Revista Teletime - 170 - Outubro de 2013

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Mercado Fusão entre Oi e Portugal Telecom deve criar estrutura societária sem controladores e pulverizada, o que é inédito no Brasil

Ano 16 • Outubro 2013 • #170 www.teletime.com.br

Infraestrutura Soluções FTTH se tornam boa alternativa para pequenos provedores, mas retorno lento demanda paciência e diversificação da oferta

Para onde vai a TIM Brasil

Rodrigo Abreu, presidente da operadora, fala das incertezas que podem afetar o futuro da tele, as mudanças no mercado brasileiro e do novo posicionamento estratégico da empresa



editorial

Movimentos importantes

N

as últimas semanas o mercado de operadoras mais forte e com um projeto estratégico claro. foi tomado por uma série de anúncios A joint-venture entre GVT e Echostar é importante importantes. A Oi e a Portugal Telecom (PT) também para o cenário competitivo. Pode trazer para a anunciaram o que já se esperava: um plano empresa brasileira a agressividade e insumos de fusão das duas operadoras, a se concretizar no tecnológicos e operacionais importantes para se tornar começo de 2014. A GVT e a Echostar, pertencente ao um player grande no mercado de TV paga brasileiro. A mesmo grupo econômico da Dish, operadora de DTH Dish é a terceira maior operadora de TV por assinatura dos Estados Unidos, anunciaram planos para uma dos EUA e uma das mais inovadoras, e o grupo joint-venture no mercado de TV paga brasileiro. E a Echostar vem desbravando mercados importantes, Telefónica ampliou sua participação na empresa como o de banda Ka (banda larga via satélite) e caixas controladora da Telecom Italia, suscitando conectadas. É uma combinação ainda inédita no especulações sobre uma eventual fusão da TIM e da mercado brasileiro de TV paga. Vivo no Brasil, ou a venda da TIM como parte do Já a terceira movimentação, sobre uma eventual processo de capitalização da Telecom Italia. As concentração entre Vivo e TIM, ou sobre o fatiamento questões envolvendo a TIM e a fusão entre Oi e da TIM entre os operadores existentes, como sugeriu Portugal Telecom são, obviamente, objeto em uma entrevista Otávio Marques, de reportagens mais extensas nessa presidente da Andrade Gutierrez, é edição. No caso da GVT/Dish, ainda é péssima para o mercado. TELETIME Quando a sempre teve uma postura clara em preciso aguardar a evolução dos fatos. concentração vem todos os casos que envolveram Mas, a despeito da magnitude dos para eliminar um concentração de mercado anúncios, o significado de cada um concorrente, isso é acontecidos ao longo desses 15 deles é muito diferente. No caso da fusão entre Oi e Portugal Telecom, era ruim para os anos: menos competição é ruim um movimento esperado desde que a PT consumidores, para para o setor. Quando a concentração entrou no controle da Oi, em 2010. a cadeia de se dava para trazer mais eficiência Naquela ocasião, já destacávamos que o fornecedores e ao mercado, como foi no processo acordo mais relevante era o que havia de aglutinação que caracterizou os para a indústria primeiros anos pós privatização, sido estabelecido entre portugueses, como um todo. ainda havia algum sentido. Andrade Gutierrez e Grupo Jereissati. Ali, estava claro que a Oi não seria mais Quando a concentração vem para uma empresa brasileira, como muito se falou em eliminar um concorrente, isso é ruim para os 2008, quando a fusão com a Brasil Telecom era consumidores, para a cadeia de fornecedores e para a vendida como a criação de uma grande tele nacional. indústria como um todo. Só ganham aqueles que A boa notícia é que a Oi, após a fusão com a conseguiram eliminar a concorrência. Portugal Telecom, será a primeira empresa de Sabemos que nos debates sobre o futuro da TIM, a telecomunicações brasileira pulverizada, sem maior parte do que se diz ainda é especulação, fruto controladores, o que pode acabar com o problema de receios e desejos. Mas é preciso atenção para não crônico enfrentado pela tele desde a privatização: uma tirar do mercado justamente o player que tem tirado gestão que constantemente esbarra nos interesses os demais da zona de conforto. individuais de seus controladores. Se conseguir passar pelos complicados percalços que ainda pode samuca@convergecom.com.br enfrentar, a Oi, de fato, agora tem chances de sair

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Serviços móveis

Brasil na telinha Indústria nacional aposta na demanda por tablets fabricados no País, atraindo grandes marcas brasileiras de eletrônicos de consumo como Gradiente, Multilaser, Positivo e Tectoy.

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Eventos

Mobilidade em foco A maturidade do mercado foi visível durante o Fórum Mobile+, com serviços, aplicações e conteúdo em estágio avançado. Mas o setor é unânime em afirmar que só começou a arranhar o potencial da mobilidade.

Capa

Para onde vai o trem azul Em entrevista exclusiva, o presidente da TIM Brasil, Rodrigo Abreu, detalha os planos da operadora para o mercado e fala dos desafios enfrentados em meio ao turbilhão da controladora Telecom Italia.

Editorial 3 News 6 Produtos e Serviços 50 Bits 52 Contraponto 54

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30 ilustração de capa: Dabarti CGI/shutterstock.com.

Infraestrutura

Novo fôlego para a fibra Com preços competitivos, possibilidade de convergência de serviços e facilidade de financiamento, pequenos provedores passam a considerar cada vez mais as conexões de fibra até o domicílio (FTTH).


Editor Samuel Possebon Editora Adjunta e Editora de Projetos Especiais Letícia Cordeiro Editor de Mobilidade Fernando Paiva (Rio de Janeiro)

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Mercado

Redação Bruno do Amaral, Marina Tsutsumi e Helton Posseti (Brasília)

Consolidação à portuguesa

Consultor Especial Cláudio Dascal

Fusão entre a Oi e a Portugal Telecom é prometida para 2014. Ideia é simplificar a estrutura societária e entrar nas regras do Novo Mercado para retomar a confiança do mercado.

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Departamento Comercial Cibele Tommasini (Gerente Negócios) Ivaneti Longo (Assistente)

Internet

Na arena regulatória Com pedido de urgência da presidenta Dilma Rousseff, votação iminente do Marco Civil acentua as discussões sobre a governança da Internet no Brasil. Neutralidade ainda é um ponto polêmico.

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Arte Edmur Cason (Direção de Arte); Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica); Débora Harue Torigoe (Assistente); Alexandre Barros (Colaborador); Bárbara Cason (Colaboradora)

Competição

O preço da insatisfação Plano Geral de Metas e Competição (PGMC) já tem as primeiras ofertas de referência, mas preços homologados pela Anatel geram discussões tanto do lado de quem compra, quanto de quem vende.

Inscrições e Assinaturas Gislaine Gaspar (Gerente) Circulação Patricia Brandão (Gerente) Presidente Rubens Glasberg Diretores Editoriais André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon (Brasília) Diretor Comercial Manoel Fernandez Diretor Financeiro Otavio Jardanovski

Marketing Gisella Gimenez (Gerente) Ana Paula Pascoaletto (Assistente) Administração Claudia Tornelli Zegaib (Gerente) TELETIME é uma publicação mensal da Converge Comunicações. Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização da Glasberg A.C.R. S/A. Jornalista responsável: Rubens Glasberg (MT 8.965) Impressão: Ipsis Gráfica e Editora S.A.

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Regulamentação

Elefante branco Em pleno debate sobre a penúltima revisão antes da renovação dos contratos de concessão do STFC, governo precisa decidir o que fazer com o serviço de telefonia fixa, mas bens reversíveis ainda são uma incógnita.

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Da redação do Teletime News

TURBILHÃO ITALIANO

ECCO/SHUTTERSTOCK.COM

Bernabè deixa a Telecom Italia

Após ver suas tentativas de fazer com que os acionistas da Telecom Italia desembolsassem mais dinheiro para recapitalizar a holding italiana se resultarem inócuas e sem o apoio efetivo do governo da Itália, o chairman do grupo, Franco Bernabè confirmou as especulações sobre sua saída da empresa ao entregar sua carta de demissão em reunião do conselho da Telecom Italia do dia 3 de outubro. Bernabè queria que os acionistas aportassem mais cerca de 5 bilhões de euros. Além da resistência dos acionistas da Telco (Telefónica, Intesa SanPaolo, Mediobanca e Generali), os demais acionistas não apoiaram seu plano de revitalizar a Telecom Italia e o governo italiano falhou também em lhe dar apoio político para impedir que a Telefónica assumisse o controle do grupo. Os ministros italianos ainda não apreciaram uma possível mudança na legislação que permitiria à Telecom Italia forçar um IPO da Telefónica por todo o capital da empresa no caso de um aumento no controle da espanhola a partir de 2014; e o uso da golden share para proteção da segurança nacional no caso de alterações no controle da infraestrutura de rede da incumbent italiana só foi aprovada após a saída de Bernabè. Notadamente, Bernabè se mostrou contrário não apenas a deixar o futuro da Telecom Italia nas mãos dos espanhóis, mas também era contra a venda da subsidiária brasileira TIM. A amigos, segundo a imprensa italiana, Bernabè teria dito: “Não posso assistir à destruição completa da Telecom Italia. Eu vou embora.” Marco Patuano, CEO da holding, acumula interinamente as funções deixadas

FOTO: DIVULGAÇÃO

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grupo econômico e há um teto para a quantidade de espectro por operadora.

Em conversa com amigos, segundo a imprensa italiana, Franco Bernabè teria dito:

Não posso assistir à destruição completa da Telecom Italia. Eu vou embora.” por Bernabè. É esperada a apresentação de um novo planejamento estratégico para a companhia no dia 7 de novembro Sem um novo aporte de capital, a Telecom Italia deve se desfazer de alguns ativos, como suas torres, e cortar custos, inclusive com demissões, para tentar reduzir seu endividamento de 29 bilhões de euros ao final de junho. A venda da TIM Brasil também se torna mais plausível agora. Uma vez que a Telefónica assuma o controle da Telecom Italia, poderia se ver obrigada a vender a TIM Brasil porque a regulamentação brasileira não permite sobreposição de licenças de telefonia móvel de um mesmo

Junk Na semana seguinte à saída de Bernabè, a agência de avaliação Moody’s rebaixou a nota de crédito da Telecom Italia para o que o mercado financeiro considera como “junk”, ou seja, no “patamar especulativo”. O motivo foi a “falha da companhia em fortalecer seu balanço patrimonial”, além do anúncio da saída do chairman. Assim, créditos pedidos pela companhia italiana poderão ficar mais caros, com maiores juros. “A saída do CEO aumentou a incerteza relativa à habilidade da companhia em fortalecer seu balanço patrimonial suficientemente para mitigar a tendência de queda em suas receitas e EBITDA domésticos”, disse em comunicado o vicepresidente sênior da Moody’s e analista líder para a Telecom Italia, Carlos Winzer. A Moody’s acredita que uma melhora na qualidade do crédito da Telecom Italia “não mais parece provável”, e que as opções que ainda estão disponíveis para fortalecer o crédito, sejam relacionadas ao planejamento de capital ou de operação, regulação, estratégia financeira e venda de ativos; “vão levar tempo para ser implementadas, mesmo se forem bem sucedidas”. A agência ainda afirma que a incerteza e riscos atribuídos à companhia vão continuar até que um novo CEO mostre as opções, defina o que será feito e comece a implantar a nova estratégia.

POLÍTICA INDUSTRIAL

Pacote de apps para isenção fiscal de smartphones O Ministério das Comunicações aprovou o pacote de aplicativos nacionais apresentado por dez fabricantes que obtiveram os benefícios de isenção de PIS e Cofins para smartphones, que passou a ser exigido dia 10 de outubro. A Portaria 87 de 10 de abril de 2013 exige que os smartphones saiam de fábrica com pelo menos cinco aplicativos nacionais nesta primeira etapa, mas as fabricantes superaram a meta. A Apple apresentou 21 aplicativos; Samsung, 18; Nokia, 16; LG, nove; Huawei e Digibrás, oito; e Sony, Positivo e Motorola, seis apps. Os aplicativos podem ser pré-instalados; disponibilizados por meio de guias de instalação (wizards); ou disponibilizados por meio de aplicação dedicada embarcada que conterá, em destaque, uma lista atualizável com hiperlinks para download e instalação dos apps. O número de aplicativos exigidos subirá gradualmente para 15 programas em janeiro de 2014; 30, em julho de 2014; e 50 aplicativos em dezembro do ano que vem. 6 | T E L E T I M E | O U T U B R O 2013



Da redação do Teletime News www.teletime.com.br

Estratégia

A Echostar, empresa pertencente ao mesmo grupo econômico da operadora de DTH norte-americana Dish, e a brasileira GVT anunciaram dia 1º de outubro que entraram em negociação para a formação de uma joint-venture destinada à operação de TV por assinatura no Brasil. O anúncio foi formalizado pela Echostar e pela Vivendi, controladora francesa da GVT. Com isso, fica mais claro o futuro da estratégia do grupo Echostar no Brasil. A marca Dish, hoje a terceira maior operadora de TV por assinatura dos EUA, possivelmente não será usada por aqui. Se o acordo se confirmar, deve prevalecer a marca GVT TV, já consolidada localmente, com pouco menos de 600 mil assinantes. Segundo o comunicado conjunto, “a jointventure seria baseada no Brasil, gerenciada pela GVT, e se beneficiaria da forte posição de mercado e moderna rede IP da GVT combinada com a expertise em satélites e tecnologias de vídeo da Echostar, e suas licenças brasileiras”. A joint-venture passa ainda pela necessidade de aprovações regulatórias (Anatel e, possivelmente, Cade) e de um acerto final entre as partes. Se confirmada a parceria, a presença do grupo do bilionário Charles Ergen será agressiva no Brasil. Primeiro porque a capacidade satelital da nova GVT TV será baseada na capacidade da Hughes Networks Systems (também pertencente a Ergen), que conforme noticiou TELETIME, já tem um satélite posicionado para o País em 45°W (o Echostar XV), com 32 transponders que cobrem bem o Brasil (com alguma deficiência na região Sul). Segundo apurou esta reportagem, a Hughes já sinalizou ao governo que planeja ter, no futuro, um satélite com capacidade ainda maior apenas para banda Ku, voltado exclusivamente para TV; outro em banda Ka, para banda larga; e um em banda S, utilizada para transmissões de rádio via satélite. O direito de exploração destas frequências nessa posição orbital foi conquistado em 2011, em um lance de US$ 90 milhões. Set-tops Outro indicador da agressividade com que Ergen pretende trazer seu grupo Echostar ao Brasil é a sinalização, também já feita à Anatel, de que a empresa quer ter uma fábrica de set-tops no Brasil. Além de fabricar localmente os decoders que deverão ser usados pela GVT TV, a Echostar pretende 8 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013

tele52/shutterstock.com

GVT e Dish: juntas para explorar TV paga no Brasil larga fixa e voz, com a rede de distribuidores e instaladores, com o centro de operações e uplink center locais e com a marca consolidada. No futuro, uma estratégia com banda Ka da Echostar pode complementar a cobertura banda larga da GVT onde não tem rede fixa, e a distribuição de rádio via satélite em banda S pode ser uma nova fronteira para o entretenimento, já que é uma opção inexistente no Brasil.

ainda produzir o SlingBox, uma caixa conectada que permite ao usuário assistir, privativamente, todo o seu conteúdo de TV paga via Internet, em qualquer lugar. A GVT TV, quando iniciou comercialmente suas operações no Brasil, em 2012, adotou uma postura extremamente agressiva, mas reduziu o ritmo quando a Vivendi passou a enfrentar dificuldades econômicas, limitando a expansão dos serviços. Além disso, a estratégia da GVT ficou ameaçada pela limitação de capacidade satelital, já que o novo satélite que seria usado pela empresa acabou não sendo lançado com sucesso. A DirecTV, controladora da Sky no Brasil, fez uma oferta bilionária de compra da GVT no final do ano passado, que acabou não se concretizando. Fôlego Com a parceria, a GVT TV ganha um sócio investidor com apetite e recursos e grande capacidade satelital sem ter que investir para isso - o satélite é o principal custo direto de uma operação de DTH, sobretudo com a atual taxa de câmbio. Ganha também um fornecedor de decoders, possivelmente com fabricação local, e a escala da Dish nos EUA para a negociação de programação. Sem falar na estratégia agressiva de caixas avançadas, como a plataforma Hopper, que permite ao assinante pular comerciais, ou o próprio SlingBox. O grupo Echostar é ainda controlador da antiga rede de homevideo Blockbuster, que herdou um acervo de dezenas de milhares de títulos que podem ser utilizados para vídeo sob demanda, como acontece com a Dish nos EUA. Já a GVT entra com o bundle de banda

Joint-venture Ainda não estão fechados os termos da joint-venture entre GVT e Echostar. Possivelmente será constituída uma nova empresa para operar o serviço de TV paga, gerida pela GVT. Uma possibilidade é que a empresa seja a Echostar 45, que já havia pedido a outorga de SeAC à Anatel e é hoje a detentora do uso da posição orbital e das frequências de banda Ku, Ka e banda S. A data precisa de início de operações conjuntas também é desconhecida, mas a parceria com a GVT permite acelerar muito o processo, já que a maior parte dos contratos de programação está fechada e a estrutura técnica e de distribuidores está montada. O comunicado fala em aproveitar a demanda por serviços de TV paga decorrentes da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos. Em agosto, a GVT TV mudou sua estratégia e passou a ofertar o DTH também para clientes sem o acesso banda larga da empresa, o que já foi um indício de uma possível associação com a Echostar. Com essa estratégia, será possível à GVT operar com duas plataformas, sendo uma baseada no satélite Intelsat atual e outra já baseada no satélite da Hughes, convivendo com esses dois ambientes até que todos os clientes possam ser migrados. Um novo grupo? A presença de um grupo econômico com o fôlego da Echostar no Brasil não pode ser ignorado, ainda mais considerandose a situação econômica de algumas empresas. Além da própria GVT, que há tempos precisava encontrar uma solução para suas necessidades de investimento, outra empresa que poderia entrar no alvo de Charles Ergen é a TIM. No primeiro semestre, a Dish fez uma oferta agressiva de US$ 25 bilhões pela operadora de celular norte-americana Sprint, mas a oferta acabou derrotada pelas condições colocadas pela japonesa SoftBank.


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serviços móveis

Tablets abrasileirados Fabricantes nacionais ganham espaço nesse mercado depois de abocanharem a fatia abandonada pelas multinacionais no segmento de feature phones. Fernando Paiva

fernando.paiva@convergecom.com.br

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arcas nacionais estão conquistando espaço no concorrido mercado de dispositivos móveis. Nomes como Gradiente, Multilaser, Positivo e Tectoy, experientes na fabricação de outros produtos de informática e eletrônicos de consumo, vislumbraram recentemente oportunidades para entrar nos mercados de telefones celulares, smartphones e tablets. Com menor escala de produção e menos dinheiro para marketing em comparação aos concorrentes internacionais, o desafio das marcas brasileiras é identificar nichos pouco explorados e ocupá-los rapidamente, como fizeram com feature phones, tablets populares e tablets infantis. São vários os fatores que atraíram esses fabricantes nacionais para o mercado de dispositivos móveis ao longo dos últimos três anos. O primeiro deles é o crescimento do chamado mercado “open”. São aqueles

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aparelhos desbloqueados, vendidos sem um chip de operadora. De acordo com dados da agência de pesquisa GfK, 52,9% dos celulares vendidos no Brasil em agosto eram desvinculados das teles. Essa tendência está diretamente ligada ao sucesso dos modelos com entrada para dois ou mais SIMcards, populares entre usuários com planos pré-pagos, mas pouco estimulados pelas teles. Os fabricantes tradicionais (Samsung, LG, Nokia, Motorola etc), em razão do seu longo histórico de relacionamento com as operadoras, demoraram a atender esse segmento e o fizeram timidamente no início, abrindo espaço para terceiros. Quem primeiro trouxe os aparelhos dualSIMcard para o Brasil foram as marcas chinesas. Porém, dificuldades relacionadas à importação prejudicaram suas entregas, gerando demanda dos varejistas por fabricantes estabelecidos no Brasil. “Em meados de 2010, vimos que o varejo vinha crescendo e que as operadoras não dominariam por muito mais tempo esse mercado (de telefones


foto: divulgação

celulares)”, relembra o diretor de produtos da Multilaser, André Poroger. Bem-sucedida no mercado de periféricos de informática, a empresa não pensou duas vezes em colocar sua fábrica com dois mil funcionários instalada em Extrema (MG) para produzir celulares. “Começamos com feature phones, aqueles celulares em formato de barrinha, pegando o consumidor que comprava seu primeiro telefone móvel e que precisava contar com as promoções de tráfego on-net das operadoras”, relata o executivo. Outro fator que beneficiou a indústria nacional foi a decisão estratégica das multinacionais de saírem do segmento de feature phones. O movimento não aconteceu da noite para o dia, mas gradativamente, em um processo contínuo, ainda em andamento. As margens baixas não interessam mais para essas empresas e existe uma clara migração dos consumidores brasileiros para os smartphones. Embora decrescente, a demanda por celulares simples existe, e os fabricantes nacionais ocuparam o espaço abandonado pelos rivais estrangeiros. Além da Multilaser, entraram no mercado por meio dos feature phones a CCE e a Meu (esta nasceu no Brasil, mas é controlada pela Brightstar, distribuidora multinacional de handsets). Tablets Outra oportunidade aberta para os fabricantes nacionais está no mercado de tablets. Os líderes mundiais Apple e Samsung se concentraram em produtos de gama alta, acima de R$ 1 mil, deixando vaga a faixa de tablets de entrada. O varejo nacional identificou a demanda dos consumidores da classe C pelo produto e deu o sinal verde para os fabricantes nacionais. O negócio é mais atraente do que aquele de feature phones por uma série de razões, a começar pela margem de lucro maior e o rápido crescimento nas vendas. O IDC projeta que serão vendidos 7,2 milhões de tablets no Brasil este ano, volume 120% maior que o registrado em 2012, movimento que é acompanhado por uma desaceleração nas vendas de PCs. Para completar, o tablet é um produto que praticamente não contou com o investimento massivo das operadoras, talvez porque não dependa da presença de um SIMcard para funcionar. O caminho, portanto, estava livre para os players nacionais. Resultado: além de Multilaser e CCE, os tablets atraíram Positivo, Gradiente e Tectoy, entre outros. “É natural que mercados com altas taxas de crescimento, na casa dos três dígitos, chamem a atenção de novos players”, comenta o analista da IDC

“Começamos com feature phones, pegando o consumidor que comprava seu primeiro telefone móvel.” André Poroger, da Multilaser

Bruno Freitas. Ele ressalta, porém, que o desafio não é simples. “São players que vieram de outros mercados, onde possuem certo posicionamento de marca, como a Multilaser em periféricos e a Positivo em PCs. Mas enfrentam agora competidores consolidados no mercado de mobilidade”, complementa Freitas. Os novos entrantes contaram com o apoio de fornecedores de chipsets, como a Qualcomm. Interessados em fomentar a demanda por seus processadores, essas empresas oferecem aos compradores projetos de tablets e smartphones, conhecidos como “design de referência”. Esses projetos são como receitas de bolo pré-preparados, que poupam investimento em pesquisa por parte dos fabricantes e agilizam o lançamento de novos produtos. Muitos dos dispositivos móveis vendidos por fabricantes nacionais são resultado dessa parceria com fornecedores de chipsets. Isso não significa, contudo, que os players nacionais não invistam em pesquisa e

O desafio das marcas brasileiras é identificar nichos pouco explorados e ocupá-los rapidamente, como fizeram com feature phones, tablets de baixo custo e tablets infantis. sejam meros montadores. Na verdade, o orçamento de pesquisa acaba sendo direcionado para outras finalidades que não o desenvolvimento do hardware em si, mas, por exemplo, testes de qualidade ou criação de softwares exclusivos. Um caminho encontrado para se diferenciar consiste na criação de tablets de nicho. A Tectoy, por exemplo, apostou em tablets para o público infantil. Oriunda do mercado de videogames, a empresa percebeu por meio de pesquisas que crianças na faixa de quatro a cinco anos careciam de um gadget de entretenimento voltado para elas. Como ainda são novas para jogar nos consoles, acabam usando o tablet ou o smartphone dos pais. “As crianças pegam o iPad do pai para jogar. Vimos que havia uma oportunidade para ser explorada”, conta o CEO da Tectoy, Sergio Bastos. A empresa, então, fechou parceria com marcas conhecidas junto ao público infantil: Disney e Galinha Pintadinha, por exemplo. Os tablets licenciados com os o u t u b r o 2013 | t e l e t i m e | 11


personagens dessas turmas vêm com conteúdo exclusivo embarcado, boa parte dele desenvolvido por um estúdio próprio da Tectoy. “Nosso tablet é de verdade, mas voltado para crianças. Não é um tablet de brinquedo”, ressalta. A Tectoy não está sozinha nesse segmento. Multilaser e Positivo também lançaram tablets para o público infantil e a Gradiente fará o mesmo até o final do ano, com o modelo Meu Primeiro Gradiente, que trará conteúdo educativo e de entretenimento pré-embarcado. Outro nicho é o de tablets para gamers, este explorado pela Multilaser. Os números deixam claro que o mercado de tablets é o mais importante para os players nacionais no momento. O portfólio da CCE, por exemplo, é composto por oito modelos de tablets e apenas cinco de smartphones. A projeção da empresa é de vender este ano 500 mil smartphones e um milhão de tablets. A CCE afirma deter atualmente 16% do market share de venda de tablets no Brasil. O portfólio da Multilaser, por sua vez, tem oito modelos de tablets e três de smartphones. A diferença se reflete na fábrica: a empresa tem capacidade para produção mensal de 80 mil tablets e 50 mil smartphones.

foto: divulgação

Próxima fronteira Os smartphones representam o próximo território a ser desbravado pelos fabricantes nacionais. Muitos já começaram a percorrê-lo, mas o fazem com prudência, pois se trata de um terreno mais disputado. Nele, há a competição direta com os players estrangeiros e a presença das operadoras desempenhando um papel importante na distribuição e no subsídio dos produtos. A entrada no mercado de smartphones é estratégica, diante da tendência de queda nas vendas de feature phones. Ainda existe uma diferença de preço razoável entre os dois segmentos, mas, com o parcelamento em dez vezes no varejo, ela se torna quase imperceptível para

“É natural que mercados com altas taxas de crescimento chamem a atenção de novos players.” Bruno Freitas, da IDC 1 2 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013

o consumidor, o que vem acelerando a migração da base para smartphones. O foco dos fabricantes brasileiros, inicialmente, estará nos smartphones de entrada, ou com uma boa relação custo/ benefício. Com estruturas mais enxutas e sem grandes gastos com marketing, os players nacionais conseguem praticar preços mais em conta. “Ainda não vemos os brasileiros ganhando participação significativa em smartphones, mas é um mercado dinâmico, que dois anos atrás tinha líder absoluto e de lá para cá já mudou completamente”, comenta Freitas, da IDC. De acordo com a GfK, os fabricantes nacionais, juntos, responderam por

A IDC projeta que serão vendidos 7,2 milhões de tablets no Brasil este ano, volume 120% maior que o registrado em 2012. menos de 1% das vendas de smartphones do País em agosto. Se considerados celulares em geral, ou seja, contando os feature phones, os brasileiros somam perto de 5% de market share, com destaque para as marcas Multilaser e Meu, as únicas nacionais que aparecem nomeadas no relatório atualmente. Neste contexto, alguns players preferem não se arriscar em smartphones por enquanto. É o caso da Tectoy: a empresa já pensou no assunto, mas ainda não tem nenhum projeto em andamento. Em vez disso, a Tectoy mira em um novo segmento completamente diferente: o de acessórios eletrônicos para monitoramento de bebês. Se o mercado brasileiro de dispositivos móveis seguir o mesmo caminho percorrido pelo de PCs no passado, haverá uma intensa consolidação nos próximos anos. “Com a competitividade em escala global, normalmente, as marcas multinacionais dominam o mercado. Aconteceu assim no mercado de PCs. Três anos atrás, no top 10 do Brasil havia cinco marcas locais. Hoje há apenas uma brasileira, a Positivo”, compara Freitas, da IDC. Pode ser considerado um primeiro passo nesse sentido a aquisição da CCE pela Lenovo, embora não tenha sido motivada especificamente pela sua atuação em mobilidade, que ainda era muito incipiente.

timquo/shutterstock.com

serviços móveis



Ponto fora da curva Dabarti CGI/shutterstock.com

Presidente da TIM Brasil, Rodrigo Abreu fala das incertezas sobre o futuro da segunda maior tele do mercado móvel brasileiro e de seu novo foco estratégico.

Samuel Possebon

samuca@convergecom.com.br

A

TIM tem sido uma operadora diferente no cenário brasileiro. É hoje a tele menos endividada, a mais agressiva em termos de marketing e, sem uma estrutura fixa nacional, é entre as quatro grandes a única operadora puramente móvel. Com essas características, a TIM se aproxima, aos poucos, da liderança do mercado de celular. Em setembro, o futuro da empresa voltou a ser questionado, em função da situação financeira delicada da sua controladora, a Telecom Italia. Nesta entrevista, Rodrigo Abreu, presidente da TIM, fala sobre esse cenário de incertezas, sobre o novo foco estratégico da operadora e sobre as mudanças de mercado.

TELETIME – As indefinições na Itália podem significar a venda da TIM no Brasil? RODRIGO ABREU – A situação atual está muito bem entendida, o que não quer dizer que ela seja imutável. Temos uma mensagem do controlador e uma mensagem muito clara da própria empresa. A mensagem hoje do controlador é que a TIM Brasil não está à venda. Não existe processo formal nem informal de venda da empresa. 1 4 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013

Quer dizer que nada mudou para vocês? A situação da Telecom Italia hoje tem impacto zero no Brasil. O que existe é uma opção de capital da Telefónica no grupo de controle da Telecom Italia. Não existe nenhuma providência regulatória ou concorrencial que precise ser tomada neste momento. Desde 2007 há um procedimento de ajuste concorrencial entre Telefónica e Telecom Italia no qual a TIM Brasil é parte interessada. É o acordo com o Cade para evitar que a participação da Telefónica na Telecom Italia tenha qualquer tipo de efeito concorrencial no Brasil. A gente já arquivou quase 900 documentos junto a Cade e Anatel em referência a esse acordo desde 2007. São documentos que mostram que a Telefónica não tem participado de nenhuma discussão que envolva a estratégia da TIM Brasil. Enquanto fica essa discussão sobre a troca de controle lá, esquece-se que já existe uma blindagem aqui e que a repercussão do que acontece lá é zero sobre o Brasil. Quando fizeram o acordo de compartilhamento de rede com a Oi, a Vivo foi excluída por conta disso? Se tivéssemos feito um acordo com a Vivo, teria passado pelo Cade. Mas não fizemos porque não fazia


fotos: divulgação

sentido, porque buscávamos um acordo que incluísse RAN Sharing, e como a Telefônica tinha 20 MHz e nós tínhamos 10 MHz, isso seria impossível. Só fazia sentido com a Oi. Não foi o Cade que impediu; mas se fosse possível, teria passado pelo Cade. A TIM é, paradoxalmente, a operadora estrangeira que menos distribui dividendos. Isso pode mudar? Nesse caso existe, sim, uma virtude muito interessante do controlador. Ao enxergar no Brasil um dos principais ativos de crescimento e estratégia, o controlador optou por alimentar esse asset. Se ele atrelasse a condução da empresa ao seu próprio interesse apenas, ele asfixiaria a própria companhia. A TIM Brasil teria condições de fazer mais distribuição de dividendos, mas não existe a necessidade porque isso assegura que seja uma companhia forte. A melhor forma de cuidar do seu ativo é fazer com que ele cresça, tenha mais valor de mercado, maior dimensão de mercado. Que alternativas tem a Telecom Italia? A discussão toda de troca de controle tem muitas avenidas, muitas outras alternativas, mas a gente tende a só olhar para o Brasil. Tanto é que quando surgiu a possibilidade de downgrade do rating da dívida pela Moody’s, muita gente se alarmou, mas o acionista mostrou que pensa de outra forma, valorizando o papel. Há uma geração líquida de caixa na Itália muito alta, uma posição invejada, um ativo de infraestrutura enorme; então, há outros debates, como a questão da separação de rede, que já vinha acontecendo e parou na discussão regulatória. A Telecom Italia tem uma posição muito forte e tem a possibilidade de voltar a ter uma condição de investimento. Simplificar tudo isso a vender ou não a TIM Brasil é exagerado. A estratégia recente da TIM passou pela forte popularização dos serviços. Isso trouxe crescimento, mas quais foram os efeitos colaterais? A rede ficou comprometida? A TIM democratizou o acesso através dos planos transparentes e simples. O corte de preços tem que ser entendido como uma redução relevante pelo usuário, mas na combinação entre uso médio, número de usuários e crescimento, para a empresa isso é altamente aditivo, não há destruição de valor. Tanto que depois da entrada do Infinity e do Liberty, o EBITDA da empresa melhorou. Ganhamos a longa distância, passamos a ter uma captura maior de usuários. Essa estratégia é adequada e foi muito acertada para aquele momento em que havia o crescimento de um novo usuário, da classe C, que estava olhando para voz. Era uma estratégia que não se manteria para sempre, porque o mercado muda. A infraestrutura veio sendo construída seguindo a oferta. Chega um momento, que a gente está vivendo agora, em que você, por conta da

“A gente já arquivou quase 900 documentos junto a Cade e Anatel que mostram que a Telefónica não tem participado de nenhuma discussão que envolva a estratégia da TIM Brasil.” natureza da oferta, precisa fazer uma inversão, que é fazer com que a infraestrutura possibilite a oferta, e não o contrário. Colocar a rede antes de ofertar o serviço significa investir mais de início, não? Significa investir diferente. A combinação voz e dados permite uma abordagem diferente da que se tinha no passado, que era uma “abordagem cobertor”. Quando o principal componente de uso era a voz, tinha que olhar para a cobertura macro, o backhaul determinístico simples e o core de voz. Agora se fala de macrocobertura, mas de small cells, de microcobertura, de femtocélulas e picocélulas, Wi-Fi, backhaul com fibra ou rádio gigabit, a sofisticação é muito maior. Se isso é mais complexo por um lado, por outro permite um nível de investimento mais focado para gerar diferenciais de oferta sem ter que investir no Brasil inteiro. A rede pode ter ficado mais complexa, mas sua expansão ficou mais racional? É isso, ela ficou mais otimizável, mais focada. Não precisa do mesmo nível de caching, peering e backhaul em toda a rede. E de onde vem a inteligência para identificar essas necessidades diferentes? O pulo do gato é saber utilizar essa abordagem analítica, de georreferenciamento de informação, cruzamento de dados, big data, para fazer o planejamento da rede. O nosso Capex é, hoje, alto. É 19% da nossa receita, o que é o mais alto para uma operadora móvel pura. Por isso é que temos que usar essa inteligência, do contrário tem que usar força bruta, o u t u b r o 2013 | t e l e t i m e | 15


temos 22% da nossa receita vindo de dados e serviços de valor adicionado. Isso ainda é um número baixo. Temos como usuários únicos de dados na base pouco mais de 30%. Quando pensamos em uma base de 72 milhões de clientes com um potencial de cerca de 50 milhões de usuários que ainda podem começar a usar dados, vemos que o movimento que virá ainda é muito grande. E isso acontece hoje não por falta de infraestrutura. A razão, o vilão, é o aparelho.

“Quando você elimina a competição, isso é bom para quem fica, mas não necessariamente é um caminho que o mercado tenha que seguir.” que é expandir a rede de maneira ineficiente, otimizar demais a rede onde o tráfego ainda não pede isso. A tecnologia traz hoje possibilidades muito empolgantes. As SON (Self Organized Networks) são um exemplo fantástico. Elas permitem fazer dezenas, milhares de reconfigurações da rede, espectro, potência, antenas, portadoras, tudo em função do uso, instantaneamente, substituindo um ajuste que seria feito com meses de intervalo. Isso nos dá 15%, 20% de otimização. Você expõe uma visão gerencial técnica. A TIM era, até aqui, mais conhecida pela inovação em marketing. Como conciliar as duas coisas? Vai continuar sendo uma empresa inovadora em marketing. Mas é preciso conciliar as duas coisas, porque se não for assim não se consegue fazer parte do jogo. A grande diferença de hoje, dessa nova fase para o passado da TIM, é que a abordagem que existia funcionava por um tempo, mas depois disso ficava complicado. Ser muito radical e inovador em marketing sem ter a possibilidade da infraestrutura por trás, uma hora eu vou cair. Sobretudo para os novos serviços. Não existe dissociação entre infraestrutura e oferta. Essa massa de novos consumidores já entrou na era dos dados? Ela está entrando. O volume ainda é pequeno, por isso o resultado financeiro ainda é pequeno. Agregadamente, 1 6 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013

Como assim? Nossos números, e somos o maior vendedor de aparelhos do País, mostram muito isso. Há um ano, um pouco mais, o percentual da nossa base que tinha um telefone capaz de usar dados, o que inclui smartphones e webphones, era inferior a 30% da base. Hoje, esse percentual já é de 55%, em um ano. Estamos falando de uma base de 72 milhões de usuários. Outro dado impressionante, de vendas: há pouco mais de um ano, nossas vendas tinham um componente de mix de aparelhos com capacidade de dados na casa dos 35%. Hoje, de cada cem aparelhos, 80 são capazes de usar dados. E dentro desses que são capazes de usar dados, mais de 70% são smartphones, não webphones. Então, o perfil de adoção de handsets mudou radicalmente. Não dava para esperar ter mais do que 22% das receitas com dados se o celular não permitia. Agora permite. Isso foi estratégia ou demanda do mercado? Os dois. A nossa estratégia tem um foco muito grande na venda de aparelhos, somos o líder de venda de handsets. Pouco mais de metade do mercado é através de operadora, e o restante é o mercado livre, varejo. No mercado de operadoras, temos 40% de participação, o que significa que pouco mais de 25% das vendas de aparelhos no mercado somos nós que fazemos, considerando todos os canais de venda. Como é o perfil de uso do celular hoje? Hoje o mercado de celular é on-net. O cliente muitas vezes não tem dinheiro para usar o celular de maneira diferente; se ele não fizer isso, não consegue falar. Aliás, saiu aquele levantamento da UIT, e mais uma vez mostrou que temos uma dificuldade de nos comunicar. Somos hoje o País mais competitivo em comunicação móvel. Se a UIT analisa os planos homologados e ignora os planos de fato praticados no mercado, é claro que cria uma distorção. O plano homologado é referência, porque exige um processo mais longo, pouco ágil, mas, a partir disso, todo mundo faz promoção. Gosta da ideia de a Anatel forçar o mercado a criar uma entidade comparadora de planos? É uma solução que só faz sentido se a Anatel abrir mão da homologação. Ou vamos pela flexibilidade, ou vamos pelo formalismo. Não faz sentido uma entidade oficial que compare preços e sermos obrigados a


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fibra até os sites em 38 cidades, com pelo menos 85% dos sites nessas cidades com fibra. Agora, não dá para levar o TIM Fiber para todas as cidades porque a capilaridade é muito diferente. O TIM Fiber nasceu como uma oportunidade de aproveitar a infraestrutura que adquirimos para backhaul, e não o contrário. Foi um bônus, mas o nosso principal objetivo continua sendo uma infraestrutura para a rede móvel.

“Quando pensamos em uma base de 72 milhões de clientes com um potencial de cerca de 50 milhões de usuários que ainda podem começar a usar dados, vemos que o movimento que virá ainda é muito grande.” homologar planos de outro lado. Hoje existe uma competitividade do mercado que faz com que o usuário naturalmente compare preços. O tráfego on-net é algo absolutamente necessário pelo poder de consumo dele. O fenômeno do dual-chip pode até trazer o tráfego para baixo, mas, mesmo que isso não existisse, a nossa taxa de minutos de uso ainda é muito inferior à taxa de países equivalentes. Isso acontece porque as pessoas ainda têm dificuldade de pagar, ainda há um problema de renda básico. O desafio hoje é crescer o uso ou a receita? Nossa ARPU (receita média por usuário) geral hoje é na casa dos R$ 19, e só vai crescer pelo aumento de uso de outras coisas por parte do consumidor. Acredito que o telefone móvel deixará de ser um instrumento de comunicação para ser um instrumento de outras coisas. Vamos passar a competir com o orçamento que as pessoas têm para educação, para entretenimento, para diversão, orçamento financeiro... Isso vem com oferta de serviços de valor adicionado e conectividade de dados. Em relação à infraestrutura de fibra, valeu a pena ter investido na AES Atimus, mas manter o serviço residencial ainda tão restrito? A decisão pela AES veio a partir da constatação de que, para replicar a infraestrutura da Atimus, levaríamos de cinco a oito anos. Para fazer a nossa estratégia de fiber-tothe-site, sem isso seria inviável. Estamos construindo fibra em praticamente todas as cidades. No final deste ano completamos uma primeira fase importante, que é levar 1 8 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013

E na parte corporativa, por que a TIM desacelerou? No serviço corporativo o que aconteceu é que entramos em uma rota de dependência de uma infraestrutura alugada, de contratos com outras operadoras. A Intelig continua sendo uma parte importante da empresa como negócio, receita; mas a decisão foi estabilizar o business antes para depois crescer mais agressivamente, de maneira saudável, para não depender tanto de redes de terceiros. O foco é onde temos infraestrutura própria. Como vocês estão se preparando para a queda na VU-M (tarifa de interconexão pelo uso da rede móvel) já projetada? Temos que trabalhar em várias frentes. Concorde ou não concorde com o modelo da VU-M, ele está mudando. A redução tira remuneração do setor, ao mesmo tempo em que algumas outras componentes de custos seguem em sentido contrário. Inclusive insumos regulados têm reajustes: eletricidade, linhas alugadas, dissídios trabalhistas... Acho que essa redução de VU-M deveria ter sido trabalhada de outra forma. Mas a realidade está aí, a VU-M vai cair e o lado bom é que sabemos o que vai acontecer. Como a gente se prepara para esse caminho? Tem que trabalhar muito na infraestrutura para depender menos de EILD, com um esforço grande de construção de rede própria, seja nas capitais, na longa distância, eventualmente compartilhado. Outro caminho é ampliar os contratos de swap de rede (troca de capacidade de rede com outras operadoras). E tem que trabalhar do lado da oferta, enfatizando mais os aspectos on-net, para depender menos da interconexão, e estimular a receita que cresce, com dados, VAS (serviços de valor agregado). Outra medida que poderia ajudar seria a redução do Fistel, que tornaria a queda da VU-M mais sustentável. Já que você falou de Fistel, o mercado de M2M tem potencial na estrutura regulatória atual? É um mercado bem difícil nessa estrutura. Vai sempre ficar limitado às aplicações mais básicas, porque com o tráfego pequeno e o Fistel nos patamares atuais, uma série de projetos fica automaticamente inviabilizada do ponto de vista econômico. Não é nem que exista um problema legal para isso. O problema é simplesmente que isso não foi regulamentado ainda, e enquanto isso não acontece, nada anda. A mesma coisa vale para microcélulas.


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Por que vocês não optaram por terceirizar a infraestrutura de torres? Porque do ponto de vista de retorno para o acionista, vender não faz sentido, a menos que você precise muito de cash. Se você não precisar de dinheiro, isso traz um valor presente negativo. Vender torres nada mais é do que uma operação financeira. Você vende hoje, tem o cash-in, mas no tempo o seu Opex é maior, e o valor presente líquido dessa operação é negativo. Faria sentido se precisássemos reduzir dívida ou gerar caixa, o que não é nosso caso. Nas nossas contas, a razão de Opex para uma infraestrutura própria para uma infraestrutura terceirizada é de um para três. Normalmente uma empresa de operação de torres tem um múltiplo melhor do que de uma empresa de telecom. Mas para me beneficiar disso eu não posso simplesmente vender, teria que fazer parte dessa operação.

“TIM Fiber nasceu como oportunidade de aproveitar a infraestrutura que adquirimos para backhaul, e não o contrário. Foi um bônus, mas nosso principal objetivo continua sendo infraestrutura para a rede móvel.” Fazer parte de uma operação de torres está no radar? A gente analisa sempre essas oportunidades. Se existe uma possibilidade de criar valor para o acionista, vamos analisar. Mas vender as torres pura e simplesmente não faz sentido. Qual a expectativa para o leilão da faixa de 700 MHz? O timing previsto para o ano que vem é adequado? Há muitas variáveis ainda não conhecidas. É muita coisa que precisa ser definida: quantos blocos haverá no leilão, quais os limites de espectro, a combinação dos blocos, as obrigações de limpeza do espectro... Essa é a principal questão, aliás. Já deu confusão no MMDS. Vocês também questionaram o pagamento às empresas de MMDS? Questionamos na Justiça apenas a Net, que é do grupo Claro, a Telefônica e a Sky. As outras, nós pagamos. São as três empresas que optaram por devolver a faixa para disputar o leilão de 2,5 GHz. Não faz sentido elas serem ressarcidas de forma integral se já abriram mão da frequência. Agora, se no caso do MMDS já deu toda essa confusão, no caso do broadcast a questão é muito mais complexa, tem muito mais elementos em jogo, pode-se buscar ou não incentivos à digitalização da radiodifusão... O custo de limpar a faixa não pode ser maior do que o custo do espectro. A limpeza precisa ser pré-definida e regulada, ou os dois setores vão ter problemas. 2 0 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013

E a questão das novas obrigações? Esse é um terceiro fator de indefinições. No leilão de 2,5 GHz, há obrigações rurais em que cada operadora tem um pedaço. Naturalmente, isso exige uma infraestrutura de torres, fibras, rede. Como será a obrigação de cobertura na faixa de 700 MHz? O ideal é que já haja um mecanismo que alinhe e sincronize as obrigações já existentes, mas isso não é simples de fazer. E há ainda um quarto elemento, que é o modelo de custos dessas obrigações, que tem que considerar a infraestrutura e o modelo de receita. O fato de eu ter a faixa de 2,5 GHz e a faixa de 700 MHz não significa que eu vou ter acesso a dois públicos, vou comercializar dois serviços e vou ter duas receitas diferentes. O cliente é o mesmo qualquer que seja a tecnologia. Enfim, as variáveis são muitas para dizer se faz sentido leiloar já. Se fosse só por conta da cobertura, é claro que faz sentido, mas tem que ver o conjunto do edital. Vê a possibilidade de chegada de um novo player no leilão de 700 MHz? As dificuldades de começar do zero, sem base, só com 4G, são gigantes. Parece uma equação difícil de fechar. Tem competição demais no mercado? O nível de rentabilidade das empresas no Brasil não é exatamente tranquilo. Todo mundo tem que lutar bastante para conseguir resultado. Por outro lado, talvez seja o único mercado do mundo com uma competição entre quatro players onde o quarto player tem aproximadamente 20% do mercado. Nos outros mercados com esse nível de competição, o quarto player tem 5%, 8%. Aí realmente há um problema de falta de escala, excesso de agressividade, competição predatória. Aqui temos uma situação mais equilibrada. Qualquer empresa é sustentável com 20% de market-share, mas a equação de concentração é delicada. Otávio Marques, presidente da Andrade Gutierrez e acionista da Oi, disse recentemente que uma das possibilidades que ele via para a TIM era reparti-la num consórcio entre operadoras existentes... Quando você tem um player independente, muito bem-sucedido, que gera uma dor de cabeça competitiva, é natural que queiram eliminar um competidor. Foi assim em 2003, quando criaram o Consórcio Calais para eliminar a Embratel. Para evitar o que aconteceu: o surgimento de uma operação integrada que é referência e dá dor de cabeça para eles. É um jogo de mercado. Quando você elimina a competição, isso é bom para quem fica, mas não necessariamente é um caminho que o mercado tenha que seguir.


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em os mais criativos imaginaram que o futuro não seria de carros voadores ou robôs, mas um cenário que tende por um estilo de vida, digamos, mais minimalista, onde todos os serviços e conteúdo estão na palma da mão (ou no bolso da calça), e os negócios prosperam em volta de uma tela de quatro polegadas. A maturidade dos serviços, aplicações e conteúdos possibilitados pelas plataformas móveis foi discutida no final de setembro em São Paulo durante o Fórum Mobile+, evento de mobilidade da Converge Comunicações, que edita TELETIME. O evento mostrou que o mercado já está bastante desenvolvido para muitas aplicações corporativas business-to-business (B2B), sobretudo em setores como m-commerce, m-banking e m-payment, além de projetos de mobilidade em áreas como educação, saúde, trânsito e marketing. Mas é pouco, perto do potencial da mobilidade, apontaram os especialistas. Um dos temas que têm sido pauta de muitas empresas é a chamada Internet de todas as coisas, que 2 2 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013

envolve conexões de máquinas, “seres humanos, animais e tudo”, segundo definição do diretor de inovação da Datora, Daniel Fuchs. Empresas como Cisco e Ericsson antecipam que em 2020 haverá 50 bilhões de coisas conectadas no mundo. A questão é como chegar lá. A Cisco, de olho na demanda de tráfego descentralizado em redes de comunicações móveis tradicionais e máquina-a-máquina (M2M), propõe uma abordagem baseada no conceito de redes escalonáveis, para que as operadoras lidem com a demanda por dados de forma dinâmica. “Na agricultura inteligente, é possível monitorar a temperatura, umidificação do solo, toda a trajetória da verdura. O consumidor saberia todo o histórico de qualidade do alimento no momento da compra”, citou o diretor de engenharia da Cisco do Brasil, Marcelo Ehalt. Apesar das vantagens do conceito de uma sociedade conectada, os palestrantes reforçaram a necessidade de investimentos em infraestrutura de rede para que a previsão otimista de bilhões de dispositivos conectados se concretize. “A Internet de todas as coisas não vai funcionar se não houver infraestrutura de rede, e isso é um desafio para os vendors e para as operadoras”,



fotoS: izilda frança

evento

ano”, revelou o gerente mobile da Visa, Daniel Andrade. Do lado dos consumidores não “A Internet de todas as coisas bancarizados e usuários de feature não vai funcionar se não houver phones, as empresas focam em infraestrutura de rede, e isso é soluções pré-pagas via USSD um desafio para os vendors e (Unstructured Supplementary Service para as operadoras.” Data) e SMS, que muitas vezes também Clayton Cruz, da Ericsson acompanham um cartão físico pré-pago. O objetivo, geralmente, não é tornar essas pessoas bancarizadas, alertou o diretor de banda larga móvel mas prover serviços que facilitem o da Ericsson para a América Latina, pagamento de contas no setor de Clayton Cruz. O executivo citou uma utilities, recebimento de salário e pesquisa realizada por sua empresa pequenos pagamentos, remessa de segundo a qual a qualidade de rede é dinheiro para outras pessoas e recarga citada pela maioria dos respondentes de celular. como a principal preocupação ao usar o celular. No A Visa também está focando nesse público com a entanto, essa resposta se concentrava principalmente solução Mobile Prepaid, que permite transações por em preços há alguns anos. É fato: o interesse maior do celulares via USSD e SMS, já implementada em países consumidor atualmente é de que seus aplicativos da África e que deve chegar ao Brasil em breve, funcionem em qualquer lugar e a qualquer momento. segundo Daniel Andrade. Outras empresas também estão de olho nas oportunidades para a população Carteira eletrônica não bancarizada. São os casos da Movile e da MFS. Da mesma forma, a tendência vista durante o Mobile+ Esta última é a joint-venture entre a Telefónica é de que todas as formas de pagamento incorporem, em International e a MasterCard e já lançou uma solução alguma medida, a mobilidade, seja dinheiro, cartão de no Brasil. O serviço Zuum permite a transferência de crédito e débito, pagamentos online, cupons ou dinheiro entre contas do serviço, consulta de saldo, programas de fidelidade. recarga de celulares Vivo e em breve, possibilitará o Na Europa e na América do Norte, o mercado de pagamento de contas pelo celular. A Movile, que provê pagamentos móveis está mais maduro, mas o Brasil e plataformas de conteúdo e comércio móvel, aposta mercados emergentes são vistos com brilho nos olhos em carrier billing, com foco principalmente na pelos players do setor. As diferenças de classes sociais, a cobrança de conteúdo de entretenimento através da economia informal, a grande população sem contas conta telefônica das operadoras. bancárias, além do uso heterogêneo de smartphones e Durante o fórum, foi discutida a importância da feature phones são alguns dos fatores que contribuem regulamentação dos pagamentos móveis no País, que para que as empresas interessadas na área elaborem deverá sair em novembro deste ano pelo Banco Central. duas estratégias diferentes para atuar em mercados em Os palestrantes defenderam a necessidade de desenvolvimento. interoperabilidade no mercado. “A interoperabilidade dos Um dos caminhos, focado nos consumidores com arranjos de pagamentos móveis é fundamental para os contas bancárias e usuários de smartphones, visa serviços ganharem escala, desenvolverem-se. A ideia é oferecer soluções para pagamentos móveis por que a regulamentação seja neutra em termos de tecnologias mais avançadas, como a de comunicação tecnologia para promover a diversidade dos modelos de por proximidade de campo (NFC, na sigla em inglês). negócios”, comentou o gerente de projeto da Secretaria Esse perfil de consumidor está acostumado ao uso do de Universalização do Ministério das Comunicações, smartphone e é mais aberto a Marcelo Ferreira. “Não vejo chance de experimentar novas tecnologias. cada player sobreviver sozinho, temos Todos os serviços que nos organizar. Quando o SMS O pagamento por NFC é um dos focos da Visa, que está testando a e conteúdos estão começou, só era possível enviar tecnologia com três bancos brasileiros e na palma da mão e mensagens para números da mesma espera lançar a plataforma no bolso da calça, operadora, mas quando o setor ganhou comercialmente em 2014. “Hoje existem a interoperabilidade, o volume de e os negócios 650 mil pontos de aceitação sem contato mensagens multiplicou por dez”, prosperam em no Brasil, que já estão preparados para defendeu o diretor de marketing da MFS, volta de uma receber pagamentos por NFC. A Eduardo Abreu. Segundo Marcelo tela de quatro expectativa é de que um milhão de Ferreira, o Banco Central terá o desafio polegadas. terminais sejam instalados até o final do de evitar uma regulamentação 2 4 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013


excessiva, mas que esteja dentro dos parâmetros de segurança necessários. Segurança De acordo com pesquisa da empresa de TI Unisys, a quebra de sigilo de dados bancários é a segunda maior preocupação dos brasileiros em relação à violação de informações. Na área de pagamentos móveis, a segurança é um ponto essencial e também está gerando novas oportunidades de negócios para as teles. As operadoras têm diversos dados sobre seus assinantes que podem ser usados para confirmar sua identidade em serviços de pagamentos móveis, por exemplo. Este mercado de validação de identidade dos clientes para serviços de terceiros pode gerar US$ 17 bilhões em receita acumulada até 2018, segundo a GSM Association. As teles poderiam oferecer um serviço de validação de identidade do comprador que atendesse aos requisitos das bandeiras de cartão, equivalentes a um pagamento presencial. “Poderia ser a digitação de um PIN ou a verificação de dados que somente o usuário possa responder”, explicou durante o evento o gerente de alianças estratégias da GSMA, Rafael Diaz. Com o celular como ferramenta de validação de identidades, as teles também poderiam atuar como um administrador de identidades, como o Facebook faz para

O Brasil e os mercados emergentes são vistos com brilho nos olhos pelos players do setor de pagamentos móveis. diversos aplicativos, e como uma segunda camada de autenticação. Por exemplo, para concluir uma transação, o usuário faria alguma interação pelo celular, via SMS, QR code ou até mesmo, no futuro, pelo uso de dados biométricos guardados no SIMcard. Trânsito É indiscutível a influência do trânsito na qualidade de vida das pessoas. As longas horas nos carros parados, a


evento “A interoperabilidade dos arranjos de pagamentos móveis é fundamental para os serviços ganharem escala, desenvolverem-se.” Marcelo Ferreira, do Ministério das Comunicações falta e atrasos de ônibus, os problemas de operação no metrô, a falta de táxis são alguns motivos de frustração que atingem principalmente os moradores de grandes cidades. Mas a mobilidade (no sentido “smartphone” da palavra) pode melhorar a qualidade de vida dos cidadãos, dependendo de sua aplicação. São muitas as empresas e desenvolvedores que querem colaborar, seja por meio de carros e ônibus conectados, ou por aplicativos de chamada de táxi, de status em tempo real do trânsito ou das linhas de transporte público, entre outros. No Fórum Mobile+, foram apresentadas muitas ideias e projetos em desenvolvimento sobre o tema. Sandro Barreto, gerente de marketing do aplicativo Taxibeat, citou os problemas encontrados hoje pelos passageiros e taxistas. Do lado do passageiro, as reclamações focam principalmente na falta de táxis em horários de pico, na cobrança abusiva, no mau atendimento e na recusa de corridas e de passageiros por taxistas, que muitas vezes preferem não dirigir em algumas regiões ou levar certos passageiros por preconceito e falta de segurança. Do lado dos taxistas, o que mais falta são condições apropriadas de trabalho, como estrutura de banheiro, alimentação, além de riscos de segurança e exploração das empresas de táxis, que cobram taxas altas e exigem horas exaustivas de trabalho. O Taxibeat e outros aplicativos semelhantes tentam resolver esses problemas, cobrando apenas pelas corridas feitas pelos taxistas, fazendo a ponte entre motoristas e clientes e disponibilizando ferramentas de avaliação, tanto dos taxistas, como dos passageiros em si. Barreto defende o modelo do app de crowdsourcing: “Através da colaboração, o consumo fica otimizado e ajuda a mudar a qualificação do serviço”.

“Hoje, as empresas de transporte público não consideram um aumento na receita, e a tecnologia aumenta a receita.” Marco Aurélio Souza, da Mass.com 2 6 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013

A Fiat apresentou a Fiat Social Drive, plataforma que conecta o usuário às redes sociais dentro do carro. “O usuário cria uma conta pelo celular ou pela Internet com o número do chassi do carro e depois consegue receber informações enquanto dirige via conexão Bluetooth. Ele não precisa tirar as mãos do volante, é tudo por comando de voz, pela segurança”, explicou Mateus Lima Silveira, da área de planejamento estratégico e inovação da Fiat Chrysler na América Latina. Outra solução apresentada foi a substituição de validadores de bilhetes de ônibus por smartphones com a solução Bus.Mobile, da empresa catarinense Mass.com. Com um aplicativo, o usuário valida um bilhete eletrônico via NFC. “Estamos muito focados em redução de custos. Hoje, as empresas de transporte público não consideram um aumento na receita, e a tecnologia aumenta a receita”, afirmou o sócio-diretor da Mass.com, Marco Aurélio Souza. O executivo comparou o custo de cerca de R$ 6.500 de um único validador de bilhetes por um smartphone compatível com a tecnologia NFC, que custava em média R$ 1.700 no ano passado. Outra empresa que se destaca em soluções para o trânsito das cidades é a pernambucana Sertell. Ela foi responsável por desenvolver os aplicativos de aluguel de bicicletas do Itaú, Bike Rio e Bike Sampa, e está desenvolvendo diversos outros projetos na área. Um deles é um aplicativo que permitirá aos usuários ajudar no gerenciamento das redes inteligentes de semáforo de grandes cidades. No Recife, a empresa fornece software, equipamentos e estrutura operacional para o gerenciamento e operação da rede semafórica, e por meio de câmeras e sensores magnéticos no solo, consegue ter informações como a distância e a velocidade média dos carros, identificando quando há trânsito intenso. “Os usuários de smartphone já estão gerando esses dados o tempo todo. A ideia é lançar um aplicativo colaborativo para que o poder público consiga usar. Por meio do GPS do celular, informações sobre trânsito e acidentes podem ser levadas para a central, que vai gerenciar melhor o fluxo”, planeja Angelo Leitte, presidente da Serttel. O objetivo é melhorar o trânsito em casos de chuva, acidentes, horários de pico. Por enquanto, o projeto está em desenvolvimento, junto também ao Ministério da Ciência e Tecnologia, e tem previsão de ser lançado em meados de 2014.



fev abr mai Dia 19

Dia 28

Os responsáveis pela agenda política e regulatória reúnem-se para discutir as principais metas e definições do setor de telecomunicações para os próximos anos.

O evento que se preocupa com o principal rentabilizador da sua empresa: o cliente. Palestras e workshops para aprimorar todas as questões que envolvem os serviços de relacionamento e atendimento ao consumidor.

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World Trade Center, SÃO PAULO, SP Toda a cadeia do mercado reunida para debater os M’s mais atuais da mobilidade. Tudo sobre o universo de conteúdo móvel discutido por heads de grandes empresas e ainda a premiação mais esperada do ano!

Novo local dos eventos em SP! A nova casa dos eventos que acontecem na cidade de São Paulo.

Calendário de eventos

World Trade Center

Escolhido cuidadosamente para atender às necessidades dos participantes de nossos eventos, localizado próximo aos maiores centros empresariais, proporcionando mais conforto e qualidade para uma audiência com alto padrão de exigência.


jun ago set nov Dias 4e5

Dias 5,6e7

Dias 4e5

Dias 5e6

Ponto de encontro para produtoras, distribuidoras e canais de TV aberta e por assinatura. Um evento consagrado, com foco na realização de negócios e debates de temas relevantes para um público qualificado.

Maior encontro do setor de TV por assinatura e banda larga da América Latina, é o único evento que congrega os principais operadores de TV por assinatura e banda larga, empresas de telecomunicações, produtores e programadores de conteúdo, empresas de tecnologia e provedores de internet para debater as pautas mais urgentes do setor.

O evento dos que decidem. Grandes definições do mercado e novidades previstas para os próximos anos apresentadas em debates entre Governo e dirigentes do setor de satélites.

O futuro da televisão sob a ótica dos desenvolvedores, produtores e fabricantes que estão investindo nas TVs conectadas. Aplicativos, conteúdo e projetos discutidos num evento que acompanha a evolução do mercado.

World Trade Center, SÃO PAULO, SP

Transamérica Expo Center, SÃO PAULO, SP

Royal Tulip Rio de Janeiro, RIO DE JANEIRO, RJ

Fórum Saúde Digital

Fórum

Dia 12

World Trade Center, SÃO PAULO, SP Amplo e atual, na medida que o setor de saúde brasileiro precisa. Especialistas, médicos e fornecedores apresentam tecnologias e projetos que estão movimentando a área de TI e Telecom de hospitais, clínicas e laboratórios.

Dias 9e10

Royal Tulip Brasilia, BRASÍLIA, DF O Painel Telebrasil é o principal encontro das lideranças e autoridades da área de telecomunicações no Brasil.

World Trade Center, SÃO PAULO, SP

Dias 5e6

World Trade Center, SÃO PAULO, SP Os rumos da produção e distribuição de conteúdo para novas mídias apresentados no evento que acompanha de perto a evolução deste mercado.

Dias 30e01/10 World Trade Center, SÃO PAULO, SP

Mobilidade na alma do negócio. O Forum Mobile+ é o evento que apresenta tendências e projetos de desenvolvedores pensadas para otimizar processos corporativos.

PARA PATROCINAR

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INFORMAÇÕES SOBRE EVENTOS

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Infraestrutura

Fibra para os pequenos Serviços fiber-to-the-home (FTTH) se tornam alternativa para provedores, mas retorno lento demanda paciência e diversificação da oferta. Bruno do Amaral

bruno@convergecom.com.br

G

eralmente associada à infraestrutura de serviços de ultra banda larga de grandes operadoras em regiões metropolitanas, as soluções de acesso por fibra (FTTx) têm se mostrado, curiosamente, uma boa alternativa para provedores menores em localidades mais remotas. Isso porque um grande número de empresas está pulando etapas, saindo do acesso de rádio microondas direto para as redes óticas. Na avaliação destas empresas, esse investimento compensa, mas o retorno pode não vir tão rápido. O fato é que ainda existe demanda. De acordo com dados da fornecedora Furukawa, o Brasil é o segundo país com maior número de homes-passed em fibra na América Latina (atrás do México), com 1,2 milhão de domicílios com a infraestrutura disponível, apesar de ter

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uma taxa de penetração de cerca de 16%. Assim, as oportunidades crescem para os pequenos provedores. O diretor comercial da pequena operadora de banda larga NetServ, Reinaldo Corrêa, explica que a empresa decidiu pela fibra até o usuário (FTTH) ao esbarrar nas limitações do rádio. “Hoje o cliente demanda uma velocidade maior, existe uma carência absurda no interior de São Paulo. A gente trabalha comendo as grandes operadoras pela borda”, explica. A empresa atua em cidades com grande presença industrial como Itu, Botucatu, Piracicaba, Limeira, Jundiaí e Mogi Mirim. “Em muitos lugares, chegamos com fibra. A taxa de retorno de investimento (ROI), colocando na ponta do lápis, às vezes, você acha que não vai compensar. Mas, sabe-se lá como, a coisa começa a se pagar de um jeito, a operação começa a virar e você começa a ver o retorno”, diz. Para Corrêa, um dos segredos é que a infraestrutura FTTx acaba atraindo mais clientes. A NetServ conta com


fotos: divulgação

tronco de 400 km de fibra passada e vai aumentando a rede conforme a solicitação. A possibilidade de oferecer serviços de TV paga com a Lei do Serviço de Acesso Condicionado (SeAC) também ajuda, pois é possível usar a fibra para o transporte não apenas da Internet, mas também da telefonia fixa e da TV utilizando o mesmo protocolo IP, permitindo a oferta de pacotes triple-play mais atraentes ao consumidor. Apesar de o provedor atender primordialmente pessoas jurídicas, Corrêa vislumbra a possibilidade de serviços agregados, incluindo telefonia celular por meio de licença de operadora móvel virtual (MVNO). “Se existisse MVNO, (iríamos) criar uma marquinha de celular NetServ para fazer (oferta) com televisão, celular e Internet”, diz.

Grande aposta “O investimento inicial é maior do que Para a empresa de banda larga Life, em Marília, em outras tecnologias, o ROI do projeto interior de São Paulo, a ampliação de rede está em certamente vai ser mais extenso.” pausa por conta de entraves nas negociações com as Oswaldo Zanguettin Filho, da Life programadoras para a oferta de IPTV, além de adequações para os decodificadores (a empresa utiliza middleware da Cianet e plataforma de criptografia da trabalhado com fabricantes de equipamentos de rede, Verimar). “Assim que tiver a TV implantada, estável e de software e de set-top boxes para tentar diminuir funcionando, vamos voltar ao processo esses custos de implantação no de ampliação”, explica o diretor da Minicom estima que, tempo mais curto possível.” empresa, Oswaldo Zanguettin Filho. A O ponto é que as empresas para oferecer uma prioridade para endereçar o problema precisam ter paciência: o retorno de velocidade média de é simples: “Se fizer fibra só para a investimento é maior e precisa ser 35 Mbps no Brasil banda larga, a conta não fecha”. trabalhado em médio prazo, pelo inteiro, o custo para o menos. “Se fizer uma análise em curto O executivo diz que a decisão de backbone, backhaul e prazo, realmente é complicado. Tem escolher uma solução de fibra até a redes óticas de casa do cliente é difícil. “O que ter em mente que o tempo de um investimento inicial é maior do que em acesso seria na casa projeto desses é maior”, alerta outras tecnologias, o ROI do projeto Zanguettin. “Na verdade é uma grande de R$ 120 bilhões. certamente vai ser mais extenso.” Mas aposta, é um jogo”. o custo de manutenção é menor, pois Mas há apostas que podem ser há menos necessidades de upgrades, e mesmo a mais certeiras. É o caso do mundo corporativo, onde o instalação tem se mostrado mais acessível. FTTH já é realidade há mais tempo e conta com retorno “Comparando os preços de instalação interna do financeiro maior. A operadora America Net aproveita isso assinante há três anos e hoje, a gente percebe uma com uma rede de 2,5 mil km de fibra somente na diminuição considerável”. Como é uma Grande São Paulo, atendendo empresas empresa pequena, o desenvolvimento com serviços de Internet e de data da capacitação de mão de obra center, VPN e segurança. O diretor de especializada em fibra para a Life se telecomunicações da operadora, José torna mais fácil, explica Zanguettin. Luiz Pelosini, cita as mesmas vantagens Apesar de a mão de obra ainda ser da fibra para o mercado residencial. “Se cara, o que pesa no investimento não é tem um circuito de 10 Mbps, dá para o custo da fibra em si. “O preço do cabo fazer upgrade para 1 Gbps sem ótico é mais barato do que o de um problemas. Obviamente, vai depender do metálico. O grande impacto de um projeto FTTH, na verdade, é a unidade que se instala dentro da casa do “O custo de FTTH é uma equação cliente, a OMU (unidade terminadora que ainda não foi resolvida, ótica) da rede PON, que ainda é cara”. O porque há grandes competidores diretor da Life também coloca na lista trabalhando com a tecnologia HFC.” de vilões a instalação e os próprios setJosé Luiz Pelosini, da America Net top boxes de IPTV. “A gente tem o u t u b r o 2013 | t e l e t i m e | 3 1


foto: divulgação

Infraestrutura

negociar”, diz. “Toda essa questão de direito de passagem e uso de postes é muito complexa, mas no interior esse problema não existe, você vai à prefeitura e se resolve rapidamente”. Na visão dele, compensa investir em fibra porque, para quem tem serviços em rádio, o custo de manutenção seria cerca de 60% mais alto. “O Capex é muito barato, porque não precisa de direito de passagem nem nada, instala e imediatamente pode operar, mas o Opex é muito alto”, explica o executivo, em relação às redes de rádio. Nas redes passivas óticas, por outro lado, o custo de manutenção é mais baixo. “Quem veio para ficar ou mesmo quem planeja no futuro vender a rede, vai colocar fibra. Assim, vai ter alta capacidade de atendimento ao cliente, terá operação muito menos custosa e crescerá muito mais rápido”, compara Shaikhzadeh.

Gargalos Dados da TelComp, baseados nos seus 38 associados, afirmam que há no País uma rede de 447 mil quilômetros somente pelas chamadas Foad Shaikhzadeh, da Furukawa “operadoras competitivas”, ou seja, fora dos grandes grupos de telecomunicações. “Isso corresponde praticamente ao porte de um grande grupo, e é sinal de core, se tem disponibilidade, mas tem mais facilidade que elas (as empresas menores) começam a ter um se comparado com par metálico e rádio”, diz. “Se eu porte maior”, afirmou o presidente da entidade, João começar a construir backbone e acesso por meio de par Moura, durante seminário em São Paulo. O faturamento metálico, já estou nascendo morto, porque não bruto anual é estimado em R$ 20,9 bilhões, ou 9,7% do conseguirei acompanhar o crescimento do mercado”. faturamento total do setor. Pelosini, que também faz parte da diretoria da A Furukawa, que anunciou investimentos de Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de US$ 18 milhões até 2014 somente na fabricação de fibra Telecomunicações Competitivas (TelComp), diz que, em uma nova planta de Sorocaba, no interior paulista, apesar das dificuldades em grandes centros, o retorno deverá ter uma capacidade total de 2,3 milhões de do investimento na área rural leva mais tempo. “Não é quilômetros de fibra por ano, equivalente a 40% da qualquer provedor que tem capacidade de demanda do mercado brasileiro. A companhia já fez disponibilizar R$ 5 milhões para (colocar) fibra na projetos com 412 provedores de acesso com fibra. cidade inteira, e esse é um projeto para ser pago em Com o SeAC, também se torna possível oferecer três ou quatro anos, precisa ter fôlego financeiro”. Além serviços agregados de TV e telefonia fixa pela fibra, disso, tem a competição com empresas que, por o que pode ser mais complicado por outros meios, possuírem infraestrutura legada, conseguem preços salvo o cabo coaxial. “Essa é uma tendência competitivos. “O custo de FTTH é uma equação que irreversível, eles vão prover toda uma gama de serviço ainda não foi resolvida, porque há grandes para aumentar o ticket médio do assinante, e não se competidores trabalhando com a tecnologia HFC, que consegue prover toda essa gama por meio de rádio”, é um custo bem inferior”, compara, destaca o gerente-geral de vendas da referindo-se às operadoras de cabo. Furukawa, Celso Motizuqui. Outros problemas enfrentados para a Além da possibilidade de novas compensa operação do FTTH são as discussões receitas com a convergência de serviços, políticas e regulatórias sobre o direito de investir em fibra os custos para montar uma rede FTTH se passagem e compartilhamento de postes, reduziram de 20% a 30% nos últimos porque, para que foi tema de reportagem na edição de anos. “Os cabos mudaram, as soluções de quem tem setembro de TELETIME. Entretanto, de conectividade também. Antigamente (as serviços em acordo com o presidente da Furukawa, empresas) tinham que ir com uma equipe rádio, o custo de com máquina de emenda de fibra, hoje Foad Shaikhzadeh, esses são desafios manutenção mais relevantes nas grandes cidades. “Os não tem mais essa necessidade”, destaca. seria cerca de Nos cálculos do executivo, para montar principais (provedores pequenos) estão nas 60% mais alto. uma operação para cerca de cem pequenas cidades, onde é mais fácil

“Quem veio para ficar vai colocar fibra. Assim, vai ter alta capacidade, terá operação muito menos custosa e crescerá muito mais rápido.”

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Infraestrutura assinantes, são necessários R$ 30 mil em investimentos, incluindo equipamentos e cabos passivos. “Não é um aporte tão alto. Para fazer torre para colocar rádio, o investimento é maior”. O que mais pesa, na visão de Motizuqui, são os equipamentos da ponta na fibra, que, ainda assim, têm observado redução. Segundo ele, provedores seguem a “cultura do rádio” e instalam material de procedência e qualidade desconhecidas, sem a exigida certificação da Anatel, e correm risco de problemas na operação. A parte da instalação no domicílio, segundo Motizuqui, ainda é um gargalo. “A gente sente uma carência muito grande. Em um primeiro momento temos treinamentos mensais para esses provedores na nossa fábrica, mas estamos lançando um programa de capacitação usando os canais de treinamento”, explica.

“Antigamente (as empresas) tinham que ir com uma equipe com máquina de emenda de fibra, hoje não tem mais essa necessidade.” Celso Motizuqui, da Furukawa Até a própria venda de cabos pela Furukawa é diferente para os pequenos provedores, funcionando como no varejo. “Hoje temos vendas de R$ 5 mil, R$ 10 mil, ou até menos, e em um ciclo muito curto. Então, é preciso ter uma equipe de atendimento muito dinâmica, a característica desses provedores é (pedir) material a pronta entrega e com prazos curtos”. Há ainda projetos conjuntos de empresas, feitos em associações como a Abranet e a Abrint. Assim, a fornecedora está lançando uma loja eletrônica específica para esse tipo de negócios, que ainda é uma parcela pequena, “mas significativa” do faturamento.

Linhas de crédito ajudam o FTTH

bbclips/shutterstock.com

O

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Ministério das Comunicações estima que, para oferecer uma velocidade média de 35 Mbps no Brasil inteiro, o custo para o backbone, backhaul e redes óticas de acesso seria na casa de R$ 120 bilhões. É um cálculo livre, que já chegou a ser considerado na formatação de um Programa Nacional de Banda Larga (PNBL) 2.0, que nunca saiu do papel, mas que pretendia “fibrar” o País. Ainda assim, o governo espera incentivar a adoção da fibra com o Regime Especial de Tributação da Banda Larga (REPNBL), que já recebeu projetos que somam cerca de R$ 3,25 bilhões em investimentos somente em redes de acesso ótico. Outro benefício pode ser o acesso facilitado ao crédito de até R$ 20 milhões disponibilizado pelo BNDES. O Minicom quer incluir a fibra como ativo coberto pela linha do Finame, um financiamento para produção e aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, credenciados no BNDES. De acordo com o secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Maximiliano Martinhão, o governo e o BNDES estão conversando para que o Finame considere a fibra para linhas de crédito ainda em 2013. “Não tomaram a decisão ainda, mas estão muito favoráveis. Vai favorecer para todo mundo”,

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afirmou. Além do crédito, as operadoras podem contar com a desoneração de PIS/Cofins aplicada na construção com uso de material produzido nacionalmente. A Associação Nacional para Inclusão Digital (Anid) acredita que, com linhas de crédito, a adoção do FTTH é viável inclusive para programas habitacionais. A entidade promove o Projeto Nacional de Fibra Ótica em Domicílio como parte do programa do governo Minha Casa, Minha Vida, e já realiza pilotos em João Pessoa, Aracaju e no bairro de Itaquera, Zona Leste de São Paulo. Os testes já atendem a 600 casas em cada região, ao custo de R$ 800 por residência. Segundo o presidente da entidade, Percival Henriques, é possível amortizar esse investimento em três anos com financiamentos como o Finame, que oferecem dois anos de carência e mais seis anos para pagamento. “Com aquela parcela da prestação, implanta-se rede. Quando se multiplica isso com a possibilidade de ter quatro mil provedores colocando fibra, então já seria a própria sociedade se resolvendo sem depender das teles”, diz. O programa oferece velocidades de até 5 Mbps por R$ 59, mas Henriques não considera a possibilidade de não haver demanda por conta da baixa concorrência. “As pessoas não reclamam – muito pelo contrário, pois pagam R$ 80 por uma Internet por rádio com 500 kbps”, compara. A Anid está usando os testes também para alimentar um estudo que será apresentado ao Ministério das Comunicações e ao BNDES. Para ele, não há razão pela qual bancos não possam aceitar a própria rede ótica como garantia de crédito. “Diretamente, o BNDES só dá empréstimo a partir de R$ 10 milhões, mas tem o Banco do Nordeste, o Banco do Brasil e o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador); tem outras linhas que são flexíveis e podem ter um programa específico”, detalha.


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MERCADO

Consolidação portuguesa Oi e Portugal Telecom anunciam fusão para 2014. Terão estrutura societária simples, sem controladores e pulverizada, o que é inédito no Brasil. Samuel Possebon

samuca@convergecom.com.br

E

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Marish/shutterstock.com

m menos de cinco anos, a Oi passará, novamente, por uma mudança em sua estrutura de controle. A última novidade é a recém-anunciada intenção de fusão da empresa com sua controladora, a Portugal Telecom (PT), negócio que, caso se concretize, será fechado em meados de 2014. É um movimento relevante que pode significar uma mudança inédita da postura da Oi, mas que para acontecer, depende de condições difíceis para uma empresa que há muito tempo enfrenta um déficit de credibilidade junto ao mercado. Desde que se uniu à Brasil Telecom (BrT) em 2009, a Resultado: a Oi tem hoje uma dívida de cerca de Oi tem lutado para solucionar a complexa equação em R$ 34 bilhões, o que representa 3,4 vezes a geração de que se meteu: é a maior concessionária de telefonia caixa medida pelo EBITDA da companhia e tem limitado fixa, serviço moribundo, mas do qual a operadora ainda investimentos e afastado o interesse dos investidores. A tem grande dependência; tem a maior carga de dívida é o maior problema da empresa, mesmo com um obrigações regulatórias; não está nem perto da faturamento líquido anual na casa dos R$ 28 bilhões. liderança nos mercados de telefonia móvel e banda larga; e tem o maior endividamento entre todas as teles Custo regulatório brasileiras. Pode-se dizer que o buraco foi cavado pela Outro complicador é o custo regulatório. Por ser a maior própria Oi quando, pressionada e/ou estimulada pelo concessionária, é a empresa que tem maior nível de governo e pelos acionistas, foi adiante em uma fusão obrigações e pendências com a Anatel. O governo, que em condições extremamente adversas, que depois tanto estimulou a criação da grande empresa nacional, mostrou-se ainda mais custosa com os pesados inclusive com ajuda do BNDES, nunca assumiu a Oi como passivos judiciais criados pelo grupo Opportunity em parte de uma estratégia para políticas públicas. Grandes ações contra as concessionárias de telefonia fixa e com projetos, como o satélite brasileiro, cabos submarinos ou o custo não calculado de acerto com os acionistas plano de levar fibra ao interior do País, acabaram não minoritários para a necessária simplificação da passando pela empresa. Ao contrário, a Oi passou a receber estrutura societária da empresa. mais obrigações e uma avalanche de Em 2011, a Portugal Telecom entrou multas da Anatel. A mais recente no A Oi tem hoje uma no capital da Oi, de novo com a impressionante valor de R$ 230 milhões, promessa de alívio para as contas da dívida de cerca de porque a agência entendeu que a tele empresa, já que a operação envolvia R$ 34 bilhões, o que não estava mantendo adequadamente R$ 8 bilhões em dinheiro. O dinheiro representa 3,4 vezes lojas para atendimento ao consumidor entrou, mas a dívida praticamente não o EBITDA da companhia em pequenas cidades. A boa notícia caiu, e a razão é simples: a maior parte para a Oi é que nada indica que ela e tem limitado dos recursos acabou sendo paga aos terá problemas, do ponto de vista investimentos e controladores Andrade Gutierrez e Grupo regulatório, para aprovar a fusão afastado o interesse com a Portugal Telecom. Jereissati, numa operação paralela que dos investidores. deu à PT o controle indireto da Oi. A fusão com a PT era de certa forma


“Atualmente há mais de 80 projetos em conjunto entre a Portugal Telecom e a Oi em andamento e muito será anunciado em breve.”

foto: arquivo

esperada desde que os portugueses assumiram o controle da operadora, em 2010; mas mostra que a Oi é um desafio grande demais para uma empresa como a holding portuguesa resolver sozinha. Tanto é que o controle da empresa resultante da fusão, como a operação está sendo proposta, será, pela primeira vez na história de uma operadora de telecom no Brasil, pulverizado em bolsa. Na prática, não haverá controlador. Esse talvez seja o aspecto mais positivo destacado pelos analistas de investimento que acompanham a empresa. A fusão gera uma nova companhia, chamada temporariamente de CorpCo, que será listada nas regras do Novo Mercado, sem distinção de classes de ação, sem acionistas controladores e comandada por Zeinal Bava, que apesar de seu vínculo com a PT, é respeitado pelo mercado financeiro como um gestor extremamente eficiente. Sabe-se que um dos maiores problemas da Oi até hoje era, justamente, a zona nebulosa que ficava entre os interesses da companhia e dos controladores, com inúmeras operações polêmicas que minaram a credibilidade da empresa, desde transações como a compra da Pegasus e iG, no começo dos anos 2000 (as empresas pertenciam aos acionistas da Oi), passando, em 2003, pela transação de venda da TNL-PCS para a operadora Telemar, o que aumentou do dia para a noite a dívida da operadora em R$ 4 bilhões. O histórico de atrito com os minoritários se repetiu depois, com a entrada da Portugal Telecom, onde os controladores receberam um prêmio generoso pago pelos portugueses, e agora, com a fusão, quando cerca de R$ 4,5 bilhões de dívidas dos controladores da Oi (Telemar Participações) serão pagos pela PT, que incorpora depois essas dívidas à nova

Zeinal Bava, da Oi companhia. Resultado, a CorpCo nasce com uma dívida líquida de R$ 41 bilhões, uma relação de 3,3 vezes o EBITDA, já considerando a capitalização que a empresa receberá de pelo menos R$ 7 bilhões, podendo chegar a R$ 8 bilhões. A fusão tem uma série de condições necessárias para acontecer. A primeira é um aumento de capital da Oi de cerca de R$ 14 bilhões, o que é o dobro do valor de mercado da empresa na cotação atual. Parte desse aumento de capital será coberto pelo valor da PT (cerca de R$ 6,4 bilhões), cujos acionistas receberão ações da Oi, que depois serão trocadas por ações da CorpCo. Isso dará aos atuais acionistas da Portugal Telecom cerca de 38% da nova empresa. O restante ficará com os atuais acionistas da Oi. Há ainda a expectativa de que o mercado atenda ao aumento de capital colocando os outros R$ 7 bilhões a R$ 8 bilhões. Dessa expectativa, R$ 2 bilhões estão garantidos por acionistas controladores da Oi e pela entrada do BTG Pactual na sociedade. Ainda não está certo quanto Andrade Gutierrez e Jereissati colocarão na operadora, nem quanto BNDES e fundos de pensão colocarão. O mais provável é que o BNDES acompanhe o aumento de capital, mas não os fundos de pensão. Do lado português, espera-se que os dois maiores acionistas individuais da Portugal Telecom (Banco Espírito Santo e

Raio-X da fusão Oi

Portugal Telecom *

CorpCo (Oi+PT)

Linhas fixas

12,2 milhões

1,7 milhão

13,9 milhões

Banda larga

5,3 milhões

1 milhão

6,3 milhões

TV paga

0,9 milhão

1,1 milhão

2 milhões

46,9 milhões

6,1 milhões

53 milhões

Acessos corporativos

8,7 milhões

2,6 milhões

11,3 milhões

Receita (R$)

28,1 bilhões

9,3 bilhões

37,4 bilhões

EBITDA (R$)

8,9 bilhões

3,9 bilhões

12,8 bilhões

Capex (R$)

6,5 bilhões

2,0 bilhões

8,5 bilhões

Dívida líquida (R$)

34 bilhões

14 bilhões

41,2 bilhões**

Linhas móveis

Fonte: Empresas, dados financeiros referentes a 2012 e operacionais referentes a junho de 2013. * - Excluídos resultados referentes à participação na Oi e Contax ** - Após capitalização de R$ 8 bilhões

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foto: divulgação

MERCADO

importante que isso, sabe-se que a fusão estará cancelada caso os atuais acionistas “A única garantia que empresas da Portugal Telecom fiquem com menos do pulverizadas podem ter contra que 36,6% da empresa. Da mesma forma, os sócios brasileiros podem cancelar a isso é o seu próprio valor.” operação se os acionistas da PT ficarem Henrique Granadeiro, Portugal Telecom com mais do que 39,6% da nova empresa. Essas são condições necessárias para a OnGoing), também façam aportes. concretização do negócio e que escondem Ainda assim, há um grande nível de os temores dos atuais acionistas sobre ceticismo do mercado sobre a serem controlados por um ou por outro. disponibilidade de R$ 5 bilhões para a Cerca de 60% do capital da Oi, considerado o elevado grau de companhia realmente ficarão livres para endividamento que a CorpCo teria, as ser comprado por quem quiser. Não se incertezas em relação ao modelo de sabe se haverá algum mecanismo contra governança e, sobretudo, aos ganhos uma eventual tomada hostil. Empresas de sinergia. Zeinal Bava, CEO da Oi e como a Telefónica, Vodafone (que da PT, e futuro CEO da nova empresa, diz que as atualmente tem um caixa recheado com US$ 50 bilhões sinergias estão estimadas em R$ 5,5 bilhões. “Fomos para aquisições, depois que vendeu sua fatia na Verizon muito conservadores nessa conta, justamente porque norte-americana), China Mobile, AT&T ou outra podem vir a sabemos que são duas empresas separadas por um mercado e fazer uma oferta de compra pelo controle. oceano. Mas acreditamos que com modelos de A única dica sobre isso foi dada por Henrique governança e boas práticas comuns possamos chegar a Granadeiro, atual presidente do grupo PT, em conferência esse número”, avalia. A operação envolve ainda os ativos com jornalistas. Segundo ele, não existe garantia de que da Portugal Telecom na África (Cabo Verde e São Tomé) e não possa haver uma tomada hostil. “A única garantia os ativos na Ásia (Timor Leste). E a perspectiva é que a que empresas pulverizadas podem ter contra isso é o nova companhia tenha fôlego para brigar por novos seu próprio valor”. A CorpCo aposta que conseguirá se mercados internacionais. “Identificamos grandes tornar uma operadora sólida o bastante para não ser oportunidades na África e queremos ser a grande incorporada por ninguém. operadora de língua portuguesa, com um mercado de De outro lado, a Oi/Portugal Telecom é, conjuntamente, 260 milhões de falantes do idioma”, disse Bava. mais forte do que as duas empresas individualmente, e Com base nas informações financeiras relativas a poderia também se colocar em uma posição compradora. 2012 divulgadas pela Oi e pela Portugal Telecom, a CorpCo Um dos aspectos mais relevantes destacados pelo apresentará uma receita combinada de R$ 37,5 bilhões, CEO Zeinal Bava é que, apesar de as operações de Brasil, EBITDA de R$ 12,8 bilhões, Capex de R$ 8,5 bilhões e fluxo Portugal e África serem integradas em uma única de caixa operacional de R$ 4,2 bilhões. Em termos holding, com estrutura societária singular, não haverá operacionais, seriam uma empresa, com base nos consolidação das operações. números atuais, de 13,9 milhões de linhas fixas, O que Bava quis dizer é que cada país terá uma 6,3 milhões de clientes de banda larga fixa, 2 milhões de estrutura própria responsável pelas áreas operacionais, clientes de TV por assinatura, 53 milhões de acessos como marketing e engenharia. “Não serão integradas móveis e 11,3 milhões de clientes empresariais. porque são mercados muito diferentes e o foco da A CorpCo suscitou, assim que anunciada, reações companhia é privilegiar as especificidades de cada região, nacionalistas tanto do Brasil quanto em Portugal. Por lá, mas tendo como princípio que, de maneira geral, os existe o temor de que a nova empresa seja uma consumidores buscam a convergência e oferta integrada “companhia brasileira”. No Brasil, o discurso é o de que de serviços”, detalhou. “Atualmente há mais de 80 projetos “acabou o sonho de uma tele nacional” em conjunto entre a Portugal Telecom e que existia desde a fusão entre a Oi e a a Oi em andamento e muito será O governo, que tanto anunciado em breve”. BrT. E que, convenhamos, já dava sinais de que não era viável desde a entrada Ainda não está definido como estimulou a criação da PT no controle da empresa. Olhando da grande empresa ficará a marca das operações do o pouco que ainda se sabe sobre a nacional, inclusive grupo. Segundo Bava, agora terá início governança da nova companhia, não dá com ajuda do BNDES, um trabalho de análise das duas para dizer que ela será portuguesa, nem empresas combinadas, o que pode nunca assumiu a Oi resultar numa marca única. Por brasileira. Sabe-se que os atuais como parte de uma enquanto, as marcas Oi e Portugal acionistas da Portugal Telecom (e a estratégia para própria Oi é acionista da PT) terão cerca Telecom continuam a ser usadas em políticas públicas. seus mercados de origem. de 38% da nova companhia. Mas, mais 38 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013


Dias 9 e 10, setembro 2014 ROYAL TULIP BRASILIA, BRASÍLIA, DF

AS PRINCIPAIS LIDERANÇAS E AUTORIDADES JUNTAS PARA PENSAR E

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internet

Tarefa complicada A governança da Internet entra no debate sobre o Marco Civil. Governo trata tema como prioridade e contradições tendem a se tornar mais agudas. Samuel Possebon

samuca@convergecom.com.br

N

ão é apenas no mercado de publicidade que a Internet se tornou o maior desafiante dos conglomerados de mídia tradicionais e das empresas de telecomunicações. Como toda boa disputa comercial, essa batalha teve e terá grandes consequências na arena regulatória. E o primeiro exemplo concreto é a batalha travada pela aprovação, ou não, do Marco Civil da Internet, até o fechamento desta edição ainda buscando a sua votação na Câmara dos Deputados. O que originalmente seria apenas uma legislação voltada a definir alguns princípios gerais de direitos e deveres dos usuários de Internet (legislação explicitamente defendida e estimulada por gigantes do mundo da Internet, como o Google), tornou-se uma arena de disputa de interesses dos mais variados, unindo setores antagônicos e opondo setores que tradicionalmente se aliariam. E tudo indica que essa batalha está apenas começando. A principal disputa em jogo no Marco Civil é, ainda, a

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questão da neutralidade de rede. Trata-se do Artigo 9 da proposta, um dos mais caros ao relator da matéria, deputado Alessandro Molon (PT-RJ). “A questão da neutralidade é uma nas quais eu sou intransigente”, disse ele. É também um artigo que conta com forte apoio de empresas como Google, Globo e entidades da sociedade civil que defendem a liberdade na Internet, além do próprio Comitê Gestor de Internet (CGI.br). As razões pelas quais cada um desses grupos defende a questão da neutralidade tão firmemente varia, mas o ponto comum é o receio de que as empresas de telecomunicações, provedoras naturais da conectividade necessária à Internet, passem a impor barreiras e condições ao tráfego da informação e serviços. Durante uma audiência realizada no Senado no começo de setembro para discutir o Marco Civil foi exibido um vídeo criado pelas entidades de sociedade civil defensoras da neutralidade, congregadas sob a campanha “Internet é um direito seu”. O principal argumento do vídeo é que a Internet, sem o princípio da neutralidade assegurado, poderia ter seu modelo transformado em algo semelhante ao que existe hoje na


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TV por assinatura, em que, para conteúdos diferenciados, o usuário paga valores distintos. É um receio que a Abert, por exemplo, também tem. Para o diretor de regulamentação das Organizações Globo e diretor da associação de radiodifusores, José Francisco de Araújo Lima, é natural que as teles se oponham à Internet neutra “porque querem suar o ativo”. No entanto, diz ele, “cobrar de onde vem o conteúdo seria, para nós da Abert, trágico. Nossas empresas são frontalmente afetadas pela Internet”, disse ele durante a audiência pública no Senado. Em entrevista à revista TELETIME de setembro, o presidente executivo do SindiTelebrasil, Eduardo Levy, questionou o argumento de que dar à Internet um modelo semelhante ao da TV paga seria negativo. “Quem contrata TV por assinatura prefere assim, prefere contratar um pacote mais adequado às suas necessidades do que contratar todos os canais. O ideal seria que todo mundo pudesse receber tudo, mas isso custa”, diz ele. A Abert tem outra posição: “Somos contra pacotes diferenciados. Hoje se cobra pela velocidade oferecida, não pelo conteúdo. A neutralidade tem que ficar como está. Ninguém pode circular mais rápido e melhor porque pagou mais”, disse Araújo Lima.

“A neutralidade tem que ficar como está. Ninguém pode circular mais rápido e melhor porque pagou mais.” José Francisco de Araújo Lima, da Globo e da Abert no Senado. Isso quer dizer que até o final do ano o texto deve ser aprovado. Em seguida, Dilma fez uma dura crítica ao modelo atual de governança internacional da Internet em seu discurso de abertura da Assembleia da ONU, em Nova York, e agora sinaliza que enviará às Nações Unidas uma proposta de governança semelhante à brasileira, multistakeholder, e quer trazer esse debate para o Brasil no encontro anual da ICANN, que deve acontecer no País em 2014. Por fim, certamente vai colocar a Internet como tema eleitoral no próximo ano. Mas o modelo do CGI não é consenso nem dentro do Brasil. Empresas de telecomunicações, Anatel e Ministério das Comunicações lembram (informalmente) que existe uma fronteira muito tênue entre regular redes, serviços e os serviços IP. O Comitê Gestor de Internet, até hoje, atuou sempre apenas definindo boas práticas sobre o mundo IP. Mas há dois problemas: e quando for necessária uma intervenção, seja pela quebra de neutralidade, seja por questões de segurança, quem vai atuar? A Anatel ou o CGI? E como fica a questão da regulação dos serviços over-the-top (OTT), que se assemelham a serviços regulados, mas não o são? Quem regula, e como? São perguntas complicadas e ainda não respondidas. Até aqui, a preocupação do governo parece estar apenas em assegurar que os EUA não ditem as regras da Internet, mas sem muita clareza de como isso se dará na prática.

Sem diferenciação O ponto crítico para as teles é que a redação dada pelo relator Alessandro Molon estabelece uma série de critérios para assegurar a neutralidade de redes mas, sobretudo, impede as teles de fazerem qualquer tipo de gerenciamento de redes, inclusive para a diferenciação em termos de serviços. Com isso, alegam as teles, fica praticamente impossível assegurar a existência de Conteúdos serviços que requeiram qualidade de serviço (QoS), Há ainda outros pontos polêmicos em relação ao como telemedicina, VoIP e IPTV. Mas também impede Marco Civil, como a questão dos conteúdos protegidos por que se criem pacotes diferenciados em função direitos. Um outro aspecto negociado com o governo é o dos conteúdos, que é justamente o que conceito do “notice and take down”, empresas como Google, Globo, entre previsto como exceção ao Artigo 15. outros querem evitar; e, ao que tudo Internet se tornou Trata-se de um artigo do Marco Civil que indica, conseguirão. a grande arena assegura que os provedores de Internet Em meados de setembro, a competitiva da mídia não podem ser responsabilizados pelos presidenta Dilma Rousseff, em reunião com o Comitê Gestor de e das teles no Brasil. conteúdos colocados pelos usuários, e que a retirada de conteúdos só pode ser Internet, manifestou apoio total à O momento é de feita com autorização judicial. Por defesa da neutralidade de rede. A definições pressão das empresas de comunicação, presidenta determinou ao projeto do regulatórias, que sobretudo da Globo, o relator Alessandro Marco Civil regime de tramitação de podem ser decisivas Molon havia concordado em colocar urgência no Congresso, o que para o futuro do uma exceção a conteúdos com direitos significa que ele terá até o dia 25 de desenvolvimento autorais. Nesses casos, segundo a outubro para ser votado na Câmara e dos serviços. redação apresentada, bastaria uma depois mais 45 dias para ser votado o u t u b r o 2013 | t e l e t i m e | 41


internet “A questão da neutralidade é uma nas quais eu sou intransigente.” alessandro molon, do pt-rj notificação extrajudicial para que o conteúdo fosse removido. É uma forma de evitar a pirataria de conteúdos das emissoras de TV, por exemplo, e assegurar o rápido bloqueio desses conteúdos, sem a necessidade de esperar o longo trâmite na Justiça. Mas o Comitê Gestor de Internet é contra esse dispositivo e conseguiu convencer o governo a também pedir a exclusão dessa exceção prevista pelo relator. Com isso, a tendência é de que o assunto só seja tratado na futura legislação de direitos autorais, ainda em fase de elaboração. Dados secretos Outra questão polêmica do Marco Civil diz respeito à guarda de dados. Com as recentes suspeitas de espionagem norte-americana sobre autoridades brasileiras, o governo passou a acreditar que uma proteção adicional seria exigir que provedores de serviços como Gmail, Facebook e YouTube deveriam manter os dados de cidadãos brasileiros em território nacional. Isso tem o efeito também de garantir que estas empresas estejam submetidas à legislação brasileira. Do ponto de vista das empresas de telecomunicações e das empresas de mídia brasileiras, a medida, se vingar, até poderia criar maior simetria competitiva. Mas há um problema: as teles sabem que é impraticável manter todas as informações em centros de dados baseados no Brasil. Uma solução será fazer com que juridicamente as empresas provedoras de serviços na Internet se comprometam a respeitar a legislação brasileira, mas sem forçar o armazenamento local. Mas não é apenas no front do Marco Civil que a disputa entre empresas de comunicação, empresas de Internet e teles está se dando. Há algum tempo é comum ouvir os players nacionais falarem de assimetrias regulatórias e tributárias em relação a players estrangeiros. Sobretudo as empresas de telecomunicações e as empresas de produção de conteúdo queixam-se que os serviços over-the-top muitas vezes concorrem de maneira desigual ao não serem obrigados a pagar os mesmos tributos e seguir as mesmas regras de serviços regulados. O governo passou a se mover em relação a esse problema e decidiu apertar o cerco. A primeira medida prática vista foi dada pela Ancine. A agência do audiovisual, em agosto, notificou todos os principais provedores de vídeo sob demanda em 42 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013

relação à necessidade de registro das obras e o recolhimento da Condecine. Isso equivale a dizer que empresas como Netflix, Apple e mesmo serviços de VOD, como o Now, oferecido pela Net Serviços, precisam registrar cada uma das obras oferecidas junto à Ancine e recolher a Condecine, que vai de R$ 750 em caso de obras seriadas a R$ 3 mil para filmes de longa metragem. Alguns acreditam que esse modelo pode inviabilizar o surgimento de serviços baseados em long tail, já que os tributos ultrapassam, em muito, as receitas que cada um desses títulos costuma ter. Foco no OTT Outro aspecto jurídico questionado é se essa cobrança não deveria acontecer junto ao provedor de conteúdo, e não ao distribuidor, já que muitas vezes um mesmo conteúdo está disponível em diferentes plataformas de VOD. É uma dúvida que a própria Ancine tem, segundo apurou este noticiário. Mas exigir o pagamento do distribuidor é uma forma de assegurar a cobrança. “A indústria precisa se coordenar em relação a isso. Mas da nossa parte, está claro que o pagamento é devido”, disse uma alta fonte da Ancine.

Google divulgou que pagou mais de R$ 510 milhões de impostos em 2012. É muito mais do que o faturamento inteiro da maior parte das empresas de mídia brasileiras. Existem outras iniciativas sendo tomadas pelo governo em relação à assimetria existente com serviços OTT, sobretudo de natureza tributária. Uma série de questionamentos nesse sentido foi feita por autoridades de diferentes níveis, a ponto de o Google, o maior alvo, ter se sentido forçado a divulgar quanto pagou de impostos em 2012. E não foi pouco: mais de R$ 510 milhões, o que é mais do que o faturamento inteiro da maior parte das empresas de mídia brasileiras. Ao divulgar esse número, o Google conseguiu fazer cessar as críticas de que atuava no Brasil sem pagar impostos e, ao mesmo tempo, confirmou o que já se desconfiava: que o grupo é hoje possivelmente o segundo maior faturamento publicitário no Brasil. De outro lado, o Google acabou colocando pressão sobre empresas como Netflix e Apple, que não deram a mesma transparência ao seu comportamento tributário no País. Seja no Marco Civil ou no campo tributário, contudo, está claro que a Internet se tornou a grande arena competitiva da mídia e das telecomunicações no Brasil. O momento é de definições regulatórias, que podem ser decisivas para o futuro do desenvolvimento dos serviços.


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competição

Fase de ajustes Depois do lançamento da plataforma de negociação das ofertas no atacado, Anatel precisa pacificar as queixas das empresas fornecedoras e das compradoras. Helton Posseti *

helton@convergecom.com.br

A

foto: arquivo

s primeiras ofertas de referência do Plano Geral de Metas de Competição (PGMC) já foram homologadas e o sistema de negociação das ofertas no atacado, administrado pela ABR Telecom, está em funcionamento desde o dia 12 de setembro. Mas colocar no ar o Sistema de Negociação de Oferta de Atacado (SNOA) é, ao mesmo tempo, o fim de um processo e o início de outro. Agora, começa uma fase de sintonia fina para ajustar os preços dos produtos de atacado, que ainda são objeto de insatisfação de quem cobra e de quem vende, embora a Anatel tenha desenvolvido uma fórmula para calcular o preço de homologação para esses insumos – a chamada metodologia de replicabilidade. As empresas interessadas em contratar insumos das companhias com Poder de Mercado Significativo (PMS) reclamam que os preços homologados pela Anatel ainda estão caros. Segundo Basílio Perez, presidente da Abrint, associação que representa os provedores regionais de Internet, os preços homologados são inflados. “Eles colocaram preços bem mais caros do que eles praticam. No mínimo, o dobro”, afirma. Mas como os preços homologados estão acima dos praticados no mercado, se a Anatel desenvolveu uma fórmula que, em tese, é capaz de encontrar o preço ideal que permite ao provedor competir no varejo com o dono da infraestrutura? Segundo Perez, a fórmula não contempla os diferentes serviços (e, obviamente, preços ao consumidor final) que podem ser oferecidos com determinada infraestrutura comprada no atacado. No caso do produto “interligação”, que é o link usado pelos pequenos provedores para 44 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013

ofertarem acesso à Internet, ele pode ser usado para oferecer também outros serviços. “Quando você compra o link, você pode fazer várias coisas, como serviços de hospedagem. A gente vai conversar com a Anatel para que eles revejam os preços”, detalha Perez. Outro caso em que a replicabilidade não funcionou é o do full unbundling. Segundo ele, o preço homologado ficou distorcido porque o preço ao usuário final, informado pelas concessionárias, foi de um combo com Internet e telefonia. Perez explica que, das quatro mil empresas autorizadas do Serviço de Comunicação Multimídia (SCM), apenas uma centena oferece o serviço fixo de telefonia também. O presidente da Abrint também considera que os preços homologados dos dutos são “absurdos”. “Cheguei a ver oferta que cobrava R$ 60 o metro. É um preço que inviabiliza qualquer utilização. Esse é outro caso que não tem como avaliar a replicabilidade porque você pode usar o duto para prestar vários serviços”, explica ele. O superintendente de Competição da Anatel, Carlos Baigorri, explica que, no caso dos dutos, a agência não tinha nenhuma referência dos preços praticados no mercado e, por isso, a ideia é ajustar o preço com o tempo. De seis em seis meses as empresas são obrigadas a “revalidar” as suas ofertas, mas nada impede que a Anatel solicite um ajuste antes desse prazo. A agência tem consciência de que a metodologia contém falhas e já está providenciando ajustes. “Quando a gente foi aplicar (a metodologia), vimos que ela tinha limitações. Como ela mudou consideravelmente, vamos colocar de novo em consulta pública”, afirma o superintendente. O problema, explica Baigorri, é que a fórmula atual não considera o tempo de vida

“Eles colocaram preços bem mais caros do que eles praticam. No mínimo, o dobro.” Basílio Perez, da Abrint


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do usuário na base e não considera o “O foco tem sido o consumidor tempo do contrato entre quem compra final residencial. As grandes e quem vende. Outro fator que será empresas sabem se virar, mas as considerado na nova proposta é uma médias, inclusive dentro de São mudança na cadeia produtiva da Paulo, estão sofrendo uma banda larga, que hoje considera barbaridade. A Anatel tem que botar apenas a Exploração Industrial de uma lupa nesse mercado.” Linha Dedicada (EILD) e o acesso. Na nova proposta, entra no cálculo a EILD, João Moura, da TelComp o acesso e a interligação. Mas a Anatel não entra no mérito sobre a discussão entre caro ou barato. Para Baigorri, as empresas que estão interpretando o regulamento “à sua descontentes com os preços devem conveniência”. “Apesar de existirem trabalhar para aperfeiçoar a metodologia. elementos de rede naquela região, não “Nos produtos de full unbundling, podemos dizer que existem redes bitstream, interligação e EILD a gente não competitivas. Se você cavar um buraco e entra nessa discussão de se está caro ou barato. Temos encontrar quatro cabos, seria precipitado dizer que existem um critério objetivo para definir isso”, afirma ele. quatro redes competitivas”, pondera. Um ponto de atrito entre as empresas e a Anatel é o atendimento do mercado corporativo. A TelComp, que tem Net entre seus associados a Embratel, uma das maiores A Net Serviços, considerada PMS no mercado de redes demandantes de EILD do País, reclama que o desenho de acesso em algumas regiões, busca junto à Anatel um do PGMC não contempla o mercado corporativo, que, tratamento semelhante àquele que foi dado às redes de segundo a associação, também sofre com práticas fibra: um feriado regulatório. O argumento da empresa é anticompetitivas das grandes teles. que o compartilhamento da rede de cabo (HFC) é inviável “O foco tem sido o consumidor final residencial. A tecnicamente e representaria um risco aos investimentos Anatel diz que o mercado corporativo sabe se virar sozinho que a operadora planeja realizar. e não precisa da ajuda dela. As grandes empresas sabem O argumento que a Net levou à Anatel é o de que não se virar, mas as médias, inclusive dentro de São Paulo, existe, em nenhum país do mundo, essa obrigação. Na estão sofrendo uma barbaridade. Isso, antes de mais nada, verdade, há três países que impuseram a operadoras de é um problema concorrencial e a Anatel tem que botar cabo o compartilhamento de rede: Dinamarca (onde a uma lupa nesse mercado”, enfatiza o presidente da incumbent controla a rede HFC), Hungria e Bélgica, sendo TelComp, João Moura. que nos últimos dois casos não há efeitos práticos da De acordo com o executivo, as incumbents obrigatoriedade do unbundling. homologaram os preços altos para “bloquear a A operadora sustenta ainda que a rede HFC não competição”. Segundo ele, nas áreas onde elas viram comporta o conceito de unbundling, mesmo em se ameaça na sua atuação, elas se anteciparam ao PGMC tratando da modalidade intermediária, de bitstream. Isso e venderam capacidade para as empresas competitivas porque a rede é uma só, compartilhada por todos os a bons preços, de forma a atender à demanda. Nas usuários, e a distribuição dos sinais se dá por áreas onde elas desejam se manter dominantes, a radiofrequência (RF), e não por IP. Para compartilhar uma estratégia foi homologar preços parte da rede, seria necessário separar elevados, o que, lamenta ele, acabou uma frequência específica para os sendo aceito pela Anatel. “Houve esse terceirizados e duplicar equipamentos Agora, começa uma movimento. Nas regiões em que de roteamento e banda larga, fase de sintonia fina inviabilizando economicamente a rede tinham interesse em vender rápido, para ajustar os partiram para negociação direta. e a oferta competitiva. preços dos produtos Vender infraestrutura no atacado, O superintendente da Anatel Carlos mesmo a preços mais baixos que o de atacado, que ainda Baigorri afirma que a agência está valor de referência, já é um grande analisando o pedido, mas avisa que, são objeto de negócio”, diz Moura. insatisfação de quem enquanto isso, a empresa está sujeita a Outro movimento que para a cobra e de quem vende, todas as obrigações do PGMC. Ou seja, TelComp vai prejudicar o funcionamento deve homologar as ofertas de embora a Anatel tenha ela do PGMC são os pedidos de referência e, se surgir um interessado, desenvolvido descaracterização de PMS. Segundo ela deverá compartilhar a sua rede. metodologia de João Moura, as empresas, replicabilidade. * Colaborou Samuel Possebon principalmente a Telefônica, estão o u t u b r o 2013 | t e l e t i m e | 45


regulamentação

O penúltimo suspiro Revisão dos contratos de concessão fará ajustes para tornar o STFC mais atrativo, mas a grande polêmica deve ficar de fora: os bens reversíveis. Helton Posseti MrGarry/shutterstock.com

helton@convergecom.com.br

A

Anatel iniciou os debates sobre a renovação quinquenal dos contratos de concessão, que regem hoje as obrigações das concessionárias perante o poder público na prestação do Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC). Esta é a penúltima revisão dos contratos antes do fim da concessão em 2025, quando eles não poderão mais ser prorrogados. Isso quer dizer que se aproxima o momento em que o governo deverá decidir o que fazer com o serviço telefônico fixo. Simplesmente acabar com ele (pelo menos como um serviço público), realizar uma nova licitação ou tomar para si a responsabilidade pela sua continuidade são apenas algumas hipóteses possíveis. Mas, qualquer que seja a decisão, o governo deverá A Anatel, entretanto, entende que essa questão só encarar, se já não o tiver feito antes, a questão dos bens pode ser resolvida pelo Congresso Nacional. Segundo o reversíveis. Esses bens são aqueles indispensáveis à presidente da agência, o conselheiro João Rezende, prestação do STFC e, por isso, em caso de falência da apenas o Congresso poderia pacificar a questão. “Eu acho concessionária ou fim da concessão, eles devem retornar que precisa de uma lei para melhorar o entendimento para o Estado, já que o serviço público precisa continuar sobre reversibilidade. É um debate difícil porque existem sendo prestado. Como a relação entre as concessionárias visões diferentes”, afirma. e o Estado deve perdurar até 2025, o Estado precisará Para Rezende, um caminho possível seria “abandonar pagar para as concessionárias o investimento não a visão patrimonialista”. Ou seja, os contratos de amortizado feito nesses bens. concessão poderiam conter cláusulas que garantissem Acontece que em 1996 os legisladores não poderiam ao Estado a continuidade na prestação do serviço e não imaginar que os equipamentos usados para prestar o vincular essa garantia à reversibilidade de bens. Apesar serviço telefônico também seriam utilizados para o de falar em abandonar a visão patrimonialista, na prática, serviço de dados, que é oferecido com toda a liberdade a Anatel não tem essa interpretação sobre a do sistema privado. Assim, como será reversibilidade. Talvez motivada pela possível calcular quanto o Estado tem pressão da sociedade – principalmente que pagar pela parcela não amortizada da ProTeste, que conseguiu na Justiça desses investimentos? Quanto O impasse sobre que fossem anexadas as listas dos bens determinado roteador ou fibra é usado bens reversíveis reversíveis aos contratos de concessão –, para o serviço telefônico? a agência, negou, por exemplo, o pedido tem, no mínimo, “É muito difícil discriminar qual parte da Telefônica de se desfazer da sua sede segurado o daquele bem é dedicado ao serviço em São Paulo. Além disso, barrou no ano investimento das passado a tentativa da Oi em vender público e qual parte é dedicada ao serviço empresas nas privado. A Anatel e o governo têm um alguns imóveis. São atitudes que redes de problema sério para resolver”, analisa o denotam uma abordagem telecomunicações. patrimonialista, queira a Anatel ou não. consultor do Senado Federal Igor Freitas.

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foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Insegurança jurídica Seja como for, o fato é que esse impasse tem, no mínimo, segurado o investimento das empresas nas redes de telecomunicações. Um acesso de fibra que leva ao usuário um pacote triple-play, pela interpretação da Anatel, seria reversível. Ou, usando uma célebre frase do superintendente de Controle de Obrigações da Anatel, Roberto Pinto Martins: “se passa um bit de voz, é reversível”. No jargão do setor, essa falta de clareza leva à chamada insegurança jurídica. O empresário não vai investir em uma rede que amanhã será considerada reversível. Chegando-se ao caso de a Telefônica, dona da maior rede de acesso em fibra do Brasil, não incluir aos seus clientes de FTTx um serviço de voz sobre fibra. A voz até chega ao cliente, mas pelo par trançado. Ninguém sabe como o pagamento pelo investimento não amortizado nas redes óticas, por exemplo, será feito. “É claro que há a necessidade de se discutir por conta da insegurança para os investimentos”, reconhece o superintendente de Planejamento e Regulamentação da Anatel, José Alexandre Bicalho. É dessa superintendência a tarefa de pensar os próximos contratos, que devem ser colocados em consulta até março, e informalmente já se começou a coleta de temas tão espinhosos quanto a natureza do serviço público, fim do Código de Seleção de Prestadora, bens reversíveis, backhaul como obrigação

“É muito difícil discriminar qual parte daquele bem é dedicado ao serviço público e qual parte é dedicada ao serviço privado. A Anatel e o governo têm um problema sério para resolver.” Igor Freitas, do Senado Federal

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regulamentação

João Rezende, da Anatel das concessionárias, entre outros. A Anatel, entretanto, já avisou que não vai resolver um assunto cercado de tantas polêmicas agora – apenas na revisão dos contratos de concessão. O presidente João Rezende entende que é o Congresso quem deve dar essa resposta, pelo menos no caso da reversibilidade, embora esse seja um conceito que aparece nos contratos de concessão e no edital de privatização das empresas do sistema Telebras, e não na Lei Geral de Telecomunicações (LGT). Para as empresas, seria ótimo que esse imbróglio fosse resolvido de uma vez por todas. A diretora da consultoria LCA, que presta serviços para as teles, Claudia Viegas, acredita que o governo pode resolver a questão da reversibilidade apartada de uma discussão mais ampla sobre o futuro do STFC com o fim da concessão em 2025. “A discussão da reversibilidade pode se dar de forma mais simplista mesmo, sem entrar em outras questões. Tentar discutir tudo ao mesmo tempo acho muito complicado. É mais fácil separar e não trazer para hoje o papel que a gente espera do STFC daqui a dez anos”, analisa ela. O superintendente Bicalho, contudo, descarta a hipótese de que esse tema será tratado na revisão dos contratos, embora ele certamente surja nas discussões com a sociedade. “Neste momento é importante discutir o assunto reversibilidade, mesmo sabendo que é um tema no qual a gente vai ter dificuldade legal para trazer mudanças significativas”. Serviço atraente Apesar de o novo contrato de concessão, que entrará em vigor em 1º de janeiro de 2016, não enfrentar o tema da reversibilidade nem trazer alterações profundas no modelo, a Anatel quer implementar mudanças que possam aumentar a atratividade

“É importante discutir o assunto reversibilidade, mesmo sabendo que é um tema que a gente vai ter dificuldade legal para trazer mudanças significativas.” José Alexandre Bicalho, da Anatel 48 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013

foto: arquivo

do serviço, que hoje passa por um processo acentuado de queda de minutos trafegados. A primeira providência para se editar o novo contrato será colocar em consulta pública um texto com informações sobre o STFC e perguntas acerca do futuro do serviço. Depois a agência tem até março do ano que vem para colocar o novo contrato em consulta pública. A Anatel tem algumas ideias próprias sobre como tornar o serviço telefônico mais atrativo. Em primeiro lugar, devem ser revistas as metas de instalação de Terminais de Uso Público (TUPs). O entendimento da agência é que o volume de tráfego gerado pelos TUPs não justifica a manutenção da densidade existente. Hoje, 49% dos orelhões realizam menos de duas chamadas por mês. Os aparelhos, em 2008, consumiram 800 milhões de créditos. Agora, estão na casa dos 80 milhões por ano.

Volume de tráfego gerado pelos TUPs não justifica a manutenção da densidade existente. Hoje, 49% dos orelhões realizam menos de duas chamadas por mês. Ao lado da redução da planta, contudo, a Anatel pretende tornar a ligação mais barata para estimular que eles sejam utilizados. Segundo João Rezende, a agência avalia a possibilidade de suspender a tarifa de interconexão (VU-M) das chamadas dos orelhões para os telefones móveis e também transformar todas as ligações em chamadas locais. Outra alteração deverá ser uma redução das 4,2 mil áreas locais. Muitas vezes o usuário tem de fazer uma chamada de longa distância para ligar a uma localidade distante apenas 30 km da onde ele está. A ideia é implantar o mesmo sistema usado na telefonia móvel: chamadas locais dentro da área de registro que normalmente corresponde a um Estado. O que é importante no novo contrato de concessão é que ele deve se manter equilibrado. Ou seja, se a Anatel alivia nas obrigações (como deve acontecer com a densidade dos TUPs), ela vai colocar alguma nova obrigação para que o saldo final fique inalterado. E a agência ainda considera ter a seu favor o saldo da troca dos Postos de Serviços de Telecomunicações (PSTs) por backhaul realizado em 2008, que será calculado e computado agora. foto: divulgação

“Eu acho que precisa de uma lei para melhorar o entendimento sobre reversibilidade.”


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produtos&serviços handsets

Celular com tela curva A Samsung lançou pela operadora sul-coreana SK Telecom o Galaxy Round, primeiro smartphone com tela curvada. A tela do smartphone é de 5.7 polegadas Full HD Super AMOLED. O formato promete ser mais anatômico no bolso e talvez um pouco mais confortável no manuseio. Alguns recursos foram otimizados para a forma curva, como permitir a visualização de informações como hora, nível de bateria e ligações perdidas quando a tela está desligada apenas inclinando o celular sobre a mesa. Por enquanto, os recursos divulgados com a novidade da tela giram em torno da interação com a playlist de músicas e o acesso a fotos e vídeos

com a simples movimentação do aparelho. O Galaxy Round possui processador quad-core de 2,3 GHz, Android 4.3, câmera de 13 MP, bateria de 2800 mAh, peso de 154 g e 7,9 mm de espessura. Inicialmente, o smartphone estará disponível na cor “marrom luxo” e vai custar um pouco mais de 1 milhão de wons, o equivalente a cerca de R$ 2 mil.

infraestrutura

Novas small-cells

dual simcard

Chip multiformato A Oi lançou um chip com duplo corte que possui o formato de um SIMcard tradicional, por meio do adaptador, e de um micro-SIMcard, compatível com aparelhos como Galaxy S4 e Nokia Lumia. O chip com duplo corte será implementado em toda a rede da operadora a partir do ano que vem, conforme os estoques atuais forem acabando. A Oi prevê uma redução de cerca de 15% nas despesas com compra e distribuição de chips. O adaptador não funciona nos iPhones 5, 5S e 5C, pois os modelos usam um padrão de chip ainda menor, o nano-SIMcard. 5 0 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013

A Ericsson lançou uma solução de small cells chamada Radio Dot System para fornecer cobertura de rede em ambientes internos para multidões. O produto, que deve estar disponível comercialmente no final de 2014, tem formato de disco, peso de 300 gramas, incorpora 14 patentes e entrega acesso à banda larga e serviços de voz por meio de uma pequena antena. Os pontos são conectados via cabos padrões LAN de Internet a unidades de rádio que se conectam a estações radiobase.

convergência

Ramal móvel A Algar Telecom começou a oferecer o serviço de ramal móvel aos seus clientes corporativos com o Voz Total Mobile, que permite a utilização do ramal fixo do serviço de voz em dispositivos móveis por meio de acesso à Internet. O serviço disponibiliza o número da linha fixa via softphone instalado em computadores ou smartphones, e os dados são salvos na nuvem. A empresa divulgou que já instalou cerca de 400 ramais com mobilidade em pequenas, médias e grandes empresas.


conteúdos

Super HD para todos A partir de setembro, a Netflix passou a oferecer para todas as operadoras o recurso Super HD, com bitrate de vídeo mais alto e menor perda de qualidade. Antes, o recurso era exclusivo para as empresas cadastradas na plataforma Open Connect, sistema de redes de entrega de conteúdos (CDNs) instaladas em pontos de troca de tráfego – dois deles no Brasil, em São Paulo. O Super HD está liberado para todos os usuários, basta que tenham a velocidade necessária. Mas depende também de compatibilidade. Entre os aparelhos suportados estão a Apple TV mais recente (de 2012 em diante), PlayStation 3, Nintendo Wii U e o aplicativo do Netflix para Windows 8.

serviços móveis

espectro

Backhaul satelital

Compartilhamento em TD-LTE

A Huawei e a O3b Networks estabeleceram parceria global para disponibilizar a primeira rede 3G de voz, dados e vídeo por satélite. A constelação de órbita média (MEO, na sigla em inglês) da O3b foi testada em Xangai, na China. A fornecedora chinesa aposta na tecnologia para o desenvolvimento de banda larga rural baseada em satélite para operadoras, governos e companhias em áreas remotas. Segundo a fabricante, a ideia é tentar oferecer um substituto alternativo para a fibra. As duas companhias pretendem estender a parceria para usar a constelação MEO da O3b como backhaul de sistemas 2G, 3G e 4G para o provedor de serviços Maju Nusa, da Malásia.

A Nokia Solutions and Networks (NSN) começou uma fase de testes de campo de espectro TD-LTE com o conceito de acesso compartilhado autorizado (ASA, na sigla em inglês), nova forma de licenciamento de frequências que a empresa considera que “pavimenta o caminho para futuras redes 5G”. Com o ASA, as operadoras podem compartilhar bandas de frequência com incumbents que as deixam ociosas, como agências do governo ou redes de radiodifusão, garantindo que esse espectro adicional seja usado sem prejuízo. O trial foi realizado em três cidades finlandesas: Ylivieska, Oulu e Tampere.

4g

Roteadores LTE A ZTE lançou no Japão dois novos roteadores 4G com capacidade de 110 Mbps, para usar a rede móvel e retransmiti-la como conexão doméstica via Wi-Fi. Os aparelhos são o Pocket WiFi SoftBank 203Z e o Pocket WiFi (GL09P), que estão sendo vendidos pelas operadoras japonesas SoftBank e eAccess, respectivamente. Os dispositivos contam com o chipset Gobi, da Qualcomm, com a tecnologia LTE com agregação de portadora. Dessa forma, os aparelhos suportam redes AXGP (tecnologia da SoftBank compatível com TDD-LTE), FDD-LTE e WCDMA; redistribuindo a rede para até 14 usuários simultâneos. Os roteadores contam com bateria de 5.000 mAh, o que a ZTE garante que permite 900 horas em standby e 14 horas de uso contínuo.

o u t u b r o 2013 | t e l e t i m e | 5 1


Dados de mercado

m-Banking

Rashevskyi Viacheslav/shutterstock.com

Em 2012, o atendimento disponibilizado pelas instituições financeiras por meio de dispositivos móveis cresceu 334,7%. Ainda assim, a quantidade de transações realizadas por meio desse canal representa 2,3% do total transacionado no ano passado. Internet respondeu por 37,4% das operações, alta de 8,6% em relação a 2011.

mundo2012

Fonte: Banco Central.

A UIT divulgou no início de outubro o seu Índice de Desenvolvimento das Tecnologias de Informação e Comunição – TICs (IDI).

40% 2,7 bilhões do mundo

de pessoas conectadas

6,8

bilhões de assinaturas móveis-celulares

50%

da população têm acesso

à tecnologia

5 2 | t e l e t i m e | o u t u b r o 2013

750

3G

milhões

de domicílios conectados

2

bilhões de assinantes de banda larga móvel


Banda larga móvel

Dados vão representar 74% das assinaturas no Brasil em 2017

US$ 60

90 80

(Em %)

70 60 50 40 30 20 10 0

América Latina

Argentina

México

Brasil

2012 - VOZ

2012 - dados

2017 - VOZ

2017 - dados

125,2 conexões para cada 100 habitantes

37,3

Eram assinaturas de banda larga móvel /100 habitantes

Chile

Fonte: Informa Telecoms & Media / 4G Americas

62ª

Brasil ocupa a posição entre 157 nações no ranking do IDI, mesma posição de 2011. Índice brasileiro passou de 4,59 para 5, o que deixou o País entre os dez mercados mais dinâmicos no ranking da UIT, mas não foi o suficiente para fazer o País melhorar posição.

Penetração de telefonia móvel no País em 2012 era de

Colômbia

É o percentual da renda do brasileiro comprometido com os serviços de telecom

Kristina Birukova/shutterstock.com

Cesta brasileira de telefonia móvel (que inclui 30 chamadas on-net e off-net, + 100 SMS), sem a relativização pela renda, foi registrada como a mais cara do mundo, com o preço de

100

4%

brasil

Atualmente, os serviços de banda larga móvel no Brasil representam 22% das assinaturas das operadoras nacionais, segundo a 4G Americas. A associação divulgou um estudo da Informa Telecoms & Media que prevê que essa porcentagem será de 74% em 2017, enquanto os serviços de voz vão passar de 78% da base em 2013 para 26% nos próximos quatro anos. A previsão também vale para toda a região da América Latina: os serviços de dados comporão 70% das assinaturas móveis das operadoras até 2017. O Chile será o país com mais assinaturas de planos de dados, com 88% do seu total. A Argentina deve ter uma média de 70% de dados e o maior valor de serviços de voz na região, 30%. O gráfico mostra a previsão de participação de dados e voz nas assinaturas das operadoras na América Latina.

Comparativamente, o mercado com menor comprometimento é Macau (China), onde os serviços de telecom consomem apenas da renda dos cidadãos.

0,2% o u t u b r o 2013 | t e l e t i m e | 5 3


ponto&contraponto

Uma grande ciranda! Trata-se do mercado de varejo, alta tecnologia e alta velocidade de inovação. Para isto, é preciso ter custos baixos de produção e uma equipe sintonizada com o ma grande movimentação nas maiores empresas mercado e as demandas por inovação. Isto é o que vem ocorrendo nos últimos meses para ajuste de tentam fazer os líderes atuais Apple e Samsung. São estratégias e de expectativas de resultados para empresas ligadas no varejo de alta tecnologia com os acionistas. Vamos tratar das empresas vantagens de custo e de distribuição. fabricantes de terminais celulares e smartphones, que é Lembrando um pouco de história, todos os fornecedores onde vimos as maiores movimentações. de rede chegaram, em algum momento, a ter sua produção O mercado de aparelhos celulares é o maior de aparelhos celulares, e todos por razão de custos e associado à indústria de telecomunicações. Trata-se de inovação acabaram se desfazendo da linha. Isto se aplica à uma base de mais de três bilhões de usuários e a Alcatel, Siemens e Ericsson, que gerou a joint-venture com a tendência nos próximos anos é de que a grande maioria Sony, e a Nokia, que segregou seu negócio de redes em seja de smartphones incorporando múltiplas parceria com a Siemens e agora reassumiu o business. Isso funcionalidades e acessos a aplicativos, levando muito nos leva a uma conclusão de que não dá para fazer tudo. rapidamente à universalização do acesso à Internet. Com a velocidade de evolução das tecnologias e a queda É um mercado de varejo, e que a cada quatro ou cinco das margens, não dá mais para remunerar os anos apresenta uma substituição total da base por quebra investimentos necessários para manter uma linha de ou evolução tecnológica, além do crescimento natural da produtos completa, quanto mais uma mescla de base, que pouco a pouco será de 100% da população tecnologias e mercados. mundial. Outro fator é a utilização de mais de um celular A lição a ser aprendida é que a fonte de sucesso é uma por pessoa por questões de planos tarifários, promoções clareza de visão estratégica e perseverança em perseguir ou regulamentos das empresas. este objetivo. Não se pode, em grandes movimentações Isto significa um mercado anual de cerca de um empresariais, cair em distrações, e as grandes fusões bilhão de aparelhos, movimentando uma podem ser muito perturbadoras pelo todos os cadeia produtiva e tecnológica em busca choque de culturas e a falta de uma de redução de custos por um lado e, do fornecedores de rede liderança clara que prevaleça. É o caso outro, novidades para impulsionar a troca. da Alcatel-Lucent e da NSN, que chegaram a Tivemos um líder incontestável durante ter sua produção de perderam tempo precioso na muitos anos: a Nokia. A empresa, contudo, celulares, e todos harmonização de culturas e não acertou o passo na hora de evoluir estratégias de produto enquanto o por razão de custos e mercado seguia em ritmo frenético. para a nova tecnologia de smartphones e inovação acabaram se agora foi adquirida e incorporada à Ajustes de custos e estruturas desfazendo da linha. sempre estarão em curso, como Microsoft. A Nokia se desvalorizou durante dois anos em busca de uma saída redução de estruturas criadas ao longo utilizando o sistema operacional Windows Phone da do tempo pelo mundo afora, e em grupos com mais de própria Microsoft e se tornou um alvo passível de aquisição. cem mil funcionários. Nesses casos, 5% ou 10% de redução Outros nomes importantes tiveram um ciclo parecido: são verdadeiramente ajustes, desde que a visão estratégica foi o (o)caso da Motorola, modelo de referência em alguns e o rumo de negócios estejam sólidos. momentos da indústria, mas que não conseguiu se Com todos estes ensinamentos e aprendizados manter na frente, terminando fatiada em diferentes extraídos dos erros dos outros, surpreende que empresas tecnologias e, por fim, adquirida em sua área de aparelhos como a Huawei e a ZTE estejam focando sua estratégia para celulares pelo Google. os próximos anos em smartphones. Igualmente a Samsung, A BlackBerry foi outra que conseguiu um modelo de líder em terminais no momento, está fazendo uma negócios diferente e dominou o mercado corporativo incursão, até agora com pouco ou nenhum sucesso, fora da durante alguns anos, até o aparecimento dos Coreia, para ser fornecedor de redes. Qual novidade nos smartphones com múltiplas aplicações. trarão estes grupos agora?

Cláudio Dascal

dascal@uol.com.br

U

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