Revista Teletime - 164 - Abril de 2013

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Ano 16

164

abr2013

www.teletime.com.br

piratas do sms

Teles e integradores homologados se esforçam para identificar e denunciar exploração indevida de rotas internacionais e chipeiras para envio de mensagens corporativas ENTREVISTA Paul A. Laudicina, da A.T. Kearney, propõe novo ciclo de ajustes entre os setores público e privado

Finanças Mercado questiona fôlego da Oi de manter política agressiva de dividendos e endividamento em nível aceitável




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Samuel Possebon

samuca@con­ver­ge­com.com.br

Chegou a 4G. E aí?

O

mês de abril marca o início das operações de 4G no Brasil. Ainda que, comercialmente, algumas cidades já estejam operando por iniciativa da Claro desde o ano passado, é no final deste mês que as redes das quatro operadoras precisam estar ativas, pelo menos nas cidades-sede da Copa das Confederações. Há, nesse fato, um recorde: foi a implementação mais rápida de uma tecnologia se contado o tempo a partir do momento do licenciamento do espectro. Mas a chegada da quarta geração ao Brasil contrasta com o momento das operadoras. Se dependesse do clima geral no mercado, a maior parte das empresas esperaria mais um pouco para começar o novo serviço. Os custos de implantação dessa nova tecnologia são, nas palavras reservadas de um dirigente de empresa, uma despesa fora de hora. Não é de hoje que as operadoras de celular se mostram insatisfeitas com o fato de terem que colocar a rede de 4G no ar apressadamente, por conta de uma imposição do edital. Aliás, fora a Claro, todas as demais operadoras trabalhavam para evitar o leilão das faixas de 2,5 GHz, realizado no início de 2012, e assim ganhar mais tempo no processo de renovação tecnológica (e na necessidade de investimentos). Mas como a Claro insistiu com o governo para que o leilão fosse realizado, tiveram que correr atrás para não ficarem fora. O mesmo jogo começa a se desenhar agora em relação às faixas de 700 MHz. No princípio, o que as operadoras queriam era uma sinalização firme de que esse espectro seria liberado para a banda larga móvel. Quando o governo finalmente agiu nesse sentido, passamos a ver manifestações públicas de dirigentes de algumas operadoras, no Brasil e no exterior, questionando se 2014 de fato seria o momento adequado para o leilão, se não seria o caso de esperar a transição da TV analógica para a digital como estava programado. A preocupação é que o novo leilão force mais um grande desencaixe para pagamento de licenças, depois mais investimentos para o cumprimento das metas. Já há quem diga que o ideal seria 4 Teletime abr_2013

aguardar a TV aberta concluir seu ciclo previsto de desligamento em 2016 para só então abrir espaço para as operadoras de banda larga móvel. Assim, não haveria o risco de as telecomunicações terem que arcar com o custo dessa antecipação. Por trás desses movimentos está uma conta simples: o dinheiro para investimento das empresas é limitado. Com o cenário econômico brasileiro menos favorável e, sobretudo, com o péssimo cenário econômicos que os grandes acionistas de telecomunicações enfrentam no exterior, as empresas querem investir o mínimo necessário. Quando se iniciou o debate de 4G no Brasil, em meados de 2010, muita gente defendia que o ideal seria aguardar uma evolução a mais da tecnologia 3G, com calma. Mas o governo entendeu que deveria usar o edital para esquentar a indústria, e motivado pelo apetite da Claro, antecipou a licitação. O lado positivo é que o Brasil está entre os primeiros países a terem a tecnologia. O negativo é que as empresas, que poderiam estar focadas em melhorar e expandir o 3G, precisam agora trabalhar em múltiplas frentes. A volúpia pela inovação tecnológica faz parte do imaginário criado pelos meios de comunicação, de modismos sociais e da estratégia de marketing de operadoras e fornecedores. Mas ela não pode atrapalhar. No caso do Brasil, para além de passar uma mensagem de atualidade, a quarta geração terá, pelo menos por enquanto, pouco efeito prático. Poucos países ainda operam na mesma faixa do Brasil (2,5 GHz), alguns aparelhos populares como o iPhone sequer têm previsão de operar na faixa brasileira e a cobertura ainda será limitada. Mas a tecnologia tende a surpreender. Torcemos para que a quarta geração traga algo novo ao jogo da banda larga, que seja efetivamente uma forma de oferecer conectividade móvel com a qualidade que o 3G ficou devendo e sem custos proibitivos. A Claro, primeira operadora a lançar o produto, foi feliz ao não cobrar a mais por ele, e sim colocá-lo para clientes que de fato demandam maiores capacidades. Resta saber como será a estratégia das demais operadoras.

FOTO: arquivo

.:Editorial


164 Número

w w w . t e l e t i m e . c o m . b r

Ano 16 | Abr13

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Capa

6 SMS Pirata

Mensagens corporativas por canais não-certificados podem chegar a 150 mil por mês. Operadoras e integradores homologados se esforçam para identificar e denunciar rotas internacionais e chipeiras.

Entrevista

10 Novo ciclo

O sócio e chairman emeritus da A.T. Kearney, Paul A. Laudicina, propõe novo ciclo de ajustes entre setores público e privado e diz que empresariado precisa parar de reclamar e buscar o diálogo franco com governos.

10

14

Infraestrutura

14 A partilha

Teles se unem em esforço de investimentos que podem chegar a R$ 25 milhões para a instalação da infraestrutura móvel indoor nos estádios da Copa das Confederações e da Copa do Mundo e agora correm contra o tempo.

Finanças

18 Sinais de atenção

Oi vem pagando dividendos superiores ao seu lucro líquido e agora o mercado questiona seu fôlego para dar continuidade a tamanha política agressiva de remuneração aos acionistas e manter endividamento em níveis aceitáveis.

Mercado

18

22

22 Carros conectados

Programas públicos de rastreamento no Brasil e de chamadas de emergência na Europa aceleram a indústria de veículos conectados e abrem caminho para serviços de comunicação embarcada e telemetria.

Competição

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Alerta OTT Operadoras acreditam que serviços over-the-top drenarão receitas dos serviços tradicionais, mas é possível contornar o problema. Em entrevista, presidente do Viber, Talmon Marco, fala de seu serviço de mensagens e propõe parcerias.

Editorial 4 | Ponto de vista 29 | Ponto de vista 30 Capa: Sergey Nivens/shutterstock.com

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Fernando Paiva

fernando.paiva@convergecom.com.br

Pirataria de SMS

O

mercado brasileiro de mensagens de texto (SMS) corporativas está em pé de guerra. De um lado, integradores homologados pelas teles denunciam a prática do que chamam de “SMS pirata”: a exploração indevida de rotas internacionais e de chipeiras para envio de mensagens de texto a preços abaixo da média do mercado, um serviço sem garantia de qualidade e que serve como uma porta aberta para spams e fraudes. Do outro lado, empresas de SMS de menor projeção defendendo seu modelo de negócios e afirmando que não estariam cometendo qualquer infração. No meio, as operadoras móveis, por cujas redes trafegam bilhões de SMS a cada mês e cujos sistemas têm dificuldade em combater as fraudes. O clima esquentou no começo deste ano com o envio para as teles de um dossiê elaborado pela TWW, uma das integradoras homologadas, no qual são listadas 14 empresas suspeitas de exploração de SMS através de canais irregulares. A Zenvia, outra integradora homologada, afirma ter uma lista com 80 empresas suspeitas. Essas e outras companhias conectadas às teles, dentre as quais Spring Wireless, Movile e Takenet, se juntaram em torno do MEF-LatAm e iniciaram uma cruzada contra o SMS pirata, em um esforço de identificação e denúncia de irregularidades. Faltam números confiáveis para dimensionar com precisão o problema, mas as variadas projeções indicam que se trata de uma briga de grande porte. Estima-se que o volume de SMS corporativo trafegado no Brasil por canais não-certificados seria quase tão grande quanto aquele enviado por meios homologados, algo da ordem de 150 milhões de mensagens por mês. A maioria das empresas acusadas de pirataria de SMS vende seus serviços pela Internet por meio de websites atraentes, com imagens que transmitem uma ideia de seriedade e qualidade. Algumas provêm de outros mercados, como o de

Sergey Nivens/shutterstock.com

Operadoras e integradores homologados intensificam esforço para identificar e denunciar a exploração indevida de rotas internacionais e chipeiras.

VoIP, possuindo as autorizações exigidas pela Anatel, como a licença de Serviço de Comunicação Multimídia (SCM). Para estas, o SMS corporativo é apenas um serviço a mais em seu portfólio. O que atrai os clientes é, geralmente, o preço baixo. No SMS corporativo homologado, cada mensagem custa cerca de R$ 0,15 quando contratados volumes pequenos (leia-se poucos milhares), podendo chegar a R$ 0,08, quando acima de um milhão de mensagens ou, no mínimo, R$ 0,05, quando superior a cinco milhões de SMS. Alguns canais não homologados, por sua vez, conseguem preços abaixo de R$ 0,05, mesmo nas compras de volumes pequenos. “Muitas vezes o cliente não sabe que está contratando SMS pirata. Ele vê apenas o preço. É como comprar uma carga roubada”, compara Cássio Machado, CEO da Zenvia. A diferença de preço fica ainda mais gritante quando a finalidade do SMS é para uma campanha de marketing. Isso porque as operadoras brasileiras cobram um preço mais caro para esse tipo de 6 Teletime abr_2013

mensagem. Como não precisam pedir autorização para as teles, os piratas praticam em mensagens de marketing os mesmos preços baixos cobrados pelo SMS corporativo. “Alguns clientes contratam SMS corporativo com integradores legais e SMS marketing com os piratas. Quando veem a diferença de preço, acabam trocando para o pirata o seu tráfego de SMS corporativo também”, reclama Michele Bader, COO da TWW. Na opinião do executivo, o problema diminuiria se as teles igualassem suas tabelas de preço, barateando o SMS de marketing. Michele estima que se isso acontecesse o volume mensal de mensagens da TWW dobraria, passando de 15 milhões para 30 milhões. Há uma razão para as teles praticarem preços mais altos para mensagens de marketing: o medo de que o SMS se torne um canal para o envio de spams, o que destruiria o seu valor, tal como aconteceu com o email. Porém, o preço alto acaba estimulando a procura pelas empresas não homologadas. Muitas oferecem abertamente em suas páginas o


Rotas internacionais Um dos caminhos usados pelas empresas não homologadas no Brasil é a compra de tráfego SMS no exterior. Há diversas empresas estrangeiras revendendo mensagens de texto no atacado, usando rotas internacionais. Elas se aproveitam de acordos de interconexão gratuita ou a preços muito baixos das teles para tráfego P2P (peer-to-peer), ou seja, entre usuários finais. Algumas têm o próprio SMSC (SMS Center) instalado na infraestrutura de operadoras de pequeno porte no exterior, algo impossível de ser feito no Brasil, onde a conexão dos integradores às operadoras acontece em uma camada externa ao SMSC. Possuindo um SMSC, o pirata passa a ter acesso a todas as teles GSM do mundo, por meio de um emaranhado de contratos de interconexão. As mensagens fa­­ zem caminhos tortuosos para chegar ao seu destino, guiadas por algoritmos que indicam a rota mais barata. Se algum caminho é bloqueado, o sistema recalcula a rota automaticamente e reajusta o preço, se necessário. “As rotas internacionais são infinitas. Corta-se uma, aparece outra”, comenta Bader, da TWW. É prática comum entre os piratas internacionais a falsificação do remetente, conhecida como “faking”, para enganar os sistemas das operadoras por onde as mensagens passam. Outra artimanha atende pelo nome de “spoofing” e consiste na variação sistemá-

tica do remetente, para dificultar a identificação da fraude. Estima-se que haja entre 40 e 60 SMSCs piratas espalhados mundo afora. Para combater o SMS pirata em rotas internacionais, as teles investem em filtros que alertam quando acontece uma movimentação atípica. O indício de que algo está errado pode ser um grande volume de mensagens proveniente de um país pequeno em um curto espaço de tempo, ou muitas mensagens repetidas ou de um mesmo remetente. Para burlar esse controle, os piratas procuram distribuir os envios entre várias rotas e ao longo do tempo. Outra técnica é usar rotas de grande tráfego, como a Brasil-EUA, o que dificulta a identificação, informa o diretor geral do MEF-LatAm, Rafael Pellon. O SMS pirata através de rotas internacionais não oferece nenhuma garantia de entrega das mensagens. Há quem estime que apenas de 30% a 40% delas efetivamente alcancem o seu destino. Algumas fontes afirmam ter testado prestadoras piratas e constatado que elas mentem em seus relatórios, dizendo que certas mensagens foram entregues e na verdade não o foram. No Brasil, a operadora apontada como a mais adiantada no combate a rotas internacionais é a Claro, que tem há bastante tempo um sistema eficiente de filtragem.

como um PABX por uma empresa para tráfego de mensagens entre seus funcionários. O problema é o uso da chipeira para venda do serviço de SMS corporativo aproveitando SIMcards de pessoas físicas e promoções de mensagens ilimitadas P2P criadas pelas teles. A prática ganhou força no Brasil depois que algumas operadoras lançaram promoções de SMS ilimitado intrarrede. Os piratas compram chips pré-pagos das quatro grandes operadoras e botam todos na mesma chipeira: com ajuda de um software, disparam as mensagens. A prática fere o termo de serviço do contrato de pessoa física proposto pela operadora. Se esta perceber, pode bloquear o chip. Mas aí basta o pirata trocar por outro SIMcard. Dependendo do volume de SMS enviado em um curto espaço de tempo, uma chipeira pode causar congestionamento da rede em determinada antena. Na Europa, as chipeiras ganharam o apelido de “SIMfarm”, ou “fazendas de chips”. Depois que as teles começaram a combater o problema por lá, os piratas inventaram a “SIMvan”: furgão que roda a cidade com chipeiras dentro, funcionando a pleno vapor. Em movimento, o tráfego passa a ser distribuído entre várias antenas, dificultando a localização dos piratas. “É um jogo de gato e rato. As operadoras bloqueiam e os piratas dão um jeito de contornar”, lamenta Machado, da Zenvia.

estima-se que o volume de sms pirata pode chegar à ordem de 150 milhões de mensagens por mês.

Chipeiras Outro método adotado pelos piratas consiste na adoção de chipeiras, equipamentos em que são instalados vários SIMcards para disparo simultâneo de mensagens. É fácil comprar uma chipeira pela Internet. O dossiê elaborado pela TWW apresenta como exemplo um anúncio no MercadoLivre de uma chipeira com entrada para oito SIMcards, capaz de enviar dez mil mensagens de texto por hora, oferecida por R$ 2.950. O equipamento em si não é ilegal. Ele pode ser usado

“É um jogo de gato e rato. As operadoras bloqueiam e os piratas dão um jeito de contornar.“ Cássio Machado, da Zenvia abr_2013 Teletime 7

Sem short code Uma forma de identificar o uso de chipeira é se a mensagem for proveniente de um número telefônico completo, com DDD e oito dígitos (ou nove, no caso de São Paulo). Quando prestado por empresas homologadas, é utilizado o chamado “short code”, um número com apenas cinco dígitos, sem DDD. As chipeiras vêm sendo usadas no Brasil para envio de spam publicitário e para tentativas de estelionato. São comuns mensagens sobre supostos sorteios de carros e casas nas quais se pede para o consumidor ligar de volta para um número celular. Se ligar, a pessoa é instruída a fazer um depósito de baixo valor, apenas para trâmites burocráticos para liberação do prêmio. O foto: divulgação

uso de SMS para marketing, inclusive para campanhas políticas. A prática é autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cabe lembrar. Contudo, seria de bom tom, tanto para mensagens políticas quanto para aquelas de marketing de produtos, que o receptor tenha concordado com o recebimento do SMS. TELETIME entrou em contato através de atendimento online no site de uma prestadora de marketing por SMS e constatou que não há qualquer preocupação com a autorização dos consumidores. Informada de que queríamos enviar SMS de marketing para nossos clientes mesmo sem ter o opt-in expresso deles, a atendente disse que não haveria qualquer problema. Há informações de que as operadoras já estariam discutindo a possibilidade de reduzir o preço do SMS para fins de marketing, com o objetivo de combater o problema do SMS pirata.


problema é que não existe prêmio nenhum. No fim das contas, os golpes acabam afetando a credibilidade do serviço e atrapalhando as empresas que atuam legalmente com promoções e sorteios de verdade via mensagem de texto, queixa-se Paulo Curio, diretor da Movile.

foto: divulgação

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Operadoras As operadoras, além de não gerarem receita com o SMS pirata, ainda sofrem di­­ versos efeitos colaterais, que vão desde o congestionamento de suas redes até o aumento das reclamações em seus call centers. Eventualmente, podem até perder o assinante. Pelo que apurou TELETIME, as quatro grandes operadoras nacionais estão cientes do problema e vêm estudando soluções. Claro, TIM e Oi responderam sobre o tema com comunicados por escrito. A Claro diz que “um caminho utilizado por fraudadores para o envio de SMS sem custo são as rotas de sinalização, utilizadas para o tráfego de roaming internacional. Para evitar este tipo de fraude, a operadora bloqueia o recebimento de SMS internacional por este sistema e utiliza rotas monitoradas (...) Além disso, as mensagens com origem em operadoras internacionais destinadas para números da Claro são submetidas a um filtro que classifica o tráfego como perfil de spam.” A TIM, por sua vez, esclarece que possui um serviço próprio de SMS corporativo chamado InfoTIM, que requer uma conexão privada virtual (VPN). Para clientes de menor porte, ela recomenda a contratação de brokers homologados, cuja atuação “é feita de forma totalmente legalizada e monitorada, para que não haja irregularidades no envio das mensagens corporativas”. Sobre o SMS pirata, a tele diz que “está atenta a possíveis fraudes nesse serviço, em linha com suas premissas de qualidade e transparência no relacionamento com o cliente” e que “busca, junto a entidades como o MEF e a ABR Telecom, coibir o uso do SMS pirata, divulgando as suas consequências que traz prejuízos para todos os envolvidos legalmente no processo e denunciando casos identificados. Adicionalmente, a companhia atualiza e implanta constantemente, em sua rede, novos equipamentos

“As rotas internacionais são infinitas. Corta-se uma, aparece outra.“ Michele Bader, da TWW

capazes de identificar os SMS de origem desconhecida ou duvidosa, para tentar minimizar seus impactos.” A Oi, por fim, enviou resposta que concerne à questão das chipeiras: “A Oi explicita nos regulamentos de suas ofertas para o varejo que não permite o uso do serviço de SMS com finalidades comerciais, considerado indevido pela companhia, e dispõe de mecanismos de controle sistêmico para minimizar o não cumprimento dos regulamentos e para inibir a utilização indevida de suas ofertas de SMS para o varejo.” Campanha Proporcionalmente, quem mais perde receita com o SMS pirata são as integradoras homologadas. Um grupo formado por cinco delas (Movile, Spring Wireless, Takenet, TWW e Zenvia) decidiu se unir em torno do MEF-LatAm para enfrentar o problema conjuntamente. Elas trabalham agora no processo de identificação das empresas piratas e na coleta de provas para que sejam denunciadas junto aos órgãos competentes. Há indícios de irregularidades relacionadas à legislação tributária, de telecomunicações e de direito do consumidor, além de uso indevido da logomarca das operadoras em sites da Internet. A expectativa é ter uma lista de piratas identificados até o fim do ano. O trabalho é coordenado pelo MEF. Outra frente consiste na conscientização do mercado. Para tanto, foi criado um site sobre o tema, no endereço www.smspirata.com.br, e uma carta seria enviada ainda em abril para diversos agentes do mercado e órgãos públicos. Prepara-se também uma lista branca com os nomes das integradoras homologadas que possuem conexão direta com as teles, a ser divulgada no referido site. Os participantes dessa força-tarefa reconhecem que a maior dificuldade re­­ side em convencer as empresas priva-

das, pois nem sempre seus processos de compra são abertos. Por outro lado, na esfera pública, o grupo está pronto para atacar. A ideia é analisar os editais de li­­ ci­­ tação e pedir sua impugnação com ba­­ se no interesse público, quando não hou­­ ver restrições aos pi­­ ratas. O argumento é que uma empresa dita pirata não teria como garantir a execução do serviço. Serve de exemplo um recente caso da Defesa Civil do Rio de Janeiro que contratou, sem saber, para o envio de SMS de alerta de chuvas, uma empresa que usava uma chipeira. Resultado: as mensagens chegavam com atraso, horas depois das chuvas. O contrato foi rescindido e nova licitação seria aberta. Um recente edital do MEC é apontado por integradores e pelo MEF como um exemplo a ser seguido. Seu pregão eletrônico aconteceu em dezembro passado e a vencedora foi a Zenvia, que vai garantir o envio de 91 milhões de SMS por ano a três órgãos vinculados ao ministério: Inep, FNDE e Capes. Para evitar que piratas participassem do pregão eletrônico, foi exigida apresentação de um atestado de capacidade técnica comprovando “a execução de serviços de envio de SMS para todo o território nacional, através das operadoras de telefonia móvel”. Além disso, era preciso levar no ato de assinatura do contrato uma “cópia autenticada dos contratos de envio de mensagens de texto com todas as operadoras de telefonia móvel”. De forma a não deixar dúvidas, o mesmo edital expunha, em um documento ane­­ xo: “Para a efetividade da contratação faz-se necessário que o serviço seja prestado por uma empresa integradora. Em­ presa integradora é aquela que, pelo pró­ prio nome, objetiva a integração de um serviço de mensageria com os diversos operadores de comunicação, encaminhando para as operadoras de telefonia mó­vel vigentes no País as mensagens que deverão ser repassadas aos usuários dos programas. (...) As empresas integradoras são empresas com capacidade e ex­pertise no envio de uma mesma mensagem simultaneamente a milhares de usuários.”

apenas de 30% a 40% dos sms piratas devem alcançar efetivamente seu destino final.

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Despreparo Cabe lembrar, todavia, que a falta de conexão direta com as operadoras não significa que uma empresa de SMS seja


“pirata”. Ela pode, por exemplo, estar conectada a um integrador, que por sua vez tem a conexão com as teles. Ou com um integrador que está conectado a outro integrador que está conectado às teles, e assim por diante. “O difícil é entender como algumas empresas na ponta dessa cadeia conseguem praticar preços tão baixos em determinadas licitações”, questiona uma fonte. Empresas novas e de menor porte

que oferecem SMS corporativo se sentiram atingidas pela campanha. Uma delas, a Vexx Mobile, publicou uma carta aberta em seu site, na qual transmite o seu ponto de vista sobre a questão. Nela, as integradoras homologadas são chamadas de “velhas empresas de SMS corporativo”. TELETIME entrevistou por email um dos diretores da Vexx, Homero Romão (veja box abaixo). Ele não concorda com o uso do termo “pira-

ta” e acusa as integradoras homologadas de não terem se preparado para as mudanças em andamento nesse mercado. “Agora querem fazer pressão sobre as operadoras para alterar o seu modelo, para que as mesmas possam ser beneficiadas”, critica. “Hoje elas reclamam sobre isso, e amanhã reclamarão que aplicativos como o WhatsApp e o Facebook Messenger estão roubando o espaço do SMS”, acrescenta.

usuários finais, a utilização das chipeiras neste caso configuraria um uso abusivo de tais promoções e poderia ser bloqueado pelas teles. Qual a opinião da Vexx sobre isso? Também não estou de acordo. As operadoras devem definir como gerir seus modelos de negócio da maneira que bem entenderem. A questão é que essas empresas que se auto intitulam “homologadas” não se preocuparam em criar valor para o seu negócio, e se diferenciarem. O mercado naturalmente mudou, elas não se prepararam, e agora querem fazer pressão sobre as operadoras para alterar o seu modelo, para que as mesmas possam ser beneficiadas. Não acredito que isso vai acontecer. Existem coisas maiores acontecendo no mundo e as operadoras precisam acompanhar esse cenário. O MEF e seus associados chamam de “SMS pirata” o envio de mensagens de texto corporativas através de rotas internacionais e chipeiras (usando promoções on-net). Os senhores consideram esse termo apropriado? Por quê? Sou contra o uso de rotas alternativas devido à qualidade do serviço, já que as mesmas entregam em média 40% do tráfego enviado, e cobram por 100% do mesmo. Mas não considero um serviço “pirata”. En­­tendo por “pirata” algo que não paga im­­postos, e que está fora da lei. E nenhum dos dois se enquadram nesse perfil. Em ambos os casos são as próprias operadoras que realizam as entregas. Fazendo um pa­­ ralelo, é igual preferir comprar um CD na Amazon, ao invés da Submarino. Se estou pa­­ gando todos os impostos, qual é o problema? Como a Vexx realiza o envio de suas mensagens? A empresa possui conexão direta com as teles ou com algum inte-

grador a elas conectado? Não divulgamos essas informações, pois consideramos um diferencial no nosso negócio. Mas posso dizer que não utilizamos rotas alternativas.

Uma voz divergente

D

iante da campanha do MEF­ LatAm e de integradores homologados contra o chamado “SMS pirata”, uma empresa que presta o serviço de SMS corporativo resolveu divergir publicamente: a Vexx Mobile. TELETIME entrevistou por email um dos diretores da empresa, Homero Romão. TELETIME - O uso de rotas internacionais representaria uma porta aberta para o envio de spams e de men­­ sagens para golpes financeiros (es­­ telionato e afins). Sem falar na questão da impossibilidade de garantir a qualidade do serviço, uma vez que as teles tentam bloquear esses envios. Qual a opinião da Vexx quanto a esse aspecto? Homero Romão - Concordo com relação à questão da qualidade. Já com relação aos spams, precisamos lembrar que, de acordo com os maiores meios de comunicação do País, como o próprio Teletime, a maior parte das reclamações de spams se refere aos praticados pelas próprias operadoras. Com relação a estelionatários, a maior parte deles provém de celulares comuns, em presídios, por exemplo, e são praticados por voz, e não por SMS. Mesmo os praticados por SMS, provém de celulares comuns. Isso porque, mesmo em uma empresa que utiliza rota internacional, é necessário fazer um cadastro e pagar pelas mensagens de alguma maneira, e, sendo assim, os dados poderiam ser rastreados. Outra reclamação do MEF e de seus associados diz respeito ao uso de chipeiras para envio de SMS corporativo que se aproveitam de promoções de tráfego on-net. Como essas promoções deveriam se restringir ao tráfego entre

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Existe um temor no mercado de que o uso indiscriminado de SMS para marketing, sem verificação de opt-in, possa desvalorizar esse canal, tal como aconteceu com o email marketing. Concorda com essa afirmação? Não, pois como citei anteriormente a maior parte das reclamações dos consumidores finais é de mensagens spam provenientes das próprias operadoras. Eu mesmo já recebi mensagens de LA’s (large accounts) das empresas reclamantes, sem qualquer opt-in. Acho que as mesmas poderiam ter uma preocupação maior (e real) com esse ponto, como a Vexx, que integrou seu sistema com bases do Procon. A cada envio é verificado se o telefone está em alguma blacklist do Procon. Como a Vexx procura se diferenciar das demais empresas de SMS existentes no Brasil? Esse é o ponto chave de toda essa questão. A Vexx, antevendo o surgimento de muitas empresas que utilizam rotas internacionais, criou outros serviços inéditos no Brasil, como a integração do SMS com torpedos de voz, VOIP, e m-payment. A meu ver, essas empresas deveriam buscar se diferenciar de seus concorrentes, e não ficar reclamando das rotas internacionais ou das operadoras. Mesmo porque não acredito que o cenário atual vai mudar. Hoje eles reclamam sobre isso, e amanhã reclamarão que aplicativos como o WhatsApp e o Facebook Messenger estão roubando o espaço do SMS.


.:entrevista

Samuel Possebon

samuca@convergecom.com.br

Pacto pelo investimento

Com visão liberal e pró-mercados, sócio e chairman emeritus da A.T. Kearney, Paul A. Laudicina, propõe novo ciclo de ajustes na relação entre os setores público e privado.

TELETIME – Como você compara os debates sobre a abertura do mercado de infraestrutura de 20 anos atrás com o momento atual? PAUL A. LAUDICINA – Participei de alguns debates e tenho familiaridade o bastante para saber o que era o Brasil antes do Plano Real e as brigas que havia naquela época. O que vimos em termos de ingresso de capital estrangeiro no período de 20 anos foi extraordinário. Durante muitos anos tinha reuniões periódicas com o presidente (Fernando Henrique) Cardoso para atualizá-lo sobre nossos indicadores de confiança para investimentos, onde o Brasil sempre ficava nas posições 20 e tantos dos ambientes mais favoráveis; depois foi catapultado para os

constitui competitividade sustentada. E em alguns aspectos, quanto maior você fica, maior sucesso você alcançou, mais vulnerável você se torna. Existe uma tendência ao relaxamento, à acomodação. As mudanças precisam ser permanentes e o Brasil precisa mudar para dar o próximo passo. Vejo a infraestrutura, tanto a infraestrutura física quanto o que chamo de infraestrutura “soft”, como algo que precise de contínuos ajustes político-regulatórios, que criem um ambiente sustentável para o investimento privado.

foto: divulgação

E

m um momento em que nove entre dez empresas de infraestrutura se queixam da incerteza para a realização de investimentos, em que os debates sobre uma revisão de modelo na relação entre governo e setor privado para mercados regulados é cada vez menos fluida e com duas décadas do início do ciclo liberalizante nos mercados de energia, telecomunicações e infraestrutura em geral, esta entrevista com Paul A. Laudicina, sócio e chairman emeritus da consultoria A.T. Kearney, pode trazer algumas reflexões interessantes. Ele esteve nos bastidores de boa parte dos processos de privatização dos anos 90. Conversa com CEOs de empresas de infraestrutura e tecnologia, e é frequentemente consultado por chefes de governo sobre ações estratégicas. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso costumava ter Laudicina como interlocutor nos anos 90. Com uma visão liberal e pró-mercados, Laudicina propõe nessa entrevista um novo ciclo de ajustes na relação entre os setores públicos e privado, e diz que o empresariado precisa parar de reclamar e buscar o diálogo franco com os governos.

Paul A. Laudicina

top 10, onde tem ficado nos últimos anos; e mais recentemente chegou ao top 3, ao lado de China, Índia e, é claro, EUA. O Brasil se deu conta, com os US$ 65 bilhões registrados no ano passado, e mesmo com um crescimento um pouco mais lento, da relevância de ter bases estáveis para o investimento, desde características demográficas, como o bônus demográfico e no poder de compra, até a exploração dos recursos naturais, passando por reformas. Objetivamente, o Brasil continua tendo essas características positivas para investimentos? Sim. Olhando do ponto de vista dos fatores objetivos e do ambiente de reformas políticas, os elementos estão todos aí. Não gosto do termo BRICs, que coloca Brasil, Índia, China no mesmo barco, e são países muito diferentes para serem comparados. Mas ainda existem desafios e não se pode ficar acomodado nunca. Isso é uma verdade permanente. Tamanho não 10 Teletime abr_2013

E o que deveria ser feito nesse sentido? Nada que seja específico para o Brasil nem restrito ao setor público. Existem alguns limites de espaço-tempo que precisam ser pensados. Temos que pensar no longo prazo e de maneira global, mas infelizmente os ciclos políticos e econômicos nos forçam a agir e pensar de forma local e no curto prazo. Isso vale tanto para o setor privado quanto para o setor público. O Brasil precisa investir recursos limitados em infraestrutura física e também em educação e desenvolvimento intelectual, ou infraestrutura “soft”. São os dois pilares que garantirão o crescimento no longo prazo, mas são as duas coisas difíceis de se fazer quando você tem necessidades urgentes de curto prazo e os recursos são limitados. É preciso resistir à tentação de só olhar para a última linha da planilha de curto prazo e permanentemente investir nas pessoas e ideias olhando no longo prazo. O Brasil tem que tomar algumas decisões complicadas de investimento de longo prazo mesmo que acredite não ter os recursos. Não se pode atrasar isso. Quando você diz que o Brasil precisa tomar essa decisão de investir no longo prazo, infraestrutura e educação, quem faz esse investimento? Setor público ou setor privado? É preciso uma abordagem criativa. Não é algo que pode ser feito apenas pelo setor público, que certamente não tem recursos e nem capacidade inovadora. Quando o


setor público entende um problema, ele já não é mais uma realidade. Eu acho que é preciso novas parcerias criativas entre o setor público e o privado. O setor privado ainda tem fontes de recursos extraordinárias. As empresas norte-americanas estão sentadas em US$ 1,7 trilhão de capital procurando onde investir. As empresas inglesas têm US$ 1,4 trilhão de capital. As outras empresas europeias têm mais US$ 2 trilhões. Há um estoque de capital privado procurando lugares para investir. Quem afastar esses recursos certamente está dando um tiro no pé. É preciso encontrar uma forma de liberar essa força do setor privado, atendendo às necessidades do setor público e criar um novo ciclo virtuoso. Mas isso já não foi feito há 20 anos, quando os governos abriram espaço para o setor privado? Ou é preciso uma nova onda de desregulamentação? Em 2005 eu disse que estávamos entrando em um novo período de re-regulação, após o ciclo de desregulamentação dos anos 90 que havia terminado. Acho que a tentação é que se continue um processo de regulação dos mercados. Se olharmos o setor financeiro dos EUA, veremos uma regulamentação de menos de 20 páginas se tornando uma regulamentação de milhares de página durante esse processo. Isso foi resultado da análise feita pelo setor público sobre o desastre do período da recessão de 2008 e da decepção com o comportamento do mercado. Foi uma tentativa de induzir um bom comportamento. Mas hoje ninguém mais entende a regulamentação, nem o setor público, e isso se tornou um fardo, algo que já não cria nenhuma proteção ao interesse público nem permite o desenvolvimento do mercado. Mas você concorda que foi necessário estabelecer essa regulamentação mais dura no caso do setor financeiro? Concordo que alguma coisa era necessária, mas não tanto. Porque se você torna a regulamentação tão complexa, ninguém entende. E aí a complexidade se torna simples, porque ninguém vai cumprir aquilo que está escrito. Eu acho que a tentação é por se continuar regulando, e em tempos ruins para a economia, tendemos a regular mais. Mas o problema é que isso oprime ainda mais os mercados, e a economia se torna ainda mais lenta, e isso inibe ainda mais o crescimento criativo da economia, e isso cria um círculo vicioso. O

que precisamos é de um intervalo (time-out), uma parada em que esse ciclo se interrompa, porque é um jogo de soma zero. Se o setor privado perde, o setor público perde, e vice-versa. É preciso parar e repensar os interesses legítimos de ambos os lados e os problemas que os dois lados precisam resolver. Algum exemplo concreto de onde isso esteja acontecendo? Há alguns. Gosto de citar Cingapura como um exemplo de um país que não tem nenhum recurso além da própria população, mas que tem continuamente buscado formas de se reinventar. Passaram de um polo textil para um polo de montagem de eletrônicos, depois passaram a atuar como intermediários de negócios criando um ambiente que atraísse sedes de companhias, e agora estão se focando em biotecnologia e em áreas que exigem pesquisa intensa e que necessitam de muita mão-de-obra. O foco deles tem sido em atrair empresas de biotecnologia, pesquisa nessa área e investimentos. E isso

ção à transparência... Você está absolutamente certo. De um lado precisamos estar mais abertos e ser mais transparentes, e a tecnologia permite isso. De outro lado, esse tipo de transparência torna as discussões relevantes para a tomada de decisões mais complicadas, movidas pelo cabresto da opinião de fora. É preciso achar uma forma de equilibrar isso. Um debate fechado não significa necessariamente corrupção ou favorecimento, mas uma conversa mais franca. É esse tipo de dificuldade que o governo Obama enfrenta no Congresso norte-americano. Não existe negociação. Cada lado só pensa em sua própria torcida. Você menciona a necessidade de reduzir a regulação e ao mesmo tempo de promover parcerias entre o setor público e o setor privado. Mas em muitos casos há conflitos dentro do setor privado que precisam ser arbitrados pela regulação. Por exemplo, neutralidade de rede. Como resolver nesses casos? São nesses casos em que o governo realmente tem uma função. Sem entrar na questão da neutralidade especificamente, em qualquer situação de gerenciamento complicada, alguém precisa ser o ponto de equilíbrio, e esse é o papel dos governos e Estados. Analisar os lados, analisar as implicações, regular e decidir, de maneira equilibrada e justa. E encontrar um caminho que seja, primeiro, o melhor do ponto de vista do interesse público e, depois, suficientemente leve para a sobrevivência do negócio. O que perdemos hoje é a arte do comprometimento, é a habilidade de entregar o que se promete. Hoje a palavra comprometimento é entendida quase como um ato de corrupção, e esse não é o caso. Regular biotecnologia, bancos genéticos e mais uma série de novas áreas onde há interesses conflitantes no setor privado requer um agente adjudicador, um árbitro que determinará quem tem a razão e quem, em última instância, vai ser beneficiado.

As empresas norte-americanas estão sentadas em US$ 1,7 tri de capital procurando onde investir. As inglesas têm US$ 1,4 tri e As europeias, US$ 2 tri.” passou por uma mudança inclusive cultural, porque pessoas brilhantes que atuam nessas áreas nunca viveriam em um país em que se pode ir preso por mascar um chiclete ou pegar prisão perpétua por pichar um carro. Eles buscaram um diálogo entre as tradições culturais e as novas mentes inovadoras. E no fim eles resolveram se abrir, culturalmente, economicamente. Esse tipo de diálogo passa por um pacto? Por reformas? Sim, passa por reunir os dois lados e pensar. E de preferência em um ambiente fechado, sem a pressão de câmeras de TV e de uma grande plateia, para que se possa pontificar, avaliar. O setor público se tornou mais complexo com o aumento das tecnologias nesse sentido. Quando a Congresso passou a ser televisionado, e os congressistas passaram a se preocupar com a maquiagem, ficou mais difícil garantir um debate produtivo. Por outro lado fazer esse debate a portas fechadas suscita questões em relaabr_2013 Teletime 11

E os Estados teriam esse papel de árbitro? Essa é a palavra: arbitrar em lugar de regular. Decidir conflitos em vez de definir antes o papel de cada. Regular assume que você tem um conhecimento tão profundo do negócio regulado que você pode prever o futuro e garantir o interesse público. E eu acho que a história recente dos mercados regulados mostra que isso é muito complicado.


.:entrevista

Mas nesse ambiente, a quem cabe tomar conta do interesse público? O governo, mas deixe-me dar um exemplo recente. Eu trabalhei com o setor farmacêutico por algum tempo e me preocupava muito sobre a regulação de drogas proprietárias. Era inacreditável olhar para a FDA (órgão regulador que controla o mercado de alimentos e remédios nos EUA) e perceber que os técnicos não tinham um décimo da qualificação dos médicos e bioquímicos do setor privado que buscavam as aprovações. Como eles poderiam entender o que deveria e o que não deveria ser aprovado se eles sequer sabiam do que se estava falando? Eles não tinham pessoas suficientes para analisar aquilo, as que existiam não eram qualificadas e o tempo de aprovação era inadequado. Os técnicos do governo não são nem suficientemente remunerados para esse novo tipo de trabalho. Trata-se de um ambiente desigual entre agentes públicos e privados. Mas como defender o interesse público sem regular? O governo tem o papel de defender o interesse público e isso obviamente envolve regulação. Não é uma questão de regular ou não, mas de onde se aplica a regulação e como isso é feito. E esse é o grande desafio de hoje. E a melhor maneira de achar esse equilíbrio é através do bom senso. Se parece excessivo, provavelmente é excessivo, então não faça. Se os governos tentarem criar regras e limites para toda e

entre esses diferentes braços. Não existe facilitação dessas relações. E isso não é exclusivo do Brasil. É assim em praticamente todos os países que observamos.

foto: divulgação

Em relação ao papel dos reguladores, existe uma discussão hoje bastante grande entre teóricos desse assunto se a ênfase deveria ser na regulação prévia ou na regulação a posteriori... Não acho que seja uma questão de crer em uma coisa ou outra, mas do que pode ser feito na prática. Desde o começo dos tempos até 2003, o mundo gerou cinco bilhões de gigabytes de informação. De 2003 a 2010, esse volume de informação era gerado a cada dois dias. E desde então isso é gerado a cada dez minutos. Como, em um mundo com esse tipo de tsunami de mudanças e informação, pode algum governo querer entender antecipadamente as demandas que virão? É impossível. Não é mais viável querer regular algo antecipadamente para um ambiente que sequer sabemos como será, sobre o qual não sabemos nada. Temos que deixar de lado esse fantasma da regulação setorial.

não existe inovação sem colaboração. Se o setor privado ficar sentado reclamando do que o setor público está fazendo, todos perdem.” qualquer situação que se possa imaginar, provavelmente há um excesso. Você vê alguma conversa desse tipo, focada em estabelecer uma nova agenda regulatória, voltada para investimentos, acontecendo no Brasil especificamente? Não posso falar especificamente pelo Brasil porque passo pouco tempo aqui. Mas posso dizer que se não está acontecendo algo assim aqui, provavelmente não está acontecendo em outros lugares. E se não está acontecendo, deveria. Sou próximo ao governo Obama e posso dizer que um dos maiores problemas dos EUA hoje é justamente a falta de diálogo entre o setor público e o setor privado. E em parte é porque o governo Obama foi eleito com a esperança de que se corrigisse aquilo que se via de errado no setor privado, excessos, e para sentar todo mundo junto em uma mesma sala agora pareceria um conluio. TIAGO MONTEIRO (principal executivo de telecomunicações da A.T. Kearney no Brasil) – Acho que no Brasil existe uma falta de confiança entre o setor privado e público, de uma maneira geral. Também existe uma dificuldade de articular diferentes reguladores, já que cada um se articula com um ponto da cadeia mas não existe necessariamente uma coordenação 12 Teletime abr_2013

E quem deve dar o primeiro passo a reverter essa situação. Quebrar o círculo vicioso? Eu em geral estimulo os CEOs a tomarem a iniciativa. Não adianta sentar e ficar reclamando do que o governo deveria fazer por vocês, mas sim iniciar um diálogo franco com os governos. Não se pode fazer isso de forma individual. Não pode ser algo específico de um player, pois isso naturalmente vai parecer suspeito e suscitar uma questão de favorecimento. É preciso que as empresas saiam de seus bunkers, definam seus objetivos e metas e trabalhem juntas. Isso exige um diálogo entre diferentes setores, e também que se faça uma avaliação conjunta daquilo que se vai perder se cada um pensar apenas em si. Você acha que falta ao setor privado também pensar um pouco no interesse público? Sem dúvida. E acho que há três pontos que precisam ser sempre observados para que as conquistas do passado sejam sempre as fundações do futuro: é preciso primeiro pensar na criação de valores antes de pensar na criação de riqueza; é preciso pensar no longo prazo e além das fronteiras imediatas; e é preciso agir pelo bem comum. Não existe melhor interesse do shareholder se não houver interesse da sociedade como um todo, porque o mundo é mais transparente, porque as informações fluem e todos saberão que você fez algo errado e porque, sobretudo, os consumidores e fornecedores do seu negócio são parte dessa sociedade. Em relação à inovação: quais seriam os papeis do setor público e privado nessa área? Inovação é o coração do crescimento. E não existe inovação sem colaboração. O que os governos precisam fazer é criar esses ambientes em que haja efervescência de vida e ideias. Gastos em pesquisa e desenvolvimento básicos são uma atribuição inerente a governos. No Brasil existe certamente uma disposição a uma abertura cultural que ajuda, mas é preciso mais do que isso. É preciso de um acordo entre todos. Se o setor privado ficar sentado reclamando do que o setor público está fazendo, todos perdem. 


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Letícia Cordeiro

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Operadoras se unem para a instalação de infraestrutura para LTE, 3G, EDGE e iDEN nos estádios da Copa das Confederações e da Copa do Mundo. Investimento conjunto para os 12 estádios está estimado em R$ 25 milhões.

C

hegar à conclusão de que a melhor maneira de atender à demanda por serviços móveis de voz e dados dentro dos estádios da Copa das Confederações e da Copa do Mundo com infraestrutura compartilhada e rateio de investimentos entre as cinco operadoras com cobertura nacional foi o menor dos problemas das teles. Nem mesmo a instalação das antenas de 4G para cobrir as áreas dos estádios e arredores se mostrou grande problema, uma vez que as teles estão usando sites de 2G e 3G existentes e as prefeituras se mostraram dispostas a ajudar no caso de novas instalações para as áreas. A maior dificuldade foi a negociação com as administradoras das arenas esportivas que sediarão as partidas de 2013 e 2014, demovê-las de pedidos abusivos e chegar a um valor razoável para o aluguel do espaço para instalação da infraestrutura de telecomunicações. As operadoras de telefonia móvel começaram a discutir o tema entre si e com os administradores das arenas das Copas ainda em agosto do ano passado,

mas o martelo das negociações para os seis estádios da Copa das Confederações só foi batido mesmo no último dia 5 de abril, a menos de dois meses da data agendada pela Fifa para fechamento dos estádios para uso exclusivo da federação e do comitê organizador em seus preparativos para a competição, que acontece nas cidades de Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador entre os dias 15 e 30 de junho. Por parte das operadoras, a conversa foi coordenada pelo SindiTelebrasil. Mas da parte dos estádios, as conversas foram individualizadas. Para facilitar as negociações com as administradoras dos estádios, as teles chegaram à conclusão que a melhor alternativa seria escolher uma única operadora para ser a interface com cada estádio. “Cada operadora ficou responsável pelas negociações e implantação da infraestrutura compartilhada em cada um dos 12 estádios que serão usados na Copa das Confederações e na Copa do Mundo e todos os custos serão rateados entre elas”, conta o diretor-executivo do SindiTelebrasil, Eduardo Levy. 14 Teletime abr_2013

Participaram do acordo de divisão de investimentos Claro, Nextel, Oi, TIM e Vivo, o que inclui contratação de um integrador para implantação da infraestrutura compartilhada, equipamentos e ainda custos de energia e ar condicionado. A estimativa é de que o investimento total para cobertura indoor nos 12 estádios seja de R$ 25 milhões, para dar capacidade ao tráfego 2G, 3G, LTE e Wi-Fi. Correndo contra o relógio, na partilha das arenas da Copa das Confederações a Claro ficou responsável pelos estádios de Recife e Salvador; a Oi pegou o Rio de Janeiro e Belo Horizonte; e a Vivo respondeu pelas negociações em Brasília e Fortaleza. “As teles usaram uma lógica técnica para fazer a partilha desses e dos outros seis estádios da Copa do Mundo. Apenas uma empresa responde pelas negociações, mas todo o investimento nos 12 estádios será rateado entre as cinco operadoras e todas usarão a infraestrutura”, detalha Levy. A TIM, por exemplo, ficou responsável pela arena de Natal, que só será usada na Copa do Mundo de 2014. Partilha feita, as operadoras come-


Arena Pernambuco, em Recife, que contrataram a NEC para instalar infraestrutura IP e rede wireless para telefonia, dados e imagens, incluindo sistemas de som e telas gigantes, sistemas de ponta na área de segurança, como câmeras interligadas para monitoramento constante da área total da arena, além de detecção de incêndio e automação predial. “Nos contrataram para montar toda infra de telecom e TI, com telões, controle de acesso, segurança e também toda a parte que será usada para transmissões de TV e as redes Wi-Fi e telefonia móvel para uso da administração. A cobertura celular para uso do público é totalmente à parte, as operadoras negociaram direto com os estádios”, conta o diretor de diretor de negócios para governo da NEC no Brasil, Massato Takakuwa.

(DAS), que integra redes iDEN, 2G, 3G, 4G e Wi-Fi, identifica e encaminha as chamadas e o tráfego de dados dos usuários aos equipamentos de sua respectiva operadora nos subsolos dos estádios. No Estádio Nacional de Brasília, na Arena Fonte Nova, em Salvador, e no Estádio Castelão, em For­ taleza, a integração da in­­ fraestrutura indoor das teles será feita pela chinesa Comba Telecom e a estimativa é que os equipamentos consigam suportar até 70 mil usuários de dispositivos móveis com alta capacidade de throughtput. Os equipamentos da Comba também serão usados na Arena Pernambuco, em Recife, mas a instalação se dará por meio de um parceiro. Com os acordos fechados, agora é torcer para que a infraestrutura consiga ser concluída antes que se cerrem os portões para os preparativos da Fifa.

a infraestrutura de telecomunicações indoor que as teles estão implantando não se confunde com as exigências técnicas impostas pela Fifa

Infraestrutura As prestadoras agora estão trabalhando contra o tempo para a instalação da infraestrutura nos seis estádios, projetos que se encontram em diferentes estágios. Brasília e Salvador, por exemplo, tiveram negociações menos complicadas, foram concluídas mais cedo e a implementação da infraestrutura indoor já estava em fase de conclusão ao fechamento dessa edição. Em Belo Horizonte, no outro extremo, o processo estava apenas sendo iniciado. A infraestrutura indoor a ser instalada inclui equipamentos de cada operadora instalados em uma sala de aproximadamente 200 metros quadrados, no subsolo dos locais. Desse backbone sairá a rede compartilhada de fibra que se ligará às antenas e repetidores de sinais, também compartilhados, que atenderão aos clientes das cinco operadoras. A separação dos sinais das teles será feita por uma solução multi-band de distributed antenna systems FOTO: arquivo

çaram a enfrentar muitos problemas para conseguir fechar as negociações com as arenas. “Houve administradores de arena que chegaram a condicionar, inclusive, a instalação da infraestrutura indoor das teles ao patrocínio de camisa de clube”, conta uma fonte do setor que preferiu não se identificar. Apenas depois de muita conversa é que a tele responsável pelo estádio conseguiu dissuadir os administradores da arena de tal exigência. Já em Belo Horizonte, a maior dificuldade residiu no acerto final do preço de aluguel para instalação da infraestrutura indoor. A Arena Mineirão, a última negociação a ser concluída, queria que cada uma das cinco operadoras pagasse R$ 10 mil por mês, o que daria um total de R$ 50 mil. “Era um absurdo, esses são contratos de dez anos e ter a infraestrutura indoor é um benefício para o estádio e para os usuários. Explicamos que não somos (as teles) obrigados a instalar a infraestrutura indoor. Nossa obrigação é levar a cobertura 4G outdoor à área dos estádios e isso está sendo feito”, explica a fonte, citando as exigências do leilão das frequências de 2,5 GHz. As teles chegaram a fazer uma contraproposta de R$ 25 mil ao mês, mas desistiram porque o valor seria o dobro do teto acertado com as outras arenas: de R$ 12,5 mil por mês durante dez anos. No fim, sob o risco de não ter infraestrutura indoor instalada a tempo do início da Copa das Confederações, a Arena Mineirão aceitou os R$ 12,5 mil por mês, R$ 2,5 mil por operadora. Vale lembrar que essa infraestrutura de telecomunicações indoor que as teles estão implantando não se confunde com as exigências técnicas para sistemas de telecomunicações impostas pela Fifa para atender os organizadores, comissões técnicas e mídia. A conectividade ao backbone de telecomunicações será responsabilidade da Telebras, que faz o link dos estádios para fora, e o acordo nesse caso é especificamente com a Fifa. Essa é uma infraestrutura independente de responsabilidade das próprias arenas. Seus administradores contrataram integradores para instalar toda a infraestrutura de Tecnologia da Informação e Comunicações (TICs), como foram os casos das arenas Itaipava Arena Fonte Nova, em Salvador, e

Precariedade Ainda é cedo para dizer se tudo vai funcionar dentro dos estádios, mas as avaliações preliminares dos técnicos que já fizeram as primeiras vistorias nas arenas para instalar a infraestrutura de telecomunicações mostram que a maior parte das obras ignorou a realidade conectada dos usuários de hoje. Poucos projetos incluíam salas específicas para equipamentos de telecom devidamente preparadas com fontes adequadas de energia, ar condicionado e segurança. Também não contavam com dutos de cabeamento, e pontos de fixação de antenas. Segundo alguns técnicos. o que se verá na maior parte dos estádios são arenas de primeiro mundo, mas com improvisos no que diz respeito à conectividade, por absoluta falta de planejamento técnico. “Parece que quem projetou esqueceu que vivemos na época da Internet”, diz um engenheiro. (Colaborou Samuel Possebon)

“As teles usaram uma lógica técnica para fazer a partilha. apenas uma empresa responde pelas negociações, mas todo o investimento será rateado entre as cinco operadoras e todas usarão a infraestrutura.” Eduardo Levy, do SindiTelebrasil abr_2013 Teletime 15


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Letícia Cordeiro

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Luz amarela

A

ssim como as empresas do setor elétrico, as operadoras de telecomunicações com ações abertas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) sempre foram alvo das apostas do mercado financeiro por sua alta geração de caixa e promessas de dividendos e bonificações. O ano de 2012, no entanto, trouxe alguns desafios para a indústria nacional de telecomunicações e acendeu a luz amarela no mercado financeiro em relação às teles. As medidas punitivas da Anatel, que proibiram operadoras de comercializar novas linhas móveis em meados do ano passado devido ao aumento expressivo das reclamações sobre qualidade dos serviços, e a consequente exigência da agência de planos de investimentos para melhorar a qualidade foram um dos fatores que prejudicaram o desempenho do setor na Bovespa. “Era um setor que vinha tendo um desempenho muito bom, baseado na expansão da base de clientes com um crescimento muito forte, só que no ano passado perdeu um pouco desse brilho por conta das medidas da Anatel”, diz um dos analistas da corretora Planner. Outro complicador foi o agravamento da crise econômica na Europa, onde estão as matrizes das controladoras das operadoras com capital aberto em bolsa — a saber Telefónica, da Espanha, que controla a Telefônica/Vivo; a Telecom Italia, da Itália, controladora da TIM Brasil; e a Portugal Telecom, de Portugal, que faz parte do bloco de controle da Oi —, o que de certa maneira pressionou ainda mais as subsidiárias brasileiras pelo pagamento de dividendos. Sem falar na GVT, controlada pela Vivendi, mas que não está na bolsa, e da América Móvil, controladora da Claro, Embratel e Net. Quem mais sentiu tal pressão foi a Oi. O que se especula no mercado é que isso pode ter sido um dos principais

FotoYakov/shutterstock.com

Mercado financeiro questiona fôlego da Oi de continuar sua agressiva política de distribuição de dividendos e manter endividamento em níveis aceitáveis. Resultados financeiros do primeiro trimestre darão pistas do que pode acontecer em 2013.

fatores que levaram à demissão, em janeiro deste ano, de seu então presidente, Francisco Valim, cuja plataforma de gestão era justamente a recuperação dessa confiança dos acionistas. Em abril de 2012, vale lembrar, a Oi anunciou um novo plano estratégico que previa um forte crescimento e melhora de indicadores até 2015 e, para assegurar o mercado de que conseguiria cumprir tais metas, fixou um pagamento de R$ 8 bilhões em dividendos entre 2012 e 2015: seriam R$ 2 bilhões relativos ao exercício fiscal de 2011; mais R$ 1 bilhão em cada mês de agosto de 2012, de 2013 e 2014; e outro R$ 1 bilhão referente aos exercícios fiscais de 2013, 2014 e 2015. O problema é que a Oi vem distribuindo mais dividendos do que a companhia vem alcançando em

lucro líquido e agora o mercado financeiro questiona a capacidade da operadora de manter tamanha política agressiva de pagamentos aos acionistas. O lucro líquido da Oi em 2011 foi da ordem de R$ 1 bilhão e em 2012, de R$ 837 milhões. “A política de dividendos da Oi é fixa, independente do resultado, os pagamentos aos acionistas estão sendo superiores ao desempenho da empresa e isso vai ter impacto em outra conta. A geração de caixa não é compatível com essa distribuição somada à necessidade de investimentos, que é grande, e o resultado é impacto na relação de dívida líquida sobre o EBITDA”, explica um analista ouvido por esta reportagem. Para se ter uma ideia, a relação entre dívida líquida e EBITDA da Oi equivalia a 1,78x em 2012, subiu para 2,85x em

Oi vem distribuindo mais dividendos do que vem alcançando em lucro líquido e agora o mercado financeiro questiona a capacidade da operadora de manter tamanha política agressiva.

18 Teletime abr_2013


FOTO: divulgação

2012 e em março desse ano, após a emissão de R$ 1,5 bilhão em debêntures com prazo de resgate até 2019, a tele chegou exatamente à relação de 3,0x entre dívida líquida e EBITDA, assumindo-se que os recursos não sejam utilizados para pagar nada da dívida já existente, limite estabelecido pela própria Oi para a manutenção de sua política de dividendos. A justificativa do novo endividamento da Oi é que os recursos serão usados para a composição de seu capital de giro, reestruturação e alongamento do perfil de endividamento e realização do plano de investimento (Capex), e é provável que a tele abata parte da dívida de menor prazo para manter essa relação abaixo de 3,0x. O grande problema da Oi, na análise da Planner, é que investidores de mais longo prazo não enxergam como positiva essa distribuição agressiva de dividendos, uma vez que não está sendo sustentada pela geração de caixa e a empresa está tendo que se endividar para remunerar o acionista. E mesmo os investidores de curto prazo, que buscam distribuição de dividendos, começam a ficar receosos, porque a Oi já se aproxima de sua alavancagem máxima de 3,0x e pode vir a qualquer momento a suspender a política que praticava. “O que não sabemos é se a Oi ainda tem uma carta na manga. No ano passado ela realizou manobra de venda de alguns imóveis para gerar caixa e tem parte do mercado que acredita que ela pode vender mais ativos para conseguir diminuir o endividamento e melhorar a geração de caixa”, disse outro analista, que preferiu não se identificar, mas acrescentou que o departamento de Relações com Investidores da tele tem respondido a algumas criticas até em teleconferências e permanece otimista com as perspectivas de resultados, embora a operadora ainda não tenha conseguido demonstrar em seus números operacionais todo o crescimento prometido em abril de 2012. O impacto da desconfiança do mercado já começa a atingir os papéis da Oi. Em 17 abril de 2012, quando o plano estratégico foi anunciado, as ações preferenciais da operadora valiam R$ 6,78, chegaram a valer R$ 8,71 e no dia 7 de abril de 2013 estavam valendo apenas

“O bolso é um só. Se se paga dividendos de forma agressiva, pode-se comprometer o plano de investimentos e, na nossa visão, o primeiro uso da geração de caixa em excesso deve ser na infraestrutura.” Rogério Tostes, da TIM R$ 5,93. O mesmo aconteceu com as ações ordinárias: valiam R$ 8,45 em 17 de abril de 2012, chegaram a R$ 10,14, e fecharam do último dia 7 de abril a R$ 7,02. Em nota enviada à TELETIME, a Oi reforçou a manutenção para 2013 de seu o plano de investimento e sua política de remuneração aos acionistas, anunciada em abril de 2012. “A companhia propõe distribuir R$ 2 bilhões como remuneração aos acionistas e fixou as seguintes previsões para este ano: EBITDA de R$ 9/9,8 bilhões (In­­ ter­­valo); receita líquida de serviços de R$ 28/29 bilhões (Intervalo); in­­ vestimento (Capex) de R$ 6 bilhões; dívida líquida menor ou igual à relação de 3x dívida líquida/EBITDA; e de 75 a 76,5 milhões de UGRs (unidades geradoras de receitas)”. Para garantir a sustentabilidade financeira da operadora, o limite de 3,0x a relação de endividamento sobre o EBITDA, diz a Oi ainda em nota, “pressupõe a venda de ativos não core e compartilhamento de investimentos com outros operadores, para assegurar o melhor retorno sobre os investimentos realizados”. “A política de remuneração dos acionistas que foi anunciada depende das condições financeiras da companhia e é um pilar importante na Governança Corporativa, uma vez que proporciona previsibilidade ao mercado. A companhia possui reservas suficientes no Patrimônio Líquido que podem ser distribuídas”, garantiu a operadora. Para Pedro Galdi, da corretora SLW, “o payout de R$ 1,20 anual por ação que vem sendo pago pela Oi é um belo Yield (taxa de rentabilidade de um ativo), agora a questão é se eles vão conseguir manter”. “A Oi é uma empresa muito grande e a dúvida é se

ela vai conseguir capital de giro. No ano passado ela cumpriu normalmente a promessa de pagamento de dividendos, agora vamos ver se melhora ou piora a relação endividamento e EBITDA. Quando saírem os resultados financeiros do primeiro trimestre teremos uma ideia de para onde vai o mercado”, conclui. Outras preocupações Embora a maior preocupação do mercado financeiro seja a Oi, não significa que TIM e Telefônica/Vivo tenham passado incólumes por 2012 e que não possa haver uma mudança de cenário este ano. A Telefônica/Vivo, por exemplo, tem uma política de distribuição de dividendos considerada estável há anos e muito atrativa pelos investidores, com distribuição de quase a totalidade de seu lucro líquido, mas há que se notar que a empresa vem vendendo ativos para gerar caixa. Estimativas de mercado dão conta de que desde o fim de 2010 até setembro de 2012 a empresa havia vendido quase 4 mil torres de telefonia móvel para arrecadar um montante de pouco mais de R$ 1 bilhão ao caixa da operadora. De qualquer maneira, a operadora tem conseguido manter uma geração de caixa forte, remunerar seus acionistas com a distribuição de quase 100% dos lucros e ainda tem conseguido fazer frente aos pesados investimentos demandados pelo setor de telecomunicações. No exercício fiscal de 2012, por exemplo, o pay-out foi de 95% do lucro líquido, o equivalente a mais de R$ 4 bilhões em dividendos. E ainda assim, a relação entre a dívida liquida sobre o EBITDA da Telefônica é de 0,03x positivo, segundo cálculos da Planner, o que significa que a operadora teria dinheiro em caixa para pratica

No exercício de 2012, por exemplo, o pay-out da telefônica foi de 95% do lucro líquido, o equivalente a mais de R$ 4 bilhões em dividendos.

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.:FINANÇAS

Escrutínio A TIM, por outro lado, embora mantenha uma política de dividendos considerada até conservadora pelo mercado, mas com uma boa geração de caixa e uma relação entre dívida líquida e caixa de 0,03x negativo – o que significa que a operadora teria condições de quitar toda a sua dívida e ainda ter uma pequena sobra de caixa em sua situação financeira atual –, não teve um 2012 fácil. A empresa viu seu presidente Luca Luciani deixar o cargo sob acusações na justiça italiana de fraude quando ainda ocupava cargo na matriz. Na sequência, além de proibida em junho de habilitar novas linhas em nada menos que 18 estados mais o Distrito Federal, enfrentou ainda uma acusações do escritório da Anatel de São Paulo de derrubar propositalmente ligações do Plano Infinity, caso do qual a operadora se defende veementemente alegando erro na aferição das informações e que ainda está em análise pela sede da agência, em Brasília. Isso tudo penalizou em muito o desempenho da operadora na Bovespa. O “escrutínio” da Anatel, na visão de outro analista, foi o principal motivador do afastamento dos investidores da TIM. Segundo cálculos do próprio diretor de relações com investidores da operadora, Rogério Tostes, a TIM Participações, que em junho do ano passado chegou a valer R$ 27 bilhões, perdeu praticamente um terço de seu valor de mercado. “Ano passado, somando a promessa de dividendo dos nossos competidores mais a punição da Anatel, isso pesou para o investidor, que preferiu

caminhar para empresas que pagam dividendos maiores, que não era nosso caso”, admite Tostes. Mas o executivo acredita que a percepção de mercado deva mudar este ano. “O mercado vê a nossa solidez de balanço como positiva. Temos um endividamento zero e estamos em uma situação em que podemos comprar empresas e investir. Além disso, nosso dividendo robert_s/shutterstock.com

mente quitar toda sua dívida líquida. O que outro analista ouvido por TELETIME questiona, entretanto, é o quanto mais poderá a Telefônica/Vivo vender ativos para fazer caixa e assegurar tamanha distribuição aos acionistas. Também em nota, a Telefônica Vivo informou que, “historicamente, tem destinado até 95% do lucro líquido gerado para o pagamento de dividendos, portanto, acima do previsto na lei das S/A.” A Lei das S/A determina uma distribuição mínima determinada pelo estatuto social de cada empresa, mas convencionou-se no mercado um pagamento mínimo de 25% do lucro líquido em dividendos. A operadora ressalta ainda que “os 5% restantes são destinados para reserva legal” e que, “neste ano, está elevando seu volume de investimentos em 12%”.

a TIM Participações, que em junho do ano passado chegou a valer R$ 27 bilhões, perdeu praticamente um terço de seu valor de mercado. melhorou e como já fizemos nosso dever de casa do ponto de vista regulatório, com investimentos pesados em rede, esse ano vimos uma certa correção no preço de nossos papéis”, explica. Como a TIM migrou para o Novo Mercado da Bovespa, tem apenas uma classe de ações ordinárias, que vem sendo cotada entre R$ 8,60 e R$ 8,70, e experimentou uma valorização em 2013 de 5,6%, período em que o índice Ibovespa recuou quase 9%, segundo cálculos de Tostes. A análise da Planner indica que a visão do diretor da TIM está bem próxima da realidade. “A TIM tem uma geração de caixa forte e consegue suprir a necessidade de capital de investimentos e pagar dividendos, um pouco menos do que a Telefônica, mas mantém endividamento baixo e tem elevado a distribuição de dividendos de forma que não afeta o fluxo de caixa”, 20 Teletime abr_2013

diz um analista da corretora, indicando que essa posição sólida de balanço é bem vista pelo mercado. Toste explica também a política conservadora de dividendos da TIM: “O bolso é um só. Se se paga dividendos de forma agressiva, pode-se comprometer o plano de investimentos da companhia e, na nossa visão, o primeiro uso da geração de caixa em excesso deve ser na para infraestrutura”. A TIM deve investir R$ 10,7 bilhões em infraestrutura nos próximos três anos. Tostes diz também que, mesmo com a crise na Europa, a TIM Brasil não tem sofrido pressão da controladora italiana por aumentar dividendos. “Temos uma distribuição de dividendos que achamos adequada. Em 2012 pegamos metade do nosso lucro líquido e nosso controlador vê benefícios em termos dinheiro em caixa porque a posição do Brasil favorece a relação de dívida líquida sobre EBITDA da Telecom Italia na consolidação de caixa. Ela nos permite tocar a operação de forma independente e não temos pressão do controlador pra reduzir investimentos e pagar dividendos”. Em 2012, mesmo com o agravamento da crise na Europa, a TIM aumentou em 25% seus investimentos no Brasil. “Não somos vistos como um pagador de dividendos como a Telefônica, porém, priorizamos investimento em infraestrutura. Temos que ter flexibilidade e, se precisar colocar 100% do lucro da empresa em infra, vamos colocar, porque não temos nenhuma promessa de pagamento de dividendos, além do obrigatório e, por termos uma operação puramente móvel, estamos crescendo acima da média de mercado”, explica o diretor da TIM. Para se ter uma ideia, em 2010 a TIM pagou 35% do lucro líquido em dividendos; e em 2011, pouco mais de 40%. Em relação ao exercício de 2012 a TIM pagará R$ 743 milhões em dividendos obrigatórios e complementares a seus acionistas, o equivalente ao 51,3% do lucro líquido do período, que foi de cerca de R$ 1,45 bilhão. O saldo remanescente do lucro líquido ajustado menos o total dos dividendos distribuídos e da reserva de capital constituída (de R$ 82,4 milhões referentes a benefício fiscal de redução de imposto de renda em 2012), no montante de mais de R$ 551 milhões, foi alocado para a Reserva de Lucros para Expansão da TIM. 


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Bruno Amaral

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Conectividade em quatro rodas

produzir (ou importar) 20% da nova frota com o sistema antifurto, que traz funções de rastreamento e bloqueio de veículos. O módulo sai de fábrica inativo, com um chip que pode ser utilizado por qualquer operadora, mas a ativação não é obrigatória. Segundo o Denatran, o equipamento é parte integrante do veículo e qualquer interferência impossibilita sua movimentação. A partir do dia 30 de agosto deste ano, 100% dos veículos produzidos no País já deverão ter o sistema instalado de fábrica, com exceção dos ciclomotores, motonetas, triciclos, quadriciclos e motocicletas, que têm o prazo estendido para janeiro de 2014. Apesar de os veículos já existentes não terem a obriga-

“O Simrav em si foi projetado para um motivo único: combater furtos de carros. Porém, não deixa de ser um sistema de telemetria que vai abrir várias portas.” Ramzi Abdine, da Gemalto 22 Teletime abr_2013

ção de instalação dos módulos, o Denatran espera que haja uma diminuição no número de furtos de veículos. Abrindo portas Uma das empresas que investe no Simrav é a Gemalto, que afirma ter sido escolhida pela maioria das montadoras para fornecer os módulos. A companhia ainda atua em parceria com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) em uma plataforma para validar o sistema, chamada de Machine Identification Module (MIM), que é atrelada a um SIMcard um pouco diferente do convencional. “Quando falamos em rastreador dentro do carro, a temperatura é mais elevada e tem mais vibrações”, afirma o gerente geral de M2M para América Latina da Gemalto, Ramzi Abdine. Além disso, a empresa fornece a plataforma que gerencia o perfil da operadora dentro do SIMcard, que permite atualizar o componente overthe-air (OTA) para a escolha da tele que prestará o serviço. FOTOS: divulgação

H

istoricamente conservador, o setor automobilístico está se preparando para uma de suas maiores revoluções nos próximos anos. O conceito de carro conectado vem ganhando força com o anúncio de iniciativas governamentais e mesmo de parcerias de fabricantes com operadoras de telecomunicações. Mas pode ir muito além disso. Uma previsão da MarketsandMarkets diz que o mercado mundial deverá ser abastecido com um total de 59,86 milhões de veículos conectados até 2018, quando chegaria a um valor de US$ 98,42 bilhões. De acordo com o estudo, as maiores empresas incluem fabricantes como General Motoros, BMW, Ford, Audi e Daimler AG (controladora da Mercedes-Benz), além de companhias de tecnologia como TomTom, Apple, Intel e Microsoft. Evidentemente, o setor traz oportunidades também para as operadoras, como a AT&T, China Mobile e Deutsche Telekom. No Brasil, as iniciativas ainda engatinham, mas o cenário começa a mudar com iniciativas governamentais. Não será uma tarefa fácil. Segundo o último relatório do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), o País possuía em fevereiro deste ano 76,938 milhões de veículos, com um ritmo de cerca de 350 mil novos veículos por mês. Desse total, 43,085 milhões são automóveis, 5,310 milhões são caminhonetes e 20,159 milhões são motos (incluindo motonetas). Diante do amplo mercado, o governo quer estimular a conectividade por meio do Sistema de Mo­­ nitoramento de Veículos, o Simrav. De acordo com a Deliberação nº 128/2012 do Conselho Nacional de Trânsito (Conatran), a partir de janeiro de 2013 as fabricantes já teriam de

coloursinmylife/shutterstock.com

Com programas públicos como o Simrav no Brasil e o eCall na Europa, os veículos conectados começam a se tornar realidade. No entanto, ainda há muito espaço para oferecer serviços e funcionalidades.


Isso é necessário porque o cartão vem “branco” (ou seja, sem nenhuma operadora pré-configurada) e é soldado na placa do rastreador dentro do carro, na fábrica, então não é possível uma troca simples como acontece nos casos de handsets. “Por ser uma coisa que mudará ao longo do tempo, uma seguradora que trabalha com uma operadora e muda, por exemplo, não seria possível fazer recall para trocar os chips. Isso fez com que desenvolvêssemos essa troca remota”, diz Abdine. Apesar do Simrav não prever, a plataforma permite ainda o gerenciamento do módulo, atualização de firmware e recuperação de “certas informações” tanto do SIMcard quanto do dispositivo. “O Simrav em si foi projetado para um motivo único: combater furtos de carros. Porém, não deixa de ser um sistema de telemetria que vai abrir várias portas”, afirma Abdine. Um exemplo é o registro da velocidade do carro, que permite a uma seguradora, por exemplo, definir o valor do plano de acordo com a conduta do motorista, faturando conforme o perfil do usuário. É possível identificar inclusive em tempo real se a distância que o cliente afirma percorrer diariamente é condizente com a realidade. “É tudo através de uma mesma rede. Uma vez que tenha um módulo de comunicação, um SIMcard para ter a linha de conectividade celular e um GPS, isso é tudo que é preciso. O resto é aplicação e hardware que vai usar no carro, pois tem de colocar sensores para isso”, explica.

“o simrav é algo que só existe no papel. passou por muitas mudanças e a burocracia fez com que o texto ficasse cada vez mais longe da realidade.” Gil Odebrecht, da Ericsson Tecnicamente, a conectividade pode ser pela rede 2G, 3G ou LTE. “Quando falamos de recuperação de veículos, é um mercado muito competitivo em termos de preço, então hoje não há justificativa para usar 3G, pois há baixo consumo de dados e a concorrência é grande no mercado”, diz o executivo da Gemalto. Abdine acha ainda que, como existe demora na chegada de novas tecnologias, somente em 2014 ou 2015 que as montadoras introduziriam as conectividades mais avançadas. Mas a novidade não estará restrita a veículos mais luxuosos. “Estamos trabalhando com algumas empresas, então eu sei que isso vai acontecer e não apenas carros top de linha”, garante. Discurso semelhante tem o diretor de pequenas e médias empresas da Telefônica/Vivo, Rafael Denadai, que afirma que a operadora brasileira está se preparando para essa nova realidade. “É um mercado que a gente já havia identificado há alguns anos, então os investimentos feitos na rede são para suportar a nova demanda”, garante. Ele diz que, por conta do tamanho do mercado e da quantidade de veículos no País, um sistema de gerenciamento pode ser necessário. A Vivo oferece a plataforma Smart Center para gestão de conexões máquina-a-máquina (M2M). O mercado é, sem dúvida, convidativo para operadoras. “A Telefônica tem interesse em mercados M2M como um todo, então falamos de telemetria, gestão de frota, utilities e, principalmente, para grandes empresas e órgãos governamentais. Não queremos ficar de fora”, explica Denadai. “O mercado de gestão de frota é bastante amplo no Brasil e a operadora também está ampliando: fechamos uma parceria com outra empresa exatamente

A partir do dia 30 de agosto deste ano, 100% dos veículos produzidos no País deverão ter o sistema antifurto instalado de fábrica.

Sem carga extra A questão é que, extrapolando as demandas previstas pelo Simrav, o potencial para comunicação embarcada em carros é bem maior. Ramzi Abdine acredita que a quantidade de dados coletados em veículos depende da quantidade de sensores para a telemetria. “Você pode liberar 1 TB por dia no carro, não tem limite do que se pode medir. Mas hoje, no Brasil, é um caso típico de fazer rastreamento de carro e de carga, não é preciso muita banda. É mais a questão de atualizar de hora em hora.”

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para atuar neste segmento de veículos leves para pequenas e médias empresas”, conta. O acordo foi anunciado na primeira quinzena de abril com a Sascar, especializada em monitoramento e gerenciamento de frota. Denadai diz que a tele não irá competir com “parceiros que trabalham nesse mercado”, garantindo que irá atuar em um nicho determinado “onde a competição e sobreposição são menores”. Isso reflete uma tendência no mercado. Na opinião do gerente da Gemalto, Ramzi Abdine, o que acontece é que as companhias estão se adiantando ao exigido pelo programa antifurto do governo brasileiro. “Esse projeto está demorando tanto que a gente vê montadoras investindo em telemetria. Entrando ou não em vigor, elas vão começar a introduzir isso com conectividade”, prevê. “O Simrav continua parado, é algo que existe só no papel. É um projeto que passou por muitas mudanças no ministério das Cidades e a burocracia, até com o Denatran envolvido, fez com que o texto ficasse cada vez mais longe da realidade”, diz o gerente de desenvolvimento de mercado da Ericsson, Gil Odebrecht. Ele acredita que o problema se deu por conta de tentativas de deixar o texto muito aberto, facilitando a competição. “Quando começa a abrir demais, muitas coisas não fazem mais sentido, vira Frankenstein”, critica. Foco em segurança Outro ponto que pesa contra o sistema de monitoramento brasileiro é justamente a abordagem restritiva ao combate ao furto de veículos. Odebrecht compara com o eCall, um projeto da Comissão Europeia de 2011 que prevê um sistema de chamadas de emergência em caso de acidentes rodoviários. Com isso, o sistema liga automaticamente para o número de emergência único europeu (o 112, que tem prioridade na rede e é gratuito), em caso de acidente grave (após o acionamento do airbag, por exemplo), comunicando a localização do veículo. A ideia é que os Estados-Membros da União Europeia garantam a infraestrutura para as redes para que as chamadas do eCall possam ser efetadas eficientemente. O plano é de que todos os novos modelos de automóveis e veículos leves fabrica


dos na região estejam equipados com o sistema a partir de 2015. O executivo da Ericsson lembra ainda que, com atuação mais rápida no resgate em acidentes, a manutenção da rodovia pode diminuir eventuais congestionamentos antecipadamente. O projeto funciona com uma associação entre fabricantes de veículos e operadoras. “Existem projetos­piloto na Croácia, Suécia e Espanha envolvendo vários veículos, fabricantes, operadoras e fornecedores. A Ericsson tem participado nesses três países”, diz. “Não vai ser como aqui, lá vai realmente acontecer algo”, argumenta, comparando com o Simrav. “Tem a tecnologia que dá condições de salvar mais vidas, então não faz sentido não fazer”. Segundo Odebrecht, não é possível comparar a qualidade de redes de telecomunicações europeias com as brasileiras, até pela maturidade do tráfego de dados na Europa. “Mas a gente não pode pensar que o estado atual (no Brasil) perdure para sempre, ao longo do tempo as melhorias terão de aparecer, até porque a própria população tem cobrado e a Anatel tem cobrado das operadoras”, acredita. Ele assegura que a demanda, apesar de volumosa em quantidade de acessos, não será tão grande em questão de dados. “O carro conectado, o eCall ou o Simrav são coisas que demandam volume de dados muito reduzidos, são aplicações básicas e não será isso que vai sobrecarregar (as redes).” Conexão robusta A Telefónica Digital está fazendo um acordo semelhante ao eCall, mas com atuação global. Trata-se de uma negociação com a OnStar, empresa da General Motors focada em monitoração automotiva. “O acordo permite a futura expansão de serviços como chamadas de emergência e notificação automática de acidentes. Será para mercados fora dos Estados Unidos, Canadá e China, onde já existe algo do tipo”, afirma o diretor da Telefônica/Vivo, Rafael Denadai. Por meio de comunicado, o diretor­ executivo de Serviços Digitais da Telefônica/Vivo, Roberto Piazza, afirmou que não existem iniciativas da Telefónica Digital em LTE voltada ao segmento automotivo no Brasil ou na Europa por conta do estágio ainda inicial das redes 4G nessas regiões. “No mercado norte-americano, várias

Como funciona o eCall 3 2 Localização Usando posicionamento via satélite e triangulação das antenas de telefonia móvel, a localização exata do acidente é determinada e transmitida pelo eCall ao centro de emergência mais próximo, juntamente com informações adicionais, como o tipo de veículo e destino da viagem de acordo com o deslocamento.

Central de chamadas de emergência Quando a urgência de uma eCall é identificada, a localização do acidente aparece em uma tela e um atendende treinado tenta entrar em contato com o ocupante do veículo para colher mais informações. Se não há resposta, os serviços de emergência são enviados imediatamente.

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Ajuda mais rápida Graças ao sistema automático de notificação do local do acidente, os serviços de emergência como Polícia, Bombeiros e ambulâncias chegam muito mais rápido, traduzindo a economia de tempo em vidas salvas.

1 Chamada de emergência Uma chamada de emergência (eCall) é feita automaticamente pelo carro para o número 112 quando seus sensores (airbag, por exemplo) registram um acidente grave. A eCall também pode ser feita manualmente por um ocupante do veículo ao apertar um botão.

OEMs já desenvolvem serviços baseados em LTE para melhorar a experiência dentro dos veículos, tanto para os motoristas quanto para os passageiros. Atual­mente a Telefonica possui clientes de serviços M2M para veículos conectados (como a GM/OnStar) e está avaliando alternativas para viabilizar novos serviços para carros conectados, também por meio das redes 3G/3G Plus (nome comercial da rede HSPA+ da operadora no País).” A Ericsson, por sua vez, tem uma parceria com a Volvo para o lançamento do modelo XC-60, que chegará primeiro na Europa no começo de 2014. Gil Odebrecht diz que, apesar da conectividade surgir primeiro em um modelo premium, há possibilidade da tecnologia migrar rapidamente para carros mais populares. “O custo de solução embarcada de conectividade não é grande, e quando falamos de volume, o preço cai muito e o benefício é muito grande”, declara. Como vantagem, o executivo cita a possibilidade de a montadora informar ao proprietário do veículo sobre uma eventual necessidade de recall, ou de manutenção de rotina de uma determinada peça do veículo. “A fidelização vai ser muito grande em assistência técnica, porque o condutor irá levar o veículo a uma concessionária, então isso abre o mercado”.

Fonte: União Europeia.

Outra oportunidade, diz Odebrecht, está nas aplicações embarcadas. Ele cita serviços como rádio pela Internet e mídias sociais que podem gerar receitas novas, até mesmo por meio de publicidade. “Interessa ao fabricante para melhorar o relacionamento que ele tem com o usuário do veículo, buscando um cross selling melhor, com maior controle de qualidade e redução de custos”, diz. Tecnicamente, o carro conectado ainda pode conseguir uma recepção melhor para uma comunicação de banda larga. “A questão da cobertura nas rodovias é um ponto bem forte, mas o carro tem uma área maior do que a de um aparelho telefônico, então conseguimos também que o próprio carro tenha uma cobertura maior”, diz o executivo da Ericsson. Assim, a própria estrutura do carro pode servir como uma antena. A fornecedora tem contrato com a Volvo, mas não descarta parceria com outras montadoras, inclusive com planos já em andamento, mas ainda não revelados. O acordo com a companhia automotiva sueca, por enquanto, está restrito à Europa, mas deverá expandir mundialmente. “Não tenho dúvida que irá atingir outros mercados. O Brasil não será o primeiro, mas não será o último”, diz. “Outra coisa importante é que usará a nuvem, o que permite uma adoção mundial muito mais rápida”, garante. 

Tecnicamente, o carro conectado ainda pode conseguir uma recepção melhor para a banda larga e sua estrutura pode servir como uma antena.

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Ameaça over-the-top

ram efetivamente uma ameaça às suas receitas tradicionais o crescimento dos serviços over-the-top. As estimativas das operadoras apontam para um percentual que varia de 11% a 40% de todos os clientes utilizando em bases regulares serviços OTT, a depender da penetração dos smartphones e planos de dados, que são as duas variáveis necessárias ao desenvolvimento desse tipo de competição. Segundo a pesquisa, todas as operadoras acreditam que vão perder receitas nos próximos anos, e metade delas acha que a perda será superior a 20%. As estimativas do tamanho do mer-

cado OTT variam muito. Essa pesquisa da mobileSQUARED, baseada na opinião das operadoras móveis, projetou que esse será um mercado de US$ 166,5 bilhões em 2016. A estimativa é que em 2012 as operadoras já tenham perdido cerca de US$ 4 bilhões em serviços de mensagens para as provedoras OTT. As perdas com serviços de voz devem ser ainda maiores: a previsão é que o mercado de voz caia de US$ 714 bilhões registrados no ano passado junto às operadoras móveis para US$ 573 bilhões em 2016. A boa notícia para as operadoras é que o mercado OTT é desorganizado e, portanto, apresenta oportunidades importantes. Primeiro, os serviços OTT não são integrados. Ainda que existam quase 400 milhões de iPhones e iPads com o iMessage funcionando, eles não conversam com celulares da Samsung, com o seu iChat, que por sua vez não conversam com aplicativos como Viber e WhatsApp. É a chamada falta de interoperabilidade, algo que iniciativas ainda tímidas como o Joyn, lideradas pelas operadoras móveis em conjunto com a GSMA, tentam resolver. O Joyn é um

Vocês estão fazendo algo para combater o uso de serviços e aplicativos OTT em smartphones em seu mercado? 50 40 (em %)

A

expressão over-the-top (OTT) tem sido, a cada dia, mais corriqueira no mundo das telecomunicações. Serviços que trafegam em cima da rede banda larga são, de um lado, a grande novidade dos últimos anos, atraindo mais e mais consumidores para pacotes e planos banda larga, estimulando o consumo de handsets e tablets e criando inovação em produtos até então tradicionais. Mas também são os serviços OTT aqueles que mais tiram o sono das operadoras tradicionais, seja porque tiram receitas de serviços, seja porque congestionam as redes. De toda forma, os serviços OTT têm obrigado as operadoras a mudarem de posição e buscarem novos produtos. Serviços como o Skype já se aproximam de um bilhão de usuários e trafegam mais de um bilhão de minutos por dia (ainda que apenas uma parcela de menos de 1% desse tráfego seja cobrada). Um aplicativo como o Viber (ver entrevista em seguida) tem cerca de 175 milhões de usuários, 6 milhões deles no Brasil, e acredita-se que trafegue 3 bilhões de minutos de voz por mês e quase 10 bilhões de mensagens no mesmo período. Empresas como o WhatsApp tendem a seguir o caminho do Skype e serem vendidas para gigantes como o Google. E mesmo serviços como o iMessage da Apple, que é nativo de qualquer iPhone, é praticamente tão utilizado quanto o próprio SMS. Os números são estimados por diversos estudos, mas raramente são auditados ou de fonte primária, já que as empresas de OTT não são abertas em bolsa e nem têm nenhuma obrigação regulatória de dar transparência aos seus dados. Mas ainda que as informações sobre o tamanho dos serviços OTT sejam imprecisas, o receio por parte das operadoras é real. Pesquisa realizada no ano passado pela mobileSQUARED, que abrangeu cerca de 70 operadoras em todo o mundo, incluindo algumas no Brasil, constatou que 79% delas conside-

XYZ/shutterstock.com

Pesquisas indicam que serviços OTT acabarão drenando receitas dos serviços tradicionais, sobretudo em voz e SMS. Mas há alternativas para contornar a ameaça.

2011 2012

30 20 10 0 Não, não sabemos como

Não, fazemos Bloqueando Impondo o serviço cobrança Implementando Oferecendo dinheiro Fazendo serviço adicional IMS/LTE para Outros cobrando parceria com oferecer próprio OTT pelo provedor serviços de tráfego de OTT comunicação dados avançados (RCS) Fonte: Operator Research, Mobile Squared, 2012.

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projeto de desenvolvimento de serviços de mensagem avançados que apresentem um mínimo de padronização entre diferentes operadoras, como hoje funciona o SMS ou o MMS. Outra oportunidade, colocada por Talmon Marco, presidente da Viber (ver entrevista) é o desenvolvimento de parcerias entre serviços OTT e opera-

doras tradicionais, por meio de uma variedade de modelos. Desde faturamento conjunto até serviços com qualidade de acesso garantida. Outra possibilidade para as operadoras tradicionais é simplesmente bloquear o acesso aos serviços OTT, uma alternativa sem dúvida radical e que fere os princípios de rede neutra, mas que pode

ser uma solução caso a erosão de receitas seja mais grave do que se projeta. Um dado espantoso da pesquisa da mobileSQUARED é que 10% das operadoras entrevistadas já admitem que bloqueiam ou bloquearam algum serviço OTT, e 15% delas de alguma forma cobram um adicional para permitir o tráfego desses serviços.

Parceria é o caminho

TELETIME – Você percebe usuários do Viber mais ativos onde os preços das operadoras locais são mais altos ou não há uma correlação direta? TALMON MARCO – Pensamos que haveria, mas não estamos vendo isso de fato. O que vemos é algumas regiões com usuários mais ativos, mas acho que isso tem mais relação com preferências de serviço, moda, mas não parece haver uma relação com os preços praticados pelas operadoras. As pessoas são atraídas pelo Viber e por outros serviços concorrentes por conta de uma série de características, não apenas uma. Há mensagens, há a confirmação de entrega e leitura. A possibilidade de envio de fotos, a estrutura de chat, em que se pode saber se a outra pessoa está escrevendo ao mesmo tempo, a garantia de entrega da mensagem, ao contrário do SMS, e na maior parte dos casos o tempo de envio de mensagem é menor. Ainda há a possibilidade de comunicação em grupos, os stickers de expressão, a possibilidade de funcionar em todas as plataformas de smartphones. O que as pessoas usam mais no Viber: voz ou SMS? As pessoas entram inicialmente para

trolado por alguma operadora, mas seria apenas uma coincidência, não uma necessidade.

FOTO: divulgação

N

esta entrevista com Talmon Marco, presidente do Viber, ele conta o que seu aplicativo de voz e mensagens OTT tem de diferente em relação aos serviços tradicionais, propõe parceria com as empresas de telecomunicações e diz que a interoperabilidade não ajuda a inovação de novos serviços. O Viber é um serviço de voz sobre IP e mensagens avançadas que funciona a partir de um aplicativo instalado em smartphones que hoje ganha cerca de 500 mil usuários por dia e já passa de 175 milhões de clientes ativos, dos quais 6 milhões apenas no Brasil.

As operadoras enxergam o Viber e outros serviços over-the-top como competidores. Vocês têm a mesma visão? Prefiro dizer que estamos oferecendo às operadoras uma oportunidade de inovarem e se diferenciarem com seus serviços de banda larga. E a melhor maneira delas fazerem isso é se associando com empresas como o Viber. Talmon Marco

usar voz, mas passam a usar para mensagens também. Hoje eu diria que o uso para mensagem já está superando o uso para voz, pois as pessoas preferem falar por mensagens. Mas mesmo em voz temos mais de 120 milhões de minutos trafegados por dia. (NR: Além desses dados, há relatos de que o Viber já trafegue 3 bilhões de minutos de voz e 10 bilhões de mensagens por mês). O que é necessário em termos de infraestrutura? Temos 200 servidores. Os servidores centrais ficam no datacenter da Amazon, nos EUA, e temos alguns servidores regionais espalhados, inclusive um em São Paulo, que chamamos de media servers. Algum desses servidores são conectados a servidores de operadoras de telecomunicações? Não, até porque nesse momento os usuários do Viber não fazem chamadas para usuários de outros serviços. Eventualmente, algum dos nossos servidores pode até estar no datacenter conabr_2013 Teletime 27

Que papel cada uma teria? As empresas tradicionais seriam provedoras apenas de conectividade, não de serviços? Concordo que as operadoras até aqui têm sido as provedoras de conectividade e serviços. Mas os usuários estão demandando serviços melhores e mais inovadores, e por isso eles estão cada vez mais procurando serviços como o Viber e outros. A melhor forma para qualquer empreendimento ter sucesso é ouvir o que os clientes estão pedindo e seguir essa direção. Você notou alguma tentativa dos operadores tradicionais de bloquear ou comprometer a qualidade dos seus serviços? Vimos isso acontecer pontualmente. Nunca aconteceu na América Latina. O que fizemos foi divulgar em nosso website de que havia esse bloqueio e passamos a atualizar de tempos em tempos a informação. Isso dava aos nossos usuários a opção de escolher um provedor de rede que desse a eles o que eles queriam. Na medida que os usuários se posicionam contra esse tipo de atitude, cobram a sua operadora de rede, dificilmente o problema acontece, desde que haja outras ofer


.:Competição tas de provedores de conectividade. Esperamos que nossos clientes utilizem sempre operadoras que tenham um comportamento transparente em relação aos serviços over-the-top.

Nós somos 100% favoráveis à neutralidade de rede. Não aceitaríamos nunca um modelo que ativamente degradasse a qualidade de serviço de um de nossos competidores.

Vocês não têm nenhuma forma de receita. Como é o modelo de negócios e como isso vai mudar? Hoje estamos investindo na companhia e nos concentrando em conseguir uma boa base de usuários. Ainda este ano vamos começar a oferecer e operar serviços premium e esses serviços não serão gratuitos. A experiência do usuário e a qualidade do serviço será diferente, o que ofereceremos será algo que alguns usuários escolherão pagar.

Mas não estou falando de degradar a qualidade do competidor, mas de melhorar e garantir qualidade no seu serviço... Não vemos nenhum problema se uma carrier decidir dar ao Viber uma qualidade de serviço superior.

E a diferença é só a qualidade do serviço? Não apenas. Os serviços de voz e mensagem que temos hoje continuarão a ser gratuitos e vamos continuar melhorando a qualidade desses serviços. Mas vamos trazer alguns recursos adicionais que serão cobrados. Mas o serviço atual não será cobrado nem degradado. Vonage e Skype, por exemplo, optaram por um modelo de cobrança por chamadas locais, oferecer terminação de chamadas para números locais etc. Esse é o mesmo caminho? Não vou entrar nos detalhes da nossa oferta futura. Mas o que Vonage e Skype fizeram foi justamente oferecer serviços adicionais sem degradar o serviço que já prestavam. No nosso caso serão vários serviços premium, começando alguns já esse ano. Você mencionou o desejo de fazer parcerias com empresas de telecomunicações tradicionais. Que tipo de modelo de negócios é possível entre vocês e as teles com esses serviços? Vemos muitos modelos potenciais. Vemos o Viber sendo oferecido como um diferencial pelas teles, ou uma oferta de serviços premium por elas sem cobrança, como um diferencial, e podemos oferecer serviços premium com elas em que a cobrança seja dividida. Há várias outras formas e estamos desenvolvendo esses modelos. Você poderia eventualmente ter uma melhor qualidade de serviço na rede de determinada operadora em relação a outros provedores OTT?

Você tem acordos dessa natureza? Parece que tem uma parceria com a Axis, operadora da Indonésia, certo? Sim, temos uma parceria com a operadora Axis que permite aos seus usuários de banda larga usarem o Viber livremente (NR: sem consumo de franquia de dados). Vocês apostam no modelo de videochamadas também? É algo que certamente estamos olhando e temos interesse, mas ainda não anunciamos nada nessa área.

que o camelo é um cavalo desenhado por um comitê. O Joyn me parece exatamente isso. Estão em desenvolvimento desde 2007 e estão disponíveis hoje em poucas operadoras. A última vez que eu vi eram nove. Mas os recursos suportados pelo Joyn hoje são menos ricos do que o Viber e outros serviços OTT já oferecem, e nós estamos disponíveis em qualquer operadora. O meu ponto é que eles estão construindo notícia velha, e ainda levam meia década para chegar lá. O Viber 2.3 é velho se comparado ao Viber 3.0, que é a versão mais atual. É assim que a inovação funciona, é preciso correr mais rápido que os competidores. O Joyn está ai há alguns anos e não mudou nada desde então. Um dos riscos que parece que se colocam para provedores de conteúdos over-the-top como vocês é competir com empresas como Google, Apple e Microsoft, que também têm serviços OTT, mas também têm o controle dos sistemas operacionais e das lojas de aplicativos. Como vocês lidam com isso? Acho que os designers dos sistemas operacionais hoje entendem que o futuro deles está atrelado a que os desenvolvedores possam desenvolver em cima das plataformas. Além disso, os usuários de cada um desses sistemas operacionais gostam dos aplicativos desenvolvidos por terceiros. Não vejo isso como um risco. Não temos nem tivemos dificuldades de distribuir. No caso do BlackBerry (NR: onde, por limitação imposta pelo detentor do sistema operacional, sistemas de VoIP eram barrados), teremos os recursos de VoIP em pouco tempo, inclusive para o BB10. A Microsoft, que é dona do Skype, tem sido também muito atenciosa para o desenvolvimento do nosso aplicativo na plataforma deles.

viber adiciona 500 mil usuários por dia e já passa de 175 milhões de clientes ativos, dos quais 6 milhões apenas no Brasil.

Você funciona em redes 3G e redes Wi-Fi. As redes 3G de hoje têm capacidade de suportar um serviço como o Viber? Há muitas redes 3G diferentes. Algumas são melhores, outras nem tão boas. Varia muito. No Japão a qualidade das redes 3G é fenomenal, mas em outras mercados não tem nenhuma possibilidade de funcionar na rede 3G. Imagino que a maior parte dos seus usuários hoje utilize redes Wi-Fi, não? Depende do país. Sempre há um percentual das chamadas em redes Wi-Fi e outro em redes 3G, mas a proporção varia. Eu olho para o Brasil e vejo ainda uma diferença muito significativa entre esses dois tipos de usuários e essa diferença varia muito de operadora para operadora. Esse tipo de análise é fundamental para o nosso trabalho.

Você já se manifestou crítico de esforços que priorizam a interoperabilidade entre serviços over-the-top, como o Joyn. Por quê? Sempre cito um velho ditado que diz 28 Teletime abr_2013

Qual a perspectiva de expansão dos serviços do Viber para feature phones? É algo que definitivamente estamos buscando. Já temos o Viber rodando em plataformas S40, que estão em feature phones, e estamos olhando outras plataformas. Sem dúvida estamos olhando para outras plataformas onde possamos estar. 


.:pontodevista

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Brandon Collings* cartas.teletime@convergecom.com.br

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oje, as operadoras de rede revelam que a capacidade das suas redes está dobrando a cada seis meses. De acordo com a IDC, o tráfego de banda larga global, que inclui atividade de linhas fixas e móveis, pode atingir 116.539 petabytes por mês em 2015. Os motivos por trás dessa necessidade constante de ampliar a capacidade de banda passam pelo número crescente de pessoas acessando vídeo através dos seus PCs e TVs e pelo acesso cada vez maior através dos dispositivos móveis, a qualquer momento. No mundo inteiro, as redes fazem parte do cotidiano das comunicações e do compartilhamento de informações durante o trabalho ou a vida pessoal. Para reforçar e aumentar a velocidade das infraestruturas de transporte de rede (backbone), em 2012 as operadoras iniciaram a implementação em grande escala de equipamentos óticos 100G. A adoção da tecnologia 100G foi muito mais rápida que a 40G, com todos os agentes de mercado reconhecendo a necessidade da 100G e uma cadeia robusta de fornecedores cresceu, oferecendo uma série de soluções concorrentes. Muitos analistas acreditam que a tecnologia 100G terá um papel central em transmissão de dados, semelhante ao efeito da tecnologia 10G. A tecnologia 100G cria um novo padrão para o desempenho de rede, utilizando a largura de banda de maneira mais eficiente. Alinhada com padrões 100GbE, a tecnologia deve servir de base para velocidades de transmissão mais altas no futuro. A implementação da tecnologia 100G começou com placas de linha, seguindo a mesma trajetória da tecnologia 10G. O tamanho das peças deve ser reduzido rapidamente com novos avanços em componentes

VikaSuh/shutterstock.com

Horizontes para as redes

fotônicos, que reduzem custos e consumo de energia. Com a plena adoção da 100G em 2013, muitos agentes de mercado devem começar a analisar a tecnologia 400G. Muitos acreditam que a tecnologia 400G será implementada em dois formatos – supercanais com quatro esquemas de modulação de polarização dupla QPSK (modulação por chaveamento de fase em quadratura) codificados no comprimento de onda e dois comprimentos de onda codificados com polarização dupla em 16 QAM. Cada tecnologia apresenta suas vantagens e desvantagens. A modulação QPSK oferece desempenho melhor em longas distâncias, mas consome mais espectro dentro da fibra, enquanto a 16QAM tem um alcance menor e utiliza o espectro com mais eficiência. A opção de 16QAM deve ser mais apropriada em regiões de alta densidade, como a Europa e Costa Leste dos Estados Unidos, onde as distâncias para serviços ponto-a­ponto são menores. A opção QPSK deve ser adotada em áreas onde as distâncias entre grandes

Com a plena adoção da 100G em 2013, muitos agentes de mercado devem começar a analisar a tecnologia 400G.

abr_2013 Teletime 29

centros urbanos são maiores, por exemplo, a América do Norte. Muitas das tecnologias 400G são muito semelhantes às tecnologias 100G e já existem, e por esse motivo, as primeiras implementações podem ser realizadas no final de 2013 ou início de 2014. Ao lado da evolução em velocidades de transmissão, há o desenvolvimento de Redes Conscientes, que oferecem muito mais flexibilidade para a administração de tráfego, e que também avançaram muito em 2012. Essas redes incorporam capacidades de espectro sem cor, sem direção, sem contenção e flexíveis, permitindo a restauração e reequilíbrio automático do tráfego de rede pelas operadoras e o provisionamento rápido de novos serviços. Esse tipo de otimização de rede cria sistemas mais eficientes para administrar equipamentos e operações, reduzindo custos. Hoje, as operadoras de rede reconhecem o valor das Redes Conscientes e estão comprometidas com a sua adoção. A implementação dessas redes e todos os seus recursos deve começar em 2013. *Chief Technical Officer, Optical Communications, da JDSU.


Ricardo S. Russo* cartas.teletime@convergecom.com.br

FOTO: divulgação

.:pontodevista

A

tualmente, observa-se no País um crescente interesse no desenvolvimento de meios de pagamento alternativos, como forma de promover não apenas maior agilidade em transações comerciais como, ainda, possibilitar a inclusão no sistema financeiro de segmentos da população considerados “não-bancarizados” (indivíduos sem acesso a contas de depósito e/ ou cartões de crédito). Entre os modelos alternativos de meios de pagamento, destacam-se aqueles envolvendo a utilização de cartões pré-pagos e os sistemas envolvendo pagamentos móveis via celular (mobile payment). Com relação aos cartões pré-pagos, nota-se uma infinidade de espécies ou modalidades deste tipo de cartão, determinadas de acordo com o seu uso e atribuições. Tais cartões podem ser (i) de uso restrito (como, por exemplo, os cartões presente – gift cards – que somente podem ser utilizados na aquisição de bens e/ou serviços de uma única empresa); (ii) de uso específico a determinada finalidade (como é o caso dos travel cards – cartões pré-pagos de viagem – que permitem a realização de compras em diversos estabelecimentos e também o saque de dinheiro em espécie durante viagens internacionais); ou (iii) de uso genérico, permitindo a realização de compras em estabelecimentos diversos, saques, transferências e recargas. Os sistemas envolvendo mobile payment acabam por decorrer ou complementar as modalidades acima de cartões pré-pagos. Em outras palavras, tais sistemas podem ter as mesmas características de cartões pré-pagos (uso restrito, limitado ou genérico), porém, enquanto estes envolvem meio físico (cartão plásti-

co), as transações de mobile payment são feitas por meio de um aparelho celular. O desafio, atualmente, envolve a im­­ plementação de instrumentos pré-pagos de uso genérico. Exis­­­tem ainda aspectos jurídicos relevantes que devem ser considerados, envolvendo não apenas a falta de uma lei específica para tais instrumentos, como ainda uma indefinição quanto à utilização de regras e procedimentos existentes atualmente aplicados a outros meios de pagamento (por exemplo, formas adequadas de identificação de clientes, nível de adoção de controles preventivos de lavagem de dinheiro, limites à cobrança de taxas, observadas regras consumeristas e bancárias, entre outros). Além disso, no caso por exemplo dos sistemas de mobile payment, além de questões tecnológicas e de infraestrutura, há questões envolvendo ainda as atribuições e responsabilidades de cada uma das empresas que atuam para viabilizar esse produto (instituições financeiras, empresas de telecomunicações, bandeiras, credenciadoras, processadoras, entre outros) e, potencialmente, a supervisão e regulação de autoridades monetárias e de telecomunicações. Conforme recentemente divulgado, o Banco Central e o Ministério das Comunicações vêm trabalhando junto com o Governo Federal na definição de

Banco Central e o Ministério das Comunicações vêm trabalhando junto com o Governo Federal na definição de um marco legal e regulatório sobre o assunto.

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Oleksiy Mark/shutterstock.com

Pagamentos móveis: desafios regulatórios

um marco legal e regulatório sobre o assunto. A expectativa é de que ainda este ano – através de lei ou medida provisória – sejam regulamentadas as atividades envolvendo certas transações com cartões pré-pagos e mobile payment. Desta forma, uma vez estabelecido o marco regulatório, os cartões pré-pagos e os sistemas de mobile payment tendem a se firmar como importantes meios de pagamento no País, observada a demanda potencial para tais instrumentos (atualmente, de acordo com dados do Ministério das Comunicações, os celulares estão presentes em 87% dos domicílios brasileiros), a possibilidade da sua utilização por uma parcela da população ainda não-bancarizada ou com moradia em locais distantes, e a agilidade que podem trazer às transações comerciais. *Sócio do escritório Pinheiro Neto Advogados. Colaboraram as advogadas associadas Bianca Bocage e Tatiana Guazzelli.


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