Journal UseFashion - Maio 2010

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ANO 7 • nº 76 • maio 2010 • Edição Brasileira

moda profissional

reportagem

A vida imita... a novela Moda da telinha é mania nacional – pág. 44

R$20,00

Dicas de vitrines para o Dia dos Namorados – pág. 40 Gustavo Lins, em exclusiva, direto de Paris – pág. 54 Tendências e estilos do próximo inverno – pág.64

ISSN 1808-6829

Rumos da moda infantil para o inverno 2011 – pág. 34


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nesta edição

Capa: Todas as noites, um desfile de moda. É a novela começando: embalada por trilhas que emocionam, desfilando uma moda democrática, que veste desde o personagem mais simples até o mais abastado, ambientada em cenários incríveis. Uma moda que logo chega às ruas. E vende, vende muito. Mais fast fashion impossível. Fotos: Livro Entre Tramas, Rendas e Fuxicos, Ed.Globo/reprodução (fotos novelas antigas). E, divulgação: TV Globo/Márcio de Souza (Tony Ramos), TV Globo/José Paulo Cardeal (Marcello Antony), TV Globo/Carlos Prates (Débora Fallabella), TV Globo/ Renato Rocha Miranda (Thiago Lacerda e Taís Araújo).

na capa

gente

34 infantil

08 é moda

Rumos da moda infantil para o inverno 2011.

Looks comentados de Düsseldorf e Londres.

40 visual de loja

10 PAPARAZZI

Dicas de vitrines para o Dia dos Namorados.

Os ternos escolhidos pelas celebridades.

44 reportagem

61 ESTILO

Moda da telinha é mania nacional.

Conheça o estilo de vida da jornalista e diretora criativa do Pense Moda, Camila Yahn.

54 perfil

Gustavo Lins, em exclusiva, direto de Paris.

curtas

64 EDITORIAL DE MODA

Tendências e estilos do próximo inverno.

06 PORTAL USEFASHION.COM

Eventos de maio no portal UseFashion. 07 DICAS DA REDAÇÃO

20 anos da maison Martin Margiela; Pantera de luxo em edição limitada, e os 50 anos do coturno Dr. Martens.

40

38 ACONTECE

Os lançamentos da Lineapelle para o verão 2012.

moda 12 VESTUÁRIO

Alta-costura renovada. 18 CALÇADOS E BOLSAS

Tudo para brilhar no inverno: paetês, cristais e metalizados.

58 CAMPUS

Tecnólogo em Moda do Senac/RS; Evento itinerante nas universidades e Prêmio Design Universitário da Tok&Stok. 78 MEMÓRIA

Os 100 anos da grife Ermenegildo Zegna.

20 CALÇADOS E BOLSAS

Chanel dá o exemplo com peles fakes na passarela. 22 ACESSÓRIOS

Mais pele impossível.

26 RADAR INTERNACIONAL

Metais sombreados x Metais luminosos. 28 RADAR NACIONAL

Alças e meia-pata X Formas rígidas. 64

30 MASCULINO

O tricô em destaque para o inverno 2011.

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expediente negócios 52

56 NEGÓCIOS

Celebridades que assinam grife.

design 50 DESIGN

5

Diretor-Presidente Jorge Faccioni Diretora Alessandra Faccioni Diretor Executivo Wilson Neto Diretora de RH Patrícia Santos Diretora de Pesquisa Patrícia Souza Rodrigues

Especial embalagens. Núcleo de Pesquisa e Comunicação

opinião 50

52 CULTURA

Clic to enlarge. Por Eduardo Motta. 60 OPINIÃO

Réquiem para um mito. Por Carol Garcia.

ao leitor A moda que aparece nas novelas, volta e meia, vira febre nas ruas do país. E não é pra menos. Todas as noites, uma audiência cativa, formada por um público de espectadores que abrange todas as classes sociais, liga a tevê para assistir a mais um capítulo. E, a cada nova aparição, os personagens promovem um verdadeiro desfile de moda. De uma moda democrática, que veste desde o núcleo pobre da trama, passando pela classe média, até os mais abastados. Uma moda ambientada em cenários diversos, alguns intangíveis, de países e culturas tão distantes que talvez muitos de nós nunca visitemos, a não ser pela telinha. Com trilhas sonoras que ficam na nossa cabeça e acabam fazendo parte das nossas vidas. Um verdadeiro show, um desfile completo, que é o tema da nossa reportagem de capa. A identificação acontece como que por encanto. Queremos saber o que vai acontecer, queremos ver nossos atores preferidos, passear por aqueles lugares. Nos emocionamos com a trama e queremos ser como eles. E, se o público mergulha de cabeça na novela, a moda, os trejeitos e, até os bordões dos personagens, como que pulam da tela para nossas vidas, invadindo nossas casas, nossos trabalhos, virando assunto e, porque não dizer, mania nacional. A velocidade com que este fenômeno acontece é tão imensa, que, o que esteve no capítulo de ontem, pode gerar uma enxurrada de ligações para as emissoras. São os telespectadores querendo saber qual era a cor do esmalte que a mocinha estava usando, de onde é aquela camiseta, como fazer para conseguir aquela peça.

Editora-Chefe Journal Inêz Gularte (Mtb 7.775) Edição de Moda Eduardo Motta (consultoria) Subeditora Portal Aline Ebert (Mtb 13.687) Redação Fernanda Maciel (Mtb 13.399), Juliana Wecki (Mtb 14.781) e Eduardo Pedroso (assistente) Núcleo de Design Carine Hattge (coordenadora de design), Ingrid Scherdien (diagramadora), Jucéli Silva e Vanessa Machado (web designers), Daiane Padilha, Daiane Silva, Francine Virote, Patrícia Hagemann e Renata Brosina (classificação e tratamento de imagens). Equipe de Pesquisa Náthali Bregagnol (coordenadora de Pesquisa) e Thaís de Oliveira (estágio de design de moda). Consultores Angela Aronne (malharia retilínea e underwear), Daniel Bender (inovação), Eduardo Motta (vestuário feminino e masculino), Juliana Zanettini (beachwear e jeanswear), Kamila Hugentobler (calçados), Nájua Saleh (bolsas), Paula Visoná (malharia circular), Renata Spiller (infantil, acessórios, surfwear) e Vanessa Faccioni (visual de loja). Colaborou nesta edição Carol Garcia.

UseFashion Journal (ISSN 1808-6829) é uma publicação mensal do Sistema UseFashion de Informações

E, logo, logo, tudo isso chega às ruas. Mais fast fashion impossível. E vende, vende muito. Com versões tanto em comércios populares, a preços mais acessíveis, como em magazines e butiques. Nesta reportagem, conversamos com especialistas sobre como acontece esta identificação. Encontramos uma loja que só vende a moda das novelas, entrevistamos figurinistas, sociólogos, recordamos alguns personagens que ditaram moda, e chegamos ao acervo de figurino da TV Globo, o maior do gênero na América Latina, com quase 100 mil peças. Abordamos ainda, a trama da nova novela das oito da Globo, Passione, que estreia este mês. Não dá pra deixar de ler. Também nesta edição, mostramos, os pontos altos da moda festa e o melhor do vestuário para o inverno 2011. Buscamos dicas de vitrines para o Dia dos Namorados, para aquecer as vendas em junho. Entrevistamos o estilista brasileiro Gustavo Lins, que desfila na semana de Alta-Costura de Paris, e mostramos as megatendências da moda infantil para o inverno 2011.

Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: Midia Gráfica - RBS Vários dos conteúdos que abordamos nesta edição podem ser complementados no portal usefashion.com. Alguns são de acesso exclusivo para assinantes do portal. Ligue 0800 603 9000 e veja como acessar. Os textos dos colunistas e colaboradores são de responsabilidade dos mesmos e não representam necessariamente a opinião da empresa. Todos os produtos citados nesta edição são resultado de uma seleção jornalística e de consultoria especializada, sem nenhum caráter publicitário. Todas as matérias desta edição são de responsabilidade do Núcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização por escrito do Sistema UseFashion de Informações.

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Redação 51 3037 9507 redacao@usefashion.com

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Tudo isso e muito mais no UseFashion Journal de maio. Boa leitura e ótimos negócios.

Jorge Faccioni Diretor-Presidente ERRATA: Na Reportagem "Moda Justa", as fotos da ONG Refazer foram trocadas na página 48. As duas imagens, uma do colar rosa e a que vem abaixo, são do Refazer e não da Lã Pura, como legendado. As duas fotos, acima destas, são de produtos confeccionados pelas mães artesãs do Refazer, com exclusividade, para a Cantão Home.

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por tal use f ashion.com

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conte ú d o pa r a a s s i nante s

Hotsite de 10 anos da UseFashion Por Aline Ebert fotos: UseFashion e Divulgação

Comemorando 10 anos de empresa, a UseFashion coloca no ar um hotsite gratuito, com quatro links recheados de informações: www.usefashion.com/DEZanos 10 anos, 10 tendências, listando a seleção de 10 megatendências antecipadas pela UseFashion, que acabaram virando produtos e invadindo as ruas; 10 anos, 10 motivos para comemorar, com fotos de colaboradores, currículo dos diretores, números do crescimento e outras informações corporativas; Quiz, teste seus conhecimentos, um jogo muito divertido, em que o usuário precisa descobrir de qual estilista é cada look. Quem fizer 10 acertos em cada mês, até dezembro, concorre a assinaturas do UseFashion Journal; Concurso cultural, que premiará estudantes, designers, estilistas e profissionais do mercado da moda que criarem croquis com o tema “Festejar”, em cinco categorias: vestuário, calçados, bolsas, acessórios e estamparia. Saiba mais no regulamento. Capa do hotsite 10 anos

desfiles e feiras de maio

UseConnect,participe da rede social da UseFashion

Maio abre a temporada brasileira de verão 2011 com o Minas Trend Preview (28/04 a 1º de maio). O estilista Marcelu Ferraz estreia na semana de moda (foto). Já na Espanha, cobrimos pela primeira vez a Cibelis Madri Noivas de inverno 2011 (6 a 9 de maio); enquanto que da Itália, traremos novidades em joias e acessórios da Vicenza Oro Charm (22 a 26 de maio).

UseConnect foi o nome escolhido pela UseFashion para sua rede social. O espaço virtual já pode ser acessado pelo endereço www.usefashion.com/useconnect, onde os usuários que estudam, trabalham ou, simplesmente, gostam de moda poderão trocar informações em fóruns, comentários, vídeos, fotos e outras plataformas.

Home>Feiras

Comunidade Adoro Calçados

Croqui Marcelu Ferraz

MAIO

calendário 03 03 06 06

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05 05 09 08

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Accessorie Circuit Intermezzo New York Cibeles Madrid Novias 49ª Bijoias

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Surtex Texfair Moda Prima Vicenza Oro Charm

O nome da rede foi sugerido por Ana Gabriela Sotero Machado, de São Paulo, vencedora do concurso cultural realizado entre fevereiro e março. Ela atua em duas áreas: escreve para os blogs sersustentavelcomestilo.blogspot.com, de Chiara Gadaleta, e o seu theconsciousclothing.wordpress.com (Roupa consciente). Também colabora com a Design Possível, instituição que une diversas ONGs que criam produtos ecologicamente corretos, socialmente envolvidos e justos. Segundo ela, a senha do portal auxiliará no seu desenvolvimento intelectual e também para pesquisa de produtos para as ONGs, com destaque para a Arrastão, que faz bolsas, à venda em www.elo7.com.br/designpossivel.


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dicas

da redação Maison Martin Margiela: 20 anos

foto: divulgação

Depois de Antuérpia e Munique, chegou a vez de Londres comemorar os 20 anos da Maison Martin Margiela. Entre os dias 3 de junho e 5 de setembro, a Somerset House sediará uma grande exposição com vídeos, instalações, fotografias e as roupas que marcaram duas décadas de uma das grifes mais influentes da moda contemporânea. Formado pela Royal Antuérpia da Academia de Belas Artes, o designer Martin Margiela trabalhou como assistente de design de Jean Paul Gaultier, antes de mostrar sua primeira coleção em 1988. De lá pra cá ficou conhecido pelo seu minimalismo desconstruído e pela preferência pela cor branca. Saiba mais: www.somersethouse.org.uk

foto: divulgação

Pantera de luxo em edição limitada A Cartier lançou uma linha exclusiva de óculos de sol com o desenho de pantera em destaque nas hastes. A inspiração vem da história, quando o ex-rei da Grã-Bretanha, Duque de Windsor, solicitou um broche para sua esposa com a representação de uma pantera, animal que simbolizou a paixão que fez o nobre desistir do trono por sua amada. As peças têm hastes laqueadas e envernizadas à mão, uma tecnologia que passa por 13 etapas e utiliza a tradição em acabamento de joalheria da marca. As pedras azuis nos olhos do felino são “spinels”, gemas utilizadas também nas linhas de relógios de aço. Vale lembrar que a edição é limitada e numerada. Serão apenas 2 mil óculos no mundo, com lentes multi-basis especialmente desenvolvidas para a armação. Confira: www.generaloptical.com.br

50 anos do coturno Dr. Martens

Acesse: 50.drmartens.com

foto: reprodução

Um dos mais famosos coturnos do mundo, o Dr. Martens, está completando 50 anos. Criado durante a II Guerra Mundial por um médico que não suportava mais as botas desconfortáveis que o exército fornecia, o calçado logo passou a ser usado por trabalhadores e ficou conhecido pelos punks de Londres na década de 1960 e 1970. Como o acessório é marca registrada de muitos punks e roqueiros, a grife convidou 10 bandas para gravarem suas versões de clássicos do rock que representam o espírito da Dr. Martens. Todo material de gravações e as faixas musicais estão disponíveis para download no site da Dr. Martens.


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Ainda que aparente ser mais item de estilo do que proteção, a boina cai bem nos cabelos lisos e dá charme aos looks invernais. Make up forte nos olhos e boca pálida, anunciando leveza e sensualidade na mistura.

Sobreposição de casacos é o que caracteriza a estação fria para esse ano. Outra dica é misturar o blazer com o hoodie, deixando o capuz para fora.

Calça skinny permanece como opção perfeita para equilibrar o visual com blusas amplas ou compridas, como esta xadrez.

Sapato com salto anabela de cortiça e gáspea em couro tradicional é confortável e ideal para um look dia.

Bolsa em matelassê de proporção pequena é clássica e alvo das fashionistas ainda para o inverno 2010.


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O chapéu panamá, neste caso, deixa mais interessante a produção com o cabelo preso por uma trança. Os óculos formam uma combinação exótica.

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O blazer tem ombros acentuados e modelagem ajustada, perfeita para a calça que já possui volumes. A blusa azul metálica dá vida ao look composto por cores neutras.

Calça com volume aos quadris e gancho longo deixa o visual mais despojado.

Sapato com teor masculino já vem de algumas temporadas e continua para 2010.

Look escuro quebrado pela manta cinza estampada. Um belo acessório masculino para o inverno.

Paletó de dois botões e corte ajustado, ótima opç~~ao para composição de looks modernos. A mistura com calça de sarja, também ajustada, defende a silhueta slim masculina. Observe o charme do punho, com a sobreposição de camisa clara, dando contraste.


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p ap araz zi

Cada um na sua

fotos: ©

otosite A gência F

Por Kamila Hugentobler

Kanye We

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Jethro Cave e Sophie Will ing

Elegantes, os ternos masculinos vão desde os modelos mais tradicionais e conservadores até os irreverentes e contemporâneos. Aclamados pelas lentes, famosos se destacam, mesmo quando optam pelo traje formal. Selecionamos, nos bastidores dos desfiles internacionais, três opções de estilos adotados por celebridades masculinas que circularam nas glamurosas semanas de moda. Kanye West faz a linha clean e minimalista, com blazer branco sem gravata. Descolado, Jethro Cave veste conjunto com modelagem amplos. Para Derek Blasberg, a escolha é pela junção de estampas ambíguas, na camisa e na gravata, acompanhadas de blazer em tom suave. Ally Hilfiger, Derek Blasberg e Becka Diamond



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vestuár io

p onto d e v i s ta

Alta-costura Em torno do espetáculo Por Eduardo Motta Tão complexo quanto manter o alto nível técnico da costura é entrar no clima certo na hora de apresentar um look como este da Dior. Flagrada nos bastidores, a modelo incorpora a atitude necessária para dar conta da responsabilidade. O vestido modela todo o corpo na parte da frente, e projeta-se em volumes divididos, na parte de trás, encenando uma continuidade para o trespasse sobre o busto. A cor acentua a impressão, nesta bela concepção de tradição clássica. Do tipo que reafirma o DNA couture sem forçar seus limites.


fotos: Š Agência Fotosite

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vestuár io

p onto d e v i s ta

Dior

Givenchy

Ainda nos registros de backstage, entra em cena este modelo de saia monumental. Tão grande que demanda dois valets para viabilizar os movimentos da garota fora da passarela. Espetáculo é isso aí: deixa o senso de proporção habitual no armário e investe em dimensões incomuns. Para reforçar a escolha, vão bem o make e o cabelo que impõem algo como um gótico alvejado.

Na Givenchy, a pegada é outra. Desaparecem as medidas do passado e resta o luxo de sempre, só que expresso em formas e atitudes que deixaram para trás a exuberância rococó. O make carregado, a figura torneada e longilínea, os acúmulos de décor e a roupa que corteja o rock, na qual o rapaz dá os retoques finais, dão pistas de momentos novos da alta-costura.


Armani

Valentino

O vestido da Armani é outro que reitera as linhas tradicionais. Trata-se de um clássico, de corpete mínimo, que dá a partida para o imenso godê da saia, todo construído em espirais e com desenho ampliado significativamente na parte de trás. O efeito é obtido sem perder, em nenhum momento, a estrutura que dá sustentação à roda generosa. Além dessas estruturas aladas, Armani apostou também na pedraria, fartamente aplicada no decote traseiro.

Para Valentino sopram ventos renovadores. Este é apenas um, entre os modelos desta coleção, que dispensa armações e confia os movimentos à ação da gravidade sobre a leveza dos tecidos. Seria pouco chamar de generoso este decote que aparece na imagem.


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vestuár io

p onto d e v i s ta

Ann Valerie Hash

Maison Martin Margiela

Testando limites O espetáculo dos vestidos-monumentos, alçando vôo em movimentos contorcidos, ou desabando em cascatas de tecido, tem lugar garantido, embora seja na zona de experimentação que se engendra a sobrevivência da alta-costura. Se, é possível falar de uma tendência na couture atual, ela está relacionada à necessidade de renovação. Para os puristas pode parecer simplório o abandono dos arroubos das formas, o que

não procede. A exuberância diz respeito apenas à longevidade de determinados estilos, e não é a única maneira de dar expressão às exigências elevadas da alta-costura, como se supõe. Roupas como as que vemos acima, ambas desfiladas na última temporada, podem envolver o mesmo apuro técnico, ainda que a vinculação estética, nem de longe, lembre os vestidões que associamos à alta-costura.


n o s i a i L

& i m i a C

B R . O M C . N O S I L I A I I M A . C W W W

PRIMAVERA VERÃO

COLEÇÃO

CAIMI&LIAISON

2011

MATRIZ: RS 239, 5966 - ZONA INDUSTRIAL CAMPO BOM/RS FONE: (51) 3204-3400 SHOW ROOM JAÚ: (14) 3622-0527 SHOW ROOM SÃO JOÃO BATISTA: (48) 3265-2052

FEMININO•MASCULINO•ESPORTIVO•MOVELEIRO | PRODUTO ALTERNATIVO AO COURO NATURAL


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c alç ados e bolsas

Um inverno ofuscante Paetês, cristais, metalizados, vale tudo para brilhar Por INÊZ GULARTE CONSULTORIA: KAMILA HUGENTOBLER

Marc Jacobs | Nova York

Anna Sui | Nova York

Mistura de materiais explora a leveza das plumas acompanhando o excesso de paetês bordados que cobrem por inteiro a bolsa

Boneca com bordado de paetês transparentes e película azul furta-cor

fotos: © Agência Fotosite

Prepare-se. A sobriedade do inverno vai mesmo continuar sendo ofuscada pelo brilho dos materiais. Se, neste inverno 2010, o lurex veio com tudo no vestuário, cobrindo pernas e corpos, o inverno 2011 trouxe a confirmação. A hora é de reluzir. Agora também nos calçados e nas bolsas. Vale misturar texturas e materiais para obter o efeito diferenciado.

Phillip Lim | Nova York

Louise Goldin | Londres

Ankle boot tem cravos pretos sobre material com minúsculas miçangas

Meia-pata com salto cravejado de strass dourados


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Louise Goldin | Londres

Acabamento metalizado no falso pêlo que ganha química necessária para maleabilidade no material

Phillip Lim | Nova York

Banho dourado sobre os cravos aplicados

Marc Jacobs | Nova York

Louis Vuitton | Paris

Prada | Paris

Brogue destaca o brilho de adornos acoplados estrategicamente na peça

Couro réptil ganha bordado em paetês na mesma tonalidade da estampa animal

Scarpin com miçangas, pastilhas de paetê e contas, sobre cetim, que forra o modelo


c alç ados e bolsas

fotos: © Agência Fotosite

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Chanel | Paris

Salvando a própria pele Chanel dá o exemplo e leva peles fakes para passarela Por INÊZ GULARTE CONSULTORIA: KAMILA HUGENTOBLER Nas passarelas internacionais, elas foram ponto alto nos desfiles para o inverno 2011. Mesmo em uma época de consciência ambiental e de preocupação ecologica em evidência, houve quem não abrisse mão das peles verdadeiras em suas coleções. Mas, vamos combinar? É possível aquecer o inverno, sem deixar de lado o glamour, investindo na preservação do planeta. As novas tecnologias conseguem chegar a peles falsas com aspecto, textura e toque, muito similares aos daquelas que recobrem o corpo de nossos adoráveis animais selvagens. Lembre-se! Tendência mesmo é salvar o planeta.

Chanel | Paris

Ralph Lauren | Nova York

Anna Sui | Nova York

Para Anna Sui e Ralph Lauren, as botas vieram com aplicações de peles nos detalhes. Uma opção interessante, que não abre mão da beleza do aspecto invernal do material e, aplicado aos produtos de países do hemisfério sul, de invernos menos rigorosos, fica mais adequado.

A poderosa Chanel não nos deixa mentir. Fez uma apresentação grandiosa, com um imenso iceberg em plena sala de desfiles, trazendo peles fakes praticamente em toda sua coleção. As botas, inteiramente cobertas de pele, não passaram despercebidas.


Marc Jacobs | Nova York

Marc by Marc Jacobs | Nova York

Nas bolsas, a tendência segue o mesmo caminho. Marc Jacobs, Marc by Marc Jacobs e Ralph Lauren preferem cobrir a bolsa inteira com peles e pêlos. A Kenzo aposta na força do detalhe.

Ralph Lauren | Nova York

Kenzo | Paris


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aces sór ios fotos: © Agência Fotosite

Mais pele impossível Também nos acessórios, elas dominam a cena por Inêz Gularte Consultoria: Renata Spiller Já falamos delas nos calçados e nas bolsas, pois agora, as peles atacam também nos acessórios. Os desfiles de inverno 2011 mostraram uma série de peças feitas inteiramente com pele natural ou com materiais que imitam sua textura. Claro que apostamos na versão ecochic da pele fake, que pode ser mais leve, mais acessível,

mais durável, e tem possibilidade de ser tingida e receber beneficiamentos que simulam à perfeição das peles exóticas que tanto fascinam homens e mulheres. Lembrando: tendência é cuidar do mundo em que vivemos. Dito isso, acompanhe algumas ideias que passaram pelas passarelas internacionais.

Anna Sui | Nova York


Enrosque o seu pescoço Golas avulsas renovam qualquer look e são práticas e quentinhas. Elas são ponto alto para a temporada e, além das versões no tradicional tricô, aparecem também em pele.

Just Cavalli | Milão

Fendi | Milão

Charles Anastase | Londres

CABEÇA QUENTE As boinas em pele são outra aposta dos estilistas. Podem não ter tanta força no Brasil, país tropical, mas, nos estados do sul, onde o inverno costuma ter temperaturas mais baixas, elas são promessa de charme garantido para as mulheres mais antenadas.

Caroline Charles | Londres

Caroline Charles | Londres


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aces sór ios

aplausos para elas Luvas nas versões em pele, além da sensação de aconchego, podem compor o look de forma diferenciada. Não faltam no mercado, ótimas opçoes de matérias-primas que imitam as naturais.

Max Mara | Milão

Primgle of Scotland | Londres

Simonetta Ravizza | Milão


Photo C. Chaize

3 dias

14-16 set. 2010 outono inverno III2

Primeiro Salão Mundial de Tecidos para Vestuário Parc d’Expositions Paris-Nord Villepinte France T. +55 31 3344 8090 / bureaudemoda@premiere-vision.com / www.premierevision.fr


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radar inter nacional v e r ão 2011

Metais sombreados O metal mimetiza os tons terrosos em banhos de ouro velho e outros polidos e escurecidos. São estes acabamentos, as grandes fivelas, ou a profusão de rebites, que inclinam os acessórios para um estilo rústico. Quando a intenção é sofisticar, mesmo que sobre materiais nesta gama de banhos envelhecidos e escuros, os metais niquelados se saem melhor. D& G |

Milão

Giorgio Arman Marc by Marc

Jacobs | Nova

York

| Veneta Bottega

Milão

fotos: © Agência Fotosite

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D&G | Milão V

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Yves Saint Laurent | Paris

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Milão

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Metais luminosos A discrição dos metais nos acessórios masculinos não impede que a sua presença seja marcante. Boas peças metálicas, em dourado ou acobreados contidos, fazem bonito e iluminam os sapatos, bolsas e cintos claros. A combinação fica ainda mais afinada com os niquelados foscos e polidos utilizados também para os acessórios. Gucci |

Milão

Z Zegna | Milã Bottega Veneta

| Milão

Lacoste

York | Nova

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Givenchy | Pa

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Monarchy

Gucci |

Milão

| Nova Yo

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| Milão


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radar nacional i n v e r no 2010

Alças e meia-pata Não há duvidas de que a meia-pata ainda reina neste inverno. Para acompanhar o visual pesado e marcante que ela confere aos calçados, só mesmo bolsas de muita personalidade e alças cheias de estilo. A descontração dá o tom da seleção desta página, em que as alças de ombro são inventivas e atraentes.

Linea Bella

chutz RamariSm

fotos desfiles: © Agência Fotosite

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Jorge Bischoff

Zeferino

Dumond fotos produtos: Divulgação

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Usaflex 2nd Floor | SPFW


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Formas rígidas Bolsas de alças estruturadas acompanham looks menos casuais, e o conjunto é elevado à máxima potência quando entram em cena os calçados bem construídos e de meia-pata. Quem faz esta opção têm grandes vantagens, entre elas o conforto propiciado pela meia-pata, que ameniza a altura do salto e, no caso da bolsa, a elegância atemporal das formas regidas pela geometria.

Carolina Mar tori

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Werner

Beira Rio

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Via Uno


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masculino

Renda-se a elas Modelagens típicas do feminino são tendência para o homem Por ANGELA ARONNE O homem contemporâneo está cada vez mais vaidoso e democrático no conceito de se vestir. É fato que existe ainda alguma resistência a grandes experimentações, mas o comportamento está mudando. O público masculino está investindo com força na aparência, nos cuidados com a pele, o cabelo e o estilo. Não há como negar: a ideia de masculinidade não está mais centrada nos estereótipos de força e de ausência de vaidade. O que vimos nos desfiles de inverno 2011 confirmam esta tendência. Encontramos um tricô completamente repaginado e alinhado a este espírito de homem contemporâneo.

G-Star| Nova York

Dentro do conceito Tradição e Renovação, proposto pela UseFashion para a temporada de inverno 2011, as modelagens foram ponto alto dos desfiles, assumindo formas e silhuetas pouco comuns para o público masculino, baseadas no conceito unissex. Seguindo a trilha do que já aconteceu com a moda feminina, o tricô masculino se apropriou de elementos basicamente femininos, subvertendo os papéis. Assimetrias Presentes nos abotoamentos e nos detalhes, as assimetrias desempenharam papel importante nos

Juun J.| Paris

desfiles de inverno 2011. Veja como foram dispostos os bolsos, neste modelo da G-Star. Preste atenção ainda nas novas alternativas de fechamentos com amarrações e com botões deslocados. Transpasses e golas amplas Mais conceito unissex. O masculino se apropriou de volumes na parte superior do corpo e apostou nas golas, como já acontece na moda das mulheres. Nos transpasses, que remetem à ideia dos casaquetos e das sobreposições, os estilistas trouxeram de novo o universo feminino para as coleções.

Boris Bidjan Saberi | Paris


O maior e melhor 31

Preview

fotos: © Agência Fotosite

2010/2011 Primavera/Verão

A Capital Nacional do Calçado Feminino quer receber você!

25 a 28 MAIO 2010 Polo Empresarial Jauense - Jaú/SP - Brasil - Mais de 250 fábricas - Oportunidades de negócios para o alto inverno - Variedade de marcas e produtos com design e qualidade - Fórum de Tendências do Varejo Calçadista – desfiles e palestras - Excelente localização, no centro do estado de São Paulo com auto-estradas que ligam às principais cidades do estado - Mais de 1.000 acomodações em hotéis na micro-região - Comodidade, conforto e tranqüilidade com baixo custo

Não perca, veja e compre em maio o verão 2011. Visite, faça negócios e divirta-se na Jaú Trend Show! A feira que é a grande novidade do setor de calçados bolsas e acessórios. Sucesso absoluto, confirme com quem já foi.

Visite e cadastre-se no site www.jautrendshow.com.br Qasimi |Paris


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masculino

Formas arredondadas, referências orgânicas Decotes profundos, arredondados e deslocados, com pegada futurista, demonstraram força na experimentação. Até flores ganham versões para eles. Típicos detalhes do universo feminino, que reforçaram o conceito unissex.

Jil Sander | Milão

Kenzo | Paris

Qasimi | Paris


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inf antil

Megatendências inverno 2011 REINVENTANDO O CAMPO, DESCOBRINDO A CIDADE E EXPLORANDO A FANTASIA SÃO OS TEMAS DA TEMPORADA DIREÇÃO DE PESQUISA: PATRÍCIA SOUZA RODRIGUES EDIÇÃO DE MODA: RENATA SPILLER Segundo informações do Instituto Alana, o Brasil possui mais de 35 milhões de crianças de até 10 anos de idade, inseridas num mercado que já movimenta cerca de R$ 50 bilhões. Dados de 2007, do Painel Nacional de Televisores do Ibope, informa que, entre 4 e 11 anos, as crianças brasileiras passam, em média, quase 5 horas diárias em frente à televisão. Elas também já possuem um conhecimento muito grande sobre diversos assuntos, entre eles, o meio ambiente, e já pensam em formas para ajudá-lo. Diante disso, engana-se quem pensa que o mercado infantil é simples de trabalhar. Esses números iniciais são apenas um exemplo de que criança de hoje já não é a mesma de anos atrás. A estrutura familiar também mudou. Muitas famílias não têm o pai ou a mãe como

responsáveis. Se, por um lado, o número de filhos diminuiu, o peso econômico aumentou. Também o diálogo entre pais e filhos está mais liberal, mas o tempo em que passam juntos é menor. Com tanta informação adquirida por esses pequenos em tão pouco tempo, com as tecnologias dominadas, as crianças reconhecem marcas, antes mesmo de decorarem seu sobrenome, e passam, então, a influenciar no consumo de produtos no meio familiar. É preciso lembrar, porém, que elas continuam sendo crianças, buscando no lúdico e nas brincadeiras, suas verdadeiras alegrias. Apesar do computador, continuam gostando de brincar de boneca ou de correr na rua, se identificando com super-heróis e tendo os pais, tios e irmãos como exemplos de valores.

Além disso, mesmo com tantas mudanças, os pais continuam tendo a palavra final na maioria dos casos e, assim, o consumidor infantil ganha uma característica especial: tem 4 olhos e 4 pernas. Não basta que um produto agrade só o pai ou só a criança, mas que tenha elementos que satisfaça ambos. Um vestir que não é só proteção, mas expressão de brincadeira e conforto. Se hoje ela quer uma princesa, amanhã ela pode querer parecer um ídolo do rock. A criança é fiel aos seus sonhos e suas vontades. Estas são as bases para a formação das megatendências do inverno 2011 analisadas pela UseFashion. Confira:

fotos: © Agência Fotosite e UseFashion

Woolrich | Pitti Bimbo


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Reinventando o campo Lembranças do campo, tanto no estilo como nas estampas, trazem uma recriação divertida do country, refletindo valores antigos do “ser” antes do “ter”. Estampas retrô fazem referência ao design escandinavo, enquanto efeitos amassados recriam o envelhecimento pelo tempo. Fibras orgânicas e naturais se destacam e podem ser usadas com componentes e aviamentos, feitos a partir de PVC e papel reciclado ou tingidas com corantes naturais e orgânicos. Peles e couro são mais usados em formato sintético. Animais estão presentes nas estampas e silks, recriados de formas divertidas, sem compro-

misso com o real. Florais delicados ou maiores, em mescla de estampas, também estão entre as propostas. Produtos locais e artesanais ganham status. Há mistura de “culturas”, ou seja, materiais diferentes, como lã, flanela e matelassê com desenhos orgânicos. Tencel e eco denim são indicadas, pois aliam conforto e proteção ambiental. A bota de borracha impermeável, usada nos dias de chuva, ganhou versão moderna, mas conserva seu visual de campo. As cores revelam suavidade e relação com a natureza, destacando tons terra e empoeirados.

Tendência Distinction | Première Vision

Nixie Clothing | Bubble London

Trelise Cooper Kids | Bubble London

Coqui | Bubble London

Custo Growing | Pitti Bimbo

Pepe Jeans | Pitti Bimbo

Tendência Relax | Première Vision


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Explorando a fantasia Um mundo surreal transforma sonhos em realidade e evidencia os excessos. Os anos 1920 e 1930 são referência e trazem a moda como delírio para as meninas Coco Chanel pode servir de inspiração assim como os excessos da moda adulta com rendas, peles e pérolas. O surrealismo com a imaginação infantil cria novas possibilidades de estampas. Se são pequenas demais para usar joias, as roupas ganham silks e estampas simulando-as.

Peles sintéticas simulam peles animais luxuosas e coloridas e ainda podem receber aplicações e serem usadas com tricô e outros materiais.

Tecidos finos como musselines, tafetás e rendas ganham aplicações de pedras, pérolas, tudo que represente luxo e glamour.

Nas cores, o destaque fica por conta de violáceos, tons nude e tons de rosa, contrastando com vermelho, pink e preto.

Barcarola | Bubble London

Contrastes de sentimentos revelam, desde a doçura e o romantismo, até imagens góticas e sombrias, revelando os conflitos da personalidade infantil. Alice no País das Maravilhas inspira tanto pela doçura do passado quanto pelo atual ar sombrio de Tim Burtom. Fantasias ganham o dia-a-dia e divertem a vida das crianças.

Nature Onis | Feninjer

Miss Grant | Pitti Bimbo

Fórum Actualisation | Première Vision

Jen Stone | Feninjer

Cavalli Angels & Devils | Pitti Bimbo

Molo Kids | Bubble London

Fachada loja Chanel década de 1930


Descobrindo a cidade A cidade mistura culturas e estilos, e o jovem traz do passado elementos para a criação de novas tendências. A música é inspiração com o rock como carro-chefe. A arte de rua vai para as galerias e delas para as estampas. Esportes e uniformes escolares também saem das ruas direto para as passarelas. A arte influencia as estampas e a op art traz elementos gráficos, efeitos ópticos e a urbanidade com a representação das cidade e o ritmo frenético de vida. Estampas sobrepostas, efeito manchado e sujo estão nas estampas e podem representar tanto a arte histórica como a arte de rua e ainda levar elementos do rock, referenciando assim os anos 1970, 1980 e 1990.

Tendência Relax | Première Vision

Caveiras e frases de efeito se espalham pelas roupas, calçados e acessórios, principalmente de meninos, enquanto meninas evidenciam brilhos, aplicações de tachas e paetês com o glam rock e um estilo militar. Superfícies vinílicas, metalizadas e glossy são propostas para todos os sexos e idades, em destaque para teens. No jeans, prevalecem as lavagens ácidas, efeito vintage e rasgados em denim preto. Padronagens clássicas viram estampas e a estamparia digital revela criatividade e a possibilidade de peças diferenciadas a custo reduzido. Nas cores, o preto se destaca além de marinho, cinza e tons vivos de roxo, vermelho e azul.

Camper | Pitti Bimbo

Custo Growing | Pitti Bimbo

Collect | Denim by Première Vision

Levi's | Pitti Bimbo

Custo Growing | Pitti Bimbo

Rua em Notting Hill | Londres


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acontece

Feira apostou no experimentalismo Lineapelle | verão 2012 Tiemme

Anaconda

Com o tema “Entre o Rigor e a Anarquia”, para estimular um maior experimentalismo na moda, a Lineapelle abriu suas portas em Bolonha, na Itália, entre os dias 16 e 18 de março, para os lançamentos de verão 2012. A feira, umas das mais importantes no setor de couros e sintéticos, contou com a presença de mil marcas expositoras, atraindo visitantes de todos os continentes. Pela primeira vez nos últimos anos, a apresentação das tendências foi feita de forma coletiva, em inglês e italiano, para reforçar ainda mais as inspirações latentes ao mercado de moda e ultrapassar a onda pessimista da última edição.

Berlonzi

pele de píton, que não acompanha a linha do corpo, rendendo novo resultado para o produto final. Nas estampas, a marca destacou as formas vegetais, líquidas e animais.

apresentou coleção que remete à “vontade de riqueza”, ressaltando materiais focados na sensação de luxo extremo, onde dourado, nude, azul e verde são as cores enfatizadas na cartela.

Estreando na Lineapelle, a Berlonzi, empresa de Novo Hamburgo (RS), apostou no étnico-street para o verão 2012 com cores vivas e estampas contrastantes – o que causou bastante curiosidade na feira pela qualidade e irreverência. A marca trabalha com peles e tem proposta de design de sapatos linha luxo ou linha jovem.

Já a Tiemme, que fornece peles e forros para as indústrias de calçados, não seguiu nenhuma direção de tendências, para proporcionar mais liberdade de escolha a seus clientes. As cores escuras e o animal print foram enfatizados em suas peças.

Ressaltando os couros vazados, a Calvin investiu em cores nude e estampas de animal em traços bastante delicados para a temporada. A Dolmen, com um dos estandes mais chamativos da feira,

Para saber mais da Lineapelle acesse o portal usefashion.com no link Feiras. A próxima edição já está agendada para os dias 12 a 14 de outubro de 2010.

fotos: UseFashion

A Anaconda, empresa que trabalha com peles de répteis variados apresentou corte diferente da

Berlonzi

Calvin

Dolmen

Calvin

Dolmen

Tiemme

Tiemme



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visual de loja

ia D l a i c e p Es dos a r o m a dos N

o amor está no ar Por Vanessa Faccioni | Arquiteta

temas fortes que investir em be sa ja lo de ocas do ano a com visual l. Algumas ép ta Quem trabalh en am nd fu oria das vezes, as vitrines é na grande mai e, m para compor de po e jas se enchem as prontos qu Em junho, as lo o. ci oferecem tem ér m co lo ra esperar o plorados pe as e cupidos pa ch devem ser ex fle s, do ha apanhando de ns avermel lecionamos um se , de corações, to ão iç ed ta a de romance ados. Nes barque no clim em ja Dia dos Namor lo a su a zer com que fique de fora! ideias para fa a época. Não m co r ve a que tem tudo

Carpisa | Milão

Juicy Couture | Londres

Triton | São Paulo


41 fotos: UseFashion

Um dos recurs os mais utiliza dos nesta data vitrine. Muitas é a adesivagem lojas optam po da r esta alternat e bastante rápi iva por ser ba da. A versatilida ra ta de do adesivo seu favor. Ele também conta pode ser impr a esso em qualqu transparência, er formato, co permitindo a cr r ou iação de divers A Calvin Klein, os efeitos. por exemplo, pr eencheu todo enorme coraçã seu vidro com o rosa quase um transparente. rios adesivos em Já a Forum, us formato de fra ou váses românticas os ao vidro – e não restringi as paredes tam ubé m foram tomadas de espelhos an tigos marcado por imitações s com textos ve rmelhos.

Forum | São Paulo

Calvin Klein | Londres

Forum | São Paulo


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visual de loja

Taschen | Nova York

Dia l a i c e p s E os d a r o m dos Na

itados não em objetos inus nd ve e qu s ja orados: larias ou lo do Dia dos Nam ão Livrarias, pape aç or em m a data. fora da co nes celebrando tri vi devem ficar de r ta on m e é possível ros, montou com criatividad cializada em liv pe es ja lo , rk gne e rosas. Nova Yo taças, champa A Taschen, de a ito re di m s. ticos co – livros e cartõe cenários român utos vendidos od pr os se ba an de tam hos Usou como com produtos am lh ba o tra e jas qu peças, fazend No caso de lo r destaque às da com em s, tá te es safio de presen menores o de trines. Caixas vi s fruta na (a ” ãs am aç sç “cre velas, m m co as com que elas ad cl es dem ser res variadas, m ao romance, po em et tamanhos e co m re e . tros objetos qu enos produtos do amor) e ou para estes pequ s re to si po ex ótimos

Taschen | Nova York

Galeries Lafayette | Paris


43 fotos: UseFashion

Richards | São Paulo

Fugir do que é tradicionalmen te apresentado dia, mas també na data requer m muito conh ousaec imento: saber mento de cons como é o com umo dos client po rtaes é essencial na ho A Richards, qu ra de inovar. e demonstra se mpre em suas bem para quem vitrines que sa está vendendo be muito , deixou de la ção vermelho do a clássica + corações + equa“te amo” e crio tons de azul, se u uma vitrine guindo a sua com própria palhet romântico ficou a de cores. O por conta do toque grande painel apaixonados, com fotos de ca no melhor estil sais o “realit y show sentindo mais ”, que deixa o próximos dos cliente se produtos. Ideia parecida teve a LK Benn et t quando mon Valentine’s Day tou sua vitrine toda em azul para o e ainda agrego estimular a co u uma promoç mpra. ão para

Richards | São Paulo

LK Benett | Londres


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repor tagem

A vida imita...

a novela!

Moda que vem da telinha segue poderosa, virando mania nacional Por Juliana Wecki

Há tempos, as novelas influenciam o comportamento dos brasileiros. Quando um personagem conquista o público em uma trama, o jeito de vestir, a maquiagem, o cabelo e até o bordão que ele usa acaba virando mania nacional. Não foram poucas as vezes em que isso aconteceu. E o fenômeno se repete a cada novo folhetim. Noite após noite, ficamos como que encantados, observando atentamente o que os nossos personagens preferidos usam na tevê. E adivinha? Queremos, de alguma maneira, ter aquele corte de cabelo, aquele tom de pele, aquele jeito de andar. Desejamos usar aqueles vestidos maravilhosos, sonhamos com o brinco que a vilã está usando! Mas por que estas histórias da ficção têm esse poder sobre nós telespectadores? Como acontece esse encantamento? Parece coisa de outro mundo, mas não é. Nesta reportagem, mergulhamos na história dos folhetins no Brasil, relembrando personagens que marcaram época. Conversamos com especialistas para entender como a moda das novelas é tão veloz e naturalmente absorvida pelo público. Encontramos, inclusive, uma loja que só trabalha com os looks mostrados na telinha, para termos uma ideia do poder desse fenômeno. Falamos com figurinistas e chegamos, inevitavelmente, à maior estrutura produtora de telenovelas do país, a Central Globo de Produção. Você sabia que a emissora tem um acervo de figurinos onde cada peça é guardada com cuidados de obra de arte? Sem dúvida, um lugar dos sonhos para qualquer estilista, estudante de moda ou interessado no assunto.


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fotos: Entre tramas, rendas e fuxicos. Ed. Globo/reprodução e divulgação


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repor tagem

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ão é de hoje que as novelas fazem sucesso no Brasil. Desde a exibição de “2-5499 Ocupado”, na TV Excelsior, em 1963, esse gênero televisivo ganha fãs e conquista boa parte da população brasileira. Com média de sete meses de exibição diária, suas histórias se desenvolvem de acordo com a aceitação do público. Cada novela, principalmente no horário nobre, costuma ter três núcleos dramáticos, geralmente divididos em classes sociais: alta, média e baixa. Isso faz com que os espectadores se identifiquem com a trama e sejam fiéis à exibição até o fim. Segundo a figurinista Marília Carneiro, que atualmente está trabalhando no remake de Ti Ti Ti para a Globo, a novela tem a mesma função que Hollywood teve nos anos 1930, 1940 e 1950: a de mexer com o inconsciente das pessoas. “As moças são espetaculares, têm maridos espetaculares, romances inacreditáveis, viajam. Todo mundo quer ser assim”, explica. Com transmissão de ideias e emoções, as novelas atingem o inconsciente das massas. “Se você perguntar, ninguém dirá que é influenciado por elas”, explica a socióloga Heloisa Buarque de Almeida, professora doutora do Departamento de Antropologia da USP, com tese sobre telenovela, consumo e gênero. Nesse sentido, o que aparece nas telinhas acaba norteando emoções, sentimentos e modismos. Segundo Joan Ferrés, autor do livro Televisão Subliminar e professor de Comunicação Audiovisual em Barcelona, a televisão está na frente quando o assunto é a indução de modas. Especificamente no caso das tendências, Heloisa explica que a novela tem o papel de popularizar o que está em evidência nas passarelas: “As personagens mais chiques usam moda de classe alta. Aquelas peças mais requintadas, que podemos encontrar nas vitrines do Shopping Iguatemi, por exemplo. É aquilo que primeiro está nas revistas internacionais, mas, que depois, segue esse fluxo de popularização”. Ela salienta que o que está nas passarelas não chama tanto a atenção porque é distante do público: “É uma moda fantasiosa”. Quando a tendência está na televisão, já foi incorporada ao cotidiano.

Júlia Matos (Sônia Braga) em Dancin'Days

E a influência não se dá apenas para um grupo específico. Uma novela, justamente por ter núcleos dramáticos diferenciados, se torna um canal de divulgação de vários estilos. “Na trama da novela Rei do Gado, sobre a qual desenvolvi um estudo, constatei que havia diversos estilos sendo retratados na história: hippie, country e outros”, conta Heloisa. Mesmo que uma cultura seja totalmente diferente da nossa, como a mostrada em “Caminhos das Índias”, ainda assim, atinge as decisões de compra do telespectador. De acordo com a antropóloga, isso ocorre porque “a novela mostra o que é ‘bacana’. Mesmo para os personagens de classe baixa, é tudo bonito. Tudo tem um certo glamour. Isso faz com que o público queira comprar”. Deodora (Grazi Massafera) em Tempos Modernos

foto: TV Globo/ Renato Rocha Miranda

Bruno (Tiago Lacerda) e Helena (Taís Araújo) em Viver a Vida


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Loja de novela

Já estavam quase desistindo do negócio quando Desde o ano passado, à frente do blog e da loja Anna, ao assistir uma cena de Caminhos das virtual Moda de Novela (www.modadenovela.com), Índias, disse que a saia usada pela personagem junto do empresário Romário Jr., a estilista Anna Yvone seria fácil de confeccionar: Martins lembra que as novelas “Foi o insight que mudou nosso retratam os personagens com uma rumo”. Nesse caso, explica, a questão rotina mais próxima do telespectador As novelas preenchem a do preço é fundamental: “As novelas do que as modelos internacionais. lacuna que existe entre criam desejo nas telespectadoras, “Enquanto as tops têm aquele as passarelas e a rua mas a maioria dos modelos não é padrão de beleza inalcançável, a acessível. O que fazemos é pegar novela fala com a mulher comum, carona nessa promoção e atender à que não está tão em forma, que demanda latente por essas roupas”. trabalha, pega condução, já teve filhos e quer uma roupa bonita e estilosa para vestir”, afirma. Anna afirma que sempre trabalhou na área e, desde O folhetim, então, se torna um canal de divulgação o início de sua carreira, percebe a importância da moda de novela: “As clientes sempre procuram da moda que começa inacessível, mas, ao longo roupas parecidas com as das personagens da do período, se torna próxima dos fãs. “Quando televisão. E não é só no varejo não, no atacado chega o fim da história, as peças já estão na [Rua] também. As lojistas que vêm ao Brás e ao Bom Retiro 25 de março. O que acontece é que as pessoas voltam para suas cidades anunciando que tem ‘a se informam com a trama retratada na televisão, blusa de fulana’ ou o ‘vestido da beltrana’, mesmo principalmente, quem vive fora dos centros de quando a semelhança passa longe”. moda no país, em cidades menores”, garante a socióloga Heloísa de Olanda. O acesso do público O cuidado com que as figurinistas trabalham essa a versões populares, no entanto, não ocorre tão parte de caracterização dos personagens é percebido facilmente na prática. pela dupla. “Agora que a gente presta muita atenção nos figurinos percebe o trabalho sério que é feito na O empresário Romário Jr. explica que, emissora. Eles trabalham com tendências e estilos inicialmente, ao criarem o Moda de Novela, ele com muita propriedade. Falamos especificamente da e Anna tinham o intuito de apenas revender itens Globo. As novelas preenchem a lacuna que existe mostrados na televisão, por meio de parceria com entre as passarelas e a rua. Ali são apresentados os centros populares de compras. “Mas a gente mal modos de uso, sugestões de composição de look”, conseguiu achar bijuterias parecidas”, garante. explica a estilista.

Os idealizadores do Moda de Novela

Looks baseados no figurino de Betina, em Viver a Vida, e Yvone, de Caminhos das Índias

Você lembra? Selecionamos alguns personagens que continuam na memória de muita gente, por terem ditado moda

quando estavam no ar. Encontramos construções bem semelhantes. Será que você percebeu?

Jade e Maia: olhos delineados e acessórios marcantes. Ao lado, Babalu, que virou Darlene, que virou Rakelli.


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Rodolfo (Danton Mello) e Sinha Moça (Débora Falabella)

Acervo de figurinos TV Globo

Acervo Global Para a construção da caracterização, antes da trama começar, o figurinista recebe uma sinopse de tudo o que vai acontecer na história. Nesse resumo, o autor explica como são os personagens: se pobres, ricos, feios, gordos, maus. “Tudo isso dá subsídios para compor o figurino”, explica Marília Carneiro. A maioria das roupas é garimpada junto a marcas de diversos pontos do Brasil. Natália Duran, também figurinista da emissora, no ar com Escrito nas Estrelas, afirma que São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte ainda são as cidades em que buscam mais peças: “Mas há um momento em que todos estão usando as mesmas coisas e, por isso, temos que sempre buscar novidades”. Além de procurar em outros polos, uma alternativa é o acervo de figurinos da empresa. Ele existe desde que a emissora foi inaugurada, em 1965, e, hoje ocupa 1.800m², dentro do Projac, no Rio de Janeiro. Segundo Rose Mariano, Gerente de Produção de Figurinos da Globo, fazem parte do acervo aproximadamente 85 mil peças. Ali se encontram desde itens já utilizados em tramas antigas, até roupas confeccionadas por eles mesmos para alguma novela. “O acervo geral armazena todas as peças vindas de programas que estão fora do ar ou que não têm mais necessidade de utilizá-las. Elas ficam à disposição das

Natasha (Cláudia Ohana) em Vamp

demais atrações da casa para nova utilização”, afirma Rose. Isso faz com que as peças sejam reutilizadas e reaproveitadas: um vestido usado em um folhetim pode se transformar na saia de cintura alta da outra atração. Basta adequar o item ao personagem e às tendências. O trabalho segue um processo rigoroso de armazenagem, para que nada fique deteriorado com o tempo. “Os cuidados começam com a limpeza das peças, passam pelo controle ds iluminação e da umidade do ar. Cada item é catalogado através de fotos e dados relevantes, para, em seguida, ser armazenado de acordo com o gênero, o tipo e a época”, explica a gerente. Peças enviadas para o acervo são armazenadas na área correspondente ao programa, separadas por personagem. Todas atrações podem utilizar itens do acervo, mas não é comum ter a opinião do ator na hora da confecção: “O que pode acontecer é, na prova de roupa, surgirem ideias da equipe de figurinistas como, por exemplo, mudar o comprimento de uma roupa para expor ou encobrir algo”. Para se ter uma ideia da grandiosidade deste trabalho, basta verificar alguns números. Uma novela usa em média 5 mil figurinos. Além das nove pessoas que trabalham no acervo, existe um grupo de, no mínimo, 50 costureiras a postos. Estima-se que, mensalmente, 1.500 peças sejam produzidas para as atrações globais.


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Passione A nova das oito traz Itália e o mundo do esporte Estreando agora em maio, a nova atração da Globo é escrita por Silvio de Abreu e conta com atores de peso como Tony Ramos e Fernanda Montenegro. Assim como Terra Nostra e Esperança, Passione tem parte da história ambientada na Itália, mais precisamente na região da Toscana e em Roma. “Minha paixão pela Itália e por seu povo vem desde a juventude, com o cinema italiano. Mas minha admiração pelo país vem pela minha origem, já que minha família por parte de mãe é toda italiana, afirma o autor. “E a Toscana, particularmente, me interessa muito como paisagem”, explica. A história se desenvolve a partir da revelação que Bete Gouveia (Fernanda Montenegro) recebe de seu marido Eugênio (Mauro Mendonça), que está à beira da morte: ele diz ter mentido sobre a morte do primogênito dela. Apesar de ter prometido criá-lo como filho, não suportou ver o fruto do relacionamento passado de Bete com outro homem, e o entregou para uma família de empregados, imigrantes italianos, que voltaram com o bebê para a sua terra natal.

Leona (Carolina Dieckmann) em Cobras e Lagartos

Essa revelação causa muitas reviravoltas: em um efeito dominó, altera a vida das duas famílias, na Itália e no Brasil, influenciando amigos e até vizinhos. Como existe uma herança em jogo, com dinheiro e poder envolvidos, há quem identifique aí a sua grande chance. Na Itália, Antonio Mattoli, mais conhecido como Totó (Tony Ramos), um camponês viúvo, se surpreende ao saber que sua verdadeira mãe está viva e mora no Brasil. Quem abala a vida do italiano com a revelação são os dois grandes vilões da trama: Fred (Reynaldo Gianecchini) e Clara (Mariana Ximenes), dois brasileiros mal-intencionados e ambiciosos dispostos a tudo para saírem da pobreza em que vivem. A família de Bete é proprietária da Metalúrgica Gouveia, especializada na produção de bicicletas e material esportivo. Uma de suas filhas, Melina (Mayana Moura) é estilista, voltada para a criação de peças utilitárias. O universo esportivo, aliás, também é retratado na história de Gerson, personagem de Marcello Antony, um piloto campeão de Stock Car. fotos: TV Globo/Márcio de Souza

Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) em O Bem Amado

Bebel (Camila Pitanga) em Paraíso Tropical

Agostina (Leandra Leal) na Piazza Santissima Annunziatta em Firenze, Itália

foto: TV Globo/José Paulo Cardeal

Gema (Aracy Balabanian) e Totó (Tony Ramos) em intervalo de gravação em Pienza, Italia

Gérson (Marcelo Anthony)


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design

s n e g a l Emba

por Carine Hattge e ingrid scherdien fotos: divulgação e reprodução

Fones com personalidade A Audiovox Corporation, distribuidora internacional de eletrônicos de consumo, resolveu estimular os consumidores na decisão de compra de seus fones de ouvidos através da embalagem. A empresa contratou a agência de design JDA, que desenvolveu a linha earBudeez onde os fones interagem com as ilustrações da embalagem, formando expressões faciais em que os clientes possam até se identificar. Veja mais opções das embalagens em www.jdainc.com

Vegetal e animal! A embalagem do leite de soja Soy Mamelle, um produto 100% vegetal, destinado a pessoas com intolerância à lactose, é tão criativa quanto eficiente. Ela foi criada pelo estúdio de design russo Kian e é feita de pet, mais espesso do que o plástico das embalagens convencionais, ou de vidro. O formato é idêntico ao úbere de uma vaca e possui estampa de manchas como o couro do animal, só que em verde, remetendo às propriedades naturais do produto. Acesse mais imagens em www.kian.ru


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2 em 1 Sylvain Allard é professor da Escola de Design da Universidade de Quebec, em Montreal, no Canadá. Desde 2003, ele instiga seus alunos no desenvolvimento de embalagens com menor impacto ambiental. Em seu blog, Sylvain apresenta algumas soluções de seus alunos, como o projeto de Alexandre Michaud, que desenvolveu uma embalagem 2 em 1 com bolso duplo para um gel e um hidratante corporal para homens. Ao invés de partir para um raciocínio simplista de eco embalagens, o aluno não “demonizou” o plástico e apresentou uma solução diferenciada, reduzindo o uso de material e considerando diversos aspectos de produção. Acesse outras postagens do professor em packaginguqam.blogspot.com

fotos: divulgação

Agendas em saco de pão Tomar notas pode ser muito mais divertido com o Sliced Bread, um conjunto com 12 bloquinhos de papel, um para cada mês do ano, que vêm embalados em um plástico, parecendo fatias de pão! A criação é de Burak Kaynak, de Istambul. Conheça mais trabalhos do diretor de arte em www.burakkaynak.com

Isso sim que é ovo! O escritório de design inglês Studio Output desenvolveu a identidade visual e as embalagens dos produtos Pandora Bell, uma marca de confeitaria artesanal do oeste da Irlanda. Utilizando uma linguagem vintage e recursos de impressão diferenciados, o projeto garantiu sofisticação aos produtos. Dentre os itens, um chama mais atenção: uma embalagem de chocolate com formato e textura semelhantes a um ovo de galinha. Para abri-la, é necessário romper a embalagem, como se fosse uma verdadeira casca de ovo. Para ver as outras embalagens da marca, acesse www.studio-output.com


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c ultura

p o r E d ua r d o Motta

Clic to enlarge Desde o tempo em que nos distraíamos construindo pirâmides, tamanho sempre foi documento. Culturas inteiras cresceram e morreram, à sombra de palácios e templos estupendamente grandes, e nós, reverenciamos os maiores. Foram-se seus construtores, seus adoradores e usuários de toda ordem. Mas os palácios e templos ainda estão lá. E resistem ao tempo, com tamanha autoridade, que parecem nos perguntar o que significamos, e não o contrário. Estas coisas grandes já foram de madeira, de mármore, foram arranha-céus de vigas metálicas ou modernismos de concreto. Hoje, são museus de titânio, pontes espetaculares e esculturas de plexiglass. Foram sempre como os diminutos planetas e estrelas que vemos sobre nossas cabeças, e sabemos enormes, abstraindo a presença física da grandeza. Também foram a vastidão oceânica e as montanhas do Nepal, com ou sem China fincando bandeira sobre elas. É como disse o filósofo “o que vemos é o que nos olha” * e, nesta contemplação de mão dupla, pequenez e grandeza podem ser apenas medidas físicas, ou podem indicar nossa estatura moral, nossas possíveis qualidades e também a falta delas. É por isso que chamamos de pequenos quem desprezamos e de grandes quem admiramos. O fato é que, de tanto convivermos com os tamanhos das coisas, tangíveis e intangíveis, a percepção de escala virou um complexo conjunto de dados e de valores. De tal forma, que os tamanhos e os significados que elas encerram, passaram a ser recombinados por nós como um sistema de linguagem. A arte sabe disso muito bem. Sabia, quando a capela Sistina foi pintada, quando os moais gigantes da Ilha da Páscoa foram esculpidos, e sabe, hoje, quando o escultor australiano Ron Mueck encena estas crianças monumentais. Para que este texto não se perca em uma estrada de muitas pistas, vamos tomar uma via específica e paralela, a que leva à moda e suas articulações singulares. Antes de seguir adiante, só falta incluir no assunto um recurso decisivo para o nosso entendimento atual do que é fazer algo grande, dado pelo comando enlarge, disponível no trato com as imagens visuais. É ele que nos permite, neste campo, simular todas as grandezas com um clique.

O mesmo procedimento vale para o design de outras áreas. Nos salões de lançamento de mobiliário e objetos utilitários, são cada vez mais frequentes os projetos que se resumem a antigos desenhos ampliados. São casos em que o “novo novo” passou a ser apenas uma questão de escala, e o tamanho de uma peça é que faz dela algo diferente do que já foi. Este é um sintoma típico do que em moda chamamos de tendência, e, entre os produtos já em circulação ou por vir nas próximas temporadas, os exemplos são recorrentes. O porquê deste gosto por aumentar o tamanho das coisas reconhecíveis pode ter várias razões. Quem sabe se, sob o impacto da crise, produzir coisas familiares, e aumentar a dose deste reconhecimento, não só nos mantém confiantes em adquiri-las, como multiplica esta sensação? Pode ser esta uma boa explicação. Entretanto, não vamos especular sobre a flutuação misteriosa das motivações e dos desejos. A ideia é estacionar essa conversa na estrutura de formação das tendências, que, como se viu, nunca nascem assim, só na revista da semana, e mergulham fundo nas dobras mirabolantes da história. Um gosto ou uma forma de mil anos atrás, filtrado por sucessivas camadas de culturas e sobrevivente a todas elas, pode se materializar de maneira inesperada no presente. E não é totalmente imprevisível que isso aconteça. Tendências têm cauda longa. É assim que o hábito de construir pirâmides monumentais no antigo Egito virou o tweed ampliado no desfile da Chanel, entendeu? Somos loucos assim, não é? E não há quem me faça acreditar em outra coisa. Mesmo porque erigir grandes monumentos, acompanhar tendências e enxergar o velho como novo, se não é coisa engendrada na história, vira uma questão de fé. E é preciso ter muita, e de preferência, cega. Pois, esta é a condição necessária para se deixar levar e ao menos participar da coisa em grande estilo. De olho nas coleções de inverno, em que pipocam modelos dos anos 1950, 1960, 1990, a pergunta que fica é: Quem quer comprar o “novo novo “ scarpin de bico fino da Vuitton? Aquele com um laço enorme pousado sobre a gáspea? *Georges Didi- Hubermann, autor do livro O que vemos, o que nos olha.

Tamanho faz diferença?

Outro exemplo aparece nos tricôs monumentais. Com fios grossos, pontos enormes e modelagem ampliada, ele migrou, recentemente, das fofuras conservadoras para o palco incerto das experimentações vanguardistas. A moda atual administra bem as vantagens deste recurso, investindo em imagens icônicas aumentadas, laços, flores, padrões clássicos, etc. Mais ou menos, como faz a caricatura, quando acentua e amplia exatamente os traços que são percebidos de imediato, acionando empatia imediata com o observador.

Eduardo Motta é designer, consultor de moda da UseFashion, com formação em Artes Plásticas e autor do livro “O Calçado e a Moda no Brasil - Um Olhar Histórico”.

foto: Pedro David/divulgação

E é com apenas um destes cliques que ampliamos um padrão do passado, o tradicionalíssimo pied-de-coq, por exemplo, e eis que ele ressurge como novo e avantajado sobre nossas roupas.


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Visitantes em galeria observam escultura do Ron Mueck


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p er f il

Estilista model ando busto de porcelana para fábrica alemã

Gustavo Lins Arquitetura com linha e agulha Por Flávia Pollo | Paris O menino de Minas Gerais, que passou toda a adolescência usando jeans cáqui e camisa branca Hering, é o único latino-americano a desfilar as suas coleções na Semana de Moda da Alta-Costura de Paris, ao lado de marcas como Dior, Chanel e Givenchy. Aos 48 anos, o arquiteto Gustavo Lins comemora o sucesso que as suas criações fazem em 25 lojas multimarcas, entre elas as mais importantes do mundo, como a L’Éclaireur, de Paris e Tóquio, e a The Library, em Londres. Mas ele almeja muito mais. “Estou recém começando a me sentir realizado”, disse, em entrevista exclusiva à UseFashion no seu ateliê em Paris. Amplamente reconhecido no exterior, ele agora faz o caminho inverso e busca levar a precisão da sua técnica e a criatividade de suas roupas ao seu país de origem. UseFashion: Desde criança você demonstrava interesse pela moda? Gustavo Lins: Eu nunca gostei das roupas que usava, mas não me interessava por moda. Era nadador e passei toda a minha adolescência usando

camisa branca Hering e calça cáqui. Quando cursava a faculdade de arquitetura, é que comecei a fazer as minhas próprias roupas, pois achava todas desconfortáveis, mesmo as de marca. Inclusive, vendia aos meus colegas as minhas criações. Mas, só quando estava em Barcelona, na época em que fui à Europa fazer um mestrado sobre Gaudí, que percebi que queria trabalhar com moda. Na minha tese, eu montei um projeto sobre o vocabulário da roupa, associando a gola com o teto de uma casa, o bolso com as janelas, as mangas com os braços. Percebi que a roupa é um espaço articulado em torno do corpo. Durante os dois anos seguintes, estudei muito sobre moda e decidi ser modelista. A arquitetura me deu a medida e a costura me deu a precisão. UF: Foi difícil a sua inserção na Europa? GL: Não, tudo foi se construindo como um castelo de cartas. As oportunidades foram aparecendo à medida que fui precisando. Eu aprendi a minha profissão na Europa, aos 28 anos, de forma autodidata. Trabalhei em casas como Jean-Paul Gaultier, Gucci e Louis Vuitton. Eles me ensinaram que não existe apenas um único modelo de fazer roupas, mas vários.

UF: E como você se sentiu ao ser o único latino-americano convidado pela Câmara Sindical da Alta-Costura a desfilar na Semana de Moda de Paris? GL: Eu recebi o primeiro convite para integrar a Alta-Costura francesa em 2005, mas recusei. Eu não me sentia preparado. Eles gostaram da minha sinceridade. Continuaram acompanhando o meu trabalho e repetiram o convite no ano seguinte. Daí eu aceitei. Havia chegado o meu momento. UF: Você lançou a sua primeira coleção com a marca Gustavo Lins aos 41 anos, após ter trabalhado 12 anos com grandes maisons. Por que você esperou todo este tempo? GL: Porque eu não mostro nada sem estar muito seguro e muito preparado. Eu conheço o mercado de moda e sei que ele está saturado e tem muita coisa ruim. Tudo o que eu tinha era uma boa técnica de modelagem: confortável e leve. O meu objetivo foi o de associar criação e técnica, porque a técnica pura é muito “boring”, e a criação pura é “pourralouquice”.


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fotos: divulgaç ão

Desfile de Gus tavo Lins para alta-costura em janeiro deste an o

UF: Você tem algum ressentimento por fazer um trabalho que é muito conhecido na Europa, mas de pouca repercussão no seu próprio país? GL: Não me ressinto, porque, se eles não vieram ver as minhas coleções, apesar de eu ter convidado, é porque não precisam. Mas eu ainda vou vender muito ao Brasil. O problema é que o Brasil é um país que só segue retas já definidas. Está isolado entre a Cordilheira dos Andes e o oceano Atlântico. Hoje, eu teria, no máximo, três lojas para vender o meu produto. Mas quem é que vai comprar um casaco de 1.800 euros de alguém que não se chama Dior? No Brasil, eu preferiria fazer peças do tipo “pão-de-açúcar jumbo”, que daria mais sucesso. UF: E como você vê a maneira do povo brasileiro se vestir? GL: O brasileiro se veste muito mal. As roupas não têm técnica, nem modelagem. Eu gostaria de trabalhar como consultor para uma grande loja de departamento. Ou em alguma instituição de ensino para formar futuros profissionais. Acho que eu poderia ser muito útil neste sentido.

UF: Você sente saudades do Brasil? GL: Sabe, estou começando a sentir saudades! A Europa está muito desumana. Me faz falta esta bondade que vem do Brasil. As pessoas da rua são muito inteligentes. Adoro passear entre elas, pegar ônibus, ir na 25 de março. Sempre faço isso. Elas te olham e percebem se você é ou não brasileiro só pela sua maneira de se vestir.

O brasileiro se veste muito mal. As roupas não têm técnica, nem modelagem.

UF: É por isso que esta sua última coleção apresentada em janeiro de 2010 teve referências brasileiras?

GL: Depois de 23 anos, é a primeira vez que quis falar do meu Brasil. É um reconhecimento pela terra em que nasci. Eu usei quimonos com corpetes de couro e papel, costurados com tiras de couro e tinta nanquim. Também misturei camisetas de futebol com seda. Os saltos das sandálias eram de porcelana alemã e a sola era de borracha da marca Havaianas.

UF: É só impressão ou você tem um perfil calmo? GL: Não tem como ser tranquilo em um processo de criação: você é um perturbado por natureza. Só quando eu finalizo um trabalho e vejo que tudo isso saiu de mim é que sinto um alívio. UF: Quais são seus projetos? GL: Em abril, comecei a fazer uma escultura de porcelana em forma de vestido para expor em janeiro de 2011 na semana de moda de Paris. Pretendo continuar este trabalho com a fábrica alemã Porzellan Manufaktur Nymphenburg (Gustavo Lins fez 12 bustos de porcelana) e a dar aulas (Escola Nacional Superior de Artes Décoratifs de Paris, desde fevereiro de 2009). Em paralelo, estou à procura de um grande investidor para dar mais visibilidade a minha marca. Tenho muitas ideias, mas preciso de recursos financeiros para colocá-las em prática. Penso, por exemplo, em ter uma empresa franco-brasileira: continuar com a minha marca de luxo aqui, na Europa, e fazer roupas mais acessíveis e adaptadas ao consumidor para vender no Brasil.


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ne gócios

Moda de celebridade Famosos não resistem aos encantos da moda Por DANIEL BENDER

fotos: ©Agência Fotosite e divulgação

Sabrina Sato licencia uma grife de jeanswear. Roberto Carlos, o jogador de futebol, possui uma marca que atende, igualmente, homens, mulheres e crianças. A banda paraense Calypso tem uma grife de roupas, criada para dar emprego aos habitantes da cidade natal da vocalista Joelma. Poderíamos citar aqui, uma lista interminável de pessoas famosas, que ganharam notoriedade por este ou aquele motivo, e decidiram se aventurar no mundo da moda. Exemplos não faltam. Fácil, fácil, muitos nomes nos vêem à cabeça. E não é à toa. A relação entre celebridades e mundo fashion, sempre foi bem íntima, tanto que não faltam capas de revista analisando o que elas vestem. Essas pessoas atraem nossa atenção naturalmente, pelo simples fato de serem quem elas são. E, geralmente, estão vestindo algo que outras pessoas vão achar desejável. Daí a avalanche de famosos investindo em suas próprias grifes, seja licenciando linhas de produtos, ou criando empresas para gerenciar suas criações. Moda BBB Além dos artistas, algumas celebridades “instantâneas”, aquelas pessoas comuns, que acabam ficando conhecidas do grande público por participarem de reality shows, ou por virarem notícia de uma hora para outra, também acabam seduzidas pela moda. A ex-BBB Fani Pacheco afirmou, publicamente, algumas vezes, que teria vontade de assinar uma marca, provavelmente de moda íntima. Alguns anos se passaram e, finalmente, ela se decidiu. Ligou para a prima Juliana, que é estilista e já trabalhou na Mara Mac, e começou a planejar a sua primeira coleção. “A coleção vai ser bem jovem e moderna, com toques de sensualidade, que lembram a personalidade da Fani”, explica Juliana. Segundo ela, a ideia é vender em uma loja própria, em Nova Iguaçu (cidade de Fani), e também em multimarcas. “Com isso, esperamos comercializar 4 mil peças por mês”. Cavalera: case de sucesso Um dos melhores exemplos no Brasil de que a parceria moda + celebridade pode render bons cases, é a grife Cavalera. A marca foi criada em 1995, pelo empresário Alberto Hiar, o Turco Loco, em parceria com o músico Igor Cavalera, então líder da banda de rock brasileira de maior destaque internacional, o Sepultura. Apesar de emprestar o nome e o brasão da família, Igor nunca foi sócio da empresa, sempre propriedade de Hiar.

Fani Pacheco

Sabrina Sato

Contudo, isso não quer dizer que ele não tenha trabalhado. O músico rodou o país e o mundo usando roupas da marca e distribuindo para colegas de palco, ainda mais famosos, como integrantes do Metallica e Rage Against the Machine. Posteriormente, quando se desligou da banda, se dedicou mais à área criativa, antes de deixar a empresa. Hoje, 15 anos depois, graças à direção de Hiar e à forte identificação de Igor com o seu público, a grife é uma das mais fortes de streetwear no país e bastante reconhecida no exterior.

Busca pela personalidade Trabalhar com uma celebridade pode impulsionar rapidamente uma marca, mas, salvo exceções, pode ofuscar o produto. Foi o que percebeu Sergio Baccaro, quando contratou o ascendente Luciano Huck, no final da década de 1990, para promover os calçados masculinos da West Coast. “Funcionou muito bem, mas o negócio murcha depois que a celebridade sai da jogada”, explica. Ou seja, é preciso que a estrela da campanha se comprometa no longo prazo com a marca para funcionar. Parece que, na fórmula moda + celebridade, existe


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Coleção verão 2010 Cavalera

um mix ideal para que a coisa toda funcione e gere um negócio de sucesso. A Cavalera é, sem dúvida, um belo exemplo neste caso. Com uma pessoa muito influente comprometida com o produto, por sinal muito bem produzido e adequado ao públicoalvo, e um empresário experiente por trás. Sem falar no talento criativo e em todo trabalho feito. Foram estes ingredientes, comprometimento e experiência, que fez com que a marca conseguisse descolar da figura central, que sequer mora no país hoje em dia, sem perder a identidade. Fama, vale lembrar, é um estado temporário.

APOIO:

Turco Loco

FCDL-MG


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c ampus

PRIMEIRO tecnólogo de moda em Porto Alegre Senac/RS abriu sua primeira turma no curso fotos: divulgação

Laboratório de moda permite aulas compartilhadas e dinâmicas

A Faculdade de Tecnologia do Senac/RS abriu sua primeira turma do curso de Tecnologia em Design Moda no mês de abril. O objetivo principal desse curso é de profissionalizar os estudantes para atuarem em funções que vão desde a criação até o gerenciamento de uma empresa do ramo. Segundo a coordenadora do curso, Débora Elman, todos os laboratórios foram desenvolvidos para facilitar o aprendizado. “Temos laboratórios de desenho e criação, de modelagem e de confecção, além do acesso aos laboratórios de informáticas para o uso de softwares de desenho de moda”. Ela ainda reforça que todos os espaços são integrados, o que permite aulas compartilhadas e dinâmicas. Um dos diferenciais do Tecnólogo em Design de Moda do Senac/RS é que, ao final do primeiro ano de curso, o estudante já recebe um certificado de Desenhista de Moda. No término do segundo ano, é possível retirar o certificado de Assistente de Desenvolvimento de Coleção. “A grande vantagem é que o aluno consegue se inserir no mercado de trabalho com certificação antes mesmo de se formar. Com isso ele adquire experiência e enobrece o currículo”, acredita Débora. Espaço para confecção das criações dos alunos

Prêmio Tok&Stok de Design Universitário Com o objetivo de contribuir com a formação dos jovens designers brasileiros, aproximando-os do mercado de trabalho e promovendo a habilidade individual para o desenvolvimento de produtos adequados a nossa realidade, a Tok&Stok está com as inscrições abertas para a 5ª edição do Prêmio Tok&Stok de Design Universitário. O tema do prêmio, “empilhar”, quer estimular o aproveitamento inteligente do espaço, e está em busca de produtos como móveis, novas estruturas ou mecanismos que ofereçam soluções que utilizem o empilhamento.

de Design de Produto e de Tecnologia Moveleira, reconhecidos ou autorizados pelo MEC. Eles deverão apresentar um produto com as seguintes características: utilização de, no máximo, três matérias-primas para a construção (não serão contabilizados aqui sistemas de fixação, parafusos e cola); ter em seu conceito a filosofia que rege a Tok&Stok como contemporaneidade, jovialidade, minimalismo, solução, preço adequado ao público-alvo, condições de armazenagem, entrega e retirada pelos clientes.

Poderão participar do concurso alunos regularmente matriculados em cursos de nível superior

As inscrições vão até o dia 30 de junho. Informe-se através do site: www.tokstok.com.br/PremioTokStok.

foto: divulgação

Tema da 5ª edição é “empilhar”


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Projeto Moda & Comunicação Evento itinerante marca presença em faculdades da região Sul e Sudeste

De acordo com Heloísa, esse circuito é muito importante para os estudantes de moda. "Dessa forma, podemos levar até os alunos um pouco mais da experiência de mercado e do que é uma marca de moda. É fundamental levar a experiência do mercado para dentro da universidade". Já o Turco Loco descreve sua experiência com os acadêmicos: "Eu adoro falar para estudante de moda. Porque poder vir até eles e motivar, e ainda demonstrar qual é a verdade e qual é a mentira desse mundo, é muito gratificante. Porque a moda é um mundo que gera muito glamour, e as pessoas se sentem iludidas. Eu gosto de vir e trazer a realidade disso tudo para essa garotada".

fotos: Leonardo Rosa/Universidade Feevale

Depois de FUMEC e UNI e UNA em Belo Horizonte, chegou a vez das universidades gaúchas Ulbra, UniRitter, UCS e Feevale receberam o projeto Moda & Comunicação, uma iniciativa da Oi FM, da Tanara Brasil – calçados femininos, e da alfaiataria publicitária Job&Hervé, que promove um circuito de palestras em torno da moda. Durante o fechamento dessa edição, o evento itinerante marcava presença na Feevale, em Novo Hamburgo, onde a publicitária Heloísa Hervé ministrou uma palestra com o tema "Construção de uma marca de moda", e contou com a presença de Turco Loco, um dos criadores da grife Cavalera.

Alunos da Feevale prestigiaram o evento

Na sequência, o projeto vai para São Paulo, Campinas, Ribeirão Preto e Rio de Janeiro. As palestras são totalmente gratuitas.

Turco Loco da Cavalera

Heloísa Hervé


opinião

Réquiem para um mito indústria com o impacto dessa ausência. Vieram as mostras de produtos, as curadorias de exposições, os lamentos em formato editorial. Isso porque, para superar o trauma da separação e insuflar a crença na imortalidade individual ou coletiva de que nos fala o pesquisador francês Edgar Morin, o ser humano transplanta para o mundo das imagens suas memórias afetivas, seus valores e ideias. Inconformado com o fim, cria o símbolo, virtual possibilidade de reencontro, dando às imagens significado e presença. Mesmo que, de fato, todo mundo queira ir para o céu, ninguém quer morrer. Symbolon, do grego symballein, significa justamente reunir, aproximar, colocar junto: fazer de tudo para vencer o esquecimento e, em última instância, a morte. Pois sobreviver, no mundo da moda, significa escapar das sombras em direção aos holofotes para se deixar consumir. Ou seja, trata-se de viver num avatar, uma imagem que provoca o desaparecimento do corpo e a desumanização do sujeito. Consumir é precisamente esgotar, devorar, roer até os ossinhos. Algo como morar numa panela de pressão, já que o herói cria a si mesmo; mas a celebridade é criada pela mídia. Nada fácil, nem mesmo para McQueen.

Por Carol Garcia* Ao longo de sua obra, o comunicólogo alemão Hans Belting, autor de Antropologia da Imagem, sempre se pergunta qual papel desempenha a morte na determinação humana de construir imagens – inclusive, ícones fashion. Quando a notícia me atingiu como um nocaute é que finalmente entendi o porque de tanta inquietação. Parecia-me absolutamente impossível que Alexander McQueen tivesse se transformado em lembrança. As criações fabulosas, de acabamento impecável; as passarelas espetaculares, com styling altivo; os co-brands inteligentes, com visual merchandising embriagador... Tudo isso passeava pelas vielas da minha mente num compasso delicado, enquanto ganhava as páginas das revistas e os corpos de consumidores-órfãos e estupefatos.

Num ato desesperado, McQueen abandonou a imagem que fazíamos dele. E nos desapontou justamente porque decidiu interromper o abastecimento da nossa própria fonte de imaginação, saindo de fininho do teatro do cotidiano. Onde se encaixaria a decisão de McQueen nos nossos desejos de consumo? Como viver sem essa lufada de ar fresco no ambiente por vezes claustrofóbico e auto-referente da moda? Eu flutuava entre o descrédito, a nostalgia e a certeza de que muitos tributos seguramente converterão seu estilo em tendência nas próximas temporadas. Paralelamente, uma enxurrada de celebridades atônitas e desprovidas de palavras insistia em desfilar por blogs, noticiários e redes sociais endossando meu espanto e as preocupações da

Agora, convertido em mártir e mito, ele virou símbolo: resta-nos decidir, símbolo de quê? A meu ver, desse encontro entre imagens errantes do passado glorioso e do presente insuportável, com a inquietante alusão de uma imagem à outra, é que podem surgir faíscas novas, com várias temporalidades se acotovelando em estado de fronteira e convivendo com o risco de promover interações. Nessa tessitura, sua própria imagem como criador de moda pode ganhar complexidade pelo movimento, tramitando outros textos e permitindo que a cultura se dirija contra o esquecimento. Não podemos permitir que Alexander McQueen deixe de ser um grande homem para ser apenas um grande nome. A riqueza, sem dúvida, está na conexão entre os componentes desse mosaico e na nossa capacidade, como produtores e consumidores de imagens de moda, de constituir outras texturas. Esse, sim, seria um tributo memorável, onde não se discute mais um cadáver, mas sim o fabular da cultura em ebulição. Afinal, criamos imagens para não desaparecer enquanto seres humanos.

*Carol Garcia, sócia-diretora da Modus Marketing e Semiótica, é coordenadora da pós-graduação lato sensu em Criação de Imagem e Styling de Moda do Senac São Paulo. É também escritora e coolhunter. carol.garcia@modusmkt.com

foto: © Agência Fotosite

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estilo

fotos: Mário Daloia/divulgação e acervo pessoal

Pessoas "Sempre tive muitos amigos, mas minha vida mudou depois que eu conheci o Mário, mais ainda após o nascimento da Anouk, meus grandes amores e companheiros. Agora estou abrindo um espacinho no coração para mais um que vem por aí…"

Moda “É minha profissão e uma das minhas paixões, junto à música e ao cinema. Uma das coisas que mais gosto de fazer atualmente é o Pense Moda.”

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Camila Yahn Conheça o estilo de vida da jornalista e diretora criativa do Pense Moda Ela é formada em Artes Cênicas, mas sempre gostou muito de moda. Quando retornou de Londres, onde viveu por três anos para estudar, foi convidada para trabalhar com a editora Erika Palomino e, de lá para cá, não largou mais esse universo. Jornalista e consultora de moda, Camila Yahn é diretora criativa do seminário anual Pense Moda, editora da revista mensal Moda por Joyce Pascowitch, e mantém o blog www.camilayahn.com.br. Além disso tudo, é mulher de Mário e mãe da pequena Anouk, ama moda, música, bons livros, cinema, viagens e amigos por perto. Confira:

Arte “Adoro arte e acompanho do jeito que posso. No final do ano passado, fomos na Bienal de Veneza, onde me encantei com obras como essa.”

Um lugar ao sol "Minha casa no sertão da Barra do Una, Litoral Norte de SP. Lá o meu celular não pega, a energia é solar, não tem televisão e o acesso é difícil. Troco tudo isso pela piscina de água natural e por dormir em frente à lareira."

Viagens “Amo viajar e mais ainda quando é para um lugar desconhecido, como Moscou. É uma cidade que eu não tenho vontade de voltar, mas valeu muito ter conhecido. Dos lugares por onde já passei, o meu preferido é Siena, na Itália.”


TecnoDéco




e ditor ial de moda

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i n v e r no 2011

Inverno 2011 RESUMO DA TEMPORADA direção de pesquisa: patrícia souza rodrigues texto e edição de moda: Eduardo Motta fotos desfiles: © Agência Fotosite

fotos feiras: UseFashion

Impactada pela crise econômica, a moda se reorganiza para fazer bons negócios e a temporada de desfiles chega ao fim com saldo mais que promissor. É com segurança que veteranos e iniciantes reassumem as próprias diretrizes, sem o vai-e-vem das circunstâncias. Para os mais experientes, aqueles com muitas realizações na bagagem, é o histórico da marca que fala alto, e é ele que alimenta as investigações do presente. Para os novos nomes, o amadurecimento que necessariamente chegou mais rápido só ajuda nesta retomada. Quem não se perdeu no caminho está aí, pronto para uma temporada que tem todo o jeito de um recomeço.


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vestuár io

direcionamentos

Max Azria | Nova York

Calma e serenidade traduzidas em tecidos de caimento macio, cores apaziguadores e monocromias.

Rodarte | Nova York

O vintage acolhedor, com nostalgia do rural e do feito à mão, ganha fôlego na mistura de materiais e texturas.

Mary Katrantzou | Londres

Este estilo precioso evoca joias e desenhos aristocráticos, com outra personalidade, ditada pelo falseamento do luxo e pelo trompe-l´oeil bem-humorado.

Louise Goldin | Londres

Gosto pela sombra e ausência de luz, desenha este Dark Mood de formas construídas, preto e algum senso utilitário.


e ditor ial de moda

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i n v e r no 2011

Dolce & Gabbana | Paris

Versace | Milão

Stella McCartney | Paris

Louis Vuitton | Paris

Alfaiataria sexy, dominada pelas associações com outros estilos e pelas quebras de continuidade. Não é um shortinho de lingerie, que deveria acompanhar um blazer.

O tempo passa e os anos 90 começam a ganhar contornos definidos. É hora de rever a década, diz a moda.

São ressonâncias masculinas que guiam este estilo. O minimalismo arremata tudo e o importante é manter leve o resultado.

De algum ponto entre os anos 50 e 60 ressurgem estilos e comportamentos. Tudo para dar forma a uma nova tendência em pleno século XXI.


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vestuár io

SILHUETAS

Vivienne westwood | Paris

Toda ampla

Dolce & Gabbana | Milão

Torneada e alongada

Betty Jackson | Londres

Ampla à maneira masculina

Akris | Paris

Alongada e reta

Os recursos de modelagem, corte e costura, o repertório de cores e materiais: todos estes elementos pagam tributo a um desenho final, ao recorte que a soma de todos eles desenha no espaço, definindo a moda de um período com precisão. No caso, é preciso falar no plural. O inverno emplaca vários destes perfis, contra um fundo bastante receptivo à diversidade de propostas. Aqui, você confere um bom resumo destas silhuetas. Se a variedade é grande, ainda assim, é possível afirmar que as linhas definidas por godês e evasês são as mais novas, ou renovadas, entre todas as propostas que irão circular pelas ruas.


e ditor ial de moda

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i n v e r no 2011

Versus | Milão

Curta e evasê

Prada | Milão

Longa e evasê

Lanvin | Paris

Dries Van Noten | Paris

Definida nos ombros, afunilando embaixo

Com os ombros no lugar, abrindo embaixo


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vestuár io

VESTIDOS A aposta vai para a feminilidade. Se, no verão, imperava a alma utilitária, no inverno, é tudo sobre caimento e ornamentos, construídos pela modelagem.

Bottega Veneta | Milão

Dries Van Noten | Paris

DKNY | Nova York

Dolce & Gabbana | Milão

SAIAS E CALÇAS Entre as saias, bons modelos. Tem envelope, saia-lápis, e aquelas com muita roda e presença dos anos 1990 nas fendas renovadas e na cintura alta. Para as calças, imperam os quadris soltos, os tornozelos afunilados e as flares.


e ditor ial de moda

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i n v e r no 2011

Louise Goldin | Londres

Mary Katrantzou | Londres

Dries Van Noten | Paris

Albino | Mil達o

Matthew Williamson | Londres

Matthew Williamson | Londres

Alexander Wang | Nova York

Akris | Paris


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vestuár io

CAMISARIA E BLUSAS A camisa masculina é uma referência. Há quem prefira que ela seja literal, e há quem a transforme com recursos próprios do repertório feminino. As blusas são sintéticas na forma e minuciosas na concepção de superfície e acabamento. Peças únicas envolvem drapeados inventivos com a malha.

Haute | Milão

Ann-Sofie Back | Londres

Barbara Bui | Paris

Haider Ackermann | Paris

JAQUETAS, PEA COATS E CASACOS LONGOS Sobrevivem bem as jaquetas, ao lado dos clássicos roubados da marinha, e de casulos acolhedores.


e ditor ial de moda

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i n v e r no 2011

Aquascutum | Londres

Balenciaga | Paris

Burberry | Londres

Y-3 | Nova York

Stella McCartney | Paris

Paul & Joe| Paris

Doo.Ri | Nova York

Hussein Chalayan | Paris


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vestuár io

DETALHES E AVIAMENTOS Laços com formas novas Fechamentos superpostos Zíperes vertiginosos Botões em profusão Renda aplicada O precioso em aplicações geométricas

Rochas | Paris

Burberry | Londres


e ditor ial de moda

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i n v e r no 2011

Jc de Castelbajac | Paris

Dsquared2 | Mil達o

Dolce & Gabbana | Mil達o

Osman Yousefzada | Londres


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vestuár io

ESTAMPAS All type Rosas Joias Tecido em trompe-l´oeil Manchas Xadrez

Balenciaga | Paris

Louis Vuitton | Paris

Cacharel | Paris

Balmain | Paris

MATERIAIS Sedosos Paetizados Veludos Rendas Lãs Couros


e ditor ial de moda

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i n v e r no 2011

Mary Katrantzou | Londres

Basso & Brooke | Londres

Marc by Marc Jacobs| Nova York

Dolce & Gabbana | Mil達o

Antonio Marras | Mil達o

Vivienne Westwood | Londres

Diesel | Nova York

Aigner | Mil達o


foto: © Agência Fotosite

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memór ia

100 anos de Ermenegildo Zegna Por Juliana Zanettini A história da Ermenegildo Zegna, uma das mais cobiçadas marcas masculinas, começou no ano de 1910, quando seu fundador, na época com apenas 20 anos de idade, assumiu o comando de uma pequena fábrica que pertencia a sua família. Localizada no norte da Itália, num vilarejo chamado Trivero, esta fábrica era chamada de Lanifício Zegna. Empreendedor, ele rebatizou o negócio com o seu nome, sendo o primeiro no ramo da moda a criar um negócio homônimo. Desde aquele tempo, os tecidos manufaturados na empresa correspondiam a uma qualidade comparável aos ingleses e os escoceses, visto que Zegna adquiria matérias-primas provindas de criadores australianos e africanos. A escolha por maquinário de última geração também contribuiu para o sucesso do empreendimento. No decorrer do seu negócio, em 1932, o jovem empresário construiu o centro Zegna, que se tratava de um espaço com cinema, biblioteca, teatro, piscina pública, além de um hospital. Com uma visão de mercado e divulgação apurados, além da qualidade inconfundível de seus produtos, em 1938 a marca já exportava para 40 países. Sendo uma empresa de âmbito familiar, na década de 1960, Ermenegildo Zegna passou o comando da fábrica para os filhos Angelo e Aldo. Aos dois coube a incumbência de lançar no mercado também produtos mais acessíveis. Foi então que nasceram as linhas casual e a esportiva da marca. Logo, o empreendimento ganhou tamanha fama internacional. Na gama de produtos, foram incrementados

os acessórios como pastas, cintos carteiras, além do tricô. As linhas de produção entraram em expansão e passaram a ser produzidas em Novara, na Itália. Em 1973 foi instalada a primeira fábrica fora desse país, tendo a Espanha como escolha. No ano de 1975, a marca instalou-se também na Grécia e Suíça, e é justamente na Suíça que atualmente os mais de 450 tipos de tecido são produzidos. Nos anos 1980 a marca abriu loja própria em Paris e Milão e partir daí começou a investir em peso no mercado internacional, o que resultou na abertura de lojas em pontos estratégicos do Reino Unido, Alemanha, México, Hong Kong e Turquia. Apesar do sucesso foi somente no ano de 2001 que a marca teve a sua primeira em solo brasileiro. Com o lançamento de produtos no mercado norte-americano, a linha Zegna Sport conquistou grande sucesso, aliando o tradicionalismo impecável italiano a uma referência esportiva e tecnológica. Para tanto, nas lojas foram personalizados embalagens diferenciadas, além de jaquetas de bolsos próprios para o IPod com controladores de função através de botões na manga. Sobre a gola desses modelos, painéis transformam a luz do sol em energia renovável com a finalidade de recarregar o próprio IPod ou telefones celulares. Outro lançamento tecnológico foi a jaqueta Elements. Confeccionada em lã de carneiro ou cashmere a peça possui um polímero termosensível sobre a superfície interna que se adapta à temperatura externa, com um mecanismo que se

abre com o calor e fecha com o frio. Em 2004, a marca lançou a Z Zegna, uma marca voltada para os consumidores jovens. Diferentemente das outras linhas, esta conta com um estilista próprio e não alfaiates. O italiano Alessandro Sartori é o responsável pela marca que recentemente trocou a semana de moda de Nova York pela de Milão. Respectivamente em 2005 e 2007 a família Zegna lançou os perfumes Z Zegna e Zegna intenso também no ano de 2007 a linha underwear foi inaugurada, sendo compostas por cuecas, meias e pijamas. Sobre os ternos No comando da quarta geração, a família Zegna orgulha-se por ser a detentora dos ternos mais elaborados do mundo da moda. Aliando tradicionalismo, estes modelos são fabricados sob medida através do conceito da Zegna su misura (“sob medida” em italiano). As medidas dos clientes são tiradas e enviadas à Suíça, sendo que cerca de 10 artesãos responsabilizam-se pela manufaturação não somente do traje, mas também da impecável linha de camisaria e gravatas. Com as medidas exclusivas do cliente, um terno da marca chega a custar R$ 16 mil, podendo ser confeccionado em lã, cashmere ou seda e levando até 45 dias para chegar ao seu comprador. 88% dos produtos da grife são codificadas a ponto que a empresa tenha os dados precisos de seus compradores, sabendo inclusive se repetiu a compra.




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