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Tribuna das Ilhas DIRECTOR: MANUEL CRISTIANO BEM 4 NÚMERO: 498

23.Dezembro.2o11 Sai àS SextaS-feiraS

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Um Natal Feliz e um 2012 repleto de Boas Notícias! g Na sua última edição de 2011 o TRIBUNA DAS ILhAS dedica a primeira página a uma das originais árvores de Natal que o Jardim Botânico do Faial concebeu. O Jardim é uma das referências do Parque Natural do Faial, que no ano que agora termina se destacou a nível internacional ao ser galardoado com o prémio EDEN, que primeia os destinos europeus de excelência. Des-pedimonos do ano velho recordando uma das melhores notícias dos últimos 365 dias, esperando que, apesar da nuvem negra da crise, 2012 possa trazer também boas novas.


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EDITORIAL

NataL 2011

g Em circunstâncias normais diríamos, num texto escrito para esta coluna, que uma vez mais, na roda do tempo, estávamos na época de Natal – uma época propícia, no mundo cristão, aos apelos à paz e à fraternidade entre os homens, de acordo com a mensagem de Belém. E havíamos de partilhar, com família e amigos, os votos de Boas Festas, trocar presentes, participar nas consoadas tradicionais e viver aquela magia indescritível da noite de Natal crivada de estrelas, a assinalar a colaboração da natureza para alegrar as famílias em festa. E embora uma parcela da sociedade de que fazemos parte e do país global a que pertencemos, possa ainda festejar este Natal com aquela satisfação e elevação de espírito traçadas no quadro descrito anteriormente, a verdade é que sobre o espaço nacional europeu e mundial paira a sombra de uma nuvem de incertezas e preocupações que afectam sobremaneira o ambiente social das nossas comunidades. Vivemos a segunda metade do século XX e a primeira década do século XXI na condição de pessoas adultas e atentas à evolução do mundo. E todos nos apercebemos do espectacular progresso da sociedade humana, nesse período em que o homem descobriu e pôs ao seu serviço grandes maravilhas do seu génio inventivo, na área dos mais variados sectores científicos, da informática, das telecomunicações, das mais complexas e específicas tecnologias. Porém, apesar de todos esses amplos e espantosos benefícios e motivos de conforto, presentemente à disposição da vida e da actividade humana integrada no meio social, será que em geral o homem de hoje é mais feliz e reparte, por vontade própria, essa felicidade com os seus semelhantes?! Temos muitas dúvidas… O mundo evoluiu efectivamente de maneira extraordinária nos últimos séculos, mas o ser humano permaneceu, de um modo geral, mergulhado no seu egoísmo, nas suas ambições de poder e de riqueza, nos seus instintos e, em horizontes mais alargados, nos campos da injustiça e da exploração. A mensagem do Natal, de que o Menino de Belém foi portador, há mais de dois mil anos, perdeu-se em grande parte na voragem dos tempos e era necessário que se reavivasse, no íntimo da humanidade, um verdadeiro espírito de humildade, de igualdade em direitos e deveres, de justiça, de solidariedade, de fraternidade e de paz social e nas consciências. Na difícil conjuntura que o país atravessa, com desemprego e graves problemas económico-financeiros, este Natal de 2011 vai ser marcado por faltas de meios de vida em muitas famílias e grupos sociais menos favorecidos. Que o MeninoDeus, renascido, a todos ajude a vencer as dificuldades e lhes traga um raio de esperança como aquele que a estrela lançou, há dois mil anos, sobre a gruta de Belém.

Em DEsTAquE

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idosos do faial celebram o Natal “O Natal – para os cristãos, como para a maioria dos homens e das mulheres por este mundo fora – é um tempo simultaneamente de trégua e de acção.” As palavras são de Carlos César, presidente do Executivo Regional, mas fizeram-se ouvir por diversas vezes, vindas de vários idosos, na tarde de terça-feira quando, cumprindo uma já tradição deste município, se juntaram num convívio de Natal. Texto e Fotos

Maria José Slva g Foram cerca de 350 os idosos que participaram na tarde de terça-feira no convívio de Natal do Idoso que, anualmente, a Câmara Municipal da Horta promove. O convívio decorreu no salão de festas do Barão Palace e contou também com a presença de algumas crianças que, em tempo de férias escolares, enchem de alegria os seus avós. Pai Natal e prendas à parte, para estes cidadãos mais velhos importa celebrar o Nascimento de Jesus o Salvador de uma forma menos materialistas. Assim sendo, ao som de cânticos de Natal e poemas, lá se passou mais uma tarde. Houve também tempo para teatro, desta feita pela Escola Profissional e o seu Curso de Geriatria que, não querendo fugir ao espírito natalício, encenaram uma sátira à situação e conjuntura de crise que vivemos actualmente. Como vem sendo hábito foram ainda sorteados cabazes de Natal. Os idosos, uns mais “despachados” do que outros, mostraram-se deveras contentes. Aos jornalistas foram unânimes em afirmar que Natal é “nascimento do Menino Jesus e da paz e alegria que gostávamos que fosse todos os dias e não só no Natal”. Outros afirmam que o “o Natal é para os idosos e para as crianças, sobretudo para as crianças”. Sobre a confraternização dizem ser muito importante. Quanto a prendas no sapatinho, os maiores pedidos são “saúde, paz e amor”.

O presidente da autarquia, João Castro ,também esteve presente neste convívio. Ao TrIBuNA dAS IlHAS afirmou: “este é um encontro onde juntamos aqueles que nasceram primeiro. Aqui partilhamse experiências e mostramos a nossa gratidão por tudo o que deram à nossa sociedade, e ainda dão. Tentamos de alguma forma proporcionar um momento diferente a estes idosos que, acima de tudo, gostam de mostrar o que andam a fazer nos seus centros de convívio”. João Castro diz que a crise não foi desculpa para não organizar este convívio e disse ainda sentir que também os mais velhos, na sua maioria pensionistas, estão preocupados com a crise, todavia, conforme relata o autarca, “os mais idosos têm na memória momentos de crise muito mais gravosos e superio-

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res ao que estamos a passar hoje.” O presidente da CMH é de opinião ainda de que “as crises combatem-se, enfrentam-se e levam a que procuremos novas soluções e metodologias para tentar ajudar todos a ultrapassar a crise e, obviamente nesses todos estão incluídos os idosos”. É nestes convívios que, muitas vezes, são transmitidas às entidades com pelouro algumas dificuldades que atormentam os mais velhos. A esse respeito Castro diz que “no Faial ainda não existem situações extremas, existem sim idosos a viverem momentos de solidão.” “um dos principais problemas nas populações mais idosas é a solidão e a incapacidade de ultrapassar de forma isolada os obstáculos com que se deparam no dia-a-dia e decorrentes do avanço da idade. A CMH está atenta a isso e,

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em colaboração com outras organizações/entidades responsáveis, temos resolvido as situações com que nos deparamos” – disse João Castro. Instado a deixar uma mensagem através do TrIBuNA dAS IlHAS aos seus munícipes, João Castro refere que, “para além das Boas Festas e do desejo de um ano melhor, gostava que os munícipes pensassem que as dificuldades se ultrapassam com energia, com iniciativa e com medidas adequadas e objectivamente direccionadas para essas mesmas dificuldades.” “Juntos somos mais fortes, juntos temos maior capacidade de ultrapassar as dificuldades e adversidades, portanto há que nos tentarmos encontrar e reencontrar para que juntos possamos ir em frente e procurar a felicidade” – remata.

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PIONEIRISMO NÁUTICO

SEGURANÇA

g O clube Naval da Horta, em parceria com a Associação dos

g Um nosso assinante, que tem dificuldades de visão, fez-nos

Pais e Amigos dos Deficientes da Ilha do Faial (APADIF) acaba de anunciar o lançamento do projecto “Vela para todos – Faial sem limites”- um projecto desportivo solidário de grande alcance social, segundo o texto do anúncio publicado. E os responsáveis do cNH acrescentam que “ a cidade da Horta, pioneira nos Açores dos desportos náuticos, é agora pioneira na vela adaptada”. É assim muito agradável assistir a iniciativas destas, pela sua natureza, ao nascerem do espírito das pessoas e não da dimensão das comunidades.

uma queixa dizendo que os postes da iluminação de Natal na Horta, por serem cinzentos, provocam confusões, quer de dia quer à noite a quem circula nas ruas e não vê normalmente. Por isso, ele até já embateu num deles tendo ficado ferido. O que aquele nosso assinante sugeria era que se assinalassem esses postes com umas faixas encarnadas, como se fez em anos anteriores, evitando assim problemas aos transeuntes. Aqui deixamos esta nota por uma questão de segurança e por se tratar de pessoa com deficiências visuais.


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Investigadores lançam livro ilustrado sobre tubarões e raias dos Açores Foi apresentado na passada semana o primeiro “Catálogo Ilustrativo de Raias e Tubarões dos Açores”, fruto do trabalho dos investigadores João Pedro Barreiros, da Universidade dos Açores, e Otto Gadig, da Universidade Estadual Paulista. Esta obra descreve 52 espécies encontradas no mar dos Açores, incluindo algumas quase desconhecidas. O catálogo, publicado em português e inglês, inclui uma parte informativa sobre tubarões e raias com os principais aspectos da sua biologia, “espécie por espécie, porque cada caso é um caso”.

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Centro de interpretação do Vulcão dos Capelinhos entre os melhores museus da europa SG

g O Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, estrutura do Parque Natural do Faial, foi nomeado para Museu Europeu do Ano de 2012. A esta etapa chegaram 41 museus de 19 países europeus, sendo que dos nove museus candidatos portugueses, apenas três chegaram a esta fase, o Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos, o Museu do Côa e o Hotel-Museu Convento de São Paulo. Este é um prémio entregue apenas

aos melhores museus europeus, que se destacam não apenas no que respeita à qualidade e excelência dos seus conteúdos, funcionamento e arquitectura mas também em áreas tão distintas como a identidade cultural, sustentabilidade e influência na sociedade e no meio ambiente onde se inserem. O Museu Europeu do Ano (EMYA), prémio criado em 1977, é apresentado anualmente pelo Fórum Europeu de Museus (EMF), sob a tutela do

Conselho da Europa. Estas organizações premeiam a cooperação europeia no que respeita aos direitos cívicos, humanos, democráticos e desenvolvimento cultural. O facto de ser o primeiro museu açoriano a ser seleccionado para este galardão, num país onde nunca houve vencedor, atesta bem a dificuldade e a qualidade necessária para a candidatura ser aceite pelo Júri do Museu Europeu do Ano, constituído pelos mais ilustres museólogos europeus de várias valências. A nomeação em si é já um enorme prestígio, não para este Centro que com apenas 3 anos de existência já provou várias vezes estar à altura do melhor que se faz no Mundo, mas também para o Parque Natural do Faial, recentemente galardoado com o prémio EdEN (destinos Europeus de Excelência). A edição deste ano realiza-se em Portugal, na cidade de Penafiel, durante o mês de Maio, onde se ficará a saber qual o museu presenteado com o EMYA. mJS

Câmara inicia recolha de óleos usados domésticos Texto e foto

Maria José Silva g Já é possível reciclar os óleos alimentares na cidade da Horta. A informação foi avançada na sequência da assinatura de um protocolo de cooperação entre a Câmara Municipal da Horta e a empresa Varela – Grupo Bensaúde que teve lugar na manhã de terça-feira. Este protocolo visa a gestão da recolha de óleos usados alimentares e vai permitir fornecer 30 oleões para recolha dos óleos usados alimentares junto do sector HOrECA (Hotelaria, comércio, entre outros) e fornecer e instalar um oleão na cidade da Horta para recolha dos óleos do sector doméstico. Vão ainda ser instalados nas dez Juntas de freguesia rurais do município pontos de recolha e respectivas bacias de retenção e promover acções de sensibilização e de informação do público sobre boas práticas de gestão dos OAu e sobre os potenciais impactes negativos para a saúde e para o ambiente decorrentes da sua gestão

[aconteceu] PRODUÇãO LEITEIRA CRESCEU 1,7% g A produção de leite nos Açores cresceu 1,7% até Outubro, para um total acumulado de 468 milhões de litros, recuperando das perdas registadas nos dois primeiros meses do ano, revelou o Serviço Regional de Estatística. O volume de leite entregue para transformação nas fábricas da ilha de S. Miguel, que concentram mais de metade da produção leiteira açoriana, aumentou nos primeiros dez meses deste ano de 290 milhões para 298 milhões de litros, face ao período homólogo de 2010. Na ilha Terceira, que detém a segunda maior produção regional, verificou-se também um aumento de leite entregue à indústria, de 117 milhões para 118 milhões. ESCOLA PROFISSIONAL NAvAL DA hORTA FORMALIzAM PARCERIA g O clube Naval da Horta e a Escola Profissional da Horta celebraram um protocolo de parceria, no âmbito do curso de Técnico de construção Naval/Embarcações de Recreio Nível III da União Europeia. No âmbito deste protocolo, os alunos que frequentam o referido curso vão realizar as aulas práticas nas instalações do Naval da Horta, onde irão reabilitar as embarcações das secções de canoagem e Vela Ligeira. CERTIFICAR AJUDA NA PROCURA DE EMPREGO g O Governo dos Açores disponibilizou uma bolsa regional de profissionais certificados, denominada cERTIFIcAR, a qual poderá ser acedida através do endereço electrónico: www.certificar.azores.gov.pt. O novo sítio da Internet, disponível no portal do Governo dos Açores, já conta com 7.837 registos e funciona como uma rede social de profissionais credenciados, onde é possível aceder a um vasto leque de informação, desde perfis, certificações obtidas, curriculum Vitae, contactos, dispositivos de alerta e até anúncios de procura de profissionais qualificados.

[vai acontecer] PRESéPIO TRADICIONAL g Está patente ao público até ao próximo dia 6 de Janeiro, o Presépio Tradicional de carlos Bettencourt. O presépio e o altarinho podem ser visto das 14h00 às 22h00 na Rua da Boavista, 22 em Pedro Miguel. ARqUIPéLAGO RECEBE MUNDIAL DE MERGULhO EM PENhASCOS EM 2012 g Os Açores vão receber em 2012, pela primeira vez, uma etapa do Mundial de mergulho em penhascos cliff diving, uma prova internacional de saltos para o mar. De realçar que esta prova vai decorrer em apenas sete locais em todo o mundo. CIAIA ORGANIzA CORRIDA E CAMINhADA NO ÚLTIMO DIA DO ANO g O clube Independente de Atletismo Ilha Azul (cIAIA) promove no próximo dia 31 de Dezembro a iniciativa “correr e caminhar de 2011 para 2012”. Trata-se de uma forma saudável e original de dizer adeus a 2011 e dar as boas vindas ao novo ano, na qual todos podem participar. A concentração está agendada para as 14h30 na Rosa dos Ventos (Avenida). Depois, os atletas de competição terão a partida da Lajinha (junto à rotunda da Feteira), enquanto que os caminhantes e os mais pequenos partem do entroncamento da Estrada Regional com a rua Ilha Azul. O ponto de chegada para todos é a Rosa dos Ventos.

missa do 30º Dia

Luís Carlos Decq motta inadequada. João Castro, presidente da autarquia faialense, referiu na altura que “com esta medida é mais um resíduo que entra para a fileira dos resíduos recicláveis no Faial, o que nos agrada uma vez que o nosso objectivo é estar na linha da frente do processo de reciclagem.” O próximo passo após a instalação dos oleões passa por promover acções de formação e sensibilização junto da

população. As unidades hoteleiras que pretendam aderir e receber o seu oleão basta ligarem para 808205500. de acordo com Marco lopes, do Grupo Bensaúde, “para as empresas que adiram a esta iniciativa existem várias vantagens, sendo que uma delas se prende com toda logística inerente à recolha que passa a ser feita pela Varela.” mJS

As Filhas e Filhos, Netas e Netos e restante Família de luís Carlos decq Motta, informam que a Missa do 30º dia, sufragando a alma do saudoso extinto, terá lugar na Igreja Matriz, pelas 18H00 da próxima 3ª feira, dia 27 de dezembro. A Família agradece reconhecida a todos os que, por muitas formas, expressaram a sua amizade e solidariedade neste momento tão doloroso e agradece igualmente a todos os que se associarem a esta Missa do 30º dia.


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AssEmbLEIA munIcIpAL

PSD abstém-se na votação e viabiliza Plano e orçamento do município para 2012 A última reunião da Assembleia Municipal da horta de 2011 iniciou-se no dia 25 de Novembro, no entanto não chegou a ser concluída nessa data, por sugestão da bancada municipal da CDU, que alegou não estarem reunidas condições para o debate e votação do Plano e do Orçamento da autarquia para o próximo ano. Depois de novas reuniões entre a Câmara e os grupos municipais, a sessão foi retomada na tarde de segunda-feira, mas os comunistas mantiveram-se insatisfeitos com os documentos, e votaram contra a sua aprovação. A viabilização veio da bancada social-democrata que se absteve e permitiu que os documentos fossem aprovados com os votos favoráveis do PS.

Marla Pinheiro Foto: Susana Garcia g Expectativas houvesse sobre o regresso do Plano e do Orçamento do Município para 2012 à Assembleia Municipal, elas esbateram-se assim que o presidente da autarquia apresentou, no início da reunião, a evolução do processo negocial desde 25 de Novembro, quando a Cdu pediu um adiamento da discussão dos documentos, contando na altura com o apoio do PSd. depois da suspensão da sessão, a Câmara Municipal reuniu novamente com as ban-

cadas comunista e social-democrata. No entanto, não foram introduzidas as esperadas alterações aos documentos, que voltaram assim à discussão na tarde da passada segunda-feira tal como antes estavam. O cavalo de batalha da Cdu neste processo terá sido a venda dos parques de campismo do município à empresa municipal Hortaludus, transacção com a qual os comunistas não concordam. de acordo com luís Bruno, a sua bancada apresentou propostas de alteração onde essa receita seria substituída por cortes na despesa. No entanto, o presidente da Câmara entendeu que os comunistas não foram suficientemente específicos quanto às rubricas em que deveriam ser aplicados esses cortes à despesa. João Castro voltou a frisar que a venda dos parques de campismo tornam mais fácil à Hortaludus, enquanto entidade gestora, investir naqueles espaços, no entanto não convenceu luís Bruno, que considera esta uma “manobra de engenharia financeira” que não soluciona os problemas da Câmara e aumenta o endividamento da Hortaludus. O comunista lembra que, no actual cenário, o futuro das empresas municipais é incerto, e teme que o património camarário possa acabar nas mãos dos privados. Para a Cdu, foi também difícil de digerir a posição do PSd sobre o assunto. Bruno recordou que os social-democratas criticaram inicialmente esta manobra financeira e por isso condenou o facto de agora a viabilizarem, com a abstenção nesta votação. “A posição do PSd demonstra que, para defender o futuro do concelho, os faialenses apenas podem contar com a Cdu”, disse. A ligação entre Cdu e PS que orientou a maioria plural do anterior mandato autárquico é que parece ter ficado definitivamente para trás, com os comunistas a

serem especialmente críticos da gestão camarária dos últimos 2 anos: luís Bruno adjectivou a gestão socialista de “danosa” e “irresponsável”, criticando principalmente as dívidas a fornecedores. João Castro desvalorizou os números da dívida a fornecedores, dizendo que, na região, existem oito autarquias mais endividadas que a da Horta. Segundo o autarca, no pós-sismo a dívida era o dobro da actual e foi possível equilibrar a situação que, reforça, voltou a resvalar em parte devido às verbas do IrS em falta. da bancada do PSd saiu o aviso, em tom de reprimenda, da boca de laurénio Tavares: os social-democratas lamentaram a forma como decorreu o processo negocial e pediram mais antecedência e vontade de encontrar soluções da parte da vereação socialista em futuras negociações. No entanto, o PSd não quis assumir o ónus de deixar o Município sem Plano e Orçamento antes do início do ano, e viabilizou a sua aprovação. “É preferível ter um plano medíocre ou mau do que não ter nenhum”, justificou laurénio Tavares, que frisou que o PSd não quis atrasar mais as transferências para as Juntas de Freguesia ao abrigo dos protocolos de delegação de

2 milhões de euros para reabilitar rede viária do faial Maria José Silva Foto: Marla Pinheiro g A Câmara Municipal da Horta assinou na manhã de segunda-feira com a empresa AFAVIAS – Engenharia e Construções SA um contrato para reabilitação de cerca de 5 quilómetros de estradas no concelho e 6 quilómetros de substituição da rede de abastecimento de água. A AFAVIAS prevê arrancar com a empreitada, denominada “Horta – reabilitação de rede Viária e rede de Águas”, ainda no primeiro semestre de 2012, sendo de 720 dias o prazo de execução da obra. No acto formal de assinatura do contrato, o Presidente da Câmara destacou a importância deste momento, sobretudo no período que atravessamos, pela possibilidade de produzir e desenvolver trabalho no concelho da Horta. A empreitada inclui a reabilitação de

pavimento na rua da Igreja, na ribeirinha, a reabilitação de vários arruamentos na freguesia dos Cedros por onde passa a conduta de ligação entre o reservatório da Canada larga e a Cooperativa Agrícola de lacticínios, a pavimentação da Canada do Barão

na freguesia do Salão, o acesso ao Centro de Processamento de resíduos na Praia do Norte e a Travessa das Courelas na freguesia das Angústias. O concurso público foi adjudicado à empresa AFAVIAS pelo valor de 2.388.672 euros, já com IVA incluído.

competências. O polivalente de Pedro Miguel era uma das preocupações dos social-democratas, no entanto não foi plasmada no plano qualquer alteração neste campo. A bancada laranja conta com a palavra do presidente da Câmara de que serão disponibilizadas verbas para a obra no sentido de, pelo menos, fechar o edifício no próximo ano. O Orçamento do município para 2012 é na ordem dos 13.600 mil euros, dos quais 6.300 mil euros se destinam ao investimento. SANEAMENTO BÁSICO Apesar da sua concretização a curto prazo não passar já de uma miragem, a obra do Saneamento Básico continua a ter na Assembleia Municipal o efeito de um elefante numa loja de cristais. O facto dos fundos do Proconvergência não apoiarem parcerias público-privadas faz com que a obra não tenha qualquer hipótese de concretização nos moldes

actuais. No entanto, luís Bruno pediu à Câmara que “não deitasse fora o menino com a água do banho”, que é como quem diz que não desperdiçasse o trabalho já feito. Os comunistas consideram que o Plano para 2012 teria obrigatoriamente de contemplar uma “orientação clara para que o trabalho já desenvolvido sirva pra garantir outras soluções para a obra do saneamento”. Para a Cdu a crise é uma desculpa da governação socialista no Faial para ocultar “a falta de vontade política do Governo regional em investir nesta ilha”. da bancada social-democrata, roberto Vieira quis saber se, agora que a obra está suspensa, serão reabilitadas as estradas em mau estado no centro da cidade, cuja intervenção estava dependente da execução dessa obra. A pergunta do social-democrata ficou, no entanto, no ar. Esta sessão, em época natalícia, ficou marcada pelo facto dos elementos da bancada municipal socialista terem abdicado das senhas de presença referentes a esta reunião da Assembleia Municipal.

Grupo municipal do PS reitera “incondicional apoio” ao executivo camarário g Na sequência do debate sobre o Plano e o Orçamento do Município para 2012 em Assembleia Municipal (AM), o grupo municipal do PS convocou a comunicação social para uma conferência de imprensa, na manhã de quarta-feira, com o objectivo de reforçar a sua confiança no actual executivo camarário, que considera demonstrar um “esforço de boa gestão”. de acordo com a líder da bancada rosa na AM, Ana luís, os documentos orientadores da actividade do município para 2012 “reflectem a contenção que lhes é exigida mas também a preocupação com os mais desfavorecidos e com a implementação de parcerias que permitam alavancar” o tecido empresarial faialense. das várias medidas previstas no Plano, os socialistas destacam as de cariz social, como a criação do Centro de Emergência Social, do Fundo de Emergência Social

Municipal e do Banco de Voluntários. Para o PS, merecem também destaque as intervenções na rede de águas e de estradas, que consomem grande parte do Orçamento Municipal, e o início da recolha de óleos alimentares. Ana luís chamou também a atenção para a beneficiação de uma zona desportiva no norte da ilha, prevista nos documentos, para a feira de produtos locais a realizar na Quinta de São lourenço e para a construção de um centro de recolha de produtos hortícolas, projecto em que a Câmara é parceira da Associação de Agricultores local. Os socialistas quiseram também salientar o facto dos documentos de gestão do Município para o próximo ano promoverem um esforço com vista ao pagamento das dívidas a fornecedores dentro dos prazos legais.


REpORTAgEm

Tribuna das Ilhas Os médicos, enfermeiros e todo o pessoal do Serviço de Pediatria do hospital da horta despiram as batas brancas e vestiram-se de figuras de animação bem conhecidas da criançada para tornar inesquecível a tarde de segunda-feira a todos aqueles que se reuniram no hall de entrada do hospital da horta para assistir à festa de Natal da Pediatria daquela unidade hospitalar.

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espírito de Natal volta ao Serviço de Pediatria do hospital da horta

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Susana Garcia g Pelo segundo ano consecutivo, o espírito de Natal voltou ao Serviço de Pediatria do Hospital da Horta. durante vários dias médicos, funcionários, colaboradores voluntários e muita gente, não só da unidade de pediatria mas de todo o hospital, trabalharam em conjunto e deram o seu contributo para pôr de pé a festa de Natal. destinada às crianças inseridas na consulta de pediatria do Hospital, principalmente àquelas que sofrem de doenças crónicas, que estão internadas ou a receber tratamento hospitalar, esta festa “pretende tornar a sua vida um bocadinho mais colorida”, na opinião da pediatra dora Melo. No entender desta médica, esta foi

mais uma acção desta unidade hospitalar “muito válida”: “foi uma forma de envolver não só o nosso serviço numa actividade conjunta, que nos une, mas também de envolver todo o Hospital, porque de alguma forma toda a gente contribuiu um bocadinho na realização desta festa”, diz. Este tipo de iniciativas, que reduzem ou minimizam o impacto negativo da doença e da hospitalização, são importantes, particularmente junto de crianças e especialmente nesta altura do ano,

onde há mais amor e solidariedade, em que os corações estão mais abertos e sensíveis e em que é mais fácil arranjar voluntários e gente que queira ajudar e participar. A festa do Serviço de Pediatria do Hospital da Horta foi recheada de muita animação e não faltaram voluntários para a animar: “tivemos a participação do Conservatório da Horta, através do Grupo de Ballet da Aline després, que juntamento com os utentes do CAO, apresentou uma peça de dança. Tivémos

as guitarras clássicas também do Conservatório, as palhacinhas da Escola Profissional, a diva com o seu grupo de danças e até uma jovem que apareceu na nossa consulta e se ofereceu para tocar flauta e, ainda outra jovem para tocar violino” disse a pediatra. Como o Pai Natal vive neste momento dias atarefados na lapónia, com a aproximação do dia 25 e a preparação dos presentes, fez-se representar pelo lobo Mau, pela Branca de Neve e pela Avozinha do Capuchinho Vermelho, que

vieram animar a festa, deixando maravilhadas as dezenas de crianças presentes. Foi uma tarde inesquecível para todos, que saíram da festa revigorados e prontos para enfrentar os desafios da luta contra as doenças. No final, fica a gratidão a todos os que colaboram, uma vez que, como refere dora Melo, esta iniciativa só se concretiza “com o apoio incondicional de muitas associações e entidades particulares e oficiais que se prontificaram de imediato a ajudar na sua realização”.

CoNSeLho De iLha Do faiaL eDitaL GuiLherme mariNho PiNto De SouSa, PreSiDeNte Do CoNSeLho De iLha Do faiaL: faz Saber, nos termos do disposto no n.º2 do artigo 16.º do decreto legislativo regional n.º21/99/A, de 10 de Julho, que o Conselho reunirá em sessão extraordinária pública, no próximo dia 28 de dezembro, pelas 14H30 no Salão Nobre dos Paços do Município, com a seguinte ordem de Trabalhos: - PoNto úNiCo - Assuntos de interesse para a ilha do Faial - Ampliação da Pista do Aeroporto da Horta. Paços do Município da Horta, 15 de dezembro de 2011 O Presidente do Conselho de Ilha, Guilherme marinho Pinto Sousa


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Workshop de Canto e Técnica Vocal no Teatro Faialense No Teatro Faialense o ano novo começa com um workshop de canto e técnica vocal. Este workshop que vai decorrer todas as segundas-feiras, entre as 18h30 e as 19h30, inicia-se em Janeiro e prolonga-se até Abril. Este workshop destina-se a todas as pessoas com mais de 12 anos. As inscrições são limitadas e estão disponíveis até ao dia 26 de Dezembro. Mais informações podem ser obtidas no endereço www.wix.com/oficinasdevoz/info, ou através do e-mail oficinasdevoz@gmail.com.

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victor Rui Dores

udo começou na segunda metade do século XVIII, mais precisamente entre 1748 e 1756, quando cerca de seis mil açorianos, na sua maioria oriundos das ilhas Terceira, Graciosa, Pico, Faial e S. Jorge, chegaram ao sul do Brasil. duzentos e sessenta e três anos após a chegada desses primeiros casais açorianos à ilha de Santa Catarina, a que se juntaram alguns madeirenses, ficou a saudade dos que partiram e a saudade dos que ficaram. Ficou, acima de tudo, a sabedoria, a história, o imaginário, a cultura e a memória de um povo “Açorianidade” rima com “brasilidade” que rima com “multiculturalidade”. Existe hoje, no Estado de Santa Catarina, um milhão e quinhentos mil descendentes de açorianos. Nos tempos que correm a flor laelia purpurata é o símbolo ecológico da ilha de Santa Catarina. E lélia Pereira da Silva Nunes é o símbolo da convergência de culturas nos dois lados do Atlântico. Observadora atentíssima do real e do fantástico, mulher dos afectos e do diálogo fraterno, a ela se refere o luminoso e iluminado Eduíno de Jesus nos seguintes termos: “escritora brasileira dos Açores ou açoriana da ilha de Santa Catarina”. Socióloga e etnóloga, descendente de povoadores açorianos que se estabeleceram no rio Tubarão, professora do departamento de Ciências Sociais da universidade Federal de Santa Catarina, agora aposentada, lélia Nunes tem dedicado a maior parte do seu trabalho à pesquisa e estudo das sobrevivências culturais açorianas no sul do Brasil, com especial incidência no Estado de Santa Catarina. Há, nesta brasileira, a necessidade absoluta, vital, de dar testemunho, ela que se considera uma “açoriana de 263 anos”. Autora de duas obras de referência,

Na esquina das ilhas, de Lélia Nunes, ou a geografia dos afectos Zumblick, uma história de Vida e Arte (Ed. Senado Federal, Brasília, 1993) e Caminhos do Divino, um Olhar sobre a Festa do Espírito Santo em Santa Catarina (Editora Insular, 2007), lélia Nunes dá agora à estampa Na esquina das Ilhas (Florianópolis, 2011) que reúne um conjunto de textos publicados desde 2004 e que andavam dispersos por revistas e jornais, havendo ainda outros inseridos no blogue Comunidades (de que é co-autora com a professora Irene Maria Blayer, jorgense radicada no Canadá) do site da rTP/Açores. Com apetecível capa de Arlinda Volpato e avisado prefácio do escritor daniel de Sá, o livro, dividido em duas partes, “Ilhas de Cá” (a ilha de Santa Catarina) e “Ilhas de lá” (as ilhas açorianas), é atravessado pelos registos da crónica, da memória, do ensaio e da crítica literária. O sortilégio das ilhas habita lélia. daí que a sua escrita emane uma profunda ternura, já que as ilhas evocadas são território de magia, beleza e mistério. A autora capta sensações, impressões, emoções, ideias e estados de alma que lhe deixam esses espaços ilhéus. Na primeira parte de Na esquina das Ilhas, lélia fala, com paixão, de Florianópolis, “cidade faceira e mágica”, e desvenda a alma catarinense, lançando olhares históricos sobre o Estado de Santa Catarina, sem nunca descurar as raízes culturais açorianas, estabelecendo pontes, conexões e paralelos entre duas vivências e duas maneiras de ser e de estar. deste modo, a autora tece considerações sobre o substrato açoriano sobrevivente no litoral catarinense, com especial incidência para as expressões culturais identitárias: as celebrações do Espírito Santo, as crenças religiosas, as festas profanas, as crendices populares, os rituais

simbólicos do quotidiano catarinense e açoriano… lélia recorda o grande Franklin Cascaes, escultor, folclorista e escritor, dá a conhecer poetas, escritores, ensaístas e historiadores do espaço catarinense (João da Cruz e Sousa, Virgílio Várzea, Juvêncio de Araújo Figueiredo, Sérgio da Costa ramos, entre muitos outros) e evoca artistas plásticos incontornáveis: Semy Braga, Vera Sabino, Willy Alfredo Zumblick, Victor Meireles, entre outros. Na segunda parte da obra, temos uma lélia viajante pelas ilhas dos Açores, em plena celebração jubilosa da vida, na partilha de afectos, no reencontro das amizades. Sentada a uma mesa do Peter Café Sport, na cidade Horta, logo o pensamento da autora voa para o bar do Arante, no extremo sul da ilha de Santa Catarina. Tendo como livro de referência As Ilhas Desconhecidas, de raul Brandão, lélia vive a felicidade de dias luminosos com “a ilha em frente”, espia a escrita de autores açorianos e sobre eles fala apaixonadamente, já que se identifica com a literatura de expressão açoriana: daniel de Sá (o tal que escreveu que “Sair da ilha é a pior maneira de ficar nela”), Vitorino Nemésio, Emanuel Félix, Eduíno de Jesus, João de Melo, Onésimo Teotónio de Almeida, urbano Bettencourt, dias de Melo, entre outros. Aprecia os ensaios de Mayone dias, Vamberto Freitas e diniz Borges. Gosta incondicionalmente da pintura “lírica e onírica” de Tomaz Borba Vieira. Escritora de inspiração cristã, vive, em Ponta delgada, a experiência avassaladora de assistir à procissão do Senhor Santo Cristo dos Milagres. Este livro é também fruto da correspondência internética que a autora mantém com o que chama de “Irmandade Atlântica da escrita”. E, nesta matéria, muito me

deliciei a ler “Os CÊS”, quadras que daniel de Sá escreveu para lélia sobre o “c” mudo em português europeu “que perdeu a validade” com o Novo Acordo Ortográfico. um texto de antologia! um colóquio realizado na ilha da Madeira é pretexto para lélia falar de experiências e vivências, com floresta laurissilva e levadas à mistura, e uma muito oportuna evocação à escritora Maria Aurora Carvalho Homem, falecida em 2010. Na esquina das ilhas terá, por assim

DR

dizer, dois propósitos: dar a conhecer as vozes insulares que se fazem ouvir deste e do outro lado do Atlântico; e consolidar dois mundos geograficamente tão distantes mas culturalmente tão próximos. E tudo isto nos é dado num estilo gracioso e numa escrita elegante e intimista. leiam lélia Nunes, catarinense do litoral sul, a lúdica cronista viajante que escreve com luminosa clareza. Eis a lélia no seu melhor, uma lélia vintage a merecer, por isso mesmo, a nossa melhor atenção. DR

cInEmA nO TEATRO FAIALEnsE

Cuidado com o que desejas (Dia 28; 21h30; >16) g realizado por david dobkin (Amigos Coloridos), e escrito pelos argumentistas do êxito A Ressaca, esta comédia é protagonizada por ryan reynolds (A Proposta) e Jason Bateman (Chefes Intragáveis). Bateman e reynolds são dave e Mitch, amigos desde sempre que, no entanto, seguiram per-

cursos diferentes na vida. dave é um advogado brilhante, marido de uma bela mulher e pai de três crianças encantadoras; o segundo, um boémio imaturo com fobia a relações estáveis. uma noite, em conversa sobre as mágoas e frustrações das suas vidas, cada um dá por si a invejar o outro. É então que, contra todas as leis da lógica, despertam no

dia seguinte com as vidas (e corpos) trocados. Sem saber o que fazer perante o absurdo da situação, apenas uma coisa lhes vem à cabeça: viver o dia-a-dia sem arruinar a vida do amigo até arranjarem forma de reverter a situação. Até lá, ambos vão aprender que nenhuma vida é perfeita e que tudo tem um lado menos atraente...

CUIDADO COM O qUE DESEJAS Jason Bateman e Ryan Reynolds são os protagonistas desta comédia


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LOcAL

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pOmAR DO ATLânTIcO

Do campo para o prato dos faialenses Do campo directamente para o prato dos faialenses, garantindo a frescura e qualidade dos produtos da época da agricultura da ilha. é este o objectivo da Pomar do Atlântico, uma jovem empresa que se está a fixar no Faial. O objectivo é ter produção própria e comercializá-la na ilha, reduzindo a cadeia de intermediários entre produtor e consumidor final. Para tal, a Pomar conta já com uma loja no Mercado Municipal, e prepara-se para começar a cultivar. TRIBUNA DAS ILhAS foi conhecer a empresa e esteve à conversa com um dos sócios.

Marla Pinheiro Fotos: Susana Garcia g Emanuel Silva é um dos responsáveis pela Pomar do Atlântico. Ao TrIBuNA, explica que a ideia era “instalar nas ilhas do Pico e do Faial dois pomares e um campo de hortícolas”. No entanto, as dificuldades em conseguir os terrenos certos quase hipotecaram o projecto. Este foi reformulado, e prepara-se para arrancar, não em terrenos próprios, como previsto, mas num terreno emprestado, na freguesia da Feteira, onde a Pomar vai começar por produzir hortícolas. “Já começámos a tratar o terreno e a fazer plantações. Agora vamos montar os sistemas de rega e os viveiros”, explica Emanuel, frisando que o objectivo da Pomar é ter produção própria para comercializar já no segundo trimestre de 2012. No primeiro ano, a ideia é experimentar uma série de variedades hortícolas, para perceber quais as mais adequadas ao terreno. Ter uma produção pequena mas muito diversificada é a prioridade da

Pomar, que pretende desta forma afirmarse no mercado faialense. Emanuel explica que a empresa pretende produzir de forma tendencialmente biológica. “Não pretendemos fazer um cavalo de batalha da agricultura biológica, mas a médio prazo queremos aproximarnos desse modo de produção”, explica. Para além da Pomar do Atlântico, Emanuel Silva está associado a outro projecto, a Plantado de Fresco, que se dedica à produção de flores. Ao contrário da Pomar, que se está a construir apenas sobre capitais próprios, a Plantado de Fresco está associada a uma candidatura aos fundos do Prorural. No entanto, a burocracia excessiva e a morosidade do processo fizeram com que os responsáveis pela Pomar optassem por não candidatar o projecto a este apoio. Este picoense a viver no Faial reconhece que o tempo não é propício a investimentos, mas os sócios que compõem a empresa não baixam os braços: “somos jovens empreendedores e estamos aqui para dar a cara e tentar trazer algo novo para a ilha”, explica. No entanto, tendo em conta o cenário, há que “apalpar bem o terreno” e dar passos pequenos e seguros. Por isso, inicialmente a aposta será nos produtos da época: “seria um investimento demasiado grande e arriscado apostar numa grande área coberta logo de início”, explica o produtor. “Teremos uma estufa que nos apoiará na produção do nosso plantio, que será depois transportado para o campo”, refere, garantido no entanto que, a longo prazo e se o negócio correr bem, a ideia passa por aumentar a área coberta para, em relação a alguns produtos, contrariar a sazonalidade com que aparecem no mercado. A Pomar do Atlântico vai também produzir aromáticas, e essas sim estarão disponíveis durante todo o ano. Entretanto, surgiu a hipótese da Pomar ter uma loja no Mercado Municipal da Horta. Emanuel confessa que isso não fazia parte do projecto, no entanto afigurou-se como a forma ideal de ligar a produção ao consumidor: “sem intermediários pelo meio, a nossa produção é vendida directamente por nós, o que permitirá

um preço mais competitivo e aliciante para a carteira do consumidor”, diz. Para Emanuel, “é um grande desafio” manter uma loja naquele espaço nos dias que correm: “o mercado entrou em descrédito, e são cada vez menos as pessoas que já lá vão, e cada vez mais os comerciantes que abandonam as suas lojinhas. Não há gente nova a abraçar novos projectos naquela estrutura”, refere. A loja da Pomar do Atlântico abriu portas no dia 8 de dezembro. Ainda não comercializa produção própria nem frescos. Estes seriam um risco nesta altura, devido aos seus tempos de prateleira muito curtos. Tendo isto em conta, a empresa decidiu apostar nos secos, de produção essencialmente regional e nacional, o que é também uma das suas bandeiras. Aromáticas, especiarias, frutos secos, cogumelos e algas são alguns dos produtos que a Pomar do Atlântico tem disponíveis actualmente na sua loja do Mercado, aberta até às 19h00.

POMAR DO ATLÂNTICO A loja da empresa é a mais recente presença no Mercado Municipal

uma das particularidades da loja é a venda destes produtos a granel, e não em embalagens, como costumam ser encontrados. Emanuel explica que a empresa fez uma espécie de estudo de mercado e chegou à conclusão de que as pessoas preferem comprar alguns produtos, como as especiarias ou os frutos secos, avulso, de acordo com as suas necessidades, que são cada vez menores, uma vez que as famílias também são cada vez mais pequenas.

Castelinho celebra o Natal g O lar das Criancinhas da Horta comemorou no passado dia 15 de dezembro o Natal. Com uma festa que decorreu na Sociedade Amor da Pátria o convívio de Natal desta instituição iniciou-se com a canção dramatizada: “Que lindo Pinheirinho”, seguido de “Toca o Sino” pelos alunos da Mini-creche e da sala dos 2 anos. Já a sala dos 3 anos apresentou a dança “O Pai Natal está a Chegar” e os meninos dos quatro anos dançaram “O Natal da Malta”. A sala 5 Anos apresentou, por sua vez, uma dramatização denominada “Bolas de Natal” e a canção “Pai Natal parou no Quintal”. Já os mais velhos, juntaram-se em coro para cantar: “Pai Natal”, “Toca o Sino” e “A Todos um Bom Natal”. mJS

EMANUEL SILvA O jovem empresário é uma das caras deste projecto

A aposta no turismo é outra das estratégias da Pomar do Atlântico. Emanuel lembra que os turistas que cá chegam vêm sensibilizados para as actividades relacionadas com a natureza e que os produtos da agricultura regional são aliciantes para estas pessoas. Os iatistas, que têm de abastecer-se de produtos frescos quando por aqui passam, também incluem o seu público-alvo. Também o marketing e a comunicação

são preocupações da Pomar do Atlântico. Com um logotipo muito apelativo, a empresa quer criar uma imagem sólida. Neste momento, está em fase de construção um site na internet onde os consumidores poderão conhecer os produtos disponíveis na loja e até fazer a sua encomenda. A entrega em casa dos consumidores é outro dos serviços que a Pomar vai oferecer. Para Emanuel, a grande vantagem deste projecto é precisamente a proximidade entre a produção e o consumidor final, o que permite também reduzir a pegada ecológica. “Não é conveniente estarmos a trazer produtos do outro lado do mundo e a gastar muitos litros de combustível para os transportar. Os nossos terrenos estão aqui muito pertinho e todos os dias colheremos produtos que serão colocados na banca do mercado”, explica. Nesta equação, a ideia é que todos saiam a ganhar: a empresa, o consumidor final e, em última instância, a economia faialense, que tem neste projecto mais uma forma de ser espicaçada, mesmo em tempos de crise. CARLS SALGADO


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ESPAÇO DE PROXIMIDADE A POLíCIA AO SERvIÇO DOS CIDADãOS P P O O L L í í C C I I A A D D E E S S E E G G U U R R A A N N Ç Ç A A P P Ú Ú B B L L I I C C A A

l A Polícia de Segurança Pública, uma vez mais, durante os últimos 365 dias, manteve as suas portas abertas ao cidadão, para através do seu efectivo e demais valências que a compõem, responder e corresponder às variadas solicitações da comunidade. Ao aproximar-nos de mais uma época natalícia, importa alertar e relembrar certas atitudes e condutas, sejam elas de natureza preventiva ou repressiva (constituindo esta última um especial e fundamental mecanismo de auto-controlo para, o próprio cidadão) pelo facto de ser um período privilegiado ao convívio, mas também propicio ao cometimento de alguns excessos. Assim, nesta época “Natalícia”, tendo presente o tradicional aumento de circulação de pessoas e bens, uma vez mais, a P.S.P., no âmbito da operação nacional “POLIcIA SEMPRE PRESENTE – FESTAS SEGURAS - 2011”, incrementa medidas excepcionais de segurança através do reforço dos seus efectivos. Junto dos estabelecimentos de ensino, através das equipas da Escola Segura Junto dos Idosos, através das Equipas da EPAV e PIPP Junto do comércio, através do reforço substancial do policiamento apeado e direccionado  Na vigilância, prevenção e repressão do tráfico e consumo de estupefacientes  Na prevenção e combate da sinistralidade rodoviária, através do aumento de fiscalizações de STOP, através de efectivos devidamente uniformizados ou trajando à civil, privilegiando a detecção do consumo de bebidas alcoólicas em excesso, a falta de seguro de responsabilidade civil, a falta de habilitação legal, prática de manobras perigosas, excesso de velocidade, ou de outras que comprometam a segurança e tranquilidade das nossas estradas NESTA éPOCA NATALíCIA, A P.S.P. SUGERE-LhE qUE:

JUNTE A NOSSA SEGURANÇA À SUA qUADRA FESTIvA A P.S.P. DESEJA-LhE: Boas Festas e uma agradável viagem em família Esclarecimentos adicionais deverão ser solicitados à P.S.P. da sua área de residência ou por correio electrónico: cphorta@psp.pt

CONTACTOS: TELEFONE – 292208510 FAX - 292208511

PROGRAMA INTEGRADO DE POLICIAMENTO DE PROXIMIDADE


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REPORTAGEM

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2011 em revista O ano de 2011 está a chegar ao fim. Foram 12 meses marcados pela crise económica que o nosso país atravessa, pelas mudanças no governo e pela entrada em vigor do memorando da Troika. Por cá o ano começou com uma visita de Carlos César, chefe do Executivo ao Faial, durante a qual anuncia investimentos previstos para a ilha em 2011: Matadouro, Escola Básica, o arrelvamento do Sintético, Centro de Processamento de Resíduos, requalificação da frente de mar, electrificação de explorações agrícolas, requalificação da igreja de São Francisco, Bloco C do hospital da horta e Centro de Aditologia. Concretizados: início das obras do Bloco C do hospital da horta. Os restantes constam, conforme noticiamos, do Plano para 2012. A obra do Porto da horta continua a bom ritmo e está dentro do prazo. Foi em 2011 que foi inaugurada a tão almejada Casa Memória Manuel de Arriaga. Texto Maria José Silva Foto Tribuna das Ilhas

Janeiro

J

aneiro foi um mês de muito mau tempo mas a notícia de que o Porto da Horta receberia 14 navios de cruzeiro em 2011 veio acalentar o espírito dos comerciantes que, face à crise, começam a ver “as coisas andar para trás”. O Atlético comemorou 88 anos e o Fayal Sport Club sagrou-se campeão açoriano de juvenis. O Salão sagra-se campeão de juniores e prepara-se para disputar o regional. O impasse na execução da obra do aquário virtual fez correr tinta nos jornais, com a troca de acusações entre PS e PSD Faial. Houve ainda mudança de pelouros na CMH: Rui Santos sai e para o seu lugar o jovem Filipe Menezes. Também na Urbhorta, Carlos Carepa dá lugar a José Decq Mota. O “nosso” cagarro foi eleito como a Ave do Ano 2011 e Portugal foi a votos a 23 de Janeiro, numa ida às urnas que ditou a Cavaco Silva a renovação do cargo de Presidente da República.

Nos Açores a Aquicultura ganha espaço com o seu quadro legal a ser aprovado pelo Governo e as próteas voltam a ganhar impulso.

Fevereiro

F

oi em Fevereiro que foi extinto o Centro de Saúde da Horta e passámos a ter a Unidade de Saúde de Ilha. Surgem novidades no que ao novo quartel de bombeiros diz respeito, com a CMH a assegurar o levantamento topográfico, estudo geotécnico e análise cadastral dos terrenos. Depois da polémica em torno de Ângelo Duarte e da posição do Conselho de Ilha em relação ao PROTA, Guilherme Pinto assume os destinos deste órgão consultivo. Ao Faial veio uma comitiva de empresários canadianos à procura de negócios. O Fayal Sport, em seniores, sobe à terceira divisão – Série Açores. Duarte Freitas é eleito líder da bancada parlamentar do PSD Açores. Com as regionais de 2012 no horizonte, Freitas quer afirmar o PSD no panorama regional.

Vasco Cordeiro anunciou que o Faial e o Pico vão beneficiar de um escalão intermédio no Sider. A pecuária faialense recebeu um apoio de 590 toneladas de alimentos fibrosos. A diocese anunciou que não consegue assegurar financeiramente a recuperação das igrejas danificadas pelo sismo de 1998. Pedro Miguel, Ribeirinha, Salão e Flamengos continuam assim sem o seu centro de culto. A Assembleia Municipal de Fevereiro deu especial enfoque à distribuição dos campos sintéticos, com o PSD a reivindicar uma infra-estrutura para o lado norte da ilha. O Grupo de Teatro Chamarrir estreou a sua peça Em tempos de crise não se limpam armas, mostrando que o teatro popular ainda é algo intrínseco à nossa população. Cerca de meia centena de especialistas em camélias reúnem-se na Horta para um encontro de camélias antigas. O regime jurídico de apoios da saúde foi aprovado no plenário de Setembro, reunião onde foi também

discutido o sector da educação e o futuro da comunicação social açoriana.

Março

O

Carnaval andou nas ruas em Março, mas é em Lisboa que se centram todas as atenções, com a participação e afirmação em força do destino Triângulo (leia-se Faial, Pico e São Jorge) na BTL. Foi ainda durante a BTL que foi anunciado que o Parque Natural do Faial foi o destino escolhido para a representação portuguesa do programa EDEN – Destino de Excelência. Teve início a mega operação Censos 2011. Um grupo de amantes das quatro rodas organiza-se e forma a 18 Competições. O Governo Regional autorizou a celebração de um contrato que prevê a instalação de rampa roll on e roll off na Horta. Foi em clima de prosperidade que a Associação de Andebol do Faial comemorou 20 anos de existência. No plenário de início de Primavera esteve em debate a atribuição de bol-

sas de estudo e o PEC 4, sobre o qual Carlos César afirmou não ver motivo para a rejeição pela Assembleia da República. Foi também nesta reunião que os deputados açorianos foram unânimes em votar contra os cortes nas transferências do Estado para as regiões autónomas. Arrancou o primeiro Curso de Guias de Parques Naturais dos Açores. O mês fechou com a notícia de que a AFAMA – Associação Faialense dos Amigos dos Animais – iria ter, finalmente um canil, na sequência da assinatura de um protocolo com a autarquia.

abril

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ês de festas pascais, Abril começa com a reeleição de Luís Garcia como presidente da CPI do PSD/Faial. Abril foi tempo de fazer uma análise ao trabalho efectuado em redor do banco Condor pelos cientistas do DOP e uma das conclusões a que se chegou é de que o período de encerramento poderá ser alargado. No andebol, o SCH sagrou-se cam-


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Tribuna das Ilhas peão regional de Iniciados e, em basquetebol, o Fayal Sport vence a Série Açores. A equipa dos Bombeiros sagrou-se vice campeã em voleibol. A antecipar a época alta, Norberto Diver apresenta a sua nova actividade: mergulho com tubarões. Com as eleições legislativas nacionais começam os movimentos de divulgação de candidatos e pré-campanha. O primeiro a apresentar-se ao eleitorado foi José Decq Mota pela CDU. Artur Lima representou os populares e José Cascalho foi o candidato dos Açores pelo Bloco de Esquerda. Ricardo Rodrigues apresenta-se como o cabeça de lista do PS e Paulo Estevão do PPM. Mota Amaral volta a candidatar-se pelo PSD. Pescadores e governo estudam, no âmbito do Conselho Regional das Pescas, a criação de zonas de protecção no sentido de interditar pescarias de palangre junto à costa. O plenário de Abril mereceu como titulo “Mas quem será o pai da criança?”, fruto da troca de acusações entre bancadas numa tentativa falhada de perceber quem seria o culpado da crise que Portugal vive. Foi por altura da Páscoa que se soube que o Faial iria receber o campeonato nacional de corridas de aventura. O presidente da Atlanticoline, numa passagem pelo Faial, afirmou que os navios “Express Santorini” e “Helenic Wind” vão assegurar as viagens inter-ilhas. A fechar o mês, o PSD Faial volta a tocar na ferida do Governo Regional, desta feita com as Termas do Varadouro, com Luís Garcia a acusar o Executivo de dualidade de critérios. Por outro lado, o aumento do preço do excesso de bagagem na SATA gera contestação por parte de populares e de forças politicas.

Maio

O

mês de Maio teve início com uma discórdia na Assembleia Municipal: a taxa para controlo da qualidade da água. O Grupo de Cantares Ilha Azul comemorou 15 anos de existência e deixou um apelo aos jovens no sentido de não deixarem morrer os instrumentos tradicionais. Barros Correia, comandante regional da PSP reivindica mais agentes policiais para os Açores. 250 são quantos precisamos. Na reunião plenária de Maio da

ALRAA Jorge Costa Pereira pediu satisfações ao Governo Regional sobre as intervenções associadas à obra do porto da Horta, num plenário que, sem dúvida, fervilhou com a proximidade das legislativas de 5 de Junho. As viagens de circum-navegação em solitário e à vela de Genuíno Madruga foram compiladas em livro. “O Mundo que eu vi”, assim se chama a obra que eterniza o pescador. Os profissionais do sector primário organizam-se e promovem o Encontro do Mundo Rural, um momento de divulgação do que é nosso. A CMH lança um projecto para juntar os voluntários do Faial: Faial Solidário.

Junho

A

Marina da Horta comemorou a 3 de Junho o seu aniversário. Em dia de festa, a marina estava, pura e simplesmente, superlotada e a autarquia foi ao Senegal apresentar a candidatura da baía da Horta às mais belas baías do mundo. Passos Coelho foi eleito o novo primeiro ministro de Portugal. O Jardim Botânico do Faial comemorou 25 anos e juntou na Horta representantes de todos os jardins botânicos do mundo. Os cozinheiros Michelin vieram ao Faial para promover o peixe dos Açores, numa iniciativa denominada “O peixe é fish”. A reunião da Assembleia Municipal não trouxe novidades em relação à polémica em torno da taxa de controlo da água, medida recebida com apupos em Maio. As forças politicas do Faial reforçaram a sua posição contra as plataformas logísticas. Na passagem do 30.º aniversário o Grupo Desportivo Cedrense apresenta como principal prioridade “a saúde financeira”.

Julho

O

mês de Julho trouxe as taxas moderadoras da saúde. O Parque Natural do Faial, desta feita com o Vulcão dos Capelinhos e uma foto do Farol, ganha o prémio Regio Star Awards. OMA e Reis e Martins lançam-se no resgate do património baleeiro do Faial. Hugo Silva, faialense, sobe a árbitro da 2.ª divisão nacional de futebol e por cá decorre a VI regata

Internacional de botes baleeiros. O plenário de Junho confirma as afirmações de Cordeiro: Faial e Pico com escalão intermédio no SIDER. É inaugurado o polidesportivo de Castelo Branco, “a concretização de um sonho” que dota o lado sul da ilha de uma infra-estrutura desportiva. O desporto náutico também esteve em alta, com a chegada à Horta da regata Les Sables/Horta/Les Sables. A notícia do encerramento da escola do Salão aquece os ânimos, com os pais descontentes com esta medida. Na passagem dos 13 anos do sismo de 9 de Julho de 1998, PSD Faial vem revelar que ainda existem donos de casas sem registo de propriedade. O Conservatório Regional da Horta passa a integrar a Escola Básica da Horta, medida que não é bem aceite pelos responsáveis. Jovens faialenses apostam na agricultura biológica como alternativa do sector primário.

Estão na fase final as festas de verão da ilha e o Faial recebe o primeiro campeonato regional de videojogos integrado na Meo XL Party. O Brasil confirma a sua presença no Faial Films Fest, festival organizado pelo Cineclube da Horta. Com o regresso às aulas a pautar este mês de Setembro, os faialenses recebem a notícia de que, os terrenos para requalificação das termas do Varadouro são de utilidade pública. ´ Especialistas de todo o mundo vêm a publico dizer que “a crise na Europa influencia os movimentos migratórios” e o património e a paisagem urbana do Faial foram debatidos em jornadas europeias. 70 voluntários retiraram duas toneladas de lixo do Porto da Horta. Uma Iniciativa do OMA integrada no projecto “Clean Up the World”. A discussão do debate plenário de Setembro incidiu sobre o futuro da RTP Açores.

agosto

outubro

om os festejos maiores do Faial a decorrer – a Semana do Mar – a baía da Horta recebeu o navio escola Sagres. Na Torre de Controlo do Aeroporto da Horta é instalado um serviço de radar para operar na zona do Grupo Central dos Açores. A lume vem a notícia de que os Açores não têm capacidade para armazenar atum, pelo que o pescado tem que ser armazenado num barco do Panamá. De acordo com o relatório de dívidas a fornecedores relativo ao primeiro semestre de 2011, a CMH ultrapassou os 2 milhões de dívidas a fornecedores. O governo prepara terreno e procura investidores privados para as Termas do Varadouro. Passam 100 anos da eleição de Manuel de Arriaga como primeiro presidente da República Portuguesa. A data não é deixada em branco e, ao Faial vem a Presidência da República para exaltar o republicano. A Praia do Porto Pim recebe o galardão “Praia de Ouro” da Quercus, no ano em que recebe pela primeira vez o galardão Bandeira Azul.

rês meses após a entrada em vigor das taxas moderadoras é altura de balanço e constata-se que são menos de 16% os utentes que procuram as urgências e a prescrição electrónica de medicamentos torna-se obrigatória. Em Bruxelas, o Parlamento aprova uma revisão do Posei. Num seminário de políticas de saúde e cuidados intensivos, Rui Suzano, responsável pelos cuidados intensivos do Hospital da Horta alerta para o facto de ser preciso estudar os custos antes de fechar um serviço hospitalar, isto quando se falava na hipótese da UCI da Horta encerrar portas. Nas duas rodas, Marco Garcia sagra-se campeão regional, pela 13.ª vez, de motocross. Carlos César anuncia que não se recandidata em 2012 e o PS apresenta Vasco Cordeiro como o próximo candidato às legislativas regionais de 2012. Autonomia, Promedia e estatuto do aluno em destaque no plenário de Outubro, um plenário marcado ainda pela discussão dos problemas que resultam para as autonomias das politicas centralistas. Sérgio Ávila e André Bradford anunciam que a Proposta de Orçamento de Estado para 2012 agrada ao Executivo Açoriano e reitera que vão lutar pela alteração do

C

seteMbro

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mil euros é quanto a CMH doa ao Centro Comunitário dos Flamengos para que abra portas ainda este ano.

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artigo 202 respeitante às transferências do IRS para as autarquias.

noveMbro

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m Novembro na preparação do Plano e Orçamento para 2012 o executivo anuncia que o Faial será a terceira ilha com maior investimento previsto para 2012: 66 milhões de euros. Celestino Lourenço vem alertar que o FSC pode abandonar a Série Açores se a autarquia não assegurar as verbas previstas. Entretanto, a CMH, com dívidas a fornecedores na ordem dos 3 milhões pode encerrar o Teatro Faialense e a Piscina Municipal. No âmbito do Dia Nacional do Mar, no Faial são discutidos potenciais do mar profundo. Foi inaugurada a Casa Museu Manuel de Arriaga. O projecto que custou mais de 2 milhões de euros. João Castro, presidente da CMH, diz ao TRIBUNA DAS ILHAS que “todas as obras do município estão em causa” face às restrições orçamentais que atravessamos. O Faial ficou mais pobre: partiu de entre nós o Dr. Luís Carlos Decq Mota, apelidado como “o pai dos pobres”.

DezeMbro

E

m Dezembro o mês começou com a reunião plenária que aprovou o Plano e Orçamento para 2012. Nesta mesma reunião ficou deliberado que a Creche dos Flamengos é para avançar. O Faial recebeu a gala comemorativa do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência e o Fado é consagrado pela Unesco como Património Imaterial da Humanidade. Novamente a ampliação da pista do aeroporto da Horta na ordem do dia, com o PSD a desafiar o Governo Regional a assumir a obra. Vasco Cordeiro, candidato socialista às regionais de 2012 garante que, caso seja eleito, a obra é para avançar. Os deputados regionais reuniram extraordinariamente a 15 de Dezembro e aprova um conjunto de medidas versando medidas de transparência para as contas públicas apresentadas pelo PSD. Começam as comemorações natalícias e a época de retrospectiva e análise ao ano findo, com olhos postos em 2012.


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OpInIãO

Tribuna das Ilhas

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Raul de Amaral-Marques

o nosso país, uma em cada quatro crianças é obesa. A obesidade infantil constitui uma nova forma de epidemia. Para além dos problemas psicológicos que estão associados à obesidade (fenómenos de rejeição e motivos de troça entre colegas, perda da auto-estima...), esta doença – porque de uma doença se trata – reduz a esperança de vida em 13 anos! Estas crianças começam, precocemente, a sofrer de doenças, como a diabetes de tipo II, habitualmente encontradas em adultos com mais de 40 anos de idade. É preciso saber estar atento a qualquer aumento excessivo de peso. Nas crianças até aos seis anos de idadeé normal ver-se o desenho das costelas na caixa torácica e, isso, não é sinal de magreza. É importante saber utilizar o Índice de Massa Corporal (IMC), um cálculo que tem em conta o peso e a altura da criança, num dado momento. O valor do IMC deve ser registado, com regularidade, no boletim de saúde da criança. FICAM AqUI ALGUNS CONSELhOS: O meu filho tem um problema de peso: que atitude devo tomar? • Toda a família deverá tomar o mesmo tipo de refeição, a fim de a criança não se sentir excluída ou posta à margem. • A criança não deve sentir-se sob “regime”. deve ser o resto da família a reaprender a comer melhor, todos os dias. • limitar a tentação de se servir de novo, procurando adaptar a quantidade da comida à necessária à refeição da família. • deve evitar que a criança coma muito depressa. • Não comer com a televisão ligada, porque pode favorecer uma maior ingestão de alimentos. • Adapte-se ao apetite da criança. Não a force a acabar o prato, se não lhe apetece comer mais, mas não o deixe escolher aquilo que apenas gosta de comer. COMER MELhOR TODOS OS DIAS • durante o dia, três refeições e um lanche são suficientes. • Não petiscar entre as refeições, nem beber bebidas açucaradas (mesmo o leite). • O pão substitui, com vantagem, os croissants e os bolos ao pequeno-almoço e ao lanche. • uma porção de carne ou peixe por dia é suficiente. • Evitar os condimentos como a maionese, o queijo ralado, ou os molhos açucarados... • Comer legumes e frutas a todas as refeições. • Beber, apenas, água! NãO FICAR PARADO! MEXER-SE TODOS OS DIAS. • usar as escadas em vez do elevador ou das escadas rolantes. • Nos pequenos trajectos, andar a pé ou de bicicleta. • Se anda de autocarro, sair uma paragem antes. • Programar um passeio a pé aos fins-de-semana. • Encorajar a criança a praticar uma actividade desportiva em função dos seus gostos, a fim de a praticar com regularidade. Acima de tudo, lembre-se que a criança tende a copiar o modelo dos pais: se fizer muito exercício, ela fá-lo-á também mas, se andar a petiscar todo o dia de certeza que, a tudo ela há-de chamar-lhe um petisco.

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esperança!

pELA suA sAúDE

obesidade infantil: uma doença cada vez mais frequente!

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Fernando Guerra

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m economia e gestão, o planeamento e a previsão de acontecimentos são uma constante. Quanto mais bem informados, quanto mais bem organizados, melhor conseguiremos prever o que vai acontecer numa economia. São necessários elementos para analisarmos a conjuntura que irá afetar directamente o nosso modo de vida, sendo a nossa postura a de minimizar os impactos negativos e de fazer tudo por tudo para potenciar as forças que existam, para levar a bom porto a nossa economia familiar, a da nossa empresa, a da nossa comunidade e, neste caso, a do Faial. Somos, como sabemos, uma economia aberta; o que se decide em Ponta delgada, lisboa e Bruxelas entra pela nossa casa dentro pela porta principal, sem pedir licença. Essas variáveis temos que aceitá-las, mesmo que discordemos delas, ou que concordemos, apesar de nos afectarem negativamente. Os cenários realmente não são os melhores, haverá cortes nos rendimentos das famílias, com as reduções nos subsídios, o aumento da carga fiscal, e consequentemente a diminuição do consumo destas afectará as empresas, o que originará mais recessão. Podemos, assim, não gostar nem concordar e até podemos duvidar do modelo que está a ser

aplicado, que consiste em obrigar a uma redução de moeda na economia; mas trata-se de procurar estancar uma ferida que não podia ser sarada com um penso, mas sim com sutura. Para além destes constrangimentos, o Faial parte para 2012 com outros sinais preocupantes em diversos sectores económicos. No sector primário, e ao nível dos Açores, assistimos a um crescimento positivo da produção leiteira, mas a contra ciclo está o Faial, com um decréscimo nos últimos anos e uma estagnação no corrente ano. Numa altura de crise, sente-se que este sctor é um pilar da economia, com geração de valor, com empregabilidade. É pena que neste cenário se fechem postos de recolha. E é justo colocar a questão se muitos apoios dados pela tutela fossem canalizados para candidaturas no abastecimento, se se teria evitado este mau exemplo. Ainda no sector primário, concretamente nas pescas, o Faial assistiu ao fim de uma indústria, viu diminuído o movimento de contentores do seu porto e debate-se com mais desemprego. Sim, teve novas casas de apetrechos mas o decréscimo da importância do sector parece que se vai manter. Onde está o projeto do reordenamento do porto para as pescas, onde estão as embarcações novas, onde está a capacidade de escoamento? No sector secundário, para

além das indústrias já referidas, apenas a indústria eléctrica está no bom caminho, com investimentos e modernização em curso. Já o outro sector de grande empregabilidade da mão de obra faialense, a construção civil local, tem igualmente constrangimentos, quer devido a dificuldades de financiamento da economia do setor bancário, mas muito devido ao facto de as obras públicas, quer governamentais, quer camarárias, estarem desfasadas da dimensão do nosso empresariado. E o mais estranho de tudo é que este é um problema sobejamente diagnosticado e continua-se, ironicamente, a ver organismos públicos a pregar para se consumir o que é nosso, quando são os maiores responsáveis pela saída dos euros desta terra. Por último, o sector de serviços, ao qual a Horta tem que se agarrar, pois, se pouco produz, tem que ter pontos fortes nesta área. Tem forçosamente que gerar valor acrescentado, não pode desperdiçar a alta formação e qualificação dos activos humanos que possui em vários domínios. Mas o que assusta neste sector é a inveja de alguns centralizadores e de alguns governantes regionais que não têm a sensibilidade para perceber este factor, e a falta de capacidade negocial dos nossos governantes locais, cada vez mais preocupados com os seus umbigos. Ao nível do comércio, a situação é horrorosa, não há associa-

ção comercial que nos valha, nem parque industrial, há a diminuição dos toques dos navios de contentores (mas aumenta-se, com os nossos impostos, uma ligação directa lisboa – Praia da Vitória), não há motivação nem estratégia para se concertar o mercado do Triângulo. Ao nível das acessibilidades, continuamos sem navios de passageiros/mercadorias, sem ampliação do aeroporto e o turismo entra no vermelho, pondo em risco muita coisa… Bem, perante este breve contexto em que o Faial vive, há apenas uma coisa a que temos que nos agarrar, a esperança. Esperança que da crise europeia venham mais e novas oportunidades. Já sabemos que Portugal vai beneficiar de aumentos de comparticipação do Quadro de referência Estratégica: que chegue aos Açores e “alguma coisa” ao Faial, que o euro e a banca ganhem novas forças, que os Açores tenham um novo governo, mais respeitador das pequenas economias. E nós, faialenses, não devemos ir pela fé ou pela crença de que isto vai passar; esperar não é saber. Sim, há variáveis que não podemos mudar, mas a esperança a que me refiro consiste num Faial mais pró-activo, mais perseverante naquilo que quer, com acção, com eventos que o façam sair de onde está. Aproveito para desejar aos meus leitores um 2012 cheio de esperança!

euroChat:Pessoas de boa-vontade Maria Patrão

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ão, na minha última crónica antes do Natal não me vou dedicar às questões europeias ou, o mesmo será dizer, às hesitações quanto às decisões a tomar, ao atraso crónico das poucas e débeis que se adoptam, ao escasso e efémero impacto das que pontualmente se assumem, ao vazio de concertação de medidas estruturais, ao fosso para que vimos resvalando, uns Estados-membros à frente e outros atrás, mas todos com um mesmo destino à falta de um empenhamento partilhado em prol de uma solução comum. Até mesmo porque o que hoje se diz, amanhã já é história, tal é a velocidade a que os eventos se desenrolam e as decisões caducam; simultaneamente, o mérito das resoluções que se

vão tomando, como as da cimeira europeia do “tudo ou nada” de 9 e 10 de dezembro, já não depende de quem as toma mas da interpretação que essa entidade anónima e todapoderosa designada por “mercados” lhes atribui. Centrar-me-ei, não obstante, nos difíceis tempos de provação que vivemos no país e que a crise europeia agrava. Não pretendo, porém, fazer análise das causas e dos responsáveis da dura austeridade a que estamos sujeitos, da sua gestão e das medidas que a procuram colmatar – questões que suscitam interpretações plurais e, frequentemente, opostas, inquinadas pelos pequenos interesses político-partidários, mas também socioprofissionais e até meramente pessoais. Também não incidirei sobre as obrigações do Estado na assistência social, que as tem e hoje mais prementes que ontem, nem sobre as prioridades das intervenções de um Estado falido e a viver de empréstimos. Prefiro focar-me no que cada

um de nós pode fazer por aqueles outros que estão em pior situação – numa acção que não depende de outras vontades se não da própria. E há tanto a fazer… A época natalícia que vivemos é, para crentes e não crentes, um período do ano que apela ao amor e à união na família, entre amigos e com o nosso próximo, o que se traduz numa acção generosa que não se pode reduzir ao tradicional presente material que nos afadigamos em comprar. A oferta mais genuína, mais valiosa mas também a mais económica e, apesar disto, a mais difícil de dar é a de si mesmo, a dádiva de si ao outro. Esta pode-se traduzir em actos tão simples e comummente acessíveis como são a disponibilidade para ouvir o outro, uma palavra ou gesto de fraternidade, uma mera presença… Podemo-lo fazer este Natal como todos os dias do ano; este é, afinal, o trabalho quase quotidiano de muitos dos voluntários que temos um pouco por todas as ilhas os

quais, com desprendimento de si e espírito de abnegação, vão contribuindo para uma sociedade melhor. Conhecemo-los mal pois são discretos; não os vemos mesmo pois são poucos. E, todavia, neste período de dificuldades agravadas que vivemos, os voluntários são um bálsamo para muitos e um convite, através do exemplo, para muitos mais se disponibilizarem a estender a mão a quem mais precisa. Sem se substituírem ao Estado, às instituições, aos profissionais, os voluntários contribuem graciosamente para o bem-estar de pessoas e o bem-viver da comunidade as quais, neste momento de dura provação, precisam de todo o conforto que o mais pobre entre si possam, não obstante dar. Este foi o seu ano internacional, o Ano Europeu do Voluntariado; os próximos deviam ser os nossos, na prática alargada do voluntariado. Vivamos intensamente este sentimento de fraternidade que o espírito natalício invoca.


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OpInIãO

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Natal, balanço e futuro! M

vera Lacerda

ais uma vez temos as Festas à porta! Natal é a festa da família! Em nenhuma outra altura do ano como nestes dias nos sentimos tão próximos dos nossos entes queridos. O facto de vivermos nestas ilhas faz com que muitas famílias estejam separadas durante a maior parte do ano. Quase todas as pessoas que conhecemos têm alguém longe. um avô que emigrou para outras paragens e por lá ficou, um sobrinho que reside no Continente e que lá formou família, um filho que estuda na universidade noutra ilha. São tantos os exemplos e tão próximos de nós. Provavelmente na nossa própria casa. Por isso é sempre emocionante viver o reencontro com os nossos! Por estes dias o aeroporto da Horta enche-se de gente à espera dos seus familiares. E é ver os sorrisos abertos, os beijos e abraços e as lágrimas de felicidade que teimam em aparecer e que dizem "É tão bom ter-te em casa!".

As famílias açorianas aprenderam a viver essa separação. E por isso as Festas, os dias em que estamos todos juntos, adquirem tanto significado. No Natal experienciamos a partilha e a fraternidade, abrimos o coração aos sentimentos positivos. Estes sentimentos positivos que nos enchem a alma deviam ser perpetrados durante todo o ano. Muitos perguntarão: "Como fazer isso quando atravessamos esta crise?" Efectivamente, nos últimos tempos parece difícil aos portugueses experienciarem sentimentos positivos. 2011 ficou marcado pela queda de um Governo, pela entrada da ajuda financeira externa, pela imposição de medidas de austeridade nunca antes sentidas pelas populações. No entanto, nem tudo foi mau, pois na nossa ilha foram inauguradas e, estão ainda a decorrer, uma série de obras que contribuem, em toda a linha, para o bem-estar das populações. Falamos do Centro de dia para Idosos da Freguesia

da Conceição, do Centro de dia e Noite para idosos da freguesia dos Flamengos, da Casa Manuel de Arriaga, do Porto da Horta, do novo Bloco C do Hospital. Tivemos também a recompensa do bom trabalho que tem sido feito na nossa terra, com a atribuição de prémios e nomeações internacionais de grande prestígio, que envaidecem todos os faialenses e açorianos. São eles a entrada da nossa Baía para o clube restrito das Mais Belas Baías do Mundo, que certifica e credibiliza um desenvolvimento sustentado e no respeito pela natureza, o prémio ÉdEN (destino Europeu de Excelência) para o Parque Natural do Faial e a nomeação do Centro de Interpretação do Vulcão dos Capelinhos para Museu Europeu do Ano (EMYA). Podemos dizer que, apesar da grave crise que atravessamos, muito tem sido feito pela nossa terra. Mas não nos enganemos: 2012 será um ano muito difícil. O desemprego aumentará, os rendimentos vão diminuir, as famílias e empresas sentirão a

eStatíStiCaS Do CaNCro:

crise como ainda não a experienciaram até agora. Por isso, a solidariedade deve imperar. Cabe também a cada um de nós, enquanto pessoa, ser solidário para com o próximo. As campanhas de solidariedade, que adquirem por estes dias uma força acrescida, devem ser mantidas e realizadas durante todo o ano, pois cada vez mais haverá quem precisará da nossa ajuda. da parte dos Governos o apoio às famílias será essencial no ano que se aproxima. Acredito que o próximo ano terá de ser encarado de frente e com determinação. Os tempos serão difíceis sim, mas não podemos ver tudo de forma negativa. Não podemos insistir numa forma de fazer política baseada em atacar tudo e todos, pondo por vezes ilhas contra ilhas com comparações irrealistas, não dando valor à opinião dos mais jovens, atacando pessoas directamente e não ideias, numa clara tentativa demagógica de menorizar tudo o que é feito no Faial.

Acredito que os faialenses não gostam disso. Sei, como faialense que sou, que obviamente nem tudo está bem, mas também sei reconhecer e apreciar as coisas boas que são feitas pela nossa ilha. Acredito que ninguém gosta de ouvir dizer mal de tudo, mas não ver apresentada qualquer proposta concreta que se traduza na melhoria das condições de vida dos faialenses. A política do "botaabaixo" não serve ninguém nos nossos dias! devemos sim estar todos unidos, tentando pôr de lado os partidarismos que nos separam. Está na altura de remarmos todos para o mesmo lado a bem dos faialenses! Aproveito a oportunidade para desejar um Feliz e Santo Natal a todos os leitores e que os dias de festa sejam aproveitados para ganharmos forças de encarar o ano que se aproxima com a confiança e esperança típicas dos Açorianos! www.arquipelagica.blogspot.com Horta, 19 de Dezembro de 2011

DE quAnDO Em VEz…

a importância dos projectos a Crise da Verdade! internacionais Santos Madruga

Gonçalo Forjaz*

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m 1966, aquela que foi sempre conhecida pela sigla francesa uICC (union Internationale Contre le Cancer), publica, pela mão de três eminentes investigadores (doll, Payne e Waterhouse), o primeiro volume da série Cancer Incidence in Five Continents, abreviadamente designado por CI5. O seu principal objectivo, que hoje ainda se mantém, é a comparação da incidência do cancro entre as populações das mais variadas regiões do mundo. Esta comparação constitui o primeiro passo da maioria dos estudos epidemiológicos que se debruçam sobre o estudo dos factores de risco do cancro. O CI5 baseia-se em dados de incidência reais, ou seja, não são estimados, e a origem dos mesmos são os registos oncológicos de base populacional. desde 1966 que já foram publicados nove volumes, cada um com dados agrupados de 5 anos. O primeiro registo oncológico português a participar neste projecto foi o registo de Vila Nova de Gaia, que contribuiu com dados para os volumes VI (1983-1987) e VIII (1993-1997) da série. Por sua vez, os registos oncológicos das regiões Norte (rOrENO) e Sul (rOrSul) de Portugal iniciaram a sua participação no último volume publicado (volume IX), cujo período de referência são os anos 1998-2002. Entretanto, em meados deste ano de

2011, todos os registos oncológicos que cumpram as duas condições necessárias à participação, a saber, ser membros da International Association of Cancer registries (IACr) e serem de base populacional, foram convidados a submeter os seus dados para o próximo volume da série CI5, isto é, para o volume X, que reportará a incidência no período 20032007. O registo Oncológico dos Açores (rOrA), por cumprir estes dois requisitos, iniciou assim a sua participação neste importante projecto internacional, tendo submetido os seus dados relativamente à incidência do cancro na região no período 2003-2007, esperando, obviamente, que sejam integrados na publicação final (uma coisa é submeter os dados e outra é os mesmos serem aceites pelos editores). Ainda no âmbito desta temática, e também contando já com a participação do rOrA, são de realçar dois outros grandes projectos a decorrer actualmente. um é de abrangência mundial e é conhecido por IICC (sigla do inglês International Incidence of Childhood Cancer); o outro é de abrangência europeia e é denominado por EurOCIM (European Cancer Incidence and Mortality database). O primeiro dedica-se exclusivamente à publicação e análise das estatísticas de incidência do cancro pediátrico, o qual, por convenção, foi definido como todo o tipo de cancro diagnosticado entre os 0 e os 14 anos de idade (alguns autores estendem este período até aos 19 anos). A necessidade de existir não só uma publicação desta natureza como até uma classificação própria para os tumores pediátricos (estamos a falar, neste caso, da International Classification of Childhood Cancer, actualmente na sua terceira edição) relaciona-se com o facto de existi-

rem diferenças substanciais entre a origem e comportamento dos tumores em crianças e adolescentes e a origem e comportamento dos tumores nos adultos. Tais diferenças têm repercussões na forma como se classificam e registam os tumores numa e noutra faixa etária. Enquanto nos adultos o mais importante é conhecer o órgão onde se desenvolveu o tumor primário, ou seja, a sua topografia (por exemplo, cancro da mama, cancro da próstata, cancro do pulmão, etc.), nas crianças e adolescentes o mais importante é conhecer o tipo de tumor diagnosticado, isto é, a sua morfologia (por exemplo, retinoblastoma, hepatoblastoma, astrocitoma. etc). Estas e outras razões estão, como se disse, na base de publicações diferenciadas por tipo de divisão etária em consideração (crianças e adolescentes num lado e adultos e idosos no outro). Quanto ao EurOCIM, o seu grande propósito é a flexibilização do uso da informação entre os vários registos oncológicos europeus membros da European Network of Cancer registries (ENCr) que contribuem com os seus dados para o efeito. Tal permite que investigadores dedicados à epidemiologia do cancro e devidamente autorizados possam rapidamente aceder a esta informação, poupando tempo e recursos e diminuindo a burocracia normalmente associada ao pedido de uso de dados para investigação. A participação dos Açores em projectos desta natureza permitirá que os dados de incidência do cancro na nossa região sejam comparados com os de muitas outras regiões do mundo inteiro, aumentando a probabilidade de se identificarem, entre outras, características únicas na população açoriana no que à epidemiologia do cancro diz respeito.

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com uma certa tristeza que ouvimos e lemos certas afirmações ou juízos, vindos, na maior parte dos casos, de jovens que, estando a iniciar a sua vida, pretendem vincar a sua presença com uma “intelectualidade” de fachada, fruto de vivências fáceis e fora do contexto real. Nasceram no período das facilidades e por isso sacrifícios não são com eles. Esquecem-se dos que foram realizados pelos seus progenitores a fim de conseguirem atingir um estatuto que lhes desse uma vida melhor do que eles tiveram. No entanto, continuam a pensar que a abundância não acaba, e por isso, sentemse possuidores de uma realidade falsa, que lamentamos, visto que chegará ao dia em que a queda será muito maior. Assim, as suas afirmações são tais que embora sem credibilidade, acabam por ser, aos seus olhos, correctas e verdadeiras. Mas o pior são os seus “amigos” que os apoiam e os convencem de que é esse o caminho certo. No entanto, quando o “feitiço se virar contra o feiticeiro”, ficarão sós, com a agravante de os encontrar do “outro lado da barricada,”. São as contingências do mal que sofre o pavão. Os tempos são de reflexão e de muita interiorização séria e consciente. Os valores morais e do bom senso estão a perder-se. A crise que nos afecta exige de nós inúmeros sacrificios e uma forte dose de personalidade para enfrentar não só a mentira mas sobretudo, a verdade que muitas das vezes nos é apresentada encapotada, com o seu cheirinho a mentira. O fanatismo não nos leva a lado nenhum. diariamente somos bombardeados com imagens que reflectem bem essa

triste doença. Mas não é só essa que nos afecta! Os mais perigosos e fanáticos não são os que amam os seus clubes, mas os que sonham continuar a viver como se estivessem em outro mundo, que não neste. Alguns forjam greves, direito democrático para quem trabalha, mas que é aproveitado por muitos, que auferir grandes proventos, cujos valores nunca dizem, mas que continuam agarrados ao “cargo”, com a conivência dos seus seguidores. O problema é que, se dissessem a verdade e fossem honestos, já teriam perdido o chorudo “cargo”, para onde se requisitaram. E assim vamos caminhando para um beco de difícil saída. Já tivemos esse exemplo, meses depois “do Sol brilhar”! Não vamos repetir a “graça” porque o que é preciso é trabalho e não emprego. Por isso, quando esta máxima for assimilada, deixará de haver “crise de verdade” e, então, se alguém nos pedir para comprar um pão, saberemos, honestamente, que essa dádiva será utilizada para esse fim. Caso contrário, continuará a existir a “crise da verdade”, seja de quem pede, ou seja de quem nos impinge mentiras encapotadas. Para ilustrar, recordamos o que nos dizia há anos um nosso amigo: “ em todas as terras, existem certos indivíduos que diariamente, “sentem” a necessidade de contar algo que não é verdadeiro; começam por inventar a mentira e tantas as vezes a repetem que acabam convencidos da sua autencidade. Ao primeiro que encontram inventam; ao segundo já dizem que me contaram, e assim sucessivamente. No fim do dia o que era mentira, já é verdade”. Só que, neste tempo conturbado, já não é necessário repeti-la tantas vezes, porque ela, à primeira, virou verdadeira. Haja Saúde!


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DESPORTO

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FuTEbOL – cAmpEOnATO AFH

FuTEbOL – séRIE AçOREs

Salão deixa escapar Vitória

fayal Sport passa o Natal em penúltimo

DESPORTONAILhAAzUL.BLOGSPOT.COM

g O Vitória é neste momento líder isolado do Campeonato da Associação de Futebol da Horta. Na última jornada, que se jogou no passado domingo, os picoenses venceram o Feteira nas Canadinhas por 0-3, e isolaram-se no primeiro lugar. O Salão, segundo classificado, empatou na restinga com o Flamengos (2-2), e agora está a dois pontos da liderança da tabela. No outro jogo da jornada, o Cedrense venceu o lajense por 1-2 no Pico. O Cedrense é terceiro classificado, com 16 pontos, mais um que o Flamengos, em quarto lugar. O lajense segue em quinto, com 8 pontos, e o Feteira em último, com 4. Agora, pausa de duas semanas na competição, que recomeça no dia 8 de Janeiro.

FETEIRA vS vITÓRIA Os picoenses vieram ao Faial isolar-se na liderança da tabela

g No passado fim-de-semana o Fayal Sport Club foi ao Pico sofrer uma pesada derrota frente ao Prainha, por 5-1. Os faialenses partem para a pausa do Natal no penúltimo lugar da tabela, com 7 pontos, mais 4 que o Águia dos Arrifes, último classificado, e menos 4 que o união Micaelense, antepenúltimo. Em 11 jogos realizados, o Fayal somou apenas uma vitória, precisamente frente ao Águia. desde então, em Outubro, que a turma da Alagoa conta apenas com empates e derrotas na competição. Nos restantes jogos da 11.ª jornada, o líder lusitânia cedeu um empate a uma bola em São Miguel, frente ao união Micaelense. O segundo classificado, Praiense, não soube aproveitar a “escorregadela” da equipa de Angra, antes pelo contrário, já que perdeu, também

em São Miguel, frente ao Santiago (20), equipa que ocupa o terceiro lugar. Boavista e Ideal empataram sem golos no Pico. A equipa de São Miguel está na sétima posição, enquanto que os picoenses são quintos. O Guadalupe, sexto classificado, venceu o Águia na Graciosa, por 2-0. Eugénio Botelho, treinador do Fayal Sport Club, já reconheceu que a primeira volta da Série Açores, que terminou no final de Novembro, não correu de feição à sua equipa, que esteve aquém das expectativas. O técnico garante, no entanto, que empenho e dedicação não vão faltar no novo ano, para que a equipa continue a perseguir o objectivo da manutenção. A competição recomeça no dia 8 de Janeiro. mP

AnDEbOL – cAmpEOnATO nAcIOnAL

Sporting da horta vence iSmai em jogo renhido g Na quarta-feira o Sporting da Horta foi à Maia para defrontar a equipa local no último jogo antes do Natal. O ISMAI era detentor do último posto

da tabela, mas nem por isso deixou de dar luta aos faialenses, que conseguiram uma vitória tirada a ferros, por 2930.

Nas contas da classificação geral, o Sporting da Horta segue em oitavo lugar, com 31 pontos. O Porto ocupa a primeira posição da

tabela, seguido do Águas Santas, do Sporting e do Benfica. O ABC segue em quinto, à frente do Madeira SAd e do Belenenses. Atrás do Sporting da

Horta estão o Xico Andebol, na nona posição, o São Bernardo, em décimo, o Fafe, em décimo-primeiro e o ISMAI em último. mP


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OpInIãO

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EFEméRIDE

hildeberto da rosa Serpa foi preso na índia há 50 anos DR

José Armas Trigueiro

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om referimos neste jornal de 9 do corrente, o faialense Hildeberto Serpa foi um dos militares presos por ocasião da invasão do Estado da Índia. Nascera na freguesia das Angústias, em 2 de Março de 1938, filho de Jaime da rosa Serpa e de Maria do Céu Serpa. No liceu Nacional da Horta concluiu o Curso Complementar (7.º Ano antigo). No dia de Páscoa de 29 de Março de 1959 seguiu para lisboa no navio “lima” a fim de ingressar no serviço militar obrigatório, na Escola Prática de Infantaria, em Mafra. Aí fez a recruta ou o 1.º Curso de Sargentos Milicianos, terminando-o em 3 de Agosto desse ano. A seguir, entre 6 de Agosto e 30 de Janeiro de 1960, concluiu em Tavira, no Centro de Instrução Militar, o 2.º Curso de Sargentos Milicianos, ficando assim apto a ingressar na respectiva categoria. deste modo, depois de promovido a 1.º Cabo Miliciano em 31 de Janeiro de 1960, viria a ser colocado no regimento de Infantaria de Abrantes, onde esteve entre Fevereiro e 10 de Setembro de 1960. Por ser um excelente desportista, quer na modalidade do futebol, quer do basquetebol, gozou sempre de alguns privilégios e simpatias. Isso não o impediu de que, no dia 11 de Setembro desse ano, fosse colocado no regimento de Infantaria da Amadora, a fim de integrar uma Companhia que iria seguir para a Índia, mais concretamente para damão. deste modo, depois de ensinar uma Escola de recrutas, durante cerca de seis meses, em 1 de Março de 1961 foi promovido a Furriel Miliciano. E a viagem para a Índia teve início em 8 desse mês, tendo embarcado com os demais colegas no navio “Niassa”, via Mar Mediterrâneo onde foram quase sempre vendo terra. No Canal de

Suez, no Egipto, o navio teve de aguardar a passagem de cerca de 220 navios, e a chegada a damão, no Continente Indiano, que durou 17 dias, teve lugar em 25 de Março. Aí, o serviço militar decorreu normalmente, tendo exercido essencialmente o cargo de chefe da Secretaria da Companhia, lugar que era habitualmente feito por um oficial, onde assumiu serviços de carácter confidencial de grande responsabilidade. Esta era comandada pelo Capitão Simões Faria, com quem manteve sempre um excelente e amistoso relacionamento, graças ao bom feitio de ambos. Face a esse serviço, cedo se começou a aperceber da tensão existente entre Portugal e a união Indiana. deste modo, foi sem surpresa que soube que, em 17 de dezembro de 1961, as Forças Armadas Indianas haviam tomado posições junto das fronteiras dos territórios portugueses, de Goa, damão e diu, usando para o efeito forças militares terrestres, marítimas e aéreas (um porta-aviões, um cruzador, várias fragatas e aviões), com 50 mil homens e 75 mil reservas. Já anteriormente havia ocorrido nas fronteiras algumas escaramuças que obrigaram Portugal a reforçar as suas unidades, mas naquele tempo apenas estavam 1800 combatentes. As tropas portuguesas estavam mal armados, usando material da II Guerra Mundial, designadamente algumas metralhadoras, espingardas “Mauser” e várias pistolas. Havia na baía de Goa o navio-aviso “Afonso de Albuquerque” e em damão e diu estavam duas pequenas lanchas. As forças indianas iniciaram a invasão em 18 de dezembro, inicialmente apenas com voos rasantes. depois houve vários bombardeamentos, quer no mar, quer em terra, tanto a alvos estratégicos, como a locais com forças portuguesas. Obtida a rendição, morreram 26 militares, um dos quais pertencente à Companhia de damão de Hildeberto Serpa. Houve também muitos feridos. Era enorme a desigualdade militar entre os dois países, tanto em material ou meios militares, como em meios

humanos. Nem dava para se fazer comparações. Entretanto, na cidade da Horta, quando a notícia da invasão chegou pela rádio, o Angústias Atlético Clube suspendeu logo o baile que lá se realizava, já que Hildeberto Serpa era um dos seus mais prestigiados desportistas. As duas companhias existentes em damão, bem como as forças da PSP e da Guarda-Fiscal aí estabelecidas, foram cercadas e aprisionadas. Transferidas num barco de guerra indiano para Goa, ficaram detidas no campo de concentração de Alparqueiros, o melhor que lá existia, graças ao bom comportamento dessas forças portuguesas. O major indiano que ordenou essa concentração afirmava que aquele era um problema entre Salazar e Neru. Nos campos de concentração todos os portugueses prisioneiros sofreram fome e frio, e foram menosprezados e humilhados. No dia 12 de Maio de 1962, transportados por avião, iniciaram o regresso a Portugal, através de Carachi, Paquistão. Aí eram aguardados pelos navios portugueses “Príncipe Perfeito”, “Pátria” e “Moçambique”. A diplomacia havia estado a cargo da embaixada do Brasil, que deu boa conta da sua missão. A viagem de Hildeberto Serpa e da sua Companhia fez-se no navio “Pátria”, através do Canal de Suez, tendo sido ele e o Comandante os últimos a embarcar a fim de assegurarem o respectivo controlo dos colegas da Companhia. A chegada a lisboa foi feita no dia 26 de Maio, culminando com ele a ajudar ao Comandante a pagar a alguns colegas o dinheiro que estes tinham depositado na Secretaria aquando da invasão e que havia sido incendiado à pressa com os respectivos documentos, conforme as ordens recebidas do Comando-Geral. O regresso à Horta foi no dia 2 de Junho de 1962, véspera da Festa da Nossa Senhora das Angústias, pelo que se poderá imaginar a alegria de Hildeberto Serpa. Aí era ansiosamente aguardado pela namorada, com quem casaria pouco tempo depois, pela família e pelos amigos.

hILDEBERTO DA ROSA SERPA O faialense foi um dos prisioneiros da União Indiana quando em 1961 esse país tomou o território de Goa, Damão e Diu, que estava sob o domínio português desde o século Xv.

do Estado Português, para além da ingratidão de ter sido considerado com os companheiros como traidores e cobardes, veio a receber, em 2003 uma demorada mas merecida “Pensão por Serviços Excepcionais e relevantes, prestados à Pátria”, de [humilhantes] 100 Euros, mediante adequado “Processo de Averiguações por Serviços Excepcionais e relevantes” e, contrariamente ao que escrevemos neste jornal no passado dia 9 do corrente, baseados em informações incorrectas, D. José Vieira Alvernaz terá recebido sempre do Estado as remunerações a

Voluntariado na heLPo

A

HElPO é uma Organização Não Governamental para o desenvolvimento, sem fins lucrativos, de direito Português, nascida a 26 de Novembro de 2004. É uma Organização laica e apolítica que leva a cabo programas de apoio continuados, projectos de assistência, ajuda humanitária, desenvolvimento comunitário, educação para o desenvolvimento e desenvolvimento humano em múltiplos países do hemisfério Norte e Sul do Mundo e que se serve, para a concretização das suas actividades, da colaboração dos seus parceiros, asso-

ciados, funcionários, padrinhos e voluntários cuja motivação se coadune com a Missão, Visão e Valores da Organização. desde 2004, a Helpo (Núcleo do Faial), tem vindo a divulgar-se essencialmente com o trabalho dos voluntariados proporcionando assim vários projectos e eventos de angariação de fundos. Com a ajuda de todos os voluntários tem vindo a dinamizar vários eventos para angariação de bens e fundos monetários, de entre os quais se destacam: Semana do Mar 2008/ 2009/2010, Feira do Mundo rural 2007/2010, organização de sopas do Espírito Santo (um evento anual),recolha de bens alimentares;

Venda de rifas; Angariação de fundos para deficientes motores, participação na Procissão de Nossa Senhora de Fátima, com a venda de velas pelos voluntários; Feira de comes e bebes, com feira de roupa usada, na freguesia da Feteira; Feira de roupa usada, na Freguesia da Conceição. Conseguimos assim ajudar várias instituições, nomeadamente; Apoio à sociedade local; Cruz Vermelha, com o envio de roupas de Inverno, Comissão de Protecção de Menores, com vestuário, jogos e brinquedos, legião Boa Vontade, com a oferta de bens alimentares e vestuário, Cáritas Faial, com a reposição de stock de vestuário, Cáritas Pico, com a ajuda no

Contentor Solidário; Ajuda às Santina rosangela Ceroni; ajuda a crianças em idade pré-escolar com o projecto Apadrinhamento à distância e ajuda a famílias carenciadas da ilha de São Jorge. Os frutos de todo o trabalho dos nossos voluntários, foram a construção de uma escola, ajuda a comunidades locais, como a comunidades do velho continente africano, tal como Moçambique, Cabo Verde, construção de quatro poços de água que dão de beber a mais de 4500 pessoas, proporcionando-lhes assim uma vida mais digna; Apoio a Emigrantes com roupas e géneros alimentares; reinserir ex reclusos na sociedade e a não menos

que tinha direito . depois fez carreira profissional na cidade da Horta como empregado bancário no BPA, após ter sido funcionário da Casa dos Pescadores. Prestou também serviços, gratuitamente, em várias instituições de interesse social, cultural e político, designadamente na Filarmónica união Faialense, no Angústias Atlético Clube, na Santa Casa da Misericórdia da Horta e na Câmara Municipal da Horta. Fonte: Entrevista ao próprio de 11-11-2011, arquivada nos meus documentos.

importante tarefa de sensibilização dos mais jovens nas escolas, com as questões humanitárias, que originou a angariação de roupas e material escolar, organizadas pelos alunos. É intenção deste núcleo de voluntário dar continuidade a acções de angariação de fundos para as comunidades apoiadas pelas Helpo mas também apoiar os mais necessitados da ilha do Faial, em acções individuais ou através de parcerias com outras entidades locais. CoNtaCtoS: telemóvel (núcleo faial): 969013530 telefone: 21 153 76 87 email Geral: info@helpo.pt rua Catarina eufémia, fontaínhas 2750-318 Cascais


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nOTícIAs

Governo transfere 468.121€ para Cmh

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DR

Vasco Cordeiro compromete-se com "apoio" ao aeroporto da horta g “Se os açorianos me derem a sua confiança em Outubro, os faialenses podem contar com o próximo Governo regional dos Açores, presidido por mim, para apoiar o Governo da república na concretização desse investimento”. O compromisso é do Secretário regional da Economia, Vasco Cordeiro, e foi expresso na Assembleia legislativa,

na sequência do repto que lhe fora feito pelo líder da bancada social-democrata. O governante açoriano sublinhou, todavia, que essa ajuda “não é a qualquer custo”. Segundo explicitou na altura, “essa ajuda será concretizada e quantificada nos termos da solução que for escolhida e nos custos que essa solução tiver”. mJS DR

g O Governo dos Açores procedeu a uma transferência extraordinária de 5.601.589 euros para as autarquias dos Açores, correspondente à comparticipação variável de 5% do IrS referente ao ano de 2011. As transferências extraordinárias a efectuar serão de 1.918.836 € para Ponta delgada, 1.087.254€ para Angra do Heroísmo, 468.121€ para Horta, 444.770€ para Praia da Vitoria, 417.319€ para ribeira Grande, 261.626€ para lagoa, 252.453 para Vila do Porto, 115.683€ para Vila Franca do Campo, 103.199€ para Madalena, 84.312€- para Velas, 70.393€ para São roque do Pico, 69.564€ para lajes do Pico, 66.079€ para Santa Cruz da

Graciosa, 62.157€ para Povoação, 55.585€ para Santa Cruz das Flores, 50.425€ para Calheta, 19.432€ para lajes das Flores e 12.080€ para Corvo. Em comunicado enviado às redacções diz que “apesar de manter a posição de não concordância com os termos definidos no Orçamento de Estado, em que o Governo da república abdicou de transferir esse dinheiro para as autarquias, o Governo dos Açores, não querendo prejudicar as autarquias, decidiu transferir dos seus recursos essa verba ainda este ano para os municípios regionais, substituindo-se assim ao Governo da república no cumprimento desta obrigação.

O Governo dos Açores realizou um enorme esforço financeiro, abdicando de 5,6 milhões de euros das suas receitas próprias, de forma a possibilitar que as Câmaras Municipais açorianas possam ainda este ano receber este dinheiro, que lhes era devido pelo Governo da república. O Governo dos Açores espera que este apoio da região, seja totalmente canalizado pelos Municípios para, ainda este ano, liquidarem parte das dívidas que têm com os seus fornecedores e assim reduzirem os seus prazos médios de pagamentos, constituindo esta medida, assim, também uma apoio à liquidez das empresas açorianas. mJS


InFORmAçãO

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AREEIRO • cApELO • TELF. 292 945 204 • TLm. 969 075 947

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ALMOÇO PARA O PRIMEIRO DO ANO BACALhAU ASSADO NO FORNO PEIXE vARIADO CARNE À ALENTEJANA

DAS 10h00 ÀS 18h00 - A BALEAÇãO NO FAIAL- FASE INDUSTRIAL 1940-1984 na Sala das Farinha da Fábrica da Baleia - centro do Mar. Organização: OMA, Reis e Martins DEzEMBRO EM FESTA 2011 ATé 31 DE DEzEMBRO Das 18h30 às 23h00 - PRESéPIO DE NATAL - Barão Palace junto ao Restaurante Barão Palace. Organização: Barão Palace com o apoio da cMH e ccIH

AceitAm-se ReseRvAs

e Menta variaDa vENDEMOS REFEIÇõES PARA FORA

NO SNACk BAR SERvIMOS

Das 09h00 às 19h00 - TENDA DOS PEqUENOS TRAqUINAS ATL E ANIMAÇãO INFANTIL na tenda no Parque de Estacionamento da Avenida. Organização: cMH, ccIH, Universo da Festa e Insulândia

REFEIÇõES LIGEIRAS E PRATO DO DIA

Descanso semanal TERçA-FEIRA

ATé 24 DE DEzEMBRO DE 2011 08h00 às 22h00 - FESTA DA FLOR no Mercado Municipal. Organização: ccIH com o apoio da cMH

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Número Nacional de Socorro 112 Bombeiros Voluntários Faialenses 292 200 850 PSP - 292 208 510 Polícia Marítima 292 208 015 Telemóvel: 912 354 130 Protecção civil - 295401400/01 Linha de Saúde Pública 808211311 centro de Saúde da Horta 292 207 200 Hospital da Horta 292 201 000 TRANSPORTES - FAIAL

jSATA - 292 202 310 - 292 292 290 Loja jTAP (aeroporto) - 292 943 481 v Associação de Taxistas da Ilha do Faial 292 391 300/ 500 oTransmaçor - 292 200 380 FIChA

Tribuna das Ilhas DIRECTOR: cristiano Bem EDITOR: Fernando Melo ChEFE DE REDACÇãO: Maria José Silva REDACÇãO: Susana Garcia e Marla Pinheiro FOTOGRAFIA: carlos Pinheiro

COLABORADORES PERMANENTES:Costa Pereira, Fernando Faria, Frederico Cardigos, José Trigueiros, Mário Frayão, Armando Amaral, victor Dores, Alzira Silva, Paulo Oliveira, Ruben Simas, Fernando Guerra, Raul Marques, Genuíno Madruga, Berto Messias, vera Lacerda COLABORADORES EvENTUAIS: Machado Oliveira, Francisco César, Cláudio Almeida, Paulo Mendes, zuraida Soares, Gonçalo Forjaz, Roberto Faria, Santos Madruga, Lucas da Silva

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TéCNICA

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Esta publicação é apoiada pelo PROMEDIA - Programa Regional de Apoio à comunicação Social Privada


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Tribuna das Ilhas SEXTA-FEIRA 4 23 DE DEzEMBRO DE 2O11


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