CNC 70 anos: Do tamanho do futuro

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CNC 7O ANOS DO TAM ANH O DO F UTUR O ––––––––––

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO

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CNC 7O ANOS DO TAM ANH O DO F UTUR O ––––––––––

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO

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C NC 7 O A NO S: DO TA MA N HO DO F UT URO Direitos desta edição reservados à Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Vedada, nos termos da lei, a reprodução total ou parcial deste livro.

C748 Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo CNC 70 anos : do tamanho do futuro / Confederação Nacional do Comércio de

Presidente: Antonio Oliveira Santos

Bens, Serviços e Turismo. – Rio de Janeiro :

Chefe do Gabinete: Lenoura Schmidt

Serviços e Turismo, 2015.

Confederação Nacional do Comércio de Bens,

208 p. : il. color. ; 21 cm. Outubro de 2015 Assessoria de Comunicação (Ascom): Cristina Calmon Texto: George Vidor

ISBN: 978-85-85811-06-8 1. CNC - História. I. Título. CDD 380.0981

Redatores: Celso Chagas, Geraldo Roque, Mára Bentes, Marcos Apóstolo Coordenação Geral: Binder Coordenação editorial: Luiza Figueira de Mello Edição: Réptil Editora Pesquisas e colaboração geral: Amanda Meirinho e Marcelo Diniz Projeto gráfico e diagramação: Jamil Li Causi e Lauro Machado Colaboração: Marcelo Vital e Leonardo Rinaldi (Ascom/PV)

CNC – RIO DE JANEIRO:

Revisão: Guilherme Semionato e Elineth Campos

PABX: (21) 3804-9200

Tratamento de imagens: Trio Studio Impressão: Stilgraf

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Av. General Justo, 307 CEP: 20021-130 CNC – BRASÍLIA: SBN Quadra 1 Bl. B - n° 14 CEP.: 70041-902 PABX: (61) 3329-9500 / 3329-9501 www.cnc.org.br

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DIRETORIA CNC P RE S ID E N TE

2 º D I R E TOR -SEC RETÁ RIO

Antonio Oliveira Santos

Bruno Breithaupt

1 º VICE -P R E S I D E N TE

3 º D I R E TOR -SEC RETÁ RIO

Josias Silva de Albuquerque

Wilton Malta de Almeida

2º VICE -P R E S I D E N TE

2 º D I R E TOR T ESOUREIRO

José Evaristo dos Santos

Marco Aurélio Sprovieri Rodrigues

3 º VICE -P R E S I D E N TE

3 º D I R E TOR T ESOUREIRO

Laércio José de Oliveira

José Lino Sepulcri

VICE -P RE S I D E N TE F I N A N C E I R O

D I R E TOR E S

Luiz Gil Siuffo Pereira

Aldo Carlos de Moura Gonçalves

VICE -P RE S I D E N TE A D M I N I S TR ATI VO

Darci Piana

Alexandre Sampaio de Abreu Antonio Airton Oliveira Dias Carlos Fernando Amaral

VICE -P RE S I D E N TE S

Daniel Mansano

Abram Szajman

Edison Ferreira de Araújo

Adelmir Araújo Santana

Eliezir Viterbino da Silva

Carlos de Souza Andrade

Euclydes Carli

José Marconi Medeiros de Souza

Francisco Valdeci de Sousa Cavalcante

José Roberto Tadros

Itelvino Pisoni

Lázaro Luiz Gonzaga

José Arteiro da Silva

Luiz Carlos Bohn

Leandro Domingos Teixeira Pinto

Pedro Jamil Nadaf

Luiz Gastão Bittencourt da Silva Marcelo Fernandes de Queiroz Pedro José Maria Fernandes Wähmann Raniery Araújo Coelho Sebastião de Oliveira Campos

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CO N S E LH O FIS CA L

Presidente Valdemir Alves do Nascimento

Liliana Ribas Tavarnaro Lúcio Emílio de Faria Junior Luso Soares da Costa Manoel Jorge Vieira Colares

Efetivos

Márcio Olívio Fernandes da Costa

Domingos Tavares de Sousa

Miguel Setembrino Emery de Carvalho

José Aparecido da Costa Freire

Mitri Moufarrege Paulo Miranda Soares

S UP LE N T E S DA D IRE TO RIA

Abel Gomes da Rocha Filho Aderson Santos da Frota Alex de Oliveira da Costa André Luiz Roncatto

Paulo Sérgio Ribeiro Rubens Torres Medrano Rudi Marcos Maggioni Valdir Pietrobon Zildo De Marchi

Antônio Lopes Trindade Ari Faria Bittencourt Armando Vergílio dos Santos Júnior Carlos Marx Tonini Célio Spagnoli Diocesmar Felipe de Faria

S U P L E N TE S D O C ON S E L HO F I S CA L

Ademir dos Santos Marcelino Ramos Araújo Odair de Jesus Conceição

Edgar Segato Neto Expedito Edilson Mota Borges Fernando Flávio Madruga de Oliveira Lima Francisco Maia Farias Hugo de Carvalho Isabel Cristina Vidal Ineu Ivo Dall´Acqua Júnior Jeferson Furlan Nazário João Elvécio Faé José Gilton Pereira Lima José Marcos de Andrade Ladislao Pedroso Monte

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SUMÁRIO ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 10

S O BR E R ES PON SAB I LI DAD E, PAS SAD O E FUTUR O

12

U MA I N S TI TUI ÇÃO EM PR OGR ES S O CON S TAN TE

16

O S PR ES I D EN TES DA CN C

20

N A V ELOCI DAD E D O TEMPO: 7 0 AN OS EM MI N UTOS

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 30

A CN C E O CON TE X TO HISTÓRICO N ACION AL E IN TE RNACIONAL 34

O R ECOMEÇO D EPOI S D O FI M

38

A CAR TA D E TER ES ÓPOLI S , UM D OCUMEN TO V I SIONÁ RIO

46

N O MUN D O D I V I D I D O, A CR I AÇÃO D E UMA EN TI DA DE AGRE GA DORA

52

O BOOM B R AS I LEI R O

60

OS R EVOLUCI ON ÁR I OS “AN OS D OUR AD OS”

66

AN OS 60: DAS CON QUI S TAS AO FI M DA D EMOCRAC IA

78

UMA N OVA CAR TA EM D EFESA D O COMÉR CI O

86

DA “D ÉCADA PER D I DA” À D EMOCR ACI A V I TOR I O SA

96

O R EAL E OS N OVOS D ESAFI OS D E UMA ER A LI V RE

106

A ER A DA TECN OLOGI A

118

O COMÉRCIO SUSTENTÁVEL NOS PRÓXIMOS 70 ANOS

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 128

CONSTRUINDO O DESENVOLVIMENTO SOCIAL E EDUCACIONAL 132

EDUCAÇÃO: CHAVE PARA AS PORTAS DO DESENVOLVIMENTO

142

NO CORAÇÃO DO BRASIL, A HISTÓRIA DO SESC

148

O AMBIENTE É O MEIO

152

EXPANDINDO LIMITES NO TURISMO

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 160

CNC: DO TAMANHO DOS DESAFIOS DO BRASIL E DO FUTURO 162

SICOMÉRCIO: A FORÇA DA UNIÃO

168

EXCELÊNCIA COMO META

––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 172

DA VENDINHA AO E-COMMERCE: UM OLHAR NO TEMPO

–––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––

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SOBRE RESPONSABILIDADE, PASSADO E FUTURO Para celebrar os 70 anos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), decidimos, como na comemoração dos 50 e dos 60 anos da instituição, marcar data tão expressiva com a edição de um livro, que sintetiza nossa história e nossa importância dentro de um contexto mais amplo, nacional e internacional. Retrospectivamente, é possível perceber o quanto a trajetória da CNC está dinamicamente alinhada com a do próprio País. Em 1945 o Brasil já se urbanizava (tínhamos duas cidades com mais de um milhão de habitantes, Rio de Janeiro e São Paulo), mas a economia ainda dependia essencialmente das exportações de café verde e de alguns poucos produtos mais. Somente em 1951 seria inaugurada a primeira estrada interestadual pavimentada, a Via Dutra. Naqueles anos, o País não tinha energia, importava quase todo o petróleo de que precisava e o mercado de consumo era restrito, por falta de renda ou do que comprar. Os líderes empresariais que participaram da criação da Confederação Nacional do Comércio, denominação original da nossa entidade, tinham perfeita consciência dos enormes desafios que o País enfrentaria e se propuseram a participar mais ativamente nas decisões nacionais. No I Congresso das Classes Produtoras (Conclap) aprovaram um documento histórico, a Carta de Teresópolis, cujos princípios foram incorporados aos estatutos da CNC. A preocupação com a paz social se traduziria no esforço para a implantação das unidades do Sesc e do Senac (que completarão 70 anos em 2016). O analfabetismo e a fome não constituem mais grandes mazelas do País. Também não vivemos às escuras, pois a eletricidade chega a quase todos os domicílios (99%). Criamos um invejável mercado consumidor, que demanda o que há de mais atual na tecnologia. Pela internet, estamos conectados ao mundo, em tempo real. O interior já não vive isolado e contribui fortemente para o desenvolvimento do País, superando deficiências de infraestrutura e outras adversidades. A CNC foi testemunha e partícipe de toda essa história. Acompanhamos os bons e os maus momentos. E sempre contribuímos, no que foi possível, para o País avançar. De fato, hoje o Brasil procura resolver seus problemas pelo diálogo democrático, respeitando as instituições, o que nos deixa esperançosos em relação ao futuro.

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De 1945 a 2015, as relações no ambiente sindical também evoluíram muito. A CNC esteve à frente de muitas mudanças, na construção de um sindicalismo confederativo forte, representativo e respeitado. Nessa trajetória, buscou renovar-se diante das transformações políticas e econômicas, das modernas tendências de consumo e dos novos hábitos e comportamentos da sociedade. No entanto, manteve-se sempre vinculada a suas origens, a seu passado e aos propósitos que nortearam sua fundação. Em sete décadas, os desafios enfrentados na defesa dos direitos e interesses de nossos representados foram constantes e numerosos. Trabalhamos sem tréguas, por exemplo, pelo aumento de investimentos, melhoria da infraestrutura, redução da burocracia e racionalização da legislação tributária e trabalhista do País. Mas cada obstáculo superado deixou o campo mais livre e fértil para que as empresas abrigadas em nossas federações e sindicatos patronais – um universo hoje de cinco milhões de empreendedores – pudessem crescer e prosperar, impulsionando também o desenvolvimento nacional. É certo que há ainda muito a ser feito, mas as lições aprendidas no passado, somadas às do presente, com certeza nos enchem de confiança e irão pavimentar nossa ponte de acesso ao tempo que ainda virá. Uma boa leitura! Antonio Oliveira Santos PRESIDENTE DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO

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UMA INSTITUIÇÃO EM PROGRESSO CONSTANTE COMO UMA INSTITUIÇÃO QUE COMPLETA 70 ANOS ENXERGA SEU PRÓPRIO FUTURO? Num mundo que se transforma rapidamente, impulsionado pela comunicação instantânea, não há como o modelo confederativo sindical também não se ajustar para os desafios que encontrará pela frente. Nos anos 1990, a CNC iniciou um processo de mudanças que permite ao sistema confederativo colher frutos no presente e se preparar para esse futuro não tão distante. Um dos principais desafios desse processo foi aproximar representantes e representados, de modo a fortalecer o próprio sistema de representação sindical, que envolve 27 federações de comércio, sete federações nacionais setoriais e cerca de mil diferentes sindicatos. Tal aproximação se tornou mais ágil com a aplicação de modernas ferramentas de gestão e da tecnologia da informação. Para cumprir sua função, o sistema confederativo sindical terá de se abrir cada vez mais para as inovações que impactam a vida das empresas e dos cidadãos. As Câmaras do Comércio, por exemplo, têm ajudado a CNC a cumprir essa tarefa. Como será a convivência do comércio eletrônico, que se expande a uma incrível velocidade, com o comércio convencional? A mesma pergunta é extensiva ao comércio de serviços. A Câmara Brasileira de Tecnologia da Informação tem sido um fórum importante para esse debate, iluminando caminhos que devemos

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percorrer. Às nove câmaras em funcionamento, a CNC agregará mais duas, ampliando esse universo de discussão e busca de soluções. A tecnologia da informação permite também a criação de ferramentas que ajudam a CNC a estar cada vez mais próxima das entidades do Sistema e dos empresários. É assim no caso dos sistemas de informações que municiam a Rede Nacional de Assessorias Legislativas do Sistema CNC-Sesc-Senac (Renalegis) e a Rede Nacional de Representações do Sistema Confederativo do Comércio (Renar), dois exemplos de um trabalho articulado da Confederação com as federações em defesa dos empreendedores do setor. É assim ainda na criação do Banco de Dados da Contribuição Sindical (BDCS), uma nova ferramenta estratégica que vai promover o fortalecimento de federações e sindicatos, ao facilitar o gerenciamento da arrecadação sindical, bem como de outras contribuições. Outra base de informações importante com que as entidades do comércio passam a contar é o Sistema de Negociação Coletiva do Comércio (SNCC), uma ferramenta desenvolvida pela CNC que reúne as mais relevantes informações sobre acordos e convenções coletivas de trabalho no setor e que ajudará as entidades do Sistema Comércio a ter mais agilidade e segurança nas negociações. Um exemplo concreto pode ser extraído da área ambiental. As normas e obrigações referentes ao descarte de bens de consumo, dentro de todas as cadeias produtivas, atribuem enorme responsabilidade às empresas de comércio. É uma atribuição completamente nova e, portanto,

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merecedora de um debate mais profundo para que as responsabilidades se distribuam de forma equânime entre os diversos atores envolvidos na produção, no transporte, na distribuição e no consumo de bens e serviços. Porém, é preciso que as empresas, entre as quais mais de 90% de micro e pequeno portes ou familiares, se organizem e se preparem para as responsabilidades que lhes forem atribuídas. Mas, se a forma de agir e de se fazer representar do sindicalismo em geral tende a se renovar e se transformar, o Sistema CNC-Sesc-Senac permanecerá fiel às suas origens, cumprindo um papel de colaboração para o desenvolvimento da sociedade brasileira. O Sistema se orgulha de ter colaborado, com o Mesa Brasil, para que o programa Fome Zero, desafio lançado pelo governo federal, alcançasse seus objetivos e tivesse o devido reconhecimento internacional. E também pela atuação no Pronatec – o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego –, realizado em parceria com o governo federal, que está levando educação profissional gratuita para milhares de brasileiros. Continuaremos a trilhar por esse caminho: compromissos com saúde, educação, capacitação profissional, lazer e bem-estar e preservação do meio ambiente estarão sempre na agenda de todo o sistema confederativo. Ao completar 70 anos, a CNC deu partida à revisão do seu plano estratégico, com metas até 2020. As mudanças já estão em curso e certamente se acelerarão nos próximos anos, porque é isso que os seus representados e a sociedade esperam da Confederação.

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OS PRESIDENTES DA CNC

JOÃO DAUDT D’O LI VEIR A Foi um dos fundadores e o primeiro presidente da CNC. Era gaúcho de Santa Maria, onde nascera em 3 de abril de 1889. Presidiu a I Conclap, conclave no qual se aprovou a Carta de Teresópolis, documento histórico das classes empresariais brasileiras. Daudt implantou o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e o Serviço Social do Comércio (Sesc). Além de participação ativa da vida empresarial, tinha estreita ligação com o mundo da literatura. Faleceu em 1965, aos 79 anos.

1946 – 1952 16

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BRA S Í L I O M ACH AD O NETO

JOÃO DE SO UZA VASC ON C ELLOS

Também um dos fundadores da CNC, Brasílio

Paraibano de Campina Grande, Vasconcellos

presidiu a Confederação em dois mandatos não

presidiu a CNC entre os dois mandatos de

consecutivos. Conjugou sua atividade empresarial

Brasílio. Instituiu o Dia Nacional do Comércio (16

com uma carreira política por São Paulo (onde

de setembro) e criou o Conselho de Turismo.

nascera, em 1900). Criou o Conselho Técnico da

Representou o Brasil, como delegado dos

CNC e multiplicou as instalações do Sesc e do

empregadores, na reunião de formação da

Senac pelo Brasil. Durante seus mandatos, a CNC

Organização Internacional do Trabalho (OIT). Foi

adquriu o prédio em construção que seria a sede

membro e presidente do Conselho Técnico da

da Confederação no Rio e o terreno para abrigar

CNC. Faleceu em 1972.

a futura sede em Brasília, que se tornaria a capital federal em 1960. Brasílio não completou seu segundo mandato. Faleceu em 1968.

1952 – 1954 / 1956 – 1958

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1954 – 1956

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C H ARL E S E D G A R M ORITZ

JESSÉ PINTO FREIRE

Catarinense de Florianópolis (onde nasceu em 21

Potiguar, nasceu em Macaíba na data de 19 de

de novembro de 1912), foi fundador da federação

novembro de 1918. Paralelamente como líder

de comércio do seu estado. Concluiu o segundo

empresarial, fez uma carreira política, chegando

mandato de Brasílio e se reelegeu. Dirigiu a primeira

a representar seu estado no Senado. Presidiu em

reunião da diretoria na sede própria do Rio de

1972 a III Conclap e em 1975 a IV Conclap, na qual foi

Janeiro. Estava à frente da Confederação em 31 de

aprovada a Carta do Rio, um documento histórico

março de 1964, momento de ruptura institucional

das classes empresariais brasileiras. Reeleito em

no Brasil. Faleceu em 1998, aos 85 anos

1980, não chegou a exercer o novo mandato, pois faleceu prematuramente aos 61 anos.

1959 – 1964

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1964 – 1980

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A NTONI O OL I VE I RA SANTO S Atual presidente da CNC, o capixaba Oliveira Santos

à vida empresarial. É em sua gestão que o

(nasceu em Vitória, em 30 de junho de 1926)

sistema confederativo se reorganiza, por meio

presidia a Federação do Comércio do Espírito Santo

do Sicomércio. Representou a classe empresarial

e acumulava a vice-presidência da Confederação

no Conselho Monetário Nacional e em outras

quando Jessé Pinto Freire faleceu. Engenheiro civil

instituições. Implantou dois projetos visionários,

e eletricista, formado pela então Universidade

a Estância Ecológica Sesc Pantanal e a Escola

do Brasil (hoje, UFRJ), passou pela Companhia

Sesc de Ensino Médio. Durante seus mandatos,

Siderúrgica Nacional, e também pela Companhia

a CNC buscou ampliar a sustentabilidade de sua

de Ferro e Aço de Vitória, além da Estrada de Ferro

atuação. Em 2014, foi reeleito para um novo

Vitória-Minas, antes de se dedicar integralmente

mandato, que está em curso.

1980 –

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NA VELOCIDADE DO TEMPO: 70 ANOS EM MINUTOS

No início dos anos 1940, o Brasil passava por um momento de crescimento acelerado de setores produtivos, com a expansão do comércio de bens e serviços, que geravam um intenso processo migratório do campo para as grandes cidades, favorecendo uma rápida urbanização. O Estado brasileiro, porém, não estava preparado para atender o aumento da demanda por serviços sociais, especialmente nas áreas de saúde e educação. Os atendimentos médicos e hospitalares eram muito precários e insuficientes para suprir as necessidades da população, e os índices de contágios e morte por tuberculose, malária e paralisia infantil eram altos. Ao mesmo tempo, multiplicavam-se os movimentos sindicais pela garantia dos direitos trabalhistas. Em maio de 1945, diante desse quadro propenso a tensões sociais, representantes empresariais da indústria, comércio e agricultura realizam, em Teresópolis, a primeira Conferência das Classes Produtoras (Conclap), que resulta na Carta Econômica de Teresópolis, uma espécie de análise conjuntural que propunha o combate à pobreza, o desenvolvimento das forças econômicas e a justiça social. Inspirados nesses princípios e recomendações, um grupo de empresários, liderado por João Daudt D’Oliveira (comércio), Roberto Simonsen e Euvaldo Lodi (indústria), e o educador Brasílio Machado Neto, elabora a Carta da Paz Social, que fundamenta a proposta inovadora de custeio dos serviços sociais dos trabalhadores com recursos das classes patronais. Quatro meses depois da Conclap, tendo como base os anseios empresariais do comércio e os princípios postulados na Carta de Teresópolis, é criada a CNC.

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1945 1946 › 10 DE JANEIRO

1945 › 1º DE MAIO

1952

I CONCLAP – Conferência das Classes Produtoras do Brasil, em Teresópolis.

1945 › 4 DE SETEMBRO Realização da Assembleia Constituinte da Confederação Nacional do Comércio, sob a condução de João Daudt d’Oliveira, então presidente da Federação do Comércio Atacadista do Rio de Janeiro, na Rua da Alfândega, n° 107, 1° andar.

1945 › 30 DE NOVEMBRO

Posse da primeira Diretoria da CNC, presidida por João Daudt d’Oliveira, e criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), para profissionalização de trabalhadores para o comércio, por meio do Decreto-Lei n° 8.621, assinado pelo presidente da República José Linhares.

1946 › 13 DE SETEMBRO

Posse de Brasílio Machado Neto na presidência da CNC, na qual ficou até 1954. A entidade passa a funcionar na Rua da Candelária, n° 9, 9° andar, no Rio de Janeiro.

1953 › MARÇO Criação do Conselho Técnico da CNC e primeira reunião presidida pelo então presidente Brasílio Machado Neto.

1954

A Confederação Nacional do Comércio foi reconhecida no Decreto-Lei n° 20.068, firmando-se assim como a entidade máxima do empresariado comercial brasileiro.

Entrada de João de Souza Vasconcelos na presidência da CNC até 1956.

1945 › 21 DE DEZEMBRO

Criação do Conselho de Turismo da CNC.

1955 › 11 DE AGOSTO

Eleição da primeira Diretoria da CNC, com João Daudt d’Oliveira na presidência. Criação do Serviço Social do Comércio (Sesc) pelo Decreto-Lei n° 9.853, assinado pelo presidente Eurico Gaspar Dutra, que hoje está presente em todos os estados da federação, oferecendo serviços de educação, saúde, cultura, lazer, turismo e assistência social.

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1956 1956 Eleição de Brasílio Machado Neto para o segundo mandato à frente da CNC.

1960 › 7 DE OUTUBRO

1958 › 29 DE OUTUBRO

1964

Nova reeleição de Brasílio Machado Neto. Um novo estatuto define o turismo como uma das prioridades da CNC.

Posse de Jessé Pinto Freire na presidência da CNC.

1959

É criado o Comitê Brasileiro da Câmara de Comércio Internacional (ICC Brasil), sediado na CNC, com o objetivo de divulgar práticas comerciais internacionais recomendadas pela Câmara de Comércio Internacional (International Chamber of Commerce – ICC).

Após renúncia de Brasílio Machado Neto, Charles Moritz, então segundo vice-presidente da entidade, assume o cargo. Em 1960, a Diretoria da CNC elege Moritz para um novo mandato.

1960

1966 › 23 DE OUTUBRO A Prefeitura do Rio libera o “habite-se” para ocupação total da sede da CNC no Rio de Janeiro, na Av. General Justo, 307. No mesmo dia, a diretoria da CNC elege Charles Moritz para a presidência.

1961

1967

Instalação de uma delegacia da CNC em Brasília, no Setor Comercial Sul, Edifício JK, sala 118, 11º andar.

O presidente do Instituto Brasileiro do Café, Caio de Alcântara Machado, recebe da CNC o prêmio Mascate.

1964 › 16 DE JULHO

1968 Surge o primeiro hotel-escola do Senac em Barbacena, Minas Gerais. No ano seguinte, é a vez de Águas de São Pedro, em São Paulo.

O Senac passa a investir na educação de jovens e adultos. O Sesc elege a educação social como instrumento de transformação da sociedade e inicia os primeiros trabalhos com unidades móveis, o UNIMOS, para alcançar localidades onde ainda não havia um centro social do Sesc.

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1969 Criação do Plano de Expansão da Rede Escolar do Senac (Peres), com recursos do Fundo Nacional de Investimentos. Vinte e seis centros educacionais são construídos até 1974. Primeira edição do Troféu “O Mascate”, que premia profissionais de destaque no comércio. O primeiro a recebê-lo foi Giulite Coutinho, presidente da Associação de Exportadores Brasileiros.

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1991 1977

1970 Lazer, saúde e cultura passam a integrar as prioridades do Sesc.

1986

1972

Elaboração do primeiro Plano Nacional de Ação do Sesc.

1987 › 5 DE NOVEMBRO

Sob coordenação da CNC, acontece de 20 a 25 de março, no Museu de Arte Moderna do Rio, o III Conclap, Conferência das Classes Produtoras do Brasil.

Realizado o IV Conclap, no Hotel Nacional, no Rio de Janeiro, de 31 de outubro a 4 de novembro.

Antonio Oliveira Santos preside a cerimônia de posse do Conselho Consultivo da União dos Empresários Brasileiros, criado para colaborar com o governo na composição da nova Carta Magna.

1979

1990 › 23 DE NOVEMBRO

Inaugurado o Hotel Senac Ilha do Boi, no Espírito Santo, hotel-escola que se tornaria referência em hospedagem na América Latina.

Expedida a resolução CNC-CR n°01, criando o Sistema Confederativo da Representação Sindical do Comércio (Sicomércio).

1973 › 16 DE JULHO

1979 › 13 DE MARÇO

A sede da CNC em Brasília passa a funcionar em imóvel próprio no Setor Comercial Sul, quadra 2, bloco C, nº 227, Edifício Presidente Dutra.

Instituído o regulamento da Ordem do Mérito Comercial.

1974 O presidente da CNC, Jessé Pinto freire, lidera o XXIV Congresso Mundial da Câmara de Comércio Internacional do Rio de Janeiro.

1975 A CNC idealiza um prêmio para estimular e reconhecer a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção, concedido a personalidades e a instituições nacionais ou estrangeiras: a Ordem do Mérito Comercial, composta por seis classes.

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1991 › AGOSTO

1980 Antonio Oliveira Santos assume a presidência da CNC.

1981 O presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, integra a comitiva do presidente da República, general João Baptista Figueiredo, a países europeus. No mesmo ano, representa a CNC na missão econômica do Brasil ao sudeste asiático e ao Oriente Médio, ao lado do então ministro da Fazenda, Ernane Galvêas.

D O TA M A N H O D O F U T U R O

I I Convenção Nacional do Sistema Confederativo da Representação do Comércio (Sicomércio). Expedida a Resolução Sicomércio-CNC nº 2, regulando o registro e o enquadramento sindical no Sicomércio e criando a Comissão de Enquadramento e Registro Sindical do Comércio (CERSC).

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1991 1995 › 4 E 8 DE DEZEMBRO

1997

1991 Primeiras ações do Sesc no combate à fome, com o Projeto Sopa e Pão, no Paraná.

1991 Assinadas as portarias CNC 201, Sesc 389 e Senac 364, sobre a construção do edifício-sede da CNC em Brasília.

1993 › 16 E 17 DE OUTUBRO

III Convenção do Sicomércio, que passa a se chamar Assembleia Geral do Sicomércio (AGS) nas próximas edições, na qual é aprovado o estatuto do sistema.

1996 Criação das primeiras Câmaras de Comércio da CNC: a Câmara Brasileira de Comércio e Serviços Imobiliários (CBCSI) e a Câmara Empresarial de Turismo (CET).

1996

Inauguração da Estância Ecológica Sesc Pantanal, situada nos municípios matogrossenses de Poconé e Barão de Melgaço.

1998

A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) realiza sessão solene extraordinária em homenagem à CNC e aos 50 anos do Senac e do Sesc.

1997 › 13 A 16 DE OUTUBRO

II Convenção do Sicomércio e criação da Carta de Princípios do Sicomércio, que estabelece que a palavra “comércio” abrange todas as atividades mercantis relacionadas a bens e serviços de qualquer natureza.

Com a presença do então presidente da República Fernando Henrique Cardoso, foi inaugurado o Edifício da Confederação Nacional do Comércio no Distrito Federal. Na ocasião, aconteceu a posse da Diretoria e do Conselho Fiscal da CNC para o triênio 1998-2001. Ocorre a IV Assembleia Geral do Sicomércio.

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2006 1998

2000

Primeiras ações do Senac Móvel, programa que leva carretas equipadas com os cursos do Senac aos municípios distantes dos grandes centros. Atualmente, são 67 unidades terrestres e uma fluvial, a balsa-escola Senac Móvel.

Implantação do Banco de Alimentos do Sesc Rio de Janeiro. Em 2002, a iniciativa chega a Pernambuco.

2001 2003

1999

Criação do projeto Mesa Brasil, uma rede nacional de arrecadação e distribuição de alimentos por meio do Sesc, com o objetivo de combater a fome e a desnutrição no Brasil.

Lançamento do projeto Sesc Ler, voltado para a alfabetização de jovens e adultos. A Amazônia foi a primeira região atendida. Começam os serviços móveis do Odonto Sesc, com carretas equipadas para atendimento odontológico.

1999 CNC lança endereço oficial na internet: www.cnc.com.br.

1999 › 16 A 19 DE NOVEMBRO

2003 › 24 DE ABRIL Criação da Câmara Brasileira de Produtos Farmacêuticos (CBFarma). Na foto, reunião da CBFarma em 2011 (Crédito: Carlos Terra).

O Estatuto revisado da CNC estabelece mandatos de seis anos para a Diretoria e para o Conselho Fiscal. Em 2010, os mandatos passam a ser de quatro anos.

2002 › 9 A 12 DE SETEMBRO

2004 › 8 A 12 DE NOVEMBRO

Ocorre a VI Assembleia Geral do Sicomércio, que passa a ser denominada Congresso, devido ao número de membros e à importância do evento.

VII Congresso do Sicomércio.

2002 › 11 A 12 DE NOVEMBRO

Diretoria da CNC toma posse para 2004-2010.

Acontece na CNC em Brasília a XXII Reunião Plenária do Foro Consultivo Econômico-Social do Mercosul.

2006

V Assembleia Geral do Sicomércio.

1999

2004

Criação da Câmara Brasileira de Tecnologia da Informação (CBTI), da Câmara Brasileira de Materiais de Construção (CBMC), da Câmara Brasileira de Corretores de Seguros (CBCS) e da Câmara Brasileira do Comércio de Serviços de Telecomunicações (CBCSTEL).

Criação da Câmara Brasileira de Serviços Terceirizáveis (CBST).

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2007 2008 › 14 DE MAIO

2007 › 5 A 7 DE NOVEMBRO

VIII Congresso do Sicomércio. Lançamento do Plano Estratégico do Sistema CNC 2007-2020, com o objetivo de desenvolver o setor terciário de forma convergente, focada e cooperativa.

2008 › 19 DE FEVEREIRO

O Ministério do Trabalho e Emprego autoriza a mudança do nome da CNC, que passa a se chamar Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.

2009 › 15 DE OUTUBRO

2008

Início dos trabalhos do Sistema de Excelência em Gestão Sindical (Segs), criado com base no Plano Estratégico do Sistema CNC.

Primeira reunião ordinária da Rede Nacional de Assessorias Legislativas do Sistema CNCSesc-Senac (Renalegis), que marcou o início do funcionamento oficial da Rede nas ações no Poder Legislativo.

2008

2009 › 17 DE NOVEMBRO

Devido às chuvas que atingiram Santa Catarina, o Sesc lança o programa Sesc Solidário, com o intuito de ajudar os desabrigados. O programa se estenderia a ocorrências semelhantes em outras localidades do País, como Rio de Janeiro (2011), Acre e Bahia (2015).

Lançamento do Programa Nacional de Educação Profissional: Senac na Copa 2014, com o objetivo de capacitar profissionais que pudessem atuar durante o Mundial.

2008 Início do primeiro ano letivo da Escola Sesc de Ensino Médio. A Escola foi fundada por iniciativa de Antonio Oliveira Santos, presidente da CNC e do Sesc, que reconheceu na construção de uma comunidade educativa a possibilidade de formar jovens sob o signo da diversidade, preparando-os para o mundo do trabalho e para o exercício da liderança e da cidadania.

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Criação da Câmara Brasileira do Comércio de Produtos e Serviços Ópticos (CBÓptica).

2008 › 5 DE NOVEMBRO

2010 › 23 DE SETEMBRO Lançado o Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA). Previsto no Plano Estratégico 2007-2020, o PDA promove ações de desenvolvimento das entidades sindicais para o fomento ao associativismo.

O então presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva assina o Decreto que determina a destinação de recursos do Senac para a criação de cursos gratuitos. É o início do Programa Senac de Gratuidade (PSG).

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2011 2011 › 31 DE MARÇO 2010 › 19 DE NOVEMBRO

Começam os eventos de lançamento do Programa de Desenvolvimento Associativo (PDA) nas federações.

No ano em que completa 30 anos na presidência da CNC, Antonio Oliveira Santos toma posse de mais um mandato, para o quadriênio 2011-2014.

2011 › 28 DE ABRIL

2010 › 8 DE DEZEMBRO Formatura da primeira turma da Escola Sesc de Ensino Médio.

2011 › 1º DE FEVEREIRO

A presidente Dilma Rousseff lança o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que tem o Senac como um dos principais parceiros na oferta de cursos técnicos gratuitos.

2011 › 17 DE MARÇO TV CNC: o presidente da CNC, Antonio Oliveira Santos, fala do lançamento do novo portal da entidade, criado com a tecnologia necessária para atender a todo o setor terciário.

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O Sistema CNC-Sesc-Senac compõe a Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil, coordenada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, que promove a campanha “Trabalho infantil: deixar de estudar é um dos riscos”, a ser lançada no dia 12 de junho, Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil.

2011 › MAIO

2011 › 19 DE AGOSTO

Lançamento do Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), pesquisa da CNC que avalia, mensalmente, as expectativas dos empresários quanto à economia e ao setor.

Projeto da CNC oferece sites institucionais a todos os sindicatos filiados ao Sicomércio, numa iniciativa do Programa de Desenvolvimento Associativo. Esse e outros assuntos estão na revista CNC Notícias de agosto.

2011 › 1º DE JUNHO

Lançamento do ECOS, Programa de Sustentabilidade CNC-Sesc-Senac.

2011 › 8 DE JUNHO

É realizada a primeira reunião do Grupo Técnico de Trabalho – Meio Ambiente, órgão da CNC gerenciado pela Assessoria de Gestão das Representações (AGR) que tem o objetivo de debater questões sobre o desenvolvimento sustentável do comércio e os impactos no meio ambiente, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

D O TA M A N H O D O F U T U R O

2011 › 19 DE AGOSTO Senac lança o Programa Senac de Acessibilidade, que tem o objetivo de garantir a inclusão e o acesso de pessoas com deficiência à formação profissional e ao trabalho.

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2011 2012 › 12 DE SETEMBRO

2011 › 13 DE SETEMBRO 2012 › 1º DE MAIO

Instituição da Comissão de Negociação Coletiva do Comércio (CNCC), da Rede de Negociadores da CNC, que foi instituída para promover, no âmbito do Sistema Confederativo da Representação Sindical do Comércio, o intercâmbio informativo sobre a negociação coletiva de trabalho e a formação de negociadores.

2012 › 12 DE SETEMBRO Sesc comemora 65 anos de atividades, levando ações de saúde, cultura, educação, lazer e qualidade de vida a milhares de brasileiros todos os dias. Na foto, turma do Educação para Jovens e Adultos (EJA) do Sesc.

2011 › 25 DE OUTUBRO

Começa a circular a primeira unidade móvel Sesc Saúde Mulher, voltada para a saúde feminina. A primeira unidade operou no Rio Grande do Norte.

Primeira reunião da Comissão de Negociação Coletiva do Comércio (CNCC), que tem o objetivo de promover o aperfeiçoamento dos processos de negociações coletivas e treinamento de negociadores do Sicomércio.

2012 › 13 A 24 DE JUNHO

2012 › 14 DE NOVEMBRO

O Sistema CNC-Sesc-Senac participa da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, com palestras, atividades e apresentação de documento com as contribuições do comércio de bens, serviços e turismo.

A CNC apresenta sua nova marca em campanha nacional.

A Escola Sesc de Ensino Médio foi a vencedora do Prêmio Darcy Ribeiro, oferecido pela Câmara dos Deputados a iniciativas de destaque na educação brasileira.

2011 › 9 DE DEZEMBRO A presidente Dilma Rousseff recebeu os alunos do Senac que representaram o Brasil na WorldSkills, no mês de outubro, em Londres.

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2015 2014 › NOVEMBRO Implementado o Banco de Dados da Contribuição Sindical (BDCS).

2012 › DEZEMBRO

2014 › 18 DE NOVEMBRO

CNC se filia à Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), garantindo o selo de qualidade FNQ ao Sistema de Excelência em Gestão Sindical (Segs).

2012 › 21 DE DEZEMBRO A CNC assina, em Brasília, o primeiro acordo setorial atendendo aos princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos, prevendo a implantação da logística reversa pelas empresas envolvidas em fabricação, importação, distribuição e comercialização de óleos lubrificantes embalados.

2013 › 24 DE ABRIL Instalação da Câmara Brasileira do Comércio de Peças e Acessórios para Veículos (CBCPAVE).

2013 › 30 DE DEZEMBRO O Sesc Pantanal é premiado na categoria Destaque Nacional na quarta edição do Prêmio Hugo Werneck de Sustentabilidade & Amor à Natureza, considerado o “Oscar da Ecologia”.

2013 › 3 DE ABRIL

2014 › 28 DE JULHO

Tem início os Congressos Regionais do Sicomércio, realizados nas cinco regiões do País: Sul (3 a 5 de abril), Nordeste, Centro-Oeste (23 a 25 de outubro), Sudeste (7 a 9 de agosto) e Norte.

Acontece a primeira reunião da Câmara Brasileira do Comércio de Gêneros Alimentícios (CBCGAL).

A CNC, em parceria com o IBPT, lança o Empresômetro, site que fornece dados em tempo real sobre micros e pequenas empresas brasileiras.

2015 › 23 DE FEVEREIRO

2014 › 25 DE SETEMBRO

O Senac é homenageado no Plenário do Senado Federal, em cerimônia realizada em comemoração aos 69 anos da instituição.

A nova Diretoria da CNC para o mandato 20142018 foi eleita em Brasília. A chapa 1, liderada por Antonio Oliveira Santos, recebeu 26 dos 28 votos válidos.

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2015 Congresso Nacional do Sicomércio de 2015 – Hotel Windsor Barra, no Rio de Janeiro.

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A CNC E O CONTEXTO HISTÓRICO NACIONAL E INTERNACIONAL

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O JOVEM COMÉRCIO DE UM PAÍS DESCOBERTO

Por George Vidor

O Brasil é, historicamente, um País muito jovem. Era uma colônia até a chegada da família real portuguesa em 1808 e formalmente passou a integrar um reino unido (com Portugal e Algarve) em 1816. O “divórcio” com Portugal ocorreu seis anos depois, em 1822. A jovem nação se criou com uma estrutura administrativa e burocrática que fora herdada do império colonial português, centralizadora e extremamente dependente da coroa. Não por acaso, no primeiro documento oficial relativo à descoberta do Brasil, o escrivão Pero Vaz de Caminha aproveita a oportunidade para solicitar a El Rei Dom Manuel I a nomeação de um parente. No Segundo Reinado surgiram as primeiras associações empresariais no Brasil. A economia girava em torno da agricultura. O café já despontava na liderança, mas o açúcar e o algodão ainda tinham papel relevante. Para escoar a produção, destinada basicamente à exportação, o País contava com uma infraestrutura precária, usada para transportar o ouro das Minas Gerais ou para o açúcar produzido não tão longe da costa. Fazendeiros, transportadores, comerciantes e financistas almejavam caminhar mais rapidamente e esbarravam na burocracia. Tudo dependia de autorização do governo, mas mesmo assim essa infraestrutura foi se ampliando pela iniciativa dos empreendedores de então. No começo do século XX, prosperam algumas manufaturas, as cidades crescem e o Brasil se transforma. A estrutura herdada da Colônia, absorvida pelo Império e mantida pela República, já não se mostrava mais adequada para o mundo daquela época. A Revolução de 1930 traduziu essa necessidade de mudança. Surgem novas instituições, mas quase todas sob a tutela do Estado. Inspirada no modelo italiano, a relação capital e trabalho passa a ser balizada por uma série de leis que definem, inclusive, o funcionamento dos sindicatos, sejam de empregados ou de empregadores. E é aqui que começa nossa história de 70 anos.

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O RECOMEÇO DEPOIS DO FIM

A Europa mal se recuperava de uma guerra destruidora (conhecida como a Grande Guerra), que deixara milhões de mortos e feridos, e um novo clima de beligerância se avizinhava. No Brasil, um país urbano começava a emergir, embora o café continuasse ditando as cartas. Um parque industrial aflorava no Rio de Janeiro e mais intensamente na capital de São Paulo. Transportes, armazenamento e serviços financeiros de apoio à exportação e à importação contribuíam para formar um mercado consumidor urbano nas capitais e mais timidamente no interior. Atacadistas e varejistas que haviam iniciado seu pequeno negócio com um simples armazém ou uma única loja, substituindo os antigos caixeiros-viajantes e mascates, começavam a formar as primeiras redes comerciais. Virada a página da Velha República, Getúlio Vargas buscava ampliar suas bases de apoio político entre os trabalhadores urbanos. Inspirado na Carta del Lavoro da Itália, o governo Vargas institui regras para a relação capital-trabalho. Sob tutela do Estado, surgem sindicatos laborais e são estabelecidas as leis que vão regular o trabalho. Promulgada em 1934, a nova Constituição não duraria muito. À frente do governo provisório e depois como presidente constitucional, Vargas dá um golpe e passa a governar com plenos poderes. É o Estado Novo, durante o qual o Congresso permaneceria a maior parte do tempo fechado, e a imprensa, sob rigorosa censura.

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Vargas tinha seus olhos voltados para a política interna. Como presidente, esteve apenas uma vez no exterior, em visita à Argentina. No plano internacional, aproximava-se de quem oferecesse mais vantagens comerciais e financeiras ao Brasil, e, por um momento, esse foi o caso da Alemanha de Hitler, dando a impressão de que o País se inclinaria na direção do Eixo. Em 1932, o governo provisório Vargas neutralizara a sublevação de São Paulo. Em 1935, já como presidente constitucional, sufocaria uma tentativa de golpe liderada por comunistas (tendo à frente o ex-capitão do Exército Luiz Carlos Prestes, que se convertera ao marxismo). Mas se havia alguma suposta simpatia, no governo Vargas, pelos ideários do nacional-socialismo hitlerista, do fascismo italiano ou do nacionalismo integral lusitano, provavelmente se desfez quando Detalhe da carteira de trabalho nº 1, de Getúlio Vargas.

o presidente se viu cercado no Palácio Guanabara, em 1938, por adeptos do movimento integralista brasileiro, que tinha muita influência entre oficiais militares, especialmente na Marinha. Quando a II Guerra estourou na Europa e na Ásia, o Brasil já se afastara do Eixo, reaproximando-se dos Estados Unidos. Em 1942 o País declararia guerra contra Alemanha, Itália e Japão, cedendo bases em território nacional para apoio a aviões militares americanos. A declaração ocorre após ataques de submarinos alemães a navios mercantes brasileiros, com perdas materiais e humanas. Em 1944, o País participaria diretamente no teatro de guerra, com envio da Força Expedicionária Brasileira (FEB) à Itália. No plano doméstico, em 1943, o governo Vargas promulgaria a Consolidação das Leis do Trabalho e constituiria a Justiça do Trabalho. Junto com o Ministério do Trabalho (pasta que respondia

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também pela Indústria e pelo Comércio, substituindo funções atribuídas até 1930 ao Ministério da Agricultura, pois o País já não era mais essencialmente rural), estaria assim formado o tripé sobre o qual seria assentada a vida sindical. Em 1942 vários estados constituíram suas federações de comércio, mas o sistema confederativo patronal somente seria previsto no ano seguinte, pela CLT, inclusive com as denominações que deveriam assumir (CNI na indústria, e CNC no comércio) depois de fundadas.

NA CNC

UM OLHAR SOBRE AS BASES DO SINDICALISMO BR ASILEIRO

A instalação do regime republicano mudou radicalmente

de empregadores, ao assegurar sua pluralidade e autonomia.

as relações de trabalho no Brasil. A primeira Constituição

No entanto, em 1937, a nova Constituição voltou a impor a

republicana, de 1891, veio assegurar o direito de reunião e de

unicidade e a permissão do Estado para o funcionamento dos

associação, contrapondo-se à Constituição Imperial, de 1824,

sindicatos. O Decreto-Lei 1.402, de 1939, estabeleceu inclusive

que restringia o espírito associativo no trabalho.

a filiação ao Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio como

A seguir, o associativismo foi objeto de várias

condição indispensável para sua existência legal.

regulamentações. Em 1903, sob o governo presidencial

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada

de Rodrigues Alves, a Lei n.º 979 permitiu a formação de

pelo Decreto Lei 5.452, de 1º de maio de 1943, sistematizou

sindicatos rurais, que representavam à época a maioria da força

toda a legislação até então existente na área em três núcleos

de trabalho nacional. No governo de Afonso Pena, por meio do

temáticos: direito individual, direito coletivo ou sindical e

Decreto 1.637, de 1907, o movimento sindical urbano também

direito processual do trabalho. As questões referentes ao

foi institucionalizado, ao mesmo tempo em que indivíduos

direito coletivo foram todas condensadas no título V – Da

com profissões similares ou conexas tiveram permissão para

Organização Sindical. E a Confederação Nacional do Comércio

se organizar em sindicatos para estudo e desenvolvimento de

é citada nominalmente no Artigo 535 como organização

seus interesses.

sindical de mais alto grau no comércio do País.

Com a criação da Organização Internacional do Trabalho

A possibilidade de intervenção do poder público nas

(OIT), em 1919, como fruto da Conferência de Paz realizada

entidades sindicais, porém, ainda existia. A Constituição

após o fim da I Guerra Mundial, o movimento sindical foi

de 1988 liberou definitivamente o sindicalismo dessa

universalizado e fortalecido.

submissão, prevendo ainda no Artigo 8 a unidade sindical, o

A Constituição de 1934, na era Getúlio Vargas, estimulou o surgimento de representações tanto de empregados como

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modelo confederativo e as contribuições compulsórias para manutenção das entidades sindicais.

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A CARTA DE TERESÓPOLIS, UM DOCUMENTO VISIONÁRIO O espírito associativo é uma característica da atividade comercial. Os mercados já estavam presentes nos primórdios do processo civilizatório e certamente foram alavancas fundamentais na evolução da humanidade. A concorrência é a essência de qualquer mercado. Mas os concorrentes sempre têm denominadores comuns, que acabam fluindo na direção do associativismo. Muitos estados europeus, por exemplo, se formaram a partir de ligas de comércio. No caso do Brasil, as associações comerciais foram as primeiras a congregar o mundo dos negócios no início do século XIX, quando ainda engatinhávamos como uma nação. A CNC seria formalmente criada em 9 de setembro de 1945, mas seu berço, na verdade, fora a I Conferência das Classes Produtoras do Brasil, a I Conclap. Encarregada da organização, a Associação Comercial do Rio de Janeiro reuniu de 1º a 6 de maio de 1945, na cidade fluminense de Teresópolis, 183 delegações de todos os estados, representando as entidades associativas da agricultura, da indústria, do comércio e serviços, na época. Nesses seis dias, cerca de 800 representantes debateram uma pauta, enfocando questões fundamentais para a vida empresarial e para o País. A mesa diretora da Conferência de Teresópolis, como ficou conhecida a I Conclap, foi presidida por João Daudt d’Oliveira, então presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro e da Federação das Associações Comerciais do Brasil.

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Ele viria a ser o primeiro presidente da Confederação Nacional do Comércio, permanecendo à frente da entidade até 1952. Sob sua gestão, foram lançadas as bases do futuro Sistema CNC-Sesc-Senac. Em 1944, Daudt já participara, como representante dos empresários, da delegação brasileira enviada à Conferência de Bretton Woods (no hotel Mount Washington,

Regresso da FEB (Força Expedicionária Brasileira) ao Brasil em 1945, após o fim da II Guerra Mundial.

no interior de New Hampshire, região dos Estados Unidos também conhecida como Nova Inglaterra). Articulava-se com outras lideranças empresariais (Roberto Simonsen e Euvaldo Lodi, da indústria; Brasílio Machado Neto, do comércio, que viria a sucedê-lo na presidência da CNC), preparando-se para um novo mundo econômico que se configurava com a iminente derrota dos países do Eixo e a vitória dos países aliados na II Guerra Mundial.

NA CNC

PRINCÍPIOS QUE ATR AVESSAR AM DÉCADAS

A CNC defende – sempre defendeu – a liberdade de iniciativa,

Nenhuma alteração, no entanto, abalou a essência dos

a economia formal e a legitimidade da representação

princípios e objetivos da CNC, que permanecem os mesmos

empresarial por setor e organizada em sindicatos livres. As

– de 1945 até hoje.

sementes dessa linha de atuação foram lançadas à época de

São eles: fortalecer a unidade nacional e o

sua criação, alicerçada nos princípios da Carta de Teresópolis,

desenvolvimento harmônico do comércio em todo o País;

e da elaboração de seu primeiro estatuto, em 1945. Além

desenvolver a economia por meio de técnicas expansivas,

de definir prerrogativas e deveres, formas de organização e

com planejamento adequado; manter um ambiente seguro,

funcionamento, o primeiro documento estatutário condensava

condição básica ao desenvolvimento nacional do comércio;

em sete propostas os principais objetivos da instituição.

defender o princípio da liberdade de comércio como caminho

Ao longo de 70 anos, o estatuto original foi sendo

para o fortalecimento dos mercados internos, com maior

atualizado mediante a reformulação, inclusão ou exclusão de

circulação da produção e consequente aumento da renda

um ou outro artigo, mas sem modificações radicais em seu

nacional; estímulo à política comercial do Brasil no exterior,

texto-base. Algumas mudanças visaram atender a demandas

em consonância com a ordem interna; defesa do ensino do

de federações e sindicatos filiados e fortalecer o papel

comércio, da economia e da administração, com escolas

da CNC como porta-voz de classe perante o governo e a

e cursos apropriados, além da criação de institutos de

sociedade. Outras foram consequências de adequação a um

pesquisa; e assegurar o arcabouço regulatório para que a

novo contexto legal ou ao cenário socioeconômico do País.

concorrência leal possa ser praticada no comércio.

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Em Bretton Woods, desenhou-se o sistema monetário internacional que iria figurar no rol de iniciativas destinadas a contribuir para uma paz duradoura. Durante a Conferência foram criadas duas instituições: o Fundo Monetário Internacional (FMI), com a missão de agir sobre

Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, foi fruto da aliança do Brasil com os Estados Unidos.

desequilíbrios temporários no balanço de pagamentos (contas externas) dos países membros; e o Banco Mundial (BIRD), direcionado para o desenvolvimento em longo prazo de economias então subdesenvolvidas. O dólar americano se tornaria a principal moeda de referência no comércio e nas transações financeiras internacionais, atrelada a uma paridade fixa em relação ao ouro. As demais moedas se ajustariam ao dólar e ao ouro, com o câmbio flutuando (sem autorização prévia do FMI) no máximo 5% para cima ou para baixo, cláusula que foi rapidamente desrespeitada em face das dificuldades que as economias enfrentaram logo no pós-guerra.

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O Brasil já não era o mesmo de antes da guerra. Crescera como produtor de alimentos e iniciara um movimento de substituição de importações em face da dificuldade de se adquirir bens manufaturados no mercado exterior, devido ao esforço de guerra por parte dos Países industrializados envolvidos no conflito. A aliança com os americanos proporcionara benefícios concretos, como a instalação da primeira grande usina de aços planos, em Volta Redonda, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), e a reposição de parte da frota de navios mercantes perdida nos ataques de submarinos alemães. Tropas brasileiras haviam lutado pela democracia em solo europeu e era inconcebível que internamente o País estivesse sob regime de exceção. Diante do clamor da opinião pública, Vargas acabou sendo afastado do poder por pressão do Exército. Eleições gerais livres foram convocadas e das urnas sairia vencedor o general Eurico Gaspar Dutra, curiosamente, com apoio do próprio Vargas. A economia brasileira ganhara impulso de crescimento e era preciso organizá-la para o futuro. A experiência Detalhe da Carta de Teresópolis.

da guerra fez com que o planejamento, característico da atividade militar, chegasse aos campos econômico e social. Trabalho pioneiro foi feito por uma comissão mista Brasil-Estados Unidos, elencando prioridades que resultariam no primeiro esforço expressivo de planejamento do governo federal, o plano Salte (Saúde, Alimentação, Transportes e Educação). A Carta de Teresópolis, extraída da I Conclap, é um documento histórico que traduz a visão das classes empresariais sobre o Brasil da época e os rumos que o País deveria tomar para superar seus problemas e dificuldades. A carta já preconizava a harmonia entre empresários e empregados em prol de uma paz social, necessária para se enfrentar enormes desafios que estavam à frente.

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O primeiro dia de tantos outros

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O CALENDÁRIO É UMA invenção humana. O homem

eventos regionais, também consolidaram dias do

observou o movimento do Cosmo – Sol e Lua,

ano como fonte rentável para o comércio, como o

dia e noite; da natureza, com as estações do ano,

Carnaval (no início do ano ou fora de época); o ano-

e começou a construir um código de tempo que

novo; as grandes festas de São João no nordeste do

organizasse a sua vida no planeta. Mesmo a partir

País, entre tantas outras.

da criação do calendário ocidental, o gregoriano, pelo Papa Gregório XIII, as datas que marcam

datas promocionais no Brasil foi fundamental. O

celebrações mudam conforme as religiões e

Dia das Mães revela muito a capacidade da CNC em

culturas. Mas os dias são contados por todos do

perceber o potencial de um fato e viabilizá-lo para o

mesmo jeito. E o comércio foi determinante nisso.

bem do comércio. Criada nos EUA em 1907, a data

Dominar o tempo sempre fascinou o homem.

nasceu de uma homenagem da Igreja Pentecostal

E as datas que determinaram os calendários

a uma professora pelos serviços prestados à

promocionais do comércio talvez traduzam um

comunidade. Ela sugeriu que se homenageassem

pouco dessa vitória humana sobre o tempo. São

as mães em vida, pois havia perdido a sua no

distintas as razões de cada uma delas. Muitas

ano anterior. Mesmo assim, a data só ganhou

nasceram no mercado norte-americano, espelho

reconhecimento nacional em 1910.

principal e mais bem-sucedido do sistema

No Brasil, a data foi oficializada em 1932. Mas

econômico adotado na maior parte do mundo:

ficou 16 anos sem ir além da publicação no Diário

o capitalismo. O pós-guerra, mais uma vez,

Oficial. Com a mobilização da CNC, junto com a

influenciou as datas comerciais, já que os EUA

Confederação das Famílias Cristãs, a data passou

saíram vitoriosos da II Grande Guerra e mais

a fazer parte do calendário comercial do País em

fortes economicamente diante dos outros países

1948, a pedido da agência de propaganda Standard.

envolvidos no conflito, fossem os seus aliados ou

O Dia dos Namorados seguiu pelo mesmo caminho

os derrotados, como a Alemanha e o Japão

e também ganhou seu lugar no calendário nacional.

A verdade é que o comércio diário se

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A atuação da CNC na consolidação dessas

Graças à capacidade institucional da CNC em reunir

realimenta fortemente dessas datas; Natal, Dia das

e ajudar a organizar o comércio em torno desses

Mães, Pais, Namorados, Crianças, Páscoa. Outras

momentos é que, hoje, essas datas respondem por

datas, estabelecidas pela dinâmica de outros

dois grandes movimentos de vendas do ano.

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NO MUNDO DIVIDIDO, A CRIAÇÃO DE UMA ENTIDADE AGREGADORA A Carta de Teresópolis antecedeu outra, mais focada na questão da paz social. É preciso realçar o contexto da época. O Eixo havia sido derrotado, e, embora os aliados tivessem aberto o diálogo em prol da reconstrução, a chamada Guerra Fria dava seus primeiros sinais, especialmente em função das duas bombas atômicas lançadas pelos norte-americanos sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki, o que levou o Japão à rendição. Configurava-se a supremacia militar dos Estados Unidos. Mas a União Soviética desempenhara papel decisivo na vitória contra os alemães e muitas concessões acabariam sendo feitas à URSS durante a negociação entre os líderes, que haviam se reunido nas conferências de Yalta, antes do fim da guerra, e de Potsdam, depois da capitulação da Alemanha hitlerista. Com o antigo território alemão (que se estendia pela Silésia, Pomerânia, Prússia Oriental, regiões atualmente pertencentes à Polônia) ocupado pelos vencedores, fronteiras foram refeitas. Com exceção da Áustria, as demais áreas ocupadas pelas tropas soviéticas foram pouco a pouco dominadas pelo regime socialista, sem qualquer autonomia diante da URSS. Ao avanço da “Cortina de Ferro” (expressão cunhada por Winston Churchill, ex-premier britânico), o Ocidente procurava responder com a valorização dos princípios da democracia. Porém, enfraquecidas

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pela guerra, as empresas privadas estavam sem capacidade de reação nas nações europeias livres do jugo soviético. Assim, quase simultaneamente, formaram-se grandes corporações estatais na Europa Ocidental, em setores considerados estratégicos (energia, petróleo, transportes, telecomunicações, siderurgia, bancos, indústria militar). Nesse cenário, em que a presença do Estado na economia crescia até mesmo nos países democráticos, a livre iniciativa tinha que se afirmar rapidamente no Brasil, que acabara de sair de um regime ditatorial.

NA CNC

PRESENÇA NOS PRINCIPAIS CENTROS DE DECISÃO DO PAÍS

Em seu primeiro ano de atividades, a CNC funcionou em

Com a transferência do Distrito Federal para o Centro-

diversos endereços provisórios. A Assembleia Constituinte,

Oeste do País nesse mesmo ano, a CNC começou a planejar

a eleição e a primeira reunião da Junta Diretiva, por exemplo,

a instalação de sua sede em Brasília. Não só para cumprir

foram realizadas dia 4 de setembro de 1945, no primeiro

o Artigo 535 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),

andar da rua da Alfândega, 107, no Rio de Janeiro, onde ficava

que exigia das confederações terem sede na capital da

a Federação do Comércio Atacadista e Varejista do Rio de

República, como também para poder tratar diretamente dos

Janeiro. A segunda e a terceira reunião da Junta ocorreram

interesses do comércio em órgãos federais, autárquicos

em outro local – na rua da Candelária, 9, 12º andar –,

e paraestatais que para lá também se mudaram.

pertencente à Associação Comercial do Rio de Janeiro.

Primeiramente, foi criada em Brasília uma Delegacia local,

A instalação da sede em imóvel próprio, no entanto, fez

dia 21 de março de 1961. Sua função era manter a CNC

parte dos planos da direção da CNC desde o início, tendo

informada sobre a orientação governamental em temas

continuidade em todas as diretorias seguintes. Na cerimônia

relacionados ao comércio e acompanhar o andamento

de posse, no dia 10 de janeiro de 1946, ficou decidido que

dos Projetos de Lei de interesse da Confederação e suas

seria alugado um espaço para instalação fixa dos serviços da

afiliadas no Congresso Nacional. Em 16 de julho de 1973, 49

entidade até a sede própria ser construída. O local escolhido

servidores foram transferidos para a Delegacia da CNC, que

foi o chamado “Palácio do Comércio” (rua da Candelária, 9,

ganhou status de sede.

10º andar). Em 11 de abril, a CNC já estava no novo endereço. Para a construção e a instalação da sede definitiva, foi

A construção de um imóvel próprio para abrigar também a nova sede da capital foi definida em Portaria assinada pelo

adquirido um terreno na avenida General Justo, 307. O imóvel

presidente Antonio Oliveira Santos em 17 de outubro de

recebeu o “habite-se” da Prefeitura do Rio de Janeiro no dia 7

1991. A inauguração das novas instalações, no endereço

de outubro de 1960 e nele a CNC se mantém até hoje.

SBN – Quadra 1 – Bloco B 14, foi realizada em 1998.

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A criação da Confederação Nacional do Comércio já estava prevista na legislação quando a I Conclap se reuniu. No dia 4 de setembro de 1945, realizava-se a assembleia de constituição da CNC, incorporando os princípios da Carta de Teresópolis em seus estatutos. Em outubro daquele ano, Vargas seria afastado do poder, de modo que o decreto de reconhecimento da CNC, datado de 30 de novembro de 1945, foi assinado pelo presidente da República em exercício, José Linhares. Oito federações assinaram a ata de constituição da Confederação, elegendo-se uma Junta Diretiva, presidida por João Daudt d’Oliveira, delegado representante da Federação do Comércio Atacadista do Rio de Janeiro. No dia 21 de dezembro foi eleita a primeira diretoria da CNC, com Daudt mantido à frente. Antiga Sede do Departamento Regional do Sesc e Senac no Pará.

A posse ocorreu em solenidade no Theatro Municipal do Rio de Janeiro no dia 10 de janeiro de 1946. Na mesma data seria publicado o decreto presidencial de criação do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, o Senac. Uma das tarefas imediatas da primeira diretoria foi agilizar a instalação do Senac. A Confederação também precisava de uma sede. A indústria já criara em 1942 o seu Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que acabou servindo de modelo para o Senac. Seria uma instituição privada, sem fins lucrativos, custeada pelos empresários do comércio. Em 13 de dezembro de 1946, outro decreto presidencial autorizava a criação do Serviço Social do Comércio, o Sesc.

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O tempo na TV

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ONDE ESTÁ A TELA da TV? No seu bolso? Na sua

e com a TV, mais acessível para os brasileiros,

mochila? No painel do seu carro? Ou ainda na

com mais aparelhos vendidos e novos canais

sala de casa ou no quarto? Desde que o primeiro

de transmissão; uma nova cultura comercial

sinal de TV foi transmitido no Brasil, a relação da

começou a se estabelecer no País, trazendo

indústria e do comércio mudou na forma e no

novas necessidades para atender as crescentes

conteúdo. Ainda sob o domínio do rádio, a maior

demandas, pois os limites do comércio saíram do

parte das propagandas acontecia nos jornais e nos

bairro e ganharam as ruas de outras capitais.

programas radiofônicos. A propaganda começava a ganhar um perfil

A compreensão da CNC diante desse processo revolucionário nas relações entre venda e consumo,

mais profissional com a chegada das grandes

mesmo tendo poucos anos de vida na década de

agências multinacionais e, como consequência,

1950, mostrou que era preciso assumir o papel de

cresceu a oferta de bens de consumo para casa das

articuladora e de instrumento de modernização

grandes marcas de eletrodoméstico. Naturalmente,

do setor. Propondo, organizando e reivindicando

o principal canal de vendas eram as redes de varejo,

ajustes na legislação, facilitadores de compras

tornando-os na sequência os próximos grandes

para os novos consumidores, a CNC ajudou a dar

anunciantes. Seguindo, mesmo que lentamente,

impulso ao mercado e à economia nacional.

os caminhos da propaganda e dos programas

Porque, mais uma vez, o futuro já havia

ao vivo existentes no mercado norte-americano,

chegado e era preciso antecipar o minuto

ainda eram poucos os aparelhos de TV no território

seguinte. Foi assim quando surgiu a TV a válvulas.

nacional, divididos por mais de uma família, em

É assim agora, com e-commerce na tela digital.

praças ou na casa de alguns privilegiados. O fato é que, fosse com o rádio, com a sua grande penetração nacional; com os jornais, fonte principal de notícias nas grandes capitais;

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O BOOM BRASILEIRO

A década de 1950 seria marcada por muitas transformações geopolíticas. A Guerra Fria se tornou mais tensa depois que os comunistas liderados por Mao Tsé-Tung assumiram o poder na China em 1949. No ano seguinte, a península coreana, que estivera sob domínio japonês por longo tempo, virou palco de um novo conflito. Para conter o avanço da China comunista e de seus aliados, a Organização das Nações Unidas aprova uma intervenção militar, comandada pelos Estados Unidos, na Coreia. Na Indochina, o império colonial francês também começava a ruir, com avanço comunista no norte da região. Após o cerco e a rendição das tropas francesas em Dien Bien Phu, um acordo de paz é negociado em Genebra. A França se retira da Indochina, que passa a ter nova configuração política e territorial. Curiosamente todos esses confrontos ocorreram sob uma recuperação econômica acelerada em quase todas as regiões do planeta. O petróleo, descoberto em enormes quantidades no Oriente Médio, passava a movimentar a indústria, os transportes e o consumo em geral. O sonho de Henry Ford virava realidade, com a frota de automóveis nos Estados Unidos se multiplicando por cinco naquela década, beneficiada por uma ótima infraestrutura (extensas e amplas rodovias interestaduais), construída como antídoto à Grande Depressão.

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NA CNC

CONSELHO TÉCNICO: VISÃO MULTIFOCAL DO COMÉRCIO A então Alemanha Ocidental renascia das cinzas, voltando a ser uma potência industrial. Em 1958,

Criado há mais de 60 anos, o Conselho Técnico da CNC é um órgão consultivo, responsável pela realização de estudos sobre temas econômicos, sociais e políticos relevantes para o fortalecimento do comércio e para o desenvolvimento do País. Esses estudos técnicos contribuem para embasar

o marco alemão já fazia parte do rol de moedas conversíveis, ao lado do dólar, da libra esterlina, do franco francês e do franco suíço. Outros países da Europa também se recuperavam depois do impulso recebido com o Plano Marshall, um conjunto de investimentos financiados pelos norte-americanos.

propostas e soluções da entidade para os

Principal retaguarda das tropas norte-americanas

principais desafios setoriais e nacionais.

e de aliados na Guerra da Coreia, o Japão se livrava

O grupo de assessoramento é composto por personalidades de reconhecido destaque em diversos segmentos de atuação, possibilitando à CNC dispor de um mosaico de conhecimentos e especialidades nos temas em estudo. Do Conselho, por exemplo, já participaram

de anos de inflação e recessão. Começava o milagre econômico japonês. No chamado mundo socialista, a indústria bélica impulsionava igualmente a economia, enquanto o sistema se mantinha isolado dos demais países.

nomes como Eugênio Gudin, Octávio Gouvêa de

O Brasil vivia um boom populacional. As mais

Bulhões, Roberto Campos, San Tiago Dantas, Hélio

altas taxas de fecundidade e de crescimento

Beltrão, Mário Gibson Barboza, Evaristo de Moraes

demográfico foram assinaladas nas décadas

Filho e Anísio Teixeira, entre muitos outros.

de 1950, 1960 e 1970. Em paralelo, o ritmo

Escolhidos pela Presidência e referendados pela

de urbanização se acentuava. Analfabetismo,

Diretoria, os conselheiros reúnem-se semanalmente

desnutrição, ausência de infraestrutura e serviços

para debates, coordenados por Ernane Galvêas. Os

essenciais afligiam as camadas mais pobres,

assuntos tratados são pautados na Carta Mensal,

e infelizmente também retardavam aumentos

editada pela CNC e enviada a órgãos do governo,

de produtividade necessários a uma melhor

universidades, embaixadas brasileiras e instituições

distribuição de renda. A política nacional refletia

de diversos países. A publicação é utilizada como

esse quadro de ebulição. Getúlio Vargas reassumira

suporte ao desenvolvimento de ações e projetos

a Presidência da República em 1950, mas, dessa

relacionados ao comércio.

vez, pelas urnas, eleito democraticamente.

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A intervenção do Estado, como opção de alavanca do desenvolvimento econômico, entrara na pauta dos políticos e governantes. Por recomendação de sua assessoria econômica, sintonizada com as teses da Cepal (Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina), Vargas propôs criar a Eletrobras, que seria a holding federal para investimentos na geração de energia elétrica (devido à resistência do Congresso, na época, a estatal só viria a ser formada de fato em 1962). Além da CSN na siderurgia, o País já contava com estatais na mineração, a Companhia Vale do Rio Doce, e na navegação marítima, o Lloyd Brasileiro (originalmente apenas uma paraestatal). As antigas ferrovias, sufocadas pelo excesso de intervenção governamental, foram federalizadas nessa época e viriam a ser reunidas em uma única corporação estatal (a Rede Ferroviária Federal S.A), em 1957. O petróleo motivava movimentos xenófobos: o lema da campanha era “o petróleo é nosso”. Em 1953, Vargas criaria a Petrobras, sociedade de economia mista com delegação para exercer o monopólio estatal do petróleo nos segmentos de exploração, produção, importação, refino e transporte. Foram poupadas do monopólio as pequenas refinarias particulares então existentes, mas proibidas de crescer. A distribuição de combustíveis permaneceu fora do monopólio. Diante do debate que era travado no País, o governo Vargas resistiu inicialmente à ideia do monopólio. O Brasil seria um dos raros países importadores de petróleo a fazer essa opção. A quebra do monopólio só viria a ocorrer em meados dos anos 1990, por emenda constitucional.

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Em 1952, foi fundado o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE, sigla à qual se acrescentou o S de social nos anos 1980, passando então a BNDES), visando ao financiamento de investimentos em longo prazo, especialmente nas áreas de energia e transporte, muitos dos quais estatais, pois o capital privado recuava nesses segmentos, devido ao controle de tarifas que o governo impunha como tentativa de segurar a inflação e conter o custo de vida. Nesse mesmo ano, a CNC elegia uma nova diretoria, a segunda da história da entidade. No lugar de João Daudt d’Oliveira, assumia a presidência da Confederação Brasílio Machado Neto, representante de São Paulo. Empresário que participara ativamente da formulação da Carta de Teresópolis, coube a Brasílio, em seus dois mandatos não consecutivos como presidente (1952 a 1954 e 1956 a 1958), adquirir um edifício em construção para instalar a sede no Rio de Janeiro, na avenida General Justo, em frente ao Aeroporto Santos Dumont, e o terreno que iria abrigar a futura sede na nova capital da República (Brasília). Durante a gestão de Brasílio, Sesc e Senac multiplicaram suas instalações pelo País. É da sua lavra também a criação do Conselho Técnico, reunindo pessoas renomadas, não necessariamente ligadas ao setor do comércio. A primeira reunião, presidida por Brasílio, foi realizada em março de 1953.

Brasílio Machado Neto, foto acima, substituiu João Daudt em 1952 e se tornou o segundo presidente da CNC.

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O edifício da atual sede do Rio de Janeiro foi adquirido durante a gestão de Brasílio. Ela seria inaugurada em 1960.

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Um personagem do Natal

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QUANDO CONVIVEMOS COM uma coisa por

Coincidência ou não, neste mesmo período

muito tempo, nossa tendência é torná-la um

mais uma ação estimulou o consumo: o amigo

hábito. E, nesses momentos, só a memória para

oculto. O 13º era o amigo do bolso de quem queria

lembrar o quanto essa iniciativa ou ideia pode ter

consumir mais. A troca de presentes além do

sido transformadora.

âmbito familiar tornou-se o amigo nada oculto do

Se em tudo é assim, no comércio brasileiro não

aumento de vendas.

foi diferente. Um fato tão natural no final do ano, já incorporado à remuneração salarial do brasileiro, potencializou a maior data comercial, o Natal. E o personagem, que não tinha nada a ver com o bom velhinho, renas e pinheiros verdes, passou a fazer diferença nos dois lados do balcão. Enquanto Papai Noel enchia seu trenó de presentes, o 13º salário, nascido em meados dos anos 60, enchia o bolso do brasileiro na data de maior demanda de vendas. Numa década de tantas revoluções culturais e de comportamento, dos conflitos políticos internacionais e nacionais, o 13º salário mudou o hábito de consumo, ampliando o mercado, criando mais demanda e transformando definitivamente as relações na economia nacional.

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OS REVOLUCIONÁRIOS “ANOS DOURADOS”

O Brasil dos anos 1950 seria marcado igualmente pela industrialização. Restrições cambiais crônicas impediam que os brasileiros tivessem fácil acesso a bens importados. Adquirir um aparelho de rádio, uma máquina de costura ou uma geladeira poderia significar muitos meses e até anos em uma fila de espera. O governo Vargas criara grupos executivos para setores da indústria que desejava estimular. O Geia, da indústria automobilística, era o mais destacado. Automóveis vinham desmontados (CKD) dos Estados Unidos para o País, e o que se pretendia era fabricá-los aqui. O rádio e o cinema (com produções nos estúdios da Atlântida, no Rio, e da Vera Cruz, em São Paulo) eram fontes de informação e entretenimento. Cantoras e cantores se tornavam conhecidos pela Rádio Nacional. E o Repórter Esso resumia as notícias do dia. A televisão será a grande novidade da década, inicialmente com transmissões restritas a São Paulo e ao Rio de Janeiro. A eletricidade ainda era um luxo para muitos brasileiros que viviam no interior e até nas capitais. Mesmo assim, a chegada da TV transforma a propaganda brasileira e ajuda a aquecer o comércio. Como a programação era em boa parte ao vivo, os anunciantes tinham de recorrer aos garotos e garotas-propaganda. Alguns dividam a fama com cantores, cantoras, atrizes, atores, apresentadores. Os canais de TV eram locais. As estações repetidoras tinham pequeno alcance e por isso a qualidade da imagem nem sempre era boa. Revistas mensais e semanais de grande tiragem também eram os veículos que mantinham os brasileiros igualmente informados, inclusive sobre o lançamento de novos produtos, por meio das páginas de publicidade.

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Nesta época, o rádio era parte fundamental na rotina dos brasileiros.

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Construção da Catedral de Brasília, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer.

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Em 1954, uma grave crise política teve desfecho trágico, com o suicídio do presidente Vargas. Em seus aposentos no Palácio do Catete, Vargas de fato deixou a vida para entrar na História, como ele próprio previra em sua cartatestamento. O vice Café Filho assume, mas a crise não é debelada, levando o presidente a se licenciar. É nesse clima que Juscelino Kubistchek vence as eleições em 1955, com um programa de metas que prometia avançar 50 anos em 5. A meta-síntese foi a transferência da capital federal para a região central do País, cumprindo determinação da Constituição de 1946, que já constava de cartas constitucionais anteriores. Mineiro de Diamantina, JK se notabilizara como prefeito de Belo Horizonte e governador do seu estado. Como presidente, além de Brasília, construiu novas rodovias. Sob seu governo, foram fabricados os primeiros automóveis de marcas estrangeiras no Brasil. E grandes navios mercantes, para a época. Além dos transportes, a energia era uma das prioridades do Plano de Metas. É no governo JK que se constrói a represa e a hidrelétrica de Três Marias, no Rio São Francisco. Adepto do modernismo, Juscelino convida o urbanista Lúcio Costa e o arquiteto Oscar Niemeyer para projetarem Brasília. No chamado Plano Piloto, a capital federal mantém até hoje a essência desse projeto original. O FMI não concordava com a recorrente emissão de moeda, opção feita pelo governo JK para financiar obras públicas. A inflação se tornava preocupante e, por não aceitar a pressão do Fundo, Juscelino decide romper com a instituição, decisão que o afastaria dos Estados Unidos. Seu governo somente voltaria a normalizar relações com o Fundo ao fim do mandato, na sequência da visita do presidente americano Dwight Eisenhower ao País. O presidente convivia bem com críticas. Tolerava as sátiras sobre si. Ainda que o Brasil enfrentasse sérios problemas (em 1958, por exemplo, houve uma seca devastadora no Nordeste, levando Juscelino a criar a Sudene, o que significava comprar a ideia que a industrialização estimulada era a única saída econômica para a região). Essa convivência democrática deixou certa nostalgia. Alguns autores se referem a esse período como “Anos Dourados”. É um tempo de mudanças não apenas na arquitetura, no urbanismo, mas na cultura em geral. Jovens de classe média do Rio inovavam em um movimento musical (a Bossa Nova), até hoje cultuado por uma legião de admiradores, com grande repercussão no exterior.

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No fim de 1957 o mundo seria sacudido pela notícia de que a URSS lançara um satélite artificial, o Sputnik. Pouco se sabia sobre o que acontecia atrás da Cortina de Ferro. O Sputnik parecia confirmar a previsão do premier russo Nikita Kruschev de que a URSS iria ultrapassar os Estados Unidos como potência econômica e militar em dez anos. O Sputnik deflagrou uma corrida espacial entre os dois países. Começaria também uma nova era para as telecomunicações e para a computação, com os “cérebros eletrônicos”. A década se encerraria com outro fato de impacto para o Ocidente. Tendo à frente um líder carismático, Fidel Castro, revolucionários que flertavam com o socialismo haviam assumido o poder em Cuba, ilha do Caribe cuja capital, Havana, fica a menos de 150 quilômetros dos Estados Unidos. Castro expropriaria as empresas norte-americanas na ilha e se aproximaria da URSS, introduzindo o regime comunista em solo latino-americano. Os Estados Unidos reagiriam com um embargo econômico e apoio a tentativas para se derrubar o regime castrista, que foram malsucedidas. No Brasil dos “anos dourados”, o comércio ganha novo impulso com a venda de produtos eletrônicos e com as muitas novidades também importadas no campo da moda: as boutiques, a minissaia, a moda unissex. Sob a presidência de João de Souza Vasconcelos, no período de 1954 a 1956, foi oficializado na data de 16 de setembro, o Dia Nacional do Comércio e criado o Conselho Nacional de Turismo da CNC.

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Acima, João de Souza Vasconcelos, eleito para a presidência da CNC em 1954. Ipanema era um dos expoentes da moda durante os anos 1950.

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ANOS 60: DAS CONQUISTAS AO FIM DA DEMOCRACIA

Brasílio Machado Neto não completaria seu segundo mandato como presidente na CNC. No fim de 1959, ele renunciaria, sendo substituído pelo vice-presidente Charles Edgar Moritz. Catarinense, fundador da federação do comércio do seu estado, Moritz teria o privilégio de receber o “habite-se” do prédio da CNC no Rio, no dia 7 de outubro de 1960. Já nessa sede, Moritz se elegeria para mais um mandato, mantendose na presidência da Confederação até 1964, vivenciando assim um período muito conturbado na política e na economia brasileira. Mesmo assim, em seu mandato, Moritz levou a CNC a obter muitos avanços em termos de organização empresarial e representatividade, tanto no Brasil como no exterior. Além disso, intensificou o relacionamento da entidade com vários outros segmentos da sociedade. Em sua gestão, por exemplo, foi criado o Prêmio Mascate, Após a renúncia de Brasílio, em 1959, Charles Moritz (acima), assumiu a presidência da CNC até 1964.

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um reconhecimento àqueles que contribuíram de forma significativa para o progresso das atividades comerciais no País. Como representante do

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empresariado comercial, Moritz foi ainda vice-presidente da Organização Internacional dos Empregadores do Comércio, com sede em Bruxelas, vice-presidente do Conselho Internacional do Comércio e Produção, e ainda presidente da Seção Brasileira do Conselho Interamericano de Comércio e Produção. Com um discurso moralizador, tendo como símbolo de campanha uma vassoura, Jânio Quadros vencera com razoável diferença as eleições presidenciais em 1960. Tomaria posse já em Brasília, a nova capital, que havia sido inaugurada meses antes por seu antecessor, JK. Mas Jânio ficaria à frente do governo por apenas nove meses. Alegando pressões de forças insuportáveis, o polêmico presidente renunciou, inesperadamente. Vice-presidente que não fora eleito na mesma chapa de Jânio, João Goulart estava em viagem oficial à China de Mao Tsé-Tung. O retorno do vice ao Brasil ocorre em meio a uma crise opondo correntes favoráveis e contrárias à sua posse como presidente. Como solução política de conciliação, adota-se o regime parlamentarista no País. Vários primeiros-ministros se sucedem no governo até que um plebiscito decide pela volta ao presidencialismo. Inflação alta, desabastecimento de gêneros alimentícios, racionamento de energia, tensão social no campo, radicalismo político, greves em serviços essenciais e insubordinação nas forças armadas caracterizariam esse período governado por Jango Goulart, que acabou sendo interrompido por uma ruptura institucional, no dia 31 de março de 1964. Neste dia, o general Olympio Mourão Filho avançou com suas tropas de Minas Gerais para o Rio de Janeiro sem encontrar resistência. Rapidamente outros oficiais aderiram ao movimento, que logo foi apoiado por líderes civis contrários ao governo de Jango. O presidente evitou o confronto, viajando de Brasília para o interior do Rio Grande do Sul, e de lá para o Uruguai. O Congresso declarou vago o cargo. Assumiria interinamente o lugar de Jango o presidente da Câmara, deputado Ranieri Mazzilli, até que o marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, ex-chefe do Estado-Maior, foi eleito por via indireta, pelo Congresso, para a Presidência da República, vencendo uma disputa que fora travada no próprio seio do alto comando militar.

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População acompanha a marcha dos militares pelas ruas do Rio de Janeiro.

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NA CNC

RECONHECIMENTO A BOAS PR ÁTICAS E A PERSONALIDADES QUE INCENTIVAM O COMÉRCIO

O agraciado foi Giulite Coutinho, à época presidente da Associação dos Exportadores Brasileiros e anos mais tarde presidente da Confederação Brasileira de Futebol. O nome do prêmio tem dupla inspiração. Uma é a cidade de mesmo nome, capital de Omã, na entrada do Golfo Pérsico, sendo assim uma homenagem à população árabe, reconhecida por seu dinamismo no comércio e pela criação de centros comerciais. A outra são os mascates, mercadores ambulantes e vendedores de porta a porta, também conhecidos como caixeiros-viajantes, precursores da atividade comercial no Brasil. O troféu, obra em bronze criada pelo artista plástico Honório Peçanha, representa a figura de um desses vendedores. A CNC assumiu a coordenação do prêmio a partir de 1980, tornando-o uma forma de reconhecimento da classe empresarial do comércio a todos os que contribuem de forma significativa para o progresso da atividade comercial no Brasil. Entre os agraciados com o Troféu Mascate estão Emil Farhat (Mc-Cann-Erickson Publicidade), Caio de Alcântara Machado (Instituto Brasileiro do Café), Ruy Gomes de Almeida (Associação Comercial do Rio de Janeiro), Jorge Frank Geyer (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas), José Bonifácio de Abreu Amorim (IBM), Ibanor Tartarotti (Jornal O troféu Mascate

do Commercio) e Jair Coser, presidente do grupo Unicafé. Em 1975, a CNC criou mais uma forma de homenagem: a Ordem do Mérito, dirigida a personalidades ou instituições, nacionais ou

O Troféu Mascate foi criado para premiar empresários

internacionais, dignas da gratidão e do reconhecimento

e líderes da área comercial que se destacaram em suas

da área comercial. A premiação é dividida em seis

atividades em 1964, pelo Senac, tornando-se desde sua

categorias: Cavaleiro, Oficial, Comendador, Grande

primeira edição o “Oscar” do comércio. A cerimônia de

Oficial, Grã-Cruz e Grande Colar, esta última exclusiva

entrega inicial do prêmio ocorreu em uma data significativa:

para presidentes da República. João Baptista Figueiredo,

16 de julho, Dia do Comerciante e de nascimento de José

em 1984, e Luiz Inácio Lula da Silva, em 2004,

da Silva Lisboa, Visconde de Cayru, patrono do comércio.

receberam o Grande Colar.

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A primeira metade dos anos 1960 entraria para a história com muitos fatos marcantes tanto para o Brasil como para o mundo. Na corrida espacial, o cosmonauta russo Yuri Gagarin seria o primeiro homem a tripular uma nave, numa viagem orbital, em abril de 1961. Uma frase sua, dita do espaço, ficaria famosa: “A Terra é azul.” Os norte-americanos fariam seu primeiro voo orbital tripulado, com o astronauta John Glenn, em fevereiro de 1962. Em outubro daquele ano, a Guerra Fria quase se transformaria em conflito atômico. Os Estados Unidos descobriram que a URSS mantinha uma base de mísseis nucleares em Cuba. Esse seria o momento mais delicado de uma escalada que começara com a invasão da Hungria por tropas soviéticas em 1956, seguida pelo isolamento, por terra, da antiga capital da Alemanha, Berlim, e da construção de um muro ao redor do seu lado ocidental, em agosto de 1961. A reação norte-americana, deslocando seus principais navios de guerra para a região, fez com que a URSS voltasse atrás e retirasse os mísseis de Cuba. Se na política e na economia nem tudo ia bem no Brasil, naqueles anos os brasileiros tiveram outros motivos para se orgulhar. Em 1962, a seleção brasileira de futebol conquistara o campeonato mundial, no Chile, repetindo o feito de quatro anos antes, na Suécia. Esse bicampeonato compensaria o trauma sofrido pelos brasileiros em 1950, quando a seleção fora derrotada na final da Copa do Mundo, em pleno Maracanã, estádio construído e inaugurado especialmente para o campeonato.

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Em 1964, a CNC elegeria seu quinto presidente, Jessé Pinto Freire. Potiguar, Jessé fizera carreira pública em seu estado, paralelamente à atividade empresarial, na qual despontou como presidente da Associação Comercial, do Sindicato Varejista e da Federação de Comércio do Rio Grande do Norte. Quando eleito para a presidência da CNC exercia o mandato de deputado federal pelo Rio Grande do Norte, do qual seria, anos depois, também um dos representantes no Senado. Na CNC, já havia sido vice-presidente, em 1954, e Diretor-Secretário, em 1958. Com Octávio Gouvêa de Bulhões no Ministério da Fazenda e Roberto Campos no Planejamento, o governo Castelo Branco teve como principal desafio recuperar a economia. Uma inflação galopante, que atingira o ritmo de 100% ao ano, desorganizara completamente as finanças públicas. Bulhões e Campos recorreram ao mecanismo da correção monetária para ajustar os valores dos impostos recolhidos (a inadimplência se tornara uma rotina, pois os contribuintes percebiam que a inflação corroía rapidamente o montante de tributos devidos) e fizeram reformas importantes, criando, por exemplo, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e o Banco Central. Outro marechal, Artur da Costa e Silva, sucederia a Castelo Branco na Presidência da República em abril de 1967. O bipartidarismo passara a vigorar no País, após alguns embates entre o Congresso e o governo. No comando da economia, Bulhões fora substituído na Fazenda por um jovem que se destacara na secretaria de finanças de São Paulo, Antônio Delfim Netto, e Campos, pelo experiente Hélio Beltrão.

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Jessé Pinto Freire foi o quinto presidente da CNC. Sua gestão começou em 1964 e foi até 1980.

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Enquanto na política a tendência era de radicalização, tanto por parte do regime militar como de seus opositores, na economia o País começava a viver um período inusitado, crescendo aceleradamente: 11% ao ano! Fenômenos como esse são usualmente chamados na literatura econômica de milagre, exatamente pela dificuldade em se conciliar alto crescimento, inflação baixa e equilíbrio no balanço de pagamentos. A indústria se expandia com investimentos privados e de empresas estatais. O café ainda pesava nas exportações totais, mas a agricultura se diversificava. O País finalmente passaria a contar com um mercado de capitais mais vigoroso. Poupar se tornara um termo popular entre brasileiros, com o uso das cadernetas, cuja principal finalidade, ainda hoje, é financiar a construção de moradias e a compra da casa própria. Bancos se fundiram. Novas hidrelétricas foram iniciadas. No lugar de empórios e armazéns de secos e molhados, surgiam redes de supermercados e lojas de departamentos onde os próprios clientes passaram a ter acesso direto aos produtos expostos nas prateleiras, fazendo o pagamento ao sair. No ano de 1968, mais um momento de ruptura. No dia 13 de dezembro, o presidente editaria o Ato Institucional número 5, fechando o Congresso e restringindo os direitos civis individuais, como o habeas corpus. Alguns meses depois, Costa e Silva adoeceu seriamente e ficou sem condições físicas de exercer a presidência. Em seu lugar não assumiria o então vice-presidente (Pedro Aleixo, um civil), mas sim uma junta com os três ministros comandantes das forças armadas. Em outubro de 1969, o Congresso seria reaberto. Eleito indiretamente por um parlamento enfraquecido pelo AI-5, com mandatos de deputados e senadores contrários ao governo cassados, o novo presidente seria o general Emilio Garrastazu Médici, que governaria até 17 de março de 1974. Apaixonado por futebol, Médici teria sua imagem associada à conquista do tricampeonato pela seleção brasileira no México em 1970.

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Foi a primeira Copa do Mundo que os brasileiros puderam assistir ao vivo, pela televisão, ainda em preto e branco. No ano anterior, outra emoção: o País pôde ver pela TV o exato instante em que o astronauta americano Neil Armstrong, comandante da missão Apolo XI, pisava na Lua, no dia 20 de julho. Naquela data histórica, os Estados Unidos recuperavam a dianteira da corrida espacial. Diante de todos esses acontecimentos, não é difícil imaginar que os aparelhos de TV se constituíram nesse período na mola mestra do comércio. Todo mundo queria “ver para crer” e, principalmente, se manter bem informado sobre tudo o que ocorria ao redor do mundo – e do planeta. O início dos anos 1970 marcaria outra grande transformação para o comércio varejista no País. O crédito, antes concedido quase de maneira informal pelos comerciantes (a expressão “freguês de caderno” era usual, pois ali eram registrados os valores das vendas a fiado, ou seja, sem pagamento no ato de compra), se institucionalizaria com o fortalecimento das companhias de crédito, investimento e financiamento, as chamadas financeiras. Essas companhias captavam recursos no mercado emitindo letras de câmbio, que por sua vez iriam lastrear operações de crédito direto ao consumidor. Um simples ferro elétrico poderia ser vendido em doze prestações por esse sistema. O crediário foi se disseminando no comércio, e não mais dependendo da capacidade do comerciante de “bancar” essas operações com seu próprio capital de giro. Depois do lançamento do real e do crescente acesso da população ao sistema bancário, o crédito ao consumo se tornou uma rotina na economia brasileira, mesmo com as taxas de juros excessivamente altas que continuaram vigorando no Brasil. Porém, as bases desse sistema de vendas, que possibilitou grande avanço do comércio no País, com benefícios para toda a economia brasileira, foram lançadas de fato naqueles anos do milagre econômico.

Selo comemorativo em homenagem ao tricampeonato mundial de futebol conquista no México.

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Os astronautas da missĂŁo Apollo pisaram pela primeira vez na Lua em 1969.

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UMA NOVA CARTA EM DEFESA DO COMÉRCIO

A economia brasileira continuava a crescer em ritmo acelerado quando o mundo foi surpreendido por um choque nos preços do petróleo. Com enormes despesas militares devido ao envolvimento crescente na Guerra do Vietnã, os Estados Unidos acumulavam déficits públicos que preocupavam os mercados. A antiga paridade fixa entre o dólar e o ouro, definida pelo Acordo de Bretton Woods, já não tinha qualquer relação com os valores transacionados no mercado. Países exportadores de petróleo, especialmente, aumentavam suas reservas em ouro, fugindo da moeda americana. Em decisão inédita, o governo Nixon anunciou uma desvalorização do dólar (alterando a paridade em relação ao ouro), o que sacudiu os mercados cambiais pelo mundo afora. Não demoraria muito tempo até que os Estados Unidos resolvessem, unilateralmente, suspender a garantia de conversão automática do dólar em ouro e vice-versa. Com isso, as bases do sistema monetário concebido em Bretton Woods desapareceriam. As nações não tinham mais a certeza de que suas reservas estariam lastreadas no ouro depositado em Fort Knox. A desvalorização do dólar mexeu com os preços dos diferentes ativos, incluindo o petróleo. As descobertas no Oriente Médio haviam assegurado por longo tempo uma grande oferta de óleo. A cotação internacional do petróleo girara um pouco acima de US$ 1 por barril até o início dos anos 1970. Reunidos em um cartel (a Organização dos

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Países Exportadores de Petróleo, OPEP), os maiores produtores se articulavam para modificar esse quadro. A crise teve como estopim uma motivação política. Desde a chamada Guerra dos Seis Dias, em

A descoberta de petróleo na bacia de Campos não impediu o desequíbrio na balança comercial brasileira.

1967, o Estado de Israel, vitorioso, mantinha territórios ocupados à sua volta. Como represália, países árabes liderados pela Arábia Saudita, já na época o maior produtor e exportador mundial de óleo, decidiram promover um embargo contra nações que apoiavam Israel, visando atingir principalmente os Estados Unidos. O embargo funcionou e as cotações internacionais do petróleo deram um salto, multiplicando-se quase por dez. A era do petróleo barato parecia ter terminado. O choque desequilibrou os balanços de pagamentos das nações que mais dependiam de importações do Oriente Médio, entre os quais o Brasil. Para financiar o déficit da balança comercial, o País recorria a empréstimos em moeda estrangeira, pois na época só produzia 15% do petróleo necessário ao consumo nacional. O choque teve como consequência várias iniciativas para se substituir o petróleo importado. No caso do Brasil, surgiria o Proálcool. A indústria investiria em motores mais econômicos. Em 1974, um alento: a Petrobras descobre reservatórios na plataforma marítima brasileira, exatamente na Bacia de Campos, litoral do Estado do Rio de Janeiro. Mas até que os reservatórios viessem a se transformar em área de produção, os desequilíbrios na balança comercial permaneceram muito elevados. Um segundo choque, ao fim da década, multiplicaria as cotações do petróleo por quatro, provocando uma onda inflacionária quase sem precedentes em toda a economia mundial. Médici já havia sido sucedido pelo general Ernesto Geisel na Presidência da República. Ex-presidente da Petrobras, Geisel conhecia a profundidade da crise desencadeada pelo choque do petróleo. Mas a opção na época foi manter o crescimento, com metas arrojadas, configuradas no II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND).

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No plano político, Geisel propunha uma abertura ”lenta e segura”, distendendo o ambiente, pouco a pouco, após dez anos de endurecimento. Mas no primeiro teste, as eleições de 1974, o governo sofreria uma derrota, com considerável avanço do partido de oposição (MDB). Em 1977, Geisel daria um passo atrás com o anúncio do “pacote de abril”, que remodelava as regras de representação política por estados de maneira a assegurar maioria para o governo no Senado. Temporariamente o Congresso foi fechado, reabrindo para as eleições do ano seguinte. A distensão política já estava em curso quando se realizou a IV Conferência Nacional das Classes Produtoras (Conclap), no Rio de Janeiro, em 1975. O encontro, um marco na história das entidades empresariais brasileiras, foi presidido por Jessé Pinto Freire. Intensos debates entre os participantes resultaram em um documento, a Carta do Rio. O papel do Estado na economia foi uma das questões mais discutidas e polêmicas do encontro. De fato, essa participação era crescente. A Geisel se atribuía um viés nacionalista e estatizante. Investimentos estrangeiros não pareciam bem-vindos. Uma reserva de mercado, exclusiva para companhias 100% nacionais, fora criada para a produção de equipamentos de informática, os minicomputadores. Um dos mais antigos investimentos estrangeiros no Brasil, a companhia distribuidora de eletricidade Light seria adquirida pelo governo. Com habilidade, Jessé Pinto Freire conseguiu que o plenário da IV Conclap aprovasse um documento que refletisse verdadeiramente o pensamento das classes empresariais na época. A Carta do Rio foi crítica, mas sem radicalismos. À frente da CNC, ele fortaleceu também a classe empresarial internacionalmente. Recebeu na sede da entidade missões empresariais vindas da Itália, Turquia, Japão e Índia. Por outro lado, organizou missões comerciais brasileiras para Grécia, Bélgica e países do Oriente Médio. Presidiu ainda o XXIV Congresso Mundial da Câmara de Comércio Internacional em 1974, no Rio de Janeiro, e representou o Brasil em várias conferências internacionais da Organização Mundial do Trabalho.

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NA CNC

PARTICIPAÇÃO EM FÓRUNS PÚBLICOS ESTR ATÉGICOS

A CNC mantém uma política nacional abrangente de defesa

criado pela CNC em 1981 com o objetivo de identificar e

dos interesses do empresariado do comércio de bens, serviços

monitorar discursos, requerimentos e proposições legislativas

e turismo, que inclui sua representação em órgãos públicos de

sobre temas afins ao comércio. A partir desse monitoramento,

natureza deliberativa ou consultiva e uma atuação sistemática

os assessores planejam ações que contribuam para uma

na Câmara e no Senado Federal. A instalação da sede em

interlocução institucional produtiva com os parlamentares, em

Brasília contribuiu para estreitar ainda mais o relacionamento

defesa dos interesses do setor.

da CNC com essas instâncias. Em termos de representação, a CNC foi expandindo suas

Dessas ações fazem parte a elaboração de estudos e a prestação de assessoria técnica aos legisladores para

atividades cada vez mais ao longo do tempo: está presente

incentivar e embasar a formulação de leis ou a rejeição de

em vários organismos do Poder Executivo, como comitês

propostas. A Apel apoia ainda a CNC no diálogo qualificado

temáticos, comissões e grupos de trabalho da Presidência

com tomadores de decisão e na participação em debates

da República e dos ministérios. As ações de representação

construtivos nas audiências públicas. Para gerenciamento

ocorrem também em Conselhos Nacionais, como os de

de todo esse trabalho, a Apel conta com um sistema que

Previdência Social, Saúde, Meio Ambiente, Imigração, Direitos

monitora 12 mil projetos e é atualizado diariamente.

da Pessoa com Deficiência, Turismo, Direitos do Idoso e Política Cultural, entre outros. A Assessoria de Gestão das Representações (AGR)

Como extensão da Apel, foi criada em 2011 a Rede Nacional de Assessorias Legislativas do Sistema CNC-Sesc-Senac (Renalegis), que propicia a troca de conhecimentos, a sincronia

criou a Rede Nacional de Representações do Sistema

de ações e uma atuação compartilhada e colaborativa com as

Confederativo do Comércio (Renar), que conta com uma

federações estaduais em âmbito parlamentar.

rede de 232 representantes e garante a presença da CNC em

As iniciativas da CNC em órgãos que formulam as

1.400 fóruns em todo o País, com o suporte de um sistema

políticas públicas do País têm assegurado aos empresários o

digital que gerencia essa atividade.

direito de se manter no mercado e expandir suas atividades,

Já a atuação no âmbito do Congresso Nacional se dá por meio da Assessoria junto ao Poder Legislativo (Apel), órgão

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gerando novos postos de trabalho e fomentando a economia do País.

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A cosntrução da ponte RioNiterói foi parte do projeto de desenvolvimento da infraestrutura brasileira durante o período militar. Ao lado, Copacabana já apresentava uma alta concentração urbana na década de 1970.

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Com sua sede já instalada em Brasília, em 1973, a CNC intensificou à época os trabalhos de representação nos órgãos públicos e acompanhamento das atividades do poder legislativo nacional. Jessé permaneceria à frente da CNC até sua morte, aos 61 anos, em outubro de 1980, ano em que fora reeleito para mais um mandato, que se encerraria em 1982. A década de 1970 ainda gera polêmica entre os estudiosos. Diante do choque o Brasil deveria ter se retraído ou não? A economia brasileira havia decolado. Grandes projetos estavam saindo do papel, como a maior hidrelétrica do mundo, na época, a Itaipu Binacional, em parceria com o Paraguai. As siderúrgicas estatais dobravam de tamanho. Uma nova ferrovia (a do Aço) teria de ser construída às pressas, e assim por diante. O País tinha cada vez mais uma face urbana. Além de São Paulo e do Rio de Janeiro, outras capitais ultrapassavam a barreira de 1 milhão de habitantes. O Brasil, que assistira pela primeira vez na TV a uma Copa do Mundo em cores (1974), ansiava por mais infraestrutura. Mais rodovias pioneiras, como a Belém-Brasília de JK, novos aeroportos, metrôs (São Paulo já tinha o seu e chegara a vez do Rio inaugurar um trecho da primeira linha), iluminação pública, linhas telefônicas. Havia muito por se fazer. Com a poupança interna escassa, o País recorreu ao endividamento externo. E a conta viria na década seguinte, impactando toda a economia, mas atingindo “em cheio” o comércio.

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DA “DÉCADA PERDIDA” À DEMOCRACIA VITORIOSA

Com a morte prematura de Jessé Pinto Freire, assume Antonio Oliveira Santos, então vicepresidente da CNC. Engenheiro, Oliveira Santos trabalhara em siderúrgicas e na estrada de ferro Vitória-Minas antes de iniciar suas atividades empresariais. Como presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo, aproximara-se da CNC e fora convidado por Jessé Pinto Freire a se tornar o primeiro vice-presidente da entidade. Em eleições sucessivas, ele ocupou o cargo de 1972 até a substituição de Jessé, em 1980. Oliveira Santos passou a responder pela presidência da CNC quando a economia brasileira se deparava com outro choque no horizonte: o das taxas internacionais de juros. A onda inflacionária provocada pelo petróleo elevaria a inflação a um patamar fora dos padrões dos países mais desenvolvidos. Para debelá-la, o presidente do Federal Reserve (banco central norte-americano), Antônio Oliveira Santos, então vicepresidente, assumiu a presidência em 1980, após a morte de Jessé Pinto Freire.

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Paul Volcker, conhecido como Mister Dollar, chegou a aumentar as taxas básicas de juros para 22% ao ano nos Estados Unidos.

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O impacto sobre o endividamento externo que o Brasil acumulara foi terrível. Com as reservas cambiais esgotadas, o País não teve alternativa a não ser reestruturar sua dívida no exterior, por meio de uma negociação direta que envolveu os principais bancos credores, com chancela do Fundo Monetário Internacional. O Brasil ajustava o seu câmbio com minidesvalorizações da moeda nacional até então. Naquele momento foi preciso uma maxidesvalorização com inevitável efeito sobre os índices domésticos de inflação. Sucedendo Ernesto Geisel na Presidência da República, o general João Baptista Figueiredo faria um governo de crescente abertura política. A lei de anistia (geral, ampla e irrestrita) permitiria a volta ao Brasil de políticos e opositores do regime que viviam no exílio. Sem restrição à liberdade de expressão, o País passou a conviver com um intenso debate sobre seus rumos, seja na política, na economia ou nas questões sociais. Oliveira Santos intensificou nesse período a representação da CNC no governo e em outros segmentos da economia nacional e, principalmente, internacional. Em 1981, fez parte da comitiva do presidente Figueiredo a França, Portugal, Colômbia, Bolívia e Alemanha. Nesse mesmo ano, participou da missão econômica brasileira aos países do sudeste da Ásia e da missão empresarial brasileira, chefiada pelo ministro da Fazenda, Ernane Galvêas, a países do Oriente Médio. Sindicatos de trabalhadores também voltaram a ter participação ativa na vida nacional. Ao fim do governo Geisel, despontava na região do ABC paulista uma nova liderança, o metalúrgico Luiz Inácio da Silva, o Lula, que no processo de abertura durante o governo Figueiredo fundaria o Partido dos Trabalhadores (PT), pelo qual se elegeria, anos mais tarde, por duas vezes, para a Presidência da República. Em 1982, os governadores voltaram a ser escolhidos por eleições diretas, junto com senadores, deputados federais, estaduais e vereadores. Foi uma oportunidade para que personagens que haviam sido banidas pelo regime militar retornassem à política

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nacional e regional, pois as eleições seriam precedidas por debates entre os candidatos, transmitidos pelas redes de rádio e televisão, com ampla cobertura de toda a imprensa. Apesar da crescente abertura política, faltava ainda a eleição direta para presidente. Como consequência da campanha em favor das diretas, que se espalhara pelo País, formou-se uma aliança política que levaria o Congresso a eleger o então senador mineiro Tancredo Neves, tendo como vice outro senador, o maranhense José Sarney. Tancredo foi hospitalizado antes de sua posse, gravemente enfermo (por razões políticas, havia mantido a doença em segredo). O fato inesperado fez com que assumisse o vice Sarney, que se manteria na presidência devido à morte de Tancredo algumas semanas depois. O País entrou em comoção, que se iniciara na vigília pela saúde do presidente eleito, quando Tancredo entrou em estado de coma induzido, até seu enterro, na cidade de São João del Rey. O governo da chamada Nova República enfrentou muitos desafios. Na economia, a inflação era ameaçadora. O País precisava de uma nova Constituição, pois a que estava em vigor era incompatível com o regime de liberdades democráticas que o Brasil aspirava, depois de vinte anos de regime militar. Após vários meses seguidos de trabalho intenso, com debates que envolveram os vários segmentos da sociedade, a Assembleia Nacional Constituinte promulgou em 1988 a Carta Magna que vem regendo o Brasil até nossos dias. A CNC teve participação ativa nesse momento histórico do País, articulando as ações da classe empresarial na Constituinte. Oliveira Santos, além de presidir a CNC, estava à frente também da União Brasileira de Empresários (UBE), grupo que reunia entidades sindicais patronais, criado para colaborar com o governo na elaboração da nova Carta, realizando suas reuniões na sede da CNC em Brasília. O alinhamento do pensamento político e econômico do empresariado nacionalmente foi determinante nesse momento de fortalecimento da luta em defesa da livre iniciativa e da economia de mercado.

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A campanha pelas diretas engajou todo o paĂ­s na busca pela democracia.

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Na economia, o governo Sarney fez uma tentativa ousada para conter a inflação. Abraçando as teses de economistas heterodoxos, surpreendeu o País lançando o Plano Cruzado, cuja espinha dorsal era o congelamento de preços (incluindo o câmbio). Como representante dos empresários no Conselho Monetário Nacional, Antonio Oliveira Santos testemunhou no dia 28 de fevereiro de 1986 o anúncio do plano, guardado a sete chaves. Até que seu teor fosse anunciado, os conselheiros convocados para a reunião do Conselho tiveram que aguardar em uma sala, sem poder se comunicar com ninguém fora dela. Representada por seu presidente, a CNC testemunhou assim um dos fatos mais relevantes da história econômica de um País em busca da estabilidade de sua moeda. A inflação caiu, mas o congelamento desorganizou cadeias produtivas e a oferta não conseguiu acompanhar o expressivo aumento da demanda. Por meio de importações o governo tentaria equilibrar o mercado. O déficit da balança comercial aumenta mais uma vez e as reservas cambiais se esgotam, obrigando o País a entrar em moratória. O congelamento seria abandonado, a inflação ressurgiria e o governo Sarney se desgastaria muito. Esse clima marcará a campanha das primeiras eleições diretas para a presidência da República. Em novembro de 1989, elege-se em segundo turno (concorrendo contra Luiz Inácio Lula da Silva) o exgovernador de Alagoas Fernando Collor de Mello, neto de Lindolfo Collor, Ministro do Trabalho de Getúlio Vargas nos anos 1930 e um dos principais responsáveis pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e pela estrutura sindical que só seria reformulada pela Constituição de 1988. Inicialmente visto como “azarão” na disputa, Collor convence os eleitores com um discurso em que promete “passar a limpo” o País.

A inflação e a crise de abastecimento foram alguns dos grandes problemas na década de 1980.

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Geração Shopping ouY?

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AS RUAS, HISTORICAMENTE, são o berço do

encantamento, experiências e, claro, diversidade

comércio. Em filmes, livros e fotos, o comércio

nas compras. Sofisticação, segurança, qualidade,

está retratado no seu ambiente mais vivo em

conforto: o shopping tornou-se a ilha da fantasia

histórias afetivas: a loja na calçada, a esquina da

no universo das compras.

rua, o bairro de gerações familiares. Ainda é um local de comércio, mas não o único Se antes a nossa mãe dizia: “Menino, vai na

Só que, mais uma vez, essa nova geração, que ainda habita os shoppings, nasceu com um olho na vitrine de vidro e o outro na tela de

rua pra mim”, e nos mandava comprar agulha e

LED. Essa dinâmica do comércio desperta na

linha no armarinho da esquina, agora sua fala é

CNC um sentimento que nasceu com ela: estar

outra, tipo: “Vamos ao shopping.” E mais: em vez

preparada para o que ainda está por vir. E a história

de costurar em casa, ela deixa a roupa para ser

prova que, cada vez mais, cada movimento e

ajustada numa loja que realiza esse serviço.

cada novidade revolucionarão as relações de

Esse único exemplo mostra o espectro de

comportamento do consumidor com o comércio.

atuação da CNC: o comércio de bens e serviços que ela representa no País ganhou uma casa completa, onde ambos os setores estão reunidos: os shopping centers. Seu surgimento na década de 1960, inspirado no modelo norte-americano, transformaria os hábitos de consumo do brasileiro, exigiria normas e uma nova legislação para a sua implementação e, de um jeito nunca antes imaginado, faria surgir novas gerações de consumidores, dando aos jovens o domínio de um território de

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O REAL E OS NOVOS DESAFIOS DE UMA ERA LIVRE O Brasil passara por muitas transformações nas décadas anteriores. Até nos anos 1980, que chegaram a ser apontados como “a década perdida” (quando os índices de crescimento ficaram abaixo da média histórica do País), houve avanços consideráveis. A economia já não se concentrava no litoral ou nas regiões do interior consideradas como expansão natural da atividade agropecuária de São Paulo (ou seja, Triângulo Mineiro, oeste do Paraná, sudoeste de Goiás e sul do atual estado de Mato Grosso do Sul). Uma nova fronteira agrícola surgira graças ao desenvolvimento de tecnologias que tornaram possível o maior aproveitamento das terras do cerrado. Do lado federal, a criação da Embrapa fora fundamental. E pelo lado de estados do Centro-Oeste, para atrair colonos vindos do Sul do País, uma rede de estradas vicinais seria aberta, em parte financiada pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Novas cidades foram surgindo onde antes só havia uma agropecuária rudimentar e rarefeita. O caminho para que o Brasil entrasse para o rol dos maiores produtores de grãos do planeta, e um dos principais na proteína animal, estava se iniciando. Mesmo na indústria, surgira um polo aeronáutico, de tecnologia de ponta, com a Embraer, originalmente uma companhia estatal. A engenharia brasileira, que era incipiente até meados dos anos 1960, já respondia pela grande maioria dos projetos de infraestrutura, incluindo, por exemplo, os das grandes hidrelétricas de Itaipu e Tucuruí.

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No entanto, a inflação continuava a ser um flagelo para os brasileiros. Após vários planos de estabilização frustrados, José Sarney passaria a faixa presidencial para seu sucessor Fernando Collor de Mello com a inflação no patamar de 1.700% ao ano. Oliveira Santos, como representante da classe empresarial do comércio de bens, serviços e turismo, participou ativamente dos debates sobre os rumos da economia, como convidado especial das reuniões do Conselho Monetário Internacional de 1988 e 1989. À época, esteve presente também nas diversas missões brasileiras que participaram das conferências da Câmara de Comércio Internacional. As reuniões da Organização Internacional do Trabalho foram outros fóruns em que o presidente da CNC colocou o comércio em pauta, com destaque. Depois do Plano Cruzado, outras duas tentativas haviam sido feitas no governo Sarney para controlar a inflação: os planos Bresser (capitaneado pelo ministro da Fazenda Bresser Pereira) e Verão, já com Maílson da Nóbrega à frente da equipe econômica. Ambos também não tiveram sucesso. Collor daria partida a seu governo com uma iniciativa bombástica, que, segundo ele, seria um tiro certeiro na inflação. Ativos financeiros foram bloqueados, a partir de determinado valor, tanto para indivíduos como para empresas. A liberação só ocorreria gradualmente. A inflação recuou por um momento, mais como consequência da desorganização das cadeias produtivas e dos mercados do que devido a um realinhamento de preços. E logo voltou a reaparecer. O tiro certeiro não atingira o alvo. No entanto, o governo Collor daria partida a um processo de abertura comercial do País e lançaria um programa de desestatização relevante, abrangendo companhias siderúrgicas e indústrias petroquímicas estatais. Eleito por um pequeno partido político, Collor teve dificuldades para montar uma sólida base parlamentar, e, quando denúncias de corrupção envolveram seu governo, o Congresso deu início a um processo formal de impedimento do presidente. Em um esforço para superar a crise institucional, Collor convidou para seu ministério pessoas renomadas e de prestígio na sociedade civil.

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Foi ainda, antes de seu impeachment, anfitrião de mais de 100 chefes

A CNC foi representada por Oliveira Santos durante a Rio-92.

de Estado na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (a Rio-92), no Rio de Janeiro. A CNC, representada por Oliveira Santos, que meses depois seria reeleito pela quarta vez consecutiva como presidente, teve uma participação intensa nos debates da Rio-92, dando sequência às discussões promovidas anteriormente junto ao empresariado sobre questões relativas ao fortalecimento dos pilares econômicos mediante os conceitos da sustentabilidade. Em 2011, juntamente com outras confederações patronais, a CNC havia sido convidada pelo Ministério das Relações Exteriores para enviar sugestões para a elaboração do documento “Draft Zero” da Organização das Nações Unidas. A Conferência permitiu à Confederação dar visibilidade ainda às ações, programas e projetos do Sistema CNC-Sesc-Senac em defesa do meio ambiente, do combate ao desperdício e da geração de renda voltada à erradicação da pobreza. E abordar, entre outras, questões como turismo e varejo sustentáveis. Itamar Franco, vice que concluiu o mandato de Collor, prosseguiu com o

A implementação da URV estabilizou a economia e possibilitou o controle da inflação.

programa de desestatização e, em mais um momento difícil, com a inflação em alta, convidou seu chanceler, Fernando Henrique Cardoso, para assumir o Ministério da Fazenda. O novo ministro formaria uma equipe econômica que se encarregou de estruturar mais um plano de estabilização. O Plano Real, como viria a se chamar, tinha um estágio inicial pelo qual os preços ficaram atrelados a um indexador (Unidade Real de Valor, a URV), corrigido diariamente pela inflação estimada. O País concluíra a negociação com credores externos e assim poderia se concentrar no front interno. Com todos os preços e salários passando a corresponder a um determinado número de URVs, houve uma sincronização jamais alcançada, o que possibilitou a troca de moeda, sem os traumas dos planos de estabilização anteriores. No dia 1º de julho de 1994, cada URV seria equivalente a 1 real. Nesse mesmo dia, todas as agências bancárias do País amanheceram com as cédulas do real em seus caixas, o que seria psicologicamente fundamental para eliminar do cenário a moeda que estava associada à inflação alta.

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Sem congelamentos de preços ou bloqueio de ativos financeiros, o novo plano de estabilização dessa vez daria resultado. A hiperinflação crônica desapareceria abruptamente. Afastando-se do Ministério da Fazenda para se candidatar à Presidência da República, o intelectual, professor

O fim da inflação e a vitória na Copa do Mundo aumentaram a autoestima dos brasileiros em 1994.

universitário e senador Fernando Henrique Cardoso se elegeria no mês de outubro, em primeiro turno, com maioria absoluta dos votos válidos. Com a nova moeda, a autoestima da população se recuperava, ainda mais que naquele mesmo ano de 1994 a seleção brasileira saíra tetracampeã na Copa do Mundo realizada nos Estados Unidos. Nesses anos de reorganização da economia brasileira, a CNC teria a oportunidade, já colhendo frutos da Constituição de 1988 e da autonomia garantida às entidades sindicais, de reestruturar igualmente o seu sistema confederativo de representação sindical, criando o Sicomércio. O sistema propiciou a auto-organização e a autogestão da CNC, constituindo-se em um marco em seu processo de modernização e consolidação. É nesse período que a CNC dá início também à criação das Câmaras do Comércio, para aprofundar o debate das principais questões dos segmentos específicos que representa. Além disso, seguindo a trilha de abertura que vinha caracterizando a economia do País, dirige mais ainda suas atenções para as representações relacionadas ao comércio exterior. O fim da hiperinflação crônica aumentara de imediato o poder de compra da população brasileira. O consumo se expandiria fortemente, trazendo “bons ventos” ao comércio. Mas a queda brusca da inflação traria à tona desequilíbrios acentuados nas finanças dos entes federativos e mostraria que algumas instituições financeiras (não só estatais) estariam demasiadamente vulneráveis. Por meio de um programa de reestruturação do Banco Central, o Proer, o sistema financeiro foi saneado sem graves prejuízos para correntistas e investidores. Simultaneamente, dívidas dos entes federativos seriam renegociadas com a União, permitindo que, em um passo seguinte, o governo conseguisse aprovar no Congresso a Lei de Responsabilidade Fiscal, com regras e limites para o endividamento e os gastos públicos. O programa de desestatização prosseguiu, com o setor privado assumindo o controle de empresas de telecomunicações, de energia e

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NA CNC

CÂMARAS SETORIAIS: APOIO A SEGMENTOS ESPECÍFICOS DO COMÉRCIO da emblemática Companhia Vale do Rio Doce.

As Câmaras Brasileiras do Comércio são

Concessões de rodovias federais foram feitas,

órgãos consultivos da CNC que funcionam como

além de malhas ferroviárias e terminais portuários.

fóruns de discussão temática de segmentos

Estados privatizaram seus bancos, distribuidoras

que compõem o comércio de bens, serviços e

de eletricidade e de gás canalizado, e se

turismo. Esses órgãos têm como objetivo elaborar

desfizeram de outros patrimônios, para arcar com

estudos e formular sugestões para subsidiar a

compromissos assumidos na renegociação da

ação política da Confederação em defesa das

dívida com a União e/ou para se enquadrarem na

categorias representadas.

Lei de Responsabilidade Fiscal.

Criadas para atender à execução de programas especiais de atuação da CNC, as Câmaras têm como integrantes empresários atuantes nos setores em foco, bem como técnicos, diretores e representantes da entidade em órgãos governamentais. Em 1996, foram criadas a Câmara Brasileira de Comércio e Serviços Imobiliários (CBCSI) e a Câmara Empresarial de Turismo (CET). Em seguida, vieram a Câmara Brasileira do Comércio de Produtos e Serviços Ópticos (CBÓptica), a Câmara Brasileira de Produtos Farmacêuticos (CBFarma), a Câmara Brasileira de Serviços Terceirizáveis (CBST), a Câmara Brasileira de Tecnologia da Informação (CBTI), a Câmara Brasileira do Comércio de Gêneros Alimentícios (CBCGAL), a Câmara Brasileira de Materiais de Construção (CBMT) e a Câmara Brasileira do Comércio de Peças e Acessórios para Veículos (CBCPAVE). A mais recente é a Câmara Brasileira de Comércio Exterior (CBCEX), criada em 2015 para discutir os principais desafios do setor, de fundamental importância para grande diversidade de segmentos comerciais. Com a CBCEX, a CNC amplia os debates sobre o tema por meio de um órgão próprio, cujo trabalho soma-se à bemsucedida parceria já existente com a Associação

Fernando Henrique Cardoso iniciaria seu segundo mandato de quatro anos alterando o regime de câmbio. Numa primeira tentativa, o Banco Central reformulou em janeiro de 1999 o sistema de bandas, mas a reação dos mercados fora tão negativa que logo o BC optou pela flutuação da moeda nacional ante as demais. Assim, o País entraria na era do câmbio flutuante, com um razoável ajuste que traria consideráveis benefícios para o comércio exterior e o balanço de pagamentos como um todo, pois se removeria do horizonte o risco de um desequilíbrio insustentável. Já estava em pleno vigor o Tratado de Assunção, que criara o Mercado Comum do Cone Sul, com quatro signatários – Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai –, e que seria mais um fator de ampliação da corrente de comércio do País. Ao longo dos anos 2000, as exportações brasileiras saltariam de um patamar de US$ 65 bilhões anuais para a casa de US$ 250 bilhões, em decorrência também da reestruturação da economia brasileira e dos ganhos de produtividade que se acumularam com as reformas estruturais da década de 1990. Durante o governo Fernando Henrique Cardoso, monopólios estatais haviam sido quebrados nas

Brasileira de Comércio Exterior (AEB).

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telecomunicações e no petróleo. A cabotagem continuaria exclusiva de navios com bandeira brasileira, mas já se permitindo que fossem propriedade de armadores estrangeiros instalados formalmente no País. Uma reforma na previdência social ocorrera, assim como uma reforma administrativa no setor público. Esse conjunto de reformas exigiu emendas à Constituição de 1988, aprovadas por maioria de três quintos, em duas votações na Câmara dos Deputados e no Senado, o que levou o governo a buscar ampla maioria no Congresso por meio de uma coalizão partidária da mesma magnitude na sua composição ministerial. Além de um programa de ajuste fiscal e do A nova sede de Brasília foi inaugurada em 1998.

câmbio flutuante, o governo Fernando Henrique Cardoso formaria um tripé na política econômica com a adoção do regime de metas de inflação, experiência testada em outros países com razoável sucesso. Esse tripé se manteria nos governos seguintes, mesmo tendo sido eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que havia sido o principal adversário de Fernando Henrique Cardoso nas eleições presidenciais de 1994 e 1998. A privatização das telecomunicações facilitaria a disseminação da telefonia celular, instrumento da transformação de hábitos de consumo e da comunicação dos brasileiros. A tecnologia do século XXI entraria na vida e nos domicílios de quase todos os brasileiros por um aparelho de telefone móvel. Assim como no cotidiano da atividade comercial, na medida em que os celulares, com acesso à internet, possibilitaram o surgimento do mobile commerce, ou m-commerce, dando novo impulso às compras virtuais.

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NA ERA DA TECNOLOGIA

O mundo chegaria ao terceiro milênio da era cristã sob o impacto da comunicação instantânea. Uma transformação talvez só comparável à que ocorreu após Gutenberg, por meio da palavra impressa. A internet, inicialmente restrita a redes de pesquisa científica, passou a conectar todos os indivíduos na face da Terra, abrindo uma infinidade de oportunidades. A miniaturização dos equipamentos de informática e telecomunicações, com velocidade espantosa, transformou o mundo analógico em digital. A telefonia móvel e a banda larga na internet hoje permitem que qualquer indivíduo tenha acesso imediato a todas as informações que desejar. Comprar e vender, realizar transações financeiras, ler o jornal preferido, uma revista ou um livro, assistir a um programa de TV, ver um filme, trabalhar ou simplesmente saber como está alguém querido: tudo é possível. Alinhada aos novos tempos, a CNC já havia ampliado suas frentes de comunicação com associados, governo e sociedade com o lançamento de seu endereço oficial na internet (www.cnc.org.br). No início do novo milênio, colocou no ar um portal, com integração às redes sociais e contando com uma webtevê, a TV CNC. À época, Oliveira Santos acabara de completar 30 anos na Presidência da entidade, que acrescentou todos os setores que representa a seu nome e passou a se chamar Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, denominação atual. Mas esse mundo fantástico da tecnologia, capaz de proporcionar um imenso avanço na qualidade de vida dos seres humanos, também passaria por agruras terríveis nos primeiros anos do terceiro milênio.

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A queda do Muro de Berlim, em novembro de 1989, daria início ao capítulo final da Guerra Fria. A União Soviética ruiria em 1991. Estados Unidos e Rússia deixariam de ser formalmente polos opostos. O desarmamento nuclear teria sequência, para alívio da humanidade. Porém, o Oriente Médio e o Golfo Pérsico haviam se transformado em um barril de pólvora. Com a derrubada do Xá do Irã, em 1979, um regime fundamentalista radical se tornara ameaça crescente para a região, responsável por parte considerável da oferta de petróleo no planeta. Em 1990, tropas iraquianas de Saddam Hussein invadiriam o Kuwait, País vizinho e aliado dos Estados Unidos. Os norte-americanos, juntamente com os sauditas, atacariam o Iraque e expulsariam os invasores do Kuwait. O regime de Saddam Hussein seria submetido a um severo embargo econômico, mas se manteria no poder no Iraque. Enquanto os países da antiga Cortina de Ferro faziam sua transição para a democracia e a economia de mercado, uma nova guerra seria travada em território europeu, e desta vez fratricida, pois envolveria as nações que foram se desmembrando da Iugoslávia socialista, que surgira com a derrota dos nazistas. O conflito nos Bálcãs teve início entre Sérvia e Croácia e em uma segunda etapa se estenderia para a Bósnia-Herzegovina, com a intolerância religiosa motivando um genocídio que não pôde ser evitado mesmo com a intervenção e tropas pacificadoras coordenadas pelas Nações Unidas. A Europa Ocidental estava muito voltada para seu próprio processo de integração, que ultrapassara a barreira da economia e se ampliara para todos os campos, formando a União Europeia. Um passo audacioso seria dado nessa integração com a criação de uma moeda única, o euro, de adesão voluntária por parte de seus membros. O euro viria a substituir 15 diferentes moedas em janeiro de 2002. No dia 11 de setembro de 2001, a humanidade ficaria perplexa diante de ataques terroristas que destruíram as torres gêmeas do World Trade Center em Nova York e instalações do Pentágono, em Washington, deixando milhares de vítimas. Depois de identificados os autores dos atentados, treinados por uma organização terrorista conhecida como

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Al Qaeda, os Estados Unidos decidiram atacar o Afeganistão, até então dominado por outro regime fundamentalista, que acobertava grupos radicais islâmicos. Os talibãs batem em retirada, enquanto o líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden, desapareceria nas sombras, refugiando-se na região montanhosa fronteiriça com o Paquistão. Bin Laden só seria localizado e morto por um “comando” norte-americano em 2011, em seu esconderijo no Paquistão. As perdas militares e materiais na chamada Guerra do Golfo e o embargo econômico não haviam sido suficientes para desestabilizar o regime de Saddam Hussein no Iraque, acusado pelo Estados Unidos de criar um arsenal de armas de destruição em massa. A tensão entre os dois países resultaria em nova guerra, em 2003, dessa vez com a ocupação do território iraquiano por forças norteamericanas e britânicas. Hussein se esconderia em sua cidade natal, mas seria capturado, julgado e sentenciado à morte por um tribunal iraquiano (a execução ocorreria em novembro de 2006). O mundo do terceiro milênio passaria a conviver com o perigo de atentados terroristas. Um deles vitimou 52 pessoas no centro de Londres, em 2005. Outro, dezenas de mortos e feridos na maratona de Boston, em 2013. E em janeiro de 2015, dois fanáticos praticariam um massacre na redação do semanário satírico francês Charlie Hebdo, em nome do profeta Maomé. O petróleo tem sido o pano de fundo de quase todos esses conflitos. Curiosamente, junto com os demais combustíveis fósseis, é tratado como um vilão ambiental. Desde a conferência Rio-92 a questão da sustentabilidade do planeta é levada a sério nos conclaves internacionais que reúnem chefes de Estado e de governo. As evidências das mudanças climáticas, e das suas consequências, têm mobilizado os países na busca de soluções e fórmulas viáveis de redução das emissões de gases que provocam o efeito estufa e a elevação da temperatura média da Terra. Fontes renováveis de energia são estimuladas e há uma conscientização sobre a importância de se preservar os recursos naturais, reciclando materiais e tratando os resíduos sólidos e líquidos.

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O Brasil já é afetado pelas mudanças climáticas, segundo alguns cientistas e pesquisadores. Uma longa estiagem fez com que os reservatórios das hidrelétricas se esvaziassem perigosamente, obrigando o governo Fernando Henrique Cardoso a induzir os consumidores a um racionamento voluntário em 2001 e parte de 2002. Não havia ainda termoelétricas disponíveis para substituir a

As exportações brasileiras ganharam um grande impulso com o crescimento voraz da China.

energia gerada pelas hidrelétricas. A racionalização no consumo foi bem-sucedida, mas acabou contribuindo para o desgaste político do governo. Nem mesmo a conquista do pentacampeonato pela seleção brasileira na Copa do Mundo do Japão ajudaria a melhorar o humor dos eleitores. No segundo turno das eleições de 2002, candidatando-se pela quarta vez consecutiva, o principal líder da oposição, Luiz Inácio Lula da Silva, sairia vencedor. Teses defendidas anteriormente por seu partido, o PT, causavam apreensão nos meios empresariais, e os mercados reagiam negativamente à ascensão de Lula ao poder. O real sofreria forte desvalorização e a inflação voltaria aos dois dígitos (12,5%). Antes da posse, Lula já fizera um discurso moderado, na “Carta aos brasileiros”, mas o começo do seu governo surpreenderia positivamente o próprio empresariado ao manter o tripé da política econômica que fora essencial para a estabilização monetária (equilíbrio das contas públicas, câmbio flutuante e metas de inflação). Nos dois primeiros anos, o governo Lula faria reformas microeconômicas importantes para alguns segmentos da economia, como a construção civil e o mercado imobiliário. O crédito consignado também ajudaria a impulsionar o consumo em geral. Apesar disso, a CNC, aliada a outras representações empresariais, continuava defendendo no governo a necessidade de adoção de outras medidas, como a realização das reformas trabalhista e tributária no País. A economia brasileira seria favorecida ainda pelo “tufão” chinês. Adormecida por décadas de planificação malsucedida, conduzida por um regime autoritário e fechado, a China estava cercada por pequenas economias (os “tigres”), ágeis e agressivas no comércio exterior. Entre elas, Taiwan, Hong Kong e Cingapura.

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Petrobras, da empolgação com o pré-sal à crise.

Seduzida pelo crescimento exponencial desses vizinhos, a China iniciara uma abertura econômica com a criação de zonas especiais, receptíveis a investimentos estrangeiros. A primeira já se beneficiaria da expansão de Hong Kong, que estava contida dentro de um território restrito, sob administração da Grã-Bretanha. Em um período de vinte anos, a China se tornara a “fábrica” do mundo. Sob esse forte impulso externo, a economia brasileira encontrou espaço para se recuperar, com um balanço de pagamentos confortável e inflação em declínio. Um novo ciclo virtuoso teria início, dando condições, por exemplo, para que o governo Lula pusesse em prática programas sociais distribuidores de renda (Fome Zero, Bolsa Família etc.). Em 2006, Lula se reelege na Presidência. Dois anos depois é surpreendido por uma crise financeira internacional, mas a descoberta de grandes reservatórios de óleo e gás na camada do pré-sal, em águas ultraprofundas na Bacia de Santos, distantes 200, 300 quilômetros do litoral do Rio de Janeiro e de São Paulo, levaria o governo Lula a apostar muitas fichas na capacidade de investimento da Petrobras, subestimando o impacto da crise que vinha do exterior (equiparada à Grande Depressão dos anos 1930). Em 2009, a economia brasileira ainda cresceria fortemente, mas, no ano seguinte, começaria a perder fôlego. Lula colheria os frutos do ciclo virtuoso, com alta popularidade, o que ajudaria a candidata do governo, Dilma Rousseff, a vencer as eleições de 2010. Os quatro anos posteriores já não seriam de bonança, porém o desemprego se manteria baixo durante todo esse período. A Petrobras, carro-chefe de vários projetos concebidos pelo governo, viu-se diante de uma crise de confiança decorrente da perda de rentabilidade e de uma investigação de autoridades federais (operação Lava Jato) com graves denúncias de corrupção envolvendo ex-diretores da companhia. As ações da empresa se deprimiram nas bolsas de valores. Ainda que o cenário não fosse tão favorável ao governo, como em 2010, Dilma se reelegeria em 2014, marcando os primeiros meses do seu novo mandato, em 2015, com um ajuste fiscal expressivo – corte de despesas conjugado a aumento de tributos – e um realinhamento de preços administrados (energia elétrica, combustíveis, tarifas de transportes públicos e saneamento básico). A conjuntura do início de 2015 ficaria marcada pelo encolhimento do Produto Interno Bruto e por uma inflação bem acima da

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meta, combatida por um aperto monetário calcado no aumento das taxas básicas de juros (Selic) e por restrições ao crédito. Para a CNC, os últimos anos foram de progressivo aumento de sua representatividade no plano nacional e internacional. A inauguração do novo edifício da sede em Brasília, com a presença do então presidente da República Fernando Henrique Cardoso, em 1998, reforçou a presença da entidade nas instituições federais. Não por acaso, com suas assessorias Jurídica e Parlamentar sempre atuantes na capital, a CNC é uma das entidades sindicais patronais que mais ajuízam Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) no Supremo Tribunal Federal (STF), em favor de seus representados. Até o início de 2015, havia 45 ADIs tramitando ou aguardando decisão do STF – 15 delas de abrangência nacional. Em âmbito externo, a CNC passou a fazer parte do Foro Consultivo Econômico-Social do Mercosul (FCES), estabelecido no Fórum de Ouro Preto, assinado pelos presidentes dos países do bloco em dezembro de 1994. Já o início do terceiro milênio foi um período de consolidar as mudanças introduzidas pelo Sicomércio e de buscar um aperfeiçoamento ainda maior no padrão de atuação e representatividade do comércio: a CNC filiou-se à Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) em 2012, garantindo o selo de qualidade da instituição a seu Sistema de Excelência em Gestão Sindical (Segs). Foi tempo também de repensar o futuro. Em 2007, a Confederação deu partida à execução de seu plano estratégico, cujo horizonte chega a 2020. Para atingir as metas e objetivos traçados, o plano definiu 21 diferentes projetos, sendo 15 no curto, 5 no médio e 1 no longo prazo. Com indicadores para as várias áreas de atuação da Confederação, o plano estabelece metas intermediárias até 2020, que passarão por uma revisão em 2016. Metas para dentro do sistema confederativo e para fora, como, por exemplo, o reconhecimento público das atividades da CNC.

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NA CNC

MARCA TR ADUZ TR ADIÇÃO E MODERNIDADE DA CNC

Em seus 70 anos de trajetória, a CNC buscou preservar e valorizar as tradições de seu passado, mas com o foco sempre nas transformações socioeconômicas, culturais e, principalmente, tecnológicas dos novos tempos. O que mais simboliza essa visão duplamente temporal é sua marca, um de seus principais patrimônios, que foi modernizada, como parte do Plano Estratégico 20072020, mas manteve como inspiração Mercúrio – na mitologia romana, o deus do comércio. A primeira marca, utilizada desde a fundação da CNC, em 1945, exibia o rosto de Mercúrio, tendo em destaque seu capacete alado. Seguia a linha estética da época, em que a marca contava uma história e cada um de seus elementos tinha significado próprio. Lançada em novembro de 2012, seguindo uma tendência mais moderna e minimalista, a atual marca é composta por um logotipo e um símbolo, que representa as asas de Mercúrio, presentes em seus pés, capacete e bastão. As asas simbolizam a capacidade de alçar voos mais altos, a velocidade, as tecnologias digitais, que possibilitaram o e-commerce, a interação entre mercados no mundo globalizado. A nova marca não foi desenvolvida de forma isolada: fez parte de um projeto para criação de uma identidade visual transversa, condizente com os “novos tempos”, que identificasse não só a CNC, mas também as federações estaduais e os sindicatos que congrega, bem como as instituições de seu sistema próprio de desenvolvimento social e educacional – o Serviço Social do Comércio (Sesc) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). O fio condutor de todo esse trabalho de arquitetura de marcas foi a “transformação”, a modernização ocorrida não apenas no setor, mas em todo o País.

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O tempo nĂŁo para. Nem o comĂŠrcio

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HOJE, O RELÓGIO de pulso é mais um acessório

consumidores. A CNC, diante dessas novas

no vestuário do que o objeto clássico de mostrar

possibilidades, propôs normas e reivindicou, em

o tempo. Pense quantas vezes em um dia

nome da sustentabilidade desse novo segmento,

você acessou o smartphone para ver as horas,

o compromisso dos órgãos públicos, já que a

enquanto seu relógio apenas decora seu pulso.

garantia do sucesso desse perfil de negócio

Isso demonstra que a tecnologia estabelece novos hábitos, mas não elimina necessariamente

depende da segurança oferecida tanto para o comerciante quanto para o cliente.

outros, apenas os modifica em sua função. Imagine então o que foi para o comércio ver as lojas passando a viver períodos inteiros de 24 horas abertas para atender seus clientes. Os shoppings já haviam ampliado o horário de funcionamento, criando turnos e aumentando as vagas de empregos. O comércio de rua precisava se reinventar diante dessa concorrência extremamente profissional. Mas as ruas também têm seus segredos. Um deles é que as lojas são independentes, podem estender seus horários mediante acordos comerciais e trabalhistas. Assim, as lojas de conveniência conquistaram seu espaço, oferecendo seus produtos e serviços por 24 horas. Bares, restaurantes, postos de serviços, farmácias, enfim, uma gama de tipos de comércio reconquistaram a atenção dos

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O COMÉRCIO SUSTENTÁVEL NOS PRÓXIMOS 70 ANOS O Brasil tem muitos desafios pela frente, mas em vários indicadores já se aproxima dos que são encontrados em economias mais desenvolvidas. Com mais de 200 milhões de habitantes (e 100 milhões de população economicamente ativa), o País tem se beneficiado do que os especialistas chamam de bônus demográfico. É o período em que teremos mais brasileiros em idade para trabalhar, consumir, poupar e investir. Ainda que a inflação não tenha recuado para um patamar desejável e compatível com o do Primeiro Mundo, a relativa estabilidade da moeda (especialmente se comparada com a superinflação anterior ao lançamento do real) conjugada à expansão do número de empregos formais, à política de valorização do salário mínimo e de acesso ao crédito, aos programas de transferência de renda, entre outros fatores – como a urbanização e o aumento da escolaridade –, favoreceu o mercado consumidor doméstico. O IBGE estima que esse mercado em 2014 se distribuísse por mais de 61 milhões de domicílios, dos quais 99,3% com luz elétrica e 50,1% conectados à internet. Aproximadamente 44% dos domicílios tinham pelo menos 1 automóvel e 20% pelo menos uma motocicleta. No caso dos eletrodomésticos, a proporção de geladeiras era de 97,3%; de fogões, 98,8%; de aparelhos de TV, 97,2%; de aparelhos de rádio, 75,8%; de DVD, 72,4%; de computadores pessoais, 50%; de máquinas de lavar, 58,3%.

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Em maio de 2015, o País tinha 218 milhões de acessos à internet em banda larga, sendo 193 milhões por aparelhos móveis (smartphones, tablets, modems), em mais de quatro mil municípios.

O acentuado crescimento do comércio brasileiro traz boas perspectivas para o futuro do setor.

Tais números traduzem o crescimento acelerado do comércio nesta última década e meia. Um crescimento “chinês”, que se refletiu na abertura de novas lojas, empregos gerados e tributos recolhidos. A frota de veículos aumentou em nada menos que 20 milhões de automóveis no período de dez anos. Os segmentos de comércio e serviços respondem por mais de dois terços do Produto Interno Bruto. Isoladamente, o comércio vem se expandindo mais do que a média da economia, de modo que sua participação no PIB aumentou mais que a de outros setores, e se situa próximo a 40%. Pulverizada por todo o território nacional, e com impactos de conjuntura imediatos sobre sua trajetória, a atividade comercial precisa de “termômetros” que a auxiliem a entender o presente, a detectar mudanças no horizonte em curto e médio prazos, e a se preparar para as tendências futuras de mercado. Nesse sentido, desde 2010 a CNC apura mensalmente, com base em pesquisas de abrangência nacional, índices que antecipam a trajetória do mercado consumidor. Ao fim de cada mês, pesquisadores vão a campo, em todas as capitais e mais o Distrito Federal, e recolhem informações sobre emprego e renda em consumo (18 mil coletas). Inspirado em um modelo da Universidade de Michigan (Estados Unidos), a CNC avalia a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) tomando como referência o que acontecera no ano anterior. Outro “termômetro” é a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Nessa pesquisa, são levantados dados sobre o número de famílias endividadas e com contas em atraso, e se busca identificar o principal tipo de dívida, a intenção de quitar a dívida e o tempo de inadimplência. Ambos os indicadores são divididos em duas faixas de renda: abaixo e acima de dez salários mínimos.

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Um terceiro “termômetro” é o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec). Cerca de 6.200 entrevistas com empresários do comércio, das capitais e do Distrito Federal, são feitas todos os meses, revelando o estado de ânimo dos comerciantes em relação à economia e aos seus próprios negócios. São índices que despertam o interesse da mídia, com ampla divulgação espontânea, e certamente vêm contribuindo para dar

Os eventos internacionais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, trazem repercussão positiva para o comércio e o turismo.

mais visibilidade pública à CNC. A CNC vê o futuro com confiança, acreditando que o comércio de bens e serviços continuará se fortalecendo nos próximos anos. Grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 despertam a curiosidade pelo Brasil no exterior, com repercussões positivas sobre o turismo e o comércio exterior. Atrair dez milhões de visitantes anuais até 2020 é uma meta factível e que ajudará o País a equilibrar suas transações com o mercado externo. Para ser receptivo a visitantes estrangeiros, o comércio de turismo terá de dedicar igualmente especial atenção ao próprio mercado doméstico. Em médio e longo prazos, para continuar crescendo, o comércio de bens, serviços e turismo dependerá do comportamento da economia em geral, que, por sua vez, necessita de reformas e avanços institucionais. Precisamos de uma Justiça mais ágil, de um parlamento que ajude a proteger os cidadãos com leis adequadas, e de poderes executivos que assegurem qualidade aos serviços públicos. Para reduzir desigualdades sociais e regionais, o Brasil precisará ser mais eficiente e competitivo. Uma simplificação tributária (e reconheça-se a importância do SuperSimples e do MEI – Microempreendedor Individual) e relações trabalhistas mais flexíveis são fundamentais para que as empresas brasileiras possam concorrer em igualdade de condições no mercado globalizado. A oferta de crédito já corresponde a mais de 50% do PIB, porém a um custo que deixa as empresas brasileiras em situação de clara desvantagem. Da mesma maneira que a agropecuária e a indústria, o

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Soluções ecologicamente sustentáveis, como o artesanato ao lado, são fundamentais para a preservação do meio ambiente.

comércio de bens, serviços e turismo almeja uma infraestrutura que reduza custos, em vez de onerá-los. Espera-se que a estabilidade monetária seja um objetivo permanente, e para o qual contribua um equilíbrio estrutural nas finanças públicas, o que inclui ajustar o sistema previdenciário à transformação demográfica do País (mais longevidade, queda na taxa de fecundidade, e consequente aumento da parcela de idosos na população). O consumo sem dúvida continuará representando a maior parte do PIB, mas para expandir sua capacidade de produção o País precisará poupar e investir mais. E no rol desses investimentos, saúde e educação devem merecer cuidados e contribuições tanto do poder público como da sociedade em geral. Melhores e maiores resultados serão obtidos se a esse esforço estiver associado o estímulo ao empreendedorismo e à capacitação profissional. Pela educação, conseguiremos evitar que milhares de jovens sejam atraídos para a criminalidade, ajudando no combate à violência urbana que atormenta a sociedade nos nossos dias e que é, sem dúvida, um fator inibidor do desenvolvimento. Por último, mas não menos importante, a agenda de sustentabilidade socioambiental é uma questão de todos os brasileiros. O futuro do planeta está em jogo, e os empresários responsáveis não podem se omitir na busca de soluções viáveis na transição para uma economia de baixo carbono. O comércio no Brasil soube acompanhar as transformações da vida moderna. Sem perder suas características, está presente em desde os mais longínquos grotões do País, com uma simples vendinha, até o sofisticadíssimo comércio eletrônico, via internet. O comércio busca atender aos mais variados gostos dos consumidores, ao mesmo tempo em que se moderniza, especialmente nas grandes cidades, onde o tempo se tornou escasso. Sempre haverá muitos desafios pela frente, mas o comércio tem na sua essência a concorrência, uma mola propulsora que leva o setor a se adaptar às circunstâncias e aos diferentes momentos.

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e-revolution

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ONDE VOCÊ ESTÁ agora? E isso lá importa, se você

como todo negócio dinâmico, o e-commerce

quer comprar? No próximo minuto, seu dedo vai

também passou e continua passando por ajustes.

apontar para a tela do seu smartphone e pronto:

Mas tirando as curiosidades, o cenário do

ok para sua compra. É assim. É agora. É o que o e-commerce estabeleceu a partir da invenção da rede de dados www.

e-commerce ganhou a dimensão infinita que a tecnologia pode proporcionar. Atenta aos movimentos desse mercado, que já trabalha com uma projeção de trilhões dólares

Mas se hoje a evolução do e-commerce é

até 2017 no mundo e que, no Brasil, já bate os

cada vez mais rápida, o processo de compra, mais

bilhões de reais, a CNC tem atuado de forma a

seguro, e o acesso ao consumidor, mais preciso,

garantir cada vez mais transparência e eficiência

automático e cirúrgico, a história acelerada desse

ao e-commerce no País, estabelecendo condições

revolucionário sistema de compra e venda já

para que mais empresas comerciais tenham acesso

reúne histórias suficientes e situações pitorescas.

cada vez maior aos meios digitais, com segurança e

Em 1979, o inventor inglês Michael Aldrich criou o

respeitando a legislação que regula o setor.

primeiro modelo de compras on-line usando uma TV doméstica adaptada a uma linha telefônica. O primeiro produto vendido foi uma caneta a laser quebrada; serviu apenas de teste para um programador experimentar o comportamento dos usuários da internet diante de um produto oferecido em um mercado virtual. Vinte anos se passaram desde o primeiro pedido de pizza pela internet. A Amazon.com começou em 1995, mas só passou a lucrar a partir de 2003. Ou seja:

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CONSTRUINDO O DESENVOLVIMENTO SOCIAL E EDUCACIONAL

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A ATUAÇÃO DO SESC E DO SENAC

Não há como se contar a história da Confederação sem que Sesc e Senac estejam presentes: a trajetória das três instituições se entrelaçam. Embora com diretorias independentes entre si, CNC, Sesc e Senac têm um presidente em comum. Dessa forma, todos os presidentes da CNC foram igualmente presidentes do Sesc e do Senac nacionais. O Sistema CNC-Sesc-Senac é apenas um ano mais novo que a CNC. Em 2016, as duas instituições completarão 70 anos. O Serviço Social do Comércio (Sesc) conduz sua atuação com foco na melhoria da qualidade de vida da população. Sua clientela preferencial são os trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo e seus familiares, mas a instituição também estende seus serviços à sociedade em geral. Em cada cidade e região onde está instalado, o Sesc promove múltiplas ações, tanto em suas unidades como em projetos itinerantes, que alcançam localidades distantes, com dificuldade de acesso a serviços básicos, levando educação, saúde, cultura e lazer a milhares de brasileiros. O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) promove a inclusão social e o crescimento profissional e pessoal de milhões de brasileiros, por meio de uma vasta programação de cursos e atividades em diversas áreas de atuação e tipos de ensino. Com centenas de ambientes educacionais de ponta e especializados, como as empresas pedagógicas e as unidades móveis, o

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Senac está presente em mais de 3 mil municípios espalhados por todo o País, e é considerado referência brasileira em educação profissional para o setor do comércio de bens, serviços e turismo. A abrangência das atividades do Sesc e do Senac não deve ser medida apenas por números. Mas para se ter uma ideia da ordem de grandeza dessas instituições, o Sesc tem cerca de 5,5 milhões de trabalhadores matriculados, e seus atendimentos (o que inclui até mesmo uma simples refeição) podem chegar a mais de 700 milhões por ano; e pelos 1.200 cursos presenciais e a distância – com duração de 160 horas a dois anos – do Senac passam nada menos que 1,8 milhão de alunos, preferencialmente filhos de comerciários. O Sesc está presente em cerca de 500 municípios brasileiros diretamente, mas seu raio alcança 2.200 localidades por todo o País, enquanto o Senac, a partir de 625 unidades operativas, estende-se por mais de 3 mil municípios. A obra social do Sesc apoia-se em cinco programas nacionais, abrangendo os segmentos de educação, saúde, cultura, lazer e assistência. Na educação, 300 unidades escolares oferecem desde o ensino infantil até prévestibular, além de cursos destinados à complementação de renda, para cerca de 70 mil alunos, muitos dos quais em horário integral. Uma delas, a Escola Sesc de Ensino Médio, também objeto de um capítulo especial neste livro, funciona com o conceito de escola-residência.

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EDUCAÇÃO: CHAVE PARA AS PORTAS DO DESENVOLVIMENTO

A Escola Sesc de Ensino Médio é um dos grandes orgulhos de todo o Sistema CNC-Sesc-Senac. Mas para compreender a razão desse orgulho, é necessário voltar às origens do sistema, ou seja, à Carta de Teresópolis, de 1945, e ao seu desdobramento, que foi a Carta da Paz Social. Os empresários entenderam naquela época que os enormes desafios que o País precisava enfrentar exigiriam a mobilização dos diversos segmentos da sociedade, pois sozinho o Estado brasileiro não teria condições de arcar com todas as responsabilidades inerentes ao desenvolvimento. Assim, no que tange à CNC, saúde e educação se tornaram preocupações permanentes do Sesc e do Senac. Foi a partir da Constituição de 1988 que a educação, especialmente a fundamental, passou a merecer a devida atenção de todos os níveis de governo. E, de fato, nos anos 1990 o País conseguiu alcançar um antigo e almejado sonho: a universalização do ensino primário, com uma oferta de matrículas suficiente para que todas as crianças possam estar na escola. Na década seguinte, a CNC chegou à conclusão de que era o momento de os empresários contribuírem de uma forma pioneira para a melhoria da qualidade de ensino no País. E a partir dessa ideia surgiu o embrião da Escola Sesc de Ensino Médio.

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Se o foco era a melhoria da qualidade de ensino, ela não poderia ser apenas mais uma escola, mas sim proporcionar ensino de alto padrão para alunos de famílias mais humildes, sem acesso a colégios particulares e exclusivos para filhos de famílias mais abastadas. Para modelar a iniciativa, pesquisas foram feitas juntamente com a equipe pedagógica original, relativas a experiências bem-sucedidas de outros países, entre os quais Estados Unidos e Cuba. Logo de início ficou claro que o caminho a ser trilhado deveria ser o de uma escola-residência. A capilaridade do Sesc e do Senac, presentes diretamente em mais de dois mil municípios brasileiros, permitiu que fossem selecionados alunos de todos os estados e do Distrito Federal. Preferencialmente filhos de

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A Escola SESC de Ensino Médio: projeto pedagógico pioneiro no Brasil, recebe alunos de todo o País.

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comerciários, com renda média mensal de 1 a 5 salários mínimos, e que se mostrassem dispostos a abraçar o projeto. Tanto pais como alunos saberiam que a volta para casa ocorreria apenas durante as férias escolares. Nesse modelo de escola-residência, professores e suas famílias vivem junto com os alunos. Foi preciso, então, construir instalações confortáveis e adequadas para conjugar áreas de ensino, moradia, alimentação, lazer, práticas esportivas e culturais. E que também fossem ambientalmente sustentáveis (aproveitamento da água da chuva e da luz natural, reciclagem de materiais, ajardinamento). Em um terreno descampado de 130 mil metros quadrados (decorrente de uma permuta com a Prefeitura do Rio de Janeiro), contíguo às sedes dos Departamentos Nacionais do Sesc e do Senac, na Barra da Tijuca, zona oeste da cidade, surgiu a Escola Sesc de Ensino Médio. Em 2015, a instituição completou sete anos desde a sua aula inaugural. Cerca de 500 alunos e mais de 60 dos 90 professores do quadro permanente (com seus cônjuges e filhos) compartilham esse espaço. Divididos em alojamentos e prédios de apartamentos, rapazes e moças com idade entre 14 e 17 anos formam uma grande família. As turmas têm no máximo 15 alunos cada uma, mas todos compartilham espaços comuns e A escola-residência aplica práticas pedagógica inovadoras, com métodos ativos de contextualização e de interdisciplinaridade.

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acabam se integrando. Alunos, professores, funcionários administrativos e de apoio fazem suas refeições em um mesmo restaurante. Nenhum aniversariante é esquecido. Quase todos os dias, a hora do almoço é também a do “parabéns para você nesta data querida”.

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Os alunos chegam, muitas vezes, com sérias lacunas de aprendizado e passam por um nivelamento na primeira série. Mas saem, sem exceção, com uma formação equiparável a de alunos das melhores escolas brasileiras, o que é atestado pela colocação nos exames do Enem (a Escola Sesc está sempre entre as primeiras) e pelo elevado índice de aprovação nos vestibulares (acima de 90%), com opção por cursos de ensino superior mais disputados (medicina, engenharia e direito). Alguns já foram convidados para intercâmbios no exterior. Em 2014, 23 alunos foram aprovados em primeiro lugar em diversas instituições. E um total de 47 estiveram entre os dez primeiros em tais avaliações. A Escola Sesc apresenta um modelo de escolaresidência cujo propósito é obter o máximo de rendimento dos alunos pela dedicação integral, mas sem isolá-los da realidade que os cerca. Por isso, os estudantes são estimulados a participar, junto com seus monitores, de projetos socioculturais e esportivos direcionados para comunidades carentes próximas à Escola Sesc. E como cada aluno tem o seu próprio computador portátil e acesso à internet, a saudade de casa e dos amigos que ficaram nas cidades de origem é compensada pela comunicação via redes sociais. Mas mesmo com esse contato permanente, eles próprios dizem que, quando voltam para casa, não são mais os mesmos. E não só eles, mas também os pais e familiares, porque se sentem estimulados a retornar aos estudos e a empreender. Ao se consolidar como uma referência nacional, a Escola Sesc de Ensino Médio é uma experiência que merece ser replicada, especialmente pelo ensino público. Talvez por isso o célebre filósofo francês Edgar Morin, em passagens pelo Rio, tenha incluído a Escola em seu roteiro de visitas.

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Em busca de um ensino mais humanizado, a Escola consolida, de forma coletiva, a ética, o respeito e a generosidade.

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Já a educação profissional é a missão do Senac, da formação inicial (para formação de manicures, barbeiros, camareiras, garçons etc.) ao nível superior (bacharéis em hotelaria e gastronomia, por exemplo). Dos alunos matriculados no Senac, quase 70% entram no mercado de trabalho assim que se formam ou durante o próprio curso. Em função de um modelo pedagógico, os cursos que compõem a principal demanda do Senac são ensinados da mesma maneira, o que permite a um aluno que se matriculou no Acre concluir no Rio Grande do Sul, ou vice-versa, a sua formação profissional. Com um corpo docente de mais de 30 mil professores e instrutores, o Senac produz material didático (1.200 livros) disponível no mercado. A atividade prática muitas vezes é essencial, e por isso o Senac mantém 65 empresas pedagógicas, além de mais de 80 unidades móveis (entre as quais uma balsa que percorre rios da Amazônia). São restaurantes, lanchonetes, cafés, hotéisescola, entre outros. No entanto, o Senac é pioneiro também no ensino a distância. Em 1947, começou com a “universidade no ar”: cursos transmitidos via rádio, até hoje presentes na memória de muitos brasileiros. A rede de ensino a distância evoluiu para o modelo on-line, que oferecem, desde 2013, 146 títulos diferentes, da formação inicial ao nível superior. Mais de 60 mil alunos foram atendidos em dois anos. Além disso, um dos destaques é o Programa Senac de Gratuidade. Voltado à oferta de vagas gratuitas em cursos de Formação Inicial e Continuada e de Educação Profissional Técnica de Nível Médio à população de baixa renda, o PSG já atendeu, desde sua criação, mais de 1 milhão de brasileiros.

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Para o Senac, a oferta de Educação Básica e Profissional é um dos caminhos para o desenvolvimento dos brasileiros.

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Desde 2009, o Senac destina 66,67% de sua receita compulsória a vagas gratuitas em seus cursos, conforme acordo assinado com o governo federal e todo o Sistema S. Mas essa meta foi ultrapassada e já corresponde a 70%. Mais que isso: o Senac é o segundo maior ofertante de cursos técnicos para o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), chegando a 500 mil alunos em 2014. Criado pelo governo em 2011, o Programa visa facilitar o acesso A balsa-escola tem dois andares e a mesma infraestrutura das carretas. Atende principalmente à população ribeirinha dos municípios que compõem a Bacia do Rio Amazonas. As carretas contam com equipamentos e infraestrutura necessários para a realização dos cursos de educação profissional com o mesmo padrão de qualidade das unidades fixas.

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de jovens e adultos de baixo poder aquisitivo ao ensino técnico e profissionalizante em todo o País. O Senac participa da iniciativa desde a elaboração de programas de incentivo até a oferta de vagas em seus cursos, com aulas teóricas e práticas em laboratórios especializados. Dessa forma, contribui para a excelência do ensino e para a formação de profissionais qualificados que possam ajudar a economia brasileira a continuar a crescer. O Programa Senac Móvel conta com 81 carretas-escola e uma balsaescola, que levam educação profissional e ações socioeducativas aos brasileiros que vivem longe dos grandes centros urbanos, ratificando o compromisso da instituição com o desenvolvimento social.

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NO CORAÇÃO DO BRASIL, A HISTÓRIA DO SESC PANTANAL

A Rio-92 (Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente), na qual a CNC esteve presente, representada por seu presidente Antonio Oliveira Santos, foi um ponto de inflexão na consciência de governantes e empresários quanto à necessidade de envolvimento direto de todos os segmentos da sociedade na proteção à natureza. Com unidades em áreas ícones para o turismo no Brasil, o Sesc já planejava se instalar na região do Pantanal, e essa intenção acabou evoluindo para a ideia de se criar lá uma estação ecológica. No ano de 1996, foram adquiridas pelo Departamento Nacional do Sesc grandes fazendas de gado, com pastos degradados, situadas na vertente norte do Pantanal, a 145 quilômetros de Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso, tendo Poconé como cidade mais próxima (43 quilômetros). Localizada entre os rios Cuiabá e São Lourenço, a Estância Ecológica Sesc Pantanal é hoje composta por cinco unidades, incluindo a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do País.

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A RPPN tem cerca de 107 mil hectares – para efeito de comparação, a cidade do Rio de Janeiro, com mais de seis milhões de habitantes, abrange uma área de 118 mil hectares. Desde o seu início, a opção foi pela reconstituição da flora e da fauna por um processo natural, sem interferência humana, exceto no combate a incêndios em períodos de seca, ou no trabalho relacionado exclusivamente à pesquisa e ao monitoramento da Reserva. Em menos de 20 anos, os resultados são surpreendentes e animadores. É visível a recuperação da fauna e da flora nativas. A Estância Ecológica deu uma contribuição importante para que a arara-azul, por exemplo, saísse da lista de aves silvestres com risco de extinção. A população de grandes mamíferos também cresceu (antes da RPPN, o número de onças-pintadas e pardas era estimado em somente 13, e já teria aumentado para 40, de acordo com o monitoramento lá realizado). Vizinho à RPPN está o Parque Baía das Pedras, que é também uma área de preservação, porém com interferência humana, com replantio de mudas de árvores nativas, abertura de trilhas ecológicas, instalação de composteira que recicla o lixo orgânico gerado na Estância, etc. Pelo parque circulam cavalos pantaneiros e há locais para recreação convivendo com um insetário, um borboletário e um espaço de recuperação de pássaros chamado Asas (Área de Soltura de Aves Selvagens). A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Sesc, em Mato Grosso, conjuga conservação da natureza e desenvolvimento da região. Presença do Sesc no Pantanal Mato-Grossense reúne alguns dos valores e interesses do Sistema CNC-Sesc-Senac: preservação da natureza, educação ambiental e ecoturismo.

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O Centro de Atividades Poconé (CAP) do Sesc: diferencial é a transversalidade na abordagem da temática ambiental.

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Igualmente vizinha, mas fora da RPPN, a Estância Ecológica conta com um hotel (Porto Cercado) com 148 quartos e instalações para lazer e recreação, tendo como perspectiva sempre um turismo de caráter social. Além de comerciários matriculados no Sesc, e suas respectivas famílias, o hotel recebe público variado, com muitos visitantes da própria região. Poconé está a meia hora de automóvel, e Cuiabá, a menos de duas horas. A Estância Ecológica é ligada a ambas por estradas pavimentadas. Como toda cidade onde a presença do garimpo foi marcante, Poconé acumulou muitos problemas sociais, e faz todo sentido o Sesc Pantanal contribuir para mitigar esse quadro em local tão próximo, até porque lá vivem funcionários que trabalham na Estância Ecológica. Assim, Poconé recebeu uma unidade específica da Estância. Trata-se do centro de atividades voltado à cidadania, que agrega instalações para a educação infantil e fundamental, um teatro, uma biblioteca, uma academia de ginástica e um gabinete odontológico. Junto com a educação ambiental, esse centro de atividades estimula projetos de sustento para as comunidades da região que ao mesmo tempo evitem agressões à natureza. A quinta unidade da Estância Ecológica é a base administrativa em Cuiabá, que serve de apoio para as demais unidades e as representa ante as autoridades, as instituições públicas e a sociedade civil. A área urbana de Cuiabá e suas vizinhanças contam com mais de um milhão de habitantes. É a base administrativa que tem a tarefa de promover a divulgação e prestar esclarecimentos sobre tudo o que diz respeito à Estância Ecológica Sesc Pantanal.

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O AMBIENTE É O MEIO

A palavra “ecologia” deriva do grego oikos, com o sentido de “casa”, “ambiente”, e logos, que significa “estudo”, “ciência”. Ou seja, a ecologia é o estudo do “lugar onde se vive”, considerando as interrelações dos organismos e seu meio ambiente, sem desconsiderar a humanidade como parte da natureza. A palavra “economia” também deriva da raiz grega oikos. Já que nomia significa “manejo, gerenciamento”, a economia traduz-se como “o manejo da casa”. Percebe-se claramente que ecologia e economia estão extremamente relacionadas, embora possam parecer distantes para alguns. (Cf. Eugene Odum.) Esta é a razão pela qual a CNC prefere a expressão “desenvolvimento sustentável”, mais apropriada à melhor consciência ligada ao desenvolvimento humano, do meio ambiente e dos negócios. Uma das prioridades da CNC é atuar na questão ambiental com foco nas boas práticas. A entidade apresentou na Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável) as contribuições do comércio de bens, serviços e turismo nesta área.

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Muito além da Rio+20, o trabalho é contínuo, pois a sustentabilidade jamais poderá deixar a pauta de um planeta que caminha para abrigar 9 bilhões de habitantes até 2050. Um das ideias nesse sentido foi instituir o Programa Ecos. Mais do que a economia e a redução do impacto em nosso ambiente de trabalho, a iniciativa contribui para a mudança de mentalidade dos servidores da instituição. O Ecos expandiu-se com a criação de Grupos Gestores para levar aos demais sistemas da instituição as práticas da sustentabilidade por meio de incentivo, acompanhamento e melhoramento; otimização do uso dos recursos disponíveis; diálogo com nossos públicos de interesse; compra de produtos e serviços ecologicamente corretos como prioridade; sensibilização de nossos colaboradores internos e externos; uso de técnicas ecoeficientes para construção, reforma ou ampliação da nossa infraestrutura; uso de fontes de energias renováveis e menos poluentes; segregação, destinação e tratamento corretos dos resíduos sólidos e líquidos; e fortalecimento da integração entre a CNC, o Sesc e o Senac. Essas práticas influenciam toda a instituição, sua política, suas iniciativas, seus empreendimentos. O Ecos se faz ouvir também por meio de 80 diferentes programas de rádio produzidos para 1.300 rádios comunitárias de todo o País, disseminando práticas de sustentabilidade. O Sistema CNC-Sesc-Senac tem suas ações alinhadas aos princípios de uma economia que contemple, com equilíbrio, objetivos comerciais, sociais e ambientais. O Sistema apoia as empresas na adaptação aos novos modelos de negócios que buscam reduzir os impactos socioambientais e melhorar a qualidade ambiental em seus ramos de atuação. O Grupo Técnico de Trabalho – Meio Ambiente (GTT-MA), da CNC, tem elaborado uma série de acordos setoriais visando à negociação com os setores produtivos para implementar a logística reversa. Os Acordos Setoriais envolvem cinco segmentos: eletroeletrônicos, lâmpadas fluorescentes, embalagens em geral, medicamentos e embalagens de óleo lubrificante. Este último já está em operação.

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As ações da CNC buscam garantir o retorno do que é descartável ao fim de seu ciclo produtivo, por meio da reciclagem e da responsabilidade compartilhada por empresas, governos e sociedade.

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EXPANDINDO LIMITES NO TURISMO

A atividade turística é fundamental ao desenvolvimento sustentável da economia brasileira. Dessa forma, a CNC, o Sesc e o Senac têm buscado contribuir para o fortalecimento de parcerias e iniciativas relevantes das governanças públicas, especialmente com o Ministério do Turismo, por meio do Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do Brasil, cujo objetivo é promover a identificação e a melhoria das condições de competitividade internacional das diversas regiões brasileiras. São mais de 500 programações de educação profissional no setor, que fomentam a atividade, formando novos profissionais dentro de uma abordagem pedagógica que visa desenvolver o espírito ético e responsável no trato com o meio ambiente e com a diversidade cultural. Em paralelo às ações de âmbito nacional, o Senac e a CNC estão entre os 15 membros brasileiros afiliados à Organização Mundial do Turismo, que vêm buscando estratégias para que o setor estabeleça padrões cada vez mais sustentáveis, destacando que o cenário de degradação ambiental ameaça diretamente atrativos turísticos, podendo causar desequilíbrio econômico, especialmente nos países mais pobres. Para promover o diálogo setorial, o estudo e o fomento do setor, a CNC criou espaços extremamente importantes. Em 1955, fundou o Conselho de Turismo, formado por personalidades de reconhecida

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competência e notório saber em turismo e hospitalidade. O Conselho de Turismo da CNC sagrou-se órgão estratégico do setor ao promover o relacionamento da Confederação com gestores públicos, empresários, acadêmicos e pesquisadores, contribuindo para a produção intelectual e o desenvolvimento científico da

Fomentar o debate sobre temas de interesse do turismo sempre esteve no escopo de atuação da CNC.

atividade por meio de eventos e pela publicação de coletâneas de artigos e livros e da revista Turismo em Pauta. A CNC também criou a Câmara Empresarial de Turismo (CET), com representantes das seguintes entidades: Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav), Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc), Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), Associação Brasileira das Empresas de Transporte Aéreo Regional (Abetar), Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla), Associação Brasileira de Centros de Convenções e Feiras (Abraccef), Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Associação Brasileira de Turismo Social (Abrastur), Associação Brasileira das Empresas Marítimas (Abremar), Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais (ABOTTC), Associação Nacional dos Transportadores de Turismo e Fretamento (Anttur), Associação Brasileira de Turismo Receptivo Internacional (Bito), Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), CVC Viagens e Turismo, Confederação Brasileira de Convention & Visitors Bureaux (CBC&VB), Federação Nacional de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (FNHRBS), Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB), Resorts Brasil, Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Sistema Integrado de Parques e Atrações Turísticas (Sindepat), Sindicato Nacional da Empresas Aeroviárias (Snea) e União Brasileira dos Promotores de Feiras (Ubrafe) – um centro de inteligência voltado à proposição de ações e estratégias para o fomento da atividade e das demandas turísticas.

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A hotelaria necessita de incentivos e políticas públicas para manter-se competitiva.

Recentemente esses órgãos técnicos e de assessoramento da CNC foram reunidos no Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade, que manteve as duas linhas de ação da Confederação em favor do fomento do setor: o trabalho de apoio ao desenvolvimento técnicocientífico e o diálogo empresarial como fonte de aprimoramento das políticas e projetos setoriais. O turismo social é uma atividade democrática fundamental para o lazer e a formação cultural dos participantes. Nesse particular, o Sesc sempre valorizou a qualidade de vida do trabalhador ao estimular contatos com novas paisagens, realidades e identidades brasileiras. Somente de 2003 a 2013, o Senac contabilizou mais de 1,5 milhão de matrículas em diversos cursos para o segmento de turismo, hospitalidade e lazer. Desde 1947, o Senac mantém ambientes pedagógicos especialmente preparados para a educação profissional em turismo. Ao longo desses anos, a entidade investiu em modernas tecnologias e infraestrutura adequada às demandas e especificidades do mercado turístico nacional. Além da preocupação com a formação de docentes e técnicos especialistas em educação profissional, o Senac montou no País uma das maiores e mais bem-sucedidas estruturas de educação profissional do mundo. Destacam-se nessa rede de ensino de ponta as empresas pedagógicas, uma inovação criada na década de 1950. Nesses ambientes, os alunos aprendem a teoria na prática e saem profissionais mais preparados para o real mundo do trabalho. São dezenas de unidades, entre hotéis, restaurantes e lanchonetesescola, que simulam ambientes reais de trabalho, possibilitando aos alunos um aprendizado mais rico. Hoje, são mais de 80 empresas pedagógicas espalhadas pelo Brasil, das quais 45 dedicadas ao Turismo e à Hospitalidade. Trata-se de uma moderna rede de ensino que consolida a marca Senac como referência em educação profissional para o turismo.

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Como reconhecimento a esse trabalho, merece destaque o Programa Senac Gastronomia, por meio do qual, desde 2009, o Departamento Nacional administrou nove ambientes pedagógicos – restaurantes, lanchonetes e cafés-escola – em espaços gastronômicos da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do

Setores de grande empregabilidade como a gastronomia são focos de trabalho e estudos constantes do Sistema CNC-Sesc-Senac.

Ministério da Justiça, em Brasília. Além disso, operacionaliza o Centro de Aperfeiçoamento em Gastronomia, inaugurado em maio de 2011. O Centro tem como objetivo disseminar novas tecnologias educacionais e capacitar profissionais para esses ambientes. São ambientes pedagógicos que contribuem com o empresariado local ao formar profissionais competentes, éticos e socialmente responsáveis para o mercado. A receita gerada pelas empresas pedagógicas é reinvestida na educação profissional para mais pessoas e por preços abaixo do custo real. Com um olhar atento às exigências atuais do mercado de trabalho e às reais necessidades dos trabalhadores do setor, a Instituição oferece um portfólio permanentemente atualizado, com mais de 140 diferentes cursos voltados ao Eixo Tecnológico de Turismo, Hospitalidade e Lazer, nas três modalidades de ensino da educação profissional: Formação Inicial e Continuada, Educação Profissional Técnica de Nível Médio e Educação Superior, inclusive com pós-graduação. O Sesc tem 43 unidades de hospedagem voltadas para o turismo social – hotéis, pousadas e colônias de férias que recebem cerca de 3 milhões de turistas por ano. O Turismo Social do Sesc favorece novas oportunidades de lazer com baixo custo, especialmente em transporte e hospedagens; integração interpessoal; enriquecimento cultural, educacional e histórico; e desenvolvimento integral da saúde. As excursões do Sesc vão além dos famosos pontos turísticos, promovendo diferentes visões do Brasil, e privilegiando a cultura e a história de cada região.

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CNC: DO TAMANHO DOS DESAFIOS DO BRASIL E DO FUTURO

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A Constituição de 1988 foi um divisor de águas na vida sindical, encerrando longo período de tutela

Sistema Confederativo de Representação Sindical

governamental herdado da chamada Era Vargas

do Comércio. Já em 1991 realizava-se a primeira

(com regras definidas no início da década de 1940

assembleia nacional (a partir de 2004 os encontros

pela Consolidação das Leis do Trabalho), que, na

nacionais e regionais passaram a ser denominados

prática, acabava distanciando os sindicatos de suas

congressos) com as federações existentes. Alguns

federações e ainda mais de suas confederações.

estados chegavam a ter de três a cinco federações

A nova Constituição permitiu que as entidades

representando diferentes segmentos da atividade

sindicais formulassem, por exemplo, seus próprios

comercial. Nessa primeira assembleia, no Rio de

estatutos. Ao mesmo tempo em que deu mais

Janeiro (o local do congresso foi o auditório do

autonomia, a Constituição manteve o princípio da

prédio histórico do Ministério da Fazenda, na Avenida

unicidade sindical, e assim a CNC entendeu que era o

Presidente Antônio Carlos, centro da cidade), foram

momento de reestruturar o sistema de representação

definidos critérios e prazos para a compactação das

para possibilitar essa aproximação, que não fora

entidades sindicais. Pouco a pouco as federações

possível anteriormente. Os sindicatos se reportavam

se fundiram, e a cada assembleia os avanços e as

mais ao Ministério do Trabalho que às entidades

dificuldades eram avaliados.

federativas e confederativas. Após a Constituição de 1988, esse quadro começou a mudar.

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Assim, em 1990, foi concebido o Sicomércio –

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Na quinta assembleia, em 1999, a compactação estava concluída, resultando em 27 federações

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do comércio (de 26 estados e mais a do Distrito Federal) e sete de caráter nacional, representativas

patronais distribuídos por todas as regiões do País.

de segmentos específicos do comércio de bens,

Por determinação da legislação, cada um desses

serviços e turismo.

sindicatos tem a responsabilidade de negociar acordos

O Sicomércio contribuiu significativamente

coletivos de trabalho na área do comércio. Nem

para a modernização dos sindicatos e das

todos contavam com assessorias jurídicas próprias

federações. A aproximação entre as entidades

ou capazes de sentar-se à mesa de negociações

permitiu a introdução de procedimentos mais

em igualdade de condições com os sindicatos de

avançados de gestão e colaboração, atualmente

empregados, cuja maioria tem o respaldo e o apoio de

sistematizadas no que se chama Sistema de

centrais sindicais de cunho nacional.

Excelência em Gestão Sindical (Segs). O Segs,

Na esteira do Sicomércio, a CNC criou o Sistema

estendido a todo o Sistema em 2008, foi inspirado

de Negociação Coletiva do Comércio, reunindo em

nos critérios e fundamentos do Prêmio Nacional

um banco de dados informações que auxiliam os

da Qualidade e utiliza ferramentas que possibilitam

sindicatos nessas conversações. Pelo computador,

às entidades sindicais se autoavaliar, aprimorando

o negociador tem acesso a informações sobre

seus processos de gestão.

50 diferentes itens que servem de referência

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O Sicomércio liga-se a cerca de mil sindicatos

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nacionalmente ou em seu próprio estado e região

impasses. Por isso, os negociadores agora são

acerca dos principais temas em discussão. Com

raramente surpreendidos por situações em que

base nesses parâmetros, as negociações tendem

não possam buscar saídas e soluções.

a ocorrer em bases mais realistas e compatíveis com a conjuntura econômica e social em que as

aspectos porque possibilitou à Confederação

empresas estão inseridas.

conhecer melhor seus representados. Uma parcela

A negociação não deixa de ser uma arte. Envolve

considerável das empresas que atuam no comércio

um aprendizado, em especial para os estreantes

de bens, serviços e turismo é de contribuintes

na vida sindical. Se o negociador não estiver

do Simples, por serem de pequeno porte, e

preparado o acordo provavelmente não refletirá um

que, portanto, estão isentas de recolhimento da

entendimento que favoreça as partes envolvidas.

contribuição sindical. Mas foi possível conhecê-las

Em suma, não será um bom acordo nas condições

com a criação de um banco de dados que reúne as

possíveis do momento.

informações dos contribuintes e também dos isentos.

Dessa forma, o Sistema de Negociação Coletiva

Para que participem da vida sindical, a CNC

do Comércio prevê simulações que preparam os

desenvolveu o Programa de Desenvolvimento

sindicatos para enfrentar dificuldades e mesmo

Associativo (PDA) no seu Portfólio de Produtos e

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O Sicomércio favoreceu uma série de outros

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Serviços, disponível na internet. A adesão ao PDA

(Apel). Em Brasília, a CNC acompanha o

foi surpreendente. E ao congregar mais associados,

andamento de projetos no Congresso Nacional

os sindicatos reforçaram sua representatividade.

que possam impactar a rotina das empresas.

Em razão desses canais de comunicação que surgiram ou foram incrementados após

sugestões, propostas e reivindicações dos

o Sicomércio, as representações da CNC

representados à Câmara e ao Senado. A Apel

em instituições públicas (são pelo menos

encarrega-se de chamar a atenção para impactos

250, incluindo, por muitos anos, um assento

positivos e negativos de mudanças na legislação.

no Conselho Monetário Nacional, na época

Por meio dessa assessoria legislativa da

representando o setor privado) ganharam mais

CNC, a base do Sistema acaba tendo acesso ao

objetividade em suas tarefas de defesa dos

Congresso na busca de soluções até mesmo para

legítimos interesses do setor.

questões específicas. É uma experiência que a

Esses canais de comunicação incluem nove

Confederação, via Sicomércio, espera ampliar para

diferentes câmaras do comércio, que trabalham

os legislativos estaduais. Periodicamente, por

em sintonia com departamentos e assessorias

meio de um boletim, a CNC mantém federações e

da CNC, entre os quais a Assessoria Legislativa

sindicatos informados sobre questões tributárias

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Por meio dessa assessoria, também encaminha

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e legislativas de interesse de todos ou de

todas as federações participantes. Desse modo,

segmentos do comércio.

diretorias eleitas nas federações serão também

A criação do Sicomércio também se refletiu favoravelmente nos Departamentos Regionais do Sesc e do Senac, à medida que as instituições e

as eleitoras para a Diretoria da CNC, evitando-se, assim, conflitos de representação. O Sicomércio permitiu que a CNC multiplicasse

as federações passaram a ter um presidente em

a oferta de produtos e serviços oferecidos a seus

comum, possibilitando maior entrosamento e

associados (por meio do Portfólio já citado). A

dinamismo entre elas.

certificação digital cada vez mais exigida das

A partir de 2010 os mandatos das Diretorias

empresas por órgãos públicos e a certificação

dos sindicatos, das federações e da CNC foram

de origem de produtos são alguns exemplos dos

sincronizados, para aprimorar a representação nas

serviços oferecidos pela CNC.

entidades. Na grande maioria dos casos agora as datas das eleições para as Diretorias dos sindicatos antecedem em alguns meses às do escrutínio para as federações. A eleição para a Diretoria da Confederação é sempre posterior à eleição de

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EXCELÊNCIA COMO META

Para contribuir com a maturidade de federações

Nacional de Qualidade (PNQ), reconhecimento

e sindicatos em aspectos como associativismo,

máximo à excelência da gestão das organizações

promover o alinhamento de práticas de gestão

no Brasil. A instituição que atende a esses critérios

sindical e aumentar a gama de serviços oferecidos

passa a ter um diferencial: entra para o seleto grupo

aos empresários do comércio, foi criado em 2008

de empresas e entidades de nível classe mundial.

o Sistema de Excelência em Gestão Sindical (Segs).

Vinculado ao Segs, e para fortalecer ainda mais

Desde então já aderiram ao programa mais de 800

as entidades do Sistema CNC com os empresários

das instituições do Sicomércio.

do comércio de bens, serviços e turismo, foi

O Segs fomenta a troca de experiências e trabalhos colaborativos, parcerias e convênios,

Associativo (PDA), dirigido às federações e

disponibiliza modelos e ferramentas gerenciais e

sindicatos filiados ao Sicomércio, particularmente

oferece ainda consultorias e capacitação de líderes

aos dirigentes das entidades.

e executivos sindicais. Até hoje, foram cerca de 900

O Programa segue uma orientação bem

turmas e mais de 13 mil participações em palestras

definida: modernização sindical e fortalecimento

e treinamentos realizados em todo o Brasil.

empresarial. De um lado, prepara os sindicatos

Os critérios de avaliação do programa são os

e suas lideranças para a atuação contínua e

mesmos adotados pela Fundação Nacional de

eficiente na representação dos interesses do setor,

Qualidade, que promove anualmente o Prêmio

com enfoque em capacitação, planejamento,

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desenvolvido o Programa de Desenvolvimento

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EXCELÊNCIA COMO META

gestão e marketing associativo. De outro, visa ao fortalecimento empresarial, com a defesa dos seus

Por meio da informação sistemática e

interesses e a oferta de produtos e serviços que

acessível, o SNCC fortalece as federações e

contribuam para a competitividade das empresas.

os sindicatos, já que disponibiliza cadastros

A gestão da excelência é uma realidade que,

complementares individualizados por sindicato

cada vez mais, deve fazer parte cotidiana de

com informações das empresas representadas,

líderes e entidades sindicais. A aplicação de

considerando a abrangência geográfica e

boas práticas gerenciais é a chave para abrir as

categorias econômicas de representação.

portas do desenvolvimento, sobre tudo em um

A CNC conta, ainda, com um verdadeiro

cenário influenciado por fatores econômicos,

centro mediador de conflitos de natureza

sociais e tecnológicos.

sindical para empresas e entidades sindicais

A necessidade de modernização também nas

patronais do comércio. Assim pode ser definida,

relações do trabalho ensejou a criação do Sistema

resumidamente, a Comissão de Enquadramento

de Negociação Coletiva do Comércio (SNCC),

e Registro Sindical do Comércio (CERSC), órgão

software desenvolvido para gerenciar o banco

técnico da CNC criado por deliberação do

de dados dos acordos e convenções coletivas de

Sicomércio, em março de 1992.

trabalho no âmbito do comércio de bens, serviços e turismo. Mais de 8 mil cláusulas de negociações

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coletivas fazem parte desse banco.

Para se ter uma ideia da importância da Comissão, ela tem uma função que antes era

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exercida pela Comissão de Enquadramento Sindical

dirigentes sindicais, atuando com vistas à unicidade

do Ministério do Trabalho, extinta com o advento

e à integração sindical. A Comissão conta com a

da Constituição Federal de 1988, que vedou a

assessoria técnica da Divisão Sindical da CNC.

interferência do Estado na organização sindical. À CERSC cabe solucionar consultas de

Englobando todas essas iniciativas em busca da excelência, está a missão da CNC: fortalecer

enquadramento sindical, relativas ao plano sindical

as entidades sindicais enquanto representantes

patronal do comércio, bem como conflitos de

legítimas dos empresários do comércio de bens,

representação entre entidades que integram o

serviços e turismo e assegurar às empresas do

plano. Como órgão auxiliar do Sistema, a CERSC

setor terciário as melhores condições para gerar

responde a consultas de empresas e entidades

resultados positivos e desenvolver a sociedade.

sindicais do comércio, realizando, no primeiro caso, enquadramento individual e, no segundo, enquadramento coletivo. Opina também a Comissão, quando consultada, acerca de conflitos de representação revelados por entidades integrantes do Sicomércio. Com reuniões mensais, a CERSC é integrada por sete membros efetivos e sete suplentes, todos

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DA VENDINHA AO E-COMMERCE

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A TROCA: DA VENDINHA AO E-COMMERCE

Quando o alarme do seu celular tocou pela manhã, você despertou graças ao comércio. E ao abrir o jornal, no papel ou no tablet, ele também estava lá. E não apenas nas páginas de economia. No caderno de cultura, você escolheu o filme, o show, a peça de teatro. Sabe por quê? Porque o comércio fez o sistema funcionar para você ter o seu lazer. O próprio jornal que chegou até você seguiu um trajeto criado pelo comércio. E para o próximo fim de semana ou para as aguardadas férias? Já consultou os sites de viagem? No seu roteiro certamente terá uma pousada na praia, o aluguel de um carro e mais um pouquinho desse mundo imenso chamado comércio. Porque ele está sempre ali: da hora que você decide a viagem até a volta com a mala cheia de recordações, sejam as da memória ou os souvenirs. Olhar o comércio como uma relação por trás do balcão é natural, mas não é apenas ali que essa história começa e acaba. Na verdade, o comércio no Brasil foi descoberto quase ao mesmo tempo que o País. E da colônia à independência, ele tomou formas distintas, particulares, coloridas, inventivas. Do rico acervo dos ambientes comerciais construídos por todo o território nacional, visíveis ou não, o comércio de bens e serviços é parte indivisível de nossas vidas.

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O comércio é assim: ou você vai ao encontro dele ou ele vai até você, com bens, serviços e sonhos realizados. O comércio tangível é apenas uma ponta desse imenso sistema que faz a vida acontecer pelos mais de 8 milhões de quilômetros quadrados do território brasileiro e para além das fronteiras do País. O ensaio fotográfico nas páginas seguintes é uma pequena amostra e (por que não?) uma homenagem a todos os que fazem esse sistema andar continuamente, revelando um painel de como o comércio aprendeu a conviver com suas diferenças e construir uma personalidade própria, independentemente do tamanho ou ramo. Um pedaço da cultura do País que nasceu atrás do balcão e das portas de ferro abertas em pequenas ruas do interior, chegando aos grandes centros comerciais nas avenidas das principais metrópoles brasileiras. Ou mais longe, saindo em navios, aviões e e-mails. Uma síntese dessa grande história que teve uma de suas partes escrita nos últimos 70 anos, com o surgimento da CNC. E que também se propõe a ser um olhar fotográfico sobre o tempo que, de alguma forma, também é um olhar sobre um pedaço da vida de cada um de nós. Uma troca que se estabelece todos os dias e que nem sempre é percebida, mas o comércio está sempre lá. E a CNC com ele, ajudando-o a acontecer para todos os brasileiros.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Publicações da CNC que serviram de fonte para este livro: ALMEIDA, Mario de. Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo: 60 anos (1945-2005). Rio de Janeiro: CNC, 2005. 110 p. CNC NOTÍCIAS. Rio de Janeiro: Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, 2000-. Mensal. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO. A CNC e os desafios do Brasil. Rio de Janeiro: CNC, 2010. 80 p. ______. CNC-Sesc-Senac: Um sistema em sintonia com o Brasil (1980-2010). Rio de Janeiro: CNC, 2010. 108 p. ______. CNC Sicomercio: História e evolução. 2. ed. Rio de Janeiro: CNC, 2002. 51 p. ______. Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Rio de Janeiro, 2011. Disponível em: <http://www.cnc.org.br/>. Acesso em: 16 out. 2015. ______. O comércio no Brasil: Iluminando a memória. Rio de Janeiro: CNC, 1995. 202 p. ______. Os desafios da representação em prol do comércio brasileiro: Sistema CNC-SescSenac. Rio de Janeiro: CNC, 2015. 60 p. ______. Manual de marca e identidade visual: Conceito, estratégia e aplicações. Rio de Janeiro: CNC, 2012. 131 p. ______. Plano estratégico 2007-2020: Sistema CNC. Rio de Janeiro: CNC, 2007. 27 p. ______. Segs: Sistema de Excelência em Gestão Sindical: Relatório 2008-2015. Rio de Janeiro: CNC, 2013. 168 p. ESGALHA, Sílvio Vince; ABI-ABIB, Maron Emile. et al. Estância Ecológica Sesc Pantanal: Edição fotográfica. Tradução de: Izabel Regina C. Marques de Oliveira. Cuiabá: Sesc-DN, 2006. 120 p.

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CRÉDITO DAS IMAGENS

Acervo CNC, 8, 11, 12, 16-9, 21-9, 34, 36, 38, 43, 49, 56-7, 64, 67, 70, 72, 105, 124, 132, 134-7 –––––– Acervo Senac, 138-40, 159 –––––– Agência O Globo Alexandro Auler, 121 Antonio Lara, 93 Antonio Moura, 90-1 Antonio Nery, 85

Maria Foletto, 106 Michel Filho, 181 Monica Lerne, 86 Monique Cabral, 103 Pedro Kirilos, 123 Rafael Moraes, 204-5 Ronald Fonseca, 50 Sebastião Marinho, 78 Alexandre Sant’Anna, 198 –––––– Anna Fischer, 152, 155, 156, 178, 179, 182-3, 184, 185, 187, 189,

Antonio Scorza, 111, 195 Ari Lago, 98-9 Arquivo, 33, 41, 46, 52, 58, 60, 62-3, 65, 66, 68-9 Berg Silva, 42 Custodio Coimbra, 96 Fábio Guimarães, 202 Fabio Rossi, 118 Fabio Seixo, 176-7 Fernando Donasci, 168 Fernando Quevedo, 116 Gabriel de Paiva, 196-7 Guilherme Leporace, 190, 191, 201 Ivo Gonzalez, 100 (topo) Jamil Bittar, 162

194, 199, 200, 203 –––––– Carolina Braga (Ascom/PV), 142, 144-7 –––––– Corbis Bettmann, 76-7 Roy Morsch, 94 Tim Pannell, 126 –––––– Creative Commons, 74-5 –––––– João Vianna, 148-51 –––––– Leonardo Finotti, 186, 188

Jorge Peter, 81 José Vidal, 84 Lucas Lacaz Ruiz, 44, 192-3 Luciana Brum, 180 Marcelo Carnaval, 112 Marcos Issa, 100 (base)

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Foram feitos todos os esforços para reconhecer os direitos das imagens neste livro. Caso haja algum erro ou omissão nos créditos apresentados, a CNC se compromete a corrigilos numa futura reimpressão.

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Este livro foi impresso em Azo Sans pela Stilgraf para a CNC em outubro de 2015.

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