Vitrine - Raízes e Asas: Quando o Sol se Pôr, por Markos Alyx

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DE 05.08.16 A 10.10.16

Edirlan em casa, acordando, 2014


MARKOS ALYX Há quatro anos vou a Recife para o carnaval, e foi lá que conheci Markos Alyx, através da Oi Kabum – Escola de Arte e Tecnologia, uma ONG que trabalha com jovens das periferias. Com Markos, conheci também seu alterego feminino, Mikaelly Hayalla. Mostrar suas fotos, na rua e em São Paulo, intercalando o trabalho de seis fotógrafas, me pareceu uma oportunidade imperdível. Pois elas nos sugerem, no mínimo, uma reflexão sobre um dos problemas mais atuais das várias cidades brasileiras: a intolerância. Que é assustadora! Aprendi muita coisa nesse desenrolar do processo de discussão do trabalho com Markos. Às vezes quase desistimos. Ora eu, ora ele. Acredito que essas fotos despertem atenção e espero que o assunto possa ir se aprofundando Raymille e Rayka pendurando roupa, 2014

através de discussões respeitosas e honestas. A hipocrisia habitual não nos leva a lugar algum.


QUANDO O SOL SE PÔR MARKOS ALYX omecei a fotografar em 2008. Tinha 19 anos. Fotografar para mim é como melhor digo o que tenho que dizer, é uma maneira de falar. Nunca consegui me expressar tão bem com palavras. Com a minha câmera, sim. Admiro pessoas que não são comuns, e gosto de expressar, através da fotografia, suas histórias, o que elas têm para contar. Foi a fotografia que me fez enxergar essas pessoas e a mim mesmo. Fotografando, deixei de ser acanhado, preso, envergonhado... A presença de fotógrafas educadoras na minha vida foi bem importante. A partir do contato com elas, principalmente com Vládia Lima, acreditei que poderia ser fotógrafo. Era o que desejava, mas não acreditava tanto. Esses contatos aconteceram ao longo dos três anos em que cursei a Oi Kabum! Escola de Arte e Tecnologia, em Recife. Nesse período em que descobri a fotografia, descobri também que era homossexual, ou melhor: aceitei, né? Comecei a sair na noite... Descobri a boate como espaço de expressão, de ser! Um lugar de me entender. Foi nesse espaço que compreendi a grande


admiração que sempre tive pelas mulheres. Foi essa admiração que me levou à experiência de ser drag queen. Eu me montei pela primeira vez em setembro de 2010... Como a primeira vez de tudo, ou quase tudo, não foi legal. É uma adequação não só do corpo (salto, calcinha, sutiã, muito esparadrapo...). É uma adequação de olhar de “si para si”... É você se ver. Demorou um pouco, mas, um tempo depois, Mikaelly Hayalla começou a ser criada. Fui entendendo e descobrindo do que ela gostava, como queria ser, o que queria vestir, dizer. Sou eu? Ao mesmo tempo, a fotografia estava lá, como prática, como expressão, e foi afetada por essa criação, esse nascimento da Mikaelly Hayalla, repleto de sensibilidade, de apuro do olhar, de cuidado. De drag queen, passei a me reconhecer como transformista. Essa é uma experiência muito marcante na minha vida. Não serei transformista para sempre, mas estou curtindo, me divertindo bastante e... estou sendo! Minha busca é continuar me expressando através da fotografia. É isso. Ainda sobre mim: moro em Recife, no Coque. A pesquisa no Google não dará boas notícias sobre a comunidade. Não acredite, é só um olhar.

Raymille e Rayka no espelho, 2014


Raymille e Rayka se maquiando, 2014

Edirlan no espelho, 2014


Edirlan no espelho, 2014

Raymille se produzindo, 2014


Raymille e Rayka na rua, 2014

Rayka e Raymille na Ponte de Ferro 2014


Raymille e Rayka na Ponte de Ferro, 2014

Raymille na Ponte Cais de Santa Rita, 2014


Raymille na Ponte Santa Rita, 2014

Raymille na Ponte MaurĂ­cio de Nassau, 2014

Rayka deitada no banco, 2014


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