Transvista de Outono - Ciclo I

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revista sazonal de poesia

Amoràterra

transvista!

vol. 1 outono

ILUSTRAÇÃO DA CAPA: NATÁLIA GREGORINI



TRANSVISTA!

Núcleo de Poesia do Coletivo Amoràterra


quem transvê daqui... sabe lá o que significa na cabeça o que desenha em palavra ou palavreia em gesto ou borda em cor tudo que sabe é que o transvedor a pedido de manoel tem fazer de sonhador e aqui vai um'oferenda de transvedor pra transvedor: poesia sazonal que é pra seguir a natureza e também ter mais certeza de que esta correnteza um dia chega no pantanal!

arteiros

do núcleo de poesia amoràterra e amigos colaboradores recolhem e compartilham suas poesias mais verdadeiras, pois inventadas,

a cada estação do ano. ~ Ao leitor, boa carona nesse vento fresco de dançar as folhas em pleno céu!


O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê. É preciso transver o mundo. Manoel de Barros


outono de 2014


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vou lhe contar do pé de amora senhora, preste atenção bem onde há quem pinte a sola corou ali seu coração esse que amava a primavera arco-íris, imensidão, foi-se embora pr'a quimera mas deixou ali seu coração e a mocinha tinha cisma de limpinha e não quis sujar sua mão hoje mora nessa casa bem vizinha trouxe enfim seu coração e hoje o moço, que vê tudo de uma estrela sua mocinha, seu coração de lembranças enche toda a primavera chora amoras pelo chão. essa era a minha história senhora, e se prestou atenção saberá que o agora é a hora... pro coração. rafa carvalho


transborda amora na-morada do coração thiago cohen

PAULO RIBEIRO

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a política inter-f e r e no dia-a-dia, senhor. enquanto, a poesia é carinho sem hora. e só me governa um estado poético. rodolfo horoiwa


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escrever 茅 insuficiente. da folha de sulfite s贸 fito. n~ao embarco nas estrelas.

rodolfo horoiwa


a aranha caprichosa prende pĂŠtalas na teia o tempo que cai carina castro

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viaja o ser silente no princípio oculto de sua natureza brilhante raro instante a entregar lhe misterioso espelho vibra, ondulações de Alma tão profunda e presente ancestral e delicada força do encontro viva Arte manifesta afluente sons de imensidão profunda sensível emerge desnuda e atenta recebe o dom crescer a voz do mar fechar os olhos e ser todo paisagem fluir maior canção jade rainho


FOTOGRAFIA POR GEINNE MONTEIRO PARA PERFORMANCE “ESPELHO D’ÁGUA” DE THIAGO COHEN. NÚCLEO DE dança AMORÀTERRA

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รกgua viva o tempo esse astronauta louco soltou minha mรฃo e apontou trilhas, pedras verde distante e eu me fui Girassol nas tardes reaprender o simples pisar horizonte puro olhar vir da fonte ouvir atento de histรณrias a transformar perdi cascas e abandonei pesares tudo que prendia o encanto de danรงar sua entrega um rio livre รกgua transbordar jade rainho

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sob o céu opaco vendedor de caleidoscópios negocia as estrelas. camila de sá


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tita de oliveira


o h o r i z o n t e ĂŠ q u a n d o a v i s t a rodolfo


a d e i t a o s e n g a n o s d o m u n d o. horoiwa

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Os pássaros brancos ficam molhando os pés enquanto a presa não passa enquanto passa a manhã E deixamos a manhã passar E a ave a agarra Os pássaros pretos saíram de um sonho pousaram em fios pretos pausaram no horizonte E trazem a noite E tragamos a noite. carina castro

DEBORAH ERÊ


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quando esvazio o mundo de mim, sei que já me está. é como o cheiro da chuva aproximando a mensagem de vento sentida de mato fresco até mesmo na cidade. até mesmo que eu confunda asfalto com terra molhada. pois sou herdeiro de esquecimentos sensoriais, daí que nunca me dèjá vu e sempre me dei chover quietudes de tristeza sem palavra, trovão, relâmpago . . . tão longe d’água doce que percorro inverso a mergulhar nuvens de umidecer o sal e liquidar s a u d a d e . rodolfo horoiwa


cerrado alto garganta seca canta nomes de chuva ana brandĂŁo

DEBORAH ERĂŠ

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Todo um recinto de profunda sinceridade. É o cômodo que se revira, arromba a porta e parte. Permaneço, agora sem paredes. Aquecimento súbito no cardíaco, sangue alucinado, dilatação do olhar, rubor na face, frio na derme: uma pipa ascende, brincalhona, e me comove. Hoje tudo me emociona. Está - estou - solta, desalinhada. Voa como se adentrasse o mar pela primeira vez! Respinga em meus olhos. A lágrima benze o teu vôo e me acalma. camila de sá


THIAGO COHEN

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mover-me in-vento arvore [ser] thiago cohen

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tua boca a soprar cataventos de flores: saias rodando! camila de sรก

DEBORAH ERร


FOTO POR THIAGO COHEN. PERFORMANCE DE OTÁVIO BASTOS.

és o menino encantado de máscara tropeça no frevo risca em passos a ladeira da misericórdia enche de cor os casarões de Olinda. aura

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A liberdade é transpirar limites, deslocar razão, dançar o céu da boca. rodolfo horoiwa


35 PAULO RIBEIRO


LUCAS LOPES

Banhada de um suor que me lava a alma/ e a leva mais pra perto do corpo/ e me eleva pra além da mente/ leve como uma pele que pisca: pálpebra de alma! camila de sá


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viajante que pisa o caminho com Amor nĂŁo se perde que planta estando inteiro aonde for nĂŁo fenece jade rainho

Tita de oliveira - quebec / canadĂĄ


39 NATÁLIA GREGORINI


DEBORAH ERร

sob a neblina par de vagalumes se revezam de luar..

camila de sรก


ALICE HAIBARA

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sonhei de índia e fiz descanso no rio lar em canoa.. camila de sá

ALICE HAIBARA


FOTOGRAFIA POR thiago cohen PARA o projeto nu-instante: águas do NÚCLEO DE fotografia AMORÀTERRA

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chorar ĂŠ uma forma de obter ternura da fonte .

rodolfo horoiwa


chuvinha cai na cabeรงa desfaz nuvem brisa fresca. camila de sรก

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CORE.GRAFIA ...Tempo frio de ||engavetar|| In.verno in.stante de S o l. Se des.cobrir num cobertor \Abrindo/ e s p a ç o pra

palavras a r e de.compor res.significar

Mesa, cadeira, casa, mente e flor Certo e errado em des.invenção Se des.alinhe e ~~des.a.lise~~ um novo olhar Tudo é p r e s e n t e quando grafa o Cor. ação Irá perdurar aquilo que você c o r e (o) g r a f a r Em m o v i m e n t o em teu sorrir e sentir alma se acalmar Pra poder fluir essência em cor e tom de se ouvir Fazer e c ((o)) a r o S e r-S i m p l e s que há dentro de ti ...

helio francisco

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chuvissol é uma borboleta, uma congregação de borboletas sorrindo ao mesmo tempo enquanto uma delas toca harpa caipira pra gente sentir em câmera l e n t

PAULO RIBEIRO

a .


coceguinhas ... azul tĂŁo perto... fiquei vermelha! beijo de borboleta tita de santarĂŠm

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um sol tĂ­mido invade janelas cheira cabelos. ana brandĂŁo


Espiral de sussurros em cores Floreando num girar de encontros Em notas de musicolorir... Abraços de fazer ouvir movimentos Contato... Ato... Audição... Ação... Silêncio de fazer dormir pensamentos Embalados na cadencia da sonoridade Transpassada em um... Ver/ouvir Mover/sentir O que me atravessa É a vontade da Soma. thiago cohen


Navegar... Descobrir... Trans-ver... Quando um nó de vento te arrasta e o silêncio te diz coisas que não quer ouvir... Na noite tudo muda de lugar.

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Agradecer... ... aos poetas fazedores de nossos ninhos, pais, irmãos, avós e toda família de mundo, cajús e amoras que fizeram este projeto fecundar, Ah! e à senhora paciência que não desiste dos sabiás (nem das tartarugas!). beijo terno aos poetas desta edição: ana brandão, alice haibara, aura, carina castro, deborah erê, cecília de santarém, hélio francisco, jade rainho, natália gregorini, paulo ribeiro, rafa carvalho, rodolfo horoiwa, thiago cohen, e ao apoio do encantado lucas lopes. Outono fértil a todos e a manoel!

organização e design gráfico:

camila de sá.

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Saiba mais do AmorĂ terra e contribua com a TRANSVISTA! email AmorĂ terra: paraamoraraterra@gmail.com site: http://amoraterra.wix.com/amoraterra

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