Pensamentos InComoDantes

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edição: Edições

Parténon ® título: Pensamentos InComoDantes: Um Guia Prático para Pensar Pensamentos autora: Ana Pifre revisão:

Patrícia Espinha Barros e Inês Santos capa: Patrícia Andrade paginação: Paulo S. Resende fotografias: José

1.ª edição Lisboa, outubro 2016 isbn:

978­‑989-8845-02-3 411661/16

depósito legal:

© Ana Pifre

publicação e comercialização

www.sitiodolivro.pt


Ana Pifre

Pensamentos InComoDantes Um Guia Prรกtico para Pensar Pensamentos



E cada um de nรณs faz o melhor que sabe a cada momento.

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Índice Prefácio 11 1. Introdução

2.

3.

4.

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a. Início b. As imagens, a estrutura e o título c. As experiências

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A mulher que sabia demais

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a. Sabemos o que sabemos b. O que pensava que sabia c. Eu sei que tem de acontecer uma coisa para me sentir bem outra vez d. Técnicas de adivinhação: TU sabes o que EU quero

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Pensamentos ocupantes: Medos, Culpas e Vergonhas

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a. Medos b. Culpas c. Vergonhas

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Pensamentos sobre isto e sobre aquilo

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a. Pensamentos relacionados b. Pensamentos familiares c. Pensamentos físicos d. Pensamentos abundantes

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e. Pensamentos globais f. Pensamentos sobrenaturais

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E quando a vida pergunta: Doçura ou Travessura? 85 a. Seguir as instruções que a vida nos dá b. Livrinho de instruções: Saber comunicar c. O que posso fazer ainda hoje para me sentir em paz comigo? d. O que é que tenho a ver com isso?

6.

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Pensar pensamentos – a arte de desmontar estórias 103 a. Ficar no Presente b. Os 3 negócios c. Estar presente para mim d. Simplesmente comunicar

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7. Testemunhos

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8. Conclusão

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9. Agradecimentos

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10. Bibliografia sugerida

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11. A Autora

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Prefácio Vivi num estado de confusão destrutiva até aos quarenta anos. Ora estados depressivos suicidas, ora estados de euforia que incomodavam todos à minha volta.Tentava ser um homem bom e desrespeitava-me continuamente. Desrespeitava também as pessoas ao meu redor. Fingia estar bem quando não estava, tentava comprar o afeto dos outros e criava situações dramáticas com a maior facilidade. Todavia, sabia que algo podia ser feito. Que aquela vida não era a vida que eu queria viver. Procurei respostas um pouco por todo o mundo. Da China aos Estados Unidos da América, do Brasil à Noruega. Fiz cursos de tarot, cursos em milagres, cursos da criança interior e do pensamento positivo. Frequentei seminários e workshops de danças tribais, leituras da aura, curas de xamãs, Programação Neurolinguística, anjos guias e todo um vastíssimo leque de rituais, viagens e autocuras. E todos estes processos pareciam melhorar a minha vida, pelo menos durante algum tempo. Até que, depois de muitas viagens e buscas, encontrei um livro em promoção numa livraria em Miami (sim, tinha ido para mais um seminário, desta feita sobre o poder curativo da mãe Terra, desde que eu me abrisse ao seu poder, obviamente). O livro despertou-me a curiosidade, sobretudo porque andava na fase em que queria ser um “ser de luz”. Chamava-se “O lado negro

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dos que buscam a luz” de Debbie Ford. Quando regressei ao hotel comecei a lê-lo e estive a ler até de madrugada. Lembro-me de que lia, chorava e sentia-me a quebrar, como se as palavras estivessem a mexer em feridas por sarar. Ao pesquisar na internet o nome da autora, descobri que iria facilitar o que ela chamava de “Processo da Sombra Humana”, em Copenhaga um mês mais tarde. Inscrevi-me imediatamente. O seminário da sombra foi duro, muito duro. A Debbie era uma pessoa que não facilitava a vida a quem quer que fosse. Recordo que fiquei fisicamente doente durante uns oito dias após o seminário. Mas o Emídio presunçoso, que tinha respostas para tudo, que mandava porque podia, que insultava, e o Emídio que tinha medo do que os outros poderiam pensar dele, e medo que ninguém gostasse dele, e medo de falhar, esses Emídios tinha morrido. Não os encontrava. E foi assim que comecei o meu processo de educação emocional. Um curso de dois anos nos Estados Unidos da América sob a orientação da Debbie Ford. Este trabalho da “Sombra Humana” levou-me por caminhos que nunca pensei existirem. Qualquer pessoa que esteja cansada de sofrer irá encontrar neste trabalho a paz e o amor-próprio que procura. Um trabalho que pede calma, silêncio, que pede que fiquemos recetivos a que as respostas surjam. Nenhum outro processo de que tenha conhecimento consegue limpar tanto o nosso lixo emocional e as nossas carências afetivas como o “Processo da Sombra Humana”.


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Se alguém precisa de fazer este processo? Não. Se será benéfico? Sim. No final, poderá viver experiências intensas sem que uma palavra seja dita. Sentir-se amado e amar todos os que o rodeiam. E viver sem um único problema. A Ana Pifre começou este processo da “Sombra Humana” comigo. E, pelo visto, gostou, porque ainda não parou. Agora, é a vez dela ficar disponível para outros que queiram despertar. Este manual é apenas um passo de muitos. E é um manual que vale a pena ler, sobretudo para qualquer pessoa interessada em despertar, em realmente abrir os olhos e ver a realidade sem histórias de terror. Emídio Carvalho

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Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta. Carl Jung



1. Introdução a. Início Este livro tem por base a minha experiência ao longo de vários anos a utilizar o Trabalho de Sombra. Iniciei este percurso com o Emídio Carvalho, com quem aprendi a questionar o que eu acreditava sobre acontecimentos passados e dolorosos. Posteriormente, passei também a facilitar este trabalho a outras pessoas em Sessões Individuais e Workshops. Surgiram experiências e estórias além da minha, pensamentos sobre as estórias que contamos a nós mesmos e que nos trazem sofrimento. Apareceram depois anotações sobre estes pensamentos e surgiu a ideia de escrever um livro, que regista algumas destas experiências. De alguma forma, percebi que olhar para as vivências das outras pessoas também me ajudou a olhar para a minha própria vivência de outra maneira. A partir do momento em que olhamos para algum acontecimento por outro prisma, relativizamos o acontecido, e os pensamentos obsessivos deixam de estar tão presentes no dia-a-dia, levando-nos a uma maior paz e afastamento natural de conflitos.

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Se tivesse de definir numa frase até onde me levou esta experiência, diria que deixei de ver apenas as árvores e passei a ver melhor a floresta.

b. As imagens, a estrutura e o título No meio deste processo de escrita, surgiram as imagens. A Inês e o Zé foram convidados a transformar pensamentos e emoções em imagens, mudando este projeto e levando-o a uma dimensão muito diferente. As ideias que surgiram na equipa e a forma como foram trabalhadas, alteraram o projeto inicial de criar uma capa de um livro para a criação de um livro com fotografias que representam capítulos e que falam por si. O livro encontra-se estruturado de forma a apresentar questões nos capítulos 1, 2, 3 e 4, e algumas sugestões para pensar as questões destes pontos no ponto 5. Desta forma, pode ler-se de seguida, ou podemos ler o capítulo 1, seguido do ponto a) do capítulo 5 e assim por diante. O capítulo 6 apresenta esquemas práticos de pensamento. São sugestões simples e de fácil introdução no dia-a-dia. O capítulo 7 reúne alguns relatos de pessoas que fizeram ou ainda fazem este trabalho e utilizam esta ferramenta no seu dia-a-dia. Sobre o título, este surgiu logo a seguir à ideia de escrever este livro. Os pensamentos In (dentro) Como (no) Dantes (passado)


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são aqueles que aparecem a toda a hora e que nos deixam desconfortáveis, que queremos rejeitar, que nos deixam inquietos. São os que nos dizem que não estamos completos, que somos coitadinhos e que não somos merecedores. Ao longo do trabalho com esta ferramenta, à medida que fui avançando e questionando as ideias e pensamentos que surgiam, percebi que algumas técnicas podiam ser úteis para ajudar no dia-a-dia a criar o que chamei no início deste trabalho de “ilhas”. Na realidade, estas ilhas são os momentos ao longo do dia em que o que está a acontecer não tem passado nem futuro, e que vão crescendo, até eventualmente se tornarem continentes, onde se vive de uma forma mais simples. Estas técnicas são dinamizadas em Workshops e Sessões Individuais, e utilizam-se para questionarmos os pensamentos que surgem sobre o passado e o futuro e nos conduzem ao momento presente.

c. As experiências Normalmente, todos passamos por momentos difíceis em alguma fase da nossa vida. Doenças, divórcios, perdas de pessoas queridas, desemprego. Mesmo sem estas fases, sentimos muitas vezes um vazio ou uma insatisfação, apesar de termos aparentemente tudo o que precisamos. Sentimos que nada pode preencher o vazio ou acalmar essa insatisfação.

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Usamos comida, químicos, televisão, álcool, jogo, sexo, compras, trabalho, juntos ou em separado, para não sentir o desconforto e para que possamos preencher o espaço vazio, tentando anular esse desconforto. Vivemos na superfície, como forma de não visitarmos o Eu que nos incomoda, que nos mostra que somos muito mais do que a perfeição que aparentamos ser. Por vezes, andamos em retiros, movimentos, terapias, em busca do “Santo Graal” da felicidade, da luz e da beleza. Depois, andamos uns tempos, longos ou não, a achar que encontrámos finalmente o caminho para a tal felicidade, luz e beleza. Até voltarmos ao mesmo registo. Volta o vazio e a insatisfação, e voltamos a mais retiros, mais movimentos, mais terapias, e damos mais uma voltinha no aquário. O meu vazio era normalmente preenchido com trabalho. As minhas voltinhas no aquário pessoal eram dadas com dedicação a trabalhar para os outros. Cumprir prazos, estar sempre disponível para os outros, ser sempre aquela que tinha a solução e a resposta para os problemas dos outros – foi esta a forma que utilizei para preencher o vazio e dar resposta à minha sensação de insatisfação. Na antevéspera dos 29 anos tive o primeiro ataque de pânico. Na altura, não sabia o que estava a acontecer, tinha apenas a sensação de me sentir muito mal. Já li relatos e falei com diversas pessoas que passaram por situações de ataques de pânico e, regra geral, descrevem o que sentem como uma sensação de que vão morrer.


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Lembro-me das sensações físicas, dos suores, do aumento do ritmo cardíaco, dos calafrios, mas acima de tudo, lembro-me da sensação de descontrolo e de achar que ia começar a gritar a qualquer momento e de nunca mais parar. Havia uma parte que pensava que o que estava a acontecer era despropositado e havia outra parte que vivia a sensação de perda de controlo total. Foram estas experiências que me conduziram às terapias complementares e às terapias energéticas. Primeiro, através da Medicina Chinesa e Psicologia, e depois com o Reiki, que me abriu as portas a um mundo diferente. Fiz diversas formações, desde vários tipos de Reiki, a Shiatsu e Tui Na, nomeando as mais conhecidas, aprendi a ter perceções diferentes de mim, mas a insatisfação continuou sempre presente. Quando me falaram do Trabalho de Sombra, fiquei curiosa e rapidamente contactei o Emídio Carvalho para a possibilidade de uma sessão. A partir daí, tenho vindo a abrir caixinhas e baús de pensamentos antigos e que me acompanharam durante a maior parte da vida. Algumas das outras formações em terapias ainda utilizo como complemento do Trabalho de Sombra, seja comigo ou com outras pessoas. Outras tiveram o seu papel em determinado momento e deixaram de fazer sentido para mim. Sobre o Trabalho de Sombra, parte das experiências descritas neste livro foram vividas por mim. Outras foram vividas por pessoas que fazem ou já fizeram este trabalho. Concluí que todas as

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experiências se tocam e, de alguma forma, todos nos identificamos com alguma situação vivida pelo outro. Já aconteceu estar a dinamizar um Workshop, a ouvir a estória de uma pessoa e ao mesmo tempo estar a pensar se aquela estória que está a ser contada é a minha ou dessa pessoa. Acontece também, por vezes, estar um grupo reunido a fazer este trabalho, com uma das pessoas a falar de uma das suas situações dolorosas e uma parte grande dos restantes elementos se identificar com esta estória. O Inconsciente Coletivo, definido por Carl Gustav Jung como “conjunto de sentimentos, pensamentos e lembranças compartilhadas por toda a humanidade”, está muito presente nas experiências que tenho enquanto facilitadora deste processo de abertura das caixas e dos baús. Perceber que o que pensamos acerca das características que não queremos ver em nós é comum a todos os que habitam ou já habitaram neste planeta, que todos temos pensamentos semelhantes, ajuda a relativizar o que pensamos acerca de nós próprios e sobre os outros. Afinal de contas, será que existem pensamentos originais? Sugestão de leitura – ponto 5.A


Remember, all the answers you need are inside of you; you only have to become quiet enough to hear them. (Lembre-se, todas as respostas que precisa estĂŁo dentro de si, sĂł precisa de ficar suficientemente quieto para as ouvir) Debbie Ford



2. A mulher que sabia demais a. Sabemos o que sabemos Uma experiência muito engraçada com uma cliente deste trabalho aconteceu numa manhã de um sábado, altura em que esta rapariga costumava sair da sua residência para fazer uma sessão, e voltava de novo, para casa, onde a mãe se encontrava. Tal como eu até começar a questionar, esta rapariga acreditava que tudo à volta dela era absoluto, de uma grande rigidez, com pouca flexibilidade e muito pouca mudança. Ela também acreditava que se as coisas mudavam era para pior. Devido a esta crença na rigidez das coisas e na sua capacidade de mudarem apenas para pior, coloquei uma questão durante uma sessão, cuja temática era exatamente o local de trabalho e o stress no local de trabalho. Surgiu a ideia de lhe perguntar onde estava a mãe, à qual ela respondeu que estava em casa, como era habitual aos sábados de manhã. Tornei a perguntar se tinha a certeza absoluta de que a mãe se encontrava em casa, e a resposta foi concreta: “Sim, ela está de certeza em casa.” Acabámos a sessão e, algum tempo depois, ela enviou um SMS: “Cheguei agora a casa e a mãe não se encontra.”


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Sorri com esta informação. Esta rapariga descobriu que não existem certezas absolutas. A mãe está onde está. Pode ser em casa, onde ela a deixou para ir fazer uma sessão, mas também pode estar noutro lado qualquer. E não aconteceu nada de mal. A senhora apenas saiu para viver a vida dela. Uma das expressões bastante utilizadas por esta rapariga era: “Nunca tinha pensado nisso dessa forma.” De facto, após algumas sessões a olhar com outros olhos para o que acontece no dia-a-dia, passou a sentir-se mais calma no local de trabalho. Por um lado, passou a dizer não a diversas situações que acumulava e que a incomodavam muito, por não serem da área dela. Começou a sentir-se mais tranquila e passou a ter atitudes menos bruscas com os colegas de trabalho. Esta rapariga começou a notar que as pessoas à sua volta também mudaram, pois somos todos espelhos daquilo em que acreditamos. Ela passou a respeitar-se mais enquanto pessoa, ao dizer não a diversas situações que não eram para ela, o que originou um maior respeito por parte das pessoas com quem trabalhava. E o trabalho que se fez foi simples: apenas questionar os pensamentos que conduziam às suas atitudes e às dos outros. Ao fazer o trabalho comigo e com outras pessoas, percebi que acreditamos em muitas ideias e pensamentos, sem que algum dia os tenhamos questionado.


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São os nossos sistemas de crenças, herdados de geração em geração, passados de pais para filhos, até que alguém se questione sobre a veracidade do que está a pensar. Acreditamos que o dinheiro não nasce nas árvores, que é como quem diz, tens de trabalhar muito para ter alguma coisa. Acreditamos que existe uma tampa para cada tacho, o que significa que eu tenho de ter alguém ao meu lado para toda a vida. E se a pergunta seguinte é: Qual é o mal de acreditar nestas crenças? Para mim, a resposta é: não tem mal nenhum. Surge, no entanto, outra questão: Sinto-me bem a acreditar nestes conceitos ou, por outro lado, existem conceitos que me deixam desconfortável?

b. O que pensava que sabia Quando cheguei ao Trabalho de Sombra sentia-me “como um cãozinho atrás da cauda”, muito zangada por não conseguir que a Vida me desse o que achava ser o que eu precisava e que era importante ter. Eu sabia sempre que a tarefa do trabalho tinha de ser concluída naquele dia, que a pessoa do relacionamento daquela altura deveria dar-me mais atenção, que o projeto de trabalho pessoal já deveria estar implementado. Contudo, nada acontecia de acordo com a minha planificação. A raiva, a frustração, a sensação de que “as coisas boas só aconteciam com os outros”, que “eu tinha de trabalhar muito para

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ter o que queria” e que “afinal eu podia trabalhar muito mas outra pessoa qualquer iria receber os louros do trabalho que fiz” eram uma constante no dia-a-dia. A “Ana que Sabia Demais” sabia que não era suficientemente boa, sabia que havia algo de errado com ela e sabia, acima de tudo, que tinha de ser perfeita, em especial nos relacionamentos. A “Ana que Sabia Demais” tinha muita dificuldade em dizer “não, não sei, não posso” e fazia de tudo para mostrar que sabia sempre como resolver os problemas: dela, mas em especial, dos outros. À medida que fui avançando, percebi que sabia demasiado sobre mim e sobre os outros. Sabia sempre o que tinha de acontecer, o que os outros tinham de fazer e como as coisas deveriam acontecer. Quando isto não se realizava no tempo que queria e conforme planeado, ficava ansiosa, muito ansiosa. A primeira vez que a “Ana que Sabia Demais” disse que não sabia fazer uma tarefa perante uma pessoa, e que talvez fosse melhor dar aquele trabalho a outro, foi talvez um dos momentos mais libertadores sentidos até agora: dizer “eu não sei fazer isso” ou “eu não sei” abriu uma porta que se mantém aberta até hoje. Uma porta que se abre para a possibilidade de aprender e para a possibilidade de permitir que outra pessoa possa mostrar que também sabe fazer. Sim, esta última foi uma aprendizagem surpreendente: afinal de contas, se for sempre eu a resolver todas as situações e tarefas


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que surgem, onde é que está o espaço para que os que estão ao meu lado cresçam como pessoas, como profissionais? A humildade da expressão “eu não sei”, levou a “Ana que Sabia Demais” a um maior silêncio e a uma maior serenidade. Deixou de ter uma resposta pronta para todas as situações e permitiu que outras soluções surgissem, mais completas e com menos esforço. Uma das expressões utilizadas pelo Emídio neste processo e que sempre me deliciou (e que utilizo também, porque, para mim, representa esta necessidade de termos de saber o que fazer) é “quem precisa de Deus (segundo o entendimento de cada um)/ Vida/Universo quando temos esta pessoa?” Quem precisa de Deus quando tem a Ana que sabe sempre o que fazer, o que dizer, o que o outro deve fazer, como a Vida tem de se comportar?

c. Eu sei que tem de acontecer uma coisa para me sentir bem outra vez O Trabalho de Sombra surgiu como uma revelação de mim mesma. Quando comecei o trabalho de questionar, comecei a perceber melhor a dimensão da tristeza, da raiva e da ansiedade que me acompanhavam no dia-a-dia. Em especial, comecei a ter a perceção da necessidade que tinha de que algo acontecesse para me sentir bem. Pensamentos do tipo “quando eu acabar este trabalho, vou ficar aliviada”,

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