Edição 74 Outubro/Novembro 2013

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OUTUBRO/NOVEMBRO 2013 | ano XI | no 74 | Jobson Brasil

universovisual.com.br

CAPA

Saúde dos olhos é alvo de pesquisa inédita – e revela a relação dos brasileiros com a oftalmologia

INOVAÇÃO

As start-ups no mundo oftalmológico

GESTÃO

Oftalmologistas brasileiros buscam novas experiências no exterior

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R$ 9,90

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CONSELHO EDITORIAL 2013 Publisher & Editor

Flavio Mendes Bitelman Editora Executiva

Marina Almeida Editor Clínico

Catarata

Glaucoma

Retina

Carlos Eduardo Arieta Eduardo Soriano Marcelo Ventura Miguel Padilha Paulo César Fontes

Augusto Paranhos Jr. Homero Gusmão de Almeida Marcelo Hatanaka Paulo Augusto de Arruda Mello Remo Susanna Jr. Vital P. Costa

Jacó Lavinsky Juliana Sallum Marcio Nehemy Marcos Ávila Michel Eid Farah Neto Oswaldo Moura Brasil

Lentes de Contato

Tecnologia

Adamo Lui Netto César Lipener Cleusa Coral-Ghanem Eduardo Menezes Nilo Holzchuh

Uveíte

Cirurgia Refrativa

EDITORES COLABORADORES

Mauro Campos Renato Ambrósio Jr. Wallace Chamon Walton Nosé

Oftalmologia Geral

Córnea e Doenças Externas

Homero Gusmão de Almeida

Newton Kara José Rubens Belfort Jr. Administração

Cláudio Chaves Cláudio Lottenberg Marinho Jorge Scarpi Samir Bechara

Ana Luisa Höfling-Lima Denise de Freitas Hamilton Moreira José Álvaro Pereira Gomes José Guilherme Pecego Luciene Barbosa Paulo Dantas Sérgio Kandelman Estrabismo

Ana Teresa Ramos Moreira Carlos Souza Dias Célia Nakanami Mauro Plut

Publisher e editor Flavio Mendes Bitelman

Paulo Schor Cláudio Silveira Cristina Muccioli Fernando Oréfice

Plástica e Órbita

Antônio Augusto Velasco Cruz Eurípedes da Mota Moura Henrique Kikuta Paulo Góis Manso Refração

Aderbal de Albuquerque Alves Harley Bicas Marco Rey de Faria Marcus Safady

Jovens Talentos

Alexandre Ventura Bruno Fontes Paulo Augusto Mello Filho Pedro Carlos Carricondo Ricardo Holzchuh Silvane Bigolin

Redação, administração, publicidade e correspondência:

Rua Cônego Eugênio Leite, 920 Pinheiros, São Paulo, SP, Brasil, CEP 05414-001 Tel. (11) 3061-9025 • Fax (11) 3898-1503 E-mail: marina.almeida@universovisual.com.br

Edição 74 – ano XI – Outubro/Novembro de 2013

Assinaturas: (11) 3971-4372 Computer To Plate e Impressão: Ipsis Gráfica e Editora S.A.

Editora Marina Almeida Diretora de arte Ana Luiza Vilela Gerentes comerciais e de marketing Fernanda Ferret e Nara Monteiro Gerente administrativa Juliana Vasconcelos

Tiragem: 16.000 exemplares

Colaboradores desta edição: Adamo Lui Netto, Sandra Botelho,

Simone Finzi e Virgilio Centurion (artigos); Adriana do Amaral, Christye Cantero, Luciana Rodriguez e Raphael Cavaco (texto); Antônio Palma (revisão).

Importante: A formatação e adequação dos anúncios às regras

da Anvisa são de responsabilidade exclusiva dos anunciantes.

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As opiniões expressas nos artigos são de responsabilidade dos autores. Nenhuma parte desta edição pode ser reproduzida sem a autorização da Jobson Brasil. A revista Universo Visual é publicada sete vezes por ano pela Jobson Brasil Ltda., Rua Cônego Eugênio Leite, 920, Pinheiros, São Paulo, SP, Brasil, CEP 05414-001. A Jobson Brasil Ltda. edita as revistas View, Universo Visual e Host&Travel by Auroraeco viagens.

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editoriais

A invasão dos bárbaros

Arquivo Universo Visual

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este número da Universo Visual nos chama especial atenção a entrevista com o presidente da SBCR, Renato Ambrósio Jr., sobre o estágio atual da cirurgia refrativa. Muito se evoluiu desde ceratotomia radial (RK), idealizada e consolidada pelo russo S. Fyodorov na década de 70 para correção da miopia. Esta técnica inaugurou uma nova era na cirurgia oftalmológica, mas como toda inovação revolucionária, experimentou enorme resistência em todo mundo. Em 1979, retornávamos da URSS, após um estágio no serviço do prof. Fyodorov e trouxemos na bagagem todos os detalhes técnicos da RK. Após entrevista nossa em jornal de grande circulação, a rejeição dos colegas foi definitiva: a cirurgia era um blefe já que não se operava miopia! Nós, pessoalmente, não nos envolvemos com a cirurgia refrativa. Os verdadeiros pioneiros no Brasil, como Renato Ambrósio (pai), Carlúcio Andrade e Ricardo Guimarães, surgiriam mais tarde. Assistimos nestas três últimas décadas, uma evolução fantástica da cirurgia refrativa com o desenvolvimento de novos laseres e sofisticada aparelhagem. Mais recentemente, a cirurgia refrativa invadiu despudoradamente o campo da cirurgia da catarata (ousei denominar num primeiro momento de “Invasão dos Bárbaros”)! Hoje reconheço que foi uma invasão bem-vinda que proporcionou mais refinamento e melhores resultados aos nossos pacientes submetidos à cirurgia de catarata. Nosso forte abraço, Homero Gusmão de Almeida Editor Clínico

Informação ao alcance de todos

C

omo os brasileiros enxergam a saúde dos olhos? Como lidam com as doenças oculares? E mais, realmente conhecem as principais patologias? Essas e outras perguntas foram feitas a quatro mil e trinta pessoas, entre homens e mulheres com mais de 35 anos, oriundos das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Porto Alegre. Na matéria de capa desta edição, contamos tudo sobre a pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV) em abril de 2013, que buscou entender e detalhar o cuidado da população com a própria saúde visual e checar o seu conhecimento sobre a DMRI. Compartilhar a informação pode ser o segredo para o desenvolvimento da oftalmologia no Brasil, mas os dados dessa pesquisa nos revelam que tão importante quanto a formação dos médicos, é a conscientização da população em relação aos cuidados básicos com a saúde ocular. Para termos uma pequena ideia da imensidão dessa falta de conhecimento, cinquenta e oito por cento dos entrevistados disseram que nunca tinham ouvido falar sobre as causas, sintomas e tratamento da DMRI – doença essa que atinge mais de 5 milhões de brasileiros. Na chamada era da informação, nada mais natural do que dividi-la com colegas, repassá-la a pacientes e buscar complementá-la da melhor maneira possível. Afinal, poucas coisas influem tanto na qualidade de vida como a visão. Boa leitura! Flavio Mendes Bitelman Publisher fbitelman@universovisual.com.br

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Sumário Edição 74 Outubro/Novembro 2013

08 Entrevista

O oftalmologia Renato Ambrósio fala sobre cirurgia refrativa, uma subespecialidade em constante evolução

12 Capa

Como os brasileiros enxergam a saúde dos olhos? Pesquisa inédita revela sua relação com a oftalmologia

18 Gestão

Oftalmologistas brasileiros vão para o exterior em busca de atualização profissional e melhores oportunidades de emprego

24 Inovação

Start-ups na oftalmologia. Laboratórios e centros de pesquisa universitários são celeiros para novas ideias

28 Em pauta

Descarte de medicamentos vencidos. O que fazer? Brasileiros ainda não sabem como praticar o descarte consciente

36 Cirurgia Refrativa

Lentes intraoculares de tecnologia avançada: uma questão de educação

40 Genética ocular

Testes genéticos em oftalmologia

44 Caso clínico

Uso das lentes esclerais, utilizadas no passado, retornaram redesenhadas e com material permeável ao oxigênio

46 Lentes de contato

LC multifocal: um novo olhar, uma nova visão

50 Notícias e produtos 56 Agenda 57 Dicas da redação

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entrevista Renato Ambrósio Jr.

Cirurgia refrativa: subespecialidade em constante evolução

Carlo Ferreri

Tanto o diagnóstico, como a indicação, planejamento e realização da cirurgia de catarata tiveram grande influência no progresso científico impulsionado pela nova subespecialidade

Marina Almeida

N

o início dos anos 80, o advento de procedimentos cirúrgicos eletivos com o objetivo de reduzir a dependência da correção visual por óculos ou lentes de contato determinou profundas mudanças na oftalmologia. Embora inicialmente controversos, os procedimentos refrativos rapidamente ganharam popularidade entre médicos e possíveis candidatos, determinando necessidade de evolução. Com isso, houve grande estímulo para pesquisas em cadeiras básicas e clínicas, o que aumentou o entendimento sobre diversos aspectos da fisiologia, patologia e diagnose em córnea e óptica ocular. Em consequência dessa rápida evolução, a cirurgia refrativa alcançou reconhecimento pela comunidade científica internacional e passou a ser considerada como subespecialidade da oftalmologia. À revista Universo Visual, o Professor Associado da Pós-Graduação em Oftalmologia da UNIFESP e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, e Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Refrativa (2012-2014), Renato Ambrósio Jr., falou sobre o conhecimento e o desenvolvimento tecnológico relacionados com a cirurgia refrativa, bem como sua aplicação em diferentes condições oftalmológicas, destacando-se a catarata.

Renato Ambrósio Jr.

Revista Universo Visual - Como a cirurgia refrativa se tornou uma subespecialidade na oftalmologia? Renato Ambrósio Jr. - Desde o início dos anos 80, os

procedimentos que eram controversos com o objetivo de reduzir a dependência de correção visual por óculos ou lentes de contato ganharam cada vez mais interesse da comunidade médico-científica, bem como dos pacientes. A rápida evolução veio da necessidade de fazermos cirurgia em pacientes sem doença ocular, além

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da ametropia. Nessa situação houve uma necesplantes Intraoculares são ‘irmãs’, e estão cada vez sidade de evolução para tornar os procedimentos mais alinhadas. Estarão celebrando no ano que vem cada vez mais seguros e eficazes. Isso estimulou a união das sociedades como uma entidade só. diversas pesquisas em oftalmologia, tanto em caOutras doenças obtiveram grandes benefícios deiras básicas, como clínicas. Nas cadeiras clínicas, com a evolução da cirurgia refrativa, como o cepor exemplo, temos tecnologias relacionadas com ratocone. Na verdade, qualquer outra doença na a farmacologia, com a parte de diagnóstico, com a córnea em que exista alguma irregularidade pode parte terapêutica, cirúrgica, destacando os lasers, ser melhor diagnosticada e possivelmente tratada que realmente revolucionaram a cirurgia refrativa. com laser. Essas cirurgias são diferentes das cirurPrimeiramente observamos o advento do excigias refrativas eletivas, o que se chama de cirurgias mer laser e seu desenvolvimento para as cirurgias refrativas terapêuticas. Estas ajudam os pacientes personalizadas, depois o laser de femtossegundo. com problemas de córnea e diminuem a necessidade Inquestionavelmente a evolução do laser, dinâmica de transplante de córnea. e constante, traz cada vez mais UV – Então, por que diferenciar a possibilidade de melhores rea cirurgia refrativa terapêutica? sultados para os pacientes. Eu Ambrósio Jr. - Isso é um assunacho importante sempre conto bastante atual e que merece siderar que nem todo laser é destaque. Sabemos que a cirurigual, apesar de laser ser uma gia refrativa é uma alternativa palavra mágica. O que é bom Eu acho para os pacientes que querem hoje, vai continuar sendo bom, fundamental reconhecer diminuir a dependência de ócumas não vai ser mais o melhor que a cirurgia refrativa los e lentes de contato. Nessa dentro de um período relativasituação o paciente tem uma mente curto de tempo. Nesse determinou uma visão boa, satisfatória, e obcenário, que chamamos de paevolução que beneficiou viamente a cirurgia deve ser drão ouro ou ideal de conduta diversas áreas, pontuada em todo o cuidado seria altamente mutável, e isso para, primeiro, determinar se a gente deve reconhecer e ter destacando a cirurgia o paciente é ou não um bom consciência. Com isso, qualquer de catarata candidato para a cirurgia. Faoftalmologista interessado em zer com um bom planejamento cirurgia refrativa precisa estar determina maiores chances de em constante evolução e tem se ter um bom resultado, bem que estar atualizado, o que recomo mais segurança. Todo paquer uma grande dedicação de ciente de cirurgia refrativa deve ser bem orientado tempo, energia e investimento desse especialista. sobre os riscos e benefícios do procedimento, assim UV - O que essa evolução impactou em outras áreas como as limitações dessa cirurgia. Mas quando se fada oftalmologia? la em cirurgia terapêutica, a correção que o paciente Ambrósio Jr. - Eu acho fundamental reconhecer que tem por óculos ou lentes de contato é, por definição, a cirurgia refrativa determinou uma evolução que insatisfatória. Podemos ter níveis diferentes de probeneficiou diversas áreas, destacando a cirurgia de blemas, por exemplo, um paciente com ceratocone catarata. Tanto o diagnóstico, planejamento, quanto bem avançado com visão muito baixa, bem como a a realização da cirurgia em si com a consciência do cirurgia terapêutica também estaria aplicada em um planejamento refrativo são aspectos que ligam intipaciente que tem uma irregularidade leve, ainda que mamente estas duas subespecialidades. Essas evocom boa visão, até mesmo sem a necessidade de óculuções determinaram a convergência destas subeslos, mas com comprometimento acentuado da qualipecialidades, o que pode ser observado no mundo dade visual e de vida do paciente. Nas duas situações, inteiro. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Cirurgia o que há em comum é que existem elevados níveis Refrativa e a Sociedade Brasileira de Catarata e Imde aberrações ópticas de alta ordem e isso é bastanOUTUBRO/NOVEMBRO 2013 universovisual 9

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entrevista Renato Ambrósio Jr.

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te importante, e merece ser destacado. Com isso, a lentes de contato pode ter uma função estética. Prinavaliação desses casos só se tornou completa com o cipalmente os óculos em relação à própria imagem do advento da aberrometria ocular ou exame wavefront, paciente. Desta forma, a cirurgia refrativa não tem de que faz o estudo da irregularidade óptica, além das forma alguma o objetivo estético. Obviamente os paametropias de baixa ordem - miopia, astigmatismo e cientes com alta ametropia podem ter a minimização hipermetropia. Nesses casos, o transplante de córnea da aparência do olho, em óculos com alto grau, e isso é considerado uma das alternativas, e de fato, seria pode ser interessante para o paciente, mas o objetivo a única alternativa antes de termos essa tecnologia é funcional e de liberdade visual. Por outro lado, os ligada à cirurgia refrativa para fazer os procedimenóculos podem ter um apelo estético para o pacientos terapêuticos. Então, os procedimentos especifite. Obviamente a cirurgia refrativa é opcional, assim camente relacionados com a como a estética, o que faz com cirurgia refrativa, que são aplique esses dois tipos de cirurgias cados para doenças da córnea, sejam similares neste ponto. são denominados terapêuticos. UV - Comente a evolução da ciExemplos mais comuns são as rurgia refrativa e seu impacto na técnicas de laser de superfície, oftalmologia. no modo PTK (PhototherapeuA cirurgia refrativa Ambrósio Jr. - Acho importante tic Keratectomy) associado ou tem o objetivo citar que a cirurgia refrativa está não ao PRK (Photorefractive kefuncional de diminuir a entre os procedimentos eletivos ratectomy) personalizado para mais realizados no mundo. No tirar irregularidades ou opacidependência de óculos caso, o LASIK é o mais realizado. dades da superfície. A técnica e/ou lentes de contato Entretanto, uma minoria bem cirúrgica é muito parecida com e dar ao paciente maior inferior a 10% dos possíveis a técnica de uma ablação de candidatos realizou cirurgia resuperfície, entretanto, a aborliberdade visual frativa. São procedimentos que dagem terapêutica deve ser aumentam muito a qualidade diferenciada. de vida do paciente, mas antes UV - A cirurgia refrativa é consié preciso entender os riscos e as derada um procedimento estético? limitações da cirurgia. O sucesso depende de adeAmbrósio Jr. - Considero grave equívoco considerar quada orientação, o que torna o processo de educaos procedimentos refrativos como estéticos. A cirurção do paciente fundamental. Falta de cuidado do gia não tem esse objetivo. A cirurgia refrativa tem cirurgião e sua equipe neste ponto aumenta a chance o objetivo funcional de diminuir a dependência de de insatisfação. Por exemplo, um paciente que faz a óculos e/ou lentes de contato e dar ao paciente maior cirurgia de superfície precisa entender que o tempo liberdade visual. Muitas vezes o uso dos óculos e das de recuperação é um pouco mais lento. No caso da presbiopia, o paciente precisa entender sobre a perda da acomodação com a idade. Enquanto temos excelentes resultados com a báscula ou visão balanceada, se ele busca enxergar de longe e de perto com cada olho individualmente e não entender o que é possível hoje, ele não ficará satisfeito. Todo paciente tem que entender o que a gente pode oferecer. Considero que seja um triângulo para se obter sucesso em cirurgia refrativa: o conhecimento do cirurgião, a tecnologia como os vértices, e o zelo/ relação médico-paciente como a base. n RELAÇÃO MÉDICO PACIENTE

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Saúde dos olhos é alvo de pesquisa inédita Como os brasileiros enxergam a saúde dos olhos? Para detalhar o cuidado da população com a própria saúde visual e checar o seu conhecimento sobre a DMRI, a SBRV realizou uma pesquisa inédita sobre saúde ocular Adriana do Amaral

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etenta por cento dos entrevistados declararam sofrer algum problema de visão e a DMRI ainda é uma patologia desconhecida para a maioria dos indivíduos”. Essa foi uma das conclusões da pesquisa que entrevistou quatro mil e trinta homens e mulheres com idades acima de 35 anos, de forma aleatória, por 62 pesquisadores em ruas de grande circulação das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Porto Alegre. Foram feitas 14 perguntas de múltipla escolha sobre a Saúde Ocular entre 10 e 17 horas, no dia 2 de abril passado. Embora as pessoas não soubessem disso no momento da abordagem, o Presidente da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV), Walter Takahashi, contou para a Universo Visual que o objetivo da pesquisa foi levantar informações sobre “o conhecimento da população de uma forma geral a respeito da degeneração macular relacionada à idade (DMRI), seus sintomas, fatores de risco e tratamento”. A pesquisa foi patrocinada pela empresa Bayer. Infelizmente, ainda é muito pequena a informação sobre a DMR, uma patologia que atinge 5% da população mundial entre 65 a 74 anos e 25% acima de 74 anos. A pesquisa confirmou que é preciso investir na divulgação de informações sobre uma patologia importante, que leva à cegueira irreversível na grande maioria dos casos. “Apenas 20% da população já ouviu falar da DMRI e apenas 6% sabe que a doença está associada a uma mancha no centro da visão. A grande maioria também não demonstrou ter conhecimento dos sintomas da doença e nem de sua forma de tratamento”, destaca Takahashi, que também é Diretor do Serviço de Retina e Vítreo da Universidade de São Paulo. DMRI: DOENÇA DESCONHECIDA As causas, sintomas e tratamento da DMRI ainda são ignorados pela maioria dos brasileiros. Cinquenta e oito por cento dos entrevistados nunca tinham ouvido falar da patologia, mas quando os pesquisadores mostraram

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RESUMO GERAL DOS RESULTADOS PESQUISA SAÚDE OCULAR 4030 entrevistados, homens e mulheres adultos, acima de 35 anos, em cinco capitais brasileiras

9% 21%

11%

29%

23%

16% 23%

22%

27%

19%

FAIXA ETÁRIA

PERIODICIDADE DE CONSULTAS AO OFTALMOLOGISTA

41 e 49 anos (29%); l 35 a 40 (27%); l 60 anos ou mais (23%); l 50 a 59 (21%). l

Uma vez por ano (23%); Mais de uma vez por ano (22%); l Uma vez a cada dois anos (19%); l Apenas se tiverem algum problema (16%); l Nunca se submeteram a uma consulta com um especialista (11%); l Não se consultam há três anos (9%). l l

NÚMERO DE ENTREVISTADOS São Paulo: 1.170 pessoas; Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Porto Alegre: 715 pessoas

23% 23% 23%

23% 39% 23%

23% 61%

INCIDÊNCIA DE PROBLEMAS DE VISÃO Não (29%); l Sim (71%), mas 55% não souberam especificar; l Dentre os que souberam: catarata (16%), glaucoma (11%), tracoma (6%), descolamento de retina (5%), retinopatia diabética (4%) e DMRI (3%). l

CONHECIDOS QUE PERDERAM A VISÃO QUANDO IDOSOS Não (39%); Sim (61%). l Dentre os que souberam responder, 41% relataram a catarata como a causa da cegueira. l l

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capa 26% 59%

WALTER TAKAHASHI: “70% da população alegou ter algum problema de visão, sendo que a metade não soube dizer qual problema possui. Pretendemos ampliar a divulgação das principais patologias que acometem as pessoas em suas faixas etárias, os fatores de risco e a importância do exame oftalmológico precoce e rotineiro”

opções de doenças oculares, 8% deles associaram a DMRI aos diferentes erros de grau, como miopia, astigmatismo, hipermetropia e presbiopia; 7% com catarata; 7% com vista cansada; 6% com problemas para ver de perto; 6% mancha no centro da visão e 4% glaucoma (4%). Mais da metade (52%) também respondeu negativamente à questão: “Você sabe como é feito o tratamento para a DMRI?” Dentre os que responderam sim, 15% listaram os colírios e o uso de antibióticos como os principais tratamentos. O sintoma mais citado e que identificaria a patologia, para 11% dos pesquisados, foi o aparecimento de pontos turvos escuros no centro da visão. Na sequência, foram listadas: a dificuldade em reconhecer cores (7%), o olho ressecado (6%), névoa nos olhos (5%), olho sempre lacrimejando (5%), sensibilidade à luz (5%), tontura ou labirintite (4%) e dores nos olhos (4%). Praticamente todas as opções oferecidas foram escolhidas quando foi perguntado sobre quais sintomas poderiam contribuir para a DMRI. Apenas dentre os que afirmaram saber a resposta, por ordem de preferência, foram citados: diabetes (13%), pressão alta (10%), aumento na pressão do olho (9%), exposição aos raios ultravioleta (8%), toxoplasmose (6%), tumor no olho (6%), colesterol alto (6%), descolamento de retina (6%), excesso de peso (4%). A associação entre o fumo e a perda de visão dividiu a opinião dos entrevistados. Responderam sim 46%, enquanto 54% responderam negativamente. FALTA DE CONHECIMENTO Mais da metade dos entrevistados afirmou sofrer de algum problema de visão, mas nem todos souberam dizer qual a patologia. “É surpreendente o número de pessoas

15% PAIS E AVÓS QUE TIVERAM PROBLEMAS NA VISÃO NA TERCEIRA IDADE Não (26%); Não souberam responder (15%). l Sim (59%); l Dentre os que souberam responder, 89% citaram glaucoma e descolamento de retina. l l

52% 79% 53%

58% RESUMO DOS RESULTADOS SOBRE A DMRI Nunca ouviram falar em DMRI (79%); Não sabem o que é DMRI (58%); l Desconhecem os sintomas da DMRI (53%); l Não sabem como é feito o tratamento para DMRI (52%); l l

que apresentam algum distúrbio de visão, porém desconhecem o problema”, relata Takahashi. Cinquenta por cento dos entrevistados que disseram ter alguma doença nos olhos não souberam especificar. A catarata foi a patologia mais citada, por 16% dos entrevistados, seguida pelo glaucoma (11%), tracoma (6%), descolamento de retina (5%), retinopatia diabética (4%) e DMRI (3%). O oftalmologista ainda argumenta que a alta prevalência de problemas visuais deve-se à faixa etária dos brasileiros inseridos no estudo, que integram a faixa dos 40 anos. Coincidentemente quando os erros refrativos, ou os

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Destaques por cidades

conhecidos problemas de grau, são mais prevalentes. “Muitas dessas pessoas usam óculos, mas não sabem o tipo de grau que possuem”, explica. HISTÓRICO FAMILIAR Quanto ao histórico familiar, a ignorância sobre a DMRI também é preocupante, já que o fator genético pode contribuir para a ocorrência da doença, com o passar da idade. Dentre os 59% dos entrevistados que responderam à pergunta, 89% disseram que os seus pais ou avós tiveram glaucoma ou descolamento de retina, enquanto 32% não souberam especificar. Quando a perda de visão incide sobre algum conhecido, 61% responderam conhecer alguém que teve ou tem problemas de visão quando idoso, embora 33% deles não souberam explicar qual. Catarata (28%), glaucoma (17%), descolamento de retina (7%), retinopatia diabética (7%), tracoma (4%) e DMRI (4%) foram as doenças citadas por aqueles que souberam especificar. NÚMERO DE CONSULTAS AO OFTALMOLOGISTA É SATISFATÓRIO Apesar de o foco não ter sido a frequência de visitas do brasileiro ao oftalmologista, chama a atenção o fato de a pesquisa ter concluído que 23% dos entrevistados se consultam com um oftalmologista anualmente, 22% mais de uma vez por ano e 19% a cada dois anos. Contudo, 9% disseram que não passam por uma consulta há três anos, 11% nunca foram assistidos por um especialista e 16% só procuram o médico se tiverem algum problema. O número de consultas ideal, segundo o presidente da SBRV, seria uma vez por ano, sobretudo para a faixa etária contemplada. “A prevalência de doenças como o glaucoma, a catarata e ao DMRI aumenta com a idade”, alerta Takahashi. CONCLUSÕES Na ciência, parece que a cada nova pergunta respondida surgem muitos outros questionamentos. A pesquisa explicitou que ainda falta informação para a população brasileira sobre as patologias oftalmológicas. Sobretudo, indicou quais os principais caminhos a serem seguidos para promover a informação, principalmente sobre a DMRI. “A SBRV irá investir em ações de conscientização entre a população. Pretendemos ampliar a divulgação das principais patologias que acometem as pessoas em suas faixas etárias, os fatores de risco e a importância do exame oftalmológico precoce e rotineiro”, afirma o presidente. n

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ão Paulo teve o maior número de entrevistados, a maioria entre 41 e 49 anos. Quarenta por cento se consultam com um oftalmologista a cada dois anos, 80% disseram ter problemas de visão, mas 85% deles não sabem qual. Além disso, 85% nunca ouviram falar sobre DMRI. A grande maioria, 84%, conhece ou conheceu alguém que perdeu a visão quando idoso e 57% com pais ou avós com problemas de saúde ocular. Em Recife, 32% dos pesquisados têm 60 anos ou mais, 44% do total procuram um oftalmologista mais de uma vez por ano, mas 11% nunca se consultaram. Oitenta e oito por cento têm problemas de visão; dentre os que souberam especificar, 48% identificaram a catarata e 82% nunca ouviram falar sobre DMRI; 92% conhecem alguém que perdeu a visão quando idoso e 86% têm pais ou avós com problemas de visão. Na capital federal, Brasília, 47% do pesquisados têm entre 41 e 49 anos, 40% deles procuram um especialista a cada dois anos. Oitenta e cinco por cento têm problemas de visão, mas não souberam qual; 85% nunca ouviram falar sobre DMRI, 84% conhecem alguém que perdeu a visão quando idoso e 57% são filhos ou netos de idosos com problemas visuais. Na cidade maravilhosa, Rio de Janeiro, 31% estão na faixa etária entre 35 a 40 anos e 27% deles procuram o oftalmologista apenas se tiverem algum problema de visão. A maioria, 79%, afirmou ter problemas de visão, mas desconhece a causa; 89% nunca ouviram falar de DMRI, 48% conhecem algum idoso que perdeu a visão e 53% têm pais ou avós com problemas visuais. Dentre os pesquisados em Porto Alegre, 28% têm 60 anos ou mais, 24% se consultam com um oftalmologista anualmente, 55% dos que apresentam problemas de visão não souberam especificar; 70% nunca ouviram falar sobre DMRI, 46% conhecem algum idoso que perdeu a visão e 45% são filhos ou netos de idosos que apresentam patologias oftalmológicas.

Parceria com a Bayer Embora o estudo ainda não tenha sido publicado oficialmente, a comunidade científica oftalmológica teve acesso aos resultados no primeiro semestre, durante o lançamento do medicamento Eylia®, indicado para o tratamento da DMRI do tipo úmida e fabricado pela Bayer. A empresa, entretanto, não se responsabiliza pelo estudo, dando todos os créditos para a SBRV e destacando seu papel de apoiador.

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7%

6%

DMRI FOI ASSOCIADA OU CONFUNDIDA COM AS DOENÇAS

SINTOMAS RELACIONADOS COM A DMRI

Erro de grau: miopia, astigmatismo, hipermetropia e presbiopia (8%); l O mesmo que catarata (7%); l Vista cansada (7%); l Problemas para ver de perto (6%); l Mancha escura no centro da visão (6%); l Cegueira (4%).

l

4%

13%

6%

DMRI em números

6% 10%

6% 6% 6%

9% 8%

FATORES QUE PODEM CONTRIBUIR PARA A DMRI Diabetes (13%); Pressão alta (10%); l Aumento na pressão do olho (9%); l Exposição aos raios ultravioleta (8%); l Infecções (6%); l Toxoplasmose (6%); l Tumor no olho (6%); l Colesterol alto (6%); l Descolamento de retina (6%); l Excesso de peso (4%). l l

Pontos turvos e escuros na visão (11%); Dificuldades em reconhecer cores (7%); l Olho ressecado (6%); l Névoa nos olhos (5%); l Olho sempre lacrimejando (5%); l Sensibilidade à luz (5%); l Labirintite ou tontura (4%); l Dor nos olhos (4%). l

l

5% DA POPULAÇÃO MUNDIAL NA FAIXA ETÁRIA ENTRE 65 E 74 ANOS; 25% DA POPULAÇÃO MUNDIAL ACIMA DOS 74 ANOS; PROJEÇÃO DE INCIDÊNCIA NO ANO 2020 EM POPULAÇÃO COM MAIS DE ANOS;

DOBRAR

85

INCIDÊNCIA NO BRASIL:

1,4 MILHÃO

(fontes: Perfil Epidemiológico das Principais Causas de Cegueira no Brasil e CBO - Conselho Brasileiro de Oftalmologia).

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gestão

Oftalmologistas brasileiros buscam novas experiências no exterior

A atualização profissional com maior acesso à tecnologia e melhores oportunidades de emprego parecem ser as razões mais atraentes para os especialistas brasileiros Luciana Rodriguez

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Ministério das Relações Exteriores (MRE) fez algumas estimativas acerca do número de brasileiros que residem no exterior - através de avaliações contidas nos relatórios consulares - no entanto, devido ao relevante número de indivíduos que se encontram em situação migratória irregular e evitam participar de censos ou pesquisas, não existem dados precisos quanto ao número exato de emigrantes. Em 2012, a Subsecretaria-Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior (SGEB) apontou cerca de 2,5 milhões de brasileiros no exterior, um número bem inferior a anos anteriores. A redução parece estar associada à nova situação econômica e oportunidades de emprego no Brasil. Os mais diversos motivos levam brasileiros a deixar nosso país. Em se tratando de profissionais da área médica, a atualização profissional com maior acesso à tecnologia e melhores oportunidades de emprego parecem ser as razões mais atraentes. E para os oftalmologistas, isso não é diferente. É o que revela Roberto Roizenblatt, Doutor em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo, que “buscava desenvolvimento profissional quando decidi deixar o Brasil”. Segundo Roizenblatt, a experiência no exterior cria oportunidade de aperfeiçoar a formação em clínica e pesquisa e também proporciona crescimento pessoal. “Grande parte dos oftalmologistas que se mudaram para o exterior faz parte de uma categoria dos que vieram por um tempo de estudo determinado e decidiram permanecer. Esse quadro está mudando, existe um número cada vez maior de profissionais vindo para a América do Norte com o objetivo primário de se estabelecer. As universidades americanas são a porta de entrada, a minha foi em Los Angeles, onde moro até hoje”, comenta.

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Cleveland Clinic - Cole Eye Institute e contou com o apoio Para o oftalmologista, o sistema de saúde americano esespecial da UNIFESP/CAPES. tá em transição, e seria precoce compará-lo com o sistema Para ela, a responsabilidade e profissionalismo das de saúde brasileiro. “No geral, é um sistema mais evoluído pessoas com quem trabalha e trabalhou nos dois países e bem organizado. A infraestrutura oftalmológica brasileira é semelhante, bem como as longas jornadas de trabalho. nos grandes e médios centros é semelhante à americana, Porém, a estabilidade profissional e o acesso à tecnologia mas nos Estados Unidos existe a vantagem de um maior núde ponta foram um diferencial que encontrou nos Estados mero de cidades com qualidade de vida atrativas ao médico Unidos. “A relação de emprego é estável, pois firmamos e com boa infraestrutura hospitalar. Há também melhores um contrato anual com os empregadores, sejam eles unioportunidades de emprego, já que o sistema educacional versidades ou centros médicos particulares. O médico supre uma quantidade anual relativamente constante de não ganha pelo número de pacientes que atende ou pelo oftalmologistas”, explica. número de plantões que realiza, mas de acordo com o que “A experiência no exterior garante uma vivência incríjá foi negociado através do convel. Os médicos que moram fora de trato de trabalho firmado entre o seu país natal sofrem de saudades; profissional e a Instituição”, disse. essa é uma grande desvantagem, Quanto às desvantagens no assim como o esforço hercúleo panovo país, Karolinne ressalta a ra revalidar o diploma - um obstádemora na aprovação de novos culo difícil, mas muito válido e neOs mais diversos motivos projetos por parte do Food and cessário. Os países da América do Drug Administration (FDA), o que Norte estão entre os mais fáceis de levam brasileiros a deixar se adaptar a um imigrante educanosso país. Em se tratando leva a uma longa espera para utilização de novas tecnologias desendo no Brasil. No entanto, é preciso de profissionais da área volvidas para novos tratamentos. respeitar novas regras sociais e deAlém disso, assim como já havia mora alguns anos para se receber médica, a atualização salientado o oftalmologista Roio que chamo de prêmio máximo, profissional com maior zenblatt, a distância da família e que é ter a sensação de pertenacesso à tecnologia e amigos também é apontada como cer, participar ativamente e estar uma grande desvantagem. “Um relacionado dentro de uma nova melhores oportunidades dia pretendo retornar ao Brasil. sociedade. Atingi os objetivos prode emprego parecem ser Adoro meu país, tenho muitos fissionais que tinha quando decidi as razões mais atraentes. amigos e conheço bons profisme estabelecer na América e agosionais. A oftalmologia brasileira ra tenho novos. Gostaria de voltar é excelente e os brasileiros são periodicamente ao Brasil e atuar excelentes cirurgiões”, salienta. no ensino”, completa Roizenblatt. ACESSO ÀS TECNOLOGIAS O acesso às tecnologias e exames diagnósticos é facilitado em países como os Estados Unidos e este foi um dos pontos salientados pela especialista Karolinne Maia Rocha, da Cole Eye Institute, Cleveland Clinic Foundation. “Dispomos de um Sistema Médico Eletrônico interligado que possibilita a visualização, a qualquer momento, do prontuário eletrônico dos pacientes e todo o seu sistema de imagens, de maneira rápida e efetiva e de qualquer lugar. A comunicação com os hospitais e com os outros profissionais da saúde para troca de informações é imediata”, conta. Karolinne mudou para os Estados Unidos com o objetivo de fazer um pós-doutorado, investigar e desenvolver novas tecnologias. Recebeu um convite da

PESQUISA E DESENVOLVIMENTO A experiência da professora associada e codiretora do Intermountain Ocular Research Center, Liliana Werner, foi um pouco diferente. A mudança para outro país não foi planejada, mas surgiram algumas oportunidades ao longo de um estágio que fez na França. “Quando estava terminando a residência no Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte, tive grande interesse em fazer uma subespecialidade no exterior para enriquecimento profissional e também experiência de vida em geral. Através do diretor da residência, Dr. Odair Guimarães, que tinha contatos na França, fui para Paris inicialmente com o intuito de passar 1 ou 2 anos e me especializar em retina. Uma vez em Paris, um dos professores do Hôtel-Dieu, Jean-Marc Legeais, co-

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mentou acerca de um projeto muito interessante, inclusive com suporte financeiro, que se encaixaria muito bem em um programa de PhD de Biomateriais, e que, caso eu tivesse interesse, ele seria meu diretor de tese. Decidi participar desse programa ligado à Université René Descartes, vendo nele uma grande oportunidade de enriquecer meu currículo. Nessa época, meus irmãos estudavam em Paris e meus pais passavam longas temporadas ali, assim estávamos em família”, conta Liliana. A médica lembra ainda que seu projeto de PhD, que durou quatro anos, foi sobre modificações de superfície de materiais utilizados para a fabricação de lentes intraoculares para a cirurgia de catarata. “No último ano do programa, meu diretor de tese sugeriu que eu ficasse nos Estados Unidos pelo menos 1 ano, trabalhando no laboratório do Dr. David Apple, considerado o líder nesta área de pesquisa. Assim, defendi minha tese e fui para Charleston, na Carolina do Sul, onde comecei a trabalhar no laboratório do Dr. Apple. Um ano mais tarde, minha posição era de Visiting Assistant Professor na Medical University of South Carolina. O laboratório foi transferido para o John A. Moran Eye Center, University of Utah em Salt Lake City, dirigido pelo Dr. Randall Olson. Fui promovida a Associate Professor e, com a aposentadoria do Dr. Apple, atualmente dirijo o laboratório juntamente com o Dr. Nick Mamalis. Como optei por atuar na área de pesquisa em implantes intraoculares, percebi que as condições para o desenvolvimento deste tipo de trabalho seriam melhores nos Estados Unidos, e assim estou aqui desde 1999”, conta. A área de atuação de escolha de Liliana é pesquisa, segundo ela mais desenvolvida nos Estados Unidos e Europa, em grande parte devido aos maiores investimentos financeiros nessa área. “Nosso laboratório recebe financiamento não somente do governo, mas também de organizações como Research to Prevent Blindness, Inc. e até de particulares. Também entramos em parceria com vários fabricantes de lentes intraoculares e implantes intraoculares em geral, desenvolvendo estudos que também ajudam no financiamento das nossas operações em geral no laboratório”, relata. “Com relação à área particular de desenvolvimento de lentes intraoculares e implantes intraoculares em geral, creio que a grande diferença entre o Brasil, os Estados Unidos e países da Europa está ligada aos órgãos que regulam ou aprovam o uso destas lentes/implantes. O processo na Europa (CE mark) não é tão estrito como o processo nos Estados Unidos (FDA). Assim, o intervalo entre a fase de avaliação pré-clínica de um implante intraocular e a sua disponibilidade no mercado para

uso clínico é bem mais curto na Europa em comparação aos Estados Unidos. Em geral, mais tempo e custos mais elevados estão associados ao processo de aprovação de uma lente intraocular para disponibilidade no mercado americano; assim, a variedade de implantes disponíveis no mercado europeu é bem maior. Creio que o processo para aprovação no Brasil é mais semelhante ao processo europeu”, comenta. Finalizando, Liliana salienta algumas vantagens e desvantagens de sua experiência. “Como minha área de atuação de escolha é a pesquisa em Oftalmologia, particularmente na área de implantes intraoculares, uma grande vantagem de estar nos Estados Unidos é a maior disponibilidade de fundos financeiros, com melhores condições gerais de desenvolver pesquisas. O meu PhD feito na França foi reconhecido nos Estados Unidos, assim não tive que refazer nenhuma das fases da minha formação profissional. As universidades americanas em geral reconhecem o valor profissional de todas as pessoas que realmente se dedicam ao seu trabalho, independentemente de nacionalidade. Recebi a nacionalidade americana com base no meu desempenho profissional desde a minha chegada neste país, com apoio da universidade. Trabalhos realizados nos Estados Unidos em geral têm uma difusão internacional rápida, assim temos grandes oportunidades de colaboração com fabricantes, sociedades profissionais, oftalmologistas, universidades, etc. Em termos pessoais, a experiência cultural em geral tem sido muito enriquecedora; tive a oportunidade de morar em lugares muito bonitos e conhecer pessoas maravilhosas. Vou ao Brasil com frequência, posso colaborar com colegas brasileiros, participar de congressos e me encontro com meus familiares; não vejo desvantagens nesta experiência”, conclui. n

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inovação

As start-ups no mundo oftalmológico Laboratórios e centros de pesquisa universitários são celeiros para novas ideias, inovações e empresas de tecnologia aplicadas à oftalmologia Raphael Cavaco

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nome é recente, está na moda e tem toda a pompa de terceiro milênio. Mas o conceito já existe há anos no mercado em geral, inclusive na oftalmologia. As start-ups, termo em inglês para designar empresas iniciantes de base tecnológica, não possuem na maioria dos casos certeza de sucesso, nem mesmo um modelo de negócio pronto. “Esse tipo de modalidade ou iniciativa empresarial não é novidade. É algo que já acontece desde sempre em diversos segmentos e só modificaram a nomenclatura”, afirma o Professor Adjunto e Vice-Chefe do Departamento de Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Paulo Schor. Especialista no assunto, ele coordena há dois anos um grupo multiprofissional do Laboratório de Bioengenharia Ocular da Unifesp. Composta por 15 pessoas, a equipe trabalha no desenvolvimento constante de instrumentos e equipamentos médicos inovadores ligados a cirurgias e diagnósticos. Os projetos de novas tecnologias aplicadas à oftalmologia estão também abertos para estudantes de graduação, pós-graduação, estagiários e observadores nas áreas de ciências humanas, exatas e biológicas. Algumas universidades e seus centros de pesquisa tornam-se vitrines para grandes empresas na aquisição de novas ideias, patentes e inovações tecnológicas. Ao mesmo tempo, as instituições universitárias estimulam os jovens por meio de incubadoras de empresas, que fornecem o ambiente e estrutura para o desenvolvimento de novos produtos, ou na criação de uma empresa do

tipo spin-off, originada a partir de um grupo de pesquisa em alta tecnologia de uma universidade ou de laboratório público ou privado. Segundo Schor, o cenário das start-ups no mundo da oftalmologia é promissor, principalmente para aquelas com viabilidade econômica e proteção intelectual de seus produtos e serviços. Isso porque as grandes empresas no Brasil, mercado visto pelas multinacionais como estritamente consumidor, não investem em inovação, mas ficam atentas às novidades do mercado, dos congressos e das universidades. “As grandes novidades nascem de pequenas empresas, pois as grandes estão no país para vender, priorizar o marketing e não desenvolver”, avalia. Por outro lado, as empresas maiores e já estabelecidas estão mais abertas a riscos para comprar ou adquirir novas tecnologias. “Há uma porta aberta para a inovação fora das grandes empresas. O desafio dos inovadores é estreitar o contato com elas e oferecer suas soluções para mais gente”, acrescenta. De modo geral, os polos universitários de desenvolvimento de tecnologia estimulam estudantes e professores a buscar soluções ou aplicações focadas nos usuários finais, ou seja, nos pacientes. São instrumentos feitos e testados em laboratórios e depois usados em exames ou cirurgias em seres humanos. As inovações são fomentadas com investimentos da própria universidade, por meio de recursos governamentais e até mesmo do próprio bolso dos profissionais envolvidos no projeto. “Essas divisões de pesquisa, ou pequenas ilhas de inovação, são a

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EyeNetra, start-up baseada na cidade americana de Boston, desde 2012, e fundada por Vitor Pamplona, em parceria com um professor do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussets), foi a responsável pela produção da máscara de ótica que mede o grau dos óculos através de um aplicativo para celular. única esperança de coisas novas aparecerem”, comenta. Há também outras maneiras de subsídios às empresas inovadoras ainda em estágio embrionário. Uma delas é o programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), criado em 1997 para apoiar a execução de pesquisa científica ou tecnológica em pequenas empresas sediadas no Estado de São Paulo. Ao mesmo tempo, não é milagre cair do céu a ajuda do chamado “investidor-anjo”. São pessoas ou fundos de investimento dispostos a oferecer capital e suporte administrativo para empresas nascentes de tecnologia em diferentes setores. Além disso, embora bastante atrasado em comparação a países como EUA e Coreia do Sul, o governo brasileiro, por meio do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI), lançou em março deste ano um programa de aceleradoras de empresas emergentes de tecnologia, o Start-up Brasil. Em meio ao boom de surgimento dessas pequenas empresas, a área da oftalmologia, cada vez mais interligada à tecnologia, também poderá se beneficiar das boas ideias e de novas fontes de recursos aos empreendedores. INOVADORES DA OFTALMOLOGIA Já existem alguns casos de sucesso de empresas start-ups especializadas em produtos e serviços oftalmológicos, concebidas e dirigidas por brasileiros. Em comum, elas tiveram como semente embrionária o trabalho de pesquisa de ex-alunos e professores de grandes univer-

sidades brasileiras e estrangeiras. Um bom exemplo é a Wavetek Technologies, que fabrica uma série de instrumentos para oftalmologia e para outras áreas médicas. A empresa foi criada, em 2006, pelo Professor e Pesquisador do Centro de Excelência em Óptica e Fotônica (CEPOF) da USP de São Carlos, Luís Alberto Carvalho, também PhD em Física aplicada à óptica. Hoje a start-up cresceu e tem uma estrutura física de mais de 300 m², incluindo linha de produção e oficinas computadorizadas. Com cerca de 50 empregos gerados, ela continua desenvolvendo projetos de inovação em parceria com as universidades. “Nosso faturamento atual está na casa dos milhões de reais por ano e atendemos a todo Brasil, sendo que este ano estamos fechando parceria com uma multinacional para exportação de nossos produtos para mais de 100 países”, afirma o empresário-docente. A empresa conta com diversos produtos pioneiros já lançados. Dentro de seu portfólio, destacam-se o Heron, primeiro microscópio especular totalmente desenvolvido no Brasil e com mais de 300 unidades vendidas, e o Chroma, primeiro topógrafo de córnea com discos cromáticos do país. O instrumento oftálmico desenvolvido mais recentemente chama-se Mono, um topógrafo de córnea com discos monocromáticos e mapas virtualmente idênticos, feito para médicos acostumados com o padrão Eyesys. “A oftalmologia é um mercado muito bom, especialmente a área cirúrgica. Mas as empresas iniciantes têm que focar hoje no mercado mundial, formado por cerca de 200 mil

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Wavetek Technologies, que fabrica uma série de instrumentos para oftalmologia e para outras áreas médicas foi criada, em 2006, pelo Professor e Pesquisador do Centro de Excelência em Óptica e Fotônica (CEPOF) da USP de São Carlos, Luís Alberto Carvalho, também PhD em Física aplicada à óptica. Atualmente trabalha no Heron, primeiro microscópio especular totalmente desenvolvido no Brasil. médicos oftalmologistas. Outro detalhe é atentar que o médico brasileiro tem o mesmo nível daqueles de países desenvolvidos, portanto os novos produtos devem ter qualidade internacional”, ensina Carvalho. O mercado internacional já faz parte do plano de negócios da EyeNetra, start-up baseada na cidade americana de Boston, desde 2012. Ela foi fundada por Vitor Pamplona, graduado em Ciências da Computação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em parceria com um professor do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachussets), onde o brasileiro ingressou em 2009 para cursar doutorado e trabalhar no grupo de ótica da renomada universidade. “Conheci a oftalmologia através de pesquisas, livros, artigos e logo na minha pós-graduação no Brasil comecei a desenvolver modelos biofísicos sobre o funcionamento do olho. Apliquei as teorias da computação na oftalmologia para construir uma tecnologia que, se desconsiderar o preço do celular, é o exame refrativo acurado mais barato já inventado”, conta. Sua atual aposta tecnológica é uma máscara ótica justamente para medir o poder refrativo dos óculos das pessoas por meio de aplicativo do celular. Ela fornecerá medidas acuradas para corrigir miopia, astigmatismo, entre outras doenças. O patenteado e premiado projeto nasceu no MIT e ainda tem sido aperfeiçoado pela EyeNetra. “As pessoas poderão ter esse equipamento em suas casas, fazer a própria medição visual e levar para o médico avaliar os resultados. Será um produto de baixo

custo, com acurácia eficaz e similar ao que os médicos têm no consultório”, garante o cofundador da empresa. A máscara será lançada na Índia, em 2014. O populoso país asiático foi escolhido inicialmente em razão de seu mercado regulatório mais acessível, bem como pelo fato de boa parte dos indianos não possuir acesso a consultas oftalmológicas. Segundo Pamplona, perto de 4 bilhões de pessoas no mundo precisam de óculos, mas só a metade tem alcance às consultas. “É preciso prover soluções para esse público viver com a mesma performance ocular de uma pessoa normal. Na Índia, os problemas de visão são em geral associados com pobreza e baixa qualidade de vida. Os indianos acreditam até que a catarata seja uma doença incurável”, cita. Quando chegar a outros países, como Estados Unidos e Brasil, o inédito dispositivo da EyeNetra terá versões específicas de acordo com a cultura e regras mercadológicas de cada lugar. Vitor vislumbra que, por meio do app vinculado à máscara, o paciente poderá interagir diretamente com o médico e até receber prescrições. “É uma grande tendência transformar o celular em equipamentos diagnósticos e de aferição para a medicina e bem-estar em geral”, aposta. Se há muitos investidores no mercado, conforme afirmam os especialistas, ainda faltam as boas ideias e empresários para realizá-las. Na oftalmologia ou em qualquer segmento, as mentes brilhantes das universidades são o começo de tudo – e a inspiração das start-ups. n

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Descarte de medicamentos vencidos. O que fazer? A falta de informação sobre quais são os procedimentos necessários para realizar o descarte ecologicamente correto é a maior causa de danos – não só ao meio ambiente, como à saúde pública Christye Cantero

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falta de informação quanto ao descarte correto de medicamentos – e também a falta de alternativa para desprezar os remédios que estão vencidos ou que não mais serão utilizados – leva muitas pessoas a simplesmente jogá-los no lixo comum ou na rede de esgoto. Essas atitudes podem não só prejudicar o meio ambiente ao contaminar a água e o solo, como representam um risco à saúde pública, já que alguém pode mexer no lixo e se ‘apropriar’ do medicamento encontrado. Jorge Mitre, doutor em oftalmologia pela Escola Paulista de Medicina e diretor do Hospital de Olhos de São Paulo, comenta que os medicamentos são poluentes perigosos e quando descartados no lixo comum, sem nenhuma precaução, podem atingir o solo e contaminar o lençol freático. “Ao serem lançadas no esgoto sanitário, estas substâncias contaminam a água de rios e lagos e, ainda, os peixes, que podem ser consumidos posteriormente por animais e pelo homem”, ressalta. “Além disso, os remédios têm componentes resistentes que se não forem tratados acabam voltando para nossa casa e podemos até consumir água com restos de remédios”, completa. O oftalmologista aponta também que vários fármacos são altamente nocivos ao meio ambiente. “Os antibióticos geram bactérias multirresistentes que irão causar infecções de difícil tratamento; os hormônios na água podem causar alterações hormonais em peixes e animais, que

ingerem estes fármacos através da água contaminada e, consequentemente, atingem também o ser humano, através de alimentos e água contaminados. Ao contaminar o meio ambiente, os medicamentos descartados inadequadamente entram na cadeia alimentar e as consequências são imprevisíveis”, explica. Mitre conta ainda que estudos demonstram que várias dessas substâncias parecem ser persistentes no meio ambiente e não são completamente removidas nas Estações de Tratamento de Efluentes. “Sendo assim, muitos resíduos resistem a vários processos de tratamento convencional de água”. Renato Neves, mestre e doutor em oftalmologia pela Unifesp e diretor do Eye Care Hospital de Olhos São Paulo, explica que, desde 2010, a Lei 2.305 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos e prevê que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de um determinado produto que possa causar danos ao meio ambiente ou à saúde humana devem criar um sistema de recolhimento e destinação final independente dos sistemas públicos de limpeza urbana. “O correto seria o paciente descartar nas farmácias os medicamentos vencidos ou fora de uso, porém elas não estão preparadas para isso. Em São Paulo, somente as clínicas e hospitais recebem a coleta de lixo hospitalar”, diz. No caso das clínicas de oftalmologia, Neves explica que os pacientes levam os colírios para as clínicas, que se cadastram na prefeitura para que o órgão recolha o lixo hospitalar. “Apesar da lei, a indústria não recolhe esses resíduos”, aponta.

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ACÁCIO LIMA: “A deliberação 8/2013 aprova a viabilidade técnica e econômica da implantação do sistema de logística reversa de medicamentos, mas ainda não há uma norma específica para esta política de logística reversa”.

RENATO NEVES: “O correto seria o paciente descartar nas farmácias os medicamentos vencidos ou fora de uso, porém elas não estão preparadas para isso”.

LOGÍSTICA REVERSA A RDC 306/2004 dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. “Além disso, a deliberação 8/2013 aprova a viabilidade técnica e econômica da implantação do sistema de logística reversa de medicamentos, mas ainda não há uma norma específica para esta política de logística reversa”, diz Acácio Lima, diretor da Ophthalmos. Mas isso pode mudar. Em agosto, o Comitê Orientador para Implantação dos Sistemas de Logística Reversa (CORI) aprovou o edital de chamamento para elaboração de acordo setorial que irá implantar o sistema de logística reversa de resíduos de medicamentos. A iniciativa faz parte da Política Nacional de Resíduos Sólidos e foi proposta após dois anos de estudo e discussão no âmbito do Grupo de Trabalho Temático – GTT de Medicamentos, coordenado pela Anvisa e Ministério da Saúde. O documento estabelece metas de implantação progressiva de recolhimento destes resíduos e estabelece o prazo de 120 dias para que o setor apresente proposta de acordo para implantação do sistema de logística reversa. A proposta deve viabilizar o descarte ambientalmente adequado, pelo consumidor, de medicamentos

JORGE MITRE: “Ao serem lançadas no esgoto sanitário, estas substâncias contaminam a água de rios e lagos e, ainda, os peixes, que podem ser consumidos posteriormente por animais e pelo homem”.

REGINA COSTA CARVALHO: “Farmácias e hospitais não são obrigados a recolher remédios, e ainda não há uma consciência de que os medicamentos devam ser descartados em local apropriado”.

Fotos: Divulgação / foto Renato Neves: João Passos

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vencidos ou em desuso e contemplar todas as etapas do ciclo de vida dos produtos. CONSCIENTIZAR É PRECISO Uma das maneiras de se conscientizar os pacientes sobre a importância de não descartar medicamentos no lixo comum – ou na pia – seria criar uma cadeia de informação, ou seja, as indústrias orientarem os oftalmologistas quanto à correta destinação, para que os especialistas orientem seus pacientes. Mas, segundo os entrevistados, isso não ocorre. Neves comenta que os oftalmologistas podem contribuir para o correto descarte orientando o paciente a não interromper o tratamento por conta própria e também prescrevendo a quantidade exata do medicamento. “Se isso não for possível, a quantidade mais próxima do tratamento prescrito, promovendo assim racionalização do uso de medicamentos e a minimização destes resíduos”, diz. “Não vejo mobilização por parte de pacientes, oftalmologistas, enfermeiras e secretárias de consultórios sobre esse assunto. Temos consciência de que jogar um colírio no lixo, na pia ou no vaso sanitário pode gerar consequências graves ao meio ambiente, como a con-

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necessidades locais. Alguns não são identificáveis, pois taminação da água, do solo e de animais. Há também são rotulados em outro idioma. Além disso, em algumas o risco para a saúde de pessoas que possam reutilizar situações, não se conhecem as condições anteriores de os colírios, por isso a importância de não jogar fora as armazenamento, como a temperatura e a umidade a que caixas fechadas com colírios no frasco”, ressalta Regiforam expostos”, destaca o oftalmologista. na Costa Carvalho, pedagoga com especialização em Ele comenta também que o Food and Drug AdminisDeficiência Visual, Doutora em Ciências pela Faculdade tration (FDA), órgão governamental norte-americano, de Medicina da Universidade de São Paulo. “Devemos não proíbe a reutilização de medicamentos e permite descartar corretamente, mas não há informações de que essa ação seja regulamentada em cada Estado, como nem onde descartar. No Brasil falta uma polílevando-se em conta a complexitica pública para o descarte de dade do assunto, especialmente medicamentos. Soma-se a estes no que concerne à manutenção fatores a carência de informação da qualidade do medicamento. da população”, aponta. “No Brasil, não foi localizada Segundo ela, em São Paulo, uma legislação que defina critéduas grandes redes de farmários para esta prática. Esta prática cias e todas as Unidades Básicas No Brasil falta mesmo quando realizada dentro de Saúde da capital já aceitam de um mesmo país ou município os remédios trazidos pela pouma política pública requer profunda avaliação clínica pulação. “Mas a criação desses para o descarte de e farmacêutica, utilizando critépostos é voluntária. Farmácias medicamentos. rios sanitários, epidemiológicos e hospitais não são obrigados a e éticos, para não haver entrega recolher remédios, e ainda não Soma-se a estes fatores a de medicamentos desnecessários há uma consciência de que os carência de informação e inadequados para pacientes não medicamentos devam ser desda população diagnosticados corretamente”, cartados em local apropriado. O aponta Mitre. ideal seria que os medicamentos Dos Estados Unidos também vencidos ou já utilizados fossem vem uma notícia recente sobre incinerados”, afirma Regina. descarte de medicamentos. Em setembro deste ano, a congresCOMO É FORA DO PAÍS sista Louise Slaughter encaminhou ao congresso norteHá países em que a destinação eficiente, e consciente, -americano um projeto de lei que prevê que custos de de medicamentos acaba ajudando quem não tem acesso recolhimento de resíduos de medicamentos devem ser a eles. Mitre comenta que nos Estados Unidos e no Caarcados pela indústria farmacêutica. Ela propôs um novo nadá, as farmácias recebem medicamentos vencidos ou meio para os consumidores descartarem conveniente e em desuso e que na Europa, países como França e Itália seguramente as suas medicações, impedindo, assim, os apresentam programas de recolhimento. “O custo mofármacos de poluírem a água e garantindo que eles não netário associado com essa atividade tem sido estimado caiam nas mãos de crianças e jovens. Segundo Neves, em 2 bilhões de dólares por ano, excedendo o valor de se aprovada na íntegra, essa lei exigirá que as empresas mercado dos produtos”, comenta. farmacêuticas coloquem em prática um sistema de deAlém disso, no Reino Unido, por exemplo, instituições volução de sobra de medicamentos. de caridade têm reutilizado medicamentos (dentro do A proposta de Louise ainda prevê a criação de uma orprazo de validade) para fins humanitários e nos Estaganização sem fins lucrativos, financiada pela indústria dos Unidos medicamentos retornados de pacientes são de medicamentos, que seria responsável por estabelecer reciclados e utilizados em países em desenvolvimento. programas de coleta de medicamentos em cada um dos Porém, o oftalmologista alerta que doações feitas por Estados americanos e também por divulgar o programa pessoas bem intencionadas, mas desinformadas, podem de coleta para os consumidores, farmácias e centros de causar problemas. “Esses medicamentos podem chegar saúde através de materiais de divulgação, um número de vencidos ou próximos da data de vencimento ou em telefone com discagem gratuita e um site na internet. n quantidades inadequadas, sendo inapropriados para as

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cirurgia refrativa

Fotos: Arquivo pessoal

Lentes intraoculares de tecnologia avançada: uma questão de educação

Virgilio Centurion IMO – Instituto de Moléstias Oculares, São Paulo

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cirurgia curativa e refrativa do cristalino nos permite, na maioria das vezes, atingir resultados refracionais e visuais nunca antes imaginados. Isto, devido aos avanços em técnica cirúrgica (microincisão), em tecnologia (facoemulsificação, laser), em LIOs (tóricas, multifocais, acomodativas), em exames pré-operatórios (biometria, aberrometria). Simultânea a estes avanços na área da oftalmologia, uma mudança social se manifesta de maneira evidente: o aumento da expectativa de vida, que no Brasil é de 75a e no Japão de 84a (2012). Este fenômeno global, devido principalmente aos avanços na medicina preventiva e melhoria das condições de vida, traz como consequência o aumento de doenças cuja prevalência é maior nos indivíduos acima de 60 anos de idade. Aqui temos a catarata como a maior causa de cegueira reversível, cuja cirurgia nos EUA é realizada em aproximadamente 3,5 milhões de olhos por ano. A primeira e fundamental pergunta que se faz necessário é: quem paga esta conta? Com este desafio, a ASCA – Ambulatory Surgery Center Association, que congrega nos EUA centros cirúrgicos ambulatoriais, e vendo os avanços tecnológicos e con-

sequente aumento dos custos, junto ao FDA consegue aprovar no setor das LIOs uma categoria denominada NTIOL – New Technology Intraocular Lens, onde todas as LIOs aprovadas pelo próprio FDA são incluídas, portanto próprias ou aprovadas para utilização. Baixa uma norma que muda o destino das assim chamadas LIO de tecnologia avançada, ou LIOs Premium: pacientes que optarem por esta tecnologia deveriam arcar com as despesas referentes à diferença de preço dos serviços médicos e em relação à LIO chamada de básica; esta última deveria ser dobrável e com filtro UV, não tendo os valores agregados, como ser asférica, multifocal e∕ou tórica. Por que informar / educar o paciente a ser submetido à cirurgia da catarata? Porque: 1º) O paciente hoje é participante da decisão do seu tratamento. Geralmente bem informado, principalmente pelas redes sociais. 2º) O cliente será o responsável pelas despesas caso opte por LIOs de tecnologia avançada. 3º) O médico, oferecendo informações objetivas e as mais variadas e melhores opções de LIO, está agindo de acordo com o Código de Ética Médica e o Código do Consumidor, como podemos observar a seguir.

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cirurgia refrativa CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA ATUALIZADO, 25 DE SETEMBRO DE 2009. RESOLUÇÃO CFM 1.931/09 CAPÍTULO I: PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS V - Compete ao médico aprimorar continuamente seus conhecimentos e usar o melhor do progresso científico em benefício do paciente. CAPÍTULO II: DIREITO DOS MÉDICOS - É direito do médico: II - Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas cientificamente reconhecidas e respeitada a legislação vigente. CAPÍTULO VI: DIREITOS HUMANOS - É vedado ao médico: Art. 22. Deixar de obter consentimento do paciente ou de seu representante legal após esclarecê-lo sobre o procedimento a ser realizado, salvo em caso de risco iminente de morte. Art. 24. Deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade para limitá-lo. CAPÍTULO V:RELAÇÃO COM PACIENTES E FAMILIARES - é vedado ao médico: Art. 31. Desrespeitar o direito do paciente ou de seu representante legal de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte. Art. 32. Deixar de usar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento, cientificamente reconhecidos e a seu alcance, em favor do paciente. Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico, os riscos e os objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação direta possa lhe provocar dano, devendo, nesse caso, fazer a comunicação a seu representante legal.

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR LEI 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990 CAPÍTULO I: DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. CAPÍTULO III: DOS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR Art. 6º São direitos básicos do consumidor: II - A educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - A informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem CAPÍTULO IV: DA QUALIDADE DE PRODUTOS E SERVIÇOS, DA PREVENÇÃO E DA REPARAÇÃO DOS DANOS SEÇÃO I: Da Proteção à Saúde e Segurança Art. 8° Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito. Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços potencialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segurança deverá informar, de maneira ostensiva e adequada, a respeito da sua nocividade ou periculosidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas cabíveis em cada caso concreto. 38 universovisual OUTUBRO/NOVEMBRO 2013

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Questionário de seleção de LIO: como escolher o que eliminar. A escolha da LIO será uma somatória do perfil de estilo de vida obtido por meio de um questionário, dos exames oftalmológicos complementares e do desejo do paciente.

Estas informações podem ser dadas em forma de folhetos, sites, vídeos, etc., onde de maneira objetiva devem ser descritas as indicações, contraindicações, possíveis efeitos colaterais e complicações. Quanto melhor informado estiver o paciente, menor será a possibilidade de problemas ou insatisfação no pós-operatório Como auxiliar e educar o novo paciente-cliente-consumidor na escolha “da melhor LIO”? A escolha da LIO será uma somatória do perfil de estilo de vida obtido por meio de um questionário, dos exames oftalmológicos complementares e do desejo do paciente. O questionário, em anexo, determina de maneira prática o estilo de vida do paciente em relação à visão, podendo ser um indivíduo com estilo dominante para longe (esporte, dirige muito) ou dominante para perto (leitura tradicional, artesanato). O desejo de correção da visão seguirá o questionário, e alguns decidirão não utilizar correção para longe, outros para perto, e existem os que não desejam correção nem de perto nem de longe, não esquecendo que existem indivíduos que não se incomodam em utilizar correção: são poucos, mas existem.

Entre os exames complementares, damos destaque à biometria óptica, seja por interferometria ou por reflectometria com as fórmulas de última geração, associadas à topografia de elevação. A análise da superfície ocular e da função macular é de extrema importância. Portanto, o estilo de vida e o desejo do paciente, somados às condições favoráveis da saúde ocular e em base a exames complementares, podemos decidir de maneira objetiva, e com grande margem de acerto a melhor LIO para aquele paciente, não esquecendo que a palavra final, a do cirurgião, é a que o paciente vai considerar com peso decisivo para sua escolha. O paciente está fazendo a escolha baseado na expertise do médico, não na marca, na procedência e outros atributos que ficam a cargo de vendedores. Oferecer opções de LIOs de tecnologia avançada a todos os pacientes candidatos a cirurgia de catarata permite que tenhamos uma conduta ética em relação ao paciente-cliente, a quem iremos auxiliar com nossos conhecimentos sobre a forma de melhorar a sua qualidade de vida após cirurgia do cristalino. É uma atitude que além de oferecer serviços mais qualificados, proporciona ganhos diferenciados e auxilia a firmar a relação médico-paciente. n

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genética ocular

Arquivo pessoal

Testes genéticos em oftalmologia

Simone Finzi

Chefe do setor de Genética Ocular do Hospital das Clínicas da FMUSP; Especialização em Genética, Harvard University, Boston e Johns Hopkins University, Maryland

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xistem aproximadamente 6.500 doenças genéticas e estima-se que o número total de doenças oculares primárias ou doenças sistêmicas com comprometimento ocular seja de 2.100. Na prática diária, o oftalmologista trabalha com um grande número de doenças hereditárias, como a degeneração macular e o glaucoma, entre outras mais raras, como a retinose pigmentar e a amaurose congênita de Leber. Frente a estas doenças, é sempre importante ter o conhecimento de genética ocular e realizar o aconselhamento genético ao paciente, com o intuito de explicar o risco de recorrência da doença em familiares e orientá-lo a tomar a melhor decisão diante desse risco. Além disso, as doenças genéticas correspondem de 30 a 40% das causas de cegueira nas crianças e, portanto, é muito importante o diagnóstico correto e aconselhamento genético do oftalmologista. O teste genético é uma análise feita nos genes de um indivíduo para identificar se existem variações que

podem ser responsáveis pelo aparecimento de uma determinada doença. Os testes genéticos auxiliam o médico no diagnóstico e tratamento das doenças hereditárias oculares, mas é importante entender quando e por que empregá-los. QUAIS OS TIPOS DE TESTES GENÉTICOS? A tabela 1 (página 42) mostra os tipos de testes genéticos que podem ser realizados. POR QUE REALIZAR O TESTE GENÉTICO? As indicações mais frequentes do teste genético são para diagnóstico e tratamento. Ao contrário das mutações altamente penetrantes de doenças mendelianas, alelos de risco associados a doenças complexas, como no glaucoma primário de ângulo aberto ou degeneração macular relacionada à idade (DMRI), são muito comuns. Há apenas uma associação estatística entre determinados fatores de risco e da predisposição a certas doenças, especialmente quando esses fatores são com-

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binados com os riscos ambientais. Por esse motivo, os testes genéticos para doenças geneticamente complexas não são recomendados até que com o tratamento específico ou preventivo sejam comprovados como benéficos em um ou mais estudos clínicos publicados. A identificação de uma variante genética associada a uma doença complexa em um indivíduo específico não significa que a doença ocorra. Da mesma forma, a ausência de uma tal variante pode não garantir uma proteção permanente da doença. O exoma refere-se ao conjunto dos cerca de 180.000 éxons presentes no genoma humano. Os éxons são sequências de DNA funcionalmente importantes dos genes, direcionando a produção de proteínas essenciais ao funcionamento correto do organismo. Estes 180.000 éxons representam 3% do genoma e estão organizados em aproximadamente 22.000 genes na espécie humana. Ao invés de realizar o teste genético para uma doença ou gene específico, é possível realizar o sequenciamento de todo o exoma ou mesmo de todo o código genético. Este teste permite avaliar não somente doenças oculares, mas diversas doenças sistêmicas, até mesmo neoplasias. Portanto, que seja feita uma abordagem multidisciplinar para orientar melhor o paciente. Os testes genéticos são propensos aos mesmos tipos de erros, como todos os demais exames de diagnósticos e podem produzir informações clinicamente irrelevantes. É importante ter um diagnóstico clínico bem desenvolvido antes de pedir um teste para interpretar o resultado no contexto dos resultados do paciente. Os testes genéticos também podem auxiliar o tratamento, como no caso da amaurose congênita de Leber. Os testes possibilitam a participação em ensaios clínicos de terapia genética, que têm apresentado resultados satisfatórios. Pacientes com doenças que levam à cegueira e atualmente incuráveis, provavelmente vão se tornar beneficiários de terapia genética com substituição de genes e terapias com células-tronco no futuro. ONDE REALIZAR? Existem diversos laboratórios que oferecem testes genéticos. Infelizmente ainda não estão disponíveis para todas as doenças no Brasil.

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genética ocular

TABELA 1. TIPOS DE TESTES GENÉTICOSAPÓS CIRURGIA REFRATIVA

Diagnóstico Preditivo Identificador de carreadores

Pré-natal

Usado para confirmar diagnóstico a partir do exame clínico Usado para detectar mutações em genes que aparecem tardiamente Usado por pessoas com história familiar de doenças recessivas Usado para testar fetos quando existe o risco de nascimento de criança com deficiência mental ou física

Screening de recém-nascidos

Usado em medicina preventiva quando a criança nasce

Teste de medicina forense

Usado em medicina preventiva quando a criança nasce

Pesquisas

Usado para identificar a função de genes descobertos ou identificação de novos genes

Resumo Teste genético não é Infalível. Diagnóstico clínico é imperativo. l Não estão disponíveis para todas as doenças no Brasil. l Análise de todo o genoma ou exoma. l Interpretar os resultados com cautela. l Uma variação genética nem sempre é causadora de doença (polimorfismo). l Não são conhecidas todas as mutações e genes para todas as degenerações retinianas – O teste negativo não exclui o diagnóstico clínico da doença. l

O banco de dados de laboratórios nacionais e internacionais no NCBI inclui laboratórios e testes genéticos com certificação internacional - CLIA (www.ncbi.nlm.nih.gov/gtr). Finalmente, existe a expectativa de que, no futuro próximo, o conhecimento dos fatores genéticos vá desempenhar um papel significativo na prevenção, no diagnóstico precoce e tratamento de algumas doenças oculares comuns que são a principal causa de perda visual na população em geral. Os testes genéticos, portanto, tornam-se importantes dentro do serviço de oftalmologia geral, bem como serviços que tratam especificamente de doença ocular genética, o que significa que mais oftalmologistas terão a especialização em genética. n

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caso clínico

Fotos: Arquivo pessoal

Lentes esclerais: caso clínico

Adamo Lui Netto

Professor Doutor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

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s lentes esclerais, utilizadas no passado, retornaram redesenhadas e com material permeável ao oxigênio, ofertando conforto e qualidade óptica indiscutíveis. As melhores indicações desse tipo de lente são para córneas irregulares, como nos ceratocones de graus mais avançados, ceratocone pós-implante de anel, ceratoglobo, degeneração marginal pelúcida, pós-transplante de córnea, pós-cirurgia refrativa, pós-trauma ocular, após procedimento de Crosslinking, entre outros. Pacientes com intolerância a lentes de contato Rígidas Gás Permeáveis (RGP) também se beneficiam com o uso dessas lentes, pela qualidade de visão e pelo conforto que elas proporcionam, por serem fabricadas com material de alta permeabilidade de oxigênio, que permite o uso de até 15 horas por dia. Essas lentes também podem ter indicação terapêutica para casos de olho seco severo, por exemplo nas síndromes de Stevens-Johnson, Sjögren e outras doenças que afetam a mucosa ocular. Elas protegem do trauma palpebral e dos cílios, formam uma câmara úmida, mantendo a córnea lubrificada por um tempo maior, além da função óptica. A adaptação das lentes esclerais segue passos distintos das LC rígidas microcorneais. O conceito da adaptação das lentes esclerais consiste em manter a lente afastada da córnea e do limbo sem

qualquer toque, com uma zona periférica que repousa suavemente sobre a esclera. Em sua colocação o paciente deve preencher a lente com um fluido, sendo usado de rotina o soro fisiológico 0,9% sem preservativos (conservantes) para evitar a toxicidade presente nos conservantes. No Brasil, as lentes disponíveis apresentam tipos de adaptação de acordo com os fabricantes, Worldvision (Prolata), Mediphacos (Esclera) e Ultralentes. A lente utilizada no paciente do caso clínico apresentado baseia-se no raio de curvatura médio da córnea, e dependendo do exame biomicroscópico, apertar ou aplanar a curva base da lente, para que não haja toque central e tenha um livramento apical ao redor de 100 micra. CASO CLÍNICO: LENTES DE CONTATO ESCLERAIS Em setembro de 2013, paciente do sexo masculino, 26 anos, engenheiro, procedente de São Paulo, veio a consulta com queixa de baixa de acuidade visual no olho direito, após realizar procedimento de Crosslinking havia quatro meses. ANTECEDENTES OFTALMOLÓGICOS l Ceratocone em ambos os olhos, diagnosticado aos 18 anos de idade. l Fazia uso de LC RGP monocurva em ambos os olhos, pois sua acuidade visual não melhorava com uso de óculos.

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OE: topografia não realizada devido ao pós-operatório de cirurgia para descolamento de retina.

Foto 1: LC escleral bem adaptada, com boa distribuição de fluoresceína em toda a extensão, sem compressão de vasos conjuntivais.

Foto 2: LC escleral, examinada com filtro azul de cobalto com fluoresceína, mostrando distribuição uniforme da fluoresceína em toda a extensão, com ausência de toque corneal.

Refere que desde procedimento de Crosslinking em olho direito não estava conseguindo usar LC RGP. l Descolamento de retina no olho esquerdo havia quatro semanas, com redução da acuidade visual. l

EXAME OFTALMOLÓGICO l Biomicroscopia: córnea com estrias de Vogt AO. l Refração: OD: - 9,0 -4,25 15° (AV = 0,1). OE: movimento de mãos (não melhora com correção óptica). l Topografia: OD: (Set 2013): 52,75 X 58,27 98°. OE: topografia não realizada devido ao pós-operatório de cirurgia para descolamento de retina. CONDUTA Realizado teste com LC RGP Asférica, Ceratocare e Rose K, todas com intolerância. Testamos LC escleral: 7,03 - 4,00 13,6. Sobre Rx: -3,00 (AV = 0,7). Paciente está usando a LC há 40 dias e refere conforto durante o uso da lente no olho direito, exercendo sua atividade profissional de maneira satisfatória. n

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lentes de contato

Fotos: Arquivo pessoal

Lentes de contato multifocal: um novo olhar, uma nova visão

Sandra Maria Mansur Botelho Responsável pelo setor de lentes de contato do Botelho Hospital da Visão

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indústria óptica vem dispendendo um enorme esforço no sentido do desenvolvimento de novos desenhos e materiais de lentes de contato para correção da presbiopia. Os últimos anos foram decisivos para a correção da presbiopia com lentes de contato. Existe uma série de opções de lentes multifocais descartáveis disponíveis, tendo sido recentemente introduzida a lente de contato multifocal de uso único para o mercado do Reino Unido. Qual seria o motivo que levou os fabricantes a investirem tanto no uso de lentes de contato multifocais? Sem sombra de dúvida, o grande aumento do número de présbitas é a mola propulsora desse desenvolvimento. Estima-se que já exista atualmente 1 bilhão de présbitas no mundo. A projeção para 2020 é de um acréscimo de 35%, e acredita-se que em 2050 haverá 1.8 bilhões (figura 01) de présbitas. Consequentemente esse aumento exponencial do número de présbitas irá trazer novos pacientes que exigem correção da visão de perto. As necessidades visuais desses pacientes estão interligadas ao seu estilo de vida e

podem ser explicadas em termos da sua experiência geracional, como os chamados baby boomer e geração X. Os pacientes da geração X tendem a ter um estilo de vida mais ativo e são fortemente motivados a manter tanto uma boa função visual quanto uma aparência jovem. Constituindo, portanto, esse grupo, os potenciais usuários de lentes de contato multifocais. Convém lembrar que os já usuários de lentes de contato, quando se veem présbitas, querem continuar usando–as. Um estudo recente constatou que 60% dos usuários de lentes de contato entre 35 a 49 anos estavam interessados em adaptar lentes de contato multifocais e que esse percentual aumentou para 80% nos usuários com mais de 50 anos. Concluindo desta forma de existe um enorme potencial de usuários de lentes multifocais, quer para uso ocasional ou frequente. Por outro lado, há também um grande número de usuários que abandonaram o uso das lentes de contato após os 40 anos, por motivos relacionados ao conforto, à qualidade visual e à praticidade.

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Imagens: reprodução

Figura 1: A estimativa do total de présbitas para 2050 será de 1.8 bilhões

Figura 2: Desenho da lente multifocal de uso único

Figura 3: - Para adições maiores que 1.00 D, devem-se usar diferentes poderes em cada olho para melhorar a visão de perto, enquanto minimiza o comprometimento da visão de longe

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lentes de contato

A monovisão, contudo, oferece um teste de adaptaAs queixas referentes ao conforto geralmente são atrição rápido, ampla forma de disponibilidade de parâbuídas ao sintoma de olho seco – que se torna mais fremetros de lentes de contato, é menos dependente do quente com o envelhecimento, bem como os problemas tamanho da pupila em relação às multifocais e a taxa visuais relativos à presbiopia. Se for oferecida uma lente de sucesso está entre 59% a 67%. multifocal confortável, proporcionando visão satisfatória Nesse sentido presta-se bem para descartáveis diáe utilização fácil, certamente irá resultar num aumento rias, devido à grande variedade de matérias e disponido número de usuários os quais irão se beneficiar do uso bilidade de prescrição. das lentes de contato, que seria ainda reforçado através No entanto, ao mesmo tempo em que a monovisão da praticidade de uma modalidade de uso único. pode funcionar bem na presbiopia precoce, vários asA modalidade de uso único é a “Modalidade Lifestyle”. petos da função visual podem Desde sua introdução no mercado, ser prejudicados com o aumento em meados da década de 1990, a da adição, o que não ocorre com prevalência das lentes de contato as lentes multifocais do mesmo descartáveis de uso único tem cresgrau. cido e representa 45% das novas Tem sido demonstrado que a adaptações de lentes de contato Um estudo recente monovisão reduz a estereopsia, gelatinosas e 39% de readaptações constatou que 60% dos por outro lado o uso das lentes no Reino Unido. Os fatores que inusuários de lentes de multifocais promovem melhor fluenciaram essa popularidade estereopsia quando comparada estão associados ao aumento da contato entre 35 a 49 anos com a monovisão. praticidade, maior conforto, adeestavam interessados em As lentes de contato multiforência ao uso e higiene. adaptar lentes de contato cais de uso único, com a combiUm estudo comparativo entre nação do novo desenho e da nova óculos para perto e lentes de conmultifocais e que esse filosofia de adaptação, proporciotato multifocais concluiu que os percentual aumentou nam satisfatória visão em todas óculos foram preferidos para ativipara 80% nos usuários as distâncias e em todos os estádades estáticas, tais como: ler um gios da presbiopia. A simplicidalivro, ver TV ou usar o computacom mais de 50 anos de e a flexibilidade do teste de dor; enquanto as lentes de contato adaptação permitem que a lente multifocais foram preferidas para possa ser adaptada rapidamente, atividades dinâmicas e sociais, tais com auxílio de um guia de seleção das lentes sugerido como: ir ao evento social, à academia ou trabalhar, além pelo fabricante. O resultado visual pode ser avaliado e de dirigir e ler um menu. otimizado após alguns minutos da inserção das lentes. Sabe- se também que as mulheres usam duas vezes A lente multifocal de uso único é uma lente asférica de mais lentes de contato que os homens, refletindo um desenho centro-perto (Figura 2). desejo de manter boa aparência e visão. A superfície esférica no centro-perto apresenta 1.00 De acordo com uma recente pesquisa no Reino Unido D de adição e, portanto, é indicada para présbitas josobre prescrição de lentes de contato, a adaptação de vens. Já para adições maiores que 1.00 D, devem-se lentes de contato multifocais excede agora a adaptação usar diferentes poderes em cada olho para melhorar a da monovisão e responde por um terço de todas as lentes visão de perto, enquanto minimiza o comprometimento de contato prescritas para indivíduos acima de 45 anos. da visão de longe (Figura 3). Pode se atribuir a preferência por lentes de contato Em decorrência da facilidade de adaptação nos présmultifocais a alguns fatores, tais como: aumento da nebitas, a rapidez com que as lentes multifocais podem ser cessidade de uma correção efetiva, aumento do número adaptadas, e as vantagens de melhor binocularidade, de oftalmologistas interessados e treinados na adaptafazem com que existam agora mais razões do que antes ção de lentes multifocais, aumento na variedade dos para os oftalmologistas usarem as lentes de contato desenhos das lentes multifocais e/ou um aumento do multifocais, como primeira escolha para a correção da nível de satisfação dos pacientes com lentes multifocais presbiopia. n em relação à monovisão.

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Imagens: Divulgação

notícias e produtos

VERSATILIDADE E ERGONOMIA

ALTA RESOLUÇÃO A Look Vision acaba de adquirir um moderno equipamento de origem japonesa para impressão 3D colorida, que imprime porta-estojos de lentes de contato com uma alta definição de gravação. Agora os médicos oftalmologistas podem reproduzir exatamente sua logomarca na íntegra em todos os porta-estojos de lentes de contato da linha. Desta forma, a Look Vision vem estreitando e inovando a cada dia sua parceria entre médico e paciente.

A Topcon Medical Systems (TMS), de Oakland, Estados Unidos, acaba de anunciar o lançamento da nova Unidade Oftalmológica IS-600 para a América Latina. O IS-600N é composto por uma cadeira oftalmológica compacta, disponível na configuração para destros e canhotos. São quatro modelos diferentes, numa variedade de cores e com a possibilidade de escolha de voltagem para 110V ou 220V. A unidade tem uma mesa deslizante que facilita testes múltiplos, sem a necessidade de mudar a posição do paciente. O design moderno e linhas ergonômicas do IS-600N proporcionam conforto aos pacientes e eficiência para os oftalmologistas. Segundo Juan Carlos Cubillos, Diretor de Vendas da Topcon Medical Systems, a empresa está muito satisfeita em anunciar o lançamento da Unidade Oftalmológica IS-600 para os clientes da América Latina. “Seu design compacto e versátil oferece facilidade de operação e maior conforto do paciente, tornando-se a cadeira ideal/stand de combinação para qualquer prática oftalmológica”, afirma. Mais informações no site www.topconmedical.com

Cuidados com a visão são tema de campanha promovida pela Fundação Abióptica e CBO Com objetivo de alertar a população brasileira sobre a importância dos cuidados com a visão, a Fundação Abióptica, braço social da Abióptica – Associação Brasileira da Indústria Óptica – com o apoio do CBO – Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da SBO – Sociedade Brasileira de Oftalmologia – anuncia o lançamento da campanha Olho Vivo. A iniciativa tem como principais objetivos esclarecer o consumidor sobre os riscos de usar produtos ópticos piratas ou ilegais; orientar sobre as melhores práticas no momento da compra de óculos solares e de receituário, além de incentivar visitas regulares ao oftalmologista. Dados do último Censo do IBGE revelam que 36 milhões de brasileiros sofrem de algum tipo de distúr-

bio de visão. No entanto, um número ainda maior - estimado em mais 60 milhões -, sequer tem consciência da existência de problemas oculares simplesmente pela falta de acesso a exames regulares. Desenvolvida pela agência MK10, a campanha Olho Vivo tem um investimento inicial de R$ 600 mil, terá duração de um ano e abrangência nacional. Por ser um tema amplo e de grande interesse da população, a agência optou por trabalhar diversas frentes, como a criação de um site específico e de uma página no Facebook; anúncios em mídia impressa e on-line; distribuição de materiais de PDV e produção de vídeos bem-humorados de apresentação da campanha. Mais informações sobre a campanha acesse o site: www.olhovivo.info

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FLIP EDUCATIVA A partir de novembro, as amostras grátis dos colírios para o tratamento de glaucoma da Allergan passam a contar com uma embalagem adicional chamada “Flip Educativa”. A nova roupagem é exclusiva para as amostras da Allergan e traz aos pacientes orientações sobre a forma correta de instilação dos colírios, além de informá-los sobre a importância da consulta periódica ao oftalmologista. Até o final do ano, a expectativa é entregar as amostras com este novo serviço, que também trará os contatos do Programa de Fidelidade viVER+ Allergan (www.vivermaisallergan.com.br e SAC: 0300 771 5500), a todos os médicos visitados no Brasil. A estratégia faz parte da campanha “Oftalmologista: o

principal aliado na preservação da visão”, iniciada pela Allergan este ano com o intuito de levar orientações aos pacientes portadores de glaucoma e incentivá-los a irem ao oftalmologista. Para o gerente de marketing de glaucoma no Brasil, Bruno Machado, a ação visa propiciar maior adesão ao tratamento. “Sabemos o papel importante das amostras grátis na relação médico-paciente e o quanto o diagnóstico precoce da doença e uma boa orientação podem fazer a diferença na maior adesão ao tratamento”, explica. As “Flip Educativas” podem ser destacadas das embalagens e acompanhar o paciente onde ele estiver, proporcionando assim mais orientação e segurança na hora da medicação. Anualmente a Allergan investe parte de seus recursos promocionais disponibilizando amostras grátis aos médicos especialistas de todo país.

Clínica Oculistas Associados do Rio de Janeiro comemora 48 anos Nos dias 2 e 3 de agosto, cerca de 60 oftalmologistas de diferentes partes do Brasil se reuniram no CEPOA - Centro de Estudos e Pesquisas Oculistas Associados - para o coquetel de comemoração dos 48 anos dessa clínica. Conhecida no Rio de Janeiro como referência para o complemento educacional de oftalmologistas há quase cinco décadas, a Oculistas Associados já atendeu mais de meio milhão de pacientes e formou médicos renomados no Brasil e no exterior por meio do seu Centro de Estudos e Pesquisas. Durante o evento, os participantes também tiveram acesso a um programa científico, que incluiu aulas sobre DMRI, Facectomia Pós-Ceratectomia Radial, Lentes de Contato na Presbiopia, Catarata Congênita e Radioeletrocirurgia na prática diária (Plástica ocular). sxc.hu

Dia Mundial da Visão: 80% dos problemas de visão podem ser prevenidos ou tratados Em 10 de outubro é comemorado o Dia Mundial da Visão. A data foi instituída pela Agência Internacional de Prevenção da Cegueira (IAPB) e tem como objetivo incentivar o exame ocular para prevenção de doenças assintomáticas. A visão é um dos mais valorizados sentidos, mas ter uma boa visão não necessariamente indica ter uma boa saúde ocular. Por isso, a Johnson & Johnson Vision Care (JJVC) apoia a IAPB com uma campanha mundial que convida as pessoas, por meio das mídias sociais, a procurarem um oftalmologista e realizarem os exames oculares. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 39 milhões de pessoas no mundo não enxergam e 246 milhões têm deficiência visual moderada ou grave. No Brasil existem mais de meio milhão de pessoas cegas, sendo que 80% dos casos de cegueira resultam de causas preveníveis ou tratáveis. “Na Johnson & Johnson Vision Care incentivamos a busca por uma

visão saudável e o Dia Mundial da Visão nos dá um contexto para aumentar os nossos esforços em torno de uma causa tão importante”, diz Caio Vicentini, gerente de marketing da JJVC. O exame ocular é o primeiro passo para o diagnóstico e para o tratamento de doenças relacionadas com o olho. De acordo com a OMS, aproximadamente 285 milhões de pessoas no mundo são deficientes visuais e a principal causa de deficiência visual é o erro de refração não corrigido (miopia, hipermetropia e astigmatismo). Embora seja um grande problema de saúde pública mundial, 80% dos casos poderiam ser evitados ou corrigidos com óculos, lentes de contato ou cirurgia. “A precaução é sempre o jeito mais fácil e econômico para prevenir problemas oculares; por isso, aproveitamos o Dia Mundial da Visão para também reforçar a importância das pessoas visitarem um oftalmologista regularmente”, finaliza Vicentini.

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EPM/Unifesp oferece cadastro on-line para transplante de córnea

Jornada da Retina com exames e avaliações gratuitos à população A ADJ Diabetes Brasil, em parceria com o Grupo Retina, o Grupo de Estudos de Doenças Raras (GEDR_BRASIL), a Associação de Familiares Amigos e Portadores de Doenças Graves (AFAG), e apoio da Novartis e do vereador Marco Aurélio Cunha promoveram a Jornada da Retina no dia 29 de setembro, das 8h às 14h, no Parque Trianon, em São Paulo. O objetivo da ação foi divulgar o diabetes e suas complicações relacionadas à retina, além do trabalho desempenhado por cada instituição envolvida nessa ação. O evento teve formato de uma feira e incluiu a realização de exames de Glicemia e Fundo de Olho, Avaliações de Retinopatia Diabética, Degeneração Macular e Olho Seco, gratuitos para as pessoas que relataram algum problema de visão. Mais de três mil pessoas foram atendidas durante a Jornada no Parque Trianon. Para isso, o evento contou com a presença de 100 voluntários, que se dividiram nas atividades para atender o público que passou no local.

Síndrome do olho seco Embora pareça um problema menor, a Síndrome do Olho Seco é potencialmente séria, pois pode causar processo inflamatório crônico, perpetuando a falha da lubrificação pelos componentes da lágrima, essencial para a manutenção da vitalidade das células da superfície ocular. Esse distúrbio pode produzir áreas secas sobre a conjuntiva e córnea, o que facilita o aparecimento de lesões e perda da visão. A novidade no auxílio para o preciso diagnóstico da doença é Keratograph, um novo aparelho que possui microcâmeras especiais e que está disponível no país há menos de seis meses. “Esta nova tecnologia é uma revolução em topografia corneana e análise do Olho Seco”, diz o especialista José Alvaro Pereira Gomes, médico oftalmologista, professor da UNIFESP/EPM e Presidente científico da

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notícias e produtos

O Departamento de Oftalmologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) oferece cadastro on-line para pacientes que precisam de transplante de córnea pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os transplantes são realizados no Hospital São Paulo, Hospital Universitário da Unifesp, que tem capacidade para realizar até 60 transplantes de córnea por mês. Para se cadastrar, o interessado deve preencher um formulário no site: www.oftalmo.epm.br/transplantedecornea. Após o preenchimento, o paciente deve aguardar a chamada para consulta, que ocorrerá em 30 a 60 dias após a inscrição. A equipe do departamento avaliará e encaminhará o paciente para a cirurgia. A córnea é um tecido transparente e protetor que fica na frente dos olhos, sendo responsável pela focalização das imagens. “Ela funciona como o vidro de um relógio ou como uma lente de uma câmera fotográfica”, explica a chefe do Setor de Córnea, Luciene Barbosa de Sousa. Dentre as principais doenças que afetam a córnea, o ceratocone, responsável por visão borrada, imagens fantasmas e sensibilidade à luz, é a mais comum, seguida da ceratopatia bolhosa, edema que pode ocorrer após operação de catarata, de cicatrização por infecções e traumas. Mais informações pelo telefone (11) 5085-2031 ou por e-mail: transplantedecornea@unifesp.br

APOS, Associação Brasileira de Portadores de Olho Seco. Ele possui microcâmeras especiais que permitem fazer avaliações da lágrima e da superfície ocular. Com o aparelho, o oftalmologista é capaz de avaliar a quantidade de lágrima pela medida da altura do menisco lacrimal, o tempo de ruptura da lágrima em segundos. (quanto antes ocorrer a ruptura, menos a lágrima cumpre o seu papel de lubrificação), a quantidade de glândulas produtoras da camada de gordura da lágrima, a qualidade da camada de lágrima, e quantifica o olho vermelho, um dos sintomas da doença. “A partir desses dados, que são fornecidos de imediato, podemos identificar com maior precisão a qualidade e a quantidade de lágrima produzida pelo paciente, o que proporciona um tratamento mais personalizado, e por consequência, muito mais eficaz”, comemora Pereira Gomes.

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notícias e produtos

HOB SELECIONA OFTALMOLOGISTAS PARA FELLOWSHIP O Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB) abre inscrições para o Programa Fellowship 2014, desenvolvido para médicos que buscam aperfeiçoamento técnico e tecnológico a respeito das mais avançadas soluções em promoção de saúde ocular, acompanhando a rotina de profissionais conceituados da oftalmologia brasileira pelo período de um ano. São 16 vagas disponíveis: quatro para catarata, quatro para refrativa, quatro para glaucoma e um para retina clínica. As inscrições dos candidatos serão recebidas entre 15 de outubro e 15 de dezembro de 2013, pelo e-mail centrodeestudos@hobr.com. br. Os interessados deverão enviar cópia autenticada da carteira de identidade; cópia autenticada do diploma de residência ou declaração do último período emitida pela instituição de ensino onde o médico está desenvolvendo seu curso; comprovação de pelo menos dois anos de prática em oftalmologia e carta de apresentação. A partir de janeiro, os candidatos que tiverem seus currículos pré-selecionados serão convocados para as entrevistas pessoais na sede do HOB, em Brasília, com os preceptores e a administração do hospital. Os selecionados receberão uma bolsa de estudos pelo Centro de Estudos do HOB & Fundação Regional de Assistência Oftalmológica (FRAO) e terão possibilidade de ganhos adicionais e plantões. O programa Fellowship HOB destina-se a médicos recém-formados ou profissionais que se preocupam em estar sempre atualizados. As atividades terão início em 11 de fevereiro de 2014. Ao final do período, todos os participantes receberão o certificado de conclusão. Mais informações pelos telefones: (61) 3442-4014 e (61) 9148-6250.

Cirurgia plástica na área dos olhos O Wavetronic 5000 Digital, distribuído pela Loktal, é o único bisturi de alta frequência com a tecnologia de 4 MHz fabricado no Brasil. Essa tecnologia permite mais eficácia e precisão nos procedimentos cirúrgicos, com excelente qualidade de incisão e mínimo sangramento. Além dos ótimos resultados pós-operatórios, garantindo uma cicatrização mais rápida, menos desconforto no paciente e diminuição de cicatrizes hipertróficas. A blefaroplastia é um exemplo de cirurgia plástica na área dos olhos feita com o Wavetronic 5000 Digital.

J&J Vision Care lança campanha para aumentar o conhecimento do público sobre lc A ACUVUE®, marca das lentes de contato da Johnson & Johnson Vision Care, lança nova campanha publicitária com o objetivo de divulgar seu novo produto e estimular o uso correto de lentes de contato. Criada pela agência Audaz Comunicação e Design, a campanha foi desenvolvida sob o conceito “sensação de estar sem lentes de contato” e será veiculada em Curitiba nos meses de agosto, setembro, outubro e novembro, durante os intervalos comerciais dos principais programas da Rede Globo. O filme também está disponível no canal do YouTube de ACUVUE® Brasil. O comercial de 30 segundos apresenta o último lançamento da marca, a 1-DAY ACUVUE® TRUEYE®, lente de contato de descarte diário que inova na tecnologia, proporcionando mais saúde ocular e a sensação de estar sem lentes. A protagonista do filme, além de mostrar o caminho correto

para a adaptação das lentes, desde o primeiro passo com a consulta ao oftalmologista, até os momentos do uso, ressalta o conforto e a praticidade das lentes de contato 1- DAY ACUVUE® TRUEYE® aliados à liberdade de movimentos. “A campanha mostra os benefícios da 1-DAY ACUVUE® TRUEYE® para quem busca qualidade de visão e saúde ocular com praticidade e conforto. Dessa forma, o consumidor pode aproveitar ainda mais momentos-chave, quando é mais conveniente estar sem óculos, como, por exemplo, em festas, ao praticar esportes, etc.,” diz Caio Vicentini, gerente de Marketing da Johnson & Johnson Vision Care. “Cerca de 50% dos que usam exclusivamente óculos têm interesse em experimentar as lentes de contato, portanto existe uma grande oportunidade de expansão para essa categoria,” complementa.

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SETEMBRO 2013 il

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nicos Antiangiogêum olhar injetáveis: ente mais abrang ? é necessário

Existe espaço idades? para subespecial

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PROGRAMA MAIS MÉDICOS E LEI DO ATO MÉDICO

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principais avanços da oftalmologia no Brasil e no exterior

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agenda 2013/2014 2013

NOVEMBRO

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EVENTO

DATA

LOCAL

INFORMAÇÕES

XXXVIII Congresso do Hospital São Geraldo

30/10 a 2/11

Belo Horizonte/MG

www.hospitalsaogeraldo.com.br

Encontro Anual da Academia Americana de Oftalmologia

16 a 19

Nova Orleans, Louisiana, Estados Unidos

www.aao.org

XVI Congresso de Oftalmologia USP e XV Congresso de Auxiliar de Oftalmologia

29 e 30

Centro de Convenções Rebouças São Paulo/SP

www.oftalmologiausp.com.br

EVENTO

DATA

LOCAL

INFORMAÇÕES

37º Simpósio Internacional Moacyr Álvaro

13 a 15

Maksoud Plaza Hotel São Paulo/SP

info@fernandapresteseventos.com.br

VI Jornada de Oftalmologia do Hospital São Rafael

21 e 22

Hospital São Rafael – Salvador/BA

indomar@interlinkeventos.com.br

XX Congresso Norte-Nordeste de Oftalmologia

27 a 29

Fortaleza/CE

secretaria@snno.com.br

XIII Congresso Internacional de Catarata e Cirurgia Refrativa / IX Congresso Internacional de Administração em Oftalmologia

02 a 05

Centro de Convenções Sul-América Rio de Janeiro/RJ

www.catarata-refrativa.com.br

39º Congresso da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo

10 a 12

Royal Palm Plaza - Campinas/SP

www.retina2014.com.br

5ª Jornada Paulista de Oftalmologia

10 a 12

Ribeirão Preto/SP

www.jornadapaulistadeoftalmologia.com.br

10º Simpósio Internacional de Glaucoma da Unicamp

23 e 24

Hotel Maksoud Plaza, São Paulo/SP

atendimento@creativesolution.com.br

ABRIL

MARÇO

FEVEREIRO

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Fotos: Divulgação

dicas da redação

Galápagos em grande estilo Dos muitos barcos que existem em Galápagos (de diferentes tamanhos, estilos e itinerários), os fatores mais importantes na hora de escolher essa experiência são a idade do barco, estabilidade (o que sugere um barco não muito pequeno), serviço (principalmente nas atividades outdoor) e conforto. O Yacht La Pinta foi concebido para explorar as Ilhas Galápagos em uma aventura de luxo. O iate, 63 metros de comprimento, acomoda 48 convidados. Existe desde 2007, possui 24 quartos (que em nada se parecem com as tradicionais cabines de barco, e sim com verdadeiros quartos de hotel) e uma equipe muito atenciosa, alegre e apaixonada pelo trabalho. Uma estadia de uma semana nas ilhas Galápagos a bordo de La Pinta permite encontros com a impressionante fauna local, incluindo as tartarugas-gigantes em seu hábitat, iguanas terrestres, flamingos, pinguins, atobás-de-patas-azuis e os famosos tentilhões de Darwin. Depois de dias intensos de exploração da vida selvagem, La Pinta oferece um refúgio de paz e tranquilidade, acomodações

elegantes e todas as comodidades, com um estilo casual. São roteiros de 3, 4 ou 7 noites, sempre com itinerários inteligentes e interessantes. E o mix de atividades no mar, na terra, em botes e a bordo é perfeito para dias cheios de momentos prazerosos e de descanso. Entre as atividades disponíveis durante a viagem, os passageiros a bordo do La Pinta poderão praticar mergulho (máscaras e snorkels estarão disponíveis no navio, assim como equipamentos de segurança, para que o hóspede possa explorar o mundo marinho) e caminhadas para conhecer a beleza e a magia das ilhas Galápagos. Uma excelente oportunidade para explorar a diversidade biológica do local. Todas as noites, a equipe compartilha os lugares a serem explorados no dia seguinte.

YACHT LA PINTA Ilhas Galápagos, Equador www.lapintagalapagoscruise.com

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anunciantes desta edição

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Allergan Tel. 0800 174 077 3ª capa

Coopervision Tel. (11) 3527 4100 Fax (11) 3527 4113 Página 53

Hoya Tel. (21) 2102 8000 Fax (21) 2102 8045 SAC 0800 7076575 Página 49

Johnson & Johnson Tel. 0800 728 8281 2ª capa e página 3

Look Vision Tel. (11) 5565 4233 Página 41

Rocol/HV Tel. (11) 3549 2855 Fax (11) 3287 9295 Página 35

União Química (Genom) Tel. (11) 5586 2000 Fax (11) 5586 2170 SAC 0800 11 15 59 Páginas 5 e 7

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Ophthalmos Tel./Fax (11) 3488 3788 Página 19

Eyetec Tel. 0800 771 3012 Tel. (16) 3363 3012 Fax (16) 3363 3013 Página 45

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Zeiss Tel. 0800 770 5556 Página 43

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