TRANS(A)PARENCIAS by Sílvia Matias

trans(a)parências Catálogo da Exposição

Faculdade de Belas-Artes | U. Lisboa Design de Comunicação DC III . 2º Ano / 2º Semestre

EXPOSIÇÃO DE

ANDRÉ SOUSA ANDREIA CONSTANTINO BERNARDO CALDEIRA SÍLVIA MATIAS

Trans(a)parências Em busca das Esfinges Aladas Catálogo de Exposição de Sílvia Matias

«em busca das aladas»

FALTAM AOS PLANOS DAS CIDADES

FALTAM ATLAS COM ALGUM DETALHE

ESFINGES NOCTURNAS PARA AS EMISSÕES

ALADAS FALTA UMA PEQUENOS BELEZA ACRESCENTOS A OLHAR PARA NÓS NOS AGUDOS DA NOSSA INCERTEZA

PALMAS FORA DO TEMPO, MATAGAIS

A VERMELHO

FALTE TALVEZ A NÓS PRÓPRIOS

ESSA GRANDE MEDIDA INSONDÁVEIS CORDAS NA

INDESCERNÍVEL, ENTREABERTA AINDA

OS TEUS OLHOS SÃO O QUE RESTA

DOS LIVROS SAGRADOS

E DA GRANDE

TRAVESSIA PINTURA

DOCUMENTAR PERDIDA UMA JUVENTUDE QUE O MUNDO POSSA

José Tolentino Mendonça

Que melhor território para este confronto que o nosso espaço de circulação quotidiano, isto é,a zona do Chiado? Estamos num local por variadas razões emblemático, próximo do Bairro Alto, comorio a espreitar por vezes ao fundo das ruas, um universo do cosmopolitismo do consumo, uma dinâmica agitada em diversas pronúncias e línguas, livrarias, lojas de altas modas, cafés, teatros, igrejas... Este segmento da cidade, merece uma atenção especial, não só pela sua importância global na malha urbana, social, cultural e histórica, mas também por aqui coexistirem, com singular densidade e relevância, os templos da religiosidade e do consumo: tendencialmente espírito e matéria.

Em busca das esfinges aladas é o tema lançado para este projecto,

No foco do enredo, planos são ignorados, sendo completamente

que se concretiza no âmbito da disciplina de Design de Comunicação,

abandonados. A religião é encarada como uma arte decorativa na

do respectivo curso. Espírito versos matéria, são os pontos fulcrais

cidade, e não como uma reflexão espiritual do ser humano. O som

para o desenvolvimento de todo o trabalho.

das ruas acompanha a música projectada pelo órgão, numa intensa

O Chiado é a limitação física de um espaço onde a espiritualidade é ab-

devoção ao comercio e à fantasia.

sorvida pela sociedade do consumo. O ritmo, a vibração e o movimento

É este o contraposto que se presente representar através deste pro-

fazem parte de um cenário que complementa e caracteriza este local.

jecto, onde a matéria em modo conclusivo prevalece sobre o espírito.

Com recurso ao uso do desenho como registo gráfico, à fotografia

Espírito

e ao vídeo avitramo-nos através do nosso trabalho como alunos de

Coisa incognoscível que anima o ser vivo. Ser de um mundo invisível.

design à representação de uma sociedade corrompida pelos valores

Ente imaginário. Entidade sobrenatural.

do consumo.

Matéria:

Com este projecto pretendemos não só retratar como também aludir

Tudo o que é tangível. Assunto, objecto. O que acorrenta o espírito e

uma maior reflexão critica por parte do espectador, sendo uma vera

lhe tolhe as aspirações.

crítica à sociedade actual. Defenições retiradas do dicionário Priberam

4 4

“Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro, Porque o presente é todo o passado e todo o futuro E há Platão e Virgílio dentro das máquinas e das luzes eléctricas Só porque houve outrora e foram humanos Virgílio e Platão, E pedaços do Alexandre Magno do século talvez cinquenta, Átomos que hão-de ir ter febre para o cérebro do Ésquilo do século cem, Andam por estas correias de transmissão e por estes êmbolos e por estes volantes, Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando, Fazendo-me um acesso de carícias ao corpo numa só carícia à alma.

Hé-lá as ruas, hé-lá as praças, hé-lá-hô la foule! Tudo o que passa, tudo o que pára às montras! Comerciantes; vários; escrocs exageradamente bem-vestidos; Membros evidentes de clubes aristocráticos; Esquálidas figuras dúbias; chefes de família vagamente felizes E paternais até na corrente de oiro que atravessa o colete De algibeira a algibeira! Tudo o que passa, tudo o que passa e nunca passa! Presença demasiadamente acentuada das cocotes Banalidade interessante (e quem sabe o quê por dentro?) Das burguesinhas, mãe e filha geralmente, Que andam na rua com um fim qualquer; A graça feminil e falsa dos pederastas que passam, lentos; E toda a gente simplesmente elegante que passeia e se mostra E afinal tem alma lá dentro!” Álvaro de Campos, Ode Triunfal

“A liberdade de pensamento é substituida por um resumo acritico da mercadoria “O animismo deu alma a coisa, o industrialismo transforma a alma do homem em coisa”. Theodor Adorno

Oração pelas férias Dá-nos, Senhor, depois de todas as fadigas um tempo verdadeiro de paz. Dá-nos, depois de tantas palavras o dom do silêncio que purifica e recria. Dá-nos, depois das insatisfações que travam a alegria como um barco nítido. Dá-nos, a possibilidade de viver sem pressa, deslumbrados com a surpresa que os dias trazem pela mão. Dá-nos a capacidade de viver de olhos abertos, de viver intensamente. Dá-nos de novo a graça do canto, do assobio que imita a felicidade aérea dos pássaros, das imagens reencontradas, do riso partilhado. Dá-nos a força de impedir que a dura necessidade esmague em nós o desejo e a espuma branca dos sonhos se dissipe. Faz-nos peregrinos que no visível escutam a melodia secreta do invisível. José Tolentino Mendonça 26

As mudanças tecnológicas que têm tido lugar ultrapassam a capacidade de adaptação das pessoas e das sociedades a elas. Alguns autores entendem que a tecnologiforça dominante na sociedade, colocando obstáculos à liberdade humana. De acordo com os deterministas tecnológicos (como Marshall McLuhan, Harold Innis, Neil Postman ou Alvin Tofflen), as tecnologias são consideradas como a causa principal das mudanças na sociedade “e são vistas como a condição fundamental de sustentação do padrão da organização social.”

FALTAM AOS

ESF

S PLANOS DAS CIDADES

FINGES

Esperemos que o consumo massificado de objecto e imagens, para além das virtualidades de uma felicidade momentânea, não nos consuma completamente a nós, na nossa alma e no nosso corpo. Prof. Aurelindo Jaime Ceia

A rapidez é o símbolo do progresso, era sustida pelo instante da luz da transmissão imediata. A velocidade atinge o seu paroxismos no ciberespaço, quando a comunicação passar a ser registada pela velocidade da luz. Enquanto intervalo de tempo da história (sinal positivo) e o intervalo de espaços e geografia (sinal negativo) sustenta um trajecto de viagem. Fernando Paulo Rosa Dias

“A velocidade é de facto a velhice do mundo” Paul Virilio, A Inércia Polar

Som e vídeo. Trata-se uma uma simulação de movimento de uma rua real do Chiado. Na projecção sobrepõem-se folhas de acetato com desenho. Encontramos assim os vultos das pessoas, a dar dos traços da cidade. Acima de tudo, o som - sons da cidade, música com ruído

FICHA TÉCNICA - fotografias da exposição

Bernardo Caldeira

31 Bernardo Caldeira

2010

Fotografia impressa em papel fotográfico mate, 150g; sobre k-line + vidro; 45cm x 45cm

Lomo: Diana F+

André Sousa

2010

Fotografia impressa em papel fotográfico mate, 150g; sobre k-line; 45cm x 45cm

Canon 400D, 18-55mm

Andreia Constantino

2010

Fotografia impressa em papel fotográfico mate, 150g; sobre k-line; 45cm x 45cm

Pinhole

Sílvia Matias

2010

Fotografia impressa em papel fotográfico mate, 150g; sobre k-line; 45cm x 45cm

Canon 1000D, 18-55mm

FICHA TÉCNICA

1. Andreia Constantino - Pinhole 2. Bernardo Caldeira - Fotografia analógica 3. Andreia Constantino - Pinhole 4 e 5. Bernardo Caldeira - Fotografia analógica 6-8. Andreia Constantino - Pinhole 9. Bernardo Caldeira - Fotografia analógica 10. Bernardo Caldeira - Fotografia analógica 11. Bernardo Caldeira - Fotografia analógica 12-15. Andreia Constantino - Fotografia Digital 16. Sílvia Matias - Fotografia Digital 17-18. André Sousa - Fotografia Digital 19. Bernardo Caldeira - desenho a tinta da china 20-23. André Sousa - Fotografia Digital 24. Bernardo Caldeira - Fotografia analógica 25. Bernardo Caldeira - desenho a tinta da china 26-27. Sílvia Matias - Fotografia Digital 28. Sílvia Matias - desenho a marcador 29. Sílvia Matias - Fotografia Digital 30. Sílvia Matias - desenho tinta da china 31. Andreia Constantino - desenho a tinta da china 32. Sílvia Matias - desenho tinta da china 33. Bernardo Caldeira - desenho a tinta da china 34. Sílvia Matias - Fotografia Digital