Journal UseFashion

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ANO 6 • nº 67 • Agosto 2009 • Edição Brasileira

moda profissional

verão 2010

temporada brasileira Fashion Rio e SPFW | pág. 64

R$20,00

ISSN 1808-6829

A moda que não se usa | pág. 12 Renda-se aos saltos altíssimos | pág. 18 Joias contemporâneas | pág. 22 Lifestyle como estratégia de marketing | pág. 44 Amir Slama: nova marca "muito em breve" | pág. 54




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nesta edição foto capa: © Agência Fotosite

Capa: A Cavalera desfila em viaduto paulista e faz declaração de amor à cidade. A apresentação, mesclando moda e vida real, foi um dos pontos altos desta primeira edição das semanas brasileiras sob uma mesma direção.

na capa

gente

12 VESTUÁRIO

08 é moda

A moda que não se usa. Uma análise dos looks conceituais apresentados nas passarelas. Por Eduardo Motta.

Looks comentados de Londres e Barcelona. 10 paparazzi

No backstage, as opções renovadas para os casacos.

18 CALÇADOS & BOLSAS

Renda-se aos saltos altíssimos.

61 Estilo

22 ACESSÓRIOS

18

Joias contemporâneas conquistam colecionadores na Europa. 44 REPORTAGEM

Grifes apostam no lifestyle como estratégia de marketing.

Imagens que definem o estilo do designer Silvio Halleck.

moda 17 vestuário report

Peças funcionais em malharia retilínea.

54 PERFIL

Amir Slama confirma que volta a criar beachwear muito em breve.

21 BOLSAS REPORT

Apliques e enfeites para serem vistos.

64 EDITORIAL DE MODA

Temporada de moda brasileira. Os destaques de Fashion Rio e SPFW para o verão 2010.

24 ACESSÓRIOS REPORT

Modernidade e tradição nos relógios masculinos. 25 ACESSÓRIOS REPORT

44

Gemas e banhos negros para o verão 2010.

38

curtas 06 Portal usefashion.com

26 radar internacional

Comportada e suave X Comportada e com malícia. 28 radar nacional

As bases neutras para o verão 2010. 30 MASCULINO

As primeiras vitrines do inverno 2010 e as tendências para moda masculina e infantil de verão 2011. 07 dicas da redação

Filme-instalação no Museu Iberê Camargo em Porto Alegre; O ano da França no MAC e o novo livro da Louis Vuitton.

Estilistas dão cara nova às peças em lã. 38 acontece 33 MASCULINO REPORT

A vez dos coletes.

Os lançamentos apresentados na Vicenzaoro, Denim by Première Vision e Fashion Business.

34 INFANTIL

Trompe-l’oeil divertindo os looks. 36 infantil report

Cores fortes para os meninos.

58 Campus

5º Colóquio de moda; Anhembi Morumbi à francesa; Rotary Club premia designer; Prêmio na área têxtil; 1º mostra de ecodesign.

37 infantil report

O estilo provençal nos desfiles internacionais.

78 MEMÓRIA

50 anos da LYCRA®.


expediente visual merchandising

Diretor-Presidente Jorge Faccioni Diretora Alessandra Faccioni Diretora de RH Patrícia Santos Diretor de Redação Thomas Hartmann Diretora de Pesquisa Patrícia Souza Rodrigues

40 visual de loja

Dicas para lojistas prepararem suas vitrines de verão. Acompanhe uma vitrine de Paris, do esboço à loja e algumas dicas de iluminação.

design

Núcleo de Pesquisa e Comunicação

50 design

Em destaque, peças funcionais e confortáveis: sofás e cadeiras inovadoras. 40

50

opinião 52 cultura

Tecnologia mínima - 2ª parte. Por Eduardo Motta.

5

Editora-Chefe Journal Inêz Gularte (Mtb 7.775) Edição de Moda Eduardo Motta (consultoria) Redação Aline Ebert (Mtb 13.687), Fernanda Maciel (Mtb 13.399), Eduardo Pedroso e Juliana Wecki (assistentes) Projeto Gráfico Ingrid Scherdien Produção de Arte Ingrid Scherdien (design gráfico), Francine Virote e Thaís de Oliveira (tratamento de imagens), Carine Hattge (revisão de imagens), Jucéli Silva e Vanessa Machado (web design) Equipe de Pesquisa Nájua Saleh (moda), Aline Kämpgen (assistente de coordenação de imagens), Aline Romero, Francine Virote, Lisiane Ramos e Thaís de Oliveira (classificação vitrines e desfiles), Vanessa Faccioni (visual de loja) Consultores Angela Aronne (malharia retilínea, underwear e beachwear), Daniel Bender (inovação), Eduardo Motta (calçados, bolsas e vestuário feminino), Juliana Zanettini (jeanswear), Paula Visoná (malharia circular e vestuário masculino) e Renata Spiller (infantil e acessórios) Colaborou nesta edição Cristiane Mesquita

negócios 56 negócios

Empresas que apostam na moda para tamanhos grandes.

60 opinião

De novo, o estilo. Por Cristiane Mesquita.

ao leitor A temporada brasileira de verão 2010 é capa desta edição. Preparamos uma análise apurada sobre o que de melhor encontramos nas duas maiores semanas de moda nacionais. Pela primeira vez sob o comando de Paulo Borges, e em novo espaço, no Píer Mauá, o Fashion Rio enxugou o line-up e ficou mais coeso. Perdeu um pouco da descontração, mas ganhou em profissionalismo. Modelagens amplas, e um clima de férias de verão europeu foram alguns dos destaques desta edição. Em São Paulo, o trabalho marcante de cunho autoral deu origem a imagens poderosas. Além das tendências e pontos altos da estação, é esse olhar que nos marcou quando fizemos um balanço do evento paulista. Os detalhes você acompanha em 14 páginas dedicadas a Fashion Rio e SPFW.

resse de potenciais consumidores investindo em promoções e serviços que se identifiquem com estilos de vida.

Na reportagem deste mês, abordamos o foco no lifestyle como estratégia de marketing. Muito além de vender seus produtos, marcas de moda, nacionais e internacionais, estão buscando fazer parte da vida de seus clientes e despertar o inte-

Boa leitura e ótimos negócios!

Outro destaque desta edição é a matéria sobre joias contemporâneas. Entenda porque elas estão proliferando em galerias de arte e museus, principalmente na Europa, e conquistando colecionadores apaixonados. Acompanhe também a entrevista com Amir Slama, que deixando a Rosa Chá, confirma que vai manter o foco no beachwear e desenvolver coleção com seu nome. Veja ainda, dicas sobre como planejar as vitrines de verão; a moda das ruas; os 50 anos da LYCRA®; a moda para não ser usada; os novos saltos altíssimos; as novidades no design de sofás e cadeiras funcionais; a moda para tamanhos grandes e muito mais.

Jorge Faccioni Diretor-Presidente

UseFashion Journal (ISSN 1808-6829) é uma publicação mensal do Sistema UseFashion de Informações Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: Midia Gráfica - RBS Vários dos conteúdos que abordamos nesta edição podem ser complementados no portal usefashion.com. Alguns são de acesso exclusivo para assinantes do portal. Ligue 0800 603 9000 e veja como acessar. Os textos dos colunistas e colaboradores são de responsabilidade dos mesmos e não representam necessariamente a opinião da empresa. Todos os produtos citados nesta edição são resultado de uma seleção jornalística e de consultoria especializada, sem nenhum caráter publicitário. Todas as matérias desta edição são de responsabilidade do Núcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização por escrito do Sistema UseFashion de Informações.

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por tal u se fa s hion .com con t e ú d o pa r a a s s i nan t e s

Vitrines da nova estação

tendências verão 2011

Inverno 2010

Infantil e Masculino

No mês que vem, o outono começa nos países do hemisfério norte. Então, já é hora de conferir as apostas das lojas para a nova temporada. O frio pode até não ter chegado ainda, mas já é tempo de colocar nas vitrines as quentíssimas coleções de inverno.

Moda infantil e moda masculina já têm suas tendências delineadas e devidamente identificadas pela UseFashion. Com base na análise dos desfiles e também nas referências comportamentais, culturais e sociais, você já pode pesquisar as tendências para estes dois gêneros. Acompanhe no portal www.usefashion.com, e antecipe sua pesquisa.

Ávidas pelas novidades, consumidoras norte-americanas, europeias e asiáticas já estão correndo às lojas em busca de suas grifes preferidas. Pois, mesmo que o clima ainda não esteja assim tão frio, já é possível sair às ruas desfilando a nova coleção.

foto: UseFashion

foto: © Agência Fotosite

Assinante UseFashion pode acompanhar toda a movimentação internacional em torno da nova temporada no link Vitrines do portal. Veja como as lojas das marcas mais importantes do mundo estão preparando suas vitrines: que produtos estão expondo, como eles estão dispostos, enfim, quais as apostas para o inverno 2010. Acompanhe ainda, todo mês, o conteúdo Radar Vitrines. Não fique de fora!

Max Mara | inverno 2010

Undercover | Pitti Uomo

UseFashion nas redes sociais fotos: reprodução

Antenada nas últimas tecnologias que ajudam a ampliar seus contatos, a UseFashion criou seu espaço no Twitter (postagens rápidas que chamam Notícias) e também Flickr (fotos-legenda de eventos, campanhas, desfiles...). Os endereços são www.twitter.com/usefashion e www.flickr.com/usefashion

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calendário 02 a 03 - Margin 02 a 04 - Curve NY 02 a 04 - Bubble Kids 03 a 05 - Acessories the Show, Moda Manhatan, FAME

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dicas

da redação

Pierre Coulibeuf no universo de Iberê foto: divulgação

Um dos mais célebres cineastas contemporâneos, o francês Pierre Coulibeuf, lançou sua primeira obra realizada no Brasil inspirada no universo artístico de Iberê Camargo. ‘Dédale’, filme-instalação de Coulibeuf, ocupa, desde o dia 4 de junho, o 4º andar da Fundação Iberê Camargo (Avenida Padre Cacique, 2000 – Porto Alegre/RS), apresentando três projeções em vídeo e 12 fotografias, além de um catálogo com textos de críticos internacionais e um ciclo de palestras sobre a obra. A mostra, que tem a curadoria de Gaudêncio Fidelis, doutor em História da Arte pela State University of New York e fundador e primeiro diretor do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, vai até o dia 30 de agosto com entrada franca. Mais informações: www.iberecamargo.org.br

A França no MAC foto: reprodução

Em comemoração ao ano da França no Brasil, até o dia 15 de novembro de 2009 o Museu de Arte Contemporânea de São Paulo destaca obras de diversos artistas franceses em dois espaços: na Cidade Universitária e no Ibirapuera. No primeiro, os visitantes poderão conferir pinturas e esculturas de André Masson, Georges Braque, Henri Matisse, Cesar Baldaccini, Kandinsky, Chagall, Picasso e Fernand Léger, entre outros. Já na sede do museu no Parque Ibirapuera estão 75 obras em papel dos artistas Pierre Soulages, Jean Tinguely, Henri-Georges Adam, Roger Viellard, Hervé Fischer, dentre outros. Na imagem, obra ‘Natureza Morta’ de Henri Matisse, 1941. Quer saber mais? Acesse: www.mac.usp.br/mac

Louis Vuitton: art, fashion and architecture foto: reprodução

A Louis Vuitton, marca de luxo mais valiosa do mundo, lançou recentemente o livro “Louis Vuitton: art, fashion and architecture”. Com mais de 400 páginas, o livro revela a história dos 150 anos da grife, através da moda, da arte e da arquitetura. A obra já está sendo vendida nos Estados Unidos, na França e na Itália. Em setembro, será lançada uma edição especial com a capa trabalhada pelo artista japonês Takashi Murakami. Em 2012, a LV se prepara para inaugurar uma fundação de arte permanente em Paris. Mais novidades: www.louisvuitton.com


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Clássicos, chapéu fedora e óculos wayfarer compõem a tradicional linha de acessórios de forma superatual. O cabelo complementa o estilo.

A camisa ajustada de estampa em poá miúdo aparece, sem medo para o masculino.

Com uma levada rock’n’roll, a calça skinny é alvo dos londrinos já há muito tempo. Para uma cidade cosmopolita como esta não poderia ser diferente. Esse tipo de modelagem deixa os magros aparentarem mais magros.

O clássico mocassim interfere de modo contemporâneo, aliandose ao despojado e rebelde visual. A meia aparece discretamente, entrando em sintonia com a camisa. Isso acontece também entre o calçado e a bolsa.


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fo to U s: se s Fa hi on

O hairstyle casa muito bem com a produção. Ambos largados e descolados.

A febre de mostrar a barriga caiu e deu espaço para blusas compridas, com modelagens soltinhas.

Apesar das bolsas pequenas estarem em maior evidência nas passarelas, as grandes permanecem nas ruas de Barcelona.

Destaque para a braguilha deslocada da calça, localizada mais para a lateral direita.

Confortável, a modelagem sarouel, quando proposta no jeans, denota despreocupação e pitadas masculinas, uma vez que é aliada ao tênis.


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p ap ara z zi

Proteção garantida Opções renovadas para os casacos

fotos: © Agência Fotosite

Por juliana zanettini

bik no Anja Ru e n di ge d a F backsta

Alexa Ch

Julia Roitfeld na primeira fila do desfile da Givenchy

un g n a p

lateia da

Louis Vuit

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Indispensáveis, bons casacos garantem proteção extra. Nas últimas temporadas, diversas propostas foram exploradas em termos de construção. Nos destaques, observe que Julia Roitfeld mostrou que bom gosto é hereditário ao eleger a jaqueta biker para assistir ao desfile da Givenchy. Indo ao encontro de uma proposta mais comportada, o casaco escolhido pela modelo Anja Rubik, clicada no backstage da Fendi, tem corte seco e padronagem espinha-de-peixe. Já Alexa Chung, na plateia da Louis Vuitton, apostou na versão em tricô de abotoamento duplo, também com comprimento alongado.



12

ve s t uário

p on to d e v i s ta

PARA QUE SERVE A MODA QUE NINGUÉM VAI USAR? Por eduardo motta

Se você está em um lugar público, onde a vida cotidiana segue seu curso, e vai para o trabalho, almoça no restaurante da esquina, leva os filhos na escola, ou dá uma passada rápida na farmácia, não vai encontrar nada adequado para usar nas imagens que ilustram esta matéria. Se você está em pleno verão tropical debaixo de um sol de 40 graus, idem. Então, por que é que se são estas situações que você vive todos os dias, os criadores de moda insistem em colocar na passarela peças tão estranhas que ninguém ou pouquíssimas mulheres usariam? Na verdade, é a pergunta, e não a roupa, que está fora de lugar. E ela carrega uma dose de ingenuidade maior que a suposta estranheza das roupas em questão. Normal que seja assim. Entre entender o propósito delas e ser envolvido nele, que é o que invariavelmente acontece, há mesmo uma grande distância. Selecionei imagens de desfiles recentes de quatro autores brasileiros. Estou chamando-os assim porque todos eles cunharam um estilo e obtiveram sucesso em fixá-los no imaginário coletivo. Um número considerável e crescente de pessoas abrem a carteira para se transformar em consumidores dos produtos que eles disponibilizam. Mas a moda é um fenômeno em movimento. Nela, ninguém sobrevive do que já fez e, a cada estação, os estilos fixados por eles precisam ser renovados, absorver outras fontes de referências e tomar forma em modelagens, cores e materiais diferentes das anteriores. Vou reduzir a dois os problemas que se colocam para quem concebe roupa nessa hora. O primeiro é se manter reconhecível mesmo com a cara renovada. O segundo é tornar a parte que é nova perfeitamente visível, definida e identificada, em meio a muitas outras propostas. E tudo em um tempo muito curto. Como é que se consegue isto? Com uma soma de ações, sazonalmente repetidas e aperfeiçoadas. Desfiles, campanhas publicitárias, coquetel de lançamento, editoriais, vitrines, boca a boca, vestir a vilã ou a mocinha da novela das oito, enfim, há toda uma sequência delas disponíveis. Entretanto, alguns autores dominam essa variável estratégica, que é a de amplificar visualmente uma proposta de forma que nem você, nem toda a mídia que cerca um lançamento de moda, não tenha como não enxergá-la. Quando alguém diz que fulano fez aquilo só para aparecer, está absolutamente certo. O que opiniões desse tipo geralmente não dão conta de abarcar é a gama de sentidos que o verbo aparecer contém no terreno da moda.

Se um determinado look aparece, ele já deu conta de um enorme desafio que é o de ser visto em meio a centenas de outros. Isto pode fazer pensar que qualquer coisa extravagante alcançaria este resultado, mas não é bem assim. Para que uma imagem de moda apresentada em um desfile não seja esquecida no momento seguinte, ela deve conter uma série de outras qualidades. Além de ser bonita, elegante, feminina, ou impactante, extravagante, ou mesmo incômoda, ou ainda mesmo, barata, ela precisa de alguma forma estabelecer contato, ou fazer sentido, ou conversar, ou ter a capacidade de moldar os desejos e expectativas de um grupo em particular, seja ele pequeno ou grande. Lidar corretamente com estas imagens comunicantes é o que define o perfil do público e o tamanho dele. Alexandre Herchcovitch é um caso exemplar. Todo mundo conhece, nem todo mundo usa. Ainda. Ele hoje tem uma presença tão forte no imaginário de quem paga pela moda que bastariam alguns ajustes, se ele e sua equipe decidirem por isso, para que o produto chegue a outros públicos. O patrimônio de sua marca cresce aceleradamente e ele chegou lá apresentando coisas assim, como as que você está vendo agora. Viu como funciona?


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fotos: © Agência Fotosite

A coleção de Alexandre Herchcovitch, apresentada na última SPFW, partiu dos uniformes de futebol americano e das líderes de torcidas, aquelas garotas saltitantes e competitivas que inundam os filmes de high school na sua tv. Os ombros exagerados parecem mesmo com os daqueles jogadores truculentos que enlouquecem as cheerleaders, acrobáticas e coloridas. Claro que ninguém vai sair por aí com estes ombros gigantescos, mas muitas referências deste estilo vão permanecer.


14

ve s t uário

p on to d e v i s ta

A Osklen é um fenômeno. Colou sua imagem na onda eco chic, virou a marca mais cool do país com um minimalismo despojado, e vende para uma classe abastada em cultura e em recursos materiais. Querendo ou não, definiu um novo tipo de mulher brasileira: despojada, sem cintura marcada, sem decotes profundos, sem derrière proeminente e descolorida. Oscar Metsavaht anda experimentando sob o terreno conquistado. Recentemente, trouxe para a passarela este carnaval mínimo, só de reminiscências de fantasias de tempos passados, ao som da bateria da Mangueira. Pode acreditar, esta mulher que ele cunhou, vai chegar, se é que já não chegou, ao guardaroupa feminino.


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fotos: © Agência Fotosite

Gloria Coelho faz o que quer e como quer e tem lá sua clientela fiel. Um vestido dela não sai barato, por outro lado não é nada fácil de fazer. Na verdade, não há a menor intenção de facilitar nada no jogo que ela joga. O que esta estilista que cita arquitetura, cultura pop, e tem um quê de guerreiras do passado, outro quê de guerreiras do futuro, faz com tanta informação e belicosidade é transformá-las em moda de alta qualidade, técnica e estética. No cenário da moda brasileira, não cabe a ela diluir tendências e fazer moda comercial. Que a coleção da pequena loja do bairro cresça em estilo e qualidade também é um dos efeitos colaterais da presença dela no mercado.


16

ve s t uário

p on to d e v i s ta

De Ronaldo Fraga fala-se muito, provavelmente porque ele também fala, e fala com a roupa. Sempre alinhavando coleções com histórias da cultura popular, com a obra de outros artistas ou com assuntos do nosso tempo. É outro que tem público fiel, formado e educado pelo seu discurso. A graça está na brejeirice interiorana, encorpada pela ideia consistente e pela costura diferente das demais. É um provinciano que conversa com o mundo. No último desfile, ele fez a sua própria Disneylândia. Não há o menor risco de você ter de adotar o make, os cabelos, ou os looks inteiros que o Ronaldo concebeu para a Disney em negativo apresentada na SPFW. O que é de Ronaldo e que permanece com o público são as ideias e a poética, mesmo que em forma de roupa. Que seja uma noção de brasilidade, de gosto pela literatura, ou de mobilização socioafetiva pela turma que já passou dos 70, como aconteceu na coleção passada. Se tem alguém que sabe dar potência às imagens, incorporando sentidos aos produtos de moda, é ele. O bordão do marketing ligeiro que afirma que compramos ideias, e não objetos, se aplica perfeitamente. Ao caso dele e a toda peça de roupa extraordinária, que este texto aplaude e defende.

foto: © Agência Fotosite


ves t uário

report

Dois em um

17

Por angela aronne

Funcionalidade para o inverno

fotos: reprodução e divulgação

Peças criadas pela equipe de estilo da Stoll

A megatendência Mobilidade aborda a constante mutação apoiada na rebeldia e na irreverência dos movimentos culturais de protesto e contracultura, como o punk, o grunge e as raves. A necessidade constante de novas formas de expressão faz parte desta temática. Na malha retilínea, esta megatendência foi muito além da rebeldia. Aqui, ela trouxe um conceito menos antimoda e mais voltado para produtos que agregam funções múltiplas. Podemos perceber o desdobramento da Mobilidade em peças como as desta página. Nelas, a equipe de criação das máquinas alemãs Stoll trabalhou como tema principal o Nômade. Tudo foi desenvolvido em conjunto com os alunos do Instituto

de Tecnologia de Nova York. Adaptar-se a diferentes eventos, zonas climáticas e estilos é o grande desafio. Para tanto, a ideia de funções múltiplas foi o mote principal. Vale fazer uso de aviamentos como zíperes que ajudam a montar ou desmontar o look, cavas que podem se transformar em bolsos, peças reversíveis e dupla face. O que dizer da blusa que se transforma em mochila? É apenas uma das possibilidades. Para saber como a tendência se apresentou nos desfiles internacionais, acesse o portal www.usefashion.com e pesquise o conteúdo completo deste Report.


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c alç ados & bol s a s

Mais altos e mais poderosos Renda-se aos novos saltos Por Inêz Gularte Eles sempre estiveram relacionados ao poder e, quanto mais altos, melhor. Já indicaram nível social, participaram de celebrações, viraram fetiche e, hoje, mais do que nunca, estão na moda. Afinal, qual mulher não conhece o efeito de um salto alto? Atire a primeira pedra quem não se sentir mais bela e mais poderosa sobre eles. E o que dizer dos homens? Talvez sejam eles os que mais apreciem esta estética, que eleva tornozelos, alonga as pernas e coloca seios femininos e derrières em evidência. Não é por acaso que tantos modelos de saltos altíssimos estão em voga há algumas temporadas. E, ao que sinalizam feiras e desfiles, se mantêm para as próximas. O fato é que quase todas as grifes incluíram em suas coleções pelo menos um modelo com o salto nas alturas. Parece que todos sucumbiram ao seu poder.

Versace | Milão | inverno 2010

Vale voltar um pouco no tempo para entender os motivos históricos. Houve uma época em que, quanto mais altos, maior era o nível social da mulher. Algumas senhoras usavam chopinas (plataformas altíssimas, provenientes da China ou da Turquia) que chegavam a 70 centímetros. Claro que precisavam do auxílio de dois criados, um de cada lado, para caminhar. Em outros tempos, os saltos designaram um poder maléfico, que ligava a sedução feminina à bruxaria. “Toda mulher que seduzir um homem para que ele se case com ela, utilizando-se de sapatos de salto alto ou outros artifícios(...) será castigada com as penas de bruxaria”. Este é o trecho de uma lei promulgada no século XV pelo parlamento inglês. Um absurdo? Pode ser, mas quer mais prova de poder? Ninguém, mais que as celebridades, sabe tirar proveito tão grande do fascínio que estes saltos exercem sobre nós. Por mais estranhos que pareçam, por mais que desafiem o equilíbrio do corpo, elas não abrem mão dos modelos altíssimos em festas e eventos. Victoria Beckham chegou a usar uma bota em vinil, com cano na altura da coxa, em que o salto extrapolava o senso comum. Foi em março deste ano, no evento de lançamento de seu perfume na Macy’s. Desenhada por Antonio Berardi, a bota tinha apenas uma alta plataforma na frente e fazia com que Victoria andasse literalmente na ponta dos pés, num show de resistência física e equilíbrio. Salto ausente, mas era como se estivesse lá. Para Fernando Pires, conhecido por ter entre suas clientes celebridades como atrizes e modelos, o salto é o elemento sensual e fetichista


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Baldini | Micam | inverno 2010

Gianfranco Ferré | Milão | inverno 2010

Formificio Meridionale | Lineapelle | verão 2011

por excelência em um sapato. “É o detalhe que realmente distingue o homem da mulher, ele pertence ao universo feminino”. O designer admite que prefere criar com saltos altíssimos. “Eu começo meu desenho pela curvatura do pé sobre um salto alto”. E diz gostar de criar com formatos inusitados. “Consigo isso trabalhando com o acrílico, em que eu posso fazer saltos com desenhos incríveis, porque são feitos um a um e absolutamente exclusivos. Na madeira, também é possível criar formas esculpidas, como uma ampulheta”, exemplifica. A designer de calçados Paula Bahia, que mostrou sua coleção no último Minas Trend Preview, diz que também tem preferência por criar modelos com saltos altos. “Os saltos acentuam o poder da mulher”. E acrescenta: “Para a coleção de verão, os materiais usados são a cortiça, fachete de sola (parecido com madeira) e os saltos revestidos em chifre e cobra”. Ela destaca que “para fazer sapatos de saltos muito altos é importante a estrutura de uma palmilha reforçada, além do salto estar muito bem fixado à planta”.

Marni | Milão | inverno 2010

Bruno Bordese | Milão | inverno 2010

Segundo Daiane Dutra, do setor de vendas da Gergrin Indústria Termoplástica, para o próximo inverno, a empresa não está desenvolvendo saltos com enfeites e pedrarias como aconteceu para o verão. A meia pata continua sendo muito pedida e também os saltos quadrados. “Alguns clientes solicitam na mesma construção saltos bem finos e também saltos quadrados”. fotos: © Agência Fotosite (desfiles) e UseFashion (feiras)

Nas passarelas internacionais de inverno 2010 marcas como D&G, Fendi, Salvatore Ferragamo, Versace, Louis Vuitton, Lanvin, Marni, entre outras, subiram tanto o salto que aplicaram a meia pata, que reduz a curvatura do pé, viabilizando a construção e facilitando o movimento. A Dolce & Gabbana foi de plataformas inteiramente forradas no mesmo material do cabedal. John Galliano e Alexander McQueen criaram modelos que beiram à alegoria, com excessos por todos os lados. Vale quase tudo para subir no salto. Para o verão 2011, o Formificio Meridionale, um dos principais fornecedores de formas e saltos da Itália, está apostando em saltos menos finos e com alturas extremas: ou muito baixos, ou altíssimos. A empresa continua produzindo saltos médios, porém com foco nas botas, não em calçados tipicamente de verão. Presente na última Lineapelle, a Meridionale tem, entre seus clientes, grifes como Salvatore Ferragamo e Dolce & Gabbana. Vale ficar de olho. Calvin Klein | Nova York | inverno 2010


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c alç ados & bol s a s

John Galliano | Paris | inverno 2010

D&G| Milão | inverno 2010

Fendi | Milão | inverno 2010

Salvatore Ferragamo | Milão | inverno 2010

Donna Karan | Nova York | inverno 2010

Prada | Milão | inverno 2010

Dolce & Gabbana | Milão | inverno 2010

Philip Lim | Nova York | inverno 2010

fotos: © Agência Fotosite

Louis Vuitton | Paris | inverno 2010


bol s a s

report

Apliques e enfeites

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Por Nájua Saleh

Para não passar despercebida

fotos: © Agência Fotosite e UseFashion

Marc Jacobs | Nova York | verão 2010

Rocco Barocco | Milão | verão 2010

As coleções de verão e inverno 2010 confirmam a presença destes enfeites para as próximas temporadas. Pedras, resinados, espelhos, pérolas e canutilhos denotam a extravagância da mulher poser, interessada em aparecer. Em outro ponto, símbolos em metal representam a megatendência Encadeamento, proposta pelo consumo consciente e pela arte, como alguns dos fatores absorvidos pela mulher erudita. Rebites, cravos e outros metais chegam para dar força à personalidade feminina. Para ver o conteúdo completo deste Report, acesse o portal www.usefashion.com e boa pesquisa. Düsseldorf | Alemanha | abril 2009


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aces sórios

Broche criado por Gijs Bakker, co-fundador do Droog Design. Ele faz um comentário irônico sobre a paixão dos homens por seus carros. Da série: “Eu não uso joias, dirijo elas”.

Broche de Rudolf Kocéa em vidro, latão e pedra.

Colar de Ulrich Reithofer com peças do jogo de xadrez. Em madeira, feltro e detalhes em ouro.

Anel do artista Ulrich Reithofer. Em vidro, madeira, cola e prata.

Joias contemporâneas A preciosidade de uma ideia Por Inêz Gularte

Mais que ostentação, uma busca pela valorização do intelecto, dos significados intrínsecos, daquilo que não é óbvio. Assim é a joalheria contemporânea, criada por artistas, exposta e comercializada em galerias, despreocupada com os quilates dos metais e pedras preciosas. Com total liberdade de experimentação, suas peças vêm conquistando colecionadores apaixonados e imprimindo novo conceito em um setor em que a tradição sempre imperou. “A joalheria clássica remete ao passado, quando a sociedade procurava imitar a monarquia e tinha como aspiração máxima ser igual aos poderosos. Por isso, o ouro, o diamante e as pedras preciosas. A joalheria contemporânea busca uma linguagem e um vocabulário mais condizente com os valores da sociedade em que vivemos hoje. Para tanto, desenvolve técnicas e utiliza materiais que sejam capazes de traduzir estes novos tempos.” A explicação é do premiado designer Antonio Bernardo, que complementa, “na joalheria contemporânea, o precioso, o belo e o

raro podem ser entendidos e expressados pelos seus significados simbólicos e metafóricos. Uma ideia, uma forma e uma cor podem ser originais e preciosas”. Nos países europeus, a joalheria contemporânea tem encontrado terreno fértil, com uma série de artistas de vanguarda. A Holanda é um dos destaques. Nela, desde meados dos anos 1970 tem se desenvolvido um movimento composto por jovens artistas, galerias especializadas e instituições de nível superior de alta qualidade. Lá existem museus comprometidos e forte incentivo do governo holandês, que subsidia estas produções de cunho experimental. Instituições como Mondriaan Foundation e The Prince Claus Fund estão entre as que financiam a nova joalheria. Museus como Stedelijk Museum Amsterdam e Centraal Museum Utrecht são alguns dos que colecionam, documentam e organizam importantes exposições para divulgar o trabalho. “Um marco importante foi a abertura da Galeria RA (de Paul Derez), em Amsterdã, no final dos

anos 1970. Ainda hoje ela existe, promovendo, exibindo e comercializando peças de assinatura e vanguarda. Também foi importante a criação do curso de joalheria da Rietveld Academie, que forma e lança anualmente no mercado grandes nomes da joalheria moderna.” O artista brasileiro Célio Braga, que tem seu trabalho exposto em várias galerias internacionais, e mora na Holanda há quase 20 anos, diz que o ensino superior de joalheria por lá e em outros países europeus é de cunho experimental e conceitual. “Os estudantes são incentivados a desenvolver um estilo pessoal”, diz. Segundo o artista, movimentos como a Bauhaus, na Alemanha, e a De Stijl, na Holanda, formaram uma base sólida para o que acontece hoje na Europa. “A atenção nunca é voltada para os materiais e técnicas tradicionais. Cada aluno deve achar os seus próprios materiais com as suas respectivas técnicas e soluções. O trabalho não precisa ser necessariamente fácil de ser usado, pode ser muito grande ou muito pesado,


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Cadeiras que são broches, de Ulrich Reithofer. Criadas em madeira ou marfim, com aplicação de diamante, safira ou esmeralda, detalhes em ouro e pino em aço.

fotos: reprodução e divulgação

Karl Fritsch dispõe as gemas de forma nãoconvencional nos anéis, criando volumes.

Dorothea Prühl utiliza madeira para criar grandes colares.

muito frágil e perecível. Pode ser estranho, agressivo e questionar o conceito de belo e de valor”. Para Antonio Bernardo, o principal motivo de Holanda, Alemanha e Suíça terem um mercado tão desenvolvido para este tipo de joalheria é baseado em fatores históricos. “Nestes países, a tradição da ourivesaria é muito grande. Imagine que, quando o Brasil foi descoberto, a Europa já produzia joias magníficas. Eles desenvolveram a metalurgia do ouro e a lapidação de pedras. Têm um mercado muito forte e estão na vanguarda do pensamento e da criação nesta área, daí a razão de ter tantas galerias expondo joias”. E acrescenta, “no Brasil, este mercado está se desenvolvendo bastante e o design está sendo cada vez mais valorizado”. Outro ponto de vista vem do historiador Marjan Unger. Em entrevista à revista The Economist, em maio deste ano, ele declarou que os holandeses gostam de “virar as coisas de cabeça para baixo”, detestam exibir suas riquezas e preferem mostrar seus dotes intelectuais. A nova joalheria

seria uma bela oportunidade para isto. Nela, materiais conO trabalho não siderados preciosos, precisa ser necessacomo diamantes, riamente fácil de ser gemas e ouro não usado, pode ser muisão uma exigência. to grande ou muito Bem pelo contrário. pesado, muito frágil Muitos artistas optam e perecível. Pode ser por matérias-primas estranho, agressivo e inusitadas, como cacos questionar o conceito de vidros, fragmentos de belo e de valor. de tecidos, madeiras, ossos, plásticos, miçangas, papéis. Os metais e gemas mais sofisticados até podem compor as peças, mas quase sempre de forma pouco convencional. Célio, que desde o ano 2000 expõe em galerias internacionais, conta que prefere trabalhar com elementos do dia-a-dia, como camisetas brancas, lenços, cabelos, vidros e caixas de

remédios, bulas, lã, fragmentos de tecidos de roupas. “Esta liberdade no uso de materiais e em construções inesperadas aparece em peças que questionam a história da joalheria por meio de questões relacionadas ao uso, durabilidade e relação com o corpo e vestuário”. E acrescenta: “É verdade que um grande número de criadores contemporâneos usa materiais inusitados em suas obras, mas existem também os que usam materiais e técnicas tradicionais na criação de obras inovadoras”. A Holanda é hoje o país com maior concentração mundial de galerias especializadas em joias. Mesmo com todo este cenário favorável ao experimentalismo o mercado da joalheria contemporânea tem se mostrado extremamente competitivo. “Somente 5 ou 10% dos estudantes graduados conseguem firmar nome neste segmento”, alerta o artista.


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Detalhes em evidência

Por Renata Spiller

Confira os modelos de relógios masculinos para o verão 2010 fotos: © Agência Fotosite

Burberry | Milão

Paul Smith | Paris

Gucci | Milão

Para a temporada de verão 2010, as grifes investiram nos detalhes para evidenciar os modelos – digital ou analógico – dos relógios masculinos. A associação de elementos clássicos com esportivos, deixando caixas grandes e redondas em aço polido ou escovado, combinadas a pulseiras em couros diferenciados, além do uso de cronógrafos, foram algumas das apostas da estação das marcas como Burberry e Paul Smith. A Gucci privilegiou as caixas arredondadas nas pulseiras de borracha de variadas cores. Atenção para o fechamento dobrável, cada vez mais usado para os relógios, seja qual for o material da pulseira. É importante lembrar que as pulseiras em couro não são exclusivas dos modelos clássicos de aparência antiga. Agora, elas combinam com aço inoxidável tanto para caixas como para fivelas em fechamentos. Veja mais reports acessando www.usefashion.com


aces sórios

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Blackout

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Por Renata Spiller

Verão negro para gemas e banhos fotos: © Agência Fotosite

Chanel | Paris

Tom Binns | Paris A continuidade da megatendência Drama do inverno 2009, que reverencia a estética de rebeldia da era punk e a juventude contestadora, acontece na mega Mobilidade, evoluindo até o inverno 2010. Seja por influência de onda rebelde, ou pela intenção de renovar o segmento, os acessórios trazem muito preto para o próximo verão. Diamantes negros chamam a atenção, fazendo combinações com outras cores e diferentes gemas, como na pulseira Tom Binns. As peças são extremamente femininas, mas bastante exageradas. Tudo tem volume, é farto ou tem muitas voltas. Para saber como a tendência evolui para o inverno 2010, acesse o portal www.usefashion.com e veja este Report completo.

Giles | Londres


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rad ar intern ac ion al v e r ão 2010

Comportada e suave Tons claros e linhas definidas para as garotas comportadas. Os saltos médios ou baixos deixam de lado a imagem da mulher sexy, e ressaltam o estilo clássico. A pouca ousadia nos acessórios é compensada pela elegância atemporal.

Nina Ricci | Paris

Tom Binns | Paris

Etername | Paris

Valextra | Milão

Fendi | Milão

Celine | Paris

Giorgio Armani | Milão

Giorgio Armani | Milão

Chanel | Paris

Bruno Frisoni | Paris


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fotos: © Agência Fotosite

Comportada e com malícia Seguindo o estilo dos contornos bem traçados da alfaiataria, o vestido parte do paletó e arrisca no decote, as bolsas ganham estrutura rígida, e os acessórios desenhos clássicos. Os sapatos permanecem discretos, mas exibem mais o pé. Este é um guarda-roupa para durar muitas temporadas.

Daslu | Paris

Etername | Paris

Etername | Paris

Dolce & Gabbana | Milão

Giorgio Armani | Milão

Jil Sander | Milão

Fendi | Milão

Alexandra Neel | Paris

Alexandra Neel | Paris Bottega Veneta - Milão


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r ad ar n ac ion al v e r ão 2010

Base neutra 1 Couro e linhas retas no vestido vão bem nos ambientes formais. As bolsas estruturadas acompanham corretamente o look, sublinhado por peep toes. O trio é ideal para o trabalho, mas com um toque de ousadia nos acessórios e trocando a bolsa pela carteira, migra muito bem para a hora do coquetel.

Andrea Mader

Melissa Maia

Mary Design

Mara Spina

Cristófoli Patricia Motta | Minas Trend Preview

Claudia Mourão

Rogério Lima

Luiza Barcelos


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Base neutra 2 Este look ganha mais recortes e complexidade, mas permanece uma base perfeita para variações estratégicas, de acordo com a ocasião. Ele é sóbrio, elegante e, somado a sandálias altas e alguns acessórios vistosos, vai para a noite como pode se encaixar em ambientes descontraídos de trabalho. As regras básicas para garantir trânsito está no bom corte e nas cores contidas do vestuário, base perfeita para que os acessórios realizem a mágica da transformação.

Miesko

Elisa Atheniense

Melissa Maia

Corso Como

Claudia Mourão

fotos desfiles: © Agência Fotosite

Miesko

Patachou Desfile Coletivo | Minas Trend Preview

fotos still: UseFashion

Luiza Barcelos


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m a s c ulino

Jil Sander | Milão | inverno 2010

Bottega Veneta | Milão | inverno 2010

A modernização da lã Tramas que atravessam o tempo Por Fernanda Maciel Consultoria: Paula Visoná

A lã é um dos tecidos mais antigos da história da humanidade e sua utilização remonta há 12 mil anos. Apesar de ser associada ao inverno, é uma matéria-prima térmica, portanto, permite manter a temperatura do corpo amena, independente de estar quente ou frio no ambiente. Além disso, é altamente resistente e flexível, adaptando-se com facilidade a modelagens, cortes e inúmeras experimentações. Essas propriedades foram determinantes para o desenvolvimento da alfaiataria no século XIX. Atualmente, segundo a equipe de produto da Paramount, as melhores e mais utilizadas lãs para alfaiataria são provenientes dos merinos australianos. “Eles apresentam as menores finuras, maior brilho e toque sedoso, favorecendo um tecido com melhor caimento, conforto térmico e rápida recuperação ao amarrotamento”, explica a equipe. De acordo com eles, os tecidos de lã fria extrafina mais apreciados pelos consumidores no momento são o S150’S, S120’S e S100’S. Com toda sua tradição e potencialidades, os tecidos de lã foram amplamente explorados

nas coleções masculinas para o inverno 2010, principalmente nas semanas de moda masculina de Paris e Milão. Nelas, foi possível perceber a renovação de técnicas de moldagem e de tramas da lã. Nesse sentido, destaque para o trabalho de Raf Simons para Jil Sander, que buscou novas subtrações na região da cintura, através de pequenos cortes em ângulo reto. Em relação ao design de superfície, o estilista apresentou peças que nitidamente remetem às pinturas manuais sobre o tecido, entretanto, são efeitos conquistados a partir de minucioso trabalho de construção da trama do tecido. Já a moda streetwear apresentou peças em lã com acabamentos em corte a fio, e com efeitos de superfície que remetem às texturas dos ambientes urbanos. Porém, o que realmente merece destaque para esse segmento é a associação de técnicas apuradas de alfaiataria aos signos que transmitem mensagens marginais. Destaque, nesse caso, para o trabalho das marcas Lanvin, Bottega Veneta, Blaak e Kazuyuki Kumagai Attachment. Os estilistas internacionais anunciaram longa

vida à lã, em tecidos que mesclam novas linguagens à tradição inerente à matéria-prima, o que permitiu interpretações em casacos, ternos, costumes e camisas, centralizadas na multiplicidade de construções que o material oferece. Isso resultou no aumento da quantidade de peças confeccionadas em lã na temporada com muitas opções de estilos. Aqui no Brasil, a lã também está entre as preferências. Conforme a assessoria da grife Ricardo Almeida, a marca utiliza somente lã fria ou cashmere. “A lã é um excelente térmico, usada para o verão ou para o inverno. É fino e fácil de trabalhar e há uma gama de possibilidade”, afirma a assessoria. “A única desvantagem, por ser uma fibra natural, é a durabilidade. Tem que ter mais cuidado nas lavagens, no passamento, etc”, frisa. A equipe de produto da Alfaiataria Paramount enfatiza que, se forem seguidas à risca as recomendações de conservação, o consumidor terá uma peça de vestuário durável e que mantém a boa aparência por muito mais tempo do que os tecidos de outras fibras.


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fotos: Š Agência Fotosite

Lanvin | Paris | inverno 2010

Kazuyuki Kumagai Attachment | Paris | inverno 2010

Blaak | Paris | inverno 2010


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Ricardo Almeida | inverno 2009

fotos: © Agência Fotosite e divulgação (Ricardo Almeida)

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Burberry |Milão | inverno 2010

Comme des Garçons | Paris | inverno 2010


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Colete: no centro das atenções para o verão 2010

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Por Paula Visoná

fotos: © Agência Fotosite

Item se caracteriza pela aproximação da alfaiataria e da moda street

Antonio Marras | Milão

Ann Demeulemeester | Paris

As passarelas masculinas recuperaram o colete em alfaiataria em versões diversas, colocando o item no centro de atenções para o verão 2010. Sua associação também é diversificada, sendo proposto em composições com camisas, T-shirts e blazers desestruturados em leituras descontraídas. A ideia principal caracteriza-se por uma aproximação entre a alfaiataria e a moda street, algo não exatamente novo, mas que ainda demonstra ter fôlego, em que novas modelagens e efeitos decorativos foram os recursos utilizados. A marca Byblos, por exemplo, buscou criar coletes com superfícies artificiais, utilizando agregação de resina para obter o resultado. Já a Dior Homme associou aspectos de esportividade aos coletes, algo também

John Richmond | Milão

Givenchy | Paris

explorado pela Louis Vuitton, em Paris. Armand Basi e Givenchy, em Milão, apresentaram o clássico colete confundindo-os aos paletós, resultando em peças que buscam conjugar preceitos de ambos elementos do vestuário. John Richmond, também em Milão, traduziu linguagens contemporâneas através do item. Nesse caso, é interessante notar a exploração de dois aspectos importantes na atualidade: a sobreposição – que é uma forma de traduzir a simultaneidade de comportamentos e expressões – e a evidência do lado avesso, que transmite o fator de subversão associado às linguagens marginais contemporâneas. Veja o conteúdo completo no portal www.usefashion.com


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Diesel | Pitti Bimbo

Diesel | Pitti Bimbo

Ilusão de ótica Trompe-l’oeil diverte todos os estilos Por Fernanda Maciel Consultoria: Renata Spiller

Empregado com a finalidade de criar uma ilusão de ótica, o recurso técnico artístico chamado de trompe-l’oeil (em francês tromper, ‘enganar’; l’oeil, ‘o olho’) foi bastante utilizado nas peças infantis nos desfiles de inverno 2010. Seja pelo emprego de detalhes realistas, seja pelo uso da perspectiva, a imagem representada com o auxílio dessa técnica proporcionou um ar de brincadeira aos looks da criançada. Blusas com desenhos de gravatas, coletes, bolsos, colares, botões ou lenços são alguns dos exemplos encontrados nas peças infantis. Como a intenção principal é fazer graça e descontrair as peças sem compromisso real com a técnica, o silk screen é o mais utilizado, principalmente, com estampas à base d’água dando uma textura mais agradável, além de ser o mais simples, mais barato e também um processo de fácil manuseio.

Inspirada no mundo das duas rodas, do rock e com referências na urbanidade, a coleção da Diesel desfilada na Pitti Bimbo ressaltou estampas grafitadas e envelhecidas tanto para os meninos como para as meninas. O trompe-l’oeil foi utilizado pela grife para dar ideia de sobreposições de peças em camisetas. Com um tema lúdico e uma coleção bem divertida, a técnica do trompe-l’oeil, na Moschino, criou engraçadas ilusões em silks de camisetas. Outra proposta apresentada foi o bordado em cor contrastante sobre o pull preto, criando um efeito óptico de contraste extremo. A combinação das duas cores é interessante para o efeito, pois ela aponta sempre um alto grau de visibilidade. Essa técnica foi apresentada pela estilista italiana Elsa Schiaparelli em 1930. Influenciada pelo modernismo, movimento artístico de sua época,

Schiaparelli misturava em suas criações características dadaístas e surrealistas, tendo como referência o artista plástico Salvador Dalí. Seu primeiro grande sucesso como estilista não fugiu a esta regra: um suéter de tricô negro com um laço branco em trompe-l’oeil usado com uma saia negra, pregueada, foi campeão de vendas na época. Vale lembrar que este recurso de ilusionismo pode ser visto também nas linhas destinadas ao público adulto, pois é tendência forte no inverno 2010 – como já foi citado na megatendência Extraordinário.


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fotos: Š Agência Fotosite

Diesel | Pitti Bimbo

Diesel | Pitti Bimbo

Moschino | Pitti Bimbo

Moschino | Pitti Bimbo


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in fant il report

Cores fortes e contrastantes

Por renata spiller

fotos: © Agência Fotosite

Verão 2010 para os meninos promete ser colorido

Liu Jo | Pitti Bimbo

Movimentos de contestação, a rebeldia dos anos 1950 e 1960, a pop art e a busca por liberdade artística são algumas referências para o colorido das coleções de verão 2010 apresentadas pelas grifes infantis para os meninos.Tons fortes e divertidos se mesclam em combinações criativas, com brins e sarjas leves, criando contrastes também com as cores neutras, como branco, em destaque na Calvin Klein. Detalhes de costuras

Calvin Klein | Pitti Bimbo

Brooksfield | Pitti Bimbo

contrastantes podem ser interessantes, como proposto pela Brooksfield, que abusou do vermelho vivo. Já a Liu Jo apostou na sobreposição de peças lisas em cores fortes. Para saber mais, a megatendência Imaginação do verão 2010 revela informações adicionais sobre essas influências. Confira em www.usefashion.com


in fant il

report

Provençal no verão 2010

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Por renata spiller

Estampas em tons suaves e pequenos detalhes reforçam o look das meninas

Monnalisa | Pitti Bimbo

Miss Blumarine | Pitti Bimbo

Maneira simples e romântica de decorar, o chamado estilo provençal tem origem francesa, mais especificamente na região sul do país, em Provença. Durante muito tempo, o culto à vida simples - corrente pastoral que teve importância na vida literária e cortesã da França – influenciou o vestuário, ganhando espaço e se tornando sinônimo de elegância depois que Maria Antonieta mandou construir nos jardins de Versailles sua Petit Hameau tendo o estilo como referência. As marcas voltadas ao público infantil enfatiza-

ram a tendência, fazendo uma releitura para as coleções de verão 2010. O lenço no cabelo, as flores e os cortes fluídos e leves dos looks da passarela remetem à liberdade e à natureza dos campos de lavanda da Provença. Além disso, o uso de estampas em tons suaves, listras e também pequenas e delicadas aplicações no tecido reforçam o romantismo. Confira mais sobre o estilo, além de outros assuntos em www.usefashion.com acessando o link Report.


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acontece

Feira apresenta crescimento de 13% Denim by Première Vision | inverno 2011 A 4ª edição de Denim by Première Vision, que aconteceu de 3 a 4 de junho, em Paris, foi uma verdadeira lição para tempos de crise. Com expositores centrados em mercados conservadores como o centro e o sul da Europa, a feira apresentou um crescimento de 13% em relação à edição de junho do ano passado. Além de novos expositores, a organização da Denim trouxe de volta alguns colaboradores que haviam deixado de participar por uma ou duas temporadas. “São indicadores favoráveis e o retorno é encorajador”, enfatizou Chantal Malingrey, diretora do evento.

rada de inverno 2011, marcada pela busca da identidade do denim. Segundo a Universoul, o processo de lavagem hit da estação segue sendo o garment dyeing, com a qual se busca principalmente iluminar partes da peça. Os acabamentos têm aspectos metálicos e oxidados, que são a base da paleta de cores da estação: azuis esverdeados, marrons acinzentados, além do preto e do branco sujo (baunilhas, gengibre). Os emborrachados e encerados se renovam com a aplicação de tratamento nas tramas de elastano, T400 e XLA.

A Denim by Première Vision reuniu um total de 68 expositores de 12 países e batizou de Universoul a macrotendência que definiu as coleções dos fornecedores de jeanswear para a tempo-

Entre os estandes localizados na feira, a Vicunha Europe, empresa pertencente à fábrica brasileira, traduziu a alma do denim a partir da canção

“Imagine” de John Lennon. A aposta é no azul profundo do puro índigo, que às vezes pode revelar tons avermelhados (redcast), no cinza sobretingido na fibra e no cobre com efeitos e tratamentos nos acabamentos. A Global Denim apresentou um denim mais leve, pensado especialmente para a zona mediterrânea, onde tem seus principais clientes. Para esta temporada, a marca lançou duas coleções em índigo blue e preto. Na Hitline, os tratamentos são clássicos e o destaque fica por conta da busca de tonalidades envelhecidas, oxidadas. A coleção Street incorpora o random bleach, mas mantém lavagens mais limpas. Outras novidades da Denim em www.usefashion.com, em Feiras.

fotos: UseFashion

Vicunha

Global Denim

Vicunha

Martelli


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Joia: essencial para moda Vicenzaoro Charm | verão 2010 A Superoro, inspirada nas curvas da natureza, criou uma série de joias em ouro 18k, diamantes e pedras preciosas. Correntes, braceletes, anéis e brincos também foram destaques da marca.

Dentre as marcas mais conhecidas, destaque para a Bosco Giovanni que ficou mundialmente famosa em janeiro passado, quando o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deu de presente para sua mulher Michelle, um anel de ouro com diamantes no valor de 24 mil euros. A equipe da UseFashion fotografou a joia e mostra com exclusividade a seus leitores.

Já a Marco Bicego lançou sua primeira coleção masculina inspirada nos arranha-céus de Nova York. São pulseiras, anéis, colares e pingentes em ouro amarelo, rosa e branco. Toda a atenção é voltada aos detalhes em pele, esmalte e pedras preciosas. Além dos estandes, a área expositiva da Vicenzaoro, conhecida como Glamroom e inaugurada com sucesso na edição passada, continuou apostando em novos nomes de jovens designers e estilistas.

Completando 85 anos, a grife italiana Damiani comemorou o aniversário na feira e apresentou três coleções – Bridalei, Metropolitan Dream e Gomitolo – feitas em ouro amarelo, branco e rosa e acompanhadas por pedras preciosas, dedicadas exclusivamente ao universo feminino.

fotos: divulgação (still) e UseFashion

Dedicada ao ouro, joalheria, prataria e relógios de luxo, a Vicenzaoro Charm, realizada entre 16 e 20 de maio, na Itália, apresentou as novidades para o verão 2010 e, definitivamente, colocou a joia como componente essencial da moda e do design. Com a participação de 1301 expositores, sendo 338 estrangeiros, a feira recebeu aproximadamente 15 mil visitantes, entre eles, compradores e designers de diversos países.

Apostando no casamento entre luxo e simplicidade, a Morelatto mostrou na feira peças feitas em aço inoxidável e ouro amarelo, branco e rosa, em perfeita harmonia com pedras naturais como a turmalina, o citrino e a pérola.

Bosco Giovanni (anel de Michelle Obama)

Para ver outras novidades, acesse o portal www.usefashion.com, no link Feiras, segmento Acessórios. Boa pesquisa!

Damiani

Exportação cresce 29% nesta edição Fashion Business | verão 2010 A bolsa de negócios Fashion Business, realizada paralelamente à semana de moda carioca no Píer Mauá, entre os dias 7 e 10 de junho, comemorou crescimento. O volume de vendas para o mercado interno foi maior, cerca de 4%, de R$ 443 milhões para R$ 461 milhões. A grande surpresa, no entanto, foi o aumento de exportações: 29% maior, passando dos US$ 16 milhões em junho de 2008 para US$ 21 milhões. Foram 43 compradores estrangeiros convidados e 53 espontâneos, fator que influenciou neste resultado.

Superoro

De acordo com um comunicado da Firjan, o contrato com a Escala Eventos e Dupla Assessoria, esta de Eloysa Simão, permaneceu nesta edição de verão 2010, mas será trocado nas próximas, quando o Fashion Rio deverá ter uma feira, e Eloysa, outra, na Marina da Glória.

Na imagem, vestido de um ombro só da grife Sta. Ephigênia. Confira os estandes em destaque na feira, em www.usefashion.com.

Marco Bicego

foto: UseFashion

O Fashion Business é promovido pelo Sistema Firjan - Senai Moda, com patrocínio do Sebrae, Sesi-RJ, INPI, BNDES, CNI e Al Invest. Conta ainda com apoio do Programa Tex-Brasil, uma parceria da ABIT com a ApexBrasil, e já está em sua 14ª edição.

Morellato


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v i s ual de loja

Planta baixa da vitrine com medidas, disposição de luzes e anotações

Verão na vitrine Mais dicas para lojistas Por Inêz Gularte O verão está chegando e é hora de planejar como serão as vitrines da nova estação. Pensando nisso, conversamos com três especialistas a fim de auxiliar lojistas com esta parte tão importante da ambientação. Afinal, como todos sabemos, a vitrine é o cartão de visitas, a primeira informação que o cliente tem sobre uma loja. A doutora em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, com pós-doutorado em Semiótica pelo Instituto Universitário da França, Sylvia Demetresco, nos enviou um exemplo de concepção de projeto, com base em um case real, de uma vitrine criada por ela para uma loja de moda em Paris, a Fanny Liautard. Localizada na Saint Florentin, no centro da cidade, bem ao lado da Place de La Concorde, a loja trabalha com alta-costura. Sylvia que é autora de livros sobre o assunto, e leciona em várias instituições especializadas,

como na Ecole Supérieure de Visual Merchandising em Vevey, na Suíça, na Istec, em Paris, no Anhembi Morumbi e no IBModa, em São Paulo, explica que a montagem de qualquer vitrine começa sempre com o encontro entre o empresário e o vitrinista para composição do briefing. “É importante conhecer a marca, os produtos, saber qual dentre eles é a ‘estrela’, quais são as cores da coleção e o tema a ser utilizado”. O segundo passo é “medir o espaço da vitrine, verificar por onde o público chega e, então, partir para apresentação de alguns desenhos do que será a vitrine”, diz. No caso da loja em questão, foram escolhidas palavras que remetem ao universo da designer da grife. Estas palavras estavam impressas no convite do desfile. Para as cores, a ideia foi caracterizar as duas designers de alta-costura a serem apresentadas na loja, Fanny e Clô. “De um lado, tons de rosa. Do

outro, bege e preto”, descreve Sylvia. O tema da vitrine foi criado a partir de um poema de Apollinaire. “As palavras foram escritas sobre o tecido de modelagem de costura, com tinta brilhante e volumosa. O tecido foi pintado no ateliê, com quatro metros de altura por dois de largura, após a decisão de escrevê-las na horizontal, devido à altura da vitrine”. Para completar, borboletas e flores bordadas, detalhes usados pela grife em seu desfile, foram referenciados na vitrine, pregados sobre o pano de fundo. Sylvia conta que o manequim teve uma peruca de penas feita especialmente para compor esta ambientação. A especialista alerta, “acender as luzes e focá-las sobre os produtos é o mais importante ao finalizar a vitrine”.


41 fotos: divulgação

Desfile da marca inspira flores e borboletas no pano de fundo

Esboço mostra disposição dos elementos na vitrine. Ao lado, vitrine pronta


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v i s ual de loja

Cores e iluminação

vezes, passeiam pelo estilo grego.

Nos países do hemisfério norte, uma das principais diferenças que podemos perceber com a chegada do verão é a mudança na iluminação das lojas. “De repente, elas estão mais claras, mais amareladas, parecendo mais com a luz solar. No inverno, a iluminação era mais branca e as roupas menos coloridas”, aponta Sylvia, direto de Paris. As coleções influenciam bastante na composição das vitrines. “Nas lojas, há camisas e vestidos com muitas estampas de flor, muitas roupas com duas ou três cores e o clássico preto e branco. As lojas infantis, por sua vez, estão bem coloridas e a brincadeira faz parte do tema, com elementos de mar, de jogos e de piscina”. Sylvia explica que os fundos são principalmente azuis ou brancos, porque as roupas estão muito coloridas e estampadas. “Algumas vezes, a estampa da roupa aparece como fundo da vitrine”.

Em termos de iluminação, o arquiteto ressalva que é preciso levar em conta as diferenças impostas pela nossa localização no hemisfério sul. “Vivemos sob um equinócio que nos brinda sempre com um bulbo solar privilegiado. Por isso, não recomendo seguirmos as tendências do hemisfério norte, mas entendermos que, devido às dimensões continentais do Brasil, temos diferenças culturais e, consequentemente, sensoriais, do norte para o sul do país”. Ele explica, que, nos pontos de venda da região norte, devido ao sol e ao calor intenso, existe uma tendência natural à preferência por lâmpadas com temperatura de cor fria, mais azuladas, entre 4 e 5 mil graus Kelvin. “Já no sudeste e no sul, devido ao menor bulbo solar e consequente clima mais ameno ou frio, existe uma tendência natural a lâmpadas de temperatura de cor quente, mais amareladas, entre 2.700 e 3 mil graus Kelvin”.

O arquiteto Julio Takano, da Kawahara Takano, que desenvolve projetos de visual merchandising para o varejo, também acredita que, como a moda está globalizada, é mesmo importante observar as tendências da estação para compor as vitrines. Ele concorda com estas referências de estampas e acrescenta a presença de certo romantismo eclético, latente em laços, drapeados, flores delicadas e transparências que, por

Plinio Godoy, lighting designer da Godoy Luminotecnia, explica que a função da iluminação pode ser dividida em dois aspectos. Um primeiro básico, que deve destacar os produtos de maneira a tornar sua análise fiel em relação às cores e texturas. Esta é função técnica. O segundo aspecto refere-se à cenográfica, que, juntamente com a cenografia, cria momentos de destaque não só dos produtos, mas da marca

sar n e p e ora d Na ho to e j r p o e a que vis

anologia e lâm p m tec e a t gia. Us is r e n e e - Inv d de e alt o vação n su m o c o n se r r e o c lo a o c ix ba ouco p o d n d as de ra létrica nho, ge ergia e n e s o se m p e n e nado; indo m ondicio c r c o n su m a e m a de no sist odução e repr d e ic d ín ue alt o - Busq ; de co r lâmus o d e o n io r cadas; quilíb o e fo s e no e u s n if e d P ch o com fa pa d a s l capita e c a do p as d é a : p o lâm e nt t m a o c e u s - Fiq inária iso ao nar lum ra o p a p o direcio d a h o foc de fac dut os; o r p s o d s inv é e m a de um sist rine e d a ç vit a esque aso a - Nunc alor, c c a do pe e o d ão pro v c . r io lo d a exaust n C incê chada. ausar c e d seja fe o p pa d a s las lâm uitet o no, arq a a k a T os par : Julio conceit os.) (Fonte m e o t lizad forma es pecia randes g e d varejo

e da loja como um todo. “Entendo que com a chegada do verão, muito se busca na claridade, na criação de cenografias coloridas e alegres. Podemos, balanceando a iluminação técnica, que nunca deve ser dispensada, com a cenográfica, chegar a resultados muito interessantes e destacados”, explica. Godoy ressalta que a vitrine deve ser vista por quem passa na rua, ou no corredor do shopping. “Nestes casos, o que difere é a quantidade de luz. Sempre devemos proporcionar uma luz geral, 500 lux ou mais, dependendo da iluminação externa à loja, um destaque superior e destaques secundários laterais e inferior, na proporção de 3x1 ou 5x1, dependendo do tipo de produto vendido e dos valores envolvidos. Normalmente, produtos mais caros, como joias, por exemplo, exigem destaques equivalentes a 5x1 ou até maiores. Isso significa que a iluminação de destaque deve ser cinco vezes maior que a básica, para destacar os produtos. Há também a possibilidade da utilização de backlights, porém, eles devem ser considerados em situações específicas, como em shopping centers”. O luminotécnico lembra que as lojas de rua devem sempre controlar a luz incidente natural, para que as vitrines não virem espelhos, e o cliente se veja, ao invés de ver os produtos.

Suste ntáve - Pre l f ira lâ

m pa d (f luor as nã e s ce n o-haló tes o u de vapor genas metá - Se lico); us a do tip r lâm pad a s haló o IRC genas (baixo , e s co c o n su lha mo). (Font e: Plín io Go doy, li ghtin g de s igner.)

Dicas extras

- Invista em luz parecida com a luz solar. Amar elada e foca da nos element os que são mais im portantes; - Monte vit rines com m uit os produt os que co m pletam o look das rou pas ex p ostas, como sa ndálias, acessórios, e até peruc as coloridas irreverentes e ; - Use o hum or como tem a de montagem da vi trine. Com dizeres ou críticas pol íticas ou br incadeiras com jogo de palavras. (Fonte: Sylvi a Demetres co, Dout or em Comunic a ação e Sem ió tica pela PUC/SP, p rofessora e aut ora de livros sobre visual merch andising.)


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Flagship da TNG Antes e Depois A KawaharaTakano desenvolveu projeto para flagship da TNG no shopping Center Norte, em São Paulo. Confira como era a vitrine da loja e como ficou em termos de iluminação. fotos: divulgação

Antes: vitrine com lâmpadas de vapor metálico de facho difuso com temperatura de cor de 4 mil graus Kelvin e 150 Watts de potência.

Depois: vitrine com lâmpadas de multivapor metálico com temperatura de cor em 3 mil graus Kelvin e 35 Watts de potência. Objetivando dramaticidade e hipervalorizando os produtos.


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repor tagem

Espaço para relaxar, na Bread & Butter, mostra bem o clima do evento. Além de reunir as tendências em moda jovem e streetwear, a feira revela estilos de vida, com intensa programação cultural e artística.


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fotos: © Agência Fotosite

foto: UseFashion

A difícil arte de não vender Como marcas de moda investem no relacionamento para garantir que seus produtos sejam desejados Por Fernanda Maciel

Em tempos de globalização, em que os mercados estão cada vez mais amplos e competitivos, as empresas estão apostando em ações de marketing que exploram o estilo de vida dos seus consumidores a fim de aproximá-los dos produtos através da “venda” de ideias, sensações e comportamento. Ou seja, aprofundam seu relacionamento com o cliente e fogem daquilo que Levitt certa vez chamou de miopia de marketing, que ocorre quando a empresa fica mais centrada em seu produto que nos consumidores. Com a indústria da moda não é diferente. Aliás, ela foi pioneira em apostar no conceito lifestyle justamente por tocar no desejo e no imaginário das pessoas. O UseFashion Journal traz, nesta reportagem, ações empresariais que reforçaram essa tendência.


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repor tagem

rabalhar o estilo de vida é uma maneira de fazer aquilo que Seth Godin cunhou em 1999 como marketing de permissão, uma alternativa ao marketing de massa, que provoca uma interrupção de anúncios publicitários durante programas televisivos, por exemplo. No conceito de permissão, ao invés de ser abordado pela comunicação da marca, o consumidor permite que ela entre em sua vida. A empresa tenta transformar estranhos em amigos, amigos em clientes, clientes em clientes fiéis. A ideia parece simples, mas não é. Para que isto ocorra, o relacionamento deve ir de circunstacial até um nível intravenoso, de confiança total na marca, o que exige ir além da comunicação promocional e apostar no relacionamento aparentemente sem intenções de venda. Mesmo não sendo nova, a estratégia tem funcionado cada vez mais para empresas de moda.

American GirL Detalhe: as roupas vêm em dobro, uma pequena para a menina e uma menor ainda para a boneca.

A American Girl traz o trabalho em lifestyle no DNA da marca. Com revistas; filmes em parceria com grandes empresas do entretenimento como Warner Brothers, HBO e New Line Cinema; lojas físicas que oferecem de tudo - como festas temáticas, sessões de foto e cafés; site com dezenas de jogos interativos, galerias de fotos de clientes; e revistas com histórias reais de clientes, nem parece que se trata de uma empresa que ganha dinheiro com bonecas e roupas para meninas de 8 a 12 anos. Detalhe: as roupas vêm em dobro, uma pequena para a menina e uma menor ainda para a boneca. Até mesmo móveis são encontrados na loja. Neste caso, criou-se um vínculo tão forte com as meninas que é possível vender praticamente de tudo, mesmo parecendo que não há interesse em vender nada. O que acontece, muitas vezes, é aparentemente esquecer o produto e trabalhar apenas o relacionamento. É o que fez a Adidas em maio deste ano, quando criou um interessante guia de arte de rua de Berlim para o iPhone, o The Adidas Urban Guide to Berlin. Nele, é possível acessar arte por proximidade (o que há perto de onde estou?), ver um roteiro com as melhores peças da cidade ou simplesmente acessar uma galeria de fotos com as obras. O serviço, um APP, custou tempo e dinheiro, que não foi pago instantaneamente na venda de peças de vestuário.

fotos: reprodução

“As pessoas não consomem produtos, elas consomem ideias, conceitos, sensações, experiências... Como os produtos tecnicamente estão muito semelhantes, uma das formas de diferenciar a oferta da empresa é a imagem da marca, e a imagem está muito associada ao estilo de vida que a marca comunica”, explica Genaro Galli, consultor, professor de marketing e diretor dos Programas de Pós-Graduação da ESPM/RS. “Quando a marca tem um apelo relacionado ao emocional, como estilo de vida, a tendência é o consumidor desenvolver um vínculo de lealdade, e isso, com certeza, irá impactar positivamente nas vendas, principalmente no que se refere a recompra”, explica Galli. Ou seja, nem sempre o reflexo nas vendas é imediato, mas ele vem. Prova é que a Adidas pretende expandir o serviço para outras cidades.


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Fiat Produtos baseados em estilo de vida. fotos: UseFashion


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repor tagem

A Soundwalk, empresa radicada em Nova York, desenvolveu guias em formato MP3 para empresas como Louis Vuitton, Chanel, Puma e a própria Adidas. Assim, é possível caminhar por cantos inexplorados de Pequim ouvindo artistas de cinema contratados pela Louis Vuitton, acompanhar detalhes da exposição Mobile Art da Chanel, treinar com guias de melhores locais no TRAINAWAY da Puma e andar, lado a lado, com um típico morador do Bronx enquanto ele explica arte de rua, pela Adidas.

tHE ADIDAS URBAN GUIDE TO BERLIM O que há perto de onde estou? Ele informa.

“Moda é estilo. Porém, podemos encontrar outras marcas que primeiro se impregnaram do conceito de moda e depois fizeram a extensão de novos produtos baseado em estilo de vida. Como, por exemplo, a Fiat”, enfatiza Ana Paula de Miranda, sócia-diretora da Modus – Marketing & Semiótica. São três estratégias básicas para investir no lifestyle e agregar goodwill, ou boa-vontade, em relação à marca: informação, entretenimento, educação.

A proposta foi tão produtiva que a marca foi além. “A web evoluiu e agora contamos com um site que dá dicas de moda, relacionamento e aborda particularidades do universo feminino jovem, mantendo a política de comentários e enquetes. Estendemos para ambientes como Orkut, Youtube e, atualmente, Twitter. Identificamos uma cliente mais participativa, que se mantém informada sobre o próprio ambiente social por revistas jovens”, revela Fátima. Entre tantas vantagens de se trabalhar com o conceito lifestyle, afirma que a maior é o estreitamento de relações com o público. “Isso resulta no aumento de cadastros (no site e nas lojas), na troca e no aprendizado através do contato diário. Consequentemente, na fidelização das clientes”, conclui.

foto: reprodução

Tendo como público-alvo meninas adolescentes, a marca Dona Florinda passou a utilizar a internet para lançar mão das três estratégias ao mesmo tempo. Criou um blog e um fotolog em que são publicadas dicas de moda, favorecendo a integração entre as adolescentes e seu relacionamento com a marca. “Numa era pós-moderna, em que a informação bombardeia as pessoas por todos os lados, temos investido pesado em inserções sociais de design, que nos aproximem dos conceitos mercadológicos acordados com as necessidades das clientes, que são nossa realidade e, principalmente, aquelas que estão por vir”, argumenta, Fátima Brilhante, diretora-presidente da Dona Florinda.

Ofereça ao consumidor potencial um incentivo para que ele entre em contato voluntariamente. Informação, entretenimento e educação são alternativas valiosas se for possível vinculá-las ao lifestyle do público-alvo. O que avaliar Número de cadastros gerado na ação; Custo de incentivos a consumidores potenciais; Número de consumidores potenciais que se tornam consumidores; Número de consumidores que se tornam fiéis; Tempo de permanência de consumidor fiel; Lucro gerado por consumidor.


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DONA FLORINDA A estratégia foi utilizar a internet para atender seu público-alvo. fotos: divulgação e reprodução


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de s ign

is eis a n o i c Fun nfortáv e co

colaboração: Carine Hattge e ingrid scherdien

Sofá inflável

fotos: reprodução e divulgação

Já imaginou um sofá cheio de ar com a aparência clássica de um autêntico Chesterfield? Inspirado neste modelo de sofá tradicional, Blofield combina conforto e mobilidade, correspondendo ao crescente interesse do mercado por produtos inovadores. O item é entregue dentro de uma bolsa, com um carrinho para transporte e com uma bomba elétrica para o enchimento. Dentro de cinco minutos, o sofá é inflado e pode ser instalado em ambientes internos e também externos, como jardim, parque ou praia. O revestimento é feito com nylon resistente que garante a conservação do produto em longo prazo. Desenvolvido pelo designer Jeroen van de Kant, vem em três cores e tem preço acessível. Confira: www.blofield.com

Cadeira ou sofá? Os dois. Exatamente o que pretendia a arquiteta japonesa Akihisa Hirata quando desenvolveu o “Sof” para uma exibição sobre cultura japonesa durante a semana de moda de Milão para o inverno 2010, que ocorreu no início deste ano. O produto parece uma cadeira e é macio e confortável como um sofá. Visite o site de Hirata em www.hao.nu

fotos: Paulo Mittelman/divulgação

Exposição de cadeiras A Coleção Richard Valansi, que reúne 40 cadeiras de grandes designers brasileiros e internacionais, poderá ser conferida pelos gaúchos entre os dias 4 e 8 de agosto, em Bento Gonçalves, na Casa Brasil 2009, evento que reúne designers do mundo todo para mostrar tendências em mobiliário e design. A mostra terá peças do Museu da Cadeira, do Rio de Janeiro, com exemplares do final do século XVIII, e também contemporâneos, como as primeiras criações de Philippe Starck, entre outros. Mais informações no site do Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis) www.sindmoveis.com.br

Boom Rang, de Philippe Starck.

Wiggle, de Frank O. Gehry.


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Cadeira para trabalhar A L@p, fabricada pela empresa Rossin, da Itália, é uma cadeira bem diferente. Com modelagem inovadora e ergonômica, foi projetada para proporcionar conforto ao mesmo tempo em que possibilita o uso de laptops. Funcional para o trabalho e esteticamente belo, o produto é criação de Martin Ballendat, conceituado designer com escritórios na Áustria e na Alemanha. Saiba mais em www.ballendat.de

Do papel para a sala No momento da criação, tudo pode ser utilizado como inspiração. Um papel amassado, por exemplo, pode virar um belo sofá. É o que fez o designer japonês Tokujin Yoshioka para a marca Moroso. Procurando expressar a textura dos materiais, com simulações de elementos da natureza em produtos industriais, Yoshioka desenvolveu o primeiro protótipo de um sofá de forma bem conceitual com resultado fascinante. A proposta, para o mesmo produto, é desenvolver outros tecidos e materiais, com forte apelo imaginativo. Veja o site do designer em www.tokujin.com e conheça mais produtos da Moroso em www.moroso.it

Descansando na onda Nem rede, nem cadeira, nem sombrinha. A Wave é vista como um produto único, de categoria exclusiva. Combinando funcionalidade com beleza e elegância, a “espreguiçadeira” é feita de aço inoxidável polido, com telhado de proteção e acento flutuante de tecido semitransparente. Ao mesmo tempo em que oferece proteção, bloqueando 86% dos raios solares, transmite a sensação de estar em baixo de uma árvore, rodeado por luz natural. Toda a estrutura tem como apoio um único ponto, assim como uma onda, elemento natural inspirador do projeto. Desenhado por Erik Nyberg e Gustav Ström e produzido pela Royal Botania, marca especialista em mobiliário de jardim, o produto está fazendo muito sucesso pelo mundo e ganhando vários prêmios. Conheça a marca em www.royalbotania.com


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c ul t ura

p o r E d ua r d o Mot ta

Tecnologia mínima 2ª Parte Do ponto de vista da moda, a jaqueta do abraço, ou a Crowdsourcing Massage Jacket, é um projeto que reúne todos os defeitos de outros semelhantes. Em primeiro lugar, porque a despeito das muitas tentativas de vender multiusos, esporadicamente apregoados como vantagem, ainda não é fácil inserir no circuito objetos que acumulem funções. Em segundo, porque ainda que a roupas duráveis seja atribuído algum valor, a moda é avessa por natureza a produtos com características de estabilidade, que não estejam relacionados a determinado momento de um estilo. Em terceiro e último lugar, porque projetos deste tipo dificilmente encontram um ponto de equilíbrio entre a estética e a parafernália de performance duvidosa que o seu funcionamento requer. Não há nada, além da força delas por si mesmas, que impeça que estas objeções sejam descartadas em algum momento, mas, aqui, se considera que a moda é um ambiente favorável a produtos com destinação certa, de natureza transitória e, invariavelmente, relacionados à noção de estética. O que se pretende com a Massage Jacket é socializar a intimidade mediada por uma determinada tecnologia, mais do que vestir bem e com estilo. E o que interessa aqui não é questionar seus possíveis resultados, mas tomá-la como exemplar, dentre uma série de outros projetos que pretendem estabelecer interfaces entre tecnologia e moda, humanizando essa convergência. Mesmo que o façam de forma precária, já que a maioria deles prolifera no modelo fundo de quintal. Existem centenas ou talvez mais projetos assim circulando pela web. Alguns endereços agrupam aficionados pelo assunto que se dedicam a alimentar os sites especializados com pequenas soluções criativas para objetos de moda com frequência razoável. Em comum, eles têm essa vontade de investigação científica, estão quase sempre relacionados à interatividade, e apelam à expressão individual. Mas o que leva indivíduos de diferentes partes do mundo a se dedicarem a engenhos semelhantes ao mesmo tempo? Uma das respostas possíveis é a de que estas ações funcionariam como uma forma de inclusão do indivíduo, que vê nelas a chance de atuar criativamente no ambiente da moda, e no seu ponto mais nervoso, aquele que desenha suas configurações futuras, que é a pesquisa tecnológica financiada pela grande indústria. Em uma visão mais

romântica, eles seriam também um meio de contraponto ou resistência, fundando um campo de atuação informal até certo ponto independente das regras do mercado.* A moda é investida de significados recorrentes ligados à expressão individual e de grupos. Para uma grande parcela do público jovem, sensível a estas conotações, a moda que é produzida e comercializada em grandes volumes, exatamente a que se encaixa na sua condição financeira, não preenche os sentidos inicialmente associados a ela. Há um déficit de significados neste ponto, que os processos de customização, deflagrados na década anterior, buscavam suprir incluindo o usuário. Agora, esta busca por recuperar sentidos para os objetos de moda se estenderia para os processos relacionados à tecnologia. Melhor dizendo, para a apropriação do direito de exercê-los. Reconhecer que na estrutura das revoluções tecnológicas está um dos principais centros de poder, de hoje e do passado, é apenas mais uma percepção genial destas gerações recentes, que estabelecem laços estreitos com a tecnologia sem esforço aparente. A moda seria, como ponto de interesse, uma zona de extensão, com tempos transitórios e fenômenos voláteis análogos ao campo virtual onde estas investigações são projetadas e veiculadas, a internet. Há muito que desenvolver nessa linha de pensamento e, mesmo que ainda sobre espaço nestas duas páginas, o que falta mesmo é reflexão. Por enquanto, é melhor terminar por aqui. Só para reforçar a relação entre estas investidas na dobradinha moda & tecnologia, com a cultura jovem, termino com essa ideia: de alguma forma, estes projetos estão para a ciência e para a moda como as garage bands para a música pop. Mobilizam um público semelhante, conectado pela internet, e, ainda que poucos cheguem ao estrelato, valem pela efervescência indie, pela capacidade de inclusão. E há sempre uma chance de sair dali algo realmente genial. * Estes projetos também visam a comercialização e são vendidos, seja como produto físico ou de informação. Contudo, esta instância é tão desarticulada pela lógica de divulgação deles, contaminada pelos tempos acelerados da internet, e pela falta de rigor, que não foram consideradas as implicações sobre essa suposta independência. foto: Pedro David/divulgação

Eduardo Motta é designer, consultor de moda da UseFashion, com formação em Artes Plásticas e autor do livro “O Calçado e a Moda no Brasil - Um Olhar histórico”.


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fotos: divulgação e reprodução

A jaqueta do abraço Os sensores estão estrategicamente dispostos em uma jaqueta, de modo a coincidir com áreas sensíveis do corpo, e podem ser acionados à distância por uma rede de usuários, atendendo a solicitação de um deles. O objetivo é que a traquitana entre em ação, e estes sensores vibrem, massageando quem solicitou o abraço virtual. A coisa toda funciona como um misto de gambiarra tecnológica e afetiva. Dessa forma, os membros da rede manifestam seu apoio e ajudam a restabelecer, à distância, o equilíbrio emocional de quem é abraçado/massageado.


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p er f il

2004

Amir Slama “Moda praia é a minha praia” Por Inêz Gularte Rosa Chá sempre foi sinônimo de Amir Slama. Afinal, nenhuma outra marca de beachwear brasileiro ganhou tanta notoriedade, com celebridades nacionais e internacionais disputando o privilégio de entrar em um dos belos maiôs Made in Brazil. Seguidamente, a grife emplaca editoriais de moda nas mais respeitadas publicações especializadas mundo afora, e, desde o ano 2000, desfila na conceituada semana de moda de Nova York, onde nenhuma outra coleção de moda praia brasileira havia pisado até então. Em maio deste ano, foi anunciada a saída de Amir Slama da Rosa Chá, vendida, agora por inteiro, para a Marisol. Pela primeira vez, em nove anos, a coleção de verão não será apresentada nas semanas de moda. O estilista, que também é presidente da Abest (Associação Brasileira dos Estilistas) conversou com a UseFashion sobre sua trajetória profissional, sua paixão pela moda praia, sua saída da Rosa Chá e a intenção de criar a Amir Slama, nova grife de beachwear. Comentou sobre o negócio da moda no Brasil e deu sua opinião sobre a unificação do calendário de moda nacional. Imperdível. UseFashion: Você é formado em História. Trabalhou como professor, flertou com a noite, atacando de barman e garçom, e acabou entrando para a moda por uma herança familiar. Fale um pouco desta trajetória. Amir Slama: Procurei a História como uma forma de poder atuar de modo ativo nas mudanças do mundo. Queria mexer com pesquisa histórica e não tinha, na época, um back financeiro para poder me dedicar. Lecionei por dois anos e percebi que se continuasse na carreira ficaria extremamente frustrado em não poder me dedicar à pesquisa. Durante os anos de estudo, e também quando comecei na moda, trabalhava como garçom e

2002 barman, o que me possibilitou uma visão diferente do relacionamento humano. Comecei a perceber a moda como uma possibilidade de poder pesquisar e transformar as pessoas de alguma forma, e resgatei a herança familiar de criança, em que constantemente ouvia sobre pedidos, tecidos, modelagens... UF: Como aconteceu a transição das roupas de ginástica, do início da carreira, até a criação da Rosa Chá?

2003 havia acontecido de fato. Só não estava oficializado. O que o levou a perceber as coisas desta maneira? AS: Sempre trabalhei em equipe, dividindo ideias, conceitos, problemas e soluções. Nunca me senti dono da Rosa Chá. Sempre que me descreviam desta forma em matérias, achava horrível, pois dava uma conotação de padaria, botequim. Uma empresa moderna, ainda que com base familiares, monta seus planejamentos em consenso interno. E era assim que eu fazia...

AS: Quando comecei a perceber a moda, iniciei um trabalho com roupas de ginástica. Isso durou uns oito meses. Rapidamente, senti uma afinidade com a praia, em um momento em que falar de praia se resumia simplesmente a biquíni e maiô. Percebi um espaço para criar algo com referências brasileiras e que, ao mesmo tempo, elevasse o conceito a uma categoria de moda de fato. Até então, o biquíni era visto como acessório e aparecia nas lojas, perto do final do ano, ao lado de bolsas e cintos nas vitrines.

Quando fui procurado pela Marisol, o negócio Rosa Chá havia atingido um tamanho em que, por limites de investimento, tinha deficiências na área produtiva e de logística. Existia uma demanda que estávamos atendendo de forma ruim. Todo o negócio, até então, havia sido estruturado com investimentos próprios e crescido com muito ideal.

UF: Moda praia é a sua praia?

A “fusão” com a Marisol era para mim entendida como a solução para a parte produtiva.

AS: Moda praia é a minha praia... percebi isso rapidamente. Fazer isso em São Paulo, na época, era como uma blasfêmia. Mas insisti muito em poder dizer e mostrar que traduzir a sensualidade da mulher brasileira não era determinado por uma só cidade do Brasil. Na época, o Rio de Janeiro.

Com limites financeiros, os investimentos aconteciam na parte mais visual do negócio (coleções, desfiles, catálogos...) e, parte da produção, que com a globalização passou a ser também tecnológica, ficava para um segundo plano.

Ou nos associávamos, ou teríamos que reduzir espaço. No início, entendi como uma associação, e até corrigia muito quando falavam que eu havia vendido o negócio. Na realidade, desde o início a marca passou a ter um dono... E apenas fui percebendo isso gradualmente.

Uma moda praia que partia da cidade urbana em direção à praia e retornava à cidade era o que idealizava este novo prêt-à-porter, tão difícil de ser entendido pela imprensa nacional na época.

UF: Como a Riva, sua esposa, que sempre participou muito da marca, sentiu esta mudança?

UF: Você declarou que a venda total da suas grifes ocorreu porque percebeu que isso já

AS: A Riva sempre foi uma grande parceira. Sempre trabalhei muito com mulheres. Elas sentem e percebem as coisas com mais facilidade. Pouco


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fotos: © Agência Fotosite

2005 mais de um ano depois da nossa venda, ela retirou-se do negócio. UF: Alexandre Herchcovitch, que assume a direção criativa da Rosa Chá, parece ter sido uma indicação sua. Você acredita que ele manterá a identidade da marca? Por quê? AS: O Alexandre Herchcovitch é um profissional da área da moda. Tem condições de fazer um trabalho ótimo. Será preciso apenas que deixem ele trabalhar. UF: Como você vê este momento em que a gestão de marcas, a logística e a injeção de investimentos aporta na moda brasileira? AS: Confuso. Sempre o novo é um pouco confuso. A moda vista como negócio é novidade, em uma moda nova como a nossa no Brasil. É importante observar que a moda tem códigos e necessita de gestores aptos. Capital existe muito, gestores e bons profissionais que entendam a moda e seus mecanismos ainda faltam em nosso mercado. UF: Como presidente da Abest, você acredita que a unificação do calendário da moda é um ponto positivo? AS: Sim. Sempre foi muito difícil explicar mundo afora porque tínhamos duas semanas de moda concomitantes. Muitos interesses políticos, financeiros, envolvendo este “mundo” da moda ainda tão incipiente, acabaram por criar situações muito difíceis para os estilistas. O mundo hoje olha para o Brasil e precisamos estar organizados. Uma semana de moda unificada, que comece no Rio e acabe em São Paulo, seria o ideal. O Rio, certamente, poderia lançar os novos talentos, tão desejados por nós e pelo mundo.

2006 UF: Recentemente, Paulo Borges esteve no Festival de Hyères, na França, citando o Brasil como um fashion player no mercado mundial. Você concorda que temos este posicionamento? AS: Acho que temos tudo pra ter, mas ainda não temos. UF: O desfile de Nova York, em setembro, apresentará sua coleção para Rosa Chá? Pode adiantar um pouco do que preparou? AS: Finalizei a coleção de verão 2010 em maio, e não farei desfile em Nova York. A última coleção que fiz para Rosa Chá tem como referências o universo de vida de Elza Soares. É uma coleção, que, por limites colocados, ficou apenas para a área comercial do negócio Rosa Chá. UF: O que em moda praia nunca sai de moda? AS: O despojamento da relação do brasileiro com o sol e com o mar. UF: A marca Amir Slama é para breve?

Capital existe muito, gestores e bons profissionais, que entendam a moda e seus mecanismos, ainda faltam em nosso mercado.

AS: Muito. UF: Qual será o segmento de atividade? AS: Sem dúvida, a praia e suas relações. UF: O que mais está em seus planos? AS: Estou evitando planejar neste momento. Estou como uma antena, ouvindo e vendo... Me sinto com 15 anos!

2009 UF: Que outras áreas lhe fascinam além da moda? AS: Moda!!!! Moda pra mim é um conjunto que transcende o vestir. Música, arte, moda e comportamento são partes integradas. UF: Fale um pouco sobre esse seu lado “noite”. A sociedade nos restaurantes 3p4 e Pinotage, e a boate Mokai e o Club A. AS: Aconteceu! Em um momento em que minha alma estava descolada do corpo, onde o estômago mexia e remexia, aconteceu o 3p4. Foi um resgate pessoal, onde me reencontrei como gente. Não participo de nenhuma parte administrativa nestes locais, apenas me divirto e coordeno algumas programações... Além de reclamar. Passo algumas horas, de algumas noites, por lá. Acordo cedo todos os dias, respiro e vivo moda. UF: Uma frase? AS: “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”. UF: Um livro? AS: Dr. Fausto, de Thomas Mann. UF: Um lugar? AS: São Paulo. UF: Um ícone? AS: Carmen Miranda.


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negóc ios

Vitrine de loja Adão e Eva, em Novo Hamburgo, com cartaz avisando ter lingeries da MyLady

na carona da demografia Por daniel bender

O nicho de negócios de moda em tamanhos grandes vem crescendo de carona em uma tendência pouco saudável entre os brasileiros: todos estão ficando mais gordos. Segundo a pesquisa “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas”, organizada pelo Ministério da Saúde, e divulgada em abril deste ano, a ocorrência de obesidade entre os brasileiros aumentou de 11,4% para 13% em apenas dois anos, de 2006 a 2008. Além disso, de acordo com a mesma pesquisa, mais de metade da população está acima do peso. Um dos reflexos é o aumento da demanda por moda de qualidade em tamanhos que vão bem além da modelagem tradicional. Calçados para gente grande A história da Casa Eurico, varejista tradicional do bairro Moema em São Paulo, conhecida no mercado de tamanhos grandes, tem jeito de lenda.

Na época, aquela região da cidade tinha muitos imigrantes alemães assim como o proprietário da loja, originalmente Erich, mas abrasileirado para Eurico. “Certo dia, o Eurico comprou um lote de calçados masculinos de tamanho 43 e 44 e anunciou no jornal alemão do bairro”, explica Adriana Lazzaro, gerente comercial. “Para sua surpresa, vendeu tudo em poucos dias”. A especialização em pés grandes, inclusive de calçados femininos, veio só décadas depois, quando os descendentes do fundador decidiram contatar fabricantes para receber apenas os maiores números de suas coleções. Atualmente, a empresa tem em seu estoque calçados femininos com numeração entre 40 e 43 e masculinos entre 45 e 49. “A dificuldade de achar o calçado nestes tamanhos explica a boa demanda que percebemos nas lojas e no site”, conta Adriana. “Hoje, através da internet, vendemos para todo o Brasil e até exterior”.

Moda íntima Percebendo que os fabricantes de lingerie só ofereciam peças comportadas - e nada sedutoras - para as mulheres de medidas mais generosas, a MyLady, empresa de Brazópolis, Minas Gerais, especializada em peças para grávidas e pós-parto, decidiu lançar coleções interessantes e sensuais do número 48 para cima. “Percebemos que muitas mulheres entre 25 e 40 anos, com medidas um pouco fora do convencional, se sentiam frustradas por não poder usar lingerie como quem tem o corpo mais padronizado”, conta a diretora comercial Alessandra Zegaib. “Então, começamos, há um ano e meio, a produzir lingerie pensando neste público e, hoje, a participação destes produtos no faturamento da empresa já passa dos 25%”. E, segundo a diretora, o lucro deve crescer 35% neste ano devido a esta linha de produtos.


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fotos: divulgação

Fachada antiga da Casa Eurico: tradição no segmento

Para se diferenciar, basta agradar o cliente Apesar da obviedade, no caso do nicho de tamanhos especiais, o truque para se diferenciar e garantir margens melhores é vender produtos quase idênticos aos disponíveis para quem tem o corpão de modelo e atender à vaidade do cliente de moda. “É claro que fazemos alguns ajustes”, conta Alessandra, “nos sutiãs, por exemplo, as tiras são um pouco mais largas e o bojo não é desenhado para aumentar o busto, mas apenas sustentá-lo”. Além disso, as peças da MyLady não são vendidas exclusivamente em estabelecimentos direcionados para este público. No caso dos calçados, a tática é manter um estoque muito maior do que o de uma loja

comum. “Além dos lançamentos da temporada, tentamos ter no estoque pares de maior parte dos modelos já vendidos”, explica Adriana. “O objetivo é não frustrar a cliente que vem até a loja em busca de calçados bonitos, independentemente do tamanho”. Vitrine virtual, vaidade real Neste nicho nem tudo são flores. Apesar da quantidade de pessoas acima do peso, da boa oferta de produtos e serviços para este público, e da mobilização de gordinhas (veja uma lista de comunidades no Orkut sobre mulheres gordinhas e moda http://tinyurl.com/gordinhasorkut), há ainda bastante receio, principalmente entre as mulheres, de se posicionarem como acima do peso.

Fachada atual da Casa Eurico: sinalização clara do diferencial

O problema de vaidade também é relatado por Adriana. “Tempos atrás, era muito comum a mulher com pé maior do que a média não querer se expor, mas isso resiste ainda hoje”. Uma das ações tomadas para reduzir a exposição e aumentar as vendas é usar o comércio eletrônico. “Atualmente, o website é responsável por quase um terço das vendas da Casa Eurico”, conta.


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c am pu s

5º Colóquio de Moda foto: UseFashion

Desta vez em Pernambuco O Colóquio de Moda é o maior congresso científico/acadêmico de moda no Brasil. Neste ano, a Faculdade Boa Viagem acolherá a 5ª edição do evento em setembro. Participam pesquisadores, docentes e acadêmicos de Moda, bem como profissionais de Design, Artes Plásticas, História, Psicologia, Sociologia, Marketing, Jornalismo, Comunicação, Administração e áreas afins. O objetivo é proporcionar o encontro entre profissionais e promover a reflexão, o questionamento e relações entre as várias formas de abordagens da moda. Os temas tratados serão: Ensino de moda, Teorias de moda, Moda/cultura/historicidade, Moda/meios de comunicação/estilos, Moda e novas tecnologias, Moda e território de existência, Moda e sustentabilidade, Fotografia e moda, Design e moda, Consumo e moda, entre outros. Para fazer sua inscrição como ouvinte, o prazo encerra dia 18 de setembro.

Data: 27 a 30 de setembro Local: Faculdade Boa Viagem - Recife/PE contato@coloquiodemoda.com.br

Palestra da japonesa Kazuyo Okabe no último Colóquio de Moda. Ela falou sobre as diferenças corporais entre brasileiras e japonesas e seus reflexos na lingerie.

Fone: (81) 3087-4402 (Luiz Rodrigues)

Anhembi Morumbi à francesa Aluna cria uniforme usado no lounge da universidade na Bienal fotos: divulgação

O uniforme do staff que esteve no lounge da Universidade Anhembi Morumbi no SPFW foi criado e produzido pela aluna do curso de Design de Moda, Izabela Starling. O projeto intitulado “Universo Iluminista” foi inspirado no conceito político-social do século XVIII que tem como referência os maiores iluministas franceses: Rousseau, Montesquieu e Voltaire. Aprovados por uma comissão de professores e diretores, liderados pelo designer Mario Queiroz e pela coordenadora do curso de Design de Moda da universidade, Eloize Navalon, os trajes remetiam também ao tema do evento “Paixão do Brasil pela França” e ao conceito do espaço Anhembi Morumbi (Paixão pelo Conhecimento).

Prêmio na área têxtil Ex-aluno da FEI vence concurso mundial Caio Sado venceu o prêmio Rieter Award 2009 e foi contemplado com viagem à matriz da empresa Rieter na Suíça. Recém-formado pelo Centro Universitário da FEI (Fundação Educacional Inaciana), de São Paulo, o engenheiro têxtil, de 22 anos, concorreu com mais dez estudantes de graduação e pós-graduação na área têxtil do Brasil, além de participantes de outros países. A empresa também premiou estudantes da Índia, Cazaquistão e Bangladesh. Caio concluiu o curso de Engenharia Têxtil na FEI em dezembro de 2008, e trabalha atualmen-

te como analista de qualidade na Dalila Têxtil, em Santa Catarina, onde é responsável pela implementação de projetos de reengenharia e melhoria contínua. “Fiquei muito surpreso com a premiação. Agora, minha expectativa é conhecer melhor a empresa durante minha estadia na Suíça e aprender novos processos de fiação e avançadas tecnologias, além das novidades na área”, explica Caio Sado. Para concorrer à vaga, o ex-aluno da FEI enviou à empresa dois trabalhos na área têxtil em novembro de 2008, quando cursava o 10º semes-

tre na FEI. “O Caio possuía um bom trabalho sobre nãotecidos, que também é uma área de atuação da empresa, assim como um interessante trabalho de conclusão de curso sobre fibra de bambu”, afirma Andre Costa, engenheiro de Vendas da Rieter. Durante a estadia na Suíça - de 28 de setembro a 3 de outubro - Caio irá conhecer a matriz da Rieter, em Winterthur, onde são fabricados produtos como linha de abertura, carda, penteadeiras e filatórios, além de detalhes sobre o funcionamento de uma fiação.


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cursos & concursos

Rotary Club premia designer Ingrid Scherdien vence concurso com selo ambiental Com experiência de seis anos no desenvolvimento de projetos gráficos editoriais, embalagens e identidades visuais, além de campanhas e redação publicitária, a estudante do curso de Design Gráfico da Feevale, Ingrid Scherdien foi premiada em junho no concurso promovido pela faculdade e pelo Rotary Club de Novo Hamburgo/RS.

Workshops IBModa Blumenau “Planejamento de coleção” e “Desenvolvimento Criativo” são os temas de dois workshops promovidos pelo Instituto Brasileiro de Moda em Blumenau, Santa Catarina. O primeiro acontece em agosto, o segundo, em setembro. As inscrições podem ser feitas via web e os workshops têm duração de 14h/aula.

A proposta era a criação de um Selo Verde para ser entregue a entidades da região que promovam ações e atividades de maneira ecológica e sustentável, contribuindo com a preservação do planeta. Ela desenvolveu um símbolo que transmite os significados de sustentabilidade e renovação, apoiado nos conceitos de desenvolvimento e força que a identidade visual do Rotary já possui.

Informações: www.ibmoda.com.br ou pelos telefones (47) 3222.2376/ (11) 2528.8996

Instituto Rio Moda

Vale ressaltar que Ingrid faz parte da equipe UseFashion, trabalhando como designer gráfica no UseFashion Journal.

O Instituto Rio Moda tem programação de workshops para o mês de agosto. As inscrições podem ser feitas pelo site (www.institutoriomoda.com.br) e as aulas serão ministradas no Hotel Promenade Visconti (Rua Prudente de Morais, 1050 Ipanema/RJ). Veja abaixo a programação:

1ª Mostra de Ecodesign

Semiótica e Moda Desvendando os símbolos das marcas. Workshop realizado em dois dias e ministrado pela professora Kathia Castilho, do Mestrado em Design da Universidade Anhembi Morumbi. Ela é doutora e mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP e dirige o grupo de estudos em Corpo, Moda e Consumo na mesma instituição. Autora de livros é também presidente do Colóquio de Moda e diretora da Estação das Letras e Cores.

Sustentabilidade e criatividade A 1ª Mostra de ecodesign aconteceu em junho na Ulbra de Canoas, no Rio Grande do Sul. Filtros de café, garrafas de plástico e vidro, lonas, retalhos, CDs, discos de vinil, latinhas e caixas de leite deram origem a luminárias, bijuterias, abajures e outros objetos supercriativos que participaram da Mostra.

menta. A preocupação com o desenvolvimento sustentável está cada vez mais presente, visto que os empresários perceberam que o consumidor está buscando por produtos que não agridam o meio ambiente. É o mercado direcionando para práticas ambientalmente corretas. foto: divulgação

“No ecodesign, propomos a reutilização do que seria descartado na natureza. É o reuso com arte”, comenta o coordenador do bacharelado em Design da ULBRA, Cid D’Avila. Segundo ele, a originalidade dos alunos proporciona o aproveitamento inusitado de materiais que teriam um lixão como destino final. Para o professor Geraldo Pagliarini, existem políticas e estratégias de ecodesign implementadas em muitas empresas há mais de três décadas. Essa cultura, portanto, já faz parte do processo criativo e produtivo do profissional. “O que fazemos na disciplina de Ecodesign é tornar evidente essa existência e difundir essa mentalidade”, co-

Mercados Internacionais Cultura e consumo em países diferentes. O workshop abordará os mercados americano, europeu e asiático e seus roteiros, além dos procedimentos para prospecção e análise de tendências no mercado internacional. A jornalista Carol Garcia, mestre em Comunicação e Semiótica, ministrará as aulas no Rio de Janeiro. Datas: 21 e 22 de agosto Horários: dia 21 - das 14h às 21h dia 22 - das 9h às 16h30

Cúpula de abajur feita com filtros de café

você na Usefashion A vez do estudante Campus é um espaço dedicado à publicação de notícias, cursos, eventos, acontecimentos e temas que são do interesse de estudantes e professores ligados aos cursos de moda, estilismo e design. Você pode participar enviando para nossa redação sua contribuição. Sugira assuntos a serem abordados, opine,

Datas: 7 e 8 de agosto Horários: dia 7 - das 14h às 21h dia 8 - das 9h às 16h30

envie notas a serem divulgadas sobre a programação de sua universidade ou instituição de ensino, sobre trabalhos premiados e atividades extra-curriculares. Estamos aguardando sua participação. Contate-nos através do email: campus@usefashion.com

Desconstrução de Referências de Moda - Jum Nakao O estilista e diretor de criação, licenciado em Artes Plásticas pela Faculdade Armando Álvares Penteado, ministrará o workshop. Nos dois encontros, ele abordará o estudo de referências através da metodologia de dissecação. Jum Nakao é autor do livro e do documentário “A Costura do Invisível” com base na coleção desfilada em 2006 no SPFW. Ao final do desfile, as roupas feitas em papel foram rasgadas causando comoção geral. Datas: 28 e 29 de agosto Horários: dia 28 - das 14h às 21h dia 29 - das 9h às 16h30


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opinião

fotos: reprodução

De novo, o estilo por Cristiane Mesquita* Minha última contribuição para a UseFashion, há quatro anos, rendeu o texto “A liquidação do estilo” e coincidiu com o início de minhas pesquisas para o doutorado. Esta ideia integrou a tese “Políticas do vestir: recortes em viés” que investiga o estilo por ângulos diversos: entre outros caminhos, seu esvaziamento conceitual e seu lugar de vetor informacional das indústrias criativas. Nessa atual colaboração, retomo o assunto para esmiuçar um pouco mais o estilo e apontar como esta palavra andarilha favorece derivas das mais diversas, especialmente aquelas estimuladas pelas relações entre consumo e subjetividade. Uma investigação de linhas históricas, semânticas e conceituais me levou a encontrar divertidos exemplos da apropriação do termo. Nas campanhas de publicidade do Banco do Brasil, no ano de 2008, a palavra-chave foi estilo, definido como “uma maneira de ser só sua, cheia de vitórias e conquistas”. A expressão: “Um cartão só seu. Isso é que é ter estilo próprio”. Em pesquisa na web, coletei alguns usos comerciais do termo que valem ser citados: Estilo Móveis, Estilo Informática, Estilo Telemarketing e Consultoria, Photoestilo e Academia Estilo são estabelecimentos que utilizam a palavra em seus nomes fantasia. A Água e Estilo é uma empresa de decoração especializada na montagem de aquários exclusivos; a Fundição Estilo comercializa brindes e artigos exotéricos. Estilo de Aprender é uma escola infantil baseada em teorias de Gilles Deleuze; Imagem e Estilo oferece cursos de etiqueta social; e o domínio www.estilo.com.br pertence a um estabelecimento de artefatos de madeira, cuja chamada na página inicial é “produtos para sua vida”. Na moda, estilo se presta aos mais diversos usos: jornalistas não se cansam de pronunciar o termo, que ganhou uma prosaica imprecisão. Numa página de revista, cheguei a encontrar oito menções com diferentes sentidos. Os estilos emolduram modos de existência e se prestam a

definir públicos, alvos de toda espécie de produtos, padronizando qualitativamente clássicos, alternativos, sexies, irreverentes, sofisticados… [ai que cansaço…]. E, embora estilo sirva bem melhor às classificações do que aos exercícios expressivos, na esfera privada, tornou-se imperativo para consumidores que prezam a diferenciação. Ter algum estilo é necessário para circular no contexto no qual variar já importa menos do que afirmar diferença e emitir informações que designem um “eu”. Se estilo torna-se um produto, ofertá-lo passa a render dividendos. Para grande parte dos consumidores de moda, a composição de estilos se dá a partir da ligação com as grifes, universos aos quais é possível pertencer. Um outro caminho é o consumo de “modos de usar”, ou de referenciais que delimitem aspectos que expressem os estilos X, Y ou Z. Os manuais de estilo seguem linha de ação semelhante. Algumas publicações incluem ideias assim como: “conhecer e aprender a combinar a sua personalidade com o seu visual”, “determinar o que você está tentando reforçar”, “ter tempo e autoconhecimento”, “eleger qualidades em você que lhe agradam e procurar valorizá-las sempre” e, “jamais copiar o estilo de alguém”. Finalmente, um outro modo de aquisição de estilo é consumir o serviço de personal stylist. Diante da impossibilidade de dar conta da questão, um profissional apto a fazer consultoria de imagem é contratado para auxiliar na criação de um mundo estilístico que faça sentido para o cliente, assim como para seu universo de circulação. Para além das linhas de comercialização, estilo afirma seu valor informacional, e sustenta a engrenagem dos escritórios de pesquisa e equipes de criação. As lógicas da pesquisa de tendências – as quais sofrem modificações generalizadas ao longo da segunda metade do século XX – são colocadas em xeque, especialmente a partir da década de 1990. A partir de então, é o modelo da rede tridimensional, distante de qualquer

linearidade, o mais ilustrativo para a compreensão dos movimentos de contaminação que vão revelar ou produzir desejos. Sedentos de estilo que faça diferença, os olhos dos coolhunters estão cada vez mais voltados para o indivíduo e suas invenções cotidianas. Informações recolhidas em cenários caseiros ou em ambientes de efervecência cultural alimentam não apenas escritórios de pesquisas, mas também revistas, websites, blogs e livros. Publicações e empresas contam com uma rede mundial de informantes que alimenta os ambientes de forma extremamente ágil e plural. Nesse sentido afirmam-se as diretrizes da moda, que, há muito não existem para impedir esse ou aquele tipo de composição, mas para incentivar as mais diversas maneiras de burlar as regras. O que mais vale não é obedecer, mas exercitar a criatividade. E ninguém será repreendido por isso. Ao contrário: essa rede de criação será, ela própria, o mais potente alimento para o mercado, sempre de olho em mecanismos subjetivos fortalecedores de suas engrenagens. Em outras palavras, no império do estilo, a informação de moda reafirma a diferença como valiosa informação para definir as diretrizes da indústria: de novo, há o estilo, o estilo de cada um de nós.

* Cristiane Mesquita atua em moda como pesquisadora, professora e consultora. É doutora em Psicologia (PUC/SP) com a tese Políticas do vestir: recortes em viés (http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo. php?codArquivo=8152). É autora de Moda Contemporânea: quatro ou cinco conexões possíveis (2004, Ed. Anhembi Morumbi) e diretora dos documentários Jardelina da Silva: eu mesma (DVD, 54’. Diphusa, 2006) e Mas isto é moda? (DVD, 55’. PaleoTV, 2005). É coordenadora da pós-graduação em Criação de imagem e styling de moda do Senac São Paulo, docente da Universidade Anhembi Morumbi e curadora do ziguezague: desfiles incríveis, conversas transversais, oficinas transitivas (http://ziguezagueblog.blogspot.com/).


es t ilo

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SILVIO HALLECK EM 5 IMAGENS, A DEFINIÇÃO DO ESTILO DE VIDA DO ESTILISTA

foto: acerv

foto:

o um ess. Tenh do tr -s ti n a a ir x li k, Músic mo um e ve ao fun s nciona co escuto do new ra no fu s , e n ro o fo d “A ir com rm clético, e o e d m a o e i h b ergin e hegue gosto imal. Já c Dj Malboro, MC S o!!!)” in m o a folk em, íssim (na imag al 2004: divertid v ouvidos! ti s e F o TIM Lacraia n

Duba i “Sou d e para D família ára b ubai. O lifes e e talvez p parte das m or isso ty le e inhas referên a arquitetur eu olhe tan a sem cias.” pre fa to zem

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Final F antasy “Essa é um para mim a paixão de in fâ , aventura funciona como ncia. Esta série de RPGs s fantásti seriados , ca nunca im d aginado s, com mundos e histórias e s.” e person agens

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foto: divulgação

Ele fez faculdade de Tecnologia em Informática e abandonou para trabalhar com moda. Além de programador e webdesigner, estudou fotografia de moda e fez cobertura de desfiles e backstages do Fashion Rio, SPFW e Rio Summer entre 2005 e 2008. Versátil, o estilista foi assistente de figurinistas como Kalma Murtinho, Pedro Sayad e Suely Gerhardt, confeccionou fantasias de destaques para escolas de samba como Beija-Flor, Salgueiro, Viradouro e Vila Isabel, e ainda passou pelas equipes de estilo das marcas Toulon e Osklen. Também participou do Rio Moda Hype na edição de inverno 2009 com sua marca própria, a Halleck. Atualmente, além da sua grife, voltou a integrar a equipe de estilo da Toulon. Uma nota recente na Garçon Magazine comparou seu trabalho ao de Raf Simons e de Junya Watanabe. Confira:

Chapéus “Gosto de fa zer os meus, é como um hobby, embo ra não tenha usado ultimamente, acho que explorar o design na cabeça pode agregar muito ao estilo.”

uardo únicos. G ndo por s to n s e it m a o lha Portr tografar m er ficar o , enquanio é de fo ra um dia qualqu íc 08 v 0 o 2 tr r u e “O Summ ras pa g io a R fl o s te te s todos e ita duran ulo)”. e São Pa ve (foto fe onde esti va para a Folha d fa to fotogra




Fashion Rio Agora sob comando de Paulo Borges, e instalado no Píer Mauá, o Fashion Rio passou por significativas mudanças físicas, o que era inevitável, considerando a troca de liderança em um evento deste porte. O que importa é que estas mudanças foram positivas e a direção geral de Paulo trouxe bons resultados também ao conteúdo. Ele enxugou o line-up, deslocou os desfiles de jovens talentos, o Rio Moda Hype, para a abertura e participou pessoalmente de cada detalhe.

modelagem de formas amplas, reforçando a descontração que o Rio cunhou e exporta para o resto do país e para o mundo. Isto vale, ainda que nem todas as marcas participantes sejam cariocas. De acordo com esta maioria, o verão é rico em texturas, ancorado em tonalidades lavadas ou em cores quentes, sem que estes dois mundos se misturem. Os tecidos são delicados, os trabalhos manuais são leves e impera um clima de férias de verão europeu.

De forma geral, a organização paulista do evento minou a descontração que balizava a semana carioca, mas fortaleceu o aspecto profissional e trouxe maior coesão à edição. Um balanço revela que boa parte das coleções optou pela

Como nem tudo fica nesta onda, acompanhe nas páginas a seguir uma seleção de pontos altos dentre a boa variedade de propostas apresentadas na semana de moda do Rio de Janeiro.

direção de pesquisa: patrícia souza rodrigues edição de moda: Eduardo Motta fotos: © Agência Fotosite

Cantão


SPFW Não é que São Paulo não trabalhe com as tendências correntes. Estão lá alguns dos muitos elementos já identificados nos desfiles do Rio, e que são pontos altos da estação. Mas, na hora de um balanço final, prevalecem autorias marcantes, imagens poderosas criadas por marcas de DNA forte. Isso vale para muitos, mas é certo citar Osklen, Alexandre Herchcovitch, Ronaldo Fraga e Gloria Coelho. Eles estão no completo domínio dos estilos que cunharam. São matriciais. Não há como andar atrás deles e, para ficar do lado, é preciso ter fôlego. Reinaldo Lourenço, Maria Bonita e Huis Clos fazem parte deste time.

De uma certa forma, a Forum Tufi Duek também. A própria Neon é tão ímpar que não faz o verão dos outros. No mais, inscrever uma assinatura emerge como um objetivo muito definido na SPFW. Não é o que procuram o André Lima, a Erika Ikezili? Não é o que já fez Lino Villaventura? Antes que cite todo o line-up desta que foi uma edição superlativa entre as semanas de moda de São Paulo, vamos a um esforço de edição por temas, aqui denominados palavras-chave. Sim. Rendemo-nos a eles, pois sabemos da força que têm como forma de representação da temporada. Entretanto, fica registrado o grifo nas palavras autoria e matricial.

Reinaldo Lourenço


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Fa s hion R io Pa l av r a s - c h av e

Romântico moderno

Riviera

Fullbody

Cavendish

Riviera francesa traduzida em algodão, listras, formas amplas e ausência de cor. O navy entra como um tempero a mais. A Cavendish acertou o tom.

Artesanal

Maria Bonita Extra

Beirando o estilo romântico e brejeiro, orientação particularmente bem-sucedida e atualizada pela Maria Bonita Extra.

Cantão

Trabalhos manuais ou aparência de artesanal encontram bom espaço e definem um estilo com um quê de rústico. A Cantão de um jeito e a Espaço Fashion de outro sabem como fazer.

Ausländer

Esta silhueta ajustada, oposta à predominância da modelagem solta, entra como contraponto e para agradar as curvilíneas. Explorando outras direções, a Ausländer encarna um Hervé Leger.


edi torial de mod a

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Te m p o r a da b r a s i l e i r a | v e r ão 2010 Desenho urbano

Boyish

Jazz

Claudia Simões

Direto do guarda-roupa dos rapazes. Calça curta, alfaiataria e camisaria em acerto de Claudia Simões.

Arquitetônico

Mara Mac

O design de alma urbana e cosmopolita em versão verão-chic. Mara Mac e Printing fizeram bem.

Melk Z-Da

A roupa é projeto, construção. É arquitetura. Melk Z-Da desmonta para refazer, mas há quem apenas edifique, em golas bem idealizadas e cortes precisos.

Tessuti

De volta aos anos 1920, mas diluindo os clichês. A Tessuti não ficou sozinha. A Coven foi outra marca que embarcou nesta viagem no tempo.


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Fa s hion R io pe ç a s - c h av e vestido: soltinho, paletó, acinturado curto

Totem

Juliana Jabour

Top descomplicado: moulage, túnica, regata, corte a fio

Maria Bonita Extra

Macacão: em versões muito distintas e em todas horas

Printing

TNG

Sta. Ephigênia

Graça Ottoni

TNG

Printing

Walter Rodrigues


edi torial de mod a

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Te m p o r a da b r a s i l e i r a | v e r ão 2010 Bottom: calça ampla encurtada, bermuda de barra virada, saia de cintura alta

Claudia Simões

Printing

Apoena

Beachwear: a importância do desenho é coisa da Lenny. O peso do adorno e da estampa é defendido pela Salinas

Lenny

Salinas


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Fa s hion R io De s taq u e s Ora bolas: elas estão por todo lado. Em grandes paetês, ilhoses ou estampas

Alessa

Sta. Ephigênia

Sta. Ephigênia

Texturas: traquinados, drapeados, nervuras, e por aí vai

Printing

Filhas de Gaia

Melk Z-Da

Transparências: a organza faz a festa e revela tudo

Maria Bonita Extra

Graça Ottoni

Ausländer

Estampas: as gráficas em p&b subvertem os clichês do verão

Victor Dzenk

Cavendish

Cantão


edi torial de mod a

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Te m p o r a da b r a s i l e i r a | v e r ão 2010

MATERIAIS cetim de seda

organza

Graça Ottoni

malha

algodão

Maria Bonita Extra

linho

Tessuti

Claudia Simões

denim

Lenny

TNG


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S ão Paulo Fa s hion Week Pa l av r a s - c h av e

Arquitetura

Brasil

Gloria Coelho

Além de Gloria Coelho, que cita Frank Gehry e exibe domínio absoluto da construção, vale citar a técnica sofisticada de modelagem de Priscilla Darolt, e a geometria das estampas sobre látex de Herchcovitch.

Romântico

Osklen

A Osklen fez seu carnaval minimalista, transformou paetê em confete, e acertou em cheio. Maria Bonita trouxe a feira livre como referência. Reinaldo Lourenço bebeu do melhor café nacional: o Brasil está na moda!

2nd Floor

A 2nd Floor infantilizou o romance com bom resultado. A Triton abriu o baú da vovó e tirou o seu de lá. Erika Ikezili projetou um só para ela, com muita técnica e doçura sob controle.


edi torial de mod a

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Te m p o r a da b r a s i l e i r a | v e r ão 2010 Streetwear

Selvagem

Cavalera

A Cavalera levou o estilo das ruas para onde ele deveria estar, e desfilou em pleno Minhocão. Ellus fez versão temperada do estilo. OESTUDIO renovou as proporções e apostou na invenção.

Movimento e volume

Animale

Tem poucos vestígios étnicos na Animale, mas permanece o espírito indomado. A Colcci abordou o tema com jeitão destroyed. Jefferson Kulig misturou com tecnologia.

Neon

Em meio aos ajustados onipresentes, a Neon deu aula de como fazer volume com molejo. Samuel Cirnansck aderiu à ondulação com calças enormes. Cia.Marítima compensou os biquínis mínimos com muito pano na roupa do pós-sol.


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S ão Paulo Fa s hion Week Pe ç a s - c h av e vestido: curto e acinturado, trapézio, T-shirt dress e balão

Reinaldo Lourenço

Alexandre Herchcovitch

Osklen

top: soltinho com detalhe em babado, microcolete

Maria Garcia

Gloria Coelho

Macacão: curto e folgado

Ellus

Colcci


edi torial de mod a

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Te m p o r a da b r a s i l e i r a | v e r ão 2010 Bottom: short de cintura alta, saia de cintura alta, calça com gancho baixo

2nd Floor

Huis Clos

Cavalera

Beachwear: drapeados e torções, franzidos no biquíni acessório, maiô com design, tropicalismo com novas proporções

Água de Coco por Liana Thomaz

Cia.Marítima

Paola Robba

Movimento


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S ão Paulo Fa s hion Week De s taq u e s detalhes: strap, babado, vazado, corrente aplicada, zíper, folheado

Gloria Coelho

Maria Garcia

Ronaldo Fraga

Ellus

Alexandre Herchcovitch

Forum

estampas: novos xadrezes, geomético, nuvem, floral, lavado (cobra)

Alexandre Herchcovitch

André Lima

Cavalera

Priscilla Dalrot

Iodice


edi torial de mod a

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Te m p o r a da b r a s i l e i r a | v e r ão 2010

MATERIAIS musseline de seda

tule

organza

Forum

aspecto de sacaria

Reinaldo Lourenço

linho

Maria Bonita

Osklen

tear

algodão

Gloria Coelho

bambu

Maria Bonita

couro

Priscilla Darolt

malha de seda

FH por Fause Haten

denim délavé

Animale

texturizados

2nd Floor

Huis Clos

nylon

Erika Ikezili

tricô

Maria Bonita

cetim de seda

Animale

Alexandre Herchcovitch


memória

fotos: Patrícia Paes/divulgação

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Década de 1960

Lycra, o fio que revolucionou a moda Por Paula Visoná

Quando surgiu, há 50 anos, o fio LYCRA® – nome fantasia para o fio de elastano com propriedades especiais produzido pela multinacional INVISTA – o mundo pós Segunda Guerra Mundial ansiava pelas novidades tecnológicas, embalado pelo desejo de dominar novas formas de produzir bens e, assim, gerar maior conforto, qualidade e durabilidade a inúmeros artefatos da cadeia produtiva. O fio LYCRA® acabou correspondendo a esses requisitos, imprimindo um ritmo de evolução sem precedentes para os negócios de moda no mundo. Sendo uma fibra química, esse elastano associou conforto e praticidade nunca antes experimentados. Não demorou muito para que fizesse parte de misturas com outras matérias-primas. O primeiro segmento a adotar o fio LYCRA®, em meados da década de 60, foi o de lingerie. Logo depois, foram criadas as meias-calças com esse fio. Era o fim da incômoda cinta-liga em nylon

ou seda. Com o passar do tempo, novos produtos passaram a ser produzidos e foi então que a moda praia ganhou esse grande aliado, que permitiu a secagem rápida e mais durabilidade nas peças. Logo após, foi a vez do segmento esportivo, que usou primeiramente em peças para a prática de esqui a fim de oferecer leveza e mobilidade ao atleta. Na década de 70, o fio LYCRA® entrou na fabricação de jeans, permitindo a confecção de peças confortáveis e aderentes ao corpo, principalmente para o feminino, aspecto que enalteceu a liberdade da mulher conquistada após décadas de lutas. Junto à revolução feminina, veio a valorização do corpo, e a prática de esporte invadiu ruas e academias em toda parte. Novamente a LYCRA® permitiu o desdobramento de importantes fatores, sendo condizente com o desenvolvimento do setor de activewear em todo o mundo. Suas propriedades tecnológicas

permitiram a criação de peças diferenciadas, em que recortes anatômicos se tornaram possíveis devido à elasticidade inerente ao fio. Já nos anos 90, o fio tornou-se indispensável para a fabricação das mais diferenciadas peças dos guarda-roupas feminino e masculino. Sua associação ao jeans foi inevitável, e o logotipo do fio passou a emanar durabilidade, qualidade, conforto e mobilidade. Nos anos 2000, descobertas tecnológicas permitiram o desenvolvimento de novos tipos de fio LYCRA®. Assim, foi possível direcionar coleções do fio para segmentos específicos. Nesse sentido, a moda íntima ganhou as coleções LYCRA® Xtra Fine e LYCRA® 2.0, permitindo a criação de peças que garantem conforto absoluto. Para o segmento de jeans, foi criado o LYCRA XFit, e para a moda praia, o fio LYCRA® Xtra Life, utilizada pela grife Salinas, por exemplo, no Fashion Rio edição verão 2010.


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Década de 1970

Década de 1980

Década de 1990

Década de 2000


A UseFashion é a mais completa fonte de informações estratégicas sobre moda. Tudo que sua empresa precisa saber para inovar a cada dia, ampliar negócios e gerar lucros. Pesquisando no portal usefashion.com e no UseFashion Journal, a inspiração ganha cor, forma e valor. www.usefashion.com vendas@usefashion.com 0800 603 9000

fotos: ©Agência Fotosite e reprodução

Muito mais que inspiração


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