UseFashion Journal Abril 2009

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ANO 6 • Nº 63 • ABRIL 2009 • EDIÇÃO BRASILEIRA

MODA PROFISSIONAL

INVERNO 2010

MEGATENDÊNCIAS FEMININO Mulheres rebeldes, eruditas e posers regem a temporada | pág. 64

R$20,00

ISSN 1808-6829

Mana Bernardes nas lojas do MoMA | pág. 22 Megatendências infantil para o inverno 2010 | pág 34 Conheça a Armani/5th | pág 42 O jeans pelo mundo | pág 44 Renato Kherlakian mostra sua nova grife | pág 54


Muito mais que inspiração

A UseFashion é a mais completa fonte de informações estratégicas sobre moda. Tudo que sua empresa precisa saber para inovar a cada dia, ampliar negócios e gerar lucros. Pesquisando no portal usefashion.com e no UseFashion Journal, a inspiração ganha cor, forma e valor. www.usefashion.com

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Foto: © Agência Fotosite


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NESTA EDIÇÃO foto capa: © Agência Fotosite

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Capa: Karlie Kloss desfila o minimalismo construtivista de Raf Simons para a Jil Sander.

NA CAPA

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22 ACESSÓRIOS

GENTE 08 É MODA

Mana Bernardes está nas lojas do MoMA a partir deste mês.

Looks comentados de Florença. 10 PAPARAZZI

34 INFANTIL

Monocromia é a escolha das beldades nos desfiles internacionais.

Megatendências para o inverno 2010. 42 VISUAL DE LOJA

61 ESTILO

Conheça a Armani/5th que reúne pela primeira vez todas as grifes do estilista.

Chiara Gadaleta, designer e stylist, dona da grife Tarantula.

44 REPORTAGEM

O jeans pelo mundo. Como são os jeans brasileiros, franceses, italianos, norteamericanos, japoneses? 54 PERFIL

Renato Kherlakian mostra sua nova grife de jeans Premium, a RK. 64 EDITORIAL DE MODA

Megatendências para o inverno 2010 feminino. Agora, sob a luz dos desfiles internacionais.

MODA 12 VESTUÁRIO

Angela Aronne fala sobre o tricô, o aspecto hand made e as novas tecnologias. 16 VESTUÁRIO REPORT

O zíper é protagonista no inverno 2009. 17 VESTUÁRIO REPORT

Como as linhas estilísticas da Art Déco estão influenciando a moda. 18 CALÇADOS & BOLSAS

Quadriculados valorizam a modelagem do calçado. 20 BOLSAS REPORT

Florais, folhas estilizadas e outras estampas que estão em alta. 21 BOLSAS REPORT

Pedrarias aplicadas valorizam as bolsas e carteiras nas próximas temporadas. 26 RADAR INTERNACIONAL

Estampas e texturas inspiradas nos animais aplicadas aos acessórios. 28 RADAR NACIONAL

Bijouxs em prata e bijouxs coloridas. 30 MASCULINO

Redesenhando a silhueta masculina. 44

33 MASCULINO REPORT

O efeito amassado está em alta.

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CURTAS 06 PORTAL USEFASHION.COM

Em destaque, a série de matérias sobre a preparação do varejo para o Dia das Mães. 07 DICAS DA REDAÇÃO

Mostra "Extreme Beauty", em Milão; a exposição sobre a estilista Valentina Sanina Schlee e o espaço Transformers. 38 ACONTECE

Veja as novidades das feiras Feninjer (joias) e Micam (calçados). 58 CAMPUS

O 4º Moda Insights, em maio na Feevale, e o III Simpósio Nacional de Moda e Tecnologia, em junho, na UCS. Veja ainda notas sobre cursos e outros eventos destinado a estudantes no país. 78 MEMÓRIA

Clodovil Hernandes. Conheça detalhes da trajetória do polêmico costureiro.


EXPEDIENTE VISUAL MERCHANDISING 40 VITRINE

Veja como a Tiffany & Co., de Nova York, projetou sua vitrine para o Valentine´s Day.

OPINIÃO 52 CULTURA

A pesquisa de moda e sua relação com a obra de Fernando Pessoa, sob o olhar de Eduardo Motta. 60 OPINIÃO

A modernidade e a questão da sustentabilidade segundo Fábio Parode.

NEGÓCIOS 40 56 NEGÓCIOS

DESIGN

Como vender pela Internet.

50 DESIGN

Luminária Sun, Lili Lite, jogo tipográfico, lanche divertido, micro-ondas personalizado e embalagem premiada.

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AO LEITOR O UseFashion Journal tem novidades para você. Com intuito de atender cada vez mais ao público que precisa de informação especializada sobre moda, design e comportamento de consumo, a partir desta edição teremos um Journal mais moderno, com projetos gráfico e editorial reformulados. Dentre as novidades em conteúdo está a editoria Campus, um espaço destinado à publicação de assuntos referentes às universidades, faculdades e escolas, sempre com temas que interessam aos estudantes, professores e demais profissionais ligados à moda e ao design. Há ainda as editorias Negócios, Estilo, Report e uma grande Reportagem, na qual temas atuais são abordados em profundidade. Duas páginas ficaram destinadas a informações garimpadas por nossa equipe sobre o que há de novo no Design mundo afora. Todas estas alterações foram sugeridas por leitores como você. Para inaugurar esse novo projeto gráfico e editorial, nossa capa traz as Megatendências de Inverno 2010 para a moda feminina. Durante os últimos meses, publicamos dois previews sobre essa temporada no portal www.usefashion.com, amparados em farta pesquisa de mercado e comportamento. Neste momento, com o término das semanas de moda de Nova York, Londres, Milão e Paris apresentamos a terceira parte deste trabalho, traduzido em imagens criadas por alguns dos melhores designers de roupa em atividade. Rebelde, Erudita, Poser. Três tipos femininos bem demarcados servem como parâmetros para a moda da estação. Os três estão alinhados, repectivamente, com os conceitos de Mobilidade, Encadeamento e Extraordinário, identificados e

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amplamente divulgados nos trabalhos anteriores do nosso portal e agora sintetizados para o leitor do UseFashion Journal. Nas outras editorias, acompanhe nossa Reportagem que faz uma investigação sobre as principais características do jeans pelo mundo. Veja como Brasil, Estados Unidos, Japão e alguns países da Europa desenvolvem seus jeans. Em Vestuário, leia o comentário especializado de nossa consultora em malha retilínea, Angela Aronne, sobre o tricô, o aspecto hand made e as novas tecnologias. Confira como as máquinas estão ampliando as possibilidades para o setor. Em Visual de Lojas, passeie com a gente pela Armani/5th Avenue, em Nova York, que reúne todas as grifes assinadas pelo estilista em um só lugar. Veja ainda uma entrevista com Renato Kherlakian, ex-Zoomp, que agora lança sua nova grife de jeans Premium, a RK. Na editoria Infantil, acompanhe as Megatendências para o inverno 2010. Em Acessórios, conheça o trabalho de joias cotidianas de Mana Bernardes que poderá ser encontrado nas lojas do MoMA de Nova York e do Japão a partir de maio. Tudo isso e muito mais no UseFashion Journal desse mês. Boa leitura e ótimos negócios!

Diretor-Presidente Jorge Faccioni Diretora Alessandra Faccioni Diretora de RH Patrícia Santos Diretor de Redação Thomas Hartmann Diretora de Pesquisa Patrícia Souza Rodrigues

NÚCLEO DE PESQUISA E COMUNICAÇÃO Editora-Chefe Journal Inêz Gularte (Mtb 7.775) Subeditora Portal Aline Moura (Mtb 5.717) Gerente de Inovação Daniel Bender (Mtb 11.540) Edição de Moda Eduardo Motta (consultoria) Redação Aline Ebert (Mtb 13.687), Fernanda Maciel (Mtb 13.399), Lisie Venegas (Mtb 13.688) e Tiago Fioravante (assistente) Produção de Arte Ingrid Scherdien (design gráfico), Eduardo Nipper (tratamento de imagens), Carine Hattge (revisão de imagens), Jucéli Silva e Vanessa Machado (web design) Assessora de Planejamento Angelita Manzoni Equipe de Pesquisa Nájua Saleh e Juliana Nascimento (moda), Aline Kämpgen (assistente de coordenação de imagens), Aline Romero, Carlos Paredes, Eduardo Nipper e Lisiane Ramos (classificação vitrines e desfiles), Vanessa Faccioni (visual de loja) Consultores Angela Aronne (malharia retilínea, underwear e beachwear), Eduardo Motta (calçados e bolsas), Juliana Zanettini (jeanswear), Paula Visoná (malharia circular e vestuário masculino) e Renata Spiller (infantil) Colaborou nesta edição Fábio Pezzi Parode

UseFashion Journal (ISSN 1808-6829) é uma publicação mensal do Sistema UseFashion de Informações Tiragem: 10.000 exemplares Impressão: Midia Gráfica - RBS Vários dos conteúdos que abordamos nesta edição podem ser complementados no portal usefashion.com. Alguns são de acesso exclusivo para assinantes do portal. Ligue 0800 603 9000 e veja como acessar. Os textos dos colunistas e colaboradores são de responsabilidade dos mesmos e não representam necessariamente a opinião da empresa. Todos os produtos citados nesta edição são resultado de uma seleção jornalística e de consultoria especializada, sem nenhum caráter publicitário. Todas as matérias desta edição são de responsabilidade do Núcleo de Pesquisa e Comunicação da UseFashion. Proibida a reprodução, no todo ou em parte, sejam quais forem os meios empregados, sem a autorização por escrito do Sistema UseFashion de Informações.

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Jorge Faccioni Diretor-Presidente

ERRATA: Na página 63, onde consta Juuhn.J, a grafia correta é Juun. J.

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por tal usefa s hion .com CO N T E Ú D O PA R A A S S I N A N T E S

foto: divulgação

VAREJO SE PREPARA PARA O DIA DAS MÃES O portal iniciou em março uma série de reportagens sobre as ações do comércio de moda para garantir que o próximo Dia das Mães seja lucrativo, mesmo frente ao cenário de retração do consumo das famílias. A publicação do conteúdo, de caráter estratégico, segue até o mês de maio. Um dos exemplos é o da marca de vestuário Gregory, que com várias sedes espalhadas

pelo Brasil, prepara as vitrines com cerca de um mês de antecedência. Uma das estratégias é fazê-las atrativas para as mães e também para os maridos e filhos, afinal, são eles que compram os presentes. Além disso, o setor de marketing da empresa dá uma dica lucrativa: kits prontos agilizam a escolha e facilitam a venda. Acompanhe a série no link de notícias do Portal UseFashion.

TOP 5 FEIRAS Fevereiro e Março

foto: © Agência Fotosite

Tendências de desfiles Seguindo a lógica de publicar tendências de desfiles por semana de moda, a partir de abril os assinantes do portal UseFashion terão acesso ao que de melhor apareceu nas Semanas de Moda Feminina de Nova York, Londres, Milão e Paris.

MILANO UNICA - MODA IN/VERÃO 2011: a área de maior representatividade da Milano Unica aparece em 449 fotos no Portal UseFashion. Digite http://tinyurl.com/usemmi2011.

MARGIN LONDON/INVERNO 2010: a feira de tendências street londrina é sempre boa inspiração. Digite http://tinyurl.com/usemal2010.

MILANO UNICA - IDEACOMO/VERÃO 2011: as cores predominantes nesta feira foram vermelho, rosa, azul e branco, mas não se pode esquecer dos tons pastel. Digite http://tinyurl.com/usemui2011 para ver a feira na íntegra.

BUBBLE LONDON/INVERNO 2010: a feira londrina é referência para o universo infantil. Entre os destaques, mais de 400 fotos de estandes. Para a feira completa, digite http://tinyurl.com/usebbl2010.

CALENDÁRIO 15 a 17 – Lineapelle 28 a 2 de maio – Minas Trend Preview

MAIO

NOVIDADE

BREAD & BUTTER/INVERNO 2010: a última edição da feira em Barcelona foi publicada ainda no final de janeiro, mas continua sendo a mais visitada no Portal UseFashion. Digite http://tinyurl.com/usebbb2010 para a cobertura.

ABRIL

Catálogo Gregory Inverno 2009

12 a 15 – Texfair 16 a 20 – Vicenza Oro Charm

SURPREENDA-SE COM O QUE O PORTAL USEFASHION.COM PODE LHE OFERECER!

ASSINE! LIGUE: Michael Kors | Nova York

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DICAS

DA REDAÇÃO EXTREME BEAUTY

foto: divulgação

Até o dia 10 de maio, no Palazzo della Regione de Milão, acontece a exposição Extreme Beauty. A mostra traz as 100 melhores fotografias de moda publicadas nos últimos 80 anos na revista Vogue americana. A iniciativa, que tem como curador e diretor artístico Jean Nouvel, também questiona o papel da beleza na sociedade e da forma como os padrões se alteraram ao longo dos anos. Annie Leibovitz, Steven Klein, Irving Penn, Edward Steichen, Erwin Blumenfeld e Helmut Newton são alguns dos fotógrafos que têm seus trabalhos expostos. Confira: http://en.wordpress.com/tag/ palazzo-della-ragione/

foto: reprodução

VALENTINA A designer russa Valentina Sanina Schlee (1899-1989), conhecida por vestir celebridades como Greta Garbo, Gloria Swanson, Katharine Hepburn, Millicent Rogers, e Audrey Hepburn, entre outras, na década de 40, ganhou uma exposição no Museum of the city of New York. A mostra Valentina: American Couture and the Cult of Celebrity, que vai até o dia 17 de maio, apresenta coleções, fotografias e material impresso sobre a estilista. Simultaneamente com o evento está sendo lançado um livro com o mesmo título. Acesse: http://www.mcny.org/exhibitions/current/ Valentina.html

REM KOOLHAAS’S PRADA TRANSFORMER

O Transformer combina os quatro lados de um tetraedro, hexágono, cruz, retângulo e círculo, em um pavilhão, e é totalmente coberto com uma membrana elástica, tendo, em cada lado plano, um evento diferente, criando um local com quatro identidades. Mais informações: pradatransformer.co.kr

foto: reprodução

Miuccia Prada em parceria com o arquiteto Rem Koolhaas inauguraram neste mês de abril o Transformer, um imenso espaço concebido para abrigar arte e formas variadas de expressão em Seul na Coreia do Sul. A Prada, além de manter a Fundação Prada, em Milão, investe fortemente em projetos culturais de arte contemporânea e uniu essa iniciativa ao projeto arrojado de Koolhaas resultando neste trabalho espetacular.


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Embora dividido entre a parte inferior, de apelo tradicional, e a superior, de estilo forte, o resultado tem bom equilíbrio. O lenço multicolorido associado ao casaco laranja conduz a atenção para cima e valoriza o rosto.

Este modelo de óculos Dolce & Gabbana, pequeno e de lentes retas, integra os elementos de gosto clássico do look. Interessante o casaco acolchoado, de frente lisa na área do abotoamento em martingale, e gomos deslocados para as mangas e costas. Carteira bem pequena, em couro, leva apenas o essencial para uma saída curta.

Calça reta, em cor sóbria, evoluindo larga até a barra. O modelo ajuda a dar fluidez e movimento.

Básico com personalidade. Dos acessórios à roupa, o conjunto transmite urbanidade e conforto. As proporções e a silhueta desenhada pela calça reta e pelo casaco acinturado são clássicas. O look é atualizado na cor, na matéria-prima e no detalhe.

Abotinado de salto baixo em tonalidade tradicional. O bico quadrado e não muito largo é atemporal. Ele equilibra as relações entre conservadorismo e modernidade que colidem nesta imagem.


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Ainda que mais composto que o outro, este look estabelece uma relação semelhante entre o contemporâneo e o tradicional. Absolutamente monocromático e em cor sóbria em todos os elementos, ele guarda surpresa na modelagem da saia e no dimensionamento do acolchoado.

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A bolsa pequena e de alças finas só confirma a coerência das escolhas. Além da monocromia radical, a moça acerta também no que são as novas proporções.

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Cachecol liso e marrom, como era de se esperar nesta composição em que a cor é música de uma nota só.

Bela jaqueta de espírito utilitário, definido nos grandes bolsos frontais externos. O acolchoado é construído em filetes regulares. Dá ritmo à superfície e foge do lugar comum.

Para executar esta saia de comprimento discreto, pouco acima do joelho, foi empregada grande quantidade de material. O tecido farto, entretanto, desaparece sob as pregas profundas. Ele só é revelado no movimento, pelo arremate em efeito balonê.

Bota discreta, de salto baixo e couro de acabamento natural.


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paparaz zi

fotos: © Agência Fotosite

MONOCROMIA À TODA PROVA

s bastidore ha, nos a c n o a R b b o c a Co &G le Dolce fi s e d o d o em Milã

Pink, na primeira fila do d de Stella esfile McCartn ey, em P aris

Raquel Zimmermann, nos bastidores do desfile de Stella McCartney, em Paris

Tudo azul para Raquel Zimmermann. Vermelho total para a cantora Pink e rosa absoluto para a modelo Coco Rocha. A monocromia gravita nos bastidores das grandes semanas de moda, tanto quanto nas passarelas. A preferência por looks dos pés à cabeça (head to toe), chega inevitavelmente aos macacões e casacos que funcionam como vestidos.


28 de ABRIL a 2 de MAIO de 2009 Alphaville

Lagoa dos Ingleses

Belo Horizonte Minas Gerais

O Minas Trend Preview é o único evento de pré-lançamentos já consolidado como um dos maiores acontecimentos de moda e comportamento do país. E claro, um importante espaço de geração de negócios. São palestras, desfiles e salão de negócios para lojistas de todo o Brasil, compradores internacionais, jornalistas e formadores de opinião. Conceito inédito no Brasil, o Minas Trend Preview promove a troca de conhecimento, a integração entre profissionais e estimula o crescimento e a organização do setor. O Minas Trend Preview, através da coleção de pré-lançamento, auxilia o lojista e impede a desvalorização das marcas com liquidações prolongadas.

www.fiemg.com.br/mtp


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ves t uário

O HAND MADE E A TECNOLOGIA NOVOS TRICÔS ALIAM EXCLUSIVIDADE DO ARTESANAL À PERFEIÇÃO DOS ACABAMENTOS E PRODUTIVIDADE DAS MÁQUINAS POR ANGELA ARONNE *

A técnica do tricô feito à mão é muito antiga. Desde a década de 20, as mulheres passam a arte de tricotar e fazer crochê hand made, de mãe para filha. Até a década de 70, em quase todas as famílias, era possível encontrar mulheres que haviam tecido pelo menos um modelo de suéter ou cachecol artesanalmente. A moda do pós-guerra não se limitou a mudar o estilo das roupas para peças mais práticas e fáceis de usar. Foi justamente nesta fase, que entraram em cena as peças sem abotoamento. Os cardigãs de tricô e os suéteres confeccionados à mão se popularizaram, principalmente os de aspecto pesado. Eles eram muito usados para os passeios ao ar livre e também para as práticas de esportes de elite. Antes da era industrial, não existiam muitas possibilidades de inovação na construção dos processos de tramas. A variedade era construída às custas da troca de receitas de pontos nas tecelagens manuais. Nelas, eram testados fios e fibras de diferentes torções, as agulhas eram variadas com criatividade e a agilidade das mãos era posta à prova. Este processo não mudou praticamente nada até os dias de hoje. O que foi mudando, constantemente, foi o acervo de pontos construídos e criados pelas mãos das artesãs. Peças artesanais e o processo hand made nunca estiveram fora das passarelas por completo. Sempre existiram poucos e bons exemplares nas semanas de moda. Mas, no verão 2010, a proposta do hand made cresceu consideravelmente. Marcas como a Kenzo, Dries Van Noten e Sonia Rykiel colocaram, em suas coleções, ótimos exemplos elaborados com técnica de crochê em peças contemporâneas. Além de acompanharem as modelagens amplas da estação, buscaram tramas e nós que trabalham inovações em vazados e em texturas singulares, mas sempre mantendo a sistemática dos pontos milenares. A tendência chamou atenção dos estilistas nacionais que se adiantaram na proposta e a incluíram em suas coleções para as semanas de moda brasileira de inverno 2009. Destaque para o trabalho de Erika Ikezili. A estilista renovou por completo a arte do crochê com suas assimetrias, abotoamentos deslocados, recortes e misturas de materiais que causaram um efeito singular. No inverno 2010, a proposta do hand made já se mostra presente, mas evolui para as técnicas de teares com tramas múltiplas e tranças, além de técnicas de macramê. A marca Topshop Unique chamou atenção em peças amplas como os maxissuéteres, casacos longos e acessórios na semana de moda de Londres. Kenzo | Paris | verão 2010


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fotos: © Agência Fotosite

A tendência mais relevante para o mercado, é a união da arte de construir pontos do processo hand made com a tecnologia cada vez mais avançada das máquinas retilíneas. Mesmo que ainda não sejam perfeitas na reprodução impecável e invejável do tricô ou crochê artesanal, estas máquinas estão bem adiantadas em relação a efeitos e inspirações. Vale lembrar que quando pensamos em processo produtivo sabemos que o valor agregado da peça única e exclusiva tecida pelo processo hand made é um luxo para poucos. A mão de obra disponível no mercado para a produção destas peças está cada vez mais escassa e, portanto, é muito valorizada, resultando em um produto com custo elevado. A boa notícia é que a empresa que trabalha com custo real para a classe média e que precisa ter um giro mais rápido, mas não quer e não deve ficar de fora das propostas de tendências da estação, tem cada vez mais a tecnologia evoluindo a seu favor. As empresas que produzem as máquinas retilíneas estão investindo em serviços personalizados e os setores de pesquisa de moda estão trabalhando em conjunto com técnicos na busca pela perfeição. Se por um lado, a máquina perde na fidelidade absoluta de determinados pontos, por outro se ganha em produtividade e na perfeição dos acabamentos que, na maioria das vezes, ficam mais grosseiros feitos a mão. Vale ressaltar que nas passarelas de inverno 2010, tanto no masculino como no feminino, podemos observar boas construções em que a tecnologia atua a favor da criatividade dos estilistas na busca de simulação de efeitos desgastados, dos processos de alfaiataria, dos acabamentos de tecido plano, só para citar alguns exemplos. O que se percebe é que o trabalho hand made continua sendo valorizado, mas evoluiu para o desafio da reprodução da arte pela tecnologia. Trabalhando assim o conceito de tendência e de moda a favor do que é viável para a indústria.

* Angela Aronne é consultora de moda da UseFashion, especialista na área de malharia retilínea, lingerie e beachwear. Tem formação universitária na área de comunicação e é pós-graduada em Moda, Consumo e Comunicação pela PUCRS. Atuou por mais de 15 anos nas áreas de desenvolvimento de produto e coleção em empresas como Paramount, Lacoste e Privet Label.

Dries Van Noten | Paris | verão 2010


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ves t uรกrio

Sonia Rykiel | Paris | verรฃo 2010

Erica Ikezili | SPFW | inverno 2009


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foto: reprodução/divulgação

fotos: © Agência Fotosite

TÉCNICA IMITA A ARTE

Peça confeccionada em máquina Shima

Topshop | Londres | inverno 2010

O último catálogo japonês das máquinas Shima mostrou peças criadas pela sua equipe de estilistas que procuraram simular o trabalho hand made. As peças tecidas em gauges cinco ou três sempre saem na frente na conquista de resultados mais fiéis. A escolha da matéria-prima também é muito importante. As fibras naturais e rústicas sempre têm um resultado mais interessante para esta proposta artesanal. Bons exemplos são as composições com linho, como algodão ou cashmere com linho. As misturas dos fios tecnológicos e sintéticos com os materiais naturais quebram a rigidez das peças e são mais próximas da realidade do mercado brasileiro. Nestes casos, vale lembrar das misturas destas fibras com poliéster e com o nylon, sem esquecer do conforto, dos elastanos. A mistura de gauges na mesma peça junto com a composição de regulagens também são responsáveis pelo dinamismo do tricô do próximo verão.


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ves t uário REPORT

O PODER DO ZÍPER fotos: © Agência Fotosite

DETALHE É PROTAGONISTA

Osklen | SPFW | inverno 2009

Animale | SPFW | inverno 2009

Embutido ou pespontado no tecido, o zíper é o detalhe protagonista do inverno 2009, como pôde ser visto na recente temporada de desfiles nacionais, quando o aviamento substituiu até mesmo os bordados. Nas passarelas internacionais para o verão 2010, os modelos como o “zip dress”, vestido feito com longos zíperes na parte frontal e central, também o coloca como ponto de destaque no modelo. Os banhos em prata lideram a preferência para o zíper. Breve histórico do zíper

Versace | Milão | verão 2010

O zíper foi criado por Witcom Jadson em 1891 para substituir o cadarço nos calçados. Durante a I Guerra Mundial, por conta de sua praticidade, o aviamento foi muito utilizado nos uniformes dos soldados americanos. Contudo, graças à estilista Elza Schiaparelli, em 1935, o zíper ganhou status de moda. Entre seus principais precursores estão André Courrèges, Mary Quant, Yves Saint Laurent e os jeans Lee.


ves t uário REPORT

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ART DÉCO MALHARIA CIRCULAR EXPLORA A REFERÊNCIA fotos: © Agência Fotosite

Byblos | Milão | verão 2010

Julien Macdonald | Londres | verão 2010

Trabalhar peças sob a influência das linhas estilísticas da Art Déco é uma boa pedida. Este movimento artístico, que teve como marco a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas, no ano de 1925, em Paris, privilegia o geometrismo e a estilização de linhas retas e circulares, bem como a abstração. O designer britânico Julien Macdonald explorou de modo peculiar a temática Art Déco em peças muito fluídas concebidas em jérsei luminoso. A convergência de volumes calculados é uma característica do estilo de modelagem deste período, visto que a influência aerodinâmica também tratava de produzir seus efeitos na concepção de modelos para vestir. Este mesmo princípio é perceptível na peça da marca Byblos que busca concentrar os drapeados na região do busto. Veja outros destaques de vestuário em www.usefashion.com no link Report.

Julien Macdonald | Londres | verão 2010


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c alç ados & bol s a s

CADA UM NO SEU QUADRADO EFEITOS QUADRICULADOS VALORIZAM MODELAGEM DO CALÇADO

POR INÊZ GULARTE CONSULTORIA: EDUARDO MOTTA

fotos: © Agência Fotosite

Jil Stuart | NY

Eley Kishimoto | Londres

Marni | Milão

INVERNO 2010

Baby Phat | NY

VERÃO 2010

Christopher Kane | Londres

Akris | Paris

Miu Miu | Paris

Yves Saint Laurent | Paris


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De repente, as coleções passaram a exibir roupas com divisões demarcadas por linhas verticais e horizontais, formando estes efeitos de rede quadriculada. Agora é a vez dos calçados e bolsas. O efeito gráfico e ritmado funciona hoje como já funcionou no passado. No caso do calçado, a utilização de tiras tramadas no cabedal é coisa antiga e garante uma montagem ajustada, valorizando a modelagem. Para as próximas temporadas, outras técnicas entram em cena aliadas a estas configurações obtidas com linhas retas. Os vazados são um exemplo disso. A referência é sempre na geometria, uma base que garante o caráter atemporal e a empatia do consumidor de ontem e de agora.

Monumento Russo Construtivista

Modelo cage 1990 Andrea Pfister

No verão 2010, a Akris apresentou vestidos com vazados a laser explorando o efeito. A Miu Miu aderiu à tendência na bolsa plástica e, na Yves Saint Laurent, o recurso foi elevado à máxima potência no salto “gaiola” (cage) construído em metal (o que garante a sustentação) totalmente vazado. No inverno 2010, esta espécie de renderizado mostra fôlego desdobrando-se no vestuário, vide Christopher Kane em meias e cabedais. Como nada acontece por acaso, é bom saber de onde tudo isso vem à tona.

Salto cage Década de 50

Influências Recentemente, o Construtivismo russo e outros movimentos artísticos de vanguarda do começo do século XX entraram no rol de fontes de pesquisa de marcas influentes e ganharam visibilidade no planeta fashion. Daí a chegar aos nossos pés, é um passo.

Pintura de El Lissitzky

Do ponto de vista das artes plásticas, toda a arte abstrata geométrica do período que vai de 1920 a 1940 pode ser tratada como construtivista. A característica comum e que foi incorporada pela moda é o emprego de elementos geométricos e cores primárias. O Construtivismo teve influência profunda na arte e no design moderno e está inserido no contexto das vanguardas estéticas europeias do século XX.

fotos: reprodução

Mondrian, o pintor holandês conhecido como o mais importante teórico do Neoplasticismo, movimento que propôs reduzir a arte a funções matemáticas (uma das varáveis dos movimentos de tendência construtivista) também é uma forte referência para essa volta às linhas retas. Depois de uma fase impressionista no início de sua carreira, em que pintava paisagens, foi fortemente influenciado pelo cubismo e passou a criar telas cada vez mais abstratas. A série Composições é um dos pontos altos do Neoplasticismo, em que o pintor cria usando apenas o preto e o branco, as cores primárias e os quadriláteros.

cage = gaiola

Pintura de Mondrian, da série Composições

Moholy Nagy Construtivista

Nike inspirado em Mondrian


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bol s a s REPORT

FAZENDO A DIFERENÇA fotos: © Agência Fotosite

ESTAMPAS DA PRÓXIMA TEMPORADA DÃO TOQUE ESPECIAL ÀS BOLSAS

Fendi | Milão | verão 2010

Christian Lacroix | Paris | verão 2010

Importantíssimas para diferenciar e dar toques de personalidade, as estampas se destacaram nas semanas de moda internacionais para o verão 2010. Os florais vieram não apenas estampados, mas também aplicados sobre as bolsas. Exemplo disso pode ser visto na Christian Lacroix, em que a combinação de estampas e aplicações gerou confusão visual e um efeito inusitado. Onde começa a estampa e onde termina a aplicação? Além das flores, de todos os tipos, as folhas estilizadas ganharam as bolsas da temporada. Os poás e as estampas sobre o tressê também estiveram presentes.

Stella McCartney | Paris | verão 2010


bol s a s

REPORT

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JOIAS APLICADAS PEDRARIAS SÃO TENDÊNCIA fotos: © Agência Fotosite

Carlos Miele | Nova York | verão 2010

Donna Karan | Nova York | verão 2010

Em uma ligação forte com a Art Déco, da Megatendência do verão 2010 Tecno Déco, as gemas - ou pedrarias - trazem como influências formas geométricas e o reflexo do brilho. A tendência apareceu nas Semanas de Moda de Nova York, Paris e Milão. Nos desfiles, de maneira sincronizada ou aleatória, as gemas foram utilizadas sobre bolsas e carteiras, valorizando as peças e agregando sofisticação. Cristais dão brilho e originalidade. Eles podem ser aplicados uniformemente, como fez Dolce & Gabbana, ou de forma desorganizada, como optou Donna Karan. Os principais formatos variam entre os quadrados, baguetes, ovais e lágrimas. Em alguns casos, os minerais são tão rígidos que a forma original permanece. Estas são as gemas que possuem maior valor de mercado. Outra forma criativa de lançar pedras às bolsas é variar nos seus tamanhos, cores e formas. Para saber mais sobre as tendências para bolsas, acesse o portal www.usefashion.com, no link Report.

Lanvin | Paris | verão 2010


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aces sórios

Móbile da série "Interseções Articuláveis" feito em cano de esgoto e filme.


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fotos: Mauro Kury/divulgação

Mana Bernardes com colar de polietileno destrançado e esfera de prata com ímã.

DESIGN NACIONAL NO MoMA TODA GRANDIOSIDADE DAS JOIAS COTIDIANAS DE MANA BERNARDES POR INÊZ GULARTE Neste mês, suas peças começam a ser comercializadas nas lojas do MoMA de Nova York e também do Japão. Designer, poetisa e artista plástica, Mana Bernardes é o tipo de pessoa cujo trabalho não encontra limites. Transita com a mesma naturalidade entre os museus de arte, as aulas de artesanato para comunidades carentes, as novelas e o Saara (rua de comércio popular no Rio de Janeiro). Conhecida principalmente pelas joias feitas em materiais recicláveis, atualmente suas peças estão no ar em horário nobre, usadas pela personagem Ciça, interpretada por Aninha Lima em Caminhos da Índia, da TV Globo. Mas há muito mais a dizer sobre ela. Suas joias, manuscritos e instalações estão ganhando o mundo (veja box Realizações). Carioca, nascida em uma família de artistas e intelectuais, é neta do arquiteto Sérgio Bernardes, filha do cineasta de mesmo nome e da socióloga

Rute Casoy. Conta que seu trabalho foi influenciado pelo meio em que viveu. Mas, quem acha que ela considera o fato de ter sido criada entre artistas o mais importante, se engana. “O principal foi pertencer a uma família de educadores, multiplicadores, pessoas generosas”. Conta que seu pai um dia disse: “Você vai fazer um colar que é uma coisa tão pequena? Então você vai ter que entender o universo que está contido nisso. Uma coisa pequena pode ter grandeza”. Vem desta experiência a nobreza que Mana encontra em materiais simples do dia-a-dia. Restos de garrafa PET, palitos de madeira, grampos, bolas de gude, fios... Tudo pode virar joia pela mente dessa artista que começou a fazer colares aos sete anos. O olhar apurado sobre o cotidiano foi desperto a partir de uma visita com seu pai a uma tribo Pataxó. Vendo que tudo ao redor dos índios virava ador-

no, percebeu que, ao invés de miçangas, devia usar mais o que estava à sua volta. A designer avisa que não existe uma regra em relação aos materiais que usa. “Eu busco uma ideia e o material mais cotidiano para se adequar a ela, mas isso não significa que trabalho apenas com reciclados”. Mana afirma que criar de forma sustentável é importante. “Não adianta ter um material reciclado em um processo onde as pessoas ganham miseravelmente para produzir”. Mas alerta: “Meu compromisso é com a ideia e a forma”. Por isso, prata, pérolas, e outros materiais considerados nobres também são bem-vindos, desde que adequados ao seu projeto. O que a inspira é a natureza. “Ela que me estimula. A biônica da natureza, como são as folhas, os meus processos, o que estou vivendo, o meu corpo, a poesia”.


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aces sórios

Por outro lado, a cultura nacional está muito enraizada em seu trabalho. “Eu tenho paixão absoluta pelo Brasil. Meu pai fez um banco de imagens do país, eu viajei muito com ele”. Manifestações populares e os processos artesanais típicos da nossa cultura são influências presentes em suas criações. No momento, declara que está muito mais ligada ao pensamento do que ao produto. “O produto é uma equação que não fecha”. Diz que sua produção é muito simples, apenas uma coleção por ano, e em pequena escala. Trabalhando sobre o tripé educação, arte e design ela avisa: “Estou cada vez mais ligada a formar pessoas, dar palestras, workshops, consultoria”. Nesse sentido, seu curso “D + da Conta” já formou 300 adolescentes na ONG Ser Cidadão. Sem poder dar muitos detalhes, pois ainda precisa manter sigilo, conta que está trabalhando em um grande projeto com artesãos, a convite da prefeitura de Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. Está atuando também com a rede Asta, um projeto de venda de artesanato brasileiro pela internet (www.redeasta.com.br). Para esse ano, deve lançar um livro de poesias todo manuscrito.

REALIZAÇÕES

Grampoleta, "Coleção Permeável", em corda de polietileno oca, pérolas e grampos.

O potencial criativo de Mana já rendeu parcerias com artistas e marcas de diversas áreas. Em 2004, fez a coleção de joias “Brincadeira de Bic” para a marca À Colecionadora, da estilista Luisa Marcier. Já em 2005, convidada pelos Irmãos Campana, expôs na Fundação Cartier, na França. Lá apresentou o móbile de 8 metros “Um Fio para Um Espaço” e o vídeo-arte “Conectar-se Pelo Cordão”, projeto que participou da mostra comemorativa da revista inglesa “I-D”, passando por seis cidades entre elas Londres, Paris e Tóquio. Em 2006 fez sua primeira exposição individual, “O Trabalho é Seu”, no Paço Imperial do Rio de Janeiro. “Raízes de Melissa” foi a

instalação feita com 300 sandálias da marca, que trabalhava o tema Sustentabilidade no evento São Paulo Fashion Week 2007. No mesmo ano, Mana concebe a obra “No Papel não caberia, O que no corpo já não cabia, Na poesia caberia” uma escultura de 3x3m feita com luz e lâminas papel vegetal, integrante da exposição “Moradias Transitórias”, exposta no Museu Nacional de Brasília. Em 2008, Mana voltou à semana de moda de São Paulo com seus poemas manuscritos impressos na coleção da marca UMA, de Raquel Davidowicz. Fonte: www.mana.cx


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fotos: Mauro Kury/divulgação

Colar Escamalar

Bracelete Escama em Pet

Colar Gude: "Esferas que flutuam numa rede"


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radar internac ional V E R ÃO 2010

UMA QUESTÃO DE PELE Cobras, iguanas, crocodilos, girafas, leopardos: o mundo dos acessórios é um zôo! As texturas dão volume ao couro, as estampas simulam. Em todos os casos, o ganho visual é sempre grande quando a moda mimetiza o mundo animal. Observe que há uma infinidade de acabamentos à disposição. Alguns são opacos e secos, outros metalizados e brilhantes. De forma explícita, combinando inclusive na cor, algumas marcas oferecem conjuntos idênticos. Outras optam por associações sutis, mas todas trabalharam com a ideia de coordenação.

Giorgio Armani | Milão

Giorgio Armani | Milão

Gucci | Milão

Gucci | Milão

Lanvin | Paris

Lanvin | Paris

Miu Miu | Paris

Miu Miu | Paris


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Dior | Paris

Dior | Paris

fotos: © Agência Fotosite

Louis Vuitton | Paris

Salvatore Ferragamo | Milão Louis Vuitton | Paris


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radar nac ional I N V E R N O 20 0 9

ALTO CONTRASTE A definição gráfica, com a cor prata fazendo o papel do branco, pauta esta linha depurada. Aqui, mesmo as formas decorativas aparecem aplainadas pela sutileza. É o contraste entre superfícies opacas e brilhantes e a dualidade do claro com o escuro que comanda o resultado.

Beth Barreto para Imaginarium

Beth Barreto para Imaginarium

Iódice | SPFW

Francesca Romana Diana

Bijoux Swatch

Bijoux Swatch


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FESTA CROMÁTICA Nesta linha exuberante, a cor eleva a temperatura, emoldurada pelo dourado polido e pelo amarelo. A pedraria e os tecidos entram na receita para adicionar brilho e textura. A bijuteria transforma-se em uma festa para os olhos, ganha um tom levemente irônico e brincalhão para também divertir, além de enfeitar. Printing | Fashion Rio

Gabriela Aidar

fotos: divulgação

Gabriela Aidar

fotos: Juliano Arantes/divulgação

Camila Klein

Mary Design

Mary Design

fotos desfiles: © Agência Fotosite

Gabriela Aidar


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m a sc ulino

CONTORNOS MASCULINOS SILHUETA INSPIRADA NOS DÂNDIS POR FERNANDA MACIEL CONSULTORIA: PAULA VISONÁ

A moda masculina tem se mostrado um fértil terreno para novas investigações, pois – isso é fato – os homens estão mais conscientes de sua vaidade, o que incita os designers a buscar alternativas de silhueta também para os rapazes, a exemplo do que acontece com o vestuário feminino. Essa ideia rendeu boas representações para o designer João Pimenta. Em seu último desfile na Casa de Criadores, onde foram apresentadas propostas para inverno 2009, Pimenta causou alvoroço ao apresentar looks de cintura marcada, um exemplo de subversão da imagem do homem cristalizada no imaginário coletivo. “Fazendo contraponto às coleções masculinas disponíveis no mercado, busco na coleção inverno 2009 criar um certo desconforto no mercado de moda para os homens, exagerando as formas do quadril e obtendo assim este estilo ampulheta. Silhueta já velha conhecida das mulheres”, argumenta o João Pimenta. A coleção não tem um apelo andrógino. As propostas de Pimenta vão mais longe: para inovar a moda é preciso quebrar tabus. A silhueta, ao que tudo indica, é um deles, e o estilista se concentra nela para chegar a uma proposta radical. “O público feminino tem a sua disposição muitos recursos para correções e valorização das formas, porque não disponibilizar para os meninos?”, indaga. “A silhueta sugerida foi retirada dos recursos de modelagens comuns ao guarda-roupa feminino como pences, acinturamento e quadril. A ideia é levar o olhar para a linha da cintura através de inúmeros recursos como debruns, recorte e pences que invariavelmente se fecham num quadril estranho ao corpo

João Pimenta | Casa de Criadores | inverno 2009


fotos: reprodução

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do homem. Tecidos geralmente femininos como palha de seda, cetim e crepe são propostos sem abandonar o trabalho com moletons e malhas”, explica Pimenta. Segundo ele, a coleção foi pensada para homens bem-resolvidos que descobrem em recursos femininos uma forma de se diferenciarem dos demais e resgata uma fragilidade que eles tentam esconder.

Os Dândis eram cavalheiros românticos que buscavam diferenciar-se na multidão pela sua forma de vestir. A essência representativa dos dândis estava na roupa muito bem talhada e construída – fruto do apuro técnico dos alfaiates ingleses, que sabiam como ninguém trabalhar a casimira, ajustada ao corpo. Alguns simpatizantes do estilo eram mais austeros, e alimentavam uma visão intelectualizada. Para o poeta Baudelaire, por exemplo, ser dândi era rebelar-se contra os preceitos burgueses que contaminavam as artes puras. Mas, depois de um certo tempo, as roupas dos dândis, ou, daqueles que se entendiam como tal, sofreram grandes alterações. Uma delas diz respeito justamente à região da cintura, que passou a ser marcada pela utilização de espartilhos, o que evidenciava a região do dorso, tornando-a maior, além de evidenciar, sobremaneira, os quadris. Deste modo, o resultado se assemelhava muito ao formato de uma ampulheta, como em alguns looks da coleção de João Pimenta.

fotos: © Agência Fotosite

Ao valorizar a cintura, deslocando o entendimento de zona erógena que se tem a respeito do corpo masculino, ele também ofereceu uma leitura particular de um estilo que marcou época, o dandismo, e que, como quase tudo na moda, iniciou com um propósito e tomou outros rumos.

Jil Sander | Milão | inverno 2010


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m a sc ulino

Este formato em ampulheta foi adotado também por Raf Simons, na coleção de inverno 2010 da marca Jil Sander. Menos exagerado, mas não menos instigante, Simons explorou a região da cintura fundamentado na representação dândi do século XIX. Esta proposta de explorar formas sinuosas para a indumentária masculina serviu como mote para outros designers. Josep Abril para Armand Basi, alinhou-se com ela, ainda que de modo ameno. Damir Doma também demonstrou interesse em expor a sinuosidade do corpo masculino na coleção de Inverno 2010, porém aproximando esta premissa à moda streetwear.

fotos: © Agência Fotosite

Jil Sander | Milão | inverno 2010

Damir Doma | Paris | inverno 2010


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REPORT

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EFEITOS ESPECIAIS LOOKS AMASSADOS E DESPOJADOS fotos: © Agência Fotosite

Costume National | Milão | verão 2010

Burberry | Milão | verão 2010

Ao projetar coleções e concebê-las para o público masculino é imprescindível ficar atento aos novos efeitos e materiais sugeridos nas passarelas internacionais para o verão 2010. Feito através de processos de passadoria ou de fibras artificiais tratadas de modo a resultar em texturas diferenciadas, o efeito amassado destaca um ar despojado, como apontam as marcas Antonio Marras e Costume National em Milão. De forma sultil, esse efeito de superfície também foi a aposta da Louis Vuitton em Paris, utilizando-o principalmente nas calças masculinas. Já no caso da Burberry, o efeito foi momentâneo, servindo mais como recurso de estilo para a passarela. Entretanto, amassados dispersos e ocupando grandes áreas, como sugere o trench coat da marca, podem ser um recurso para diferenciar peças voltadas a um público reconhecidamente streetwear. Além de conferirem uma aparência moderna, efeitos desse gênero liberam as peças do cansativo trabalho de passar, o que permite maior agilidade ao vestir. Veja outros efeitos dos looks em www.usefashion.com no link Report e aproveite para conferir outros assuntos.

Antonio Marras | Milão | verão 2010


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in fantil

MEGATENDÊNCIAS INVERNO 2010 EDIÇÃO DE MODA: RENATA SPILLER

COLABORARAM: ANGELA ARONNE, EDUARDO MOTTA, JULIANA ZANETTINI, NÁJUA SALEH, PAULA VISONÁ E THOMAS HARTMANN

Em um segmento em que um choro vale mais que mil palavras, a crise pode ter um efeito menos devastador. Como declarou Ernst Kick, diretor da feira internacional de brinquedos de Nuremberg (Nuremberg Toy Fair 2009, ocorrida em fevereiro deste ano): “Nossos filhos são os últimos a quem atingimos nas contenções das despesas”. Os pais continuam exercendo uma forte influência sobre seus filhos até os quatro anos de idade e, muitas vezes, enxergam neles a segunda chance de realizarem seus sonhos frustrados, ou de externarem seus gostos e preferências. Por isso, passam a projetar nos filhos suas próprias aspirações.

fotos desfiles: © Agência Fotosite fotos feiras: UseFashion fotos referências: reprodução

Os valores dos pais pertencentes às gerações X e Y, que estão criando seus filhos hoje, são diferentes daqueles de tempos atrás. Se antes o mais importante era que a criança conseguisse no futuro uma boa colocação profissional, hoje os pais sonham primeiro em formar adultos generosos, competentes e conscientes, claro que bem-sucedidos.

COORDENAÇÃO DE PESQUISA: PATRÍCIA SOUZA RODRIGUES

Para a construção das Megatendências infantis, pesquisamos as principais feiras de moda do segmento, como Pitti Bimbo, Fimi, Bubble London, Children’s Club e Premier Kids. Também pesquisamos os lançamentos para os próximos anos em filmes, livros, séries, e fomos em busca de informações da feira internacional de brinquedos de Nuremberg. Além disso, é claro, nos mantivemos atentos às modificações e evoluções constantes das crianças, principalmente, as brasileiras. As Megatendências infantis foram alinhadas com os conceitos apresentados pelo preview de inverno 2010, e assim ganharam seus próprios nomes dentro de um mesmo conceito. Estes nomes foram escolhidos para tornar mais assertivo o trabalho dos criadores de moda brasileiros, pois traduzem conceitos gerais em uma imagem muito mais estreita. Dessa forma, para os criadores de moda voltada ao infantil, Encadeamento se transforma em Sensações, Mobilidade vira Conhecimento, e Extraordinário recebe ares de Sentimentos.


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ENCADEAMENTO:

SENSAÇÕES

O luxo é o passado com as tradições sendo revistas pelos maiores criadores de moda infantil do mundo, sob forma de antigos produtos repaginados e até antigos materiais e padrões clássicos com nova roupagem. O refinamento no uso dos materiais, o valor na durabilidade, o ciclo de vida maior do “estilo”, além do produto, é o luxo que pode vir junto com a crise. De que maneira? Com o aumento de brechós especializados e a ênfase na criação de peças bem-construídas e bem-acabadas. Aqui, percebemos com clareza a evolução de nossa Megatendência de verão 2010 Esperança. Uma certa austeridade pode aparecer com referências de um rock mais glamuroso usando tecidos nobres, silhuetas formais de referências passadas e releituras de dândis, ou, até mesmo com os esportes de montanha, em que se destacam principalmente nylons e peles.

QUEM FEZ Beatriz Montero, Lio Lio, Pum & Pollo, Moschino, Miss Blumarine, Liu Jo, I Pinco Pallino, Molo Kids, Lourdes, Byblos, Couche Tot, Dqueen Dking, Parrot, Ki6.

Lio Lio | Fimi

Liu Jo | Pitti Bimbo

CORES

Miss Blumarine | Pitti Bimbo

Parrot | Pitti Bimbo

REFERÊNCIAS

Preto

Branco

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Vancouver 2010 19-2434 tpx

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Dândis


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MOBILIDADE:

CONHECIMENTO

A nova relação com a herança cultural e um senso maior de sociedade. Valores que estão crescendo e sendo passados para as crianças fazem com que hoje exista a necessidade de vivência multicultural. O mundo para a criança não é mais algo desconhecido, tudo está ao alcance das mãos, principalmente dos olhos. Como já dizia a educadora italiana Maria Montessori, as crianças absorvem de maneira espontânea, como esponjas, todas as informações necessárias para sua vida diária e seu crescimento. A moda, nessa velocidade, transforma e mescla informações e cria divertidas composições. A arte ganha recursos tecnológicos e diversão e a procura por inserir mais cultura na vida da criança mistura referências antigas com novas técnicas. O tribaltech e as imagens em pixels aguçam a curiosidade dos pequenos e são toques que revelam o crescimento de uma nova geração tanto de filhos como de pais. Rússia e Índia são fortes referências, mas preste atenção também à Dinamarca e à Finlândia, que vêm se destacando com seus têxteis, e à África, principalmente pela Copa do Mundo. Destaque para o uso de técnicas como o Ikat, tanto da forma antiga como digitalizado, uma evolução do tie-dye usado no verão.

QUEM FEZ Nolita Pocket, Molo Kids, Clayeux, Hooligans, Right Bank Babies, Woolrich Kid, No Added Sugar, Elsy, Diesel.

No Added Sugar | Bubble London

Molo Kids | Bubble London

CORES

Agatha Ruiz de La Prada | Pitti Bimbo

Woolrich Kid | Pitti Bimbo

REFERÊNCIAS

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Lembranças étnicas

Pac Man


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EXTRAORDINÁRIO:

SENTIMENTOS

O crescente número de expositores nas últimas edições das feiras infantis torna visível a procura de produtos conscientes, englobando tanto aqueles produzidos com processos sustentáveis, os chamados produtos verdes, como aqueles confeccionados com fibras artificiais por meio de novos processos. É a união de tecnologia e sustentabilidade com menos resíduos. Mais do que consciência ecológica, o que surge agora é um consumidor mais preocupado, mais informado e que quer muito além do produto. O consumo sentimental cresce entre os pais. E quem consome mais com sentimentos do que a criança? Então, a ideia é juntar o sentimento dos pais com o das crianças surgindo assim produtos divertidos. A ecologia surge como mais uma forma de consumir com inteligência. Felicidade, diversão, intensidade são algumas das palavras desta megatendência. Simplicidade e conforto são importantíssimos e a preocupação com o bem-estar da criança faz com que modelagens sejam programadas para seus movimentos. A criança se veste para expressar e as estampas ganham destaque com suas mensagens. Os detalhes demonstram a arte da escolha e da vida. As empresas e os clientes começam a chegar a um acordo ligado à qualidade de vida. Novos velhos conceitos vêm à tona, a valorização da família cresce, o retrô e o vintage ganham ainda mais força. Como apoio ao extraordinário infantil surgem super-heróis, piratas e outros personagens do imaginário dos pequenos.

QUEM FEZ Moschino, Toby Tiger, Baby Shoks, Ice Ice Iceberg, Laura Biagiotti, Il Gufo, Nanoou, Cat, No Added Sugar, Agatha Ruiz de la Prada, Gato Tomas, Green Baby.

Green Baby | Bubble London

Gato Tomas | Bubble London

CORES

Moschino | Pitti Bimbo

REFERÊNCIAS

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Trompe L’oeil | Arte de Julian Beever 13-0540 tpx

Ice Ice Iceberg | Pitti Bimbo

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As pinturas do profeta gentileza nas ruas do RJ


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acontece fotos: divulgação

CINCO SENTIDOS DO LUXO 48ª FENINJER | INVERNO 2009

Pingente Gênesis

Anel Márcia Mor

Considerada a maior feira do setor na América Latina, a 48ª edição Feninjer (Feira Nacional da Indústria de Joias, Relógios e Afins), realizada entre 14 e 17 de fevereiro em São Paulo, apresentou joias inspiradas nos cinco sentidos do luxo como tato, paladar, audição, visão e olfato. No total, foram 150 fabricantes nacionais expondo as peças desenvolvidas para a temporada de inverno 2009, que engloba importantes datas, entre elas o Dia das Mães e dos Namorados, períodos de vendas intensas para o setor. Um das ideias reforçadas pelas marcas presentes no evento é a de que as joias atualmente são itens que cada vez mais transitam no dia-a-dia das pessoas, diferentemente de outras épocas em que eram usadas somente em ocasiões especiais. Segundo Regina Machado, consultora de moda do IBGM (Instituto Brasileiro de Gemas e Metais), o clássico design se misturando a linhas modernas é um dos conceitos que irá prevalecer no próximo inverno 2009 e que também deverá influenciar o verão 2010. Ela destaca seis caminhos para a temporada. O primeiro deles é “A Fantástica Fábrica da Joalheria”, representado por miniaturas em ouro e em diamantes que reafirmam a habilidade de renovação do segmento e seu poder de seduzir uma nova geração de consumidores, os kidults (leia artigo no link Tribos do portal www.usefashion.com). Em “Cosmopolitans”, coleções que valorizam o metal com texturizados e diamantes, em que um dos pontos altos é a combinação bicolor do ouro amarelo e branco. Já em “Multiculturalismo fashion” estão peças exuberantes e exóticas que exalam a diversidade cultural, através das cores e formas inspiradas em hábitos e costumes de povos distintos. Gemas grandes e coloridas têm presença garantida.

Em “Fidelizando os clássicos”, Regina classifica as joias que foram hit no passado e que agora se fazem presentes na contemporaneidade, o que vai ao encontro da tendência “Pérolas para que te quero”, as tradicionais esferas da joalheria. Em tonalidade branca, chocolate ou dourada, essas gemas orgânicas se mostram como verdadeiros coringas. Por fim, em “Pela graça da mistura”, o glamour das gemas no DNA Brasil, em que temas florais e a precisão geométrica das formas arquitetônicas são estilos estéticos que revelam a identidade brasileira.

Brinco Manoel Bernardes

Destaques Não há dúvida de que as esferas serão estrelas do inverno 2009 e verão 2010, e as pérolas, principais representantes desse formato, foram apontadas como protagonistas. Em tonalidade branca, chocolate ou dourada, essas gemas orgânicas aparecem em anéis, brincos e pulseiras tanto para jovens como para senhoras. Outro item bastante presente são as resinas misturadas aos metais nobres. As flores e os corações dão vida ao material e se mostram excelentes aliados na criação de peças volumosas e preços baixos. Os laços também arrematam muitos modelos e parecem fazer uma conexão entre uma mulher racional e ao mesmo tempo romântica quando compõem os detalhes ou o look todo. Feitos em ouro branco, amarelo ou rose, na maioria dos casos, eles vêm cravejados por diferentes pedras, como diamantes, rubis e quartzo. Os sempre desejados brilhantes se mostraram em mais quantidade e maiores nesta edição da Feninjer. Sem medo de ousar, diversos designers acrescentaram as suas coleções muitos deles que

enchiam os olhos quando cravejados em toda a extensão de um anel ou brinco. Destaque também para a tecnologia investida na joalheria - que cada vez mais se mostra como um nicho crescente, mas ainda pouco conhecido do público. Novas técnicas de lapidação e trabalhos com o metal cortado a laser se destacaram por promoverem maior leveza às peças sem abrir mão dos volumes. Acesse o portal www.usefashion.com e confira mais de 660 imagens da Feninjer no link Feiras, Acessórios.


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fotos: UseFashion

INTERESSE NO CALÇADO BRASILEIRO MICAM | INVERNO 2010

Antônio Barbato

A repercussão da crise econômica, que afeta todo o mundo, pôde ser sentida nos corredores da feira italiana Micam, realizada entre os dias 4 e 7 de março, em Milão. Apesar disso, o Brasil marcou presença na feira como a quinta maior delegação com 41 empresas. Conforme levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), os brasileiros realizaram vendas na ordem de US$ 5,8 milhões e daqui um ano, deverão ser negociados outros US$ 40,6 milhões. Aproximadamente 1,3 mil contatos foram registrados, apontando o interesse dos importadores pelo calçado nacional. As empresas brasileiras estavam localizadas no Pavilhão 4, no estande coletivo do Brazilian Footwear, de forma individual e também no espaço Visitors, destinado ao segmento de alta moda, na qual participaram as grifes Cavage, Luiza Barcelos, Sylvie Quartara, Fernando Pires, Zeferino e Louloux. Tendências da feira De modo geral, as tendências em calçados femininos para o inverno 2010 seguiram quatro direções. A primeira, Sport Chic, destacou sapatos esportivos trabalhados com materiais de qualidades e técnicas

Gianna Meliane

tradicionais e refinadas. A Urban Jungle, o uso essencialmente do couro, trabalhado com diferentes texturas e estampas étnicas. A tendência Bio Design enfatizou tudo que é relacionado aos conceitos de bio e eco. E a Hiper Décor é o retorno do décor em metais e, sobretudo, com pedraria colorida. Strass, camurça, veludo, ouro, prata e bronze são combinados a formas leves. Para o masculino, três tendências norteiam a estação. A Eletropop tem inspiração nos anos 80, no qual o conceito pop é associado com inovações tecnológicas. Formas alongadas e ergonômicas trabalhadas em tecidos high-tech e couros. Atenção especial às formas arredondadas e vintage. Na tendência Café Chantant, o estilo vem da releitura da primeira década do século XX. Os sapatos são feitos em couro e vitelo com solados de saltos mínimos com detalhes em relevo ou uso de diferentes cores em uma mesma peça. As formas são finas derivadas de uma estética elegante. Sem se esquecer das botas de equitação superconfortáveis e macias. Já Rococó é inspirada no estilo do século XIX com uma abordagem ligada ao rock. Vitelo enriquecido com estampas e desenhos de inspiração barroca e efeitos metalizados, sem se esquecer das cowboy boots, que são os destaques nesta tendência.


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v it rine


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fotos: UseFashion

TIFFANY & CO Vitrines de acessórios e joias são sempre um desafio quando se pensa em inovar: os expositores são bastante tradicionais e não usá-los pode fazer com que a peça fique sem o destaque necessário. Mas são exatamente esses desafios que fazem o mundo do visual de loja ficar ainda mais interessante. A Tiffany & Co, em Nova York, conseguiu montar uma vitrine para a época do Valentine´s Day (o Dia dos Namorados, nos Estados Unidos, comemorado em fevereiro), muito criativa. Unindo uma vitrine cenográfica com o cuidado necessário ao expor peças pequenas, e contrapondo o rústico com o extremamente delicado, o resultado final chama a atenção para peças caras que, em época de crise mundial, ficam um pouco “em baixa”. Repare no cuidado que tiveram com a iluminação. Ela é difusa em todo cenário, mas tem um foco muito definido em cima do produto.


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v i sual de loja

Cores neutras e iluminação especial reforçam o foco no produto.

ARMANI/5TH AVENUE O UNIVERSO ARMANI EM UM ÚNICO ENDEREÇO POR INÊZ GULARTE Em uma das avenidas mais badaladas de Nova York, o estilista Giorgio Armani inaugurou, em 18 de fevereiro deste ano, com uma grande festa repleta de celebridades, um novo conceito de loja, que une todas as grifes assinadas por ele em um só lugar: Giorgio Armani, Empório Armani, Armani Jeans, EA7, Armani Beauty, Armani Casa, Armani Dolcci e Armani Restaurante. “Pode-se dizer que esta é uma jogada desafiadora - unir em um mesmo local e com o mesmo mobiliário, sem limites visíveis, várias coleções que se combinam para formar a totalidade do universo Armani”, declara o estilista. Ele conta que seu desejo era enviar uma clara mensagem de mudança, interpretando a tendência atual de misturar gêneros e itens de valores distintos em um mesmo espaço. O projeto é assinado pelos arquitetos Doriana e Massimiliano Fukas, que já trabalharam com o estilista nas lojas-conceito de Hong Kong e Tóquio. Eles afirmam que cada uma delas tem ambientes completamente distintos. Para os arquitetos, lojas idênticas, com espaços repetitivos, são coisa do passado. “Não podem coincidir com a experiência de uma loja totalmente original, que introduz ao público uma experiência estética da bela arquitetura contemporânea”, dizem.

Na Armani/5th Avenue, são 4 mil m² distribuídos em quatro níveis. A loja ocupa os três primeiros andares de dois edifícios situados entre a 5ª avenida e a 56th Street. A fachada tem painéis iluminados por LEDs onde são projetadas imagens da Nova York à noite. É possível avistar da rua o interior da loja, graças à estrutura de vidro que a envolve. Chama a atenção de quem passa uma enorme escada que se ergue escultórica, cheia de curvas fluidas e sinu“Pode-se dizer que osas. Ela é o ponto esta é uma jogada focal do ambiente, desafiadora - unir com estrutura em em um mesmo local aço laminado, feita e com o mesmo na Itália, folheada mobiliário, sem em material plástico, limites visíveis, que conecta todos várias coleções que os níveis do universo se combinam para Armani. formar a totalidade O contraste entre do universo Armani” a área externa e a área interna da loja é expressa por Doriana Fucksa: “O edifício que incorpora Armani/5th Avenue detém um lugar muito importante na

história da arquitetura, pois a sua fachada é um dos primeiros exemplos do estilo internacional. Deve-se sempre ter em mente que o exterior é totalmente Nova York, enquanto que o interior deve ter a sua própria identidade. Uma reflexão sobre o toque estético e os valores que definem o estilo Giorgio Armani”. O projeto foi construído com cores neutras e formas contidas, trabalhando em curvas em todo ambiente interno. O objetivo foi o de criar uniformidade e salientar os produtos. As paredes são em bege, o chão e o falso teto em preto e a iluminação especial reforça a idéia de movimento. Painéis de madeira compõem as paredes. No chão, mármore preto e tapetes da mesma cor em ambientes mais reservados. No primeiro e no segundo andar, um espaço vip e privativo foi criado especialmente para a prova das roupas. Tudo pensando no conforto e na privacidade dos clientes. Para comemorar a nova loja, uma linha especial foi criada com roupas e acessórios bem urbanos em homenagem à Manhattan. A nova coleção inclui um casaco azul em couro de cobra, jeans, acessórios em crôco, óculos, relógios. Os produtos, com edição limitada, estão à venda apenas na Armani/5th Avenue.


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fotos: Ramon Prat/divulgação

A enorme escada, que se ergue escultórica é o ponto focal do ambiente.


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repor tagem

Vicunha TĂŞxtil


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foto: divulgação

O JEANS PELO MUNDO ENTENDA COMO CULTURA E BIOTIPO DIFERENCIAM CONFECÇÕES

POR FERNANDA MACIEL CONSULTORIA: JULIANA ZANETTINI

Em um olhar menos atento, pequenas diferenças entre confecções de peças pelo mundo podem passar despercebidas. Mas, colocadas lado a lado, as características de cada país mostram que, a despeito da globalização e dos sistemas de informação que correm pelo globo, a moda permanece como um importante foco de preservação da identidade de cada região. Nesta reportagem, conversamos com especialistas a respeito do jeans pelo mundo. Quais as características do jeans norte-americano, europeu, japonês? Em que os estrangeiros se diferenciam dos nacionais? Quais os shapes, as bases e beneficiamentos, os pesos do denim em cada região? Onde estão os novos mercados?


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O JEANS PELO MUNDO

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Pode-se dizer que o jeans é a peça do vestuário mais universal e democrática: todo mundo usa. Porém, a diferença cultural faz com que a intenção de usá-lo seja completamente diferente para cada nação. O antropólogo francês Stéphane Maysse, ao comparar o corpo da mulher brasileira com o da francesa constatou que “enquanto na França a produção da aparência pessoal continua centrada essencialmente na própria roupa, no Brasil é o corpo que parece estar no centro das estratégias do vestir”. A antropóloga e professora da UFRJ, Miriam Goldenberg, reforça a constatação de Maysse e destaca que, no Brasil, o corpo é muito mais importante do que a roupa. “Ele é a verdadeira roupa”, e acrescenta: “É o corpo que entra e sai da moda. A roupa, neste caso, é apenas um acessório para a valorização e exposição deste corpo da moda”. Neste culto ao corpo, o jeans entra como o coadjuvante que se destaca. Ele valoriza ou disfarça o bumbum, o quadril e as pernas. Ele rejuvenesce muitas vezes. Conforme Miriam, as brasileiras e as norte-americanas são as maiores consumidoras de cirurgias plásticas e outros procedimentos para permanecerem jovens. Coincidência ou não, o Brasil é o segundo maior consumidor de jeans no mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. A novidade por aqui, em um Brasil tropical, de mulheres com corpos cheios de curvas, é que o jeans skinny, ainda com alguma resistência, está lentamente cedendo lugar às modelagens mais amplas - tendência que já caiu no gosto das europeias há algumas temporadas. “O Brasil se caracteriza por ser um mix de culturas em um só lugar. Outro fato que faz com que aqui exista espaço para os mais diversificados shapes é que nosso povo é ávido por novidades e extremamente interessado em moda”, ressalta Raquel Tavares, coordenadora de produto da Santana Textiles. Ela diz que o mercado latino prima por modelagens que enalteçam os atributos físicos. Bases e beneficiamentos são os mais diversificados possíveis, retratando assim, traços da fusão cultural. Ana Gabriela Lima, gerente de produtos e moda da Cedro, afirma que os consumidores brasileiros e latino-americanos, sem dúvida, têm grande preferência por artigos com elastano, tanto denim quanto sarja. “Alguns preferem apenas algodão e elastano, outros gostam também da presença do poliéster. O fato é que tecidos rígidos são muito pouco usados para o público feminino, direcionando-se principalmente para peças masculinas. Mesmo assim, vemos cada vez mais os garotos aceitarem o stretch”. Para a gerente da Cedro, basta que os homens

superem esse tabu e aceitem experimentar uma peça elastizada. “A partir daí, o conforto fala mais alto e eles passam a demandar o stretch”, complementa. Os responsáveis pela multimarcas The Jeans Boutique, que comercializa 24 grifes de denim, afirmam que o jeans nacional é tão bom quanto o internacional. Para eles, a diferença que prevalece é a aplicação de mais recursos por parte das grifes estrangeiras, como aviamentos e acabamentos internos que privilegiam a qualidade. A loja informa que, entre as marcas brasileiras, as favoritas são Carmim, Cavalera e Iódice. Entre as internacionais, Antik, 575, TAG Jeans, True Religion e Diesel, estão entre as preferidas. Na The Jeans Boutique, as calças modelo skinny ainda são as mais procuradas pelos clientes. Os jeans da Itália, Estados Unidos e Japão carregam a tarefa de abrigar as principais marcas do mundo, tendo o design inovador como fonte de sucesso. Berço do jeans, os Estados Unidos são sustentados por empresas de peso, originárias principalmente da Califórnia. Marcas como Current Elliot, Citizens Of Humanity Jeans e True Religion carregam o estilo casual e a influência western presentes no design americano. Os italianos são conhecidos pela excelência e corte impecável. A maioria das marcas preocupa-se com os beneficiamentos, o que contribui para os mais diversos efeitos de lavanderia. Não é à toa que as lavanderias Martelli, I.T.A.C., Blue Line e TRC Candiani ficam em solo italiano. Além disso, em termos de corte, a modelagem italiana busca a sensualidade, muito vista também nos modelos brasileiros. Talvez, em função disso, marcas como a Diesel e Miss Sixty façam tanto sucesso por aqui. Os japoneses são responsáveis pela manufatura do denim mais nobre do mundo, o Selvage, tecido em antigos teares manuais. Marcas como Edwin, Sugar Kane e Evisu utilizam esta matéria-prima, que é preferencialmente bruta. Em termos de modelagens, eles se apropriam dos cortes retos. “O mercado americano e japonês possuem como similaridade a preferência por bases Premium e formas mais conceituais. Em relação à Europa, um traço marcante é a preferência por beneficiamentos inovadores”, reforça Raquel. O diretor da Vicunha Europa, Thomas Dislich, afirma que, em geral, é o azul “puro índigo” que predomina neste continente. “Para o inverno, os pesos na Europa vão até 13 oz para os artigos comerciais. Artigos mais conceituais chegam a 14 oz. Para o verão, os pesos são muito leves.


Há o retorno do índigo de camisaria e modelagem ampla, com tecidos bem fluídos, macios e com lavagens bem claras”, explica. Segundo Dislich, não se estabeleceu globalmente uma única linha-mestra em termos de modelagem, mas, de forma geral, volta-se ao jeans tradicional. Para ele, o mercado europeu aposta em acabamentos complexos, que combinam sobretingimentos com coatings de última geração conferindo profundidade aos artigos. O efeito final é lustroso, com muita variabilidade nos efeitos de lavagem, toque macio e suave; em efeitos ring discretos, com aspecto natural. Eles apostam em lavagens used, mas sem muitos exageros. “Existe também uma vertente forte bem vintage, que busca as raízes do denim, sem artificialismos”, complementa. Ele destaca ainda outro nicho de mercado.

“Vemos que a moda denim sportswear continua forte e pujante nas próximas temporadas, o que, evidentemente, nos alegra muito”, reforça. Algumas nações vêm trazendo novos ares ao segmento, como é o caso da Escandinávia. Assim como no mobiliário, em que a região é referência mundial, as formas limpas e a busca pelo conforto marcam também os modelos criados por designers da moda. Basta olhar grifes como as dinamarquesas JJ Eco e Jack e Jones, e as suecas Nudie, Cheap Monday e Acne jeans. Elas se preocupam ainda com questões como atemporalidade e desenvolvimento sustentável em suas coleções. De olho em novos mercados, vale prestar atenção à Turquia. País que, assim como Brasil, possui inúmeras fábricas têxteis.

PREFERÊNCIAS NA AMÉRICA

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México Stretch: Entre 9 e 11 oz. Com bom nível de elasticidade (para mulheres o fit é bem ajustado). Rígido: Entre 10 e 12 oz (pode passar um pouco desse peso nos estados ao Norte, pois o clima é mais frio) – poucas marcas utilizam comfort para os homens. Nível de lavagens: Mais tradicional. Eles não costumam ousar tanto e a referência é uma mescla do gosto local e influência dos Estados Unidos.

Colômbia Stretch: Entre 9 e 10,5 oz. Variando entre o stretch comfort e nível de stretch razoável. Rígido: Entre 10 e 12 oz. Quase nenhuma marca utiliza comfort para homens. Nível de lavagens: Muito bom, possuem conhecimento e recursos para lavagens elaboradas.

Peru Stretch: Entre 8,5 e 10,5 oz. Variando entre o stretch comfort e nível de stretch razoável. Rígido: Entre 9 e 11 oz. Diversas marcas utilizam comfort para homens. Nível de lavagens: Razoável, possuem um nível bom de lavanderias e recursos, mas as lavagens ainda não são tão elaboradas.

fotos: divulgação

Equador Stretch: Entre 9 e 11,5 oz. Variando entre o stretch normal e a alta elasticidade. Rígido: Entre 11 e 12 oz (uniformes 14 oz). Poucas marcas utilizam comfort para homens. Nível de lavagens: Muito básico.

Venezuela Stretch: Entre 11 e 13 oz. Alta elasticidade (pequeno volume de stretchs mais leves, mas com alta elasticidade também). Rígido: Entre 11 e 14 oz. Praticamente nenhuma marca utiliza comfort para homens. Nível de lavagens: Muito básica. Fonte: Vicunha

Ao lado, loja The Jeans Boutique


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repor tagem

O JEANS PELO MUNDO Confira as características do jeans nas principais capitais da moda pelo mundo.

fonte: Raquel Tavares - Coordenadora de Produto da Santana Textiles

ESTADOS UNIDOS Partilham com a Itália e o Japão a responsabilidade da difusão do estilo Premium Denim pelo mundo. Fortalecidos principalmente pelo estilo das marcas de jeans californianas. Ex: Seven for all Mankind, Levi`s, William Rast, Calvin Klein.

BRASIL Tem como principal característica a diversidade de efeitos, bases e shapes. As tonalidades preferidas estão entre o azul tradicional, o black e o white denim. Ex: Carmim, John John Denim, DTA, Damyller, King, Gang Rio e Colcci.


INGLATERRA

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Prima pela base Premium em efeitos mais clássicos, os beneficiamentos seguem as tendências mais atuais e inovadoras. Possui uma pitada de rebeldia como identidade do produto.

SUÉCIA

Ex: Pepe Jeans, Hudson.

Traz beneficiamentos mais focados no estilo vintage e shapes clássicos. Ex: Nudie, Acne Jeans, Cheap Monday, Blue Blood.

HOLANDA Divulga para o mundo o conceito do denim raw, o efeito do produto em seu estado quase bruto. Traz formas mais utilitárias e experimentos em modelagens. Ex: G-Star.

ALEMANHA Tem identidade criativa e experimental em contraponto às referências do design clássico do estilo jeanswear. Ex: Mustang

FRANÇA Propõe experimentos com novas fibras na composição dos tecidos e reinvenção de formas. Ex: Marithé et François Girbaud.

ITÁLIA

Aposta na base Premium em efeitos mais clássicos, os beneficiamentos seguem as tendências mais atuais e inovadoras lançadas no segmento em todo mundo.

Ex: Nolita, Fornarina, Replay, Diesel.

ilustração mapa: UseFashion

ESPANHA

Apresenta experimentações com novas fibras na composição dos tecidos, expertise no trabalho de tecelagem, acabamentos e beneficiamentos. Modelagens experimentais. Partilha com os EUA e o Japão a responsabilidade da difusão do estilo Premium Denim pelo mundo.

Ex: Lois, Mango, Zara e Desigual.

Partilha com a Itália e os EUA a responsabilidade da difusão do estilo Premium Denim pelo mundo. Prima por modelagens de opostos: extremamente justos ou extremamente amplos. Embaixador da proposta de mais ousadia em relação à composição de looks, com sobreposições e mix de hi-lo. Ex: Edwin, Vienus, Evisu.

fotos: © Agência Fotosite, UseFashion e divulgação

JAPÃO


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design

COLABORAÇÃO: CARINE HATTGE E INGRID SCHERDIEN

fotos: reprodução e divulgação

LUMINÁRIA SUN Elas são objetos de adoração entre os designers e ganham diversas roupagens. Afinal, quem não gosta de uma bela luminária? Pensando nisso, a marca italiana Karboxx, especializada em produtos para iluminação, alia tecnologia e elegância em seus projetos. Um belo exemplo é a luminária Sun. Ela explora luz e sombras entre as fendas formadas pelo entrelaçamento das tiras de fibra de carbono. Disponível nas cores preto, branco e vermelho. Veja mais em www.karboxx.com

LANCHE DIVERTIDO Quem já conhece a Fred & Friends sabe onde procurar produtos práticos e divertidos. A criatividade é tanta que podemos encontrar uma jarrinha de vidro que imita uma clássica caixa de leite. Ou ainda, um pote, também em vidro, que lembra perfeitamente um saco de balas. Um capricho para lanches mais descontraídos. Descubra outras novidades em www.worldwidefred.com

JOGO TIPOGRÁFICO Os apaixonados por tipografia vão se encantar com a criação do designer Rick Banks. Ele desenvolveu um jogo de cartas - ao estilo “Super Trunfo” - no qual cada carta tem um estilo tipográfico clássico: o Type Trumps. Cada cartão apresenta características de uma determinada fonte, como Times, Helvetica, Arial, Avant Garde, Frankfurter e muitas outras. Para ver mais imagens, entre no site www.face37.com


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ESTANTE INTELIGENTE A Lili Lite é considerada um produto esperto! Com estrutura integrada, é uma excelente combinação entre prateleira, abajur e mesa de cabeceira. Quando um livro é colocado no topo da prateleira, um sensor desliga a luz automaticamente. Além de linda, é muito prática. Confira em www.lililite.com

EMBALAGEM PREMIADA Você compra um produto pela embalagem? A Euro, empresa do ramo de utensílios domésticos, aposta que sim. O projeto desenvolvido pela agência HAL 9000, que originou a nova embalagem dos Talheres Platinum, além de aumentar as vendas da empresa, conquistou o 1º lugar na categoria Redesign de Produtos, em 2008, no Prêmio ABRE de Design & Embalagens oferecido pela Associação Brasileira de Embalagens. A premiada criação, com formato diferenciado que facilita o manuseio e o aproveitamento de espaço nos containeres, tem o centro de gravidade inclinado para frente, evitando que a mesma caia das gôndolas. Visite www.hal9000.com.br

MICRO-ONDAS PERSONALIZADO Com o conceito de personalização cada vez mais em alta, a marca Brastemp apresenta seis modelos exclusivos de adesivos para micro-ondas. De fácil aplicação e sem cola, os adesivos não danificam o eletrodoméstico e podem ser utilizados diversas vezes. As criações recebem a assinatura da estilista Juliana Jabour, do artista Adhemas Batista e dos consumidores Clara Azevedo Gomes e Rogério Puhl, premiados em um concurso promovido no site Camiseteria. Os kits, com dois adesivos cada, estão disponíveis em www.brastemp.com.br


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P O R E D UA R D O MOT TA *

TOUT LE MATÉRIEL DE RECHERCH NA TRADUÇÃO: TODO O MATERIAL DE PESQUISA

A francesa

O poeta

O caso não é meu. Contou-me uma amiga, que há de compreender o fato de não lhe dar o crédito, evitando assim trazer à tona nomes próprios e intimidades. Não sei precisar a data exata, mas por alguns detalhes da narrativa, como a presença de algumas (hoje) estrelas da moda nacional, deduzi que estamos em algum ponto do final dos 80. A cidade é São Paulo, o local uma sala de aula. Não a de uma faculdade de moda, que na época era coisa rara. Um espaço filiado à indústria, talvez.

Do escritor e poeta português Fernando Pessoa, todo mundo sabe um pouco. No mínimo acusa sua existência. Li alguma coisa dele na adolescência. Depois, aceitei sua presença com essa intimidade relapsa que estabelecemos com os mitos. Mês passado fui a uma livraria e comprei O Livro do Desassossego. Desde então, descobri coisas assombrosas sobre este cara que tinha tanto para dizer que não lhe bastava ser um só. Ele cuidou de inventar mais três dele mesmo para dar conta do recado. Um dos quatro escreveu a frase abaixo:

A senhora que deveria ministrar o curso era uma francesa. Irascível como só os franceses sabem ser, aguardava a turma detonando o segundo maço de Gauloises, embora a manhã ainda estivesse pelo meio. A esta altura, devo dizer sobre os detalhes que parto abertamente para a ficção. Tudo o mais deve ser fato. Pois bem. Em contato anterior, ela, a senhora francesa, havia avisado aos participantes que era imprescindível levar tout le matériel de recherche no primeiro dia. A quantidade de revistas e bureaus transportados diligentemente até o local, e o desenvolvimento posterior do caso indicam claramente uma era pré-internet, confirmando minha datação. Para surpresa de todos, ela recebia o material com indiferença. Ao invés de emitir opiniões sobre o que era submetido à sua autoridade, amontoava revistas e bureaus em um desses armários cinzentos que povoam as salas institucionais. O armário abria a boca de metal tragando L´officiels, Vogues, e Promostyls, sem nenhuma distinção hierárquica, para desconforto dos presentes.

Como supremo desmando (segundo opiniões), justificou o gesto da seguinte forma: “Vocês brasileiros não sabem trabalhar a não ser copiando. Aqui, comigo, vão aprender o que é criação”. O que se seguiu nem foi de bom tom. Inconformados, alguns alunos partiram para o confronto aberto. A distinta senhora bateu boca, soltou mais algumas baforadas furiosas, mas não voltou atrás. Consta que pelo menos um terço da turma abandonou a sala de aula para nunca mais voltar. Neste ponto, ela ajeitou o cabelo, esfregou as mãos, acendeu outro Gauloise e em meio à nuvem de fumaça disse: “Au travail, mes amis!”

Não há nada mais simples. Tem só duas datas - a da minha nascença e a da minha morte. Entre uma e outra todos os dias são meus. Esta capacidade de desenhar algo pelo vazio dele, ou simplesmente reivindicando um direito de posse que o subtrai à nossa curiosidade, é uma das qualidades do escritor. No trecho acima, ele dimensiona em quatro linhas toda a particularidade de uma vida simplesmente por se negar a oferecê-la em público. Em outro momento, contra nossa obsessão de se guiar pelo dado objetivo, o texto constrói no vazio a melhor definição que possa haver de alguma coisa.

Em ambos os casos, existe algum tipo de exclusão. Sem o material de pesquisa, de onde é que os alunos iriam tirar suas ideias? Sem a coisa em si, como é que o poeta poderia saber sobre ela? É o escritor que nos dá respostas: se é possível saber das coisas pelo que elas não são é porque elas ecoam umas nas outras. Tem algo do que não está aqui no que está. Ele conhece este caminho e vai recolhendo as impressões espelhadas umas sobre as outras, sobre objetos, situações e pessoas. Voltando à professora, o método dela não teria nenhuma eficácia hoje, já que quando se vão os impressos, fica a web. Ainda assim, excluída a didática, resta a questão essencial: de onde tiramos as ideias quando nos faltam as fontes? Com certeza não é preciso ver a vida como veem os outros, como sabia o poeta português. Nem trancar o material de pesquisa no armário. Muito menos cancelar a assinatura da web. Melhor observar uma regra simples: na moda como na vida, mesmo que não nos faltem as ideias dos outros, melhor recorrer às próprias.

Uma espiral é uma cobra sem cobra enroscada verticalmente em coisa nenhuma. foto: Pedro David/divulgação

Mas o golpe final ainda estava por vir. Ela trancou a porta acanhada, guardou cuidadosamente a chave e (Touchè!) entre uma baforada e outra, anunciou que o material ficaria inacessível até o fim do curso previsto para terminar em um mês.

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,

Para a Madame, o que falta é a intimidade do profissional de moda brasileiro com os processos de criação. Convicta disso, ela tira-lhes o que considera sua droga, e empurra-os para um rehab involuntário desencadeando uma raivosa síndrome de abstinência. O escritor Fernando Pessoa morde a vida pelas bordas e é pelo entorno que ele transmite ideias e experiências.

Podem existir definições mais científicas, mas esta oferece uma compreensão exata, com a vantagem de ser engraçada, do que é uma espiral. Seja para nos fazer entender uma forma, ou para sugerir todo o valor da intimidade em um parágrafo (em que a intimidade nem ao menos é citada, na verdade) ele opta por descrever o que o objeto em questão não é. E o faz de um ponto onde ele não está. Mesmo assim ele surge nítido aos nossos olhos. Coisa de mago. Das palavras, e não da fama.

Unindo as partes Se esses dois casos têm algo que justifique sua reunião aqui, um problema que só surgiu depois que estavam escritos, é a manipulação da ausência para se chegar a um resultado.

* Eduardo Motta é designer, consultor de moda da UseFashion, com formação em Artes Plásticas e autor do livro “O Calçado e a Moda no Brasil - Um Olhar histórico”.


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fotos: reprodução


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RENATO KHERLAKIAN ESTILISTA CONTA SOBRE SUA NOVA GRIFE

POR ALINE EBERT E INÊZ GULARTE

Mesmo com sua família mantendo com sucesso uma grande loja de casimira, ele se formou em Direito, trabalhando também com publicidade e turismo. No início dos anos 70, Renato Kherlakian quis mudar de ramo de atuação, deixando de ser consumidor da moda, para se tornar fornecedor. “Ampliar conhecimentos se fazia necessário e as experiências foram extremamente proveitosas”, exprime Renato Kherlakian, que nesse momento criava uma das marcas de jeanswear mais importantes do Brasil, a Zoomp. Contudo, depois de muitos anos de sucesso, a grife começou a amargar problemas financeiros, inicialmente cancelando desfiles e fechando lojas, como a do Shopping Iguatemi, em São Paulo. Em fevereiro desse ano, já sobre controle da holding HLDC (criadora do grupo I’M), que assumiu as dívidas da empresa em 2006, teve falência decretada em decorrência de processo de cobrança de dívida movido por um fornecedor de serviços. Kherlakian, já afastado da Zoomp desde a sua venda, buscou se reerguer, criando uma nova marca que leva o seu nome. Enquanto ainda estava associado à I´M, até divulgou o projeto de um marca de jeanswear masculino, que não vingou. “Continuo achando o respaldo financeiro extremamente importante, porém devido à atual situação do mercado mundial, não creio que a moda seja prioritária nesse momento”, opina, lembrando que a marca Renato Kherlakian recebe toda sua atenção e investimento pessoal nesse momento.

UseFashion: A criação da Zoomp em 1974 foi um marco para o jeanswear nacional, novas modelagens, design modernizado e o raio amarelo com grande poder de assimilação. O que você quer mudar e registrar na moda com a nova marca?

RK: Tudo que vivi, experimentei e presenciei será colocado em prática na próxima década, levando em conta as necessidades do consumidor. Serão novas experiências em outros tempos, num mercado totalmente diferente dos últimos 30 anos.

Renato Kherlakian: A grande mudança é o próprio comportamento do consumidor. Um produto com muito mais qualidade sob todos os aspectos. A nova marca está sendo lançada para se alinhar com o mercado mundial, ou seja, dar um novo valor, uma novo peso e uma outra medida ao jeans nacional.

UF: Além da RK Denim, você está trabalhando ou tem vontade de investir, em outros projetos? Fale sobre seus planos.

UF: A Renato Kherlakian terá três flancos de atuação, jeanswear tipo alfaiataria, tradicional e Premium. Como vai ser o posicionamento de criação e o preço de cada um? RK: Não existe posicionamento de criação. A criação é livre e ilimitada, porém respeitando o preço de um jeans Premium nacional. Vai flutuar entre R$ 450 e R$ 750. UF: E quais os diferenciais da RK Denim, a grande novidade da marca? RK: O diferencial está no aprimoramento da qualidade, matéria-prima, modelagens, design, beneficiamento de tecidos, etiquetas, etc. O resultado disso faz a marca ser a grande novidade. UF: O jeans é mesmo a sua “praia”? RK: O denim é uma matéria que motiva muito a minha criação. Uma boa praia, um bom mar, um céu azul...

RK: Hoje meu projeto é consolidar a Renato Kherlakian no mercado nacional. Outros planos serão traçados para 2010. No momento ainda é prematuro falar sobre isso. UF: A moda brasileira está madura? RK: Está de tal forma madura que, se os frutos não forem colhidos, poderão passar do ponto. UF: O Brasil está preparado para esta crise mundial? RK: Vai ter que valer a história do jogo de cintura. Teremos que ter um enorme bambolê. UF: E para finalizar... Uma frase. RK: A de uma canção – “se eu soubesse naquele dia o que seu sei agora”. UF: Um livro. RK: Ainda será escrito – Que raio de vida é essa? UF: Um ídolo. RK: Yohji Yamamoto.

UF: Você tem uma vasta experiência com o mercado da moda, de mais de 30 anos. Nesse período, presenciou, assistiu e viveu os altos e baixos do mercado nacional. O que ficou dessa experiência?

UF: Um lugar. RK: Marrakesh.


55 foto: Jairo Goldflus/divulgação

Renato Kherlakian lança grife de jeans Premium.


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COMÉRCIO ELETRÔNICO É FÁCIL VEJA COMO VENDER PELA REDE POR DANIEL BENDER

Em tempos de crise global, vale a pena diversificar seu negócio e ampliar o público potencial de seus produtos e serviços. Para tanto, nada melhor do que finalmente tirar da gaveta o seu sonho de ter uma loja online. Surpreendentemente, construir a sua vitrine na internet é muito mais fácil do que os vários milhões de reais investidos pela Casas Bahia em seu novo site indicam. Nesta matéria, vamos dar dicas de serviços que podem garantir à sua empresa um ponto de venda rentável na rede.

O que os consumidores esperam

blico (como em lan houses) para fazer compras.

Assim como os clientes das lojas de tijolo e vidro, o consumidor online tem alguns requisitos básicos para efetuar a compra. Segundo Pedro Guasti, diretor-geral da e-bit, empresa especializada em comércio eletrônico, para funcionar é básico que uma loja virtual tenha idoneidade (reconhecimento de marca ou boas referências web afora ajudam), sistema transparente de trocas e devolução de produtos, uma política de privacidade clara (ou seja, o lojista afirma claramente se vai ou não repassar o contato do cliente para parceiros), meio de pagamento digital (por exemplo, é possível cancelar um pagamento no cartão de crédito até 14 dias depois da compra) e segurança.

Na opinião de Thiago Rosa, fundador do portal de vendas khoris.com, o público consumidor do mundo online talvez seja mais exigente do que o restante. “Uma tática é apelar para a praticidade de comprar sem sair de casa ou do escritório. Sem ter que se preocupar com o trânsito, filas, estacionamento, loja lotada ou outras chateações comuns a um shopping ou loja de rua”, aponta.

Guasti faz uma ressalva neste último requisito. Declara que para o lojista não basta que a loja tenha todo o tipo de certificado de segurança se o cliente usar um computador infectado ou pú-

As diferenças entre a rua e o site Uma lição importante para todos os empreendedores digitais é entender as diferenças entre o cliente da loja de rua e o da web. O consumidor de rua geralmente se encarrega da entrega do material, principalmente quando se trata de moda. Já o cliente digital fica sempre dependendo do sistema de entrega do lojista. Para tanto, vale a pena pesquisar serviços


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especializados para cada tipo de entrega. Correspondência registrada e Sedex são os mais básicos, mas, dependendo do público e do produto, pode ser necessário ter várias opções. Montando sua loja Há várias formas de montar o seu ponto de venda virtual. A mais fácil delas é alugar uma loja pronta em algum serviço especializado (veja quadro Para montar sua Loja). A maior parte dos serviços oferece pacotes completos com CRM, gestão de estoque e integração a serviços de pagamento digital. Ou seja, é só começar a vender. Para quem quer mais liberdade no formato da loja, é recomendável ir atrás de uma empresa de webdesign especializada em comércio eletrônico. Dependendo da complexidade, o custo pode ser semelhante ao de uma loja de rua. A vantagem é que o público potencial não é limitado às pessoas que passam na frente da vitrine,

PUBLICIDADE - Anuncie em sites relacionados com seu público-alvo; - Google AdWords (http://adwords.google.com.br); - UOL Links Patrocinados (http://linkspatrocinados.uol.com.br/); - HOTwords (http://site.hotwords.com.br/).

portanto, ainda assim, trata-se de um caminho a ser considerado. Encha a loja de gente Assim como em um ponto de venda físico, montar a loja e esperar multidões de clientes é uma tática com pouca chance de sucesso. O empreendedor virtual terá de saber lidar com mecanismos de busca, como o Google, de comparação de preço, como Buscapé, sites de leilão, como o Mercado Livre, saber direcionar para o site uma parte do público atual. Dados do e-bit informam que mais de 30% de todas as vendas de comércio eletrônico são originadas de motores de busca e comparadores de preço. No caso de uma loja pequena, com pouco dinheiro para anunciar, esta proporção é bem maior. Veja o quadro Relacionamento para entender melhor como gerar um fluxo saudável de clientes para a sua loja.

Falta de padronização dificulta vendas Na média mundial, o varejo de itens de moda participa 10% do faturamento global, segundo dados do e-bit. No Brasil, este índice é muito baixo. Na média, ele fica em 3%. Há dois fatores que explicam esta diferença. O tíquete médio das mulheres, as maiores consumidoras de moda, mais de 60% das compras, é inferior ao dos homens, que são grandes consumidores de eletrônicos e informática. O segundo fator é mais complicado, trata-se de um velho conhecido da indústria: a falta de padronização nos tamanhos. Enquanto que nos países desenvolvidos, maior parte dos fabricantes faz seus produtos em tamanhos parecidos, no Brasil a falta de um padrão deixa os clientes inseguros para comprar. Assim, iniciativas como reforçar a sua política de trocas e devoluções, e oferecer recursos como tabelas de tamanho por fabricante podem fazer a diferença.

PARA MONTAR SUA LOJA

LOJAS ONLINE DE MODA

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www.khoris.com

(www.tray.com.br)

(vários segmentos)

FastCommerce

www.netshoes.com.br

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(focado em esportes)

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www.lojadaque.com

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(geral, surfwear)

RELACIONAMENTO

Netstore

www.like.com

(www.netstore.com.br)

(vários segmentos)

- Crie uma conta no Orkut, MySpace, Youtube, etc, e as mantenha atualizadas;

Uolhost Loja Virtual

www.net-a-porter.com

(www.uolhost.com.br/loja-virtual)

(vários segmentos)

- mantenha um blog ou uma newsletter com ofertas; - distribua folders e cartões com o endereço da loja para clientes e prospects.

Loja Virtual IG (http://lojavirtual.igempresas.ig.com.br)


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c ampus

4º MODA INSIGHTS EVENTO ORGANIZADO PELA FEEVALE TEM COMO TEMA MODA, INOVAÇÃO E TECNOLOGIA

O Moda Insights foi criado em 2006 com o intuito de ampliar o debate acerca do universo da Moda e tem como intuito principal a troca de conhecimento e experiências através da interação de um público heterogêneo e multidisciplinar.

Divulgação Moda Insights

CURSO ONLINE DA ESCOLA DE EMPREENDEDORES AJUDA APRIMORAR AS TÉCNICAS DE DESENHO

ilustração: reprodução

ILUSTRAÇÃO DE MODA

Oferecendo cursos online na área de moda, a Escola de Empreendedores – Moda e Negócios, lançou recentemente o curso “Ilustração de Moda - Pastel e Colagem”. As aulas são através da internet e uma das principais vantagens é a praticidade, pois é o aluno quem define o seu horário de estudo, podendo acessar o conteúdo das aulas quando quiser. O único pré-requisito é ter conhecimento sobre desenho de figura humana. Ministrado pela artista plástica, designer, pedagoga e professora, Maria Cecília Figueiredo de Almeida, o curso tem o intuito de aprimorar a capacidade de representação das diversas tipologias têxteis. Nas aulas, serão abordadas duas técnicas: o pastel seco e a colagem. Além disso, os alunos terão acesso à teoria, a vídeos com ilustrações e exercícios práticos. Por se tratar de um curso online, as inscrições permanecem abertas durante o ano todo, já que o início é imediato, não sendo necessário aguardar a formação de turma.

Curso de Ilustração de Moda - Pastel e Colagem Duração: 2 meses - 100% online Investimento: R$ 390,00 www.escoladeempreendedores.com.br

Ilustração Maria Cecília Figueiredo de Almeida

foto: divulgação

Com uma proposta interdisciplinar, o Moda Insights chega na sua 4ª edição que traz como tema Moda, Inovação e Tecnologia, e abre suas portas entre os dias 11 a 13 de maio, no Salão de Atos da Feevale, em Novo Hamburgo (RS). O evento, constituído por nove atividades divididas em três dias, sempre das 14 às 22 horas, trará profissionais de diferentes setores do mercado da moda, a fim de oferecer diversas perspectivas sob um mesmo assunto. Em três edições, nomes como Alexandre Herchcovitch, Walter Rodrigues, Mario Queiroz, Renata Mellão, Ronaldo Fraga, Giovanni Sartori, Dario Caldas, Carol Garcia, Cristiane Mesquita, Dorotéia Pires, Félix Bressan, Amir Slama, Lino Villaventura e Alexandre Manetti já ministraram palestras organizadas pelo evento.


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III SIMPÓSIO NACIONAL DE MODA E TECNOLOGIA

ESTAMPARIA MANUAL: SILKSCREEN

UCS PROMOVE DEBATE FOCADO EM SUSTENTABILIDADE E CRISE ECONÔMICA Entre os dias 23 e 25 de junho, o curso de Tecnologia em Moda e Estilo da Universidade de Caxias do Sul (UCS), na serra gaúcha, estará realizando o III Simpósio Nacional de Moda e Tecnologia no Campus 8.

Além das palestras e dos debates, o III Simpósio também apresentará um desfile com os trabalhos dos alunos da disciplina Laboratório de Criatividade, na qual os estudantes desenvolvem looks utilizando materias alternativos. Nas fotos, o desfile ocorrido em 2007, com a produção das alunas Marilia Tondo Azambuja e Marcia Canali. O tema foi “Maria Antonieta”. O Simpósio da UCS acontece desde 2005. De lá pra cá já contou com nomes como Fernando Pimentel, Superintendente da ABIT, Roberto Chaadad, presidente da ABRAVEST, de designers renomados como Jum Nakao e Jefferson Kullig; de empresários como superintendente industrial da Hering, Edgar de Oliveira Filho.

fotos: Ben Hur Ribeiro/divulgação

O encontro irá debater assuntos como sustentabilidade em um momento de crise econômica mundial em que se reconfiguram os hábitos de consumo; as inovações em tecidos, fios, acabamentos; as alterações das tendências sócioculturais e das normas do comércio global; as soluções em softwares de design – tudo interligado à pesquisa, à empresa e ao ensino da moda, sob a perspectiva de inovações e tecnologias.

CURSOS & CONCURSOS Estão abertas as inscrições para o curso teórico e prático de Estamparia Manual: Silkscreen, promovido pela Escola São Paulo. As aulas abordam desde o processo de pesquisa até a criação de camisetas personalizadas. O professor é Rodrigo Pereira, diretor de Criação da Agência More Comunicação e idealizador da marca Acervo Pessoal, que possui mais de 12 anos de experiência com design e publicidade e moda. Data: de 9 a 30 de maio (sábados) Horário: das 10 às 13 horas/4 aulas Local: Escola São Paulo Rua Augusta, 2239 - São Paulo (SP) www.escolasaopaulo.org

PROJETO DE IDENTIDADE VISUAL PARA EMPRESAS Com o intuito de introduzir os conceitos básicos, terminologias e metodologias, a Feevale organiza o Curso de Extensão “Projeto de Identidade Visual para empresas”. As aulas abordaram a criação e gestão de marcas para empresas, produtos e serviços. O ministrante é Luís André Ribas Werlang, bacharel em Desenho Industrial/ Programação Visual e mestre em Gestão Ambiental. Ele atua há 14 anos, no desenvolvimento de projetos de identidade visual, sistemas de sinalização e embalagens. Data: de 9 a 23 de maio Horário: Sábado, das 8h30min às 12h30min e das 13h30min às 17h30min. Local: Feevale - Campus II RS- 239, 2755 - Novo Hamburgo (RS) www.feevale.br Look da aluna Marília Azambuja (2007)

Look da aluna Márcia Canali (2007)

CURSO BÁSICO DE AUTOCAD 2D

envie notas a serem divulgadas sobre a programação de sua universidade ou instituição de ensino, sobre trabalhos premiados e atividades extra-curriculares. Estamos aguardando sua participação.

Até o dia 4 de maio, a Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos), em São Leopoldo (RS), estará com as inscrições abertas para o curso básico de AutoCad 2D. Será oferecido treinamento no desenvolvimento de desenhos e projetos em duas dimensões com auxílio do sistema CAD. O curso será desenvolvido em cinco encontros e será fornecida apostila de exercícios.

Contate-nos através do email: campus@usefashion.com

Data: de 8 de maio a 5 de junho

VOCÊ NA USEFASHION A VEZ DO ESTUDANTE Campus é um espaço dedicado à publicação de notícias, cursos, eventos, acontecimentos e temas que são do interesse de estudantes e professores ligados aos cursos de moda, estilismo e design. Você pode participar enviando para nossa redação sua contribuição. Sugira assuntos a serem abordados, opine,

Horário: Sextas-feiras, das 14h às 18h. Local: Av. Unisinos, 950 - São Leopoldo - RS www.unisinos.br


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opinião

DESAFIOS PARA O DESIGN A MODERNIDADE E A QUESTÃO DA SUSTENTABILIDADE FÁBIO PEZZI PARODE * PPG DESIGN - UNISINOS

foto: divulgação

Um dos macrofenômenos da atualidade que tem nos levado a questionar profundamente a ética na pós-modernidade é o amplo processo de degradação do planeta com as evidentes mudanças climáticas, assim como a crescente massa de excluídos do sistema econômico, e ainda a progressiva individualização e indiferença à violência das culturas modernas. Em particular com relação às mudanças climáticas, cientistas de várias partes do mundo vêm alertando para o fato de que esses efeitos serão devastadores, se medidas mais rigorosas não forem tomadas desde já numa perspectiva de governança internacional. A ciência está provando que esses efeitos são resultantes da ação do homem, por isso, evidentemente, só depende do homem e de suas políticas a sua mitigação. Paradoxalmente, ao mesmo tempo que essa situação ameaçadora vai ganhando corpo, o sistema que lhe dá sustentação vai dominando todas as esferas políticas e econômicas do planeta: o neoliberalismo e o modelo do consumo de massa. Entre alarmistas e céticos, o designer contemporâneo deve posicionar-se como agente estratégico. Como um ator social importante no processo de decisões que estarão na base de uma nova ordem cultural a ser investida. Essa ordem cultural passa, evidentemente, por sistemas de regulação e maior controle por parte do poder público dos processos industriais, assim como, um investimento maciço na lógica econômica e social pelo consumo, não mais privilegiando o individual, mas, ao contrário, favorecendo a socialização, numa perspectiva de resgate do espaço comum. O grande desafio é

reduzir os impactos da ação do homem sobre o planeta, garantindo qualidade de vida às gerações futuras, sem perder, contudo, a perspectiva de um progresso tecnológico e científico que nos garante maior conforto e prazer. A crise do petróleo e a ameaça de escassez de recursos energéticos têm nos levado a pensar e conceber alternativas que possam ser aplicáveis a longo e médio prazo. Projetos alternativos e “limpos” de produção de energia, tais como a energia eólica, deveriam ser considerados pelo poder público como investimento necessário à qualidade de vida das gerações futuras; assim como usinas de reciclagem; desenvolvimento de novas tecnologias para matérias-primas não poluentes; controle da emissão de gases das indústrias e dos automóveis; e, do ponto de vista pedagógico, investimento na educação ambiental das crianças e também campanhas governamentais estimulando o consumo consciente. É nessa perspectiva que a Escola de Design Unisinos, o Programa de Pós-graduação em Design em particular, juntamente com a École Nationale Supérieure des Arts Décoratifs – ENSAD, de Paris, estão somando esforços a fim de qualificarem suas pesquisas e sensibilizarem seus alunos sobre a questão ambiental e a emergência de projetos que inovem nessa perspectiva. Considerando que o futuro nos pertence, e em particular, pertence aos designers, desde já nessas escolas começa-se a desenvolver projetos a fim de corrigir erros do passado e definir um novo curso para a humanidade, garantindo sua qualidade de vida e permanência.

* Fábio Pezzi Parode possui graduação em Comunicação Social Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1992), mestrado em Ciências da Comunicação pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos (2000) e doutorado em Art & Science de l’Art - IEDES-Université de Paris I - Pantheon Sorbonne (2005); Especialista em Design Estratégico pela Unisinos (2008). Foi professor adjunto do Instituto Educacional Superior Luterano de Santa Catarina. Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Estetica e Comunicação. Atualmente é professor no curso de Comunicação Digital e na Graduação e Pós-graduação em Design Estratégico da Unisinos, tendo como linha de pesquisa Processos de projetação para inovar bens de uso. Realiza pesquisa sobre tendências em design.


es tilo

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CHIARA GADALETA KLAJMIC CONHEÇA UM POUCO DO UNIVERSO DE CHIARA EM 5 ITENS QUE DEFINEM SEU ESTILO.

Chiara Gadaleta Klajmic começou sua trajetória na moda como modelo, depois se formou no Studio Berçot, em Paris. Designer e stylist, ela é dona de um estilo único. A Tarantula é sua grife de bijouxs e roupas praticamente exclusivas. Com loja no Jardins, em São Paulo, ela tem ainda uma linha de tecidos homewear.

fotos: Daniel Klajmic/divulgação

Tarantula

Fotos e cores

Auto-retrato

“Pulseiras da minha grife. Não precisa nem dizer o quanto gosto de acessórios!”

“Adoro fotos e cores em casa. Criei a Tarantula Home para vestir a casa de glamour.”

“Adoro esse nosso auto-retrato feito pelo Daniel. Diz muito de nós dois.”

Napoli “Nasci em Napoli e vim pequena para o Brasil. Napoli tem uma energia poderosa e me inspira muito, como Salvador ou o Rio de Janeiro.”

Animal prints “São minha paixão. Acho feminino e sexy.”




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MEGATENDÊNCIAS INVERNO

2010

EDIÇÃO DE MODA: EDUARDO MOTTA DIREÇÃO DE PESQUISA: PATRICIA SOUZA RODRIGUES COLABORARAM: ANGELA ARONNE, JULIANA ZANETTINI, NÁJUA SALEH, PAULA VISONÁ, RENATA SPILLER E THOMAS HARTMANN fotos desfiles: © Agência Fotosite fotos referências: reprodução (saiba mais no portal www.usefashion.com)

Com a democratização do acesso às coleções internacionais e a internacionalização do consumo, intensificada a partir da década de 1990, a necessidade da indústria de moda se destacar e competir globalmente levou a uma grande mudança na qualidade da informação especializada. De profissionais que apenas copiavam produtos, os brasileiros, assim como outros produtores de países periféricos, passaram a uma postura mais arrojada e madura, embasada também no design e na história. Este amadurecimento contou com a participação da imprensa, instituições públicas, empresas de consultoria, escolas de moda, gurus e, claro, fabricantes e consumidores. Neste quadro de formatação de uma cultura de moda e de valorização da originalidade, também ganharam força as pesquisas de comportamento do consumidor e a criação de cenários prospectivos como forma de orientar a produção e o design rumo a uma aceitação maior das coleções por parte do mercado. Os dados são empregados tanto na concepção dos produtos

quanto transformados em forma de comunicação e estímulo ao consumo pelos mecanismos do marketing. Ao longo dos últimos meses, elaboramos dois extensos trabalhos de antecipação sobre o inverno 2010, publicados no www.usefashion.com, amparados em farta pesquisa. Gradativamente, auxiliados por estas tendências de fundo, fomos delineando a estação. No momento em que ela tomou forma, através das coleções recém apresentadas nas semanas de moda de Nova York, Londres, Milão e Paris, é com enorme satisfação que apresentamos a terceira parte deste trabalho. Coerentemente afinado com o mundo e com belas imagens.

MOBILIDADE

Rebelde, Erudita, Poser: três tipos femininos muito bem demarcados servem como parâmetros para a moda da estação. Os três estão alinhados, repectivamente, com os conceitos de Mobilidade, Encadeamento e Extraordinário, identificados e amplamente divulgados nos trabalhos anteriores, e agora sintetizados para o leitor desta edição do UseFashion Journal. Julien MacDonald | Londres


mega tendênc ia s

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I N V E R N O 2010

ENCADEAMENTO

Stella McCartney | Paris

EXTRAORDINÁRIO

Marc Jacobs | Nova York


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MOBILIDADE/ REBELDE A MODA SE VOLTA PARA ESTILOS REBELDES RECENTES

ROCK AND ROLL PUNK RAVE GRUNGE ANOS 80 ANOS 90 REBELDIA PRETO COURO JAQUETA METAL Alexander Wang | Nova York

SKINNY


mega tendênc ia s

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R E F E R Ê N C I A S I N V E R N O 2010

PUNK

Julien MacDonald | Londres

RAVE

GRUNGE

Topshop | Londres

DKNY | Nova York

Esta Megatendência é uma espécie de reconstituição histórica do povo da moda voltada para estilos urbanos recentes. Eles prevalecem como referência central para coleções que revisitam movimentos a partir da década de 1980. Voltada para o público de espírito jovem, ela recupera ícones das estéticas punk rock, rave e grunge. São movimentos culturais com diferenças na expressão formal, mas igualados no tom de contestação. Do punk rock ela herda o preto, os metais e a agressividade. Do rave, a cor alucinógena, a liberdade da mistura e o gosto pelo transe. Do grunge de Kurt Cobain e Cia., o desmonte poético da modelagem, o tricô e a melancolia. Ora com esses elementos fundidos, ora identificados isoladamente, ela acena para a geração cuja educação estética é fruto desse período e para públicos ainda mais novos, mas que receberam informação maciça a respeito.


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Punk rock

REBELDE MĂşsica e estilo de vida em sintonia. A cultura jovem tragada pelo fast fashion e mediada pela tecnologia.

Julien MacDonald | Londres

Loja H&M no JapĂŁo


mega tendênc ia s

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I N V E R N O 2010

Rave

Prodigy em apresentação no começo dos anos 90

Kurt Cobain

Courtney Love

Capa do álbum do Daft Punk

Cartaz do filme Trainspotting do diretor Danny Boyle

Marc by Marc Jacobs | Nova York | referência Grunge

Marc Jacobs

iPhone | Apple


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ENCADEAMENTO/ ERUDITA A MODA SE APROPRIA DA TRADIÇÃO, ELIMINA EXCESSOS E ADOTA A DISCRIÇÃO

ALFAIATARIA MASCULINO/FEMININO ANOS 40 TRADIÇÃO SOBRIEDADE HISTÓRIA QUALIDADE NOVO LUXO CONSUMO CONSCIENTE SUSTENTABILIDADE ARTE TRICÔ Calvin Klein | Nova York

CONSTRUTIVISMO


mega tendênc ia s

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R E F E R Ê N C I A S I N V E R N O 2010

MASCULINO/FEMININO

Stella McCartney | Paris

CONSTRUTIVISMO

Christopher Kane | Londres

MILITAR LIGHT

Miu Miu | Paris

Um retorno a estilos do passado e à tradição como forma de preservar e afirmar a cultura. Quando as fronteiras deste território são definidas pela qualidade dos materiais, vincula-se ao fator econômico, encostando no segmento de luxo. Quando apoia-se em referências históricas, da moda ou das artes, reafirma um patrimônio cultural erudito, e também conversa com as linhas de produto de alto custo. Naturalmente, as inspirações nos anos 1940, a discreta base eco design e os trânsitos entre masculino e feminino fundamentados na alfaiataria vão encontrar tradução para a moda de massa. Porém, esta é uma Megatendência que acusa a busca de novos rumos para a produção e para o consumo, desacelerando o ritmo e o volume e voltando-se para a qualidade e para a aura de exclusivo. Para esta faixa de público, sustentabilidade não é apenas uma questão ambiental, mas implica na manutenção de todo seu aparato cultural.


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Cena de alfaiataria no sĂŠculo XIX

ERUDITA Moda apoiada no consumo consciente e qualificado. Tradicional, mas nĂŁo necessariamente careta.

Stella McCartney | Paris

Joan Crawford | anos 40


mega tendênc ia s

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I N V E R N O 2010

Mondrian | Pintura

Maquete da Torre de Tatlin

Tricô

Decoração Construtivista em porcelana

Cartaz Construtivista

Christopher Kane | Londres | referência Construtivismo

Escultura minimalista | Carl André

Stella McCartney


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EXTRAORDINÁRIO/ POSER A MODA RETOMA OS ANOS 80, A AFETAÇÃO E O NONSENSE

ANOS 80 GLAMOUR DISTANTE ANDROGINIA SPACE AGE FUTURISMO SURREALISMO GIANNI VERSACE THIERRY MUGLER OMBROS Marc Jacobs | Nova York

COR


mega tendênc ia s

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R E F E R Ê N C I A S I N V E R N O 2010

GLAMOUR 80

Marc Jacobs | Nova York

FUTURISTA

EXPERIMENTAÇÃO

Versace | Milão

Junya Watanabe | Paris

Esta megatendência desvincula a atual crise econômica mundial da contenção estética. Define uma maior abertura do gosto, que se torna menos conservador e acolhe a irracionalidade dos movimentos culturais que lidam com o inconsciente, como o Surrealismo, e com a quebra dos sentidos lógicos, como o Dadaísmo. A tradução na moda ficou particularmente fixada no lado exuberante da década de 1980. No glamour afetado e distante, na artificialidade dos materiais e nas estruturas geometrizadas da modelagem, da qual as ombreiras pontiagudas são ícones incontestáveis. A arte contemporânea e a tecnologia cumprem o papel de renovar o repertório já existente e mobilizar o interesse. Elas entram em sintonia com um sentido indissociável do gosto que é a busca pelo novo, e é bom lembrar que as recessões econômicas ao longo da história apenas fizeram recrudescer o desejo por ele.


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Modelo de Claude Montana | década de 80

POSER Toda a afetação dos anos 80 com pitadas futuristas e espaço para a experimentação. Escapismo à toda prova.

Marc Jacobs | Nova York

Human League | grupo dos anos 80


mega tendênc ia s

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I N V E R N O 2010

A androginia do Eurythmics

Narciso Rodriguez | Nova York | referência Space Age

Look dominatrix | Thierry Mugler | década de 80

Look Pop Art | Versace | década de 80

Cartaz da exposição de David LaChapelle

Tilda Swinton encarna David Bowie

Surrealismo na arte de David LaChapelle


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memória foto: Eric Forat/reprodução

CLODOVIL AMADO POR UNS, CRITICADO POR OUTROS, SEMPRE ESTEVE NO CENTRO DAS ATENÇÕES

“Eu lembro de subir nas árvores do quintal da minha casa e ficar criando fantasias, rezando para acontecer alguma coisa naquele lugar onde não acontecia nada... Imaginava princesas, fadas... Eu lidava com a criação, sem saber o que era. Ainda não tinha consciência de que a cabeça, as minhas fantasias e a força criadora seriam meu caminho para tudo”. – Clodovil Hernandes, em entrevista para o livro “O Brasil na Moda” – Editora Caras. Tudo começou quando ele resolveu enviar um de seus desenhos à coluna de moda da cantora Marlene para a revista Radiolândia, em um concurso de novos talentos. Foi em 1954. “Um dia eu abro a revista e vejo meu vestido. Sentei na calçada e... foi a minha primeira publicação.”

Já profissional, trabalhou nas butiques Scarlett e La Signorella. Mas o sucesso como estilista veio mesmo com o prêmio Agulha de Ouro, em 1960, o prêmio de moda mais prestigiado da época. No ano seguinte, e depois, em 1963, ele ganhou novamente o prêmio, desta vez, a Agulha de Platina. Nessa época, Clodovil já tinha atelier na Oscar Freire e seus vestidos de noiva e alta-costura tinham seleta clientela. Também nesse período, licenciou vários produtos com sua marca, como bolsas, jeans, uma coleção masculina e até um carro Monza. Entre suas clientes famosas estavam Elis Regina, Cacilda Becker e as famílias Diniz e Matarazzo. A popularidade veio mesmo em 1975, quando ele venceu um prêmio de um programa da TV Globo, onde respondeu perguntas sobre a Dona Beja, um dos seus ídolos. A partir daí, teve várias passagens pela tevê, apresentando programas como TV Mulher (Globo), Clô para os íntimos

Campanha Jeans Clodovil - 1981

Clodovil, deputado federal

e Clodovil Soft (Bandeirantes), além de outros trabalhos nas emissoras TV Manchete (já extinta), CNT e Rede TV. Ficou conhecido pela língua ferrenha, pelas perguntas indiscretas e por dizer o que pensa. Aos poucos foi se afastando da moda, investindo na carreira paralela. No final dos anos 80, fechou seu atelier da Avenida Europa e passou a atender apenas umas poucas encomendas especiais. Em 2006, atuou na peça Eu e Ela e elegeu-se deputado federal pelo PTC-SP (Partido Trabalhista Cristão), entrando para vida política com quase de 500 mil votos. Pouco tempo depois, transferiu-se para o PR (Partido da República).

bens sejam destinados à criação de uma Fundação, que levará o nome de sua mãe, Izabel Hernandes, e cuidará de casas de assistência para meninas órfãs (Casa Clô). Fontes consultadas: Livro “O Brasil na Moda” (Ed. Caras) e “Dicionário da Moda - Marcos Sabino” (Ed. Campus). foto: reprodução

Clodovil Hernandes nasceu em Elisário, São Paulo, em 1937. Filho de pais adotivos foi criado em Floreal e estudou em colégio interno. Desde muito cedo, gostava de desenhar e sonhava em viajar para a capital. Em 1956, foi para São Paulo, cursar Filosofia. Um dia, durante uma aula, quando estava rabiscando, uma colega perguntou porque ele não vendia seus desenhos. Ele conta que nem sabia que se ganhava dinheiro com isso. Fez 11 croquis e vendeu seus primeiros desenhos de moda.

foto: José Cruz (ABr)/Creative Commons

POR INÊZ GULARTE

O estilista que ficou conhecido na moda por ser o “rival” do excêntrico Dener Pamplona de Abreu, conta que acabou virando amigo dele mais tarde. A tão falada rivalidade entre os dois virou folclore e é considerada por muitos uma grande jogada de marketing. Em entrevista à revista Época, em julho de 2007, ele declarou que gostaria que fosse escrito em sua lápide: “É preferível afrontar o mundo e servir a nossa consciência, a afrontar nossa consciência para ser agradável ao mundo”. Clodovil faleceu em 17 de março deste ano, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) seguido de parada cardíaca. Sem herdeiros, deixou um testamento no qual autoriza que seus

Capa revista O Cruzeiro - 1971



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