Trabalho Colaborativo

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auxiliarem e partilharem saberes no processo de acção em que se encontram envolvidos, despontando um sentimento de pertença, um aumento de auto-estima e uma maior motivação, traduzindo-se num enriquecimento a nível de desenvolvimento sociocognitivo e emocional dos participantes (alunos) e, no caso particular da disciplina de Matemática, promover o sucesso dos mesmos. De salientar que o desenvolvimento aqui referido se torna menos visível quando se trabalha cooperativamente, onde cada participante realiza isoladamente diferentes partes da tarefa proposta, interagindo apenas após a produção individual de soluções parciais para a mesma. Um segundo critério referido por Dillenbourg (1999) relaciona-se com o facto de que “fazer algo em conjunto” (aspas no original) implica a existência de uma sincronia na comunicação, enquanto a cooperação se encontra associada com uma comunicação assíncrona, ideia partilhada com Roschelle e Teasley (1995) ao defenderem que a colaboração se evidencia como um engajamento mútuo dos participantes num esforço coordenado na resolução de problemas, partilha de ideias, tomada de decisões conjuntas e discussão13, o qual se verifica em interacções face a face14, que podem ocorrer “ (…) numa actividade síncrona”. Outra característica das interacções colaborativas é serem negociáveis. Dillenbourg (1999) salienta que a diferença entre uma interacção colaborativa e uma situação hierárquica é a de que, na primeira, um participante não impõe o seu ponto de vista apenas com base na sua autoridade, tendo que “ (…) – até certo ponto – argumentar em função do seu ponto de vista, justificar, negociar e tentar persuadir o outro“ (p.13). Para tal, Dillenbourg et al. (1996) sugerem duas estratégias de negociação na interacção colaborativa: “a) adaptação mútua ou aperfeiçoamento das posições de cada indivíduo, e b) argumentação competitiva, onde um dos indivíduos tenta convencer os outros a adoptarem a sua proposta” (p.19). Outro tipo de negociação é referido por Dillenbourg et al. (1996) e que consideram ser “comum em qualquer interacção verbal que tem lugar a nível comunicativo, (…): a negociação do significado”(p.19), a qual é co-construída através da interacção entre os participantes, sendo determinante na emergência de mecanismos de aprendizagem que permitam uma compreensão partilhada de significados e que sejam internalizados a nível

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Aqui, a discussão é uma forma de interacção em grupo, onde os alunos, ao abordar um tema ou uma questão, falam uns com os outros no intuito de alcançar uma solução conjunta e negociada. 14 Tradução da expressão “face-to-face” usada por Roschelle&Teasley (1995)

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