Revista Tela Viva 208 - setembro 2010

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( capa) mais drástico acontecesse: o corte de sinais. Durante esse complicado acerto de posições com a Fox, operadores entraram em contato com essa reportagem alegando impotência diante de uma situação: “Estão enviando uma carta de corte de sinal em inglês (como se eu tivesse a obrigação de entender inglês) dizendo que vão cortar nosso sinal no dia 6 de setembro, caso a NeoTV não assine um novo contrato. Eu tenho dois canais e eles querem me empurrar mais seis”, relatou um operador indignado a este noticiário. Ele se queixava ainda de ter que levar esses canais adicionais, que não tinham segundo ele o menor interesse para os pouco mais de mil assinantes de suas operações. “Você acha que com pouco mais de mil assinantes vou ter poder de negociar com a News Corp. (dona da Fox)? Além das teles, do mexicano, do AZBox (pirataria), agora também os programadores querem nos destruir”, protestou. No fim, contudo, o contrato saiu. Não sem antes a questão ser levada por estes operadores à Anatel, pelo menos em conversas informais. FOTO: arquivo

“Há uma distorção no mercado de cabo, que privilegia canais estrangeiros. Também não queremos que seja na mão de um grupo brasileiro apenas. Queremos pluralidade, mas isso eu não vejo acontecendo” Johnny Saad, do grupo Bandeirantes

Anatel aos operadores é que eles informem a agência sobre qualquer fato que possa ter implicações sobre as obrigações do Regulamento de Defesa e Proteção dos Usuários. Se for uma alteração de pacotes ou preço por situação de força maior que possa afetar o consumidor, isso será observado pela Anatel, que pode tomar providências”, disse. Não foi o que aconteceu no ano passado entre a Viacabo e a HBO. Mais uma vez, uma discussão contratual colocou um operador de porte médio brasileiro contra uma grande programadora. A disputa chegou inclusive à Justiça dos EUA, segundo fontes de mercado, e resultou em uma decisão inédita: a Viacabo tirou 14 canais

adequadamente e perdeu competitividade. Aliado a fatores econômicos, a operadora não resistiu, perdeu o fornecedor de satélite e fechou a operação em 2007. Operadores fortes Mas não são só os programadores que falam alto na hora de uma negociação. O jogo é duro também do lado dos operadores, sobretudo dos grandes, com maior poder de fogo. A soma de altas bases de clientes, como têm a Net Serviços ou a Sky, por exemplo, limitação técnica para a distribuição de todos os canais, complicadas questões contratuais com outros programadores e estratégias

o canal cinebrasil tv, hoje com menos de 200 mil assinantes, é um dos que sempre se queixaram da falta de espaço. distribuídos pela HBO de sua base, substituindo por canais similares de outras programadoras. Foi uma operação de guerra acompanhada com lupa por todos os pequenos e médios operadores, pois aquilo poderia servir de exemplo sobre a reação dos assinantes. Ao que tudo indica, os traumas foram menores do que se poderia imaginar e a Viacabo conseguiu atravessar a migração sem maiores problemas. Uma disputa semelhante aconteceu em 1999 também entre a HBO e a já extinta operadora Tecsat. A HBO alegava que a Tecsat não tinha um sistema de auditoria confiável de sua base de assinantes e cortou o sinal da operadora, fechando alguns meses depois um contrato de exclusividade com a DirecTV. A Tecsat, que já vivia uma complicada situação financeira, não conseguiu substituir os canais da HBO

Sem regulação O superintendente de comunicação de massa da agência, Ara Apkar Minassian, explica que “a Anatel não regula a relação entre programadores e operadores, mas a regulamentação é clara ao estabelecer que os programadores precisam ter representantes locais”, o que significa, na interpretação da agência, que as negociações devem ser formalizadas no Brasil. Minassian diz ainda que os operadores precisam formalizar junto à agência qualquer situação que possa afetar os usuários. “Não posso comentar sobre casos específicos, mas a orientação da

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diferentes acabam deixando determinados canais fora dos line-ups. O canal CineBrasil TV é um dos que sempre se queixaram da falta de espaço para chegar ao assinante, e que há mais tempo reclama da falta de oportunidade de estar presente em uma base maior de clientes. Até 31 de maio de 2006 o canal tinha 520 mil assinantes, mas com a consolidação do mercado e o fim da exclusividade de programação perdeu a maior parte dos assinantes (alguns grandes operadores trocaram o canal pelo Canal Brasil, que até então não era distribuído fora do sistema Net). Hoje o canal tem menos de 200 mil assinantes pagantes. A própria Band levanta essa bandeira há vários anos, e aponta

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