Edição Março 2011

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editorial JOSÉ ALBERTO MAGALHÃES

O mundo em mudança A “revolução” começou há cerca de duas dezenas de anos. A Internet, então um “bicho de sete cabeças” para muita gente, dava os primeiros passos. A World Wide Web era, por si própria notícia. Hoje é a noticia... De entre as muitas redes sociais prodigamente utilizadas o Facebook é, legitimamente, o rei. Há quase como que um antes e um depois... O Facebook, que reúne mais de 600 milhões de utilizadores ativos mensais, em todo o mundo (mais de dois milhões em Portugal), deve atingir os mil milhões dentro de quatro, cinco anos. Se a Internet alterou o relacionamento entre a humanidade o Facebook fê-lo, e de que maneira, entre as pessoas. Em Portugal, e segundo um estudo junto de mil utilizadores, recentemente realizado pela Netsonda e citado pelo Notícias Magazine, 78% dos inquiridos estão sempre ligados ou ligam-se, pelo menos uma vez por dia, sendo que 58,2% gastam até uma hora diária na rede social, 37% já a utilizam para fins profissionais, mais de dois terços consultam os sites das marcas que seguem no Facebook, enquanto 72% são adeptos particulares das páginas sociais. As mulheres são o grupo que mais horas dedica à rede. Estes números que apesar de mostrarem um óbvio afastamento do contacto real com os outros são, de facto, a constatação da poderosa ferramenta que é a Internet e, dentro desta, o Facebook, nomeadamente no combate às desigualdades sociais e às ameaças ambientais, na compra, venda e troca de produtos, na partilha de contactos e experiências, nas oportunidades de negócios e no lançamento de petições a propósito de tudo...e às vezes de nada! HI5 (muito utilizado pelos mais jovens), Twitter, MySpace, Linkedin, etc. são faces de uma mesma realidade. Recentemente, em Portugal, a rede serviu para juntar cerca de 300 mil pessoas em defesa de objetivos comuns, numa “manif” global que teve a sua génese numa conversa de café entre três amigos. Depois foi só clicar... O mundo também mudou no Norte de África ao ritmo dos cliques revolucionários de tunisinos, egípcios e líbios. A rede mudou - e continua a mudar - o mundo... Como também mudou o português. 3


sumário Editorial ............................................................................................... 3 Protagonista: Rui Moreira ................................................................... 6 Música: A Beta Movement/Freud e Eu/Underdogs ............................. 12 Reportagem: Redes Sociais ............................................................. 16 Moda: Maquilhagem ......................................................................... 22 Ciência: Cirurgia inovadora às varizes praticada no Porto ................ 26 Figura: Sofia Escobar ........................................................................ 30 Em foco: Sea Life ............................................................................ 34 Universidade: 100 anos de liderança e prestígio .............................. 38 Galiza: Confidências da Galiza ........................................................ 42 Desporto: Manuel Centeno - Bodyboard ........................................... 46 Portofólio: ........................................................................................ 49 Momentos: ...................................................................................... 50 Decoração: CIN .............................................................................. 58 Águas do Porto: Futuro pela telemetria ........................................ 62 Stockmarket: Descontos estão de volta à Exponor .......................... 64 Portuguese Fashion News: PFN distinguiu jovens criadores .......... 65 Através dos tempos: Cheias ........................................................... 66 Televisão: Porto Canal ...................................................................... 70 Actualidade: ..................................................................................... 74

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Figura

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Galiza Confidências da Galiza

Sofia Escobar

Autarquias Porto: Porto em alta velocidade ..................................................... 76 Maia: Mobilização da comunidade Maiata .................................... 82 Gondomar: Gondomar, coração de ouro ........................................ 84 Famalicão: Uma aposta na formação superior ............................... 88 Área Metropolitana do Porto: Bombeiros à escala metropolitana ... 94 Porto Vivo, SRU: .............................................................................. 98 Memórias: Av. Rodrigues de Freitas .............................................. 100 Sugestões Culturais: ..................................................................... 102 Freguesias Campanhã: Projeto inovador .......................................................... 104 Lordelo do Ouro: 175 anos no concelho do Porto .......................... 106 Nevogilde: Melhoria na via pública ................................................ 108 Paranhos: Um convívio empresarial ............................................... 110 Passatempos. ................................................................................. 112 Crónica: O Porto que se faz na ciência ........................................... 114 4


Propriedade de: ADVICE – Comunicação e Imagem Unipessoal, Lda. Sede da redacção: Rua do Almada, 152 - 2.º – 4050-031 Porto NIPC: 504245732 Tel.: 22 339 47 50 – Fax: 22 339 47 54 adviceporto@mail.telepac.pt adviceredaccao@mail.telepac.pt www.viva-porto.pt Diretor Eduardo Pinto Editor José Alberto Magalhães Redação Marta Almeida Carvalho Mariana Albuquerque Fotografia Virgínia Ferreira

Universidade 100 anos de liderança e prestígio

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Marketing e Publicidade Eduardo João Pinto Célia Teixeira Produção Gráfica Ricardo Nogueira Pré-impressão Xis e Érre, Estúdio Gráfico, Lda. Impressão, Multiponto Acabamentos Rafael, Valente e Embalagem & Mota, S.A. R. D. João IV, 691-700 4000-299 Porto Distribuição Mediapost Tiragem 140.000 global exemplares Revista trimestral gratuita Registado no ICS com o n.º 124969 Membro da APCT

Através dos tempos Cheias

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Depósito Legal n.º 250158/06 Direitos reservados

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protagonista Genuinamente tripeiro, portista de coração, regionalista por convicção, gestor por formação. Esta é uma forma, entre muitas possíveis, para definir o presidente da Associação Comercial do Porto. Guiado por uma forte consciência politica e um elevado sentido cívico, Rui Moreira dispensa apresentações, sendo um dos mais interventivos protagonistas da Invicta. Partilha de uma grande admiração pela cidade, com a qual mantém uma verdadeira “relação de amor” e é, ainda, conhecido por ser um fervoroso adepto do FC Porto. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

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Uma voz do Porto


rui moreira

Defender o lóbi regional. É assim que Rui Moreira carateriza a sua intervenção na vida da cidade, quer como cidadão, quer como presidente da Associação Comercial do Porto (ACP). “A cidade e a região precisam de vozes que defendam os seus interesses já que, atualmente, existe uma certa incapacidade de mobilização”, sustenta, salientando que este é o principal defeito do Porto, que tem vindo a perder alguma da sua aptidão reivindicativa e,

consequentemente, protagonismo a nível nacional. “O Porto torna-se, por vezes, numa cidade resignada à sua sorte”, refere, sublinhando que isto se deveu, nomeadamente, quer a culpas próprias, quer a externas. “A noção de individualismo e independência sempre fez parte do caráter das elites do Porto. No entanto, havia momentos em que se ouvia uma espécie de toque a reunir, em que a voz da cidade clamava em uníssono pelas causas que queria abraçar”. E, garante Rui Moreira, foi isto que se perdeu. Em sua opinião, o Porto acreditou que, com a entrada na Europa, o progresso iria surgir naturalmente e que o 7


protagonista

“peso político deixava de fazer sentido” o que demonstrou uma certa “ingenuidade”. Mas a evolução do regime também condiciona essa «apatia». De acordo com Rui Moreira, Portugal passou, em poucos anos, de um país bipolar a unipolar. “A dicotomia entre Lisboa e Porto perdeu-se, passando o poder, o Estado e as grandes opções políticas a concentrarem-se em e para Lisboa”. Mas apesar da perda de protagonismo, garante, o Porto burguês ainda existe, nomeadamente através de um grupo de cidadãos empenhados, com destaque para as profissões liberais que continuam a ter “um peso muito forte na cidade”. O Porto e o poder político A concentração de recursos, principalmente em termos de investimento público, foi, para Rui Moreira, “um erro”, porque o poder central não partilha de um particular afeto pela segunda cidade do país, tendo vindo a tornar-se num Estado concentracionista que “cuidou de se refugiar nas ameias do castelo, em Lisboa, retirando competências ao resto do país”. A “portofobia” que garante que existe e que tem vindo a 8

crescer, deve-se, sobretudo, à deslocalização para a capital dos grandes orgãos de comunicação social originários da Invicta, ao “fracasso que foi a NTV, à diluição de rádios de caráter noticioso, e àquilo que a RTP-N nunca conseguiu ser – uma televisão do Norte”. Embora, publicamente, já tenha manifestado algumas discordâncias com a Câmara do Porto, Rui Moreira não tem dúvidas sobre a gestão autárquica atual. “Quando olhamos para a crise de financiamento de que estamos a ser vítimas, percebemos que a gestão autárquica, efetuada nos últimos anos, nos permitiu amealhar reservas para enfrentar a situação atual do país”. Questões como o aeroporto, o Porto de Leixões, as Scut, o Fantasporto, o Rivoli, a cultura e o turismo, são batalhas que travou, enquanto cidadão, e sente que o Porto continua a ser prejudicado em todos estes temas. “O Porto é discriminado consecutivamente, em todas as políticas públicas”, garante, sublinhando que “desde o Estado Novo que não se via um governo tão «portofóbico» como o atual”. Rui Moreira lamenta, ainda, a resignação e o silêncio do núcleo distrital do PS, um partido que, em seu entender, tem responsabilidades acrescidas por ter lidera-


rui moreira do, durante anos, a autarquia portuense. “Os líderes locais têm-se comportado como meros comissários políticos”, acusa. O presidente da ACP foi, recentemente, indicado por Rui Rio para presidir à Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) não tendo o seu nome sido sufragado pelo governo de Sócrates. “O trabalho que tenho desenvolvido, com o apoio de toda a estrutura da ACP, é perfeitamente satisfatório ao nível da minha participação cívica”, garante, descartando a hipótese de uma possível candidatura à autarquia portuense, no futuro. Amor antigo A relação que mantém com o Porto é muito forte mas, como todas as relações de amor, “também traz desapontamentos”, diz. Gosta da Foz, do encontro entre o rio e o mar, da dicotomia entre o Porto moderno e o medieval, da luz dourada, de andar a pé pela cidade, onde conhece vielas e recantos muito para além dos seus pontos principais. “É um amor antigo”, refere, sublinhando que é uma cidade com um caráter “diferente”. “Numa era de globalização, de modas, de media e de Internet, as cidades são muito parecidas umas com as outras. É nisto que o Porto ainda se distingue”, refere, salientando que a sua média dimensão, faz dela uma cidade “facilmente percetível pela diferença”. A pronúncia e a forma de se expressar dos portuenses são, a par do Vinho do Porto, do FC Porto e da recente «movida», os grandes símbolos da cidade, que considera um autêntico “museu vivo”. Grande aficionado da francesinha, é frequentemente abordado pelas pessoas quando anda a pé no Porto. “Falam sobre futebol, sobre algo que ouviram na televisão ou para apresentar queixas e reclamações sobre diversos assuntos. Nunca tive nenhuma manifestação de antipatia”, conta. E se pudesse, o que mudava? “Sobretudo a falta de perceção da importância de algumas instituições da cidade”, admite, dando como exemplo a Universidade do Porto. “É necessário que a sociedade civil e o poder político se aproximem do grande potencial que a UP tem para a criação de recursos próprios na cidade e na região. Ela é a nossa «lâmpada de Aladino»”. Rui Moreira não consegue enumerar os traços de personalidade que melhor o definem. Gosta de ler e de escrever, não dispensa um passeio matinal para

fugir ao stresse do quotidiano e, apesar de retirar grande prazer do trabalho, consegue desligar-se completamente, em férias. Garantir o lóbi económico e cultural da região Foi no Porto que frequentou os estudos até ao último ano do liceu, mas partiu para Inglaterra em busca de um curso superior, tendo-se licenciado em Gestão. Passou, ainda, por outros países europeus, como a Noruega e a Alemanha, e no regresso à Invicta, começou a trabalhar numa empresa de família, na área da navegação e desportos, onde se manteve por muitos anos. Posteriormente dedicou-se a negócios imobiliários, tornando-se presidente da ACP há cerca de uma década. A Associação Comercial é uma entidade com grande peso histórico na Invicta, sobretudo pelas batalhas 9


protagonista

que tem travado na defesa dos ideais e na incrementação dos recursos do Porto, nomeadamente ao nível das infraestruturas. “Questões como a via férrea, o aeroporto, o Porto de Leixões e o metro têm sido as nossas lutas atuais”, aponta, salientando que fazem parte da tradição desta entidade. “A ACP surgiu em 1834, numa altura em que o país não tinha infraestruturas, tendo-se empenhado sempre no seu desenvolvimento”, recorda. De acordo com Rui Moreira, o papel da ACP é o de fazer “lóbi económico e cultural pela cidade e pela região, intervindo em tudo o que está ligado aos negócios locais, a sua relação com o exterior e com o poder central”. «Dragão de Ouro» Toda a gente lhe conhece a paixão clubistica. Dragão de alma e coração, e também de ouro pela sua mais recente conquista da estatueta azul e branca - na qual tem grande orgulho - é um acérrimo defensor do FC Porto, embora também um crítico. Essa «clubite» temno feito protagonizar diversos episódios onde saiu em defesa do clube da sua cidade. E sente sempre a necessidade de o fazer? “Sim, quando aquilo em que acredito é alvo de insinuações. Nunca pactuei com «autos-defé» públicos”, referiu numa clara alusão ao episódio recente que o levou a abandonar o programa “Trio de Ataque” da RTP-N, onde era comentador, devido a afirmações proferidas por António Pedro Vasconcelos. E 10

foram os «autos-de-fé» que dominaram o processo “Apito Final”? “Acho que houve uma tentativa organizada e orquestrada para destruir o FC Porto, atacando, simultaneamente o seu presidente e a vertente desportiva”, referiu, salientando que as conferências de imprensa dadas por Ricardo Costa se assemelharam a verdadeiros «autos-de-fé». “Nunca vi sentenças serem anunciadas em conferências de imprensa”, ironizou. A relação que mantém com o presidente do FC Porto é de grande estima e admiração por tudo aquilo que Pinto da Costa tem feito pelo clube. “O Porto, com a dimensão internacional que tem, foi um projeto de Pinto da Costa. Espero que se mantenha na liderança por muitos anos”. Quanto a uma futura «sucessão» do presidente portista, Rui Moreira está tranquilo, prevendo uma «passagem do testemunho» competente. “O Porto é um clube com uma estrutura exemplar, com grandes recursos físicos e humanos”, diz, salientando mesmo que o clube é um modelo de organização. Q

Discurso direto Cor – Azul Filme – “Citizen Kane” Livro – “Os sete pilares da sabedoria” – Lawrence da Arábia Lugar – Por to Projecto inadiável – O meu novo livro Figura da cidade – D. Manuel Clemente Porto – Coragem


rui moreira

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música

Criatividade «Indie» O EP «ABetaMovement», edição de autor, é o primeiro registo de um projeto musical com o mesmo nome. Criada no Porto em 2008, os sons da banda flutuam entre o «indie» e o movimento ilusório dançável. Uma originalidade sonora a desvendar.

Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: ABM / F&E /TU

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em destaque

SEC e Pedro Cordeiro criaram A Beta Movement, um projeto cuja originalidade se acentua pela afirmação num estilo «indie» alternativo, pouco divulgado na música portuguesa. O nome surgiu de uma experiência científica, realizada na década de 40 que jogava com a projeção e interação de imagens, numa perceção de movimento. O registo, original e criativo, é associado à programação eletrónica, o que resulta numa sonoridade marcante, vincada por distorções de vozes, e a cada um dos seis temas do EP corresponde um conjunto de “frames” associados a uma ação visual permanente. O trabalho de composição resulta da interação dos dois elementos: Pedro com a voz e guitarra, SEC na programação, bateria, teclado e baixo. Depois da gala do Rock Rendez Worten (RRW), onde foi anunciada como a grande vencedora e atuou com Miguel Guedes, a voz dos emblemáticos Blind Zero, a banda gravou dois temas para fazer parte da compilação RRW. Q www.myspace.com/abetamovement 13


música

«O Senhor das Horas» é o primeiro single extraído do álbum de estreia da banda portuense Freud & Eu «Sinto Falta de Acordar». Com a entrada no mercado discográfico em 2010, o grupo já demonstrou a sua qualidade musical, que flutua numa essência rock, à qual se juntam claras influências do jazz.

Numa confirmação de talentos que a cidade do Porto sempre emprestou à música nacional, surge, agora, mais uma banda a dar cartas no panorama do rock alternativo. O line-up é constituído por Bruno Nicolau (voz), Luís Ribeiro (guitarra), Peter Vieira (saxofone), Sérgio Valmont (baixo) e Rui Ribeiro (bateria), que optaram por um começo de «Setenta e Tal Segundos de Lucidez». Q www.myspace/freudeeu

O ano de 2010 marcou o início dos The Underdogs, banda rock oriunda de Aveiro. Victor (voz e guitarra), Mano (baixo) e João (teclas) compõem o trio que tem agendado para o mês de Março o lançamento do seu primeiro EP. Composto por seis temas (três já estão disponíveis para ouvir no myspace da banda) de bom rock, o disco irá marcar o início do sucesso dos «dignos herdeiros de Stones, Dylan e Hendrix» baseado no soul. Q www.myspace.com/theunderdogsworld 14


em destaque

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reportagem

HaverĂĄ vida para alĂŠm do Facebook? 16


redes sociais “Mas ainda não tens facebook?” A pergunta pode, à primeira vista, parecer normal, no seio de um grupo de amigos, mas adquire outros contornos no momento em que se observa a estranheza estampada no rosto de quem a proferiu. O conceito das redes sociais já não é novo e, se por um lado, estes “espaços virtuais” começaram a ser utilizados como canais de interação entre conhecidos, hoje são já uma prioridade em todo o universo profissional.

Texto: Mariana Albuquerque / Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

Em Portugal, uma em cada três pessoas está presente nas redes sociais. Em 2008, cerca de 25 por cento dos portugueses já marcava presença nestes mundos virtuais, o que posicionava Portugal no terceiro lugar da tabela de países europeus mais utilizadores das redes sociais. 2010 foi o ano da crise mundial mas, ainda assim, o mercado da Internet permaneceu saudável, tanto a nível de utilizadores como de investimento publicitário. O Facebook (FB), inventado por Mark Zuckerberg e Eduardo Saverin, ex-estudantes de Harvard, tornou-se a rede com mais utilizadores, transformando-se no sítio mais visitado e no tema de muitas conversas e análises. Estudos recentes revelam que, em Portugal, o número de registos efetuados nas redes chegou aos 3.6 milhões. No entanto, a adesão solidifica-se, ainda, pelo grau de fidelização e pelo uso que os portugueses dão aos espaços virtuais. Em 2009 foram editadas cerca de sete mil milhões de páginas, o que corresponde a uma média de 2010 páginas por utilizador. O tempo despendido é de 51.5 17


reportagem

milhões de horas, uma média de 14 horas e 20 minutos por inscrito. O boom registado na utilização das redes sociais em 2010, no nosso país, associa-se também às três eleições realizadas nesse ano, em que os partidos políticos criaram páginas para contactar com o eleitorado, um pouco à semelhança do que aconteceu nas presidenciais dos Estados Unidos em 2008. Um fenómeno de modas? Estaremos perante um fenómeno de modas? “Não”, afirmam, convictamente, os especialistas, que associam a recente utilização das redes sociais à evolução da sociedade. “O fenómeno é o resultado de uma evolução a vários níveis, em termos do que são as relações sociais, a vida familiar e, principalmente, o trabalho”, explica o psicólogo Francisco Machado, salientando que esta não é uma tendência passageira porque “para muitas pessoas, as redes sociais não são uma forma de comunicar mas antes a forma de comunicar”. Da mesma opinião é Paulo Querido, especialista em redes sociais. “As modificações trazidas pelas redes ainda mal começaram e vai passar muito tempo até que as curvas de inovação e adaptação se estagnem. O 18

que poderá ser transitório são as marcas e as técnicas de ligação”, apontou, lembrando que já assistimos à queda de algumas redes, “como o Orkut ou o MySpace”. É com naturalidade que Francisco Machado encara o facto de o FB ter sido o site mais procurado no ano passado, uma vez que “permite que as pessoas se possam expressar ainda mais do que nas outras redes”. Os aspectos pessoais, nos perfis, são um atrativo porque “podemos expor-nos ao mundo de forma controlada, do modo como nos queremos mostrar: escolhemos as fotografias, indicamos as características e, de certa forma, damos a imagem que queremos”, apontou o psicólogo. A importância da educação para as redes sociais O HI5 é outras das redes que, apesar de estar a perder terreno, tem ainda uma importância significativa para os mais jovens. Segundo Francisco Machado, marcar presença na rede retrai o desenvolvimento de competências que deveriam ser naturais, como a conversação face a face e a descodificação da linguagem não verbal. Deste modo, torna-se fundamental que os pais acompanhem a utilização que os mais novos fazem das redes soci-


redes sociais

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reportagem ais. “Se não houver supervisão parental e um estímulo para que as crianças aprendam a gerir o seu espaço pessoal virtual, obviamente que vamos ter crianças, adolescentes e depois adultos em risco de exposição excessiva, uma vez que o que está no FB é público”, notou. Haverá, assim, uma idade mais apropriada para nos iniciarmos nas redes sociais? “Teoricamente não porque as crianças de dez anos podem usá-lo e, se tiverem uma educação equilibrada, nem vão achar grande piada até serem mais velhas”, destacou Francisco Machado. A questão da privacidade Apesar de considerar que “já há muita gente responsável a usar o Facebook”, Francisco Machado considera que “seria interessante começar a estabelecer algumas regras, ou até mesmo legislação, que proteja a privacidade das pessoas”. A mesma preocupação partilha Francisco Rente, da Universidade de Coimbra, que realizou um estudo que concluiu que os portugueses não dão importância à sua privacidade nas redes sociais. “Cerca de 78 mil portugueses deixam o seu perfil no FB completamente a descoberto. Qualquer pessoa pode aceder à informação, não necessitando sequer de ter uma conta”, revelou, destacando, ainda, que “desses

78 mil, mais de metade revela informação pessoal e relativa a interesses, da mesma forma que cerca de 25 por cento não condiciona a informação sobre a vida profissional e contactos”. Francisco Rente exemplifica a sua preocupação: “Qual é a necessidade de os cidadãos do Canadá terem acesso livre às fotos das férias que eu fiz com os meus amigos? Nenhuma. Mas podem usar essa informação, fazendo-se passar pelo hotel onde estive hospedado, para, através de SPAM, ou outro tipo de ataques informáticos, tentarem roubar informação privada do meu computador”, garante. Episódios como estes repetem-se milhares de vezes, todos os dias, em diversos pontos do globo. Precaução é, assim, a palavra de ordem. “O primeiro passo, no caso do FB, será segmentar os acessos à informação do perfil, garantindo que as fotos pessoais apenas podem ser acedidas pelos amigos ou que a discussão que se teve no “mural” sobre o dia de trabalho na empresa apenas seja acessível aos seus intervenientes”, afirmou o investigador. Do virtual à realidade Mas, se por um lado, os investigadores estão conscientes dos perigos das redes sociais, por

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redes sociais pos de estudante”, referiu Rui Vieite, um dos elementos da “comissão organizadora” que deu o mote para o nome da festa: “Regresso à Escola”. Bora lá “postar” a informação. A presença dos negócios nas redes sociais

outro, também lhes reconhecem imensas potencialidades, tanto a nível profissional como de relações. Há, por exemplo, quem consiga reencontrar amigos de infância através da Internet. No caso do «Cerco 80», grupo de antigos alunos da escola do Cerco do Porto, tudo começou no Ning. Um dos elementos resolveu criar uma página para contactar com colegas que frequentaram a escola na década de 80. Nas primeiras semanas, o grupo teve pouca adesão mas, rapidamente, se tornou um fenómeno de popularidade. Os membros foram adicionando novos contactos e a rede expandiu-se muito para além da realidade virtual. Os elementos organizaram um primeiro jantar e, a partir daí, foi sempre a crescer. Hoje, os encontros são frequentes e os reencontros saudáveis. Todos concordam que, graças à Internet, amizades que ficaram lá longe, no tempo de estudantes, se reativaram, fazendo reentrar na vida pessoas que já dela não faziam parte desde que arrumaram os livros. E para reviver esses tempos já estão a organizar uma megafesta, que irá acontecer no recinto da própria escola, em finais do mês de Maio. “Esta foi uma ideia muito gira que surgiu, um reencontro no local onde tudo começou. É como voltar aos tem-

Eugénia Pastor é sócia gerente de uma agência de viagens. Integrar a empresa no Facebook foi uma forma de fazer chegar o nome ao maior número possível de contactos. “Publicitar no Facebook não tem só a ver com vendas mas sim em tornar o nome da empresa familiar”, explica, salientando que é recente e o feedback ainda não é sólido. “Quero que o nome e o logótipo se tornem conhecidos para que o cliente, quando necessitar, contacte as ‘Viagens 360º’”. Mas se as pequenas empresas necessitam de visibilidade, também os negócios mais sólidos e de maior dimensão não se dão ao luxo de ignorar uma ferramenta de divulgação como é o Facebook. De acordo com Pedro Salazar, diretor Regional de Marketing e Vendas da Hoti Hotéis, a presença do grupo no Facebook é “obrigatória”. Para além de permitir comunicar gratuitamente com os “fãs” e “amigos”, divulgando acontecimentos e iniciativas que de outra forma seria difícil e dispendioso, demonstra dinamismo e permite a partilha de eventos com outras unidades da cadeia hoteleira. “Um fator importante é o de aumentar a notoriedade na “net” e fazer crescer a nossa popularidade nos motores de busca que canalizem tráfego para as nossas páginas web”, garante, salientando que o FB não pode ser encarado como um cartão de visita, mas como um complemento que gera uma visibilidade importante e que permite, não só a divulgação de iniciativas, como também a procura de novas oportunidades de negócio. Para jogar com esta complementaridade, o grupo criou um motor de reservas na página do Facebook para vender os seus produtos diretamente. “O vício está criado, agora há que aproveitar e inovar. Ser criativo é a chave”, garante o diretor, salientando um dado curioso: se o Facebook fosse um país era já o “terceiro com mais população a nível mundial”. Q 21


moda

Rostos com personalidade O desafio é apostar nas cores da natureza e realçar os pontos fortes de cada rosto. Nos próximos tempos, as sombras escuras permanecem na gaveta e há que abusar dos tons claros, com especial destaque para os verdes e azuis. A Viva quis espreitar uma sessão de maquilhagem no Jorge Lima Cabeleireiros e testemunhou a sensualidade das propostas para a Primavera/Verão 2011. 22


maquilhagem

Um olhar bem demarcado como nos anos 60

Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Virgínia Ferreira

Com os óculos na ponta do nariz, não há risco que escape ao rigor das mãos que conhecem, há anos, a arte de maquilhar. As tendências para 2011, essas, resumem-se em poucas palavras – “o regresso aos anos 60” – porque, entretanto, há trabalho a fazer e acumulam-se os rostos a transformar, quase em filinha indiana, no Jorge Lima Cabeleireiros, situado na Praça de Liège, na Foz.

Agora que os dias frios e cinzentos de Inverno já se deixaram conquistar pelas temperaturas amenas e pela luz das estações quentes, abandonam-se as sombras escuras, substituídas pelos azuis e verdes da década de 60. Com as clientes ainda de toalha na cabeça, as especialistas em maquilhagem do Jorge Lima Cabeleireiros começaram por uniformizar as peles do rosto e, rapidamente, a força do olhar ganhou terreno, graças aos delineadores castanhos ou azuis, escolhidos “a dedo” para cada cor de olhos. As sobrancelhas devem também estar bem marcadas e penteadas, de modo a poderem contribuir para a personalidade que se pretende dar ao rosto feminino na nova estação. Além dos traços reforçados destacam-se as cores vivas, com o forte predomínio do azul, articulado com os iluminadores. Apesar de as novas tendências apontarem para os olhares que “saltam”, de imediato, à vista, a aplicação de um “blush” é importante quando se pretende trazer vivacidade a qualquer rosto. Lábios de cores vivas e elétricas Se, por outro lado, a ideia é criar um “look” para realçar os lábios, destacam-se as cores vivas e elétricas, como o rosa e o laranja. Contudo, se a 23


moda

que por instinto, Jorge Lima acredita que, acima de tudo, as pessoas têm de gostar do seu “look”. “Cada mulher tem que usar a moda conforme aquilo que vai fazer e aquilo de que gosta, porque se não se sentir bem, até pode estar muito bonita, mas isso não vai valer de nada”, defendeu o cabeleireiro, em declarações à Viva. O especialista destacou ainda a importância de adequar a maquilhagem às diferentes situações e pessoas. De resto, o sol da nova estação chegou para desafiar o sexo feescolha recair sobre uma cor forte, os lábios adquirem todo o protagonismo, pelo que o rosto deve apresentar uma maquilhagem o mais natural possível. O ideal será aplicar a cor com um pincel de lábios para uma melhor precisão. Maquilhagem adequada ao gosto de cada um Apesar da conjugação de cores que sai das mãos das profissionais de maquilhagem quase 24

minino a deixar-se levar pelo atrevimento dos tons quentes, numa atitude de elegância e irreverência. Q


maquilhagem

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ciência e tecnologia

Cirurgia inovadora às praticada no Porto Às 9.00 da manhã, a unidade de cirurgia de ambulatório do Hospital de Santo António, no Porto, está repleta de enfermeiras rigorosamente equipadas que, num entra e sai agitado, ultimam os pre26

parativos para mais uma intervenção cirúrgica, onde a dosagem de bom humor parece ser garantida. Deitada numa das marquesas está Mónica Silva, à espera da hora da operação; no corredor, Helena


Três milhões de pessoas sofrem de varizes no nosso país. A Viva foi assistir a uma cirurgia inovadora e revela-lhe as vantagens de um método que, com anestesia local, ainda só é utilizado por uma médica portuguesa. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Virgínia Ferreira

varizes Alves aguarda a chegada da especialista que, há poucos meses, realizou, com sucesso, a sua intervenção cirúrgica. Em comum, as duas pacientes apresentam um problema de varizes, ou, cientificamente falando, a doença de refluxo venoso. Em condições normais, as veias das pernas têm válvulas que abrem e fecham de modo a ajudar o retorno do sangue ao coração. O problema do reflu-

xo venoso desenvolve-se quando essas válvulas ficam danificadas ou doentes, originando sintomas como dor, pernas inchadas e pesadas, veias varicosas, alterações na pele e úlceras cutâneas. Tradicionalmente, os doentes diagnosticados com refluxo venoso seriam submetidos a uma cirurgia de “stripping venoso”, que consiste na remoção de parte do tronco da veia safena. No entanto, já se pratica em Portugal um procedimento, importado dos Estados Unidos da América, que constitui uma alternativa mais confortável à cirurgia tradicional. O procedimento chama-se “VNUS Closure Fast” e, até ao momento, só é efetuado por duas mãos em todo o país, recorrendo apenas a anestesia local. Essas mãos pertencem a Maria do Sameiro Caetano Pereira, médica especialista de Angiologia e Cirurgia Vascular, que aplicou o novo método de tratamento aos casos de Mónica Silva e Helena Alves. Cirurgia de Ablação Endovenosa por Radiofrequência Entretanto, já está tudo pronto no bloco e o ambiente é de descontração. Mónica Silva, a paciente, está acordada, bem disposta e, durante o procedimento, é amena a cavaqueira entre Maria do Sameiro e as enfermeiras. “Oh Mónica, esqueci-me de ligar o rádio para lhe dar música”, afirmou a enfermeira circulante, 27


ciência e tecnologia

enquanto resolvia a questão musical. Neste momento, a especialista de angiologia já se encontrava a pôr em prática o VNUS Closure Fast: posicionou o cateter de encerramento na veia de Mónica Silva, através de uma pequena abertura na pele, e aplicou-lhe energia de radiofrequência. À medida que a energia é aplicada, a parede da veia encolhe, fazendo com que esta seja encerrada e o sangue redirecionado para outras veias saudáveis.

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A intervenção durou cerca de uma hora e meia e foi realizada sem anestesia geral. Maria do Sameiro Caetano Pereira prefere conjugar o procedimento com uma anestesia local por duas razões: o doente, como permanece acordado durante toda a cirurgia, pode dizer que está a sentir dor no caso de o cateter estar mal colocado e, no fim da intervenção, poderá caminhar durante algum tempo, o que seria complicado com os efeitos de uma anestesia geral. Poucos minutos após a operação, Mónica Silva já estava de calças de ganga a caminhar pelo hospital. O mesmo aconteceu com Helena Alves, operada em dezembro. “Estou muito bem, não tive contra-indicações nenhumas. Saí daqui e fiz a minha vida normal”, garantiu à Viva. “Vim a uma consulta de cirurgia vascular porque depois da gravidez o meu problema das varizes agravou-se e sentia as pernas cansadas. Propuseram-me fazer esta técnica e correu muito bem”, acrescentou. A Cirurgia de Ablação Endovenosa por Radiofrequência não se aplica a todos os doentes, mas é cada vez mais utilizada. Em Portugal, três milhões de pessoas sofrem de varizes; dessas, dois milhões são mulheres. “Nos EUA, praticamente 97% das cirurgias às varizes já é por via endovenosa”, salientou Maria do Sameiro Caetano Pereira, que já efetuou quase cem cirurgias no Hospital de Santo António, vendo os pacientes a saírem pelo seu próprio pé. Q


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figura

Por vezes, o truque ĂŠ engolir os nervos, digerir as saudades e seguir em frente. Sofia Escobar, natural de GuimarĂŁes, saiu de Portugal com o talento na bagagem e, nos palcos de Londres, encontrou a fama e uma segunda casa.

Voz lusitana nos palcos do mundo 30


sofia escobar Texto: Mariana Albuquerque Fotos: We Inspire Brands/Michael Le Poer Trench

Seis vezes por semana, a personagem Christine Daaé, bela soprano que integra o conhecido musical “O Fantasma da Ópera”, sobe ao palco de Londres com voz e sangue portugueses. O rosto é da vimaranense Sofia Escobar, os sonhos são de uma menina que recusou cruzar os braços e que, com apenas 21 anos, foi estudar para Londres, em busca de uma oportunidade maior. Em poucos anos, a jovem que, em Portugal, cantava em igrejas, conquistou a crítica britânica e hoje a sua carreira conta já com um galardão de Melhor Atriz de Teatro Musical e uma nomeação para um Laurence Olivier. Recentemente, Sofia Escobar foi também escolhida para integrar o grupo dos 85 embaixadores da Guimarães 2012, notícia que a atriz recebeu “com muita honra, muita alegria e, acima de tudo, com muito orgulho” na sua cidade berço. Mas até conseguir as primeiras vitórias, o percurso da vimaranense foi feito de esforço e de algumas cedências. Muito ligada à família, Sofia Escobar cedo percebeu que só com uma forte aposta na formação conseguiria fazer a diferença no mundo da representação. “Acho que essa vontade sempre fez parte de mim, lembro-me de querer cantar aos cinco anos!”, contou a jovem à Viva. Nessa altura, enquanto Sofia cantarolava e idealizava histórias de final feliz, o “Fantasma da Ópera”, musical de Andrew Lloyd Webber, estreava, pela primeira vez, no West End, em Londres. A jovem portuguesa, agora com 29 anos, estava longe de saber que um dia mais tarde iria pisar aquele palco, na pele da protagonista Christine Daaé. Apesar da paixão pela música se ter revelado muito cedo, Sofia Escobar admitiu que só começou a acreditar realmente numa “possível carreira” anos mais tarde. As pequenas conquistas em Portugal A vimaranense tem consciência de que, em Portugal, seria “impossível” fazer o trabalho que hoje realiza em Londres. Ainda assim, os primeiros passos como atriz e cantora foram dados em terras lusas. Em 1998, Sofia Escobar entrou para a companhia “A Oficina”, onde participou em diversas peças apresentadas no nosso país e no Brasil. Sem descurar a forma-

ção musical, a jovem decidiu também estudar canto e piano na Academia de Música Valentim Moreira de Sá. Mais tarde, frequentou o curso básico de canto no Conservatório do Porto. O primeiro papel desempenhado em teatro musical surgiu na peça “Scents of Light”, de Artur Guimarães. Já depois de concluir a formação no Conservatório, a jovem foi escolhida para dar voz a Jasmine, personagem da trilogia “Aladino”, da Walt Disney. Nesta altura, a atriz decidiu levar a sua carreira mais além e mudar-se para Londres. O jornal que mudou a vida de Sofia Sofia Escobar saiu de Portugal com entusiasmo e medo na bagagem. Apesar de ter os objetivos plenamente definidos, a jovem contou à Viva que a mudança não foi fácil e exigiu um grande esforço. “Lembrome de repetir para mim mesma ‘Vai correr tudo bem, vai correr tudo bem’. Estava muito entusiasmada e assustada. Além disso sou muito ligada à minha família e amigos, por isso, a viagem [até Londres] foi toda feita em lágrimas”, confessou. Quando iniciou a formação na Guildhall, escola de música e de representação em Londres, a entrega teve de ser total. “Comecei a estudar na Guildhall e o nível 31


figura

de exigência fazia com que houvesse uma dedicação completa”, afirmou a atriz, acrescentando que teve de conciliar os estudos com um trabalho num restaurante para “ajudar com os custos de vida”. Apesar do esforço, Sofia Escobar encontrou na escola “uma casa”, na qual se respirava uma “mesma paixão” pelos corredores. Já no segundo ano de curso, a portuguesa folheou um jornal que acabou por revolucionar a sua carreira. “No final do meu segundo ano vi um anúncio no jornal em que procuravam a Christine no Fantasma da Ópera”, contou a jovem que, entre flashes de insegurança e certeza, subiu ao palco, no dia da rara audição, e conquistou, com unhas e dentes, o papel da soprano que se torna a obsessão de um misterioso génio musical conhecido como “O Fantasma da Ópera”. Dos palcos amadores aos palcos do mundo Em declarações à Viva, Sofia Escobar recordou que pisar o palco do West End pela primeira vez foi “realizar um dos maiores sonhos” da sua vida. “(…) estava nervosa, mas tão feliz por todos os esforços e sacrifícios terem valido a pena!”, confessou a jovem. Em pouco tempo, a portuguesa conquistou de tal forma o público que a produção do West Side Story decidiu ir buscá-la para o papel da protagonista portoriquenha Maria. “Foi um grande desafio, não só a nível vocal, mas também na representação. É um papel fantástico mas muito exigente, senti muito a pressão de ter sido escolhida para o fazer e tive medo de 32

desiludir o público”, contou a atriz. Apesar do receio, o desempenho da portuguesa na peça de Arthur Laurents valeu-lhe o título de Melhor Atriz de Teatro Musical do Reino Unido, atribuído pelo portal de espetáculos britânico Whatsonstage. Nos momentos de maior nervosismo, Sofia Escobar apoia-se nas longas horas de preparação passadas em ensaios. “O que me acalma é o período de ensaios, saber e sentir que estou preparada”, explicou à Viva, revelando que, ao longo das fases de maior trabalho, redobra os cuidados físicos. “Durante esse período tenho ainda mais cuidado comigo, com a minha alimentação, horas de sono e exercício físico”, contou. “Também me acalma muito a confiança que os diretores depositam em mim. Costumo pensar para mim mesma: ‘escolheram-te porque sabem que és capaz’”, acrescentou, com satisfação, a vimaranense. Mas apesar de alguns sonhos estarem concretizados, os desejos de Sofia Escobar não ficam por aqui. “Gostava de, um dia, poder gravar um CD, fazer cinema, televisão, felizmente nunca se pára de sonhar”, afirmou a atriz. Aos jovens que procuram uma oportunidade para singrar no mundo da representação, Sofia apenas direciona palavras de coragem. “O meu maior conselho é a aposta na formação, não basta ter talento, (…) para se construir uma carreira sólida e duradoura tem que se trabalhar, estudar muito”, defendeu. Para os mais céticos, a prova desse esforço está em Londres e, até setembro, sobe ao palco na pele da protagonista de “O Fantasma da Ópera”. Q


sofia escobar

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sea life

Oceanos de mistérios

Tubarões, cavalos-marinhos, estrelas-do-mar, raias, peixes-pedra, palhaço e dragão são algumas das criaturas que podemos encontrar no Sea Life Porto. A funcionar desde meados de 2009, foi o primeiro equipamento do grupo Merlin no país, e o 30º no mundo, proporcionando fantásticas experiências marinhas a miúdos e graúdos. Mergulhe nos segredos das profundezas do oceano e deixe-se levar pela aventura e diversão. 34


lazer Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

Gestos simples como tocar numa estrela-do-mar, pegar num ouriço ou acariciar uma anémona podem revelar-se experiências únicas. No Sea Life Porto, a viagem inicia-se na nascente do rio, avançando Douro abaixo até entrar na praia e descer ao fundo do oceano. “As cerca de 130 espécies distintas estão distribuídas por espaços recriados o mais próximo possível dos habitats naturais, o que desperta a curiosidade de todos, sobretudo dos mais novos”, refere Ana Torres, diretora de marketing do Sea Life. Durante a viagem, as primeiras a ser apresentadas são as espécies de água doce. Depois de passada a ponte Luiz I chegamos às piscinas rochosas, que representam já a entrada na praia e onde a paragem é mais longa, devido a uma infinidade de pormenores a observar: qual a sensação de tocar numa estrela-do-mar ou num ouriço, como dançam as anémonas e se deslocam as santolas? Os momentos mágicos prosseguem. Uma inspiração profunda para ganhar fôlego para um mergulho nas profundezas do oceano, que revela uma imensidão de surpresas. No reino de Neptuno O fundo do mar está envolto em mistérios que todos querem desvendar. Saber como agem as espécies nos seus habitats naturais é a maior curio-

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sea life

sidade dos visitantes que, à medida que a viagem prossegue, vão tendo surpresas agradáveis. As raias, simpáticas, parecem cumprimentar quem passa, numa coreografia quase encenada e os tubarões são uma atração para miúdos e graúdos. Os «temíveis» predadores estão representados por várias espécies nomeadamente o tubarão-lixa (o mais preguiçoso), o tubarão de pontas negras (que tem de estar em movimento constante sob o risco de asfixiar) e o tubarão-viola.

Num «navio naufragado» nadam os peixes tropicais e ainda há uma panóplia de espécies para ver: o gracioso cavalo-marinho, o peixe-dragão, o «Nemo» e a «Daisy»; o caranguejo-ferradura tem dez olhos e é uma das poucas espécies que não teve qualquer tipo de evolução ao longo de milhões de anos; o peixe-pedra, a criatura mais venenosa dos oceanos, cujo disfarce perfeito o transforma num habilidoso predador. Aliando o entretenimento à vertente educativa, o resultado são momentos de diversão e aprendizagem. “Os miúdos adoram a experiência de poder interagir com os animais, assistir à alimentação, tocar-lhes”, garante, destacando a complementaridade entre a observação e a interação com as espécies. Entre os meses de fevereiro e julho, o Sea Life recebe uma média de cerca de mil visitantes por dia, disponibilizando vários workshops e programas pedagógicos para escolas. A partir do próximo mês de junho, o Sea Life vai contar com um espaço para mamíferos marinhos, proporcionando novas atrações e uma nova dimensão ao equipamento. Q Os bilhetes para a visita ao Sea Life Por to podem ser comprados online com descontos sobre o preço praticado no local. Para consultar a tabela de preços vá a www.sealife.por to.pt

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lazer

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universidade

100 anos

de liderança e prestígio O centenário da Universidade do Porto (U.Porto) vai ser assinalado por uma série de simbolismos que marcaram a vida da instituição e que, ao longo de um século de inovação e versatilidade, merecem ser recordados e celebrados. Em 2011 são vários os pontos altos das comemorações, que irão “mexer” com a vida da cidade, pelo que destacamos os eventos mais significativos do próximo trimestre. 38

Queima das Fitas 1952 – Carro do 3º ano de Ciências Biológicas


centenário

Edifício de Medicina até 1959, actual ICBAS

Fotos: UP

Logo a partir de 1911, ano da constituição oficial, a Universidade do Porto começou a afirmar-se como uma instituição de referência do ensino superior, contribuindo largamente para qualificar a população e formar elites. Distinguida em várias vertentes, nomeadamente na produção científica, reforçou a competitividade da investigação nacional no estrangeiro e promoveu o desenvolvimento económico do país, através da valorização do conhecimento e da aposta na tecnologia. A dinâmica cultural, vigorosa e contemporânea, que tem vindo a criar nos últimos 100 anos, contribuiu largamente para que a U.Porto se tornasse numa das instituições mais prestigiadas da cidade e com maior potencial. U.Porto entre as melhores da Europa A estratégia de cooperação internacional garantiulhe, ainda, o prestígio no mundo, estando classificada como uma das melhores universidades à escala euro-

peia, quer no número de cursos oferecidos, quer no de alunos inscritos. Por tudo isto, e de acordo com José Marques dos Santos, reitor da Universidade do Porto merecem ser celebrados “os factos e acontecimentos, ideias, realizações, pessoas e meios, vontades e decisões” que contribuíram para que a U.Porto seja atualmente a “maior universidade portuguesa” e se encontre entre “as melhores da Europa”. A comunidade académica pretende, assim, comemorar condignamente o seu centenário, de forma a “enaltecer a excelência académica” que a instituição tem vindo a relevar na sua “marcha histórica”. Passado e presente Para além da glorificação do passado, as comemorações do centenário pretendem promover o debate e a preparação do futuro da U.Porto baseado num legado secular “dignificante”. A qualificação técnica, a par da investigação, do desenvolvimento tecnológico e da criatividade artística, resultam do papel fundamental que as instituições do ensino superior desempenham no progresso socioeconómico do país. E é esse papel que a Comissão Organizadora das Comemorações do Centenário, presidida por Valente de Oliveira, pretende enaltecer, através de uma série de iniciativas que proporcionem uma acentuada dinâmica cultural na cidade do Porto, ao longo do próximo ano. Q 39


universidade Próximas iniciativas U.Porto • Até 17 de junho 2011 “A Evolução de Darwin” Local: Jardim Botânico do Porto / Casa Andresen Exposição que pretende dar conhecer a vida e obra de Charles Darwin, incluindo a sua viagem à volta do mundo a bordo do HMS Beagle e as evidências que o levaram a postular a revolucionária teoria da evolução das espécies, cujas aplicações se projetam ainda hoje. Patente no espaço renovado da Casa Andresen, esta mostra reúne peças dos acervos da universidade, do Museu de História Natural de Nova Iorque e de outras instituições nacionais e internacionais. • Até 29 de setembro 2011 Ciclo de Conferências “Conhecimento na U.Porto” Hora: todas as quintas-feiras às 18h30 Local: Vários Até ao próximo mês de Setembro, os finais de tarde de quinta-feira serão ocasião para conhecer e debater, na primeira pessoa, o conhecimento científico produzido na Universidade do Porto. Este ciclo vai atravessar diferentes locais do Campus da universidade e conta com a participação de investigadores das mais diversas unidades de I&D sedeadas na instituição. • De 18 de maio a 30 de outubro Trinta instrumentos para o ensino das Ciências Local: Museu Nacional Soares dos Reis Exposição de peças do acervo da Universidade, através da qual se compreenderá melhor a história do ensino da ciência na instituição e a evolução que conheceram os respetivos instrumentos. • De junho a setembro 2011 7.ª Universidade Júnior Programa de cursos de Verão desenvolvido pela universidade com o objetivo de despertar nos jovens entre os 11 e os 17 anos - o interesse pelo conhecimento, ajudando-os, ao mesmo tempo, nas suas opções vocacionais. Integra ainda um programa geral e escolas de introdução à investigação (Física, Matemática, Química, Línguas, Humanidades e Ciências da Vida e da Saúde), especialmente vocacionadas para os jovens do ensino secundário. • junho de 2011 Corrida Universitária Em plenas Festas da Cidade, esta competição - aberta a toda a comunidade académica - irá percorrer diversos espaços do Porto. 40

• De 20 a 27 de junho 2011 XXXIV Congresso Mundial da Vinha e do Vinho Local: Centro de Congressos e Exposições da Alfândega Dedicado ao tema “A construção do Vinho – Uma Conspiração de Saber e de Arte”, este evento resulta de uma organização da associação “Um Porto para o Mundo”, da qual faz parte a Universidade do Porto. • De 20 a 27 de junho 2011 A Construção do Vinho – Uma Conspiração de Arte e de Saber Local: Centro de Congressos e Exposições da Alfândega Exposição a decorrer em paralelo com o XXXIV Congresso Mundial da Vinha e do Vinho, com coordenação da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP). • 24 de junho 2011 Regata dos Barcos Rabelos Em pleno dia de S. João, uma embarcação com vela e tripulação da Universidade do Porto vai participar na tradicional regata de barcos rabelos, no Rio Douro. Trata-se de mais uma forma de reforçar os laços da instituição com a cidade. • 25 de junho 2011 Mostra Etnográfica Local: Pavilhão Rosa Mota (Palácio de Cristal) Recriação da Festa de S. João nos Jardins do Palácio de Cristal. • 27 de junho a 1 de julho 2011 XXIX International Symposium of the International Society of Biomechanics in Sports Local: Faculdade de Desporto O IS BS2011 é a mais importante reunião mundial de Biomecânica no Desporto. Organizado pela Faculdade de Desporto da U.Porto (FADEUP) e pela Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, este evento vai apresentar e discutir os mais recentes desenvolvimentos científicos mundiais na Biomecânica do Desporto, fomentar a investigação biomecânica em Portugal e promover internacionalmente a investigação, os centros de investigação e os laboratórios portugueses dedicados à Biomecânica e à Biomecânica do Desporto. O simpósio coincidirá com o lançamento do LABIO MEP, um laboratório de biomecânica que reúne investigadores de cinco faculdades da U.Porto.


centenรกrio

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destinos

Confidências

da Galiza

Por terras galegas não faltam mistérios e cenários mágicos. Com uma forte aposta nas potencialidades locais, o turismo da Galiza lançou uma nova marca que promete despertar reacções. “Guardas-me este segredo?” Fotos: Turgalicia

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galiza

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destinos

Poucos são os que resistem ao desafio de desvendar um segredo. Para espicaçar curiosidades e despertar sensações, a Sociedade de Imagem e Promoção Turística da Galiza trabalhou, nos últimos anos, na construção de uma nova marca que comercializará, a partir de agora, os valores turísticos galegos nos principais mercados. Sob o mote “Galiza, guardas-me o segredo?”, a marca, apresentada no Palácio da Ópera, na Corunha, representa uma aposta nas singularidades da

Galiza como destino turístico, através de um conceito e de uma imagem muito próprios. Durante a cerimónia de apresentação oficial da marca, o presidente da Junta da Galiza, Alberto Núñez Feijóo, afirmou que este novo conceito “será de todos” e que a ideia é lançá-lo de modo a conquistar uma importância histórica. “A Galiza inicia, hoje, um processo fundamental para se distinguir no mercado um pouco mais do que até agora”, salientou o responsável. Num momento em que o setor do turismo ultrapassa uma fase de crise económica, Alberto Núñez Feijóo apelou também ao contributo de todos os galegos. “Na difícil tarefa de reforçar um setor tão importante como o turismo, e em plena crise, optámos por dar uma resposta ao futuro turístico da Galiza, que deve escrever-se com a participação dos cidadãos galegos”, disse. Um destino “que evoca emoções” A criação da marca “Galiza, guardas-me o segredo?” exigiu uma fase prévia de investigação para que fosse possível aglutinar, da melhor forma, as singularidades da região num só conceito. A Sociedade de Imagem e Promoção Turística da Galiza desenvolveu, assim, uma série de estudos

Carmen Pardo, Secretária Geral do Turismo; Alberto Núñez Feijóo, Presidente da Junta da Galiza e Roberto Varela, Conselheiro de Cultura e Turismo.

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galiza

lhas, jardins e casas rurais”, enumerou o presidente da Junta da Galiza. A primeira marca turística da região surge, assim, segundo o responsável, de uma forma natural, “sem que a Galiza deixe de ser ela mesma”. Turismo de Natureza, Saúde e Negócios

de mercado, na sequência dos quais se descobriu que os cidadãos espanhóis encaram a região como um destino “evocador de emoções e sensações”, onde a atmosfera é de “fantasia e mistério”. Este foi o mote para o novo conceito galego que, com um grafismo inspirado na tipografia dos antigos manuscritos, apresenta “a força” das peculiaridades turísticas da Galiza. Tal como lembrou Alberto Núñez Feijóo, a mais valia da nova marca são os “ingredientes” locais. “Temos uma fórmula secreta cujos ingredientes estão repartidos em rios e montes, santuários e catedrais, estradas e cidades, nevoeiros e mura-

Os segredos e recantos naturais da Galiza têm vindo a conquistar cada vez mais visitantes. A aposta no turismo rural, que representa um convite à descoberta de paços, castelos, mosteiros, casas grandes e “paraísos naturais”, permitiu o reforço da identidade galega no seio espanhol. A elevada potencialidade dos recursos termais, outro dos grandes segredos da região, possibilitou a criação do produto “Galiza, água de vida”. A promoção dos spas galegos permitiu que a Galiza passasse a liderar a oferta do turismo de saúde em Espanha. Ao longo dos anos, a Sociedade de Imagem e Promoção Turística concentrou também grandes esforços no turismo de negócios e na qualidade das ofertas. Deste modo, a comunidade galega conseguiu bater o seu próprio recorde relativamente a estabelecimentos e serviços certificados com marca de qualidade turística que, neste momento, são já 191. Q 45


desporto

O rei das ondas

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bodyboard

Manuel Centeno, um nome incontornável do bodyboard mundial, é portuense e já se tornou num dos campeões mais premiados a nível nacional e internacional. A competir desde os 15 anos, formou-se em arquitetura, atividade que, atualmente mantém em stand-by. Para além da competição, dá aulas de bodyboard numa escola própria. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

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desporto Desde 1997, ano em que ganhou o seu primeiro título de campeão nacional de juniores, que Manuel Centeno nunca mais parou de surpreender. A este juntou títulos de campeão nacional e europeu de seniores e mundial de seleções, bem como o primeiro lugar no pódio mundial do circuito de qualificação, o passaporte que lhe permitiu a entrada no circuito de elite. “Trabalhei muito para entrar na alta competição, nunca abandonei os estudos, treinava intensamente e acho que valeu a pena o esforço”, confessa. Licenciado em arquitetura, lembra que não foi fácil conciliar a vida universitária com a competição. “O esforço foi muito grande: ou estava a competir e a treinar ou a estudar. Enquanto os meus amigos se divertiam eu não podia acompanhá-los sob pena de perder rendimento. Um atleta vive do corpo”. Acabada a faculdade, fez o seu estágio profissional com o arquitecto Alcino Soutinho tendo, de seguida, entrado para a Ordem dos Arquitetos. Abriu o seu próprio ateliê com um colega, conciliando sempre a actividade profissional com os treinos e a competição. Aos 30 anos, Centeno mantém um elevado índice de rendimento, permanecendo no top nacional da modalidade.

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O mar como palco Patrocinado pela SportZone, detentora da Deeply, colabora com a marca no desenvolvimento de produtos nomeadamente pranchas, material técnico e roupa, devido ao seu know-how. Tem a sua própria escola de bodyboard e viaja para os destinos mais exóticos em competição. Questionado sobre se as ondas do Porto são boas para surfar, Centeno explica que há boas condições para praticantes iniciados e intermédios. “O praticante avançado tem de procurar outras zonas, onde as ondas formem o famoso «tubo»”, explica. Para isso há que partir até à melhor zona do país para surfar – entre a Ericeira e a Nazaré - ou então rumo a Espanha. “Antes da construção dos paredões, a zona do Cabedelo tinha altas ondas”, garante. As ondas produzidas em locais com fundo de pedra têm mais força e no Porto o fundo é de areia. Das manobras do surf, a sua preferida é o «tubo» e o seu local de eleição para a prática da modalidade é Mentawais, na Indonésia. Já passou pelos circuitos mais emblemáticos do bodyboard como México, Brasil, Perú e Havai mas aquele local da Indonésia é o que considera ter as melhores condições. “Apesar do Havai ter as melhores ondas, é nas Mentawais que se reúne a melhor série de condições para surfar: boas ondas e mar pouco «crowd»”, que é como quem diz, com pouca gente. Q


portofólio

bodyboard

Porto da minha infância A primeira impressão que me causaste Tenho-a, cheia de espanto, na memória, Cheia de bruma e de granito! É uma impressão de inverno, Sombra cinzenta, enorme, donde irrompe Alto cipreste empedernido, No meio de sepulcros habitados. Teixeira de Pascoaes (poeta e pensador do início do século XX)

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momentos

5.º aniversário do Twin’s Foz 2

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Fotos: Jorge Teixeira

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O 5.º aniversário do Twin’s Foz foi comemorado de forma especial com a presença do Dj de Nova Iorque Sandy Rivera e com uma projeção em toda a fachada do edifício.


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1 – Fachada 2 – Ni Leão e Marlene Simões 3 – Raquel Prazeres e Graça Rosas 4 – Cristiano Barros e Batata Cerqueira Gomes 5 – Liliana Vieira e Sónia Guimarães 6 – Vitor L, Sandy Rivera e Ewa Kucharczyk 7 – Vista geral da pista 8 – Paulo Lobo, Mané Teixeira, Paula Lobo e Pedro Terroso 9 – DJ Tó Pena 10 – Cristina Marques Pinto e Nuno Ribeiro 11 – Silvia Gomes, amiga e Raquel Magalhães 12 – Batata Cerqueira Gomes e Jú Ferreira

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mo momentos 1

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Nuno Gama & friends

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O estilista Nuno Gama escolheu o Twin’s Foz para reunir muitos dos seus amigos numa festa onde diversão foi a palavra de ordem.

1 – Rahim Samcher, Sónia Guimarães e Nuno Gama 2 – Paulo Sassetti e Sónia Guimarães 3 – Joana Ramirez, Luis Santos e Marcela Amaral 4 – Rui Terra, Hélio Rasteiro Nunes, Helder Santos e amiga, Tiago Barreiros 5 – Miguel Cachide, Margarida Machado, Lígia Reis e amigo, Cristina Marques Pinto e Nuno Ribeiro 6 – Adriana Moura, Carolina Pimenta e Silvana Moura 7 – Rahim Samcher, Magarida Machado, Rui Terra, Ewa Kucharczyk, Francisca Pereira, Miguel Cachide e Margarida Monteiro

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O Carnaval do Twin’s “já é um clássico”. Por isso, este ano, os mascarados mais originais foram distinguidos com diversos prémios como viagens, atribuídas pela Solférias e Euroviagens, e estadias no Aquafalls SPA Hotel.

Carnaval

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1 – Staff do Twin’s 2 - Júri 3 – Lia Santos, João Freitas e Ana Fiúza 4 – Entrega do prémio ao 1.º classificado (Diana Maia) 5 – Rui Terra e Bi Rua 6 – Desfile de máscaras

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momentos 2

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Desfile Bloogirls

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1 – Anita Costa 2 – Carlota Cerqueira Gomes 3 – Peki 4 – Toco Cerqueira Gomes e Diogo Tam 5 – Nuno Gama, Sónia Guimarães, Augusto Morais, Ana João e Rui Terra 6 – Vera Santos e Teresa Moreira 7– Soraia Campos e Anita Costa 8 – Cláudia Barros, Marta Guimarães, Cláudia Teixeira e Bibi Barros 9 – Caras bonitas 10– Ana Alves e Ana Guedes 11 – Sónia Guimarães e Augusto Morais 12 – Bárbara, Carla Pacheco, Emília, Teresa Moreira e Ana Esteves

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O Twin’s Foz foi palco do desfile da coleção Primavera/Verão da marca LIU-JO, apresentada pela loja Bloogirls.


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momentos

Porto Vip Passport Gold 1

Fotos: Jorge Teixeira

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A “After Party” de apresentação do novo produto turístico dos STCP foi feita no Twin’s Foz, um dos 14 parceiros do Porto Vip Passport Gold. 1 – Graça Pinto, Artur Laroca e Sara Tomé 2 – Batata Cerqueira Gomes, Maria Beatriz Rangel, Filipa Pinheiro e Rui Saraiva 3 – Rui Moreira, Jorge Delgado e Matos Fernandes

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decoração

Novo catálogo de tendências de cor CIN

A beleza dos elementos 58


cin Conjugar bem estar e simplicidade é a mais recente proposta da CIN, que lançou um novo catálogo de tendências de cor baseado na sustentabilidade e nas forças da natureza. Em 2011 as cores arrojadas e berrantes são substituídas pelos tons naturais que prometem criar um ambiente de conforto, adequado à personalidade de cada um.

quatro da natureza

Os quatro elementos da natureza – Ar, Terra, Água e Fogo – são a principal inspiração da mais recente proposta de decoração da CIN, que acabou de lançar o novo catálogo de Tendências de Cor 2011. O bem estar e o equilíbrio de cada um são as palavras de ordem da nova coleção que, sob o mote da simplicidade, promete pintar o charme da natureza nas nossas casas. Este ano, os tons suaves adquirem nova força, construindo ambientes de conforto. “O ano é marcado pelo regresso da cor à casa, mas de forma harmoniosa e equilibrada, onde os contrastes e combinações se constroem de forma subtil. O ambiente geral da casa é suave e sobretudo humano e alegre”, descreve Céline de Azevedo, designer de cor da CIN. 59


decoração Metallic Paint Copper Penny (ref. X003)

Por outro lado, se a intenção é criar ambientes alegres e vivos, aconselha-se uma aposta no elemento “Água”, composto por cores frescas e dinâmicas. Exemplo disso são os rosas irradiantes, que tanto promovem o bom humor dentro de casa como dão um toque de sofisticação a qualquer ambiente. Ao “Fogo” correspondem as cores quentes, quase ardentes, capazes de criar espaços com assinatura audaciosa e repleta de caráter. Nesta gama destacam-se as tonalidades amarelas, que celebram a luz e a luminosidade dentro de casa. As novidades do novo catálogo De acordo com Céline de Azevedo, “dentro da coleção de 28 cores que compõem as Tendências de 2011, há 12 que irão marcar o ano: Bege Semente, Castanho Gaia e Hoggar, para Terra; Amarelo Hélio, Vermelho Eros e Verde Salamandra, para Fogo; Verde Hipocampo, Azul Havai e Rosa Octopus, para Água; Atmosfera, Suspiro e Mistral, para Ar”. O novo catálogo da CIN apresenta ainda três novidades: a impressão em papel certificado, promovendo uma gestão florestal sustentável; a oferta de amostras

A responsável, que se formou em França e trabalha na CIN desde 2004 na criação de cores, tendências e na conceção de catálogos, explicou ainda que “vamos assistir a um abandono das cores demasiado arrojadas, vibrantes ou berrantes”, agora substituídas por outras mais simples, que nos fazem recordar os elementos que compõem a natureza. Cores adequadas a diferentes ambientes No catálogo CIN, o Elemento “Ar” traduz-se num conjunto de cores neutras, suaves e quase impalpáveis, ideais para quem procura um espaço calmo e luminoso. Metallic PaintA secção “Terra” representa as cores natuChampagne rais e térreas, sendo a paleta certa para conseguir um (ref. A638) espaço estável e acolhedor. 60

Tela Tassoglas + Metallic Paint Silver

de(ref.cor destacáveis para poder testar em casa; e ainda Z550) a inclusão do sistema Color Add, o código de cores para daltónicos. A CIN é a única empresa de tintas no mercado nacional a desenhar, todos os anos, novas sugestões de cor para a casa, sendo já considerada uma referência ibérica, também pelos seus catálogos de tendências que conquistaram os consumidores e os profissionais mais exigentes. Q


cin

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águas do porto

Futuro pela telemetria O inovador método de telemetria, recentemente implementado pela empresa Águas do Porto, está em notório crescimento. O novo sistema, que para além da facilidade em detetar fugas de água permite, ainda, ultrapassar os habituais problemas de leitura de contadores em locais de difícil acesso, conta já com 12 mil dispositivos instalados em várias zonas da cidade. Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

Em cerca de um ano e meio, a empresa Águas do Porto (AP) implementou a colocação de contadores com sistema de difusão integrado, que tem vindo a instalar em diversas zonas da cidade. O projeto, distinguido num concurso internacional para o fornecimento do sistema de telecontagem, associa-se, ago62

Rapidez e versatilidade são vantagens do sistema

ra, ao projeto RIEGA - Rede sem Fios de Conexões para a Gestão e Poupança de Água – financiado pelo programa Sudoe Interreg IV B, no sentido de alargar a amplitude de desenvolvimento, sendo que a cidade do Porto conta, atualmente, com cerca de 12 mil contadores já adaptados. O sistema consiste na colocação de conta-


telemetria

O recetor é colocado no terminal e descarrega a informação directamente no sistema informático

dores, com um dispositivo integrado, que permite, através da emissão de ondas de rádio, a sua leitura a partir do exterior, num terminal recetor próprio para o efeito. A leitura pode ser feita pela passagem de uma viatura onde está instalada uma antena que capta o sinal e o transmite ao recetor. A grande novidade do sistema prende-se, agora, com a instalação de conFotos: AP centradores, dispositivos colocados em pontos estratégicos, que enviam directamente a informação para um terminal, nos serviços da empresa. As grandes vantagens deste sistema implementado pela AP, são as de poder efetuar leituras em locais de difícil acesso, poupar tempo na leitura aos domicílios e analisar com precisão todas as perdas de água, já que os concentradores permitem grande facilidade e rapidez na obtenção dos resultados, emitindo alertas de anomalias como as fugas de água na rede predial. Concentradores são novidade na transmissão de dados A experiência-piloto teve a sua concentração no Bairro de Aldoar, cobrindo a totalidade dos blocos habitacionais, onde foram instalados cerca de 500

contadores, alargando-se, agora, à zona do Cerco do Porto, onde foram já colocados cerca de 1500 novos contadores e ao Vale de Campanhã, que conta com, aproximadamente, 800 dispositivos. Os restantes encontram-se espalhados por diversas zonas da cidade, em locais de grande consumo e difícil acesso de leitura. Integrados neste circuito surgem, agora, os concentradores, dispositivos que podem ser instalados na via pública para captar toda a informação proveniente dos novos contadores domésticos. No Bairro de Aldoar já se encontram três destes dispositivos, no Vale de Campanhã cinco e no Cerco do Porto três, sendo que, a curto prazo serão instalados mais três, no seguimento da fase de testes que se encontra a decorrer para analisar o seu raio de alcance/captação. “O ideal seria cobrir toda a cidade mas este objetivo não pode ser imediato, uma vez que representa um investimento consideravel”, sustentou Fernanda Lacerda, diretora técnica e coordenadora da rede de água da empresa. Com este projeto, a AP torna-se, assim, numa das empresas pioneiras a nível nacional, no âmbito dos esforços de poupança de água e gestão de recursos. Q 63


stockmarket

Os descontos estão de volta à Exponor De 6 a 8 de maio, o Stockmarket está de regresso à Exponor, em Matosinhos, com dezenas de marcas de referência a preços reduzidos. As ofertas podem ser encontradas em diversas áreas de moda, decoração, joalharia, relojoaria, perfumaria e cosmética, destacando-se a presença de conceituadas marcas como Eterno, Ana Salazar, Boutique D’Jóia, Donna Lingerie e Novo Aroma. Além de representar uma oportunidade para fazer compras com descontos até 80%, o Stockmarket pretende apoiar os jovens criadores, dando-lhes a opor64

tunidade de divulgar o seu trabalho junto do público. O mercado em segunda mão é outra das vertentes do evento. Através do “My Stock”, as pessoas podem livrar-se de coisas que já não usam e que apenas ocupam espaço em casa. Os visitantes podem ainda desfrutar de uma caipirinha no BarTrintaeum, ao som de música ambiente. Os serviços de cabeleireiro e estética são gratuitos, através do IEFP, e os casais podem visitar o Stockmarket de forma tranquila e deixar os filhos ao cuidado da Nanda Brinca. O preço dos bilhetes diários varia entre dois e quatro euros. Q


portuguese fashion news

PFN distinguiu jovens criadores de moda

Juliana Cunha, da Escola Profissional Cenatex (com tecidos TMG Fabrics), Diogo Cerqueira, da Escola Artística Profissional Árvore (com tecidos Adalberto Estampados) e Sara Maia, do CITEX (com tecidos Fernando Valente), foram os três vencedores do concurso Jovens Criadores, desenvolvido pela Associação Seletiva Moda no âmbito do projeto Portuguese Fashion News (PFN). 15 alunos, representantes de 11 escolas de moda portuguesas, foram sujeitos a várias fases de avaliação, que incluíram diversos desfiles, mas acabou por ser Juliana Cunha, com tecidos TMG Fabrics, a conquistar o primeiro lugar do pódio. Do júri do concurso fizeram parte cinco profissionais ligados ao mundo da moda nacional e internacional: Filipa Marques, jornalista do Jornal Têxtil; Mónica Morais, representante da empresa Custoitex; Paulo Faria, representante da entidade Paula Borges; Irantzu Martinez, jornalista da revista espanhola Global Fashion e o estilista Júlio Torcato. Aproximar a indústria das escolas de moda é um dos objetivos do concurso Jovens Criadores, que pretende

desafiar o setor a um aumento da inovação, através de uma aposta na originalidade dos mais novos. O PFN, iniciativa que visa criar condições para que a moda portuguesa possa afirmar-se a nível nacional, vai decorrer durante todo o ano nos pólos do Porto, Covilhã e Vila Nova de Famalicão. Q

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através dos tempos O Douro, Património da Humanidade, é um dos maiores ex-libris naturais do Norte do país. Este prodígio da natureza pode, no entanto, tornar-se numa séria ameaça às zonas ribeirinhas de Porto e Gaia. No Inverno, quando a água da chuva se junta ao caudal do rio e o faz transbordar, ocorrem as cheias, um fenómeno já habitual ao longo dos séculos mas que acaba sempre por causar sérios prejuízos às populações de ambas as margens. A maior, registou-se em 1909.

Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira/CPF

Em cada Inverno chuvoso, o Douro sobe e invade as ribeiras de Porto e Gaia. Umas vezes pequenas, outras de maior dimensão, as cheias obrigam a um alerta constante por parte de moradores e comerciantes. Ícones destes fenómenos são as marcações que ambas as populações ribeirinhas vão assinalando, seja na pedra ou madeira, e que testemunham a altura a que o nível 66

das águas já chegou. No último século as maiores aconteceram em 1909 e 1962. Para além da Ribeira, Miragaia sofre também habitualmente com as cheias. Por ser uma zona baixa a água costuma invadir o espaço, passando por debaixo do edifício da Alfândega. “Temos grandes sobressaltos por causa disso”, refere Júlia Silva, recordando a aflição sistemática a cada inverno chuvoso”. Em 2009 a água atingiu uma altura considerável. “Tivemos de ser evacuados de casa pelos bombeiros porque já não podíamos sair”, conta. A construção das barragens ao longo do


cheias

Caprichos do Douro Douro veio refrear a força das águas e atenuou a intensidade destes desastre, embora haja alguns registos de cheias nos últimos anos. 1909 registou a maior cheia de todos os tempos A maior cheia de que há memória aconteceu há pouco mais de um século, em 1909. Entre os dias 17 e 25 de Dezembro, as águas do Douro subiram de forma abrupta e a tragédia aconteceu em época natalícia depois de vários dias de chuva intensa. 67


através dos tempos Sem barragens que lhe refreassem a corrente, o Douro obedecia apenas à Natureza, causando enormes estragos e proporcionando um dos piores natais de sempre a portuenses e gaienses. Na madrugada de 21 de Dezembro foi detetada uma anormal subida do rio e o Cais dos Guindais, onde os barcos rabelos descarregavam produtos vindos do Alto Douro, estava já inundado, sendo que das balanças e guindastes de descarregamento de mercadorias já só se via a parte superior. Durante o dia, a chuva continuou a cair com intensidade, a maré subiu e invadiu estabelecimentos comerciais e habitações, afundando duas barcaças carregadas de toros de pinheiro e carvão, no lado de Gaia, e arrastando mais 11 barcas de carga que se despedaçaram no choque com os vapores atracados no Cais do Cavaco. Foram horas de expectativa e ansiedade. Na manhã do dia 22, o mercado ribeirinho da Gaia foi transferido para a Rua Direita e, no Porto, a Praça da Ribeira estava já coberta pelas águas. Entretanto, da Régua chegavam notícias pouco animadoras de que o Douro continuava a subir. Nesse dia perderam-se mais de 60 barcas de carga, a maior parte arrastadas para fora da barra. Uma delas, carregada de toros de pinheiro, terá engatado nos cabos que seguravam o iate inglês “Ceylon” e

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cheias

Em 1909 as águas do Douro ficaram a escassos centimetros do tabuleiro inferior da Ponte Luiz I

arrastá-lo-ia se não fosse a intervenção dos pescadores da Afurada. Ao final da tarde, a Praça da Ribeira estava submersa e na sinistra noite de 22 de Dezembro o vento soprava, demolidor, e as águas corriam fortes e barrentas e a medição da velocidade do caudal registava as 11 milhas horárias. Duas margens em sobressalto Às primeiras horas do dia 23 o pânico alastravase aos moradores das duas margens. O rio galgou o Muro dos Bacalhoeiros e a força das águas arrastava tudo o que encontrava pelo caminho, sendo que a Foz parecia um cemitério de restos de embarcações. O pânico instalou-se e, ao meio-dia, com a preia-mar, o nível do rio estava a escassos centímetros do tabuleiro inferior da ponte Luíz I, equacionando-se a sua demolição com explosivos. Os episódios trágicos multiplicavam-se e as notícias da época falam de vários suicídios, gente que ficou na miséria e desesperou. Ao anoitecer, a chuva e o vento abrandaram e na manhã da véspera de Natal a cheia retrocedeu. No dia 25 o Sol brilhava e podese, enfim, dar atenção ao Natal. Q 69


televis達o

Detalhes 70


porto canal Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

O sucesso que foi o programa «Quem te viu e quem te vê», do Porto Canal, levou a que a estação apostasse numa nova série, com a mesma equipa médica mas cheia de novidades. «Destino Norte» e «Mobiliário em Notícia» são outros programas em destaque no canal nortenho.

“Quem te viu e quem te vê”

cirúrgicos

O Porto Canal estreou, em fevereiro, a nova série do programa “Quem te viu e quem te vê”. Apesar de semelhante ao formato original, onde uma série de candidatos sofria pequenas intervenções cirúrgicas, nomeadamente no rosto, os novos episódios apresentam uma intervenção mais profunda nos participantes, ao nível do corpo, e também o acompanhamento no pós-operatório. A equipa médica é constituída por Ribeirinho Soares e Rodrigues de Sousa, que realizam as cirurgias estéticas, e João Espírito Santo, responsável pelos tratamentos dentários e de implantologia. “As principais preocupações em termos dentários são as de harmonizar os sorrisos com as transformações que se vão operando em termos estéticos”, refere. De acordo com Rodrigues de Sousa, responsável pelos tratamentos de laser, estes são usados sobretudo para esbater as manchas da pele, manchas sanguíneas e rugas o que, no final do processo, concilia com o trabalho de cirurgia feito por Ribeirinho Soares. “A divulgação da cirurgia estética é importante uma vez que ainda existe alguma falta de conhecimento relativamente aos seus benefícios”, referiu Ribeirinho Soares, salientando que a grande preocupação é a de gerir o interesse da informação com 71


televisão

Maria Cerqueira Gomes é a apresentadora da nova série do programa

os limites da ética médica, sobretudo até que ponto mostrar as transformações no final do processo. A série, apresentada por Maria Cerqueira Gomes, tem como principal objetivo ajudar a uma mudança na vida dos 16 intervenientes, estimulando-lhes os valores de autoestima e confiança. Os protagonistas falam sobre medos, desejos e convicções, criando uma ligação próxima com os telespectadores, com a apresentadora e com a equipa médica, o que contribui para uma maior espontaneidade. “Quem te viu e quem te vê” vai para o ar todos os sábados, pelas 23h30, com repetição aos domingos, às 15h00 e terças-feiras, às 21h30. “Destino Norte”, cartão de visita do país A beleza das paisagens, a riqueza das tradições e a diversidade cultural são uma marca do Norte de Portugal, região que ainda tem muito para oferecer e que todos podem explorar. Natureza, gastronomia, saúde e bem-estar, religião e cultura, são alguns dos argumentos turísticos abordados no programa “Destino Norte”. A apresentação está a cargo de Rute Braga, que vai revelando destinos e sugestões, bem como informando sobre a actualidade turística da região. Para a manequim e designer de comunicação, de 27 anos, esta é uma excelente oportunidade de mostrar tudo o que de melhor existe numa das mais ricas regiões, em termos patrimoniais, de Portugal. “O Norte é, assim, apresen72

tado como uma espécie de «cartão de visita» do país”, salientou. O programa pretende divulgar as riquezas da região Norte, através de uma série de convidados que apresentam as suas virtudes. De Valença a Freixo de Espada à Cinta, o “Destino


porto canal

Norte” pretende demonstrar a multiplicidade turística da região, uma das mais visitadas, e com maior potencial, do país. Com duração de cerca de uma hora, o programa é apresentado ao sábado às 12h00.

“Mobiliário em Notícia” Vocacionado para a divulgação de tendências, design e conforto, o “Mobiliário em Notícia” pretende ser um programa generalista, onde impera uma grande diversidade de temas ligados à casa.

Apresentado por Patrícia Pinho e Mário Costa, este programa, de 25 minutos, é um prolongamento para o meio audiovisual de uma revista com o mesmo nome, que sai com o jornal “Público”. Em estreita relação com empresas e marcas do setor, e em ligação com o cluster do mobiliário, o programa divulga as principais tendências da atualidade, em termos de decoração. “Mobiliário em Notícia” estreia às 14h00 de sábado e repete ao domingo, às 20h00. Q 73


Atualidade

Atores portugueses celebraram Noite dos Óscares Diana Chaves, Rita Andrade, Pedro Lima, Dânia Neto, Rui Porto Nunes, Manuel Serrão e a estilista Micaela Oliveira foram alguns dos rostos conhecidos que celebraram o cinema no centro comercial Parque Nascente, na quarta edição da Noite dos Óscares.

Vestidos a rigor, os convidados pisaram a passadeira vermelha para uma noite dedicada à sétima arte durante a qual foram exibidos, nas várias salas de cinema, os filmes nomeados para os Óscares. Já feitas as apostas, os mais resistentes puderam ainda assistir à transmissão em direto da gala, realizada no Kodak Theatre de Los Angeles. O Parque Nascente, propriedade da Klepierre, compreende um total de 152 lojas, distribuídas por três pisos superiores e já se tornou uma referência no universo comercial do Grande Porto. Q 74


O melhor da gastronomia portuguesa está de volta à Alfândega De 26 a 29 de maio, a gastronomia portuguesa volta a estar em destaque no Porto.Come, que dedica quatro dias aos sabores e saberes do norte do país. Provas, workshops, degustações, showcookings e muita animação são alguns dos ingredientes confirmados na edição deste ano. Pela terceira vez consecutiva, o Porto.Come vai realizar-se no edifício da Alfândega e promete conquistar o público com surpresas nas várias áreas ligadas à gastronomia. O evento contará com a par-

ticipação de conceituados restaurantes e chefs que, através de uma seleção de produtos nacionais, vão promover o melhor da nossa gastronomia. O Porto.Come, (info@portocome.com) projeto da Câmara Municipal do Porto, realizado pela empresa Municipal Porto Lazer em parceria com a No More, já conquistou o norte de Portugal com uma diversidade de sabores que potencia os setores gastronómicos, vínicos e turísticos. Q 75


autarquias

Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Rui Meireles

Porto em «alta velocidade» Junho promete ser um mês em grande, com o tradicional S. João e as corridas de automóveis de regresso à cidade do Porto. Integradas no «Circuito da Boavista», o já mítico evento que faz «acelerar» o quotidiano portuense, as provas realizam-se nos dias 17,18 e 19 de junho e 1, 2 e 3 de julho. Os «Grandes debates do Regime», promovidos pelo presidente Rui Rio, e o arranque da requalificação do Mercado do Bom Sucesso são outras iniciativas promovidas pela autarquia. 76


porto Rui Rio promove “Grandes Debates do Regime” À semelhança do que foi feito nos mandatos anteriores, o presidente da Câmara Municipal do Porto lança um novo ciclo de conferências sob o tema “Grandes Debates do Regime”. De acordo com Rui Rio a autarquia tem “especiais responsabilidades no debate público das grandes questões que a todos afetam”. Assim, e respondendo ao momento particularmente difícil que Portugal atravessa, o autarca decidiu lançar um ciclo de conferências que vai decorrer entre março deste ano e abril de 2012, convidando diversas figuras nacionais de relevo a participar e vir ao Porto dar a sua visão sobre os mais importantes temas para o futuro coletivo, nomeadamente em áreas como política, economia, justiça, educação ou finanças públicas. Rui Rio, preocupado com o endivida-

Conferências do Porto 2011/12 31 março 2011 – Democracia no séc.XXI: que hierarquia de valores? Diogo Freitas do Amaral, Francisco Balsemão, Mário Soares 5 maio 2011 – O estado do Regime Garcia Leandro, Pedro Santana Lopes, Rui Ramos 16 junho 2011 – O papel do estado e os limites da sua intervenção Abel Mateus, Antonio Lobo Xavier, Rui Moreira 14 julho 2011 – Justiça: como fazer a rutura? Laborinho Lúcio, Marinho Pinto, Paulo Rangel 22 setembro 2001 – Comunicação Social: impune ou responsável? Azeredo Lopes, Manuel Teixeira, Maria João Avillez 13 outubro 2011 – Educação: o futuro de Portugal Artur Santos Silva, Lurdes Rodrigues, Nuno Crato 10 novembro 2011 – As Finanças Públicas e o Estado Social num mundo globalizado António Barreto, Manuel Carvalho da Silva, Vitor Bento 19 janeiro 2012 – A economia por tuguesa e o seu caminho para a competitividade Daniel Bessa, Mira Amaral, Rui Vinhas da Silva 9 fevereiro 2012 – Que reformas para salvar o regime? António Vitorino, José Pacheco Pereira, Nuno Morais Sarmento março/abril 2012 – Sessão de encerramento

mento externo do país, sustentou que a reforma da justiça é urgente e que o grande objetivo destes debates é o de “consciencializar o poder político para as reformas que têm de ser feitas no país” muito para bem da credibilização do poder político. O presidente da autarquia lança um apelo a todos os portuenses para que também eles participem na iniciativa, no sentido de lançar as “bases para uma grande reforma política” que, no seu entender, se “impõe”. Todas as sessões irão decorrer no Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett, com início às 21h15. Bom Sucesso: Comércio, serviços e hotel «low-cost» Depois de algum tempo na gaveta o processo de reabilitação do Mercado do Bom Sucesso pode agora avançar. A escritura de transmissão do direito de superfície, que permitirá pôr em marcha a sua execução, já foi assinada pelo vereador da Protecção Civil, Controlo Interno e Fiscalização, Manuel Sampaio Pimentel, e os representantes da empresa «Eusébios».”Com este avanço, foi dado um passo decisivo para a concretização de um compromisso que a Câmara Municipal tinha para com a cidade”, salientou o vereador, recordando que o prolongamento do processo se deveu a condicionantes externas resultantes da conjuntura adversa do país, num cenário pouco propício a inves77


autarquias

timentos. O programa prevê a remodelação total do interior do mercado, mantendo a traça exterior, uma vez que se trata de um ícone da arquitetura modernista dos anos 50. O conceito corresponde a um modelo multiusos, cujo comércio tradicional ocupará um terço do espaço, outro terço irá ser ocupado por um hotel “low-cost” temático e um terceiro será destinado a serviços. O hotel terá 83 quartos distribuídos por quatro pisos e a área comercial será composta por 23 lojas exteriores e interiores. O mercado, com as suas 44 bancas, ficará situado no centro do piso térreo. Do

projeto fazem ainda parte um parque ao nível do piso 0, com capacidade para 19 lugares que servirá o hotel, e outro com capacidade para 63 lugares, afeto ao conjunto de serviços e lojistas. O objetivo da autarquia é o de “valorizar o espaço como uma referência para a cidade e estimular o seu potencial aglutina78

dor”, como salientou o vereador. O novo mercado, cujo investimento ronda os 10 milhões de euros, deve ficar concluído no último trimestre de 2013. Circuito da Boavista: Alta velocidade regressa ao Porto A edição de 2011 do circuito da Boavista, que este ano terá pelo meio as festas de S. João, será, de novo, uma oferta diferenciadora com um acentuado impacto turístico para a região. As provas do Grande Prémio de Clássicos - 17, 18 e 19 de junho - e a etapa internacional do Campeonato do Mundo de Turismos (WTCC) – 1, 2 e 3 de julho - que mais uma vez a Federação Internacional de Automóveis (FIA) confiou ao Porto, serão intervaladas pelo fim-de-semana de S. João, a grande festa da cidade. “O Grande Prémio de Clássicos é uma prova muito conceituada em termos internacionais e, por isso, queremos que quem nos visita nessa altura possa ficar para viver ou reviver o nosso S. João e para, logo de seguida, assistir também ao Campeonato WTCC”, referiu Vladimiro Feliz, vereador do Turismo, Inovação e Lazer, salientando a importância das três semanas seguidas de grande oferta cultural, desportiva e de animação que irão decorrer no mês de Junho. Desta vez, o evento é organizado e promovido na íntegra pela Porto Lazer, e tudo foi pensado no sentido de aglutinar diversas iniciativas que irão contribuir para trazer mais gente à cidade e à região. A articulação de campanhas de promoção está a ser feita com o Turismo de Portugal e a autarquia irá criar diversos pontos de interesse em vários locais envolventes, nomeadamente a nível de concertos e animação para crianças, para além da vasta oferta


porto

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autarquias

cultural que se estende a toda a cidade. O carisma do circuito urbano do Porto é grande no estrangeiro e a transmissão direta das provas, no canal Eurosport, irá traduzir-se num encaixe de cerca de 4 milhões de euros para a economia local. Projeto 2.0: Up-grade no centro histórico Investir no “património imaterial” do centro histórico é o principal objetivo do projeto “Porto 2.0”, uma iniciativa da CMPorto, desenvolvida pela Porto Lazer. A empresa municipal propõe-se procurar projetos de interesse que possam integrar um programa cultural vocacionado para a zona histórica. “Será um trabalho que envolve todos os residentes, lojistas e proprietários, de forma a conhecer melhor a realidade do centro histórico. Interessa ir até às pessoas e associações, chamando-as a trabalhar connosco”, salientou Vladimiro Feliz, vereador do Turismo, Inovação e Lazer da autarquia. Tal como alertou, o projecto “não funcionará numa lógica de candidaturas”. Pretende-se que o “Porto 2.0” alargue a dinamização, já instalada na Baixa portuense, ao centro histórico e que se transforme na “maior acção integrada de cultura e inovação com impacto sustentado no desenvolvimento regional do Norte de Portugal”. Balleteatro, ESAP – Cooperativa de Ensino Superior Artístico do Porto, ESMAE – Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo, Fábrica Social – Fundação José Rodrigues e as Faculdades de Arquitetura e de Belas Artes da Universidade do Porto são alguns dos parceiros do projeto. O programa prevê um investimento de “quase dois milhões de euros”, cofinanciados em 70 por cento pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Re80

gional. Todas as iniciativas resultantes do “Porto 2.0” serão de acesso livre e gratuito. Turismo jovem cresce no Porto Espanha encontra-se nas principais preferência dos portuenses que aproveitam a oportunidade dada pelas viagens de baixo custo das companhias «low-cost» para frequentar a movida do país vizinho, nomeadamente em cidades como Barcelona ou Madrid. Mas o contrário também acontece e o Porto tem-se revelado como destino privilegiado para um número crescente de jovens espanhóis que «invadem» a noite portuense. Este é mais um dos factores que contribuem para o desenvolvimento turístico da região. Biblioteca Almeida Garrett certificada na Rede UNESCO A Comissão da UNESCO atribuiu à Biblioteca Municipal Almeida Garrett, o Certificado de Biblioteca Associada da Rede UNESCO. A biblioteca tornou-se, assim, na sexta a nível nacional a receber a distinção. Q


porto

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autarquias

Texto: Mariana Albuquerque Fotos: CMMaia

A pouco tempo de ser apresentado publicamente, o “Sorria está na Maia” já conquistou mais de três mil pessoas, só no Facebook, empenhadas na tarefa de reunir opiniões, expectativas, fotografias e informações sobre a cidade que as une. Sob o lema da democratização do acesso à informação, o projeto inclui a criação de websites para pequenas empresas e o apoio aos cidadãos que não dominam as novas tecnologias. 82


maia

Mobilização da Comunidade Maiata O projeto ainda não foi oficialmente lançado mas já mexe nas redes sociais. O “Sorria está na Maia”, promovido pela autarquia, pretende juntar, numa só comunidade, “quem nasceu, vive ou viveu, estuda ou estudou, trabalha ou trabalhou na Maia”. A ideia é, assim, criar uma “Comunidade Maiata” com todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, ajudaram “a fazer” o concelho. A iniciativa, que vai ter uma variedade de suportes, pretende tirar partido do poder das redes sociais e da Internet, de modo a incentivar os cidadãos a assumirem o papel de dinamizadores do município.

interessadas em conhecer e discutir os assuntos em destaque no município. O objetivo é que todos possam debater, sem qualquer tipo de filtro, partilhar imagens da Maia, fazer troca de impressões e divulgar eventos passados ou futuros, um pouco como se de um fórum se tratasse.

“Maia sorri” na web Uma das vertentes do programa passará pela criação de um agregador de plataformas com um endereço próprio - www.maiasorri.pt. Nesta plataforma, todas as pessoas poderão encontrar informações não só ligadas à câmara municipal mas também a muitas outras áreas de interesse, como educação, desporto, cultura, negócios, ambiente e juventude. Todos os conteúdos apresentados no sítio podem ser partilhados no Facebook, Twitter, Blogger ou até por e-mail, sendo ainda possível anexar eventos da agenda aos calendários Outlook. De referir também que as plataformas estarão otimizadas para a sua visualização através do telemóvel. Por outro lado, além da criação de um espaço próprio destinado à “Comunidade Maiata”, haverá a reformulação do layout do sítio da autarquia, que ficará apenas com os conteúdos institucionais. A apresentação dos órgãos municipais, a divulgação das principais notícias, a agenda política e as galerias de imagem e vídeo serão algumas das áreas em destaque. Mais de 3300 participantes no Facebook O “Sorria está na Maia” já chegou ao Facebook, mobilizando, até ao momento, mais de 3300 pessoas

Criação de websites para pequenas empresas Ainda no âmbito do projeto, a Câmara da Maia vai proporcionar a criação de websites para pequenas empresas como cafés, restaurantes e tabacarias. Os responsáveis dos estabelecimentos ficarão apenas responsáveis pelo fornecimento dos conteúdos: fotografias, moradas, telefones e as restantes informações necessárias. O município vai também ser equipado com pequenos postos de atendimento, por exemplo nas juntas de freguesia, onde as pessoas que não têm acesso à internet nas suas casas e não dominam as novas tecnologias podem ser ajudadas. Por último, o “Sorria está na Maia” criará também um “widget”, que pode ser colocado em sítios, blogues ou no ambiente de trabalho dos computadores e que permite a leitura resumida de conteúdos centrados na cidade, fornecendo as ligações necessárias à sua leitura integral. Q 83


autarquias

Gondomar, coração de ouro

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gondomar Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: CMG

Gondomar é, por tradição, terra de excelentes ourives e a «capital» nacional da ourivesaria. A “Ourindústria 2011”, a maior feira do setor, que decorreu em março no concelho, exibiu a criatividade dos artesãos, bem como tudo o que de mais importante se vai fazendo nesta área. Os fortes laços com a arte da ourivesaria levaram a câmara a adoptar o slogan “Gondomar – Coração de Ouro” como imagem da autarquia, promovendo, assim, não só o setor joalheiro como também a tradicional hospitalidade dos gondomarenses.

O pavilhão Multiusos de Gondomar, recebeu mais uma edição da “Ourindústria”, uma mostra ligada ao setor da ourivesaria, dinamizada pelo Gabinete de Feiras Promocionais da Câmara de Gondomar. O evento recebeu cerca de 4.500 visitantes, tendo divulgado, a um público cada vez mais internacional, a tradicional arte da ourivesaria de Gondomar. A iniciativa, que vai já na 13ª edição, contou com a parceria da Associação de Ourivesaria e Relojoaria de Portugal e do CINDOR, sendo direcionada, primordialmente, para os profissionais do setor. Um total de 84 expositores, entre os quais algumas empresas de setores associados, nomeadamente de máquinas para ourivesaria, segurança, informática, estojoaria, seguros e marketing, participou no certame, que exibiu o que de melhor se faz a nível da joalharia.

Monumento ao Ourives Respondendo ao anseio de muitos profissionais do setor, a Câmara de Gondomar erigiu um Monumento ao Ourives e à Ourivesaria, uma homenagem à indústria mais tradicional do concelho que representa a história dos ourives, da ourivesaria e da filigrana em Gondomar. Num investimento de cerca de 400 mil euros, o monumento, da autoria de Arlindo Moura, foi instalado na Avenida Oliveira Mar tins, junto à saída do IC29 para o centro de Gondomar. Para Valentim Loureiro, este monumento representa “uma homenagem sentida e digna a todos os gondomarenses que fazem desta profissão uma verdadeira ar te”. 85


autarquias da ourivesaria” sendo que esta indústria merece o apoio da autarquia “não só pela quantidade, mas também pela sua grande qualidade”. Assim, e de acordo com Joaquim Castro Neves, vereador do Pelouro do Desenvolvimento Económico da autarquia, a promoção e a divulgação de um setor tradicional no concelho, e de grande relevância no país, é “para manter”. Marca de qualidade

Setor representa 20 por cento da economia local Esta iniciativa é uma das principais apostas do Pelouro do Desenvolvimento Económico da Câmara Municipal de Gondomar, uma vez que a ourivesaria representa cerca de 20 por cento da economia local do concelho, onde estão instaladas mais de metade das indústrias de ourivesaria portuguesas. Para Valentim Loureiro, presidente da Câmara Municipal de Gondomar, os objetivos do certame foram atingidos ao “valorizar o papel dos industriais e dos empresários do setor” abrindo-lhes novas “oportunidades de negócio e de conhecimentos”. O autarca referiu ainda que Gondomar “continua a ser o principal pólo de produção nacional” da arte

A formação, como veículo de transmissão de saberes e tradições da arte de trabalhar o ouro e a prata, aliada à partilha de novas experiências, inovações e design, foi outra das vertentes presentes nesta mostra, que é já considerada como uma das mais importantes feiras do setor que se realiza em Portugal. Integrada na “Ourindústria 2011”, na vertente formativa realizou-se um seminário dedicado aos ”vetores-chave para a afirmação do setor de ourivesaria no mundo” que contou com a presença de Filipe Silva. O representante do projeto GRADOURO, do Departamento de Engenharia Mecânica da Universidade do Minho, destacou a inovação e a procura de novos mercados como as bases fundamentais para o sucesso das empresas. A ourivesaria, atividade económica que representa uma importante fatia na economia do concelho de Gondomar, é já marca de qualidade e uma referência em termos de inovação, design e marketing a nível nacional. Q

“Comunidade de Leitores” até junho Até 8 de junho está a decorrer, em Gondomar, a “Comunidade de Leitores”, uma iniciativa da autarquia que promove o encontro de um grupo de pessoas que se juntam, periodicamente, para conversar sobre livros cuja leitura foi proposta por um dinamizador. A experiência da leitura é íntima e individual mas a iniciativa é, depois, enriquecida pela partilha de opiniões, comentários e pontos de vista, permitindo a descoberta de diferentes formas de interpretar o livro analisado. De acordo com o vereador da Cultura de Gondomar, Fernando Paulo, “o que se pretende é 86

partilhar o prazer da leitura com outros leitores, descobrindo e confrontando os pontos de vista dos participantes sobre aquilo que leram”. A Biblioteca Municipal de Gondomar acolhe esta iniciativa que já contou com as presenças de Ana Luísa Amaral e José António Gomes, e por onde irão passar Ana Saldanha, José Matias Alves, Luís Lopes, Manuel Jorge Marmelo e Alberto S. Santos. A inscrição para cada sessão tem um custo de 5 euros. Programa Geral 9 de março – Ana Luísa Amaral 23 de março – José António Gomes 13 de abril – Ana Saldanha 27 de abril – José Matias Alves 11 de maio – Luís Lopes 26 de maio – Manuel Jorge Marmelo 8 de junho – Alberto Santos


gondomar

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autarquias

Uma aposta na formação superior A educação continua no topo das prioridades da autarquia de Famalicão que, este ano letivo, investiu 120 mil euros na atribuição de bolsas de estudo a universitários. Ainda numa iniciativa de apoio à formação intelectual, desta vez dos mais novos, Luís Represas esteve na biblioteca municipal para apresentar “A Coragem de Tição”. 88


famalicão Fotos: António Freitas/Virgínia Ferreira

Numa altura em que as medidas de austeridade impostas pelo Governo determinaram o fim de muitos apoios sociais, a Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão decidiu continuar a dar oportunidade aos estudantes do ensino superior de realizarem os seus estudos. Assim, no ano letivo de 2010/2011, o município reforçou a medida social de apoio aos jovens com menores rendimentos, contemplando

um total de 130 alunos, o que representa um aumento de 30 por cento em relação ao ano anterior. Nesta iniciativa, a autarquia investiu 120 mil euros. A bolsa, cujos valores variam entre os 1100 e os 740 euros, destina-se a jovens que residam em Famalicão com um rendimento, por elemento do agregado familiar, inferior a 60% do salário mínimo nacional. 89


autarquias Luís Represas desperta crianças para a escrita

“É um grande investimento no futuro dos nossos jovens e no futuro do nosso concelho”, defende o presidente da autarquia, Armindo Costa, que encara a qualificação da população como um fator de competitividade do município. “A crise económica que o país atravessa afeta famílias que têm, muitas vezes, dificuldades em manter os filhos na universidade. Com esta bolsa de estudo, as famílias podem pagar as propinas anuais de uma universidade pública ou quase um semestre de uma universidade privada”, acrescenta Armindo Costa. Para o autarca, as bolsas atribuídas funcionam ainda como “um prémio de mérito” pelos bons resultados escolares. “É, acima de tudo, uma prova de confiança nos nossos jovens e no futuro do concelho”, conclui o presidente da câmara.

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Para além dos jovens universitários, também as crianças estão no centro das atenções do município. Assim, foi num ambiente de descontração, entre música, teatro e artes plásticas, que Luís Represas apresentou o livro infanto-juvenil “A Coragem de Tição”, no pólo de Riba de Ave da Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco. Os mais novos receberam o músico, que foi um dos responsáveis pela fundação dos “Trovante” nos anos 70, com interpretações de alguns dos seus temas, como “Conta-me um conto” e “Feiticeira”. Luís Represas aproveitou, então, a interação com o pequeno público para lançar um desafio: “usem a vossa imaginação e escrevam”. “Leiam e escrevam muito, para que os vossos livros ocupem as estantes desta biblioteca que hoje frequentam como leitores. Espero que aqui retornem, no futuro, também como autores”, declarou o cantor. O vice-presidente e responsável pelo pelouro da Cultura da autarquia, Paulo Cunha, também esteve na apresentação do livro, manifestando enorme contentamento por ver “famalicenses de todas as idades” a frequentar a Biblioteca Municipal, seja no edifíciosede, seja nos seus pólos espalhados pelo concelho, designadamente nas vilas de Joane, Riba de Ave e Ribeirão. O livro “A Coragem de Tição”, de Luís Represas, sob a chancela da Dom Quixote e que conta com ilus-


famalicão acabam por dividir o prato principal, que poderá passar pela posta de bacalhau, pernil assado no forno ou bife do vazio”, exemplificou Pedro Abreu. Segundo o responsável a ideia é que cada cliente possa ter “uma experiência de sete ou oito pratos diferentes na mesma refeição, o que não é muito normal por cá”. Zona de churrascos para desfrutar da paisagem

trações de Catarina França, retrata uma história marítima recheada de cavalos-marinhos destemidos, barracudas ferozes, peixes-trompete ruidosos, peixes-anjo protetores e muitos outros animais que habitam o fundo dos oceanos. Mas, acima de tudo, transmite que a amizade e o espírito de entreajuda são o caminho a seguir para alcançar a felicidade. Durante a apresentação da obra, Luís Represas destacou a importância da leitura e de valores morais como a coragem, ética e verdade. Perante uma plateia atenta e entusiasmada, que encheu o músico de questões sobre a sua experiência pessoal e profissional, Luís Represas teve ainda tempo para agarrar a guitarra e conquistar o público ao som de “Da próxima vez”.

Para além da sala de refeições, que é “pequena e acaba por facilitar o convívio”, o “Átrio da Vila” está a ultimar a construção de terraços exteriores que vão ser utilizados como zona de churrascos. A ideia é, portanto, tirar partido dos agradáveis dias de verão para desfrutar de uns petiscos de “carne de porco, peixe fresco, bacalhau e outras coisas simples, sem grandes condimentos”.

“Átrio da Vila”: o conceito das “tapas” com ingredientes regionais Ainda a dar os primeiros passos pelo universo da gastronomia, o restaurante “Átrio da Vila” abriu as portas na freguesia de Calendário, em Famalicão, no dia 15 de dezembro e está, agora, a concluir as obras no espaço exterior. De acordo com Pedro Abreu, o segredo do restaurante não está na criação de pratos, mas sim na forma como as refeições são temperadas e apresentadas aos clientes. “Nós não criamos nada, usamos receitas já inventadas, mas damos um toque nosso, temos um tempero e uma apresentação um pouco diferentes”, explicou o responsável à Viva. Por inspiração espanhola, o “Átrio da Vila” adotou um conceito ainda pouco praticado em Portugal e baseado nas “tapas”. “Há uma variedade de petiscos. Começamos por ter três entradas, depois os clientes optam por pedir mais três, quatro ou cinco e, no fim,

As papas de sarrabulho, o pernil, a orelha de porco com molho verde e o rolinho de pato com legumes fervidos em sumo de laranja são outros dos pratos aconselhados por Pedro Abreu, que se confessa um curioso pela culinária. “A minha área não é cozinha, é sala. No entanto, sempre estive muito perto da cozinha, a fazer as ementas, a ajudar e sempre fui um pouco curioso. Depois, acabei por aproveitar essas pequenas dicas e aplicá-las ao meu conceito”, explicou o responsável. O “Átrio da Vila” vai ainda ter à disposição dos clientes uma sala com mesa para 16 pessoas, equipada com televisão e Internet e que “pode ser usada para uma festa de amigos ou para um almoço de negócios”. Sempre com a presença de uma mão cheia de iguarias gastronómicas. Q 91


autarquias

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famalic達o

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amp De acordo com o desafio que a Junta Metropolitana do Porto (JMP) lançou ao executivo de José Sócrates, torna-se necessário pensar na criação de um batalhão metropolitano de bombeiros, formando um corpo único e acabando com as divisões entre voluntários e sapadores. Reduzir aos custos e aumentar à eficácia são os argumentos fortes desta proposta.

Bombeiros à escala metropolitana A Junta Metropolitana do Porto (JMP) decidiu consultar o ministro da Administração Interna para que se estude a possibilidade de criação de um batalhão metropolitano de bombeiros. Rui Rio, presidente do organismo, referiu que a proposta já tinha sido feita “no início” do anterior mandato, não tendo desenvolvido interesse por parte do executivo. “Foi decidido fazer uma consulta para ver se o ministro está disponível para pensar uma reforma que se impõe há muito: acabar com os bombeiros sapadores, pegar nos muitos bombeiros voluntários existentes e criar um batalhão de bombeiros à escala metropolitana”, referiu, salientando a importância de uma “concentração de recursos” aliada a “uma maior eficiência, racionalidade e eficácia”. À dimensão metropolitana a “economia de escala” que se viria a conseguir com este projeto iria “potenciar a eliminação de desperdícios ou a multiplicação de esforços pelos vários municípios”, garante. 94

As conversas preliminares e ainda informais com o governo, mantêm a proposta numa fase embrionária mas, de acordo com Rio, a JMP irá solicitar, em breve, “uma audiência ao elemento do governo responsável pela área da Protecção Civil para, de uma forma mais detalhada, poder apresentar os contornos deste projeto”. Maior eficácia e redução de custos De acordo com Rui Rio, a criação deste organismo iria trazer uma “maior eficácia diminuindo os custos” já que, no caso do Porto, o Batalhão de Sapadores é “a segunda direção municipal mais cara” da autarquia. “Nos últimos três anos, a Câmara do Porto gastou, em média, cerca de 6,5 milhões de euros por ano”, garante, salientando as vantagens ao nível da concentração logística e estrutural. Uma das questões mais importantes prende-se com a especialização por áreas de atu-


Texto: Marta Almeida Carvalho

Rui Rio com Rebelo de Carvalho na tomada de posse do novo comandante dos Sapadores do Porto

ação. “Não faz sentido que o Porto invista em treinos para fogos florestais se não tem floresta” devendo o investimento “ser canalizado para a especialização dos seus bombeiros em áreas como o transporte de produtos tóxicos (tendo em conta o tráfego rodoviário), no apoio ao crescente tráfego fluvial e no combate a sinistros em zonas históricas”. De acordo com o autarca, a criação de uma

corporação metropolitana serviria para uma clara aposta na especialização técnica, racionalizando, simultaneamente, os recursos. “O Estado, quer através da administração central, quer da local, iria ter poupanças significativas, embora ainda difíceis de contabilizar”, garante, sublinhando que a criação de uma Corporação Metropolitana de Bombeiros poderia contribuir, ainda, para uma revisão dos modelos de financiamento existentes, o que iria diminuir discrepâncias entre os apoios dados a voluntários e sapadores. “Atualmente a administração central financia os voluntários, tratando-os como filhos, não dando um cêntimo aos profissionais, tratando-os como enteados”, acusa, sublinhando que este é um “modelo anacrónico e carente de moralização”. De acordo com Rui Rio, acabam por ser os orçamentos municipais a ter que financiar, na íntegra, os sapadores e ainda parcialmente os voluntários, uma vez que “as suas receitas são constituídas, também, por transferências de verbas desses orçamentos”. Ainda que considerando a proposta como muito vantajosa para os municípios, Rui Rio admite, no entanto, que a mudança “não será fácil”. Segundo o autarca, esta 95


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O contrato de parceria público privada, no âmbito do PERM, foi recentemente assinado

é uma proposta que se impõe como urgente e necessária, olhando ao “interesse nacional”. Obras do Parque Empresarial de Recuperação de Materiais arrancam este ano Santa Maria da Feira vai acolher o futuro Parque Empresarial de Recuperação de Materiais (PERM), cujas obras deverão arrancar este ano. Este projeto propõe regularizar a situação legal das sucatas e assegurar que os materiais tradicionalmente encaminhados para as mesmas sejam tratados com rigor ambiental, representando um investimento de cerca de 17 milhões de euros, verba comparticipada em 80 por cento por fundos comunitários. Os principais objetivos do investimento são os de «impedir a proliferação ilegal de atividades relacionadas com a recolha de material, disciplinar a ocupação do território, preservar o meio ambiente da região e salvaguardar o seu património paisagístico, bem como promover o desenvolvimento económico desta subregião». O equipamento constitui, de acordo com o presidente da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria (AMTSM), Hermínio Loureiro, uma solução para “um grave problema ambiental de Entre Douro e Vouga, que se arrasta há vários anos”. 96

A assinatura de um contrato de parceria públicoprivada permitiu a um conjunto de empresas a aquisição de 49 por cento do capital social da sociedade «PERM – Parque Empresarial de Recuperação de Materiais das Terras de Santa Maria, EIM», cuja totalidade era detida pela AMTSM, organismo constituído em 2009 para assumir a criação, gestão e dinamização de áreas de acolhimento empresarial, incluindo o Parque que agora irá ser construído na freguesia de Pigeiros. A estreita colaboração firmada pelos municípios de Arouca, Oliveira de Azeméis, S. João da Madeira, Santa Maria da Feira e Vale de Cambra com o grupo de empresas revelase “fundamental para a execução da infraestrutura”. Para Gaspar Borges, representante das empresas com participação no capital social da «PERM», a criação deste parque empresarial vai permitir “o desenvolvimento ordenado de um setor de atividade importante para a região”. De acordo com Alfredo Henriques, presidente da Câmara de Santa Maria da Feira, a infraestrutura, vem resolver “um problema antigo, concentrando os sucateiros num local apropriado e com as condições necessárias”. O autarca sublinhou ainda que o espaço, com cerca de cinco hectares de área, “estará aberto a outras indústrias” e, que no futuro, será um “pólo dinamizador de toda a região” em termos de “implantação empresarial”. Q


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porto vivo, sru

Investimento avança no Morro da Sé

O Programa de Reabilitação do Morro da Sé, já em execução, avança quer em termos de investimento público, comparticipado pelo QREN, quer do privado. Em Outubro iniciou-se a obra de Requalificação do Espaço Público, que se desenvolve entre o início norte da Rua de D. Hugo e a envolvente do Largo do Colégio, junto à Igreja de S. Lourenço (vulgarmente designada de Igreja dos Grilos). Este projeto contempla a requalificação da pavimentação, substituição e introdução de infraestruturas, nomeadamente do gás canalizado e fibra ótica. O acompanhamento arqueológico desta obra permitiu encontrar novos e importantes achados que sustentam a história da cidade - na Rua de D Hugo, uma

Co-financiamento

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casa castreja e junto ao Largo do Colégio a extensão da muralha românica que estava já identificada nas fachadas dos edifícios da Rua de Sant’Ana. Está também a iniciar-se a obra de Ampliação do Lar de 3ª Idade da Rua da Bainharia/Sant’Ana, que vai permitir aumentar em 50 por cento a atual capacidade e criar novas e mais adequadas condições aos idosos que ali residem, bem como às equipas que os acompanham. Concluído está também o processo de aquisição das parcelas necessárias para a execução do Programa de Realojamento Definitivo. Terminados os Projetos de Arquitetura, estão lançados os concursos para a selecção das Equipas de Engenharia que vão colaborar no Projeto de Execução, bem como os concursos para a realização de trabalhos de arqueologia, limpeza, demolições e consolidação das 29 parcelas que vão ser intervencionadas, a partir do próximo Verão. Relativamente à intervenção de privados, proprietários tradicionais ou investidores que se tornaram proprietários, estão em curso três obras, num total de 890 metros quadrados de área bruta a reabilitar, e concluiu-se já uma outra, desde 2010. Em realização encontram-se, ainda, outros 14 projetos, num total de 4.350 metros quadrados, o que permitirá atingir mais de 11% da área bruta construída privada do Morro da Sé. A área total que será intervencionada representa um investimento privado de cerca de cinco milhões de euros. Q


Programa VIV’a BAIXA

Reabilitar a Baixa do Porto

grama. Os beneficiários deste Programa são os proprietários, usufrutuários, senhorios e arrendatários de edifícios localizados na ZIP, que procedam a obras de reabilitação urbana. O Programa permite aceder a descontos na aquisição de bens e serviços, sobre os melhores preços de tabela. Q Entre os incentivos à reabilitação urbana criados pela Porto Vivo, SRU, destaque para o Programa VIV’a BAIXA que permite a aquisição, a custos reduzidos, de serviços, equipamentos, componentes e materiais de construção a utilizar na reabilitação de edifícios na Zona de Intervenção Prioritária (ZIP), aos 19 parceiros constantes da lista oficial do Pro-

Informações adicionais podem ser obtidas na Loja da Reabilitação Urbana. Aí poderá ainda encontrar toda a informação necessária à reabilitação de edifícios na Zona de Intervenção Prioritária e na Área Crítica de Recuperação e Reconversão Urbanística.

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memórias

As duas faces da avenida A avenida Rodrigues de Freitas, que presta homenagem a um ilustre político e percursor da República em Portugal, recebeu esta designação em meados do século XX. No Roteiro de 1933 ainda aparece com o nome antigo: Rua de S. Lázaro. Atualmente esta artéria tem uma fisionomia bastante diferente da de outrora 100

A avenida Rodrigues de Freitas sofreu diversas alterações ao longo do século XX. As diferenças entre aquilo que foi e a sua configuração atual são bem percetíveis. Hoje é uma avenida arborizada, com grande tráfego automóvel, integrando diversos organismos vitais para a cidade nomeadamente a Biblioteca Municipal e a Faculdade de Belas Artes. José Joaquim Rodrigues de Freitas (Porto 1840-1896), formou-se em Engenharia de Pontes e Estradas, na Academia Politécnica do Porto, onde foi nomeado lente substituto de Comércio e de Economia Política, chegando ao lugar de “lente proprietário” (topo da car-


av. rodrigues de freitas O passado e o presente do local demonstra as grandes mudanças ao longo dos anos

Texto: Marta Almeida Carvalho Foto: Virgínia Ferreira

reira de professor catedrático) com apenas 27 anos. Membro da Maçonaria, demonstrava uma grande simpatia pelos ideais do socialismo reformista. Notabilizouse pela sua carreira política, ligada aos ideais republicanos e socialistas, tendo sido um dos organizadores do Partido Republicano Português e foi o seu primeiro deputado eleito para o Parlamento, na Legislatura de 1870 e reconduzido

em 1871, 1879 e 1886. Foi um dos revolucionários de 31 de Janeiro de 1891, a primeira tentativa de implantação da República em Portugal. Q 101


sugestões culturais

Teatro Nacional São João Praça da Batalha | 4000-102 Porto Tel. 223401900 | Fax. 222088303 http://www.tnsj.pt/home/index.php 27 maio a 5 junho FITEI – Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica

Coliseu do Porto Rua Passos Manuel, 137 – 4000-385 Porto Tel. 223394940 | Fax. 223394949 www.coliseudoporto.pt 15 abril | 21h30 Ana Moura e a Frankfurt Radio Bigband Depois de um ano rico em concertos, tanto em Portugal como no estrangeiro, Ana Moura levará ao Coliseu o seu mais recente disco “Leva-me aos Fados”. A acompanhar a cantora, a Frankfurt Radio Bigband pisará, pela primeira vez, um palco português, numa parceria caracterizada por “brilhantes arranjos de orquestra feitos especialmente para os temas originais e tradicionais” de Ana Moura. De salientar que a orquestra alemã é considerada uma das mais inovadoras e prestigiadas no panorama do jazz europeu, sobretudo pela ousadia de arriscar colaborações com artistas de outras linguagens musicais. 102

No final de maio, os três palcos do TNSJ (Carlos Alberto, São João e São Bento da Vitória) vão acolher a 34.ª edição do Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, que promete cruzar teatro, dança e performance. De um universo de mais de 800 candidaturas, a organização do festival selecionará as propostas de artes cénicas iberoamericanas mais indicadas para subirem aos palcos da cidade do Porto. O preço dos bilhetes varia entre os 7,50 e os 16 euros.


Música “Born This Way” – Lady Gaga

Cinema “Piratas das Caraíbas: por estranhas marés” Estreia 19 de maio de 2011 Johnny Depp está de regresso ao grande ecrã para mais peripécias na pele do capitão Jack Sparrow. “Piratas das Caraíbas: por estranhas marés”, realizado por Rob Marshall, chega às salas de cinema portuguesas em maio, desta vez com Penélope Cruz a fazer parte do elenco. Na nova aventura, Jack e uma antiga paixão procuram a mítica fonte da juventude. A certa altura, a mulher força-o a entrar no navio do famoso Barba Negra (interpretado por Ian McShane). Jack Sparrow fica, assim, sem saber de quem deverá ter mais medo: do temível pirata ou da sua antiga paixão.

Hard Club | Centro de Animação Cultural Mercado Ferreira Borges | 4050-252 Porto Tel. 707 100 021 http://www.hard-club.com/ 7 maio | 22h00 Concerto Yann Tiersen O francês Yann Tiersen vai regressar a Portugal em maio para apresentar o seu sexto e mais recente álbum de originais, “Dust Lane”, lançado no final de 2010. O músico ficou conhecido mundialmente pela composição de bandas sonoras de filmes como “Goodbye Lenine!” e “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”. Senhor de vários instrumentos, Tiersen apresenta-se permeável às influências da música clássica e do rock, por vezes caracterizado como “minimalista e melancólico”. Os bilhetes para o concerto custam 20 euros.

O mais recente trabalho de Lady Gaga, “Born This Way”, chega às lojas portuguesas no dia 23 de maio. O novo álbum de originais promete agregar “momentos rock” e, de acordo com a própria cantora, apresenta “uma música ao estilo Bruce Springsteen e um momento à Guns N’ Roses, no que diz respeito “à natureza das melodias e dos coros”. Além do primeiro single, com o mesmo nome do disco, Gaga confirmou também o título da segunda canção, “Judas”, que é descrita como algo que “parece ter sido escrito para as Ronettes [banda norte-americana dos anos 60], mas com uma forte batida de dança e que fala sobre cair de amores por homens traiçoeiros do tipo bíblico”. Leitura Mago – Espinho de Prata, de Raymond E. Feist A obra de Raymond E. Feist, “Mago – Espinho de Prata” é uma das recentes apostas da editora Saída de Emergência, retratando os conturbados tempos vividos pelos povos de Midkemia. A guerra continua enquanto Pug e Tomas seguem rumos diferentes. Por um lado, Tomas herda um legado de grande poder oriundo de uma civilização antiga, mas começa a questionar o seu destino. Por outro, Pug, depois de ter sido capturado, é levado para as exóticas terras de Kelewan, onde irá aprender a dominar a dualidade do próprio poder. Um livro que já conquistou os admiradores do mundo do fantástico, que o consideram “um dos melhores de sempre”. 103


freguesias

Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira

Projeto inovador «Help Write» é a designação de um projeto idealizado por um grupo de alunos da Escola EB 2 3 do Cerco do Porto, que consiste num dispositivo ergonómico para facilitar a escrita das crianças com dificuldades motoras. Os autores do projeto, que surgiu para ajudar um colega que sofre de paralisia cerebral, pretendem, agora, encontrar um parceiro disponível para o produzir e comercializar. 104


campanhã O “Help Write” consiste num suporte ergonómico, elaborado à base de materiais flexíveis e antistress, onde se pode adaptar uma caneta ou lápis, de forma a facilitar a escrita a quem tem pouca coordenação de movimentos. De acordo com a docente Helena Correia, o projeto foi especificamente desenvolvido para ajudar um aluno com paralisia cerebral. A «Help Write», desenvolvida por alunos desta escola, foi apresentada no âmbito de uma parceria com o Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica (CATIM) tendo ganho o 1º prémio no concurso da instituição”, explicou a professora, salientando o potencial do objeto. “O aluno usa-a, com sucesso”, sendo que ao dispositivo se pode, ainda, adaptar uma série de objetos usados nas artes plásticas, como pincéis ou marcadores, mas também no quotidiano, designadamente uma colher ou um garfo, o que demonstra a sua versatilidade. Desenvolvido em 2009, os jovens criadores do «Help Write» querem agora transformá-lo numa ferramenta acessível a todos. Para tal, o projeto concorre no âmbito do Empreendu - programa com vista ao desenvolvimento de ideias e projetos empreendedores - com a finalidade de produzir e comercializar a ferramenta melhorando o modelo. Atualmente, os alunos encontram-se a desenvolver o projeto, procurando parcerias e angariando fundos para o início de todo o processo. “Ajude-nos a ajudar” é o lema para o grande evento, a decorrer na escola a 10 de Abril, que irá integrar torneios desportivos, música, dança, teatro e uma Feira do Livro, cujas receitas irão reverter para a concretização do projeto «Help Write». Associação de Moradores de Contumil Renovação habitacional pretende angariar jovens para o local Os empréstimos contraídos pela Associação de Moradores de Contumil (AMC), para a construção das 62 casas que fazem parte dos seus blocos habitacionais, estão quase saldados na totalidade, aguardando-se a sua conclusão até 2013. O processo, elaborado entre 1976 e 1980, mas só concretizado em 1985, surgiu no âmbito do SAAL Norte, um programa que visou a extinção das barracas existentes

na cidade. A AMC, então constituída, recorreu ao Fundo de Fomento com o objectivo de construir cerca de seis dezenas de habitações que servissem os moradores daquela zona. Com alguma dificuldade, e entre vários percalços burocráticos, a AMC foi resistindo às adversidades, muito embora tenha lidado com situações algo difíceis como o facto de ter de terminar os arruamentos e mesmo algumas casas, entretanto abandonadas pelos construtores. “É com alguma dificuldade que se vai gerindo uma instituição deste género”, refere Rui Águeda, tesoureiro da AMC, lamentando o facto dos jovens não quererem fazer parte da direção. “Situações pontuais de falta de pagamento por parte dos moradores, também acontecem, mas temos de ter o bom senso para lidar com isso”, admite Filipe Oliveira, ex-presidente da direção. Os moradores que, através das prestações mensais, vão terminando os pagamentos ficam como usufrutuários das habitações. Quando uma casa fica vaga, e mediante o pagamento de uma renda determinada pela associação, os herdeiros legais do morador têm preferência para a ocupar, uma vez que estas não podem ser vendidas, pois são pertença da AMC. Os blocos habitacionais são constituídos por 62 moradias duplex que variam entre o T1 e o T4. “Estamos a trabalhar num projeto de climatização e colocação de telhados herméticos nas habitações”, o que também irá tornar as casas mais apetecíveis a futuros interessados. A AMC movimenta cerca de 120 mil euros/ano através das prestações dos moradores, sendo que a sua principal fonte de receita é a quotização dos sócios. Q 105


freguesias

175 anos

no concelho do Porto Em 2011, Lordelo olha para trás e conta, com carinho, os 175 anos da integração da freguesia no concelho do Porto. No entanto, apesar do clima de festa, há que centrar atenções nos problemas do presente, um deles o tráfico de droga em locais até agora isentos dessa problemática. Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Virgínia Ferreira/JF Lordelo

Este ano, Lordelo do Ouro está em clima de festa. Para assinalar os 175 anos da integração da freguesia no concelho do Porto, a Junta está a organi106

zar um conjunto de iniciativas que prometem mobilizar a população em torno da sua própria história. “Vamos ocupar o ano com atividades comemorativas. Algumas são regulares, mas vamos colocarlhes a chancela da comemoração dos 175 anos; outras serão iniciativas específicas”, revelou, à Viva, a presidente da Junta de Freguesia de Lordelo, Gabriela Queiroz. A programação ainda está a ser ultimada, mas confirmada está já a concretização de uma exposição especificamente dedicada à freguesia e organizada em articulação com as coletividades de Lordelo. “Estamos, neste momento, numa fase de recolha de elementos e, portanto, quem tiver algum objeto, fotografia ou outro elemento sobre a freguesia e a sua história, e quiser ceder-nos, nós agradecemos todos os contributos que nos possam chegar


lordelo do ouro para esse efeito”, apelou a responsável. Além da exposição, a sessão solene do aniversário está também a ser preparada ao pormenor e terá lugar no dia 26 de Novembro, uma vez que “essa é a data efetiva da efeméride da integração”. Rotas Verdes regressam em abril A descoberta da natureza é outros dos desafios lançados por Lordelo à população. No último sábado de cada mês, de abril a outubro, a partir das 14 horas, a freguesia retoma a iniciativa “Rotas Verdes”, que propõe um passeio por alguns dos espaços verdes da região. De acordo com Gabriela Queiroz, o jardim de Serralves, o Jardim Botânico e o Parque da Pasteleira são os locais escolhidos para mais uma edição desta aventura ao ar livre. “As pessoas podem inscrever-se através do site ou de um telefonema para a junta de freguesia”, salientou a presidente da junta. Atenção redobrada na Pasteleira e em Pinheiro Torres Na agenda de prioridades está também a luta contra o tráfico e o consumo de droga em alguns pontos específicos da freguesia. “Estamos preocupados com a duplicação de alguns fenómenos de tráfico de droga e de consumo a céu aberto em locais que tradicionalmente eram mais calmos”,

contou Gabriela Queiroz à Viva, referindo-se aos bairros da Pasteleira e Pinheiro Torres. “São locais que já estão a sofrer muito o impacto da futura demolição do Aleixo e, portanto, temos registado alguns fenómenos de transferência para zonas onde essa atividade não era tão intensa”, afirmou a presidente, garantindo estar a centrar todas as atenções nessa problemática. “Nós estamos atentos e temos sensibilizado as autoridades competentes, quer do ponto de vista administrativo - câmara, empresa municipal de habitação, pelouro do conhecimento e da coesão social – quer no que diz respeito ao governo civil”, garantiu. Gabriela Queiroz afirma ainda que esta tem sido “uma luta diária” da freguesia, que está totalmente empenhada em travar as atividades “antes que adquiram uma dimensão incontrolável”. Q

Teleassistência gratuita ainda disponível na freguesia Gabriela Queiroz aproveitou ainda para informar os cidadãos de que a junta continua disponível para a instalação do equipamento de teleassistência. “Não temos grande adesão e o serviço é gratuito. Nós é que fazemos o pagamento, quer da instalação, quer da manutenção do equipamento”, lembrou a responsável. De referir que a teleassistência é um serviço de combate ao isolamento dos idosos que funciona através de um botão que, quando pressionado pelo utente, em qualquer situação de emergência, aciona um telefonema para uma entidade que prestará a ajuda necessária. 107


freguesias

Melhoria na via pública O cruzamento de Marechal Saldanha com a Rua do Molhe estava, há muito, sinalizado como um dos pontos críticos da freguesia de Nevogilde, onde os acidentes rodoviários eram constantes. O local integrava uma listagem de locais problemáticos da Câmara Municipal do Porto, que procedeu, recentemente, a uma intervenção no perímetro. 108

Em Setembro de 2010, durante a “Semana da Mobilidade”, a Câmara do Porto apresentou um estudo que reuniu uma série de locais problemáticos relativamente à sinistralidade urbana. “Estes pontos têm em comum o facto de lá ocorrerem, com frequência, atropelamentos e outros acidentes rodoviários”, referiu Gonçalo Gonçalves, vereador do Urbanismo e Mobilidade da autarquia portuense. Para além do diagnóstico de identificação de todas as situações, que se estendem a vários pontos da cidade, o relatório propôs uma intervenção, melhoria e alteração, em cerca de 30 locais prioritários, de forma a minimizar a sinistralidade. Para a iden-


nevogilde

Texto: Marta Almeida Carvalho Fotos: Virgínia Ferreira / Ivo Pereira

tificação destes «pontos negros», a Câmara conta com a colaboração da PSP, que informa a autarquia de todos os acidentes que ocorrem na cidade. Pretensão antiga Um dos locais, assinalados no relatório, é o cruzamento da Rua Marechal Saldanha com a Rua do Molhe, na freguesia de Nevogilde. “Este foi o primeiro sítio a sofrer uma intervenção” salientou o vereador, acrescentando que durante os próximos meses ela se irá alargar a outras dezenas de locais assinalados como problemáticos. “Era um dos que exibia o maior número de situações de sinistros mas também o que apresentava as soluções mais simples ao nível da intervenção”, referiu. As soluções técnicas implementadas no local, de forma a minimizar os riscos, prenderam-se com obras de

alargamento dos passeios, reforço da pintura e nova sinalização. “Já há algum tempo que pretendíamos ver esta obra realizada, uma vez que este era o local mais problemático da freguesia” referiu João Luís Rozeira, presidente da Junta de Nevogilde. Q 109


freguesias

Um convívio empresarial O Hub Porto é um espaço de networking que promove o encontro entre pessoas ou empresas das mais diversas áreas num inovador conceito de empreendedorismo.

O conceito é inovador e resultou da necessidade de apresentar soluções aos empreendedores que recusam aceitar passivamente o desemprego. O primeiro espaço de co-work da cidade do Porto foi aberto em julho de 2009, pelas mãos da junta de freguesia de Paranhos, e, até ao momento, já conseguiu reunir cerca de 150 membros. Conhecido como Hub Porto, o edifício, localizado na Rua do Tâmega, na freguesia de Paranhos, funciona como “uma comunidade global, de pessoas de diferentes setores profissionais, sociais e culturais, que trabalham em áreas de inovação”. 110

De acordo com Alberto Machado, presidente da Junta de Freguesia, qualquer pessoa que trabalhe isolada, seja em casa ou no escritório, pode alugar o espaço e “partilhar ideias, sugestões, experiências e aprendizagens”. “O Hub é um espaço de ne-


paranhos massa crítica da cidade” emigre, devido à ausência de soluções para o futuro. Espaço com procura crescente

Texto: Mariana Albuquerque Fotos: Virgínia Ferreira

Desde a inauguração em julho de 2009, o Hub Porto contabilizou mais de 145 membros. No entanto, tal como contou Alberto Machado, o interesse na estrutura por parte do público continua a aumentar. “A procura crescente reflete-se não só em pessoas que querem aderir a esta nova forma de trabalhar, mas em empresas, associações, ONG’s [Organizações Não Governamentais], que, não sendo membros, também procuram os nossos espaços para a realização de atividades e eventos”, esclareceu. Apesar dos cerca de 150 membros que assinaram acordo de adesão ao Hub, o número de empreendedores que recorre ao espaço é superior. “Se tivermos em conta entidades e pessoas individuais que, com alguma regularidade, utilizam os recursos do Hub, nomeadamente salas, estamos a falar de um universo de 230 pessoas”, apontou o responsável do espaço. Despertar sinergias entre os membros

tworking, para todos aqueles que pretendem alargar a sua rede de conhecimento”, explicou à Viva, garantindo que os interessados têm à sua disposição “o bem estar de um clube, a inovação de uma agência e as condições de um escritório equipado, num ambiente inspirador”. Segundo Alberto Machado, o Hub nasceu da própria conjuntura socioeconómica verificada na cidade. Face ao aumento do desemprego, a junta de Paranhos decidiu “criar condições alternativas às soluções convencionais para apoiar pessoas empreendedoras, com capacidade de criar e pensar de forma diferente e inovadora”. Em declarações à Viva, o responsável esclareceu ainda que, através do Hub Porto, é possível dar início a projetos de vida, alavancar iniciativas, num espaço físico com acesso a recursos técnicos e apoios institucionais” e onde se pode beneficiar de uma rede virtual “com cerca de 8000 membros do Hub espalhados em cidades de todo o mundo”. Esta é, para Alberto Machado, uma forma de evitar que “a

As portas do Hub Porto estão abertas a todas as áreas profissionais. Aliás, tal como afirmou Alberto Machado, “quanto maior a diversidade de áreas, maiores serão as sinergias que se podem criar” e, consequentemente, maiores os benefícios para todos os membros. Ainda assim, os setores da comunicação, do design e do marketing são os que mais se destacam no acesso à “incubadora de empresas”. “Há algumas áreas que se destacam, desde logo, pelas características das condições de trabalho que lhes estão associadas e que não obrigam a que as pessoas tenham de trabalhar num lugar específico. Destacamos áreas como Web design e design gráfico, produção de software, marketing empresarial, comunicação, consultoria de gestão e promoção de desenvolvimento pessoal”, enumerou o presidente da Junta de Paranhos. Alberto Machado garantiu ainda que o balanço do funcionamento do espaço é “muito positivo”, aspeto comprovado pelas parcerias estabelecidas entre os diferentes membros. Q 111


passatempos

Sopa de letras Sopa de letras

Encontre no quadro da esquerda os seguintes protagonistas da VIVA: Misia Merche Julio Magalhães Judite de Sousa Manoel de Oliveira Vitor Baía Benedita Pereira Mário Claudio

Siza Vieira Rui Rio Tiago Monteiro José Mourinho Elisa Ferreira Armanda Passos Sobrinho Simões Julio Resende

Anedotas Porquê Um sujeito pergunta a outro: - O que é que quer dizer “pourquoi”? - Porquê. - Por nada, só para saber... Na pastelaria A loira entra na pastelaria e diz: - Tem bolos? - Acabaram agora mesmo de sair! - Oh, que pena... E não sabe quando voltam? Euromilhões Um homem entra em casa a correr e grita para a mulher: - Maria! Ganhei o euromilhões! Faz as malas! - Ai que bom! Levo roupa quente ou fria? - Leva tudo! Vais para casa da tua mãe! Memória O homem diz ao médico: - Doutor, será que estou a perder a memória? - Ouça, já lhe respondi a essa pergunta ontem. 112

Na escola Diz o miúdo à professora: - “Não quero alarmá-la, mas o meu pai diz que se as minhas notas não melhorarem, alguém vai levar uma sova!” Uma questão de idade Um tigre e um ouriço têm três anos cada. Qual deles é o mais velho? O ouriço, porque tem três anos e picos. Distração - Ó Mãe, ó Mãe! Lá na escola estão-me sempre a chamar distraído! - Oh, meu querido, mas eu não sou tua Mãe...


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crónica e as cidades

O Porto que se faz na ciência

O Porto precisava há décadas de uma universidade capaz de lhe dar ânimo para deixar de ser um pólo exportador baseado nas indústrias tradicionais e se converter numa economia mais próxima dos países desenvolvidos. Hoje, o Porto tem-na. Quem fizer uma curta viagem no tempo, reparará que não tem de recuar muito mais do que dez anos para encontrar uma universidade parda, ensimesmada nas suas rotinas, escondida no seu casulo, indiferente à realidade que a rodeava. Havia, claro que havia, pólos de excelência internacional entre os seus

muros; mas nada no perfil institucional do Porto refletia a existência de uma grande universidade e ainda menos um contributo para a comunidade local e para o país. Nos dias que correm, já não são apenas as criações de personalidades geniais e singulares que estão na origem de institutos como o IPATIMUP ou o IBMC a merecer destaque. O INESC refez-se num laço com a economia real, Engenharia é um dos principais centros de excelência nacionais, Economia recupera parte da aura perdida e Arquitetura mantem-se firme na defesa dos seus pergaminhos. Mas se o desempenho das suas dependências é encorajador, a universidade como um todo dedicou-se a recuperar património, a promover o nascimento de empresas, a colocar-se ao lado das existentes para as ajudar a encontrar respostas a mercados mais abertos e, por consequência, mais competitivos. Podemos suspeitar que, em muitos casos, o perfil económico, social e cultural da cidade não tem capacidade de acolher o desempenho de uma universidade dinâmica como a do Porto. Sabemos que boa parte dos seus formandos tem de encontrar outras paragens para poder aplicar o que aqui aprendeu. Mas entre o que a universidade exporta e o que consegue injetar no tecido da cidade e da região, há-de haver margem para mais-valias. Nestes processos de transformação e desenvolvimento, nem sempre o caminho se faz em linha reta. Mas o que importa mesmo é haver uma direção e a Universidade do Porto (ou, em outras dimensões, a Católica) parece estar aí para a indicar. Manuel Carvalho, jornalista e diretor-adjunto do jornal “Público”

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