março e lancei a marca em setembro de 2013. É que eu fiz a casa primeiro e depois abri o estabelecimento, participando em eventos pela invicta. Só quando

senti que era o momento certo, que tudo estava mais sólido, aí sim, pensei em criar uma casa com renda e funcionários”, diz orgulhosamente. Mas há novidades. “Vamos lançar um brunch da Miss Pavlova. Um brunch muito específico. Vai precisamente ‘colar’ com o conceito da Pavlova. Sempre com produtos de grande qualidade, ingredientes frescos, feitos no dia, mais caseiros, mais artesanais”, remata. Aberto de terça a sábado das 12h às 19h30. Ao domingo, das 14h30 às 19h. Às segundas está fechado.


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Vera Cruz

O projeto que “nasceu de um sonho” Rua de Cedofeita, 250 Telefone 224001380 O Vera Cruz Cedofeita nasceu em 2009, fruto do sonho de Eládio Ferreira ter um negócio próprio na sua cidade. “E, curiosamente, foi num dia em que passei por Cedofeita e percebi que não havia aqui um espaço de oferta de cafés e chás especializado. E pensei que seria o local ideal para abrir”, conta o

responsável do acolhedor estabelecimento. “A nossa oferta principal é café, chá e chocolate. Temos cafés de várias origens, desde o Brasil, Colômbia, Jamaica. E temos, neste momento, 26 ofertas de chá. Entre chá verde, chá preto, infusões, entre outros”. Entretanto, conta, “tivemos que adaptar um pouco o negócio. Começamos a fazer umas pequenas saladas, umas baguetes, umas sopas também. Porque os clientes procuraram e nós tivemos que adaptar e responder a esses pedidos. Temos também prego em pão”, acrescenta. Há um cuidado estético no espaço. “Há, de facto, um cuidado na estética. Tentamos providenciar um espaço lounge, disponível para todos, em que as pessoas se sintam confortáveis”, assegura Eládio Ferreira. Aberto de segunda a domingo das 08h30 às 24h.

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O Diplomata

O cliente é “quem mais ordena” Rua de José Falcão, 32 Telefone 960188203 | 222050482 O Diplomata, espaço situado no Porto, que alia pacificamente uma decoração retro e familiar, é conhecido pelas panquecas irresistíveis. Nesta casa o cliente é quem mais ordena, definindo o que quer colocar na sua panqueca, tendo uma diversidade de toppings e acompanhamentos. Espaço ótimo para um brunch com amigos. Os ovos mexidos com bacon são de “perder a cabeça”, e as panquecas não ficam nada atrás. “Inicialmente as panquecas não estavam na lista, curiosamente”, começa por explicar Inês Gomes à VIVA!. “Temos cinco opções, uma delas não está no menu. Refiro-me à opção vegetariana, com leite de soja, sem ovos e sem farinha”. Quanto a novidades, vai-se reforçar em grande a aposta nas panquecas salgadas. “Nós achamos que as coisas devem crescer consoante o público que temos”, remata Inês Gomes. O estabelecimento está aberto todos os dias da semana, à exceção de quarta-feira. Aos domingos, das 10h às 16h, e nos restantes dias, das 10h às 20h, é possível visitar este espaço emblemático da Invicta e experimentar uma enorme variedade de sabores e combinações.



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PORTO CANAL reforça grelha de programas Filhos & Cadilhos, com Mariana D`Orey, e Glitter Show, com Carina Caldeira, são as mais recentes apostas da grelha de programas do Porto Canal. Da parentalidade ao lifestyle, sucesso é a palavra de ordem nestes dois programas. A VIVA! aproveitou para conversar com as protagonistas. Textos: Irene Mónica Leite Fotos: Carolina Barbot

A ideia para o programa não é recente. Com efeito, “este é um projeto muito meu, que nasceu há muito tempo”, começa por explicar Mariana. “Há cerca de um ano falei com o Júlio Magalhães, que gostou da ideia. E, assim, tudo se foi construindo, devagarinho”, acrescenta. Filhos & Cadilhos parte, inclusive, de uma experiência pessoal. “O meu filho mais velho tem quatro anos. Tenho dois filhos. E fui mãe, assim, ‘por acaso’. Já vivia com o meu companheiro e de repente soube da notícia da gravidez”. “Abracei a parentalidade de alma e coração. Mas sem grande experiência. Fui lendo e pesquisando

e interessando-me muito. Porque não tinha muitas bases. Nem tinha muita experiência de amigas. Tinha a minha mãe, mas pessoas da minha idade não. Então fui procurando. Fui-me questionando cada vez mais. Encontrei pessoas tão interessantes e achei que deveria ser levado a cabo um programa para partilha de experiências”. Neste programa, Mariana assume-se como “um mero veículo”. ”O que eu faço aqui, juntamente com a Tânia Franco, que é a produtora do programa e tem um papel muito importante, é selecionar o que consideramos válido. E mostramos em rubricas fixas de forma a obedecer às expectativas


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E porquê Filhos & Cadilhos? “Eu tinha muitas ideias de nomes. Um dia falei com o meu pai ao telefone e ele disse-me apenas o seguinte: ‘também já sabes, quem tem filhos, tem cadilhos’. E aquilo fez todo o sentido. É uma verdade. A parentalidade é uma coisa boa. Mas tem muitos desafios associados”, refere Mariana D`Orey.

das pessoas”. Informar, mas de uma maneira light, é o objetivo central do programa. “Acho que nas questões da parentalidade existem dois fenómenos. Um deles: as pessoas contam tudo cor-de-rosa. Embelezam muito as situações. Ou então existe o outro extremo de contarem tudo de uma maneira terrível. O que nós queremos encontrar aqui é um equilíbrio entre o que é bom e o que é mau, de uma maneira descomprometida e verdadeira. Acima de tudo verdadeira”, reforça. De forma a enriquecer o programa e conferir-lhe mais dinamismo há um conjunto de rubricas.

“Temos uma rubrica que para mim é muito querida que é ‘Vou contar até três’, mais ligada às questões do desenvolvimento infantil e emocional. Temos uma psicóloga fixa, com outros convidados que integram bem o painel com esta profissional e falamos de questões como as birras, das crianças mentirem, de como é que se comunica um divórcio.” “Temos outra rubrica, também de cariz mais informativo, que é o ‘Dr. Remédios’, onde falamos das questões clínicas e de temas mais complexos, como o Autismo. Mas em vez de falarmos deste assunto numa perspetiva desanimadora trazemos REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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cá uma criança autista funcional. Tentamos sempre mostrar um lado mais favorável das situações da parentalidade”, reforça. “Depois temos aquelas rubricas mais de entretenimento. Temos a ‘Grande Pinta’, onde falamos de roupa, brinquedos”. “Temos ainda outra rubrica dedicada às grávidas, abordando aspetos como a massagem do bebé, ou questões como o parto, se é normal ou por cesariana”. “Temos também temas livres que vão surgindo. Não estamos fechadas”, frisa Mariana D`Orey. O programa é ainda muito recente, mas a VIVA! não resistiu e perguntou: alguma emissão que a tenha marcado especialmente? “Acontece-me um fenómeno neste programa. Trabalho no Porto Canal há cerca de 8 anos. Nunca me senti como no primeiro programa do Filhos & Cadilhos. Porque é algo que me diz muito. É o meu terceiro filho, completamente. Na primeira emissão recordo-me que estava como uma pilha duracel (risos). Tinha tanta carga emocional para mim”, reforça. “Venho muito feliz para o programa”, acrescenta. A recetividade tem sido “excelente”. “Isto ainda é um passa a palavra. As pessoas estão a descobrir o programa. Mas os convidados que cá vêm, gostam da experiência e querem repeti-la. O que nos dá alguma segurança e nos faz sentir que é um projeto válido. Por parte das mães e pais também há aprovação… pessoas que me felicitam pelo facebook”. E os planos futuros somam e… seguem. “Queremos

ter uma grande incidência nas redes sociais. Porque acreditamos que o programa é apenas uma mostra semanal de um projeto maior que queremos desenvolver”. E há mais. “Vou lançar um blogue com o apoio do Porto Canal em que vamos falar do Filhos & Cadilhos. Vamos aproveitar para abordar de uma forma mais aprofundada temas que passam no programa. E com um cariz mais pessoal, onde contarei as peripécias com os meus filhos”, avança Mariana D`Orey. Glitter Show Carina Caldeira, por sua vez, dá a cara pelo Glitter Show, um programa dedicado ao lifestyle, sempre com boa disposição à mistura. A enérgica apresentadora propõe encher a tela de glitter e apresentar “o que de melhor existe no nosso país: os eventos, as marcas e produtos, hotéis e restaurantes, o mundo digital e as suas melhores figuras. A par com convidados, e durante meia hora, o Glitter Show faz-nos sonhar, mas acima de tudo rir muito”. Promessa cumprida. “A ideia deste projeto surgiu em conjunto com o Júlio Magalhães. Estávamos a precisar de um programa de entretenimento que divulgasse tudo o que se está a passar no Porto com uma vertente de luxo e lifestyle. Em conjunto com a produção chegamos a este formato, e, claro, o nome Glitter, porque sou uma eterna apaixonada por tudo que brilhe”, começa por explicar Carina Caldeira à VIVA!.


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Mas o que é ser glitter? “Acima de tudo, ser glitter é um estado de espírito positivo e com muita alegria. É um estado onde tudo brilha, uma energia que vem de dentro de cada um de nós. Um mundo encantado e onde não há maldade. Não vale a pena brilharmos por fora se não brilhamos por dentro!” O Glitter Show é “um programa de lifestyle onde o objetivo principal é mostrar tudo o que está a acontecer no Porto, que agora está na moda”. “Em estúdio terei sempre um convidado de renome numa conversa informal de carreira, seguida de várias rubricas que vão desde restaurantes, sítios novos, moda, beleza, hotéis e marcas novas”, acrescenta Carina Caldeira. As rubricas variam. “Mas de uma maneira geral temos uma blogger convidada a mostrar o seu sítio preferido na cidade, uma de beleza onde vamos conhecer todas as inovações no âmbito da estética, restaurantes e hotéis e espaços novos na cidade, marcas e lojas novas, eventos premium, tudo isto num universo de luxo e cheio de glamour”. Glitter Show é único para Carina. Por isso, cada programa é especial. “É o meu bebé, por isso ainda está nos primeiros dias de vida. Todos os programas são feitos com o maior entusiasmo. Até agora acho que o casting foi o mais emocionante porque foi aquela fase em que tive oportunidade de presenciar muito talento até chegar à escolha da nossa repórter Daniela, que está a fazer um trabalho maravilhoso”, reitera. A recetividade do público, nas palavras de Carina, tem sido “incrível”. “Todo o feedback está a ser muito positivo, toda a gente me diz que era preciso um programa assim e, além disso me deixar bastante realizada, deixa-me de coração cheio e com o sentimento de dever cumprido”, acrescenta. Carina encara este desafio com “muita alegria porque é um projeto que é realmente a minha cara, mas também com muita responsabilidade, e vontade de fazer cada vez mais e melhor”. O balanço a estabelecer nesta fase é positivo, mas, realça, “como disse, ainda está no início, ainda há muito para melhorar e crescer”. Mas as novidades não terminam por aqui. “Em primeira mão posso desde já adiantar que não nos vamos ficar só pelo Porto; o nosso objetivo com este formato passa por abranger o país inteiro”. REVISTAVIVA, JUNHO 2017


s e õ t s e g Su s i a r u t l Cu

Red Bull Air Race regressa ao Porto em setembro No primeiro fim de semana de setembro, os aviões da Red Bull Air Race estão de regresso aos céus do Porto, oito anos após a sua última visita. Trata-se do maior evento desportivo do ano em Portugal e um espetáculo certamente único para os muitos milhares de espectadores que vão seguramente voltar a encher as zonas ribeirinhas do Porto e de Gaia. A etapa portuguesa terá lugar no primeiro fim de semana de setembro e será a sexta e antepenúltima de um calendário composto por oito provas, a primeira das quais disputada a 10 e 11 de fevereiro, em Abu Dhabi. A última etapa do ano terá lugar em Indianápolis, nos Estados Unidos, a 14 e 15 de outubro. Tal como nas anteriores três visitas ao Porto, nos anos de 2007, 2008 e 2009, o circuito será desenhado entre a Ponte da Arrábida e a Ponte Luiz I. De acordo com a organização do evento, esta vai ser uma das provas “mais rápidas e desafiantes” que os pilotos têm de enfrentar ao longo da temporada. A pista temporária no Queimódromo continuará

a ser a base operacional da prova que, este ano, se desenrolará ao longo de três dias, a 1, 2 e 3 de setembro, entre treinos livres (sexta-feira), qualificações (sábado) e finais (domingo). Uma das novidades na estrutura da prova, face às anteriores edições, é a divisão dos participantes em duas séries distintas: a “Master Class”, com 14 pilotos, e a mais recente “Challenger Class”, para já com nove pilotos que se iniciam nesta exigente competição. Criada em 2003 e transformada em Campeonato do Mundo em 2005, a Red Bull Air Race é seguida por milhões de fãs em todo o mundo. Organizada pela Red Bull International, a competição envolve os melhores pilotos de corridas aéreas a nível mundial, num desafio que combina “velocidade, precisão e destreza”. As três edições realizadas em Portugal, nas cidades do Porto e de Gaia, continuam a figurar no registo dos maiores recordes de assistência averbados neste campeonato. O alemão Mathias Dolderer é o atual campeão em título, integrando o lote de sete pilotos inscritos em 2017 que já voaram sobre as águas do Douro em anteriores edições.


CA RTA Z

Paredes de Coura: A boa música está de regresso à vila Paredes de Coura é boa música aliada a uma bela paisagem. Melhor combinação, impossível. O festival completa uns maduros 25 anos e regressa, de 16 a 19 de agosto, à praia do fluvial do Taboão, para os celebrar em grande. Das atuações memoráveis, ao reencontro entre amigos e ao convívio com a natureza, o festival cresceu e deu fama internacional à vila minhota, que é agora destino de férias de eleição para tantos

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que a visitam. De uma conversa entre amigos nasceu uma aventura que se prolongou até hoje e cresceu a ser testemunha de momentos históricos. O Vodafone Paredes de Coura soube despertar tendências, arriscar sonoridades, descobrir novos talentos, consagrar grandes nomes. 25 anos depois, a música continua no centro das atenções de um festival de experiências únicas. E os nomes este ano são bem fortes. Desde Foals, At The Drive In, Nick Murphy (Chet Faker), Beach House, Benjamin Clementine, Foxygen. Em nomes nacionais, destaque para Manel Cruz (Ornatos Violeta, Pluto) e Mão Morta.

Porto acolhe Festival de Música Eletrónica A ELO (Electronic Literature Organization) realiza a sua Conferência, Festival e Exposições de 2017 entre 18 e 22 de julho. A conferência tem como anfitriã a Universidade Fernando Pessoa, no Porto, enquanto o festival e as exposições serão apresentados no centro histórico da invicta. Sob o título “Literatura Eletrónica: Ligações, Comunidades, Traduções”, a ELO’17 acolhe “diálogos e histórias desconhecidas da literatura eletrónica, oferecendo um espaço para a discussão dos intercâmbios, negociações e movimentos que podemos identificar no campo da literatura eletrónica”. Estes três tópicos (Ligações, Comunidades, Traduções) marcarão constantemente presença na Conferência, Festival e Exposições, estruturando os diálogos, debates, performances, apresentações e exposições. Os tópicos são intencionalmente provocatórios e constrangedores, “com o objetivo de criar um diagrama da literatura eletrónica atual, bem como divulgar a história e diversidade deste campo”.

“Desejamos contribuir para a deslocação e reposicionamento das visões e histórias da literatura eletrónica mais estereotipadas, o que permitirá a construção de um campo maior e mais expansivo, o mapeamento das relações textuais descontínuas presentes em histórias e formas, e a criação de mecanismos produtivos e poéticos através de combinações inesperadas”, explica a organização. REVISTAVIVA, JUNHO 2017


“O Despertar da Primavera” no TNSJ

“Despertar da Primavera, uma tragédia de juventude” é uma peça escrita em 1891 por Frank Wedekind sobre um grupo de adolescentes em conflito com uma sociedade conservadora e moralista. A convite do Centro Cultural de Belém, o Teatro Praga regressa, depois de “O Avarento” ou “A Última Festa” (texto de José Maria Vieira Mendes a partir de Molière), a um clássico da literatura dramática para inscrever, num texto e teatro canónico, o lugar dos que não estão incluídos no sistema representativo. Pretende-se, para isso, trabalhar “o expressionismo lírico de uma adolescência disforme com uma linguagem própria que anda longe de bipartições entre

cínicos e sinceros, poéticos e racionais, parecendo pairar sobre o que está construído como se não lhes pertencesse”. “O Despertar da Primavera” torna-se, assim, a casa ocupada por uma puberdade longe da natureza, da sujeição de um corpo a outro, da construção de identidades, em rito emancipatório e resistindo a todas as normalizações tradicionais. Um lugar onde se exige a coexistência de linguagens e se confundem as referências, onde o desespero é a vida e o suicídio uma vitória. É um espetáculo que segue à procura da humanidade por inventar. A peça sobe ao palco do Teatro Nacional São João de 13 a 23 julho: quarta e sábado às 19h, quinta e sexta-feira às 21h e domingo às 16h.

Exposição “Alberto Carneiro” na Culturgest Entre 1968 e 1973, Alberto Carneiro (São Mamede de Coronado, 1938-2017) realizou três instalações que foram determinantes para o seu percurso e para toda a arte portuguesa posterior: “O Canavial: Memória Metamorfose de um corpo ausente”, de 1968, “Uma floresta para os teus sonhos”, de 1970, e “Um campo depois da colheita para deleite estético do nosso corpo”, de 1973-1976. As três obras compõem situações “telúricas” nas quais a presença do campo, recriado no espaço expositivo pela rigorosa e cuidadosa organização de elementos do ciclo da natureza, produzem para o espectador máquinas de viajar no tempo e no espaço. A última destas peças, muito mais difícil de produzir porque inteiramente dependente do ciclo da natureza, não é vista no Porto desde a sua apresentação, em 1976, no Museu Soares dos Reis, na exposição

que Alberto Carneiro aí realizou. Em Lisboa esta obra foi instalada na retrospetiva que Carneiro efetuou na Fundação Calouste Gulbenkian em 1991. Trata-se de uma oportunidade rara de fruir a envolvência e a poética da obra de Alberto Carneiro. Por ocasião da exposição, será lançado um catálogo com documentação sobre as instalações. Para ver na Culturgest Porto (Avenida dos Aliados nº 104) de 15 de julho a 1 de outubro, de quarta a domingo, das 12h30 às 19h30.


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Leonard Cohen homenageado em concerto por músicos portugueses Jorge Palma, Samuel Úria e Mazgani são alguns dos músicos que vão participar em dois concertos, em setembro, em Sintra e no Porto, de homenagem ao autor canadiano Leonard Cohen. Com direção musical de Pedro Vidal, o espetáculo chama-se “As canções de Leonard Cohen” e acontecerá a 21 de setembro – dia de aniversário de Leonard Cohen - no Centro Cultural Olga Cadaval (Sintra) e no dia 27 na Casa da Música (Porto). O repertório musical deixado por Leonard Cohen será interpretado por Jorge Palma, Márcia, David Fonseca, Mazgani, Samuel Úria e Miguel Guedes, dos Blind Zero. A acompanhá-los em palco estarão o guitarrista

Pedro Vidal, que assume a direção musical, o baterista João Correia, o baixista Nuno Lucas, o teclista Rúben Alves e, nos coros, os cantores Paulo Ramos e Orlanda Guilande. Leonard Cohen morreu a 7 de novembro passado, aos 82 anos, dias depois de ter lançado um novo álbum, “You want it darker”, no qual refletia sobre a própria mortalidade e, com a voz grave característica, se interrogava sobre a natureza do Homem. O cantor publicou o primeiro álbum, “Songs of Leonard Cohen”, em 1967, já depois de ter feito 30 anos e de ter revelado a faceta literária, em particular com o livro de poesia “Let us compare mythologies” (1956) e o romance “O jogo preferido” (1963). Considerado um dos mais importantes nomes da música popular do século XX, Cohen escreveu músicas que são hinos da sua geração, incluindo “Hallelujah”, “Suzanne”, “Bird on the wire” ou “So Long Marianne”.

Crónicas de um desajeitado A vida é feita de breves acasos que perduram no tempo deixando marcas, evidenciando formas e recalcando situações. Não há espaço para falhar mesmo quando se ama e vive apaixonadamente tudo o que em nós tem uma certa influência. Resta deixar correr a espuma dos dias mesmo que essa maratona de vivências sejam levadas de forma desajeitada. Aprecie a vida, ainda que de forma desajeitada. É assim o apelo de Rui Aspas, autor da obra.

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“Quem te vê ao vir da ponte, és cascata são joanina” Rui Veloso in Porto Sentido


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festa do desporto de matosinhos para

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Consciente da importância do exemplo inspirador dos atletas excecionais e da capacidade mobilizadora dos grandes eventos, Matosinhos dedica o ano de 2017 a uma grande festa desportiva que, espera-se, contribua para que cada vez mais matosinhenses adotem a atividade física regular como forma de garantir uma melhor qualidade de vida. A iniciativa Mar de Desporto, que se prolongará por todo o ano, junta no mesmo calendário um conjunto intenso e diversificado de eventos desportivos. A não perder. Texto: Irene Mónica Leite | Fotos: Câmara de Matosinhos

A promoção do desporto e de um estilo de vida saudável tem sido, desde há vários anos, uma das apostas fundamentais da Câmara Municipal de Matosinhos, traduzida na construção de uma rede de equipamentos desportivos de grande qualidade e no apoio continuado à formação de atletas de um vasto leque de modalidades. De salientar também que a autarquia e a empresa municipal Matosinhos Sport têm sido igualmente “pioneiras no lançamento de iniciativas que promovem a prática desportiva informal ou na disponibilização de novas modalidades de fitness nos ginásios e piscinas municipais, assim se assumindo, desde há muito, e todos os dias, como uma verdadeira capital do desporto”. “Matosinhos sempre se distinguiu pelo desenvolvimento de uma política desportiva pujante, criativa e eclética”, sustenta o vereador do Desporto da autarquia, Tiago Maia. “Os objetivos passam por reforçar a programação e a divulgação desportiva do concelho de Matosinhos, seja através dos clubes desportivos, das associações e federações ou das entidades privadas de âmbito desportivo, acrescentando-se a toda esta dinâmica iniciativas que aumentam e completam a aposta desportiva municipal, de modo a responder à vontade da população e às

novas tendências desportivas”, acrescenta. A iniciativa procura, acima de tudo, dar visibilidade aos grandes campeões e estimular os ginastas de fim de semana, sem esquecer os milhares de atletas que praticam desporto durante todo o ano e lutam por vitórias nacionais e internacionais em modalidades como a patinagem artística ou o bodyboard, o voleibol ou o Jiu Jitsu. Na mesma agenda, e sob a marca Mar de Desporto, Matosinhos acolhe os pilotos do Rally de Portugal e as melhores seleções internacionais de basquetebol feminino, os campeões de triatlo e as máquinas musculadas do fitness, sem esquecer os praticantes ocasionais de caminhada. Esta verdadeira celebração do desporto para todas as gerações e condições físicas abrangerá as mais diversas modalidades e procurará envolver o maior número possível de cidadãos e coletividades. Matosinhos e o seu Mar de Desporto não esquecem, por isso, o importante papel da prática desportiva em ambiente escolar, seja para o surgimento de novos talentos e interesses, seja apenas pela sua função integradora e geradora de hábitos saudáveis, e pelo papel decisivo que o desporto desempenha na formação para a cidadania. “A escola, tal como uma grande competição internacional, pode ser um modo decisivo de contágio para a


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consolidação de uma cidade que queremos o mais saudável possível”, frisa a autarquia. “Estamos convictos de que a promoção da prática desportiva em ambiente escolar, para além dos benefícios para a saúde que todos conhecemos, pode servir como estímulo a uma maior responsabilização dos deveres e dos direitos dos alunos na escola, na família e na sociedade, advindo daí proveitos que, de outra forma, não eram atingíveis. Esta aposta foi, é e será indiscutivelmente para manter”, explica Tiago Maia. “Destaque, em 2017, para os XIX Torneios Interescolas Secundárias do Concelho de Matosinhos, que movimentam todos os anos milhares de alunos, professores e encarregados de educação”, acrescenta o vereador do Desporto da Câmara de Matosinhos. Mar de Desporto é, assim, segundo a autarquia, “um meio de fazer de Matosinhos uma cidade cada vez mais dinâmica, inovadora e capaz de competir saudavelmente num mundo globalizado. Queremos chegar mais alto, saltar mais longe e correr cada dia mais depressa. Só assim seremos os melhores”. REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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Os “Padrinhos” O programa do Mar de Desporto em Matosinhos é bastante diversificado e engloba várias modalidades, desde surf, futebol, dança, atletismo, entre outras. Matosinhos-Mar de Desporto conta, assim, com o apoio dos atletas Armando Teixeira (ultramaratona), Elsa Taborda (atletismo), Fernando Pinto (vela adaptada), Manuel Centeno (bodyboard e jiu-jitsu), Salvador Couto (surf), Tiago Monteiro (automobilismo) e Vítor Oliveira (futebol). Conheça um pouco o percurso dos “padrinhos” da iniciativa Mar de Desporto.

Armando Teixeira (ultramarotonista) Foi em 2009 que Armando Teixeira ganhou o gosto pelos trails, através do Ultra Tail Serra da Freita, tornando-se em 8/9 anos num dos maiores ultramarotonistas portugueses e europeus. Considera-se um mountain runner. É um dos grandes organizadores do Trail Camps já desde 2013. Esta é uma formação de trabalho de campo para quem é ou quer ser trail runner, onde aborda temas como nutrição, lesões, material adequado, etc.

Manuel Centeno (bodyboard) Pratica bodyboard desde os 14 anos, tendo sido premiado já com 16 anos. Hoje é campeão europeu e mundial e já venceu o ISA World Surfing Games, a 22 de outubro de 2006, na praia de Huntington, Califórnia.

Fernando Pinto (vela adaptada) Velejador da vela adaptada do Sport Club do Porto, medalhado e premiado em diversas competições nacionais e internacionais. A título de exemplo, em 2016 obteve o 2º lugar na classe Hansa 2.3 no campeonato do Mundo de Hansa, em Medemblik, na Holanda.

Salvador Couto (surf) Começou a praticar surf aos 9 anos. Já ganhou diversos prémios e sagrou-se campeão nacional de surf na categoria de sub 21, no Campeonato Nacional de Surf Esperanças e recentemente campeão europeu de surf, no Circuito de Surf do Norte.

Vítor Oliveira (futebol) Foi jogador e treinador de futebol em equipas como o Leixões, Famalicão, entre várias outras, treinando atualmente o Portimonense SC. É conhecido como “Homem dos 7 ofícios e das 8 subidas” por conseguir elevar 8 clubes à primeira divisão sem os acompanhar.

Elsa Taborda (atletismo-síndrome de Down) Atleta de desporto adaptado, na modalidade de Atletismo da APPACDM Matosinhos. A título de exemplo, conquistou a medalha de ouro nos 1.500 m para atletas de Trissomia 21 no 3º Campeonato do Mundo de Atletismo para atletas com síndrome de Down, realizado na África do Sul. Na mesma competição, foi ainda uma das atletas condecoradas com a medalha de Bronze na categoria de Estafeta 4*100 e na categoria de 800 m T21.

Tiago Monteiro (automobilismo) 2016 ficou marcado pelo 3º lugar no Campeonato do Mundo e em 2017 procura melhorar esse feito. 2017 também é marcado pela renovação de contrato e Tiago Monteiro corre, assim, pela sexta vez pela Honda para o Campeonato do Mundo de WTCC. Tiago Monteiro foi o único português a subir a um pódio na fórmula 1. Este feito deu-se em 2005, na etapa de Indianapolis para o Grande Prémio, com vitória para Michael Shumacher.


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As atividades Matosinhos tem uma rica proposta de atividades até ao final do ano. “Sim, claramente. Convido todos os interessados a acederem à nossa página na internet e proponho que pesquisem por Matosinhos, Mar de Desporto. Terão acesso ao vasto programa que foi delineado e que está a ser levado a efeito, o qual, estou certo, corresponderá às expetativas de todos aqueles que procuram o concelho para praticarem regularmente inúmeras atividades ou, por outro lado, para assistirem a eventos desportivos”, apela Tiago Maia. Apesar de entender que “a grande mais-valia do projeto é a sua riqueza, extensão e variedade”, Tiago Maia destaca alguns eventos nesta iniciativa. “Em julho, de 8 a 16, vamos voltar a acolher a fase final do Campeonato da Europa de Basquetebol Sub-20 Feminino Divisão A, e, em novembro, de 24 a 26, Matosinhos recebe o Campeonato da Europa de Karaté Shotokan”, avança o vereador do Desporto da Câmara de Matosinhos. De referir também que em junho decorre o Torneio de Mini-Pólo, Regata Senhor de Matosinhos, Corrida do Atlântico, Liga Europeia de Voleibol Feminino ou Trilhos do Vale do Leça. O AquaFitness Internacional, os Jogos do Eixo Atlântico ou o Troféu Engenheiro Manuel Pessanha têm lugar em julho, enquanto em agosto está marcado o Torneio Street Basket e o Campeonato do Mundo.

Em setembro realiza-se a Meia Maratona das Areias, o Marginal à Noite ou o Surf Adaptado; já o Congresso de Treino Funcional, o Promofit Games ou o Surf Júnior Cup acontece em outubro. Nos dois últimos meses de 2017 está agendado o Double Splash & Wellness, a Gala Vólei ou o Torneio Internacional do Pólo Aquático Feminino. Todo este dinamismo prova que Matosinhos registou nos últimos anos um “investimento significativo no que ao desporto diz respeito, com notável crescimento da oferta desportiva municipal a nível de serviços e equipamentos”. Pressupôs “logicamente, maior investimento e implicou, com certeza, mais recursos, mas com resultados concretos, nomeadamente mais equipamentos desportivos municipais; mais intervenções de melhoria no parque desportivo; mais atividades desportivas, quer no campo formal quer no campo informal; mais eventos desportivos; mais programas desportivos e de lazer; mais visibilidade e notoriedade; mais bem-estar, qualidade de vida e saúde”. “O balanço, estando o 1º semestre a terminar, é francamente positivo. O investimento assumido pela Câmara Municipal de Matosinhos é para manter, visto que o retorno, seja de âmbito desportivo, turístico, económico, cultural, entre outros, é significativo, o que comprova, inequivocamente, que o Matosinhos, Mar de Desporto veio para ficar”, remata o vereador do Desporto da Câmara de Matosinhos.

A Corrida do Mar A 4.ª edição da Corrida do Mar realizou-se a 2 de abril, junto ao Farol da Boa Nova (Leça da Palmeira). Para além da prova cronometrada de 10 km, o evento contou também com uma caminhada de 5 km para os que não se quiseram aventurar para já em distâncias mais longas. O percurso da prova foi sempre plano e junto ao mar, percorrendo a marginal de Leça da Palmeira. Com o mar azul e o Farol da Boa Nova sempre presentes, o tiro de partida foi dado pelo vereador do Desporto da Câmara Municipal de Matosinhos, Tiago Maia, iniciando-se assim a prova para os cerca de 3.000 participantes inscritos na Corrida do Mar. A cerimónia protocolar do pódio teve várias figuras presentes, a começar pelo presidente da Câmara Municipal de Matosinhos e presidente do Conselho de Administração da Matosinhos Sport, Eduardo Pinheiro, o vereador do Desporto da Câmara Municipal de Matosinhos, Tiago Maia, a administradora da Matosinhos Sport, Engª. Helena Vaz, Carlos Sousa da Liberty Seguros, Aurora Cunha, embaixadora Liberty Seguros, e Jorge Costa da Hyundai Portugal. Como habitualmente, a posição 100 da tabela geral foi premiada com o cheque Hyundai, um fim de semana ao volante de uma viatura da marca e com o depósito cheio. A 4ª. Corrida do Mar teve uma importante vertente solidária que se traduziu na entrega à Associação Rumo à Vida de um cheque no valor de 1.500€. De referir que esta associação desenvolve um trabalho na área da deficiência no concelho de Matosinhos.



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Aqui os cidadãos

VIVEM BEM!

A Maia continua em franco crescimento. A autarquia terminou o ano de 2016 com um saldo positivo de 16,4 milhões de euros, estando em excelente situação financeira, facto que orgulha o executivo liderado por Bragança Fernandes. Sustentabilidade e qualidade de vida são as pedras basilares de três mandatos de sucesso, na ótica do presidente da autarquia. Texto: Irene Mónica Leite Fotos: Elisa Freitas

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ligação de Bragança Fernandes à Câmara da Maia vem de longe. “Estou na Câmara há 27 anos. Sou presidente da autarquia desde 2002, ano em que o paradigma autárquico mudou completamente”, começa por explicar à VIVA!. “Muita legislação saiu. Mas soubemos canalizar o dinheiro”, confidencia o autarca numa fase em que a câmara fechou o ano de 2016 com um saldo positivo de 16,4 milhões de euros, apresentando-se, assim, em excelente situação financeira. De facto, os últimos anos têm sido de contenção financeira, obrigando a que as Câmaras Municipais adotem uma política de rigor, ou até mesmo de apertar o cinto, para abater dívidas a longo prazo. No que concerne a endividamento no Grande Porto, a Câmara da Maia lidera no desafogo de responsabilidades, apresentando o valor mais baixo. Quando Bragança Fernandes assumiu a Presidência da Câmara, em 2002, a dívida situava-se nos 121,5 milhões de euros, fruto do bom investimento efetuado à época em infraestruturas, sendo que agora está apenas nos 46,6 milhões de euros. Um esforço feito pelos executivos liderados pelo

autarca, sem que para isso tenha alterado o “padrão de vida dos maiatos”. No que concerne a 2016, a Câmara obteve uma receita de 67,5 milhões de euros, face a uma despesa de 62,4 milhões, o que ajuda a perceber o resultado positivo. “A Câmara está bem e recomenda-se”, resume à VIVA! Bragança Fernandes. Por outro lado, o lema do autarca sempre foi “servir a população. E é isso que tenho vindo a fazer. Gosto que haja igualdade de oportunidades”, sublinha. Todos os projetos desenvolvidos pela Câmara da Maia são para “continuar a servir a população. Dar garantias de bem-estar, ajudando os mais idosos, as crianças…Tudo o que seja tornar a população mais feliz”, aponta Bragança Fernandes. A autarquia, a título de exemplo, investe na “construção de passeios para maior mobilidade, a pensar em toda a população. Com estas medidas potenciamos algo muito importante: a segurança”, assegura. “Temos a maior zona industrial do país”, o que se traduz em emprego para os maiatos. A Maia apresenta “mais de 20 mil empresas sediadas no concelho, 3% do PIB (Produto Interno Bruto)


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nacional é aqui produzido, estamos em primeiro lugar na Área Metropolitana em termos de produção e também estamos no topo do ranking das exportações”. “Nós somos um Município onde os cidadãos vivem bem. Onde são mais as pessoas que se deslocam para vir trabalhar para a Maia do que as que saem para trabalhar em concelhos vizinhos. Não somos dormitório de ninguém e os números do INE assim o comprovam”, assegura. Bragança Fernandes destaca também o investimento da Câmara da Maia na Educação. “Construímos vários Centros Escolares e requalificamos todas as escolas do concelho modernizando-as e tornando-as mais funcionais para melhorar as condições dos professores a ensinar e dos alunos a aprender. Foram mais de 30 milhões de euros muito bem investidos. Cada euro despendido na educação não é um custo mas sim um investimento no futuro dos jovens”. O autarca sublinhou também a importância que o Município faz no desporto, “em 2014 fomos Cidade Europeia do Desporto

O TURISMO SÉNIOR O Maiato é um programa de turismo sénior da autarquia. Esta iniciativa de carácter social que decorre há 21 anos tem como objetivo proporcionar às pessoas idosas bons momentos de lazer, animação e visitas a locais de interesse turístico-cultural. O Programa de Turismo Sénior da Maia, uma iniciativa da divisão de Cultura e Turismo da Câmara Municipal da Maia, contou na 20ª edição com a participação de 5000 idosos. Para realizar a inscrição é necessário que um dos cônjuges tenha 65 anos (ou completar essa idade até ao final do corrente ano) e a apresentação do Bilhete de Identidade ou Cartão de Cidadão, juntamente com o Cartão de Eleitor, recibo da água ou da luz. Deverá levar ainda consigo o cartão do Turismo Sénior Maiato, caso se trate da renovação da inscrição. e, para tal, foi decisivo o trabalho que a Câmara Municipal desenvolve no fomento do Desporto para Todos. O facto de termos 15 000 pessoas a praticar desporto por dia, dos quais 5000 são jovens ou crianças, em equipamentos desportivos municipais é uma realidade que nos orgulha”. Com efeito, na Maia, “nada está concessionado. Tudo é do município. As águas, os esgotos e os resíduos sólidos… E neste domínio somos o concelho que mais separa e recicla em Portugal. É uma eficiência muito grande”, confidencia Bragança Fernandes. O autarca salienta ainda as políticas de incentivo às empresas. Em suma, diz, “sustentabilidade e qualidade de vida de mãos dadas para uma política de sucesso em que as Pessoas estão Sempre em Primeiro Lugar. O balanço não poderia ser melhor”. REVISTAVIVA, JUNHO 2017


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4Mens, DAMA, Mia Rose e Simone de Oliveira no cartaz das Festas de São Bento 2017 É considerada uma das maiores romarias da zona norte, e traz, todos os anos, milhares de pessoas a Santo Tirso. As Festas de São Bento estão de volta de 6 a 11 de julho, com um programa recheado de música, arraiais e muito divertimento. “4Mens”, “DAMA”, Mia Rose, Simone de Oliveira e quatro dias de “Há Baile no Largo” são algumas das atrações que prometem agitar esta encantadora cidade, que é, de forma única, um museu de escultura ao ar livre.

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e 6 a 11 de julho, Santo Tirso convida a viver a sua tradicional e maior romaria. As “Festas de São Bento” prometem estender-se por toda a cidade, com um programa destinado a toda a família. Uma das novidades deste ano é o espetáculo de vídeo mapping que irá decorrer no dia 9 de julho, a partir das 22h, na fachada do Mosteiro de S. Bento. A Praça 25 de Abril volta a ser palco de grandes concertos, este ano com “4 Mens”, Mia Rose, DAMA, Ecos da Cave e Simone de Oliveira como cabeças de cartaz. A cantora luso-descendente e a banda jovem do momento prometem abrilhantar a noite de sábado, dia 8 de julho, pelas 22h. Na sexta-feira, dia 7, pela mesma hora, Sylvia e o grupo 4 Mens convidam àquela que é a noite mais popular das festas. Já na segunda, dia 10, o grupo tirsense Ecos da Cave junta-se pela primeira vez ao fim de duas décadas para recordar os sucessos dos anos 80 e 90. Dia 11, feriado municipal, Simone de Oliveira protagoniza uma mágica Noite de Fado, na Quinta de Fora. Nos primeiros quatro dias de romaria, a festa

prolonga-se noite dentro, e vai até ao Largo Coronel Batista Coelho. Grande atração dos últimos anos para munícipes e visitantes, a iniciativa consegue a proeza de juntar várias gerações, e promete madrugadas em festa, com muita música, DJ’s e a colaboração dos bares do concelho. ARRAIAL, PRAÇA COLORIDA E FOGO SOBRE O RIO A alvorada festiva marca o sinal para a festa, todos os dias, pelas 09h. Durante todo o programa de romaria, o convívio também se faz no Arraial da Praça dos Carvalhais, onde diferentes associações do concelho se juntam para promover o melhor dos comes e bebes da região. Ao arraial também não falta a música, com folclore, dança e tunas, atividades protagonizadas por diferentes associações do Município. A desfilar pela cidade andará a tradicional arruada de bombos do concelho, no primeiro dia de festa, com a participação de quase uma dezena de grupos. Outra das grandes atrações é a “Praça Colorida”, situada na Praça Conde de São Bento, que com diferentes materiais e uma temática


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ATIVIDADES PARALELAS

surpresa prima pela sua genialidade. Conhecidas também pelos seus estonteantes espetáculos de fogo de artifício, as “Festas de São Bento” terão uma sessão de fogo piromusical no dia 7 de julho, à meia-noite, na Praça 25 de Abril. Na segunda, dia 10, há sessão de fogo de ar e cachoeira na ponte sobre o Rio Ave, um dos momentos altos da edição.

O município, cujo nome tem sido transportado além-fronteiras pelo reconhecimento arquitetónico do Museu Internacional de Escultura Contemporânea, aposta no turismo como chave-mestra para a sua promoção. Para além do programa oficial, durante todos os dias terão ainda lugar várias atividades paralelas. Para os amantes do desporto, o “São Bento a Mexer” integra uma Caminhada de São Bento, uma Milha Urbana, um Rally Paper, um Concurso de Pesca e ainda um Campeonato de Columbofilia. De um ponto de vista mais cultural, a iniciativa “+ S. Bento” convida a visitar uma Exposição de Colecionismo sobre S. Bento e ainda uma Feira de Colecionismo e Antiguidades. O programa completo das Festas de São Bento pode ser consultado em www.cm-stirso.pt.


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Ju n ta r e fo rça

ação

social Paranhos, após ter concluído atempadamente as metas do mandato, reforça ainda mais a sua política de sucesso, com parcerias e ações de relevo. Com a Ação Social bem direcionada e trabalhada, novos projetos se solidificam, como o protocolo que permite o acesso gratuito a esterilizações de animais para famílias carenciadas. Para Alberto Machado, presidente da autarquia, é com grande “satisfação, trabalho e dedicação” que vê Paranhos solidificar-se cada vez mais como uma Freguesia inovadora. Texto: Irene Mónica Leite

O presidente da junta de freguesia de Paranhos, Alberto Machado, assinou um protocolo de cooperação com a Associação MIACIS - Proteção e Integração Animal, com o apoio da Associação dos Amigos dos Animais do Porto, que permite, segundo o autarca, “acesso gratuito a esterilizações de animais de estimação dos Paranhenses com rendimentos mais baixos”. Trata-se, acrescenta, de “um programa de apoio à esterilização de animais de estimação, cães e gatos, de residentes na freguesia de Paranhos”. “Para beneficiar deste apoio, os interessados deverão dirigir-se ao gabinete de serviço social da junta de freguesia para uma avaliação socioeconómica e posterior encaminhamento”, esclarece Alberto Machado. Assim, a “junta de freguesia pretende colaborar para que Paranhos seja uma freguesia não só amiga dos seus fregueses, mas também amiga dos seus animais“, conclui o autarca. Sempre na ótica do bem-estar dos paranhenses,

Alberto Machado procedeu à entrega de equipamentos informáticos à esquadra da PSP do Bom Pastor. “Uma das maiores preocupações da autarquia de Paranhos, de todos e de cada um dos seus autarcas, é a preocupação com a segurança das pessoas e bens”, assegura Alberto Machado. “A segurança, mais propriamente, aquela que é responsabilidade das forças policiais, não integra o leque das competências da junta de freguesia”, frisa. No entanto, ”não podemos ficar indiferentes quando somos confrontados com as dificuldades que se debatem as forças policiais, entenda-se a PSP, no desempenho das suas funções”, constata o presidente da junta de freguesia de Paranhos. É sabido, também que, “numa situação em que os recursos do país são escassos, a dotação de meios para equipamentos essenciais ao desempenho das funções da PSP fica aquém do que seria desejável e necessário. E a junta de freguesia de Paranhos, não é, nem pode ser indiferente a esta situação, recusando uma posição, porventura confortável, de aguardar de braços cruzados que o problema se resolva”, esclarece.


PA RA N H OS

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LICENCIAMENTO E REGISTO DE CÃES Documentos necessários: Boletim sanitário de cães e gatos ou passaporte de animais de companhia, com a vacinação anti-rábica válida Duplicado da ficha de registo do microchip entregue pelo veterinário Cartão de contribuinte do proprietário Bilhete de Identidade /Cartão de cidadão do proprietário Termo de responsabilidade do detentor* Registo criminal do detentor* Seguro de responsabilidade civil válido* Exibição de carta de caçador atualizada (cães de caça) Declaração de bens a guardar, assinada pelo detentor ou pelos representantes (cães de guarda) “Se o fizéssemos estaríamos a voltar as costas a uma preocupação de todos e de cada um dos cidadãos desta freguesia”, elucida Alberto Machado. Deste modo, a junta de freguesia de Paranhos propôs a aquisição e doação à esquadra do Bom Pastor da PSP desses equipamentos tão “necessários” ao seu trabalho. “Estão entregues”, assegura o autarca. A junta de freguesia vê a sua intervenção como inovadora e ambiciosa. “Trouxemos novas soluções e mais respostas aos

*Exigível no caso de cães perigosos e potencialmente perigosos. O detentor tem que ser de maior idade para tal. O canídeo de categoria de cão potencialmente perigoso, não sendo de raça pura, terá de ser castrado. problemas com que nos fomos deparando. Sem triunfalismos, mas também sem falsas modéstias, estamos em crer que o respeito pelos dinheiros públicos, a gestão rigorosa e transparente mas ambiciosa, e o investimento numa freguesia mais moderna, eficaz e próxima dos cidadãos, foi a chave para este sucesso, de que todos nos podemos orgulhar”, remata o autarca. Nos próximos meses, há uma panóplia de atividades em Paranhos, com principal relevo para a Feira Rural. Também para os mais novos, estão a chegar as férias desportivas e os ATL de verão, onde certamente não faltarão momentos de convívio e diversão. REVISTAVIVA, JUNHO 2017


H U M O R O Joãozinho

chegou muit o atrasado à escola e a professora p erguntou: - O que acon teceu? - Fui atacad o por um cro codilo! – resp onde o menino Chocada, diz . a profess - Oh, meu D eus! Como é ora: que tu estás? Responde o Joãozinho: - Estou bem , mas o croco dilo comeu o trabalho de matemática ...

h a h a ahah

lcão três m bar e pede ao ba cafés. pregado. unta, atónito, o em - Três cafés? – perg : E responde o bêbado outro prá p*ta e ti ra pa tro ou im, - Sim… Um para m da tua mãe!!! esmo café esmo bêbado, no m No dia seguinte, o m eg pr mesmo em ado: repete o pedido e ao - Três cafés… da resposta ou menos, à espera - Três?… - Já, mais do homem. ti e outro ra mim, outro para - Sim .. Três! Um pa !!! prá p*ta da tua mãe saiu do balcão, e, -s ou ss pa o ad Desta vez o empreg das fortes! so e deu-lhe uma va agarrou no bêbado vai na do ba do torcido, o bê No dia seguinte, to pregado em O o. se ao balcã erig di e fé ca ao a mesm cínico pergunta-lhe: com um sorrizinho …. hos, não é verdade? - Então, três cafézin : Responde o bêbado á p*ta da para mim e outro pr - Não! Só dois: um a-te o er alt fé porque o ca tua mãe! Pra ti não, sistema nervoso… Um bêbado entra nu

las já famosas, desta Depois de outras au ática nta ensinar matem vez, a professora te inte gu se do se etal, serv ao Joãozinho. Para exemplo: hoje e te der 4 chocolates eu se , - Joãozinho …. com…. vais ficar com…com mais 3 amanhã, tu E o Joãozinho: - Contente!

Numa aldeia pecava-se demais! O velho padre, cansado de ouvir tantas confiss ões envolvendo o desagradável termo “adultério” , combinou um código com os seus paroquiano s. Sempre que alguém perdesse a cabeça teria simplesmente de dizer: “Senhor Padre, eu caí! ”. E pronto, sempre que alguém con fessava ter “caído”, o velho padre já sab ia do que se tratava. Mandava o pecador reza r três Avemarias e um Pai-nosso, e a cois a ficava por ali. Os anos passaram e o velho pad re partiu deste mundo, sem ter tido tempo de avisar o seu sucessor do código combinado. Um dia, o jovem padre, espantado com tanta queda, dirigiu-se ao Presidente da Câmara para lhe expor a estranha situação: - O Sr. Presidente vai-me desculp ar, não me quero meter no seu trabalho, ma s tem os passeios numa lástima! Não pas sa um dia sem que muitos dos meus paroquiano s se queixem de ter caído… O presidente solta uma gargalh ada e antes de esclarecer a situação, o jovem pad re continua: - E não se esteja a rir Sr. Preside nte, que a sua esposa, coitada, só esta semana já caiu três vezes!

Três homens morrem e vão para o céu. São Pedro - Então, o que é que os pergunta-lhes: amigos gostavam de ou vir da boca daqueles qu e vos estão a velar neste momento lá em baixo? Diz o pri meiro: - Eu gostava que disses sem: aqui está um bom homem que só fez bem à humanidade! Diz o segundo: - Eu gostava que disses sem: aqui está um home m íntegro e um bom pa i de familia… Diz o terceiro: - Eu gostava que disses sem: olha, o gajo está a mexer-se!


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N1

na Satisfação dos Clientes.

O BPI é líder pelo 2º ano consecutivo na Satisfação dos Clientes, de acordo com o Índice Nacional de Satisfação do Cliente - ECSI Portugal 2017. Este índice, baseado numa metodologia internacional comum, permite avaliar a qualidade dos bens e serviços disponíveis no mercado nacional, em vários sectores de actividade, com base em 8 dimensões: imagem, expectativas dos Clientes, qualidade apercebida, valor apercebido (relação preço/qualidade), satisfação, reclamações, confiança e lealdade. O ECSI Portugal é um estudo independente, desenvolvido anualmente pelo Instituto Português da Qualidade, pela Associação Portuguesa para a Qualidade e pela NOVA Information Management School da Universidade Nova de Lisboa.

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Este estudo utiliza uma escala de satisfação de 1 a 10 e é realizado com recurso a 250 entrevistas telefónicas a Clientes de cada Banco/Marca estudado, com base numa amostra seleccionada de modo aleatório e extraída da população portuguesa.

Este prémio é da exclusiva responsabilidade da entidade que o atribuiu.

O BPI obteve o índice de Satisfação do Cliente mais elevado, de acordo com o ECSI Portugal 2017.


DE: PINTADO DE FRESCO

PARA: PINTADO HÁ 7 ANOS ATRÁS


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