Journal UseFashion - Outubro 2009

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ANO 6 • nº 69 • outubro 2009 • Edição Brasileira

moda profissional

reportagem

O estilo de vida que virou moda | pág. 44

ISSN 1808-6829

Presente, passado e futuro das gravatas | pág. 22 Personagens masculinos que marcaram época | pág. 30 Softwares de gestão para moda | pág. 56 Coleções Resort | pág. 64

R$20,00




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nesta edição fotos capa: UseFashion

Capa: Prancha na areia da praia, T-shirt com estampa full e pinceladas em cores vibrantes. Mais surfwear impossível!

na capa

gente

22 Acessórios

08 é moda

Gravatas se renovam e permanecem como símbolo do masculino.

Looks comentados de Düsseldorf e Londres. 10 paparazzi

30 MASCULINO

Elegância despojada de celebridades e modelos no Hair Fashion Show.

Personagens que mudaram o comportamento e jeito de vestir de uma geração.

54 pERFIL

56 Negócios

Softwares de gestão de moda. Veja como eles podem melhorar sua empresa.

John Casablancas em busca da nova top mundial.

22

59 Estilo

64 EDITORIAL DE MODA

A cantora Fernanda Takai, vocalista da banda Pato Fu, também com carreira solo, revela seu estilo em 5 imagens.

Coleções Resort e o melhor do alto verão dos mais sofisticados balneários do mundo.

moda

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12 VESTUÁRIO

A moda dos hermanos. 18 Calçados

Construção meia-pata chega para viabilizar saltos estratosféricos 20 Bolsas

Metais são tendência em diferentes formatos, banhos, desenhos. 26 radar internacional

Azul e roxo. 64

28 radar nacional

Técno Déco: exuberância de verão e luxo versátil.

curtas 06 Portal usefashion.com

Tendências dos desfiles das semanas de moda feminina do verão 2011 e a segunda etapa do Preview de megatendências para a mesma temporada. Abordando agora, comportamento de consumo. 07 dicas da redação

Frases ilustradas de Ceó Pontual, 35 anos da Hello Kitty em exposição na Califórnia, o livro ‘100 of Years for Meanswear’. 38 acontece

Eclat de Mode e Mode City. 60 Campus

Vencedores do 6º prêmio Abimóvel, Programa de trainess C&A, Salão Design Móvel Sul 2010, Curso por Jum Nakao. 78 MEMÓRIA 18

40 anos da Comme des Garçons


expediente visual merchandising

Diretor-Presidente Jorge Faccioni Diretora Alessandra Faccioni Diretora de RH Patrícia Santos Diretor de Redação Thomas Hartmann Diretora de Pesquisa Patrícia Souza Rodrigues

40 visual de loja

Conexão Nova York. Vitrines temáticas, fachadas, manequins, expositores. Quais as apostas dos lojistas da Big Apple.

design

Núcleo de Pesquisa e Comunicação

50 design

Splash, metais premiados, tênis origâmi, composition chair, o guardanapo com estampa de gravata, cadeiras forradas em tricô. 40

opinião 52 cultura

A moda e a política. Por Eduardo Motta. 50

62 opinião

Até que enfim. Por Álvaro Arthur de Castro.

ao leitor A reportagem de capa desta edição mostra um estilo de vida que virou moda mundo afora, o surfwear. Ligado à natureza, ao esporte, à cultura urbana, a uma vida saudável e às novas tecnologias. Nesta matéria, abordamos a origem da moda surfwear no Brasil, conversamos com os criadores de algumas grifes importantes no cenário fashion mundial e chegamos à Florida, para a maior e mais importante feira do setor: a Surf Expo. Em seguida, desembarcamos em Seignosse, no litoral da França, para a Surfing Art by Shapers. Uma exposição de pranchas que mostra o trabalho dos shapers que tanto inspiram a moda. Depois, vamos para as areias quentes da Califórnia, para uma etapa do campeonato mundial de surf, o WCT. Sol, gente estilosa, encontro de tribos e show dos atletas na água. Mais surfwear impossível! Mantendo o clima de praia, o Editorial de Moda traz os pontos altos das coleções Resort. Todo estilo dos mais sofisticados balneários do mundo traduzido em peças supercomerciais. Fonte certa para as coleções do verão no hemisfério sul. Em Masculino, voltamos um pouco no tempo para rever personagens do cinema e da televisão que se destacaram pelo figurino. No cinema, encontramos alguns que marcaram época e influenciaram o comportamento e o modo de vestir de uma geração. Nas novelas, personagens com primoroso trabalho de figurino, muitas vezes inspirado na sétima arte. Abordamos como acontece esta influência da ficção no mundo

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Editora-Chefe Journal Inêz Gularte (Mtb 7.775) Edição de Moda Eduardo Motta (consultoria) Redação Aline Ebert (Mtb 13.687), Fernanda Maciel (Mtb 13.399), Eduardo Pedroso e Juliana Wecki (assistentes) Projeto Gráfico Ingrid Scherdien Produção de Arte Ingrid Scherdien (design gráfico), Francine Virote (tratamento de imagens), Carine Hattge (revisão de imagens), Jucéli Silva e Vanessa Machado (web design) Equipe de Pesquisa Nájua Saleh (assessora de pesquisa de moda), Kamila Hugentobler (assistente de pesquisa), Aline Kämpgen (assistente de coordenação de imagens), Aline Romero, Daiane Padilha, Francine Virote, Juliana Geisel, Nícolas Samuel Gehlen e Thaís de Oliveira (classificação e tratamento de imagens), Vanessa Faccioni (visual de loja) Consultores Angela Aronne (malharia retilínea, underwear e beachwear), Daniel Bender (inovação), Eduardo Motta (calçados e bolsas), Fernanda Geyer Ehlers (surfwear), Juliana Zanettini (jeanswear), Paula Visoná (malharia circular e vestuário masculino) e Renata Spiller (infantil) Colaborou nesta edição Álvaro Arthur de Castro

UseFashion Journal (ISSN 1808-6829) é uma publicação mensal do Sistema UseFashion de Informações

real, alguns trajes e personagens célebres, e publicamos o depoimento do respeitado crítico de cinema Rubens Ewald Filho sobre o assunto. Seguindo na moda masculina, em Acessórios, resgatamos como a gravata surgiu. Como algumas marcas nacionais estão trabalhando suas coleções, as novidades das passarelas de Milão e Paris, para as próximas temporadas, e um passo a passo sobre a confecção das gravatas da Ermenegildo Zegna. Acompanhe cada detalhe do primoroso trabalho da grife de luxo especializada em moda masculina. Em Negócios, veja como os softwares de gestão de moda podem tornar as empresas do setor mais eficientes. Em Estilo, o depoimento da cantora Fernanda Takai, da banda Pato Fu. Em Infantil, bebês estilosos dão o tom da nova moda. Filhos de uma geração ligada à musica, à arte, eles vestem marcas mais despojadas, que fogem do tradicional. Também trazemos o diário de duas viagens de pesquisa: o primeiro, em Vestuário, aponta o que de mais interessante está acontecendo em Buenos Aires. O segundo, em Visual de Loja, traz o que há de mais interessante para merchandisers em Nova York.

Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: Midia Gráfica - RBS Vários dos conteúdos que abordamos nesta edição podem ser complementados no portal usefashion.com. Alguns são de acesso exclusivo para assinantes do portal. Ligue 0800 603 9000 e veja como acessar. Os textos dos colunistas e colaboradores são de responsabilidade dos mesmos e não representam necessariamente a opinião da empresa. Todos os produtos citados nesta edição são resultado de uma seleção jornalística e de consultoria especializada, sem nenhum caráter publicitário. Todas as matérias desta edição são de responsabilidade do Núcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização por escrito do Sistema UseFashion de Informações.

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Tudo isso e muito mais no UseFashion Journal de outubro. Boa leitura e ótimos negócios!

Jorge Faccioni Diretor-Presidente

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por tal u se fa s hion .com co n t e ú d o pa r a a ss i n a n t e s

foto: © Agência Fotosite

Comportamento de consumo Mais sobre o Verão 2011 A segunda etapa do Preview de verão 2011 traz um dossiê sobre novos comportamentos de consumo e aborda também as estratégias da indústria de varejo, com indicações de linhas de produtos, que vão nortear as coleções da temporada.

Acesse www.usefashion.com e confira. fotos: reprodução

Direto das passarelas

Traz uma análise sobre o cenário sócio-econômico mundial, as mudanças de hábitos de consumo e de valores, além dos novos conceitos e filosofias de varejo que vão surgir para atender esse novo panorama.

As tendências de Nova York, Londres, Milão e Paris Se você ainda não conseguiu pesquisar todos os desfiles que agitaram o mundo fashion, entre setembro e outubro, com os lançamentos da moda feminina, não se preocupe. O melhor das passarelas internacionais para o verão 2011 está no portal UseFashion. Nossa equipe já reuniu tudo que você precisa saber sobre a temporada internacional.

DKNY | Nova York | verão 2011

Acompanhe as Tendências dos Desfiles, de cada uma das semanas de moda, acessando o portal. Fique por dentro das propostas que devem nortear os lançamentos mundiais em todos os segmentos: calçados, bolsas, acessórios, vestuário, malharia circular, malharia retilínea e jeans.

Obra do artista Adrien Donot

Obra do artista Levi van Veluw

UseFashion nas redes sociais fotos: reprodução

Antenada nas últimas tecnologias que ajudam a ampliar seus contatos, a UseFashion criou seu espaço no Twitter (postagens rápidas que chamam Notícias) e também Flickr (fotos-legenda de eventos, campanhas, desfiles...). Os endereços são www.twitter.com/usefashion e www.flickr.com/usefashion

outubro

calendário

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dicas

da redação

foto: divulgação

FRASES ILUSTRADAS Murais, caderninhos, blogs e diversos outros meios são utilizados para que frases interessantes possam ser divulgadas. E que tal se essas frases fossem acompanhadas de belas ilustrações? É o que faz o diretor de arte e ilustrador Ceó Pontual, de Recife. Além de desenvolver ilustrações para agências e outras empresas, possui um blog pessoal no qual publica, quase diariamente, ilustrações inspiradas em frases com o resumo sobre o autor de cada uma delas. Vale a pena conferir as frases ilustradas em frasesilustradas.wordpress.com

HELLO KITTY EM EXPOSIÇÃO

foto: divulgação

FASHION ILLUSTRATOR Lançado no dia 16 de setembro, o livro “100 Years of Menswear” (“100 Anos de Moda Masculina”), do pesquisador de moda Cally Blackman, traz 347 fotografias raras e ilustrações comentadas, retratando a trajetória dos homens pelo mundo da moda durante o último século. Inserções do modo de vestir masculino no guardaroupa das mulheres, a influência da mídia e dos homossexuais no vestuário, peças-chave e suas inúmeras releituras, e as relações entre os principais movimentos e tendências são analisados ao longo da obra. Tenha mais informações no site da editora: www.laurenceking.com

foto: divulgação

Em comemoração aos 35 anos da famosa gatinha japonesa, Hello Kitty, a empresa detentora da marca vai realizar uma exposição exclusiva com a retrospectiva da personagem. Intitulada “Three Apples”, ocorrerá na galeria Royal/T, na Califórnia, de 23 de outubro a 15 de novembro. Acesse o site www.royal-t.org


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A trança complementa o visual final com delicadeza.

Pulseiras com banho dourado e pingentes simbólicos acrescentam feminilidade.

Atente para a tonalidade das unhas, combinando com a alça da bolsa. O vermelho quebra a sobriedade do look.

Linha retrô na produção. Tons sóbrios e neutros deixam o look clássico e elegante para o verão europeu. Contradição no uso de iPod, definindo uma busca pelo antigo, aliado à tecnologia atual.

Em destaque com a meia, sapatilha branca combina com o colarinho da camisa à mostra. O modelo lembra um mocassim pelo formato e atacador. A meia até o joelho lembra uniforme de colégio, e a sintonia é com a blusa.

Saia de cintura alta e abotoamento duplo é o grande destaque da produção, por sua modelagem A e transpasse. Alonga a silhueta, ao mesmo tempo que sugere elegância.


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Item de estilo, a mantinha é discreta e acrescenta charme ao look.

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As cores se resumem em tons fechados e, assim como no look feminino ao lado, o vermelho se destaca na produção, dando mais vida ao visual.

Terno aliado ao jeans e à T-shirt, tornase casual, quebrando paradigmas de sofisticação extrema da peça.

T-shirt curta deixa o cinto à mostra, agregando mais valor ao acessório.

Tênis casuais no estilo converse são os mais indicados, pois se adaptam melhor a este tipo de barra.

Barra dobrada é despojada e febre nas passarelas masculinas internacionais, para o verão 2011. Outro item forte é o jeans bruto. Aposte!


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p ap ara z zi

Elegância Descomprometida fotos: divulgação

Por Paula Visoná

As modelos ante

s do desfile de

Wanderley Nun es

stido d o n os b a Ana Furta

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Os penteados performáticos, com forte apelo retrô, serviram como plataforma de criatividade para os envolvidos na produção do Hair Fashion Show. Essa tendência segue firme e vem acompanhada por uma aura de elegância, evidenciada pela maquiagem também marcadamente vintage, demonstrando que esse pressuposto ainda rende bons resultados, não apenas para o vestuário. Casual, Alice Braga prestigiou o evento em um look composto por T-shirt branca ampla, em malha fluída, e calça preta em modelagem precisa, demonstrando que sua interpretação da elegância se traduz em peças confortáveis e versáteis.

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Ana Furtado escolheu um tradicional trench-coat preto. O modelo, em tecido de superfície acetinada e com efeito amassado, converge para a elegância descomprometida. Nesse sentido, fica a ideia de aliar dicotomias: o clássico trench-coat, ao apresentar superfície amassada, renova-se.

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fotos: BAF/divulgação

Estamparia, cor e boa modelagem: Mariana Dappiano

Layers em delicadas composições de cor: Cecilia Gadea

Roupas montadas em plena passarela: Tramando

A moda dos hermanos Um painel da vibrante moda argentina capturada na BAF, na Luxury Week, e no diseño dos autores dos circuitos urbanos de Buenos Aires por Eduardo Motta

A semana oficial de moda A BAF, Semana de Moda de Buenos Aires, é um evento relativamente grande, acumula algumas edições. A semana conta com patrocinadores fortes, e estavam lá as brasileiras Tam e Natura. Para boa parte dos argentinos, existe uma distinção clara entre o que é moda de autor e moda massiva, e os organizadores buscam um maior equilíbrio entre as duas forças. Entre os bons estilistas em atividade na Argentina, e que desfilam na BAF, está Mariana Dappiano. Ela apresentou

coleção bem formatada, com particular interesse pela estamparia e indiscutível sensibilidade para lidar com os diferentes pesos dos materiais. Ela também exerce um controle maduro sobre a junção de estampas e cores dissonantes. Cecilia Gadea é outra designer com estilo marcante, desdobrando vestidos em camadas de tecidos vazados a laser. A Tramando, do aclamado Martin Churba, e é uma das prediletas dos argentinos. O estilista

revisita padrões da tecelagem popular e sempre apresenta ideias inovadoras, como no último desfile, em que levou uma equipe de trabalho para a passarela e montou roupas ao vivo. Em geral, a BAF mantém a casa cheia, com sala de desfiles bem aparelhada e algumas boas coleções. O fato dela ainda mirar excessivamente no público local, e não nas lentes e opiniões que irão multiplicá-la mundo afora, é o que compromete boa parte da sua potência.


ves t uário

po n to d e v i s ta

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foto: Mariano Toledo/divulgação

fotos: UseFashion

A roupa singular e arquitetônica de Min Agostini

Luxury Week A BAF está longe de ser uma unanimidade e de aglutinar toda a produção argentina. Um grupo forte de autores apresenta coleções na Buenos Aires Luxury Week (alguns estavam no line up da BAF). A poderosa IMG, que faz as semanas de moda de Nova York, Milão e Paris, tem participação na iniciativa, o que explica, em parte, a presença de um núcleo de diseño da Argentina no Bryant Park, na recentíssima Mercedes-Benz Fashion Week. A outra parte da explicação fica por conta do real talento destes criadores. Na Luxury Week, entre outros, estavam o consistente Mariano Toledo, a refinada Min Agostini, e os surpreendentes Hermanos Estebecorena, que fazem apenas roupa masculina. A estilista Min Agostini

Look verão 2010, em couro, de Mariano Toledo, na Luxury Week


ve s t uรกrio

po n to d e v i s ta

fotos: UseFashion

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Estilista Paulo Ramirez

A loja de Paulo Ramirez no bairro San Telmo

Estilista Dorina Dovima

Look versรกtil Dorina Dovima


foto: UseFashion

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Os circuitos urbanos da moda Argentina O velho bairro San Telmo, para alguns a melhor tradução de Buenos Aires, a sofisticada e turística Recoleta e o fervilhante Palermo, abrigam o que se convencionou chamar de circuitos da moda. Existem outros, mas estes são os mais fortes, os da criação e inventividade, e integram um conjunto de expressões urbanas que a cidade sabe explorar como parte da sua identidade. San Telmo Em San Telmo está o Paulo Ramirez, estilista que sustenta estilo entre o dark e sofisticado e faz coleções sóbrias e bem executadas, em preto total. O branco é o da camisaria e, como ele diz, é apenas um acessório, um contraponto. Paulo está chegando de uma apresentação bem-sucedida em Berlim e tem público fiel. Próximo dali, em um velho prédio do começo do século XIX, fica o atelier da Benedict Bis, marca comandada por duas irmãs. O forte delas é a estamparia folk, aplicada quase que somente em vestidos de algodão, e elas desenham praticamente todas as estampas que usam. Ainda em San Telmo, a loja Puntos en el Espacio reúne a produção de 50 estilistas, expostos em corners separados, e os números dão a medida da efervescência neste circuito. Recoleta

foto: Tramando/divulgação

Detalhe da vitrine da Tramando

Na Recoleta, fica uma das lojas da arquiteta de formação Min Agostini. No gosto pelos plissados e pela construção, o trabalho dela filia-se ao do italiano Roberto Capucci e ao do japonês Issey Miyake. O vocabulário enxuto, o domínio técnico e a inegável beleza das formas que ela obtém com os tecidos lhe garantiram a apresentação em Nova York. A Tramando é loja e marca bem constituída, tocada pelo Churba dissidente da dupla Trosman e Churba, que já desfilou na SPFW. Tem excelente reputação e a roupa justifica. O domínio exclusivo de algumas técnicas, como a impressão sobre tecidos, garante a singularidade da produção. A Cosecha é marca que explora a sustentabilidade e tem algo de pitoresco, confeccionando toda a coleção com sobras de material da indústria de meias femininas. Palermo A Dorina Vidoni atende a um público sofisticado, com modelagem solta do corpo e materiais de qualidade: gazar de seda, viscose com lycra, voil de seda indiano e shantung. Faz um folk elegante e diluído, de apelo internacional, em que a referência original é só uma memória rápida, imersa no estilo confortável e cool. Mariano Toledo é um estilista de discurso e estilo consistentes. Faz roupa urbana, jovem, com excelente domínio técnico, e equilibra-se muito bem entre experimentação e roupa comercial. É um dos nomes mais fortes da produção argentina, com bom trânsito internacional. Os Hermanos Estebecorena proporcionam uma experiência surpreendente e de qualidade. Não se preocupam com modismos e aperfeiçoam modelos estação após estação. Trabalham exclusivamente com o masculino e esbanjam apuro técnico na hora de dar soluções a uma roupa que classificam como voltada para resolver problemas de funcionalidade e performance. Também em Palermo, e dentro da linha de pegada artesanal, que tem boa receptividade no mercado argentino, ficam a Araceli Pourcel e a Juana de Arco.

Look da campanha publicitária da Tramando


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ve s t uário

po n to d e v i s ta fotos: UseFashion

Jaqueta de couro: Mariano Toledo

Alejo, um dos Hermanos Estebecorena

O diseño de autor Embora algumas marcas grandes da Argentina, das quais a Rapsódia é um bom exemplo, desfrutem de popularidade e sejam considerados os seus altos volumes de negócio, elas não encabeçam a lista do que muitos argentinos consideram com orgulho como diseño de autor. A crise que devastou a economia do país em 2001 foi um divisor de águas no processo de sedimentação destes conceitos. Na época, como muitos estilistas ficaram sem trabalho, dispensados das grandes marcas, ou simplesmente sem condições de tocar as próprias, alguns foram vender nas feiras de rua, que eram bem importantes na cultura urbana da capital. Era fundamental para este grupo afirmar quem eles eram e delimitar uma identidade. A questão da autoria, da assinatura, foi o caminho para demarcar território, não se confundir com o artesão e exibir algum status em relação à moda industrial. Há de se considerar uma solidez na formação cultural da sociedade argentina em relação à ideia de design, para se entender a existência dessa divisão bem formatada. Mas ela também é resultado de outros fatores, entre eles não há como não detectar a presença de um pensamento acadêmico, acionado há muitos anos e em grande parte pela Susana Saulquin, professora da UBA (Universidade de Buenos Aires), pensadora, escritora e mentora dos trabalhos de tendência do INTI (Instituto Nacional de Tecnologia Industrial), que atende à indústria da moda por lá. Sem fins lucrativos, a Fundação Pro Tejer também faz um importante trabalho de suporte à moda argentina, com verba de associados da iniciativa privada. A presença do folk não é definidora, mas é um dado com alguma abrangência e estabilidade na produção argentina, que busca valorizar a artesania. No momento, para as coleções de verão, é nele que boa parte das marcas, massivas ou não, também apostam.

Detalhe da loja dos Hermanos Estebecorena: resultado da reforma de uma antiga padaria



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c alç ado s

foto: UseFashion

Sem tropeços Construção meia-pata dá sinal verde para os saltos estratosféricos por Inêz Gularte Consultoria: Eduardo Motta

A moda de saltos altíssimos não é novidade. Já está nas vitrines do verão 2010, continua para o inverno do ano que vem e, ao que tudo indica, segue por mais algumas temporadas. Entretanto, o que vem chamando a atenção nestes modelos é um recurso técnico de construção que está, de certa forma, tornando mais comerciais estes modelos com saltos extremos. É a meia-pata. “A característica principal da construção meia-pata é o uso de uma plataforma parcial, na região da planta do pé, para viabilizar o uso de saltos excessivamente altos”.

Vitrine Topshop em Londres

A explicação é de César Metz, especialista, professor de Modelagem em Calçados da Feevale/RS. “Por exemplo, se for usado salto de 15cm e uma meia-pata com 6cm, o salto, para percepção do usuário, será de aproximadamente 9cm”. O professor afirma que mais que conceder estabilidade ao calçado, a meia-pata vem para viabilizar o modelo. “O uso de saltos excessivamente altos compromete a saúde dos pés causando deformações como encurtamento de tendão, entre outros. Além, de exposição ao risco de acidentes como torções”.

foto: divulgação

Metz destaca que a construção exige alguns cuidados técnicos. “Como há limitação do movimento em função de ser usado, via de regra, material rígido para a meia-pata, a responsabilidade em oferecer um calçado com conforto e segurança é maior do que em uma construção simples”. Ele afirma que é importante que o material usado ajude na absorção de impacto, uma vez que praticamente todo peso do corpo estará deslocado para a planta do pé. “E que permita uma boa solução em colagem, facilitando o uso de capas e solados diversos”.

Construção meia-pata desenvolvida pela Sandense

O EVA é o material mais usado, pela leveza e facilidade de processamento, de acordo com Oscar Sauto Neto, do departamento de vendas da Sandense – Indústria de Injetados. “Mas também estamos produzindo muito em ABS, PS, TR, TPR e PVC expandido”. Ele confirma que a procura por meias-patas está intensa. “As temporadas anteriores foram de construções rasteiras. Mas hoje vemos que as tendências apontam para construções mais altas, em que são necessárias meias-patas ou plataformas inteiras”. Quanto ao custo final do modelo, a necessidade de fazer matriz para a plataforma na planta e o próprio salto mais alto encarece um pouco a produção. “Alguns clientes têm coordenado a meia-pata de acordo com o salto, ou seja, fazendo somente quatro tamanhos. Mas a maioria, em que a qualidade do produto se sobrepõe ao custo, tem feito numeração completa”, conta Oscar. Segundo ele a percepção de valor da cliente é evidente, fazendo com que o investimento valha a pena, uma vez que a moda aponta este modelo como tendência. “Não temos a menor dúvida que ele permanece para o inverno 2010”. Walter Rodrigues, estilista e coordenador do Núcleo de Design da Assintecal by Brasil, diz que a meia-pata é um subsídio para que os designers possam investir na criação, sem deixar de lado o conforto. Ele comenta que não seria comercialmente viável criar modelos com saltos tão altos sem a presença desta meia-plataforma para diminuir o impacto. É fato que poucas mulheres se atreveriam a usar estes modelos altíssimos, não fossem estas mágicas plataformas na planta do pé. “Além dos saltos estratosféricos, as construções estão com foco muito grande na diferenciação, com solas esculpidas, com relevos, etc. Há uma grande inovação na área de matrizes”.


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Marni | Milão

fotos © Agência Fotosite

Gucci | Milão

Gianfranco Ferré | Milão

fotos: UseFashion

Vitrine Office Shoes em Londres

Vitrine Fendi em Londres


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bol s a s

Estilo de peso Essência metal/rock Por NÁJUA SALEH

fotos: © Agência Fotosite (desfile e still), reprodução (revistas), UseFashion (vitrines e uso nas ruas)

Esferas e quadrados achatados, altos ou pirâmides, adornam bolsas, preferencialmente de couro. Algumas aparecem com o mesmo tipo de metal por toda a parte. Outras criam um mix de formatos e relevos, que podem vir em vários banhos. Além disso, buttons, símbolos, placas metálicas e rebites são detalhes que denotam o mesmo conceito.

Vitrine Miu Miu, no mê

Capa Revista Sportswe

s de julho, em Paris

ar de agosto

Editorial Elle/USA de set

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inverno 2010 Campanha Miu Miu de

Mistura de banhos Capa de revista, editorial, campanha e vitrine seduzem com diversas peças compostas por metais em dois banhos ou mais, tais como: prateados, níqueis, grafites e dourados. Adornam bolsas e acessórios, quebrando o tradicional gosto por apenas um tipo de banho. A mistura confere, ainda, metais brilhosos e foscos.


Uso nas Ruas em Frankf

urt no mês de junho

Vitrine Stradivarius, em

Roberto Cavalli | Milão

Barcelona, no mês de ag

| inverno 2010

Uso nas Ruas em Düsse

ldorf no mês de junho

Preenchimento de metais Banhos prateados, incluindo grafite e níquel, ainda são os preferidos das marcas quando se trata de aplicar metais. A essência metal/rock impera nestes modelos, ainda mais quando são pirâmides, remetendo aos punks. Eles vêm em linhas retas ou curvelíneas, sincronizando com o formato da bolsa. Em outros exemplos, formam desenhos, como o da caveira, nas ruas de Düsseldorf. Já Roberto Cavalli brinca com tamanhos e formatos no corpo da bolsa na sua coleção para o inverno 2010.

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aces sórios

foto: UseFashion

Um toque de estilo na tradição Gravatas se renovam e se mantêm como símbolos masculinos Ascot | Pitti Uomo

por Inêz Gularte Consultoria: renata Spiller

Elas surgiram como peças funcionais, com o objetivo de proteger a região do pescoço do sol, enxugar o suor, estancar o sangue, limpar a boca. Hoje, têm a função prática de esconder a fileira de botões da camisa. Mas se transformaram em bem mais que isso e, segundo especialistas, devem permanecer no guarda-roupa masculino por muito tempo. Há quem aposte, inclusive, que elas jamais vão desaparecer. Ideais para ocasiões que exigem certa formalidade, as gravatas remontam à antiguidade e, desde sempre, estiveram relacionadas ao símbolo de poder masculino. Os primeiros registros da peça aparecem nas esculturas em relevo da coluna de Trajano em Roma. No monumento, soldados usam o que seria um dos primórdios da gravata, os foulards, ou focales romanos, lenços curtinhos amarrados com um pequeno nó. Também no século III d.C., os lenços estavam presentes nos soldados esculpidos em terracota, do exército do imperador chinês Qin Shi Huangdi, descobertos em 1974 por arqueólogos. Mas foi durante o século XVII que a gravata começou a ser usada em larga escala. A Guerra dos Trinta Anos, que devastou a Europa, foi decisiva neste caso. Soldados croatas, a serviço do exército francês, em 1618, usavam um lenço no pescoço que ficou conhecido como “cravate”, derivação da palavra “croates”. O tipo de tecido diferenciava os oficiais, sendo a seda, de uso exclusivo dos mais graduados. Os lenços logo foram imitados pelos soldados franceses. E, a aristocracia, mesmo acabada a guerra, também

aderiu ao acessório, com o intuito de se parecer com seus guerreiros. Até Luis XIV gostou da novidade. Desde então, o uso da gravata virou moda na Europa, ajudando a proteger o pescoço do frio, e se espalhou por outros continentes com a expansão marítima. No início do século XIX, o inglês Bryan Brummel, criador do estilo dândi, começou a usar nós sofisticados nos lenços, que caíram no gosto dos mais abastados. Entretanto, o formato mais próximo do que conhecemos hoje, segundo Miti Shitara, professora de História da Moda da Faculdade Santa Marcelina, de São Paulo, começou a ser usado no finalzinho do século XIX. “Era uma fita mais fina com um anel”, disse ela em entrevista ao G1. Daí teriam se originado os modelos atuais. Símbolo de poder masculino Pesquisa realizada pelo Instituto de Estudos de Marketing Industrial aponta o Brasil como maior consumidor de gravatas no mundo, com 18 milhões de unidades vendidas em 2008. Desde 2006, o país vem superando a Alemanha, que durante dez anos manteve a liderança do ranking com 20 milhões de peças. Odiada por uns, amada por outros, o fato é que a gravata é peça-chave do guarda-roupa masculino e por isso, tão indispensável. Em seu livro Elegância, Fernando de Barros, que foi durante anos editor de moda da revista Playboy, afirmou que ‘a função maior da gravata é conferir personalidade a quem a usa’. Ele cita Umberto Eco,

em Psicologia do vestir, que ressaltou a importância poética e a função de expressão visual e de forma de liberdade que a gravata representa no mundo moderno. Fernando diz que ‘é na gravata que o homem pode exercer sua criatividade e dar um toque pessoal até mesmo ao seu tradicionalíssimo terno azul-marinho’. Carol Garcia, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, explica que, quando um homem coloca uma gravata, o intuito é produzir uma associação estética que resulte em uma determinada aparência. “Através do discurso dessa aparência, as significações fluem e compõem uma visão de mundo”. Ela ainda relaciona à peça a sua origem de expressão de força, bravura e poder masculino. “Evidentemente, a linha vertical gerada pela gravata faz o percurso do olhar concentrar-se entre o rosto, que identifica o indivíduo socialmente, e a própria genitália, que assegura sua virilidade, com forte conotação em termos de linguagem, na associação que conduz como flecha, o olhar em direção ao pênis”. Como exemplo desta relação do acessório com o poder masculino ela lembra um filme. “Pessoalmente, me encanta o uso proposto para o personagem Michael Douglas no filme The Game. Ele é um executivo de Wall Street que, toda vez que as ações sob sua responsabilidade entram em baixa, vira a gravata para trás, apoiando-a no ombro. Nesse caso, a gravata que ajudava a compor uma figura austera, uma vez deslocada, torna-se o elemento que indica uma eventual queda social ou a erupção de pensamentos sombrios”.


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Brooksfield

O que está na moda Bruno Minelli, responsável pelas coleções desenvolvidas pela Brooksfield, conta que a novidade da marca está nas gravatas em crochê, de seda lisa e listrada. “Essas gravatas são totalmente vintage, os italianos mais elegantes, nos anos 70, não abriam mão desse gênero”. Em termos de modelagens, ele conta que as peças ficaram mais estreitas, caindo de 9,5cm para 8,5cm ou de 8cm para até 7,5cm. fotos: divulgação

A loja trabalha com gravatas costuradas à mão, vindas da Itália, cortadas em série. Usa basicamente seda pura, jacquard ou foulard (estampado), entretelas 100% lã ou algodão. Minelli diz que os modelos mais procurados pelos clientes Brooksfield são os lisos com desenhos maquinetados de pouco contraste de cor. Entre as cores ele destaca os tons lilás, uva e verde-musgo e complementa, “as cores clássicas nunca saem de moda, os desenhos clássicos, repaginados em cores atuais, são eternos”. Na Dudalina, o destaque fica por conta dos tons pastel. Segundo o gestor de marketing e branding da empresa, Edinho Vasques, há novidade também na embalagem. “Cada gravata tem sua própria embalagem produzida com o mesmo tecido da gravata”. Ele diz que os principais materiais usados na confecção são a seda e a lã de seda.

Dudalina

Quanto às padronagens, a Dudalina aposta em duas vertentes. “As padronagens miúdas, mais clássicas, e as listras largas, que são festivas e alegres, mas concedem, ao mesmo tempo, um ar sóbrio e são ótimas para o verão”, diz Vasques. No que se refere aos modelos, ele aponta as gravatas finas, entre 5 e 7cm como as mais fashion. fotos: UseFashion

Vitrine Gucci | Londres

Vitrine P&C | Düsseldorf

Vitrine Müller | Frankfurt


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aces sórios fotos: © Agência Fotosite

Hermès | Paris

D&G | Milão

Calvin Klein | Nova York

Para as próximas temporadas Nas passarelas masculinas, a gravata tem se tornando acessório constante tanto em composições mais sérias e alinhadas como em looks casuais e esportivos. Nos desfiles de Paris de inverno 2010, o destaque fica por conta de gravatas em tricô que terminam retas no lugar da tradicional ponta em V, como nos desfiles da Hermès e da Dunhill. Para o verão 2011, marcas como D&G, em Milão, e Jean Paul Gaultier, em Paris, apostam em modelos mais finos com superfícies trabalhadas. Propostas monocromáticas, que deixam o acessório quase imperceptível, também chamam a atenção e seguem uma tendência forte dos acessórios de continuidade. A Calvin Klein trouxe esta proposta em sua coleção para o próximo inverno.


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Gravatas Zegna Uma das mais importantes grifes de moda masculina de luxo no mundo não faz segredo sobre o processo de confecção de suas gravatas. As peças Ermenegildo Zegna são cortadas, preparadas e finalizadas à mão, uma a uma, na Itália. Feitas em seda pura da China, ou seda mesclada com algodão egípcio, linho ou cashmere da Mongólia, elas passam por um processo minucioso de confecção. Uma equipe dedica-se exclusivamente à criação de mais de mil modelos de gravatas a cada estação. Uma outra equipe ocupa-se unicamente da criação e seleção de cores. Ao final desse processo, começa a fase de estamparia ou tecelagem.

As gravatas de seda têm tecelagem e tingimento exclusivos. Urdumes coloridos são utilizados para cada padronagem. Os urdumes são formados por mais de 400 filamentos por polegada, somando mais de 20 mil fios no tear, garantindo altíssima qualidade. As estampadas são criadas por um processo de silkscreen de extrema precisão, combinando tinturas tradicionais para seda, com pigmentos, camadas metálicas e verniz. O nível de detalhamento e de precisão nas cores é obtido com o uso de até oito telas de cor por estampa.

foto: divulgação

Costureira da Ermenegildo Zegna demonstrando a modelagem das exclusivas gravatas da marca

Passo a passo Modelagem

Costura

Feita exclusivamente com seda Ermenegildo Zegna. Os moldes são cortados no viés de 45 graus do tecido, garantindo ausência de distorções e máxima resistência da gravata acabada.

As peças são dobradas, afixadas umas às outras e, então, costuradas de uma extremidade à outra com um único fio de algodão ao longo da emenda vertical.

As peças da gravata (blade, tail, tassel e a presilha ou loop) são cortadas individualmente e depois unidas por costura.

Uma alça adicional de fio de algodão é deixada no interior da gravata, próxima à sua ponta estreita, depois de se costurar a emenda vertical central, para reduzir a tensão exercida no tecido ao se fazer ou desfazer o nó da gravata.

Forro

foto: © Agência Fotosite

Aplica-se um forro natural de lã e algodão que proporciona à gravata um “efeito memória”, permitindo a ela retomar sua forma original depois do uso. O toque final perfeito é dado, com a marca Cimosa (orla do tecido) na ponta mais larga da gravata.

Um ponto de acabamento, o “punto asola”, é aplicado a cada extremidade de gravata. A presilha é então costurada na face posterior da gravata, para que as duas pontas mantenham-se juntas quando ela for usada. Acabamento

Fonte: MKT MIX/Ermenegildo Zegna Ermenegildo Zegna | Milão

A gravata é passada com o auxílio de um tecido de proteção e ganha seu formato definitivo.


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rad ar intern ac ion al i n v e r n o 2010

Purple Rain O roxo conquistou o gosto do público neste inverno e, ao que tudo indica, permanece na cartela do próximo. Dos tons escuros ao energético púrpura, a gama é ampla, e aplicada em diferentes matérias-primas. A combinação com detalhes em prata e dourado é infalível. Uma chuva púrpura, como cantava o Prince.

Marc by Marc Jacobs | Nova York

Calvin Klein | Nova York

Calvin Klein | Nova York

Lela Rose | Nova York

Marni | Milão Marni | Milão

Marc by Marc Jacobs | Nova York

Leopoldo Giordano | Milão

Gianfranco Ferré | Milão

Alberta Ferretti | Milão


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Blue Velvet fotos: © Agência Fotosite

Assim como no enigmático filme de David Lynch, é o azul profundo e misterioso que irá conduzir a trama do próximo inverno. A cartela pode até estar aberta aos tons médios, mas os favoritos são escuros como o marinho e royal. Repare que eles vão bem em materiais opacos, caso do crepe e da camurça, e também no brilho extremado do verniz e do veludo.

Marni | Milão

Marc Jacobs | Nova York

Gucci | Milão

Emilio Pucci | Milão

Marc by Marc Jacobs | Nova York Bruno Bordese | Milão

Leopoldo Giordano | Milão

Giuseppe Zanotti | Milão

Giuseppe Zanotti | Milão

Dsquared2 | Milão

Jil Sander | Milão


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r ad ar n ac ion al v e r ão 2010

Exuberância de Verão Esta seleção de acessórios é baseada na ousadia e na afetação dos anos de 1980, já antecipando a tendência Poser do inverno 2010, alinhada com o conceito Extraordinário identificado no Preview do verão 2010. Sem constrangimento, o laranja vivo é usado com dourado, o azul faz duo com o vermelho brilhante e as bijus tomam proporções vistosas com desenhos geométricos.

Antonio Bernardo

fotos: Flávio Gusmão/divulgação

Club Noir

Arezzo

Club Noir

Paula Bahia

fotos: Paulo Reis/divulgação

Vizzano

Iodice | SPFW

Vizzano

Shoesserie.in dresserie

Shoesserie.in dresserie


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Luxo versátil Nem as peças day by day fogem da ostentação na Megatendência Tecno Déco. Até mesmo o neutro branco ganha acabamento perolado. Para dizer se o caminho é o do cinema, da festa informal ou do trabalho, basta trocar o salto e o tamanho da bolsa.

Antonio Bernardo Ana Hickmann by Cordez

Cláudia Mourão

Ana Hickmann by Cordez

Huis Clos | SPFW

fotos desfiles: © Agência Fotosite

Paula Bahia

Dumond

Beira Rio

Capodarte

fotos still: divulgação

Dumond


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m a s c ulino

O ator Humphrey Bogart, em Casablanca (1942), lançou a moda do trench-coat e do chapéu fedora e manteve o figurino nos filmes policiais. Johnny Depp ecoa este estilo em Inimigos Públicos, lançado há poucos meses.

tudo passa, eles ficam Personagens que marcaram época por Inêz Gularte Quem gosta de cinema e televisão, com certeza vai ter facilidade em responder esta pergunta: que personagens lhe vêm à cabeça quando o assunto é moda? Não foram poucas as vezes em que presenciamos o sucesso de personagens cujas roupas, acessórios, trejeitos e forma de agir viraram mania. Nas novelas, isso acontece toda hora. No cinema, as referências são fortíssimas, com vários ícones que marcaram época, influenciaram o comportamento de uma geração. É como se alguns personagens tivessem o poder mágico de transpor as telas e chegarem tão próximos de nós a ponto de nos espelharmos e nos identificarmos com estes seres da ficção, assim como fez a personagem de Mia Farrow em ‘A rosa púrpura do Cairo’. Mas como isso acontece? Para o crítico de cinema Rubens Ewald Filho, o que define o sucesso de um personagem como ícone de moda é o fato dele estar vestido de forma coerente, complementar. “A roupa definiria o personagem sem que isso nunca fosse mencionado, mas estivesse sempre presente nas entrelinhas. Quando fica fashion, é por consequência, não para vender determinado produto ou marca”. Ele afirma que o figurino é tão fundamental quanto a direção de arte e o texto. “A questão é que o cinema sempre foi o que vendeu a moda. As pessoas iam, copiavam o vestido da estrela e todo mundo imitava. Não tinha televi-

são na época. E os grandes filmes ainda fazem isso, criam moda. Mesmo tendo sido produzidos, às vezes, dois anos antes de sua estreia”. Sobre os atores que acabam virando referência de estilo, o crítico diz que vivemos a cultura da celebridade e do culto ao doentio. “Isso leva a santificar e mitificar atores estranhos como Johnny Depp ou Heath Ledger”. Ele diz que os jovens imitam rappers, jogadores de basquete e roqueiros da pesada. “O cinema perdeu parte desta influência, só que o resto passa. O cinema é o único que realmente fica como imagem. É a juventude eterna”. A figurinista Márcia Matte Wanner, que teve como seu mais recente trabalho o filme “Em teu nome”, ganhador de dois kikitos este ano, no Festival de Cinema de Gramado, concorda com Ewald Filho. “Com o figurino, podemos identificar características pessoais de cada personagem sem sermos explícitos, trabalhando com os detalhes”. Ela diz que é como se estivesse falando através das roupas. “Os ícones de uma época se projetam como a própria época que encarnam”. Ana Cláudia Mei de Oliveira, doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP, onde leciona e orienta pesquisas, com pós-doutorado em Comunicação Visual pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, de Paris, explica que a sintonia com um modo de levar a vida e com um conjunto de

comportamentos e atitudes só existe, na sociedade atual, se houver veiculação pela mídia. “A visibilidade é o elemento essencial que faz ser visto de uma dada maneira. É uma angulação, uma perspectiva de fazer, pensar e se portar que é passada como a totalidade do ser. Esse conjunto visível, que se impõe no social, reúne o desejo dos demais em vir a ser por ter esses atributos”. Vemos então que o figurino é parte fundamental da construção de um personagem. Ana destaca, entre o corpo e a roupa, quatro tipos de relações possíveis. Segundo ela, a roupa pode sobreporse ao corpo, esmagando as formas corpóreas e criando outras. Pode tecer diálogos com o corpo, em uma relação de complementaridade. Pode também sobrepor o corpo sobre ela, imitando as formas corpóreas. Ou ainda, esconder o corpo, não deixando ver as formas, que se revelam apenas levemente na movimentação. “Pode-se então atribuir a um personagem que usa roupas folgadas que ele é um sujeito que mostra adesão ao conforto e ao bem-estar. Diferentemente daquele que usa uma roupa ajustada, que modela suas formas físicas. Este está adotando uma imposição da roupa sobre o seu modo de estar e agir”. Em resumo, conforme a especialista, as formas de comportamento, as atitudes, os estados de alma de um personagem passariam por essa relação entre corpo e roupa, que edifica o ser e o estar no contexto social.


fotos: reprodução

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John Travolta e a moda das discotecas, direto das pistas, no filme Os embalos de sábado à noite (1977).

No século XX, James Dean e Marlon Brando mostraram as roupas íntimas masculinas e inverteram a ordem. O que estava coberto foi descoberto, as camisetas saíram da classe trabalhadora e cobriram os troncos dos homens. Os dois artistas também imortalizaram o portar a jaqueta de couro. Da rua, vestindo a juventude transviada, até virar traje social, esse uso perdura e foi ampliado com outros cortes.”

James Dean em Rebelde sem causa (1955)

Ana Cláudia Mei de Oliveira

Profª Doutora Pós Comunicação Semiótica

Desafio do masculino Quando pensamos em moda e cinema, os personagens femininos são os primeiros a vir à cabeça. Filmes célebres, como Bonequinha de Luxo, com Audrey Hepburn, fazem parte do nosso imaginário. Para Márcia, a veia motora desse olhar foi o conceito de divas dos anos 1930 como Greta Garbo e Marlene Dietrich. “Essas estrelas eram os ícones fashion da geração, vestindo-se de forma exuberante nos filmes e na vida. Estavam sempre impecáveis, atraindo olhares para si. Acredito que o público se acostumou a prestar mais a atenção no que as celebridades femininas vestem”. Ela conta que tem mais facilidade em trabalhar com personagens femininos. “As vestimentas masculinas são munidas de poucos acessórios e detalhes. Numa composição feminina, posso colocar uma bolsa estranha, colares, posso contar com penteados mais diferentes, tenho mais variação de sapatos. No masculino, tenho um desafio maior pois tenho que contar com as sutilezas dos acessórios e esperar que os espectadores consigam identificar os ícones da personalidade por esta sutileza”.

Marlon Brando em O Selvagem (1953)

Para Ewald Filho, não faltam personagens masculinos que marcaram época. Ele cita “Fred Astaire, com smoking e fraque, como símbolo de elegância. James Dean e sua imagem de rebeldade, juventude transviada, jaqueta de plástico/jérsei. Marlon Brando de motoqueiro hell angel, ícone de rebeldia. Cita ainda John Travolta e a moda das discotecas, Rock Hudson e Tony Curtis com os topetes e a brilhantina nos anos 1950. “Também o bigode de Clark Gable foi imitado nos anos 1930/1940. Era aquele bem fininho”.


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m a s c ulino

fotos: reprodução

Clark Gable, em 1934, tirou a camisa em “Aconteceu naquela noite” e estava sem camiseta. Foi um escândalo. A produção e a venda de camisetas sofreu uma queda drástica. Desde então, a peça deixou de ser de uso obrigatório embaixo da camisa. Rubens Ewald Filho Crítico de Cinema

pré-estreia O que está por vir A continuação da saga que começou com a adaptação para o cinema do livro Crepúsculo, em 2008, chega aos cinemas brasileiros em novembro. Em Lua Nova, a protagonista Bella Swan está em meio a uma guerra entre vampiros e lobisomens.

Rodolfo Valentino revolucionou tudo. Foi o primeiro galã maquiado, não rude, mas fino, que tinha modos e educação, era sedutor e romântico. Suas roupas exóticas influenciaram muito a sociedade, mas os homens tinham medo de imitá-lo. Ele morreu defendendo sua masculinidade. Rubens Ewald Filho Crítico de Cinema

Na carona do sucesso do primeiro filme, a marca Nordstrom está lançando, em outubro, roupas e acessórios inspirados na saga. São camisetas, regatas e jaquetas com estampas e logotipos inspirados nos protagonistas. “Aposto que você não consegue ler a minha mente”, é uma das frases que estampa a coleção. A terceira parte da saga, Eclipse, já está sendo filmada em Vancouver, Canadá e deve chegar às telas em junho de 2010. Outro filme que deve ter o figurino masculino como ponto alto da trama é Sherlock Holmes. A história do mais famoso e estiloso detetive do mundo estreia no Brasil em janeiro de 2010. Vivido por Robert Downey Jr., Holmes vai desvendar uma conspiração para destruir o mundo em 1891. O figurino, assinado por Jenny Beavan, mostra os primeiros ternos masculinos com a modelagem que conhecemos hoje.


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Raul Cortez em Senhora

do Destino

por Angela Aronne

das e fuxicos. Ed. Globo/ reprodução

Wagner Moura foi o vilão Olavo, na novela Paraíso Tropical (TV Globo). Ele era símbolo de elegância e seguia à risca os manuais de etiqueta e sofisticação. Cores escuras e clássicas, misturadas entre si, colaboraram com a personalidade fria e dura do personagem. Raul Cortez foi o Barão de Bonsucesso, na novela Senhora do Destino (TV Globo). Sofisticado, charmoso e com apostas em peças retrô, como gravata borboleta, compunha a personalidade nobre e muito simpática do Barão. O luxo acompanhava esta figura, dando credibilidade ao personagem.

Wagner Moura em Par

aíso Tropical

foto: reprodução

Tony Ramos foi o cubano Manolo Gutierrez, em Filhas da Mãe (TV Globo). O personagem fez muito sucesso não apenas pelo seu tipo cômico, mas pelo exagero do figurino. Manolo tinha pitadas apimentadas de Elvis Presley, nas costeletas e no topete, e o figurino foi inspirado em cases de sucesso como o figurino de John Travolta, em “Os embalos de sábado a noite”. Era o brega representando o novo rico e agradando a um público bastante importante.

fotos: Livro Entre tramas, ren

na telinha

Raul Cortez foi o italiano Geremias Berdinazzi em O Rei do Gado (TV Globo). O personagem, com figurino inspirado em roupas de época, foi atualizado para ficar contemporâneo. Geremias era um poderoso e sisudo fazendeiro de café, mas, com a colaboração do ator, o figurino teve um certo glamour e aliviou um pouco a imagem embrutecida dos descendentes de imigrantes italianos. O guarda-roupa era complexo com ternos e coletes, correntes clássicas, chapéu, bengala. A roupa de trabalho ficou um pouco de lado, mostrando o lado mais glamoroso do personagem. Murilo Benício, como Dodi, em A Favorita (TV Globo), teve figurino inspirado em dois gângsteres famosos do cinema americano. Tony Montana, protagonizado pelo grande Al Pacino, em Scarface (1983), e Rusty Ryan, vivido por Brad Pitt, em Onze Homens e um Tony Ramos em Filhas da Mãe Segredo (2001). Dodi fica no limite entre o brega e o chique. Usa ternos claros e camisas chamativas de cores fortes e contrastantes. Na época da novela, o SAC da Globo recebeu inúmeras ligações perguntando sobre onde comprar as camisas do personagem.

Murilo Benício em A Fav orita

Raul Cortez em O Rei do

Gado


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in fant il

Lowleepop

Estilo que vem de berço Música inspira looks modernos para bebês Por Aline Ebert

Há algumas temporadas, vem surgindo um fato novo em relação à moda bebê. Com uma geração de papais cada vez mais jovem e identificada com estilos de vida menos convencionais, que incluem gostos diferenciados para música, teatro ou mesmo moda, as roupas dos pequenos abandonam de vez cores clarinhas e tradicionais de rosa, verde, azul e amarelo-bebê. É a hora e a vez de ousar em estampas, cores e materiais. Suri, filha de Tom Cruise e Katie Holmes, vem sendo classificada como ícone de baby fashion. Ela usa muitas peças em jeans, acessórios e calçados na cor vermelho ou prata, além de estampa floral, poá ou listrada em vestidinhos que seguem modelagem bem infantil. Com dificuldade de encontrar roupas diferenciadas para a filha, Katie, com a ajuda de sua stylist, Jeanne Yang, começou a desenhar seus próprios

modelos. O resultado deve chegar com exclusividade à loja de departamentos Maxfield, de Los Angeles, ainda neste mês. A grife Holmes & Yang terá uma linha infantil e outra adulta, e pela profusão de cópias de looks usados por Katie e Suri mundo afora, já dá para imaginar o sucesso que virá. Um Report publicado em maio de 2009, no portal www.usefashion.com, destaca o rock´n´roll, sinalizando desenhos de caveiras, guitarras e os símbolos do movimento hippie para o verão e inverno 2010. “Estes temas vão ao encontro da infância dos pais, retomam as lembranças e os desejos não realizados que acabam sendo transferidos para os filhos”, indica o Report. E ainda sugere: “Os desenhos em estampas não precisam ser infantis, bastam ser suavizados. O preto e o cinza-mescla entram no guarda-roupa de

bebês e fazem combinações tanto com branco como com cores fortes, como pink e vermelho”.

Marcas especializadas são poucas, mas já existem No Brasil, a Baby Rock é a novidade com menos de três meses no mercado. Renata Morales Villela é a idealizadora e diretora de criação que fez a etiqueta supercustomizada, inspirada pelos três filhos, os gêmeos com 1 ano e outro com 5. As modelagens contemplam bodies, culotes, meias, tocas e tênis, tudo nas cores roqueiras de preto, cinza, branco e vermelho. Segundo ela, trata-se de uma caricatura, nada agressiva e adaptada à moda bebê. Caveiras ganham laços, bonés ou textos bem-humorados como “Eu curto rock com meu pai”, estampado num body cor-de-rosa.


fotos: div

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ulgação

Baby Rock

American Apparel

As vendas são online, pelo endereço www.babyrock.com.br, e os preços praticados são bem abaixo do mercado, de acordo com Renata, para uma divulgação inicial. A qualidade não fica comprometida, segundo ela. “Todas as peças são em 100% algodão, os bodies são mais cavados para não limitar movimentos e há uma entretela de malha atrás dos bordados para que não irritem a pele do bebê”. A Lowleepop, de Nova York, foi concebida em 2006 também por uma “Mama Rockin”, como se descreve Robyn Mayer, proprietária e designer da marca junto com seu esposo, Rob. O diferencial desta é comercializar “Rockstar baby kits”, que vêm em uma caixinha personalizada com o símbolo de emergência e contêm peças de estilo rock que você escolhe pelo www.lowleepop.com. São vestidinhos, bodies, calças, polainas, tocas,

babadores, entre outros, com estampas caricatas de rabiscos punks, imagem de uma bateria ou guitarra, raios, camuflados... Robyn vende cerca de 100 kits por mês, mas este número vem crescendo a cada dia. “Tenho visto o estilo rock para bebês em todas as lojas de varejo. Eu acredito que este mercado está mais quente do que nunca”. No caso dos seus compradores, a maioria é dos Estados Unidos, com 2º lugar para Canadá. E finaliza: “Estamos na eminência de passar a atender também por atacado e olhando para a abertura de nossa 1ª loja aqui em Nova York”. Electro-leggings Com o sucesso de bandas nacionais como Cansei de Ser Sexy, Montage e Bonde do Rolê,

e internacionais como Vive la Fête e Peaches fazendo som tipo electro, aquele surgido nos idos 1980, na ressaca do punk rock, o visual daquela década voltou com tudo. Leggings e meias-calças color, tênis esportivos grandalhões, T-shits bem esportivas e amplas, entre outros, são peças-chave. Eis então que a American Apparel, rede de fast fashion americana com estilo bem oitentista, vem propondo diversas leggings para bebês e crianças um pouco maiores. E não são de qualquer cor, mas em sirê dourado, prata e outros tons com brilho, ou com estampas bem atrativas. O diferencial da marca, que já tem filial no Jardins, em São Paulo, é não ter coleções sazonais. Desta forma, esta modelagem, por exemplo, já está faz tempo nas prateleiras, que vão sendo reabastecidas com outras cores e estampas.


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r e por t m e n i n a

Botinhas Ugg Por RENATA SPILLER

fotos: © Agência Fotosite e UseFashion

Moda que aquece

Crocs | Pitti Bimbo

Tannerie | Lineapelle

A bota australiana, originalmente fabricada com lã de ovelha, parece ter invadido as passarelas infantis. Para o inverno 2010, ela surge em diversas cores e novos materiais, conquistando, inclusive, celebridades como a atriz Demi Lovato. No modelo Diesel, a aplicação da marca é o diferencial. Na Crocs, a mistura de materiais chama atenção. Veja que a sandália, feita em croslite, ganha o cano quentinho da bota Ugg. No estande da Tannerie, na Lineapelle, um modelo todo estampado mostra como a lã de carneiro ofe-

Diesel | Pitti Bimbo

rece possibilidades. Também conhecida como moon boot, nos anos 1930, a bota ugg era usada por fazendeiros. Já nos anos 1960, passou para os pés dos surfistas. Com o tempo, virou mania em casa, durante o inverno na Austrália, e acabou ganhando as ruas do mundo. Para ver o conteúdo completo deste Report acesse www.usefashion.com e aproveite para conferir mais conteúdos deste segmento.


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r e por t m e n i n o

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Jaquetas Por RENATA SPILLER

fotos: © Agência Fotosite e UseFashion

Bem mais que básicas

Replay | Pitti Bimbo

Diesel | Pitti Bimbo

Para o inverno 2010, as propostas não se restringem a aquecer e exercer função de proteção. As principais marcas para meninos mostram que as jaquetas serão bem trabalhadas, com muitos detalhes e superfícies diferenciadas, em materiais como nylon, couro e lã. A palavra de ordem é ousadia. O nylon vem com aspecto de vinil ou de metalizado e brilha em jaquetas com múltiplas costuras e gomos. Os modelos esportivos ganham versões em lã. Novos matelassês, muitos bolsos, detalhes em peles e pêlos e a mistura de matérias-primas são outros pontos altos das novas jaquetas para os meninos. Para acessar o conteúdo completo, veja Report no www.usefashion.com.

Moncler | Pitti Bimbo


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acontece

Inspirações oriental, neodândi e anos 80 deram o tom da feira Eclat de Mode Paris | Inverno 2010 Com aproximadamente 400 expositores, a Eclat de Mode Paris, organizada pela Bijorhca entre os dias 4 e 7 de setembro, apresentou três grandes tendências que deram norte para a temporada de inverno 2010. A primeira, Oriental Fête (Festa oriental), traz o clima do final do século 19 e a forte influência estética asiática, em que materiais como o ouro envelhecido, os gravados, os bordados, os cristais, as resinas e os brocados bizantinos e orientais predominam. A segunda tendência, Ball Dandy (Baile dândi), apresenta o espírito surrealista traduzido na referência neodândi. Plumas, rendas, fitas de veludos, peles de croco-

dilo, pérolas e madrepérolas combinam e contrastam entre si nesta tendência. As peças vão das camadas de correntes e de plumas oversized aos broches minimalistas e colarinhos de couro. Já a White Night (Noite branca) tem referência nas noites elétricas e eletrônicas dos anos 1980, representada através de esmaltados, metais escovados, espelhos, cristais, couro laqueado, paetês em peças volumosas. Entre os expositores, destaque para a dupla de criadores Hartog & Henneman, que destacaram coleções conceituais que transitam entre o design e a arte, questionando a função representativa das joias; para as bijuterias, Le Marionelle,

em bolas de cristal que funcionam ao mesmo tempo como conteúdo e como container para materiais inusitados, como grãos de café, sementes, fios metálicos, seda, cashmere e flores; para Fifi la Ferraille que utiliza objetos nada usuais na joalheira, tais como cordas de violino, mecanismos de relógios, chaves de fenda e todo o tipo de ferragem que dão formas aos acessórios; e por último, destaque para a brasileira Andrea Mader, muito conhecida pelas suas criações extravagantes e glamourosas, conceitos estes que conquistaram o público europeu. Para saber mais, acesse o portal usefashion.com e confira outros lançamentos da feira. fotos: divulgação

Hartog & Henneman

Hartog & Henneman

Hartog & Henneman

fotos: UseFashion

Ed Hardy

Anielina

As Group

Ed Hardy


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fotos: UseFashion

Andrea Mader

Andrea Mader

Le Marionelle

Fifi la Ferraille

Le Marionelle

Moda praia mais urbana Mode City | verão 2011 A 25ª edição da Mode City, feira profissional de moda íntima e beachwear, contou com a representação de 117 países, abrigando cerca de 25 mil visitantes, entre os dias 5 e 7 de setembro, que prestigiaram os lançamentos para o verão 2011. Entre tantas coleções de beachwear, percebeuse que vestidos, sarouels, sandálias e tamancos, bolsas, acessórios, representam atualmente 30% das vendas do setor. Isso significa que as empresas estão investindo na criação de um “total look”, ou de uma moda praia mais urbana. Essa tendência se refletiu também na utilização de materiais como lamê, renda e seda na confecção de biquínis e maiôs, pensados para

serem usados não apenas na água, na beira da piscina, mas eventualmente em um coquetel descontraído de verão. Cinturas mais altas e modelagem envelope para as cinturas baixas se combinam com tops minimalistas, retos ou com bojos, com drapeados e detalhados com babados, franjas e bordados. Maiôs e triquínis seguem ganhando espaço nas coleções, e se destacam pelos recortes sexies e pela tendência de revelar partes do corpo com tiras e tramas. Em destaque, a grife Ed Hardy, que trouxe para a feira biquínis com prints que remetiam a tatuagens. Já no setor de moda íntima, seguindo a tendência iniciada no inverno, as calcinhas continuarão

estimulando a renovação neste departamento. Glamuroso, de estilo retrô e sexy, o verão 2011 destaca o modelo francês (modelagem arredondada) em evidência nas coleções e traz de volta os bodies. A grife Anielina se destacou pelas peças diferenciadas e ajustáveis para gestantes e As Group pelas lingeries que desenvolve para marcas especializadas como Victoria´s Secret. Com base em Hong Kong, a marca conta com uma produção de 25 milhões de peças por ano. Quer ver mais peças? Acesse o portal usefashion.com, no link Feiras.


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v i s ual de loja

o ã x e n Co ork Y a v No as loja Um giro pel Por Vanessa

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Faccioni

lha com visual ra quem traba pa io r, ór at rig stino ob mpre inspirado Big Apple é se Nova York é de da s, to as ru en s gm la s os se sseio pe vitrines de todo de loja. Um pa as ra os m pa s ra nt de r enco s novida que de melho trazendo muita s ências. Veja o nd te as, expositore ar ad irm ch nf fa máticas, além de co te s s ia ne tíc tri vi no , k ns lin eto no manequi nteúdo compl em termos de co e nh pa m Y. co N cial rnos. A ando por Espe e espaços inte ion.com, busc sh fa se .u w w w do portal Bergdorf Goodman

Vitrines tem áticas Vitrines que ex ploram algum tema estão po palmente nas r toda a parte, lojas de depa princirtamentos. Cam Bergdorf Goo pe ã em criatividad dman sempre e, a cria espaços irr para os consum everentes e irr idores. Atualm esistíveis ente, está expl elementos aére orando muito os, que não sã bem os o totalmente su entra em cena spensos: nova o fio quase im mente perceptível qu lugar. Em uma e mantém tudo vitrine, tesouras no até o chão. Em ridos formando outra, óculos uma nuvem em colovolta da cabe A Coach faz um ça do manequim a bela homen . agem a Nova importantes da York. Vários po cidade, como nt os a Brooklyn Brid tados em dese ge, aparecem nhos multicolor retraidos. Além diss um grande map o, o fundo da a em que está vi trine é marcada a loca grife na cidade lização das lo . Uma forma cr ja s da iativa de refere marca ao mes nciar e fortalec mo tempo. er a Coach


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fotos: UseFashion

Christian Lacroix

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Bergdorf Goodman

Giorgio Armani

Prada


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v i s ual de loja

E xpositores

Swarovski

Importantíssim os para valoriz ar e destacar expositores po as peças e prod dem ser dos m utos, os ai s variados tipos maior é possív . Se um invest el, vale a pena imento fa ze r eles entrarem vitrine. A Swar ovski, por exem na temática da pl o, montou pequen grama sintétic a para apoiar os jardins de as peças de su ção na nature a coleção com za. inspiraEm algumas lo jas, vemos os expositores co ra. Na Stuart mo parte da ar Weitzman, on quitetude o espaço é curvo, próprio to mado por mob da grife, os ex iliário positores segu fazendo tudo em a mesma lin falar uma lingu ha , agem só. Na em acrílico co mesma loja, ex lorido destacam positores pr od ut os do verão. É necessário ob servar o que se pretende expo ou mobiliário r para que o ob usado como ex jeto positor seja co e funcionalidad erente com o e do produto. ta m an ho É o caso da Mul o mobiliário da berr y, onde to vitrine que expõ do e luvas é pens privilegiando ado para tant os produtos. o,

Stuart Weitzman

Stuart Weitzman

Mulberry


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fotos: UseFashion

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Devi Kroell

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Bergdorf Goodman


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repor tagem foto: UseFashion

Por Inêz Gularte consultoria: Fernanda Geyer Ehlers colaboração: marcelo de lorenzi Lifestyle. Esta é a palavra que melhor define o surfwear. Uma moda que começou de maneira artesanal no Brasil e hoje virou febre, principalmente, entre os jovens. Mais do que um jeito de vestir, um estilo de vida. Ligado à natureza, ao esporte, à cultura urbana, a uma vida saudável e às novas tecnologias. Com forte relação com a arte, a música, e outros esportes radicais, principalmente o skate. Não é à toa que os skatistas são chamados de surfistas do asfalto. Nesta reportagem, abordamos a origem da moda surfwear no Brasil, conversamos com algumas grifes importantes no cenário fashion mundial e chegamos à Flórida, para a maior e mais importante feira mundial do setor: a Surf Expo. A partir dela, montamos um painel para o verão 2011, destacando as principais tendências apontadas no evento. Logo após, desembarcamos em Seignosse, no litoral da França, para a Surfing Art by Shapers. Uma exposição de pranchas que mostra o trabalho dos shapers que tanto inspiram a moda. Em seguida, vamos para as areias quentes da Califórnia, para um campeonato mundial de surf, o WCT. Sol, gente estilosa, encontro de tribos e show dos atletas na água. Mais surfwear impossível!

Das primeiras confecções às grandes marcas Poderíamos imaginar que o surf começou a ser praticado aqui no país no Rio de Janeiro, ou em alguma parte do nosso ensolarado nordeste. Puro engano. Os primeiros praticantes desse esporte no Brasil estavam no estado de São Paulo, no litoral de Santos, por volta dos anos 1930. Mas foi uma década mais tarde, nos anos 1940, com a chegada de soldados norte-americanos na base aliada instalada no litoral do Rio de Janeiro, que o surf se disseminou pelo país. E com ele a necessidade de equipamentos e roupas adequadas. Por isso, não é de se estranhar que as primeiras confecções tenham começado informalmente, a partir da vontade de praticantes e atletas de criarem suas próprias roupas. Ficava muito caro comprar tudo de fora do país. Talvez justamente da iniciativa destes atletas precursores venha a explicação para o que é a essência desta moda. Mesmo não dominando as técnicas de confecção, eles sabiam muito bem quais as necessidades do esporte, como eram os outros atletas, do que eles gostavam, enfim, conheciam a fundo as expectativas do consumidor para o qual estavam trabalhando. Entendiam que esse modo peculiar de ver e sentir o mundo deveria ser transportado para as estampas, as modelagens, as cores, os materiais. Daí o sentido lifestyle. Mesmo que hoje alguns vistam a moda surf sem muito conhecimento de causa, apenas por gostarem das estampas, do conforto das peças e do visual jovem e alegre, grande parte das grifes, mundo afora, tem entre seus proprietários amantes do esporte. Fazendo toda a diferença.

Conceito “Hoje, não existe mais um estilo apenas ‘surf’. É mais uma expressão de atitude, totalmente integrada ao skate e a movimentos culturais e musicais, e também com natureza e cidade. É uma ‘moda’ moderna, atual e jovem”. Assim define Viviane David, responsável pelo estilo no Brasil da marca californiana ...Lost. Para Luigi Porro, diretor de produto para o Brasil da alemã Hurley, a moda surfwear é um “arquétipo baseado na ideologia e no comportamento do surfista”. Ele comenta que o estilo tem tido uma grande influência jovem, ampliando suas ações para a música, a arte e os comportamentos que estão sintonizados com este segmento. “É reflexo também dos formadores de opinião das regiões praianas, como Califórnia, Hossegor Austrália, Havaí, Rio de Janeiro, Florianópolis, entre outras”. A equipe de estilo da brasileira Osklen compartilha dessas ideias. “Moda surfwear é optar por um lifestyle contemporâneo, integrado à natureza, cultura e sociedade”.

O mercado do surf movimentou 3 bilhões de reais no Brasil em 2008. O dado faz parte da pesquisa encomendada pela revista Alma Surf à empresa Toledo & Associados. Nos Estados Unidos, em 2008, o varejo do surfwear movimentou 7,22 bilhões de dólares, de acordo com pesquisa do Surf Industry Manufacturers Association (SIMA).


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Influência retrô, calça skinny e estampas

A Osklen destaca uma série de novidades em materiais tecnológicos. Há o Summit Elastic, um tecido bi-stretch composto por 92% poliamida e 8% elastano, ideal para a prática de esportes ou para o dia-a-dia. O Fish é outra novidade. Fabricado em microfibra em trama rip-stop é muito resistente e tem um visual diferenciado, com textura em formato de escamas de peixe. O tecido é muito leve e confortável, de secagem rápida, ideal para a prática de esportes aquáticos. O Aquastream é composto de supermicrofilamentos de poliéster ligados à tecnologia AIR SPEED que deixa a secagem da peça ultrarrápida. Quando usado na linha esportiva, possibilita uma melhor performance por parte do atleta, com menos esforço físico. Há ainda o Aqualight, tecido tradicional da Osklen. Ele é composto de poliéster e microfibra, escovado e tratado com Teflon (usado para repelir a água), o que lhe fornece um toque suave. É de secagem rápida e em contato com o corpo, não causa fricção ou irritação à pele.

Hurley fotos: André Passos-Osklen/divulgação

A ...Lost aposta principalmente nas estampas. “Inovamos nessa coleção, mais em acabamentos e técnicas do que em bases propriamente ditas. Técnicas de estampa corrida, como emboss, que usam uma tinta especial, ou estampas a laser, foram inovações”. Conforme Viviane, a aposta para o verão está nas peças full prints, trabalhadas em várias técnicas. “Temos os full prints em sobre tom, full prints formados a partir de queima a laser, full prints em sublimação e também com tinta gel. Todas essas técnicas são

trabalhadas em várias bases de tecidos”. Nas modelagens, para a prática do esporte, os board shorts curtos, com comprimento na metade da coxa, inspirado no surf dos anos 1980, está em destaque. Nas calças, “as skinny e as slim cresceram bastante dentro da coleção”.

foto: Fabiano Yamada-Hurley/divulgação

“Desenvolvemos, junto com a Nike, o tecido Phantom. Ideal para board shorts, com 120% strech e fios teflonados que repelem a água, deixando o produto mais leve, com secagem mais rápida. A bermuda, feita com Phantom, foi eleita a melhor de 2009”. Luigi conta que, em termos de modelagens, os board shorts da Hurley estão mais curtos por causa da influência retrô. As calças skinny estão em destaque e as camisetas tendem a voltar a uma modelagem mais ampla como nos 1970. Nas estampas, a marca aposta principalmente nas criações de artistas em parceria com a marca. Destaque para as quadricomias e as técnicas de estampa sobre costura, os full prints e os all over prints. Entre os planos de expansão está o lançamento de uma linha feminina no Brasil, com previsão de crescimento de 20% a partir deste investimento.

Em termos de modelagem, o cós double size (com seis ilhoses, quatro de um lado e dois do outro) é o ponto alto em vários modelos. Este detalhe na lingueta permite o ajuste de até um tamanho, dando mais segurança para prática de esportes. A equipe de estilo da marca informa que, além dos modelos já conhecidos (Básico, Street, Breeze e Vintage), serão desenvolvidas novas modelagens. A Over (mais larga com comprimento médio) e a Clássica (mais curta).

Osklen

fotos: Anselm

o Venansi-...L

ost/divulgação

Para as estampas, a preferência é por padrões menores e padrões dentro de padrões. A marca aposta em uma grande variedade de cores, principalmente as fluos. Destaca também os degradês de cores e texturas. Nos planos de expansão, está prevista a inauguração de uma nova loja, em Miami, no início do ano que vem.

...Lost

Osklen


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repor tagem

Surf Expo antecipa verão 2011 Com 750 expositores e mais de cinco mil visitantes, a Surf Expo mostrou as novidades para a moda surfwear em agosto deste ano. O evento reuniu em Orlando, na Flórida, algumas das principais marcas mundiais do segmento. A maior e mais antiga feira do setor, com 34 anos

Vans

de existência, teve uma programação de desfiles diários e duas áreas de apresentações. Uma piscina para o wakesurf (uma adaptação do esqui de lancha, com prancha de snowboard) e uma pista para skate. Acompanhe o painel de tendências que a UseFashion preparou sobre o evento.

Vans

Pipeline

Para o verão 2011, esta tendência vem com cores mais densas, além das fluorescentes e primárias. Traz consigo laranja, verde-água, turquesa e lilás. São tons mais alegres, que, quando misturados aos neutros (como o nude e pastel), transpõem a energia vibrante dos new wavers (anos 1980).

Dunkel Volk

Dunkel Volk

Dunkel Volk

Excesso de informação de cores e formas. Esta tendência tem como referência estética o fenômeno da pichação. Artes que parecem primárias, no entanto, resultam em uma estamparia elaborada, rica em cores, traços finos, elementos poluidores que transparecem os muros das urbes. Acompanha os movimentos contemporâneos.


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fotos: UseFashion

Alpine Star

Rip Curl

Vans

Com influências fortes do punk, hardcore, hard rock, heavy metal e rock alternativo, o grunge ganhou notoriedade mundial com as bandas Nirvana, Soundgarden e Pearl Jam. O estilo chegou às ruas. Os jovens vestiam jeans surrados, bermudões, tênis velhos ou coturnos e camisa xadrez, símbolo do movimento. Tudo com muita sobreposição!

Dunkel Volk

Dunkel Volk

Sperry

A febre da customização atinge qualquer área do comportamento jovem. É a busca do único, do personalizado. A regra é só uma, botar a mão na massa, ou melhor nas tintas! É como uma retomada de prestígio em relação à arte, e uma maior liberdade para se tornar ou brincar de ser artista também. O chão do novo Artsy está no movimento Indie, na produção cultural dos guetos, nas pinceladas splash, nas cores vibrantes e formas propositalmente irregulares. Daí é que surgem novidades e peças surpreendentes, com cara de únicas ou feitas em casa.

Dunkel Volk

Dunkel Volk

Da Hui

A alma do surf sempre estabeleceu conexão direta com a natureza. Além da inerente interação com a mãe Terra, sempre existiu também o intercâmbio cultural, pois sempre se viaja atrás de ondas. Nessas viagens é possível conhecer e desvendar alguns mistérios de culturas antigas. Esta tendência evoca signos étnicos. Traços tribais retratam rostos de índios, penas xamânicas, símbolos de tribos indígenas e africanas. Elementos da Índia ancestral e das cerimônias típicas ilustram esta tendência que parece não só homenagear culturas, mas, de certa forma, reinventá-las.


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repor tagem

Os meses de agosto e setembro foram agitados no mundo do surf. Além da Surf Expo, que é a maior feira do setor, uma exposição de pranchas e um campeonato mundial levaram grandes marcas, lojistas, atletas, amantes do esporte e do estilo para uma intensa programação, antes de tudo, cultural. O portal www.usefashion.com tem a cobertura completa da Surf Expo e está acompanhando toda movimentação do setor. Acesse para conferir atualizações sobre os eventos e mais sobre moda surfwear.

Estilos No clima litorâneo, várias tribos se encontram e todas têm algo em comum: a liberdade e o despojamento. Acompanhe alguns dos estilos que desfilam pelas ruas de Orlando e de Santa Mônica.

O retrô é superatual. Camiseta com full print frontal, cores contrastantes, em estilo anos 1980.

O ambiente é de verão com muito estilo: punk, surf, skate, rock, urbano, clássico, hippie...whatever!

Inspiração Artsy no traço e no colorido das estampas dos vestidos.


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fotos: UseFashion

Exposição Na França, em Seignosse, de 9 a 13 de setembro, a Surfing Art by Shapers mostrou mais de 100 pranchas com design e pinturas desenvolvidas artesanalmente por shapers. Cores e grafismos deram o tom da exposição.

As pranchas old school são um resgate do vintage, do antigo adaptado ao moderno.

Campeonato Na Califórnia, em Lower Trestles, a 6ª etapa do campeonato mundial de surf WCT, entre os dias 13 e 19 de setembro, levou um público seleto para as areias da praia.

Kelly Slater, um dos destaques do campeonato, antes de cair na água.

Debaixo do sol californiano, o público confere o espetáculo dos atletas na água.


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de s ign

POR Carine Hattge e ingrid scherdien

Splash, apontador premiado A Faber-Castell, um dos mais antigos fabricantes de instrumentos de escrita, lançou em janeiro deste ano, o apontador Splash, desenvolvido pela Chelles & Hayashi Design. O produto foi premiado, com a categoria Escritório, na segunda edição do Prêmio IDEA Brasil, um dos mais importantes do país na área de design, realizado em julho de 2009. Isso demonstra que os produtos podem ter uma abordagem diferenciada e interessante, mesmo tendo funções bastante simples. O apontador possui reservatório para pontas, formato ergonômico que facilita o uso, é totalmente desmontável para reciclagem, tem baixo impacto ambiental, utiliza materiais atóxicos e é seguro para o manuseio de crianças. Voltado para público de todas as idades, possui apelo lúdico e divertido, permitindo que o usuário interaja com o produto. Saiba mais em www.design.ind.br e www.faber-castell.com.br

Linha Metais Slide

Metais preciosos Trabalhando no desenvolvimento de louças e metais sanitários de alta qualidade, a Deca posiciona-se cada vez mais como uma referência em design de produto. A linha de filtros Twin foi premiada no IDEA 2009 (International Design Excellence Award) e no IDEA Brasil 2009. Os metais Slide também foram premiados no evento nacional. As peças representam a junção do design com a tecnologia, prezando pelo minimalismo em modelos compactos que combinam com diversos tipos de cubas e estruturas, atendendo ao gosto de públicos exigentes. Conheça outros produtos da marca em www.deca.com.br. Saiba mais sobre o prêmio IDEA em www.ideabrasil.com.br

Tênis origami Inspirado na técnica de dobradura de papel, o origami, Marc Illan desenvolveu um tênis dobrável para o seu projeto de conclusão do curso de design na UPC de Barcelona (Universitat Politècnica de Catalunya). O designer analisou as novas gerações, chegando à conclusão de que os jovens estão cada vez mais altos e com pés maiores, além de viajarem com maior frequência, necessitando de mais espaço nas mochilas para guardar os calçados. O produto, denominado Minmax, também poderá ser facilmente armazenado no fabricante e nos pontos de venda, pois ocupa menos espaço. Mesmo sendo dobrável, não deixa de ser confortável, pois foi elaborado seguindo princípios ergonômicos, utilizando elásticos que garantem a flexibilidade do material. Vale conferir outras imagens do tênis em www.marcillan.com

Linha Filtros Twin


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fotos: divulgação

Composition Chair Toda em alumínio, a Composition Chair é uma cadeira feita totalmente à mão pelo designer japonês Kouichi Okamoto. Não possui solda, nem pregos ou grampos, sendo moldada através da flexão e entrelaçamento do arame. Okamoto utiliza apenas um gabarito e um alicate para sua produção. É ousada, mas aparentemente não é desconfortável e vale a pena experimentar. Veja outras criações em www.kyouei-ltd.co.jp

Vestido para o jantar A Culture Label reune em seu site diversos produtos à venda, em edições limitadas, desenvolvidos por designers e artistas internacionais. São peças criativas, como o Dress For Dinner Napkins, um guardanapo de peito com estampa imitando uma gravata. Além de evitar manchas na camisa, deixa o momento da refeição mais descontraído. Visite o site www.culturelabel.com

Móvel em tricô

Poltrona Lottie

Poltrona Bob

Melanie Porter, após trabalhar mais de dez anos como designer para marcas de moda, incluindo Burberry e Pure Collection, decidiu utilizar sua experiência com malharia retílinea em mobiliários, desenvolvendo uma linha de cadeiras exclusivas e originais. Ela adquire as peças em leilões e mercados da Europa, ou com o próprio cliente, e executa uma série de processos, da restauração da estrutura até a escolha do desenho a ser tricotado, revestindo o assento e o encosto. O cliente pode participar das escolhas de cores e estampas e o projeto vai sendo definido ao mesmo tempo em que é executado. As peças finalizadas possuem características únicas, preservadas pelos compradores como relíquias de família. Gostou da ideia? Conheça mais sobre o trabalho de Melanie em www.melanieporter.co.uk


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c ul t ura

por E d ua r d o Mot ta

Moda e Política Que a moda é um dos códigos sociais mais complexos e contraditórios que existe não é novidade. As sociedades totalitárias, as do passado e as que ainda restam, preferem vestir todo mundo de uma mesma maneira. Nas culturas urbanas modernas o que vale mesmo é a expressão particular. Também têm valor as expressões de grupos. Sobre o assunto e seus paradoxos, há uma babel de análises escrita, grande parte pela ótica da psicologia social. Mais recentemente emprega-se um aparato multidisciplinar, que pode envolver a estética, a história da arte, a teoria social, e a política, tudo para observar um fenômeno que nem sempre facilita a compreensão. O estímulo desenfreado ao consumo e o custo impingido à banda pobre do mundo pelo gosto supérfluo do lado rico, atraem críticos ferozes, que encontram na moda a vilã ideal. Outras vozes enxergam nela um poder libertador, um reforço à auto-expressão e à manifestação de posicionamentos políticos. Nesta linha de pensamento, a moda seria um veículo para a difusão de ideologias e valores sociais. É ela que mediaria o nacionalismo, as identidades étnicas e as de gênero, com papel decisivo na formatação dos movimentos de afirmação dos gays e das mulheres. O que é inegável é que a moda, literalmente, veste desejos e insatisfações que explodem como movimentos sociais e políticos.

Nas últimas décadas, assistimos à floração hippie, à acidez punk, à insensatez skinhead e à proliferação de inúmeras subculturas urbanas. Ironicamente, mesmo os figurinos mais virulentos destas manifestações terminaram assimilados pelo mercado. O que não anula o fato de que, em sua origem, estes movimentos encontraram expressão em formas de vestir, que ajudaram a delimitar e transmitir suas ideologias. Se as publicações em livro sobre o assunto são recorrentes, e com oferta crescente, o mesmo interesse migra agora para outros formatos do circuito do entretenimento cultural. Realizações recentes cuidam de apresentar a moda sob perspectivas políticas, em releituras e novas contextualizações, em festivais culturais, exposições de arte e no cinema. Filmes Na tela grande foi a vez do Brasil conhecer melhor a estilista Zuzu Angel, em filme de 2006, dirigido por Sérgio Rezende e protagonizado por Patrícia Pillar. Após o desaparecimento do seu filho durante a ditadura, Angel transformou roupas e desfiles em manifestos de indignação política que foram muito além de araras e passarelas. Em 2007 e 2008 o fotógrafo e blogueiro Nick Knight, no comando da Political Fashion Films,

selecionou filmes curtos, realizados por amadores, na primeira edição, e por profissionais da moda na segunda. Racismo, marginalização, exploração, males da produção global, resíduos tóxicos da indústria e opiniões variadas sobre moda frequentam a seleção. Com melhores ou piores resultados, o que vale é que são simpatizantes e atores da cena fashion abordando problemas do metiér, sem nenhum protecionismo ilusionista comprometido com o discurso publicitário. Eles foram exibidos em apresentações na época e hoje estão disponibilizados no site www.studio.com. O impacto da indústria da moda sobre a cultura e a economia de populações rurais na China chegou aos cinemas brasileiros no final de 2008, no filme Inútil, do cineasta chinês Jia Zhang-ke. O diretor documentou milimetricamente estas transformações, lado a lado com um mergulho no trabalho da estilista Ma Ke, fundamentado na roupa feita à mão e contrário a descartabilidade da produção em massa. Exposições Fashion & Politics é uma exposição que fica em cartaz no Fit Museum de Nova York até novembro. Em ordem cronológica, estão apresentados 200 anos de influência política nos objetos de moda.


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foto: divulgação

Modelo Vivienne Westwood em exposição Fashion & Politics no Fit Museum

A curadoria abre espaço para peças que representam momentos em que há quebras de paradigmas históricos significativos. Um deles no início do século XX, época em que as mulheres recusaram a silhueta rígida em favor da graça da forma solta, que vestia melhor a liberdade de ir e vir.

O foco da exposição em Paris é apresentar as mil maneiras e truques que as mulheres da época usavam para preservar a dignidade através da aparência. Em uma mostra de Berlim, que terminou recentemente, a intenção era iluminar um passado sombrio através da moda.

Na seleção, figura um modelo do Alexandre Herchcovitch, da coleção Army of Love, aquela em que ele cruzou informações visuais de países com problemas territoriais. A abrangência é grande, mas o nacionalismo americano, exacerbado pelos ataques terroristas do 11 de setembro, e materializado no flag dress de Catherine Malandrino, centraliza as atenções.

Nos anos 1980, alguns anos antes da queda do muro, um grupo alto denominado Mob, recusava-se a vestir como mandava o partido e fazia da roupa um statement político. Embora estes integrantes da cena underground não se considerassem políticos, a sua celebração da individualidade certamente tinha este foco. Eles apropriavam-se de símbolos socialistas, como a foice e o martelo, para criar objetos de moda, em confronto aberto com vigilância policial, orientada para não tolerar qualquer transgressão do tipo.

No Museu Jean Moulin, em Paris, também até novembro, é possível conferir um enxoval para abrigo antiaéreo desenhado por Elza Schiaparelli na mostra Moda na Paris Ocupada. Além de distorções como esta que registra uma classe abastada procurando preservar hábitos antigos em situação imprópria, a mostra expõe tanto o senso utilitário, caso da bolsa feminina feita sob medida para carregar máscara de gás, quanto o papel da moda como símbolo da resistência. As francesas desafiavam as proibições usando cintos e botões nas cores da bandeira nacional. Ao fim da guerra, broches com motivos militares e lenços com cenas típicas ajudaram a restabelecer o nacionalismo corroído pelos anos de invasão alemã.

Como informa a curadoria da Fashion & Politics, aqui “o termo política não se refere apenas às manobras dos governos, mas engloba mudanças culturais, de códigos de comportamento sexual, e de progresso social”. O que os livros, filmes e exposições citados neste texto constatam é a estreita relação entre moda e política. O que eles celebram é a viabilidade de expressão criativa através da moda, mesmo que sob circunstâncias amplamente desfavoráveis.

Eduardo Motta é designer, consultor de moda da UseFashion, com formação em Artes Plásticas e autor do livro “O Calçado e a Moda no Brasil - Um Olhar Histórico”.


lancas John Casab

p er f il

Santos/divulg

ação

fotos: A rqui

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foto: Glicélia

Com Linda

Evangelista

John Casablancas “Tornar a moda menos banal, este é meu último sonho como empresário”. Por Eduardo Pedroso

Gisele Bündchen, Naomi Campbell, Linda Evangelista, Claudia Schiffer e Cindy Crawford. Estes são alguns dos nomes que o empresário e caça talentos John Casablancas revelou ou promoveu e fazem parte de seu portfólio repleto de celebridades das passarelas. Filho de pais catalãos, ele estudou na Suíça, casou três vezes e é pai de sete filhos, entre eles, Julian Casablancas, vocalista dos Strokes. O ex-proprietário da Elite Models, agora com a agência Joy Model Management, esteve no Brasil entre agosto e setembro promovendo o concurso Beleza Mundial, em busca de uma nova megamodel. Foram mais de 75 mil participantes em seletivas locais e regionais. Vanessa Adamatti, da cidade de Feliz, no Rio Grande do Sul, foi a vencedora da etapa Brasil, anunciada em 2 de setembro. Além de um automóvel, Vanessa ganhou um contrato internacional de três meses com a agência de John, em Milão, será capa da revista L’Officiel de novembro e estrela das campanhas das marcas Impala e Mundial. Foi nesta passagem pelo país, motivada pelo concurso, que John Casablancas conversou com a UseFashion. Ele falou sobre o novo padrão de beleza, disse quem é a mulher mais linda do mundo e também revelou seu último sonho como profissional. Sempre polêmico, com declarações fortes. Não dá para deixar de ler.

UseFashion: No decorrer das últimas décadas, o padrão de beleza da mulher sofreu inúmeras mudanças. Amparado por sua experiência, você consegue ter uma ideia de como este padrão estará daqui a alguns anos?

do na Suíça, que caiu de paraquedas no nordeste dos anos 1960. Foi um choque cultural, mas me apaixonei pelo Brasil. Continuo apaixonado, pelo país, pela música, pela cultura até hoje, apesar da transformação.

John Casablancas: Esta é quase uma pergunta de ficção científica, mas creio que, se continuarmos com a tendência, teremos algo como um terceiro sexo, uma mulher andrógena, com características físicas ou comportamentais tanto do sexo feminino quanto do sexo masculino. Acredito também que a moda vai se dividir em dois segmentos, duas modas, uma para os gordos, que comem fast food e são sedentários, e outra para os saudáveis, que provavelmente serão os ricos e que praticam exercício.

Contudo, gostaria de ser otimista e pensar em curvas, na beleza saudável, em vez de pensar nesta mulher com nostalgia daqui a alguns anos. Sob este prisma, um modelo feminino que ficasse entre a mulher curvilínea e a magérrima seria o ideal. UF: Você foi diretor de marketing da CocaCola no Nordeste do Brasil aos 20 anos. Como foi essa passagem de sua vida e de que forma ocorreu a transição para a moda? JC: No meu livro “Vida Modelo”, intitulei o capítulo sobre essa passagem como “Cabra Macho”. Foi algo chocante, eu era um jovem europeu, educa-

UF: A função de identificar qualidades nas pessoas, não só nas modelos, é responsável por boa parte de sua trajetória de sucesso. De que forma você observa e identifica um bom profissional? JC: Na minha profissão, tem vários perfis, mas a pessoa tem que ter perseverança, energia física, trabalhar sem parar. As modelos requerem tempo e atenção infinita, então costumo dizer que somos profissionais, que estamos sempre disponíveis. Outra característica é o senso de serviço, o bom agente é quem serve bem aos outros. Um adicional imprescindível é a intuição, tem que saber todas as características que são parâmetros de uma modelo em potencial. A diferença entre o excelente e o bom profissional é essa intuição, de estar no lugar certo, perceber quem se destaca e ter o talento de reconhecer isto. UF: O que mais te fascina na moda? JC: Sensualidade. Desconsidero todas as desculpas intelectuais que vejo por aí. Poder, trabalho,


Com Cindy Cra

wford

ia Schif fer Com Claud

todas as relações interpessoais estão regidas pela sensualidade. A moda é um reflexo da sensualidade porque a verdadeira razão e o que motiva definitivamente uma mulher a comprar uma roupa é sentir-se mais atraente dentro dela. UF: Por misturar arte e comércio de forma tão intensa, você considera a moda um ramo em que o ego e a vaidade influenciam de forma acentuada em relação a outros segmentos? JC: Acho, por uma razão muito simples, se você é jogador de futebol ou investidor, o que define seu sucesso são coisas palpáveis, você sabe que faz bem. Quando é uma modelo, ninguém sabe por que ela foi escolhida para ser isso e toda a menina mais ou menos bonita acha que poderia ser também. Com isso, muitas modelos creem que o público vai rotulá-las como fúteis ou superficiais, então criam um complexo e se tornam arrogantes. UF: Quais diferenciais das modelos brasileiras? JC: Além de charmosa, a mulher brasileira é amiga, companheira de fato. A modelo daqui se destaca por fundir características de russas e canadenses com o charme e a sensualidade inigualável de uma brasileira. UF: Agora que as modelos são supervalorizadas, está mais fácil ou mais difícil guiar e construir a carreira de uma top model? JC: Eu elevei a carreira de modelo a este patamar e toda uma geração fez de tudo para descer. Desde capas de revista até campanhas publicitárias, eu que botei as modelos lá. Hoje as capas pertencem a atrizes, que são lindas, mas que deveriam ficar nos filmes e novelas, não nas capas de revista. Até as vencedoras do Big Brother Brasil roubaram o cenário das modelos, pois elas não souberam se valorizar. Eu quero e pretendo voltar aos tempos em que uma modelo era muito mais valorizada. UF: Gisele ainda é a modelo “número 1”? JC: Em um mundo sem supermodelos jovens, em

que Naomi, Kate Moss e Claudia Schiffer ainda vendem capas, Gisele se dá bem porque é relativamente jovem. Gisele também soube repaginar sua carreira, dando adeus ao perfil de solteira e agora com sua gravidez. Já fiquei muito zangado com ela, mas ela levou toda sua trajetória com frieza, estratégia e muita inteligência. UF: Você diz que Gisele alcançou o patamar que está porque agrada não só os profissionais e o público da moda, mas também os “leigos”. A próxima “número 1” vai seguir esta fórmula? JC: Há algum tempo, não lembro onde, Gisele disse “o que mudou é que eu tinha um peitão”. Raramente gosto das frases da Gisele, mas ela criou uma imagem que é meio caminho entre a magérrima e a gostosa. A próxima “número 1” tem que ter essa força de vontade, Gisele é feita de aço e tem disciplina. Adriana Lima poderia ser e, possivelmente, é a mulher mais linda do mundo. Mas não escuta, não se deixa orientar. UF: O tema foi motivo de polêmica e ainda rende discussão no meio: qual sua opinião sobre as cotas para modelos negras? JC: O racismo existe no mundo da moda, mas não é o preconceito, é o racismo econômico. As grandes grifes são vendidas para pessoas ricas, e poucos negros estão nessa faixa econômica. De fato há modelos e atrizes negras que todo mundo adora, como Naomi Campbell ou a Halley Berry, mas que já ascenderam. Uma editora de moda que utiliza uma negra sem ser extremamente consagrada sabe que as vendas baixam, já que vendem cem vezes mais pra mulheres brancas. Quanto às cotas nos desfiles, creio que é o primeiro passo para se reverter uma tendência. Creio que muitas modelos negras são superiores nas passarelas. UF: Não pensa em criar uma grife agora, por estar tão ligado ao mundo da moda? JC: Há alguns anos, criei a Elite Model Fashion. Foi um sucesso fantástico, mas eu tinha um sócio na época que era encarregado de supervisionar

foto: Carlos Contrera

s/divulgação

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ncedora da Vanessa Adamatti, ve a Mundial lez Be etapa Brasil do

este projeto, mas que foi achando que era designer e acabou com toda a linha de roupas da Elite. Depois que eu vendi a companhia, ele criou uma série de produtos de perfumaria e cosméticos, e está se dando bem. Não é o ramo de atuação que eu tinha sonhado, nunca quis entrar nesta área. Se eu Adriana Lima poderia entrar, será através ser e, possivelmente, de licenciamentos.

é a mulher mais linda do mundo. Mas não escuta, não se deixa orientar.

UF: Já consagrado e há vários anos na profissão, como é seu dia-a-dia hoje?

JC: Trabalho menos, mas ainda assim muito mais do que eu deveria trabalhar, estou semi-aposentado e meus sócios têm média de idade de 31 anos. Agora estou montando um cenário e colocando tudo em posição para que ano que vem eu trabalhe duas horas por dia, jogue golfe duas horas por dia e viaje mais. Quero ser como o padrinho de minhas jovens. Só vou me certificar de estar presente no momento de escolher a modelo certa e fazer seu plano de carreira. Nessa hora, planejo o trabalho da modelo, digo que roupas ela vai usar, sua postura, se vai ser ingênua ou fatal, em que marca vai começar, onde vai fazer desfiles. Adoro participar do momento de decisão, já não tenho paciência para falar com toda a turma. UF: Quais são os próximos projetos? JC: O que eu quero é construir uma marca registrada, espero que a Joy seja uma marca de renome daqui a três anos. Gostaria de ser o padrinho, ir aos concursos nacionais e na grande final nacional, que pretendo fazer todos os anos em Paris, um pouco antes das coleções. Em suma, quero escrever algumas páginas bonitas e glamurosas sobre a moda de novo. Tornar a moda menos banal, este é meu ultimo sonho como empresário.


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negóc ios

Audience da Verup

Softwares de gestão de moda Veja como um ERP pode tornar sua empresa melhor e mais eficiente Por Daniel Bender Os programas de gestão empresarial integrada, ou ERP no jargão da área (do inglês Enterprise Resource Planning), se transformaram em ferramentas imprescindíveis para gerenciar empreendimentos complexos. Eles são parte de um mundo que iniciou em 1965, com o surgimento do conceito de MRP (Manufacturing Resource Planning). O MRP é um método de gestão da produção que considera a entrada de dados de planejamento de várias partes da empresa, para que se possa ter uma visão combinada de todos os pedidos baseados em tempo. Ele inclui, por exemplo, o elemento “lead time” - o tempo médio que um fornecedor demora para atender uma ordem de compra. O MRPII surgiu por volta de 1980, e a grande evolução foi ter incluído cálculos de custos no MRP. Já o ERP combina o MRPII com outros processos, como a gestão do relacionamento com o cliente. “Todas as empresas precisam de um ERP”, afirma Alberto de Medeiros Junior, professor de gestão da Universidade Mackenzie e veterano de várias implantações de ERPs em empresas de tecidos e fios. “O uso de um programa adequado é absolutamente necessário, mesmo que o

negócio seja menos completo. Uma empresa pequena, por exemplo, deve ter pelo menos módulo de materiais e manufatura. Caso terceirize a folha de pagamento, por exemplo, não precisa de um módulo para este serviço”. No Brasil, segundo dados da TIC Empresas 2008, pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, 75% dos empreendimentos com mais de 250 funcionários usam algum software de gestão tipo ERP. (Veja mais dados na tabela).

O que é um ERP? O professor Alberto pontua que “um verdadeiro ERP integra todos os sistemas de gestão da empresa, desde a contabilidade, até finanças, recursos humanos, controle de estoque, vendas e manufatura”. Ao fazer esta integração, segundo ele, há uma possibilidade de ganho de eficiência na organização e de foco estratégico, porque os gestores não precisam mais se preocupar em microgerenciar variações no estoque, por exemplo.

ERP NO BRASIL (2008) Sim

Não

Não sabe/ Não respondeu

38

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3

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250 +

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1

Percentual (%) Total Porte da empresa

Fonte: Pesquisa sobre o Uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação no Brasil TIC Domicílios e TIC Empresas 2008/Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR


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fotos: reprodução

Os seis processos que todo ERP deve fazer são: 1. Da cotação ao dinheiro: possibilitar identificação de clientes e de suas necessidades, tornando mais fácil alocar produtos. Conclui com o pagamento desses clientes; 2. Da logística ao pagamento: controle de toda logística e pagamento dos materiais requisitados por ordem de produção; 3. Planejamento para a prática: previsão de demanda, considerando consumos, e requerimentos de materiais a fornecedores; 4. Operações de manufatura: controle de toda a produção, da ordem de produção ao produto embalado e entregue ao consumidor - incluindo controle de estoques; 5. Ciclo de vida do produto: requisitos de estrutura, partes do produto, garantias de qualidade para cada momento do ciclo; 6. Gestão financeira: recebimento, pagamento, fluxo de caixa, impostos etc.

Millennium BM da Millennium Network

Há ERPs exclusivos para a moda? Como funciona isso? Basicamente, todos os grandes fornecedores do mercado possuem soluções adequadas para as áreas administrativas e de vendas de qualquer tipo de empresa. “É na manufatura que os ERPs se diferenciam mais”, explica o professor Alberto. No caso de uma tecelagem, por exemplo, há a transformação de um material – fios – em outro. Eventualmente, este material pode sofrer variação nas suas dimensões básicas como peso e comprimento, ocasionada por umidade. “Apenas módulos altamente especializados em fabricação de fios conseguem garantir um bom gerenciamento de uma empresa deste tipo”, afirma. No caso de confecções e fábricas de calçados não há esta transformação, apenas linhas de montagem. Na opinião de Rodrigo Motono, diretor comercial da Millennium, especializada em ERP para a moda, para atender às empresas do setor é necessário que o sistema possua controles de grades, cor e tamanho, entre outros. “Também recomendamos a gestão por estação, pois a moda é o produto mais perecível que existe. Carne congelamos seis meses, mas uma boa coleção termina no final da temporada.” Fábio Silva, também executivo da Millennium, diz que o que define um sistema voltado para moda é a capacidade de controlar com eficiência grades de produtos, variações de cores, tamanhos e estampas para uma mesma referência. Eu quero um ERP. Como escolho? Escolher o programa certo para gerenciar sua empresa não é uma tarefa fácil. Para tanto, é necessário bastante reflexão sobre os objetivos da empresa, os recursos disponíveis e como eles poderão ser empregados. Na tese de doutorado do professor Alberto (digite http://bit.ly/26WPX7 para acessá-la) há uma série de critérios que devem ser considerados. Audience da Verup

Alguns ERPs para moda Audience da Verup www.verup.com.br

Operacional Têxtil www.operacionaltextil.com.br

Millennium BM da Millennium Network www.millennium.com.br

Intex (módulo de produção de fios) www.intex-con.de

Systêxtil www.intersys.com.br


critérios

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negóc ios

Critérios técnicos Linguagem de programação, capacidade do fornecedor de manter atualizado o ERP, servidores e interface devem ser levados em consideração. Funcionalidade Áreas que o produto pode cobrir, sua flexibilidade e adaptabilidade a novos usos. O sistema precisa atender às necessidades atuais e futuras da organização, por isso alguns especialistas consideram este o critério mais importante. Referências do fornecedor Verifique a estabilidade do fornecedor no mercado. A capacidade de manter o programa atualizado e fazer novas modificações está fortemente relacionada à solidez da empresa. Implantabilidade A facilidade com que determinado sistema é implantado deve fazer muita diferença, principalmente se o negócio da empresa for mais complexo do que a média, como negócios com várias filiais ou processos industriais diversificados. Este critério também implica em tempo a ser investido.

colaborador precisa ter para entrada de dados. Ainda, computadores e impressoras para quem precisa acessar os dados. Análise de benefícios Alguns especialistas alertam para o fato de que os maiores benefícios de um ERP ficam ocultos. Exemplos são a redução de tempo de resposta da produção, melhora no ciclo de desenvolvimento de um produto ou ainda a melhor disponibilidade da informação. Um diretor, por exemplo, consegue saber em tempo real como está o estoque, a produção do dia e se há janela para fechar uma grande venda. Serviço e suporte O vendedor do sistema precisa garantir o suporte por um preço combinado previamente. Sem isso, a chance de obsolescência e custos imprevistos, inclusive durante a implantação, é enorme. Outro ponto é a variedade de empresas terceiras que realizem serviços para a plataforma escolhida. Confiabilidade do sistema As melhores práticas em gestão e TI devem fazer parte do cotidiano do sistema. Confira, por exemplo, se ele é baseado em MRPII.

Ajuste estratégico

Facilidade de customização

Eventualmente, dependendo da estratégia da empresa, um ERP construído especialmente para ela pode atender aos objetivos melhor do que um outro programa construído de forma mais genérica. Vale lembrar que é recomendável que o sistema permita rápidas mudanças estratégicas.

É preciso adaptar um sistema genérico aos processos da empresa contratante. Quanto mais difícil customizar, mais cara é a implantação.

Riscos O uso de um ERP em uma empresa grande com vários negócios de alta complexidade oferece riscos maiores do que uma confecção com menos de 50 funcionários. Flexibilidade O tempo médio de projetos de ERP é de seis meses a alguns anos. Como a tecnologia evolui durante esse prazo, tanto hardware quanto o software, um sistema com baixa flexibilidade pode obrigar a empresa a ter de abandonar algumas funcionalidades ou mesmo tornar o ERP obsoleto. Custo Via de regra, o preço total de um ERP é muito alto, portanto deve-se analisar todos os custos envolvidos. Os custos não monetários do ERP são o da extensa infraestrutura de TI e intranet local, além da disciplina que cada

Melhor ajuste com a estrutura organizacional Eventualmente, a possibilidade da própria equipe de TI da empresa contratante fazer o suporte pode ser o argumento decisivo para a escolha do sistema. Em outros casos, incompatibilidades com sistemas de parceiros ou de filiais podem inviabilizar escolhas. Também é válido observar as mudanças ocasionadas nos processos administrativos da empresa. Geralmente, os processos embutidos nos ERPs se baseiam nas melhores práticas do mercado e isso pode ocasionar algum atrito. Integração modular cruzada Qualquer sistema sem integração total dos módulos da empresa não trará os benefícios esperados. Método de implantação do software Dada a complexidade do processo de implantação e o impacto que ele pode ter na companhia, a utilização de uma metodo-

logia clara, segura e testada para implantar é um diferencial a ser considerado. Há três formatos bem aceitos no mercado: o primeiro é o piloto, que traz menos riscos por acontecer em apenas uma área. O segundo é o paralelo, que traz um risco médio, porém as pessoas precisam digitar tudo duas vezes (no sistema antigo e no novo). O terceiro é o Big Bang, que se trata da substituição completa de um pelo outro, a chamada ‘virada de chave’ - este é o mais arriscado. Domínio de conhecimento e experiência do fornecedor Em alguns casos, como fabricantes de fios ou tecidos, é importante que o vendedor do sistema tenha conhecimento do processo de manufatura, pois facilita bastante o processo. Quanto maior o número de implantações, menor a chance de surpresas desagradáveis. Compatibilidade com outros sistemas É quase impossível que um sistema ofereça todas as funcionalidades necessárias para uma empresa, assim é importante que o ERP seja compatível com programas como CRM, gerenciadores de conteúdo, intranets e outros. Visão do fornecedor Avalie se o que o fornecedor projeta para seu sistema no futuro atende às expectativas da empresa. Escalabilidade Para que a sua empresa possa crescer no futuro, seu sistema de gestão precisa acompanhar no mesmo ritmo, sem solavancos desnecessários como trocas frequentes de servidor ou versão do programa. Facilidade de uso Quanto mais fácil de usar o sistema, menor o custo de treinamento e maior a chance de ele ser utilizado na empresa. Segurança O sistema deve permitir backups frequentes, deve ser inviolável e garantir a integridade dos dados. Localização Critério importante para as empresas brasileiras, que convivem com legislação tributárias diferenciadas por estado. Um software estrangeiro pode gerar dificuldades que vão do formato da data até o idioma.


es t ilo

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Fernanda Takai Saiba mais sobre o estilo de Fernanda em cinco imagens escolhidas por ela Há 17 anos cantando, tocando e compondo para a banda mineira Pato Fu, Fernanda Takai é uma artista versátil. Dona de um timbre de voz suave e marcante, ela dá vida às músicas inusitadas e repletas de efeitos diferenciados do grupo, ao mesmo tempo em que inicia sua carreira solo interpretando canções do repertório de Nara Leão. O trabalho intitulado “Onde brilhem os olhos seus”, realizado com a direção musical de Nelson Motta, foi considerado o melhor disco de MPB do ano de 2007, resultando em uma série de shows, e na gravação do DVD “Luz Negra”, cuidadosamente produzido e editado. Casada com John Ulhoa, guitarrista do Pato Fu, e mãe de Nina, 6 anos, Takai é considerada uma das melhores cantoras do mundo, tendo recebido diversos prêmios nacionais e internacionais, além de realizar outros projetos fora do meio musical. Como cronista, publicou o livro “Nunca subestime uma mulherzinha”, pela Panda Books, além de manter um blog com postagens sobre sua vida profissional e pessoal.

foto: Fabiana Figueiredo/divulgação

da Takai/arq fotos: Fernan

Coleção de pratos d 80 prato s da Asso a Boa Lembranç a. ciação. G gastronô osto muit Tenho quase mic od me propo o. Ainda bem qu e as viag e turismo rcionam ens a tra isso. balho

riela Lima/d

ivulgação

uivo pessoal

. filha Nina , a minha re m v o li c o s p a assinh om tem m c e a s d a a c in Ofic stá em a gente e o na massa. Quando ã m a oloca sempre c

foto: Gab

Sou muito fã da s da Nintendo. casa e aqui Meus joguinho nho vários em Te . s, os Br io ár i, mãe, filha, tio família M a de brincar: pa st go do un m todo fila! amigos... Tem

Mostrando o mirante d as Horizonte a o fundo pa Mangabeiras com Be ra cantora lo Nomiya (Piz japonesa M zicato Five), aki do meu sh q u e ve io ao Brasil p ow. articipar

na Nova família toda a s. m co e iv st -E as de 10 dia Lake Wanaka uco tempo, em miniféri a id m co a o b o p incríveis, s en g Zelândia há a is a p l. a ilha su entos de Foram mom mpático. Wanaka fica n si ito u e povo m


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c am pu s

6º Prêmio de Design Abimóvel divulga ganhadores Cinco finalistas tiveram seus protótipos executados pelo SENAI

fotos: divulgação

Em sua sexta edição, o Prêmio de Design Abimóvel, uma iniciativa da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário, teve por temática móveis para a classe C e D. Mais de 100 projetos foram inscritos, dentre os quais apenas cinco foram vencedores, sem ordem classificatória. Os ganhadores tiveram seus protótipos escolhidos como sendo os mais originais, inovadores e funcionais, dentro do contexto mercadológico e da viabilidade de produção industrial. Os cinco projetos, desenvolvidos para diferentes ambientes como quarto, sala e banheiro, foram executados pelo Senai. O rack Mozambique, assinado pelo designer de produtos Rafael Eckmann foi exposto na feira Las Vegas Market, que ocorreu em setembro. A mesa Longa Vida, desenhada por Bernardo Senna, e a cômoda-penteadeira Elastik, de Renata Moura, fizeram parte da feira Habitat Valencia Forward, também no mesmo mês. Já o kit para banheiro H2O, do designer Fernando Resende Faria, e o armário Pix, do designer Thiago Porto, irão compor a 19ª edição da Index Dubai que acontece em novembro.

Armário Pix

Kit para banh

eiro H2O

Cômoda-penteadeira Elastik

Segundo o presidente da Abimóvel, José Luiz Diaz Fernandez, o concurso fortalece ainda mais o posicionamento do design brasileiro, tornandose uma referência para o setor moveleiro.

Mesa Longa Vida

Rack Mozambi

que

Programa de Trainees C&A Inscrições estão abertas até 30 de outubro Presente no país há 33 anos, a C&A é líder do mercado varejista de moda, com mais de 170 lojas em cerca de 60 cidades brasileiras.

Administração Mercadológica, Comércio Exterior, Arquitetura, Ciências Contábeis, Comunicação, Economia, Engenharia, Marketing e Moda.

Neste mês, a empresa está realizando seu 55º Programa de Trainees, com o objetivo de selecionar novos talentos para atuar nas áreas de Negócios do Varejo e de Desenvolvimento de Produto.

Os interessados deverão apresentar inglês fluente ou avançado, visão comercial, perfil desafiador e empreendedor, disponibilidade para viagens e mudanças de cidade ou estado, apreço em assumir riscos e habilidade em relacionamentos.

Podem se inscrever candidatos graduados no período de julho de 2006 a dezembro de 2009 nos seguintes cursos: Administração de Empresas,

Durante a seleção, o candidato faz provas de inglês e de raciocínio lógico, passa por testes

comportamentais e dinâmicas de grupo e é entrevistados pelos diretores da empresa. Os selecionados participarão do treinamento, com duração de 15 meses. O índice de efetivação ao término do programa é de aproximadamente 80% dos participantes. Atualmente, 70% dos diretores da C&A são oriundos do Programa de Trainees. As inscrições podem ser feitas pelo site www.cea.com.br até o dia 30 de outubro.


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Salão Design Movelsul 2010

cursos & concursos

Concurso permite a participação de estudantes, profissionais e indústrias Promovido pelo Sindmóveis (Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves), no Rio Grande do Sul, a realização do Salão Design é anual e ocorre paralelamente às feiras Casa Brasil e Movelsul Brasil. O principal objetivo do Salão é incentivar a criatividade e o empreendedorismo por meio do design, destacando o talento de estudantes, profissionais e indústrias através de diferentes premiações. Cada participante poderá se inscrever em apenas uma das três modalidades, porém com múltiplos projetos, nas seguintes categorias: Acessórios domésticos (banho, aparelhos de mesa, cutelaria e utilidades domésticas); Eletroeletrônicos domésticos; Iluminação; Móveis. Interessados deverão preencher uma ficha no site www.salaodesign.com.br, pagar a taxa de

inscrição, enviar o comprovante por fax e encaminhar as pranchas do projeto pelo correio. O regulamento completo com valores, endereços, regras de apresentação e demais informações está no site e no blog salaodesign.wordpress.com. As inscrições estão abertas até o dia 30 de outubro.

Período: 17 e 24 de outubro. Horário: sábados, das 9h às 12h e das 13h às 16h. Local: Feevale - Campus II - RS 239, nº 2755 Novo Hamburgo/RS. Informações e inscrições: www.feevale.br/extensao

foto: © Agência Fotosite

Design e Aplicações As estampas estão em alta e o conhecimento sobre suas técnicas é cada vez mais importante para quem trabalha com moda, arte, decoração, ou design. Este curso, ministrado por Celaine Refosco, no Instituto Rio Moda, propõe o estudo e o debate sobre o uso da estampa no mercado atual. As diferentes técnicas aplicadas na estamparia e a importância da educação do olhar no processo criativo. A ministrante é artista plástica graduada pela Universidade de Belas Artes de Curitiba, mestre em educação pela Universidade de La Habana, e docente em cursos de arquitetura e moda. Com especialização em “Diseño para el Hogar”, pelo CDI, Uruguai/Itália, Celaine é também diretora geral da Orbitato – Instituto de Estudos em Arquitetura, Moda e Design.

Design de Experiências no ponto de venda - Reforço da identidade de marca A metodologia do design de experiências permite que o designer passe a estimular a criação de momentos memoráveis para os usuários, gerando aumento do valor das marcas. O curso abordará conceitos pertinentes ao tema, ferramentas de Design Estratégico aplicadas ao contexto de Marketing Estratégico e análise das contribuições dessas ferramentas no processo de inovação e desenvolvimento de conceitos de produtos. Período: de 28 de outubro a 28 de novembro. Horário: segundas e quartas, das 19h às 22h, e sábados, das 8h às 12h e das 13h às 17h. Local: Escola de Design Unisinos - Rua Luiz Manoel Gonzaga, 744 - Porto Alegre/RS. Informações e inscrições: até o dia 24/10 através do site www.unisinos.br/educacaocontinuada

Eley Kishimoto | Nova York | verão 2011

Datas: 06/11/2009 e 7/11/2009 Horários: dia 6 das 14h às 21h | dia 07 das 9h às 16h30 Local: Hotel Promenade Visconti – Rua Prudente de Morais, 1050 – Ipanema, Rio de Janeiro. Informações: wwww.institutoriomoda.com.br

você na Usefashion A vez do estudante

Sugira assuntos a serem abordados, opine,

O curso tem por objetivo abordar conceitos e tipos de merchandising, sua influência e importância estratégica no mix promocional, ampliando a visibilidade da marca ou do produto, dentro e fora do ponto de venda. Destinado a estudantes e profissionais de Comunicação Social, Administração, Marketing, Varejo e demais interessados.

Nas quatro categorias de participação, haverá um premiado de cada modalidade. Para o estudante, o prêmio é de R$ 5 mil e para o profissional, R$ 10 mil. Na categoria indústria, R$ 10 mil para o responsável pelo projeto e veiculação na mídia para a empresa. Há também algumas premiações adicionais para determinadas categorias.

Estamparia

Campus é um espaço dedicado à publicação de notícias, cursos, eventos, acontecimentos e temas que são do interesse de estudantes e professores ligados aos cursos de moda, estilismo e design. Você pode participar enviando para nossa redação sua contribuição.

Merchandising - Aproximação da Marca com seus Públicos

envie notas a serem divulgadas sobre a programação de sua universidade ou instituição de ensino, sobre trabalhos premiados e atividades extra-curriculares. Estamos aguardando sua participação. Contate-nos através do email: campus@usefashion.com

Pesquisa, tendências e comportamento do consumidor O curso apresentará conceitos sobre o comportamento do consumidor, com o objetivo de compreender com profundidade quais os estímulos que definem as atitudes do mesmo, através de uma interpretação de valores, sentimentos, crenças, dinâmicas culturais e tendências sociais. Conteúdo programático com foco para estudantes e profissionais das áreas de Comunicação e Marketing, Design de Moda e Psicologia. Período: 28 de novembro. Horário: sábado, das 8h às 18h. Local: Century Paulista Plaza (Sala Paulista II) Rua Teixeira da Silva, nº 647, São Paulo/SP. Inscrições e informações: www.integracursos.com.br


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opinião

até que enfim! por álvaro arthur de castro*

Continuamos aguardando a recuperação econômica. Enquanto ela não vem, há duas lições muito simples que podemos tirar desde já. A primeira delas nos diz que o crescimento do consumo foi financiado por crédito e não por poupança. Daí que há mais gente endividada do que se supunha antes da eclosão da crise. Evidentemente, os mais atingidos levarão algum tempo para se recuperar. A segunda lição é ainda mais evidente. O consumo vai diminuir, sem retomar os antigos volumes por longo período. De fato, ele já diminuiu. Os americanos estão gastando quase 50% menos a cada dia e até a indústria relojoeira suíça sofreu queda de 25% nos modelos de entrada e 40% nos modelos de exceção.

Se optarmos pela humildade, bastante conveniente em dias como esses, poderemos olhar para trás e aprender com os mais antigos. A moderação e a frugalidade são as qualidades mais preciosas no lidar com tais cenários. Do ponto de vista dos negócios, então, significa que devemos por de lado os investimentos prescindíveis em produtos, optando por alocar recursos nos serviços impreterivelmente.

Quando tudo corre muito bem, somos levados a crer que nossas marcas vendem sozinhas, que os clientes compram de nós por que somos, de fato, muito bons e que aqueles que trabalham para nós deveriam nos agradecer muitíssimo pelas estupendas oportunidades de trabalho que lhes damos. Na crise, ao invés, notamos o tamanho do engano por trás destas ideias. Nossos melhores clientes serão cobiçados e assediados por todos, recebendo redobrada atenção e ganhando um poder de barganha extraordinário. Daí que só o aprimoramento dos serviços e, mais particularmente, do atendimento geral fará fartura aos olhos dos clientes. Assim, melhor que gastar com produtos, ambientação e promoções tolas que não geram incrementos diretos na percepção de valor dos clientes, será tratá-los como realmente merecem. É hora de gastar com gente, uma vez que produtos todos têm. É hora de mandar o presidente do clube bater os pênaltis, ou melhor, botar o dono para atender seus clientes. E eles dirão: até que enfim!

* Álvaro Arthur de Castro é Arquiteto e Urbanista, Mestre em Ciências Sociais e tem MBA em Marketing. Possui mais de 16 anos de experiência em produtos e serviços de luxo e estilo de vida, tendo atuado profissionalmente no Brasil, Europa e EUA. Especialista no planejamento de negócios de luxo - start-ups e revitalizações - foi um dos criadores do curso de pós-graduação em Marketing de Luxo (Premium) da ESPM-SP. Atualmente, dirige a Oficina do Sentido, empresa especializada em treinamentos profissionais personalizados.

foto: divulgação

Tempos de crise costumam atingir mais violentamente os menos abastados. Contudo, mesmo os mais ricos tendem a refrear seus ímpetos consumistas. Foi assim no Plano Real, no período da URV, e será mais ainda agora, quando muitos perderam ativos importantes. Naturalmente, isto afeta e muito os negócios de prestígio e luxo. Ninguém ficará rigorosamente impune.

Na era dos relacionamentos, o que não podemos fazer é deixar de cuidar dos clientes, sobretudo dos mais fiéis e antigos. Portanto, é hora de conceder mais tempo e carinho à linha de frente, de investir em novos e melhores processos de serviços e – como não poderia deixar de ser – em pessoas.



direção de pesquisa: patrícia souza rodrigues edição de moda: Eduardo Motta fotos: © Agência Fotosite

As coleções Resort, ou Cruise, trazem peças destinadas ao alto verão, inspiradas nas mais famosas praias e balneários do planeta. Nesta edição, apresentamos um recorte do melhor destes lançamentos, destacados pelo alto apelo comercial. Acompanhe.


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v e r ão 2011

Para garotas, cores fortes, algodão, malha e jeans Esta é uma coleção que atende perfeitamente bem ao público jovem. Com modelagem fácil, proporções funcionais e uma oportuna releitura soft dos anos 1980, cheia de laçarotes e babadinhos. A boa dosagem da oferta de materiais, todos usáveis e comerciais, o equilíbrio no desenho de uma garota, entre o girlie e o rebelde, e a rica presença de acessórios, fazem da Marc by Marc Jacobs uma candidata certeira ao giro rápido nas lojas da marca. Bolsas de formatos e materiais variados, algumas com enormes ilhoses dourados, plataformas, anabelas baixinhas, cintos coloridos trançados, colares delicados, pulseiras estilosas: não falta nada na composição deste mix pop. Em azul royal, vermelho, lavanda amarelo e rosa.


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Para garotas e mulheres, tropical, de modelagem ampla Levando sua musa para uma viagem a Acapulco, Albert Elbaz conseguiu, nesta coleção, dar dimensão usável e, ainda assim charmosa, para seu estilo ultrachic. Estão lá os grandes jabôs e os drapeados fartos. A diferença é que, desta vez, eles ganham volume em algodões leves, sedas mistas e em denim. Também são propostas da Lanvin calças-pijama e longos sarongues, ao lado de imbatíveis vestidos de bom comprimento e cintura marcada. Azuis lavados e fortes, crus, lima e vermelho estão na cartela. Os acessórios vistosos em acrílico, pedraria, cordões trançados e flores de ráfia, as bolsas de tecido e a oferta diversificada de sapatos, são de despertar desejos.


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Para um gosto despojadamente sofisticado Quando quer, Nicholas Ghesquiére se arrisca a trazer a excelência técnica da modelagem Balenciaga para a roupa do dia-a-dia. A julgar por esta coleção Resort, ele está certo. Mesmo que estejam lá os volumes nas ancas e as assimetrias inesperadas, estão também as proporções enxutas nas bermudas de alfaiataria, nos tops graciosos de cintura marcada, nos conjuntos de saia e blusa que não tem nada de banal, e nos inesperados babadinhos românticos para looks leves. Nos materiais, a coleção passeia por aspectos de tecidos mais rústicos que de costume, como o linho, ao lado de outros leves e sedosos, com aparência tecnológica. A cartela na maior parte é pálida, a graça da silhueta é inegável, assim como a excelência das bolsas e das sandálias.


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Colorido intenso e formas depuradas Uma guinada no uso dos tons de terra levou a coleção Bottega para o terreno da cor, com laranja, verde, azul, vermelho e violeta. Por conta da modelagem enxuta e das proporções funcionais, o resultado é mais que convincente. Apenas as listras finas quebram a constância das grandes áreas lisas, em algodão 100% e muitas vezes em seda. Ora marcando a cintura, ora ampliando a silhueta, com calças soltas e curtas, e vestido de suave forma balão, estes looks desfilados sobre plataformas altas são acompanhados por carteiras generosas de fole duplo e bolsas clássicas da marca: grandes, em couro trançado e de alças curtas.


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CUringa, poderoso, urbano, em tons neutros e azul intenso Para os trópicos, a sólida coleção da Gucci faz a mediação perfeita entre lazer e obrigações diárias. Não há mulher que não se sinta elegante e segura dentro desta modelagem funcional, construída com zíperes, cortes estruturados e bossa na medida certa nas calças capri de algodão 100% e nos vestidos de tecidos macios, e mistos de viscose, simulando moulage. A cartela de terrosos e azul é comercial, e na estamparia contida entram apenas listras florais estilizadas. Nos acessórios, mais uma prova do cuidado dispensado a eles no Resort: cintos de fivela de encaixe, carteiras e bolsas grandes, tamancos e sandálias poderosos.


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Base na modelagem esportiva e na estamparia Coleção sintética, apostando no vigor atlético que a roupa de inspiração esportiva ressalta e valoriza. A base é o maiô, adaptado ao vestido, que é a peça-chave da coleção, e o resultado é pura feminilidade. Ponto forte da coleção, a estamparia é floral, estilizada e em grande escala, com resultado particularmente bom quando aplicada sobre o chiffon. A transposição bem-sucedida de referências, o dinamismo da silhueta proporcionado pela malha, as botinhas boxeur e a inteligência da cartela de neutros, embalados pela estamparia colorida, fazem da Miu Miu um dos grandes acertos da temporada.


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Romântico, nos tecidos translúcidos, que são mania da estação Esta é uma coleção endereçada ao romantismo contemporâneo, embalada pela forma básica da T-shirt que chega muito bem ao seu destino. Com bela cartela de cores quentes contrapostas a azul, off-white e cinza, a estilista explora camadas de transparência, lisas e com estampas manchadas nas barras e rendas para obter vestidos que falam de perto com os desejos de um público bem mais jovem do que ela costuma atingir. Os colares de flores multicoloridas são graciosos e a sapatilha peep toe em nude arremata coerentemente o conjunto.


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Comme des Garçons foto: © Agência Fotosite

40 anos de história Por Juliana Zanettini

É indiscutível a relevância dos estilistas japoneses na história do vestuário. Foram eles que revolucionaram os costumes nos anos 1980 ao partir do princípio da desconstrução da forma, promovendo verdadeiras construções arquitetônicas à indumentária. Os maiores expoentes desta moda carregada por transgressões são Yohji Yamamoto, Issey Miyake e Rei Kawabuko, designer à frente da Comme des Garçons. Assim como os seus colegas, Kawabuko reformulou padrões e sugeriu uma moda reforçada pelos valores ancestrais, apontando uma silhueta inesperada às suas criações. Nascida em 1942, em Tóquio, embora tenha estudado literatura na Universidade de Keio, Kawabuko trabalhou na Asahi Kasei, indústria têxtil japonesa. Após adquirir bagagem profissional, mudou-se para Paris no ano de 1967, onde trabalhou como free lancer e, em 1969, criou a sua marca, a Comme des Graçons. Já nas primeiras coleções foi possível perceber que ela seria uma revolucionária da moda. Com olhar atento e sensibilidade ímpar, a estilista agregou novas proporções e volumes assertivos às suas criações, conquistando uma modelagem precisa e assimetrias interessantes em seus trabalhos. A presença nipônica em suas criações sempre foi outro aspecto fundamental. Num clima antifashion e nada convencional, as roupas eram arquitetadas de forma desestruturada, amassadas e a até mesmo rasgadas, características até hoje fortes em suas criações. Aliás, Kawakubo carrega, desde o início, um simbolismo particular que não sofre mutações com o passar dos anos. Outro aspecto importante é a forma com que ela propõe uma visão andrógena do corpo humano, explorando, por vezes, a sua interpretação de forma assexuada. Por exemplo, a indumentária masculina, que também é base para as suas criações, faz-se muito presente no feminino. Por conta disso o nome de sua marca é Comme des Garçons, ou seja “Como os meninos”. A marca, que foi uma das primeiras de moda a explorar o conceito de Guerrilla Store, ou Pop Up Retail, em 2004, agora trava guerra contra a crise econômica mundial vendendo seus produtos em lojas de fast fashion. Pelo que já fez durante seus 40 anos de história, a ousada estratégia pode dar certo.

Comme des Garçons | inverno 2010




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