Fotolivro da Jornada do Patrimônio 2017 - Construindo Histórias

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FOTOLIVRO JORNADA DO PATRIMÔNIO 2017 CONSTRUINDO HISTÓRIAS Prefeitura da Cidade de São Paulo Secretaria Municipal de Cultura Departamento do Patrimônio Histórico Núcleo de Valorização do Patrimônio ©Secretaria Municipal de Cultura, 2020 Proibida a reprodução total ou parcial sem a prévia autorização dos editores. Direitos reservados e protegidos de acordo com a Lei 9.610⁄1998, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Fotolivro da Jornada do Patrimônio 2017 : Construindo Histórias / Organização: Higor Henrique Advenssude Teixeira. -- 1. ed. -- São Paulo : Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo, 2020. -(Fotolivros da Jornada do Patrimônio da Cidade de São Paulo ; 1) ISBN 978-65-89128-02-1 1. Cultura 2. Memória Cultural 3. Patrimônio Cultural 4. Preservação Histórica I. Teixeira, Higor Henrique Advenssude. II. Série. 20-49208 Índice para Catálogo Sistemático: 1. Patrimônio cultural : Memória e preservação 363.69

CDD-363.69




JORNADA DO PATRIMÔNIO 2017 CONSTRUINDO HISTÓRIAS



A Jornada do Patrimônio foi criada pela Secretaria Municipal de Cultura, por meio do Departamento do Patrimônio Histórico e da Coordenadoria de Programação Cultural, para democratizar o acesso ao patrimônio cultural de São Paulo e estimular a população a reconhecer e valorizar os bens que tratam da memória e identidade dos diferentes grupos sociais presentes na cidade. Inspirada nas Journées Européennes du Patrimoine, tem como objetivos específicos a abertura de imóveis históricos tombados à visitação pública, com programação de visitas mediadas, palestras e oficinas. Em certo casos, essas atividades tratam apenas do imóvel e sua história com relação à da cidade, em outras vezes, oferecem conversas sobre preservação e restauro, ou mesmo trazem os imóveis históricos como cenário de eventos artísticos que apresentem o patrimônio cultural de maneira mais ampla ao público. A Jornada do Patrimônio tem ainda como objetivo conduzir a população a explorar a cidade por meio de roteiros de memória temáticos e estimular agentes culturais, mestres, pesquisadores, educadores, artistas e instituições culturais a propor e organizar atividades culturais que se relacionem com o projeto, para que o evento seja uma oportunidade de identificação de bens e práticas culturais em todos os territórios da capital paulista.

Higor Advenssude

Coordenador Geral da Jornada do Patrimônio


sumário Números da Jornada

construindo histórias

imóveis históricos

1. Estudar

8

16

5. Lembrar

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2. Trabalhar

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6. Circular

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3. Morar

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7. Passear

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4. Comprar e Vender

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1. Antiga Fábrica da Alpargatas

48

6. Casa de Dona Sebastiana

53

2. Arquivo Histórico Municipal

49

7. Casa de Vidro

54

3. Biblioteca Anne Frank

50

8. Casa do Povo

55

4. Biblioteca Narbal Fontes

51

9. Casa Nadir Oliveira

56

5. Casa Amarela da Vila Romana

52

10. Casarão Nhonhô Magalhães

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o

roteiros de memória

11. Casa Vilanova Artigas

58

16. Fundação Ema Klabin

63

12. Copan

59

17. Memorial da Resistência

64

13. CCBB

60

18. Museu Judaico de São Paulo

65

14. Edifício Parque das Hortências

61

19. Palácio dos Bandeirantes

66

15. Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia da PUC/SP

62

20. Palacete Conde das Sarzedas

67

21. Theatro Municipal

68

1. Arte-circuito Sé

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11. Fotografia de Rua: O Minhocão

88

2. A Revolução de 1932 na Capital

78

12. Geoturismo Urbano

89

3. Arqueologia: o Metrô descobrindo o passado

79

4. A Zona de Meretrício no Bom Retiro

13. História Viva no Cemitério do Araçá: Memória e Preservação 90

80

14. Nase Malo Misto (nosso pequeno lugar) 91

5. Caçando Histórias e Pokémon: Um Roteiro pelo Parque da Água Branca 81 6. Café e Cafeterias

82

7. Caminhada Histórica no Instituto Butantan

83

8. Caminhada pela Estrada de Ferro Perus Pirapora

84

9. Cartográficas de São Paulo: Presença e Ausência da Paupolação Negra 85

oficinas e palestras

10. Esse Castelo será meu!!!

86

1. A Obra de Almeida Júnior

102

2. A Restauração do mosaico do Teatro Cultura Artística (2010/2011) 103 3. Casa de Vidro: Conservação em foco 104

apresentações artísticas

15. Ó: caminho, estrada, avenida

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16. Oscar no Centro. No Centro, Oscar

93

17. Passeio a pé pelo Ipiranga: o Museu e seu entorno

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18. Patrimônio Industrial de São Paulo

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19. Roteiro do Sesc Pompeia

96

20. Trilhando o Jardim da Luz: Memórias de um Patrimônio Ambiental Urbano 98

6. Mandala de Referências Culturais: O quê é bem cultural para você? 106 7. O desafio de limpeza de superfícies de edifícios históricos: o caso do Theatro Municipal 107

4. Conhecendo o Candomblé

105

8. Fotojornada do Patrimônio: Construindo Histórias

5. Desconstruindo a Cidade

106

9. Redesenhando patrimônios da Cidade 110

108

1. Confraria da Jornada- O Grande Encontro: Os Fofos Encenam + Cia La Mínima

116

2. Lançamento de Livros

118

SESC na Jornada

124


zona norte

zona leste

zona oeste

centro

zona sul

nĂşmeros

DA JORNADA


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06 07 17 27 27 51 73 90 300 13.358 505.383

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LIVROS LANÇADOS EXPOSIÇÕES APRESENTAÇÕES ARTÍSTICAS OFICINAS ROTEIROS SESC PALESTRAS ROTEIROS DE MEMÓRIAS IMÓVEIS HISTÓRICOS EVENTOS DE PÚBLICO DE REAIS INVESTIDOS

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Com o tema “Construindo Histórias”, a 3ª Jornada do Patrimônio, organizada pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH), buscou abordar a inserção do patrimônio no presente por meio das mudanças de uso e significado dos bens culturais, por meio do estabelecimento de um diálogo entre passado e futuro desses bens e da própria cidade. O patrimônio histórico, essencialmente formado com base nas experiências do passado, nos permite correlacionar memória e identidade, de modo que a leitura dessas camadas nos torna capazes de projetar o futuro. O evento foi realizado nos dias 19 e 20 de agosto de 2017. Como novidade, desenvolveram-se textos e exposições para construir histórias e estimular a discussão das relações entre passado e futuro sob sete subtemas: “Estudar”, “Trabalhar”, “Morar”, “Comprar e Vender”, “Circular”, “Lembrar” e “Se Divertir”. O reconhecimento e a reflexão sobre mudanças e permanências históricas, por meio dessas ações sociais de apropriação da cidade, procurou evidenciar o papel do patrimônio e da memória na produção do futuro da cidade.

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construindo


construindo histรณrias: conceitos e eixos

FOTO: Rafaella Arcuschin


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A Jornada do Patrimônio 2017 se propôs a refletir sobre as mudanças de uso e significado do patrimônio e o que estas projetam para o futuro. O patrimônio nos oferece a possibilidade de ler na cidade o processo que a formou, desde a aldeia jesuítica que se tornou entreposto de rotas comerciais, foi alçada a metrópole industrial com a riqueza do café e soube se reinventar como centro mundial de cultura e serviços. Se a cidade é o texto construído que condensa diversos tempos históricos, sua leitura atenta é a melhor aposta para caminharmos com segurança para o futuro. Mas a forma como os bens culturais são interpretados está sujeita a alterações ao longo do tempo, o que levanta algumas questões. Quais valores considerar na preservação de determinado bem? Como pensar essa preservação para o futuro, que trará novas leituras para o mesmo patrimônio? Quais são as ferramentas disponíveis para sua gestão e para sua valorização? O patrimônio histórico orienta o futuro de outra forma muito importante: ao produzir identidades coletivas. Em países do mundo todo, o patrimônio integra o sistema de direitos fundamentais e é quase sempre compreendido como base da identidade de um povo ou nação. Na Constituição Brasileira, os bens culturais são vistos como “portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira” (Artigo 216). Mas o que identidade tem a ver com o futuro? A transformação de narrativas individuais em discursos coletivos habilita a participação social ativa na construção do futuro da cidade. É o velho ditado: a união faz a força. E o patrimônio tem tudo a ver com isso. Habitar a cidade, esse texto histórico

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vivo, nos conduz à construção compartilhada do futuro a partir dos bens que herdamos. O patrimônio tem papel fundamental no desenvolvimento humano e na qualidade de vida e é parte inseparável do desenvolvimento de bases ecológicas. Usar as edificações existentes é uma ótima maneira de evitar o desperdício de recursos naturais gerado pelas demolições. Isso não quer dizer que a cidade precisa ser ‘congelada’, mas que as preexistências devem orientar sua contínua produção. Intervenções contemporâneas em áreas e edifícios históricos são bem vindas quando feitas com esse espírito. Elas atualizam os bens culturais e os inserem no futuro da cidade, contribuindo para sua conservação. Em 2017, a programação da Jornada foi organizada em eixos que tratavam do modo de viver na cidade. Em cada um deles, por meio de roteiros, visitas a imóveis, palestras e apresentações artísticas, foram investigadas mudanças e permanências, com o objetivo de evidenciar o papel do patrimônio e da memória na produção do futuro da cidade. Veja os sete eixos na sequência.

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estudar

DAS ESCOLAS DA REPÚBLICA AO CONVÊNIO ESCOLAR

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As escolas e equipamentos, como bibliotecas, planetário e teatros, do Convênio Escolar, inspirado no conceito de escola-parque formulado por Anísio Teixeira, constituem um dos primeiros grandes projetos institucionais em arquitetura moderna desenvolvidos e construídos no Brasil, ainda nas décadas de 1940 e 1950, antes do Parque Ibirapuera e Brasília. Anteriormente, as Escolas da República, os antigos grupos escolares com seus pátios internos e, depois, as escolas construídas na linguagem art déco, já pensavam o espaço de convivência dos alunos. Esse aspecto permaneceu e foi explorado ao máximo no Convênio, mas então expresso na linguagem arquitetônica moderna de seus edifícios e na busca pela industrialização e materiais mais baratos. O objetivo era construir o máximo de escolas com o menor custo, mantendo a qualidade ambiental e a disposição do programa. A Jornada explorou as permanências e mudanças entre os primeiros grupos escolares e os equipamentos do Convênio, e qual é a continuidade dos projetos materializados nesses patrimônios históricos com as escolas construídas hoje, como os CEUs, em São Paulo; e os Cieps, no Rio de Janeiro. Também entraram na discussão as instituições de ensino superior, cujos edifícios são patrimônios da cidade, como a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, a Escola Politécnica e seu primeiro edifício na região da Luz, e a própria Cidade Universitária.

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Com a Proclamação da República, em 1889, iniciou-se um grande programa de organização do ensino público no Estado de São Paulo. A construção de mais de 150 escolas, em cerca de 30 anos, e a formação de professores por meio das Escolas Normais fizeram parte dessa política. Essas escolas podem ser reconhecidas por suas características arquitetônicas, vinculadas ao chamado ecletismo. As fachadas eram projetadas e ornamentadas com referências aos estilos europeus em voga, especialmente o neoclássico, com colunas, capitéis e elementos decorativos em argamassa. Eram geralmente implantadas em terrenos extensos e se destacavam na paisagem como símbolos da educação. O caráter monumental da Escola Caetano de Campos e sua localização num espaço público importante, que recebeu o nome de Praça da República, atestam essa intenção. A maioria dessas escolas construídas na cidade segue usada para o ensino, como a Escola Estadual Rodrigues Alves, na av. Paulista.Outros exemplos são a escola Romão Puiggari, no Brás, a Marechal Deodoro, na Barra Funda, a Santos Dumont, na Penha. A chegada dos anos 1920 e 1930, período de intensa urbanização e demandas sociais crescentes no país, trouxe novas questões. O Departamento de Cultura da cidade de São Paulo, criado em 1935 e dirigido pelo escritor e intelectual modernista Mário de Andrade, foi responsável pela organização de uma rede de jardins de infância para dar conta do crescimento demográfico em bairros operários como Lapa, Ipiranga e Mooca. Além de atender uma nova faixa etária, em conjunto com as bibliotecas infantis, os jardins incluíam atividades com as crianças relacionadas à valorização da

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cultura popular brasileira. No final dos anos 1940, um novo programa, o Convênio Escolar, adota modelos pedagógicos elaborados e sistematizados pelo educador Anísio Teixeira e seguidores. Articulando-se com as novas possibilidades espaciais da arquitetura moderna, permitiu a construção de conjuntos escolares que incluíam equipamentos como quadras, teatros, bibliotecas. O projeto representava uma nova pedagogia, que apostava numa formação mais ampla do estudante. Essa ideia viria a ser explorada novamente nos projetos dos CEUs nos anos 1990, construídos nas novas periferias paulistanas.


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trabalhar

PATRIMÔNIO INDUSTRIAL

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Com mudanças na economia e necessidades logísticas, as antigas zonas industriais que impulsionaram o desenvolvimento de São Paulo foram em parte esvaziadas e aguardam novas ocupações. O patrimônio industrial está entre os mais relevantes para contar a história da transformação da cidade de São Paulo na metrópole em que vivemos hoje, mas isso não significa que a única possibilidade de preservação para as antigas fábricas seja a transformação em centros culturais. A partir de bons projetos de intervenção, esses edifícios sem uso podem se transformar em universidades, espaços de coworking, áreas para eventos, supermercados etc. O uso, que é um dos principais meios de preservar um imóvel histórico, também ajuda a lançar o patrimônio no futuro da cidade.

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A localização estratégica da cidade de São Paulo, que facilitava as ligações entre o Porto de Santos e as áreas de produção agrícola no interior, foi responsável pelo seu crescimento no século 19 e posterior metropolização. Essa riqueza dependeu, durante muitas décadas, da exploração do escravo africano nas fazendas de açúcar e café, sendo primeiro transportada por tropas e, depois, pelos trilhos da ferrovia. A expansão capitalista permitida pelos lucros da agricultura, os novos meios de produção industrial, o transporte ferroviário e a chegada dos imigrantes geraram alterações profundas e rápidas na paisagem de São Paulo. Inúmeras fábricas instalaram-se próximas às diversas ferrovias que cruzavam a cidade, acompanhando as áreas baixas e retificadas ao longo dos Rios Tamanduateí e Tietê e, posteriormente, do Pinheiros. Bairros como Brás, Mooca, Água Branca e Lapa surgiram ou se expandiram com a construção de galpões industriais, casas para operários e comércio. A paisagem natural das várzeas e dos campos de Piratininga rapidamente se alteraram com a arquitetura industrial típica –galpões em série com paredes de tijolos aparentes, telhados recortados, chaminés– e o extenso casario modesto, mas de fachadas bem compostas e porão alto, construído pelos mestres de obras de origem europeia. As alterações econômicas e sociais, que se intensificaram desde o fim do século 20, provocaram impactos tanto nessa paisagem, com a substituição das fábricas por edifícios ou centros comerciais, quanto na adaptação de construções fabris para novos usos, preservando muitos exemplos importantes da arquitetura industrial paulistana.

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morar

DAS CASAS BANDEIRISTAS AOS CONJUNTOS MODERNOS

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Quando São Paulo começou a crescer, os imigrantes que chegavam para trabalhar na sua indústria nascente se alojaram em cortiços e, mais tarde, em vilas operárias construídas ao lado das fábricas pelas indústrias. Nos anos 1950, com as políticas habitacionais de Getúlio Vargas, vieram os conjuntos modernos –boa parte deles com alta qualidade arquitetônica e de inserção urbana– dos Institutos Aposentadorias de Pensões (IAPs), que atendiam os trabalhadores da classe média empregados no comércio, na indústria e no setor bancário. Com a explosão demográfica nos anos 1960-70, quando São Paulo recebeu milhares de migrantes de outros estados, que passaram a trabalhar especialmente em sua indústria e na construção civil, foram construídos os conjuntos da Cohab e do BNH, já sem a inserção urbana que os conjuntos IAP promoveram, mas que procuraram suprir parte de um déficit habitacional que persiste ainda hoje. Há experiências contemporâneas que retomaram tal inserção, a exemplo dos conjuntos produzidos a partir dos concursos do programa Renova São Paulo, como o do Jardim Edith. Para que direção aponta a produção habitacional da cidade de São Paulo e o que ela pode extrair de lições positivas e negativas do patrimônio habitacional tombado, constituído especialmente por suas vilas e conjuntos dos IAPs? Como é morar hoje nesses lugares?

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Nos três primeiros séculos desde sua fundação, o casario da capital mostrava uma clara herança das cidades portuguesas. As construções, geminadas e erguidas rente ao passeio, sem recuo, conformavam uma paisagem em que a continuidade era a imagem mais marcante. Essa configuração ainda podia ser vista no registro feito em 1939 na Rua das Flores, perto da Praça da Sé. A partir de meados do século 19, com as rápidas transformações econômicas e políticas obtidas com a riqueza oriunda do cultivo do açúcar e do café no interior, e da industrialização subsequente, esse casario, antes de taipa, passou a ser construído em alvenaria de tijolos, e sua arquitetura se inspirava nos novos modelos europeus. Exemplos dessa mudança eram os palacetes afrancesados, onde a elite paulista passou a se estabelecer, e as moradias das classes médias nos novos bairros que surgiram ao redor do centro, como Barra Funda e Bela Vista. Ainda no século 19, surgiram bairros operários com casarios mais modestos e vilas próximas às fábricas para abrigar os trabalhadores imigrantes. Eram construídas por mestres de obra, em sua maioria também imigrantes italianos, espanhóis e portugueses. Ao mesmo tempo surgiam os cortiços, moradias coletivas subdivididas em cômodos em torno de áreas de uso comum. Abrigavam os grupos de imigrantes mais pobres, muitas vezes recémchegados procurando se estabelecer na cidade. Com o crescimento demográfico, a partir dos anos 1940 o Estado procura criar uma solução de moradia popular pública vertical, os IAPs. A verticalização ocorre ao mesmo tempo nos bairros das classes média e alta, como Higienópolis e Consolação. A partir dos anos 1980, a verticalização passa a ser o padrão do morar paulistano.

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FOTO: C. Araújo


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comprar e vender

REGIÕES TRADICIONAIS DE COMÉRCIO

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Algumas regiões de São Paulo seguem como polos tradicionais de atividades comerciais específicas. Há uma zona de madeireiras no Glicério, de confecções e tecidos no Brás, de luminárias na Rua da Consolação, uma zona cerealista próxima ao Mercadão, comércio de automóveis nos Campos Elíseos, maquinários nas Ruas Florêncio de Abreu (a Casa da Boia, por exemplo, é tombada) e Piratininga (que servia às fábricas do Brás), eletrônicos na Santa Efigênia (a atividade começou com a indústria cinematográfica da Boca do Lixo). O que esses locais contam sobre o desenvolvimento da cidade, sobre os imigrantes, como eles persistiram e qual seu futuro?

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Cidade que se desenvolveu, em grande parte, por sua localização estratégica na passagem de muitos caminhos por terra, trilhos e rios, São Paulo concentrou intensas atividades produtivas e de comércio. Comprar e vender o que se produzia passou a marcar e especializar determinados locais no espaço urbano. Desde as formas mais simples de trocas no comércio informal de rua existente desde o século 19, passando pelos mercados “caipiras” situados junto ao Rio Tamanduateí até os grandes “magazines” do início do século 20, como o antigo Mappin, a cidade abrigou espaços especializados na compra e venda de mercadorias. O crescimento e a abrangência metropolitana de São Paulo, a partir da década de 1950, propiciaram o surgimento de novas formas de organização do comércio, como as inúmeras galerias modernas que marcaram o Centro Novo, entre elas a Triângulo, projetada pelo escritório de Oscar Niemeyer. Dessa forma de organização aos imensos centros de compra atuais (shoppings centers) foi um passo rápido que resultou na perda de vitalidade de muitas áreas tradicionais de comércio. Outras, porém, seguem vigorosas, como as da região da Rua 25 de Março e do Mercado Municipal da Cantareira.

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circular

EXPANSÃO URBANA E CIRCULAÇÃO NA CIDADE

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São Paulo começou sua expansão quando seu centro histórico superou as barreiras dos rios Anhangabaú e Tamanduateí. O centro de serviços saiu do triângulo histórico para o chamado Centro Novo e, nos anos 1970, migrou para a Avenida Paulista. E continuou a “caminhar” pela cidade na direção Sudoeste, se instalando nas avenidas Faria Lima, nos 1980, Berrini, nos 1990, e chegando à Marginal Pinheiros nos 2000. O local de moradia da população de maior poder aquisitivo seguiu esses centros. Nessa dinâmica, que induz demolições, patrimônios surgiram (MASP, Conjunto Nacional) e desapareceram (casarões ecléticos). Ao mesmo tempo, especialmente nos sentidos Leste e Sul, se expandiram os bairros populares, para os quais ainda está aberta a definição de seus patrimônios. Dentro dessa dinâmica, mudou também o modo de circular na cidade e as imagens do Centro Histórico (sofisticado, moderno, degradado, “hipster”). Hoje, jovens de profissões criativas voltam ao centro em busca de urbanidade, de estar perto de tudo, da mobilidade proporcionada pela grande oferta de transportes coletivos e de uma nova cena que mistura bares, restaurantes e galerias de arte.

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Até a segunda metade do século 19, São Paulo se concentrava na região que hoje conhecemos como Centro Velho, o Triângulo Histórico delimitado pelas igrejas de São Bento, São Francisco e do Carmo. Essa cidade antiga, com seu casario, comércio e edifícios institucionais (sede do governo, cadeia, assembleia legislativa), se constituiu em torno do núcleo religioso e político a partir do qual ela se formou: o Pátio do Colégio. Havia intensa circulação de pessoas em locais como o Largo do Tesouro e a rua Quinze de Novembro, situação que se prolongou até meados do século 20. O centro dinâmico da cidade começou sua expansão e deslocamento com o loteamento da chácara que deu origem ao Centro Novo (atual região da República) e com a construção do primeiro Viaduto do Chá, no final do século 19, transpondo a barreira do vale do rio Anhangabaú. A reurbanização do vale e a construção do Theatro Municipal e outros edifícios importantes entre os “dois centros” consolidaram essa reorganização. Esse novo centro que se afirmou na região da Praça da República a partir dos anos 1930 ganhou rápida importância cultural e comercial com a implantação da Biblioteca Mário de Andrade e o surgimento de edifícios altos com galerias comerciais no térreo, estabelecimento de sedes de jornais e de instituições de classe como o Instituto de Arquitetos do Brasil, além da concentração de cinemas conhecida como Cinelândia. A partir dos anos 1960, um grande número de bancos e empresas de grande porte migrou para a avenida Paulista. Nessa dinâmica, que induziu demolições e construções, patrimônios surgiram (MASP, Conjunto Nacional, edifício Pauliceia) e desapareceram (quase todos os casarões ecléticos).

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O centro continuou a “caminhar” pela cidade na direção Sudoeste, se instalando nas avenidas Faria Lima, nos anos 1980, Berrini, nos 1990, chegando à Marginal Pinheiros nos 2000. As áreas dedicadas à moradia da população de maior poder aquisitivo seguiu a movimentação do centro desde o início, impulsionando a formação de bairros como Higienópolis, Jardins, Pinheiros, Cidade Jardim, Itaim Bibi e Morumbi.


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lembrar

O SIGNIFICADO DINÂMICO DOS MONUMENTOS E EDIFÍCIOS

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Monumentos e edifícios que expressam a identidade paulistana e de seus grupos sociais permanecem, mas seus significados mudam e os reinserem no futuro. Exemplo é o Monumento às Bandeiras, erguido em momento de construção de uma narrativa mítica da fundação de São Paulo, mas que hoje acumula a essa imagem original outros valores, principalmente considerando a questão indígena, o que o tornou alvo de protestos. Essa busca, nos anos 1920, de uma identidade nacional, também levou à perda de valor social da arquitetura eclética que, de signo de modernidade, passou a ser vista como mera cópia dos estilos europeus, denotando subserviência. Nesse momento, as casas bandeiristas, até então tidas como meras casas rurais velhas, surgiram como patrimônio paulista por excelência. Outro exemplo do dinamismo de significados é o Edifício Sampaio Moreira, antes visto como arranha-céu símbolo da modernidade paulistana, mas que hoje, frente à nova escala dos prédios em seu entorno, é quase um bibelô.

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Os monumentos e edifícios que expressam a identidade paulistana e de seus grupos sociais permanecem, mas seus significados mudam e os reinserem no futuro. O Edifício Altino Arantes, antiga sede do Banco do Estado de São Paulo, tornou-se um dos símbolos mais fortes e marcantes da São Paulo que se tornava metrópole nas décadas de 1950 e 1960. O Altino Arantes, em sua localização privilegiada e arquitetura inspirada nos modelos de arranha-céus norte-americanos, substituiu como símbolo de progresso e modernidade outros prédios do início da verticalização do centro de São Paulo, ainda no período do ecletismo, como os Edifícios Martinelli e Sampaio Moreira. Outros símbolos surgem por conta de acasos e destruição de referências da paisagem: foi o que ocorreu aos Arcos do Bixiga. Estrutura de muro de arrimo de excelente qualidade construtiva, com visibilidade marcante na paisagem, foi ‘descoberta’ após a demolição de um conjunto de sobrados ecléticos que se encontrava encortiçado. A substituição de símbolos urbanos se deu, também, no caso do Trianon, na Avenida Paulista. Terraço e belvedere, com salões onde ocorriam festas, cerimônias e atividades sociais, esse espaço foi demolido e deu origem a um novo edifício, cuja localização, arquitetura e função o transformou, de imediato, numa das referências culturais e arquitetônicas de São Paulo: a sede do Masp (Museu de Arte de São Paulo), com projeto ousado da arquiteta italiana Lina Bo Bardi. Integrou-se ao processo de alteração marcante dos usos e da paisagem da Paulista, contribuindo para torná-lo um novo símbolo no imaginário da cidade.

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passear

O QUE DIVERTIU O PAULISTANO ONTEM, O QUE DIVERTE O PAULISTANO HOJE

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As áreas e equipamentos de lazer, cultura e esporte paulistanos estão entre seus patrimônios mais importantes. Como seus significados se alteram no correr do tempo? Os primeiros parques, como o Jardim da Luz, eram chamados “passeios públicos”. Referiam-se a um modo de ser europeizado, lugares para ver e ser visto. Por volta dos anos 1950, os parques se tornaram áreas para a prática de esportes e lazer com a ascensão de um modo de viver mais ligado à cultura norte-americana. O Parque Ibirapuera é um bom exemplo desse momento, embora apresente outros usos além de esporte, como cultura e eventos. Os cinemas paulistanos também se modificaram. Migraram da rua para os shoppings, e a arquitetura elaborada de seus edifícios segue à espera de novos usos. A história do teatro de São Paulo começou com os modestos circos de cavalinho e circos-teatro, além dos primeiros teatros de revista da cidade, de influência europeia. Nos anos 1940, a dramaturgia paulistana já estava muito bem representada no TBC (Teatro Brasileiro de Comédia). Os Teatros de Arena, Ruth Escobar e Tuca se confundem com a história da resistência à Ditadura. Enquanto o edifício do TBC espera há anos um novo uso, outros teatros tombados da cidade seguem como palcos vigorosos. Recentemente, a produção contemporânea ganhou reconhecimento, e 19 grupos de teatro foram registrados como Patrimônio Imaterial da Cidade. Outras formas de diversão tradicionais do paulistano são o futebol (muitos estádios são tombados), as festas, como as juninas e o Carnaval de Rua, que integram as diversas práticas, fazeres, saberes e arquiteturas que se modificam com o tempo para se projetar no futuro da cidade.

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O Jardim da Luz, como primeiro parque da cidade no século 19, é um exemplo de espaço público onde se deram distintas formas de fruição e lazer, a exemplo dos passeios familiares. Tradição antiga, já se apresentavam pela cidade as trupes e grupos familiares de artistas, músicos e malabaristas instalados em áreas baldias. A prática circense persistiu até meados do século 20, e o Largo do Paissandu tornou-se espaço referencial para esses artistas. As antigas tabernas e os cafés, modestos ou sofisticados, ao modo europeu, eram pontos de encontro, conversa e diversão havia muito tempo. O Café Brandão, no lugar onde hoje é o edifício Martinelli, próximo ao antigo Largo do Rosário, foi um desses locais tradicionais. Na primeira metade do século 20, a cidade passou por alterações profundas, com um crescimento acelerado e novos modos de viver e ocupar os espaços urbanos. Surgiram novos parques públicos, como o Dom Pedro II, criado para urbanizar uma área de relevante importância histórica, a Várzea do Tamanduateí, no trecho próximo à colina do Colégio. Esporte e cinema, contudo, vieram a se consolidar como diversão e emoção. No Centro Novo, em expansão, surgiu a chamada Cinelândia, com mais de vinte salas de cinemas, como o antigo Cine Metro, em estilo art déco, contribuindo para, naquele momento, caracterizar a área como centro dinâmico de comércio, serviços, restaurantes, livrarias, teatros e outras atividades culturais. O Estádio do Pacaembu, implantado na década de 1940 de maneira criativa e integrada à paisagem do bairro projetado pela Companhia City, respondeu à intensa e emocional mobilização exercida pelo futebol e pelas torcidas dos diversos times paulistanos.

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OTO: Leticia de Caroli


imรณveis




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imóveis históricos

antiga fábrica

DA ALPARGATAS Construído em 1907, o complexo da Alpargatas é um dos legados do crescimento industrial da cidade de São Paulo. A partir da década de 1920, houve uma expansão da fábrica para a instalação da seção de sapatos de borracha. Em 1942, mais um lote é adquirido para acomodar a maquinaria da área de tecelagem. Finalmente, em 1969, outro terreno é acoplado e o complexo alcança seu desenho final. Nos anos de 1990, a propriedade

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é vendida para a Universidade Anhembi Morumbi, e as edificações recebem intervenções para acomodar o novo uso institucional.


imóveis históricos

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FOTO: Rafaella Arcuschin

arquivo histórico

MUNICIPAL

O Edifício Ramos de Azevedo foi projetado em 1902 por Francisco de Paula Ramos de Azevedo. Suas obras foram iniciadas em 1908, e foi inaugurado em 1920. Serviu como uma das sedes da Escola Politécnica para o Laboratório de Mecânica Aplicada e Eletrotécnica. Com a transferência dos cursos da Politécnica para a Cidade Universitária, o Edifício perdeu sua função original e, em 1987, foi adquirido pela Prefeitura. Iniciada a restauração, seu interior

foi finalizado em 1996, ocasião em que algumas salas foram utilizadas pelo Departamento do Patrimônio Histórico (DPH). Em 1999, paulatinamente, setores do Arquivo começaram a ser transferidos para o imóvel. Em 2003, com a saída do DPH, o Arquivo Histórico Municipal ocupou definitivamente o prédio.

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imóveis históricos

biblioteca

ANNE FRANK A Biblioteca Anne Frank foi fundada em 1946, com o nome Biblioteca Infantil do Itaim, na rua Santelmo, atual Rua Cojuba. Em 1955, foi transferida para um novo prédio, um conjunto de edifícios em arquitetura moderna junto com o Teatro Martins Pena, atual Décio de Almeida Prado, e a casa da diretora, que mais tarde ficou conhecida como a casa do zelador. Em 1962, foi renomeada Biblioteca Infantil Anne Frank, em homenagem

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à adolescente judia, vítima do holocausto. Hoje, como Biblioteca Pública Municipal Anne Frank, atende um público diversificado e, juntamente com o Teatro Décio de Almeida Prado, faz parte do conjunto dos equipamentos culturais tombado pelo Condephaat, em 2015, dentro do Quarteirão da Cultura do bairro do Itaim Bibi.


imóveis históricos

2017

biblioteca

NARBAL FONTES A Biblioteca Narbal Fontes é uma biblioteca pública localizada no bairro de Santana, um dos mais antigos da zona norte de São Paulo. O prédio fazia parte da Chácara Baruel, que pertenceu à tradicional de mesmo nome, no século 20. Construído em 1925 em estilo normando, foi detalhado com rico trabalho arquitetônico e, atualmente, é considerado Patrimônio Histórico que preserva o passado do bairro, visto que

estava relacionado a uma antiga e clássica família santanense. Atualmente, a Biblioteca preserva todos os vestígios da Chácara.

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imóveis históricos

casa amarela

DA VILA ROMANA A Casa Amarela da Vila Romana é um espaço de resistência, memória, cultura e arte, que, desde sua construção em 1921, serviu a diferentes propósitos. Localizada em bairro cuja história se confunde com a da industrialização e do operariado paulistano, testemunha o passado e permite a evocação de tempos pela fachada preservada e por sua distribuição interna de casavagão, em que de um cômodo se acessa outro

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sem corredores ou câmaras intermediárias. O uso atual para fim artístico e cultural torna a casa ponto de convergência entre o privado e o público, ao renovar os significados de contatos, redes e conflitos que conformam os espaços objetivos e materiais da cidade.


imóveis históricos

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casa de dona sebastiana de souza queiroz

SEDE DO IPHAN/SP

O casarão, atual sede do Iphan-SP, foi construído para ser residência de Dona Sebastiana de Souza Queiroz e é um exemplar da arquitetura civil paulista do período republicano. O edifício reúne diversos estilos arquitetônicos, em especial o art nouveau. Seu interior foi dividido em ambientes segundo suas funcionalidades: no embasamento, os serviços; no pavimento térreo, os salões de recepção; no pavimento superior, a

intimidade da família e a edícula. O escritório de Ramos de Azevedo foi o escolhido para o projeto e construção da casa, finalizada no ano de 1910. O edifício passou por reformas sucessivas, mas até hoje mantém a tipologia original.

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imóveis históricos

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FOTO: Sylvia Masini

casa

DE VIDRO

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A Casa de Vidro, residência do casal Lina Bo e Pietro Maria Bardi, há mais de 40 anos é a sede do Instituto Bardi, fundado pelo casal em 1990, abrigando acervo composto por mais de 38 mil itens. Ícone da arquitetura moderna, o imóvel representa de forma única e atemporal a contribuição do casal Bardi para a cultura brasileira.


imóveis históricos

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casa

DO POVO Construída logo após a Segunda Guerra Mundial, a Casa do Povo foi erguida por meio de um esforço coletivo da comunidade judaica progressista recém-chegada da Europa. O espaço nasceu de um desejo duplo: homenagear os que morreram nos campos de concentração nazistas e

criar, ao mesmo tempo, um espaço que reunisse o que havia de mais vanguardista à época, dando continuidade à cultura judaica laica silenciada na Europa Oriental.

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FOTO: Sylvia Masini

casa

NADYR DE OLIVEIRA

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A Casa Nadyr de Oliveira foi projetada em 1960 por Carlos Barjas Millan, arquiteto que ofereceu contribuições decisivas para a consolidação do caráter da arquitetura moderna paulista. Remanescente de sua última fase de trabalhos, esta residência –que encontrase praticamente inalterada– é expressiva de seu profundo domínio da construção, aliado a uma busca exaustiva pela simplificação das soluções.


imóveis históricos

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casarão

NHONHÔ MAGALHÃES Construído no início do século 20, o casarão da Avenida Higienópolis pertenceu ao barão do café Carlos Leôncio de Magalhães, conhecido como Nhonhô, e ostenta, em seus cinco pavimentos, um estilo eclético que fazia sucesso na Europa dos anos 30, com detalhes em marchetaria, lustres de ferro fundido, lambris de jacarandá entalhados pelo artista

italiano Dinucci, vitrais belgas, mosaicos com vidro Murano e teto em madeira de lei, ornamentado em gesso pintado em dourado. No subsolo, há ainda um pequeno teatro, erguido para entretenimento da família e seus convidados. São cinco pavimentos, distribuídos em 2.321 metros quadrados de área construída.

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imóveis históricos

FOTO: Sylvia Masini

casa

VILANOVA ARTIGAS A Casa foi projetada pelo arquiteto Vilanova Artigas, um dos ícones do Modernismo Brasileiro, para ser sua própria morada nos anos 40. Com fachada em vidro e amplo jardim projetado originalmente por Burle Marx, o imóvel é um dos exemplares da arquitetura representativa da influência da Frank Lloyd Wright em São

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Paulo. Hoje, a Casa assume sua vocação cultural, promovendo palestras, visitas guiadas e ações pontuais. O espaço passou por completa manutenção e restauro no ano de 2017.pleta manutenção e restauro no ano de 2017.


imóveis históricos

copan

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Projeto dos arquitetos Oscar Niemeyer e Carlos Lemos, é um representante da modernidade do Brasil. Possui a maior área construída em concreto armado do país: 120 mil metros quadrados. Tem 1.160 apartamentos, 72 lojas e, aproximadamente, 5 mil moradores.

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imóveis históricos

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centro cultural

BANCO DO BRASIL

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Com a intenção de revalorizar o Centro Histórico, na década de 90 houve a transformação da agência bancária do Banco do Brasil em um centro cultural mantido pelo Banco. Fundamental para a preservação da memória da cidade, o prédio passou por um processo de restauro e adaptação realizado pelo arquiteto Luiz Telles. O CCBB foi aberto ao público em 2001. Conta com salas de exposição, teatro, cinema, auditório, cafeteria e espaço para atividades educativas.


edifício

PARQUE DAS HORTÊNCIAS Icônico edifício em Higienópolis, o Edifício Parque das Hortênsias foi projetado por João Artacho Jurado, arquiteto autodidata de origem espanhola. O prédio, de veemente originalidade, repousa sobre um belo e arrojado sistema de pilotis, composto por mais de 50 grandiosas colunas entremeadas por jardins tropicais. O DPH, por meio do Conpresp, outorgou o selo Valor Cultural da Cidade de São Paulo ao Parque das Hortênsias em Arquitetura Moderna, em função de suas características, tais como as linhas arrojadas, volumetria, profusão de cores e contrastes, fachadas revestidas por pastilhas e azulejos, adornos, arabescos, cobogós e técnica construtiva de excepcional qualidade.

FOTO: Chico Saragiotto

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imóveis históricos

FOTO: Rafaella Arcuschin

faculdade

DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA - PUC/SP No início da década de 40, o arquiteto Rino Levi projetou os dormitórios da “casa da estudante”, residência de alunas e das cônegas que lecionavam na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Sedes Sapientiae, agregada à PUC-SP em 1946, data de criação da Universidade. O legado de Rino Levi à PUC-SP é notório: no início de novembro de 2010, o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico)

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tombou o Campus Marquês de Paranaguá, onde funciona, atualmente, a Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia da PUC-SP.


imóveis históricos

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FOTO: Sylvia Masini

fundação

EMA KLABIN A Fundação Ema Klabin é uma instituição sem fins lucrativos que tem por objetivos a promoção e divulgação de atividades de caráter cultural, artístico e científico, além da transformação da residência de Ema Gordon Klabin em museu aberto à visitação pública. Entregue ao público em 2007, o museu possui uma coleção de caráter abrangente e diversificado, reunida ao longo de quatro décadas por Ema Klabin, composta por cerca de 1.500 peças provenientes de períodos, procedências e técnicas diversas, abrangendo as

artes visuais, decorativas, sacra, objetos arqueológicos e etnográficos, além da coleção de livros com cerca de 3.500 exemplares. O acervo está disposto nos ambientes da casa, que guardam um registro original dentro da tipologia casamuseu. O imóvel, com cerca de 900 metros quadrados, foi projetado e construído pelo engenheiro-arquiteto Alfredo Ernesto Becker em meados dos anos 50, para abrigar a coleção reunida por Ema. A Fundação conta ainda com um amplo jardim projetado por Burle Marx.

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memorial

DA RESISTÊNCIA O edifício, conhecido hoje como Estação Pinacoteca, foi projetado pelo escritório de Ramos de Azevedo e inaugurado em 1914 para o funcionamento da administração e depósito da Estrada de Ferro Sorocabana. Em 1939, foi reformado para abrigar o Deops-SP (Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo), que esteve em atividade até 1983. Atualmente, o espaço também é sede do Memorial da Resistência

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de São Paulo, que se dedica à preservação das memórias de resistência e repressão política no período do Brasil República (1889 até a atualidade). É possível visitar no Memorial o conjunto prisional, composto por quatro celas remanescentes do Deops-SP e o corredor de banho de sol.


imóveis históricos

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FOTO: Rafaella Arcuschin

museu judaico de são paulo

TEMPLO BETH-EL

Em 1928, um grupo de imigrantes vindos da Europa convidou o arquiteto Samuel Roder para conceber o projeto de erguer uma sinagoga no lado oposto ao bairro do Bom Retiro, onde se criava um núcleo de novos moradores. Em dezembro de 1932, o Templo Beth-El abria suas portas. Projetado no estilo bizantino, imponente em sua localização, o prédio apresenta sete lados, enfatizando o algarismo dominante nos ciclos

naturais, como os sete dias da criação e as sete cores do arco-íris. O número está presente nos sete braços do candelabro (Menorá) que iluminava o Templo de Salomão, na antiguidade. Beth-El tornou-se referência na vida comunitária judaica desde sua fundação.

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imóveis históricos

palácio

DOS BANDEIRANTES O Palácio dos Bandeirantes foi projetado em 1938 a pedido do Conde Francisco Matarazzo Sobrinho, que planejava inaugurar uma universidade. O projeto apresentava linhas abstratas, colunas, muros lisos e ampla fachada. Na década de 1950, foi modificado para um estilo eclético, de influência neoclássica, e teve lançada sua pedra fundamental. A universidade nunca fora instalada, tendo sido o imóvel adquirido pelo

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Governo do Estado em 1964 para abrigar o Palácio dos Bandeirantes, sede do executivo paulista, residência do governador e museu aberto à visitação. O imóvel é tombado a nível municipal pelo Conpresp, enquanto o acervo de arte é tombado a nível federal pelo Iphan. O jardim é Patrimônio Ambiental Estadual.


imóveis históricos

palacete conde de sarzedas

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

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O Palacete Conde de Sarzedas é uma construção do fim do século 19 atribuída ao escritório de Ramos de Azevedo. É um raro exemplar dos primeiros palacetes ecléticos da emergente metrópole paulistana. O Palacete passou por processo de restauro, a cargo do Escritório de Arquitetura de Samuel Kruchin, reconstituindo os elementos históricos e artísticos do imóvel.

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imóveis históricos

FOTO: Rafaella Arcuschin

theatro municipal

DE SÃO PAULO

O Theatro Municipal de São Paulo, desde sua inauguração em 1911, é um marco cultural, artístico e arquitetônico da cidade. Símbolo de uma metrópole moderna à época, é um dos principais cartões-postais da cidade. Exemplo singular da arquitetura eclética paulistana, o Municipal guarda elementos originais de sua construção no começo do século 20: vitrais, lustres de cristal e piso de madeiras nobres brasileiras. Guarda ainda mobiliário e ornamentos desenvolvidos pelo

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FOTO: Rafaella Arcuschin

Liceu de Artes e Ofícios e feitos sob encomenda para o edifício. Destacam-se os espaços de sociabilidade do prédio, o salão nobre, o restaurante, a sala branca e, principalmente, a sala de espetáculos com capacidade para 1.500 pessoas, além dos ambientes de visitação restrita, como o palco, a cúpula e o salão dos arcos, onde funciona um bar.


imรณveis histรณricos

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FOTO: Rafaella Arcuschin


bens culturais participantes: Antiga Fábrica da Alpargatas Antiga Residência Vicente de Azevedo Arquivo Histórico Municipal BibliASPA Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato Biblioteca Mário de Andrade Caixa Cultural São Paulo - Edifício Sé Capela de São Miguel Casa Amarela da Vila Romana Casa das Caldeiras Casa das Rosas Casa de Dona Sebastiana de Souza Queiroz - Sede do Iphan-SP Casa de Dona Yayá Casa de Portugal Casa de Cultura Cidade Tiradentes (Hip Hop Leste) Casa de Vidro Casa do Povo Casa Vilanova Artigas Casa Guilherme de Almeida Casa Nadyr de Oliveira Casa Ranzini Casarão da Chácara Inglesa Casarão de Higienópolis (sede do Instituto Italiano de Cultura de São Paulo) Casarão Nhonhô Magalhães - Shopping Pátio Higienópolis Castelinho da Rua Apa Catedral Evangélica de São Paulo Cemitério da Consolação Cemitério de Colônia Cemitério do Redentor Cemitério dos Protestantes Centro Cultural Banco do Brasil Centro Cultural São Paulo - CCSP Centro Histórico e Cultural Mackenzie Cepav (Escola Estadual Padre Antônio Vieira) Complexo Cultural Funarte-SP Condomínio Edifício CBI Esplanada Drosophyla Bar Edifício Matarazzo - Prefeitura Edifício Copan

Edifício Parque das Hortênsias Edifício Vilanova Artigas FAU-USP Edifício Monumento do Museu do Ipiranga Estádio do Pacaembu e Museu do Futebol Faculdade de Ciências Exatas e Tecnologia - PUC-SP Fundação Ema Klabin Centro Cultural Olido - Centro de Memória do Circo e Cine Olido IAB-SP - Instituto de Arquitetos do Brasil Igreja da Boa Morte Instituto Butantan Jockey Club de São Paulo - Hipódromo Paulistano Memorial da Resistência de São Paulo (Estação Pinacoteca) Mosteiro da Luz (Igreja de São Frei Galvão) e Museu de Arte Sacra Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia - MuBE Museu da Casa Brasileira (MCB) Museu da Cidade de São Paulo: Beco do Pinto Museu da Cidade de São Paulo: Capela do Morumbi Museu da Cidade de São Paulo: Casa da Imagem Museu da Cidade de São Paulo: Casa do Bandeirante Museu da Cidade de São Paulo: Casa do Grito Museu da Cidade de São Paulo: Casa do Sertanista Museu da Cidade de São Paulo: Casa do Tatuapé Museu da Cidade de São Paulo: Casa Modernista Museu da Cidade de São Paulo: Chácara Lane Museu da Cidade de São Paulo: Monumento à Independência Museu da Cidade de São Paulo: Sítio da Ressaca Museu da Cidade de São Paulo: Sítio Morrinhos Museu da Cidade de São Paulo: Solar da Marquesa de Santos Museu da Imigração Museu de Saúde Pública Emílio Ribas (Desinfectório Central)

Museu do Jaçanã Museu Judaico de São Paulo Museu Lasar Segall Museu Vicente de Azevedo Oficina Cultural Casa Mário de Andrade Palacete Chavantes (escritório Refúgios Urbanos) Palacete Conde de Sarzedas - Tribunal de Justiça de São Paulo Palacete Tereza Toledo Lara Palácio das Indústrias- Museu Catavento Palácio da Justiça Palácio do Comércio - Fecap Palácio dos Bandeirantes Palácio dos Correios Paróquia Nossa Senhora da Consolação Paróquia Santa Efigênia Pinacoteca de São Paulo Ponto Chic Praça das Artes Santuário e Convento São Francisco Shopping Light Teatro de Arena Eugênio Kusnet Theatro Municipal de São Paulo União Fraterna Vila Itororó



OTO: Dalmir Ribeiro Lima


roteiros




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roteiros de memória

arte-circuito

“Arte-Circuito Sé” foi uma caminhada pela região da Sé, no Centro Velho, para conhecer os espaços autônomos de arte contemporânea ali instalados. A partir da Praça do Patriarca, o grupo seguiu por um roteiro de lugares onde se pensa, estuda, pesquisa, fazse e expõe-se arte, passando pela Ocupação Artística Ouvidor, Estúdio Lâmina, Galeria Sé, Paperbox Lab

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e Casa Ranzini. Estes locais não estão vinculados às instituições, mas criam suas próprias trajetórias e relações com o espaço urbano da Sé. Em cada parada, os participantes conheceram detalhes, história do imóvel ocupado e propostas artísticas –e sobre os bens culturais e instituições de seus entornos.


roteiros de memรณria

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roteiros de memória

a revolução de 1932

NA CAPITAL

A Revolução de 1932 é um importante episódio da nossa história. Foi liderada pelos paulistas contra o governo de Getúlio Vargas. Onde se encontravam os revoltosos? Como tudo começou? O que significa MMDC? Quem financiou o movimento? Quais as marcas deixadas por essa revolução? O roteiro teve como objetivo obter respostas para essas e outras perguntas. Nossa capital guarda tesouros desse movimento – a matraca, um capacete no alto de

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um prédio em formato de bandeira, uma plaquinha numa praça - e desvendamos alguns junto com você! É importante conhecer para valorizar!


roteiros de memória

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arqueologia:

O METRÔ DESCOBRINDO O PASSADO Esteve aberta à visita monitorada a exposição “Arqueologia: o Metrô Descobrindo o Passado”, localizada na vitrine da Estação São Bento. A educadora patrimonial, a partir da mostra dos materiais ali exibidos, identificados durante os estudos arqueológicos realizados para obras de construção do metrô, falou um pouco sobre como a arqueologia tem trazido notícias das diferentes ocupações da cidade. É o estudo da cultura material –’cacos’ e ‘ruínas’ revelando aspectos

do modo de viver das pessoas e de como faziam uso dos lugares. Durante a visita, sugeriu-se a ida até a Estação Adolfo Pinheiro – Linha 5 Lilás do Metrô, onde estiveram expostos trilhos de bonde, identificados também durante as escavações arqueológicas em Santo Amaro. Os materiais em exposição fazem parte do Sítio Arqueológico Santo Amaro I, resgatado durante a construção da Linha 5.

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roteiros de memória

a zona do meretrício

NO BOM RETIRO

Quem caminha por um pequeno trecho do Bom Retiro, paralelo à movimentada Rua José Paulino, não imagina que ali, do lado do paredão do trem, entre as ruas Aimorés, Ribeiro de Lima e Prof. Cesare Lombroso, o Governo de São Paulo manteve um confinamento de prostitutas na cidade. Era a época do Estado Novo e Adhemar de Barros, interventor do Estado de São Paulo, escolheu este bairro como destino da prostituição

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que se espalhava pela área central. O roteiro percorreu essas ruas com fotografias da zona nos anos 40, de registros de memórias, passagens literárias e documentos que proporcionaram aos participantes uma melhor compreensão da história dessa região de meretrício.


roteiros de memória

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caçando histórias e pokémon

UM ROTEIRO PELO PARQUE DA ÁGUA BRANCA Por meio do jogo, que se utiliza da tecnologia de realidade aumentada, foi proposto um roteiro familiar no Parque da Água Branca. O amplo espaço, desde a sua origem, está vinculado à agricultura e à criação de animais, desta maneira, a ideia do jogo conversou com a história do local. Em um roteiro realizado para crianças e seus responsáveis, contouse a história do Parque e sua relevância ambiental por meio da utilização do jogo, compatível com o

entendimento e desenvolvimento biopsicossocial de crianças. Foi uma maneira de incentivar a educação patrimonial, utilizando um mecanismo lúdico e coerente com o seu dia a dia, desvinculando a educação de obrigação e tornando-a interessante.

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roteiros de memória

café e cafeterias: são paulo e a sociedade paulistana

NO AUGE DO PERÍODO CAFEEIRO/CAMINHOS DO TRIÂNGULO Neste roteiro, foram abordadas as transformações trazidas pelo período da expansão cafeeira e início da industrialização na virada do século 19 para o século 20. O chamado ouro verde trouxe mudanças em níveis sociais, econômicos, políticos e, principalmente, nos costumes e hábitos da sociedade paulistana. Foram visitados pontos onde funcionaram grandes cafeterias e restaurantes de luxo, nos quais a elite e importantes nomes de

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nossa história circularam. Uma caminhada pelo centro, resgatando os valores e vestígios da belle époque no coração de São Paulo, entre a Praça da Sé, Largos São Bento e São Francisco. Sé, Largo São Bento e Largo São Francisco.


roteiros de memória

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caminhada histórica

NO INSTITUTO BUTANTAN A atividade apresentou e discutiu a história do Instituto Butantan a partir do espaço edificado, tomando sua arquitetura como fonte histórica capaz de elucidar o trabalho que se desenvolveu na instituição. O Instituto foi instalado no final do século 19 em uma antiga fazenda adquirida pelo Estado para produção de soros e vacinas contra a peste bubônica. Cocheira, laboratório, residência foram alguns dos usos das edificações

apresentadas aos participantes da Jornada. Estas edificações datam aproximadamente de 1860 a 1945 e fazem parte do conjunto arquitetônico tombado pelo Condephaat em 1981.

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roteiros de memória

caminhada

PELA ESTRADA DE FERRO PERUS PIRAPORA A EFPP (Estrada de Ferro Perus-Pirapora), inaugurada em 1914, passa em 1926 à administração de empresários canadenses, que iniciam o transporte de calcário das minas de Gato Preto e Cajamar, tendo a indústria voltada à produção de cimento em Perus para construção de Brasília. Tombada pelo Condephaat em 2010, a EFPP é a primeira ferrovia integralmente tombada como patrimônio histórico e cultural

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no Brasil. Trata-se também da última ferrovia de bitola reduzida do país, de apenas 60 centímetros. Atualmente, possui finalidade museológica, cultural, educacional, turística e de lazer. A EFPP conta com 20 locomotivas a vapor e mais de 130 carros e vagões, passando sua linha-tronco em meio a uma paisagem natural surpreendente.


roteiros de memória

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cartografias de são paulo:

PRESENÇA E AUSÊNCIA DA POPULAÇÃO NEGRA Ao olhar os mapas da cidade de São Paulo do início do século 20, onde podemos visualizar a população negra? Onde há presença? Quais são as ausências? Quais são os discursos construídos a partir destes documentos? Para pensar tais questões, o percurso teve como foco a contraposição de material cartográfico produzido no início do século passado com narrativas que colocam a população negra como sujeitos.

Os participantes foram convidados a refletir e observar tais presenças e ausências ao longo de um trajeto por pontos significativos de circulação e sociabilidade dessa população.

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roteiros de memรณria

FOTO: Dalmir Ribeiro Lima


roteiros de memória

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FOTO: Dalmir Ribeiro Lima

esse castelo

SERÁ MEU!!! São Paulo tem castelos? Com esta pergunta inicial e muita curiosidade, os participantes do passeio “Esse castelo será meu!”, realizado pelo Sesc Santana, percorreram imóveis históricos que tiveram suas construções inspiradas em castelos e palácios europeus: o Palacete Conde de Sarzedas, baseado num castelo escocês, também conhecido como Castelinho do Amor; o Castelinho da Avenida Brigadeiro Luís Antônio, o Palácio dos Campos

Elíseos, com sua arquitetura inspirada no Castelo d’Écouen, na França; e o Castelinho da Rua Apa, construído em 1912 como residência da família Reis, que teve como inspiração os castelos franceses. O roteiro contou com uma mediação especial, realizada pelo grupo Ateliê de Teatro, na qual uma princesa empoderada e alguns personagens cômicos pelo caminho instigaram a curiosidade das crianças.

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roteiros de memória

fotografia de rua:

O MINHOCÃO

O Minhocão é, seguramente, o equipamento urbano que mais polêmica causou na história recente da cidade. Considerado uma “cicatriz urbana”, foi construído sem que os moradores de seu entorno fossem consultados. É expressão de uma forma autoritária de se enxergar o planejamento urbano, que desconsidera a opinião e o interesse público. A finalidade deste roteiro foi sensibilizar sobre o tema da urbanização e o

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conceito de cidade. Será que este viaduto é mesmo responsável pela desvalorização de Santa Cecília e seu entorno? Esta foi uma das questões levantadas durante o passeio, que teve como objetivo sensibilizar por meio da fotografia.


roteiros de memória

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geoturismo urbano: a geologia eclesiástica

NAS IGREJAS DO TRIÂNGULO HISTÓRICO PAULISTANO A geologia eclesiástica tem se desenvolvido por todo o mundo, ajudando a preservar o patrimônio histórico e cultural e a divulgar as geociências. Compõe o geoturismo urbano e tem ganhado espaço junto à atividade turística. São Paulo, entre as maiores megalópoles mundiais, não tem ficado para trás: rica em história, tem muito a contribuir com esse segmento. O roteiro abordou o Triângulo Histórico da capital paulista, que em seus vértices conta com

três igrejas: Basílica Nossa Senhora da Assunção, pertencente ao Mosteiro de São Bento: Igrejas de São Francisco e da Ordem Terceira do Carmo; além da Catedral Metropolitana e da Igreja do Pátio do Colégio, sítio onde nascera a cidade. A descrição das rochas ornamentais presentes nas igrejas contribui com o direcionamento dos olhares científicos para esse segmento que tem crescido em todo o mundo.

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roteiros de memória

história viva no cemitério do araçá:

MEMÓRIA E PRESERVAÇÃO

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Inaugurado em 1887, o Cemitério do Araçá é um museu a céu aberto. Aspirando diversos aspectos da cidade de São Paulo, este espaço mortuário perpetua diversos significados que carregam a história da cidade. A visita monitorada visou abranger seus diversos significados cemiteriais na simbologia, crenças religiosas, seus jazigos e mausoléus de pessoas ilustres, onde foi discorrida uma pequena biografia.


roteiros de memória

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nase malo misto

(NOSSO PEQUENO LUGAR) Esse roteiro a pé pelo bairro do Belém explorou os diferentes sentidos do corpo e da cidade para despertar as memórias croatas latentes. Passamos por diferentes lugares que remetem às relações simbólicas construídas pelos migrantes croatas e seus descenden, presentes no bairro desde o início do século 20. O fim do roteiro contou com visita à

sede da Sociedade Amigos da Dalmácia (Sada), associação parceira do Museu da Imigração na proposta desta atividade. O roteiro foi imersivo, utilizando diferentes recursos sensoriais, numa ação de uma hora e trinta minutos.

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roteiros de memória

ó:

CAMINHO, ESTRADA, AVENIDA Caminhada gráfica –para ver, desenhar, fotografar ou só mesmo andar– partindo do início da Avenida Santa Marina rumo à Freguesia do Ó, um antigo caminho do planalto de Piratininga. Esse eixo de ligação foi conhecido por muito tempo como Caminho de Manuel Preto. Mas nos primeiros mapas da cidade do século 19, essa via consta como Estrada da Freguesia de Nossa Senhora do Ó. E, após a instalação da ferrovia

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Santos-Jundiaí em 1860, seu nome foi alterado para Avenida Santa Marina. Pudemos rever todos esses momentos na caminhada. Foram visitados edifícios e lugares históricos, como União Fraterna, Instituto Rogacionista, Santa Marina Atlético Clube, Cemitério da Freguesia e Largo da Matriz Nossa Senhora do Ó.


oscar, no centro.

NO CENTRO, OSCAR É sabido que o centro de São Paulo é repleto de imóveis de diversas épocas e carregam suas diferenças culturais, sociais, econômicas e arquitetônicas. O roteiro buscou resgatar e apresentar para os visitantes obras do arquiteto Oscar Niemeyer que passam despercebidas ou desconhecidas pelo público.

FOTO: André Gomes da Silva

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roteiros de memória

passeio a pé pelo ipiranga

O MUSEU E SEU ENTORNO O roteiro propôs chamar a atenção do público para a beleza e o charme do Ipiranga: a arquitetura do início do século 20, os casarões da família Jafet e os imóveis do entorno do Museu, tombados como Patrimônio Histórico. Também foi observado o trabalho filantrópico do Conde José de Azevedo, personagem importante na história da construção do bairro. Foram visitadas a Cripta do Monumento à Independência, a Casa do Grito,

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os jardins do Museu, o Memorial Santa Paulina e o Museu de Zoologia.


roteiros de memória

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FOTO: Dalmir Ribeiro Lima

patrimônio industrial

DE SÃO PAULO

A chegada das fábricas, a partir do fim do século 19, foi fundamental para a transformação da pequena vila em metrópole. Elas se instalaram em bairros como Mooca, Brás, Lapa e Ipiranga, perto das linhas férreas, transformando-se também em reduto dos imigrantes que escolhiam morar nessas áreas pela proximidade aos locais de trabalho. Com o tempo, algumas fábricas deixaram de funcionar, mas seus registros permanecem em edifícios e

galpões que compõem o patrimônio industrial da cidade. A preservação desses espaços, como a Casa das Caldeiras, das Indústrias Matarazzo; e a Fábrica de Tecidos Jafet, ajuda a compreender o passado e valorizar a cidade como um documento vivo, que faz parte da nossa identidade.

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roteiros de memória

FOTO: Leila Yuri Ichikawa

roteiro

DO SESC POMPEIA Durante todo o fim de semana da Jornada do Patrimônio, o Sesc Pompeia recebeu o público com atividades artísticas e passeios pela unidade, para falar da arquitetura e história do local. Localizada numa área estratégica da zona oeste da cidade e construída a partir de uma antiga fábrica de tambores, o que lhe conferiu o nome de Fábrica

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da Pompeia, esta unidade do Sesc foi projetada pela arquiteta italiana Lina Bo Bardi. Em março de 2015, os prédios do Sesc Pompeia tornaramse Patrimônio Cultural protegido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).


roteiros de memória

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trilhando o jardim da luz:

MEMÓRIAS DE UM PATRIMÔNIO AMBIENTAL URBANO Com a finalidade de fazer emergir novas percepções acerca do meio ambiente urbano e reafirmar o direito aos patrimônios socioambientais da cidade, esta atividade propôs uma trilha interpretativa monitorada no Jardim da Luz. Durante o percurso, permeado por vivências lúdicas e baseado em uma metodologia que

propicia a interação entre os participantes, foram abordados aspectos patrimoniais, geográficos, históricos, culturais, socioambientais e da fauna e flora locais.

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oficinas




2017

oficinas e palestras

FOTO: Rafaella Arcuschin

a obra de almeida júnior

ASPECTOS DA PROPRIEDADE RURAL PAULISTA E SISTEMAS VERNACULARES DE MEDIÇÃO A palestra tratou da espacialidade presente nas pinturas de Almeida Júnior, atentando-se principalmente aos quadros da fase regionalista, nos quais o pintor passou a retratar cenas do interior paulista. Destacando alguns elementos na paisagem, temos uma espécie de configuração básica da pequena propriedade rural, sendo possível criarmos um espaço mental mensurável, que nos remete a uma distribuição territorial comum

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nessas regiões. Foram descritos os métodos adotados para análise das obras, ilustrando-os com aspectos da cultura caipira. Assim, propôsse uma narrativa entre os quadros analisados e observada a função do pintor na construção de um imaginário espacial rural.


oficinas e palestras

2017

a restauração do mosaico

DO TEATRO CULTURA ARTÍSTICA (2010-2011) O painel moderno idealizado pelo famoso artista plástico Emiliano Di Cavalcanti, feito em pastilhas de vidro no início dos anos 1950, é um dos maiores mosaicos da cidade, com 8 metros de altura e 48 metros de comprimento, cobrindo a fachada do Teatro Cultura Artística, na Rua Nestor Pestana. Em 2008, um incêndio acometeu o prédio e o destruiu quase por completo, restando, no entanto, sua fachada e o painel. A equipe da

Oficina de Mosaicos foi chamada para realizar sua recuperação, que se deu no local durante mais de um ano. Muito embora o teatro ainda não tenha sido reconstruído e aberto ao público, o mosaico está conservado e espera o momento de ser devolvido para a cidade.

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2017

oficinas e palestras

casa de vidro:

CONSERVAÇÃO EM FOCO

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Série de palestras sobre os primeiros resultados do projeto de conservação da Casa de Vidro, uma das nove iniciativas escolhidas pela Fundação Getty para financiamento em todo mundo.


oficinas e palestras

conhecendo

O CANDOMBLÉ

2017

A palestra foi uma significativa oportunidade para as pessoas, que nunca tiveram contato com o candomblé, passassem a conhecê-lo por meio de um contexto explicativo com o espaço de culto, aspecto fundamental da religião.

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2017

desconstruindo

A CIDADE

A mestranda e professora de educação artística Diana Tubenchlak conduziu esta oficina, direcionada a estudantes a partir de 7 anos. Nessa atividade, a partir de uma fotocópia em preto e branco de uma fotografia em papel A3, os participantes elaboraram uma fotomontagem patrimonial. Desta forma, com uso de colagem, pintura e desenho, as imagens da cidade passaram por transformações, recebendo novas cores e formas.

mandala de referências culturais:

O QUÊ É UM BEM CULTURAL PARA VOCÊ?

O viver, o criar e o fazer da cultura podem ir muito além da experiência individual e transformar-se em uma referência coletiva, que traz um sentimento de pertencimento ou representatividade a um grupo, um lugar, ou mesmo a toda uma sociedade ou a um país, tornando-se algo que chamamos referência cultural. Como essas referências podem e devem ser escolhidas, já que falam do viver e fazer cultural de todos nós? Existe uma forma plural e participativa de conhecer e preservar nossas culturas?

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oficinas e palestras

2017

os desafios da limpeza de superfícies de edificações históricas

O CASO DO THEATRO MUNICIPAL Os arquitetos Juca Pires e Mariana Rillo apresentaram a técnica de microjateamento para limpeza de superfícies em pedra, mostrando ao público as dificuldades da limpeza e manutenção das superfícies dos bens históricos em São Paulo.

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2017

oficinas e palestras

FOTO: André Douek

fotojornada do patrimônio

CONSTRUINDO HISTÓRIAS

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A “FotoJornada do Patrimônio 2017 - Construindo Histórias” foi uma saída, frequentada por profissionais e amadores, com o objetivo de documentar fotograficamente o patrimônio material e imaterial da cidade de São Paulo e seus habitantes. Seus roteiros compreenderam os eixos temáticos da Jornada: “Comprar e Vender”, “Estudar”, “Trabalhar”, “Lembrar”, “Se Divertir, “Morar” e “Circular”.


oficinas e palestras

2017

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FOTO: AndrĂŠ Douek


2017

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oficinas e palestras


oficinas e palestras

2017

redesenhando patrimĂ´nios

DA CIDADE

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FOTO: Rafaella Arcuschin

OTO: Rafaella Arcuschin


apresentacĂľes




2017

apresentações artísticas

FOTO: Rafaella Arcuschin

confraria da jornada- o grande encontro:

OS FOFOS ENCENAM + CIA LA MÍNIMA A apresentação conjunta dos grupos durante a Jornada do Patrimônio 2017 foi uma homenagem ao circo-teatro. O encontro das companhias La Mínima e Os Fofos Encenam possibilitou a apresentação de cenas clássicas dos repertórios que desenvolveram ao longo dos anos dos grupos, premiados e reconhecidos por todo o Brasil. os fofos encenam

Iniciado em São Paulo em 2001 com o espetáculo “Deus sabia de tudo”, o grupo Os Fofos Encenam está há quase 20 anos nos palcos, produzindo espetáculos e

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peças reconhecidas e premiadas, apresentadas por todo o Brasil.

cia la mínima

A Cia. La Mínima há 20 anos cria, produz e apresenta espetáculos fundamentados na arte do circo e do palhaço. Nessa trajetória, foram 14 peças inspiradas em manifestações populares de comunicação e cultura, que podem ser desde a literatura clássica ou parques de diversão como também a arte medieval, os quadrinhos ou os programas de rádio.


apresentações artísticas

2017

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FOTO: Rafaella Arcuschin


apresentações artísticas

2017

lançamentos

DE LIVROS

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OTO: Rafaella Arcuschin


apresentações artísticas

2017

territórios

DE URURAY O livro “Territórios de Ururay” é parte do projeto homônimo que objetiva olhar as ‘fissuras’ dos territórios despedaçados da complexa zona leste da cidade de São Paulo. Resultado de quase um ano de levantamento sobre 13 patrimônios culturais tombados presentes em quatro das 11 subprefeituras que compõem a região. O projeto, desenvolvido junto de pesquisadores, articuladores, artistas, produtores e moradores dos bairros da zona leste, busca apresentar um olhar referente ao patrimônio que evidencia especificidades no trato da questão do patrimônio cultural em regiões periféricas, quase sempre tensionado com situações de obscuridade, isolamento, descaso e/ou negligência.

passeando

PELAS RUAS Livro organizado a partir das saídas realizadas pelo projeto “Passeando pelas Ruas”, com artigos que versam sobre o patrimônio cultural paulistano. Cada um dos artigos procura trazer ao debate novos olhares e formas de se compreender pontos de interesse da cidade, buscando conferir ao leitor novas abordagens e repertórios sobre a história, a memória e o patrimônio existente em São Paulo.

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apresentações artísticas

2017

bibliografia

JOÃO ARTACHO JURADO A bibliografia inédita de Artacho Jurado é resultado da ação de cidadania cultural da pedagoga Léa Corrêa Pinto. Originalmente foi motivada para subsidiar o processo decisório dos conselheiros do Conpresp e DPH, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, junto ao pedido de tombamento dos Edifícios Apracs e Parque das Hortênsias. O livro encontrase em plataforma digital interativa, de modo que outros pesquisadores e autores possam atualizá-lo, acrescendo novas referências diretamente.

FELIPE ALEXANDRINO

FELIPE ALEXANDRINO

inSPiração

Caminhar e flanar é uma prática antiga, seria impossível precisar os fundadores dessa proeza. Monges budistas meditavam caminhando, Jean Jacques Rosseau escreveu Os devaneios do caminhante solitário que resulta de suas caminhadas, Henry David Thoreau era outro adepto da prática, flanando pela natureza e divagando sobre os pensamentos filosóficos. Mais recentemente, Jiro Taniguchi, em seu mangá Gourmet, mostrou o caminhar do trabalhador japonês e a fome que o instiga.

Felipe Alexandrino em “inSPiração” conta a São Paulo, terra da garoa, dos encantos, um lugar para passear e para dar milhares de passos por dia. Pela imensidão de seus arranhacéus e por seus inúmeros automóveis às vezes falta paciência, carinho e compreensão com a cidade. Rildo, um comerciante do nordeste que vem à capital a negócios, encontra uma esquina escondida, uma casinha de fundo, um jardim e os monumentos que a Pauliceia esconde dos olhos desatentos dos paulistanos no centro da cidade. São Paulo carece dessa visita às suas peculiaridades e também de um apresentador que possa introduzir um pouco de vida para seus moradores. Neste livro, o narrador conta um pouco desses feitos que engrandeceram a beleza e a imensidão da cidade.

Caminhar em São Paulo sempre é uma descoberta a cada passo. Poucas cidades conseguem ser tão inspiradoras em sua heterogeneidade, onde o velho e o novo, o rico e o pobre, a limpeza e a sujeira se dividem e se encontram. Este livro foi feito com o propósito de instigar o leitor a enxergar uma cidade muitas vezes escondida nas manchetes, que só será descoberta pelo olhar dos seus próprios passos, a pé. Flane, caminhe e sinta a InSPiração escorrer pelos poros da cidade de São Paulo.

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mosaicos

NA ARQUITETURA DOS ANOS 50 O livro retrata a história da arte mosaica e analisa a extensa produção de painéis feitos com esse material na arquitetura moderna paulista, destacando suas diferenças em relação aos mosaicos europeus, especialmente os franceses dos anos 50. Segundo a autora, Isabel Ruas, os mosaicos paulistas da época são símbolos da modernidade industrial e do crescimento vertiginoso da cidade. Enquanto na Europa, a arte mosaica tinha a preocupação de trabalhar componentes com características fortemente artesanais em negação à indústria. O livro ganha importância ainda maior por revelar imagens inéditas das obras de Bramante Buffoni, o que permite conhecer um pouco mais sobre os legados desse artista na arquitetura da cidade. Em sua análise, Isabel destaca ainda as influências e as contribuições de Emiliano Di Cavalcanti, Serafino Faro e Antônio Carelli no espaço urbano.

vamos falar

DA AVENIDA SÃO JOÃO? “Vamos falar da Avenida São João?” é uma antologia organizada pela Editora Matarazzo. O presente volume é o sétimo da série “Bairros Paulistanos”. A Avenida São João é uma via democrática que foi do luxo ao lixo, mas continua viva e pulsante. Primeiramente, conhecida como Ladeira do Açu, ainda no século 19, seu nome foi oficializado para Ladeira de São João. O tempo passou e, com a chegada do novo século, a São João foi ganhando construções modernas, os arranha-céus e o polêmico Minhocão, construído em 1971.





SESC

NA JORNADA

FOTO: Leila Yuri Ichikaw


2017

construindo histรณrias

128 FOTO: Dalmir Ribeiro Lima


construindo histórias

Ninguém fica indiferente diante da imensidade de São Paulo. A cidade reinventa-se à medida que se deixa descobrir, causando uma miríade de sensações a quem abre os sentidos à experiência de vivê-la. De aldeia jesuítica, entreposto de rotas comerciais, foi alçada a metrópole industrial com a riqueza do café e soube reinventar-se como centro mundial de cultura e serviços, arquitetando um valioso legado histórico por meio do qual podemos ler todo o processo que a formou e forma, considerando as diferentes interpretações de seus bens culturais ao longo do tempo. A ação do Sesc junto ao Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo é um convite à leitura deste processo, como um guia para roteiros simbólicos, alusivos a um jeito de ser e estar ontem e hoje na cidade. O assunto não se esgota aqui. A cidade é muito mais, e o tempo segue construindo histórias. E assim, em meio a muita história e arte, perguntas e curiosidades, chuva e sorrisos, foi completada mais uma Jornada do Patrimônio. O que fica desta viagem pelos patrimônios históricos de São Paulo é a constatação de que ela pode nos levar a um reencontro com a própria história pessoal e a uma nova forma de se relacionar com a cidade que se vive, e também com aquela que nos habita. Realmente, São Paulo tem muita história para contar!

2017

PROGRAMAÇÃO: INTERVENÇÕES ARTÍSTICAS Cartão postal: Percursos do imaginário; Pelas trilhas do Sesc 24 de Maio. VISITAS MEDIADAS Visitas patrimoniais-artísticas: a Fábrica da Lina; Memórias Pompeianas; Intervenção artística - arquitetura, memória e poesia. ROTEIROS DE MEMÓRIA Arquiteturas que ensinam; Avenida Paulista: da Brigadeiro ao Trianon-Masp em dez passos e uma história; Esse castelo será meu!!; A Casa Modernista; São Paulo de hoje e de ontem no olhar de Militão de Azevedo; Saracura: um Quilombo no Centro de São Paulo; Sítio Morrinhos - Centro de Arqueologia de São Paulo; Hábitos e habitações: como moraram e como moram os paulistanos; Museu da Casa Brasileira; Patrimônio industrial de São Paulo; Pinacoteca: uma manobra invertida; Roteiro histórico da Zona Sul; São Paulo de Ramos de Azevedo.

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PREFEITURA DA CIDADE DE SÃO PAULO PREFEITO

Bruno Covas

SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA SECRETÁRIO

Hugo Soveral Possolo

JORNADA DO PATRIMÔNIO 2017 Construindo Histórias COORDENADORA GERAL

SECRETÁRIA-ADJUNTA

Vanessa Fernandes Correia

CHEFE DE GABINETE

Mariana Rolim, Vanessa Fernandes Correia, Walter Pires, Henrique Silveira, Danilo Montingelli, Amanda Borba Cimonetti Bevervans Ferrarese, Mário Simões

Regina Silvia Pacheco Tais Ribeiro Lara

ASSESSOR DE GABINETE

CONTEÚDO E PESQUISA

Maurício Garcia

IDENTIDADE VISUAL E DESIGN

COORDENADORIA DE PROGRAMAÇÃO CULTURAL

CURADORIA ARTÍSTICA

COORDENADORA Gabriela Fontana

DEPARTAMENTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO DIRETOR

Marco Antônio Cilento Winther

Rafaella Arcuschin Machado

Gabrielle Araújo

PROGRAMADORES ARTÍSTICOS

André Mendes, Katia Bocchi, Sylvia Monastérios, Fernando Dourado e Gabrela Fontana

FOTOLIVRO JORNADA DO PATRIMÔNIO 2017 Construindo Histórias ORGANIZAÇÃO

Higor Advenssude

SECRETARIA MUNICIPAL DE TURISMO

IDENTIDADE VISUAL E PROJETO GRÁFICO

SECRETÁRIO

PRODUÇÃO

SECRETÁRIO-ADJUNTO

REVISÃO ORTOGRÁFICA

Miguel Calderaro Giacomini Rodolfo Marinho

CHEFE DE GABINETE Vicente Rosália

COORDENADOR DE EVENTOS DA CIDADE Vander Lins

Victor Henrique Fidelis Bruno Andrade Luiz Quesada


sĂŁo paulo, dezembro de 2020




Articles inside

Fotojornada do Patrimônio: Construindo Histórias

1min
pages 110-111

históricos: o caso do Theatro Municipal

1min
page 109

Casa de Vidro: Conservação em foco

1min
page 106

Conhecendo o Candomblé

1min
page 107

Trilhando o Jardim da Luz: Memórias de um Patrimônio Ambiental Urbano

1min
pages 100-105

Roteiro do Sesc Pompeia

1min
pages 98-99

Patrimônio Industrial de São Paulo

1min
page 97

Ó: caminho, estrada, avenida

1min
page 94

Passeio a pé pelo Ipiranga: o Museu e seu entorno

1min
page 96

Nase Malo Misto (nosso pequeno lugar

1min
page 93

Oscar no Centro. No Centro, Oscar

1min
page 95

Geoturismo Urbano

1min
page 91

História Viva no Cemitério do Araçá: Memória e Preservação

1min
page 92

Fotografia de Rua: O Minhocão

1min
page 90

Esse Castelo será meu

1min
pages 88-89

Caçando Histórias e Pokémon: Um Roteiro pelo Parque da Água Branca

1min
page 83

Caminhada pela Estrada de Ferro Perus Pirapora

1min
page 86

Café e Cafeterias

1min
page 84

A Zona de Meretrício no Bom Retiro

1min
page 82

Caminhada Histórica no Instituto Butantan

1min
page 85

11

1min
pages 78-79

12

1min
pages 80-81

Cartográficas de São Paulo: Presença e Ausência da Paupolação Negra

1min
page 87
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