Stylish magazine 3

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Filipe faisca É um ícone da moda portuguesa. Desde tenra idade que dava conselhos à mãe sobre as peças de roupa. Desde criança que dava opiniões sobre a imagem das pessoas. Acabou por seguir design na escola, pois na altura não existiam cursos direcionados para a moda. Nessa altura já explorava muito a área da moda nas disciplinas que o permitiam fazer. Quando se mudou para Lisboa focou-se na área. Se não fosse estilista teria sido pintor ou bailarino. O que é que é para si a moda? Como define moda? A moda é muito diferente, tem a ver com tendências com a forma como os mercados se relacionam com a moda e com as necessidades de vários mercados. Há várias modas e vários mercados que se vão cruzando cada vez mais. Caminhamos para uma moda mais democrática. Não é como nos anos 50, 40 ou 30, em que havia períodos longos de 10 anos. É mais efémera porque a vida é mais rápida, a noção de tempo também é diferente. Tudo muda. A moda é vida e é o retrato das pessoas que vivem a vida intensamente. De onde surge a sua inspiração? Vou buscar inspiração na energia das pessoas. Hoje podemos cruzar épocas, podemos fazer moda com os anos 20. Inspiro-me muito mais na energia das pessoas, aquilo que elas são, a maneira como vivem a vida. Editoriais de moda funcionam como o cinema, inspiram-me, eiu gosto, mas são histórias que se podem adequar ou não há minha moda. Para fazer os desfiles cruzo imensa informação de vários pontos de arte e filtro conforme a minha intuição. Os Estilistas também são influenciados pelas tendências? Estilistas são muito influenciados pelas tendências. As tendências funcionam em vários campos, tem as direcionadas para industria e para os criadores. Para os criadores acontecem muito antes da industria, há um espaço de tempo entre ambos de cerca de 5 anos. Quando vê nos desfiles lá fora, quando dois ou três estilistas lançam uma cor ela já é considerada

tendência, mas o grande mercado só vai usar mais tarde. São eles que lançam essa cor tendência que só passados alguns anos passa para a indústria. Esses designers vão buscar essas fontes de inspiração com “gurus” de moda. Pessoas que fazem muita pesquisa, sobre o que irão ser as tendências dos mercados, como o mundo muda, e como vai obrigar as pessoas a novas necessidades. Qual o momento mais emotivo em toda a fase e criação de uma peça? Quando faço a primeira prova. Quando vejo a reação e energia da pessoa que está a vestir a peça. E vejo que aquilo que eu previ à distância bate certo. Sente o seu trabalho reconhecido em Portugal? Não, de todo. Portugal é um país que não dá reconhecimento a ninguém. Os portugueses são muito virados para o estrangeiro., tudo é que é estrangeiro é melhor do que é nacional. Motivamo-nos muito com viagens, com saber falar outras línguas, motivamo-nos muito com os objetos, as formas de viver e de estar de outros países e damos pouco importância - 76 -

ao que temos e nosso próprio desenvolvimento. Apercebemo-nos disso quando os estrangeiros elogiam o nosso país. E Pensamos: “bolas mas porque não pensamos assim também!” O que falta para valorizar este setor? Hoje em dia ainda não se vê a moda como uma indústria em que se faturam milhões e que abrange milhares de pessoas. Não se deve levar isto de ânimo leve. Ainda há uma mentalidade que moda é ver mulheres bonitas. Falta em Lisboa uma rua só de criadores portugueses. Em que se promove o que se faz cá. Portugal tem e sempre teve muito talento. Os trabalhos artesanais são exemplo de talento há várias décadas. A nossa gastronomia igual Não é uma questão de falta de criatividade é falta de vontade política e de promover o nosso país no estrangeiro. Qual a frase que o define? “Uma pessoa que sente demais” Texto: Inês Pereira


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